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três continentes
Três membros da mesma família a viver em três continentes contraíram o
vírus mais odiado do século exatamente na mesma semana, sem que tenham
mantido contacto entre eles. No dia 30 de setembro de 2020, Sandra, 29
anos, estava a ser internada com uma pneumonia numa clínica privada em
Luanda. Cláudia, 35, preparava-se para um isolamento de dez dias em
Sacramento, Califórnia. E em Cascais, Agostinho, 83 anos, tio-avô de ambas,
começava a sentir os primeiros sintomas que haveriam de confirmar, a 4 de
outubro, o teste positivo à covid-19.
Agostinho não tem uma explicação para que, aos 83 anos, tenha desafiado as
probabilidades, sem necessidade de cuidados hospitalares, ao contrário da
sua saudável sobrinha-neta. Mas acredita que se o pensamento positivo é
determinante, talvez também o tenha ajudado nesta batalha, pois que é
conhecido por ter uma calma de monge budista. "No início sentia apenas um
grande cansaço e moleza. Quando fui fazer o teste ao Centro de Congressos
do Estoril, estava convencido de que ia dar negativo." Quando o resultado
positivo chegou por e-mail confessa que ficou surpreendido e precisou de um
tempo para digerir. Nem disse logo à filha, para não lhe estragar o dia de
aniversário. Mas, apesar de em outubro as TV já pintarem a toda a hora um
cenário dantesco de mortes, o octogenário nascido em 1937 em Marco de
Canaveses e apaixonado por Angola, onde cumpriu serviço militar e constituiu
família, nunca pensou no pior. "Não entrei em pânico, até porque nunca dei
muita importância às doenças, não sou hipocondríaco como o Marcelo",
ironiza.
casa"