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Fundações e Contenções – CCE0194

Capacidade de carga
Fundações diretas – Teoria de Terzaghi
Armando Prestes de Menezes Filho
Teoria de Terzaghi
• Concebida por Terzaghi em 1943;
• É a teoria mais difundida para o cálculo da capacidade
de carga de fundações diretas, uma vez que atende
bem às necessidades dos engenheiros;
• Aplicável a solos de diversos tipos
 Solos coesivos ou mistos (c  0;   0);
 Solos puramente coesivos (c  0;  = 0);
 Solos não-coesivos ou granulares (c = 0;   0);
• Contato base da fundação – solo de fundação:
 Base lisa;
 Base rugosa (caso mais próximo da realidade);
• 2 tipos de ruptura
 Generalizada (ou Geral);
 Localizada .
Teoria de Terzaghi
• Adaptou a solução proposta por Ludwig
Prandtl no caso de identação de metais (a
pressão que um metal mais rígido exerce
sobre um outro metal menos rígido visando
deformá-lo, plastificá-lo);
• Terzaghi estudou o caso de bases lisas (sem
atrito no contato com o terreno de fundação)
e bases rugosas (caso real, em que há atrito
no contato com o solo de fundação);
Teoria de Terzaghi
Hipóteses
1. Fundação tipo sapata corrida, ou seja, o seu
comprimento L é muito maior do que a sua largura B
(L  5B), simplificando o problema para um caso
bidimensional;
2. A profundidade de embutimento da sapata Df é
inferior à sua largura B (Df  B), o que permite
desprezar a resistência ao cisalhamento da camada
de sobrecarga (camada de solo situada entre a cota
de assentamento da sapata e o nível do terreno) e,
assim, substituir esta camada de espessura Df e peso
específico  por um carregamento distribuído de
intensidade q =  Df ;
3. O maciço de solo localizado abaixo da sapata (região
da base) é rígido (pouco deformável), caracterizando
o caso de ruptura generalizada.
Solução de Prandtl
Solução de Prandtl
Identador

Metal a ser Cunha de


deformado estado ativo

Cunha de Cunha de
estado passivo estado passivo

Zonas de cisalhamento radial


Teoria de Terzaghi
• Carga aplicada na superfície do terreno (base
rugosa)
Teoria de Terzaghi
• Carga aplicada à profundidade Df da superfície
do terreno (base rugosa)
Tensão vertical

Recalque
Teoria de Terzaghi
• Expressão de cálculo da tensão de ruptura r
do solo de fundação, localizado abaixo da
sapata, para o caso de uma sapata corrida:

Parcela (termo)
da Parcela (termo) Parcela (termo)
coesão da da
sobrecarga base
Teoria de Terzaghi
• Expressão de cálculo da tensão de ruptura r do solo
de fundação, localizado abaixo da sapata, para o caso
de uma sapata corrida:

• Nc , Nq e N - fatores de capacidade de carga;


• c – coesão do solo da região da base (localizada abaixo
da cota de fundação da sapata);
• B – menor dimensão da sapata;
• q – intensidade do carregamento da região da
sobrecarga q =  Df ( é o peso específico do solo da
região da sobrecarga);
•  - peso específico do solo localizado na região da
base.
Teoria de Terzaghi
• Tensão de ruptura r do solo de fundação,
localizado abaixo da sapata, para o caso de
uma sapata de forma qualquer:

• Sc , Sq e S - fatores de correção de forma da


sapata;
Parâmetros do solo
Pesos específicos aproximados em função
da consistência da argila
Godoy, 1972)
Parâmetros do solo
Pesos específicos aproximados em função
da compacidade da areia
Godoy, 1972)
Parâmetros do solo
Solo puramente coesivo (c  0;  = 0)
Coesão não-drenada (cu)

Teixeira e Godoy, 1996

u
Parâmetros do solo
Solo não-coesivo ou granular (c = 0;   0)
Ângulo de atrito ()

Godoy (1983)

Teixeira (1996)
Parâmetros do solo
Solo coesivo ou misto (c  0;   0)
Bulbo de tensões
• É o lugar geométrico dos pontos de igual tensão
(pressão) vertical em qualquer profundidade;
• A tensão (pressão), em qualquer ponto no interior da
massa de solo limitada por uma dada isóbara (v = z =
constante) é maior que z ; qualquer ponto localizado
externamente à isóbara tem tensão (pressão) menor
que z ;
• As isóbaras podem ser traçadas em número infinito.
No entanto, para efeitos práticos, considera-se que
valores de pressões inferiores a (0,1 0 ) não exercem
mais efeito na deformabilidade do solo de fundação;
• Portanto, a isóbara z = 0,1 0 limita a região do solo
sujeita a deformações.
Bulbo de tensões
Bulbo de tensões (pressões)

Região que sofre a


Influência do Bulbo de tensões
carregamento externo limite
0
Bulbo de tensões
• Profundidade do bulbo de tensões em função
da forma da base da sapata:
Exemplo:
Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação
por sapata, com as seguintes condições do solo e valores
médios no bulbo de tensões:
a. Argila rija com NSPT de 15 golpes;
b. Areia compacta com NSPT de 30 golpes;
c. Areia argilosa com c = 50 kPa e  = 25°.
(50,25)
Influência da posição do
nível d’água freático
• Questão: Como a posição do nível d’água
subterrâneo influencia a capacidade de carga
de uma fundação?
• Análise em 3 posições: 1, 2 e 3.

apl
Posição 1: Profundidade maior que
nB, contado da base

nB
1
Posição 2: Abaixo da base, mas em
profundidade menor que nB

, s

s ,
2

nB
sub , 2
Posição 2: Cálculo do  ponderado

2 2
h
Pond
2 2
’ = SUB = SAT - água

2 2
S SUB

Pond
2 2
Posição 3: na região de sobrecarga, i.é,
entre o NT e a cota de fundação

nB
Posição 3: Cálculo do  ponderado

3 3
h
Pond
3 3
’ = SUB = SAT - água

3 3
S SUB

Pond
3 3
Exemplo:
Calcule a capacidade de carga de um elemento de fundação
por sapata circular, de 3m de diâmetro, assente na cota -1m
de profundidade, em subsolo constituído por areia compacta
de coesão nula e ângulo de atrito de 35 , para a posição do
nível d’água freático nas seguintes cotas:
a. -7m;
b. -5m;
c. -1m;
d. -0,5m;
e. 0,0m (na superfície do terreno).
Solo estratificado
• Normalmente, um maciço de solo sedimentar pode se
apresentar estratificado (várias camadas), cada qual
com espessura e propriedades geotécnicas distintas;
• Se as camadas de solo na região da base são atingidas
pelo bulbo tensões mais externo, então o cálculo da
capacidade de carga da fundação direta deverá levar
em conta estas camadas, deixando de fora aquelas
não atingidas pelo bulbo limítrofe;
• Portanto, para adotar os parâmetros coesão (c), ângulo
de atrito () e peso específico () do maciço de solo
situado sob a base da sapata, deveremos considerar
apenas a espessura atingida pelo bulbo de tensões.
Solo estratificado
• Mecanismo simplificado de propagação de
tensões no solo segundo inclinação de 1:2;
Solo estratificado
• Mecanismo simplificado de propagação de
tensões no solo segundo inclinação de 1:2;

Df

z
Subsolo com 2 camadas
• A segunda camada é atingida pelo bulbo de
tensões;
• A avaliação analítica é complexa;
Df
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
1. Verifica-se, inicialmente, se a segunda
camada é atingida pelo bulbo de tensões. Em
caso negativo, o problema reduz-se ao de
uma única camada;
Df
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
2. Determina-se a capacidade de carga
considerando-se apenas a primeira camada
(r1);
Df
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
3. Em seguida, determina-se a capacidade de
carga para uma sapata fictícia, apoiada no
topo da segunda camada (r2);

Df

z
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
4. Ao comparar os valores de r1 e r2, se
tivermos:
a. r1  r2 , isto significa que a parte inferior da
superfície de ruptura se desenvolve em solo mais
resistente, ou seja, estamos em ambiente de
solo residual;
Pode-se adotar, então, a favor da segurança, um
valor da capacidade de carga do sistema r igual
a
r = r1
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
4. Ao comparar os valores de r1 e r2, se
tivermos:
b. r1 > r2 , isto significa que a segunda camada é
menos resistente que a primeira;
Adota-se uma solução prática aproximada, que
consiste, inicialmente, em obter a média
ponderada dos 2 valores, no interior do bulbo de
tensões r1,2: f D
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
c. Em seguida, verificamos se não haveria antes a
ruptura da 2° camada, na iminência da sapata
aplicar este valor de tensão. Para isso,
calculamos a parcela propagada desta tensão
até o topo da 2° camada ():
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
d. Depois, comparamos  com r2. Se tivermos

  r1,2

e. então a capacidade de carga do sistema r será a


própria capacidade de carga média no bulbo de
tensões r1,2, ou seja:

r = r1,2
Subsolo com 2 camadas
Procedimento prático
f. Caso a verificação não seja satisfeita ( > r2),
será necessário reduzir o valos da capacidade de
carga média, de modo que o valos propagado
 não ultrapasse r2. Para tanto, basta utilizar
uma regra de 3 simples, pela qual a capacidade
de carga do sistema r resulta em:
Exemplo:
Estimar a capacidade de carga de um elemento de fundação
por sapata, com as seguintes condições do solo na segunda
camada:
a. Argila rija com NSPT de 15 golpes;
b. Argila mole com NSPT de 4 golpes.

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