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FICHAMENTO
INTRODUÇÃO
- A Lei 13.445/2017 – Lei de Migração – tem inegável CARÁTER HUMANISTA.
- Contudo, o Poder Executivo e alguns parlamentares federais têm buscado
eliminar o caráter humanista para voltar a um regime similar ao do Estatuto do
Estrangeiro.
CONCLUSÃO
- As linhas anteriores demonstraram que existe uma clara intenção de
desvirtuar o caráter humanista da Lei de Migração para regressar para a
política de criminalização que caracterizava o Estatuto do Estrangeiro.
- Nesse contexto, o Decreto nº 9.199/2017 apresenta várias dificuldades. No
âmbito do que nos interessa nesse trabalho, a principal preocupação gira em
torno do fato da autoridade policial poder realizar a representação no âmbito
das prisões preventivas das pessoas em situação de migração irregular, uma
vez que decorre de uma medida ilegal e inconvencional. Neste sentido, existe a
imperiosa necessidade de que o Congresso Nacional suspenda esse decreto,
no que diz respeito às disposições que são incompatíveis com a Lei de
Migração e a DIDH.
- A respeito do PL 1.928/19 e ao outros analisados, além de ressaltar a
intenção de retomar o viés da crimigração, também devemos destacar sua
incompatibilidade com a CF e a DIDH, particularmente, com os precedentes
desenvolvidos pela jurisprudência da Corte IDH. Portanto, devemos advertir
que o Congresso Nacional tem o dever de analisar a convencionalidade dos
projetos de lei antes de aprová-los.
- Finalmente, com relação às Portarias 666/2019 e 770/2019 há que apontar
que retomam a doutrina da segurança nacional que foi impugnada e rejeitada
tantas vezes, ao se guiar por um critério baseado em um “direito de imigração
do inimigo”. Consequentemente, essas Portarias contêm numerosos vícios, na
medida em que são inconvencionais, inconstitucionais e ilegais. De fato, é
surpreendente ver como esses atos administrativos podem ter tantas
inconsistências ao mesmo tempo. Principalmente, destacam-se as seguintes:
a) não são convencionais porque a possibilidade de deportação sumária de um
solicitante de refúgio viola o princípio da não devolução; b)são
inconstitucionais, já que o prazo para apresentar defesa por parte do deportado
é desproporcional e viola diretamente o devido processo legal substantivo e o
princípio da proporcionalidade, como a segregação preventiva, quando
utilizada unicamente para obrigar a expulsão do deportado; c) são ilegais, pois
ao estabelecer o processo de deportação sumária e conter disposições para a
prisão do deportado, violam o Princípio da Não Criminalização da Migração,
assim como a regra de que ninguém será privado da liberdade por razões
migratórias; e, finalmente, d) violam a Lei 9.784/99, particularmente a respeito
das garantias processuais administrativas.
- Se o Congresso Nacional omite o dever constitucional de suspender parte do
Decreto nº 9.199/2017, praticamente todo o conteúdo da Portaria 770/2019 em
si, além de aprovar leis claramente inconvencionais, o Poder Judiciário
brasileiro, no seu exercício de seu dever de garantir os direitos humanos dos
migrantes, pode atuar diligentemente e invalidar as disposições do decreto e da
Portaria, já que, como foi dito, são inconvencionais, inconstitucionais e ilegais.
- Para finalizar, espera-se que o STF, ao julgar a ADPF 619 e outras ações
similares, aplique o conteúdo das normas internacionais de direitos humanos,
para dialogar com a jurisprudência da Corte IDH, assim como para concretizar
os direitos humanos dos migrantes, independentemente de sua situação
migratória.