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1ª Aula

EXECUÇÃO CIVIL – INTRODUÇÃO


 Evolução Legislativa no Brasil:

Lei 8.952/94 alterada pela lei 10.444/02: alterou o art 461 concedendo a
parte a tutela específica no cumprimento da obrigação de fazer e não-fazer
(ver art 644, CPC).

Lei 10.444, de 07/05/2002: introdução do art. 461A. Tutela Específica nas


ações de conhecimento cujo objeto seja a entrega de coisa e em relação às
obrigações de dar ou restituir.

Lei 11.232, de 22/12/2005 e Lei 11.382, de 06/12/2006: reforma do


processo execução.
Processo sincrético: não existem dois processos distintos e
sucessivos – o de conhecimento e
o de execução – mas duas fases dentro de um processo único: a
fase cognitiva e a fase executiva.
Atividade de conhecimento X Atividade de execução
Atua o Estado, na execução civil, como substituto, promovendo uma
atividade que competia ao devedor exercer. Daí a denominação de
execução forçada que se contrapõem à idéia de execução voluntária da
prestação. O Estado invade a esfera patrimonial do devedor, apoderando-se
de bens com os quais irá satisfazer a dívida ou impondo multas,
determinando busca e apreensão e outros atos assemelhados, sempre no
intuito do cumprimento da obrigação pelo devedor.
Enquanto no processo de conhecimento o juiz examina a lide para
descobrir e formular a regra jurídica concreta que deve regular o caso, no
processo de execução providencia as operações práticas necessárias para
efetivar o conteúdo daquela regra, para modificar os fatos da realidade.
A grande diferença entre os dois processos reside no fato do processo
de conhecimento tender à pesquisa do direito dos litigantes, ao passo que o
processo de execução parte justamente da certeza do direito do credor,
atestada pelo título executivo de que é portador.
* No processo de conhecimento o juiz julga (decide); no processo
de execução o juiz realiza
(executa)1.
A atividade jurisdicional de conhecimento e a atividade jurisdicional de
execução têm finalidades diferentes, mas complementares, proporcionando
uma visão unitária da função jurisdicional.
O processo de execução apresenta-se como o conjunto de atos
coordenados em juízo tendentes a atingir o fim da execução forçada, qual
seja a satisfação compulsória do direito do credor à custa de bens do
devedor. Execução forçada, por outro lado, considera-se o conteúdo do
processo de execução, que consiste na realização, material e efetiva, da
vontade da lei através da função jurisdicional do Estado.
* O fim da execução forçada é a realização da sanção. Através da
execução forçada, o Estado intervém no patrimônio do devedor para tornar
efetiva a vontade sancionatória, realizando à custa do devedor, até mesmo
contra a sua vontade, o direito do credor.
MEIOS DE EXECUÇÃO
1 THEODORO JR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. v. 2. 42. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2008.
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Como dito, a finalidade da execução é a realização da sanção. Desta


forma, o Estado utiliza- se de dois mecanismos para concretizar a sanção:
os meios de coação e os meios de sub-rogação. Sanção consiste “em toda
e qualquer medida estabelecida pelo ordenamento jurídico, para reforçar a
observância de suas normas ou remediar os efeitos de inobservância”
(Eduardo Talamini).
a)Mecanismos de sujeição (ou medidas de sub-rogação), constituídos de
providências aptas a, independentemente da participação e vontade do
devedor, atingir o resultado determinado na sanção. Podem ser materiais
(ex: penhora e busca e apreensão) ou ideais (substituição de declaração de
vontade e impedimento de contratar). Meio de execução direta.
b)Mecanismos de indução (ou de coação ou medidas coercitivas),
destinados a influenciar
psicologicamente o devedor para que ele mesmo cumpra a
obrigação (multa diária e prisão).
Meio de execução indireta.

CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO2

1 – Quanto à origem do título executivo:


A execução será fundada em título executivo judicial (art. 475-N) ou
em título executivo extrajudicial (art. 585). Até a reforma do Código instituída
pela Lei 11.232/2005, a rigor, não havia diferença quanto ao procedimento
de uma ou outra espécie de execução. Mas, após a reforma introduzida ao
CPC pela referida lei, diferenças procedimentais são observadas em razão
de ser o título executivo judicial ou extrajudicial, as quais serão analisadas
durante todo o decorrer do semestre.
Entende-se por título executivo judicial aquele resultante de uma
atividade jurisdicional.
Exceção: sentença arbitral – título judicial não resultante de uma
atividade jurisdicional.
Por sua vez, título executivo extrajudicial é um documento ao qual a
lei atribui eficácia executiva, como a nota promissória, o cheque, etc. São
documentos produzidos fora do procedimento jurisdicional, aos quais a lei
atribui eficácia executiva.
A execução por título extrajudicial pressupõe processo autônomo,
com a citação do devedor, para o cumprimento de obrigação de fazer, não
fazer, entregar coisa, ou pagar determinada quantia. A execução por título
judicial é, em regra, imediata e prescinde de processo autônomo,
desenvolvendo-se como fase de cumprimento da sentença,
excepcionalmente será feita de forma tradicional.

2 – Quanto à estabilidade do título executivo


Execução Definitiva: é a que se embasa em título executivo judicial
que já transitou em
julgado ou em título executivo extrajudicial.
Execução Provisória: é a que se embasa em título executivo
judicial que ainda não
transitou em julgado. A decisão que lhe serve de título executivo ainda não
é definitiva, uma vez que pende sobre ela recurso. Tal recurso, entretanto,
não tem efeito suspensivo, razão pela qual o título executivo pode desde já
ser executado, só que provisoriamente, pois pode ser alterado ou mesmo
deixar de existir, caso seja provido o recurso.
Em razão de seu caráter precário, a execução provisória apresenta
peculiaridades em relação à definitiva, que visam ressarcir danos que
eventualmente o devedor sofra com a execução, caso posteriormente o
título executivo provisório seja reformado ou cassado.
A execução provisória vem disciplinada no art. 475-O do CPC.
Também são provisórias as execuções de decisões judiciais de
antecipação de tutela e outras
interlocutórias que imponham uma obrigação para cumprimento
imediato do réu.
2 Extraída da obra: WAMBIER, Luiz Rodrigues (Coord.) Curso Avançado de
Processo Civil v. 2. 10. ed. São Paulo:
RT, 2008. p. 163-180.
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3 – Quanto à natureza e ao objeto da prestação


A prestação prevista no título executivo pode consistir em entregar,
fazer ou não fazer algo. No primeiro caso, a entrega pode ter por objeto
dinheiro, coisa certa ou incerta (determinada apenas pelo gênero e
quantidade).
Dessas distinções decorrem as seguintes formas de execução: a) por
quantia certa (art. 475-J e seguintes, art. 646 e seguintes e art. 748 e
seguintes); b) de obrigação de entregar coisa certa (art. 621 e seguintes e
art. 461-A); c) de obrigação de entregar coisa incerta (art. 629 e seguintes e
art. 461-A); d) de obrigação de fazer (art. 632 e seguintes e art. 461); e) de
obrigação de não fazer (art. 642 e seguinte e art. 461).
A diversidade das obrigações cuja satisfação se persegue importa
na adoção de estruturas
procedimentais e meios executórios diferentes em cada um desses
casos.

4 – Quanto à especificidade do objeto da prestação


Quando uma obrigação não é cumprida voluntariamente pelo devedor,
o credor pode optar entre seu exato adimplemento ou sua conversão em
perdas e danos, buscando receber o equivalente em dinheiro.
A execução específica visa assegurar a exata satisfação da
obrigação – de fazer, não-fazer
ou entregar coisa – tal como estatuída no título executivo. Busca-
se o cumprimento da prestaçãoin
natura. Para tanto, utiliza-se amplamente dos meios de execução,
ou seja, tanto a técnica da sub-
rogação, quanto da coação. Um exemplo é a aplicação de multa diária
(coação), ou nas obrigações de entrega de coisa, onde o juiz pode
determinar a busca e apreensão de bens (sub-rogação). < Ler art. 461, § 5º,
CPC. O artigo menciona as formas mais comuns de coação – multa diária –
e de sub- rogação – busca e apreensão, desfazimento de obras e
impedimento de atividade nociva.>
Execução genérica é aquela que busca a obtenção de dinheiro. Se
não encontrada a quantia pecuniária no patrimônio do devedor, tal
execução poderá atingir qualquer bem abrangido pela responsabilidade
patrimonial, que será alienado judicialmente, conseguindo-se assim dinheiro
para a satisfação do crédito.

5 – Quanto à especialidade do procedimento em face de


peculiaridade do direito material
Determinadas categorias de créditos, em virtude de aspectos
peculiares de direito material (essencialidade da destinação da obrigação;
condição especial do credor ou devedor etc.), são objeto de execuções
especiais, com procedimentos que diferem, em maior ou menor grau, dos
modelos executivos gerais. Como exemplo pode-se citar a execução de
prestação alimentícia, a execução contra a Fazenda Pública e a Execução
Fiscal.

6 – Quanto à solvabilidade do devedor


A execução por quantia certa comporta ainda distinção de processos
em virtude da solvência ou insolvência do devedor. Sendo o devedor
solvente (ou seja, havendo bens em valor suficiente para responder pela
dívida), o rito aplicável é o do art. 475-J e seguintes, se o título for judicial
(cumprimento da sentença), ou o do art. 646 e seguintes, se o título
executivo for extrajudicial (execução por quantia certa contra devedor
solvente). Para a situação de insolvência são previstos fundamentalmente
os processos: I) de execução por quantia certa contra devedor insolvente
(art. 748 e seguintes), se o devedor não é empresário ou sociedade
empresária, e; II) de falência, se o devedor é empresário ou sociedade
empresária, regular ou não (Lei n. 11.101/2005).
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