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Avaliação - Farmacologia e Biotecnologia de Fitoterápicos

Aluno: Victor Alcântara Espécie: Copaifera langsdorffii

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1) Dados Etnofarmacológicos: nome científico, família botânica, nome(s)


popular(res), descrição morfológica, ocorrência e distribuição e origem;
Copaifera langsdorffii se apresenta na classificação botânica, pertencente à família
Leguminosae, sub-família Caesalpinoideae, gênero Copaifera. Chegam a viver cerca de
400 anos, atingem altura entre 25 e 40 metros, diâmetro entre 0,4 e 4 metros. Possuem
casca aromática, folhagem densa, flores pequenas e frutos secos, do tipo vagem. As
sementes são pretas e ovóides com um arilo amarelo rico em lipídeos.
No Brasil, as árvores são conhecidas como copaíba, copaibeira, pau-de-óleo, copaúva,
copai, copaibarana, copaibo, copal, marimari e bálsamo dos jesuítas, e o óleo é chamado
de óleo de copaíba ou bálsamo. Nos demais países da América Latina, denomina-se a
árvore como "palo-de-bálsamo", "aceite", "cabima", entre outros.
A espécie tem ocorrência no Brasil nos seguintes estados: Amazonas, Bahia, Ceará,
Espirito Santo, Goias, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piaui, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, São
Paulo, Tocantins, Distrito Federal. Já em escala global ocorre na Argentina, Bolívia e
Paraguai. (PIERI, 2009)

2) Dados Etnofarmacológicos: utilização popular, utilização folclórica, parte


utilizada, forma de preparo e utilização (dose, quantidade, período de utilização);
Uma pesquisa desenvolveu um questionário com a população de uma pequena cidade
que historicamente cultiva a copaíba. A transmissão do conhecimento entre gerações
sobre a utilidade dessa planta foi comprovada por 94% dos entrevistados, que disseram
ter aprendido "com pessoas mais velhas". Os demais ouviram a respeito por parte de
vendedores do óleo de copaíba, uma vez que é um dos produtos mais comuns da região.
35% não conhecem a planta propriamente dita, mas têm ciência de seu potencial
medicinal, de modo que todos fazem ou já fizeram uso do óleo da copaíba. O chá
preparado com a casca da planta foi citado por 11%. No presente estudo, constatou-se
seu emprego para lavar ferimentos (resposta dada por 6% dos informantes). O uso do óleo
para tratamento de infecções (garganta, ouvido, urinária e dentária) foi feito por 47% dos
entrevistados. Um percentual de 41% refere-se ao óleo como cicatrizante, indicando
aplicação direta no local afetado, inclusive na região umbilical de recém-nascidos. Foi
mencionado ainda o consumo em tratamento contra câncer (11.7%) e tétano (17.6%). Em
relação à posologia, os entrevistados disseram ingerir de uma a três gotas na forma pura
(76%) ou misturada a outro alimento como leite, café, chá ou pão (24%). (RODRIGUES
SANTANA, 2014)

A copaíba possui propriedade anti-inflamatória, cicatrizante, antisséptica, antimicrobiana,


diurética, laxante e hipotensora, podendo ser utilizada para diversas situações, sendo as
principais:
● Problemas de pele (erupções cutânea, dermatite, pano branco, eczema, etc)
● Úlceras no estômago;
● Caspa;
● Problemas respiratórios, como tosse, excesso de secreção e bronquite;
● Gripes e resfriados;
● Infecções urinárias;
● Hemorroida;
● Doenças inflamatórias articulares, como artrite;
● Prisão de ventre;
● Infecções que podem ser transmitidas por via sexual (sífilis e gonorreia).
Utilizada na forma de cremes, loções, xampus, pomadas e sabonetes. No entanto, a
copaíba é mais utilizada em forma de óleo.
Para tratar problemas de pele, uma pequena quantidade de óleo de copaíba deve ser
aplicada sobre a região a ser tratada e massageada suavemente até que haja a absorção
completa do óleo. É recomendado que esse procedimento seja feita pelo menos 3 vezes
ao dia para garantir os melhores resultados.
Outra opção de utilização do óleo de copaíba para problemas de pele e articulares é por
meio do aquecimento de uma pequena quantidade de óleo, que, quando morno, deve ser
passado sobre a área a ser tratada até 2 vezes por dia.
No caso de doenças respiratórias ou urinárias, por exemplo, pode ser recomendado o
consumo de cápsulas de copaíba, sendo a dose diária máxima recomendada de 250
gramas por dia. ​(COPAÍBA:... 2018)

Registros evidenciam o consumo desse chá em populações da Amazônia brasileira,


venezuelana e colombiana como anti-hemorroidal, purgativo, e para o tratamento de
moléstias pulmonares e asma. Negligenciadas pelas entidades governamentais
responsáveis, as aldeia indígenas vem empregando copaíba, assim como outras plantas
tradicionais, no tratamento de pacientes de covid, segundo a coordenadora da
Coordenação dos povos Indígenas de Manaus e entorno (Copime), "​por receio de serem
mal atendidos nos hospitais da capital amazonense, muitos deles preferem tentar se curar
em casa, recorrendo a remédios a partir de medicações extraídas de produtos da natureza
da floresta amazônica, como óleo de andiroba e copaíba, e medicina tradicional indígena."
(FARIAS, 2020)
3) Dados científicos: Principais constituintes fitoquímicos presente na espécie,
formar de identificar e quantificar, principais emprego dos compostos ativos,
ensaios que possam provar atividade sugerida (in vitro ou in vivo).
O óleo-resina de copaíba é composta de uma parte sólida, resinosa não volátil formada
por ácidos diterpênicos responsável por 55 a 60 % do óleo. Estes podem ser divididos em
sesquiterpenos oxigenados (álcoois) e hidrocarbonetos sesquiterpênicos, possuem grande
atividade anti inflamatória. Os principais sesquiterpenos encontrados no óleo-resina da
copaíba são β-cariophileno, que possui comprovada ação antiinflamatória, antibacteriana,
antifúngica e antiedêmica, a β-bisaboleno, com propriedades descritas como
antiinflamatórias e analgésicas, além do α-humuleno, a e β-selineno, α-bisabolol,
β-elemeno, γ-cadineno, α-cadinol, entre muitos outros. O óleo essencial extraído das
folhas da copaibeira possui composição semelhante à da parte volátil sesquiterpênica do
óleo-resina, com substâncias como β-cariophileno, cadinol, Germacreno D e B e γ-
cadineno.
A parte resinosa do óleo-resina é composta pelos seguintes diterpenos: ácido hardwíckico,
colavenol, ácido copaiférico ou copaífero, ácido copaiferólico, ácido calavênico, ácido
patagônico, ácido copálico entre outros. O ácido copálico é usado como marcador do óleo
da copaibeira, tendo em vista o fato de que foi o único encontrado em todos os óleos
analisados por cromatografia gasosa para identificação da composição dos mesmos.
O óleo-resina extraído da copaibeira recebe indicação da medicina, para inúmeras
finalidades, das mais diferentes naturezas, e tem sido há vários anos matéria de vários
estudos, visando comprová-las ou adaptá-las a novas terapias. Em 1972, o Food and Drug
Administration, aprovou o óleo de copaíba, após ser submetido a testes de sensibilização
e irritação, com o uso de 25 voluntários, obtendo-se resultado negativo para ambos. As
principais propriedades terapêuticas citadas são: a atividade antiinflamatória, que tem
como principais componentes responsáveis os hidrocarbonetos, sesquiterpênicos,
especialmente o β-bisaboleno e β-cariophileno , ação cicatrizante, potencial anti-séptico,
antitumoral, antibacteriano, germicida, expectorante, diurético e analgésico.
Outras ações têm sido descobertas, como a de vasorelaxante, citotóxico e embriotóxico ,
com o isolamento do diterpeno, ácido caurenóico, encontrado até hoje apenas na
Copaifera langsdorffii e que acumula também atividades antiinflamatória e protetora de
colite induzida por ácido acético. Além disso, pesquisas realizadas nas últimas duas
décadas apontam o óleo de copaíba para a Odontologia, como substituto do eugenol em
três formulações: Na mistura com o óxido de zinco, na formulação do cimento
endodôntico, para obturações de canais radiculares, com vantagens sobre a formulação
usual, por produzir menor irritação. Em composição obturadora provisória medicamentosa,
em combinação com o hidróxido de cálcio, apresenta melhor capacidade antimicrobiana,
em relação à formulação com o eugenol. A pasta feita com o óleo de copaíba apresentou
pequeno potencial irritativo, sendo preferível ao médio potencial do eugenol, além de
potencializar as propriedades do CaOH, na compatibilidade tecidual, na indução da
formação de tecido mineralizado; em cimento formado com a união de óleo de copaíba,
CaOH e óxido de zinco mostra maior eficiência nas infiltrações apicais em obturações de
canais radiculares.
Recentemente testes têm também sido realizados em ensaios laboratoriais com a
finalidade de comprovar ação antimicrobiana da copaíba sobre bactérias formadoras da
placa dental, tendo inclusive sido registrado um gel à base de copaíba, para esta
finalidade. A utilização do óleo de copaíba sobre as bactérias formadoras de placa dental
foi comprovada recentemente em estudo realizado em cães, tendo sido obtido ao final do
período experimental, redução significativa da formação da placa dental nos animais com
a utilização de solução a base do fitofármaco. O mesmo pesquisador também testou in
vitro a atividade antimicrobiana do óleo de copaíba, sobre a bactéria Streptococcus
pyogenes, causadora de inflamações de garganta, obtendo resultados positivos na
inibição do crescimento deste microrganismo. (PIERI, 2009)
(LIMA NETO, 2008)

4) Dados Biotecnológicos: indique uma possível forma de utilização desta planta e


seus compostos ativos em um projeto para o aproveitamento farmacológico,
cosmetológico, alimentício, agronômico e/ou industrial.
O óleo de copaíba tem sido utilizado extensivamente, com diversas funções. Em alguns
lugares do norte do Brasil, fazem uso como combustível na iluminação pública. Pelo fato
de ser fonte muito rica e renovável de hidrocarbonetos, o óleo-resina tem sido
intensamente avaliado como uma fonte de combustível, tendo sucesso comprovado,
quando em mistura na proporção 1:9 com o óleo diesel.
Na indústria de perfumes, o óleo essencial de copaíba é muito utilizado como um
excelente fixador de odores, combinando perfeitamente suas notas frescas e acres com
essências portadoras de notas florais.
Outros usos bastante difundidos do óleo da copaibeira são: secativo na indústria de
vernizes, solventes em pinturas de porcelanas, aditivo na confecção de borracha sintética,
aditivos de alimentos, na indústria de cosméticos pelas suas propriedades emolientes,
bactericidas e antiinflamatórias, na fabricação de cremes, sabonetes, xampus e
amaciantes de cabelos. (PIERI, 2009)

Referências

COPAÍBA: para que serve e como usar. 2018. Disponível em:


https://www.tuasaude.com/copaiba/#:~:text=A%20copa%C3%ADba%20%C3%A9%20uma%20pla
nta,-inflamat%C3%B3rias%2C%20cicatrizantes%20e%20antiss%C3%A9pticas.. Acesso em: 14
fev. 2021.
 
FARIAS, Elaíze. C
​ oronavírus: Indígenas que vivem na cidade são classificados como 
“brancos” no Amazonas​. 2020. Disponível em: 
https://amazonia.org.br/2020/04/coronavirus-indigenas-que-vivem-na-cidade-sao-classific
ados-como-brancos-no-amazonas/. Acesso em: 14 fev. 2021.

LIMA NETO, J; GRAMOSA, N; SILVEIRA, E. Constituintes químicos dos frutos de


Copaifera langsdorffii Desf. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n. 5, p. 1078-1080, 2008 .
PIERI, F.A.; MUSSI, M.C.; MOREIRA, M.A.S.. Óleo de copaíba (Copaifera sp.): histórico,
extração, aplicações industriais e propriedades medicinais.​ Rev. bras. plantas med.​,
Botucatu , v. 11, n. 4, p. 465-472, 2009 .

RODRIGUES SANTANA, Santina et al . Uso medicinal do óleo de copaíba (Copaifera sp.)


por pessoas da melhor idade no município de Presidente Médici, Rondônia, Brasil.​ Acta
Agron.​, Palmira , v. 63, n. 4, p. 361-366, Dec. 2014 .

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