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ARTIGO DE ARTES

IFSUL-4m_2019

Yago Martins Pintos

O cálice e a liberdade de expressão


Contextualização:
O cálice foi uma música que foi escrita em 1973 durante o regime militar por chico Buarque e
Gilberto Gil, porém foi reprovada quando submetida ao crivo da censura ,os artista resolveram
canta-la mesmo assim no show prono de 1973( show que reunia em duplas os maiores cantores da
gravadora pronogram),porém os microfones foram cortados, o que fez com que a música fosse
lançada apenas 5 anos depois em 1978 ,pois devido ao seu conteúdo que criticava a opressão da
ditadura militar contra a liberdade de expressão das mídias e cidadão ela foi censurada, só sendo
liberada 5 anos depois, por causa do atraso graças a censura ele foi gravada por chico Buarque e
Milton nascimento que assumiu o lugar de Gilberto Gil, foi lançada naquele ano no álbum
homônimo do compositor carioca. Com isso cálice acabou se tornando num dos mais famosos hinos
da resistência contra a ditadura de 64, sendo uma canção que através de metáforas e frases de
duplo sentido protesta contra a repreensão e a violência causadas pelos militares no seu governo
extremamente autoritário, promovendo uma incitação para eu o povo fizesse uma resistência a
opressão feita pelo governo militar contra a cidadania brasileira, principalmente na exposição de
ideias contrarias ao governo o que fez com m que o governo a censurasse alegando que era um letra
ofensiva.

Nesse período extremamente obscuro onde que durou mais de 20 anos com 5 militares cumprindo
mandato na presidência sem possibilidade de escolha do representante pelo povo, com essa música
sendo censurada no momento mais crítico da ditadura no que se refere a opressão e censura com a
instauração da AI-5,que permitia a livre censura previa por parte do governo em obras culturais
como filmes, teatro e música ,essa musica assim como muitas outras foram censuradas por
demostrarem ideias contraria ao regime regente da época, outras canções como ‘’tiro ao alvoro’’ e
‘’pra não dizer que não falei das flores’’ também foram censuradas.

Ideias apresentadas na musica


A musica começa com uma referência a bíblia:” pai se quiseres afasta de mim esse cálice ”o que
lembra jesus antes do calvário, provocando ideia de sofrimento e perseguição que fica ainda mais
forte com a semelhança entre cale-se e cálice como se o eu lírico pedisse que afasta-se esse cálice
pedindo o fim da censura, amordaça que lhe foi colocada para silencia-lo, pelo regime de 64.então
se na bíblia o sangue que ocupava o cálice é de jesus, o sangue que ocupa o cálice nesse período do
regime é os das vítimas oprimidas, torturadas e desaparecidas cuja muitas não puderam ser
enterradas por suas famílias. Quando o eu lírico pergunta como ’’ beber dessa bebida amarga’’ que
lhe está sendo oferecida, tragar a dor, ele se pergunta como aceitar a opressão como se fosse
natural ,ele refere ao dizer que tem que ‘’engolir a labuta’ ’ele quer dizer que tem que engolir a
exaustão causada pela opressão que se tornou rotineira ,aceitar calado. Ele também diz "mesmo
calada a boca, resta o peito" querendo dizer que mesmo que sua boa esteja sendo caldo pelo
governo para expressar suas ideias elas estão dentro dele. A frase ‘’filho de santa’ ’faz referência a
pátria, retratada como intocável pela ditadura, assim o eu lírico diz que preferiria ser filho de outra
de outra pátria que não o oprimisse, como quando fala que queria ter nascido ‘numa realidade
menos morta’, uma realidade sem a ditadura, ‘sem a mentira’ (como por exemplo o suposto milagre
econômico aclamado pelo governo) e sem a ‘força bruta’ a violência física cultural e mental causada
pelo regime.

Chico também faz alusão a um método muito utilizado pelas policias no regime que invadia as casas
durante a noite e levava os suspeitos os arrastando de suas camas prendendo matando ou sumindo
com eles, quando fala ‘’Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano’ ’ele diz na
música que diante de todo esse cenário ele tem vontade de gritar, resistir e combater esse governo
autoritário na tentativa de ser escutado.

Ele também cita na musica o ‘monstro da lagoa’ uma metáfora para indicar a ditadura e também os
corpos mortos que apareciam boiando nas águas do mar e dos rios.

Ele também cita a dificuldade na luta por abrir a porta que indica se libertar com o fim do regime, o
que na bíblia abrir a porta indica novos tempos

Quando ele cita resta a cuca ele diz que apesar de oprimido ele mantem o pensamento crítico.

Com sua vida não sendo um fato consumado o eu lírico que se libertar reclamando o direito sobre si
mesmo, tendo vontade de viver sem acatar ordens seguindo suas próprias regras sem o moralismo
do governo militar. Os dois versos finais da musica fazem alusão a um método de tortura utilizado
pela ditadura e também a um de resistência quando fingiam perder os sentidos para que parassem
com a tortura.

Reflexão
A musica cálice foi censurada mas de acordo com Stuart Mill, apenas é correta se censurar algo
quando é inevitável causar dano ao outro de modo direto e equivocado, assim como defendia que o
silenciamento das ideias é incorreto porque é um obstáculo para se descobrir a verdade oque se
enquadra a situação na ditadura quando o governo militar censurou ideias contrárias aos seus ideias
o que para mill estaria errado pois ele censurou apenas por as ideias da musicas serem contrarias a
promovidas por ele, pois a musica falava justamente da questão da censura causada pelo governo o
criticando e meso que aideia fosse incorreta seria incorreto silencia-la pois podermos estar
engandos e segundo porque se se justificar as ideias verdadeira a falsa perde seu valor ,então nesse
aspecto eu concordo com mill e sou contra a censura utilizada no governo militar.

Letra da musica
Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga

Tragar a dor, engolir a labuta

Mesmo calada a boca, resta o peito

Silêncio na cidade não se escuta

De que me vale ser filho da santa

Melhor seria ser filho da outra

Outra realidade menos morta

Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado

Se na calada da noite eu me dano

Quero lançar um grito desumano

Que é uma maneira de ser escutado


Esse silêncio todo me atordoa

Atordoado eu permaneço atento

Na arquibancada pra a qualquer momento

Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda

De muito usada a faca já não corta

Como é difícil, pai, abrir a porta

Essa palavra presa na garganta

Esse pileque homérico no mundo

De que adianta ter boa vontade

Mesmo calado o peito, resta a cuca

Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

Pai, afasta de mim esse cálice

De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno

Nem seja a vida um fato consumado

Quero inventar o meu próprio pecado

Quero morrer do meu próprio veneno

Quero perder de vez tua cabeça

Minha cabeça perder teu juízo

Quero cheirar fumaça de óleo diesel


Me embriagar até que alguém me esqueça

https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45121/

http://dialogolinguistico.blogspot.com/2010/05/analise-da-musica-calice.html

https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-ai-5.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cálice_(canção)

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