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Negócios

Internacionais
Financiamentos/ Tributos/
Preços e Pagamentos
Internacionais - Parte 1
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) ao nosso último módulo, que está


subdivido em duas partes. A primeira parte do módulo trata do
Financiamentos / Tributos /Preços e Pagamentos Internacionais.
Você já avançou muito no seu estudo e chegou à hora de fazer
cálculos.
A partir de agora, você irá aprender sobre o tratamento
tributário na importação e na exportação, conhecerá as
principais linhas de financiamentos na exportação e fará dois
cálculos extremamente importantes: o cálculo de preço FOB na
exportação e do custo CIF na importação. Também conhecerá as
principais formas de negociação e de pagamentos em operações
de exportação/importação. Bons estudos e boa aprendizagem!

E m continuidade ao estudo, iniciado no módulo Sistemática de Importação e Exportação,


você estudará sobre riscos, formas de pagamentos, cálculos de preços e custos nos
negócios realizados entre importadores e exportadores. Nesta fase, você reunirá vários
conceitos apreendidos nos módulos anteriores e trabalhará com cálculos, cujos resultados
são importantes elementos de auxílio à tomada de decisões de compra e venda.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Conhecer as principais linhas de financiamento para a exportação de produtos brasileiros;
• Aprender sobre os tributos que o importador brasileiro recolhe aos cofres públicos no ato
de uma importação, assim como os benefícios fiscais a que as exportações brasileiras têm
direito;
• Conhecer os riscos relacionados à inadimplência das negociações internacionais e suas
respectivas formas de pagamento;
• Calcular preços de exportação e custos na importação.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Transposição Pedagógica Infraestrutura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Laila Coelho Silva Coordenação


Produção de Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Design Multimídia
Assessoria ao Professor, AUTORIA
Coordenação
Assessoria ao Aluno e Tutoria
Rodrigo Tito M. Valadares Prof. Luciano G. Moreira
Coordenação
Design Multimídia Adaptação: Prof. Denise
Gabrielle Nunes Paixão
Alan J. Galego Bernini Campos Chaves Machado

BELO HORIZONTE - 2018


FINANCIAMENTOS/ TRIBUTOS/
PREÇOS E PAGAMENTOS
INTERNACIONAIS - PARTE 1
Principais linhas de financiamento
às exportações
A seguir você conhecerá as principais linhas de crédito destinadas às operações de expor-
tação. Você compreenderá ao longo do curso, que as operações de exportação/importa-
ção têm características distintas, derivadas de exigências específicas de cada país impor-
tador. Mas, por que é necessário crédito para exportar?

Veja que uma venda para o exterior tem características distintas da venda no mercado
doméstico. Não raras vezes, o ciclo financeiro de uma operação de exportação pode
chegar a seis meses, e em alguns casos, ser superior a um ano.

Perceba que várias operações com desembolso financeiro podem ocorrer, dependendo do
tipo de negociação realizada entre exportador e importador, antes de se receber o valor
correspondente à exportação efetuada.

• Viagens internacionais de prospecção de mercado;


• Envio de amostras, laudos técnicos e certificações;
• Adequações de produtos e embalagens;
• Traduções e outros serviços técnicos;
• Produção;
• Despacho aduaneiro;
• Embarque;
• Recebimento (a prazo).

TOME NOTA
A negociação será retratada no documento enviado ao importador, Proforma Invoice, estuda-
da no módulo Sistemática de Importação e Exportação.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 65


Muito bem, você já percebeu que um exportador necessita de capital de giro para fazer
frente aos desembolsos de caixa. Então, quais podem ser as fontes desses financiamen-
tos? Como a taxa de juros no Brasil é muito elevada, os bancos brasileiros vão ao mercado
internacional captar “dinheiro mais barato” para oferecer aos exportadores brasileiros,
na forma de financiamentos à exportação. Esse dinheiro com custo inferior ao cobrado
no mercado interno, poderá aumentar as condições de competitividade internacional do
exportador. Vamos então às linhas de crédito:

ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO (ACC)


O Adiantamento de Contrato de câmbio é um tipo de financiamento colocado à disposição
das empresas exportadoras pela rede bancária. Ele permite ao exportador obter recursos
financeiros antes do embarque da mercadoria, a taxas de juros internacionais mais um
spread. Nesse sentido, o exportador contará antecipadamente com recursos financeiros
para a produção do bem a ser exportado. O ACC pode ter o prazo de até 180 dias, conta-
do a partir da data prevista para o embarque.

A taxa reduzida do ACC poderá proporcionar à empresa menores custos de produção e


ganhos pelas aplicações financeiras no mercado interno. Dessa forma poderá influir posi-
tivamente na competitividade internacional da empresa exportadora.

Ao obter um ACC, o exportador deve estar seguro de que o produto será embarcado
dentro do prazo previsto, caso contrário, terá que devolver ao banco o valor do ACC, com
correção monetária, diferenças cambiais, multa e outros encargos.

ADIANTAMENTO DE CAMBIAIS ENTREGUES (ACE)


O Adiantamento de cambiais entregues é um instrumento de financiamento à exportação
que consiste no desconto da cambial (letra de câmbio, saque) junto ao banco escolhi-
do pelo exportador. Dessa forma, o exportador pode obter recursos financeiros após o
embarque da mercadoria. O prazo do ACE é o mesmo do ACC (180 dias).

PROGRAMA DE FINANCIAMENTO
ÀS EXPORTAÇÕES (PROEX)
O PROEX é administrado pelo Banco do Brasil e abrange tanto a concessão de financia-
mento ao exportador (Supplier’s Credit) como ao importador (Buyer’s Credit).

No financiamento concedido ao exportador, a empresa emite a cambial e desconta o título


na agência autorizada do Banco do Brasil.

Na modalidade de financiamento ao importador, a liberação dos recursos é feita ao expor-


tador, por autorização do importador, contra o recebimento da mercadoria.

O financiamento é operacionalizado nas seguintes modalidades: PROEX Financiamento e


PROEX Equalização.

PROEX Financiamento
O PROEX Financiamento é uma modalidade que financia até 85% do valor da exportação
tem prazos de pagamentos que podem variar de 360 dias a 10 anos.

Pode ser feito em parcelas trimestrais ou semestrais, consecutivas e de igual valor.

66 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


A relação dos produtos que podem beneficiar-se do PROEX Financiamento é bastante
ampla e consta de Portarias do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC).

PROEX Equalização
A modalidade PROEX Equalização tem o objetivo de proporcionar ao exportador brasi-
leiro condições de financiamento compatíveis com as praticadas no mercado financeiro
internacional.

Os produtos elegíveis constam de Portarias do MDIC. A amortização do financiamento


pode ser feita também em parcelas trimestrais ou semestrais, em um prazo que varia de
360 dias a 10 anos.

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES) EXIM
O BNDS EXIM é uma de linha de crédito do desse próprio banco para financiar a expor-
tação de bens e serviços brasileiros em condições competitivas. O BNDES-Exim compre-
ende as seguintes modalidades:

• Pré-Embarque: financia a produção de bens manufaturados, principalmente de longo


ciclo, a serem exportados em embarques específicos;
• Pré-Embarque Especial: financia a produção, capital de giro e investimentos referen-
tes aos bens a serem exportados, sem vinculação com embarques específicos, mas
com período predeterminado para a sua efetivação;
• Pós-Embarque: financia a comercialização de bens e serviços no exterior, por inter-
médio do refinanciamento ao exportador, ou por meio da modalidade buyer’s credit
(crédito ao comprador).

Pagamentos internacionais
A seguir, você conhecerá os quatro principais mecanismos de pagamentos em negócios
internacionais, seus riscos para importador e exportador:

• Pagamento antecipado ou Down payment;


• Cobrança documentária à vista ou Sight Draft;
• Cobrança documentária a prazo Time Draft;
• Carta de crédito ou Letter of Credit.

PAGAMENTO ANTECIPADO OU DOWN PAYMENT


Na modalidade down payment, o exportador condiciona o embarque de suas mercadorias
ao pagamento antecipado do valor da Invoice pelo importador. Note que essa modalidade
de pagamento transfere o risco de inadimplência totalmente para o importador. Esse tipo
de operação é muito frequente na China, que com grande frequência exige pagamento
integral antes do embarque.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 67


Pagamentos internacionais - Antecipado ou Down payment
[7]
Libera Efetua Banco do
Alfândega produtos Importador
pagamento Importador
[2]

Exporta
[ 1 ] Negocia prods. + [ 5 ] [3] Remete
operação Pagamento
documentos

[6]
Cópia Banco negociador
Exportador documentos
export. no Brasil
Efetua
pagamento
[4]

Veja abaixo fluxograma da operação:

1. Vamos seguir o fluxo? Para facilitar seu entendimento, vamos considerar que o expor-
tador seja uma empresa brasileira. A exportação é no valor de US$ 50, 000.00.
2. Importador e exportador negociam condições. Neste momento, ao se definir por
pagamento antecipado, o risco da operação recai sobre o importador, que deposi-
tará o valor da Invoice, sem garantia de recebimento da mercadoria. Também neste
momento será enviada a Proforma Invoice ao importador, para sua aprovação.
3. Importador efetua pagamento através de seu banco local.
4. Banco do importador remete divisas para o banco do exportador no Brasil.
5. Banco do exportador efetua pagamento ao seu cliente. Este pagamento requer uma
operação financeira denominada fechamento de câmbio. Como isso ocorre:
6. Exportador efetua embarque das mercadorias, consignando os documentos ao
importador, uma vez que o pagamento já foi recebido.
7. Exportador envia cópia dos documentos de exportação ao Banco negociador no
Brasil.
8. Importador, através de seu despachante aduaneiro local, faz o despacho aduaneiro
e desembaraça a mercadoria.

COBRANÇA DOCUMENTÁRIA À VISTA OU SIGHT DRAFT


Pagamentos internacionais - Cobrança documentária a vista
Entrega docs.
exportação
[7] [6]
Libera Paga saque Banco do
Alfândega Importador ( draft )
produtos Importador
[5]

[ 1 ] Discute a Exporta [ 2 ] [ 8 ] Envia ordem Envia docs. [ 4 ]


operação produtos de pagamento exportação

[3]
Entrega Banco negociador
Exportador docs.
exportação no Brasil
Efetua
pagamento
[9]

A Cobrança Documentária é regida pelas Uniform Rules for Collections (Regras Uniformes
para Cobranças) da Câmara de Comércio Internacional (em inglês). Esse conjunto de
regras é também conhecido como URC 522 ou Brochura 522.

68 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


Vamos ver como funciona este fluxo, e suas peculiaridades?

1. Exportador e Importador negociam condições. A modalidade de paga-


mento na forma de cobrança, como o próprio nome diz, pressupõe
que o exportador (vendedor) conceda crédito ao importador (compra-
dor), embarcando os produtos antes de receber o valor da exportação.
Portanto, o risco de inadimplência passa a ser do vendedor.
2. O Exportador embarca a mercadoria para o comprador no exterior.
Somente as mercadorias, pois os documentos terão outra destinação,
segundo procedimento de cobrança bancária.
3. Exportador envia documentos de exportação para o banco no Brasil,
iniciando-se assim o procedimento de cobrança bancária.
4. O exportador entrega os documentos de embarque e a letra de câmbio (conhe-
cida igualmente por “cambial” ou “saque” ou draft) ao banco negociador do
câmbio no Brasil, denominado “banco remetente”, que por sua vez os encami-
nha, por meio de carta-cobrança, ao seu banco correspondente no exterior, denominado
“banco cobrador”.
5. Banco negociador no Brasil envia documentos para o banco do importador.
6. A cobrança se efetiva: Importador paga o saque e recebe os documentos de expor-
tação (operação também denominada de cash against documents (CAD) ou paga-
mento contra documentos.
7. De posse dos documentos, o Importador providencia o despacho aduaneiro.

COBRANÇA DOCUMENTÁRIA A PRAZO OU TIME DRAFT


Pagamentos internacionais - Cobrança documentária a prazo
Entrega docs.
exportação
[7] [6]

Libera Aceita saque Banco do


Alfândega Importador (draft)
produtos Importador
[5]

Exporta [ 2 ] Envia docs. [ 4 ]


produtos exportação
[ 1 ] Discute a [ 8 ] Envia ordem
operação de pagamento

[3]
Entrega Banco negociador
Exportador docs.
exportação no Brasil
Efetua
pagamento
[9]

Na modalidade de pagamento Cobrança Documentária a Prazo ou Time Draft o risco para


o exportador aumenta, na medida em que, ao invés de pagar a Invoice contra o recebi-
mento dos documentos, o importador recebe um prazo para o pagamento. Vamos agora
analisar o fluxo da cobrança a prazo?

1. Exportador e Importador negociam condições. A modalidade de pagamento na forma


de cobrança, como o próprio nome diz, pressupõe que o exportador (vendedor)
conceda crédito ao importador (comprador), embarcando os produtos antes de rece-
ber o valor da exportação. Portanto, o risco de inadimplência passa a ser do vendedor.
2. O Exportador embarca a mercadoria para o comprador no exterior. Somente as
mercadorias, pois os documentos terão outra destinação, segundo procedimento
de cobrança bancária.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 69


3. Exportador envia documentos de exportação para o banco no Brasil, iniciando-se
assim o procedimento de cobrança bancária. O exportador entrega os documentos
de embarque e a letra de câmbio (conhecida igualmente por “cambial” ou “saque”
ou draft) ao banco negociador do câmbio no Brasil, denominado “banco remeten-
te”, que por sua vez os encaminha, por meio de carta-cobrança, ao seu banco
correspondente no exterior, denominado “banco cobrador”.
4. Banco negociador no Brasil envia documentos para o banco do importador.
5. A cobrança se efetiva: Importador aceita o saque e recebe os documentos de expor-
tação. Ao aceitar o saque, o importador se compromete a efetuar o pagamento da
Invoice na data do vencimento pré-estabelecido.

ATENÇÃO
Embora seja uma cobrança, não significa que o banco obterá êxito em caso de inadimplência.
Neste caso, a ação de cobrança é limitada de acordo com as leis locais.

6. De posse dos documentos, o Importador providencia o despacho aduaneiro.

CARTA DE CRÉDITO (LC) – LETTER OF CREDIT


Pagamentos internacionais - Carta de crédito

Banco confirmador
Alfândega
em 3° País

Libera [ 4 ] Confirma LC
[ 12 ]
produtos Solicita
emissão LC
[2]
Entrega docs. Banco e emissor
Importador exportação no País Importador
[ 11 ]
Efetua [9]
Exporta [ 6 ] Pagamento Envia docs.
produtos [ 11 ] exportação

[ 1 ] Discute a [ 3 ] Emite LC Reembolsa


operação pagamento [ 10 ]
Avisa
Recebimento LC
[5]
Entrega Banco avisador e/ou
Exportador docs.
negociador no Brasil
exportação
[7]
Libera
pagamento
[8]

A modalidade de Carta de crédito ou Letter of credit (LC) os seus procedimentos defini-


dos pelas Regras e Usos Uniformes sobre Créditos Documentários (Uniform Customs and
practice for Documentary Credit) da Câmara de Comércio Internacional (CCI), conhecidas
como Brochura 600 (UCP 600).

Trata-se de um crédito documentário, ou seja, as partes e negociam documentos ao invés


de mercadorias.

• A Carta de Crédito é emitida por um banco, denominado “banco emissor” (Issuing


Bank), na praça do importador (Aplicant), a seu pedido, e representa um compromis-
so de pagamento do banco ao exportador da mercadoria.
• Na Carta de Crédito, são especificados o valor, exportador (Beneficiary), documen-
tação exigida, prazo, portos de destino e de embarque, descrição da mercadoria,
quantidades e outros dados referentes à operação de exportação.

70 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


• Uma vez efetuado o embarque da mercadoria, o exportador entrega os documentos
a um banco de sua praça, denominado “banco avisador” (Advising Bank), que, via
de regra, é o mesmo banco com o qual negociou o câmbio.
• Este, agora denominado Banco Negociador (Negociating Bank), após a conferência
dos documentos requeridos na carta de crédito, efetua o pagamento ao exportador
e encaminha os documentos ao banco emissor no exterior.
• O banco emissor (Issuing Bank) entrega os documentos ao importador que, assim,
poderá efetivar o desembaraço da mercadoria.
• O recebimento do pagamento pelo exportador depende apenas do cumprimento das
condições estabelecidas na carta de crédito.
• A Carta de Crédito - Letter of Credit (LC) tem algumas características intrínsecas à
negociação:
• Irrevogável: Uma vez emitida não poderá ser cancelada unilateralmente;
• Intransferível: Não poderá ser transferida ou endossada a terceiros;
• Confirmada: Ocorre em situações em que o exportador, visando evitar o Risco
País, solicita ao importador que a carta de crédito seja confirmada por um
terceiro banco (Confirming Bank) em outro país.

Veja o fluxo:
1. Importador e exportador negociam a operação, em que é definida a modalidade
carta de crédito.
2. Importador solicita ao seu banco a emissão da carta de crédito, irrevogável, intrans-
ferível e, nesse caso, confirmada.
3. Banco emissor emite LC e envia para o Banco Avisador, no país do exportador.
4. Banco Confirmador confirma (através de aval) a LC.
5. Banco Avisador avisa chegada da LC ao exportador, que fará uma minuciosa análise
para saber se terá condições de cumprir com todas as exigências ali expressas, que
serão objeto da negociação de documentos.
6. Exportador, ciente de sua capacidade de cumprimento da carta de crédito, embarca
a mercadoria.
7. Exportador entrega documentos de exportação ao banco, agora denominado nego-
ciador. Neste momento, denominado negociação de documentos, o banco analisa
os documentos entregues pelo exportador.
8. Se tudo estiver de acordo com o exigido pelo importador, a LC é paga. Caso contrá-
rio, será detectada uma discrepância, ou seja, descumprimento da LC, que perderá
seu valor.
9. Banco Negociador envia documentos de exportação para Banco Emitente.
10. Banco emissor reembolsa Banco Negociador.
11. Banco Emitente envia documentos para importador.
12. Importador efetua pagamento ao Banco emitente.
13. Importador providencia despacho aduaneiro.

CÁLCULO DO PREÇO FOB DE EXPORTAÇÃO


O cálculo do preço de venda é um tema complexo e que pode assumir elevado grau de
complexidade, caso não sejam adotadas algumas premissas ou seguidas metodologias
específicas. Pode-se calcular o preço de exportação a partir do custo de produção, do
preço de venda no mercado interno, do preço da concorrência no exterior ou a partir de
outros métodos. No nosso estudo, vamos utilizar a metodologia mais adotada na literatura
e no mercado: A do preço de venda no mercado interno, também conhecida como PVMI.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 71


Este cálculo matematicamente simples é, na verdade, um preço de referência, pois após
seu cálculo, caberá ao exportador tomar decisões que poderão alterar significativamente
o resultado obtido, como:

• Posicionamento do produto no mercado internacional.


• Taxa de câmbio utilizada para composição do preço em moeda conversível.
• Preço da concorrência de produtos similares no mercado-alvo.

Mas antes de partir diretamente para o cálculo, você conhecerá os principais benefícios
fiscais na exportação:

Incentivos fiscais na exportação

IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS)


A exportação de produtos industrializados é imune ao ICMS (CF/88, art. 155, § 2º, X,
a). A partir da Lei Complementar 87/96 (art. 3), apesar de não imune, a exportação de
produtos primários e semi-elaborados constituirá hipótese de não incidência. Em resumo,
não são tributáveis as operações, de que decorra a exportação de produtos:

a. industrializados, em virtude de imunidade;


b. semi-elaborados, em virtude de não incidência;
c. primários, em virtude de não incidência.

Além disso, o exportador pode creditar-se do ICMS pago na aquisição dos insumos desti-
nados à industrialização ou mercadorias adquiridas para revenda, bem como da energia
elétrica (na proporção da exportação sobre as saídas ou prestações totais ou integralmen-
te quando consumida no processo de industrialização) e serviços de comunicação (na
proporção da exportação sobre as saídas ou prestações totais).

IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)


São imunes da incidência do imposto, os produtos industrializados destinados ao exterior
(Constituição, art. 153, § 3º, inciso III), contemplando todos os produtos, de origem
nacional ou estrangeira. Além disso, o estabelecimento exportador pode creditar-se do IPI
pago na aquisição dos insumos que industrializou.

A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumi-


do do imposto, como ressarcimento do PIS e COFINS, incidentes sobre as respectivas
aquisições, no mercado interno, de matérias-primas, produtos intermediários e material de
embalagem, para utilização no processo produtivo (artigo 1 da Lei 9.363/96). Fará jus ao
crédito presumido a pessoa jurídica produtora e exportadora de produtos industrializados
nacionais. O direito ao crédito presumido aplica-se inclusive:

1. produto industrializado sujeito a alíquota zero;


2. nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação.

PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS)


As exportações são isentas do PIS, de acordo com o artigo 14, § 1º, da MP 2.158-
35/2001. Com relação ao PIS não cumulativo, instituído pela Lei 10.637/2002, o artigo
5 da mesma estipula a não incidência sobre as receitas decorrentes das operações de
exportação de mercadorias para o exterior. Observe-se que, para os contribuintes que
apuram o PIS pelo sistema não cumulativo (Lei 10.637/2002), existe o direito ao crédito,
nas condições fixadas pela Lei.

72 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
O art. 7º da Lei Complementar 70/91 concedeu isenção de COFINS sobre as receitas
oriundas da exportação de mercadorias, mesmo quando realizadas através de cooperati-
vas, consórcios ou entidades semelhantes, bem como ás empresas comerciais exporta-
doras, nos termos do Decreto-Lei 1248/72, desde que destinadas ao fim específico de
exportação para o exterior.

Com relação à COFINS não cumulativa, instituída pela Lei 10.833/2003, o artigo 6 da
mesma estipula a não incidência sobre as receitas decorrentes das exportações de merca-
dorias ou serviços, admitido, ainda, o crédito das referidas aquisições.

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS)


O ISS não incide sobre as exportações de serviços para o exterior do País (art. 2, I, da
Lei Complementar 116/2003). São tributáveis os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo
resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

Como calcular o PVMI? Inicialmente, temos que definir o Incoterm, que definirá quais
obrigações e riscos contemplarão o preço. Para efeito didático e prático, vamos calcular
o preço Free on Board - FOB de exportação.

A metodologia consiste em desonerar os tributos, suprimir algumas despesas inerentes


apenas ao mercado interno e em seguida incluir as despesas de embarque ou de expor-
tação. Após o cálculo, fazemos o câmbio, dividindo o valor FOB do embarque pela taxa
de câmbio comercial de compra. Acompanhe o exemplo para facilitar seu entendimento:

Base de cálculo: Preço no mercado interno sem IPI:

Embarque com 1.000 unidades R$ unitário R$ total


PVMI unitário sem IPI (base de cálculo) 100,00 100.000,00
(-) ICMS 18% (18,00) (18.000,00)
(-) PIS 1,65% (1,65) (1.650,00)
(-) COFINS 7,60% (7,60) (7.600,00)
(-) Embalagem utilizada no mercado interno (1,50) (1.500,00)
(-) Comissões sobre vendas no mercado interno 6% (6,00) (6.000,00)
(-) Despesas com distribuição no mercado interno 3,5% (3,50) (3.500,00)
(-) Lucro no mercado interno 25% (25,00) (25.000,00)
Sub total 1 36,75 36.750,00
(+) embalagem para exportação 3,00 3.000,00
(+) Despesa com despachante aduaneiro (2 salários mínimos) 0,93 930,00
(+) Despesa Capatazia e Estiva no porto de embarque 0,45 450,00
(+) Despesa Bancária: comissão fechamento de câmbio e outras 0,50 500,00
(+) Frete até porto de embarque 2,00 2.000,00
(+) despesa de expediente 0,50 500,00
Sub Total 2 44,13 44.130,00
Lucro desejado na exportação 30% sobre valor FOB 20,37 20.370,00
(+) Comissão de agente 5% sobre valor FOB 3,39 3.390,00
FOB 69,89 69.890,00

O Lucro desejado e a comissão do agente representam 35% do valor FOB. Devem ser
calculados utilizando uma regra de três simples:

FOB = Sub Total 2 = 44.13 = 67,89


(1 – 0,35) 0,65

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 73


Para finalizar o cálculo, faltam ainda duas etapas.

1. Acrescentar uma margem para negociação, digamos de 10%, portanto preço de


exportação = R$ 68,89 x 1,10 = R$ 75,78.
2. Encontrar uma taxa de câmbio média, que reduza o risco cambial, uma vez que
pode existir um prazo longo entre a data da Proforma Invoice (fase de negociação)
e a data efetiva de pagamento da Invoice.

Supondo que a taxa de câmbio no momento da formação do preço seja R$2,20 =


US$1,00,

Podemos estimar uma taxa R$2,10 = US$ 1,00.

Dessa forma, o preço FOB a ser informado na Proforma Invoice, seria:

R$ 75,78 / 2,10 = US$ 36,09 unitário ou US$ 36.090,00 para o embarque total.

Este artifício de estimar uma taxa de câmbio é uma forma de proteção contra
Hedge
possíveis variações cambiais durante a operação. No entanto não se trata Um exemplo é o caso de uma empresa
de uma regra rígida. Empresas podem adotar a taxa de câmbio do dia, no que tem de pagar uma fatura em
nosso exemplo R$2,20, e realizar uma operação financeira chamada hedge moeda estrangeira no prazo de 60
dias. Se comprar hoje, no mercado
ou outras formas como trava de câmbio.
de futuros, um montante dessa
moeda equivalente ao valor da
fatura, consegue isolar-se do risco
de ocorrerem alterações da taxa de
câmbio que tornem a transação mais
cara na sua moeda. A estratégia
de hedging pode ser concebida de
forma a limitar apenas parcialmente
o risco cambial ou, através da
utilização de opções, dando ao
investidor a hipótese de ganhar
se a flutuação for a seu favor.

Trava de câmbio
Trava de Câmbio e um mecanismo de
arbitragem financeira, com os créditos
futuros de exportação, decorrente do
fechamento de contrato de câmbio,
seja na fase anterior ou posterior
Custo de Importação ao embarque das mercadorias,
sem que haja o adiantamento dos
Reais equivalentes para a empresa.
Permite ao exportador travar a taxa
Como você já aprendeu, no comércio internacional, a exportação é desone- de câmbio relativa à sua exportação
rada de tributos. No entanto, é na importação que se recolhem tributos. O no momento que mais lhe convier.
primeiro tributo recolhido na importação, já conhecido por você, é o imposto
de importação. Ele é cobrado dos importadores na forma de barreira tarifária. Lembrou?
Vamos iniciar com a composição da base de cálculo pra recolhimento dos tributos.
Suponha a importação com o valor abaixo:

Valor FOB: US$ 100.000,00


Frete internacional: US$ 5.000,00
Seguro internacional de cargas: US$ 1.000,00
(+) Valor CIF = US$ 106.000,00

A metodologia do cálculo do custo de importação é simples:

A partir do valor CIF, iremos calcular os tributos, somar as despesas aduaneiras e demais
taxas e outras despesas. Você poderá notar que mesmo não sendo produzida no Brasil,
a mercadoria recolherá todos os tributos do nosso país e mais alguns inerentes à impor-
tação. Dessa forma, do ponto de vista fiscal, será imposta aos produtos importados, no
mínimo, a mesma condição de competitividade imposta aos produtos nacionais.

74 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


Vamos ao cálculo? O exemplo abaixo é de uma importação realizada por modal de trans-
porte marítimo para um Contêiner de 20 pés. A tabela abaixo discrimina as principais
despesas, tributos, taxas e suas respectivas alíquotas:

Despesa / tributo Alíquota % / Valor


II (Imposto de importação) 20%
IPI 10%
COFINS 7,6%
PIS 1,65%
ICMS 18%
AFRMM (Adicional sobre frete para renovação da 25% sobre o frete
marinha mercante) internacional
Formulário
VA = Valor aduaneiro, ou valor CIF
a = alíquota de II
b = alíquota de IPI
c = alíquota de PIS
d = alíquota de COFINS
e = alíquota de ICMS
D = somatório da despesa aduaneira
Capatazia R$ 180,00
Estiva R$ 160,00
Taxa Siscomex R$ 40,00
BL Fee (taxa liberação do Bill of landing) R$ 150,00
Armazenagem R$ 700,00
Frete Porto / Belo Horizonte R$ 2.500,00
Despesa bancárias R$ 500,00
Despesas de currier (DHL, TNT, UPS) R$ 150,00
Despacho aduaneiro (2 salários mínimos) R$ 930,00
Taxa de câmbio R$2,45

Fórmulas:

II = VA . a
IPI = (VA + II). b
COFINS = (VA . X). c
PIS = (VA . X). d
X = {1+ e . [a + b . (1 + a)]} / [(1 – c – d) . (1 – e)]
BC ICMS = [(VA + II + IPI + D) / (1-e)]
ICMS = BC ICMS
D = somatório das despesas aduaneiras + valor do PIS + valor do COFINS

ATENÇÃO
PIS E COFINS compõem D apenas para efeito de cálculo da Base de cálculo do ICMS.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 75


Memória de cálculo:

Os tributos são pagos em Reais, portanto o primeiro passo é realizar o câmbio:

US$ 106.000,00 x 2,45 = R$ 245.000,00

Valor R$ Valor acumulado R$


Valor CIF ou VA 259.700,00 259.700,00
II 51.940,00 311.640,00
IPI 31.164,00 342.804,00
PIS 6.089,48 348.893,48
COFINS 28.048,53 376.942,01
ICMS 83.685,62 460.627,63
Despesas Aduaneiras 4.292,50 464.920,13
Frete Porto / Belo Horizonte 2.500,00 467.420,13
Despesas Bancárias 500,00 467.920,13
Despesas Currier 150,00 468.070,13
Despacho Aduaneiro 930,00 469.000,13
Custo total 469.000,13

Cálculo do COFINS e PIS:


X = {1 + 0,18 . [0,20+0,10.(1,20)]} / [ (1-0,0165 – 0,076 ). (1- 0,18)]
X = {1 + 0,18 . (0,20 = 0,12] } / [ (0,9075) . (0,82)]
X = {1 + 0,18 . (0,32 )} / (0,7442)
X = 1,0576 / 0,7442 = 1,4211

PIS = (259.700,00 x 1,4211) . 0,0165 = R$ 6.089,48


COFINS = ( 259.700,00 X 1,4211 ) . 0,0760 = R$ 28.048,53

Cálculo do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Esta


despesa incorre sobre todas as importações efetuadas por modal marítimo. Basta calcular
25% sobre o frete e realizar o câmbio para R$.

• AFRMM = US$ 5.000,00 x 25% x 2,45 = 3.062,50


D = 180,00 + 160,00 + 40,00 + 150,00 + 700,00 + 3.062,50 = 4.292,50
D = 4.292,50 ( para efeito de caixa )
• Para cálculo de ICMS
D = 4.292,50 + PIS + COFINS
D = 4.292,50 + 6.089,48 + 28.048,53 = 38.430,51
• BCICMS = ( 259.700,00 + 51.940,00 + 31.164,00 + 38.430,51 ) / (0,82)=
BCICMS = 464.920,13
• ICMS = 464.920,13 . (0,18) = 83.685,62

Considerações finais sobre o cálculo:


O custo de R$ 469.000,13 representa o dispêndio da importação de uma mercadoria de
valor CIF = US$ 106.000,00.
De acordo com a finalidade da importação e do produto importado, alguns tributos pode-
rão ser considerados custo, outros poderão ser lançados como crédito na escrita fiscal da
empresa, podendo diminuir assim o custo contábil da importação.

76 Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1


Exemplo: Uma mercadoria importada com a finalidade de revenda, dependendo do regime
de tributação de IRPJ da empresa, terá os seguintes créditos fiscais na importação:

II custo
ICMS crédito
PIS crédito
COFINS crédito

Parabéns, você concluiu a primeira parte do último módulo do seu curso. A partir de agora
você já está apto a realizar importantes cálculos que lhe permitirão realizar operações de
exportação e importação com mais segurança.
Os fluxos de pagamentos internacionais, o tratamento tributário e cálculos de preço FOB
e custo CIF, assim como as linhas de financiamento disponíveis para os negócios interna-
cionais constituem importantes ferramentas para o seu aprendizado.

Financiamentos/ Tributos/ Preços e Pagamentos Internacionais - Parte 1 77


Síntese
Nessa primeira parte do módulo, você conheceu os principais incentivos fiscais na expor-
tação. Estudou as linhas de crédito disponíveis aos exportadores no Brasil. Aprendeu
ainda sobre as principais formas de pagamentos realizadas nos negócios internacionais e
os principais riscos incorridos pelas partes. Descobriu como calcular preço de exportação
e custo de importação, com todas suas despesas e tributos.

Referências
BACEN. Banco Central do Brasil. Câmbio. Disponível em: < www.bancocentral.gov.br >. Acesso em: 14 nov.
2008.
BIZELLI, João dos Santos. Importação sistemática administrativa, cambial e fiscal. São Paulo: Aduaneiras 2006.
BRASIL. MDIC - Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Balança comercial, defesa comer-
cial. Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em 15/02/2009.
LUNARDI, Ângelo Luiz. Condições Internacionais de Compra e Venda – Incoterms 2000. São Paulo: Aduaneiras
2000
MINERVINI, Nicola. O Exportador. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2001.
RATTI, Bruno. Comércio Internacional e câmbio. 10. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2000.
SARTORI, Eloi. Gestão de preços Estratégia e flexibilização de preços, fidelização de clientes e Aumento de renta-
bilidade. São Paulo: Atlas, 2004.

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