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RESUMO
O presente trabalho discute os principais mecanismos voltados à qualidade do leite pelos produtores
já instalados no mercado leiteiro na região Sul Fluminense. Objetiva-se traçar uma análise da
competitividade do complexo lácteo da nossa região, enfocando sua estrutura, estratégias e os
processos de interação, presentes no processo de coleta do leite, motivado principalmente pelas
mudanças e aumento de renda da população de baixa renda. Buscou-se também avaliar as
expectativas dos agentes quanto às evoluções e perspectivas dos produtores. Para tanto, o estudo
baseou-se em fonte de dados primárias e entrevistas diretas com produtores rurais. Verifica-se que o
elo da produção pecuária mais frágil está no pequeno produtor, onde pequenas ações por parte da
empresa pesquisada buscam incentivar maior produtividade, escala e melhor qualidade. As ações
localizadas inicialmente na administração da empresa têm induzido a uma postura mais sistêmica de
todos os produtores por ela atendidos, com abertura a novas ações coletivas visando agregação de
valor à matéria prima.
Palavras-chave: Qualidade, competitividade, estratégias, leite, produção
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1. INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva do leite, apesar dos avanços observados durante a década de 90,
aspectos associados à melhoria da qualidade do produto ainda representam desafios a serem
superados. A produção informal do leite se torna um fato preocupante, pois o consumo
indiscriminado de produtos lácteos aumenta consideravelmente nas classes de baixa renda,
comprometendo a saúde desses consumidores, por utilizar cada vez mais produtos sem o
devido controle de qualidade.
As empresas buscam a qualidade total, e manter o padrão de qualidade tem sido um
desafio constante para atender às principais exigências do Programa Nacional de Melhoria da
Qualidade do Leite (PNMQL). A indústria mudou o perfil da coleta de leite, adotando a
granelização, e isso tem estimulado a busca pela qualidade, com critérios baseados no
resfriamento, análise bacteriana dos componentes e volume da produção. Entretanto, os
rebanhos diferem vários aspectos, como seu tamanho, as condições de manejo e sua estrutura
organizacional.
O aumento do consumo exige uma atenção voltada para a qualidade da produção
desde a matéria prima in natura e o seu produto comercializado de forma que ainda na
fazenda, inicie o monitoramento da cadeia produtiva.
Assim exposto, é evidente que o produtor de leite deve ter conhecimento, em termos
de qualidade, do que a indústria transformadora exige desde o início da ordenha. Isto implica
em um programa de qualidade em nível dos rebanhos, envolvendo a garantia de que os
animais recebam alimentos adequados e seguros, a prevenção no uso de aditivos e agentes
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Faculdades Sul Fluminense
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Até a década de 50, a indústria de alimentos contava apenas com a análise laboratorial
dos lotes produzidos para fins de controle da segurança e da qualidade. Assim, um lote era
preparado e, se a análise apresentasse as condições desejadas, era liberado; se não, era retido.
Nos anos 50, a indústria de alimentos adaptou a Boas Práticas (BP) da indústria farmacêutica,
com a denominação específica de Boas Práticas de Fabricação (BPF), dando um grande passo
para melhorar e dinamizar a produção de alimentos seguros e de qualidade. Com as Boas
Práticas (BP) começou o controle, segundo normas estabelecidas, da água, das contaminações
cruzadas, das pragas, da higiene e do comportamento do manipulador, da higienização das
superfícies, do fluxo do processo e de outros itens, segundo normas estabelecidas por
entidades representativas do mercado, agências de regulação e o Codex Alimentarius. Este
último, segundo o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial, é definido como :
“Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação - FAO e da Organização Mundial
da Saúde - OMS. Trata-se de um fórum internacional de
normalização sobre alimentos, criado em 1962, e suas normas
têm como finalidade proteger a saúde da população,
assegurando práticas eqüitativas no comércio regional e
internacional de alimentos, criando mecanismos internacionais
dirigidos à remoção de barreiras tarifárias, fomentando e
coordenando todos os trabalhos que se realizam em
normalização.” (INMETRO)
Assim, as BP, juntamente com a análise do produto final, davam maior garantia à
segurança dos alimentos. Com o início dos vôos tripulados, a NASA, sigla de National
Aeronautic and Space Administration considerou que o principal veículo de entrada de
doenças para os astronautas seria os alimentos. Principalmente porque deixavam uma grande
margem de incerteza. Considerou-se assim que apenas as BP e as análises não eram
suficientes para garantir a segurança dos alimentos próxima a 100%. Por esse motivo, a
NASA desenvolveu, junto com a Pillsbury Co., o sistema “Hazard Analysis and Critical
Control Point” (HACCP), traduzido no Brasil como Sistema de Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controle (APPCC). Esse sistema permite levantar os perigos (biológicos,
químicos e físicos) significativos que podem ocorrer na produção de um determinado
alimento em uma determinada linha de processamento e controlá-los nos Pontos Críticos de
Controle (PCC), durante a produção. Assim, é um sistema dinâmico e, quando aplicado
corretamente, o alimento produzido já tem a garantia de não ter os perigos considerados já
que foram controlados durante o processo de produção. Portanto, as BP (pré-requisito para o
APPCC) e o Sistema APPCC, quando aplicados, dispensam a análise de cada lote
produzido. A CNI – Confederação Nacional da Indústria, através do SENAI –Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial, sensibilizada pela falta de informações e inexistência
de uma sistemática para implantação do Sistema APPCC e de seus pré-requisitos, aliada à
pressão cada vez maior do mercado externo por alimentos seguros, e em parceria com
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas, criaram o Projeto
APPCC para as indústrias de alimentos.
Dessa forma, o Projeto APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) teve início
em abril de 1998 por uma iniciativa da CNI/SENAI, visando desenvolver e levar as
ferramentas para apoio a produção de alimentos seguros pelas empresas da cadeia dos
alimentos.
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leiteira, tais como Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Mato Grosso do Sul (Foco
Regional, 2009). A empresa realizou investimentos da ordem de R$ 30 milhões em sua
unidade localizada no município de Barra Mansa. Os incentivos concedidos, a existência de
uma planta de produção leiteira desativada e a proximidade e facilidade de escoamento de
seus produtos à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foram os fatores determinantes para
que a empresa optasse por instalar-se na região.
- composição do rebanho;
- incentivos à qualidade produtiva;
Quanto a produção, nota-se uma correlação direta das quantidades produzidas com
alimentação fornecida. Na pequena e na média propriedades, a produção de litros de
leite/vaca/dia oscila entre 5 e 12 litros, enquanto em visita à propriedade de grande porte a
produção atinge o patamar médio de 18 litros de leite/vaca/dia.
Segundo informações obtidas no Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite no Estado
do Rio de Janeiro, elaborado pelo SEBRAE em parceria com a FAERJ (2003), verifica-se
que a melhor suplementação do gado leiteiro, acarreta maiores produtividades. A capacidade
produtiva do pequeno produtor torna-se relativamente pequena em comparação ao grande em
função principalmente dos custos associados aos suplementos alimentares, que atrelados ao
valor pago pelo litro de leite, acarreta a inviabilidade de maiores investimentos em
suplementos. Observou-se na propriedade pesquisada que o rebanho caracterizado como de
alta produtividade tem por base sua alimentação a capineira, comumente sendo utilizado o
capim elefante, onde segundo a EMBRAPA Gado de Leite (2003), “é a forrageira mais
indicada para a formação de capineiras, para corte e fornecimento de forragem verde picada
no cocho, pois, além de uma elevada produtividade, apresenta as vantagens de propiciar maior
aproveitamento da forragem produzida e uma redução de perdas no campo”, e que aliada a
rações e suplemento alimentar cítrico a base de casca de laranja tornou-se a base alimentar do
gado na grande propriedade e a mais indicada pelo responsável técnico que assiste aos
produtores. Situação diferente ocorre entre os pequenos e médios produtores, que tema base
alimentar de seu gado atrelados a pastos com menor valor nutricional, tal como a brisanta e
suplementação alimentar a base de sal mineral, farelo de pão fubá e soja.
Outro ponto a ser considerado, refere-se à composição genética do rebanho.
Geralmente rebanhos com boa procedência genética produzem mais leite. A grande
propriedade visitada tem por proposta de trabalho e objetivo institucional o melhoramento
genético contínuo do gado, investindo em matrizes selecionadas, projeto esse que foram
implantadas desde a aquisição da fazenda por seu atual proprietário, no ano de 2004. Não foi
mencionado em nenhum momento pelos pequenos e médios produtores a aquisição de gado
leiteiro de melhor capacidade produtiva e uma maior concentração de seu rebanho em
determinada raça. Em geral, os pequenos e médios produtores possuem espécies diversas ou
com baixo aproveitamento leiteiro. Verificou-se a existência de várias raças de bovino, tais
como : girolando, ¾, 7/8 e holandesas.
No entanto, nota-se em todas as propriedades visitadas uma melhoria na qualidade no
processo de ordenha do leite e o uso das Boas Práticas de Fabricação, não tendo contato
manual do leite ordenhado e o financiamento aos pequenos e médios produtores de tanques de
expansão alocados em suas propriedades ou em pontos estrategicamente localizados entre
pequenos produtores para que o caminhão isotérmico realize a coleta do leite resfriado. Esses
investimentos proporcionaram melhorias na preservação das qualidades nutritivas do leite,
bem possibilitou a minimização, em função de manutenção da estabilidade de sua
temperatura, preservando características químicas que preservam seu sabor e aroma.
Isso fez com que a empresa estabelecesse um programa de remuneração para uma
melhor qualidade da produção leiteira, onde segundo tabela fornecida pelos produtores, os
mesmos podem receber até 18% a mais sobre o valor de remuneração base estipulado pela
indústria, além de bonificar o produtor que faça maiores produções individuais de leite
mensalmente. A Figura 1 demonstra resumidamente o programa de remuneração, chamado
pelo grupo de “Leite Qualidade”. A pedido do presidente da empresa, suprimimos
logomarcas, bem como seu nome empresarial.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Anteriormente, devido à falta de incentivos do governo do Estado do Rio, as empresas
alocadas no Estado, foram transferindo-se gradativamente para outros pólos industriais, como
Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. O Estado do Rio de Janeiro, a produção foi
quase nula, quando não apresentou decréscimo. O Programa Rio Leite, desenvolvido pela
Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro é
uma boa iniciativa, segundo a visão do presidente da organização, porém considerada tardia,
visto que o Estado perdeu seu “poder de fogo” produtivo.
Segundo a Lei nº. Lei 5.764/71, as empresas que tem seu regime baseado no
cooperativismo, devem destinar 5% de seus ganhos para educação e treinamento de seus
funcionários, através do FATES- Fundo de Assistência Técnica Educacional e Social. Os
recursos têm sido aplicados a contento, como verificou-se nas ações de conscientização e
investimentos nos processos de ordenha.
A melhoria genética, aliada a seleção da alimentação do rebanho torna um diferencial
quantitativo e qualitativo no insumo fornecido.
Nas visitas realizadas às propriedades, alguns pontos das entrevistas são relevantes,
quais são :
- estímulos para produção do leite com melhor qualidade e produtividade;
- implantação de metodologias e ferramentas de apoio ao PAS;
- maior compromisso com a qualidade no manejo do insumo nas propriedades
visitadas, bem como um transporte seguro e eficiente e melhorias nas análises na indústria
beneficiadora;
Ademais, outro fato bem enfatizado pelos produtores são as políticas internas de
incentivo desenvolvidas como estratégia de conceder ao produtor uma melhor remuneração
em detrimento da qualidade do insumo fornecido. Premiar quem produz com mais qualidade
não apenas fideliza o fornecedor à empresa, como condiciona o produtor ao manejo correto de
seu processo de ordenha, independente de seu porte.
A adoção dessas estratégias como, traz consigo um avanço na gestão da qualidade
leiteira na região, visto que o laticínio terá por obrigação manter a política de qualidade
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5. REFERÊNCIAS