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Lápis e pincel

Quando criança, sempre quis ser uma artista reconhecida pelo mundo, pintava
vários quadros de outros artistas para reconhecer seus detalhes e estilos. Fui me
aprimorando desde então, fazendo vários estilos aleatórios de desenhos, do lápis até a
tinta óleo. Ficando mais velha ao mesmo tempo mais sábia pude pensar em tudo o que
queria desenhar nunca tive dúvidas e nunca tive respostas, sempre colocava tudo nos
meus quadros que criava. Nas aulas de artes, sempre fui a mais talentosa já nas outras
matérias, sempre era mais curiosa sempre buscava a partir de outras matérias temas
para meus quadros.

Depois de uns anos, quando estava acabando meu ensino médio, consegui uma
bolsa de estudos de 100% fora da minha cidade natal para estudar artes, fiquei
supercontente pela oportunidade, nunca pensei que com os meus desenhos conseguiria
chegar tão longe já adolescente. Quando cheguei em casa fui contar para meus pais e
meus irmãos o que haviam me contado:

- Mãe, pai, gente! Ganhei uma bolsa de estudos de 100% para estudar artes!
- Minha menina tão preciosa, parabéns por se dedicar tanto! Você vai ter um futuro
brilhante, igualzinho os grandes artistas e inventores. – disse minha mãe.
- Estudar artes para quê?! Você não vai ter sucesso nenhum com isso. Um lápis e um
papel não é trabalho. – disse meu pai.
- Mas pai, eu fiz isso durante minha vida toda! Só agora meus desenhos foram vistos
como uma obra prima, bom, pelo menos foram os meus professores, mas eles
enxergaram alguma coisa mim que eu ainda não consegui enxergar, ficaria feliz se você
concordasse com isso e que me deixasse estudar já que quero ser alguma coisa na vida,
que nem o senhor disse uma vez para mim.
- Se você quiser ir por mim tanto faz, só espero que você arranje um dinheiro para se
sustentar sozinha quando eu não estiver mais aqui.

Depois disso, sai correndo para o meu quarto, fechei a porta comecei a chorar.
Eu estava feliz por ter ganhado a bolsa de estudos para estudar, mas ao mesmo tempo
estava triste por ter brigado com meu pai e por ele não desejar o meu futuro. A partir
daí, comecei a arrumar as malas e fui me despedindo dos meus pais, irmãos e finalmente
colegas e amigos de turma. Nos reunimos em um restaurante para comemorar o final da
escola e se para nos despedimos pois cada um conseguira uma vaga em uma
universidade ou faculdade, todos haviam conseguido em alguma grande universidade
de matemática, biologia, alguns pensam em se tornarem médicos, mas só eu que tive
a grande criatividade de ser uma artista, não tinha me decidido qual tipo de arte iria fazer,
mas eu tinha certeza que queria usar minha criatividade para ser uma pessoa brilhante
e de uma mente colorida como as tintas.

Fui para o avião no dia seguinte para conseguir entrar na faculdade, enquanto
estava no voo, sentei-me ao lado de um garoto, aparentemente tinha a minha idade. Ele
não parava de me admirar, ou melhor, de admirar o desenho que estava fazendo de um
avião. Ele me perguntou:

- Legal esse desenho que você está fazendo.


- Obrigada! É que eu amo desenhar, geralmente ninguém fala nada sobre os
meus desenhos.
- Como não? eles são incríveis, se ninguém fala nada é porque está cego.

Olhando de perto ele tinha cabelos de cor preto profundo e pele branca, como um
lápis, já eu, era branca um pouco amarelada e loira como um pincel. Desde que ele ficou
impressionado com o meu talento não parava de fazer perguntas sobre, parecia que já
conhecia ele de algum lugar, mas não me lembrava...

- Que engraçado...
- O que? Não disse nada engraçado, você não gostou dos meus elogios?
- É claro que gostei! Mas eu acho que já ouvi sua voz em algum lugar.
- Eu geralmente canto em restaurantes, deixa eu me apresentar eu sou Erick,
muito prazer.

- Eu sou helena, fico feliz em conhecer você! Então, você vai para onde?
- Eu vou para belas artes, a faculdade de artes.
- Eu também vou! Que coincidência!

Conversamos por horas sobre artes, sobre nossa infância com ela. Quando
chegamos, fomos para nossos dormitórios. Chegando em meu quarto encontrei duas
meninas, que na teoria, seriam minhas colegas de quarto.

- Oi eu sou a Emília muito prazer em conhecer você – logo em seguida ela me


deu um abraço bem apertado.
- Oi sou a Laura parece que você é nova por aqui – ela saiu andando.
- Não liga para ela, ela é assim mesmo, ela é a “dona” da faculdade, ninguém
mexe com ela. Como você vai ficar com a gente você não vai ter problema com ela, ela
pode até te proteger se você se der bem com ela – disse Emília.
- Entendi, bom, eu sou Helena, prazer em conhecer, você poderia me mostrar a
faculdade como a Laura disse sou nova aqui e não sei muito bem.

A Emília era uma pessoa bem alegre, gentil, aquele tipo de pessoa que ama a
natureza sendo uma pessoa bem colorida. Já a Laura não era tão semelhante, nos seus
desenhos na parede eram todos de preto, assustadores, ela não usava só está preto, mas,
a sua personalidade sim. Emília me mostrou a faculdade, no caminho acabamos
encontrando o Erick. Ele parecia ter se dado bem com todos em tão pouco tempo, como
era um rapaz bem bonito, não tinha dúvidas que o pessoal iria gostar dele, principalmente
as meninas aqui presentes, para ser bem sincera eu o achei um garoto bem legal de
conversar, mas, não cheguei a conhecer ele tão bem. Ele estava jogando handball com o
time da faculdade.

- Nossa, o Erick joga muito bem. - Falei baixo para não ser escutada, mas parece
que a Emília me escutou.
- Você conhece o Erick?
- Conversei com ele no avião a caminho para cá, somos da mesma cidade, por
quê?
- Ele estava de viagem com sua família e acabou dando uma pausa nos estudos,
ele é o garoto prodígio daqui ele não conversa com as garotas para elas não se
apaixonarem pelo seu talento...
- O que tem o talento dele?
-Bom, ele canta em restaurantes finos, faz exposição de suas artes e vem de uma
família milionária. Ele é um sonho de qualquer garota daqui. Se você conversou com ele
se sinta privilegiada, ele não gosta que saibam da fama dele, ele se sente desconfortável.

Sabia que tinha escutado a voz dele de algum lugar! Meu pai é produtor de
música, em seu computador parecia que tinha uma voz gravada para que meu pai fosse
colocar o ritmo. Pelo que parece ninguém faz ideia dessa música, melhor eu ficar quieta e
não contar a surpresa. Fomos para a aula de Artes cênicas, na classe Emília, Laura e Erick
éramos da mesma turma, fiquei muito feliz pois não queria ficar sozinha no meu primeiro
dia. A aula estava indo muito bem até que chega um aluno muito atraente.

- Sr. Leonardo, poderia me explicar o motivo do seu atraso? Pensei que este ano
seria diferente. – disse o professor.
- Me desculpe professor Arnaldo, foi o trânsito, o senhor sabe como é...
- É só você sair de casa mais cedo, continuando a aula...

Leonardo aparentemente era um tipo de garoto moderno com olhos azuis escuros
e com uma personalidade bem diversa.

Quando acabou a aula Emília me explicou que o Leonardo na verdade não era
um aluno muito educado, ele fazia o que queria, só não é expulso da escola pois suas notas
e seus talentos eram bem avançados. Ela também me disse que no passado ele e o Erick
tiveram uma discussão feia, fez com que suas famílias não se apoiassem mais, por conta
disso eles não são mais melhores amigos.

No final do dia, debaixo da porta do meu quarto havia um bilhete dizendo: “Me
encontre no terraço em dez minutos” no bilhete não tinha o nome de quem havia escrito,
como já era de noite minha curiosidade não ficou quieta, tinha que saber o que é. Avisei
Laura sobre onde, se acontecesse qualquer coisa ela sabia onde eu estava. Me arrumei
para encontrar esse alguém. Depois de dez minutos cheguei no terraço e não tinha
ninguém, procurei e nada, até que penso em voltar, neste exato momento fui parar dentro
de uma sacola, comecei a gritar de medo, parecia que estavam me levando para algum
lugar. Finalmente me libertaram, encontrei uma barraca toda decorada com flores, pinturas
extraordinárias, luzes coloridas, corações e comidas que estavam com uma aparência
divina, foi uma surpresa que me deixou literalmente em choque, ninguém nunca fez nada
parecido para mim. Para não ser mal-educada, comi tudo e levei algumas lembrancinhas
para não esquecer esse momento mesmo não sabendo quem era o dono desta obra prima.

No dia seguinte contei para Laura e Emília. Laura ficou surpresa com tudo que
contei sobre, já a Emília, ficou dizendo que era um admirador secreto que havia feito toda
essa surpresa. Mas eu sou nova aqui, ninguém me conhece direito, só falei com o Erick e
as meninas durante o dia todo. Quem seria esse admirador secreto?

Na aula estava tudo normal, até que meu lápis caiu perto de Leonardo, peguei o
lápis, mas percebi que ele estava me encarando, até aí ignorei-o. Passou se dias e ele
continuava me olhando, de um jeito estranho. Acabando as aulas, voltei para meu quarto
pensativa “por que ele estava me olhando o dia todo?”. Como sou uma pessoa medrosa
falei com Laura para ela perguntar para Leonardo, o porquê ele estava a me olhar, e ela foi
discutir com ele.

Estava vendo e ouvindo tudo pela janela do dormitório, quando a Laura disse para
ele parar de me assustar, Leonardo ficou com uma cara de tristeza e saiu andando,
comecei a me perguntar o porquê que ele ficou tão pra baixo depois disso. Fui tomar um ar
no parque, e Erick estava cantando no banco sozinho, fui falar com ele.

- Oi Erick, por que você está aqui sozinho?


- Oi helena, é que eu geralmente fico aqui para soltar um pouco minha voz, as
pessoas ficam muito grudadas quando me escutam, isso é um pouco chato.
- Eu sei como é, costumava a cantar no coral da minha escola quando era mais
nova.
- Você não quer cantar comigo?
Reparei que ele não era sozinho, e sim solitário. Cantamos até anoitecer, o clima
estava maravilhoso, ele me admirava lindamente, estava me apaixonando aos poucos. Em
um certo momento uma folha acabou caindo no meu cabelo, não tinha reparado ela, já o
Erick, com toda a sua delicadeza tocou em meu cabelo tirando a folha que lá havia caído,
seu toque suave fez minha pele arrepiar, eu não estava acreditando que tive esse
“encontro” com ele. Mas por todo esse tempo estava sentindo que algo ou alguém estava
me observando, ignorei, pois não queria estragar o momento. No caminho de volta, estava
encantada com aquele momento, no escuro acabei me esbarrando com alguém, esse
alguém me agarrou pelo pulso e me levou para um quarto vazio. Encontrei interruptor e
acendi a luz. Era o Leonardo, estava morrendo de medo.

- Calma eu posso explicar... – disse Leonardo


- MAS O QUE VOCÊ QUER? ME MATAR? HEIN LEONARDO – estava gritando
de medo.
- Shhhiiu!!! Fala mais baixo! Por favor me chame de Léo, e não, eu não quero te
matar, acho que esse pode ser o momento perfeito para pedir desculpa sobre tudo que fiz
com você. Achei que você se lembraria de mim.
- Como assim?
- Você não se lembra de mim no coral da escola anos atras?
- Então era você?!

No coral, existia um tal de Léo, um valentão da escola, ele se exibia muito, mas
sua voz não era das melhores. Na época minha voz era incrível, mas a aparência nem
tanto, ele e seu grupinho ficavam fazendo comentários maldosos sobre mim, e nunca
falaram da minha voz. Em uma apresentação do nosso coral fui fazer a parte solo, mas seu
plano era arruinar tudo. Enquanto ele estava no palco olhando tudo, seus amigos estavam
no alto, na parte da iluminação com um balde de água suja, eles jogaram tudo em mim, na
plateia todos riram de mim, cheguei a ir em psicólogo pois minha mente havia sido
estragada por ele. Um ano depois, eu havia mudado totalmente, meus desenhos estavam
sendo conhecidos por toda a escola e havia superado esse trauma. Só conversava com
ele quando era obrigatório por conta das aulas.

- Sim, queria me desculpar com você sobre o meu passado, acho que gosto de
você desde então. – disse ele
- Como assim? Você me humilhava, ria de mim...
- Eu nunca quis demonstrar o que eu sentia para não ser humilhado também, eu
era uma criança muito imatura nessa época. Por favor me perdoe.

Sai imediatamente dali e fui correndo para meu quarto, só tentando acreditar que
o Léo sentia algo por mim. Será que foi ele por traz da surpresa do bilhete? No dia a dia
estava conversando mais do que o normal com o Léo, mas ainda não o perdoei, acho que
nunca vou pensar dele de outra forma, ele sempre vai ser aquele que arruinou minha
infância. O que me deixava bem animada, é que me encontrava a noite com o Erick, já que
a noite ele se sentia mais confortável (diz ele), nós pitávamos quadros, cantávamos,
conversávamos a noite toda, mantendo tudo em segredo.

Meses se passaram e um vídeo meu e do Erick cantando foi parar nas redes
sociais, fiquei em choque! Como alguém sabia onde estávamos e parecia ser da primeira
vez que nos encontramos. No vídeo postado estava como dono anônimo. Quando achei
ele, ele estava cercado de pessoas, fingiu que não me viu e saiu andando. Quando todos
me viram sai correndo para meu dormitório. O diretor disse que via nos via todas as noites,
não brigava, pois sabia que não fazíamos nada de errado, apenas praticando nossos
talentos (parecia que ele meio que apoiava nós dois juntos), o diretor então fez com que
excluíssem o vídeo e que esquecessem esse assunto. Eu e Erick não nos falávamos mais,
acho que depois disso ele ficou com vergonha, com isso me aproximei muito mais de Léo.

O projeto anual da escola chegou, todos os alunos que completavam seu quinto
ano na faculdade tinham que fazer uma exposição de pinturas a óleo, os dois melhores
autores das exposições iriam ganhar uma viagem para um parque de diversões. No dia
tudo ocorria bem até que saiu a classificação, eu e Erick tínhamos ganhado, fiquei feliz e
um pouco sem graça, fazia muito tempo que não conversávamos. No dia da viagem tentei
puxar assunto, parecia que estava sendo evitada. Perdi a paciência, curta e grossa,
perguntei qual era a necessidade daquilo, ele disse que queria que os rumores fossem
verdade, mas não tinha coragem de admitir (os rumores eram que nós éramos um casal).
Entrei em choque. Tirando isso, voltamos a nos falar, nos divertimos no parque, foi magico,
senti borboletas na minha barriga.

Quando voltei, contei tudo pra Laura e para Emília, para ser sincera acho que
estou gostando de Erick. A reação de Laura não foi de choque porque estava na cara, já a
reação da Emília foi meio estranha, parecia que não tinha gostado. Quando dizia que me
encontrava com a noite ela ficava meio assim, parecia que estava tentando disfarçar.

Nos anos seguintes reparava que Léo estava e apaixonando mais e mais por mim,
e eu me encantando com o tempo que passava. Me questionava por qual meu coração
pertencia, mas sempre escolhia os dois. E ao mesmo tempo Léo e Erick se reconciliavam
o que me deixava feliz de ver os dois se dando bem. Semanas depois Erick me pediu para
formarmos um casal, aceitei imediatamente, aproveitei a oportunidade e perguntei se era
ele o autor da obra de arte do terraço no primeiro dia, e ele disse que sim, ele fez a surpresa.
Nunca fiquei tão feliz, Léo por sua vez ficou sabendo, não gostou muito, mas estava feliz
pelo seu amigo, a nossa amizade não tinha acabado.

Contudo eu e Erick estávamos nos abraçando admirando a vista da natureza


sozinhos junto de um lápis e um pincel, ouvi um barulho de foto, olhei para trás e nada. Até
que dias depois essa foto aparece nas redes sociais, dizendo que usava Erick para ter
sucesso nas aulas enquanto mexia com emoções de Léo. Totalmente sem sentido! Foi
quando lembrei que contei para Emília aonde ia. Não acreditei, ela estava com ciúmes!
Uma menina calma, alegre, cheia de cor tinha um lado que manchava essa beleza.

Conversei com Laura sobre Emília, ela disse que já sabia, mas tinha feito um
acordo com Emília para deixar tudo em segredo. Fui conversar com Emília, mas parecia
que ela havia sumido, ninguém sabia onde ela estava, ela foi dada como desaparecida, no
dia seguinte encontramos o corpo dela na cachoeira, de baixo do penhasco, as teorias são
que ela se jogou, mas acredito que ela escorregou e acabou caindo.

Bom, acabando os estudos fui contratada por uma editora de livros que está em
número um na concorrência para ilustrar seus livros infantis até adultos. Faço exposições
de arte em todo o mundo, dando autógrafos e conhecendo todas as pessoas. Me reconciliei
com meu pai, que agora me apoia em tudo que faço atualmente. Eu e Erick tempos depois
casamos e temos dois filhos nos quais eram sobrinhos de Léo, depois de descobrimos que
na verdade Léo e Erick eram irmãos. E este é o fim do meu romance inesperado.

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