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Universidade Federal da Bahia

Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos


Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais

PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

2021.1
Docente: Prof. visitante Daniele Benzi
(email: danielebenzi76@gmail.com)
Horário: Terças-feiras, das 14h às 18h.

EMENTA
Este curso visa examinar os problemas do regionalismo latino-americano no início deste século,
com ênfase na experiência da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). A partir do exame das
principais perspectivas críticas e heterodoxas internacionais e latino-americanas elaboradas nas
últimas décadas, a questão da construção regional e do regionalismo na América do Sul será
abordada através dos enfoques da Economia Política Global e da Sociologia Macro-histórica, isto é,
uma abordagem multidisciplinar. Desta forma, além de revisar alguns dos principais estudos
teóricos e empíricos desenvolvidos sobre a UNASUL, tanto gerais quanto específicos sobre as áreas
mais relevantes de atividade do organismo sul-americano, será traçada uma interpretação da
ascensão e declínio prematuro desta organização, enquadrando-a no âmbito de uma perspectiva
histórica mundial de longa duração que tem na problematização da região “América Latina” e
“América do Sul” seu fio condutor.

O curso está dividido em três blocos:

 Perspectivas e métodos para o estudo crítico das regiões e dos regionalismos numa época
de caos sistêmico.

 O labirinto latino-americano na longa duração: formação e desenvolvimento de uma


região mundial periférica.

 Ascensão e declínio do regionalismo pós-hegemônico. Seguindo os passos da UNASUL...


METODOLOGIA
 A alternância entre as apresentações do professor, seminários e debate constituirá no método
de trabalho deste curso.
 Ao longo do curso, os (as) estudantes deverão entregar cinco breves trabalhos críticos sobre
alguns dos tópicos descritos abaixo.

AVALIAÇÃO
 Trabalhos escritos: 50%
 Participação e seminário: 50%

BLOCO 1: Perspectivas e métodos para o estudo crítico das regiões e dos regionalismos
Análise das principais teorias, conceitos e métodos heterodoxos e críticos que dominaram o estudo
das regiões e dos regionalismos após a Guerra Fria, durante a belle époque do neoliberalismo e a
suposta hegemonia global dos EUA. Esboço de uma perspectiva alternativa para conceituar e
estudar as regiões e os regionalismos em nossa época de desordem mundial, caos sistêmico e
transição (hegemônica?), baseada na teoria do desenvolvimento geográfico desigual do capitalismo
de David Harvey e na macro-sociologia histórica de Giovanni Arrighi.
Aula 1 (23-02) Apresentação e introdução ao curso
 A. Hurrell (2010). “Regional Powers and the Global System from a Historical Perspective”.
In D. Flemes. Regional Leadership in the Global System. Ideas, Interests and Strategies of
Regional Powers. Ashgate, pp. 15-27.
 R. Russell (2020). “El mundo que nos deja Trump”. Nueva Sociedad
(https://nuso.org/articulo/el-mundo-que-nos-deja-trump/.)
Aula 2 (02-03) A perspectiva eclética
 P. Katzenstein (2005). A World of Regions. Asia and Europe in the American Imperium.
Cornell University Press, pp. 1-36. Disponível até a p. 30 em
https://books.google.com.ec/books?
id=kGRQMObhto0C&printsec=frontcover&hl=es&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=
onepage&q&f=false
Aula 3 (09-03) O New Regionalism Approach
 B. Hettne (2005). “Beyond the ‘New’ Regionalism”. New Political Economy, Vol. 10, No.
4.
 B. Hettne, F. Söderbaum (2000). “Theorising the Rise of Regionness”. New Political
Economy, 5:3, pp. 457-472.
Aula 4 (16-03) Os regional worlds e a crítica ao EU-centrismo
 A. Acharya (2014). The End of American World Order. Polity Press, pp. 79-105.
 A. Acharya (2016). “Regionalism Beyond EU-centrism”. In T. Borzel, Risse T. (eds.). The
Oxford Handbook of Comparative Regionalism. Oxford: Oxford University Press.
Aula 5 (23-03) A abordagem neo-gramsciana
 S. Gill (2003). “A Neo-Gramscian Approach to European Integration”. In A. Cafruny, M.
Reyer. A Ruined Fortress? Neoliberal Hegemony and Transformation in Europe. Rowman
& Littlefield Publishers, Inc., pp. 47-70.
Aula 6 (30-03) As regiões no desenvolvimento geográfico desigual do capitalismo

 D. Harvey (2006). “Notes towards a theory of uneven geographical development”. In D.


Harvey. Spaces of Global Capitalism. London: Verso. (Há tradução em espanhol e resumo
em português).
Aula 7 (06-04) Lógica territorial e lógica capitalista na perspectiva macro-histórica

 G. Arrighi (2007). Adam Smith in Beijing. Lineages of the 21st Century. London: Verso, pp.
211-249.
 G. Arrighi, B. Silver (ed.) (2001). Caos e gobernabilidade no moderno sistema mundial.
Contraponto. Editora Ufrj, pp. 12-19 do pdf.
Optativa:

 G. Arrighi (1996). O longo século XX. Contraponto. Editora Unesp, pp. cap. 1.

Tarefa I: Comparar a perspectiva sobre regiões e regionalismos entre alguns dos autores
examinados. O trabalho será de 2 a 3 páginas Times New Roman 12, 1,5.

BLOCO 2 O labirinto latino-americano na longa duração


Formação estrutural e desenvolvimento histórico de uma região periférica dentro do sistema
mundial capitalista. Colonialismo interno e dependência histórico-estrutural como eixos de
interpretação da América Latina na longa duração. Brasil e América Latina: uma relação singular e
complexa. A dominação dos EUA e a questão do desenvolvimento e da autonomia no pensamento
integracionista latino-americano.
Aula 8 (13-04) Colonialismo interno e dependência histórico-estructural
 A. Quijano, I. Wallerstein (1992). “La americanidad como concepto, o América en el
moderno sistema mundial”. Revista Internacional de Ciencias Sociales, n. 134, pp. 583-591.
Leituras Complementares (leia pelo menos um dos autores de sua escolha):

 P. González Casanova (1965). “El colonialismo interno”. En P. González Casanova (2009).


De la sociología del poder a la sociología de la explotación. Buenos Aires: Clacso, somente
as pp. 129-156.
 A. Quijano (1967). “Dependencia, cambio social y urbanización en América Latina”. En A.
Quijano (2014). Cuestiones y horizontes. Buenos Aires: CLACSO, somente as pp. 76-85.
 A. Quijano (1970). “‘Polo marginal’ y ‘mano de obra marginal’”. En A. Quijano (2014).
Cuestiones y horizontes. Buenos Aires: CLACSO, somente as pp. 126-134.
 A. Quijano (2000). “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”. Em
clacso.org., somente às páginas 129-139.
 F. Fernandes (1971). “A persistência do passado”. Em F. Fernandes (2013). O negro no
mundo dos brancos. São Paulo: Global editora I edição digital.
 F. Fernandes (1975). Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, pp.11-20.

Tarefa II: Ver o documentário de Pino Solanas La hora de los Hornos. Neocolonialismo y
Violencia, e escreva um comentário a partir da leitura dos textos. O trabalho será de 2 a 3 páginas
Times New Roman 12, 1,5.

P. Solanas, La hora de los Hornos. Neocolonialismo y Violencia, https://www.youtube.com/watch?


v=X_--jUxpjrQ

Aula 9 (20-04) Brasil e América Latina: uma relação singular e complexa

 L. Moniz Bandeira (2012). A expansão do Brasil e a formação dos Estados na Bacia do


Prata. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, cap. I, IV, IX, (X optativo).
 L. Moniz Bandeira (2010). “A integração da América do Sul como espaço geopolítico”. Em
VA. Integração da América do Sul. Fundação Alexandre de Gusmão, pp. 131-151.
 A. Kaysel (2020). “Dentro ou Fora? O (não) lugar do Brasil no imaginário da unidade
latino-americana (1890-1930)”. Revista Wirapuru, 1, año 1, pp. 37-53.
Aula 10 (27-04) Estados Unidos e América Latina: as origens do pensamento integracionista
latino-americano sobre autonomia e desenvolvimento

 P. Anderson (2015). A política externa norte-americana e seu teóricos. São Paulo:


Boitempo, pp. 11-14.
 J. Briceño (2016). “Del Panamericanismo al ALCA: la difícil senda de las propuestas de una
comunidad de intereses en el continente americano (I)”. Anuario Latinoamericano Ciencias
Políticas y Relaciones Internacionales, vol. 3, pp. 145-167.
 J. Briceño (2012). “Autonomía y desarrollo en el pensamiento ‘integracionista’
latinoamericano”. Em J. Briceño Ruiz et al. (orgs.). Integración Latinoamericana y
Caribeña. Política y Economía. Madrid, Fondo de Cultura Económica, pp. 29-60.
Optativa:

 T. O’Brien (2018). “Inter-American relations in historical perspective”. Em P. Riggirozzi e


C. Wylde. Handbook of South American Governance. Routledge, pp. 83-95.
Ver o documentário de Oliver Stone South of the Border - Hugo Chavez & the New Latin America
via, https://www.youtube.com/watch?v=Yg4ZdDiq0YM.

Tarefa III: Refletir sobre o seguinte tema a partir dos textos examinados: América Latina, Brasil e
Estados Unidos na longa duração: semelhanças, divergências, conflitos. O trabalho será de 2 a 3
páginas Times New Roman 12, 1,5.
BLOCO 3 Ascensão e declínio do regionalismo pós-hegemônico. Seguindo os passos da
UNASUL
O regionalismo sul-americano no começo do século XXI. Panorama dos novos regionalismos após
o ciclo progressista (ALBA-TCP, UNASUL, Novo MERCOSUL, Aliança do Pacífico).
Regionalismo pós-liberal e pós-hegemônico como noções dominantes de interpretação da
UNASUL. A ambígua experiência da UNASUL. O problema da defesa e o CDS, entre a dominação
dos EUA, a atuação do Brasil, os desentendimentos entre Estados latinoamericanos e o papel das
forças armadas. Geopolítica e desenvolvimento geográfico desigual: energia e infraestrutura
regional (IIRSA-COSIPLAN). As políticas sociais como elemento peculiar do regionalismo pós-
hegemônico: o caso do Conselho de Saúde Sul-Americano.
Aula 11 (04-05) Panorama do regionalismo sul-americano em 2020
 P. Celi (2020). “Reconfiguración de la dependencia latinoamericana, regionalización en
crisis y fractura del multilateralismo”. Em pp. W. Grabendorff e A. Serbin (editores). Los
actores globales y el (re)descubrimiento de América Latina. Barcelona: Icaria, pp. 25-40.
 J. Briceño Ruiz, Hoffmann Ribeiro, A. (2021). “The Crisis of Latin American Regionalism
and Way Ahead”. Em B. De Sousa Guilherme et al. Financial Crisis Management and
Democracy. Lessons from Europe and Latin America. Springer, pp. 281-293.
Optativa:
 M. Gomes Saraiva (2020). “América Latina y su inserción en el sistema internacional”. Em .
W. Grabendorff e A. Serbin (editores). Los actores globales y el (re)descubrimiento de
América Latina. Barcelona: Icaria, pp. 41-57.
Aula 12 (11-05) O regionalismo pós-liberal e pós-hegemônico: introdução à UNASUL
 J.A. Sanahuja (2012). “Regionalismo post-liberal y multilateralismo en Sudamérica: El caso
de UNASUR”. Anuario de la integración regional de América Latina y el Gran Caribe
2012. Buenos Aires: CRIES, somente as pp. 21-23 e 30-66.
 P. Riggirozzi, Tussie D. (eds) (2012). The Rise of Post-Hegemonic Regionalism. The case of
Latin America. Springer, pp. 1-12.
Optativa:

 J. Briceño Ruiz (2016). “Hegemonía, poshegemonía, neoliberalismo y posneoliberalismo en


los debates en los debates sobre el regionalismo en América Latina”. Em M. Ardila (ed).
¿Nuevo multilateralismo en América Latina Concepciones y actores en pugna. Bogotá:
Universidad Externado de Colombia, pp. 23-66.

Aula 13 (18-05) O problema da defesa e o CDS


 J. Battaglino (2018). “Governing security in South America. From the Inter-American
Treaty of Reciprocal Assistance to the South American Defence Council”. Em P. Riggirozzi
e C. Wylde. Handbook of South American Governance. Routledge, pp. 99-110.
 O. J. Pérez (2018). “The place of the military in South American governance”. Em P.
Riggirozzi e C. Wylde. Handbook of South American Governance. Routledge, pp. 221-234.
 M. Vitelli (2020). “The Impossibility of a Defence Policy in the Americas? Comparing
Hemispheric and South American Security Concepts and Military Roles”. Contexto
Internacional, vol. 42(1), pp. 81-102.
 A. Fuccille (2019). “A vacilante atuação brasileira na integração regional: o (o)caso do
Conselho de Defesa Sul-Americano”. Agenda Política, Volume 7, Número 1, pp. 62-85.
Optativa:
 M. Vitelli e L. Peres Milani (2019). “Regionalismo sudamericano en tiempos de
redefiniciones: el Consejo de Defensa de la UNASUR y la crisis del regionalismo posliberal
y poshegemónico”. Revista Uruguaya de Ciencia Política 28 (2), pp. 35-59.
Aula 14 (25-05) Geopolítica e desenvolvimento geográfico desigual: energia e infraestructura
(IIRSA-COSIPLAN)
 R. Padula (2014). “Da IIRSA ao COSIPLAN da UNASUL: A integração de infraestrutura
na América do Sul nos anos 2000 e suas perspectivas de mudançã”. Em W.A. Desiderá Neto
(org.). O Brasil e novas dimensões da integração regional. IPEA, pp. 291-351.
 C.W Porto-Gonçalves (2011). “Ou inventamos ou erramos – encruzilhadas da integração
regional sul-americana”. Em A. Regoa Viana et al. Governança Gobal e Integração da
América do Sul. IPEA, pp. 133-175.
Optativas:
 A. Saggioro Garcia (2016). “Políticas públicas e interesses privados. Multinacionais
brasileiras e a cooperação na América Latina”. Em M.R. Soares de Lima et al (edit.).
Cooperación Sur-Sur, política exterior y modelos de desarrollo en América Latina, Buenos
Aires: CLACSO, pp. 189-214.
 E. Sousa Kraychete (2016). “El Banco Nacional de Desarrollo Económico y Social
(BNDES) y la expansión de empresas brasileñas de construcción civil para América del
Sur”. Em M.R. Soares de Lima et al (edit.). Cooperación Sur-Sur, política exterior y
modelos de desarrollo en América Latina. Buenos Aires: CLACSO, pp. 189-214.
 M. Passini Mariano (2014). “O papel do Brasil na integração da infraestrutura da América
do Sul: limites institucionais e possibilidades de mudança”. Em W.A. Desiderá Neto (org.).
O Brasil e novas dimensões da integração regional. IPEA, pp. 229-289.

Tarefa IV: Ver e comparar dois documentários sobre a IIRSA a partir das leituras. O trabalho será
de 2 a 3 páginas Times New Roman 12, 1,5.

- O Plano IIRSA, https://www.youtube.com/watch?v=Sb5mAnbR4X0.

- IIRSA, A infraestrutura da devastação, https://www.youtube.com/watch?v=c8IFN9dwfrY.

Aula 15 (01-06) Saúde e políticas sociais


 P. Riggirozzi, (2014). “Regionalism through social policy: collective action and health
diplomacy in South America”. Economy and Society, n. 43(3), pp. 432-454.
 C. Almeida et al. (2010). “A concepção brasileira de ‘cooperação Sul-Sul estruturante em
saúde’”. RECIIS – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde,
n. 4 (1), pp. 25-35.
 E. Gómez, F.A. Perez (2016). “Brazilian Foreign Policy in Health during Dilma Rousseff’s
Administration”. Lua Nova, (98), pp. 171-199.
Optativa
 C. Almeida (2013). “Saúde, política externa e cooperação sul-sul em saúde: elementos para
a reflexão sobre o caso do Brasil”. Em FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, A saúde no Brasil
em 2030 – prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro: desenvolvimento, Estado
e políticas de saúde. FIOCRUZ / IPEA / Ministério de Saúde / Secretaria de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República, pp. 233-327.
Aula 16 (08-06) América Latina, regionalismo e caos sistêmico: refleções finais
Debate final sobre o curso e a conjuntura latino-americana

Tarefa V: Refletir sobre o tema: Problemas e perspectivas do regionalismo autônomo sul-


americano a partir da experiência da UNASUL. O trabalho será de 2 a 3 páginas Times New Roman
12, 1,5.

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