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SCHOLA DIGITAL

2018

Material Didático de Leitura


Obrigatória utilizado na
Disciplina de Materiais de
Construção I – Revisão 00 de
Janeiro de 2018

Materiais de Construção I
Aula 1 – Conceitos Iniciais
UNIDADE 1 – ROCHAS

Unidade 1 – Rochas

Aula 1: Conceitos Iniciais

A história dos materiais de construção acompanha a própria história do homem, pois este
ÍNDICE sempre buscou em casa um local de abrigo e segurança imprescindível à sua sobrevivência e
um ponto de referência fundamental para o seu relacionamento com o mundo. A importância

Materiais de Construção I
dos materiais na história do homem é tal que, nos primórdios, ela foi dividida conforme a
UNIDADE 1 – ROCHAS
predominância do uso de um ou de outro: Idade da Pedra, Idade do Bronze; ou por seus
Aula 1: Conceitos Iniciais............................................................................................................1 melhoramentos: Idade da Pedra Lascada e Idade da Pedra Polida.

Aula 2: Geologia........................................................................................................................10

Aula 3: Pedras Naturais I...........................................................................................................20

Aula 4: Pedras Naturais II..........................................................................................................28 1. Evolução Histórica

UNIDADE 2 – AGREGADOS
A princípio o homem empregava os materiais da forma como os encontrava na
Aula 5: Introdução aos Agregados............................................................................................42 natureza, passando a modelá-los e adaptá-los às suas necessidades. A evolução dos
materiais, inicialmente, se deu a passos lentos. Até a época dos grandes descobrimentos, a
Aula 6: Agregados Miúdos - Areias...........................................................................................51
técnica resumia-se em modelar os materiais encontrados de forma bruta na natureza: a
Aula 7: Agregados Graúdos - Britas..........................................................................................57 pedra, a madeira e o barro, e em menor escala, metais e fibras vegetais. Aos poucos, as

Aula 8: Ensaio de Agregados.....................................................................................................65 exigências do homem foram aumentando e assim, os padrões requeridos para o uso dos
materiais: maior resistência, maior durabilidade e melhor aparência. Como por exemplo, o
UNIDADE 3 – AGLOMERANTES
caso do concreto, que surgiu da necessidade de um material resistente como a pedra, mas
Aula 9: Cimentos I.....................................................................................................................93 de moldagem fácil como o barro, ao que respondeu, inicialmente, a Pozolana, uma mistura
de barro com cal gorda, muito semelhante ao concreto atual. Depois surgiu a necessidade
Aula 10: Cimentos II................................................................................................................103
de estruturas capazes de vencer vãos maiores, ao que se desenvolveu o concreto-ferro, hoje
Aula 11: Cal.............................................................................................................................113 concreto armado. A partir de então, começaram as pesquisas sobre os aços e hoje, tem-se o

Aula 12: Gesso........................................................................................................................120 concreto protendido em diversas estruturas. Ou como os casos das madeiras e rochas, que,
em virtude de suas “imperfeições” naturais e extração limitada, encontram cada vez mais
concorrência com os materiais industrializados – que muitas vezes substituem com
vantagens os elementos naturais.

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Aula 1 – Conceitos Iniciais Aula 1 – Conceitos Iniciais
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 1 – ROCHAS

Através dos anos, os materiais e técnicas de construção foram mudando. Não que o tendendo-se a um conservadorismo no uso de materiais e tecnologias, consequentemente,
processo construtivo esteja relacionado a modismos, mas por causa de uma super oferta de nas inovações construtivas e arquitetônicas. Assim sendo, o profissional da construção
novas tecnologias, que fizeram avançar esta área. Apesar de certos aspectos terem se necessita estar sempre atualizado para poder melhor aproveitar as técnicas mais avançadas,
mantido constantes, outros variaram muito. Enquanto surgiram produtos e processos novos utilizando materiais de melhor padrão e menor custo.
e inovadores, outros se tornaram obsoletos e arcaicos, assim como as necessidades do
homem. 1.1. Como Especificar Materiais

Os materiais ditos de construção, ou seja, os mais brutos que edificam as construções, Alguns conselhos e critérios devem ser utilizados nas especificações materiais aos

não mais se limitam a pedras e tijolos. Os blocos de concreto, painéis pré-moldados e clientes e operação. Dentre eles, podemos destacar as seguintes atitudes:

paredes dry-wall estão substituindo os materiais convencionais, com certas vantagens como
• Usar sempre da maior exatidão possível: definir todos os elementos que
rapidez de execução e racionalização da obra. Ainda mais significativo é o avanço em
possam variar de procedência;
relação aos materiais ditos de acabamento – que revestem e acabam os espaços. Não mais
• Citar dados técnicos do material desejado: mesmo que pareçam óbvios para
se limitam a argamassados/cimentados, cerâmicas, pedras e madeiras. Hoje, a tecnologia
nós, podem não ser para o construtor;
avança com rapidez. Os materiais são simples ou compostos, obtidos diretamente da
• Nomear o material e também: a classificação, o tipo, a dimensão desejada,
natureza ou elaborados industrialmente. A gama de opções para os diversos usos é variada,
cor, textura, padrão e, eventualmente, a procedência (marca);
assim como as propriedades e variedades de um mesmo material.
• Não esquecer nenhum material;

Para os profissionais e estudantes da construção civil, o conhecimento dos materiais e • Rever catálogos dos materiais especificados: e estar sempre atualizado;

suas propriedades são imprescindíveis para a orientação da escolha entre eles. A economia • Organizar um guia para especificações, a fim de não esquecer detalhes como
em uma obra depende muito da correta especificação dos materiais, da relação custo- rodapés, ferragens, etc.
benefício, a médio e longo prazo. O conhecimento detalhado do material especificado é
1.2. Normatização dos Materiais de Construção
fundamental para a argumentação do profissional para a sua escolha. A opção por um ou
outro material pode até mesmo definir a conceituação de seu projeto: a forma, o uso e a
Existem normas para regulamentar a qualidade, a classificação, a produção e o
função de um espaço estão diretamente relacionados ao tipo de material que irá compor
emprego dos diversos materiais, unidades de medida e comercialização. Em cada país
este ambiente.
existem órgãos responsáveis pela elaboração de normas que padronizem as especificações
de materiais processo de fabricação, acabamento, forma e dimensões, composição química,
Para os consumidores finais destes produtos, os contratantes dos serviços e usuários
propriedades físicas, ensaios, etc. No Brasil este órgão se chama Associação Brasileira de
dos espaços, o desconhecimento sobre os novos materiais – de suas reais propriedades,
Normas Técnicas ABNT. Alguns exemplos de entidades com este objetivo, mas específicas
quando comparados aos tradicionais – gera insegurança e, até mesmo certo descrédito.
de algum material são:
Muitas vezes, este opta por manter o convencional, ao contrário de arriscar algo que não
conhece, ou não encontra informações precisas e imparciais a respeito.
• ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland;

Quando, por desconhecimento do profissional, os materiais são mal empregados ou • IBC Instituto Brasileiro do Concreto IBP Instituto Brasileiro do Pinho;

especificados erroneamente para o uso, acabam gerando gastos maiores, prejudicando a • ABRAGESSO Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas de Gesso;

durabilidade e funcionalidade dos espaços que compõem, chegando ao extremo de causar • ABRALISO Associação Brasileira dos Fabricantes de Lãs Isolantes Minerais;

patologias incuráveis, senão pela remoção deste material. Estes fatos acabam por prejudicar • CBCA Centro Brasileiro da Construção em Aço.

a imagem do profissional, muitas vezes visto como desconhecedor dos materiais. Ou ainda,
de gerar o descrédito do usuário no material que foi erroneamente utilizado para tal uso.
Esta falta de embasamento acaba, muitas vezes, por inibir o uso de novos materiais,

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As entidades normatizadoras dos vários países são coordenadas pela ISO (International deve seguir uma conceituação de projeto, uma proposta geral. Não apenas o gosto isolado
Organization for Standradization) e por comitês continentais como a COPANT (Organização por um elemento/material. O material será escolhido, esteticamente, de acordo com o que
Pan-Americana de Normas Técnicas). se propõe no projeto. Por exemplo: Será utilizado piso de tábua corrida na sala, porque se
propõe um ambiente sofisticado e, ao mesmo tempo aconchegante. Desta forma,
As normas, porém, não são estáticas. Vão sendo aperfeiçoadas e alteradas com o descartaram-se opções por pisos cerâmicos ou pedras, que são pisos frios. A madeira
tempo, acompanhando a evolução e a técnica. E ainda, alguns materiais novos no mercado, adequa-se a esta proposta, porque é um material nobre e resistente. O tipo de madeira
ainda não possuem normas de controle de qualidade. E também, nem todos os produtos escolhido foi o marfim, porque é uma madeira clara, que ampliará o ambiente. As respostas
que estão no mercado são certificados, o que não lhes garante estar atingindo os padrões como: porque cai bem, fica bonito ou é charmoso não são aceitas como justificativas
mínimos de qualidade estabelecidos pela norma. É nosso dever especificar e orientar para estéticas para o uso de um material.
que se adquiram os produtos que garantam a qualidade de nossas obras.

2. Propriedades dos Materiais


1.3. Critérios de Escolha

Quando se fala em propriedades dos materiais, levam-se em conta os tipos de ações a


Os critérios podem ser divididos em três grupos principais, sendo eles apresentados a
que estarão sujeitos. Variam desde esforços mecânicos até seus comportamentos perante
seguir.
uma intempérie, por exemplo. As principais são:
1.3.1. Critérios Técnicos
• Dureza: pode ser explicada como a resistência a qual um material tem de
Devem considerar as exigências do local em que o material será aplicado e verificar as aguentar o entalhe (risco), também indica o quanto à superfície é resistente a
propriedades dos materiais disponíveis tem que haver compatibilização entre estes fatores. impactos;
Por exemplo, em áreas úmidas (banheiros, cozinhas, saunas), necessita-se material que não • Tenacidade: é a capacidade que o material tem para absorver impactos –
sofra deformações excessivas pela umidade, que seja resistente a umidade, que seja impacto é um carregamento de curta duração (instantânea) ao qual o corpo é
impermeável; em áreas de grande tráfego de pessoas, escolher para piso material resistente submetido;
à abrasão (desgaste) e resistente a riscos (dureza); para revestimento de fachadas, o • Plasticidade: propriedade de um alterar de forma, sem que o mesmo consiga
material deve ser resistente aos agentes atmosféricos (chuva, vento, diferenças bruscas de voltar ao seu estado normal após ser submetido a um esforço;
temperatura, raios solares, etc.). • Durabilidade: é o tempo de vida útil do material ou o quanto ele pode durar;
• Desgaste: é um processo sofrido pelos materiais através do qual vão
1.3.2. Critérios Econômicos
perdendo a sua resistência; um exemplo é o seu próprio uso cotidiano;
• Elasticidade: é a propriedade que permite que ele deforme e volte a seu
Devem considerar a natureza da obra tipo (residencial, comercial, pública, privada), os
estado normal ou de origem (estado primeiro);
recursos disponíveis, as prioridades definidas (relação custo-benefício, economia em longo
prazo, custos de manutenção). Se a obra tem orçamento limitado, se exige materiais mais • Ductilidade: quantia de alongamentos antes da ruptura de um corpo quando

baratos ou que não exijam gastos com manutenção (exemplo: uma parede revestida de esta sofrendo deformação plástica;

cerâmicas, inicialmente será mais cara, mas não terá gastos com pinturas para • Porosidade: Pode ser definida como a relação entre o volume de poros no

manutenção); ou pode-se abusar nos custos, então, este critério não é o principal. material (vazios) e o volume total do material (incluindo o volume de poros).
é expressada em %:
1.3.3. Critérios Estéticos
𝑉𝑉
𝜂= . 100%
Este fator é, de certa forma, mais subjetivo que os outros dois. Depende do gosto de 𝑉𝑇
quem está especificando. Mas não somente disso. Para que tenha um peso considerável,

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 1 – ROCHAS

✓ A porosidade também pode ser dimensionada relacionando-se as 2.1. Absorção D’água


densidades do material:
𝐷𝑎𝑝
𝜂 = (1 − ) . 100% Determinada pela porosidade do material. Influi diretamente na sua resistência
𝐷𝑟𝑒𝑎𝑙
Onde: mecânica (ou seja, módulo de resistência à flexão, carga de ruptura, resistência ao impacto)
𝐷𝑎𝑝 é a Densidade Aparente, sendo esta a relação entre a massa e resistência ao gelo.
do material e o volume total (incluindo o volume dos poros);
𝐷𝑟𝑒𝑎𝑙 é a Densidade Absoluta, sendo esta a relação entre a massa
do material e o volume do material (não inclui o volume de
poros).

• Permeabilidade: está relacionada com a passagem de gases ou líquidos


através dos poros do material e resulta da interconexão entre os poros. A
permeabilidade depende do estado físico (gás ou líquido) do fluido e de suas
propriedades moleculares. Grandes moléculas, por exemplo, têm acesso mais
limitado aos vazios menores;
• Absorção: Relaciona-se com os vazios que têm comunicação com o exterior. É
2.2. Módulo de Resistência à Flexão
o processo físico pelo qual o concreto retém água nos poros e condutos
capilares e Indica diferenças de pressão ou de concentração de substâncias Capacidade do Material possui de romper sem ceder. Quanto menor a absorção
em diferentes meios. d’água (porosidade), maior o módulo de resistência.

As propriedades físicas quais os materiais estão expostos e que influenciam nas


propriedades supracitadas serão expostas a seguir.

2.3. Resistência à Ruptura

É a carga máxima que suporta o material quando flexionada sem fissurar. Depende do
material e das dimensões da peça.

2.4. Deformações (Expansão ou Retração)

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Aula 1 – Conceitos Iniciais Aula 1 – Conceitos Iniciais
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 1 – ROCHAS

Máxima alteração em suas dimensões quando sujeitos à umidade, variação de


temperatura ou esforços deformantes.

2.5. Resistência ao Gelo

Vinculada à absorção d’água devido esta aumentar de volume quando congelada.


Quanto menor a absorção de água, maior a resistência ao gelo.
2.8. Resistência a Riscos

2.6. Resistência à Variação Térmica (choque térmico)


Também uma propriedade muito vinculada às cerâmicas, alguns metais e polímeros, é

Capacidade de resistir a variações bruscas de temperatura sem apresentação de danos. a propriedade de dimensão da dureza dos materiais. Por exemplo, a areia (mais dura)

Estes ensaios consistem em alterar várias vezes a temperatura que se sujeita o material em riscando o esmalte de um piso (menos duro).

um grande gradiente e analisar, posteriormente, fissuras ou demais alterações.

2.7. Resistência à Abrasão

Vinculado à dureza do material. Por exemplo, em cerâmicas, é a capacidade de


suportar ao trânsito de pessoas sem desgastar-se (este índice se chama PEI e será estudado
em outra disciplina).

Ba s ea do e a da ptado Verços a
(2000), Bl a ckburn (1989), Prof. Ms c.
Ma ya ra Quei roz Mora es . Edi ções
s em prejuízo de conteúdo.

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Aula 2 – Geologia Aula 2 – Geologia
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

fragmentos citados anteriormente são transportados para outros locais e dão origem a
Aula 2: Geologia
outros tipos de rochas e solos.

Além dos processos naturais, existem os processos artificias de transformação,


desencadeados pelas ações humanas. Entre essas medidas que provocam transformações
Nosso planeta, a Terra, existe a aproximadamente 4,5 bilhões de anos e trabalha como um
na composição e estrutura da crosta terrestre, podemos citar a modificação do regime de
sistema de muitos componentes interativos, tanto sob sua superfície como em sua atmosfera
escoamento, infiltração e evapotranspiração da água e das chuvas, a aceleração de
e em seus oceanos. A Geologia é uma ciência que estuda como estas interações atuam na
processos erosivos, desertificação e salinização de aquíferos, o uso de insumos e
formação de rochas e solos, observando como estes processos ocorrem atualmente e inferindo
fertilizantes agrícolas, desmatamento e aumento da produção de sedimentos, garimpagem
com o que se observa no registro geológico. Alguns processos ocorrem lentamente como os
e extração de minerais, produção de rejeitos que liberam elementos tóxicos, entulhamento
depósitos dos sistemas fluviais, ou de forma súbita como a explosão de um vulcão.
de vales, produção de energia, nas mais diferentes formas, com geração de impactos
ambientais.

1.2. Estruturas Geológicas


1. Introdução
Podemos identificar no mundo três estruturas geológicas. As grandes estruturas
A geologia é a ciência que estuda a origem, os processos de formação, a estrutura e a geológicas do globo são resultantes da atuação de fatores endógenos (do interior da crosta)
composição da crosta terrestre. Uma parte da geologia estuda os processos de formação como o vulcanismo, abalos sísmicos ou terremotos e movimentos tectônicos: dobramentos,
das rochas, os quais, em sua maioria, são resultado do embate das forças da natureza que que ocorrem por pressões laterais na crosta terrestre em rochas com plasticidade, e os
podem ser provenientes da dinâmica interna ou externa da Terra. Como exemplo da falhamentos geológicos, por pressões verticais em rochas mais duras. Além disso, a atuação
dinâmica interna da Terra, temos a atividade dos vulcões e terremotos que surgem, entre de fatores exógenos (que atuam na superfície) como os ventos, geleiras, chuvas, rios,
outras razões, da necessidade de acomodação entre as camadas da Terra marcadas por contribuem para definir as formas do relevo. As rochas, uma vez expostas na superfície, são
descontinuidades entre si, conforme é representado de forma simplificada na Figura. alteradas pelo intemperismo físico (variação térmica), intemperismo químico (atuação da
água) e biológico (seres vivos). A camada de alteração superficial das rochas chama-se
manto ou regolito e a evolução desse processo dá origem aos solos. São elas:

• Dobramentos modernos: no Período Terciário da Era Cenozóica, violentas


pressões sobre a crosta terrestre dobraram rochas plásticas formando
montanhas que, agrupadas, deram origem às cordilheiras;
• Escudos Cristalinos: muito antigos (Era Précambriana), formados por rochas
cristalinas, formam a base rochosa dos continentes. São estruturas resistentes
e estáveis que originam os núcleos cristalinos quando surgem na superfície;
• Bacias Sedimentares: áreas antigamente rebaixadas que foram preenchidas
por sedimentos. As Bacias mais antigas (Paleomesozóico) podem ter sido
A dinâmica externa envolve processos como o de erosão e sedimentação. Um exemplo soerguidas e erodidas aparecendo em planaltos, enquanto as mais jovens
é a formação de rochas e solos por processos erosivos, onde uma rocha se desfaz em (Cenozóico) formam planícies ou aparecem em depressões.
partículas de minerais e fragmentos devido à ação de componentes químicos da atmosfera,
condições climáticas e atuação de organismos. Devido a mecanismos de erosão, os

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Aula 2 – Geologia Aula 2 – Geologia
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

1.3. Tempo Geológico • Composição mineralógica: refere-se aos minerais que compõem cada rocha;
• Textura: é o modo como os minerais estão distribuídos;
Dá-se segundo a tabela abaixo.
• Estrutura: refere-se à homogeneidade ou heterogeneidade dos cristais
constituintes.

Como o foco é a aplicação das rochas de forma correta, não será aprofundada a
análise destes três tópicos, porém, é interessante conhecer alguns dos principais minerais
que compõem as rochas se irão estudar.

2.1. Minerais

Os minerais são definidos como substâncias sólidas, naturais, inorgânicas e


homogêneas, que possuem composição química definida e estrutura atômica característica.
São compostos químicos resultantes da associação de átomos de dois ou mais elementos. A
composição de uma rocha quanto aos minerais nela presentes é determinada com o auxílio
da análise petrográfica.

A seguir são apresentados, de forma resumida, os principais minerais que compõem as


rochas mais utilizadas como material de construção e suas características:

• Caulinita: é o principal componente de argilas. Sua massa específica é de 2,6 e


sua dureza é de 1;
• Feldspato: é o material mais abundante na natureza. Apresenta-se nas cores
branca, cinza, rosa e avermelhada. Possui massa específica entre 2,55 e 2,76 e
a dureza é de aproximadamente 6. Está presente na constituição de rochas
ígneas (granito), sedimentares (arenito) e metamórficas (gnaisses);
• Quartzo: é um dos minerais mais comuns na natureza. Possui as cores incolor,
2. Rochas
leitosa e cinza, Sua dureza é 7 e a massa específica é de 2,65. Está presente na
composição das rochas ígneas (granito), sedimentares (arenito) e
Direcionando o estudo para as rochas como parte das Construções, podemos destacar
metamórficas (quartzitos, gnaisses);
duas finalidades das mesmas:
• Mica: possui composição química complexa. Possui dureza de 2 a 3 na escala
• Local de instalações de obras: as rochas podem ser utilizadas como fundações Mohs;
de obras, como material de base para túneis, galerias, entre outros. • Calcita: mineral solúvel em meio ácido. Apresenta cores incolor e branca. Tem
• Material de construção: materiais como pedras brita, areia, componentes de massa específica de 2,7 e dureza 3. Está presente nas rochas sedimentares
misturas cerâmicas, pedras para revestimento, matérias-primas da cal e do (calcário) e metamórficas (mármores);
cimento, são originários de rochas estudadas pela geologia; • Dolomita: mineral menos solúvel em meio ácido que a calcita. Apresenta cor
branca e dureza de 3,5. Compõe as rochas sedimentares (calcários
Independente da área de aplicação, cada rocha tem características próprias que dolomíticos) e metamórficas (mármores dolomíticos).
influenciam no seu comportamento. Entre as principais podemos citar:

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

2.2. Formação e Classificação das Rochas 2.2.3. Rochas Metamórficas

Uma rocha é definida como um corpo sólido natural, resultante de um processo Resultam de outras rochas pré-existentes que, no decorrer dos processos geológicos,

geológico determinado, formado por agregados de um ou mais minerais arranjados, sofreram mudanças mineralógicas, químicas e estruturais, que provocaram a instabilidade

segundo condições de temperatura e pressão existentes durante sua formação. De acordo dos minerais, os quais tendem a se transformar e rearranjar sob novas condições.

com o processo de formação, podemos classificar as rochas das maneiras a seguir.


Como exemplos de rochas metamórficas podemos citar: gnaisses, quartzitos,
2.2.1. Rochas Ígneas ou Magmáticas mármores, ardósias, entre outras.

Resultam da solidificação do magma. Quando formadas em profundidade (dentro da


crosta) são chamadas de rochas plutônicas ou intrusivas e neste caso são formadas por uma
estrutura cristalina e apresentam textura de graduação grossa. Caso sejam formadas na
superfície terrestre pelo extravasamento de lava por condutos vulcânicos são chamadas de
rochas vulcânicas ou extrusivas e são caracterizadas por uma estrutura que pode ser vítrea
ou cristalina e apresentam textura com graduação fina.

Em geral, apresentam melhor comportamento geomecânico que as demais rochas e


são as mais utilizadas na construção civil. Por serem mais resistentes, são mais abrasivas, o
que pode causar desgaste nos equipamentos utilizados para trabalhar esse tipo de rocha.
Como exemplos desse tipo de rochas, podemos citar os granitos, basaltos, dioritos, entre
outras.

2.2.2. Rochas Sedimentares


2.3. Desintegração e Decomposição das Rochas
São resultantes da consolidação de sedimentos, ou seja, formam-se a partir de
partículas minerais provenientes da desagregação e transporte de rochas pré-existentes. Todas as rochas se alteram, mas a maneira e a taxa em que isso ocorre é variável e são

Geralmente são rochas mais brandas, isto é, com menor resistência mecânica. Constituem quatro os fatores que a controlam:

uma camada relativamente fina (aproximadamente 0,8 km de espessura) da crosta


• Propriedades da Rocha-Matriz: os minerais que compõem a rocha alteram-se
terrestre, que recobre as rochas ígneas e metamórficas.
em taxas diferentes, por exemplo, o quartzo leva mais tempo para se

O processo de formação das rochas sedimentares pode ser dividido em duas etapas: desagregar do que a calcita, por isso rochas como o granito levam mais tempo

quando ocorre a deposição, ou seja, o arranjo dos fragmentos de rochas em camadas para se decompor do que o calcário. A estrutura da rocha também influência

diferentes, temos as rochas primárias e o processo é de origem mecânica. Após a deposição, sua suscetibilidade de fragmentar-se. O granito, maciço, não tem planos de

ocorre um processo de origem química, onde há transformação de sedimentos em rochas fraqueza, podendo permanecer sem grandes alterações por séculos;

por meio de um conjunto de processos químicos e físicos, que ocorrem em condições de enquanto o folhelho, que é uma rocha sedimentar, apresenta planos de

baixas pressões e temperaturas, conhecido por diagênese. Nessa etapa, a rocha é chamada acamamento e pode romper-se facilmente ao longo destes planos;

de secundária. • Clima: chuvas intensas e a alta temperatura aceleram a degradação da rocha,


em climas frios a água não pode dissolver os minerais porque está congelada,
Como exemplos de rochas sedimentares podemos citar: arenitos, calcários, carvão, no entanto pode acentuar o intemperismo mecânico, por exemplo, a água
entre outras. congelada pode atuar como uma cunha abrindo fissuras na rocha;

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Aula 2 – Geologia Aula 2 – Geologia
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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

• Presença ou ausência de solo: uma vez iniciada a formação do solo, ele A ação do intemperismo, responsável pela formação do solo, pode ser física
funciona como um agente geológico que acelera a alteração da rocha. O solo (desagregação física por ação da temperatura, do calor, por atividade química) ou química
retém a água da chuva e diversos vegetais, bactérias e outros organismos. (decomposição química por oxidação, carbonatação, hidratação). A desagregação física gera
Estas formas de vida juntamente com a umidade alteram e dissolvem os os pedregulhos e as areias, enquanto que os siltes e as argilas são formados por
minerais que compõem a rocha. Raízes e cavidades feitas pelos organismos decomposição química.
aceleram a sua degradação física, criando fraturas na rocha e
consequentemente, fragmentando-a em pequenos pedaços. Estes 2 Pode-se fabricar um solo, caso necessário, bastando para isto que se conheça as

processos, químico e mecânico, atuando na rocha leva a formação de mais características do solo que será preciso e das jazidas de empréstimo (locais de onde serão

solo; retiradas as frações a serem utilizadas na mistura).

• Tempo de exposição: quanto maior o tempo de exposição da rocha à


atmosfera maior e sua decomposição física e química, criando uma camada
de solo, que pode variar de alguns milímetros até alguns metros sobre a rocha
sã.

3. Solos

Para que se possa iniciar o estudo do solo como material de construção, é necessário 3.2. Tipos de Solos quanto à Origem
que se saiba diferenciar o que é com certa frequência chamada, em construção, terra crua
3.2.1. Residual
daquilo que é denominado terra cozida (terracota). Em ambos os casos, está se falando em
elementos construtivos cujo material básico é o solo, só que quando se fala em terra crua
É o solo que permanece no mesmo lugar de sua formação, ou seja, sobre a rocha-mãe
estamos nos referindo a elementos construtivos elaborados com solo não submetido a
que lhe deu origem. É bastante comum no Brasil. Como exemplo, podemos citar a terra-
processo de transformação pelo fogo. Assim sendo, construções ditas em terra crua são
roxa, encontrada sobre basalto (região Centro-sul do Brasil) e o massapê, encontrado sobre
aquelas em que o solo é utilizado de maneira que adquira consistência sem que haja a
folhelho (Recôncavo baiano).
queima.

3.2.2. Sedimentar ou Transportado


3.1. Formação e Origem
É aquele solo que, após a sua formação, é removido da superfície da rocha matriz por
Chamamos de rocha o agregado natural constituído por um ou mais minerais. A crosta
ação de algum agente transportador. Pode receber denominações variadas, a depender
da Terra é formada por rochas. Através de fatores diversos, tais como da ação do
exatamente do meio de transporte que o deslocou. A homogeneidade dos solos
intemperismo (agentes atmosféricos e biológicos), de animais e vegetais e de práticas
sedimentares e o tamanho e a forma das suas partículas estão condicionados à capacidade
agrícolas, a rocha se desagrega e/ou se decompõe, originando o solo.
(intensidade) de transporte dos agentes.

O solo é, pois, um material denso e resistente (constrói-se sobre ele, melhor estudado
na disciplina de Mecânica dos Solos e Fundações, onde todos os conceitos apresentados
aqui serão revisitados) composto por uma mistura natural de diversos minerais, às vezes
contendo matéria orgânica, que pode ser escavado simplesmente com equipamentos
manuais ou mecânicos pouco sofisticados.

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Aula 2 – Geologia Aula 2 – Geologia
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

Exemplos de solos sedimentares: areia de dunas, solo de leito de rios, loess (depósito classificação do DNER), porém pouca ou nenhuma plasticidade e
eólico, fino e homogêneo, siltoso), bacia sedimentar do Recôncavo. baixa resistência após secagem;
✓ Argilas: apresentam granulação muito fina (inferior a 0,02 mm,
3.2.3. Orgânico
segundo a ABNT; menor que 0,005 mm, de acordo com o DNER),
plasticidade marcante e elevada resistência (quando secas). A fração
É formado pela mistura de sedimentos preexistentes e restos de animais ou vegetais.
argila é a mais ativa dos solos.
Um exemplo bem caraterístico é a turfa, que é um solo que apresenta uma quantidade
muito grande de matéria orgânica vegetal.
Existem diversos outros tipos de classificação dos solos, porém, para o estudo na
construção, estas são suficientes. O assunto será aprofundado na disciplina Mecânica dos
3.3. Tamanho e Forma das Partículas
Solos e em Materiais de Construção II, onde serão abordados os materiais cerâmicos.

A depender do tamanho das partículas, podemos saber se elas foram decorrentes de


intemperismo químico ou físico.

• •Partículas com dimensões de até cerca de 0,001 mm: intemperismo físico;


• •Partículas menores do que 0,001 mm: intemperismo químico.

Assim, de acordo com o tamanho de suas partículas, os solos podem ser classificados
em:
• Solos Grossos: apresentam grande percentagem de partículas visíveis a olho
nu (∅ > 0,075 mm), com formas variadas (angulosas, arredondadas,
poliédricas). O comportamento destes solos é determinado basicamente pelo
tamanho de suas partículas. São compostos por:
✓ Pedregulhos: com dimensões maiores do que 2,0 mm (ABNT) ou 4,78
mm (DNER), consistem em acumulações incoerentes de fragmentos
de rocha. São normalmente encontrados nas margens dos rios em
depressões preenchidas por materiais transportados pelas águas
fluviais;
✓ Areias: suas dimensões variam entre 2,0 mm e 0,06 mm (ABNT) ou
4,78 mm e 0,075 mm (DNER). São ásperas ao tato e não apresentam
plasticidade.
• Solos Finos: Suas partículas têm dimensões menores do que 0,06 mm (ABNT)
ou 0,075 mm (DNER). Possuem formas lamelares, fibrilares, tubulares ou
aciculares, de acordo com o mineral presente. O comportamento destes solos
é definido pelas forças de superfície (moleculares, elétricas) e pela água, à
qual têm afinidade. Compõem-se de:
✓ Siltes: possuem granulação fina (entre 0,06 mm e 0,02 mm,
conforme a ABNT; entre 0,075 mm e 0,005 mm, segundo a Ba s ea do e a da ptado de Cybèl e
Cel es tino Sa ntia go, Sa bri na
El i cker Ha gema nn. Edi ções s em
prejuízo de conteúdo.

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Aula 3 – Pedras Naturais I Aula 3 – Pedras Naturais I
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

1.2. Durabilidade
Aula 3: Pedras Naturais I
A durabilidade é a capacidade que tem o material de manter suas propriedades e
desempenhar sua função no decorrer do tempo, dependendo de várias características entre
elas a porosidade, a compacidade e a permeabilidade. A compacidade é o volume de sólidos
O uso das pedras naturais na construção teve início há milênios. O Egito abriu as primeiras
na unidade de volume da rocha natural e pode ser medida pela relação entre a massa
pedreiras para a extração de blocos de calcário e sienito para a construção das pirâmides,
específica aparente e a massa específica absoluta. A massa específica aparente, como visto
marco histórico da civilização. Na Grécia Antiga e no Império Romano, por exemplo, prédios,
na aula anterior, é a relação entre a massa de um material e seu volume aparente (volume
monumentos, esculturas, estradas, viadutos e portos eram construídos com diferentes tipos
real do material somado ao volume de vazios incorporado ao material) e a massa específica
de rochas ornamentais, como o mármore, arenito e granito. Muitas destas obras perduram
absoluta é a relação entre a massa e o volume real do material. A porosidade é a relação
até hoje, devido à durabilidade e resistência desses materiais. Sabe-se que as rochas são
entre o volume de vazios e o volume total da pedra e a permeabilidade é uma medida
elementos de larga aplicação em obras de engenharia, tais como fundações, túneis, pontes e
indireta da ligação entre esses vazios, que permite a entrada de gases e líquidos na massa
tantos outros revestimentos. Cada tipo de rocha, em si, possui características particulares que
de rocha. Portanto, quanto mais permeável é uma rocha, mais suscetível está à ação de
devem ser analisadas para definir a melhor escolha para cada finalidade a fim de se executar
agentes agressivos. Em regiões de baixas temperaturas a água absorvida pela pedra pode
o processo com o menor custo, a maior segurança e não menos importante, a melhor
congelar e, o aumento de volume consequente da transformação de água em gelo, pode ser
qualidade do trabalho final.
prejudicial à durabilidade da pedra. Por outro lado, uma porosidade adequada melhora a
aderência da pedra à argamassa de assentamento. A durabilidade também está relacionada
à alterabilidade da pedra, ou seja, a modificação de suas caraterísticas e propriedades por
agentes agressivos, que pode prejudicar o desempenho do material.
1. Características das Pedras Naturais
1.3. Trabalhabilidade
A escolha de uma rocha natural como material de construção depende de diversos
fatores dentre os quais podemos destacar os critérios técnicos e econômicos. Os critérios É a facilidade de moldar a pedra de acordo com o uso. Depende de fatores como a
econômicos referem-se ao custo do material e a sua disponibilidade no local ou próximo ao dureza e da homogeneidade da rocha. Como visto anteriormente, a dureza é a resistência
local de utilização. Os critérios técnicos referem-se às caraterísticas que o material possui ao risco ou ao corte e no caso da trabalhabilidade das rochas indicará o meio de corte mais
que atendem às finalidades da aplicação pretendida. Para definir se uma rocha é ou não adequado. Peças mais brandas podem ser cortadas com serras de dentes enquanto peças
adequada a determinado uso, precisamos analisar suas propriedades e, para isso, é mais duras demandam corte com diamante. Segundo autores, uma rocha homogênea é
necessário conhecer as principais propriedades das pedras naturais e como influenciam nas aquela que apresenta as mesmas propriedades em amostras diferentes e que ao choque do
caraterísticas do material. Além da composição mineralógica, textura e estrutura vistas martelo se quebra em pedaços e não em grãos, como ocorre nas rochas não homogêneas.
anteriormente na aula anterior, citam-se as seguintes propriedades como algumas das Dessa forma, a homogeneidade permite a obtenção de peças com formatos adequados.
principais.
1.4. Estética
1.1. Resistência Mecânica
Depende da textura, da estrutura e coloração da pedra, características que estão
Definida como a resistência que a pedra oferece ao ser submetida aos diferentes tipos relacionadas aos minerais que compõem a mesma.
de esforços mecânicos, como compressão, tração, flexão e cisalhamento, além da
resistência ao desgaste e ao choque (tenacidade). De maneira geral, as pedras naturais
resistem melhor à compressão do que aos demais esforços.

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UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

1.5. Demais Propriedades Físicas Relevantes acabamento superficial, cor, textura, resistência física e mecânica, facilidade
de reposição, material antiderrapante, entre outras características.
Além das supracitadas, tal quais rochas como são, outras propriedades fundamentais a • Pavimentação: garantindo melhor resistência em relação a cargas pesadas e
serem consideradas das pedras naturais que devem ser relembradas são: menor custo de manutenção, a principal pedra utilizada é o granito. Por
utilizar-se em forma de paralelepípedos, pode ser favorável em áreas onde
• Estrutura (propriedade relacionada com o aspecto granular da pedra);
deseja-se reduzir a velocidade dos automóveis.
• Fractura (permite verificar a habilidade que a pedra oferece para ser
trabalhada); Todas as rochas podem ser usadas em nestas etapas da construção civil, mas cada uma
• Homogeneidade (caracterizada pela presença das mesmas propriedades em tem um propósito. Segundo autores, o material diferencia-se pelo tipo de solo em que foi
diversas amostras da mesma pedra); constituído, pelos minerais de sua composição e ainda pelo processo geológico em que foi
• Dureza; submetido. “São essas variações que determinam como as rochas devem ser aplicadas”,
• Aderência às argamassas (depende também da natureza do ligante); esclarecem os profissionais.
• Porosidade (quanto menor a porosidade, maior será a durabilidade);
• Baridade (também denominado como densidade aparente é o quociente do Existe o alerta ainda que a utilização inadequada do material pode levá-lo ao desgaste

peso da pedra pelo seu volume. Quanto maior a baridade, maior a resistência precoce e a prejuízos econômicos. Por isso, é importante considerar o meio físico e as

à compreensão); recomendações de uso para cada tipo de rocha.

• Higroscopicidade;
2.1. Manutenção
• Condutibilidade Térmica.

Por geralmente apresentarem a face polida, os mármores e os granitos são de fácil


2. Generalidades das Pedras Naturais limpeza. Se a sujeira for fina como, por exemplo, a poeira do dia a dia, basta removê-la com
um pano umedecido. Se as partículas forem maiores, use uma vassoura macia antes. Agora,
As pedras naturais, largamente aplicadas na construção civil, são apreciadas por
se necessitar de uma limpeza pesada, procure lavar essas áreas com água diluída em xampu
satisfazer ao mesmo tempo requisitos como resistência e aspecto estético. De maneira geral
ou detergente de PH neutro. Jamais utilize produtos abrasivos ou com princípio ativo forte,
as pedras naturais podem ser utilizadas para funções estruturais e fundações, para funções
tais como sapólio, água sanitária, amoníaco, hipoclorito de sódio, soda cáustica, querosene
de revestimento (como por exemplo, revestimento de coberturas, paredes e pavimentos),
ou ácidos cítricos. Eles podem danificar permanentemente a pedra. Pela natureza porosa
além de funções ornamentais.
dessas rochas, elas também estão sujeitas a manchas. Portanto, atenção com refrigerantes,
Algumas de suas principais aplicações são: óleos em geral, vinho, ferrugem e produtos com corantes, pois podem prejudicar sua
aparência de forma irreversível.
• Paredes: das pedras naturais mais usadas no revestimento de paredes,
podemos citar a ardósia, granitos, calcários e arenitos. As pedras são Ainda sobre mármores e granitos, os pisos que levam esses materiais devem ser
geralmente aplicadas em forma de filetes, pedras irregulares e pedras limpos assim que possível, já que a areia ou sujeira do chão podem arranhar a pedra com o
serradas. No momento da aplicação é importante constatar que a argamassa tráfego de pessoas. Quanto às demais rochas, de maneira geral, devem receber os mesmos
a ser utilizada para o assentamento não possua características que podem cuidados que os mármores e granitos, mas são mais resistentes.
acabar manchando as pedras, além de ser anticorrosiva. Em locais que
tenham contato com áreas úmidas, deve-se evitar usar pedras porosas. 2.2. Sustentabilidade
• Pisos: para pisos, a escolha de cada tipo de rocha vai depender de vários
fatores, como o local (interno ou externo), características de uso, resistência à O setor das rochas ornamentais é fiscalizado pelos organismos nacionais de controle
da mineração e ambiental, que são excessivamente rígidos. No tocante à industrialização, os
abrasão, insolação, chuva, névoa, trânsito de pedestres ou veículos,

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Aula 3 – Pedras Naturais I Aula 3 – Pedras Naturais I
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

produtos obedecem a arcabouços de normalização em seus respectivos países. No Brasil, 3. Principais Pedras Naturais e sua Utilização
com a criação da CEE-187 no âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
está se ampliando o conjunto de normas brasileiras para que preencham os parâmetros 3.1. Granitos
mínimos, tanto para manter a qualidade dos produtos, como sua competitividade,
O Granito é uma rocha ígnea que, devido a seu processo de formação, é classificada
Para ter a compreensão do que é natural ou artificial, é necessário ter o conhecimento como uma rocha plutônica. É composto principalmente de quartzo, feldspato e minerais
específico da matéria ou buscar orientação com profissionais que lidam com esses ferro-magnesianos e as tonalida-des de cor variam de cinza a rosa/avermelhada. Como
produtos. Normalmente, os materiais artificiais imitam os desenhos dos naturais e, para principais caraterísticas da rocha, podemos destacar a homogeneidade, a isotropia (mesmas
essa finalidade, dispõem de técnicas bastante sofisticadas, mas que são facilmente propriedades independente da direção dos minerais), alta resistência à compressão e baixa
reconhecíveis por especialistas da área. porosidade.

2.3. Mercado Na construção civil é utilizado na confecção de fundações (em forma de bloco), de
muros, calçamentos, como agregado para concreto e rocha ornamental em pisos, paredes,
A ABNT lançou nova versão da norma de terminologia para rochas ornamentais e tampos de pias, lavatórios, bancadas e mesas, e em detalhes diversos. A fixação do granito
conceituou que elas correspondem aos materiais pétreos naturais, que se dividem como rocha ornamental é feita com o uso de argamassas próprias para o tipo de rocha.
basicamente em três categorias: magmáticos, que têm origem na lava vulcânica;
sedimentares, resultantes de depósitos compactados por fortes pressões e os 3.2. Basaltos
metamórficos, consequentes da transformação das rochas magmáticas e sedimentares por
O basalto é classificado como uma rocha ígnea vulcânica. Dentre as rochas que
temperaturas e pressões elevadas. Deve-se ressaltar que, com algumas pequenas variações
ocorrem em forma de derrame pode ser considerado dos mais abundantes. As cores variam
conceituais, as principais rochas que compõem o universo deste setor são os mármores,
de cinza escura a preta, com tonalidades avermelhadas/amarronzadas, devido a
granitos, ardósias, arenitos e quartzitos foliados, são amplamente utilizados em
óxidos/hidróxidos de ferro gerados por alteração intempérica. É constituído principalmente
revestimentos internos e externos, elementos de composição arquitetônica, decoração,
por feldspato e uma das caraterísticas marcantes é a elevada resistência e a maior dureza
mobiliário e até mesmo em arte funerária.
entre as pedras mais utilizadas.
Ao contrário do que se imagina, as rochas de revestimentos têm outro significado.
Na construção civil, o basalto é muito utilizado como pedra britada em agregados
Trata-se da rocha ornamental submetida a diferentes graus ou tipos de beneficiamento, ou
asfálticos, para concretos e lastros de ferrovias. Assim como o granito possui larga aplicação
seja, quando recebe um acabamento – polido, flameado, apicoado, jateado, etc.
como pedra para calçamento e em outras formas de pavimentação. Quando polido pode ser
Hoje em dia, a produção de rochas ornamentais tornou-se uma indústria em constante utilizado como rocha ornamental, principalmente em pisos.
expansão. O Brasil começou a marcar forte presença neste mercado a partir do final da
3.3. Dioritos
década de 1950, logo depois da descoberta do mármore de Cachoeiro de Itapemirim (ES). O
crescimento que o setor registrou também se deve ao avanço da tecnologia, que permitiu o
O diorito é uma rocha ígnea com características físico-mecânicas e usos semelhantes
beneficiamento de rochas mais duras. No final dos anos 1980, o Brasil exportava 50 milhões
aos granitos, sendo chamados de granitos pretos. Diferem dos granitos na composição
de dólares, em sua quase totalidade de material bruto, em blocos. Hoje, 74% correspondem
mineralógica, mas são utilizados para os mesmos fins, tendo larga aplicação como rocha
a material industrializado, sobretudo chapas polidas. De acordo com um coordenador da
ornamental em arte mortuária.
ABNT, o Espírito Santo é o maior polo produtor e exportador de rochas ornamentais do
Brasil, com vendas externas que superam R$ 1 bilhão.

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Aula 3 – Pedras Naturais I Aula 3 – Pedras Naturais I
UNIDADE 1 – ROCHAS
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3.4. Arenitos sedimentares calcíticas ou dolomíticas. Apresenta granulação variada e cores branca,
rosada, cinzenta e esverdeada.
O arenito é uma rocha sedimentar constituída principalmente por grãos de sílica ou
quartzo. São utilizados principalmente em revestimentos de pisos e paredes e são muito São utilizados principalmente como rocha ornamental em ambientes interiores,
empregados na confecção de mosaicos. Dependendo da composição podem apresentar podendo ser aplicados em pisos e paredes, lavatórios, lareiras, mesas, balcões, tampos e
razoável resistência ao risco. outros detalhes. A fixação do mármore como rocha ornamental é feita com o uso de
argamassas próprias para o tipo de rocha.
3.5. Calcários e Dolomitos
3.9. Gnaisse
São rochas sedimentares carbonáticas com-postas por mais de 50% de materiais
carbonáticos (calcita ou dolomita). A principal aplicação na construção civil é como matéria- A gnaisse é uma rocha metamórfica composta principalmente de quartzo e feldspato.
prima para a indústria cimenteira, de cal, vidreira, siderúrgica e como corretor de solos. Derivam de rochas graníticas e possuem granulometria média a grossa. São rochas de
Alguns dolomitos podem ser utilizados como brita e agregado para concreto por serem mais elevada resistência e apropriadas para a maioria dos propósitos da engenharia.
duros que os calcáreos.

3.6. Ardósia

A ardósia é uma rocha metamórfica, originada a partir do metamorfismo do siltito que


é uma rocha sedimentar. Como características cabem destacar a boa resistência mecânica e
as propriedades de material isolante térmico.

Como material de construção é utilizada como rocha ornamental em coberturas de


casas, pisos, tampos e bancadas.

3.7. Quartzitos

Os quartzitos são rochas metamórficas que resultam do metamorfismo dos arenitos.


São rochas duras, com alta resistência à britagem e ao corte, resistentes a alterações
intempéricas e hidrotermais, formadas por quartzo recristalizado. Apresentam-se nas cores
branca, vermelha e com tons de amarelo.

Como material de construção são utilizados em pisos e calçamentos. A fixação do


quartzito como rocha ornamental é feita com o uso de argamassas próprias para o tipo de
rocha.

3.8. Mármores

mármore é uma rocha metamórfica que contém mais de 50 % de minerais Ba s ea do e a da ptado de Prof.
Sa bri na El i cker Ha gema nn, Gra fi ra
carbonáticos (calcita e dolomita), formados a partir do metamorfismo de rochas Di a s , Ca rl os Rubens Ara újo
Al enca r. Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

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Aula 4 – Pedras Naturais II Aula 4 – Pedras Naturais II
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

As duas grandes categorias comerciais de rochas ornamentais e de revestimento são


Aula 4: Pedras Naturais II
os “granitos”, que comercialmente englobam rochas silicáticas (ígneas ácidas e
intermediárias plutônicas e/ou vulcânicas, charnockitos, gnaisses e migmatitos), e o
“mármore”, comercialmente entendido como qualquer rocha carbonática, tanto de origem
sedimentar, como metamórfica, passível de polimento.
Tecnologias em rochas para revestimento abrangem, atualmente, a caracterização
tecnológica e ensaios de alteração, com o objetivo de se obter parâmetros químicos, físicos,
Ardósias, quartzitos e alguns outros materiais relativamente recentes no mercado,
mecânicos e petrográficos que orientarão a escolha e uso desses materiais na construção civil.
como metaconglomerados, também são largamente utilizados como rochas para
Ensaios de alteração acelerada, muitos ainda experimentais, simulam situações de exposição
revestimento. Técnica e comercialmente não devem ser englobadas nos dois grupos acima,
dos materiais rochosos a atmosferas agressivas e/ou poluídas ou a reagentes químicos usados
mas ainda não se dispõe de uma denominação comercial para elas.
na limpeza e manutenção. Os resultados dessas simulações indicam principalmente as
medidas preventivas para evitar/retardar o “envelhecimento” da rocha. Podem ser Atualmente, as rochas ornamentais têm sido bastante utilizadas na construção civil,
apontadas, como uma das demandas atuais do setor, ações visando a qualificação constituindo os revestimentos verticais (paredes e fachadas) e horizontais (pisos) de
sistematizada das matérias-primas e dos produtos, das técnicas mais adequadas para exteriores e de interiores de edificações. Respondem pela proteção das estruturas e dos
colocação e manutenção de rochas em revestimento e a difusão dessas tecnologias, substratos contra o intemperismo e agentes degradadores, domésticos e industriais, além
principalmente, ao mercado consumidor. de exercerem funções estéticas.

As rochas graníticas, pela sua enorme variedade de cores e padrões texturais e


estruturais, são as mais utilizadas nos revestimentos de exteriores, tanto em pisos como
1. Introdução fachadas. Os mármores, em geral importados, seguem de perto, principalmente no tocante
ao revestimento de interiores.
O termo rochas ornamentais tem as mais variadas definições. A Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT, no prelo) define rocha ornamental como material rochoso Ardósias, quartzitos foliados (popularmente conhecidos como pedra mineira, pedra

natural, submetido a diferentes graus ou tipos de beneficiamento ou afeiçoamento (bruta, Goiás etc.) e outras rochas, que, pelo seu processo de extração (como por exemplo, a pedra
aparelhada, apicoada, esculpida ou polida) utilizado para exercer uma função estética. Miracema – um gnaisse), têm superfície rugosa, submetidas a processos de beneficiamento
somente de esquadrejamento, que é utilizada predominantemente no revestimento de
Rocha para revestimento é definida pela ABNT, como rocha natural que, submetida a exteriores.
processos diversos e graus variados de desdobramento e beneficiamento, é utilizada no
acabamento de superfícies, especialmente pisos e fachadas, em obras de construção civil. O padrão estético, fornecido pela cor, textura, estrutura e homogeneidade da rocha, é
Essa definição pode ser considerada similar à que a American Society for Testing and determinado pelo modo de formação, composição mineral, padrões de orientação ou
Materials (ASTM, 2001) propõe para dimension stone: pedra natural que foi selecionada, deformação impressos pela história geológica etc. Constitui o principal condicionante para o

regularizada ou cortada em tamanhos e formas especificados ou indicados, com ou sem comércio e uso da rocha; por sua vez, impostos pelos modismos e não pelas características
uma ou mais superfícies mecanicamente acabados. tecnológicas das rochas.

As rochas para revestimento podem ser, dessa forma, consideradas produtos do Tecnicamente, considera-se que o aproveitamento da rocha para fins ornamentais e

desmonte de materiais rochosos em blocos e de seu subsequente desdobramento em para revestimento está relacionado a fatores, além do padrão estético, que estão ligados à
chapas, posteriormente polidas e cortadas em placas. geologia do material rochoso, no texto também referidos como fatores intrínsecos:

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• Tipologia do jazimento: definido pela intensidade e tipo de alteração da 2.2. Índices Físicos
rocha, presença de tensões confinadas, heterogeneidade estrutural e textural,
Referem-se às propriedades de massas específicas aparentes seca e saturada (kg/m³),
entre outros;
porosidade aparente (%) e absorção d'água (%), que permitem avaliar, indiretamente, o
• Propriedades físicas e químicas, que condicionarão os usos mais adequados
estado de alteração e de coesão das rochas.
da rocha no revestimento de edificações, pois possibilitam a previsão da sua
durabilidade perante as solicitações de uso: intempéries, desgaste abrasivo 2.3. Compressão Uniaxial
pelo tráfego de pedestres, danos relacionados às variações térmicas etc.
Determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando submetida a

Ou a fatores, muitas vezes de igual importância, mas ligados a outros aspectos, esforços compressivos. Sua finalidade é avaliar a resistência da rocha quando utilizada como

referidos como extrínsecos: elemento estrutural e obter um parâmetro indicativo de sua integridade física.

2.4. Congelamento e Degelo


• Processo de extração e beneficiamento: que devem ser adequados ao
material em questão. Devem, também, ser ponderados os eventuais defeitos Consiste em submeter a amostra a 25 ciclos de congelamento e de degelo, e verificar a
decorrentes dos métodos/tecnologia de lavra e de beneficiamento (serragem, eventual queda de resistência por meio da execução de ensaios de compressão uniaxial ao
polimento e lustração), assim como o aparecimento ou intensificação de natural e após os ensaios de congelamento e degelo. Calcula-se, então, o coeficiente de
microfissuras preexistentes; enfraquecimento (K), pela relação entre a resistência após os ciclos de congelamento e
• Aplicação e uso. degelo e a resistência no estado natural.

É um ensaio recomendado para as rochas ornamentais que se destinam à exportação


2. Caracterização Tecnológica - Ensaios
para países de clima temperado, nos quais é importante o conhecimento prévio da
A caracterização tecnológica de rochas é realizada por meio de ensaios e análises, cujo susceptibilidade da rocha a este processo de alteração.
principal objetivo é a obtenção de parâmetros petrográficos, químicos, físicos e mecânicos
2.5. Tração na Flexão
do material, que permitam a qualificação da rocha para uso no revestimento de edificações.
Os ensaios procuram representar as diversas solicitações às quais a rocha estará submetida O ensaio de tração na flexão (ou flexão por carregamento em três pontos, ou ainda,
durante todo o processamento até seu uso final, quais sejam, extração, esquadrejamento, módulo de ruptura) determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando
serragem dos blocos em chapas, polimento das placas, recorte em ladrilhos etc. submetida a esforços flexores. Permite avaliar sua aptidão para uso em revestimento, ou
elemento estrutural, e também fornece um parâmetro indicativo de sua resistência à
Ainda são muito raros os ensaios em rochas beneficiadas (ladrilhos ou chapas polidas),
tração.
que visem parâmetros para dimensionamento e de previsão de desempenho e durabilidade
de rochas para revestimento de fachadas e pisos. O conjunto básico de ensaios para a 2.6. Dilatação Térmica Linear
caracterização tecnológica de rochas está relacionado abaixo, juntamente com a sua
O coeficiente de dilatação térmica linear (10-3 mm/m oC) é determinado ao se
finalidade.
submeter as rochas a variações de temperatura em um intervalo entre 0 o C e 50o C. É
2.1. Análise Petrográfica importante para o dimensionamento do espaçamento das juntas em revestimentos.

Fornece a natureza, mineralogia e classificação da rocha, com ênfase às feições que 2.7. Desgaste Abrasivo Amsler
poderão comprometer suas resistências mecânica e química, e afetar sua durabilidade e
Indica a redução de espessura (mm) que placas de rocha apresentam após um
estética. A análise fundamenta-se na observação de seções delgadas das amostras,
percurso abrasivo de 1.000 m, na máquina Amsler.
estudadas ao microscópio óptico de luz transmitida.

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O abrasivo utilizado é areia essencialmente quartzosa. Este ensaio procura simular, em residências, quer seja em pisos de interiores e exteriores (também denominados
laboratório, a solicitação por atrito devida ao tráfego de pessoas ou veículos. revestimentos horizontais de exteriores e de interiores), como em fachadas e paredes de
interiores e exteriores (ou revestimentos verticais de exteriores e interiores), aos quais são
2.8. Impacto de Corpo Duro
acrescidos os tampos de pia de cozinhas ou lavatórios. Estas também são as propriedades a

Fornece a resistência da rocha ao impacto, através da determinação da altura de serem prioritariamente determinadas nos ensaios de caracterização tecnológica.

queda (m) de uma esfera de aço que provoca o fraturamento e quebra de placas de rocha. É
um indicativo da tenacidade da rocha.

2.9. Flexão

O único ensaio rotineiro que é realizado obrigatoriamente em rocha beneficiada é o de


resistência à flexão (ou flexão por carregamento em quatro pontos). Nesse, simula-se os
esforços flexores (MPa) em placas de rocha, com espessura predeterminada, apoiadas em
dois cutelos de suporte e com dois cutelos de carregamento. É particularmente importante
para dimensionamento de placas a serem utilizadas no revestimento de fachadas com o uso
de sistemas de ancoragem metálica para a sua fixação. 4. Normatização em Rochas Ornamentais e de Revestimento

2.10. Velocidade de propagação de ondas ultrassônicas longitudinais As normas técnicas têm visado, tradicionalmente, a padronização de ensaios
tecnológicos visando a obtenção de parâmetros físicos, mecânicos e petrográficos, que
A determinação da velocidade de propagação de ondas ultrassônicas longitudinais
permitam a qualificação da rocha, especialmente para o uso no revestimento de
(m/s) permite avaliar, indiretamente, o grau de alteração e de coesão das rochas. É
edificações.
realizada, complementarmente, em todos os corpos-de-prova destinados aos ensaios de
compressão uniaxial e de tração na flexão, e auxilia a interpretação dos resultados obtidos Diversas entidades nacionais e internacionais trabalham na padronização de
nestes ensaios. Os valores relativamente mais altos, num conjunto de corpos-de-prova de procedimentos de ensaio; American Society for Testing and Materials – ASTM, Comissão
uma mesma amostra ou entre amostras petrograficamente semelhantes, indicam um Européia de Normalização – CEN, British Standard Institution – BSI, Associação Brasileira de
menor grau de alteração e uma maior coesão entre seus minerais formadores. Normas Técnicas – ABNT, Deutches Institut für Normung – DIN, entre outros.

Normalmente para este tipo de ensaios utiliza-se o PUNDIT (Portable Ultrasonic Non A Tabela abaixo relaciona os ensaios rotineiros para a caracterização tecnológica de
Destructive Digital Indiceting Test). Sua importância reside em ser um dos poucos ensaios rochas ornamentais, as normas nacionais adotadas e as equivalentes internacionais. Além
não destrutivos disponíveis para verificação de propriedades rochosas, sendo assim, dessas normas, sobre procedimentos laboratoriais, a ABNT dispõe de duas dirigidas a
também muito empregado na avaliação da degradação de rochas, especialmente nos projetos, execução e fiscalização de revestimento de paredes e estruturas com placas de
estudos de recuperação de monumentos históricos em rocha. rocha (ABNT/ NBR 13707: Projeto de revestimento de paredes e estruturas com placas de
rochas e ABNT/NBR 13708: Execução e fiscalização de revestimento de paredes e estruturas
3. Ensaios Requeridos X Usos Pretendidos com placas de rochas, respectivamente).

O conjunto de ensaios e análises, anteriormente descrito, foi concebido e desenvolvido No tocante às demais atividades de mineração ligadas à produção de rochas
para representar as solicitações às quais a maioria das rochas de revestimento estará ornamentais (lavra e mineração) ainda não se têm conhecimento sobre normatização
submetida, conforme a situação de uso. específica. As várias normas disponíveis para mineração e meio ambiente aplicam-se às
operações comuns da atividade, sem especificidades quanto às rochas ornamentais. As
A Tabela abaixo exibe as propriedades a serem necessariamente enfocadas para a
escolha das rochas para as várias situações de usos no revestimento de edifícios e

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Aula 4 – Pedras Naturais II Aula 4 – Pedras Naturais II
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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

ASTM e CEN parecem ser, atualmente, as entidades mais produtivas no tocante ao setor de Como parâmetros utilizados nos cálculos de projetos, merecem destaque a resistência
rochas ornamentais. à flexão e a massa específica apresentada pela rocha, por serem valores incorporados
diretamente no dimensionamento (área e espessura) das chapas e dos dispositivos
metálicos de ancoragem destas no revestimento externo (fachadas).

As especificações de limites para seleção das rochas como materiais de revestimento e


de construção civil são geralmente estabelecidas por entidades normatizadoras, com base
em resultados de ensaios de laboratório, na observação do comportamento da rocha em
serviço, no histórico de desempenho do tipo da rocha em questão e, excepcionalmente,
pela experimentação das geometrias das placas e dos painéis ante as condições ambientais
e as estipuladas pelo projeto.

As informações disponíveis apontam para a ASTM como o único órgão que estabelece
especificações para as rochas que se destinam ao revestimento de edificações; “granitos”
(ASTM C 615) “mármores” (ASTM C 503), calcários (ASTM C 568), “rochas quartzosas”
(ASTM C 616) e ardósias (ASTM C 629). A Tabela mostra os valores estabelecidos pela ASTM.

Atualmente, a CEN tem vários projetos de especificação em fase de aprovação, entre


A ASTM tem publicado, e sistematicamente revisado e atualizado, normas para ensaio, os quais se citam: “blocos”; “produtos semiacabados (chapas brutas)”; “produtos acabados
nas quais, aliás, se baseia a maioria das normas brasileiras voltadas para rochas para
e ladrilhos”; “produtos acabados (rochas para revestimento)”.
revestimento. Já publicou normas para seleção de placas pétreas, seu dimensionamento e
escolha de insertos metálicos para o revestimento de exteriores. 6. Deterioração e Alterabilidade de Rochas – Conceito
A CEN, por sua vez, mostra-se preocupada também em prescrever ensaios de As rochas ornamentais e para revestimento, pela sua durabilidade e enorme variedade
alteração de rochas e determinação de parâmetros físicos que permitam a previsão da de cores e padrões texturais/estruturais, são muito utilizadas nos revestimentos de
degradação da rocha em situações especificas, como por exemplo, resistência à cristalização exteriores de edificações, tanto em pisos como fachadas. Entretanto, a ação dos agentes
de sais, ao envelhecimento por choque térmico e outros. intempéricos muitas vezes provoca a deterioração da superfície exposta da rocha, seja
através da modificação de seu aspecto estético (perda de brilho e alteração cromática), seja
5. Especificações de Emprego
pela danificação da rocha (escamação, manchamentos etc.).

As propriedades tecnológicas das rochas devem ser consideradas fundamentalmente A alteração das rochas se inicia quando entram em contato com as condições
sob os aspectos de propiciar avaliação da qualidade da rocha e fornecer parâmetros a atmosféricas reinantes na superfície terrestre.
serem utilizados nos cálculos de projeto. A especificação de valores auxilia a escolha de
rochas nos diversos tipos de emprego das rochas.

Pode-se dizer que melhor será a qualidade da rocha, ou seu desempenho em serviço,
quanto menor forem: a presença e os teores de minerais alterados ou alteráveis, friáveis ou
solúveis, que possam comprometer seu uso, durabilidade e o custo de manutenção; a
porosidade e capacidade de absorção e retenção d’água; o desgaste por atrito; etc. E,
quanto maior for sua resistência mecânica (à compressão, flexão etc.).

34 35
Aula 4 – Pedras Naturais II Aula 4 – Pedras Naturais II
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

A deterioração de materiais rochosos usados no revestimento de edificações ou em


monumentos é mais pronunciada nos centros urbanos e industriais, e muitas vezes podem
ser sentidos em materiais ou monumentos localizados distantes destes centros. O meio
ambiente urbano, enriquecido em poluentes de variadas fontes, acelera e modifica a
degradação destes materiais, ou seja, altera/acelera os processos naturais.

Aires-Barros (1991) define alterabilidade de rochas como um conceito dinâmico, que


se refere à aptidão de uma rocha em se alterar, em função do tempo. O tempo, que é
considerado na alteração intempérica como um “tempo geológico”, na alterabilidade é um
“tempo humano”, à escala do homem e das suas obras de engenharia.

A American Association for Testing and Materials (ASTM, 2001), por sua vez, define
durabilidade como a medida da capacidade da rocha ornamental de manter as
características essenciais e distintivas de estabilidade, resistência à degradação e à
aparência. A durabilidade é baseada no período de tempo em que a rocha pode manter
As principais variáveis que controlam a natureza e a taxa dos vários processos de
suas características inatas, em uso. Este tempo dependerá do meio ambiente e do uso da
intemperismo têm sido, desde longo tempo, reconhecidas como sendo a composição e
rocha em questão (p. ex., em exteriores ou interiores).
estrutura da rocha, o clima e o tempo de atuação do processo intempérico. O efeito dos
vários agentes e processos intempéricos reagindo com as rochas é mostrado por mudanças Desta forma, a alteração apresentada pelas rochas estará condicionada a fatores,
mineralógicas, químicas e granulométricas. como: as características intrínsecas da rocha, ou seja, as propriedades físicas e químicas
inerentes à sua mineralogia e alterações preexistentes; os defeitos gerados nos métodos e
Muitos fatores influenciam a susceptibilidade e taxa do intemperismo físico e químico
tecnologia de lavra e no processo de beneficiamento (corte e polimento); e, a interação
em rochas. Os mais importantes, tendo em vista as rochas de revestimento, são: tipo de
destes com as intempéries e as condições de fixação, manutenção e uso.
rocha, presença de fraturas e/ou fissuras (“porosidade”) e o clima (temperatura e
intensidade de chuvas). Adicionalmente, há a ação dos poluentes atmosféricos, nos No Brasil, as principais causas da degradação destes materiais rochosos podem ser
ambientes urbanos, e o emprego de processos inadequados para o assentamento e sumariadas como a seguir:
manutenção de rochas.
• Clima tropical (intensas variações de temperatura e umidade);
No caso das rochas ornamentais, as modificações físicas das rochas pelos processos de • Agentes de limpeza, os quais atuam através de diversas substâncias químicas
extração e de beneficiamento, podem levar ao aumento do fissuramento, porosidade e componentes podem causar modificações, especialmente no aspecto estético
outros, que irão contribuir para a acentuação dos efeitos deletérios dos agentes das rochas;
intempéricos ou devidos à interferência humana (manutenção e limpeza inadequadas etc.). • Poluição ambiental, na qual têm grande influência os diversos poluentes
dispersos na atmosfera (SO2, NOx, CO e CO2);
A deterioração, numa definição simples, é o conjunto de mudanças nas propriedades
• Adoção de procedimentos de assentamento inadequados para materiais
dos materiais de construção no decorrer do tempo, quando em contato com o ambiente
rochosos.
natural; e implica na degradação e declínio na resistência e aparência estética, neste
período. Inclui mudanças físicas e químicas do material, desde as alterações relativamente
7. Ensaios de Alteração Acelerada
benignas até às esfoliações e escamações. Os termos deterioração e intemperismo podem
ser empregados, no caso das rochas ornamentais, praticamente como sinônimos. Ensaios de alteração acelerada, em laboratório, visam o conhecimento da durabilidade
da rocha em relação aos agentes intempéricos, além da investigação dos mecanismos de
degradação para cada caso. Atualmente, estão em desenvolvimento e implantação ensaios

36 37
Aula 4 – Pedras Naturais II Aula 4 – Pedras Naturais II
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

de alteração objetivando a previsão e/ou mitigação de possíveis deteriorações decorrentes 7.2. Exposição à névoa salina
da colocação, manutenção e/ou limpeza inadequados. As simulações de alteração procuram
O ensaio de intemperismo artificial por exposição à névoa salina baseia-se na norma
verificar as respostas das denominadas características intrínsecas à exposição a ambientes
ABNT/NBR 8094. Nesse ensaio, os corpos-de-prova são colocados em suportes na câmara,
potencialmente degradadores.
de modo à névoa ter livre acesso a todos eles. A avaliação das degradações também é
Com base na literatura e experiências em trabalhos já realizados no IPT, são realizada visualmente, por comparação com corpos-de-prova padrão que não foram
relacionadas as seguintes situações para as quais já estão implantados ou em implantação expostos.
os ensaios de alteração.
7.3. Exposição ao intemperismo artificial

O ensaio de exposição ao intemperismo artificial simula a alteração frente à radiação


ultravioleta e oxidação por ciclos de umedecimento e secagem. Os procedimentos para a
exposição das amostras ao intemperismo artificial seguem as diretrizes do método ASTM /
G53.

O ensaio consiste em ciclos de 4h de radiação ultravioleta (UV) e de 4h de


condensação. A avaliação dos efeitos é realizada periodicamente, durante a execução do
ensaio.

7.4. Ensaios de resistência ao ataque químico

Consistem na exposição, por tempos predeterminados, da superfície polida da rocha a


alguns reagentes comumente utilizados em produtos de limpeza e de uso doméstico, para
verificar a susceptibilidade da rocha ao seu uso, principalmente como materiais de limpeza.
Os reagentes utilizados, concentrações e tempo de contato estão relacionados na Tabela.

Os procedimentos básicos e escopos de algumas dessas simulações são descritos a


seguir.

7.1. Exposição ao dióxido de enxofre

O ensaio por exposição ao SO2 baseia-se na norma ABNT/ NBR 8096. Consiste em As eventuais alterações são verificadas visualmente. É baseado na norma “Placas

ciclos de 24h cada, em número ainda não padronizado, nos quais a câmara é mantida cerâmicas para revestimento – especificação e métodos de ensaio: determinação da

aquecida por 8h, e posteriormente ventilada por 16h. A avaliação das degradações é resistência ao ataque químico”, ABNT/NBR 13.818, anexo H, e foi adaptado e modificado

realizada visualmente, por comparação com corpos-de-prova padrão que não foram para ladrilhos de rochas polidas.

expostos.

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Aula 4 – Pedras Naturais II Aula 4 – Pedras Naturais II
UNIDADE 1 – ROCHAS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I

Os resultados desses ensaios comumente indicam que o ácido clorídrico provoca, em 9. Demandas do Setor e Diretrizes Sugeridas
diferentes graus de intensidade, modificações na superfície polida das rochas, em especial
as de natureza granítica. Frascá et al. (1999) verificaram que, em presença de soluções com Nos últimos anos, o setor de rochas ornamentais cresceu sensivelmente no tocante à
HCl e em condições propícias, geralmente há a oxidação de minerais, principalmente exportação de material já beneficiado, e/ou produto acabado. De certa forma, isto também
máficos (biotita), que tendem a empobrecer no elemento ferro. se refletiu no aumento do consumo interno de materiais pétreos, no revestimento de pisos,
paredes e fachadas.
Observa-se, nesse ensaio, desde o incipiente clareamento da área de contato,
passando pelo clareamento e descoloração dos minerais máficos chegando até o
Para tanto, foram e estão sendo adotadas novas técnicas no processamento e
branqueamento total da rocha (em geral nos “granitos” pretos).
acabamento de rochas ornamentais, com o crescente uso de resinas para melhoria do lustro
ou até das características físico-mecânicas do material.
8. Degradações - Patologias
O uso dessas técnicas não tem sido adequadamente acompanhado de estudos
As degradações e/ou deteriorações em rochas para revestimento, também
tecnológicos para verificação, quantificação e qualificação dos resultados obtidos com a sua
denominadas patologias, como já mencionado, são função das características intrínsecas
adoção. Também, não há divulgação adequada dessas inovações aos consumidores, sejam
das rochas (propriedades físicas e químicas) em interação dom os processos de
os marmoristas, arquitetos ou o consumidor final. Por outro lado, também não são,
beneficiamento e colocação na obra, em conjunto com as características do meio ambiente
generalizadamente, adotados procedimentos de fixação adequados, seja pelo
e ações antrópicas. Os principais agentes degradadores são a presença de água, variações
desconhecimento das características dos novos produtos beneficiados no mercado, seja dos
de temperatura e ação de sais hidrossolúveis.
novos materiais para assentamento e fixação de ladrilhos ou placas pétreas.

A porosidade, que reflete o espaçamento entre grãos (rochas sedimentares), estado


Como mostrado, ainda não existem normas para a qualificação dos produtos pétreos
microfissural (rochas ígneas e metamórficas) e o grau de alteração intempérica, é
e já há uma relativamente extensa gama de degradações resultantes tanto do
considerada o principal condicionante das degradações de rochas, pois representa as vias
desconhecimento das características tecnológicas da ampla gama de materiais hoje
de acesso da água ao interior da rocha.
comercializados, como das técnicas de colocação, manutenção e limpeza desses materiais.

As degradações ou patologias mais comuns em rochas para revestimento são os


Dessa forma, podem ser apontadas algumas ações visando a qualificação
manchamentos, subeflorescências, inchamento e escamação; a maior parte ocorrendo em
sistematizada das matérias-primas e dos produtos, das técnicas mais adequadas para
pisos ou paredes assentados com argamassa.
colocação e manutenção e a difusão dessas tecnologias:

Em fachadas aeradas (com placas de rocha fixadas por insertos metálicos) o fenômeno
• Desenvolvimento de metodologias para caracterização preliminar de
mais provável, mas felizmente incomum, é o fissuramento ou fraturamento provocados
materiais rochosos destinados a rochas ornamentais, a fim de facilitar a
pelas variações térmicas ou sobrepeso do material.
priorização de áreas de exploração e/ou definição por materiais mais
qualificados;
Uma vez instalada a patologia, não se dispõe, ainda, de técnicas eficientes para a
restauração e/ou recuperação do material rochoso. Por isso, tem-se buscado a prevenção • Avaliação técnica dos diferentes produtos (resinas) utilizados na consolidação

das deteriorações por meio do desenvolvimento de ensaios de alteração acelerada ou pelo e preservação de rochas, que são utilizados tanto na fase de polimento como

melhor conhecimento de suas características, através dos estudos diagnósticos, a seguir na manutenção dos materiais pétreos;

exemplificados. • Desenvolvimento de procedimentos e elaboração de normas técnicas para


qualificação dos produtos beneficiados de rochas ornamentais, tendo em Ba s ea do e a da ptado de Ai res -
Ba rros (1991), Fra s cá et a l . (1999),
vista as solicitações nas diversas formas de aplicação no revestimento de Ma ri a Hel oi s a Ba rros de Ol i vei ra
Fra s cá . Edi ções s em prejuízo de
edificações, principalmente em pisos de interiores e interiores e fachadas. conteúdo.

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Aula 5 – Introdução aos Agregados Aula 5 – Introdução aos Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

A areia pode ser usada em concreto, argamassa de assentamento e revestimento,


Unidade 2 – Agregados
pavimentação asfáltica, em filtros, lastro e permeabilização de vias e pátios.

Aula 5: Introdução aos Agregados

Agregados para construção civil são materiais minerais, sólidos, inertes que, de acordo com
granulometrias adequadas, são utilizados para a fabricação de produtos artificiais resistentes
mediante a mistura com materiais aglomerantes de ativação hidráulica ou com ligantes
betuminosos. Também se enquadram os materiais granulares rochosos para pavimentos com
ou sem adição de elementos ativos, lastro de ferrovias e enrocamentos para proteção à
erosão hidráulica. 1.2. Brita

A brita é destinada para o setor da construção civil com aplicações na fabricação de


concreto, revestimento de leito de estradas de terra, de ferrovias, barramentos, etc. A brita
(também chamada de pedra britada), uma das matérias-primas do concreto, nada mais é do
1. Generalidades
que fragmentos de rochas duras e maiores (granito, gnaisse, calcário e basalto) detonadas

Os agregados são matérias granulares de dimensões e propriedades adequadas para explodidas com dinamite nos maciços rochosos. Após a detonações, “pedaços” de rocha

uso em obras de engenharia civil. Podem ser classificados levando-se em conta a origem, a passam ainda por um processo de trituração, conhecido como britagem, e por

densidade e o tamanho dos fragmentos. Considerando a densidade, existem agregados peneiramento.

leves (pedra pomes, vermiculita, etc.); agregados normais (brita, areia, cascalho, etc.);
Segundo a Norma NBR 7211 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a
agregados pesados (barita, magnetita, etc.). Estas classificações serão melhor abordadas
brita é classificada de acordo com a sua granulometria, ou seja, o tamanho dos grãos.
adiante.
Assim, temos o pó de brita, a brita 0, a brita 1, a brita 2, a brita 3 e a brita 4. Cada um desses

1.1. Areia tipos tem uma função específica na construção civil, seja para fabricação de concreto,
pavimentação, construção de edificações ou de grandes obras, como ferrovias, túneis e
Material de origem mineral finamente dividido em grânulos, composta basicamente de barragens.
dióxido de silício (SIO2). A areia é uma substância que tem uma idade incalculável, haja vista
1.3. Cascalho
que as rochas ígneas das quais a areia é proveniente só podem ter sido formadas, sob uma
enorme pressão e a uma profundidade de 9 a 24 quilômetros da crosta terrestre, onde
O cascalho de blocos de pedras e colunas que, antigamente, formavam templos
foram convertidas em granito. Areia é uma substância natural, proveniente da
estáveis na Grécia Antiga e as fendas e aberturas nos túmulos e monumentos do Antigo
desagregação de rochas; possui granulometria variando entre 0,05 e 5 milímetros pelas
Egito são, primordialmente, o resultado da meteorização física (também chamada de
normas da ABNT. A areia é formada, principalmente por quartzo, mas dependendo da
meteorização ou alteração mecânica). O cascalho é a denominação genética de seixos,
composição da rocha da qual é originária, pode agregar outros minerais como: feldspato,
originários de fragmentos de rochas preexistentes e se enquadram numa faixa
mica, zircão, magnetita, ilmenita, mônazita, cassiterita, entre outros.

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Aula 5 – Introdução aos Agregados Aula 5 – Introdução aos Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

granulométrica, variável de 2 a 256 mm de diâmetro, segundo as subdivisões de Isto implica em uma regionalização nos tipos de pedras britadas, areias e seixos que podem
Wentworth. fazer parte da composição do traço.

O cascalho é destinado para o setor da construção civil em aplicações na fabricação de Com relação ao tamanho dos grãos, os agregados podem ser divididos em graúdos e
concreto, revestimento de leito de estradas de terra, concreto ciclópico, ornamentação de miúdos, sendo considerado graúdo, todo o agregado que fica retido na peneira de número 4
jardins, etc. (malha quadrada com 4,8 mm de lado) e miúdo o que consegue passar por esta peneira.

1.4. Os agregados para construção civil no Brasil e no mundo Podem também ser classificados como artificiais ou naturais, sendo artificiais as areias
e pedras provenientes do britamento de rochas, pois necessitam da atuação do homem
A areia pertence ao grupo dos agregados para construção civil (areia, brita e cascalho) para modificar o tamanho dos seus grãos. Como exemplo de naturais, temos as areias
que ocupam 1º lugar em quantidade e 2º em valor na produção mineral mundial. Os baixos extraídas de rios ou barrancos e os seixos rolados (pedras do leito dos rios).
preços unitários resultam da relação entre limites de distância de distribuição (uso local) e
larga distribuição de pequenos empreendimentos. Outro fator que define a classificação dos agregados é sua massa específica aparente,
onde podemos dividi-los em leves (argila expandida, pedra-pomes, vermiculita), normais
Neste caso, os principais produtores são os principais consumidores (grandes centros (pedras britadas, areias, seixos) e pesados (hematita, magnetita, barita).
urbanos). No Brasil destacam-se os estados de São Paulo, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na produção e comércio predominam o improviso e a Devido à importância dos agregados dentro da mistura, vários são os ensaios
informalidade. Para utilização como agregado na construção civil, por ser uma substância necessários para sua utilização e servem para definir sua granulometria, massa especifica
que em sua maior parte é consumida localmente, todos os estados e países produzem brita real e aparente, módulo de finura, torrões de argila, impurezas orgânicas, materiais
e cascalho para o abastecimento interno. Os principais produtores nacionais são: São Paulo, pulverulentos, etc.
Rio de Janeiro, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Sergipe, Tocantins, Minas Gerais, Santa
Catarina, Bahia e Paraná. O mesmo aplica-se ao cascalho. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é o órgão que define estes ensaios
e suas formas de execução. Os resultados dos mesmos vão implicar na aprovação dos
1.5. Agregados para Concretos agregados para sua utilização no concreto. Uma das vantagens do concreto dosado em
central é, portanto, que este pacote de ensaios já está embutido na contratação dos
Agregados são materiais que, no início do desenvolvimento do concreto, eram serviços de concretagem. É importante resumir algumas informações:
adicionados à massa de cimento e água, para dar-lhe “corpo”, tornando-a mais econômica.
Hoje eles representam cerca de oitenta por cento do peso do concreto e sabemos que além • Cerca de ¾ do volume do concreto são ocupados pelos agregados;
de sua influência benéfica quanto à retração e à resistência, o tamanho, a densidade e a • Sua qualidade é importante para a obtenção de um bom concreto;
forma dos seus grãos podem definir várias das características desejadas em um concreto. • Os agregados apresentam nítida influência não apenas na resistência
mecânica, mas também, na durabilidade e no desempenho estrutural de
Devemos ter em mente que um bom concreto não é o mais resistente, mas o que
concretos.
atende as necessidades da obra com relação à peça que será moldada. Logo, a consistência
e o modo de aplicação acompanham a resistência como sendo fatores que definem a E suas principais funções no concreto são:
escolha dos materiais adequados para compor a mistura, que deve associar trabalhabilidade
à dosagem mais econômica. • Resistir aos esforços (Mecânicos e de intemperismo);
• Reduzir as variações volumétricas;
Os agregados, dentro desta filosofia de custo-benefício, devem ter uma curva • Reduzir o custo do concreto.
granulométrica variada e devem ser provenientes de jazidas próximas ao local da dosagem.

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Aula 5 – Introdução aos Agregados Aula 5 – Introdução aos Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

2. Classificação dos Agregados pedregulho tem resistência mecânica cerca de 20% menor do que
aquele fabricado com brita.

Existem diversas maneiras de se classificar os agregados. São elas: • Artificiais: são obtidos pelo britamento de rochas (pedrisco, pedra britada,
etc.).
2.1. Quanto às dimensões das partículas ✓ Pedra Britada: Agregado obtido a partir de rochas compactas que
ocorrem em jazidas, pelo processo industrial da cominuição
• Agregado Miúdo: Grãos que passam pela peneira ABNT # 4 (peneira de malha
(fragmentação) controlada da rocha maciça. Os produtos finais
quadrada com abertura nominal de 4,8 mm) e ficam retidos na peneira ABNT
passam pelo processo de peneiramento e enquadram-se em diversas
# 200 (malha com abertura nominal de 0,075 mm);
categorias, sendo elas, como já visto, a brita 0 (pedrisco), brita 1,
• Agregado Graúdo: Grãos que passam pela peneira ABNT com abertura
brita 2, brita 3, brita 4 e brita 5;
nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT # 4 (abertura de 4,8
✓ Areia de Brita ou Areia Artificial: Agregado obtido dos finos
mm).
resultantes da produção da brita, dos quais se retira a fração inferior
a 0,15 mm. Sua graduação granulométrica vai de 0,15 mm a 4,8 mm
2.2. Quanto às massas unitárias
e apresenta absorção maior em relação à areia natural (grande
quantidade de material pulverulento);
• Leves: ρ < 1000 kg/m³
✓ Fíler: Agregado de graduação 0,005/0,075mm. Seus grãos são da
• Médios: 1000 < ρ < 2000 kg/m³
mesma ordem de grandeza dos grãos de cimento e passam na
• Pesados: ρ > 2000 kg/m³
peneira 200 (0,075 mm). É também de chamado de pó de pedra e

2.3. Quanto à origem ou obtenção utilizado na preparação de concretos (para preencher vazios) e
argamassas betuminosas (para evitar flexibilidade excessiva), e como
• Naturais: já são encontrados na natureza sob a forma definitiva de utilização adição a cimentos.
(areia de rios, seixos rolados, cascalhos, pedregulhos, etc.). ✓ Bica Corrida: Material britado no estado em que se encontra à saída
✓ Areia Natural: Originárias de rios, cavas (depósitos em fundos de do britador, sem nenhuma separação granulométrica;
vales cobertos por capa de solo), praias e dunas, sendo que as areias ✓ Rachão ou Pedra de Mão: Agregado constituído do material que
das praias não devem ser usadas no preparo de concreto armados passa no britador primário e é retido na peneira de 76 mm. É a
por causa de seu teor de cloreto de sódio. Utilizadas no preparo de fração acima de 76 mm da bica corrida primária;
argamassas e concretos de cimento, concretos betuminosos e em ✓ Restolho: Material granular, de grãos em geral friáveis (que se
filtros (devido à sua grande permeabilidade, têm a capacidade de partem com facilidade). Pode conter uma parcela de solo.
interceptar o fluxo de água de infiltração em barragens de terra e em • Industrializadas: Aqueles que são obtidos por processos industriais (argila,
muros de arrimo); expandida, escória britada, etc.).
✓ Seixo Rolado ou Pedregulho: Originários de leitos de rios e córregos. ✓ Argila Expandida: Material originário a partir da piroexpansão de
Sedimento fluvial de rocha ígnea, inconsolidado, formado de grãos argilas especiais (aquecimento acima de 1000ºC, levando à formação
de diâmetro em geral superior a 5 mm, podendo os grãos maiores de gases internos). Utilizadas como agregado leve para concretos
alcançar diâmetros superiores a cerca de 100 mm. Possuem formas (com resistência de até 30MPa), e na fabricação de blocos e painéis
arredondadas e superfície lisa e devem ser lavados antes do pré-moldados, prestando-se bem como isolantes térmicos ou
fornecimento e apresentar, preferencialmente, granulação diversa, acústicos;
já que o ideal é que os miúdos ocupem os vãos entre os graúdos. ✓ Escória de Alto-forno Expandida: Subproduto resultante da produção
Utilizados em concretos, sendo que o concreto executado com de ferro-gusa em altos-fornos de indústrias siderúrgicas, e resfriado

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Aula 5 – Introdução aos Agregados Aula 5 – Introdução aos Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

gradativamente. Utilizado como agregado em concretos leves e em


peças isolantes térmicas e acústicas. Se o resfriamento do
subproduto por feito bruscamente, forma-se a escória de alto-forno
granulada que, pela desorganização de suas moléculas, torna-se
extremamente reativa e é utilizada como adição mineral a cimentos.

3. Extração e Beneficiamento de Agregados para Construção Civil

Os principais processos de exploração e beneficiamento dos agregados (areia e brita)


são definidos a seguir. Por serem os agregados mais relevantes na Construção Civil, os
estudos se limitarão aos processos relacionados a eles. 3.1.3. Lavra de areia em planícies aluviais

3.1. Lavra de Areia É o método de lavra utilizado em cavas secas a céu aberto. Esse método de lavra
consiste primeiramente na retirada do excesso de umidade do terreno. Após isso, inicia-se a
Lavra é um conjunto de operações objetivando a extração de minérios para retirada de capa de material estéril (solo e argila).
aproveitamento ao natural ou após processos de beneficiamento.
A camada de areia que se encontra sob a argila fica então aflorante, permitindo desse
3.1.1. Lavra de areia em encosta de morro modo a sua extração com escavadeira hidráulica. A lavra de areia em ambiente seco
adotado por algumas empresas atualmente consegue elevar a produção em relação às
O arenito consiste de uma rocha maciça, constituída por sedimentos arenosos,
metodologias tradicionais proporcionando custos operacionais menores e auxiliando na
apresentando-se em meia encosta. A lavra se desenvolve em meia encosta de morro, a céu
recuperação ambiental.
aberto e é realizada por desagregação através do processo de escarificação. O material
resultante do processo de extração é transportado ao beneficiamento, peneirado em meio 3.2. Britagem
aquoso transformando-se em areia para comercialização.
A obtenção da brita é feita através de um conjunto de operações que permitem a
3.1.2. Lavra de areia em leitos de rio retirada de pedra natural da jazida e a reduz a formas e tamanhos compatíveis para o uso e
aplicação em obras de engenharia. O desmonte e a britagem da rocha compreendem os
O método de extração mais apropriado é com a utilização de dragas de sucção com
seguintes processos:
escarificador, instaladas em plataformas flutuantes. O material que é extraído do leito do
rio é armazenado nos silos existentes nas dragas e conduzido até o porto. A descarga é feita 3.2.1. Decapagem do terreno
em tubulações onde o material é bombeado para o depósito de estocagem, passando por
peneiramento, ficando assim a areia pronta para ser expedida. Nesse processo é efetuada a limpeza das bancadas, com máquinas e caminhões a fim
de remover a argila e outros materiais impróprios para a britagem.

3.2.2. Desmonte da Rocha

É feito pela ação de explosivos, são executadas perfurações na rocha, previamente


calculadas no plano de fogo, onde em seguida é realizado o carregamento com explosivos e
posteriormente detonação.

3.2.3. Transporte da mina para a britagem

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Aula 5 – Introdução aos Agregados Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

O carregamento do material detonado é feito com escavadeira hidráulica em


Aula 6: Agregados Miúdos: Areias
caminhões basculantes que transportam o material da mina até britagem primária.

3.2.4. Britagem Primária

O material proveniente da mina é descarregado na baia de alimentação e lançado para Agregados Miúdos (areias) são sedimentos clásticos gerados por processos de fragmentação

dentro do britador de mandíbulas, onde é triturado. de rocha constituídos basicamente por partículas de quartzo, podendo conter minerais
secundários. Os processos de desagregação e transporte podem ocorrer em meio aquoso ou
3.2.5. Britagem Secundária eólico. As características físicas dos grãos, tais como as dimensões, grau de arredondamento e
de esfericidade estão relacionadas com a distância de transporte e o meio no qual as
Esse processo tem como função receber o material proveniente da britagem primária,
partículas foram transportadas. A areia é um elemento fundamental em qualquer construção.
onde é lançado para dentro do britador Hydrocone e triturado de acordo com a abertura do
É usada em várias partes, desde as fundações até as coberturas passando pela estrutura,
britador, reduzindo ainda mais suas dimensões.
vedações e acabamentos.

3.2.6. Britagem Terciária

O material gerado no processo anterior é conduzido ao britador de impacto vertical


(VSI). Nesse processo o material é arremessado dentro de um compartimento circular 1. Apresentação
fechado, onde ocorrem diversas colisões entre as partículas de pedra e também com as
paredes revestidas do VSI, propiciando com isso uma correção no formato dos grãos do Areia, genericamente, abrange um amplo conjunto de materiais granulares, e com

agregado, tornando-os arredondados. diferentes especificações e usos, tais como:

3.2.7. Peneiramento, classificação e lavagem • Agregados para construção civil;


• Moldes de fundição;
O material proveniente a partir da britagem secundária é submetido a processos de
• Indústrias de transformação (vidros, abrasivos, química, cerâmica, siderurgia,
peneiramento, em peneiras vibratórias inclinadas. Nessas estruturas estão instalados bicos
filtros, jateamento, defensivos agrícolas, ferro-ligas, cimento, refratários);
injetores que aspergem água sobre o material em processo de peneiramento, com o
• Tratamento de águas e esgotos;
objetivo de retirar o excesso de material pulverulento dos grãos do agregado e eliminar a
• Minério portador de minerais de interesse econômico, como: monazita (cério
emissão de pó no ambiente. Todos os materiais resultantes no processo de peneiramento e
e terras-raras), ilmenita (titânio), ouro, cassiterita e outros.
lavagem tem sua granulometria definida através de ensaios granulométricos.

A areia pode se apresentar na forma de sedimento inconsolidado ou sofrer um


processo de litificação, que gera as rochas areníticas. A areia na forma não coesa é
encontrada nos leitos de rios atuais e nas planícies e terraços aluviais (transporte em meio
aquoso) e em dunas litorâneas (transporte eólico). A areia consolidada pode ocorrer na
forma de arenitos ou quartzitos (arenitos que sofreram metamorfismo intenso). Os arenitos
e quartzitos podem formar platôs, escarpas etc. A areia inconsolidada encontrada em leitos
de rios e em dunas pode ser ainda o produto resultante do retrabalhamento das formações
areníticas ou mesmo do processo erosivo de rochas ígneas/metamórficas que possuam
Ba s ea do e a da ptado de Grupo
Hobi , Ma ya ra Mora es Cus tódi o, quartzo em sua composição original.
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

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Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define escalas referentes à 2.2. Areia Média
granulometria das areias. A norma ABNT-NBR 7211/83 define a seguinte classificação
granulométrica para areia de uso na construção civil: A Areia média lavada é muito usada, pois seus componentes permitem que seja usada
em praticamente todas as fases da obra. Além das aplicações na construção civil e
fabricação de artefatos de concreto aparente, esse tipo de areia é muito utilizado para áreas
de lazer, praias artificiais, campos de futebol de areia, vôlei de praia e tanques para
recreação infantil.

O termo de areia média é usado para designar grãos com diâmetro entre 0,42 a 2 mm.

2.3. Areia Grossa

A areia grossa é utilizada para fazer concreto em geral e, assim com a areia média,
também pode ser utilizada para fazer o chapisco, como em muros e paredes externas. É
2. Características Gerais ideal para a mistura na massa de cimento. Também é a mais empregada como agregado
miúdo na construção civil para fabricação de concretos e assentamentos de tijolos em
2.1. Areia Fina
paredes que serão rebocadas.

A areia fina é geralmente a mais usada na construção civil. Suas principais aplicações
O termo de areia Grossa é usado para designar grãos com diâmetro entre 2 a 4 mm.
são:

Como calcular o volume de areia em um caminhão: Quando se compra a areia com a


• É o tipo de areia mais apropriada para rebocos em geral;
condição de pagar somente o que for efetivamente entregue, é preciso fazer a medição do
• Também utilizada na fabricação de concretos;
caminhão em obra. A medição é feita enfiando-se um ferro de construção no monte de areia,
• Misturada nas argamassas de bases (mais grossa);
antes dela ser descarregada. Deve-se também medir as dimensões internas da caçamba
• E para compor as areias grossas ou médias para melhorar a distribuição de
(comprimento e largura). As medidas com o ferro de construção devem ser feitas em cinco
tamanho entre os grãos.
pontos estratégicos: No centro do monte (parte mais alta) e em cada um dos cantos. O
volume será a média das alturas, multiplicado pela largura e pelo comprimento da caçamba.
O termo de areia fina é usado para designar o inerte com grãos com diâmetros entre
0,05 a 0,42. A areia fina empregada na fabricação do concreto e das argamassas deverá ser Obs: Durante o transporte, devido ao movimento e trepidação, a areia se adensa e perde
constituída predominantemente por areia natural podendo ser implementada por produtos água diminuindo o volume físico em aproximadamente 10%.
provenientes de britagem para preencher as lacunas da granulometria das areias naturais.
Deverá, em especial, a areia fina satisfazer as seguintes condições:

• Ser limpa ou lavada, não conter quantidades prejudiciais de argila e de


substâncias orgânicas ou outras impurezas devendo ser peneirada se
necessário;
• Ter grão anguloso áspero ao tacto;
• Ser rija, de preferência siliciosa ou quartzosa.

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Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

3. Ensaios Experimentais granulometria determina, também, o diâmetro máximo do agregado, que é a abertura da
peneira em que fica retida acumulada uma percentagem igual ou imediatamente inferior a

Os agregados miúdos (areias) apresentam características distintas de propriedades 5%. Outro 3 índice importante determinado pela granulometria é o módulo de finura, que é

físicas e que são determinadas através de ensaios experimentais sendo os principais a soma das porcentagens retidas acumuladas divididas por 100.

conforme a seguir. O tema será revisitado na aula 8, quando os ensaios serão detalhados e
3.5. Impurezas Orgânicas
as metodologias serão melhores expostas.

São materiais indesejáveis que estão presentes nas areias e que devida sua origem
3.1. Massa Específica Real
orgânica exercem ação prejudicial sobre a pega e o endurecimento das argamassas e

É a massa da unidade de volume excluindo-se os vazios entre grãos e os permeáveis, concretos. A verificação das impurezas orgânicas da areia é feita através de comparação da

ou seja, a massa de unidade de volume dos grãos do agregado. Sua determinação é feita amostra de agregado miúdo, misturado com uma solução de hidróxido de sódio, e de uma

através do picnômetro ou do frasco de Chapman, preferencialmente. A massa específica solução padrão de ácido tânico. A intensidade da cor da solução que continha a areia em

real do agregado miúdo gira em torno de 2,65 Kg/dm³. relação à solução de ácido tânico, informa se esta areia tem quantidade inferior ou superior
a 300 ppm.
3.2. Massa Específica Aparente
3.6. Teor de Material Pulverulento
É o peso da unidade de volume, incluindo-se os vazios contidas nos grãos. É
determinada preenchendo-se um recipiente de dimensões bem conhecidas com agregado São partículas de argila que podem influenciar decisivamente no comportamento do

deixando-o cair de uma altura de 10 a 12 cm. É também chamada de unitária, sendo útil concreto. A sua determinação é feita através da lavagem da areia, pois a água elimina essas

para a conversão das argamassas a concretos, em reação de peso para o volume. A areia, no partículas. A argila quando em pó fino contribuem no preenchimento dos vazios da areia,

estado solto, apresenta o peso unitário em forma de 1,50 Kg/dm³. fazendo com que o cimento envolva melhor os grãos da areia. Entretanto, quando a argila
envolve os grãos de areia e não se separa na mistura, afeta diretamente o desempenho da
3.3. Teor de Umidade mistura.

É a relação da massa de água absorvida pelo agregado que preenche total ou


4. Estocagem
parcialmente as vazias, e a massa desse agregado quando seco. Sua determinação é feita,
principalmente por meio da secagem em estufa; método do fogareiro; método do speedy; Alguns critérios devem ser observados para o armazenamento de Areia em canteiros
frasco de Chapman; outros. de obras. As principais delas são:

Identificar o teor de umidade da areia é um cuidado necessário para, reduzir variações • Devem ser construídas baias com contenções no mínimo em 3 lados, com
de água do concreto, o teor de água do agregado deve ser conhecido e descontado do total cerca de 1,20 m de altura;
de água adicionado ao concreto. Isso pode ser feito por meio de vários ensaios previstos em
• As pilhas de agregados devem ter altura até 1,5 m, a fim de reduzir o
normas técnicas brasileiras.
gradiente de umidade das mesmas;
• Caso as baias se localizem em local descoberto, sujeito a chuva e / ou queda
3.4. Granulometria
de materiais, deve ser colocado um telheiro de zinco ou uma lona plástica

É a proporção relativa, em porcentagem, dos diferentes tamanhos dos grãos que sobre as mesmas;

constituem o agregado. A composição granulométrica tem grande influência nas • A largura das baias deve ser no mínimo de 3 m (igual a largura da caçamba do

propriedades futuras das argamassas e concretos. É determinada através de peneiramento, caminhão);

através de peneiras com determinada abertura constituindo uma série padrão. A

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Aula 6 – Agregados Miúdos: Areias Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

• Caso as baias não se localizem sobre uma laje, deve ser construído um fundo
Aula 7: Agregados Graúdos: Britas
cimentado para evitar a contaminação do estoque pelo solo;
• Deve ser providenciada uma drenagem das baias para minimizar o problema
de variação de umidade do agregado. Esta drenagem pode ser feita
inclinando-se o fundo cimentado da baia em sentido contrário ao da retirada Pedregulho natural, seixo rolado ou pedra britada, proveniente do britamento de rochas
do material; estáveis, com um máximo de 15% passando na peneira de 4,8 mm (#4). Podem ser de
• Uma outra opção, caso não se deseje fazer o fundo cimentado, pode ser origem natural (seixo ou pedregulho) ou artificial (trituração mecânica de rochas de granito,
desprezar os últimos 15 cm das pilhas, sendo estes depositados em solo basalto e gnaisse). A distribuição granulométrica, determinada segundo a ABNT NBR NM
previamente inclinado. 248, deve atender aos limites indicados para o agregado graúdo constantes na tabela 6 da
NBR 7211/2009.

1. Generalidades

No concreto usado na construção civil, pode-se usar tanto as britas quanto os


pedregulhos, conforme o caso. O importante é que sejam materiais de boa resistência,
limpos e com granulação uniforme para que possam ser dosados de forma a obter uma
massa de concreto econômica e com a maior resistência possível. Para isto, alguns cuidados
são necessários.

Na tecnologia do concreto convencionou-se chamar de “Areia” ou “Agregado Miúdo”


ao material de pequena granulometria (menor que 5 mm) resultante da desfragmentação
de rochas. No mesmo conceito, chama-se “Brita” ao material de granulometria acima de 5
mm, ou seja, as pedras são as “irmãs” maiores da areia. As pedras também resultam da
desagregação de rochas, seja por processos naturais, quando são chamadas de
“Pedregulho” ou pela ação do homem, quando recebe o nome de “Pedra Britada”, devido
ao processo usado na desagregação que é chamado de “Britagem”, feito pelas “Britadeiras”.

Na preparação de concreto há a necessidade de obter uma mistura de agregados


(areia e pedras) que seja a mais compacta possível. Para tanto, o ideal seria que se
misturasse pelo menos 2 tipos de pedra - em geral, brita 1 e brita 2, ou seja, uma maior e
outra menor. A ideia é que a menor encha os espaços vazios das maiores; o resto dos vazios
(aqueles visíveis a olho nu) será preenchido pela areia enquanto os vazios restantes
(minúsculos) serão preenchidos pelo cimento molhado.

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Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

Na figura acima, do lado esquerdo está uma mistura de dois tamanhos de pedra emboço. Junto com o Pedrisco, também são muito aplicados como matérias-
resultando em uma mistura bem granulada, pois é mais compacta, ou seja, tem menos primas de massas asfálticas;
vazios. Já o lado da direita mostra um concreto feito com agregados de mesmo tamanho, o • Pedrisco ou Brita 0: Malha 12 milímetros. Produto de dimensões reduzidas,
resultado é uma massa com muitos vazios e que e, portanto, é menos desejável, pois em relação à Brita 1, é muito requisitado na fabricação de vigas e vigotas,
aumenta o consumo de areia e, principalmente, de cimento. lajes pré-molduradas, intertravados, tubos, blocos, blokrets, paralelepípedos
de concretos, chapiscos e acabamentos em geral;
Ao contrário do acontece com a areia, na preparação de concreto não importa tanto se
• Brita 1: Malha 24 milímetros. É o produto mais utilizado pela construção civil,
a brita está ou não úmida. Isto porque a umidade que a brita pode trazer é muito inferior à
muito apropriado para fabricação de concreto para qualquer tipo de
umidade que pode ser carregada na areia.
edificação de colunas, vigas e lajes assim como em diversas aplicações na
No mercado de materiais de construção é fácil encontrar o agregado graúdo já construção de edificações de grande porte. A brita 1 constitui-se no produto
devidamente classificado, ou seja, pedrisco, pedra 1, pedra 2 etc. A brita misturada - não mais nobre e é aplicada, essencialmente, em concretos esbeltos e
classificada - é chamada de “bica corrida” e só deve ser usada em concreto onde a bombeados.
qualidade e resistência não seja tão importante como, por exemplo, em contrapisos ou • Brita 2: Malha 30 milímetros. É voltada para fabricação de concreto que
muros de arrimo que usa concreto ciclópico, onde o que importa é mais o peso da estrutura exijam mais resistência, principalmente em formas pesadas. Usada para
do que a resistência à tração do concreto. fabricação de concreto bruto, para maior resistência, na construção de
fundações e pisos de maior espessura;
Além da resistência e do consumo de cimento, a seleção das britas a serem usadas em
• Brita 3: Malha 38 milímetros. Muito conhecida como pedra de lastro pois é
concreto armado está ligada também à limitação de espaço entre as armaduras e entre as
constantemente utilizada em aterramentos e nivelamentos de áreas
formas. Se o espaçamento for grande podemos usar pedras maiores que a brita 1 e brita 2.
ferroviárias e drenos.
Em concreto ciclópico (que tem baixa taxa de armadura) pode usar pedras grandes,
• Brita 4 ou Rachão: Malha 76 milímetros. Usada na construção civil para
chamados de “matacões” (pedras enormes). Reza a norma ABNT que “a dimensão máxima
confecção de filtros de decantação de dejetos sanitários, drenagem,
característica do agregado, considerado em sua totalidade, deverá ser menor que 1/4 da
estabilização de solo e concreto ciclópico.
menor distância entre as faces da forma e 1/3 da espessura das lajes”. Ela também nos diz
• Brita 5 ou Pedra Marroada: Malha 150 milímetros. Usada normalmente em
que “nas vigas o espaço livre entre duas barras não deve ser menor que 1,2 vezes a
grandes muros de contenção, barreiras, aterramento, assentamento, etc.
dimensão máxima do agregado nas camadas horizontais e 0,5 vezes a mesma dimensão no
plano vertical”.
3. Utilizações Específicas
2. Classificação e Utilizações Gerais
3.1. Brita 0

Como visto na Aula 5, as Britas têm diversos tipos de graduação, indo desde o pó de
Tecnicamente, a Brita 0 é o material com módulo de finura de 5,74 e abrasão Los
pedra à brita 5, segundo a ABNT. Podem ser expressas também, pelas suas nomenclaturas
Angeles de 42% de desgaste. É um tipo de brita muito usado em insumos acessórios em
regionais. Algumas delas com as devidas aplicações podem ser expressas de acordo com a
obras por possuir dimensões reduzidas. A seguir serão expostas algumas aplicações.
classificação a seguir:
3.1.1. Fabricação de Massa Asfáltica
• Pó de Pedra: Malha 5 milímetros. É muito utilizado nas usinas de asfalto, para
Existem vários tipos de asfalto e cada um é obtido misturando diversos materiais ao
calçamentos com base asfáltica e de concreto para obtenção de textura fina,
asfalto do petróleo. Os diferentes tipos de asfalto com diferentes composições de seus
é usado principalmente em calçadas, na fabricação de pré-moldados e como
componentes são escolhidos de acordo com as necessidades da rua que será asfaltada. Por
estabilizador de solo; na confecção de argamassa para assentamento e
exemplo, uma rodovia que suporta o transporte de caminhões de grande porte, tem a

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Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

necessidade de um asfalto mais resistente do que das ruas de carros de passeio. Uma
maneira de generalizar a produção do asfalto é que o betume é misturado à areia, ao
pedrisco (brita 0) e gravilha a 200°C. É essa mistura que vemos sendo derramada nas ruas e
assentadas por compressores quando as ruas estão sendo asfaltadas. A sua distribuição é
regulamentada pela ABEDA – Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto.

3.1.2. Artefatos de Concreto

Vergas, blocos estruturais de concreto, pavers, postes, manilhas, etc. Estas são
algumas das peças fabricadas com o Pedrisco. Isto de dá devido à facilidade ao manuseio e
aplicação destes concreto que, geralmente apresentam um aspecto mais fluido com
plasticidade mais baixa. É também utilizado em concreto para lajes pré-moldadas.

3.3. Brita 2

Material com módulo de finura de 7,68 e abrasão Los Angeles de 34% de desgaste.

3.2. Brita 1 Utilizado como aterramento para subestações elétricas, e grandes concretagens como:
tubulões, sapatas, formas deslizantes, bueiros, canaletas, concreto ciclópico, etc. A Brita 2
Material com módulo de finura de 6,97 e abrasão Los Angeles de 36% de desgaste. É também é muito utilizada para envelopamento de tubos perfurados de drenagem,
uma das padras mais utilizadas, assim como a Brita 2, na confecção de concretos usinados. protegidas por uma manta geotêxtil.
Devido suas dimensões, ela é preterida para lançamento de concreto com bombas.
3.3.1. Fundações
3.2.1. Superestruturas
Geralmente, utilizadas devido a demanda de maiores resistência. Usa-se,
Devido serem concretadas geralmente com concreto bombeado, as superestruturas
normalmente, em construções de porte maior e que tenha que suportar mais peso. O
também, consequentemente, são as peças que mais possuem este tipo de brita. Para
concreto é chamado de concreto bruto, e é requerido em pisos de maior espessura.
Concretos Bombeados, recomenda-se a utilização de britas com diâmetro máximo até 25
Estruturas não armadas também geralmente recebem concreto com brita 2.
mm (brita 2), mesmo assim até 25%, devendo o restante ter diâmetro máximo de 19 mm
(brita 1). Para prédios, dependendo da altura ou mesmo da distância de tubulação serão 3.4. Brita 3
previstos agregados menores (britas) e/ou Slumps maiores. A tabela abaixo fornece uma
referência de agregado graúdo para Concretos Bombeáveis. Possui módulo de finura de 8,87 e abrasão Los Angeles de 27% de desgaste. Utilizada
para lastro ferroviário, decantação de fossas sépticas e drenagem de solo. A Brita 3 é

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Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

comumente utilizada para Drenos e é a matéria prima da rebritagem que é o processo que
dá origem a outras pedras como a Brita 1 e 2.

3.4.1. Sub-base para Pavimentação

Camada granular de pavimentação executada sobre o subleito natural regularizado ou


compactado, ou subleito com reforço devidamente regularizado ou compactado.

3.5. Brita 4

Esta brita é mais conhecida como rachão, sendo bastante utilizada em obras de
pavimentação, drenagem e terraplenagem, entre outras.

3.5.1. Gabião

Estrutura metálica em formato de gaiola, feita com telas de aço ou arame e preenchida
com pedra britada (geralmente rachão) ou seixos. Os gabiões são considerados muros de
arrimo por gravidade e são utilizados como barreiras de contenção ou estabilização de
taludes. Também são muito utilizados em obras hidráulicas e pequenos quebra-mares por
sua grande capacidade drenante.

3.4.2. Barragens de Resíduos

Uma barragem de resíduos é uma estrutura de terra e pedras construída para


armazenar resíduos de mineração, os quais são definidos como a fração estéril produzida
pelo beneficiamento de minérios, em um processo mecânico e/ou químico que divide o
mineral bruto em concentrado e rejeito. O rejeito é um material que não possui maior valor
econômico, mas para salvaguardas ambientais deve ser devidamente armazenado.

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Aula 7 – Agregados Graúdos: Britas Aula 8 – Ensaio de Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

4. Estocagem Aula 8: Ensaio de Agregados

O local de estoque deve ficar próximo ao portão de materiais, se possível diretamente


ligado à caçamba do caminhão. Devem ser levantadas baias de cerca de 1,20m de altura,
sobre um contrapiso de concreto. Detalhe: uma baia para cada granulometria de material. Agregados são relativamente baratos e não entram em reações químicas complexas com a
As baias evitam o vazamento do material e sua mistura com outros tipos de pedra. água; portanto têm sido usualmente tratados como um material de enchimento inerte no
concreto. Entretanto, devido à crescente compreensão do papel desempenhado pelos
Armazenar os materiais granulares em baias com contenção lateral previne o
agregados na determinação de muitas propriedades importantes do concreto, este ponto de
desperdício por espalhamento ou mistura. Um exemplo da não aplicação desse princípio
vista tradicional dos agregados como materiais inertes está sendo seriamente questionado.
pode ser observado em argamassas para alvenaria ou reboco que devido à mistura indevida
de agregados nos locais de armazenagem terminam contendo brita em sua constituição.

1. Introdução

Sabe-se que os cimentos consistem de compostos químicos que entram em reações


químicas com a água e produzem produtos de hidratação complexos, com propriedades
adesivas. Ao contrário do cimento, e embora ocupem 60 a 80 por cento do volume do
concreto, os agregados são frequentemente considerados como um material de
enchimento inerte e, portanto, não se dá muita atenção ao seu possível efeito nas
propriedades do concreto. Os agregados podem exercer uma considerável influência na
resistência, estabilidade dimensional e durabilidade do concreto. Além destas propriedades
importantes do concreto endurecido, os agregados também têm um papel fundamental na
determinação do custo e da trabalhabilidade das misturas de concreto, portanto, é
impróprio serem tratados com menos atenção do que os cimentos.

2. Amostragem de Agregados

2.1. Norma, Referência e Escopo

• NM 26:2009 – Agregados – Amostragem (elaborada pelo comitê brasileiro da


AMN em substituição à norma ABNT NBR 7216:1987);
• NM 27:2000 - Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de
laboratório;
• Procedimentos para a amostragem de agregados, desde a sua extração e
redução até o armazenamento e transporte das amostras representativas de
agregados para concreto, destinadas a ensaios de laboratório.

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Aula 8 – Ensaio de Agregados Aula 8 – Ensaio de Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

2.2. Definições • Depósitos comerciais e obra: O material pode ser encontrado em pilhas, silos,
ou sobre veículos de transporte ou correias transportadoras. Sempre que for
• Amostra de campo: Porção representativa de um lote de agregados, coletada
possível, a amostra deverá ser coletada durante o carregamento de agregados
nas condições prescritas na norma, seja na fonte de produção,
em veículos ou correias, para evitar que ocorra influência de segregação nos
armazenamento ou transporte. A amostra de campo é formada reunindo-se
resultados obtidos.
várias amostras parciais em número suficiente para os ensaios de laboratório;
• Lote de agregado: Quantidade definida de agregado produzido, armazenado 2.5. Número e Dimensão das Amostras
ou transportado sob condições presumidamente uniformes. Sua dimensão
• O número de amostras parciais é definido em função do volume de material e
não deve ultrapassar a 300 m³ de agregados de mesma origem ou, nos
da maior ou menor variação de suas características. O número deve ser
processos contínuos, a quantidade corresponde a 12 h ininterruptas de
suficiente para abranger todas as possíveis variações e assegurar
produção;
representatividade da amostra;
• Amostra parcial: Parcela de agregado obtida de uma só vez do lote, em um
determinado tempo ou local, obedecendo a um plano de amostragem;
• Amostra de ensaio: Porção obtida por redução da amostra de campo,
conforme a NM 27, utilizada em ensaios de laboratório.

2.3. Considerações Gerais

• A amostragem é tão importante quanto o ensaio, por isso, devem ser


tomadas todas as precauções necessárias para que se obtenha amostras
• Em estudos de agregados para dosagem de concretos, devem ser
representativas quanto às suas natureza e características;
consideradas também as quantidades especificadas na tabela:
• As amostras parciais, tomadas em diferentes pontos do lote, devem
representar todas as possíveis variações do material, podendo assim resultar
na porção mais representativa do material;
• Deve-se efetuar a amostragem quando o material estiver úmido e, caso essa
condição não se verifique, cabe umedecer levemente o material para evitar a
segregação da parte pulverulenta.

2.4. Procedimentos da Amostragem

• Jazidas e depósitos naturais: Inicialmente, deve ser realizada uma inspeção 2.6. Remessas e Identificação das Amostras

visual completa na região da jazida, para analisar as características e as


• As amostras de ensaio devem ser remetidas em sacos, containers, caixas ou
possíveis variações no material. Em seguida devem ser extraídas amostras de
recipientes adequados e limpos, precavendo-se contra a perda de qualquer
diferentes locais. O número e a profundidade das perfurações é estipulado
parte da amostra, ou danificação do recipiente durante o manuseio e
em função da natureza do depósito, da topografia da área, das características
transporte;
do material, da possibilidade de aproveitamento da jazida e da quantidade de
• Cada amostra deve ser convenientemente identificada individualmente,
material necessário para a execução da obra. As perfurações a serem
mediante uma etiqueta ou cartão, fixada ou presa ao recipiente utilizado,
realizadas devem ter, no mínimo, a profundidade necessária a ser alcançada
contendo os seguintes dados: Designação do material; número de
na exploração da jazida.
identificação de origem; tipo de procedência; massa da amostra; quantidade

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Aula 8 – Ensaio de Agregados Aula 8 – Ensaio de Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

do material que representa; obra e especificações a serem cumpridas; parte 3.4. Métodos Específicos
da obra em que será empregado; local e data da amostragem; responsável
3.4.1. Método A – Separador Mecânico
pela coleta;
• Para jazida natural, acrescentar: localização da jazida e nome do proprietário; • Equipamentos: Separador mecânico para agregado graúdo (no mínimo, oito
volume aproximado; espessura aproximada do terreno que cobre a jazida; calhas de igual abertura) ou para agregado miúdo (doze calhas de igual
croqui da jazida (planta, corte e localização da amostra); vias de acesso. abertura), com calhas de largura mínima aproximadamente 50% maior que o
tamanho nominal do agregado, e recipientes pra receber as metades da
3. Redução de Amostra de Agregados amostra;
• Procedimentos:
3.1. Norma, Referência e Escopo

✓ Colocar a amostra de campo no separador, distribuindo-a


• NM 27:2001 – Agregados – Redução da amostra de campo para ensaios em
uniformemente ao longo do mesmo, numa velocidade tal que
laboratório;
permita que o agregado passe livremente através das calhas;
• NM-ISO 3310-1:96 - Peneiras de ensaio - Requerimentos técnicos e
✓ Reintroduzir a porção da amostra coletada por um dos recipientes no
verificação. Parte 1 - Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico;
separador, tantas vezes quantas forem necessárias, para reduzir a
• NM 26:2009 - Agregados – Amostragem;
amostra à quantidade adequada ao ensaio pretendido. A porção de
• NM 30:2000 - Agregado miúdo - Determinação da absorção de água;
material recolhida pelo outro recipiente pode ser reservada para ser
• Condições exigíveis para a redução de amostras de campo a um tamanho
reduzida e utilizada em outros ensaios.
adequado para ensaios de laboratório, de maneira que a amostra para ensaio
seja a mais representativa possível da amostra de campo.

3.2. Definições

• Amostra de campo: Porção de agregados coletados na fonte, a serem


reduzidos até a quantidade necessária para a execução de ensaios de
caracterização (amostra de ensaio).

3.3. Especificações

3.4.2. Método B – Quartiamento


• Agregados miúdos: As amostras podem ser reduzidas por meio do separador
mecânico (método A) se não apresentarem umidade em excesso (no máximo, • Equipamento: Pá côncava e reta, colher de pedreiro, vassoura ou escova,
condição SSS). Amostras mais úmidas do que a condição SSS devem ser encerado de lona de aproximadamente 2,0 m x 2,5 m, haste rígida;
reduzidas por quarteamento (método B ou método C). Pode-se recorrer a • Procedimentos:
processos de umidificação ou secagem para uso de um método específico; ✓ Colocar a amostra de campo sobre o encerado ou uma superfície
• Agregados graúdos ou misturas: As amostras de campo, levemente rígida, limpa e plana, onde não ocorra nenhuma perda de material e
umedecidas, de modo a evitar perda de materiais finos, devem ser reduzidas nem haja contaminação, homogeneizando bem a amostra com a
usando um separador mecânico de acordo com o método A (método ajuda da pá ou levantando alternadamente cada ponta do encerado;
preferível) ou por quarteamento, conforme método B. O método C não é ✓ Juntar a amostra formando um cone e achatá-lo com a pá, formando
permitido para agregado graúdo ou para mistura dos agregados graúdo e um tronco de cone, cuja base deve ter diâmetro de quatro a oito
miúdo. vezes a altura do tronco de cone;

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

✓ Dividir a massa em quatro partes iguais com a pá, a colher de 4. Massa Unitária em Estado Solto
pedreiro, ou introduzindo a haste por baixo do encerado e
levantando-a para dobrar o encerado e dividir a amostra; 4.1. Norma, Referência e Escopo

✓ Eliminar duas partes da amostra, agrupando as outras duas, em


• NM 7251 – Agregado em estado solto – Determinação da massa unitária;
sentido diagonal. Cuidados, como varrer os espaços vazios entre um
• NM-ISO 3310-1:96 - Peneiras de ensaio - Requerimentos técnicos e
monte e outro, devem ser tomados para evitar a perda de materiais
verificação. Parte 1 - Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico
finos da amostra. Com o material remanescente, repetir estas
• NM 26:2009 - Agregados – Amostragem;
operações até reduzir a amostra à quantidade necessária.
• Estabelecimento de método para a determinação da massa unitária em
estado solto de agregados miúdos e graúdos.

4.2. Definições

• Massa unitária de um agregado no estado solto: Quociente da massa do


agregado lançado no recipiente conforme estabelecido nessa norma e o
volume desse recipiente. O material deve estar no estado seco, em
quantidade de, pelo menos, o dobro do volume do recipiente utilizado para o
ensaio;
• Volume do recipiente: Variável conforme a dimensão do agregado.

3.4.3. Método C – Tomadas Aleatórias

• Equipamento: Pá côncava e reta, colher de pedreiro e concha para


amostragem;
• Procedimentos:
✓ Colocar a amostra de campo de agregado miúdo, úmido, sobre uma
superfície rígida, limpa e plana, onde não ocorra perda de material e
contaminação e homogeneizar o material por completo, revolvendo
toda a amostra, no mínimo três vezes.
✓ Na última virada, juntar a amostra e, com auxílio da pá, depositar o 4.3. Procedimentos
material no topo do cone que vai se formando. Obter a quantidade
de amostra desejada através de, pelo menos, cinco tomadas, • O recipiente (aferido e pesado) deve ser preenchido com uma concha ou pá,

aproximadamente iguais, em locais escolhidos ao acaso e sendo o agregado lançado a uma altura de 10 a 12 cm do topo do recipiente;

distribuídos na superfície do cone formado. • Alisar a superfície do recipiente com uma régua (para agregado miúdo) -
figura 4 - e compensar as saliências e reentrâncias no caso de agregado
graúdo;
• Pesar o recipiente com o material nele contido. A massa do agregado solto é a
diferença entre a massa do recipiente cheio e a massa do recipiente vazio.

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

5.2. Definições

• Massa específica: Relação entre a massa do agregado seco em estufa (100°C a


110°C) até constância de massa e o volume igual do sólido, excluídos os poros
permeáveis;
• Massa específica aparente (massa unitária): Relação entre a massa do
agregado seco e o seu volume, incluídos os poros permeáveis – calculada de
acordo com a norma NM 7251;
4.4. Cálculos
• Massa específica relativa: Relação entre a massa de uma unidade de volume
A massa unitária no estado solto (δ) é calculada de acordo com a equação: de um material incluindo os poros permeáveis e impermeáveis, a uma
temperatura determinada, e a massa do mesmo volume de água destilada;
𝑚 + 𝑚𝑟
𝛿= • OBS.: Para a água destilada, a massa específica é numericamente igual à
𝑉𝑟
massa específica aparente, portanto, o conceito pode ser aplicada às duas
Onde:
grandezas.
𝛿: massa unitária do agregado no estado solto, em kg/dm³;
5.3. Método de Ensaio
m: massa do agregado no estado solto, em kg;
mr: massa do recipiente, em kg; • Equipamentos:
Vr: Volume do recipiente, em dm³. ✓ Balança (com capacidade mínima de 1 kg e sensibilidade de 1 g ou
menos);
4.5. Resultados
✓ Espátula, funil, pipeta, estufa, cápsula de porcelana;
• A massa unitária do agregado solto é a média dos resultados individuais ✓ Frasco Chapman (de vidro e composto de dois bulbos e de um
obtidos em pelo menos três determinações, com aproximação de 0,01 gargalo graduado). No estrangulamento existente entre os dois
kg/dm³; bulbos deve haver um traço que corresponde a 200 cm³, e acima dos
• Os resultados individuais de cada ensaio não devem apresentar desvios bulbos situa-se o tubo graduado de 375 cm³ a 450 cm³.
maiores que 1% em relação à média; • Procedimentos:
✓ Secar a amostra em estufa a 110ºC, até constância de peso;
5. Massa Específica de Agregado Miúdo ✓ Pesar 500 g de agregado miúdo;
✓ Colocar água no frasco Chapman, até a marca de 200 cm³;
5.1. Norma, Referência e Escopo
✓ Introduzir cuidadosamente as 500 g de agregado no frasco, com
• NM 52:2009 – Agregado miúdo – Determinação de massa específica e massa auxílio de um funil;
específica aparente; ✓ Agitar o frasco, cuidadosamente, com movimentos circulares, para a
• NM 26:2009 - Agregados – Amostragem; eliminação das bolhas de ar (as paredes do frasco não devem ter
• NM 27:2000 - Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de grãos aderidos);
laboratório; ✓ Fazer a leitura final do nível da água, que representa o volume de

• Métodos para determinação de massa específica e massa específica aparente água deslocado pelo agregado (L);
de agregados miúdos destinados a serem utilizados em concretos. ✓ Repetir o procedimento.

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

5.4. Cálculos Se mA = massa de um agregado submerso em água e m = massa da mesma porção de


agregado pesado ao ar, então: mA = m – EMPUXO. Portanto, o valor de (m – mA) representa
A massa específica do agregado miúdo é calculada através da expressão::
o valor do empuxo que o agregado sofre quando submerso.
𝑚𝑠 500
𝜌= = 𝐸 = (𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑉𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 ). 𝑔
𝐿 − 𝐿0 𝐿 − 200

Onde: Quando lidamos com água (𝜌 = 1g/cm³), a massa que gera a força de empuxo tem o
mesmo valor numérico do volume do material submerso. Portanto, (m – mA) = VOLUME DO
𝜌= massa específica do agregado miúdo, expressa em g/cm³ ou kg/dm³;
MATERIAL SUBMERSO.
L = leitura final do frasco (volume ocupado pela água + agregado miúdo).
6.3. Método de Ensaio
5.5. Resultados
• Equipamentos:
• Duas determinações consecutivas, feitas com amostras do mesmo agregado,
✓ Balança (com capacidade mínima para 10 kg e resolução de 1 g,
não devem diferir entre si de mais de 0,05 g/cm³;
equipada com um dispositivo adequado para manter o recipiente
• Os resultados devem ser expressos com duas casas decimais.
que contém a amostra suspenso na água, no centro do prato da
balança);
6. Massa Específica do Agregado Graúdo (Balança Hidrostática)
✓ Recipiente constituído de um cesto de arame com abertura de malha

6.1. Norma, Referência e Escopo igual ou inferior a 3,35 mm e capacidade para 4 dm³ a 7 dm³;
✓ Tanque de água (recipiente estanque para conter água onde será
• NM 53:2003 – Agregado graúdo – Determinação de massa específica, massa
submerso o recipiente com a amostra).
específica aparente e absorção de água;
• Procedimentos:
• NM 26:2000 - Agregados – Amostragem;
✓ Lavar completamente o agregado graúdo para remover o pó ou
• NM 27:2000 - Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de
outro material da superfície. Secar a amostra de ensaio a (105 ± 5)°C
laboratório;
até massa constante e deixar esfriar à temperatura ambiente
• NM 52:2002 - Agregado miúdo - Determinação de massa específica e massa durante 1h a 3h;
específica aparente; ✓ A massa mínima de amostra a ensaiar é definida na tabela.
• NM-ISO 3310-1:1996 - Peneiras de ensaio - Requerimentos técnicos e
verificação. Parte 1 - Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico;
• NM 248:2001 - Agregados - Determinação da composição granulométrica;
• Método de determinação da massa específica, da massa específica aparente e
a absorção de água dos agregados graúdos, na condição saturados superfície
seca, destinados ao uso em concreto.

6.2. Definições (Fundamentação Teórica)

Principio de Arquimedes: "Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por
parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido
✓ Pesar a amostra seca (mS) e submergir o agregado em água à
deslocado pelo corpo." (Peso Aparente = Peso real – Empuxo).
temperatura ambiente por um período de (24 ± 4) h (NOTA: Quando
for necessário ensaiar uma quantidade maior de amostra, pode ser

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

conveniente, para a precisão do ensaio, subdividir a amostra em duas 6.4.3. A massa específica aparente do agregado é calculada através da expressão:

ou mais partes);
𝑚𝑠 𝑚𝑠
✓ Retirar a amostra da água e envolvê-la em um pano absorvente até 𝜌𝑎𝑝 = =
𝑚𝑠 − 𝑚𝐴 𝑉′
que toda a água visível seja eliminada, ainda que a superfície das
Onde:
partículas se apresente úmida;
✓ Pesar a amostra na condição SSS (saturada com a superfície seca → 𝜌ap= massa específica aparente do agregado graúdo;
mSSS; mS = massa do ar da amostra seca;
✓ Colocar a amostra no recipiente apropriado, ligado à balança, mA = massa submersa em água da amostra;
submergi-la em água e pesá-la → mA. (Obs.: a balança deve ser V’ = volume do agregado, incluindo os vazios permeáveis.
previamente zerada com o recipiente vazio e imerso em água).
6.4.4. A absorção de água do agregado graúdo é calculada através da expressão:

𝑚𝑠𝑠𝑠 − 𝑚𝑠
A= . 100
6.4. Cálculos 𝑚𝑠

6.4.1. A massa específica do agregado graúdo SECO é calculada através da Onde:


expressão:
𝐴 = absorção de água do agregado graúdo, expressa em porcentagem;
𝑚𝑠 𝑚𝑠 mS = massa ao ar da amostra seca;
𝜌𝑠 = =
𝑚𝑠𝑠𝑠 − 𝑚𝐴 𝑉
mSSS = massa ao ar da amostra na condição SSS.
Onde:
6.5. Resultados
𝜌S= massa específica do agregado graúdo seco;
• O resultado do ensaio é a média de duas determinações;
mS = massa ao ar da amostra seca;
• A diferença entre dois resultados individuais obtidos a partir de uma mesma
mSSS = massa ao ar da amostra na condição SSS;
amostra e empregando o mesmo equipamento, em um curto intervalo de
mA = massa submersa em água da amostra;
tempo, não deve ser maior que:
V = volume do agregado, excluindo os vazios permeáveis.
✓ 0,02 g/cm³ para o ensaio de massa específica;
6.4.2. A massa específica do agregado graúdo na condição SSS é calculada através ✓ 0,3% para o ensaio de absorção de água de agregados com absorção.
da expressão:
• Informar os resultados de massa específica com aproximação de 0,01 g/cm³,
𝑚𝑠𝑠𝑠 𝑚𝑠𝑠𝑠 indicando o tipo de massa específica determinado;
𝜌𝑠𝑠𝑠 = =
𝑚𝑠𝑠𝑠 − 𝑚𝐴 𝑉′ • Indicar os resultados de absorção de água com aproximação de 0,1%.

Onde:
7. Teor de Umidade Total em Agregados (Secagem)
𝜌SSS= massa específica do agregado graúdo na condição SSS;
7.1. Norma, Referência e Escopo
mSSS = massa ao ar da amostra na condição SSS;
mA = massa submersa em água da amostra; • Norma específica: NBR 9939 – Agregados – Determinação do teor de umidade
V’ = volume do agregado, incluindo os vazios permeáveis. total por secagem;
• NBR 7216 - Amostragem de agregados - Procedimento
• NBR 9941 - Redução de amostra de campo de agregados para ensaio de
laboratório;

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• Método para determinação da umidade total, por secagem, em agregado • Umidade superficial: água aderente à superfície dos grãos expresso em
destinado ao preparo de concreto. percentagem da massa da água em relação à massa do agregado seco.
• Teor de umidade total: Relação percentual entre a massa total de água que
7.2. Fundamentação Teórica
envolve a superfície e preenche os poros permeáveis do agregado graúdo e
Condições que um material pode se apresentar quanto à umidade: sua massa seca.

7.4. Método de Ensaio

• Equipamentos:
✓ Balança com capacidade compatível com a massa da amostra de
ensaio.
✓ Estufa ou fonte de calor com capacidade de manter a temperatura
constante na faixa de 105°C - 110°C.
✓ Recipiente em material resistente ao calor e adequado
dimensionalmente à massa e ao volume da amostra.
✓ Haste de mistura de tamanho conveniente.
• Seco em estufa: devido à alta e constante temperatura que uma estufa pode
• Procedimentos:
manter, agregado encontra-se completamente seco, tanto no seu exterior
✓ Coletar e reduzir a amostra de campo, formando a amostra de
quanto no seu interior (vazios permeáveis);
ensaio, com massa mínima de acordo com a tabela;

• Seco ao ar: como a temperatura ao ar livre é menor e possui uma


variabilidade maior do que na estufa, o agregado tem a sua superfície seca,
porém, os poros permeáveis mais internos não são completamente secos,
havendo assim, umidade residual na partícula representada pela área menos
escura na figura;
• Saturado superfície seca (SSS): neste caso todos os poros permeáveis
encontram-se saturados e a superfície do agregado encontra-se seco. Essa
situação é encontrada na prática de determinação de absorção e massa
específica de agregados graúdos; ✓ Secar a amostra em estufa ou fonte de calor escolhida. Quando a

• Saturado: semelhante ao caso anterior, porém, há água na superfície. fonte de calor utilizada não for uma estufa, homogeneizar
periodicamente a amostra, de modo a uniformizar a secagem;
7.3. Definições
✓ Determinar a massa da amostra em intervalos sucessivos de pelo

• Umidade: relação da massa total de água que envolve o agregado e a m seca. menos 2 horas;
✓ Efetuar as determinações assim que a temperatura da amostra
• Absorção: é o teor de umidade no estado saturado, superfície seca. Absorção
estiver suficientemente baixa para não danificar a balança;
é o aumento da massa do agregado devido ao preenchimento dos seus poros
✓ A massa final (Mf) é obtida quando a diferença entre duas pesagens
por água expresso como porcentagem de sua massa seca (em estufa).
sucessivas não indicar mais que 0,1% de perda de massa da amostra.
• Coeficiente de umidade: é um número que, multiplicado pela massa úmida,
fornece a massa seca.

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7.5. Cálculos ✓ Introduzir 500g de agregado úmido e agitar até eliminar as bolhas de
ar;
A umidade do agregado é calculada através da expressão:
✓ Efetuar a leitura do nível atingindo pela água.;
𝑚𝑖 − 𝑚𝑓
h= . 100 8.4. Cálculos
𝑚𝑓

Onde: A umidade do agregado é calculada através da expressão:

h = teor de umidade total do agregado, expressa em porcentual; [(L − 200)𝜌] − 500


h= . 100
mi = massa inicial da amostra, em gramas; 𝜌(700 − 𝐿)

mf = massa final da amostra, em gramas. Onde:

h = teor de umidade (%);


OBS.: É possível se determinar a umidade de solos e de agregados miúdos pelo
L = leitura do frasco (cm³);
emprego de álcool etílico. A umidade se determina pela adição de álcool à amostra e a sua
ρ= massa específica (kg/dm³),
posterior queima. Para isso, é necessário pesar cerca de 50g do agregado e despejar
quantidade adequada de álcool etílico na amostra, revolvendo-a com a espátula e 8.5. Resultado
inflamando a seguir o álcool. A operação deve ser repetida por três vezes e, em seguida,
calcula-se o teor de umidade da amostra pela comparação entre as massas iniciais e finais. • Média de duas determinações;
• Os resultados não devem diferir entre si mais do que 0,5%.
8. Umidade Superficial de Agregados Miúdos (Chapman)
9. Umidade Superficial de Agregados Miúdos (Speedy)
8.1. Norma, Referência e Escopo
9.1. Norma, Referência e Escopo
• Norma específica: NBR 9775 – Agregados – Determinação da umidade
superficial em agregados miúdos por meio do frasco Chapman; • Norma específica: DNER - ME 52 – 64 (elaborada pelo Departamento nacional

• NBR 9776 - Agregados - Determinação da massa específica de agregados de estradas de rodagem);

miúdos por meio do frasco de Chapman - Método de ensaio; • Procedimento para determinação expedita do teor de umidade de solos e

• Determinação da umidade em agregados miúdos pelo frasco de Chapman. agregados miúdos pelo uso em mistura com carbureto de cálcio, colocada em
dispositivo medidor de pressão de gás (SPEEDY).
8.2. Definições
9.2. Método de Ensaio
• Umidade superficial: teor de água aderente à superfície dos grãos do
agregado, expressa em percentagem da massa de água em relação à do • Equipamentos:

agregado seco. ✓ Conjunto speedy;


✓ Ampolas com cerca de 6,5g de carbureto de cálcio (CaC2);
8.3. Método de Ensaio • Procedimentos:
✓ Determinar a massa da amostra e depositá-la na câmara do
• Equipamentos:
aparelho;
✓ Balança com capacidade de 1 kg e sensibilidade de 1g ou menos;
✓ Introduzir duas esferas de aço e a ampola de carbureto;
✓ Frasco de Chapman.
✓ Agitar o aparelho;
• Procedimentos:
✓ Efetuar leitura da pressão manométrica;
✓ Colocar água no frasco até a divisão de 200 cm³;

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✓ Verificar tabela de aferição própria do aparelho;


✓ Encontrar h1;
✓ Se a leitura for menor do que 0,2 kg/cm² ou maior do que 1,5
kg/cm², repetir o ensaio com a massa da amostra imediatamente
superior ou inferior, respectivamente.

9.3. Cálculos

A umidade do agregado é calculada através da expressão:

ℎ1
h= . 100
100 − ℎ1

Onde:

h = teor de umidade em relação à massa seca (%);


h1 = teor de umidade em relação à amostra total úmida (%).

10.Composição Granulométrica de Agregados

10.1. Norma, Referência e Escopo


• Dimensão máxima característica: Grandeza associada à distribuição

• Norma específica: NBR NM 248:2001 – Agregados – Determinação da granulométrica do agregado, correspondente à abertura nominal, em

composição granulométrica; milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o

• NM-ISO 3310-1:1996 - Peneiras de ensaio - Requisitos técnicos e verificação - agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou

Parte 1 – Peneiras de ensaio com tela de tecido metálico imediatamente inferior a 5% em massa;

• NM-ISO 3310-2:1996 - Peneiras de ensaio - Requisitos técnicos e verificação - • Módulo de finura: Soma das porcentagens retidas acumuladas em massa de

Parte 2 – Peneiras de ensaio de chapa metálica perfurada um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100;

• NM 26:2000 - Amostragem de agregados • Curva granulométrica: Diagrama obtido pela união dos pontos obtidos pelas

• NM 27:2000 - Redução de amostra de campo de agregados para ensaio de porcentagens retidas em cada peneira (abcissas = abertura das peneiras em

laboratório escala logarítmica / ordenadas = porcentagens retidas acumuladas).

• NM 46:2001 - Agregados - Determinação do material fino que passa através


10.3. Fundamentação Teórica
da peneira 75 µm por lavagem
• Método para a determinação da composição granulométrica de agregados A distribuição granulométrica dos agregados é determinada usualmente por meio de

miúdos e graúdos para concreto. uma análise por peneiramento. Nessa análise uma amostra seca de agregado é fracionada
através de uma série de peneiras com aberturas de malha progressivamente menores,
10.2. Definições (Fundamentação Teórica)
conforme ilustrado na Figura ao lado.

• Série normal e série intermediária: Conjunto de peneiras sucessivas, que


Como a massa da fração de partículas retida em cada peneira é determinada e
atendam às normas NM-ISO 3310-1 ou 2, com as aberturas de malha
comparada com a massa total da amostra, a distribuição é expressa como porcentagem em
estabelecidas na tabela:
massa retida OU passante em cada peneira.

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Granulometria é a distribuição, em porcentagens, dos tamanhos de grãos, ✓ Bandejas, escovas ou pinceis;


determinando as dimensões das partículas e suas respectivas porcentagens de ocorrência. A ✓ Agitador mecânico (optativo).
composição granulométrica tem grande influência nas propriedades das argamassas e • Procedimentos:
concretos. ✓ Encaixar as peneiras, previamente limpas, com aberturas de malha
em ordem crescente da base para o topo, com fundo, e acrescentar
10.3.1. Análises de curvas granulométricas
na peneira superior uma amostra do agregado, seco em estufa;

• Classificação de areias quanto ao módulo de finura: ✓ Agitar mecanicamente o conjunto, por um tempo razoável para
✓ Muito finas: 1,35 < MF < 2,25; permitir a separação dos diferentes tamanhos de grão da amostra.
✓ Finas: 1,71 < MF < 2,78; Se não for possível a agitação mecânica do conjunto, classificar
✓ Médias: 2,11 < MF < 3,28; manualmente toda a amostra em uma peneira para depois passar à
✓ Grossas: 2,71 < MF < 4,02. seguinte, agitando cada uma por cerca de 2 minutos;
• Classificação das britas quanto ao DMC: ✓ Remover o material retido na peneira para uma bandeja identificada
✓ Brita 0: 4,8mm < DMC < 12,5mm; e depositar material passante na próxima peneira. Escovar a tela em
✓ Brita 1: 9,5mm < DMC < 25,0mm; ambos os lados para limpar a peneira. O material removido pelo lado
✓ Brita 2: 19,0mm < DMC < 32,0mm; interno é considerado como retido (juntar na bandeja) e o
✓ Brita 3: 25,0mm < DMC < 50,0mm; desprendido na parte inferior como passante (depositar na próxima
✓ Brita 4: 38,0mm < DMC < 75,0mm; peneira);
✓ Brita 5: DMC > 75mm ✓ Determinar a massa total de material retido em cada uma das
peneiras e no fundo do conjunto. O somatório de todas as massas
10.4. Método de Ensaio
não deve diferir mais de 0,3%da massa inicial;
• Equipamentos: ✓ Realizar o ensaio novamente com outra amostra de ensaio retirada
✓ Balança (com resolução de 0,1% da massa da amostra de ensaio; da mesma amostra de campo.
✓ Estufa capaz de manter a temperatura no intervalo de (105 ± 5)°C;
✓ Peneiras das séries normal e intermediária, com tampa e fundo, que
atendam às exigências das normas NM-ISO 3310-1 ou 2;

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

10.5. Cálculos 11.3. Método de Ensaio

Para cada uma das amostras de ensaio, calcular a porcentagem retida, em massa, em • Equipamentos:
cada peneira, com aproximação de 0,1%. As amostras devem apresentar necessariamente a ✓ Encerado de lona;
mesma dimensão máxima característica e, nas demais peneiras, os valores de porcentagem ✓ Balanças;
retida individualmente não devem diferir mais que 4% entre si. Caso isto ocorra, repetir o ✓ Recipiente padronizado (NBR 7251), régua, concha ou pá, proveta
peneiramento para outras amostras de ensaio até atender a esta exigência. graduada;
✓ Estufa e cápsulas com tampa;
Após isso, calcular as porcentagens médias, retida e acumulada, em cada peneira, com
✓ Betoneira (opcional).
aproximação de 1%. Depois, determinar o módulo de finura, com aproximação de 0,01 e
• Procedimentos:
traçar a curva granulométrica (em escala logarítmica) com as porcentagens acumuladas
✓ Secar a amostra em estufa (com o dobro do volume do recipiente
PASSANTES.
padronizado) até constância de massa, resfriá-la sobre a lona,
homogeneizar e determinar sua massa unitária conforme NBR 7251;
✓ Adicionar água sucessivamente para umidades de 0,5%, 1%, 2%, 3%,
4%, 5%, 7%, 9% e 12%. Para cada adição de água:
▪ Homogeneizar a amostra;
Definir os limites nos quais a curva mais se encaixa, de acordo com as porcentagens
▪ Determinar sua “massa unitária úmida”;
acumuladas RETIDAS.
▪ Coletar material em cápsulas para determinação da

11.Inchamento do Agregado Miúdo umidade em estufa.

11.1. Norma, Referência e Escopo 11.4. Cálculos

• Norma específica: NBR 6467 – Determinação do inchamento do agregado Para cada massa unitária determinada, checar o teor de umidade do agregado e para

miúdo; cada teor de umidade, calcular:

• NBR 7251 – Agregados em estado solto – Determinação da massa unitária; 𝑉ℎ 𝜇 100 + ℎ


CI = = ×
• Determinação do inchamento de agregados miúdos para concretos. 𝑉𝑠 𝜇ℎ 100

11.2. Definições Onde:

• Inchamento de agregado miúdo: Variação do volume aparente provocado CI = coeficiente de inchamento;

pela adsorção de água livre pelos grãos e que incide sobre sua massa unitária; h = umidade do agregado (%);

• Coeficiente de Inchamento: quociente entre os volumes úmido e seco de uma 𝜇 = massa unitária do agregado seco (kg/dm³);

mesma massa de agregado (conforme a granulometria, pode variar de 20 a 𝜇ℎ = massa unitária do agregado com h% de umidade (kg/dm³).

40%);
Próximos passos:
• Umidade crítica: Teor de umidade acima do qual o coeficiente de inchamento
pode ser considerado constante e igual ao coeficiente de inchamento médio; • Assinalar os pares de valores (h, CI) em gráfico, e traçar a curva de

• Coeficiente de inchamento médio: Coeficiente utilizado para encontrar o inchamento;

volume da areia úmida a ser medido, quando a umidade do agregado estiver • Traçar a reta tangente, paralela ao eixo das umidades, pelo ponto de CI

acima da umidade crítica (expresso pelo valor médio entre o coeficiente de máximo;

inchamento máximo e aquele correspondente à umidade crítica).

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• Traçar a corda que une a origem de coordenadas ao ponto de tangência da • Especificação (NBR 7211): Limites máximos para material pulverulento
reta traçada anteriormente (CI máximo); ✓ Agregado miúdo em concreto sujeito a desgaste superficial: 3,0%;
• Traçar nova tangente à curva, paralela a esta corda, e determinar: ✓ Agregado miúdo em outros concretos: Máximo de 5,0%;
✓ A umidade crítica (umidade no ponto de interseção das duas tangentes); ✓ Agregado graúdo: Máximo de 10%.
✓ O coeficiente de inchamento médio (média aritmética entre o CI máximo
As partículas inferiores à (0,075mm) são constituídas de silte e argila. Em geral, a
e aquele correspondente à umidade crítica).
presença desses materiais é indesejável na constituição do concreto, pois um agregado com
Observação: O coeficiente de inchamento médio é empregado para correção do alto teor de materiais pulverulentos diminui aderência do agregado à pasta ou argamassa,
volume do agregado miúdo. Seu emprego é adequado quando a umidade do agregado é prejudicando de forma direta a resistência do concreto.
superior ou igual à umidade crítica.
12.3. Método de Ensaio

• Equipamentos:
✓ Balança com resolução de 0,1 g ou 0,1% da massa da amostra;
✓ Peneiras de 0,075 mm e 1,18 mm;
✓ Recipiente para agitação do material;
✓ Estufa capaz de manter a temperatura no intervalo de 100 a 110 °C;
✓ Dois béqueres de vidro transparente;
✓ Haste para agitação.
• Procedimentos:
✓ Secar a amostra em estufa (100°C a 110°C) até massa constante
(aproximadamente 24 horas) e registrar a massa (Mi). A massa
mínima para o ensaio é proporcional à dimensão máxima do
agregado e deve estar de acordo com a tabela:

12.Material Pulverulento (finos) em Agregados

12.1. Norma, Referência e Escopo

• Norma específica: NBR 7219 – Agregados – Determinação do teor de


materiais pulverulentos;
✓ Colocar a amostra no recipiente e adicionar água até cobri-la. Agitar
• NBR 5734 - Peneiras para ensaio – Especificação;
a amostra vigorosamente até que o material pulverulento fique em
• NBR 7216 - Amostragem de agregados – Procedimento;
suspensão;
• NBR 9941 - Redução de amostra de campo de agregados para ensaios de
✓ Imediatamente, escoar a água de lavagem sobre as peneiras (1,2mm
laboratório - Procedimento;
e 0,075mm, juntas), colocadas em ordem de diâmetro crescente, de
12.2. Definições e Fundamentação Teórica baixo para cima;
✓ Adicionar uma segunda quantidade de água ao recipiente, agitar e
Materiais pulverulentos são partículas minerais com dimensão inferior a 0,075 mm,
verter a água sobre as peneiras.
inclusive os materiais solúveis em água, presentes nos agregados.

88 89
Aula 8 – Ensaio de Agregados Aula 8 – Ensaio de Agregados
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 2 – AGREGADOS

13.Impurezas Orgânicas em Agregados

13.1. Norma, Referência e Escopo

• Norma específica: NBR NM 49:2001 – Agregado miúdo – Determinação de


impurezas orgânicas;
• NM 26:2000 - Agregados – Amostragem;
• NM 27:2000 - Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de
laboratório;
• Método de determinação colorimétrica de impurezas orgânicas em agregado
miúdo destinado ao preparo do concreto.
✓ Repetir a operação até que a água de lavagem fique clara,
13.2. Definições e Fundamentação Teórica
comparando-se visualmente a sua limpidez com uma água limpa,
usando dois béqueres; Impurezas orgânicas são materiais indesejáveis que estão presentes nas areias e que,
✓ Retornar todo o material retido nas peneiras sobre a amostra lavada. devido a sua origem orgânica, exercem ação prejudicial sobre a pega e o endurecimento das
✓ Secar o agregado lavado em estufa e determinar a massa restante argamassas e concretos. É regido por especificação (NBR 7211): limite para uso em
(Mf); concretos → 300ppm.
✓ Calcular o teor de material pulverulento do agregado.
13.3. Método de Ensaio
12.4. Cálculos
• Equipamentos:
O teor de materiais pulverulento é calculado pela relação: ✓ Balança;

𝑀𝑖− 𝑀𝑓 ✓ Provetas (10 e 100 ml) e béquer (1 litro);


% 𝑚𝑎𝑡. 𝑝𝑢𝑙𝑣. = . 100 ✓ Frasco Erlenmeyer (250ml);
𝑀𝑖
✓ Funil, papel filtro;
Onde:
✓ Tubos Nessler (100 ml).
Mi = Massa inicial do agregado; • Reagentes e Soluções::
Mf = Massa final do agregado; ✓ Água destilada;
✓ Hidróxido de sódio;
12.5. Resultados
✓ Ácido tânico;
• O resultado do ensaio é a média de duas determinações; ✓ Álcool 95%.
• Informar os resultados de absorção de água com aproximação de 0,1%; • Preparo das soluções:

• A variação máxima permitida para duas determinações é de 0,5% para ✓ Solução de hidróxido de sódio a 3% (30g hidróxido de sódio + 970g

agregado graúdo e 1,0% para agregado miúdo. de água);


✓ Solução de ácido tânico a 2% (2g de ácido tânico + 10ml de álcool +
NOTA: A peneira 1,2 deve ser posicionada sobre a peneira 0,075 m, para protegê-la
90ml de água);
contra esforços provocados por excesso de material ou por partículas de grandes dimensões
✓ Solução padrão - 3 ml da solução de ácido tânico com 97 ml da
que eventualmente sejam carregadas pela água de lavagem.
solução de hidróxido de sódio em repouso durante 24 horas;
• Procedimentos:

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Aula 8 – Ensaio de Agregados Aula 9 – Cimentos I
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

✓ Colocar a amostra (200 gramas do agregado miúdo) juntamente com


Unidade 3 – Aglomerantes
100 ml da solução de hidróxido de sódio num frasco de Erlenmeyer;
✓ Agitar e deixar em repouso durante 24 horas;
✓ Filtrar a solução, recolhendo-a em tubo Nessler.

13.4. Resultados Aula 9: Cimentos I


Comparar a cor da solução obtida com a da solução padrão, observando se é mais
clara, mais escura ou igual a da solução padrão. No caso da solução resultante da amostra
apresentar cor mais escura que a da solução padrão, a areia é considerada suspeita e
Aglomerante é o material ativo, ligante, em geral pulverulento, cuja principal função é formar
deverão ser procedidos outros ensaios de qualidade, conforme NBR 7221.
uma pasta que promove a união entre os grãos do agregado. São utilizados na obtenção das
argamassas e concretos, na forma da própria pasta e também na confecção de natas. As
pastas são, portanto, misturas de aglomerante com água. São pouco usadas devido aos
efeitos secundários causados pela retração. Podem ser utilizadas nos rejuntamentos de
azulejos e ladrilhos. As natas são pastas preparadas com excesso de água. As natas de cal são
utilizadas em pintura e as de cimento são usadas sobre argamassas para obtenção de
superfícies lisas.

1. Introdução aos Aglomerantes

São substancias que se apresentam na forma pulverulenta e ao se misturar com a água


ou o ar, tem poder cimentante. E ao endurecer, normalmente adere à superfície com a qual
foi posta em contato.

1.1. Classificação

A classificação dos Aglomerantes se dá pela seguinte maneira, conforme os critérios


apresentados na figura.

Ba s ea do e a da ptado Engª Ci vi l
Ma ya ra Mora es Cus tódi o, M.Sc.
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

92 93
Aula 9 – Cimentos I Aula 9 – Cimentos I
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

1.1.1. Quimicamente Inertes 1.2.1. Em estado Pulverulento

Não ocorrem reações químicas, o endurecimento da argila se processa pela perda da a) Composição química: importante no caso de cimentos, onde as diferentes
água adquirindo resistência, porém retorna a condição plástica pela adição de mais água. composições químicas resultam em cimentos com propriedades físicas e
Foi o primeiro aglomerante utilizado pelo homem, inicialmente para a confecção de químicas variadas;
utensílios, posteriormente para execução de abrigos. As técnicas construtivas com terra b) Massa específica aparente: importante na dosagem de argamassas e
mais comumente encontradas são: concretos e no transporte;
c) Finura: Influência na reatividade do aglomerante e na velocidade de
• Adobes;
hidratação dos grãos;
• Pau-a-pique;
d) Teor de impurezas: materiais inertes (sílica) ou impurezas orgânicas, além de
• Taipa de pilão;
não colaborarem nas reações de endurecimento, podem prejudicar a pega e
• BTC – Bloco de terra comprimida;
aumentar a retração.
• Terra – palha.
1.2.2. Em estado de Pasta
1.1.2. Quimicamente Ativos
a) Tempo de início e fim de pega;
São aglomerantes cuja atividade ligante se dá através de uma reação química ou
b) Calor de hidratação: importante para estabilidade das formas, contrações
conservam suas propriedades físicas através de reações químicas. Como exemplos deste
térmicas, fissuras;
tipo de aglomerante temos a cal, o gesso e o cimento. Os quimicamente ativos podem ser:
c) Estabilidade volumétrica: verificar a presença de óxidos não hidratados no

• Simples: constituído por uma única matéria-prima e que depois de cozido não aglomerante. Estes óxidos podem hidratar-se de maneira tardia aumentando

recebe outro produto; seu volume e provocando a desagregação da argamassa ou do concreto.

• Compostos: mistura de um aglomerante com materiais denominados 1.2.3. Argamassa no estado Fresco
hidraulites (escória de alto forno ou pozolana);
a) Plasticidade: capacidade de, sob ação de uma força, deformar-se e conservar
• Mistos: mistura de 2 ou mais aglomerantes simples;
indefinidamente a deformação quando anulada a força (facilidade de
• Com adições: são aglomerantes aos quais foram adicionados produtos fora
espalhamento – trabalhabilidade);
das especificações.
b) Retenção de água: (importante para cales): capacidade de fixação das
1.1.3. Quanto ao Endurecimento moléculas de água nos cristais de di-hidróxido de cálcio Ca(OH)2 . Importância:
evitará a perda abrupta de água para o componente de alvenaria ou base de
• Aglomerantes Aéreos: o endurecimento ocorre por combinação de seus
revestimento, melhorando a aderência.
constituintes com o gás carbônico da atmosfera, para que a reação ocorra,
c) Capacidade de incorporação de areia (cales): quantidade máxima de areia que
portanto, há necessidade da presença de ar;
pode ser misturada com a cal, sem prejudicar as características de
• Aglomerantes Hidráulicos: o endurecimento ocorre quase exclusivamente por
trabalhabilidade da mistura.
reações químicas entre seus constituintes e a água.
1.2.4. Em estado Endurecido (na forma de argamassa ou concreto)
1.2. Propriedades
a) Resistência à compressão (em função do tempo);
As propriedades dos aglomerantes se dão conforme seu estado. Pedem elas, de
b) Aderência: capacidade de ligação com materiais porosos;
acordo com as características naturais, serem:
c) Impermeabilidade, porosidade: estanqueidade do revestimento, durabilidade;
d) Massa específica aparente;

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Aula 9 – Cimentos I Aula 9 – Cimentos I
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

e) Estabilidade dimensional. • Gipsita: CaSO4.2H2O;


• Anidrita: CaSO4;
2. Cimentos • Rocha calcária: calcário, giz, dolomita e mármore;
• Argila: enxofre monoclínico, caulinita Al4Si4O10(OH)3 (branca), montmorilonita
Em geral são consideradas duas abordagens para classificar cimentos, uma em relação
Al2(Mg, Fe)3Si4O10(OH)2.nH2O (rosada) e ilita KAl2Si4O10(OH)2 (branca);
à composição e a outra relativa às propriedades correspondentes ao desempenho dos
• Marga: rocha sedimentar constituída de carbonato de cálcio argiloso;
cimentos.
• Bauxita: depósitos residuais aluminosos contendo argila, gibsita (H3AlO3 ou
Na área de construção e engenharia civil tem-se interesse os cimentos hidráulicos Al2O3.3H2O) e diásporo (Al2O3.H2O);
calcários - isto é, os cimentos hidráulicos em que os principais constituintes são compostos
Entre os refugos industriais temos a escória metalúrgica, lama da obtenção do NaOH
de cálcio. De fato, estes cimentos são constituídos sobretudo por silicatos e aluminatos de
(contém CaCO3), cinzas de pirita, e lama da manufatura industrial de alumínio.
cálcio e de um modo geral podem-se classificar em 3 grandes Grupos que serão vistos
adiante. Dentro desta classe existe uma grande variedade de cimentos. Entre eles o Portland,
que terá estudo detalhado nesta e na próxima aula.
2.1. Classificação dos Cimentos

2.1.2.1. CIMENTO PORTLAND


A depender do uso, podem ser divididos em três grupos principais: cimentos
endurecidos ao ar (pela ação do CO2); endurecidos em água e resistentes a ácidos. O estudo do cimento Portland será retomado mais adiante, em ponto específico.
Porém, para situá-lo na classificação dos cimentos, faz-se necessária esta intervenção. O
2.1.1. Cimentos endurecidos ao ar
cimento Portland é um produto que se obtém pela pulverização do Clínquer constituído
Compreendem cimentos de cal aérea, gipsita, e cal magnesiana. Para construções e essencialmente por silicatos de cálcio hidráulicos, a que não se fizeram adições
rebocos emprega-se a cal, artigos estruturais e decorativos o gesso e no papel sulfite a cal subsequentes à calcinação, exceto a de água e/ou a de sulfato de cálcio bruto, além da de
magnesiana. A cal é obtida do calcário, do mármore, dolomita (CaCO 3, MgCO3), giz e ostras outros materiais, que podem ser intercominuídos com o Clínquer, em teor que não exceda a
por ação do calor; CaCO3 → CaO (cal) + H2O e durante seu endurecimento, reage com a 1,0 %, à vontade do fabricante. O Cimento Portland pode ser fabricado de várias maneiras:
água formando o hidróxido de cálcio que ao absorver o gás carbônico do ar regenera o
carbonato de cálcio. O gesso, por sua vez, é obtido a partir da gipsita também por ação do
calor; CaSO4.2H2O → CaSO4.0,5H20 (gesso) + 1,5H2O.

2.1.2. Cimentos hidráulicos

São usados na fabricação de concreto reforçado pré-fabricado, partes de concreto


estrutural e partes de concretos de edifícios, estruturas de subsolo e de engenharia
hidráulica. Neste grupo incluem-se a cal hidráulica, cimentos Portland e cimentos • Tipo I – Cimentos Portland Comuns: produto usual para as construções de
compostos de várias misturas (cimentos de alumina, Trass e de escória). A cal hidráulica é concreto;
obtida calcinando-se calcário com argila. • Tipo II - Cimentos Portland com baixo calor de endurecimento e resistentes ao
sulfato: pequeno calor de hidratação, 70 e 80 cal/g depois de 7 e 28 dias,
Em construção, os cimentos são usados em diversos tipos de massas como: massa
respectivamente. Usado onde necessita-se de um calor de hidratação
simples (cimento e água); argamassa de construção (cimento, água e areia fina); concretos
moderado ou construções expostas a uma moderada ação de sulfatos. ;
(cimento, água, areia fina e cascalho) e concreto reforçado (possui vergalhões).
• Tipo III - Cimentos de alta resistência inicial (ARI) ou endurecimento rápido:
As matérias primas para a fabricação de cimentos são geralmente materiais de também conhecido como cimento HES (high early strength), neste cimento a
ocorrência natural e, por vezes refugos industriais. Entre estes materiais temos: razão de cal/sílica é maior que para o tipo I, possui maior proporção de C 3S

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Aula 9 – Cimentos I Aula 9 – Cimentos I
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

que os cimentos comuns. Esta proporção juntamente com a moagem mais • Cimentos de argamassas especiais, resistentes à corrosão: cimentos de
fina, provoca um endurecimento mais rápido e uma evolução de calor mais furano, os fenólicos, os de enxofre e os de silicato são os mais importantes;
rápida; • Cimento Controlado: não se contrai nem fendilha durante a pega. 10 a 20% de
• Tipo IV - Cimentos Portland de baixo calor de hidratação: % menor de C 3S e de sulfoaluminato de cálcio (proveniente da bauxita, do gesso e do calcáreo) com
C3A, uma vez que a quantidade de C4AF é aumentada pela adição de Fe2O3, o o cimento portland;
que diminui o desprendimento de calor. O calor desprendido não deve • Cimento Ferrari: a razão entre Al2O3 e Fe2O3 é de 0,64 a 1, tem maior
exceder a 60 cal/g depois de 7 dias, e a 70 cal/g depois de 28 dias, e é de 15- resistência ao ataque químico;
30% menor que o calor de hidratação dos cimentos comuns ou dos cimentos • Cimento a prova d’água: clínquer normal com pequenas quantidades de
do tipo III. estearato de Ca ou óleo não saponificável;
• Tipo V - Cimentos Portland resistentes aos sulfatos: resistem melhor aos • Cimento hidrofóbico: clínquer com ácidos graxos para reduzir a velocidade de
sulfatos que os outros quatro tipos. Tem menos C3A que os cimentos comuns. deterioração na estocagem em local desfavorável ou no transporte;
Por isso o teor de em C4AF é mais elevado. • Os cimentos de escória: onde adiciona-se escória siderúrgica (do alto forno)
finamente dividida ao clínquer para conferir-lhe maior resistência à água e
2.1.2.2. CIMENTO DE ARGAMASSA
podem ser usados em estruturas de concreto, concreto reforçado que não
São misturas finamente moídas de cimento Portland, calcáreo e agentes Aeradores. sejam submetidos a altas temperaturas ou variações grandes de umidade.
Aeradores são agentes de arraste de ar (materiais resinosos, graxas ou sebos).
3. Cimento Portland
2.1.2.3. CIMENTO POZOLANA (CIMENTO ROMANO)
O cimento Portland é feito pela mistura e calcinação de materiais calcáreos e argilosos.
De duas a quatro partes de pozolana com 1uma parte de cal hidratada. As pozolanas
Os cimentos Portland constituem 50% de toda a produção mundial de cimentos. Feitos de
naturais são tufos vulcânicos. Uma pozolana artificial importante é a moinha de cinzas.
matéria prima barata, objetos feitos com eles possuem alta resistência mecânica,
O cimento de Pozolana foi fabricado na Roma antiga com calcário calcinado, água e resistência total ao ar e a baixas temperaturas, endurecem rapidamente tanto no ar quanto
cinzas vulcânicas da região de Pozzuoli. Atualmente, este cimento é constituído por clínquer na água. Obtidos através da calcinação do calcário argiloso (1400 a 1450 oC) o produto
com aditivos hidráulicos adicionados em quantidades que variam entre 20 a 50% e que calcinado chama-se clínquer e consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos que
podem ser rocha vulcânica porosa, rochas sedimentares constituídas principalmente por podem ser classificados em fases distintas:
sílica amorfa (diatomita e trípoli) ou sílica contendo resíduos industriais. O cimento de
Pozolana é usado principalmente para estruturas submersas e de subsolo, mas não podem
ser usados em locais onde ocorrem grandes variações de temperatura além de secarem
lentamente.

2.1.2.4. CIMENTO A ALTA ALUMINA

Essencialmente um cimento de aluminato de cálcio é fabricado pela fusão de uma


mistura de calcáreo e bauxita. Taxa muito rápida de endurecimento e resistência superior à
água do mar e às águas portadoras de sulfatos.
Por vezes associa-se a fabricação do cimento à de outros produtos como na França, na
2.1.2.5. OUTROS CIMENTOS Inglaterra e na Alemanha, onde queima-se CaSO4 (anidrita ou gipso), argila, coque e areia
com Fe2O3 para corrigir as proporções (CaSO4 + 3C → CaS + 2CO2 ∴ 3CaSO4 + CaS → 4CaO +
Podem ser citados ainda, a título de informação:
4SO2). A cal liberada reage com a alumina, sílica e óxido de ferro para formar o clínquer. O

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Aula 9 – Cimentos I Aula 9 – Cimentos I
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

coque promove uma rápida decomposição do CaSO4 a 1400 oC. Os gases contém 9% de SO2
que é transferido para uma planta onde, pelo processo de contato, é transformado em
ácido sulfúrico.

Este coeficiente tem utilidade no sentido em que tanto a queima quanto as reações
Quando a sílica e o calcário são aquecidos juntos, formam quatro compostos distintos:
podem ser incompletas, levando a um aumento da quantidade de cal livre no clínquer,
o metassilicato de cálcio (CaO.SiO2) que não faz parte do cimento Portland; a rankinita ou
diminuindo o teor de C3S e a quantidade de cal livre é uma medida da ineficiência da
C3S2 (3CaO.2SiO2) que também não está presente nos cimentos; o ortossilicato de cálcio ou
queima (do processo). De posse do valor desejado de KS e dos dados obtidos das análises
C2S, presente no cimento e o C3S que é o principal constituinte do cimento.
químicas das matérias primas (rocha calcária e argila), calcula-se suas porcentagens na
O sistema cal e alumina apresenta quatro compostos estáveis: o 3CaO.Al 2O3 (C3A) carga. Para o cimento Portland, o coeficiente de saturação está entre 0,8 e 0,95 e quanto
presente no cimento Portland; CaO.Al2O3 (CA) um dos principais constituintes do cimento menor o valor de KS, maior será o conteúdo de C2S no clínquer e menor a atividade do
aluminoso; CaO.2Al2O3 (CA2) presente no cimento aluminoso porém inativo e CaO.6Al2O3. cimento.

Os sistemas que envolvem cal, sílica e alumina são fundamentais pois os três óxidos 3.1. Fabricação
que o constituem são 90% dos cimentos Portland e 80% dos cimentos aluminosos. Estas
A manufatura do cimento passa por duas fases, primeiramente a feitura do produto
fases podem ainda formar sub-fases com outros compostos presentes no cimento como o
intermediário, seguido da pulverização, adição de cargas e aditivos, estocagem e
sistema binário que envolve C2S e 2FeO.SiO2 (F2S), forma-se uma olivina de cal e ferro
empacotamento. Para a obtenção do produto intermediário existem dois métodos
(CaO.FeO.SiO2). O composto entra em solução sólida com C2S.
industriais, o método seco e o úmido.
As fases que podem ter alguma relevância na constituição dos cimentos Portland são
O método úmido inicia-se pela desintegração do calcário em moinho de bolas e sua
CaO-C3S-solução sólida de FeO em CaO e C3S-C2S-solução sólida de CaO em FeO. Existem
mistura com uma pasta de argila e água, seguido de trituração fina em homogeneizador
ainda os sistemas que envolvem MgO e o sistema quaternário CaO-SiO2-Al2O3-Fe2O3 que
mecânico ou pneumático. Após esta etapa, a mistura é carregada em uma fornalha
constitui 95% ou mais da composição do cimento Portland.
cilíndrica inclinada e giratória de tal modo que o material desce em contracorrente ao fluxo
Os álcalis são encontrados em pequena quantidade na matéria prima dos cimentos. de calor. Durante esta fase ocorre a calcinação e a formação do clínquer. Ao final do forno,
Ocorre alguma volatilização durante a queima e as cinzas da obtenção do cimento são ricas uma abertura permite ao material cair em recipientes onde será resfriado e, em seguida,
em álcalis. O cimento Portland possui aproximadamente de 0,5 a 1,3% de K 2O + Na2O. estocado para extinção da cal viva presente no clínquer.

A relação entre os componentes minerais básicos no clínquer é de 42-60% em peso de O forno é aquecido com coque, gás ou óleo combustível. A interação resulta nos
C3S, 15-35% em peso de C2S, 5-14% de C3A e 10-16% em peso de C4AF. Na prática, a processos sucessivos de evaporação da água, desidratação mineral, dissociação do calcário
composição da carga é calculada pela proporção dos óxidos no clínquer. Essas proporções e reações entre o óxido formado (CaO) e os compostos da argila (SiO 2, Al2O3 e Fe2O3). Na
são chamadas módulos. O módulo de sílica (n) e o de alumina (p) onde: zona de sinterização, o clínquer é finalmente formado a 1450 oC. Resfriado com ar até 50 a
60 oC através de grades de resfriamento e estocado para extinção (hidratação) da cal livre,
admissão de aditivos, para se combinar com a cal extinta, e gesso (controle do tempo de
estocagem). Por fim, a moagem e embalagem do material.

A característica mais importante na composição mineral de um cimento Portland é o Vários aditivos são misturados ao cimento para dar-lhe propriedades específicas ou
coeficiente de saturação de sílica com cal (KS), que expressa a proporção entre a quantidade para diminuir-lhe o custo. Neste sentido, temos os aditivos hidráulicos como a sílica ativa,
de cal que permanece no clínquer após a formação dos silicatos e sulfatos e a quantidade que aumenta a resistência de um cimento aos efeitos da água e permite seu endurecimento
de cal necessária para se combinar com a sílica para formar 3CaO.SiO 2. sob a água e os plastificantes, substâncias tensoativas que aumentam a elasticidade e as
propriedades adesivas do cimento; as cargas inertes como a areia, calcário e dolomita; os

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Aula 9 – Cimentos I Aula 10 – Cimentos II
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

componentes resistentes a ácidos como a andesita e o granito e os aditivos de controle de


Aula 10: Cimentos II
estocagem (gesso). Um dos mais importantes aditivos é a sílica amorfa que, combinando-se
com a cal extinta para formar hidrossilicato de cálcio, aumenta significativamente a
densidade do concreto. Isto leva a um aumento da resistência do cimento à água e diminui
a corrosão pelo CO2 dissolvido na água. Resumidamente, o processo como um todo pode
As propriedades do cimento são diretamente relacionadas com as proporções dos silicatos e
ser descrito pela imagem abaixo.
aluminatos. A composição potencial do cimento Portland varia em função das condições de
operação do forno e do subsequente resfriamento do clínquer. O conhecimento das
proporções dos constituintes do cimento reside na correlação existente entre estes e as
propriedades finais do cimento e também do concreto.

1. Propriedades Físicas do Cimento Portland

O silicato tricálcico é o maior responsável pela resistência em todas as idades,


especialmente até o fim do primeiro mês de cura. O silicato bicálcico adquire maior
importância no processo de endurecimento em idades mais avançadas, sendo largamente
responsável pelo ganho de resistência a um ano ou mais. O aluminato tricálcico também
contribui para a resistência, especialmente no primeiro dia. O ferro aluminato de cálcio em
nada contribui para a resistência.

O aluminato de cálcio muito contribui para o calor de hidratação, especialmente no


início do período de cura. O silicato tricálcico é o segundo componente em importância no
processo de liberação de calor. Os dois outros componentes contribuem pouco para a
liberação de calor.

O aluminato de cálcio, quando presente em forma cristalina, é o responsável pela


rapidez de pega. Com a adição de proporção conveniente de gesso, o tempo de hidratação
é controlado. O silicato tricálcico é o segundo componente com responsabilidade pelo
tempo de pega do cimento. Os outros componentes se hidratam lentamente, não tendo
efeito sobre o tempo de pega.

Sendo assim, As propriedades físicas do cimento Portland são consideradas sob três
aspectos distintos: propriedades do produto em sua condição natural, em pó, da mistura de
cimento e água e proporções convenientes de pasta e, finalmente, da mistura da pasta com
agregado padronizado – as argamassas.

As propriedades da pasta e argamassa são relacionadas com o comportamento desse


produto quando utilizado, ou seja, as suas propriedades potenciais para a elaboração de
concretos e argamassas. Tais propriedades se enquadram em processo artificialmente

102 103
Aula 10 – Cimentos II Aula 10 – Cimentos II
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

definidos nos métodos e especificações padronizados, oferecendo sua utilidade quer para o perfurado, que suporta um pequeno disco de papel-filtro. O cimento é introduzido nessa
controle de aceitação do produto, quer para a avaliação de suas qualidades para os fins de pequena cuba e comprimido por um pistão apropriado. Esta célula é fixada sobre um tubo
utilização dos mesmos. em U, de cerca de um centímetro de diâmetro, dotado de quatro marcas, A, B, C, e D. Na
parte superior do traço marcado, existe uma derivação dotada de registro e ligada a um
1.1. Densidade
aspirador manual de borracha, tipo seringa. O tubo é enchido até a marca D com um líquido

A densidade absoluta do cimento Portland é usualmente considerada como 3,15, de densidade conhecida, geralmente um álcool. Colocada a amostra, o ar existente é

embora, na verdade, possa variar para valores ligeiramente inferiores. A utilidade do aspirado pela seringa até que o líquido suba até a marca A. O registro é fechado e inicia-se a

conhecimento desse valor se encontra nos cálculos de consumo do produto nas misturas observação da queda da coluna, que corresponde a uma percolação de ar através de

geralmente feitas com base nos volumes específicos dos constituintes. Nas compactações amostra contida na cuba superior. Mede-se o tempo correspondente à descida da coluna de

usuais de armazenamento e manuseio do produto, a densidade aparente do mesmo é da D até P. A superfície específica da amostra é, então, determinada pela aplicação da fórmulas

ordem de 1,5. e ábacos. Atualmente já existem aparelhos de Blaine automáticos, que realizam o ensaio e
calculam automaticamente o valor da superfície específica.
Na pasta de cimento, a densidade é um valor variável com o tempo, aumentando à medida
que progride o processo de hidratação. Tal fenômeno, de natureza extremamente 1.3. Conceito de Pega

complexa, é conhecido pelo nome de retração. Esta ocorre nas pastas, argamassas e
Pega é a perda de fluidez da pasta. Ao se adicionar, por exemplo, água a um
concretos. Pode atingir, em 24 horas, cerca de 7 mm por metro na pasta pura, 4,5mm por
aglomerante hidráulico, depois de certo tempo, começam a ocorrer reações químicas de
metro na argamassa-padrão e 2mm por metro em concretos dosados a 350 kg/cimento/m³.
hidratação, que dão origem à formação de compostos, que aos poucos, vão fazendo com
1.2. Finura que a pasta perca sua fluidez, até que deixe de ser deformável para pequenas cargas e se
torne rígida.
A finura do cimento é uma noção relacionada com o tamanho dos grãos do produto. É
usualmente definida de duas maneiras distintas: pelo tamanho máximo do grão, quando as Início de pega de um aglomerante hidráulico é o período inicial de solidificação da

especificações estabelecem uma proporção em peso do material retido n operação de pasta. É contado a partir do lançamento da água no aglomerante, até ao início das reações

peneiramento em malha de abertura definida, e, alternativamente, pelo valor da superfície químicas com os compostos do aglomerante. Esse fenômeno é caracterizado pelo aumento

específica (soma das superfícies dos grãos contidos em um grama de cimento). brusco da viscosidade e pela elevação da temperatura da pasta.

A finura do cimento é determinada naturalmente durante o processo de fabricação Fim de pega de um aglomerante hidráulico é quando a pasta se solidifica

para o controle do mesmo, como também nos ensaios de recepção do produto, quando completamente, não significando, entretanto, que ela tenha adquirido toda sua resistência,

deve estar dentro dos limites determinados nas especificações correspondentes. As o que só será conseguido após anos.

especificações brasileiras NBR 5732 e NBR 5733 prescrevem limite de retenção na peneira n
A determinação dos tempos de início de e de fim de pega do aglomerante são
200 de malha de 75 mm de abertura. Para o cimento Portland comum, o resíduo deixado
importantes, pois através deles pode-se ter ideia do tempo disponível para trabalhar,
nessa peneira não deve exceder 12 % em peso. Para os cimentos portland de alta
transportar, lançar e adensar argamassas e concertos regá-los para execução da cura, bem
resistência inicial, tal índice deve baixar a 6 %. O ensaio para determinação da finura do
como transitar sobre a peça. Com relação ao tempo de início de pega os cimentos
cimento é a NBR 11.579 – Cimento Portland – Determinação da finura por meio da peneira
brasileiros se classificam em:
75 µm (nº 200)- Método de ensaio.
• Cimentos de pega normal tempo > 60 minutos;
O método de ensaio utilizado para a determinação das superfícies específicas é o
• Cimentos de pega semi-rápida 30 minutos < tempo < 60 minutos;
“Aparelho de Blaine, segundo a NBR 7224 – Cimento Portland e outros materiais em pó-
• Cimentos de pega rápida tempo < 30 minutos.
Determinação da área específica – Método de ensaio. Esse aparelho é composto de uma
célula cilíndrica, de metal inoxidável, no fundo da qual repousa um pequeno disco

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Aula 10 – Cimentos II Aula 10 – Cimentos II
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

O ensaio para determinação dos tempos de pega é preconizado pela NBR 11.581 –
Determinação dos tempos de pega – Método de ensaio.

1.4. Resistência à Compressão do Cimento Portland

A resistência mecânica dos cimentos é determinada pela ruptura à compressão de


corpos-de-prova realizados com argamassa. A forma do corpo-de-prova, suas dimensões, o
traço da argamassa, sua consistência e o tipo de areia empregado são definidos nas
especificações correspondentes e determinadas pela NBR 7215 – Cimento Portland –
Determinação da resistência à compressão.

O método do ensaio compreende a determinação da resistência à compressão de


corpos-de-prova cilíndricos de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Os corpos-de-prova
são elaborados com argamassa composta de uma parte de cimento, três de areia
normalizada (NBR 7214:1982 – Areia normal para ensaio de cimento - Especificação.), em
massa, e com relação água/cimento de 0,48.

No caso dos cimentos de pega normal, o fim da pega se dá, de cinco a dez horas depois A argamassa é preparada por meio de um misturador mecânico e compactada

do lançamento da água ao aglomerante. Nos cimentos de pega rápida, o fim da pega se manualmente em um molde, por um procedimento normalizado. Podem ser empregados

verifica poucos minutos após o seu início. equipamentos de compactação mecânica, com a condição de que, ao serem utilizados, os
resultados de resistência mecânica não difiram de forma significativa dos obtidos usando-se
O tempo de pega do cimento é determinado por ensaio do aparelho de Vicat. A pasta
a compactação manual.
é misturada em proporção que conduz a uma consistência denominada normal. Essa
consistência normal é verificada no mesmo aparelho de Vicat, utilizando-se a chamada Os moldes que contêm os corpos-de-prova são conservados em atmosfera úmida para

sonda de Tetmajer, um corpo cilíndrico, metálico, liso, de 10mm de diâmetro e terminado cura inicial: em seguida os corpos-de-prova são desmoldados e submetidos à cura em água

em seção reta. A sonda é posta a penetrar verticalmente em pasta fresca por ação de um saturada de cal até a data de ruptura.

peso total (incluindo a sonda) de 300 g.


Na data prevista, os corpos-de-prova são retirados do meio de conservação, capeados

No ensaio de consistência da pasta, a sonda penetra e estaciona a certa distância do com mistura de enxofre, de acordo com procedimento normalizado, e rompidos para

fundo do aparelho. Essa distância, medida em milímetros, é denominada índice de determinação da resistência à compressão.

consistência. A pasta, preparada para ensaios de tempo de pega, deve ter uma consistência
1.5. Expansibilidade
normal de 6 mm, isto é, a sonda de Tetmajer deve estacionar à distância de 6mm do fundo
da amostra. É fundamental que a pasta de cimento, após a pega, não sofra uma grande variação de
volume. Em particular, não deve haver uma expansão apreciável, que, sob condições de
Essa amostra de consistência normal é ensaiada nesse mesmo aparelho à penetração
contenção, poderia resultar a desagregação da pasta de cimento endurecida.
de uma agulha corpo cilíndrico circular, com 1 mm² de área de seção e terminando em
seção reta. A amostra é ensaiada periodicamente à penetração pela agulha de Vicat, Essa expansão poderia ocorrer devido à hidratação, lenta ou retardada, ou a outra
determinando-se o tempo de início da pega quando esta deixa de penetrar até o fundo da reação de alguns compostos presentes no cimento endurecido, como por exemplo, a cal, o
pasta, ou melhor, ao ficar distanciada do fundo 1 mm. Os ensaios são prosseguidos até a óxido de magnésio e o sulfato de cálcio livres.
determinação do tempo de fim de pega, quando a agulha não penetra nada mais na
amostra, deixando apenas uma imperceptível marca superficial.

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Aula 10 – Cimentos II Aula 10 – Cimentos II
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

Se as matérias primas introduzidas no forno de fabricação de cimento contiverem mais 1.6. Exigências Físicas e Mecânicas do Cimento
calcário do que o necessário para combinação com os óxidos ácidos, o excesso permanecerá
São dadas através da tabela:
em condição livre. Este calcário, intensamente queimado somente se hidrata muito
lentamente e, ocorre expansão porque o hidróxido de cálcio ocupa um volume muito maior
do que o óxido de cálcio livre inicial. Cimentos nessas condições são denominados
expansivos.

A cal adicionada ao cimento não produz expansão, porque se hidrata rapidamente


antes da pega da pasta. Por outro lado, a cal livre presente no clínquer está inercristalizada
com outros compostos e fica apenas parcialmente exposta à água durante o tempo que
precede a pega da pasta.

A cal livre não pode ser determinada por análise química, pois não é possível distinguir
a CaO que não reagiu e o Ca(OH)2 produzido por uma hidratação parcial dos silicatos
quando o cimento fica exposto ao ar. Por outro lado, a análise do clínquer logo após a saída
do forno, mostraria o teor de cal livre, pois nesse momento não existe cimento hidratado.

Um cimento também pode ser expansivo devido à presença de MgO, que reage com a
água de um modo semelhante ao CaO. No entanto, somente o periclásio (MgO cristalino) é 2. Propriedades Químicas do Cimento Portland
capaz de reagir e causar o problema e o MgO presente na fase vítrea é inócuo. Até cerca de
2 % de periclásio, em relação à massa de cimento, combina com os compostos principais do As propriedades químicas do cimento Portland estão diretamente ligadas ao processo

cimento, mas teores maiores geralmente causam expansão e podem resultar um de endurecimento por hidratação. Ainda não se conhecem com muita precisão as reações e

desagregação lenta. os compostos envolvidos no processo de endurecimento, restando muitas questões a serem
esclarecidas. O processo é complexo, admitindo-se, atualmente, que se desenrolem em
O sulfato de cálcio é o terceiro composto que pode provocar expansão, formando,
desenvolvimentos que compreendem a dissolução na água, precipitações de cristais e gel
neste caso, sulfoaluminato de cálcio. Deve ser lembrado que um sulfato de cálcio hidratado
com hidrólises e hidratações dos componentes do cimento.
– gesso – é adicionado ao clínquer de cimento para evitar a pega instantânea, mas se
houver mais gesso do que o necessário para reagir com o C3A durante a pega, aparecerá Inicialmente, o silicato tricálcico (C3S) se hidrolisa, isto é, separa-se em silicato bicálcico

uma expansão lenta. Por essa razão, as normas limitam rigorosamente o teor de gesso a ser C2S e hidróxido de cal. Este último precipita como cristal da solução supersaturada de cal. A

adicionado ao clínquer; esses limites estão muitos do lado da segurança tanto quanto o seguir, o silicato bicálcico existente, resultante da hidrólise, combina-se com a água no

perigo de expansão pode preocupar. processo de hidratação, adquirindo duas moléculas de água e depositando-se, a
temperaturas ordinárias, no estado de gel. Esse processo, quando conduzido em
Como a expansão do cimento só se torna aparente após um período de meses ou
temperaturas elevadas, resulta numa estrutura de natureza cristalina. Os dois últimos
anos, é essencial ensaiar a expansividade do cimento por métodos acelerados: um ensaio
constituintes principais do cimento, o aluminato tricálcico e o ferro aluminato de cálcio, se
proposto por Le Chatelier é prescrito pela NBR 11.582 – Determinação da expansibilidade
hidratam, resultando, do primeiro, cristais de variado conteúdo de água e, do segundo, uma
de Le Chatelier.
fase amorfa gelatinosa.

Esse processo é realmente rápido no clínquer simplesmente pulverizado. O aluminato


tricálcico presente é, de modo geral, considerado o responsável pelo início imediato do
processo de endurecimento. O produto, nestas condições, é material inútil para o

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Aula 10 – Cimentos II Aula 10 – Cimentos II
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

construtor, impossibilitando qualquer manuseio pela rapidez da pega. Também é conhecido dos fatores estranhos ao fenômeno determina as medidas do calor de dissolução das
que a correção se efetua pela adição de sulfato de cálcio hidratado natural, gipsita, ao amostras. Por diferença, o calor de hidratação do cimento é calculado.
clínquer antes da operação de moagem final. AS investigações demonstraram que a ação do
O interesse do conhecimento do valor do calor de hidratação do cimento reside na
gesso no retardamento do tempo de pega se prende ao fato de ser muito baixa a
possibilidade de estudo da evolução térmica durante o endurecimento do concreto em
solubilidade dos aluminatos anidros em soluções supersaturadas de gesso. O processo
obras volumosas. Basicamente, trata-se de multiplicar o calor de hidratação do cimento
prossegue em marcha relativamente lenta pela absorção do sulfato, mediante a produção
pelo peso do cimento contido no metro cúbico de concreto e dividir o resultado pelo calor
de sulfoaluminato de cálcio e outros compostos que, precipitados, abrem caminho para a
específico do concreto. Esse cálculo aproximado não se desenvolve, evidentemente, com
solubilização dos aluminatos mais responsáveis pelo início da pega, já então em época
essa simplicidade esquemática, devendo ser considerados vários fatores que intervêm na
conveniente.
evolução do fenômeno, tais como a velocidade de reação, o coeficiente de condutibilidade
O fenômeno de falsa pega não é ainda claramente compreendido. Admite-se, em térmica do concreto, a variação do calor específico do concreto com a temperatura, etc.
geral, que as causas mais frequentes da falsa pega são a desidratação do gesso a formas
2.2. Resistência a Agentes Agressivos
instáveis de sulfato de cálcio, ocorridas durante a operação de moedura, onde a
temperatura se eleva acima dos 130 °C. Nessas circunstâncias, o cimento produzido contém Nos concretos em contato com a água e com a terra podem ocorrer fenômenos de
sulfato de cálcio hidratável, que seria o responsável pela falsa pega. agressividade. As águas, como as terras, podem conter substâncias químicas suscetíveis a
reações com certos constituintes do cimento presentes nos concretos. Nestes últimos, o
2.1. Calor de Hidratação
cimento constitui o elemento mais suscetível ao eventual ataque, já que os agregados são
Durante o processo de endurecimento do cimento, considerável quantidade de calor de natureza predominantemente inerte. Os silicatos de cálcio mais ou menos hidratados e
se desenvolve nas reações de hidratação. Essa energia térmica produzida é de grande principalmente a cal hidratada, presentes no cimento hidratado, são os elementos
interesse para os engenheiro e técnicos, principalmente pela elevação de temperatura, submetidos a ataque químico. O hidróxido de cálcio presente na proporção de 15 a 20 % do
resultante nas obras volumosas, a qual conduz ao aparecimento de trincas de contração ao peso do cimento original constitui o ponto mais vulnerável.
fim do resfriamento da massa. O desenvolvimento de calor varia com a composição do
As águas puras, de fontes graníticas ou oriundas do degelo atacam o cimento
cimento, especialmente com as proporções de silicato e aluminato tricálcicos.
hidratado por dissolução da cal existente. Essa dissolução alcança cerca de 1,3 grama por
O valor do calor de hidratação do cimento Portland ordinário varia entre 85 e 100 litro nas temperaturas correntes. Águas puras renovadas acabam lavando toda a existente
cal/g, e reduzindo a 60 z 80 cal/g nos cimentos de baixo calor de hidratação. Os valores do no cimento hidratado, após o que começam, com menor intensidade, a dissolver os
calor de hidratação dos constituintes do cimento são os seguintes: próprios silicatos e aluminatos.

• C3S: 120 cal/g As águas ácidas, como por exemplo, a água de chuva, com certa proporção de gás
• C2S: 62 cal/g carbônico dissolvido, age sobre a cal do cimento hidratado segundo processo que varia em
• C2A: 207 cal/g função da concentração do anidrido carbônico. Se a concentração é baixa, o sal formado é o

• C4AF: 100 cal/g carbonato de cálcio, pouco solúvel, que obstrui os poros, constituindo proteção a ataques

• Magnésia: 203 cal/g posteriores.

• Cal: 279 cal/g


Se a concentração é relativamente forte, o carbonato formado é dissolvido como

O método mais comum para a determinação do calor de hidratação do cimento é o bicarbonato, prosseguindo o ataque até completa exaustão da cal presente. Os sais de

calor de dissolução. Amostras secas de cimento em pó e de cimento parcialmente hidratado cálcio são atacados em seguida.

e subsequentemente pulverizado são dissolvidas em mistura de ácido nítrico e clorídrico


As águas podem ser igualmente agressivas quando contém outros ácidos, como
numa garrafa térmica. A elevação de temperatura devidamente corrigida pela eliminação
acontece com os resíduos industriais e águas provenientes de charcos contendo ácidos

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Aula 10 – Cimentos II Aula 11 – Cal
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orgânicos. Tanto num caso como no outro, há exaustão da cal, e um ataque posterior dos
Aula 11: Cal
sais constituintes do cimento hidratado deixa no concreto um esqueleto sem coesão e
inteiramente prejudicado nas suas características mecânicas e outras. Para estimar a
resistência química de um cimento à água pura e ácida, é útil conhecer seu índice de Vicat,
isto é, a relação sílica mais alumina dividida por cal. Se é inferior a 1, tem-se o cimento rico
A cal é um aglomerante aéreo, ou seja, é um produto que reage em contato com o ar. Nesta
em cal, como o Portland, portanto, um cimento metalúrgico, cimento pozolânico, trata-se
reação, os componentes da cal se transformam em um material tão rígido quanto a rocha
de material pobre em cal e capaz de reduzir à agressividade da água dissolvente.
original (o calcário) utilizada para fabricar o produto. A cal pode ser considerada o produto

A água sulfatada ataca o cimento hidratado por reação do sulfato com aluminato, manufaturado mais antigo da humanidade. Há registros do uso deste produto que datam de

produzindo um sulfoaluminato com grande aumento de volume. Essa expansão interna é antes de Cristo. Um exemplo disto é a muralha da China, onde pode-se encontrar, em alguns

responsável pelo fissuramento que, por sua vez, facilita o ataque, conduzindo o processo a trechos da obra, uma mistura bem compactada de terra argilosa e cal. Pela diversidade de

completa deterioração do material. Águas paradas, contendo mais de meio grama d sulfato aplicações, a cal está entre os dez produtos de origem mineral de maior consumo no planeta.

de cálcio/litro, e águas correntes com mais 0,3 g podem, em geral, ser consideradas Estima-se que sua produção mundial esteja em torno de 145 milhões de toneladas por ano.

perigosas.

A água do mar contém numerosos sais em solução, entre os quais os sulfatos de cálcio,
o sulfato de magnésio e o cloreto de sódio. A presença deste último contribui para 1. Abordagem Geral
aumentar a solubilidade da cal. O pequeno conteúdo de ácido carbônico contribui
A cal foi um aglomerante clássico dos materiais de construção na antiguidade. A cal é
ligeiramente como medida de proteção, pela formação de carbonato insolúvel. Já os
fabricada a partir da queima (calcinação) do calcário (carbonato de cálcio) ou dolomito
sulfatos, principalmente os de cálcio, agem da maneira que acabam resultando no final a
(carbonato de cálcio e magnésio). Dividem-se em:
um ataque progressivo dos cimentos ricos em cal pelas águas do mar.

• Cálcicas: CaCO3 → CaO + CO2 (Max. 20% MgO);


• Dolomíticas: CaMg (CO3)2 → CaO + MgO + CO2 (mínimo 20% MgO).

O fluxograma da fabricação da cal hidratada inicia-se na jazida, passando pelas etapas


de calcinação da matéria-prima, moagem, extinção ou hidratação da cal virgem,
classificação, moagem e estoque de cal hidratada.

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Aula 11 – Cal Aula 11 – Cal
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2. Processos 2.3. Hidratação ou Extinção

A cal virgem, como se apresenta não está apta a ser utilizada na construção civil,
2.1. Fabricação
necessitando primeiro sofrer um processo de hidratação ou extinção.
Pedra calcária é triturada e levada a um forno. O combustível usado é o carvão, que

assegura um produto com baixo teor de sulfato. Este processo produz a cal virgem (CaO).

Após a queima, o produto é hidratado, transformando a cal virgem em cal extinta. A

hidratação correta é de fundamental importância para fazer uma cal hidráulica natural ser Expansão muito grande, o Ca(OH)2 ocupa volume 20% maior que o CaO, este processo
usada na construção. Este processo de extinção é exotérmico. O material é moído em um afeta as ligações moleculares e com isso as pedras de cal virgem se transformam em pó
branco e fino rapidamente.
moinho de bolas para produzir um pó de finura homogênea. Finalmente o pó é ensacado e

vendido. Liberação de calor: a hidratação da cal virgem é uma operação importante que deve
ser cuidadosamente controlada, pois é dela que vai depender o desempenho da cal como
aglomerante.

• O calor de hidratação do óxido de cálcio 280 cal/g, ou seja, 1 g de cal viva


eleva para 1 oC a temperatura de 280 g de água de extinção;
• Deve-se tomar cuidado ao manejar a cal virgem, pois a temperatura pode
chegar a mais de 100 oC, com risco de incêndios.

2.4. Carbonatação

A cal extinta é utilizada em argamassa com areia e água; ela confere à argamassa uma
plasticidade e endurece por recombinação do Ca(OH) 2 com o gás carbônico.

2.2. Calcinação

Este processo gera poluição pois uma tonelada de rocha calcária gera 440 kg de gás
carbônico durante a calcinação.
Observações importantes a respeito da reação são:

• Esta reação é seguida de retração;


• Este processo é mais rápido: quanto mais porosa é a argamassa e quanto
maior a % de CO2 do ar;

A rocha calcária se dissocia em óxido de cálcio e anidrido carbônico. Com relação a • A areia torna a argamassa mais porosa, diminuindo a retração e a fissuração;

rocha original, a cal virgem tem maior porosidade devido aos espaços vazios deixados pelo • Quanto maior o teor de CaO e MgO, melhor o desempenho da cal.

CO2 . A cor da cal virgem depende do grau de pureza da rocha. Quanto mais pura, mais
branca a cal.

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Aula 11 – Cal Aula 11 – Cal
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3. Cal Hidratada Devemos notar também a notável durabilidade que a cal hidratada confere às
construções, pois argamassas com cal hidratada podem durar centenas de anos. Há muitos
exemplos que comprovam essa característica, até porque a cal hidratada é um produto de
Até algumas dezenas de anos atrás toda obra tinha lá seu tanque de queima de cal,
aplicação milenar, enquanto o cimento portland só foi inventado em 1824.
onde as pedras de cal virgem eram moídas, misturadas com água e deixadas a “curtir”,
preparando a chamada “cal hidratada”. Este processo era necessário para que se 3.1. Propriedades da Cal Hidratada
obtivessem as vantagens que só a cal hidratada pode oferecer em termos de poder
3.1.1. Partícula
aglomerante e plasticidade.

• Finura: neste ensaio faz-se um peneiramento das amostras, em duas peneiras


Atualmente, como se sabe, se usa a cal já hidratada, fornecida em sacos de 20 Kg e
diferentes, e verifica-se quanto de material ficou retido em cada peneira. A
prontos para o consumo. Entretanto, ainda é recomendável que se faça a mistura entre
norma especifica um valor máximo para estas quantidades, por que
areia e cal, com um pouco de água, e que esta mistura fique alguns dias curtindo antes de
quantidades maiores do que as especificadas demonstram que a cal não foi
ser misturada ao cimento e ao restante da água para ser utilizada. Isto porque no processo
bem moída;
industrial de produção da cal hidratada podem ficar algum resíduo da cal virgem que no
• Cor: branca quando pura;
futuro causará reações químicas indesejáveis na parede. Este processo de curtimento é
• Peso específico: alto teor em cálcio – 2300 a 2400 kg/m³ e com alto teor em
tanto mais necessário quanto pior a qualidade da cal utilizada.
magnésio de 2400 a 2600 kg/m³;
A cal hidratada é extremamente fina e leve, por isso permite o preparo de maior • Massa unitária: de 300 a 650 kg/m³.
quantidade de argamassa com a redução do custo do metro cúbico. Ao serem misturadas
3.1.2. Argamassa
com água, suas partículas muito finas funcionam como um tipo de lubrificante reduzindo o
atrito entre os grãos de areia. O resultado é melhor trabalhabilidade (ou liga), boa aderência • Retenção de água: é a capacidade da cal hidratada de conter e reter água, que
e maior rendimento na mão-de-obra. resiste à sucção. A água utilizada na argamassa não deve ser, rapidamente,
perdida para os tijolos ou para a estrutura de concreto onde esta argamassa
A cal hidratada tem enorme capacidade de reter água em torno de suas partículas,
foi aplicada, caso contrário, a argamassa poderá apresentar pequenas
formando na argamassa uma dupla perfeita com o cimento. As argamassas à base de cal
rachaduras, depois de seca, comprometendo a beleza da argamassa colocada
hidratada têm resistência suficiente quanto à compressão e aderência, tanto para
na parede. Este ensaio avalia então a capacidade da cal reter água;
assentamentos como para revestimentos.
• Incorporação de Areia:
Por ser um produto alcalino, a cal hidratada impede a oxidação das ferragens e, ✓ A argamassa é constituída de areia, água e cal hidratada. Se o
também por essa característica, atua como bactericida e fungicida. Além disso, evita que se pedreiro puder acrescentar mais areia na argamassa, sem prejudicar
formem manchas e apodrecimento precoce dos revestimentos. seu desempenho, mais econômica será a mistura;
✓ Estabilidade: Este ensaio verifica a presença de substâncias
Proporciona economia de tinta, pois permite acabamento mais liso e de cor clara,
expansivas na cal hidratada, ou seja, que têm a tendência de reagir
sendo compatível com qualquer tipo de tinta e também com outros acabamentos como
depois que a argamassa já está colocada e seca na parede. Pode
fórmica, lambris e papéis de parede. Nestes últimos casos, deve-se respeitar o tempo de
ocorrer então uma expansão de volume dos grãos da argamassa e
cura, mínimo de 28 dias para que se completem todas as reações químicas.
descolamento de pedaços de argamassa da parede.
As argamassas à base de cal hidratada têm baixo módulo de elasticidade, ou seja,
3.2. Especificação da Cal segundo a Norma NBR – 7175
absorvem melhor as pequenas movimentações das construções, evitando trincas, fissuras e
até o descolamento dos revestimentos. A especificação da cal hidratada para argamassa está prescrita na NBR – 7175, que
define três tipos de cales:

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Aula 11 – Cal Aula 11 – Cal
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• CH-I: cal hidratada especial (tipo I); 3.2.3. Exigências Físicas

• CH - II: cal hidratada comum (tipo II);


Quanto maior a finura da cal maior a retenção de água das pastas e argamassas, maior
• CH – III: cal hidratada comum com carbonatos (tipo III).
a trabalhabilidade e maior aderência da argamassa à alvenaria.

Nota: CH-I e CH-II tem desempenho superior ao CH-III.

A seguir, serão expostas as condições exigidas pela Norma.

3.2.1. Embalagem, Marcação e Entrega

A cal pode ser entregue em sacos de papel com massa liquida de 8 kg, 20 kg, 25 kg ou
40 kg. Estes sacos devem ter impressos, de forma visível, em cada extremidade, as siglas CH-
I, CH-II ou CH-III e, no centro, a denominação normalizada, a massa líquida, o nome e a
marca do fabricante.
3.2.4. Rendimento

Volume de pasta que se obtém pela extinção da cal com água.

• Cal gorda → 1 metro cúbico cal fornece mais que 1,82 metros cúbicos de
pasta;
• Cal magra → 1 metro cúbico cal fornece menos que 1,82 metros cúbicos de
pasta.

3.3. Usos e Propriedades da Cal

Na construção civil, o principal uso da cal são de argamassas mistas de cimento, cal e
areia. As principais propriedades da cal nas argamassas são:

• Proporciona economia por ser um aglomerante mais barato que o cimento;


3.2.2. Exigências Químicas
• Permite maior capacidade de incorporação de areia;

A presença de anidrido carbônico (CO2) indica má calcinação industrial. Más condições • Maior plasticidade;

de armazenamento podem causar a recarbonatação, pois o hidróxido de cálcio e o • Possibilita um certo grau de isolação térmica devido a maior refletibilidade;

hidróxido de magnésio reagem com o anidrido carbônico do ar promovendo a • Como aglomerante, desenvolve uma capacidade razoável de resistência à

recarbonatação. tração e compressão;


• Melhor as condições de resistência ao aparecimento de fissuras e trincas;
• Ausência de eflorescências;
• Detém uma pequena capacidade de reconstituição autógena das fissuras;
• Maior resistência à penetração da água;
• Detém propriedades assépticas por desenvolver um meio alcalino.

Ba s ea do e a da ptado de Forum da
Cons truçã o, Li a Lorena Pi mentel .
Edi ções s em prejuízo de
conteúdo.

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Aula 12 – Gesso Aula 12 – Gesso
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

Esse gesso hemidrato é conhecido como gesso rápido (quanto à pega), gesso
Aula 12: Gesso
estuque ou gesso Paris e endurece entre 15 e 20 minutos, apresentando uma
dilatação linear de 0,3% e, após seu endurecimento, este retrai bem menos
do que sua dilatação inicial, sendo, portanto, muito usado em moldagem;
b) A partir de 250 oC, o gesso torna-se anidro (sem água) e o resultado é a
O futuro da construção civil aponta para o uso cada vez maior do gesso, seja em
formação de anidrita solúvel, ávida por água, e que, rapidamente, na
revestimentos, rebaixamentos ou divisórias, o que deverá fazer com que aumente a procura
presença desta, transforma-se em hemidrato;
por profissionais qualificados. O gesso para construção civil é um material pulverulento (pó)
branco, obtido pela calcinação de uma rocha, a gipsita. O Brasil possui grandes reservas de
(600ºC)
gipsita, mas o aproveitamento do gesso na construção civil ainda é muito pequeno, CaSO4 . 2H2O + calor  CaSO4 + 2H2O)
comparado aos grandes países produtores de gesso, que são os Estados Unidos, Canadá e anidro insolúvel
União Europeia, principalmente França e Espanha.
c) Entre 400 e 600 oC, a anidrita torna-se insolúvel e não é mais capaz de fazer
pega, transformando-se num material inerte, participando do conjunto como
material de enchimento.
1. Abordagem Geral d) Entre 900 e 1200 oC, o gesso sofre a separação do SO3 e da CaO, formando um
produto de pega lenta (pega entre 12 e 14 horas) chamado de gesso de
O Gesso é um aglomerante aéreo (endurece pela ação química do CO 2 do ar), obtido
pavimentação, gesso hidráulico .
pela desidratação total ou parcial da Gipsita – aglomerante já utilizado pela humanidade há
mais de 4.500 anos, no Egito. A Gipsita é o sulfato de cálcio mais ou menos impuro, Os hemidratos (CaSO4 . ½ H2O) e os anidros solúveis (CaSO4), colocados em presença
hidratado com 2 moléculas de água. Sua fórmula química é CaSO4 . 2H2O e suas impurezas – da água em temperatura ordinária, reconstituem rapidamente o sulfato diidratado (CaSO 4 .
que, no máximo, indicam 6% - são o silício (SiO2), a alumina (Al2O3), o óxido de ferro (Fe2O3), 2H2O) original. Essa combinação forma uma malha fina cristalizada de “agulhas longas”
o carbonato de cálcio (CaCO3), a cal (CaO), o anidrito sulfúrico (SO3) e o anidrido carbônico interprenetadas, responsável pela coesão do conjunto.
(CO2) .
Os hemidratos tratados em autoclaves com temperatura entre 130 e 160 oC e pressão
No Brasil, a Gipsita é encontrada em jazidas no Norte e Nordeste, cujas reservas são de 100 KPa sofrem dissolução e recristalização em meio líquido. É válido destacar que o
calculadas em 407 milhões de toneladas. Sua desidratação é feita através do cozimento gesso mais utilizado na construção civil é o hemidratado. A Gipsita apresenta, entre os
industrial (fornos), nas seguintes etapas: aglomerantes, o mais baixo consumo de energia para sua produção (temperatura em média
de 300 oC) já o clínquer precisa de 1450 oC e a cal, 800 a 1000 oC .
a) As pedras de gipsita, depois da britagem e trituração, são queimadas na
temperatura entre 130 e 160ºC, realizadas com pressão atmosférica
2. Propriedades do Gesso
ordinária. Nessa temperatura, a gipsita perde ¾ partes de sua água, passando
de diidrato para hemidrato, que é mais solúvel que o diidrato (o hemidrato No estado em que se encontra normalmente no mercado (hemidratado), as
apresenta-se como sólido micro poroso mal cristalizado, conhecido como características do gesso são:
hemidrato, utilizado na construção civil).
• Massa Específica Aparente = 0,5 a 0,8 kg/dm³;
(140ºC) • Massa Específica Real = 2,6 kg/dm³.
CaSO4 . 2H2O + calor  (CaSO4 . ½ H2O) + 1,5 H2O

gesso hemidrato

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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I UNIDADE 3 – AGLOMERANTES

2.1. Pega Só é permitido que, no máximo, 2 resultados estejam fora dessa média. Caso existam
mais, deve-se repetir o ensaio.
O gesso misturado com a água – conforme já foi visto anteriormente – começa a
endurecer, em razão da formação de uma malha de cristais e, depois do início da pega, ele 2.2.2. Aderência

continua a endurecer como os demais aglomerantes. A velocidade de endurecimento do


As pastas e argamassas de gesso aderem bem a tijolos, pedras, ferro e aderem mal à
gesso depende de:
superfícies de madeira. A aderência gesso-ferro é boa, mas pode ocasionar a oxidação do

• Temperatura e tempo de calcinação; ferro. Não se deve fazer gesso-armado como cimento-armado, argamassa armada ou

• Fissura de suas partículas; concreto. Mas pode-se utilizar armação de ferro galvanizado com o gesso. O gesso, devido a

• Quantidade de água no amassamento; sua fácil solubilidade, não deve ser utilizado no exterior.

• Presença de impurezas ou uso de aditivos.


2.2.3. Isolamento

Sobre estes itens, pode-se afirmar que os gessos hemidratados (CaSO 4 . ½ H2O) dão As pastas e argamassas de gesso são bons isolantes térmicos, acústicos. Conferem boa
pega em poucos minutos, mas os gessos anidro solúveis podem ter pega tão lenta quanto se resistência ao fogo pois, tendo sua água evaporada, reduz-se a pó. Ex.: Uma estrutura,
desejar. Os anidros insolúveis não dão pega e a finura dos grãos é responsável pela recoberta com gesso com 3 cm. de espessura, resiste até 45 minutos a fogo de 1000 oC
aceleração da pega, em função da maior superfície específica disponível para hidratação. devido ao gesso. São observações importantes:

A quantidade d’água funciona negativamente no fenômeno de pega, pois quanto mais • O isolamento térmico e acústico do gesso equivale ao da madeira ou tijolo
água, mais lenta se dá a pega e o endurecimento. A quantidade ótima de água a ser cerâmico;
utilizada no gesso é, normalmente, em torno de 19% de massa do mesmo. • O gesso destinado a cobrir paredes (emboço ou reboco) deve ter sua
plasticidade aumentada, adicionando-se argila ou cal hidratada.
A presença de impurezas diminui muito a velocidade de pega. Mas existem aditivos
3. Fabricação
que podem acelerar ou retardar essa pega do gesso. Como retardador de pega, podem ser
misturados ao gesso o açúcar, álcool, cola, serragem fina de madeira, sangue outros
O gesso pode ser fabricado em fornos chamados de marmita e também de fornos
produtos de matadouros (chifres e cascos), na proporção de 0,1% da massa de gesso. Tais
rotativos (mais utilizados). No forno de marmita, a gipsita pulverizada é aquecida dentro de
produtos retardam a pega, pois formam membranas protetoras entre os grãos, isolando-os.
um grande recipiente (10 a 20 toneladas), onde o material é aquecido e agitado por fogo
Para acelerar a pega, podem ser utilizados os seguintes produtos: Sal de cozinha, alúmen
indireto. Entre 130 e 160 oC, a umidade superficial é eliminada, ocorrendo a desidratação da
(silicato duplo de alumínio e potássio), sulfatos de alumínio e potássio e o próprio gesso
gipsita. Essa água é eliminada em forma de vapor, com uma agitação violenta, que
hidratado.
assemelha-se à fervura. Após terminar esse ciclo, o gesso que é hemidratado entra em

2.2. Resistências Mecânicas repouso (1º cozedura).

As pastas de gesso, depois de endurecidas, atingem resistências à tração de 7 a 35 Dando-se continuidade ao processo, eleva-se a temperatura a 250 oC, eliminando o

kgf/cm² e a compressão entre 50 e 150 kgf/cm². As argamassas, devido ao uso de areias, restante de água de hidratação e observando-se nova fervura nesse 2º cozimento. Nesse 2º

diminuem esses totais. ciclo, tem-se o gesso anidro solúvel, que possui pega mais rápida.

2.2.1. Tração no Gesso (determinação): No forno rotativo usa-se um processo mais econômico para calcinação do gesso. São
fornos sem revestimentos refratários, que produzem 100 toneladas por dia de gesso. Nesse
São 6 corpos de prova com (4 x 4 x 16 cm.) utilizados na flexão, com carga pontual (P)
caso, a gipsita não é previamente pulverizada, sendo apenas britada em fragmentos de 1 ou
em seu centro. Com os resultados obtidos, tira-se a média aritmética, sendo que cada
2” . Esses fragmentos, embora aquecidos a temperatura de 200 a 300 oC, possuem sua parte
resultado deve obedecer o limite de 15% (para mais ou menos, em relação a sua média).
central não totalmente desidratada, o que obriga, após o cozimento, a permanência do

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gesso em silos durante um período de 36 horas, para que a temperatura se uniformize, • Gesso Negro : 55% de peso hemidratado, de cor cinza devido às impurezas e
completando-se assim a calcinação. com granulometria menor do que o gesso Escaiola ou Branco.

Se as condições nos fornos fossem idênticas em todos os seus pontos, o rendimento 4.3. Aplicações na Construção Civil
de operação seria de 100% e todo o gesso diidratado (gipsita) passaria a hemidratado. No
4.3.1. Revestimentos e Decoração de Interiores
entanto, na prática, isto não ocorre e, por isso, tem-se sempre uma certa proporção de não
cozidos (diidratados), bem como anidrita na forma solúvel e insolúvel, dependendo das O material é muito bom para esse tipo de serviço, aplicado como pasta (gesso com
temperaturas em alguns pontos do forno. água) ou misturado com areia (argamassa). No Brasil, o custo do gesso é alto e os
revestimentos utilizados são com argamassas de cal, areia e cimento ou argamassas
Mesmo assim, esses pedaços de gesso diidratados e anidros, devido à distribuição
industrializadas.
desigual dos fornos, reagem entre si como:
4.3.2. Ornamentos, Painéis para Paredes e Forros
3CaSO4 + CASO4 . 2H2O → 4CaSO4 . ½ H2O + 5.230 calorias
Como chapas (plaster-board), tanto para revestir as paredes (divisórias) ou tetos, o
Portanto, qualquer gesso comercial possui sempre percentual de hemidratado e, em
gesso é utilizado envolvido com cartão, formando um verdadeiro sanduíche. É bom isolante
menores percentuais, os gessos diidratados e anidros em suas 2 formas: solúvel e insolúvel.
térmico, fácil de cortar, perfurar, pregar e aparafusar. As placas de gesso utilizadas para
Quanto maior o percentual de hemidratado, maior será o poder aglomerante do gesso.
interiores não podem ter função estrutural.

4. Particularidades No Brasil, são fabricadas chapas de 10 a 15 mm. de espessura, com resistência


respectivamente de 8,5 kgf/cm² e 13 kgf/cm².
4.1. Cimento Keene
Nos dias atuais, cresce a aplicação interna, na construção civil, do gesso acartonado,
É uma variedade de gesso de acabamento, produzido pela calcinação dupla da gipsita
substituindo as alvenarias de vedação. Até casas utilizando novo sistema de estrutura com
muito pura. Após a 1ª cozedura em temperatura elevada, o sulfato anidro resultante é
perfil leve metálico (Steel Frame) e madeira (Wood Frame) estão sendo fabricadas, com
imerso em uma solução de alúmen 10% (sulfato duplo de alumínio e potássio)e depois sofre
paredes utilizando o gesso acartonado, possibilitando economia quanto à redução de peso
uma 2ª cozedura entre 600 e 700 oC. Após a 2ª cozedura, o cimento obtido é pulverizado
da obra.
num moinho de bolas, formando um pó branco com resíduos de, no máximo, 10% na
peneira (100) de 0,15 mm, com tempo de pega e resistência mecânica próximos do cimento Esse gesso acartonado permite ondulações, cortes fáceis para todo tipo de instalação e
Portland, assemelhando-se muito ao cimento Portland branco. menos entulho na obra, com menor perda de material. Também estão sendo fabricados
tetos removíveis de gesso com película de PVC, que possibilitam a utilização dessas placas
Com esse cimento Keene, pode-se imitar pedras naturais (mármore) e formar
até em locais úmidos, como cozinhas industriais. Para locais úmidos (banheiros), já existem
mármore artificial, misturando-se o cimento + mica + pó de mármore.
placas de gesso com tratamento interno com silicone, que as deixam imune à umidade.

Em revestimentos, o cimento Keene possui grande vantagem, pois seu endurecimento


As placas de gesso podem utilizar pasta de gesso acrescida de fibras naturais (celulose)
lento e uniforme possibilita ao estucador bastante tempo para efetuar os retoques finais
ou artificiais, como fibras de vidro, para produzirem placas com fins estruturais.
necessários, o que não se consegue com o gesso hemidratado (gesso Paris).

4.2. Classificação Comercial dos Gessos Hemidratados


• Gesso Escaiola : gesso com 80% de peso hemidratado, de cor branca, com
finura adequada quando moído;
Ba s ea do e a da ptado de Centro
• Gesso Branco : 66% de peso hemidratado, de cor branca e também com Técni co UFF - Uni vers i da de
Federa l Fl umi nens e. Edi ções s em
finura adequada quando moído; prejuízo de conteúdo.

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