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Rio Paranaíba - MG
Junho - 2011
CUSTO OPERACIONAL DOS CONJUNTOS MECANIZADOS
1. Tipos de custos
De modo geral, os custos podem ser divididos em custos fixos, custos variáveis e custos
operacionais totais.
São todos os custos que permanecem inalteráveis durante o curto prazo e independem do
nível de produção. Ocorrem mesmo quando o recurso não for utilizado.
Características:
Tem duração superior ao curto prazo.
Não se incorporam totalmente no curto prazo.
Não são facilmente alteráveis no curto prazo.
Entende-se como sendo curto prazo o período durante o qual um ou mais recursos
produtivos são fixos na quantidade e não podem variar. Já o longo prazo é definido como o
período durante o qual a quantidade de recursos produtivos varia.
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1.2.1 Principais componentes dos custos fixos
A) Depreciação
A depreciação está relacionada com o desgaste natural da máquina à medida que esta
envelhece e com o surgimento de novas máquinas com melhor desempenho, tornando obsoleta
a máquina usada. A depreciação pode ser atenuada com bons serviços de manutenção e
operação criteriosa por parte de operadores habilidosos.
Do ponto de vista contábil, a depreciação é um importante componente dos custos fixos
uma vez que representa uma reserva contábil destinada a prover fundos necessários para a
substituição do capital investido em bens produtivos de longa duração. É a maneira que a
empresa rural dispõe para recuperar um bem de capital para repô-lo quando não for mais
economicamente viável utilizá-lo.
Para se determinar a depreciação, convencionou-se estabelecer seu preço final, ou de
revenda, ou de sucata, em 10 % do seu preço inicial. Entretanto, isso pode ser definido por meio
de pesquisa de mercado, ou seja, realizando uma análise quanto custa uma máquina
semelhante com a mesma idade.
Existem vários métodos para determinação da depreciação de um bem, por exemplo, o
método do saldo decrescente que considera uma depreciação maior nos primeiros anos. Porém,
o mais comum e de mais fácil determinação, é o método da linha reta, ou das cotas constantes.
Esse método se baseia na determinação de um valor de depreciação igual para toda a vida útil
do bem, pode ser determinado pela seguinte equação:
Em que:
D = custo da depreciação, R$ h-1.
Vi = valor inicial, R$.
Vf = valor final ou valor de sucata, R$.
T = tempo de vida útil, h.
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Entende-se por vida útil como sendo aquele tempo em que os bens ainda estão
retornando ao proprietário todo o investimento feito nele. Após o fim da útil, as máquinas
atingem o chamado “momento de renovação da frota”. Na prática elas ainda podem prestar
serviços na propriedade, porém, muitas vezes, os gastos com manutenção são elevados e não
compensa o retorno obtido. A seguir, são listadas as vidas úteis de algumas máquinas e
implementos agrícolas.
O custo referente aos juros sobre o capital empatado representa o custo de oportunidade
a ser considerado. É o valor que o proprietário está deixando de ganhar por investir na atividade
“A” ao invés de investir na atividade “B”. É importante de ser considerado, pois é uma maneira
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que o investidor tem de valorizar o seu empreendimento frente à outras atividades existentes
no mercado. De modo geral, consideram-se os juros do mercado financeiro (5 a 10%).
São contabilizados em função do valor médio do somatório do valor inicial e de sucata,
podendo ser determinados pela seguinte equação:
Em que:
J = custo dos juros sobre o capital empatado, R$ h-1.
Vi = valor inicial, R$.
Vf = valor final, R$.
i = taxa de juros, %.
T = tempo de referência em horas, de acordo com período da taxa de juros considerada.
C) Abrigo e seguro
Em que:
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SA = custo do abrigo e seguro, R$ h-1.
Vi =valor inicial, R$.
Tsa = taxa de abrigo e seguro.
T = tempo de referência em horas, de acordo com período da taxa de abrigo e seguro
considerada.
São aqueles custos que o administrador controla no curto prazo. Podem ser aumentados
ou reduzidos de acordo com intensidade de uso ou nível de produção. Se a máquina ou
implemento não for utilizado, o custo variável pode não existir, ou ser bastante reduzindo.
Características:
Têm duração inferior ao curto prazo.
Incorporam-se totalmente ao produto no curto prazo.
São facilmente alteráveis no curto prazo.
A) Mão-de-obra
A mão-de-obra responsável por operar a máquina deve ser computada mesmo que o
próprio proprietário seja o operador. O custo da mão-de-obra corresponde ao valor do salário
do operador mais encargos sociais. Os encargos sociais devem corresponder a 60 a 80% do valor
do salário total. Para a determinação do custo horário da mão-de-obra, leva-se em conta o
número de horas trabalhadas no mês, normalmente 176 horas, ou seja, 22 dias em uma jornada
de 8 horas por dia. O custo da mão-de-obra pode ser determinado pela seguinte equação:
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Em que:
Cmo = custo da mão-de-obra, R$ h-1.
S = salário do operador, R$ mês-1.
P = período de trabalho no mês, h.
E = encargos sociais, %.
B) Manutenção
Os custos referentes aos diferentes tipos de manutenções são computados de forma que
ao final da vida útil todos os gatos com as mesmas tenham sido cobertos. Considera-se uma
taxa de manutenção de 80 a 100 % para máquinas autopropelidas e de 10 a 20% para máquinas
e implementos em geral. Os custos com manutenção podem ser determinados pela seguinte
equação:
Em que:
Cm = custo da manutenção, R$ h-1
Tm = taxa de manutenção, %
Vi = valor inicial, R$
T = tempo de vida útil, h
C) Combustíveis
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centros de pesquisas especializados. Além disso, é possível se fazer uma estimativa por meio da
consulta em catálogo de fabricantes.
De acordo com a ASABE, para tratores de potência até 200 cv, pode-se estimar o
consumo de combustível por meio da seguinte equação:
Em que:
Cc = custo do combustível, R$ h-1.
Ptdp = potência máxima disponível na tomada de potência (cv).
Vc = valor do combustível, R$ L-1.
D) Lubrificante
O custo total com lubrificantes é determinado pelo custo com óleo e graxa.
D 1) Óleo:
Em que:
Co = custo com óleo lubrificante, R$ h -1
PN = potência nominal do motor, cv
VL = valor do lubrificante, R$ L-1
D 2) Graxa:
Em que:
CG = custo da graxa, R$ h-1
Vkg = valor da graxa, R$ kg-1
De modo simplificado, pode-se considerar que o gasto total com lubrificantes (óleo +
graxa), representa cerca de 20 % do valor gasto com combustível, ou seja:
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Em que:
Cl = custo total com lubrificantes, R$ h -1.
Cc = custo com combustíveis, R$ h-1.
Somando-se os custos fixos totais e os custos variáveis totais, tem-se o custo operacional
total do conjunto mecanizado.
Conhecendo-se o custo operacional é possível determinar o custo de produção (R$ ha -1,
R$ kg-1, R$ t-1- etc), obtido pela relação entre o custo operacional e a capacidade operacional do
conjunto.
Caso exista o interesse de alugar o conjunto mecanizado, a fim de se obter lucro,
acrescenta-se certa porcentagem sobre o valor do custo operacional total. Essa porcentagem é
determinada pelo mercado de acordo com a lei da oferta e da procura. Em geral, pode-se
considerar um acréscimo de 30% sobre o custo operacional total.
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Exercício:
• Horas trabalhadas por ano = 1.000 • Número de horas trabalhadas por semana = 44
1) Custos fixos
a) Depreciação = (100.000 – 10.000)/10x1.000 = R$ 9,00 h
b) Juros =((100.000+10.000)/2)) x 0,1 = R$ 5.500 ano / 1.000 = R$ 5,5 h
c) Abrigo e seguro = 120.000 x 0,03 = R4 3.600 ano / 1.200 = R$ 3,00 h
Custo fixo total = 9,0 + 5,5 + 3 = R$ 17,50 h
2) Custos variáveis
a) Combustível
Co (L h -1) = 0,151 x 100 = 15,10 L h-1 x 1,90 = R$ 28,69 h
b) Lubrificantes
b.1 Óleo:
Co (L h) = 0,00043 x 120 (cv) + 0,02169 = 0,073 Lh x R$ 8,00 = R$ 0,58 h
b.2) Graxa:
Co (L h) = 0,05 kg h x R$ 8,00 kg = R$ 0,40 h
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c) Manutenção
Taxa de manutenção = 100%/10 = 10% ao ano, logo 100.000 x 0,10 / 1.000 = R$ 10,00 h
d) Mão-de-obra
MO = 800 + 65% = R$ 520,00 = (800 + 520) / (44h semanais x 4 semanas) = 1.320 / 176 h
por mês = MO= R$7,50h
Custo variável total = 28,69 + 0,58 + 0,40 + 10,00 + 7,5 = R$ 47,17 h
LITERATURA CONSULTADA
BARGER, E.L., LILJEDAHL, J.B., CARLETON, W.M., McKIBBEN, E.G. Tratores e seus Motores.
Editora Edgard Blucher Ltda. São Paulo, SP. 1963. 398p.
CARVALHO, R., AMARO, M., FERREIRA, V. Máquinas agrícolas. Algumas normas, cuidados,
conselhos e esclarecimentos. Divulgação 14 : 1, 1982, p.69.
PELLIZZI, G. Meccanica agrária – Le macchine operatrici. Ed. Agricole Milano. 1988. 327p.
SILVEIRA, M. G. Preparo de Solo: Técnicas e Implementos. Ed. Aprenda Fácil. Viçosa-MG. Série
Mecanização, v.1, 229p, 2001.
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