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Barbosa JS; Machado NAG; Quevedo H; Conti PCR

Autor para correspondência:


Juliana Stuginski-Barbosa
Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75
Vila Universitária - Bauru/SP
17012-901
Brasil
juliana.dentista@gmail.com

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Revisão da Literatura

Bruxismo: Quando a parafunção


abala a estética
Bruxism: When parafunction undermines the aesthetic

Juliana Stuginski-Barbosaa  •  Naila A. G. Machadob  •  Henrique Quevedoc  •  Paulo C. Rodrigues Contid

RESUMO O bruxismo é uma atividade repetitiva da


musculatura mastigatória, caracterizado
ABSTRACT Bruxism is a repetitive activity of
masticatory muscles, characteri-
por apertamento e ranger de dentes e/ou segurar ou empur- zed by clenching and grinding of teeth and/or holding
rar a mandíbula, e apresenta duas manifestações circadia- or pushing the jaw, presenting two circadian manifes-
nas: pode ocorrer enquanto se está acordado (bruxismo em tations: can occur while at an awake state (awake bru-
vigília) ou durante o sono (bruxismo do sono), cada um com xism) or during sleep (sleep bruxism), each with distinct
características fisiopatológicas e tratamentos distintos. Tema treatments and physiopathological features. Common
recorrente em discussões clínicas, apesar de não apresen- theme in clinical discussions, although not life threa-
tar risco de vida, esta condição clínica pode influenciar na tening, this clinical condition can influence the quality
qualidade de vida, especialmente por fraturas e desgastes of life, leading to fractures, wearing of teeth and resto-
de dentes e restaurações, dor na região orofacial e interfe- rations, orofacial pain, and interfering in the quality of
rência na qualidade do sono do paciente ou de terceiros, sleep of the patient or third parties by the presence of
pela presença de ruídos de ranger os dentes. Este artigo teeth grinding noises. This article examines concepts
revisa conceitos com relação à classificação, diagnóstico e regarding the classification, diagnosis and approach of
abordagem do bruxismo na clínica de Odontologia Estética. bruxism in esthetic dentistry.

Descritores: Bruxismo; bruxismo do sono; estética dentá- Descriptors: Bruxism; sleep bruxism; esthetics, dental;
ria; desgaste dos dentes; desgaste de restaurações dentárias. tooth wear; dental restoration wear.

A - Doutoranda em Ciências Odontológicas Aplicadas pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP), mestre em
Neurociências pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial
B - Doutoranda em Ciências Odontológicas Aplicadas pela FOB/USP, mestre em Clínica Odontológica Integrada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Funorte, aluna do curso de especialização em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do
Instituto Odontológico (IEO) - Bauru
C - Graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aluno do curso de especialização em Prótese Dentária da FOB/USP
D - Professor titular do Departamento de Prótese da FOB/USP

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INTRODUÇÃO incluir, além do bruxismo, sozinhos ou em combinação:


A contemplação de um belo sorriso e a constante morder lábios, bochechas ou língua; onicofagia; morder
busca pela perfeição têm sido um dos traços revolu- objetos, empurrar língua contra os dentes ou protui-la;
cionários da Odontologia dos últimos tempos. Notavel- mascar chicletes. Todos estes hábitos podem trazer
mente, as preocupações dos pacientes que chegam prejuízos às estruturas dentais e periodontais, além à
aos consultórios odontológicos não mais se restringem reabilitação e devem ser identificados e controlados3.
aos aspectos de saúde e função e transcendem pela Segundo a Classificação Internacional de Distúrbios
busca de um sorriso jovial e atraente, atendendo aos do Sono, BS é uma disfunção de movimento relaciona-
mais altos níveis de exigência nos parâmetros estéticos da ao sono caracterizado por ranger e/ou apertar os
e proporcionando uma melhora na autoestima e satisfa- dentes durante o sono, usualmente associado a um mi-
ção pessoal. crodespertar4. A prevalência do BS varia entre 8 a 16%,
No planejamento, execução e acompanhamento de não há diferenças entre os gêneros e é inversamente
terapias reabilitadoras estéticas e funcionais é de fun- proporcional a idade, ou seja, na infância é mais pre-
damental importância que o Cirurgião-Dentista avalie a valente (20%), diminuindo na idade adulta (8%) e ainda
presença de fatores deletérios a integridade e a longe- mais na terceira idade (3%) 5.
vidade de seus trabalhos. Ao se tratar destes fatores, De acordo com a etiologia, o bruxismo pode ser
bruxismo é um tema recorrente em discussões clínicas. classificado em primário ou secundário. O bruxismo
Apesar de não apresentar risco de vida, esta condição pode ser secundário a condições como distúrbios do
clínica pode influenciar na qualidade de vida, especial- movimento como doença de Parkinson, distúrbios neu-
mente por fraturas e desgastes de dentes e restaura- rológicos (por exemplo, coma e hemorragia cerebelar),
ções, dor na região orofacial e interferência na qualida- distúrbios psiquiátricos (por exemplo, estados demen-
de do sono do bruxista ou de terceiros, pela presença ciais e retardo mental), distúrbios respiratórios do sono
de ruídos de ranger os dentes1. como a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS)
O bruxismo é uma atividade repetitiva da muscu- e ainda o bruxismo pode ser associado ao etilismo, ta-
latura mastigatória, caracterizado por apertamento e bagismo, uso de drogas como a cocaína, ingestão de
ranger de dentes e/ou segurar ou empurrar a mandíbu- cafeína, anfetamina e uso de inibidores seletivos da re-
la, e apresenta duas manifestações circadianas: pode captação de serotonina (fluoxetina, sertralina) (ISRS) ou
ocorrer enquanto se está acordado (bruxismo em vigília duais (venlafaxina)3.
- BV) ou durante o sono (bruxismo do sono - BS), cada É importante observar não só a presença de uma
um com características fisiopatológicas e tratamentos condição secundária, mas também o aspecto temporal,
distintos2. Esta nova definição foi apresentada por um ou seja, se os sinais e sintomas de bruxismo se inicia-
grupo de pesquisadores em BS em 2013 acompanha- ram ou exacerbaram após o início desta condição para
da da clara necessidade da distinção entre as diversas que no tratamento, quando possível, esta condição seja
formas de bruxismo, o que facilita sua abordagem e eliminada para o controle do bruxismo.
controle de seus efeitos deletérios. A etiologia do bruxismo primário permanece desco-
nhecida. A oclusão era historicamente citada como um
RELEVÂNCIA CLÍNICA dos fatores etiológicos, entretanto, atualmente faltam
No planejamento, execução e acompanhamento de evidências científicas que comprovem seu papel como
terapias reabilitadoras estéticas e funcionais é de fun- gerador de eventos de bruxismo6.
damental importância que o Cirurgião-Dentista avalie a Uma das explicações etiológicas recai sobre o papel
presença de fatores deletérios a integridade e longevi- do estresse e da ansiedade por atividade das cateco-
dade de seus trabalhos. Um dos maiores desafios para laminas (norepinefrina, dopamina e serotonina)7 ou pelo
o Cirurgião-Dentista é identificar quando o paciente papel do eixo hipotalâmico e adrenérgico e amígdala
apresenta bruxismo do sono ou em vigília. central3. De fato, o bruxismo em vigília parece estar as-
sociado a eventos de estresse ou tensão emocional e
Classificação, Etiologia e Fisiopatologia sintomas de ansiedade e depressão, entretanto não há
O bruxismo em vigília atinge cerca de 20% da po- evidências desta associação ao BS 8.
pulação e usualmente se apresenta como apertamento O papel da dopamina como neurotransmissor par-
ou encostar de dentes (mantê-los encostados) durante ticipante do mecanismo do microdespertar no sistema
o dia. Este hábito parafuncional deve ser descriminado nervoso central parece também influenciar na etiologia
de atividades usuais (mastigação funcional, deglutição, do BS primário3 bem como a genética9.
fala) e de outros hábitos parafuncionais. Hábitos para- Com relação ao BS, a fisiopatologia passou a ser
funcionais são não usuais e não funcionais que podem conhecida após o uso do exame de polissonografia,

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direcionado para verificação de vários parâmetros re- tologia e etiologia do BS, não há um consenso para os
lacionados ao sono, útil para diagnóstico de diversos critérios de diagnóstico que possam ser utilizados na
distúrbios do sono. O exame registra em uma noite rotina clínica de um consultório odontológico. Determi-
inteira os principais eventos fisiológicos do sono por nar se o paciente apresenta BS ativo é um desafio para
meio de eletrodos e sensores especiais como eletro- o clínico. Avaliações objetivas e reprodutíveis são ne-
encefalograma (EEG), eletroculograma (EOG), eletro- cessárias para implementar o diagnóstico1.
miograma (EEG), eletrocardiograma (ECG), fluxo aé- Atualmente a forma mais utilizada para avaliação do
reo, microfone traqueal e sensor de posição. Para o BS é o uso de questionários associado a sinais encon-
exame de BS é indicado a adição de eletrodos para trados durante o exame físico1.
EEG de músculos masseteres, microfone para regis- A vantagem do uso de um questionário é que ele é
tro de ruídos dentais e câmera filmadora em infraver- rápido e de baixo custo, mas a subjetividade das res-
melho. O uso da câmera e microfone permite maior postas dadas pelo paciente faz com que este método
acesso válido e quantitativo das atividades oroman- não seja preciso. No questionário é importante não só
dibulares 1,3. Pode-se verificar que os eventos de BS identificar os sintomas, mas também quantificar a fre-
ocorrem com maior frequência na fase 2 do sono não quência, por exemplo, por noites de sono durante a se-
REM (60 a 80%), com em média de 5,4 a 6 episódios mana ou mês ou por tempo durante a vigília1.
por hora, sendo 88% fásicos ou em movimentos que O relato de ruídos de ranger de dentes por um com-
geram ranger de dentes, mantendo a arquitetura do panheiro ou membro familiar é usualmente o principal
sono normal. Os eventos de bruxismo foram correla- sintoma a ser considerado indicador de bruxismo no
cionados a microdespertares 10 que são caracterizados questionário15. A tabela 1 traz algumas questões mais
por uma mudança da atividade do EEG para uma ati- utilizadas para sintomas de bruxismo e suas limitações.
vidade rápida, com duração entre 3 e 15 segundos. Questões sobre outros hábitos parafuncionais e con-
Não há um despertar consciente e não chega a alterar dições no qual o bruxismo pode ser secundário devem
a arquitetura do sono, mas o microdespertar constitui também ser inclusas no questionário.
um dos marcadores da fragmentação do sono e pode O exame físico deve incluir avaliação de desgaste
estar correlacionado à fadiga e sonolência diurna 4. dentário, marcas em bochechas, endentações em lín-
Através da polissonografia observou-se ainda que gua, dor e hipertrofia da musculatura mastigatória. Con-
nos pacientes com BS a atividade da musculatura sidera-se hipertrofia da musculatura mastigatória um
mastigatória rítmica (RMMA) teve sua frequência au- aumento de volume muscular em masseter e/ou tempo-
mentada entre 3 a 8 vezes com maior amplitude da ral entre 2 a 3 vezes quando em contração máxima16.
descarga neuromuscular e 90% com contato dental e O desgaste dentário não é um marcador específico
ranger de dentes 11. para bruxismo ativo, uma vez que o mesmo pode ter
Kato et al. 12 descreveu a cascata de eventos que ocorrido meses ou anos antes da consulta do pacien-
caracteriza o episódio de BS: (1) microdespertar, com te 3. Assim, não se pode afirmar que todos os pacien-
ativação do sistema nervoso central e atividade alfa no tes que apresentam bruxismo necessariamente apre-
EEG; (2) ativação do sistema nervoso autonômico, com sentam uma dentição desgastada assim como não se
aumento na frequência cardíaca e só então (3) ativa- pode atribuir todo desgaste dental ao bruxismo. Os
ção da musculatura mastigatória e contato das super- fatores envolvidos no surgimento e na progressão do
fícies dentárias. A sequência de eventos fisiológicos desgaste dentário são multifatoriais e complexos en-
que levam ao bruxismo foi descrito com mais detalhes volvendo a interação entre fatores biológicos, mecâni-
por Lavigne et al. 3: de 4 a 8 minutos antes do RMMA cos e químicos 17,18. Neste contexto, o bruxismo é con-
ocorre ativação do sistema autonômico cardíaco com siderado um fator mecânico que pode estar associado
aumento na atividade simpática, 4 segundos antes aos outros fatores potencializando o desgaste dental.
do RMMA a atividade alfa no EEG, 1 segundo antes Durante a anamnese e exame físico deve-se conside-
do RMMA taquicardia, 0.8 segundos antes do RMMA rar outros fatores como idade, condição oclusal, die-
ocorre ativação da musculatura supra hioidea e então ta, xerostomia resultante do uso de medicamentos ou
ocorre o RMMA com primeiro ativação da musculatura condição de saúde, refluxo gastroesofágico, erosão
mastigatória e só então ranger de dentes. Esta fisiopa- química e consistência de alimentos.
tologia concorda com uma fisiopatologia central e não Um ponto importante para quem trabalha com rea-
periférica para o BS 3,5,13,14. bilitação oral e estética é a identificação dos distúrbios
respiratórios relacionados ao sono. Sabe-se que o bru-
Diagnóstico do bruxismo na clínica xismo pode ser secundário aos eventos que ocorrem
Apesar de toda a pesquisa voltada para a fisiopa- na SAOS. Além disso, como há xerostomia associada

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TABELA 1

Questões Limitações

1. Você range ou aperta os dentes durante o sono? Algum parente ou Não pode ser relatado por pessoas edêntulas ou por pessoas que dormem
companheiro de quarto já relatou que você faz ruídos de ranger os dentes sozinhas.
enquanto está dormindo? Ruídos de ranger podem ser confundidos por outros ruídos durante o sono.

Pode não estar relacionado ao bruxismo.


2. Ao acordar você sente dor ou cansaço nos músculos da face?
Pode estar relacionado a outros distúrbios do sono.

Pode ser atribuído a outros fatores e confundir.


3. Você sente dor, desconforto ou sensibilidade nos dentes?
Deve ser considerado pela manhã para diagnóstico de bruxismo do sono.

4. Ao acordar e movimentar a boca você percebe rigidez ou travamento


Pode não estar relacionado ao bruxismo.
na sua articulação?

5. No últimos três meses você teve dentes ou restaurações fraturadas, Não é específico para bruxismo.
exceto por cárie dentária ou infiltrações? Não determina se bruxismo em sono ou vigília.

Pode não estar relacionado ao bruxismo.


7. Você sente dor de cabeça nas têmporas ao acordar? Pode estar relacionado a outros distúrbios do sono como SAOS.
Pode estar relacionado a outro tipo de cefaleia.

Nem sempre o paciente tem consciência de seu hábito.


Os dentes podem estar unidos mas não em apertamento.
8. Você aperta os dentes quando acordado?
Não especifica a situação em que o hábito ocorre (momentos de
concentração, tensão, etc).

Nem sempre o paciente tem consciência de seu hábito.


9. Pressionar, tocar ou segurar os dentes unidos, em outras situações
Não especifica a situação em que o hábito ocorre (momentos de
menos mastigando (isto é, contato entre os dentes superiores e inferiores)
concentração, tensão, etc).

* Modificado de Kato et al., 2013.

por respiração oral, o ambiente se torna propício para to mandibular ao acordar e; (3) hipertrofia do músculo
o desgaste dental. Assim é importante, além dos ou- masseter no apertamento dental voluntário máximo. A
tros hábitos parafuncionais como o bruxismo, também atividade muscular mastigatória não pode ser explica-
deveremos conhecer os sinais e sintomas da SAOS, da por outro distúrbio do sono, distúrbio neurológico ou
observar e encaminhar se necessário o paciente para médico ou uso de medicação ou outras substâncias.
avaliação com um médico e um odontólogo do sono. Como já relatado, o exame polissonográfico associa-
Como SAOS é um problema de saúde grave, com au- do à gravação de áudio e vídeo é o padrão ouro para
mento de risco para uma série de condições, é impor- o diagnóstico de BS3. Com isso o BS pode ser des-
tante sua identificação 19. criminado de outras atividades orofaciais como ronco,
Segundo o manual da Classificação Internacional apneia, mioclonia, deglutição e tosse1,3. O diagnóstico
dos Distúrbios do Sono publicado em 2005 pela Aca- de BS pode ser realizado baseado na frequência de
demia Americana de Medicina do Sono 4, ao associar episódios na EMG por hora de sono com histórico de
respostas obtidas no questionário a achados em exame ruídos de ranger de dentes, de preferência confirmado
físico, o paciente para apresentar BS primário deve rela- por gravações de áudio e vídeo realizadas durante o
tar ou ter conhecimento por relato de terceiros de ruídos exame de polissonografia. A amplitude média na EMG
de ranger de dentes ou apertamento dental durante o deve ser pelo menos 10% maior do que a obtida duran-
sono, além de um ou mais dos seguintes sinais (1) des- te a máxima contração muscular voluntária da muscu-
gaste anormal dos dentes; (2) desconforto na muscula- latura mastigatória. Através da eletromiografia pode-se
tura mastigatória, fadiga ou dor e rigidez ou travamen- verificar que o evento de bruxismo poderia apresentar

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episódios fásicos, tônicos ou mistos de movimentos rít- está em fase de testes.


micos da musculatura mastigatória (RMMA). Um episó- Para o bruxismo em vigília, a avaliação ainda está
dio fásico corresponde a, pelo menos, três bursts com restrita aos questionários e exame físico. A busca por
duração entre 0,25 a 2 segundos separados por dois métodos de avaliação para quantificar a magnitude do
intervalos. Um episódio tônico corresponde a um burst bruxismo em vigília é um desafio já que a o uso de ferra-
com duração de mais de 2 segundos. Um episódio mis- mentas para isso parecem alterar o comportamento do
to apresenta episódios tanto fásico como misto em um paciente, o que dificulta a avaliação de forma natural1.
só evento. Um episódio isolado é considerado quando Uma graduação para bruxismo baseada nos meios
há um intervalo entre os episódios de duração de pelo de diagnóstico foi proposta recentemente em possível,
menos três segundos. Considera-se um bruxismo de provável e definitivo2.
baixa frequência a ocorrência entre 2 a 4 episódios por 1)  Possível bruxismo do sono ou vigília: baseado no
hora de sono e alta frequência quando no número de relato do paciente pelo uso de questionários.
episódios for maior ou igual a 4, ou o número de bursts 2)  Provável bruxismo do sono ou vigília: baseado no
na EMG maior ou igual a 25 por hora de sono15. relato do paciente pelo uso de questionários mais os
Nem todos os pacientes que preenchem os critérios achados no exame físico.
clínicos de diagnóstico de BS apresentam BS segun- 3)  Bruxismo do sono definitivo: no relato do paciente
do os parâmetros polissonográficos. Recentemente um pelo uso de questionários mais os achados no exame
estudo populacional realizado com polissonografia na físico e mais a confirmação pela polissonografia com
cidade de São Paulo, com amostra significativa de 1042 gravações de áudio e vídeo.
indivíduos indicou que somente com questionários a Ao se deparar com pacientes com provável bruxis-
prevalência de BS foi de 12,5%. Com a combinação de mo a abordagem para controle deve ser iniciada. Como
questionários mais resultado do exame polissonográfi- já relatado, pela variabilidade noite a noite do BS, é de
co a prevalência cai para 5,5%20. A variabilidade noite bom senso indicar o exame polissonográfico antes de
a noite dos eventos de atividade muscular mastigató- se iniciar o tratamento aos pacientes que além de bru-
ria pode explicar parte deste fato 21. Assim não se pode xismo, apresentarem sinais e sintomas de outros dis-
descartar os indivíduos que não preencheram todos os túrbios do sono, em especial aos que apresentarem
critérios, uma vez que os mesmos podem apresentar sintomatologia compatível com SAOS, e encaminhar o
eventos de bruxismo nas noites subsequentes 24. paciente ao profissional habilitado para avaliação e tra-
Apesar de ser considerado o exame padrão ouro tamento. Todo cuidado é necessário. SAOS é uma con-
para o diagnóstico de BS, a polissonografia apresen- dição de grande morbidade e há um estudo piloto que
ta alguns problemas. A maior limitação é a mudança indica que contra indica o uso de dispositivo interoclu-
no ambiente de dormir do paciente durante o exame, o sais lisos (placas miorrelaxantes) para pacientes com
que pode interferir em seu padrão de sono. Além disso, bruxismo e SAOS concomitantemente, uma vez que seu
os eventos de BS podem variar noite a noite. Então, é uso exarcebou eventos de SAOS25.
sugerido que os pacientes sejam submetidos a mais de
uma noite de sono no laboratório, o que aumenta o cus- Abordagem ao paciente com bruxismo
to financeiro deste exame22. Conhecer a fisiopatologia do bruxismo primário é
Hoje o mercado busca alternativas ao exame polisso- fundamental para se guiar a abordagem ao paciente e
nográfico através de aparelhos de EMG portáteis para controle de seus efeitos deletérios. O bruxismo é con-
uso domiciliar. O poder de detecção destes aparelhos é trolado pelo sistema nervoso central3. Nenhuma terapia
em geral menor do que o exame polissonográfico, uma até a presente data é efetiva na cura de bruxismo. As
vez que não descarta outras atividades orofaciais. Um modalidades terapêuticas visam controlar e prevenir
destes dispositivos é um EMG em miniatura (Bitestrip®) as consequências deletérias do bruxismo às estruturas
que indica o número total de contrações musculares re- orofaciais26. Não há suporte na literatura que indique o
alizadas durante o período de uso. Este dispositivo foi uso de intervenções irreversíveis como equilíbrio oclu-
considerado como de eficácia moderada com 72% de sal por ajustes oclusais ou reabilitações orais e alinha-
sensibilidade e 75% de especificidade, ou seja, conse- mento ortodôntico no tratamento para bruxismo26,27.
guiu determinar quem apresenta ou não BS, mas não a O tratamento deve abordar três fatores: estratégias
intensidade da condição 23. Outro dispositivo é um EMG de orientação, uso de dispositivos interoclusais e far-
com um software para detecção de movimentos de BS macoterapia26,27.
(Grindcare®). Este dispositivo permite avaliar o total de As estratégias de orientação visam a mudança com-
contrações musculares pelo tempo de uso e por hora portamental do paciente. Os fatores de risco para início
de uso 24. Sua eficácia versus a polissonografia ainda ou exarcebação de bruxismo devem ser evitados como

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fumo, álcool, consumo excessivo de cafeína e uso de efetivas na redução da atividade muscular mastigatória
drogas como cocaína, crack ou ectasy27. Quando o bru- durante o sono. Cerca de 20% dos pacientes com BS
xismo tem seu aparecimento associado ao uso de me- apresentam aumento na atividade muscular, sobretudo
dicação como IRSS, deve juntamente com o prescritor com o uso de um dispositivo confeccionado com mate-
desta medicação, avaliar a manutenção ou mudança rial maleável. Além disso, a fricção do material resilente
de categoria farmacológica, o que nem sempre é possí- das placas de silicone no esmalte dental e nos materiais
vel. Assim, deve-se orientar o paciente e protegê-lo dos dentários poderia levar a danos nestas estruturas27.
possíveis efeitos deletérios do bruxismo. O uso de dispositivos com cobertura somente em
A educação do paciente para que não encoste seus alguns dentes (anteriores ou posteriores) tem seu uso
dentes durante o dia e controle outras parafunções é contraindicado em longo prazo pelo risco de movimen-
indicada, sobretudo, nos pacientes com bruxismo em tação dentária como extrusão27.
vigília. O uso de um dispositivo interoclusal acaba por Assim, dado a estes resultados, para prevenção ou
não evitar o hábito durante o dia. Pode-se usar de artifí- limitação de danos a estruturas dentais, periodontais e
cios para que o paciente se recorde de evitar este com- reabilitadoras, é prudente manter o uso de placas oclu-
portamento como o uso de adesivos ou despertador. sais rígidas e com cobertura total no tratamento do BS 27.
Hoje já há um aplicativo para smartphones disponível A abordagem com o uso de dispositivo interoclusais
no mercado em plataformas iOS e Android para o auxí- exige acompanhamento supervisionado e ajuste quan-
lio nesta função28. do necessário. O acompanhamento das marcas deixa-
Técnicas de relaxamento, higiene do sono, hipno- das na placa permite também avaliar o quão ativa está
terapia e terapias cognitivo-comportamentais podem a condição1.
também ser utilizadas. Estudos recentes indicam que o Ainda não se encontrou uma medicação capaz de
uso de um dispositivo de biofeedback que aplica pul- parar com a atividade muscular relacionada ao bruxis-
sos elétricos sobre o músculo temporal anterior para mo. Os estudos ainda são escassos para demonstrar
inibir a atividade EMG foi efetivo em curto prazo sem efetividade e segurança no uso de medicações. Estudo
comprometer a qualidade do sono 24. Também sessões recente mostrou que o uso de 1 mg de clonazepan pro-
de terapia cognitivo-comportamental em pacientes com moveu redução em 40% na atividade muscular em pa-
BS parecem reduzir os sintomas de BS da mesma forma cientes com BS. O clonazepan é um benzodiazepínico,
que o uso de placas lisas 26. ansiolítico, hipnótico e com capacidade de relaxamento
A maioria das estratégias de orientação não foram muscular. Entretanto, seu uso em longo prazo não foi
testadas em estudos clínicos randomizados e também documentado bem como os possíveis efeitos colaterais
desconhece-se seus efeitos em longo prazo, entretan- como sonolência, tolerância e dependência que pode-
to, parecem melhorar a qualidade de vida e devem ser riam influenciar na qualidade de vida do paciente. Clo-
consideradas como primeira linha na abordagem do nidina, uma medicação que se supõe atuar reduzindo a
paciente com bruxismo26. taquicardia prévia ao RMMA, chegou a reduzir em 60%
Com relação aos dispositivos interoclusais, vários a atividade muscular associada ao BS, entretanto efei-
são as placas e dispositivos desenhados para este fim tos colaterais graves como hipotensão matinal contrain-
disponíveis no mercado odontológico. O exato meca- dicam o uso desta medicação26.
nismo de ação dos dispositivos está sob debate, entre- Outras medicações já foram relatadas na literatura,
tanto já se sabe que não há evidências de que possa porém sem estudos clínicos, para o uso em pacientes
curar bruxismo27. com BS como gabapentina, topiramato, buspirona e to-
A maioria dos estudos mostra que curto prazo (duas xina botulínica. As pesquisas com farmacoterapia estão
a seis semanas) há uma redução entre 40 a 50% na evoluindo e medicações mais específicas e relaciona-
atividade muscular com o uso de qualquer tipo de dis- das à fisiopatologia do BS como às relacionadas ao rit-
positivo26,29. Entretanto, também é observado que após mo circadiano poderão ser testadas26.
este curto período, a atividade muscular rítmica volta Toxina botulínica aplicada a masseter e temporal
aos valores basais26,27. vem sendo indicada com o intuito de reduzir a ativida-
Existe um apelo comercial para o uso de dispositi- de muscular relacionada ao bruxismo. Esta medicação
vo flexível ou maleável como pré-fabricados e placas afeta a atividade muscular pela inibição de liberação
confeccionadas com silicone como se fossem mais de acetilcolina na junção neuromuscular. Existem mui-
confortáveis para os pacientes. Entretanto, placas rígi- tos relatos de casos, mas não há estudos bem deli-
das, lisas, confeccionadas em acrílico, são preferidas neados que comprovem a sua eficácia no tratamen-
por várias razões como facilidade de ajuste e adapta- to do bruxismo. Estudo realizado em amostra com 12
ção, prevenção de movimentos dentários e serem mais pacientes com BS demonstrou que houve redução na

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atividade muscular onde a toxina foi aplicada 30. Entre- ciado às medidas preventivas. A decisão por restau-
tanto, devemos nos lembrar de que não são apenas rar os dentes desgastados é definida de acordo com
músculos superficiais envolvidos no fechamento de as necessidades do paciente e também da gravidade
mandíbula. O estudo não demonstrou o que aconte- e evolução do desgaste. O tratamento restaurador da
ce em longo prazo ou quantas aplicações mais são dentição severamente desgastada proporciona a subs-
necessárias ou ainda se houve desgaste dentário ge- tituição da estrutura dentária deficiente, limita o avanço
rado pelo bruxismo após a aplicação. Assim, o uso da da destruição do dente, melhora a função oral e melho-
toxina botulínica está indicado a pacientes com com- ra a aparência dos dentes.
prometimento psiquiátrico ou neurológico e a pacien- Ressalta-se que a reabilitação de dentes desgasta-
tes refratários aos métodos tradicionais de controle do dos é um tema ainda pouco documentado e explorado
BS 27. É possível redução de força muscular, mas não em estudos científicos em longo prazo e com meto-
eliminação da atividade muscular relacionada ao BS. dologias pertinentes. A reabilitação oral completa fre-
Assim, não se deve descartar o uso das placas oclu- quentemente envolve uma abordagem multidisciplinar
sais para proteção das estruturas nos pacientes sub- e apresenta um desafio clínico considerável. A seleção
metidos a esta terapia. adequada do paciente e cuidadoso planejamento inter-
Ao se deparar com o paciente com bruxismo que disciplinar de tratamento, incluindo: o reconhecimento
apresenta uma dentição consideravelmente desgasta- das necessidades percebidas do paciente, os motivos
da, o clínico deverá fazer um levantamento dos pos- para os serviços de busca de tratamento, a capacidade
síveis fatores etiológicos envolvidos nesse desgaste e financeira e perfil socioeconômico, podem influenciar
assim implementar um aconselhamento imediato asso- no manejo, sucesso e previsibilidade das reabilitações.

HISTÓRICO DE BRUXISMO FREQUENTE


Relato do paciente
•  Correção de hábitos
•  Verificar estilo de vida
Ansiedade/Estresse •  Técnicas de relaxamento muscular
•  Terapia cognitivo comportamental
•  Biofeedback
EXAME FÍSICO
•  Desgaste dentário
•  Língua ou bochecha marcadas
•  Hipertrofia muscular

ABORDAGENS CONTROLE BRUXISMO


•  Orientações
NENHUM FATOR OU COMORBIDADE
•  Placa rígida lisa (BS)
FATORES DE RISCO OU COMORBIDADES •  Medicações (se necessário)

•  Referir paciente para


avaliação com Médico do Sono
Uso de álcool, fumo, cafeína, abuso de •  Redução ou remoção dos
•  Polissonografia
drogas, uso de medicações inibidoras fatores de risco modificáveis
•  Preferir dispositivos de avanço
seletivas da recaptação de serotonina •  Modificação (se possível) da medicação
mandibular à placas lisas

SAOS confirmada
•  Diagnóstico tipo de DTM envolvida
•  Tratamento apropriado à DTM
Sinais e sintomas de DTM •  Considerar referir paciente ao
especialista em DTM e Dor Orofacial
•  Priorizar tratamento para SAOS •  Abordagens de controle do bruxismo
•  Observar queixas relacionadas ao
bruxismo ao longo do tempo

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Barbosa JS; Machado NAG; Quevedo H; Conti PCR

CONSIDERAÇÕES FINAIS mo. Por conseguinte, o profissional deverá informar ao


Bruxismo é controlado centralmente. É de suma impor- paciente sobre as possíveis consequências do bruxismo
tância que o Cirurgião-Dentista ao propor uma reabilitação e conscientizá-lo do hábito nocivo, buscando estabelecer
nestes pacientes esteja familiarizado com os conceitos uma efetiva e constante comunicação com o intuito de pro-
atuais de classificação, diagnóstico e controle do bruxis- porcionar com eficácia o controle do bruxismo.

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