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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium


Curso de Pedagogia

Eloá Franco de Souza

ALFABETIZAÇÃO E O LÚDICO: A IMPORTÂNCIA DOS


JOGOS NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL

LINS – SP
2013
ELOÁ FRANCO DE SOUZA

ALFABETIZAÇÃO E O LÚDICO: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO


FUNDAMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Pedagogia, sob a
orientação da Profª Ma. Adriana Monteiro
Piromali Guarizo e orientação técnica Profª
Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner.

LINS – SP
2013
Souza, Eloá Franco
P49g Alfabetização e o Lúdico: A Importância dos Jogos na Educação
Fundamental / Eloá Franco de Souza. – – Lins, 2012.
50p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico


Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Pedagogia, 2013.
Orientadores: Adriana Monteiro Piromali Guarizo; Érica
Cristiane dos Santos Campaner

1. Jogos. 2. Alfabetização. 3. Aprendizagem. 4. Conhecimento.

CDU 658
Eloá Franco de Souza

ALFABETIZAÇÃO E O LÚDICO: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA EDUCAÇÃO


FUNDAMENTAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para


obtenção do título de Licenciada em Pedagogia

Aprovada em: _____/______/_____

Banca Examinadora:

Profª. Orientadora: Ma. Adriana Monteiro Piromali Guarizo

Titulação: Doutoranda e Mestre em Letras pela UNESP/IBILCE – São José do Rio


Preto

Assinatura:_____________________________________

1º Professor: Luiz Carlos de Oliveira

Titulação: Especialista e Mestre em Psicologia Clínica Comportamental pela


PUCCAMP, Doutor em Educação Escolar pela UNESP-Araraquara.

Assinatura:_____________________________________

2º Professor: Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

Titulação: Mestre em Educação Física pela UNIMEP - Piracicaba

Assinatura: _________________________________
DEDICATÓRIA

À minha mãe, aos amigos, em especial à minha filha, que sempre apoiaram minhas
decisões e me motivaram a cursar uma segunda faculdade, para um melhor
crescimento profissional.

Eloá
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por me dar forças para vencer mais uma etapa
da minha vida. Sei que muitos conhecimentos foram adquiridos durante o curso,
porém, a possibilidade de conhecer novos amigos, entender melhor o outro, e,
principalmente, aprender com o outro, foram minhas maiores vitórias, nesse caminho
que decidi seguir. A Pedagogia, para minha vida, é um marco de superação.
À minha mãe, que não me deixou desistir, seja com seus conselhos e também com
seu exemplo de mulher batalhadora e, principalmente, conhecedora de mundo.
À minha filha Ana Beatriz, que é minha maior motivação, só pela razão de existir,
quantas vezes não me deixou faltar às aulas.
À Doutora Daniela, que muito contribuiu para que eu conseguisse vencer meus
medos e continuasse lutando.
Aos meus alunos, que são meus tesouros e minha razão de buscar ser uma melhor
educadora.
À minha amiga Maria, que conheci na faculdade e que também muito me ajudou a
ser uma pessoa melhor.
A todos da turma de Pedagogia de 2013, pela amizade e palavras de incentivo.
Agradecimento especial à minha professora Adriana Monteiro Piromali Guarizo, que
se tornou exemplo para minha vida pessoal e profissional; quando achei que tudo
sabia, ela me ensinou que não existe verdade absoluta.
Em geral, a todos os professores, que me ensinaram a ser uma melhor professora,
hoje sei que, com a Pedagogia, tornei-me uma educadora mais completa.

Eloá
RESUMO

Na escola, o jogo é um meio de oferecer às crianças um ambiente de


aprendizagem prazeroso, motivador e planejado, com possibilidades de
aprendizagem de várias habilidades. Normalmente, professores preocupados com a
alfabetização tradicional esquecem-se de que cada criança tem seu tempo e
precisam de estímulos, para alcançar a alfabetização, acabam por deixar os jogos
de lado, esquecendo-se que estes são instrumentos importantes de alfabetização.
Os jogos como coadjuvantes, na alfabetização, representam mais do que uma
mudança de concepção, pois sua utilização deve ser baseada em uma mudança de
valores em sociedade, com reflexões dos professores, diretores, pais, alunos e
comunidade. Porém, essa abordagem não é tão simples, vai muito além dos muros
da escola. Deixar de ver o jogo somente como atividades recreativas, mas como
algo que faz parte da cultura da criança, de suas tradições, possibilitando que se
desenvolvam melhor na sociedade, conseguindo alcançar êxito em seus objetivos.
Na maioria das vezes não existe uma relação direta e significativa entre atividades
com jogos e o aprender. As professoras entrevistadas destacaram um
entendimento, mesmo que intuitivo, sobre a importância dos jogos, mas sem uma
vinculação direta das atividades pedagógicas desenvolvidas com os alunos. É
possível perceber claramente uma desvinculação entre os jogos e aprendizagem,
pois, a partir desse pensamento, os jogos somente estarão presentes nas
brincadeiras das crianças, e não na função de atuante e motivador do aprendizado,
essa função de promotora de uma aprendizagem mais significativa, fica a cargo dos
professores chamados especialistas (Educação Física). Ao professor da classe cabe
o desenvolvimento das atividades primordiais de alfabetização, como por exemplo,
matemática. A cobrança dos pais e da própria estrutura de aprendizagem leva os
professores a acreditarem que esse tipo de atividade não leva ao conhecimento
efetivo.

Palavras-chave: Jogos. Alfabetização. Aprendizagem. Conhecimento


ABSTRACT

At school, the game is a way to give children a learning environment


enjoyable, motivating and planned, with opportunities to learn various skills. Normally
teachers concerned with traditional literacy, forget that each child has their time and
need stimuli to achieve literacy, end up leaving the game aside, forgetting that these
are important tools of literacy. Games as adjuncts, literacy, representing more than a
design change, because their use should be based on a change of values in society,
with reflections of teachers, principals, parents, students and community. However,
this approach is not so simple, goes far beyond the school walls. Failing to see the
game only as recreational activities, but as something that is part of the child's
culture, their traditions, enabling them to develop better in society, succeed in
achieving their goals. In most cases there is no significant direct relation between
activities and games to learn. The teachers emphasized an understanding, even
intuitive about the importance of games, but without a direct link pedagogical
activities developed with students. You can see a clear separation between the
games and learning, because from that thought, the games will only be present in the
games of children, and not the function of active and motivating learning, this function
promotes more significant learning, is the responsibility of teachers called experts
(Physical Education). The class teacher is responsible for the development of primary
activities in literacy, mathematics. The collection of parents and the very structure of
learning, lead teachers to believe that this type of activity does not lead to actual
knowledge.

Keywords: Game. Literacy. Learning. Knowledge


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Brincadeiras no ambiente natural da criança.............................. 12


FIGURA 2 – Experiência lúdica no processo de aprendizagem...................... 13
FIGURA 3 - Desafios e hipóteses no brincar.................................................. 17
FIGURA 4 - Escola como promotora do saber............................................... 20
FIGURA 5 - Soletrando.................................................................................. 37
FIGURA 6 – Boliche de garrafa....................................................................... 37
FIGURA 7 – Jogo de memória......................................................................... 38
FIGURA 8 - Dominó........................................................................................ 39

LISTA DE GRÁFICOS OU TABELAS

Tabela 1 – Professores da Educação Fundamental – 2013............................. 29

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ECA - Estatuto da Criança e Adolescente


EMEF- Escola Municipal de Educação Fundamental
RCN – Referencial Curricular Nacional
ZPD – Zona de desenvolvimento Proximal
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 10

CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NAS PRÁTICAS


EDUCATIVAS DO ENSINO INFANTIL........................................................... 12
1.1 O jogo como instrumento educativo – teoria e legislação no Brasil..... 14
1.2 O Jogo como instrumento educativo no ponto de vista de alguns
teóricos................................................................................................. 15
1.3 Os jogos como facilitadores de aprendizagem e a legislação
brasileira................................................................................................ 18

CAPITULO II – A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO PROCESSO DE


ALFABETIZAÇÃO........................................................................................... 21
2 ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE JOGOS............................ 21
2.1 A criança e a aprendizagem................................................................. 22
2.2 Os jogos como facilitadores de aprendizagem..................................... 24
2.3 As características dos jogos e a construção da aprendizagem............ 24
2.3.1 Tipos e características de jogos educativos......................................... 26

CAPÍTULO III – A PESQUISA -....................................................................... 28


3 OS JOGOS APLICADOS NO PROCESSO EDUCATIVO.................. 28
3.1 Contexto da pesquisa........................................................................... 28
3.2 Os professores e o ponto de vista sobre os jogos na aprendizagem 30
3.3 Alunos X aprendizagem com prazer.................................................... 31
3.3.1 Visão dos pais em relação à utilização dos jogos e brincadeiras....... 33

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................... 35
CONCLUSÃO................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 41
APÊNDICES................................................................................................... 44
ANEXO........................................................................................................... 49
10

INTRODUÇÃO

O objetivo geral desta pesquisa é observar se os professores que atuam nas


salas de aula como docentes polivalentes no Ensino Fundamental utilizam os jogos
como mais um recurso didático no processo ensino-aprendizagem, tendo em vista a
alfabetização.
Normalmente, professores, preocupados com a alfabetização tradicional,
esquecem-se de que cada criança tem seu tempo e precisa de estímulos para
alcançar a alfabetização. Acabam por deixar os jogos de lado, esquecendo-se de
que estes são instrumentos importantes de alfabetização.
Os jogos também devem ser valorizados por fazer parte da cultura de um
povo, onde possibilita uma aprendizagem significativa na alfabetização, é a
possibilidade da criança descobrir as palavras através do lúdico. Todos os
envolvidos na aprendizagem precisam estar conscientes da importância em que os
jogos e brincadeiras possuem na construção do conhecimento da criança. As
reflexões são necessárias e enriquecedoras, uma vez que todos precisam estar
envolvidos na educação.
Jogar ajuda a criança no seu desenvolvimento como um todo, reduz sua
agressividade e auxilia na sua inserção à sociedade, bem como na construção de
seu conhecimento.
Jogando, a criança consegue comparar, analisar, nomear, associar, calcular,
classificar, compor, conceituar e criar. Assim, os jogos trazem o mundo para a
realidade da criança, possibilitando o desenvolvimento de sua inteligência, sua
sensibilidade, habilidades e criatividade.
No Capítulo I, pretende-se abordar a visão que alguns teóricos da educação
possuem em relação às atividades lúdicas e os jogos, bem como o que a legislação
brasileira define sobre o tema.
No Capítulo II, o enfoque será dado à importância dos jogos no processo de
alfabetização, assim como o ensino-aprendizado através de atividades lúdicas e
jogos já que é sabido que os Jogos transformam conteúdos que não trazem
interesse para as crianças em atividades prazerosas. Outra questão importante é a
disciplinar, pois quando há interesse no que está sendo apresentado, constata-se
11

que a disciplina acontece, e os jogos, sob esse prisma, são muito mais do que um
passatempo, são meios indispensáveis para a promoção da aprendizagem
disciplinar.
Aliar as atividades lúdicas ao processo de ensino e aprendizagem pode ser de
grande valia, para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade que
desperta e muito o interesse do aluno é o jogo.
Para que se consiga verificar como os jogos são utilizados, no Ensino
Fundamental, como recurso didático, para o desenvolvimento de um ambiente
alfabetizador e ainda se o professor se utiliza de inúmeros artifícios, dentre os quais
a utilização de jogos, que podem permitir o trabalho de muitas facetas da
alfabetização, desde o ensino das letras e das sílabas, até a relação grafema e
fonema de cada uma delas.
O Capítulo III abordará a pesquisa com as concepções que os professores
possuem sobre as atividades lúdicas, assim será possível verificar se o jogo é ou
não utilizado no ambiente escolar, para através da intervenção apresentar sugestões
de jogos que possam ser facilitadores no processo de alfabetização.
O presente estudo pretende levar à tona a discussão de alguns conceitos
sobre alfabetização e letramento, além do conceito de jogos, o uso dos jogos
educativos, voltados para o ensino da habilidade de escrita, e por fim, apresentar
alguns tipos de jogos passíveis de serem utilizados pelos professores, em sala de
aula, demonstrando que educadores devem ser mediadores de jogos educativos,
como uma das possibilidades de ensino do código escrito no processo de ensino e
aprendizagem, com elementos concretos para auxiliar o profissional da educação,
por meio de prática pedagógica intencional e planejada, e com intervenção direta,
para construir meios prazerosos de articulação entre jogos, brincadeiras, leitura,
escrita.
É claro e notório que jogos e brincadeiras são poucos utilizados no ensino
fundamental como recurso didático para o desenvolvimento de um ambiente
alfabetizador, já que os alunos e professores pouco se utilizam desse recurso
didático.
12

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DO ENSINO


FUNDAMENTAL

Ao longo da história, vários estudos se mostraram eficientes no âmbito da


coesão entre o lúdico e o letramento. Vários teóricos também afirmaram e
comprovaram a importância dos jogos e brincadeiras, na educação escolar.
O jogo faz parte do ambiente natural da criança, ao passo que as referências
abstratas e remotas não correspondem aos seus interesses. O pensador norte-
americano Dewey (1952) afirma que somente no ambiente natural da criança é que
ela poderá ter um desenvolvimento seguro.

Figura 1 – Brincadeiras no ambiente natural da criança

Fonte: portalsaofrancisco, 2013


Piaget (1976) afirma que os jogos e as atividades lúdicas se tornam
significativas, à medida que a criança se desenvolve, com a livre manipulação de
13

materiais variados, ela passa a reconstituir e reinventar as coisas, o que já exige


uma adaptação mais completa. Essa adaptação só é possível a partir do momento
em que em que ela própria evolui internamente, transformando essas atividades
lúdicas (que é o concreto da vida dela) em linguagem escrita (que é o abstrato).
Illich (1976) afirma que “os jogos podem ser a única maneira de penetrar os
sistemas formais“. Isso os professores conseguem perceber corriqueiramente, no
cotidiano de suas salas de aula, pois é no momento da brincadeira que a criança
mostra verdadeiramente como ela vê o mundo, como ela se vê e como ela vê o
outro, mesmo que esse outro seja o próprio professor.

O jogo como promotor de aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser


considerado nas praticas escolares como importante aliado para o ensino,
já que coloca o aluno diante de situações lúdicas como o jogo pode ser uma
boa estratégia para aproximá-los dos conteúdos culturais a serem
vinculados na escola. (KISHIMOTO, 1994,p.13)

Em todas as disciplinas escolares é possível desenvolver atividades com


jogos e brincadeiras, que auxiliam a criança na transposição entre a língua oral e a
escrita.
O ambiente escolar deve ser um local onde se busque constantemente a
eficácia no processo educativo através de momentos em que os jogos possam estar
inseridos para se auxiliar a construção de conhecimentos de maneira eficaz e
contagiante.

Figura 2 – Experiência Lúdica no processo de aprendizagem

Fonte: liza.blogspot,2009
14

1.1 O jogo como instrumento educativo – teoria e legislação no Brasil

Os jogos se mostram eficazes no processo educativo, pois além de auxiliar


na cognição, leva a identificação daquilo que a criança pensa e sente, já que nesses
momentos o profissional atento consegue perceber que as crianças demonstram e
expressam a sua vida cotidiana, além de aprimorar suas habilidades motoras. O
jogar então passa ser de extrema importância na vida de qualquer criança, pois
através dos mesmos, a criança entra em contato com situações diversas,
desenvolve e estimula sua linguagem, favorecendo o desenvolvimento afetivo,
cognitivo, motor, social e moral.
Vários estudiosos afirmam que o jogo é elemento fundamental para o
processo de ensino-aprendizagem, para tanto a escola e profissionais de educação
devem se utilizar desse recurso como instrumento de aprendizagem significativa.
Os jogos e brincadeiras são tão importantes para o desenvolvimento das
crianças, tornando-se assim um direito garantido tanto em algumas leis específicas
quanto em referenciais para a educação básica:
a) a Declaração Universal dos Direitos das crianças, que foi aprovada
durante a Assembléia Geral das Nações Unidas, no dia 20 de novembro
de 1959. Representantes de centenas de países aprovaram a Declaração
dos Direitos da Criança, que foi adaptada da Declaração Universal dos
Direitos Humanos: Princípio 7 - toda criança tem direito de receber
educação primária gratuita, e também de qualidade, para que possa ter
oportunidades iguais para desenvolver suas habilidades. Também a
criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais
deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades
públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito.
(Declaração Universal dos direitos da Criança, segundo ONU, 1959)
b) Constituição Federal do Brasil: artigo 227 elenca os direitos
fundamentais da criança como o direito à dignidade, à educação, à
saúde, ao lazer, à alimentação, à profissionalização, à cultura, ao
respeito, à vida, liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Brasil,
1988)
15

c) estatuto da criança e do adolescente (ECA): no artigo 16 estabelece


que o direito à liberdade das crianças e adolescentes compreende os
aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se. O artigo 59 refere-se ao
esforço que os Municípios, Estados e União, em conjunto, deverão fazer,
visando proporcionar programações culturais, esportivas e de lazer para a
infância e a Juventude.
d) no Referencial Curricular Nacional para a Educação, lê-se que, nas
brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam
anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam (Brasil,1998).
Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a
criança deve conhecer alguma de suas características. Seus
conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de
uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de
um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema
ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas
estes se encontram, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a
criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel
assumido, suas competências e as relações que possuem com outros
papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações.
(p. 27)
Portanto, jogos e brincadeiras, além de ser motivo de estudo de teóricos
da educação, são formas de expressão, são direitos das crianças, garantidos, e que
necessitam de aplicação, em sua integralidade.

1. 2 O jogo como instrumento educativo no ponto de vista de alguns teóricos

Vários são os teóricos que afirmam que os jogos contribuem de maneira


significativa para o desenvolvimento das crianças, não só no que diz respeito à
construção do conhecimento e, consequentemente, na aprendizagem, mas também
no desenvolvimento das capacidades sociais, pessoais e culturais que acabam por
contribuir para a construção do pensamento e conhecimento. Dentre eles, pode-se
destacar: Montessori, Dewey, Frobel, Pestalozzi, Comenius, Decroly, Piaget e
16

Vygotsky. A base de defesa desses teóricos é que os jogos são primordiais no


processo de aprendizagem de crianças.
Os jogos conseguem trazem o mundo para a realidade da criança, permitindo
o desenvolvimento de sua inteligência, sua sensibilidade, habilidades e criatividade.
Montessori afirmava que a educação é uma conquista da criança, já que o ser
humano já nasce com a capacidade de aprender, se lhes forem dadas condições .
O espírito da criança, para a educadora italiana, se formaria mediante os
estímulos externos, que precisam ser determinados. Para a educadora, a criança
deveria ser livre na escolha dos objetos sobre os quais possa agir. Esses objetos
são sempre os mesmos e típicos para cada gênero de atividade. (Ferrari, 2008,
p.15).
Dewey acredita que o conhecimento adquirido através dos jogos deve ser uma
atividade dirigida à experiência. Pensando assim, percebe-se que os jogos são
fatores decisivos para o desenvolvimento da criança. (OLIVEIRA, 1992)
Frobel antecipou que educação, ao mesmo tempo, permitiria o treino de
habilidades que elas já possuíam e o surgimento de novas. Dessa forma, seria
possível, aos alunos, exteriorizarem seu mundo interno e interiorizarem as
novidades vindas de fora, chegando, desse modo, ao aprendizado. (Barbosa, 1996,
p.145-68)
Pestalozzi, educador suíço, acreditava que os sentimentos tinham o poder de
despertar o processo de aprendizagem autônoma na criança, assim o aprendizado
seria, em grande parte, conduzido pelo próprio aluno, com base na experimentação
prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional do conhecimento. O que
importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento das habilidades e dos
valores. (Ferrari, 2004, p. 16)
Comenius pregava a utilização de um método de acordo com a natureza e
recomendava a prática de jogos, devido ao seu valor formativo. (Ferrari, 2004, p. 17)
Decroly, médico e educador belga defendia a ideia de que as crianças
apreendiam o mundo com base em uma visão do todo. O princípio desse educador
se baseia na ideia de que as crianças apreendem o mundo com base em uma visão
do todo, que posteriormente pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à
ordem. (WAJSKOP, 1999, p. 21)
17

Para Piaget (1978), as origens das manifestações lúdicas seguem o


desenvolvimento da inteligência, atrelada aos estágios do desenvolvimento
cognitivo. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a um tipo de atividade
lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos.
Piaget (1978) identificou três grandes tipos de estruturas mentais que surgem
sucessivamente na evolução do brincar infantil:
a) jogos de exercício: é a repetição de movimentos e ações que exercitam
as funções tais como andar, correr, saltar e outras pelo simples prazer
funcional.
b) jogos simbólicos: é a habilidade de estabelecer a diferença entre alguma
coisa usada como símbolo e o que ela representa seu significado.
c) jogos de regras: constituem-se os jogos do ser socializado e se
manifestam quando, acontece um declínio nos jogos simbólicos e a
criança começa a se interessar pelas regras.
Vygotsky (2007) elege a situação imaginária como um dos elementos
fundamentais das brincadeiras e jogos. A brincadeira se configura como uma
situação privilegiada de aprendizagem infantil, à medida que fornece uma estrutura
básica para mudanças das necessidades e da consciência.
Para Vygotsky (2007), é na situação de brincar que as crianças se colocam
questões e desafios além de seu comportamento diário, levantando hipóteses, na
tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pela realidade na
qual interagem. Assim, ao brincarem, constroem a consciência da realidade e, ao
mesmo tempo, vivenciam a possibilidade de transformá-la.

Figura 3 – Desafios e hipóteses no brincar

Fonte:www.napracinha.com.br, 2013
18

Vygotsky (2007) cita que é importante mencionar a língua escrita, como a


aquisição de um sistema simbólico de representação da realidade. Também
contribui para esse processo o desenvolvimento dos gestos, dos desenhos e do
brinquedo simbólico, pois essas são também atividades do caráter representativo,
isto é, utiliza-se de signos para representar significados.

O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao


desenvolvimento da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem
organizar todas essas ações e todo o complexo processo de transição de
um tipo de linguagem escrita para outro. Devem acompanhar esse processo
através de seus momentos críticos até o ponto da descoberta de que se
pode desenhar não somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos
resumir todas essas demandas práticas e expressá-las de uma forma
unificada, poderíamos dizer o que se deve fazer é, ensinar às crianças a
linguagem escrita e não apenas a escrita de letras (Vygotsky, 2007, p.134)

A respeito de todas as hipóteses desses teóricos, é possível concluir que a


importância dos jogos e brincadeiras está associada à aprendizagem. Assim, a
verdadeira aprendizagem não se faz apenas copiando do quadro ou prestando
atenção ao professor, mas sim no brincar, muitas vezes, que acrescenta ao currículo
escolar uma maior energia de situações que ampliam as possibilidades da criança
aprender e construir o conhecimento. O brincar permite que a criança tenha mais
liberdade de pensar e de criar para se desenvolver com criatividade e autonomia.

1.3 Os jogos como facilitadores de aprendizagem e a legislação brasileira

Ao se pensar e pesquisar a relação entre os jogos como facilitadores de


aprendizagem, vinculada à abrangência da legislação brasileira, é possível se
deparar com uma gama de leis que abordam esse aspecto do desenvolvimento
educacional.
Segundo o princípio 7º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, "a
criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a atividades
recreativas". Os artigos 4º e 16º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
reafirmam esse direito, legitimado ainda pelo artigo 227 da Constituição Federal de
1988. (Brasil, 1998)
19

A Constituição Federal de (Brasil,1988) apresenta preceitos internacionais em


relação à infância albergando em seu texto o reconhecimento dos direitos da criança
e da necessária proteção integral que deve prestar toda a sociedade e poder público
em cumprir tais direitos. A referida lei em seu artigo 227 elenca os direitos
fundamentais da criança: o direito à dignidade, à educação, à saúde, ao lazer, à
alimentação, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à vida, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
O ECA, em consonância com a Constituição Federal, estabelece no artigo 15,
que as crianças são titulares de liberdade, respeito e dignidade como pessoas em
processo de desenvolvimento, no artigo 16 esta estabelecido que o direito à
liberdade compreenda os seguintes aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se.
O artigo 59 refere-se ao esforço que os Municípios, Estados e União, em
conjunto, deverão fazer, visando proporcionar programações culturais, esportivas e
de lazer para a infância e a Juventude.
O Referencial Curricular Nacional para o Ensino Infantil (RCNEI) estabelece
que brincar é um das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade
e da autonomia da criança, desde muito cedo, pode se comunicar por meio de
gestos, sons e, mais tarde, ter determinado papel na brincadeira, faz com que ela
desenvolva sua imaginação. A fantasia e a imaginação são elementos fundamentais
para que a criança aprenda mais sobre a relação entre pessoas. (Brasil, 1998, p. 22)
Os jogos e brincadeiras são características inerentes ao ser humano, neles
homem consegue construir sua personalidade através da autonomia que esses
recursos oferecem assim a legislação pertinente ao tema oferece uma humanização
do tema, já que objetiva o desenvolvimento integral da criança, através de lazer,
expressão de sentimentos, afeto e emoção, respeitando o desenvolvimento e ritmo
de cada um.
Privar a criança do direito a uma educação prazerosa e com atividades que
envolvam o raciocínio e aprendizagem, através da ludicidade, é o mesmo que não
deixar que ela cresça integralmente e com autonomia. Assim escola e educadores
devem auxiliar no cumprimento desses direitos, para que haja um desenvolvimento
integral, efetivo e de maneira prazerosa, otimizando assim a aprendizagem e o
desenvolvimento integral da criança em todas as suas potencialidades.
20

Figura 4 – Escola como promotora de saber

Fonte:educarparacrescer.abril.com.br, editora abril, 2013

Linguagem e jogos mostram sua origem comum em vários aspectos. Através


do símbolo corporal e concreto, orienta-se a criança para as palavras.
Os benefícios didáticos dos jogos são procedimentos altamente importantes,
mais que um passatempo, é o meio indispensável para promover a aprendizagem. É
por meio deles que se consegue desenvolver e estimular as crianças, em diversas
situações educacional sendo um meio para, analisar e avaliar a aprendizagens
específicas, competências e potencialidades das crianças envolvidas, construindo
seu processo de ensino-aprendizagem em diferentes meios e estratégias.
Considerando que a finalidade básica da educação é o desenvolvimento
integral da criança, promovendo satisfação e autoconfiança, o processo de ensino e
aprendizado deve ser dinâmico, com a necessidade de aplicabilidade da legislação
pertinente ao tema, para que o jogo e brincadeiras sejam explorados e dinamizados
neste processo.
21

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Os jogos e brincadeira levam as crianças a contraírem diversas experiências,


propiciam a interação com o outro, organizam seu pensamento, tomam decisões,
ampliam o pensamento abstrato e procuram maneiras diversificadas de jogar,
produzindo conhecimentos.
É fato que o trabalho com jogos são instrumentos pedagógicos importantes e
determinantes para o desenvolvimento da criança, neles elas desenvolvem
habilidades necessárias para o seu processo de alfabetização e letramento,
constituindo-se então uma das linguagens mais significativas das crianças, por
programar capacidades intelectuais, afetivas e sociais para sua realização.
Com os jogos, o mundo da criança é revelado, já que ela demonstra sua
afetividade e a sua realidade: “na brincadeira, a criança explora as formas de
interação humana, aprende a lidar com a espera, a antecipar ações, a tomar
decisões, a participar de uma ação coletiva”. (BRASIL, 2007, p. 9)
O jogar revela-se uma importante fonte de desenvolvimento e aprendizagem.

2 ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE JOGOS

Os jogos auxiliam o desenvolvimento motor, o desenvolvimento da linguagem,


da percepção, da representação, da memória, do equilíbrio afetivo, da apropriação
de signos sociais e das transformações significativas da consciência infantil.
A presença dos jogos no desenvolvimento da criança é fundamental para o
seu aprendizado. Torna as aulas mais vivas, dinâmicas e atrativas, possibilitando à
criança o ampliação de conhecimentos e facilitando o processo de ensino e
aprendizado, já que leva a um aprendizado expressivo, gradativo e eficaz,
possibilitando a todos inseridos no processo educativo que vislumbrem que esse
método efetivamente levam a resultados significativos para o trabalho
desenvolvido no cotidiano do ambiente escolar .
22

2.1 A criança e a aprendizagem

O ser humano, no seu cotidiano, vive a aprender, e esse aprendizado ocorre


através da interação com o meio que ele convive.
A aprendizagem basicamente se define como o modo em que o ser humano
compreende o mundo. Dessa forma, algo extremamente ligado à aprendizagem é a
relação do sujeito, com o objeto da aprendizagem.
Para que a aprendizagem ocorra, faz-se necessário lançar mão de desafios, já
que, por meio destes, a criança buscará o conhecimento e a aprendizagem. Desse
modo, o professor jamais deve trabalhar com a criança, partindo do que ela não
sabe. Ou seja, é preciso partir da zona de desenvolvimento proximal da criança (o
que ela já sabe), para a zona de desenvolvimento potencial (alargar o que ela sabe,
por meio de desafios). Nesse aspecto, os jogos são desafios para que se concretize
a aprendizagem:
[...] o brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal da criança. No
brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual
da sua idade, alem do seu comportamento diário; no brinquedo é como se
ela fosse maior do que é na realidade. Como no foco de lente de aumento,
o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma
condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento.
(Vygotsky, 2007, p.122)

Na perspectiva histórico-cultural de Vygotsky (2007), o desenvolvimento está


ligado a procedimentos de mudanças e de mudanças que ocorrem no decorrer da
vida do indivíduo e em cada uma das multíplices extensões de seu funcionamento
psicológico. O desenvolvimento é percebido de forma implícito às práticas culturais e
educativas, perpassando pelo processo de aprendizagem. Desenvolvimento e
aprendizagem estão interligados às experiências do indivíduo com o mundo, a partir
da sua interação com o mesmo.
Nessa perspectiva, o indivíduo é percebido como um ser concreto e centrado,
privilegiado o papel da mediação, da linguagem, do contexto, das relações sociais e
da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), segundo Smolka, (2004).
Para Vygotsky (2007), a originalidade do desenvolvimento da criança jaz no
fato de que as funções naturais, regidas por mecanismos biológicos e as funções
culturais, regidas por leis históricas, fundem-se entre si, compostas de um sistema
mais complexo. De um lado, as funções biológicas transformam-se mediante as
23

ações das funções culturais e, por outro lado, as funções de natureza culturais têm,
nas funções biológicas, o apoio de que precisam para constituir-se. Em condições
normais de desenvolvimento biológico, as funções culturais vão sendo constituídas
por um ritmo previsível.
Desse modo, o desenvolvimento ocorre do social para o individual, em dois
planos diferentes. Suas etapas passam a ser compreendidas, levando-se em conta
os aspectos histórico-sociais e o lugar singular onde as pessoas se encontram.
Compreender o desenvolvimento dessa forma nos permite pensar sobre as
diferentes vertentes relacionadas ao ritmo do desenvolvimento e da aprendizagem,
diante da diversidade social, cultural e econômica dos indivíduos.
Também se deve considerar que a aprendizagem envolve os hábitos,
aspectos da vida afetiva, assimilação de valores culturais, funcionais e procede de
toda estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida e, também,
ao sofrer interferências intelectuais, psicomotoras, físicos e sociais. (COLL; SOLÉ,
1997)
A aprendizagem significativa ocorre quando o indivíduo percebe a relação
entre o que está aprendendo e o seu cotidiano. Isso abrange seu raciocínio, análise,
imaginação, relacionamento entre conceitos, coisas e acontecimentos.
Para Vygotsky (2007), as crianças iniciam seu aprendizado antes mesmo de
entrarem para a escola, justamente o aprendizado dos conceitos espontâneos. Para
ele, qualquer situação de aprendizado apresenta uma história prévia e, portanto, as
crianças já possuem suas primeiras hipóteses sobre os conteúdos a serem
trabalhados, o aprendizado e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida dos sujeitos.
A criança modifica seu meio, é modificada por ele e, para que ocorra a
assimilação dos conceitos científicos, é necessário que haja um tecido conceitual já
amplamente elaborado e desenvolvido pela atividade espontânea do pensamento. A
assimilação dos conceitos científicos se dá por meio dos conceitos espontâneos,
anteriormente elaborados por atos de pensamentos diversos.
Os processos de aprendizagem movimentam os processos de
desenvolvimento e são fundamentais para o aprendizado do indivíduo. É sob essa
perspectiva que a escola deve promover o aprendizado das crianças. Os
24

processos de aprendizagem e desenvolvimento serão ainda mais aperfeiçoados, por


meio da atividade lúdicas, que, se bem estruturadas, no contexto escolar, exercerão
papel fundamental no desenvolvimento da criança.

2.2 Os jogos como facilitadores de aprendizagem

O jogos não devem ser vistos como mero passatempo, mas sim como um
instrumento enriquecedor, no processo ensino-aprendizagem. É nele que os
indivíduos procuram levantar hipóteses, solucionando problemas para a construção
de seu conhecimento formal.
Através dos jogos e brincadeiras, os indivíduos podem resolver desafios e
questões para que se possa conhecer, experimentar, aprender, vivenciar, expor
emoções, se colocar diante de conflitos, interagindo consigo mesmo e com os
outros.
Froebel (2009) foi um dos primeiros educadores a considerar o início da
infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas. Para ele,
os jogos e as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não
devendo ser consideradas como apenas diversão, mas um modo de criar
representações do mundo concreto com a finalidade de o entender.
O corpo é um instrumento para se jogar e brincar, no universo infantil. Com
ele, a criança descobre suas funções e, consequentemente, a fonte de exploração
do meio em que vive para o desenvolvimento do conhecimento.
Os motivos que são relevantes para o incentivo ao jogo, no universo infantil,
são inúmeros, já que que esse ato não só faz bem, como favorece a descoberta do
novo, instiga a curiosidade, aguça a percepção e a concentração, além disso,
desenvolve o fisico, levando ao crescimento integral e à descoberta do próprio
corpo.
Com os jogos, a criança representa o mundo em que está inserida, porém o
jogo não pode ser algo descontextualizado, tem de ser algo planejado com objetivos
claros além de divertido, prazeroso e fonte de conhecimento .

2.3 As características dos jogos e a construção da aprendizagem


25

A utilização, como recurso de aprendizagem, de atividades relativas a jogos,


auxiliará como estímulo para o desenvolvimento da criança, levando-a a aprender e
a valorizar o valor do trabalho individual e em grupo.
Nessas atividades, a criança se torna elemento primordial da sua
aprendizagem, com a intervenção do professor, sendo um elo que traz a inserção e
a união entre vontade e prazer em aprender.
Os jogos educacionais buscam:
a) estimular e aguçar a imaginação;
b) a integração com outra criança;
c) liberação da emoção;
d) construção do conhecimento;
e) aquisição da autoestima.
Piaget (1978), afirma que os jogos consistem em uma assimilação funcional,
no exercício das ações individuais já aprendidas, um sentimento de prazer pela ação
lúdica e domínio sobre as ações. O jogo de regras marca o enfraquecimento do jogo
infantil e a passagem ao jogo adulto, que é a atividade lúdica do ser socializado,
possibilitando desencadear os mecanismos cognitivos de equilibração e é também
um poderoso meio para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos.
(ZACHARIAS, 2002)
Para Piaget (1978), a importância do jogo está na satisfação da necessidade
da criança quanto à assimilação da realidade à sua própria vontade. Essas
necessidades são geradas porque as crianças não compreendem o mundo dos
adultos, as regras, como por exemplo: hora de dormir, comer, tomar banho, não
mexer em certos objetos.
O jogo é fundamental na constituição da aprendizagem. Segundo Piaget
(1976), o desenvolvimento cognitivo de uma criança não se deve só à acumulação
de informações recebidas, mas, é decorrente de um processo de elaboração
essencialmente baseado nas atividades da criança. Ao interagir com o ambiente,
desenvolve estruturas por meio de esquemas de ação, ou seja, por meio de uma
sequência bem definida de ações físicas e mentais, e o jogo ajuda nesse processo.
26

2.3.1 Tipos e características de jogos educativos segundo Leal, Albuquerque e Leite,


2005 p. 130.

a) jogos de estratégia - os jogos de estratégia estão focados no


desenvolvimento e utilização sabedoria e habilidades do usuário,
principalmente no que este ligado à construção ou administração do objeto
relativo a jogo. A criança deve empregar o seu pensamento para solucionar
problemas para jogar e ganhar; Jogos de cubo mágico ou de sequência de
cores é um exemplo desse tipo de jogo
b) jogos de ação - os jogos de ação auxiliam no desenvolvimento psicomotor
da criança, desenvolvendo reflexos, coordenação motora e estimulando o
processo de pensamento rápido, frente a uma situação inesperada. O
jogador deve reagir rapidamente às circunstâncias, normalmente atirando,
para continuar jogando e ganhar;
c) jogos lógicos - os jogos lógicos desafiam muito mais a mente do que o
reflexos; normalmente é temporizado, determinando um limite de tempo
para o jogador finalizar a tarefa. Nessa classificação estão incluído
clássicos como xadrez e damas, bem como simples caça-palavras,
palavras-cruzadas e jogos que exigem resoluções matemática;
d) jogos de aventura - os jogos de aventura se caracterizam pelo controle, por
parte do usuário, do ambiente a ser descoberto;
e) jogos treino e prática – os jogos de treino e prática podem ser usados para
revisar material visto em aula, normalmente conteúdos que exige
memorização e repetição tal como Aritmética e Vocabulário;
f) jogos de simulação – os jogos de simulação envolvem a criação de modelos
dinâmicos e simplificados do mundo real. Estes modelos permitem a
exploração de situações fictícias, de situações com risco: quando bem
modelado pedagogicamente, podem auxiliar na simulação de atividades
impossíveis de serem vivenciadas em sala de aula, tais como um desastre
ecológico ou um experimento químico;
g) jogos de adivinhar – ou jogos de construção são formados por charadas em
27

seus vários níveis. Entre eles encontra-se o jogo da forca que consiste em
ir adivinhando as letras de determinada palavra;
h) jogos de passar tempo – também chamados de jogos de fazer e desfazer.
Entre eles encontram-se os jogos de colorir imagens para imprimir, os
jogos para a composição de fotografias e exposição posterior;
i) jogos de aprender – são jogos de aplicação de conhecimentos também
denominados de atividades didáticas. São jogos com questionários do tipo
O que é o que é; de associação de uma palavra à imagem, de cálculo para
avançar posições. Neste tipo de atividade a criança faz um esforço por
acertar, por indução, por conhecimentos já adquiridos ou por sugestão de
um colega, em um trabalho cooperativo.
Faz-se necessário estimular e trabalhar os jogos educativos como
coadjuvantes no processo de ensino aprendizagem, já que através desse tipo de
atividade a criança consegue através de hipóteses e solução de problemas o
desenvolvimento de raciocínio.
Os jogos educativos, em sua essência, levam ao aprendizado a partir do lazer
e diversão, sendo que o tamanho da motivação da criança está interligada à forma e
à abordagem dada pelo foco educacional apresentado.
Os jogos educacionais são um recurso enriquecedor, por meio dos quais se
busca o aumento de possibilidades de aquisição de aprendizagem, construção de
autoconfiança e motivação em relação o conteúdo formal a ser apreendido.
28

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 OS JOGOS APLICADOS NO PROCESSO EDUCATIVO

Ao desenvolver esse trabalho abordamos como os jogos são utilizados na


educação fundamental como elementos facilitadores da alfabetização, sendo
mecanismos eficazes de se criar um ambiente motivador, criando, assim, inúmeras
possibilidades de desenvolver suas habilidades e potencialidades.
O jogo precisa ser visto como elemento facilitador do processo educativo,
para isso essa pesquisa vivenciou como os jogos são aplicados no ensino
fundamental de uma sala de aula do ensino fundamental da Rede Municipal de
Educação de Lins.

3.1 Contexto da pesquisa

O eixo central dessa pesquisa foi um professor de Física e um professor da


sala regular do 3º Ano do Ensino fundamental, sala em processo de alfabetização na
EMEF “João Alves da Costa” – da Rede Municipal de Lins.
A escola em que foi realizada a pesquisa denomina-se EMEF “João Alves da
Costa”.
Endereço: Rua José Nunes da Silva, 255 - Jardim Santa Maria
Telefone: (14) 35235174
E-mail: emef.jacosta@hotmail.com
Período de funcionamento da escola: Matutino, Vespertino. * Noturno
Nível: EF Ciclo I
Número de alunos por turno: Matutino: 178 alunos
Vespertino: 122 alunos
*Noturno: 20 alunos no EJA
– vinculado a Secretaria Municipal de Educação
Número de Professores: 13 professores de Educação Básica I
07 professores de Educação Básica II
29

15 Tutores de classe
Período de realização da atividade: 17/08/2012 à 28/09/2013
* Embora haja aula no período noturno com funcionamento do EJA – o professor e
alunos não são vinculados à escola.
A escola em questão tem em seu Projeto Político Pedagógico a abordagem
de que as aprendizagens são constituídas pela interação dos processos de
conhecimento, em consequência das relações entre as distintas identidades dos
vários participantes do contexto escolarizado.
Os objetivos gerais da escola têm como eixo norteador formar pessoas aptas
a enfrentarem a realidade, assim propõe buscar soluções, criar situações de
desafios, estimular e envolver os alunos à participação, promover a igualdade de
acesso, permanência e sucesso do aluno na escola, integrando escola e
comunidade.
A Proposta Pedagógica da EMEF João Alves da Costa está em consonância
com as bases dos documentos oficiais de educação e diz respeito ao fazer docente
no contexto escolar, envolvendo todos os funcionários e comunidade escolar em um
processo contínuo de ensino aprendizagem e formação de cidadãos melhores e
preparados para a vida em grupo.
A Escola conta, no ano de 2013, com 13 salas de educação fundamental,
assim distribuídas:

Tabela 1 – Professores da Educação Fundamental - 2013


1º Ano – 2 salas
2º Ano – 2 salas
3º ano – 4 salas
4º ano – 2 salas
5º ano – 3 salas
2 professores de educação Fisica
2 professores de Inglês
2 professores de Arte
1 professor de Informática
Professores Tutores - 15
Fonte;EMEF” João Alves da Costa”, 2013
30

3.2 Os professores e o ponto de vista sobre os jogos, na aprendizagem

Foi possível perceber, durante esta pesquisa, uma grande preocupação por
parte dos professores em relação às atividades com jogos e brincadeiras. Os
professores entrevistados entendem dos jogos e brincadeiras em seu trabalho e
também como fator muito enriquecedor no processo de ensino e aprendizagem.
Os professores têm uma compreensão do lúdico com instrumento motivador
para a aprendizagem, já que foi possível observar vários tipos de brincadeiras,
como: brincadeiras livres, resgate de brincadeiras populares, como: casinha,
balança caixão, passa anel, esconde-esconde, jogos, músicas histórias e
dramatizações.
Pela observação das aulas, foi possível perceber que, na maioria das vezes,
não existe uma relação direta e significativa entre atividades com jogos e o
aprender. As professoras destacaram um entendimento, mesmo que intuitivo, sobre
a importância dos jogos, mas sem uma vinculação direta das atividades
pedagógicas desenvolvidas com os alunos.
Foi possível perceber claramente uma desvinculação entre os jogos e
aprendizagem, pois, a partir desse pensamento, os jogos somente estão presentes
nas brincadeiras das crianças, e não na função de atuante e motivador do
aprendizado, essa função de promotora de uma aprendizagem mais significativa,
fica a cargo dos professores chamados especialistas (Educação Física). Ao
professor da classe cabe o desenvolvimento das atividades primordiais de
alfabetização, matemática.
Os jogos e brincadeiras como estratégias educacionais são utilizados mais
para complementar, quando as atividades são terminadas com rapidez ou pelo
professor de educação física. Os professores aparentemente se sentem
apreensivos e em desconforto por trabalharem essas atividades e não sabem como
justificar esse tipo de atividades aos pais. Assim, raramente os alunos são
estimulados a desenvolverem atividades relativas a jogos e brincadeiras.
Na escola em questão, existe uma sala com jogos e materiais para confecção
de jogos, também as professoras tutoras confeccionam jogos e materiais adaptados
aos alunos com necessidades especiais. Porém, os professores se utilizam pouco
31

desse material, ficando restrito à educação física e quando o professor resolve


desenvolver um dia de atividade livre.
Os professores participantes da pesquisa argumentam que precisam de
capacitação para desenvolver esse tipo de atividade. Salientam também que a
funcionária responsável por guardar os jogos sempre coloca empecilho para a
utilização dos mesmos, com medo que se percam peças, ou que será mal
utilizado.Isso dificulta o trabalho com esse tipo de material.
Os professores temem muito a cobrança dos pais e da própria estrutura de
aprendizagem, o que leva os professores a acreditarem que esse tipo de atividade
não leva ao conhecimento efetivo. Não existe ainda a percepção que o jogo, além da
função do brincar, também tem uma função educativa. Como afirma Kishimoto
(1998), o jogo educativo apresenta duas funções: a lúdica, que implica na escolha
voluntária do jogo, e a educativa, sendo que o jogo é colocado como algo que auxilia
na aprendizagem e na compreensão do mundo. O jogo educativo ocorre pela união
das características da educação e do jogo, sendo necessário o equilíbrio entre a
liberdade característica do jogo e o objetivo de ensinar conteúdos da educação.
Quando ocorre o desequilíbrio entre essas características, o brinquedo utilizado no
jogo deixa de ser brinquedo para se tornar um material pedagógico ou didático e
isso acaba interferindo na aprendizagem, uma vez que as características principais
se perdem. (KISHIMOTO, 1998)
A maioria das professoras afirma não utilizar os jogos e brincadeiras, na
dimensão e proporção que desejariam, mas sim da maneira que é possível, já que
possuem um extenso conteúdo a ser cumprido. Assim, se faz necessário que os
professores percebam que é seu dever planejar atividades, reservando um espaço
para os jogos e brincadeiras, disponibilizando materiais, participando e envolvendo
os alunos em brincadeiras, ou seja, fazendo a mediação da construção do
conhecimento.

3.3 Alunos X aprendizagem com prazer?

Para Piaget (1978), as atividades lúdicas atingem um caráter educativo, tanto


na formação psicomotora, como também na formação da personalidade das
32

crianças. Assim, valores morais como honestidade, fidelidade, perseverança,


hombridade, respeito ao social e aos outros são adquiridos.
Uma das constatações mais espantosa é que as crianças estão perdendo o
hábito de brincar. Quando da pergunta do tipo de brincadeira que mais gostam, dos
seis alunos entrevistados, cinco responderam joguinhos de computador.
Foram necessárias intervenções para que os alunos se lembrassem de jogos e
brincadeiras desenvolvidas nas aulas regulares, de educação física ou nos
momentos de lazer. Assim, a brincadeira de pipa foi a mais lembrada. Um dos
alunos relatou que gostava de medir o papel para fazer a pipa, confeccionar a
rabiola, observar o lado que está deixando pensa, evitando assim o subir. Outro
aluno lembrou-se quando, na hora do recreio, eles faziam pátio dirigido e eles
brincavam com damas de tampinhas de garrafa pet.
Diante dessa intervenção, todos foram enfáticos que gostavam de brincar de
lenço atrás, pega - pega, balança caixão e estátua.
Todos foram unânimes em afirmar que dificilmente seus professores brincam,
já que vivem dizendo que têm de cumprir o conteúdo, deixando os momentos de
brincadeiras para premiar a sala, mediante um bom comportamento.
Quando ocorrem esses tipos de atividades em sala de aula, é mais voltado
para um jogo de memória ou um bingo numérico.
O fato é que o aluno, ao interagir com jogos e a manipulação de materiais
concretos, tem a possibilidade de visualizar e abstrair conceitos, desencadeando
processos reflexivos desta ação, produzindo aprendizagens significativas.

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois


permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a
criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções
(...), estimula o planejamento das ações e possibilitam a construção de uma
atitude positiva diante dos erros, uma vez que as situações se sucedem
rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação,
sem deixar marcas negativas. (BRASIL, 1998, p.46)

Os alunos acham que aprenderiam melhor se os jogos fossem mais


trabalhados em sala de aula, porém, percebe-se que se faz necessário uma
conscientização da importância dos jogos e brincadeiras no processo educativo, já
que ele não seja considerado só um passatempo. Chegam afirmar que deveria ser
todas as aulas de jogos e brincadeiras e somente vinte minutos (tempo do recreio)
33

de aula. Os alunos não possuem consciência ainda de que os Jogos são atividades
que podem ter uma flexibilidade maior nas suas regras, ou seja, as regras podem
ser adaptadas em função das condições de espaço, material disponível, número de
participantes, etc.
Podem ser competitivos, cooperativos ou como sempre, passatempo ou
diversão. Podem-se incluir como jogos, as brincadeiras regionais, os jogos de salão,
de mesa, de tabuleiro, de rua, bem como as brincadeiras infantis de modo geral(
Salva latinha, beti, entre outros). Por outro lado as brincadeiras distinguem-se dos
jogos por terem regras simples ou não terem regras, não se necessita de quadras,
tabuleiros, instruções, treinamento, peças ou dispositivos especiais para delas se
participar. Devido à sua simplicidade, brincadeiras são feitas por crianças, por ser
livre de regras e objetivos pré-estabelecidos, é solta e despreocupada, o que
proporciona certa liberdade. As crianças brincam para gastar energia e se
divertirem. Na maioria das vezes, utilizam um brinquedo e é visto pelos adultos como
um objeto auxiliar da brincadeira, mas para as crianças isso vai além. Ela o vê como
uma fonte de conhecimentos e um simulador da realidade. Como exemplo, podemos
citar a menina que brinca que a boneca é a sua filha.

3.3.1 Visão dos pais em relação à utilização de jogos e brincadeiras no processo


educativo

Os pais entrevistados afirmam que a escola não é lugar para brincadeira e que
não gostariam e nem se sentiriam satisfeito ao verem esse tipo de atividade sendo
desenvolvida em sala de aula, com seu filho. Acreditam que esse tipo de atividade
deveria ser restrito aos momentos de lazer.
As famílias expressam suas insatisfações quando da percepção de que a
criança tenha brincado durante o período de aula. Existe mais satisfação com as
tarefas e os trabalhos que possam ser desenvolvidos pelas crianças do que com as
manifestações ocorridas dos jogos, das brincadeiras ou das atividades nas quais as
manifestações lúdicas se encontram mais presentes, uma vez que, de certa
maneira, situações permeadas de jogos e brincadeiras não lhes agradam e não lhes
parecem produtivas, muito menos podem ser consideradas para esses pais como
34

ferramenta de preparação de seus filhos para o ensino e aprendizagem, sendo


tomadas como perda de tempo.
Segundo os pais, os jogos e brincadeiras deveriam ser restritos às aulas de
educação física e aos jogos interclasses, no final do ano.
Fica evidente que, para o desenvolvimento de jogos e brincadeiras no
processo de alfabetização, existe a necessidade da parceria da escola com a
família, para que a família entenda a produtividade dessa forma de trabalho.
35

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Ferreiro (1993), afirma que as crianças são facilmente alfabetizadas quando


descobrem que a escrita é um objeto interessante e merece ser conhecido.
O jogo deve ser um meio de oferecer às crianças um ambiente de
aprendizagem prazeroso, motivador e planejado, planejado porque o jogo pelo o
jogo não consegue se pode traduzir em possibilidades de aprendizagem de várias
habilidades, só com um planejamento e adequação do conteúdo aos jogos é que
será possível se atingir os objetivos propostos.
Aliar as atividades com jogos no processo de ensino aprendizagem pode ser
de grande valia, para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade que
desperta e muito o interesse do aluno é o jogo. O mesmo estimula o
desenvolvimento de habilidades motoras mentais e sociais, também propicia a
recreação, promove desse modo, o processo educativo, tornando-o mais agradável
e instigante.
Cada criança tem seu tempo e precisa de estímulos para alcançar a
alfabetização, e os professores precisam estar atentos para utilizar o lúdico como
instrumento importante de alfabetização.
Os jogos podem auxiliar na transformação conteúdos que não trazem
interesse para as crianças em atividades prazerosas já que tem a função de levar a
raciocínio, empenho, abstração, cumprimento de regras e vontade de aprender, por
outro lado, quando há interesse no que está sendo apresentado, constata-se que a
disciplina acontece, e os jogos, sob esse prisma, são muito mais do que um
passatempo são meios indispensáveis para a promoção da aprendizagem e da
disciplina.
Outra questão importante é a disciplinar, pois quando há interesse no que
está sendo apresentado, constata-se que a disciplina acontece, e os jogos, sob esse
prisma, são muito mais do que um passatempo são meios indispensáveis para a
promoção da aprendizagem disciplinar.
O professor deve, nesse contexto, estimular a criança a interagir com a
língua escrita e, na alfabetização, a criança deve atuar como sujeito do processo de
36

aquisição dessa linguagem, com a interação com o meio, com os colegas,


professores e com ela própria.
Para Freire (1994, p. 15), alfabetizar é adquirir a língua escrita através de um
processo de construção do conhecimento, com uma visão crítica da realidade,
valorizando sempre o lúdico, assim educadores devem buscar meios de promover
essa construção.
Pensando nesse aspecto, foi oferecido aos professores entrevistados
sugestões de jogos e brincadeiras como promotoras de aquisição significativa de
aprendizagem:

1. Bingo de Letras
Objetivos:
• Proporcionar o contato com as letras do alfabeto através do bingo de letras.
• Realizar correspondência entre a letra chamada pela professora e a letra
que possua em sua cartela.
Procedimento:
• Dividir uma cartolina em seis partes, posteriormente dividi-la em três colunas
escrever as letras do alfabeto aleatoriamente;
• Colocar as letras do alfabeto em um saco ou caixa para sortear.
• Cada criança receberá uma cartela e grãos de feijão.
• O professor sorteará a letra, mostrará ao aluno que se tiver a mesma,
deverá marcar em sua cartela. Ganha o aluno que primeiro marcar todas as
letras.

2. Soletrando
Objetivos:
• Estimular a memória;
• Formar a palavra a partir das letras ou através da figura.
Procedimento:
• Colar figuras em uma cartolina e em baixo da figura escrever o nome
correspondente. Recortar letra por letra juntamente com a figura para que a criança
possa juntá-las, seja por meio da observação da figura ou pelas letras.
37

Os alunos deverão montar as palavras e imagens que estarão toda


embaralhada em cima da mesa.
Exemplo:
Figura 5: Soletrando

Fonte: atividadeeduca.com,2013- Guimarães, 2013

3 Boliche de letras
Objetivo:
• Montar palavras a partir das letras do alfabeto.
Procedimento:
• Em garrafas pet escrever todas as letras do alfabeto.
• Providenciar uma bola de meia.
• Dispor uma garrafa do lado da outra formando um triângulo. Cada criança deverá
jogar a bola em direção as garrafas para derrubar o maior número.
• Após derrubar as garrafas deverá falar uma palavra que inicie com a letra que está
na garrafa.
Figura 6: Boliche de garrafa

Fonte: Elaborado pela autora, 2012


38

4. Jogo da memória
Objetivo
• Relacionar a letra com a figura.
Procedimentos
• Fazer fichas de 4 cm x 4cm na qual uma terá uma figura e a outra a primeira letra
que corresponde ao nome da figura, ou com o nome da figura.
• Virar as cartas para baixo, embaralhar e tentar formar os pares.

Figura 7: Jogo de Memória

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

5. Dominó
Objetivo:
• Analisar a escrita de seu nome e dos amigos da sala;
• Estabelecer correspondência entre o nome escrito normalmente e o nome
separado em sílabas e em posição vertical;
Procedimento:
• Providenciar o dominó de nomes e suas sílabas e colar em papel cartão colorido.
• O jogo segue as regras tradicionais, porém, nesse jogo será contemplada a
relação entre o nome dividido em sílabas e o nome escrito normalmente.

Figura 8: Dominó
39

Fonte: Elaborado pela autora, 2013

Os jogos citados acima foram confeccionados em parceria com as


professoras tutoras e aplicados em três aulas em uma classe de 3º ano do Ensino
fundamental.
As crianças participaram das atividades com atenção e prazer, e os
professores também gostaram muito da aplicação e da intervenção, uma vez que o
grande questionamento é que dificilmente elas conseguem o suporte para a
aplicação desse tipo de atividade.
Não podemos pensar que esse tipo de estratégia de trabalho se trate de
uma receita, mas sim de uma busca de mecanismo de apropriação de
conhecimento, que deve ser aprimorado de acordo com as necessidades de cada
sala.
40

CONCLUSÃO

Nessa pesquisa foi possível verificar que quando os professores, se utilizam


de jogos como recursos didáticos conseguem perceber claramente que processo
ensino-aprendizagem é mais eficaz, já que as crianças se dedicam mais e se
sentem estimuladas.
Os jogos devem ser motivo de reflexão entre a escola, pais e comunidade
como um todo, já que o jogar ajuda a criança no seu desenvolvimento como um
todo, reduz sua agressividade e auxilia na sua inserção à sociedade, bem como na
construção de seu conhecimento, esse mecanismo facilitador de construção de
conhecimento deve ser vislumbrado por todos como possibilidades de
desenvolvimento da inteligência, sensibilidade, habilidades e criatividade, não só
como meio de se passar o tempo.
Os jogos não são utilizados, no Ensino Fundamental, como recurso didático,
para o desenvolvimento de um ambiente alfabetizador, em função da cobrança das
famílias e sociedade sobre o currículo que acreditam ser necessário que se cumpra,
os profissionais da educação devem ter a consciência de que o símbolo lúdico
corporal e concreto orienta a criança para as palavras, com certeza com essa
consciência eles estarão aptos a afirmarem para as famílias que essa maneira de
trabalhar é eficaz com resultados imediatos.
Concluindo, os benefícios didáticos dos jogos são procedimentos altamente
importantes, mais que um passatempo, é o meio indispensável para promover a
aprendizagem. É por meio deles que se consegue desenvolver e estimular as
crianças, em diversas situações educacional sendo um meio para, analisar e avaliar
a aprendizagens específicas, competências e potencialidades das crianças
envolvidas, construindo seu processo de ensino-aprendizagem em diferentes meios
e estratégias, fazendo assim um trabalho onde a criança tenha mais estímulos e
motivação para seu desenvolvimento acadêmico e social.
41

REFERÊNCIAS

BARBOSA, R. L. L, Froebel e a concepção de jogo infantil, Revista da Faculdade


de Educação, nº1, 1996, p.145-68.

BRASIL. Constituição Federal, de 05.10.88, Diário Oficial da União, Brasília, 1988.

_______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União, 1990.

______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


Curriculares Nacionais: Educação Física Brasília: MEC/SEF, 1997.

_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997.

________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.

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MONTESSORI, M. A criança. (tradução de Luiz Horácio da Mata). São Paulo:


Nórdica, 1987
44

APÊNDICES
45

APÊNDICE A – Questionário para professores da educação fundamental

Nome:________________________________________Idade____________
Profissão:______________________________________________________
Tempo de Profissão:_____________________________________________-
Instituição:_____________________________________________________

1- Você acha importante a utilização de jogos e brincadeiras no processo de


alfabetização?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2- Utiliza os jogos e brincadeiras como estratégias educacionais? Justifique sua


resposta.

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3- Você estimula seus alunos ao Lúdico? Justifique sua resposta.

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4- Sua escola possui recursos materiais para o trabalho com jogos e brincadeiras
nas diferentes disciplinas?

R__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
46

5- Em relação aos jogos e brincadeiras no processo de alfabetização, gostaria de


fazer algum comentário?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
47

APÊNDICE B – Questionário para pais de alunos

Nome:_____________________________________________________________

Profissão:__________________________________________________________

1- Você acha importante os jogos e brincadeiras na escola?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2- Você incentiva seu filho a brincar?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3- Quais jogos e brincadeiras você mais gostava?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
48

APÊNDICE C – Roteiro para entrevista com as crianças

1- Você gosta de brincar? Por quê?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

2- Qual a brincadeira que você mais gosta? Explique como funciona?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3- Sua professora brinca ou joga com você?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4- Quais jogos ou brincadeiras são utilizados em sala de aula?

R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
49

ANEXO
50

ANEXO - Autorização

AUTORIZAÇÃO

Eu, Vânia Alexandra Souza Ribeiro, representante legal da instituição EMEF” João
Alves da Costa”, Lins- SP, CNPJ nº03.404.922/0001-52, autorizo a aluna Elóa
Franco de Souza, a divulgar total ou parcialmente, pela internet ou por outros meios,
o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, do curso de Pedagogia, cuja
pesquisa de campo ocorreu nesta empresa no ano de 2012.

Lins, 26 de abril de 2013

_______________________
Vânia A. S. Ribeiro
Diretor da “EMEF” João Alves da Costa”

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