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PROJETO DE UM SISTEMA DE

GERAÇÃO FOTOVOLTAICA EM
PASSA SETE - RS

Felipe Batista Faro Pinto1, Gabriel Neves Leal 2, Geovanna Andrade Garcia
Leao3, Guilherme Moreira4, Lucas Frazão Bispo5, Pedro Arthur Bessa Leão 6,
Thales Henrique de Souza Vieira7
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais
Campus Formiga – Engenharia Elétrica – 9° Período
São Luiz Gonzaga, s/n – Bairro São Luiz– Formiga - Minas Gerais – CEP: 35.577-010
1. Consumo Médio Mensal
Para o dimensionamento do sistema fotovoltaico foi considerado o consumo
de energia médio mensal da unidade consumidora. Para o estudo de caso, o
dimensionamento foi realizado para um consumo de 1000 kWh/mês, assumindo
conexão bifásica e tensão de fornecimento 230/115 V na categoria residencial
conforme resolução de AES Sul.

2. Irradiação solar do local


A usina solar fotovoltaica será instalada na cidade de Passa Sete, localizada
no estado do Rio Grande do Sul, cuja irradiação solar diária média mensal no plano
horizontal é de 4,46 kWh/m2.dia, dado retirado do programa SunData, disponibilizado
pelo CRESESB, como pode ser verificado pela Figura 1.

Figura 1: Irradiação solar cidade de Passa Sete, RS.

Fonte: Programa SunData (CRESESB, 2020).

3. Níveis de tensão

Segundo a ANEEL,as tensões nominais da cidade de Passa Sete, Rio Grande


do Sul, são mostradas na Figura 2. A tensão adotada foi: 230/115 V.
Figura 2: Faixa de tensão da cidade de Passa Sete, RS.

Fonte: (ANEEL,2020).

4. Painel fotovoltaico
O módulo fotovoltaico escolhido para o projeto é o de 400W da Canadian Solar,
policristalino, com garantia de 10 anos para defeito de fabricação e 15 anos para
eficiência. No mercado, encontra-se com preço médio de R$887,50
As características elétricas são apresentadas na Figura 2, retiradas do
datasheet do módulo fotovoltaico.
Figura 2: Dados elétricos módulo fotovoltaico.

Fonte: Datasheet Super Hight power poly perc module.

5. Inversor
Para projetar um inversor que atenda o consumo mensal da unidade
consumidora, os seguintes passos foram seguidos.
Inicialmente, por meio da Equação 1, calcula-se a potência que o sistema
fornece, considerando uma irradiação de 1 kW/m2.
𝐸𝐷𝐼𝐴 (1)
𝑃𝑃 =
𝐻𝑆𝑃𝑀𝑒𝑑 . 𝜂𝑆

Em que, PP é potencia de pico em W, EDIA é o consumo médio diário em Wh/dia,


HSPMed representa horas de sol pleno e ns é a eficiência do sistema.
Para a cidade de Passa Sete,SC, considerando o dado de irradiação presente
na Figura 1, tem-se HSP de 4,46 h/dia. Para um sistema fotovoltaico, considera-se
eficiência de 80%.

1000000/30
𝑃𝑃 = = 9.342,30 W
4,46.0,8

Calcula-se a partir disso a quantidade de painéis necessários para suprir o


consumo energético, a partir da Equação 2.

𝑃𝑃 (2)
𝑁=
𝑃𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎

No qual, PPlaca refere-se a potência nominal da placa em W.


Pela Figura 2, vê-se que a potência nominal da placa selecionada é de
400W, senso assim:
9.342,30
𝑁= = 23,35 = 24 módulos
400

A potência de operação da entrada CC é dada pela Equação 3.

𝑃𝐼𝑛𝑠𝑡. = 𝑁. 𝑃𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎 (3)

𝑃𝐼𝑛𝑠𝑡. = 24 ∗ .400 = 9,6 𝑘𝑊

Para obter a energia gerada diariamente pelos 24 módulos, é utilizada a Equação 4.

𝐸𝑃𝐹 = 𝐻𝑆𝑃𝑀𝑒𝑑 . 𝐴. 𝜂𝑃𝐹 . 𝜂𝑆 (4)

Em que, A representa a área ocupada pelos 24 módulos e n FP é a eficiência da placa.


A dimensão da placa fotovoltaica é dada na Figura 3.
Figura 3: Dimensão do módulo fotovoltaico.
Fonte: Datasheet Super Hight power poly perc module.

𝐸𝑃𝐹 = 4,46. (2,108 ∗ 1,048 ∗ 24).0,181.0,8 = 3424 𝑘𝑊/𝑑𝑖𝑎 = = 1.027,23 𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠

O inversor fotovoltaico foi escolhido com base na potência instalada do


sistema, sendo assim, sua potência máxima de operação na entrada CC deve ser
superior a 9,6 kW.
Para esta potência, projetou-se dois inversores OnGride de 6 kW P da marca
Fronius. As especificações técnicas estão apresentadas no Quadro 1.
Quadro 1: Especificações técnicas do Inversor OnGrid

Inversor Ongrid Fronius 6 kW P

Preço unitário R$ 8.980,00

Imax input 27 A

Imax output 26.1 A

Faixa de tensão do MPP 240 a 800

Vmax 1000 V

Vmin 80 V

Para os gastos adicionais relativos a instalação e

6. Proteção

6.1 String Box (Quadro de Proteção)

A String Box é um quadro distribuição de eletricidade dentro do qual serão


acondicionados os elementos de proteção contra surto e seccionamento do sistema
de Microgeração. Os módulos estão organizados em 2 strings, cada string com 12
módulos, totalizando 24 módulos. Para este projeto, será utilizada 1 (uma) String Box
em PVC Termoplástico, modelo de sobrepor tipo DIN, IP65, instalado próximo ao
inversor e contendo os dispositivos de proteção para corrente contínua (CC) e 1 (uma)
String Box em PVC Termoplástico, modelo de sobrepor DIN, IP40, para os
dispositivos de proteção para corrente alternada (CA).

No interior de cada String Box, todos os elementos e circuitos estarão


devidamente identificados e sinalizados para evitar acidentes e desligamentos
indevidos.

6.2 Dispositivos de Proteção e Seccionamento

O subsistema em corrente contínua contará com um sistema de proteção


composto por chave seccionadora e dispositivos de proteção contra surto (DPS).
Além disso, contará com um dispositivo extra para manobra e seccionamento
embutido no inversor. Todos os elementos utilizados neste subsistema serão próprios
para uso em corrente contínua. No lado em corrente alternada a proteção do sistema
será feita por disjuntor e dispositivos de proteção contra surto.

A lista abaixo apresenta os elementos que irão compor o sistema de proteção


contra surtos do sistema:

Lado CC:

2 Disjuntores Termomagnéticos Bifásicos Curva B de 16A;

2 DPS – Dispositivo de Proteção contra Surto – Tipo 2; VCL 1000V, I max = 40kA;

2 Chave Seccionadora 1040V DC, 16A

Lado CA:

6 Disjuntores Termomagnéticos Bifásicos Curva B de 32A;

2 DPS – Dispositivo de Proteção contra Surto – VCL 275V, 20kA;

7. Condutores

Os condutores foram dimensionados pelo método da capacidade de condução de


corrente, de acordo com a NBR 5410.
Lado CC:

Como a corrente máxima de entrada do Inversor é de 27A, calculamos o valor da


corrente corrigida utilizando as tabelas da NBR 5410, adotando FCA e FCT com
valores de 0,8 e 1,0, respectivamente. Aplicamos um fator de 1,25 para sobrecorrente
em 𝐼𝑏 , logo

1,25∗27,0
𝐼′𝑏 = = 42,19 A
1,0∗0,8

O método de instalação considerado foi tipo D para dois condutores carregados.


Sendo assim, por meio da tabela de capacidade de condução de corrente da NBR
5410, foi possível determinar a seção dos condutores como sendo de 4mm².

Lado CA:

Como a corrente máxima de saída do Inversor é de 26,1A, calculamos o valor da


corrente corrigida utilizando as tabelas da NBR 5410, adotando FCA FCT com valores
de 0,8 e 1,0, respectivamente. Aplicamos um fator de 1,25 para sobrecorrente em 𝐼𝑏 ,
logo

1,25∗26,1
𝐼′𝑏 = = 40,78 A
1,0∗0,8

O método de instalação considerado foi tipo D para dois condutores carregados.


Sendo assim, por meio da tabela de capacidade de condução de corrente da NBR
5410, foi possível determinar a seção dos condutores como sendo, 4mm² para
condutores de fase, neutro e proteção.

8. Aterramento
Todos os equipamentos e estruturas metálicas instaladas serão conectados ao
aterramento da unidade consumidora. Serão utilizados condutores de mesma bitola
que os condutores fase, buscando-se sempre a menor distância possível entre o
equipamento e o ponto de aterramento.
9. Método de Instalação

Para que o sistema de geração fotovoltaica tenha a melhor captação da irradiação


solar, os painéis fotovoltaicos devem ser instalados com um grau de inclinação. Como
o Brasil está localizado no hemisfério sul, os painéis devem ser instalados com
inclinação para o norte verdadeiro(não é o mesmo indicado pela bússola).

O grau de inclinação, é definido de acordo com a latitude do local da instalação.


No entanto, variações pequenas na inclinação não diminuem de maneira significativa
a energia gerada, sendo que uma variação de 10° para mais ou para menos em
relação ao valor da latitude não irá alterar a captação de radiação solar.

Para o este projeto, foi encontrado que a latitude do local equivale a 29º27'12"

Figura x: Esquema de inclinação dos módulos fotovoltaicos.


Fonte:(Cresesb,2014)

O procedimento de instalação do sistema fotovoltaico, é realizado através das


etapas:
1.Preparando o local de instalação das placas solares: A equipe de instalação
com base no layout do sistema, escolhe o local onde serão instaladas as placas,
geralmente é escolhido algum local no telhado, é extremamente importante que o
telhado seja íntegro e que não será sobrecarregado com o sistema fotovoltaico e as
cargas de vento.

2.Instalando os “suportes” dos painéis solares: Em telhados de barro, as telhas


são removidas nos lugares certos, de acordo com o layout, e os “suportes” são
aparafusados nestes pontos provendo a base da fixação do sistema. Em telhados de
metal, a instalação é mais simples e o suporte é aparafusado através da própria telha
metálica provendo segurança e proteção contra infiltrações.

3.A instalação dos “trilhos” onde os painéis solares serão fixados: Às estruturas
de fixação são todas pré-fabricadas, normalmente em alumínio. Os trilhos são feitos
para encaixar perfeitamente nos suportes e prover um local perfeito para prender os
painéis solares.

4.Instalar as placas solares sobre os trilhos e conectar os cabos: Com os trilhos


bem fixos é hora de instalar os painéis em seu devido lugar e conectar os cabos.

5.Conectar os painéis solares no inversor solar e instalar o inversor na rede


elétrica: Esta é a parte final da instalação, onde quem trabalha é somente o
eletricista. Após a instalação e a conexão à rede, o sistema de energia solar já está
produzindo energia elétrica e você começa a economizar na conta de luz
imediatamente.

10. Lista de Materiais

Equipamento Quant. Preço Preço


Unitário Total
(R$)

Módulo solar fotovoltaico 400W, 24 887,50 21.300,00


Canadian Solar

Inversor Solar Ongrid Fronius 6 kW P 2 8.980,00 17.960,00


Disjuntor Termomagnético Bifásico 2 60,79 121,58
Curva B de 16A - WEG

Disjuntor Termomagnético Bifásico 6 43,99 263,94


Curva B de 32A - WEG

DPS – Dispositivo de Proteção contra 2 187,90 375,80


Surto – Tipo 2; VCL 1040V, Imax =
40kA - CLAMPER

DPS – Dispositivo de Proteção contra 2 48,70 97,40


Surto – VCL 275V, 20kA - CLAMPER

Chave Seccionadora 1000V DC, 32A - 2 199,80 399,60


SUNTREE

String Box 2 250,00 500,00

Cabos (4 mm²) 50 m 3,6 179,90

TOTAL 41.198,22

Juntamente com os gastos já mencionados, também existem custos referentes


a instalação e fixação do sistema, estes gastos foram estimados em R$ 4.000,00,
totalizando então o custo de 45.198,22.

11. Viabilidade Econômica

11.1 Payback

Para obter o tempo de retorno do investimento inicial, é comum realizar a


análise de payback do sistema, que avalia o gasto inicial com o sistema e
também a receita gerada anualmente pelo sistema. O ano em que o sistema
se paga é identificado quando a receita acumulada torna-se um valor positivo,
no decorrer das interações.

Para a realização do cálculo da receita gerada anualmente, foi utilizado o dado


de investimento inicial e a energia gerada no ano de análise, multiplicada pelo
preço do kWh cobrado pela concessionária CEMIG, no valor de 0,66 R$/kWh
(bandeira amarela para residencial normal). Como este valor é atualizado de
tempos em tempos, levando em consideração aspectos econômicos, levou-se
em consideração um acréscimo de 4,5% do valor cobrado a cada ano. Na
Tabela 1 apresenta essa variação do valor do kWh, além de apresentar a
geração média anual das placas, fluxo de caixa, VP, e outras informações
econômicas.

11.2 VPL

O Valor Presente Líquido é uma análise que considera o valor do dinheiro no


tempo. Com a aplicação deste método objetivou-se descontar os fluxos de
caixa futuros de uma empresa para o presente considerando uma taxa
específica chamada custo de oportunidade. Essa taxa refere-se ao retorno
mínimo exigido pelos investidores, a Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Nos
presentes projetos foi aplicada uma taxa de 10%. Esse valor foi baseado no
último valor da taxa SELIC consultada disponibilizado pelo Banco Central do
Brasil, que é a taxa básica de juros de economia que influencia todas as taxas
de juros do país, o valor era de 2,15%. Este valor de 10% tem uma
característica pessimista, pois é um valor maior que a taxa SELIC dos últimos
dois anos.

Para que seja constatado a viabilidade do projeto, o valor resultante deve ser
maior que zero, e quanto maior o valor de VPL encontrado, mais indicado é o
investimento. É possível calcular o VPL conforme indicado pela equação (5).

(5)
Onde,

VPL: Valor presente líquido (R$);

FCt: Valor presente de suas entradas de caixa (R$);

FCo: Valor principal do projeto (R$);

r: Taxa de custo de capital da empresa (%);

Na Tabela 2 está sendo apresentado o VPL, assim como outros parâmetros


como a TIR e também o tempo de retorno do investimento (Payback).

Tabela 1: Informações econômicas sobre o projeto fotovoltaico


Geração
Média Tarifa
Eficiên Anual Anual Economia Anual Fluxo de
Ano cia (kWh) (R$/kWh) Estimada (R$) Caixa (R$) VP VP Acumulado
0 -45 198,22 -45 198,22 -R$45 198,22 -R$45 198,22
1 1,00 12326,76 0,66 8 111,38 -37 086,84 R$7 373,98 -R$37 824,24
2 0,99 12228,15 0,69 8 408,58 -28 678,26 R$6 949,24 -R$30 875,00
3 0,98 12129,53 0,72 8 716,10 -19 962,16 R$6 548,54 -R$24 326,46
4 0,98 12030,92 0,75 9 034,28 -10 927,89 R$6 170,53 -R$18 155,93
5 0,97 11932,30 0,78 9 363,43 -1 564,45 R$5 813,96 -R$12 341,98
6 0,96 11833,69 0,82 9 703,92 8 139,47 R$5 477,61 -R$6 864,37
7 0,95 11735,08 0,86 10 056,09 18 195,56 R$5 160,37 -R$1 704,00
8 0,94 11636,46 0,90 10 420,31 28 615,88 R$4 861,15 R$3 157,15
9 0,94 11537,85 0,94 10 796,94 39 412,82 R$4 578,96 R$7 736,11
10 0,93 11439,23 0,98 11 186,37 50 599,19 R$4 312,83 R$12 048,94
11 0,92 11340,62 1,02 11 588,98 62 188,17 R$4 061,87 R$16 110,81
12 0,91 11242,01 1,07 12 005,18 74 193,35 R$3 825,22 R$19 936,03
13 0,90 11143,39 1,12 12 435,37 86 628,72 R$3 602,08 R$23 538,11
14 0,90 11044,78 1,17 12 879,96 99 508,68 R$3 391,70 R$26 929,81
15 0,89 10946,16 1,22 13 339,38 112 848,06 R$3 193,34 R$30 123,15
16 0,88 10847,55 1,27 13 814,07 126 662,13 R$3 006,34 R$33 129,49
17 0,87 10748,93 1,33 14 304,47 140 966,60 R$2 830,06 R$35 959,56
18 0,86 10650,32 1,39 14 811,03 155 777,63 R$2 663,89 R$38 623,45
19 0,86 10551,71 1,45 15 334,22 171 111,85 R$2 507,27 R$41 130,72
20 0,85 10453,09 1,52 15 874,50 186 986,34 R$2 359,64 R$43 490,36
21 0,84 10354,48 1,59 16 432,35 203 418,70 R$2 220,51 R$45 710,87
22 0,83 10255,86 1,66 17 008,27 220 426,96 R$2 089,40 R$47 800,27
23 0,82 10157,25 1,73 17 602,74 238 029,70 R$1 965,84 R$49 766,11
24 0,82 10058,64 1,81 18 216,27 256 245,97 R$1 849,42 R$51 615,53
25 0,81 9960,02 1,89 18 849,38 275 095,35 R$1 739,72 R$53 355,25

Tabela 2: Parâmetros de viabilidade


Taxa de
desconto 10%
Soma VPs R$98 553,47
VPL do projeto 53 355,25
TIR 21%
Tempo de
Payback 6

Referências

CRESESB. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos. Disponível em:


http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_20
14.pdf. Acesso em: 30 out. 2020.

PORTAL SOLAR. Como Instalar Energia Solar - Passo a Passo. Disponível em:
https://www.portalsolar.com.br/como-instalar-energia-solar.html. Acesso em: 30
out. 2020.

ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em:


http://www.aneel.gov.br/tensoes-nominais. Acesso em: 30 out. 2020.

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