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Declaração inicial de Whittaker Chambers, em 1938, perante a Comissão Parlamentar de Atividades Anti-

americanas

Whittaker Chambers, tendo sido um ex-comunista, membro do Partido Comunista americano, e também
membro de vários aparelhos secretos da estrutura comunista em várias cidades dos EUA, começa em 1
de agosto de 1948, perante a House Committee on Un-American Activities, lendo uma declaração que
impressiona pela clareza, honestidade e coragem. Ela está em seu livro Witness, ao qual já me referi num
post do blog. Abaixo, vocês lerão a declaração e poderão entender uma afirmação antiga de Olavo de
Carvalho que diz, cito de memória, que para se avaliar se um ex-comunista deixou mesmo de ser
comunista, deve-se procurar saber se ele não só fez um mea culpa, mas se sua vida está direcionada a
desmascarar esse câncer social e político moderno. Whittaker Chambers realmente deixou de ser
comunista no momento mesmo que decide deixar o Partido.

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“Há quase nove anos – ou seja, dois dias depois que Hitler e Stalin assinaram seu pacto – fui a
Washington e relatei às autoridades o que sabia sobre a infiltração do Governo dos Estados Unidos por
comunistas. Por anos, o comunismo internacional, do qual o Partido Comunista dos EUA é parte
integrante, estivera num estado de guerra não declarada com esta República. Com o pacto Hitler-Stalin
essa guerra atingia um novo estágio. Considero minha ação de procurar o Governo como um simples ato
de guerra, como o tiro contra um inimigo armado num combate.

“Naqule momento da história, eu era um dos poucos homens deste lado da batalha que poderia fazer
esse serviço. Ingressara no Partido Comunista em 1924. Ninguém me recrutou. Tornara-me convencido
de que a sociedade em que vivemos, a Civilização Ocidental, chegara a uma crise, da qual a I Grande
Guerra era a expressão militar, e que ela estava fadada ao colapso ou a se reverter ao barbarismo. Não
entendia as causas da crise ou sabia o que fazer a respeito. Mas sentia que, como um homem
inteligente, devia fazer alguma coisa. Nos escritos de Karl Marx, pensei ter encontrado a explicação das
causas históricas e econômicas [da crise]. Nos escritos de Lenin, pensei ter encontrado a resposta para a
questão: o que fazer?

“Em 1937, repudiei as doutrinas de Marx e as táticas de Lenin. A experiências e os registros históricos me
convenceram que o Comunismo é uma forma de totalitarismo, que seu triunfo significa a escravidão
para os homens, onde quer que sucumbam ao seu domínio e passem a viver sob a noite espiritual da
mente e da alma. Resolvi romper com o Partido Comunista sob qualquer risco à minha vida ou outra
tragédia pessoal ou familiar. Mesmo assim, tão forte é a influência que o mal insidioso do comunismo
exerce sobre seus discípulos, que fui capaz de dizer a alguém, naquele momento: ‘Sei que estou
trocando o lado vitorioso pelo perdedor, mas é melhor morrer no lado perdedor do que viver sob o
comunismo’.

“Por um ano, vivi escondendo-me, dormindo de dia e à espreita à noite, com uma arma ou revolver
sempre ao alcance. Isso era o que o aparelho secreto comunista fazia com um homem, no pacífico EUA,
no ano de 1938.

“Tinha sólidas razões em supor que os comunistas poderiam tentar me matar. Por anos, servi ao partido
em aparelhos secretos, principalmente em Washington. O coração de meu relato ao governo americano
consistia na descrição do aparelho ao qual fui fixado. Era uma organização secreta do Partido Comunista
dos Estados Unidos criado, tanto quanto sei, por Harold Ware, um dos filhos de uma líder comunista
conhecida como Mãe Bloor. Conheci o alto comando do aparelho, um grupo de sete homens, alguns dos
quais, em anos posteriores, foram aparentemente recrutados pela organização da Srta. Bentley. O chefe
do grupo secreto naquela época era Nathan Witt, um advogado do National Labor Relation Board
[Comissão Nacional de Relações do Trabalho]. Mais tarde, John Abt se tornou o líder. Lee Pressman era
também um membro do grupo, como também Alger Hiss, que, como um membro do Departamento de
Estado, organizou posteriormente as conferências em Dumbarton Oaks, São Francisco e o lado
americano da Conferência de Yalta.

“O propósito desse grupo, naquele tempo, não era prioritariamente espionagem. Seu propósito original
era a infiltração comunista no governo americano. Mas espionagem era certamente um dos seus
eventuais objetivos. Que ninguém se surpreenda com esta afirmação. Deslealdade é uma questão de
princípio para cada membro do Partido Comunista. O Partido Comunista existe para o específico
propósito de derrubar o governo, no tempo oportuno, por quaisquer e por todos os meios; e cada um
dos seus membros, pelo fato de ser membro, está dedicado a esse propósito.

“Faz dez anos que rompi com o Partido Comunista. Durante essa década, procurei viver uma vida
produtiva e temente a Deus. Ao mesmo tempo, lutei contra o comunismo constantemente por atos e
pela palavra escrita. Estou orgulhoso de depor perante esta Comissão. A publicidade, inseparável de tal
testemunho, tem dificultado e, sem dúvida, dificultará meu esforço para integrar-me à comunidade dos
homens livres. Mas este é um pequeno preço a pagar se meu depoimento ajudar a fazer os americanos
reconhecerem finalmente que estão ás voltas com uma força secreta, sinistra e enormemente poderosa
cujo propósito incansável é sua escravização.
“Ao mesmo tempo, gostaria publicamente de convocar todos os ex-comunistas que ainda não se
revelaram, e todos os homens do Partido Comunista cujos melhores instintos ainda não foram
corrompidos e esmagados, a auxiliarem na luta, enquanto ainda houver tempo.”

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