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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – UFBA

FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM CONTABILIDADE
MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

TAIANAN ALVES UZEDA LUNA

OS FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DE AUDITAR OS


RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE E O IMPACTO DESSA NO RETORNO
DAS AÇÕES DE EMPRESAS BRASILEIRAS

SALVADOR - BA
2016
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TAIANAN ALVES UZEDA LUNA

OS FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DE AUDITAR OS


RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE E O IMPACTO DESSA NO RETORNO
DAS AÇÕES DE EMPRESAS BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação (Sctricto Sensu) em Contabilidade da
Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial a obtenção
do título de Mestre em Ciências Contábeis.

Área de Concentração: Controladoria

Orientadora: Prof.ª. Drª Sonia Maria da Silva Gomes.

SALVADOR - BA
2016
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AGRADECIMENTOS

Ninguém conquista algo sozinha e chegar até aqui não foi fácil, muitas pessoas
importantes contribuíram para a o sucesso dessa longa jornada.

Agradeço a minha mão Shirley (in memorian) eterna fonte de inspiração e exemplo de vida,
grande responsável pela minha formação como mulher.

À minha irmã, companheira, amiga e filha, Maria Joana, sempre ao meu lado.

À Anne, irmã grande companheira que sempre me serviu como exemplo e a responsável por
colocar meu sobrinho Joaquim na minha vida, pessoinha que me enche de alegria.

Ao meu pai, Edilson, pelos seus ensinamentos e orientações.

Um agradecimento especial para aqueles e aquelas que tiveram participação direta para a
concretização deste trabalho. à Thayse, principal motivadora, parceira nos estudos desde a
graduação. à Profª drª Sonia Maria da Silva Gomes, por ter me recebido em seu grupo de
pesquisa e por me orientar durantes esses anos, contribuindo para meu crescimento
acadêmico, profissional e pessoal. Muito obrigada!

À todos os colegas do LabCont, por todo o trabalho realizado e pelo compartilhamento de


idéias e conhecimento, especialmente à Rafa e Carol.

À amizades conquistadas durante o mestrado, Roni, Kuama e especialmente, José, um irmão


pra vida.

Aos meus amigos que sempre me motivaram e sempre torceram pelo meu sucesso,
principalmente à Chico, Viviane e minha comadre Jamile.

À quem mandou pensamento e vibrações positivas para que eu chegasse até aqui,

Muitíssimo obrigada!
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“Ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos
nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”

(Paulo Freire)
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RESUMO

Este estudo buscou identificar os fatores determinantes para a escolha das empresas listadas
na BM&FBOVESPA em auditar seus Relatórios de Sustentabilidade (RS) e se elas ao
realizarem esta opção obtiveram retornos anormais no valor de suas ações. A amostra foi
composta pelas empresas que elaboraram relatórios de acordo com as diretrizes do Global
Reporte Initiative GRI, no período de 2011 a 2014. Os determinantes da escolha por auditar
utilizados na pesquisa foram: Tamanho, Endividamento, Rentabilidade, Effective Tax Rate
(ETR) ou taxa de tributação efetiva, Origem do Controle Acionário e Setor de Atividade. Para
a identificação dos fatores foi elaborado um modelo de regressão logística binária robusta,
sendo excluída a variável Setor de Atividade, que foi analisada separadamente através da
tabela de referencia cruzada e teste qui quadrado. Para analisar se a escolha pela verificação
externa proporcionou para as empresas retornos anormais no valor das ações, foi definido um
segundo modelo de regressão linear múltipla robusta baseado no método de mínimos
quadrados ponderados. Os resultados evidenciaram que Tamanho e ETR determinam a
escolha do gestor em optar pela auditoria, ou seja, empresas de grande porte e que possuem
uma maior taxa de tributação efetiva tenderam a realizar a verificação externa, confirmando
assim as hipóteses H1 e H5. Dessa forma, não foi encontrada relação entre auditar os RSs e as
demais variáveis analisadas no estudo. O modelo de regressão logística proposto, apesar de
estatisticamente significativo, apresentou baixo poder preditivo, com um pseudo R² de
0,1481. Por outro lado, o nível de acerto do modelo em classificar corretamente as empresas
que auditam ou não os relatórios com um percentual geral de acerto de 64,3%. Os achados
permitiram aceitar a hipótese H7, empresas que optaram por realizar a verificação externa dos
RSs lograram retornos anormais no valor de suas ações. Os resultados aqui encontrados estão
consonantes com a Teoria da Legitimidade, uma vez que esta prediz que as empresas com
maior visibilidade adotarão práticas que atendam à demanda de suas partes interessadas, a fim
de garantir sua continuidade. Esta investigação contribui para a discussão acadêmica em torno
da divulgação de informações socioambientais, sobre quais elementos estão associados a estas
e a sua relevância para a gestão estratégica das empresas. Os resultados se limitam ao período
e a amostra investigada. Além disso, a amostra se limitou às empresas que elaboraram os RSs
de acordo com as diretrizes do GRI. Ressalta-se, também, o baixo poder preditivo do modelo
de regressão logística, explicado pela multicolinearidade entre algumas das variáveis
estudadas. Nesse contexto, sugere-se que futuras pesquisas ampliem a amostra, incluindo
empresas que elaboram RSs de acordo com outras diretrizes e que se estabeleça uma analise
comparativa com outros países, principalmente para análise da questão tributária. Ainda sob
esse tema, sugere-se que sejam utilizadas outras proxies para análise esta variável, a exemplo
do Book-Tax Differences (BTD). Adicionalmente, inserir outras variáveis econômico-
financeiras para análise do impacto da escolha da auditoria no desempenho da empresa, a
exemplo do Q de Tobim e Retorno sobre Ativos (ROA).

Palavras-chave: Auditoria. Relatórios de Sustentabilidade. Teoria da Legitimidade.


Regressão Logística. Assurance.
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ABSTRACT

This study sought to identify the determining factors for the choice of companies listed on the
BM & FBOVESPA to audit its Sustainability Reports (SR) and they realize this option to
obtain abnormal returns in the value of their shares. The sample was composed by companies
that produced reports in accordance with the Global Reporting Initiative GRI guidelines in
the period 2011 to 2014. The determinants of the choice of audit used in the research were:
size, indebtedness, profitability, Effective Tax Rate (ETR) or effective tax rate, Control Source
Equity and Business Sector. For the identification of factors has produced a robust regression
binary logistic model, and deleted the variable business sector, which was analyzed
separately by cross-reference table and chi-squared test. To examine whether the choice of
external verification provides for abnormal returns companies in the value of shares, it
defined a second model of robust multiple linear regression based on the method of weighted
least squares. The results show that size and ETR determine the choice of manager to opt for
the audit, ie large companies and have a higher effective tax rate tend to perform the external
audit, thus confirming the hypothesis H1 and H5. Thus there was no correlation between
audit the SRs and the other variables analyzed in the study. The regression model proposed
logistics, although statistically significant, showed low predictive power with a pseudo R² of
0.1481. On the other hand, model accuracy level to correctly classify the companies they
audit or not the reports with an overall percentage of success of 64.3%. The findings allowed
to accept the hypothesis H7, companies that choose to perform the external audit of the SRs
manage to abnormal returns in the value of their shares. The present results are in line with
the theory of legitimacy, since it predicts that companies with greater visibility adopt
practices that meet the demands of its stakeholders in order to ensure its continuity. This
research contributes to the academic discussion on the disclosure of environmental
information, which elements are associated with these and their relevance to the strategic
management of businesses. The results are limited to the period and the sample investigated.
In addition, the sample was limited companies that developed the SRs according to the GRI
guidelines. It is noteworthy also the low predictive power of the logistic regression model,
explained by multicollinearity among some of the variables. In this context, it is suggested
that future research expand the sample including companies preparing SRs according to
other guidelines and to establish a comparative analysis with other countries, mainly to
analyze the tax issue. Still under this theme, it is suggested that other proxies for analysis this
variable are used, such as the Book-Tax Differences (BTD). Additionally, insert other
economic and financial variables for analyzing the impact of the audit choice on company
performance, such as the Q ṭobim and Return on Assets (ROA).

Keywords: Audit. Sustainability Reports. Legitimacy Theory. Logistic regression. Assurance.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo operacional da pesquisa


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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Hipóteses da Pesquisa


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Frequência de Variáveis Dicotômicas

Tabela 2 Descritiva das Variáveis Contínuas

Tabela 3 Análise da Correlação de Spearman

Tabela 4 Matriz de Classificação do Modelo

Tabela 5 Dados da Regressão 1

Tabela 6 Empresas por Setor de Atividade

Tabela 7 Setor de Atividade x Auditoria RS

Tabela 8 Dados da Regressão 2


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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Curva ROC para modelo 1


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACCA: Association Chartered Certified Accountants


BM&FBOVESPA: Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo
BTD: Book-Tax Differences
CAC: Cotation Assistée em Continu
CAPM: Capital Asset Pricing Model
EBITDA: Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
ETR: Effective Tax Rate
FEE: Fédération des Experts comptables Européens
GRI: Global Report Initiative
ISAE: International Standard on Assurance Engagement
ISE: Índice de Sustentabilidade Empresarial
JSE: Johannesburg Stock Exchange
King III: The King Code of Governance for South Africa
RLE: Resultado Líquido do Exercício
ROA: Retorno sobre Ativos
ROC: Receiver Operating Characteristc
RS: Relatório de Sustentabilidade
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ..................................................................................... 16
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ..................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................17
1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................17
1.3 JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................17
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................18
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................19
2.1 TEORIA DA LEGITIMIDADE ....................................................................................19
2.2 AUDITORIA DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE............................. 22
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 29
3.1 POPULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA ................................................... 30
3.2 MODELO OPERACIONAL DA PESQUISA E HIPÓTESES ................................30
3.3 PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO DOS DETERMINANTES DA
AUDITORIA ................................................................................................................ 33
3.4 PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO RETONO ANORMAL ............................35
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................ 37
4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ..............................................................37
4.2 TESTE DE HIPÓTESES ................................................................................................40
5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 46
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 50
APÊNDICE A - Lista de empresas que elaboraram Relatório de Sustentabilidade de
acordo com as diretrizes do GRI.
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1 INTRODUÇÃO

Desde o início da produção em massa no século XVIII, a chamada revolução


industrial, até meados do século XX, o modelo de produção se baseava no princípio da
maximização dos lucros. Com foco em seus processos internos, as empresas buscavam o
menor custo em mão de obra e matérias-primas. Esse paradigma econômico desencadeou
crises ambientais e sociais devido à exploração desenfreada dos recursos naturais. Deste
modo, a partir de 1970, o debate acerca da sustentabilidade se intensifica, as empresas
precisavam considerar aspectos que vão além dos objetivos econômico-financeiros.

No atual contexto, a responsabilidade socioambiental é uma realidade imperativa. As


empresas devem considerar os impactos de suas atividades no meio ambiente e nas pessoas.
Antes encarado como custos adicionais desnecessários, os gastos com a implementação,
manutenção, e divulgação de ações socioambientais agora são aceitos como investimento e
como meio de geração de valor, vantagem competitiva, melhoria e manutenção de reputação
para as organizações, ou seja, proporcionar ganhos intangíveis adicionais.

Além de incluir as práticas de desenvolvimento sustentável, as empresas passaram a


reportar tais iniciativas para dar publicidade às suas ações e essa divulgação se dá, dentre
outros documentos, por meio do Relatório de Sustentabilidade (RS). A sustentabilidade parte
do princípio de que o desenvolvimento empresarial deve atender às necessidades de suas
partes interessadas no presente sem comprometer as necessidades de gerações futuras e apoia-
se em três pilares: ambiental, social e econômico, o chamado Triple Bottom Line.

O aumento da relevância da elaboração dos Relatórios de Sustentabilidade por parte


das empresas atraiu para estes um olhar mais crítico. Atualmente reivindica-se maior
confiabilidade e credibilidade do conteúdo destes documentos, principalmente pelo fato de
seu conteúdo ser de caráter voluntário. O processo de uma auditoria independente e externa
dá aos relatórios tais características qualitativas, estabelecendo assim, um mecanismo para
elaboração eficaz dos mesmos. Nesse sentido, Borçato, Yamada e Pereira (2014) entendem
que a auditoria dos relatórios de sustentabilidade garante maior confiabilidade nas
informações divulgadas e que este processo também contribui para a perenidade do negócio.
15

Auditar relatórios de sustentabilidade é mais uma demanda das partes interessadas.


Não basta dizer ou mesmo apresentar relatórios bem elaborados, com fotos e números
desalinhados de outros relatórios econômico-financeiros da empresa. Dessa forma, este
fenômeno é consonante com a Teoria da Legitimidade que preconiza que as empresas buscam
legitimar o desenvolvimento de suas atividades, considerando as expectativas de todas as
partes interessadas no negócio, a exemplo dos consumidores, funcionários e comunidade
local. Vilela (2012) afirma que identificar e engajar todos os que contribuem no processo
decisório da organização é um objetivo estratégico que deve contribuir para a continuidade da
empresa.

De acordo com Macedo et al (2011) práticas de sustentabilidade reforçam o elo da


empresa com a comunidade local e os empregados, proporcionam melhorias nas negociações
com fornecedores, clientes e governo, o que reforça o argumento de que as organizações
empresariais visam à aceitação de suas atividades por parte dos seus interessados a fim de se
legitimarem.

Percebe-se a importância dos stakeholders nas ações incorridas pelas empresas, pois as
suas expectativas veem sendo consideradas por estas em seu processo de gestão.
Primeiramente, com o aumento das publicações dos RSs e, posteriormente, com o
crescimento da verificação externa destes. Essas afirmações são respaldadas através de uma
pesquisa realizada pela KPMG em 2011, que constatou um número crescente de publicações
de relatórios socioambientais assim como a submissão destes à auditoria externa, mesmo que
em menor proporção. Esse crescimento é fruto da percepção dos stakeholders de que as
organizações devem elaborar relatórios desta natureza com informações confiáveis e de
qualidade para proporcionar maior valor corporativo.

O presente estudo buscou encontrar os elementos determinantes da auditoria dos RSs e


seu impacto no retorno anormal das ações, alicerçado pelo aparato da Teoria da Legitimidade.
A qualidade e a credibilidade das informações publicadas nos RSs proporcionadas pelo
processo de auditoria faz com que todas as partes interessadas da empresa confiem mais nas
ações socioambientais adotadas por estas, atraindo dessa forma mais investimentos e
agregando mais valor ao negócio (ROMERO, FERNANDEZ-FEIJOO E RUIZ, 2014;
16

MANETTI E BECATTI, 2009; BEJA, 2005) propiciando melhor desempenho econômico-


financeiro.

É neste cenário, em que organizações recorrem a processos que aumentem a


credibilidade dos seus reportes socioambientais com a finalidade de responder a uma
necessidade dos seus stakeholders e aumentar seus retornos econômicos, financeiros e não
financeiros que se compreende o presente estudo.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O aumento da pressão das partes interessadas para que as empresas se desenvolvam de


maneira sustentável estimulou o aumento do número de organizações que, voluntariamente,
publicam relatórios de sustentabilidade, assim como submetem estes à auditoria, com o
propósito de aumentar a credibilidade e qualidade das informações divulgadas. Este fenômeno
é explicado pela Teoria da Legitimidade, a qual afirma que as empresas priorizam a adoção de
ações que tenham ampla aceitação dos seus stakeholders para assim se legitimarem.

Eugénio (2010) afirma que as organizações constituem o sistema social, sendo assim,
estas só existem por que a sociedade lhes confere um estado legítimo, e a sua sobrevivência é
ameaçada caso venha a infringir este contrato. Desta forma, a auditoria dos RSs proporciona
mais legitimidade às empresas no momento em que transparece para a sociedade o seu
compromisso com a fidedignidade das informações acerca das suas práticas socioambientais.

Nesse contexto, questiona-se: Quais os determinantes da escolha por auditar os


relatórios de sustentabilidade e o impacto de tal escolha no retorno anormal da ação?

Compreende-se assim, com base na Teoria da Legitimidade que as empresas que


recorrem à auditoria como forma de elevar a qualidade das informações prestadas no RS são
vistas como mais legítimas pelas partes interessadas e como tal atraem mais investimentos e
consequentemente obtém maiores retornos financeiros. Assim, esta pesquisa visou identificar
as variáveis que determinam a escolha das empresas por auditarem seus RSs, e se estas obtêm
retornos anormais no valor das suas ações, comparativamente com as que não auditam.
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1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA


1.2.1 Objetivo Geral

O presente estudo objetivou identificar os fatores determinantes da escolha das


empresas em auditar os RSs e o impacto no retorno anormal da ação das empresas que
elaboraram Relatórios de Sustentabilidade de acordo com o GRI no período de 2011 a 2014.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Definir as variáveis que determinam a auditoria dos RSs baseadas nas características
das empresas, que são: tamanho, rentabilidade, endividamento, setor de atividade,
origem do controle acionário e Effective Tax Rates (ETR), a taxa de tributação
efetiva;

b) Calcular a taxa de retorno anormal das ações das empresas componentes da amostra
do estudo;

c) Verificar se há um retorno anormal das ações das empresas que optam por auditar o
RS em comparação com as que não exercem essa opção.

1.3 JUSTIFICATIVA

O volume de publicações de relatórios de sustentabilidade tem aumentado


consideravelmente nos últimos anos juntamente com a submissão destes à auditoria para
aumentar a credibilidade das informações divulgadas face ao seu caráter voluntário (ACKERS
E ECCLERS, 2015; ACKERS, 2009; BRANCO E RODRIGUES, 2008). Alguns estudos
foram realizados no âmbito internacional analisando vários mercados diferentes a exemplo de
Portugal, África do Sul, França, Turquia (ACKERS E ECCLERS, 2015; GOMES, 2012;
EUGÉNIO E GOMES, 2013; ALTINTAS, ADILOGLU E ALTINTAS, 2007), porém o
contexto brasileiro foi pouco explorado, sendo que o país é líder na América Latina em
divulgação de RS, de acordo com Calixto (2013) e ocupa a 14ª posição com 40% dos RSs
auditados de acordo com a pesquisa da KPMG (2011).
18

Diante do exposto, este estudo justificou-se por abordar o mercado brasileiro, trazendo
à tona dados a respeito deste ambiente pouco conhecido no que concerne à área de auditoria
dos RSs, este mercado que está dentre os que mais se destacaram nesse quesito. Perante o
atual momento em que o entendimento da importância do papel das empresas para o
desenvolvimento sustentável e o aumento da exigência para que as mesmas o exerçam, e
considerando que o Brasil é provido de muitos recursos naturais, torna-se ainda mais
relevante esta pesquisa.

Outra contribuição trazida pelo presente estudo se deu no tocante à metodologia, pois
segundo O’dwyer, Owen e Unerman (2011) poucas pesquisas foram além da análise de
conteúdo, revelando mais uma lacuna na construção do conhecimento sobre o tema e que este
estudo visa subsidiar, utilizando dados financeiros e de mercado analisados estatisticamente.
As poucas pesquisas realizadas no contexto brasileiro, que versam sobre o tema, utilizaram
como procedimento metodológico a análise de conteúdo (ALMEIDA, 2014; CALIXTO,
2013; NAGANO et al, 2013; BORÇATO, YAMADA E PEREIRA, 2011; TEIXEIRA, 2011;
PACHECO E SOUZA, 2008).

No que tange às variáveis utilizadas como determinantes da opção pela Auditoria, esta
investigação traz um diferencial, inserindo uma proxy, a taxa de tributação efetiva, para
analisar se o aspecto tributário possui algum impacto na decisão das empresas. De acordo com
Cabello e Pereira (2015), diversas pesquisas têm utilizado a Effective Tax Rate (ETR), para
analisar os efeitos tributários decorrentes das escolhas gerenciais, sendo esta a medida para
avaliação da efetiva carga tributária das empresas (MARTINEZ E DALFIOR, 2015).
Contudo, a aplicação desta variável em matérias ambientais ainda é baixa.

Percebendo uma grande lacuna na literatura nacional sobre o assunto, o estudo


contribui com evidências empíricas pioneiras do impacto da prática de auditoria nos aspectos
econômico-financeiros.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos, da seguinte forma:


19

Capítulo 1 – Introdução: apresenta-se a contextualização, o problema de pesquisa, os


objetivos da investigação, sua importância e potenciais contribuições.
Capítulo 2 – Referencial Teórico: discutem-se os fundamentos da Teoria da
Legitimidade, traz um apanhado dos trabalhos que versam sobre Auditoria dos Relatórios de
Sustentabilidade, assim como pesquisas empíricas.
Capítulo 3 - Procedimentos metodológicos: define-se a amostra, o horizonte temporal
da investigação, o modelo operacional da pesquisa, as hipóteses, a mensuração das variáveis e
os procedimentos aplicados para a análise e interpretação dos dados.
Capítulo 4 – Análise dos resultados: apresentam-se e discutem-se os achados da
pesquisa, sob o aparato conceitual da Teoria da Legitimidade e relacionando com estudos
anteriores.
Capítulo 5 – Conclusão: apresentam-se as principais conclusões da pesquisa,
limitações do estudo e sugestões para futuras investigações.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 TEORIA DA LEGITIMIDADE

A Teoria da legitimidade tem sido amplamente empregada para explicar a motivação


das organizações em divulgarem informações ambientais voluntárias (DEEGAN E RANKIN,
1996; MILNE E PATTEN, 2002). Eugénio (2010) assegura que a divulgação de informações
de caráter social e ambiental pode ser vista como uma forma de dar legitimidade às atividades
da organização, com o propósito de dar conhecimento sobre o que ela realiza em relação à
proteção ambiental e apoio social.

A divulgação de informações relacionadas às ações da organização frente ao meio


ambiente objetiva reduzir as pressões da sociedade e evidencia que a mesma possui
responsabilidade social corporativa, e isto facilita sua aceitação e aprovação por parte dos
stakeholders. Confirmam essa atitude os trabalhos de Gray et al (1995), Deegan e Rankin
(1996) e Milne e Patten (2002). Nesse sentido, Hopwood e Miller (1994) afirmam que, do
ponto de vista da teoria institucional, as práticas contábeis não podem ser compreendidas
como neutras, mas sim a partir das interações que realizam com a sociedade. Por outro lado,
Cho e Patten (2006) afirmam que a evidenciação socioambiental é instrumento de legitimação
20

empresarial. Neste sentido, Meyer e Rowan (1977) são de opinião de que as empresas adotam
práticas e procedimentos para alcançar legitimidade, atingindo seus objetivos de continuidade
no mercado, independente destas práticas serem ou não eficientes.

Nesse sentido, as empresas tentam assegurar que suas atividades sejam percebidas
pelos diversos stakeholders como legítimas (ISLAM & DEEGAN, 2008), isto é, congruentes
com o conjunto de valores e expectativas prevalecentes no ambiente em que operam. Isso
porque, de acordo com Deegan (2002) essa teoria parte do pressuposto de que existe um
contrato, uma espécie de acordo entre as companhias e a sociedade, o qual estabelece os
direitos e deveres para as partes. Na opinião de Dias Filho (2009) esse contrato é construído
em função do sistema de crenças e valores predominantes no contexto social.

Assim, a partir do momento que os stakeholders valorizam a auditoria de relatório de


sustentabilidade, as entidades tendem a realizá-la. Por outro lado, qualquer atitude que
negligencie essa demanda tende a ser reprovada pela própria sociedade. Nesse contexto,
ocorre um rompimento do suposto contrato e isso, na prática, pode atrair dificuldades para a
credibilidade das informações divulgadas por determinada organização, em função de
possíveis sanções sociais, como resistência de consumidores e fornecedores, denúncias nos
meios de comunicação, multas e etc.

Nessa perspectiva, O’Dwyer, Owen, Unerman, (2011) tiveram como objetivo


desenvolver a compreensão de como a auditoria pode facilitar o processo de legitimação das
ações empresariais, para isso basearam-se nos conceitos de Suchman (1995) que divide a
legitimidade em três tipos: pragmática, moral e cognitiva, concluindo que a legitimidade
pragmática, que é aquela que diz que a empresa buscará apoio do seu público para basear suas
ações, é o primeiro passo para garantir a perenidade de uma prática.

Power (2003) escreveu sobre o mesmo tema e afirma que a Auditoria produz e/ou
aumenta a segurança no objeto auditado, sendo assim um relatório auditado é mais confiável
do que um não auditado. O crescimento da importância dada pela sociedade às questões
socioambientais incentiva as empresas a investirem em atividades dessa natureza e na sua
divulgação, para assim se legitimarem. A auditoria dos relatórios de sustentabilidade tem
aumentado nos últimos tempos, porém ainda é escassa (CORTINHAS, 2013). Esse aumento
21

demostra que as organizações querem ganhar aceitabilidade perante a sociedade e desejam


que as suas práticas sejam reconhecidas (POWER, 2003; MONEVA, ARCHEL E CORREA,
2008; CALIXTO, 2013).

No enfoque da responsabilidade socioambiental, a Teoria da Legitimidade é bastante


utilizada para explicar/prever fenômenos relativos à evidenciação, pois a divulgação de
informações dessa natureza é, comumente, de caráter voluntário, o que leva à conclusão de
que sua prática pelas empresas se dá justamente por conta desse contexto atual de mudança de
percepção e maior exigência por esse tipo de conduta. Eugénio (2010, p. 113) assegura que
“As organizações existem porque a sociedade as considera legitimas, ou seja, a sociedade
confere-lhes um estado de legitimidade.”.

A autora afirma também que a divulgação de informações de caráter social e


ambiental pode ser vista como uma forma de dar legitimidade às atividades da organização,
com o proposito de dar conhecimento sobre o que ela realiza em relação à proteção ambiental
e apoio social. Pereira, Bruni e Dias Filho (2011), também concordam que a divulgação
voluntária das informações socioambientais por parte das empresas tem o intuito de ser mais
bem vista pela sociedade, quando afirma que tem se observado, sob o enfoque da Teoria da
Legitimidade, o empenho empreendido pelas empresas para ganharem visibilidade como
instituições socialmente responsáveis. Este empenho é apontado como estratégia
anteriormente adotada para poderem continuar retirando do ambiente em que atuam, com
menores custos, os recursos necessários ao cumprimento de suas metas.

Sob o olhar da Contabilidade, Farias (2008) afirma que a Teoria da Legitimidade pode
ser interpretada com base nas informações dadas pela empresa à sociedade, tendo a
Contabilidade o papel de prestar essas informações. Sendo a informação importante, as forças
sociais pressionam as empresas para que as divulguem. Segundo Eugénio (2010) a
Contabilidade contribui com o discurso ambiental no momento da investigação da veracidade
e autenticidade e das informações relatadas. Ainda sob esta perspectiva, Sancovschi e Silva
(2006) ressaltam que as imposições institucionais ou regulatórias também podem determinar
o surgimento de mudanças no grau de legitimidade das organizações. Sendo assim, é provável
que as empresas mais expostas politicamente tenham maior probabilidade de buscar a
22

legitimação social. Nesse caso, os autores salientam que o processo de legitimação da


empresa se dá, essencialmente, a partir de pressões governamentais e/ou regulatórias.

Os mesmos autores destacam, ainda, a questão da manipulação das informações de


acordo com a mudança de ambiente, quando afirmam que a grande possibilidade de mudanças
adversas na percepção da sociedade a respeito das ações de uma organização é um fator
motivador para os administradores tentarem manipular a legitimidade de sua empresa. Farias
(2008) resume também que a divulgação de informações socioambientais, sob o enfoque da
referida, é feita com o propósito de que as empresas estão preocupadas com sua imagem
institucional e com a validação de seus negócios pela sociedade e por isso é importante ter tais
informações divulgadas para atender as expectativas sociais.

2.2 AUDITORIA DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE

Relatório de Sustentabilidade é um termo empregado para denominar qualquer


documento que tenha por objetivo descrever os impactos ligados ao tripé da sustentabilidade
(triple bottom line) da organização. Tal documento deve conter uma descrição do desempenho
de sustentabilidade da empresa informante, incluindo informações positivas e negativas (GRI,
2006). A elaboração de Relatórios de Sustentabilidade é facultativa na maioria dos países,
assim como a sua auditoria. Segundo Deegan (2006) varias terminologias são empregadas
para identificar o trabalho de entidades externas no processo de credibilização dos RSs tais
como auditoria, verificação, assurance ou garantia, porém ele destaca que o termo auditoria é
mais apropriado para trabalhos em demonstrativos financeiros.

A GRI usa a expressão “verificação externa” para denominar atividades que tenham
por finalidade emitir conclusões a respeito da qualidade e da veracidade das informações
publicadas no RS, incluindo o processo de elaboração dessas informações. Na opinião de Beja
(2005), os auditores que irão realizar a verificação externa devem preencher requisitos
essenciais, como: independência, capacidade de discernimento relativo aos interesses dos
stakeholders, isentar-se dos processos de controles internos e de elaboração do RS,
competência e experiência profissional para execução da atividade.
23

Com a finalidade de orientar o auditor no processo de assurance, foram elaboradas as


normas AA1000AS emitida pela AccountAbility Assurance Standard e a International
Standard on Assurance Engagement (ISAE) 3000, sendo a norma brasileira NBC TO 3000 –
Trabalho de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão sua correlata. A primeira tem
como objetivos avaliar e proporcionar conclusões sobre a natureza e o nível de adesão os
princípios de sustentabilidade, emitidos pelo mesmo organismo, e sobre a qualidade da
informação divulgada no que se refere ao desenvolvimento sustentável. A segunda estabelece
como objetivo a determinação de princípios e procedimentos básicos para os auditores que
realizarão o trabalho de asseguração.

Sobre o objeto final do processo de verificação externa, a AA1000AS estabelece dois


níveis de assurance, podendo ser elevado ou moderado, já ISAE 3000 define que o auditor
pode chegar a três conclusões, com ressalva, adversa ou pode abster-se de conclusão. As duas
normas convergem no âmbito dos requisitos qualitativos que a entidade e o auditor que
realizará o trabalho devem possuir que são: independência, imparcialidade, competência
técnica e ética.

Nessa mesma perspectiva, Wong e Millington (2014) realizaram uma pesquisa na


Europa e Reino para identificar a percepção das partes interessadas a respeito da verificação
externa dos RSs, foram analisadas as respostas de 147 entrevistados de três grupos de
interesses distintos. Os achados mostram que as partes interessadas preferem auditores
especialistas a auditores financeiros isso porque, eles entendem que independência e
conhecimento no assunto são mais importantes do que a competência em procedimentos de
auditoria. Mesmo com esses achados, os autores identificaram que as empresas recorrem mais
a auditores financeiros, essencialmente as empresas chamadas Big Four em auditoria,
demostrando que as empresas devem se atentar para as demandas dos seus stakeholders.

De modo semelhante, Deegan (2006) teve como objetivo analisar as declarações de


garantia dos relatórios de sustentabilidade, documento correlato ao parecer de auditoria no
âmbito financeiro, para identificar as principais inadequações referentes a ambiguidades na
conclusão, na descrição do escopo do trabalho e nos padrões e critérios usados nos relatórios
publicados pelas empresas entre os anos de 2000 e 2003. Os resultados mostraram haver
muita variabilidade no conteúdo das declarações, o que pode trazer impactos no valor que a
24

auditoria pode fornecer para eles, pois para agregar valor esse processo carece de atributos
como independência e clareza.

O predomínio das grandes empresas, conhecidas como Big Four, no cumprimento das
atividades de auditoria dos RSs pode ser, de certa forma, explicado pelo trabalho de O’Dwyer,
Owen, Unerman, (2011) no qual tiveram como objetivo desenvolver uma compreensão sobre
o processo de legitimação dessas atividades por parte dos profissionais da auditoria, para isso
analisaram uma grandes empresas de auditoria que compõem as Big Four. Os autores
identificaram a importância dos usuários e também dos não usuários para o aumento da
importância dos processos de auditoria em novas áreas como na área socioambiental. Gray
(2000) afirma que há uma necessidade de se esclarecer a terminologia em matéria de
auditorias socioambientais e uma fraqueza nas práticas de verificação externa e um déficit na
formação e educação do profissional da área.

O’Dwyer e Owen (2005) analisaram os relatórios de auditoria de 2002, selecionados


pela Association Chartered Certified Accountants (ACCA) do Reino Unido, com o propósito
de avaliar em que medida a verificação externa aumenta a transparência e a prestação de
contas para os stakeholders, tomando como base um quadro avaliativo elaborado em conjunto
pela GRI, AccountAbility e Fédération des Experts comptables Européens (FEE). Os
resultados desta pesquisa apontaram uma falta de informações importantes para as partes
interessadas. Os autores identificaram também uma fragilidade na independência no processo
de auditoria, devido a um alto nível de interferência da gestão e a baixa participação de outras
partes interessadas. Contatou-se ainda, uma distinção de abordagem entre auditores e
consultores, onde os consultores tendem a fornecer um nível melhor de verificação.

Manetti e Becatti (2009) investigaram 34 declarações de garantias de RS elaborados


de acordo as diretrizes do GRI no ano de 2007. O objetivo foi analisar a forma com que as
diretrizes estão sendo implementadas, estabelecendo uma comparação com outras normas. Os
autores sugeriram melhorias para os serviços de auditoria dos RSs, tendo como base as
diretrizes do GRI, sendo elas: padronização da forma e conteúdo dos relatórios, identificação
das responsabilidades dos diferentes intervenientes, explicação do nível de auditoria (razoável
, limitada ou não auditada) e obtenção de verificação mais pontual de questões relevantes, tais
25

como a independência do auditor, a ligação com a auditoria financeira, o cumprimento legal, e


a materialidade das informações prestadas.

A investigação de Park e Brorson (2005) analisou o que induz as empresas a


realizarem ou não uma verificação externa de seus RSs. Para isso, realizaram entrevistas com
os responsáveis pela elaboração do RS de 28 empresas suecas e com quatro auditores
independentes. Os resultados indicaram que as empresas que adotam a prática de auditoria
percebem benefícios, como a melhorias dos dados divulgados e desenvolvimento de melhor
comunicação interna. Já as empresas que não realizam a verificação da qualidade das
informações socioambientais não a fazem devido ao custo elevado e a falta de provas de que
esta aumente a credibilidade. Os autores concluem que deve haver maior divulgação dos
benefícios adquiridos pela prática de divulgação e verificação de informações
socioambientais.

Pesquisas foram realizadas em diversos contextos, analisando especificidades de cada


ambiente. Cortinhas (2013) analisou quais fatores empresariais justificam a publicação e
auditoria voluntária dos relatórios de sustentabilidade para um período de 2008 a 2011.
Aplicando modelos Logit e Probit, os resultados permitiram concluir que as maiores
empresas, menos endividadas e com menor número de participação estrangeira tendem a
publicar o RS. No tocante à submissão do RS à auditoria, optam por essa verificação as
empresas com maior tamanho e mais endividadas, evidenciando que os fatores que
determinam a publicação dos relatórios não são os mesmos que determinam a sua auditoria.

Ainda com enfoque na Euronext Lisbon, o estudo de Matos (2010) analisou o grau de
cumprimento e do controle das informações socioambientais divulgadas e estabeleceu uma
comparação entre as empresas listadas na Euronext Lisbon e na Nyse Euronext, para isso
efetuou análise de conteúdo dos RSs divulgados no ano de 2007. Foram selecionadas 45
empresas de cada bolsa e estas foram subdivididas em pouco poluentes, poluentes e muito
poluentes. Os achados identificaram que as empresas da Nyse Euronext possuem maior
divulgação e maior busca por Auditoria do que as empresas da Euronext Lisbon.

Estabelecendo-se, também, uma base comparativa García-Bernau, Sierra-García e


Zorio-Grima (2012) analisaram empresas europeias que elaboram relatório de acordo com as
26

diretrizes do GRI, identificando a Espanha como o país destaque em auditoria de RS. O


estudo englobou 29 países no período de 2005 a 2009 e constatou que as maiores empresas, as
pertencentes ao setor financeiro, materiais básicos e petróleo e energia são as mais
interessadas em melhorar a qualidade e transparências das informações socioambientais
através da verificação externa dos RSs.

Em trabalho publicado no ano de 2015, as referidas autoras estabeleceram uma análise


dos relatórios de sustentabilidade das empresas da Espanha e América Latina, contando com
uma amostra de 783 empresas que utilizaram as diretrizes do GRI. Concluíram que as
variáveis tamanho, setor de atividade, país de origem e o fato de ser uma empresa de um setor
de alto impacto ambiental são determinantes para a escolha da verificação externa do RS. Os
achados permitiram afirmar que as firma de Auditoria denominadas Big Four são as
preteridas para a prestação do serviço e que os relatórios auditados apresentam um índice de
qualidade maior em comparado comas que não audita.

O ambiente da África do Sul foi foco de pesquisa para Ackers e Eccles (2015) que
analisou o impacto do The King Code of Governance for South Africa (King III) sobre o
desenvolvimento de práticas de auditoria pelas empresas sul-africanas. Foram analisadas as
empresas listadas Johannesburg Stock Exchange (JSE) antes (2007 e 2008) e depois (2010 e
2011) da vigência da norma, os achados constataram um aumento significativo no volume de
relatórios auditados desde a implementação do King III. Constatou-se também que auditorias
realizadas por especialistas proporcionam maiores níveis de segurança, ainda que o rigor em
seu processo de assurance seja questionável. Os autores concluem que práticas de
verificações externas voluntárias resultam em aplicações incoerentes das mesmas
prejudicando a compreensão das partes interessadas quanto à natureza e alcance dos trabalhos
de auditoria e a solução para esse problema é a imposição de uma norma obrigatória para
essas atividades.

Ackers (2009) também se concentrou nas empresas da bolsa de valores sul-africanas


com o objetivo de investigar se as tendências locais a respeito da auditoria dos RSs se
coadunara com as internacionais. A amostra foi composta pelas 100 maiores empresas de
capital aberto do país e a metodologia empregada foi a análise de conteúdo dos relatórios
anuais ou de responsabilidade social, as evidências mostraram uma tendência, ainda lenta,
27

crescente na prática de auditoria dos RSs. Mesmo o país sendo considerado em


desenvolvimento, os autores afirmam que as tendências são equivalentes às de países
desenvolvidos, adicionalmente contatou-se a prevalência da contratação de empresas Big4
para execução do serviço.

O caso francês foi analisado por Gillet (2012) de maneira exploratória, apara analisar a
práticas de auditoria de informações socioambientais no país. A amostra foi composta pelas
empresas da bolsa de valores que integram o CAC 40 Index (Cotation Assistée em Continu) e
que auditaram seus RSs no ano de 2007. Foi realizada a análise de conteúdo dos relatórios de
auditoria assim como entrevistas com executivos das empresas que auditam e não auditam e
com os profissionais que realizam as verificações externas. Os resultados permitiram concluir
que os relatórios de garantia carecem de precisão e explicação sobre os processos seguidos.
Outra fragilidade detectada foi quanto à independência dos auditores e por fim, as empresas
recorrem a processos de verificação externa dos relatórios na busca de se legitimarem.

A percepção dos usuários quanto à qualidade da auditoria do RS foi o objetivo do


estudo de Romero, Fernandez e Ruiz (2014). Para isso, os autores utilizaram 253 estudantes
da Espanha e dos EUA, nível de mestrado e em nível avançado de graduação como proxy para
usuários do SR e estes responderam a um questionário. Os achados mostram que os
estudantes norte americanos valorizam mais a responsabilização das empresas e auditores, já
os espanhóis atribuem maior valor a disponibilização do relatório na internet. Os pesquisados
consideram uma auditoria de RS de qualidade quando é realizada uma analise aprofundada,
para isso, deve expressar o nível de envolvimento na realização do trabalho, assim como
identificar o responsável pela elaboração do relatório do responsável pela sua verificação.

Simnett, Vanstraelen e Chua (2009) realizaram uma pesquisa com empresas de 31


países diferentes que publicaram RS entre 2002 e 2004 para identificar quais fatores estão
associados com a decisão de auditar esses documentos e com a escolha da empresa que vai
fazê-lo, a amostra foi composta por 2.113 RSs de 867 empresas no período. Foi usado um
modelo logit sequencial para se testar as hipóteses. A conclusão foi que as entidades com
atividades ambientalmente mais sensíveis e aquelas oriundas de países orientados para as
partes interessadas estão mais propensas a recorrerem à verificação externa, esses fatores não
foram explicativos para a determinação do auditor. Os autores concluem reforçando a
28

necessidade de realização de pesquisas em cada ambiente, pois cada país possui suas
especificidades.

Em Portugal, foram realizadas pesquisas com diferentes enfoques, Branco et al (2014)


analisaram os fatores que influenciaram decisão de auditar os entre os anos de 2008 e 2011
com empresas portuguesas. Partindo de variáveis, como tamanho, lucratividade, alavancagem
e setor de atividade de 69 empresas, concluiu-se que todas as características pesquisadas, além
do fato de ter ações em bolsa de valores, são determinantes para a escolha pela verificação
externa dos RSs. Outro achado se refere ao fato da redução do número de relatórios
publicados e da auditoria o que pode ser explicados pela crise que ocorreu no período.

O tema no país ainda está insipiente e para dar maior conhecimento da temática
Eugénio e Gomes (2013) elaboram um artigo para apresentar os principais pontos sobre o
assunto, trazendo trabalhos já realizados em outros países e destacando os principais
conceitos. A mesmas autoras, em outra pesquisa realizada no mesmo ano, investigaram
conhecimento dos profissionais da auditoria quanto à temática do relato de sustentabilidade e
à verificação externa dos RSs. Por meio de questionário com 21 questões, 68 auditores
compuseram a amostra. Os resultados evidenciaram que a maioria dos pesquisados tem um
claro entendimento a respeito do tema e, na opinião desses profissionais a
gerencia/administração da empresa é quem deve se responsabilizar pela elaboração dos
relatórios, e ainda consideram de grande importância a obrigatoriedade deste tipo de relato.

Em sua dissertação, Gomes (2012), ainda com enfoque em Portugal, dividiu sua
pesquisa em três análises as quais chamou de ensaios; no primeiro, foi feita uma revisão sobre
a literatura do tema Auditoria dos Relatórios de Sustentabilidade, o segundo identificou as
características das empresas que recorrem à auditora dos RSs e o terceiro visou determinar a
percepção os auditores sobre o assunto. A conclusão para o primeiro ensaio foi de que os
setores de “Serviços Públicos” e “Transporte e Logística” são os que mais relatam e auditam
essas informações. No segundo ensaio foi identificado que não existe relação entre Setor de
Atividade, se é uma empresa cotada em bolsa ou não, o Total do Ativo, Total do Passivo,
RLE (Resultado Líquido do Exercício), Volume de Negócios (Volume de Vendas), EBITDA
e Número de Colaboradores, ou seja, a opção por auditoria dos RSs é determinada por outros
29

fatores. E por fim o terceiro ensaio permitiu concluir que os auditores concordam com a
relevância do tema, porém ainda desperta pouco interesse entre a classe.

No Brasil, poucos trabalhos acerca do tema foram realizados. Através de um estudo de


caso, Almeida (2014) investigou os relatórios resultantes da auditoria dos RSs da Petrobrás
entre os anos de 2005 e 2012. Após a análise de conteúdo desses relatórios o autor identificou
que as estruturas dos documentos mais recentes seguem as normas NBC TO 3000 e ISAE
3000. Nagano et al (2013) ensejaram uma discussão sobre a possibilidade de tornar a auditoria
dos RSs obrigatória, concluindo que os relatórios de sustentabilidade possuem uma estrutura
conceitual sólida a amplamente aceita, porém devido ao caráter voluntário desses documentos
impõe dificuldades ao trabalho de verificação externa.

Borçato, Yamada e Pereira (2011) analisaram as empresas que integraram o Índice de


Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa entre os anos de 2005 e 2010 com o objetivo
de identificar as práticas de auditoria dos RSs. A amostra foi composta pelas empresas que se
mantiveram no índice em todas as edições, no total de 10. Os resultados apontaram que seis
das dez empresas investigadas realizaram auditoria dos seus RSs e há um predomínio das
empresas Big4 de auditoria, contudo os autores enfatizam que esse número ainda não é o
ideal.

Pacheco e Souza (2008) investigaram as empresas catarinenses com ações negociadas


na BM&FBOVESPA integrantes do Novo Mercado no ano de 2008, totalizando oito
empresas. O objetivo foi identificar se as empresas pesquisadas estão interessadas em divulgar
informações socioambientais, seguindo normas específicas e se estas são objeto de auditoria
independente. Os achados evidenciaram que apenas metade das empresas analisadas publicam
RS e que não houve submissão a auditoria independente devidamente certificada. Os
autores constataram que a quantidade de informações socioambientais publicadas pelas
empresas é significativa, porém é necessária uma padronização das publicações e uma maior
qualidade e transparência das informações divulgadas pela da auditoria.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
30

Para cumprir os objetivos definidos, foram realizadas as seguintes etapas:


identificação do impacto das características organizacionais na decisão das empresas em
recorrer à verificação externa de seus Relatórios de Sustentabilidade. Em seguida, foi
calculado o retorno anual das ações das empresas da amostra nos anos de 2011 a 2014 e
analisado se há diferença entre os retornos das empresas que auditam os RSs e as que não
auditam.

3.1 POPULAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA AMOSTRA

A população da pesquisa abrange todas as empresas que negociam ações na


BM&FBOVESPA e a amostra foi composta pelas empresas que elaboraram seus Relatórios
de Sustentabilidade de acordo com as diretrizes do GRI no período de 2011 a 2014,
totalizando 68 empresas. A opção deste período foi realizada com a finalidade de mitigar os
efeitos da crise econômica mundial iniciada em 2008. A escolha do GRI seu deu pelo fato
desta ser uma instituição de referência que emite orientações sobre a elaboração e divulgação
de informações de sustentabilidade (GOMES, 2012). Com intuito de proporcionar às
empresas um suporte para a divulgação de informações sobre seu desempenho não financeiro
relativo à sustentabilidade a Global Reporting Initiative (GRI), organização internacional
fundada em 1997, emitiu no ano 2000 a primeira versão das Diretrizes para Relatórios de
Sustentabilidade e, desde então, vem sendo aperfeiçoada. Atualmente, está na terceira versão.

O propósito da organização é estabelecer um padrão para os RSs que seja


internacionalmente aplicado, determinando princípios e um modelo estrutural de relato para
que estes possam ter comparabilidade, ensejando uma melhor verificação dos RSs entre
empresas assim como a submissão à auditoria independente. Além disso, mantem em seu site
um banco de dados com todos os relatórios das empresas que seguem as suas orientações, o
que se constitui em uma boa fonte de pesquisa, já que a elaboração e divulgação de relatórios
desta natureza não são obrigatórias no Brasil.

3.2 MODELO OPERACIONAL DA PESQUISA E HIPÓTESES


31

Este estudo investigou os fatores determinantes para a submissão dos RSs à Auditoria
externa e o impacto desta no retorno anormal das ações das empresas listadas na
BM&FBOVESPA que emitiram Relatórios de Sustentabilidade entre os anos de 2011 e 2014.
Dessa forma, para apresentar as variáveis utilizadas foi elaborado um modelo operacional de
pesquisa (figura 1).

Figura 1 - Modelo Operacional da Pesquisa

Fonte: Elaboração própria, 2016.

A figura 01 ilustra o modelo operacional da pesquisa que foi alicerçado em estudos


anteriores sobre a divulgação e Auditoria de Relatórios de Sustentabilidade. Os estudos
realizados em matéria de sustentabilidade se concentram em analisar o disclousure de
informações dessa natureza, tanto em quantidade quanto em qualidade, e o seu impacto nos
índices financeiros das organizações (SAEIDI et al, 2015; LOPES et al, 2015; BRANCO et
al, 2014; CORTINHAS, 2013; GOMES, 2012; HASONEH E ALAFI, 2012; HOLANDA E
MAPURUNGA, 2012; SANTOS et al, 2012).

De acordo com Teixeira (2011) as organizações precisam de uma nova forma de


gestão para obtenção de sucesso no negócio, pois seus resultados econômicos cada vez mais
32

impactam no meio ambiente e na sociedade. A autora ainda afirma que o desenvolvimento


sustentável é um diferencial aos olhos dos stakeholders ao contribuir para as atividades
operacionais e para a continuidade da empresa. Os sistemas de informações centrais de uma
organização são a Contabilidade e a Auditoria, sendo assim, devem reconhecer a estratégia
ambiental adotada pelas entidades (MATOS, 2010).

Ainda que a elaboração e posterior verificação externa dos RSs sejam voluntárias, é
crescente o número de empresas que adotaram essa prática com vista a ganharem visibilidade
no mercado. Esse comportamento é explicado pela Teoria da Legitimidade, a qual parte da
premissa que as organizações correspondem às expectativas de suas partes interessadas com o
propósito de se legitimarem, obtendo, dessa forma, maior garantia de sua continuidade.

Nesse contexto, foram realizadas pesquisas em diversos mercados utilizando as


características corporativas como fatores que afetam a decisão de ter os relatórios de
sustentabilidade submetidos à verificação externa. Os achados evidenciam que fatores como,
tamanho da empresa e setor de atividade, contribuem para a tomada de decisão, ademais,
auxiliam na melhora da imagem das organizações, aumentando sua atratividade perante
investidores e propiciando ganhos financeiros (GOMES, EUGÉNIO E BRANCO, 2015;
BRANCO et al, 2014; CORTINHAS, 2013; GOMES, 2012; TEIXEIRA, 2011, SIMNETT,
VANSTRAELEN E CHUA; PARK E BRORSON, 2004).

A qualidade e a credibilidade das informações publicadas nos RSs proporcionadas


pelo processo de auditoria fazem com que todas as partes interessadas da empresa tenham
mais confiança nas ações socioambientais adotadas por estas, atraindo dessa forma mais
investimentos e agregando mais valor ao negócio (ROMERO, FERNANDEZ-FEIJOO E
RUIZ, 2014; MANETTI E BECATTI, 2009; BEJA, 2005) proporcionando maiores lucros,
melhores desempenhos econômico-financeiros. A presente pesquisa contribui para a literatura
trazendo a análise desses impactos ocasionados pela verificação externa dos RSs, no contexto
brasileiro.

Quadro 1- Hipóteses da Pesquisa


Hipóteses Estudos anteriores

H1: O tamanho da empresa é determinante para a Zorio-Grima, García-Bernau e Sierra-García


submissão do RS à Auditoria Independente. (2015); Branco et al (2014); García-Bernau,
33

Sierra-García e Zorio-Grima (2012); Gomes


(2012); Hackston & Milne (1996)
H2: O índice de rentabilidade da empresa é determinante Zorio-Grima, García-Bernau e Sierra-García
para a submissão do RS à Auditoria Independente. (2015); Branco et al (2014); Cortinhas
(2014); García-Bernau, Sierra-García e
Zorio-Grima (2012); Gomes (2012);
H3: O grau de endividamento da empresa é determinante Zorio-Grima, García-Bernau e Sierra-García
para a submissão do RS à Auditoria Independente. (2015); Branco et al (2014); Cortinhas
(2014);
H4: A origem do controle acionário da empresa é Cortinhas (2013);
determinante para a submissão do RS à Auditoria
Independente.
H5: A ETR é determinante para a submissão do RS à
Auditoria Independente.
H6: O setor de atividade da empresa é determinante para a Zorio-Grima, García-Bernau e Sierra-Garcia
submissão do RS à Auditoria Independente. (2015); Gomes, Eugenio e Branco (2015);
Cortinhas (2013); Simnett, Vanstraelen e
Chua (2009)
H7: Existe relação entre a auditoria dos Relatórios de
Sustentabilidade e o retorno anormal das ações.
Fonte: Elaboração própria, 2016.

3.3 PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO DOS DETERMINANTES DA


AUDITORIA

Para responder a questão formulada por este estudo foi utilizada a técnica estatística de
regressão que é utilizada para analisar a relação entre uma variável dependente e um conjunto
de variáveis independentes (GOMES, 2012), e a tabela de referencia cruzada. Quando a
variável dependente é dicotômica a regressão logística é mais apropriada, para variáveis
dependentes contínuas foi utilizado o método dos Mínimos Quadrados Ponderados. Sendo
assim, foram elaborados dois modelos de regressão apresentados a seguir. A variável setor de
atividade será analisada por meio do teste qui quadrado por ser uma variável qualitativa.

Em ambos modelos de regressão elaborados foram utilizados os critérios de exclusão


de valores extremos, ou outliers, para a análise de regressão robusta. Dessa forma, foram
eliminadas as observações que: influenciam os coeficientes da regressão, influenciam o
modelo global ou os valores previstos, influenciam o modelo global e o quanto os valores
34

previstos são alterados pela exclusão de uma observação e as que impactaram nos erros-
padrão.

Para detecção dos determinantes da opção pela verificação externa, variável


dependente foi assumida como dummy, ou seja, é uma variável binária onde se atribui valor 0
(zero) para quem não realiza Auditoria e 1 (um) para quem realiza. No primeiro modelo, as
variáveis independentes contínuas são: tamanho, rentabilidade, endividamento e taxa de
tributação efetiva (ETR). O tamanho teve como proxy o logaritmo do ativo total, conforme os
trabalhos de García-Bernau, Sierra-garcía e Zorio-Grima (2012); Gomes (2012), para a
rentabilidade a proxy utilizada é o Retorno sobre Ativos (ROA), de acordo com as pesquisas
de Branco et al (2014); Simnett, Vanstraelen, e Chua (2009), dívidas totais em relação aos
ativos totais como proxy de endividamento (ZORIO-GRIMA, GARCÍA-BERNAU E
SIERRA-GARCÍA, 2015; BRANCO ET AL, 2014; CORTINHAS 2014). A ETR é calculada
pelo Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) somado a Contribuição Social sobre o Lucro
(CSLL) dividido pelo Lucro Líquido Antes dos Impostos (LAIR), Guenther (2014) afirma
que esta variável é a que melhor reflete os efeitos dos tributos sobre o lucro. A variável
origem do controle acionário é binária, sendo assumido 1 para nacional e 0 para estrangeira.

Deste modo, o modelo de regressão logística que tem por objetivo identificar as
variáveis determinantes para a escolha das empresas que compõe a amostra desta pesquisa em
auditar seus RSs está exposto na equação 1.

ARi = β0i + β1iTam + β2i Rent + β3iEndiv + β4iETR + + β5iOCA (1)

Em que:

AR (0,1) é a variável dependente (ter o relatório auditado ou não);

β0 é o intercepto;

Tam = Tamanho, representado pelo log do ativo total;


35

Rent = Rentabilidade;

Endiv = Endividamento;

ETR = Taxa de Tributação Efetiva

OCA = Origem do Controle Acionário (classificação do controle acionário em


nacional (1) ou estrangeiro (0)).

3.4 PROCEDIMENTOS PARA OBTENÇÃO RETONO ANORMAL

O retorno anormal das ações é a diferença entre o retorno efetivo deste ativo e o
retorno esperado (SARLO NETO, 2004). Para obtenção dos dados referentes ao retorno
anormal das empresas componentes da amostra da pesquisa, serão utilizados como base os
trabalhos realizados por Homero Júnior (2014), Fernandes (2011), Nossa, Lopes e Teixeira
(2010), que entendem o retorno anormal como resultado entre o retorno obtido pelas ações
das empresas e o retorno esperado. Assim, para cálculo da taxa de retorno obtido pelas
empresas componentes da amostra desta pesquisa utilizar-se-á a seguinte equação:

Onde:

= Retorno do ativo i no ano t.

= preço da ação da empresa i no ano.

= preço da ação da empresa i no fechamento do ano anterior.


36

O calculo do retorno esperado das ações no período será calculado utilizando-se a


seguinte equação:

E(Ri) = Rf + βit [E (RM)- Rf]

Onde:

E(Ri) = taxa esperada de retorno do ativo i.

Rf = taxa livre de risco.

βit = coeficiente beta do período.

E (RM) = retornos esperados do mercado, calculado a partir do índice da Bovespa de cada


ano.

Para determinação da taxa livre de risco será considerada a taxa de retorno da


poupança para o período analisado conforme Fernandes (2011). A taxa de retorno da
poupança será consultada através do site do Banco Central. O coeficiente beta do período, por
sua vez, será consultado em base de dados. Para o cálculo do Capital Asset Pricing Model
(CAPM), será adotado o índice Ibovespa.

O Retorno Anormal (RA) será obtido a partir da subtração do retorno obtido com o
retorno esperado:

RA= - E(Ri)

Após a obtenção do retorno anormal, foi rodado o modelo de regressão linear robusta
baseada nos mínimos quadrados ponderados que objetiva verificar a relação entre a opção por
37

auditoria dos relatórios de sustentabilidade e o retorno anormal das ações. O modelo está
apresentado na equação 2.

RAi = β0i + β1iAR + β2iEndiv + β3iTam (2)

Em que:

RA (0,1) é a variável dependente Retorno Anormal das ações da empresa;

β0 é o intercepto;

AR é Variável binária ter o relatório auditado (1) ou não (0);

Endiv = Endividamento;

Tam = Tamanho, representado pelo log do ativo total.

No modelo apresentado acima, Tamanho e Endividamento foram utilizadas como


variáveis de controle.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS

Conforme o exposto na seção 3.1 a amostra da pesquisa foi composta pelas empresas
de capital aberto da BM&FBOVESPA que divulgaram Relatórios de Sustentabilidade de
acordo com as diretrizes do GRI entre os anos de 2011 a 2014, sendo excluído empresas do
setor financeiro, por possuírem tratamento contábil específico. O universo amostral da
pesquisa contou com 68 empresas e 272 observações, porém ao aplicar o método de regressão
robusta, que elimina a presença de valores extremos, as regressões contaram com 249
observações.
38

Tabela 1: Frequência de Variáveis Dicotômicas


Audita Origem do Controle Acionário
Sim Não Nacional Estrangeiro
Frequência 30 38 53 15
Percentual 44,1 55,9 77,9 22,1
Total 68 100,0 68 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

A tabela 1 exibe a frequência das empresas que auditaram ou não seus relatórios no
período em análise. Ainda que a maior parte delas não tenha optado pela realização da
auditoria (55,9%), há um equilíbrio entre os dois grupos. O que não se verifica na origem do
controle acionário, onde há uma predominância de empresas onde o controle é nacional
(77,9%).

As estatísticas descritivas das variáveis contínuas são apresentadas na tabela 2, onde a


variável Endividamento é a que apresenta menor dispersão entre as observações com um
desvio padrão de 0,2 e os valores de média e mediana muito próximos. Em sentido inverso, a
variável Rentabilidade possui maior amplitude entre as observações, apresentando desvio
padrão de 10,57, porém a média e mediana apresentam valores aproximados, indicando que a
presença de valores extremos não está afetando significativamente no cálculo da média.

Tabela 2: Descritiva das Variáveis Contínuas


Kolmogorov-Smirnov
Desvio
Mínimo Máximo Média Mediana
padrão
Estatística df Sig.
Endividamento 0,00662 1,28958 0,48799 0,512364 0,21116 ,051 272 ,082
Rentabilidade -69,60 30,30 5,07684 5,000 10,57204 ,107 272 ,000
ETR -
28,28385 0,04751 0,16910 3,33108 ,405 272 ,000
45,83772
Tamanho 12,9622 20,2713 15,687504 15,468768 1,3404649 ,089 272 ,000
Retorno Anormal -1,7139 33,4554 0,1388 -0,00013738 2,0699 ,351 272 ,000
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
39

A normalidade da distribuição das variáveis contínuas foi verificada através do teste


de Kolmogorov-Smimov. A variável Endividamento, mesmo sendo a mais dispersa, foi a
única que apresentou distribuição normal, com um nível de significância de 0,082. Em
seguida, foi aplicado o teste Wald, que de maneira similar ao teste F para regressões lineares,
identifica se dos valores das médias da amostra estudada são iguais estatisticamente. De
maneira geral, o valor do teste (42,69) permite concluir que as médias são estatisticamente
diferentes, ou seja, pelo menos uma das variáveis analisadas é capaz de explicar o fenômeno
em estudo.

Devido a não normalidade da distribuição das observações das variáveis estudadas,


seguiu-se com a análise de correlação de Spearman, usada para dados não paramétricos. Os
coeficientes de correlação de Spearman (não paramétrico) das variáveis analisadas estão
apresentados na tabela 3 a seguir:

Tabela 3: Análise da Correlação de Spearman


Endividamento Rentabilidade ETR OCA Tamanho
Spearman Endividamento ** ** **
1,000 -,400 -,200 ,227 ,074

,000 ,001 ,000 ,225


** ** **
Rentabilidade -,400 1,000 ,470 -,228 -,233**
,000 ,000 ,000 ,000
ETR ** ** *
ρ Sig. (Bicaudal) -,200 ,470 1,000 -,154 -,009
,001 ,000 ,011 ,882
OCA ** ** *
,227 -,228 -,154 1,000 ,073
,000 ,000 ,011 ,231
Tamanho ,074 -,233 **
-,009 ,073 1,000
,225 ,000 ,882 ,231
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

A análise de correlação permite verificar a intensidade e direção na associação de duas


variáveis (GOMES, 2012). A variável Endividamento se correlaciona com todas as outras,
com exceção do tamanho que apresentou significância superior a 0,05. O endividamento
apresentou uma baixa correlação negativa, porém significativa (sig. < 0,05) com as variáveis
40

rentabilidade e ETR e positiva com a variável Origem do Controle Acionário. Rentabilidade


também apresentou correlação significativa com as demais variáveis, sendo positiva para ETR
e negativa para OCA e Tamanho. Não foi encontrada correlação entre ETR e Tamanho, assim
como entre Tamanho e OCA, pois o nível de significância entre elas foi superior a 0,05.

A existência de multicolinearidade entre as variáveis em estudo, e o fato de não


apresentarem distribuição normal, não invalida a utilização da técnica estatística de regressão
logística. A referida técnica é uma equação matemática que expressa a probabilidade da
ocorrência de um evento, dessa forma, os coeficientes da regressão indicam a probabilidade
de determinada variável interferir no acontecimento do evento estudado (CAMARGOS,
CAMARGOS E ARAÚJO, 2012) e não possui pressupostos como em outras regressões,
sendo esta uma das vantagens de sua aplicação. Todavia, esses elementos podem interferir no
poder preditivo do modelo (BRITO E ASSAF NETO, 2008).

4.2 TESTE DAS HIPÓTESES

Para se testar as hipóteses levantadas nesta pesquisa, foram definidos dois modelos de
regressão, além da realização do teste qui quadrado, conforme detalhado na seção 3.3. A
análise dos resultados é apresentada a seguir.

A primeira regressão foi rodada incluindo todas as variáveis selecionadas como


possíveis determinantes da opção das empresas em auditar seus relatórios de sustentabilidade,
sendo eliminados os valores extremos conforme método de regressão robusta. A tabela 4
mostra o potencial do modelo em classificar corretamente, a partir das variáveis utilizadas, as
empresas que auditam ou não os seus relatórios. O nível de acerto do modelo desenvolvido foi
de 64,3%, sendo classificadas corretamente 160 das 249 observações da amostra.

Tabela 4: Matriz de Classificação do Modelo

Observado Estimado Total Classificações Corretas


41

Não Auditam Auditam


Não Auditam 54 109 163 66,9
Auditam 51 35 86 59,3
Total 105 144 249 64,3
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

No grupo das empresas optantes pela verificação externa, foram classificadas


corretamente 35 contra 51 observações classificadas incorretamente, representando uma taxa
de acerto de 59,3%. Já no grupo das empresas não optantes houve 109 classificações certas e
54 erradas, o que equivale a uma taxa de acerto de 66,9%. O erro tipo I, classificar uma
empresa que audita como uma que não audita de foi de 40,7%, enquanto que o erro tipo II,
classificar uma empresa que não audita como optante por auditoria obteve um percentual de
33,1%.

A seguir, a tabela 5 apresenta o conjunto de variáveis que compõe o modelo com


valores estimados dos coeficientes do modelo, o erro padrão dos coeficientes, os quantis Z da
distribuição normal padrão e p (nível descritivo), além da razão de chances (odds ratio) e do
intervalo de confiança de 95% para a razão de chances.

Tabela 5: Dados da Regressão 1


Razão de Chance
Variável Coeficientes Erro Padrão Z p LI IC 95% LS IC 95%
(Odds Ratio)
Constante -1.077.003 2.359.304 -4.56 0.000 - - -
Tamanho 0.7039638 0.1406764 5.00 0.000 2.021751 1.534.559 2.663.615
Rentabilidade 0.0167433 0.0214621 0.78 0.435 1.016884 0.9749962 1.060.572
Endividamento -1.183.503 0.7263393 -1.63 0.103 0.3062044 0.073748 1.271.372
Ori. Do Controle -0.5773412 0.3397124 -1.70 0.089 0.561389 0.2884697 1.092.516
Acionário
ETR 1.810.064 0.6476851 2.79 0.005 1.110836 1.717.078 2.174.759
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

O teste de Hosmer-Lemeshow avalia o modelo a partir da comparação das frequências


observadas e esperadas. O teste realiza associação dos dados e as suas probabilidades estimadas
42

da mais baixa a mais alta, então faz um teste qui quadrado para determinar se as frequências
observadas estão próximas das frequências esperadas. Pra o modelo logístico elaborado pelo
presente estudo, o valor do teste de Hosmer-Lemeshow foi de 19,35, que para um valor de p de
0,0131, significa que o modelo global é estatisticamente significativo.

Outra medida da qualidade de ajuste do modelo foi utilizado, o pseudo R quadrado,


que é equivalente ao R2 nos modelos lineares, quanto mais próximo de 1 estiverem os
coeficientes, maior o poder preditivo do modelo. Para o modelo aqui elaborado, o valor do
pseudo R quadrado foi de 0,1481, o que é considerado baixo, contudo o teste Hosmer-
Lemeshow indica que o modelo é capaz de produzir estimativas e classificações confiáveis.

Coeficientes positivos indicam uma relação direta entre a variável independente e a


dependente, ou seja, quanto maior for o valor de uma, maior será o da outra. O inverso ocorre
para coeficientes negativos. Sendo assim, as variáveis que possuem relação direta com a
escolha por auditoria pelas empresas são: Tamanho, Rentabilidade e ETR, já as variáveis
Endividamento e Origem do Controle Acionário possuem uma relação indireta. Contudo, a
análise da significância indica que, para um nível de 0,05, as variáveis Tamanho e ETR são
estatisticamente significativas, ou seja, dentre as cinco variáveis incluídas no modelo, apenas
duas são determinantes para a opção das empresas em realizar auditorias dos RSs.

A razão de chance (Odds Ratio) no valor de 2.021751 e indica que a variação em uma
unidade no tamanho aumenta em 102% (2.021751 – 1) a chance de uma empresa auditar o seu
Relatório de Sustentabilidade. O valor de 1.110836 indica que a variação positiva em uma
unidade em ETR aumenta em 11,1% (1.110836 1) as chances de a empresa optar pela
verificação externa dos seus RSs. Os resultados aqui expostos permitem confirmar as
hipóteses H1 e H5, Tamanho e ETR são determinantes para escolha em submeter os RSs a
auditoria, ou seja empresas de grande porte e que pagam mais tributos são mais propensas a
adotar a prática de assurance aqui analisada. A Teoria da Legitimidade explica esse
comportamento, pois tais empresas maior visibilidade e por tanto buscam se legitimar para
manter seu status quo adotando práticas exigidas por suas partes interessadas.

Outro procedimento foi utilizado para analisar a performance do modelo elaborado, a


curva ROC (Receiver Operating Characteristc), que é elaborada a partir das probabilidades
43

previstas e dos valores da variável dependente e está baseada nos conceitos de sensitividade e
especificidade. A primeira é a proporção de acerto na previsão da ocorrência de um evento
para os casos em que ele ocorreu efetivamente e a segunda é a proporção de acerto na
previsão da não ocorrência de um evento para os casos em que ele ocorreu efetivamente não
ocorreu.

Gráfico 1 – Curva ROC para modelo 1

A área sob a curva mede a capacidade de discriminação do modelo, onde valores


acima de 0,7 são considerados aceitáveis. O gráfico 1 mostra que a área sob a curva é de
0,7426, possuindo então um poder de discriminação aceitável.

As pesquisas de Branco et al (2014), Cortinhas (2013) e García-Bernau, Sierra-García


e Zorio-Grima (2015; 2012) também concluíram que a questão Tamanho da empresa é
determinante para que a empresa opte por auditar seus RSs. Por outro lado, Cortinhas (2013)
também encontrou significância para a variável Endividamento, resultado este contrário ao
encontrado pelo presente estudo. Branco et al (2014) ainda em direção contrária, confirmou
como determinante para a escolha pelo assurance a variável alavancagem.
44

Analisando empresas de 31 países diferentes Simnett, Vanstraelen e Chua (2009),


confirmaram que a origem do controle acionário é um determinante para a empresa optar pela
auditoria, os autores afirmam que empresas oriundas de países orientados para as partes
interessadas estão mais propensas a recorrerem à verificação externa. Os diferentes resultados
encontrados por essas pesquisas podem ser explicados pelas diferentes metodologias
utilizadas, assim como o tamanho da amostra e contextos, demostrando a necessidade que
existe de se realizar mais pesquisas a respeito do tema.

A variável ETR apresentou impacto na determinação da escolha das empresas, sendo


assim aceita a hipótese H5, a taxa de tributação efetiva, para este estudo, foi significativa para
estimar a probabilidade de ocorrência do evento. Esses resultados evidenciam a relevância da
questão tributária para a tomada de decisão dos gestores, estando incluído o tema da
responsabilidade socioambiental. O Brasil é um país onde a carga tributária é elevada, sendo
assim, os achados desta pesquisa podem estimular outros estudos que busquem relacionar os
temas, ampliando o debate e possibilitando análises comparativas.

A hipótese 6 será testada por meio da tabela de referencia cruzada e do teste zero do
qui quadrado que é destinado a avaliar a associação existente entre variáveis qualitativas
através da frequência. Na tabela 6 temos a distribuição das empresas estudadas pelo setor de
atividade, em termos absolutos e percentuais. Há uma predominância de empresas do setor de
Utilidade Pública e apenas uma pertencente ao setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. A
classificação setorial utilizada foi a mesma da BM&FBOVESPA.

Tabela 6: Empresas por Setor de Atividade


Frequência Percentual
Bens Industriais 5 7,4
Construção e
Transporte 11 16,2
Consumo Cíclico 6 8,8
Consumo não
Cíclico 10 14,7
Materiais Básicos 9 13,2
Petróleo. Gás e
Biocombustíveis 1 1,5
Telecomunicações 3 4,4
Utilidade Pública 23 33,8
45

Total 68 100,0
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Os resultados apresentados na tabela 7 evidenciam que os setores que possuem


empresas que mais realizam verificação externa dos RSs é o de Utilidade Pública seguido do
setor de Construção e Transporte, sendo estes os setores que abrigam a maioria das empresa
desta pesquisa. No entanto, o valor da significância do teste qui-quadrado (0,187), para um
nível de 5%, foi maior do que 0,05, não sendo possível afirmar a dependência entre as
variáveis. Por conseguinte, o setor de atividade não influencia na escolha por auditoria dos
RSs, rejeitando a hipótese levantada.

Tabela 7: Setor de Atividade x Auditoria RS


Auditoria RS

0 1

Bens Industriais 4,9% 11,1%


Construção e
9,8% 25,9%
Transporte
Consumo Cíclico 7,3% 11,1%

Consumo não
19,5% 7,4%
Setor de Cíclico
% de
Atividade Auditoria
Materiais Básicos 19,5% 3,7%
RS
Petróleo. Gás e
2,4% 0,0%
Biocombustíveis

Telecomunicações 2,4% 7,4%

Utilidade Pública 34,1% 33,3%


Total 100,00% 100,00%
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

O resultado aqui encontrado segue em sentido oposto aos achados de Zorio-Grima,


García-Benau e Sierra-Garcia (2015) e Simnett, Vanstraelen e Chua (2009), mas se coaduna
com a pesquisa de Gomes (2012).
46

A segunda regressão foi rodada para testar a hipótese 7, que buscou identificar se a
escolha das empresas pela verificação externa dos RSs proporciona retornos anormais no
valor das ações, comparativamente com aquelas que não a realiza. Ressalta-se que
preliminarmente foram realizadas análises das principais propriedades estatísticas dos erros de
regressão: autocorreção serial, normalidade e homoscedasticidade dos resíduos, sendo estes
pressupostos atendidos. A estatística F foi aplicada para verificar se os coeficientes do modelo
estimado são diferentes de zero, o resultado encontrado foi de 4,76, que de acordo com o teste
de significância (0,0196) podemos afirmar que são estatisticamente diferentes de zero. A
tabela 8 sumariza os dados do modelo estimado.

Tabela 8: Dados da Regressão 2


Variável Coeficientes Erro Padrão t p LI IC 95% LS IC 95%
Constante 0.4184759 0.3295835 1.27 0.20 -0.2307027 1.067.655
Auditoria 0.073606 0.0540152 1.96 0.004 -0.0327875 0.1799994
Tamanho -0.0352054 0.0217327 -1.62 0.107 -0.0780122 0.0076014
Endividamento 0.2682424 0.1253787 2.14 0.033 0.0212847 0.5152
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

A variável analisada apresentou significância estatística a um nível de 95% de


confiança, possuindo uma p-valor de 0,004. Dessa forma, aceitamos H7, empresas que
realizam auditoria dos seus Relatórios de Sustentabilidade apresentam retornos anormais no
valor de suas ações, quando comparadas com aquelas que não realizam. O aumento em uma
unidade na variável auditoria, ou seja, quando esta é realizada, aumenta 7,4% o valor da
variável dependente.

Esses achados mostram que os investidores tende a buscar empresas que prezam pela
veracidade das informações socioambientais por elas evidenciadas para aplicar recursos. A
Teoria da Legitimidade explica e prediz esse fenômeno, pois ao optar pela verificação externa
do RS a empresa está atendendo uma demanda das suas partes interessadas, obtendo como
consequência, maior aceitabilidade e gerando ganhos econômicos financeiros.
47

5 CONCLUSÃO

Este estudo teve como objetivo identificar os determinantes para a escolha das
empresas optarem pela auditoria dos seus Relatórios de Sustentabilidade, a partir de variáveis
corporativas. As variáveis utilizadas foram Tamanho, Endividamento, Rentabilidade, Setor de
Atividade, Origem do Controle Acionário e taxa de tributação efetiva (ETR). Posteriormente
foi investigado se as empresas que optam por submeterem seus relatórios a verificação
externa obtiveram retornos anormais no valor das ações. Foram incluídas na análise todas as
empresas de capital aberto participantes da BM&FBOVESPA que elaboraram RSs de acordo
com as diretrizes do GRI entre os anos de 2011 a 2014.

Para alcançar o objetivo proposto, foram realizadas três etapas. A primeira identificou
os determinantes da escolha pela auditoria através da regressão logística, analise estatística
utilizada quando se tem uma variável dependente binária. Em seguida, procedeu-se com a
análise da variável setor de atividade através da tabela de referência cruzada e do teste do Qui
quadrado. E por fim, com o propósito de atender ao terceiro objetivo específico, foi
empregada a regressão linear múltipla de mínimos quadrados ponderados. A pesquisa
identificou que dentre as 68 empresas componentes da amostra estudada há relativo equilíbrio
entre o grupo de instituições que optam pela realização da auditoria e aquelas não a fazem,
sendo 44,1% para o primeiro e 55,9% para o segundo. Tem-se, ainda, um predomínio de
empresas onde o controle acionário é nacional, englobando 77,9% das empresas.

A presente investigação identificou que o tamanho e a taxa de tributação efetiva da


empresa são variáveis determinantes para que esta tome a decisão entre auditar ou não seus
RSs, assim sendo, irão adotar esta prática as maiores entidades e as que pagam mais tributos.
Por outro lado, não foi possível confirmar que a rentabilidade ou ramo de atividade
empresarial impactam no processo decisório, como também não se encontrou essa relação
para o grau de endividamento e para origem do controle acionário. Os achados permitiram
confirmar a hipótese levantada de que empresas optantes pela verificação externa logram
maiores retornos comparadamente com as que não optam.
48

Pesquisas empíricas correlatas, utilizaram, de maneira geral, as mesmas variáveis


corporativas no intuito de identificar o que leva a empresa auditar os seus RSs. Os resultados
encontrados por Zorio-Grima, García-Benau e Sierra-García (2015), Branco e Rodrigues
(2014) e Cortinhas (2013), convergem parcialmente com este estudo, pois também
identificaram como determinantes a variável tamanho. Por outro lado, o presente trabalho não
pode confirmar que as demais características estudadas influenciam o fenômeno aqui
enfocado.

Destaca-se a relação positiva encontrada entre a variável dependente e a independente


ETR. Esta foi inserida na pesquisa com o propósito de analisar se o montante de tributos
pagos pelas entidades influenciaram em sua decisão entre auditar ou não seus RSs.
Identificou-se que as empresas que apresentam maiores taxas de tributação, tendem a
submeter seus relatórios a verificação externa. Esse resultado pode ser explicado pelo fato de
que empresas com elevadas cargas tributarias estão mais visíveis, principalmente para o
Governo, e de acordo com a Teoria da Legitimidade, quanto maior visibilidade tem uma
empresa, mais ela irá atender a demanda dos seus stakeholders. Esses achados proporcionam
outro olhar para a questão do disclousure voluntário de informações, sob a perspectiva da
questão tributária, principalmente no Brasil, onde a carga é bastante elevada.

Os resultados do estudo identificaram que a prática da auditoria dos Relatórios de


Sustentabilidade proporciona a essas entidades retornos anormais no valor das ações. Isso
demonstra que o mercado está atento às práticas empresariais em torno da questão
socioambiental, e que os investidores valorizam mais as empresas que prezam por maior
transparência das informações desta natureza. Sob esta perspectiva, é possível afirmar que a
prática da divulgação e verificação de informações socioambientais geram ganhos
econômicos financeiros para as empresas e estas devem incorporar em sua gestão estratégica
esses elementos para que possam ganhar vantagens competitivas.

Este estudo possui algumas limitações, pois se restringe ao período e a amostra


utilizada não podendo ser generalizado. Ademais, delimitação de empresas que utilizam as
diretrizes do GRI para elaborar o RS, reduziu a amostra. O modelo de regressão logística
utilizado para identificar os fatores determinantes da escolha por auditoria apresentou
correlação em três das cinco variáveis utilizadas. Este fato não inviabiliza a aplicação da
49

regressão, de acordo com as premissas da referida técnica estatística, porém explica o seu
baixo poder preditivo, evidenciado pelo valor do pseudo R2.

Dessa forma, futuras pesquisas podem ampliar a amostra incluindo empresas que
elaboram Relatórios de Sustentabilidade além do GRI. Sugere-se ainda, uma investigação
comparando setores de atividade, ou ainda, que verifique o comportamento entre as empresas
dividindo a amostra em diferentes níveis de impacto ambiental.

Propõe-se ainda, um aprofundamento da análise entre o disclousure e assurance de


informações socioambientais e a tributação, incluindo outras métricas de avaliação, a exemplo
do Book-Tax Differences (BTD). De modo adicional, pode-se estabelecer uma análise
comparativa com outro país onde a carga tributária seja menor, a exemplo dos Estados
Unidos, a fim de verificar se o comportamento das empresas se difere dado contextos
distintos.

Por fim, futuras investigações podem incluir outras variáveis econômico-financeiras


no modelo econométrico, a exemplo do Q de Tobim e Retorno sobre Ativos (ROA), para
ampliar o debate sobre o tema, e estabelecer um comparativo com os achados deste estudo
que permitiram afirmar que a auditoria dos Relatórios de Sustentabilidade geram para as
empresas que a utilizam maiores ganhos de mercado.
50

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Lista de empresas que elaboraram Relatório de Sustentabilidade de acordo


com as diretrizes do GRI.

Empresas com Relatório de Sustentabilidade GRI

Empresas que realizaram auditoria Empresas que não realizaram auditoria


AES Tietê America Latina Logística
Braskem Ampla
CCR B2W
CEG - Cia. Dist. Gás do RJ BRF
Celulose Irani Cedro
CEMIG CEEE - D
CESP CEEE - GT
COPEL Celesc
Duratex Coelba
Energias br Coelce
Elektro Comgas
Eletrobrás Cosan
Even Copasa
Fibria COSERN
Fleury DASA
Gol Elekeiroz
56

GPA - Pão de Açúcar Embraer


Minerva AS Energisa
Natura Estacio
Paranapanema Eternit
Petrobras Fertilizantes Heringer
Randon Gafisa
Santos Brasil Participações S.A. Hering
Suzano Papel e Celulose Indústrias Romi
Telefonica JBS S.A.
TIM Participações Kepler Weber
Tractebel Energia Light
USIMINAS Lojas Renner S.A.
Vale Marcopolo
Whirlpool Corporation Marfrig
Mendes Junior
MRV Engenharia
Oi
Rossi Residencial
Sabesp
São Martinho
Tecnisa
Trans Paulist

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