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Cálculo renal

Cálculo renal e urolitíase

• Cálculo renal e urolitíase são os termos médicos usados para designar as pedras nos
rins.

• Os rins têm como função equilibrar o volume de água no organismo e filtrar algumas
das impurezas que circulam na corrente sanguínea, produzindo a urina. Ela fica
armazenada na bexiga e é posteriormente eliminada do corpo.
• Quando pequenos cristais (que podem ser resultantes, por
exemplo, do próprio processo de filtragem do sangue que
possui um excesso de certas substâncias, como o cálcio e o
ácido úrico) se aglomeram e formam pedrinhas, que ficam
alojadas nos rins e em outras partes do sistema urinário, o
paciente é diagnosticado com cálculo renal.
• Normalmente os cristais formados a partir desse curso passam pelo sistema urinário e
são eliminados sem nenhuma manifestação de sintomas e sem que sejam percebidos.

• Entretanto, quando os cálculos atingem um tamanho considerável (a partir de 3


milímetros nos seres humanos), a passagem deles pelos canais urinários provoca dor.

• Cabe ressaltar que, mesmo sendo usualmente chamados de pedras nos rins, esses
cristais podem ocorrer em qualquer outra região do trato urinário (uretra, bexiga, etc.).
• Sua ocorrência tem aumentado em humanos, ruminantes, cães e
gatos. Nos animais, fatores patofisiológicos adquiridos, congênitos ou
familiares podem estar envolvidos, havendo similaridade ao que se
observa em seres humanos

• A urolitíase acomete qualquer órgão urinário, principalmente vesícula


urinária em cães. Em machos ocorrem próximo ao óstio peniano, na
transição entre a uretra peniana e pélvica, ou no arco isquiático.A
diminuição ou bloqueio do fluxo urinário pode resultar em crise
urêmica, mudanças na estrutura do rim, ureter, e insuficiência renal,
determinando uma das emergências mais comuns em medicina
veterinária.
• A urina é uma solução supersaturada de sais que em
certas condições precipitam formando cristais
microscópicos. Esses possibilitam à formação de um
núcleo, dando início ao desenvolvimento do urólito.

• O núcleo pode ser composto de minerais ou estruturas


como pelo, material de sutura, vegetal ou fragmentos de
cateter urinário. A partir do núcleo, observa-se a lâmina
externa, uma camada de precipitados que envolve o
núcleo, e cristais de superfície.
• O entendimento das características físico químicas da
urina e farmacofisiologia do trato urinário são
fundamentais para o controle da urolitíase. Fatores como
pH urinário, raça, sexo, idade, infecção urinária, dieta,
medicações, anormalidades anatômicas e metabólicas,
aumentam o risco de precipitação, e devem ser
considerados para prevenção, diagnóstico precoce e
controle de recidivas.

• Cães de pequeno porte apresentam maior predisposição


devido ao pequeno volume urinário.
• Cães Dálmatas são propensos ao desenvolvimento de cálculos de
urato, devido à deficiência hereditária no metabolismo de ácido
úrico.

• Urólitos de estruvita foram correlacionados às infecções do trato


urinário em cães, enquanto que em gatos relacionou-se ao excesso
de minerais e à supersaturação da urina.
• Urólitos de oxalato de cálcio (CaOx) são frequentes em animais de
8 a 12 anos, enquanto que animais jovens apresentaram mais
frequentemente urólitos de estruvita, devido às infecções por
bactérias produtoras de urease, as quais estão associadas à
deficiência de defesa do trato urinário.
• Aproximadamente 13% das causas de afecções do trato urinário em
felinos e 18% em cães são representadas pela urolitíase.Altas
concentrações de solutos, principalmente minerais supersaturam a
urina, sendo um fator predisponente, junto com a diminuição na
frequência de micção, para formação de cristais e urólitos.

• Em cães a obstrução uretral ocorre frequentemente em machos e


raramente em fêmeas, sendo observada com uma maior frequência
em cães entre seis e onze anos de idade.As principais raças
acometidas são o Schnauzer miniatura, Lhasa apso,Yorkshire terrier,
Bichon frise, Shitzu e Poodle.
• Nos felinos a incidência de urolitíase entre os sexos parece ser igual,
enquanto que as suas manifestações clínicas divergem, pois, a
obstrução uretral é comum no macho e a cistite e a uretrite na
fêmea. É entre os sete e nove anos de idade que os gatos
apresentam maior risco de desenvolver cálculos de oxalato de cálcio.

• Gatos mais jovens apresentam mais casos de cálculos por estruvita.


Os gatos que vivem dentro de casa apresentam maior predisposição
para a doença do que aqueles que vivem soltos fora de casa.
Aproximadamente 30 a 70% dos gatos acometidos por um episódio
de inflamação do trato urinário inferior apresentarão recidivas.
Algumas raças predispostas:

G ATO S • CÃ E S
• Schnauzer miniatura

• Persa • Shih Tzu

• Lhasa Apso
• SRD (Sem Raça Definida)
• Bichón Frisé

• Himalaio • Poodle Toy

• Yorkshire Terrier
• Birmanês
• Cocker Spaniel Inglês
• Exótico • Dálmata

• Bulldog
• Ragdoll
Causas e formação
• Independente do processo de formação, os urólitos são caracterizados pelo potencial de alterar a
fisiologia do trato urinário.

• Há uma série de fatores que contribuem para a formação dos urólitos, como o pH da urina, consumo
reduzido de água e tipo de dieta do animal.A supersaturação da urina com sais, combinada a um alto
aporte de minerais e proteínas na dieta é um dos fatores primários para formação de cálculos.

• Predisposições familiares ou raciais, associadas a defeitos congênitos ou lesões adquiridas podem


favorecer a formação de cálculos urinários em cães.
• Casos de anomalias vasculares portais, hiperparatireoidismo
primário, hipercalcemia, ou hiperadrenocorticismo, são considerados
fatores predisponentes para formação de urólitos.

• O gênero do animal também é um fator a ser avaliado, sendo que os


machos apresentam uma uretra longa com diâmetro pequeno, o que
facilita a obstrução por pequenos cálculos. Já as fêmeas apresentam
uretra mais curta e com maior diâmetro, fator que pode facilitar a
formação de urolitíase em cães e gatos, cálculos únicos e grandes na
bexiga
Tipos de urólitos mais comum em cães e gatos

• Urólitos de estruvita e oxalato de cálcio

• Urólitos de urato de amônio

• Urólitos de fosfato de cálcio e cistina

• Urólitos de xantina e sílica


Urólitos de estruvita e oxalato de cálcio

• Conhecidos como de maior ocorrência nos animais domésticos,


urólitos de estruvita são formados por magnésio, amônia e fosfato e
a grande maioria se forma na bexiga.

• A infecção do trato urinário com bactérias produtoras de urease se


constitui na causa mais importante de cálculos de estruvita em cães.

• Em cães há dois tipos de urólitos de estruvita: os estéreis e os


induzidos por infecção. Em gatos normalmente ocorre sem infecção
do trato urinário. Para a prevenção dos urólitos por estruvita, o
recurso mais eficiente é a dieta baseada na alteração do pH
urinário.Ocorrem em fêmeas com uma frequência maior do que em
machos.
Urólitos de urato de amônio
• Estão associados à urina ácida, consumo de dietas ricas em
proteína e a algumas disfunções hepáticas que prejudicam o
metabolismo de proteínas7. Qualquer raça pode ter aumento
na excreção de ácido úrico associado à doença hepática. A
urolitíase por urato não está, na maioria dos casos.

• Os Dálmatas têm predisposição racial devido a maior


excreção urinária de ácido úrico.

• A insuficiência hepática pode resultar numa excreção renal


aumentada de uratos de amônia, podendo formar cálculos de
urato ácido de amônia
• Em cães, estudos sugerem que a formação destes urólitos pode estar relacionada com uma dieta
prolongada com rigorosa restrição proteica, e com a cirrose hepática.

• Em felinos, são encontrados geralmente na bexiga, na uretra, ou em ambas, sendo os ureteres


e os rins os locais menos comuns; as causas de formação deste tipo de urólitos em felinos até
hoje não foram estabelecida.
Urólitos de fosfato de cálcio e cistina

• É mais encontrado como um componente de outros cálculos, como


urólitos de estruvita. São raros em cães e normalmente estão
associados com distúrbios metabólicos como hiperparatireoidismo
primário, acidose tubular renal e excesso de fósforo e cálcio na dieta.

• Em felinos, este tipo de urólito é relatado com uma maior


ocorrência em fêmeas , são raros em cães e gato.

• O hiperparatireoidismo pode explicar a formação deste tipo de


cálculo já que o paratormônio em excesso gera altos níveis
sanguíneos de cálcio e aumento da excreção urinária de fosfato
Urólitos de xantina e sílica

• São incomuns na forma primária, geralmente ocorrendo secundários


à administração de alopurinol, inibidor seletivo das etapas terminais
da biossíntese de ácido úrico, para o tratamento de cálculos de
urato.

• Já os urólitos de sílica são raramente detectados em cães e gatos.


Podem apresentar um formato de pedra e são relacionados ao
aumento no aporte de silicatos, ácido silícico ou silicato de magnésio
na dieta. Os cães machos pastores alemães apresentam um maior
risco de formar cálculos urinários de silicato.
Sinais Clínicos
Quando eu devo desconfiar que meu animal apresenta cálculos
urinários?
Nem sempre o animal apresentará alterações clínicas perceptíveis. Caso seu animal manifeste
alguma das listadas abaixo, um Médico-Veterinário deve ser consultado:

• Dificuldade em urinar;

• Sinais de dor ou desconforto ao urinar;

• Lambedura persistente na região genital;

• Sangue na urina;

• Animal urina em locais diferentes do habitual;

• Animal tenta urinar frequentemente, mas apenas uma pequena quantidade de urina é
eliminada;

• Fraqueza muscular generalizada (principalmente gatos).


Como determinar qual tipo de cálculo meu animal apresenta?
Isso é importante?
• Alguns achados podem ajudar na predição do tipo de cálculo que o animal apresenta.Dentre eles:

• pH urinário;

• Exame urinário para verificar a presença de células

• inflamatórias,bactérias,sangue,proteínas,cristais, etc;

• Cultura e antibiograma,caso se suspeite de cistite bacteriana;

• RX e Ultrassom do sistema urinário, para verificar a presença e a localização dos cálculos, assim como
possíveis alterações na bexiga e rins;

• Existência de outras doenças;

• Histórico familiar sobre o mesmo problema.


Qual a importância do uso de alimentos específicos para
cálculos urinários?
• Os alimentos específicos contribuem com o tratamento e auxiliam a
prevenção de novos episódios de urolitíase. Entretanto, há diferentes
tipos de cálculos causados por alterações distintas.
Por isso, a tipificação do urólito e a identificação do fator
desencadeador são questões importantes para o sucesso do
tratamento.
Tratamento
• O tratamento para urolitíase canina e felina varia conforme a
composição do urólito e a sua localização, por métodos clínicos,
terapêuticos e cirúrgicos.

• Basicamente inclui avaliar e desfazer qualquer obstrução uretral e


vesical quando necessário, e para isso, pode-se fazer a passagem de
um cateter de pequeno calibre, deslocamento do cálculo por
retrohidropropulsão ou cistocentese.
• A remoção cirúrgica é o principal tratamento para os cálculos de oxalato de cálcio, fosfato de
cálcio e silicato.

• Os cálculos renais podem ser removidos através de uma nefrotomia, em casos de cálculos grandes,
ou de uma pielolitotomia, quando a pelve renal e o ureter proximal estiverem dilatados.

• A ureterotomia pode ser realizada quando ocorrer a presença de cálculos ureterais.


• A cirurgia é um procedimento invasivo e inclui desvantagens como anestesia, complicações cirúrgicas,
possibilidade de remoção incompleta dos urólitos e a persistência da causa primária predisponente à
formação de cálculos. O tratamento cirúrgico deve ser levado em consideração quando anormalidades
anatômicas estão presentes, se a dissolução farmacológica não for possível, quando houver necessidade
de cultura da mucosa do trato urinário ou quando os cálculos forem grandes a ponto de causar
obstrução uretral.

• Dentre vários outros fatores para a resolução da urolitíase....

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