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Rio de Janeiro
2017
TIAGO DA SILVA OLIVEIRA
Rio de Janeiro
2017
TIAGO DA SILVA OLIVEIRA
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Alan Brito Carneiro
_______________________________________________
Prof. Dr. Maurício Cupello Peixoto
À minha Mãe e ao meu Pai, com a
mesma intensidade de amor e carinho
com a qual me criaram.
AGRADECIMENTO
This final paper presents the partially carboxiterapia (therapy with the use of CO2)
from an aesthetic point of view, emphasizing their action mechanisms and, especially,
their contraindications. It presents correlation between such contraindications to the
known human physiology, and the need for laboratory analysis prior to the
precautionary potencial risk to the customer's health. The legislative bases were
reviewed to justify what would be the new assignment of the biomedical professional
esthetician and to what extent it could act in the practice of prescribing additional
tests. The blood count tests, blood gas and EAS were addressed as basic needs to
attest to the metabolic conditions of the customers prior to carboxiterapia. The study
used bibliographic data in scientific information base to interconnect the organic
effects of carbon dioxide with said Metabolic investigation of mechanisms
in indicating that there may be poisoning CO2 and especially
paragraphs making conclude that it is conceivable to reduce risks of such intoxication
with the practice of previous preceituação laboratory research.
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 10
2. OBJETIVO ................................................................................................................................... 13
2.1. GERAL .................................................................................................................................. 13
2.2. ESPECÍFICO ........................................................................................................................ 14
3. METODOLOGIA ......................................................................................................................... 14
3.1. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO .................................................................... 15
4. CARBOXITERAPIA ................................................................................................................... 15
4.1. HISTÓRIA ............................................................................................................................. 15
4.1.1. O EQUIPAMENTO DE CARBOXITERAPIA ............................................................. 16
4.2. MECANISMOS DE AÇÃO .................................................................................................. 17
4.2.1. APLICAÇÕES DA CARBOXITERAPIA ..................................................................... 19
4.2.2. CONTRAINDICAÇÕES ............................................................................................... 20
4.2.3. DISFUNÇÕES METABÓLICAS ASSOCIÁVEIS ...................................................... 21
4.3. EXAMES LABORATORIAIS .................................................................................................. 25
4.3.1. HEMOGRAMA .............................................................................................................. 27
4.3.2. GASOMETRIA .............................................................................................................. 27
4.3.3. EXAME DE URINA / EAS ............................................................................................ 29
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 30
6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 32
1. INTRODUÇÃO
10
exponencialmente crescente do setor da beleza (SPC Brasil, 2016). Com isso, é
fundamentalmente necessário ter-se profissionais altamente qualificados e
legalmente habilitados para a execução segura de quaisquer procedimentos
estéticos, tendo em vista os grandes riscos à saúde do cliente.
O uso estético do gás carbônico deve ser realizado com algumas
salvaguardas. O CO2 necessita de uma eficiente operação biológica para ser
transformado e expelido do corpo. Para essas funções, o coração (e todo sistema
circulatório), os pulmões e os rins possuem papel central e o estado de equilíbrio,
tanto anatômico-fisiologicamente quanto metabolicamente, é de suma importância
para o sucesso da carboxiterapia sem que haja prejuízo à saúde do cliente
(VARLARO, 2007).
O mercado da estética é um dos mais promissores da atualidade. Segundo a
Associação Brasileira de Franchising (2017), o mercado da saúde, beleza e bem-
estar está na segunda colocação quanto ao valor arrecadado entre 2016 e 2017,
mais de 27 bilhões de reais, sendo o setor com maior crescimento nos últimos 12
meses, 16%.
11
Gráfico 1 - Intenção em realizar procedimentos estéticos nos próximos 12 meses
12
Gráfico 2 – Inscritos no CRBM-1
2. OBJETIVO
2.1. GERAL
13
2.2. ESPECÍFICO
3. METODOLOGIA
14
3.1. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO
4. CARBOXITERAPIA
4.1. HISTÓRIA
15
O cardiologista Jean Baptiste Romuef liderou os maiores trabalhos sobre o
tema, tendo efetuado a publicação de seus resultados após vinte anos de estudos
com a utilização de injeções subcutâneas de CO2 (SCORZA, 2008).
Em 1995, Fabry et al., através do relato de vinte mil casos atendidos em Royat,
descreveram as vantagens do tratamento através de vários indicadores e, também,
o mecanismo de atuação do gás, principalmente quanto há queda na afinidade da
hemoglobina pelo oxigênio em ação local, intensificando o efeito Bohr (FABRY et al,
1995).
Carvalho, em seu trabalho datado de 2005, propôs, pela primeira vez, a
utilização da carboxiterapia como tratamento estético para rejuvenescimento cutâneo
a partir de constatações do funcionamento mecânico do enfisema subcutâneo
ocasionado pela ação do gás carbônico.
16
Figura 1 – Equipamento de Carboxiterapia – vista frontal e traseira
17
alteração de pH no microambiente ativa células à formarem novas estruturas
sanguíneas e linfáticas, colágeno e elastina, todos encarregados da reconstituição
do tecido “lesionado” (SCORZA, 2008).
Ao infundir CO2, provoca-se um estado de hipóxia tecidual. Quanto mais gás
carbônico no meio tecidual mais hemoglobinas carreadas com oxigênio chegarão
através da circulação sanguínea, onde, por conta de a hemoglobina ter maior
afinidade com a molécula CO2, ocorrerá liberação de O2 (hiperoxigenação –
hiperóxia) e captação do CO2 para posterior eliminação. A essa resposta fisiológica,
para as alterações nas concentrações de CO2 e, consequentemente, H+ (formado a
partir da dissociação de H2CO3 – ácido carbônico), denomina-se Efeito Bohr
(GUYTON, 2006). Este aumento de H+ circulante deve ser tratado com cautela,
tendo em vista que o equilíbrio entre a ingestão e/ou produção de íons de hidrogênio
e sua retirada do organismo é essencial para a homeostase, tal concentração
necessita ser precisamente regulada pelo fato de o H+ estar presente em quase
todas as funções dos sistemas (GUYTON, 2008).
O dióxido de carbono também ocasiona o rompimento dos adipócitos (por lise
– carbolipólise), provocando a substituição por colágeno, elastina e vasos
sanguíneos, através da ação mecânica de acordo com o fluxo e/ou velocidade com
que o gás adentra à pele e através de ação bioquímica ao ativar barorreceptores
(receptores com a função primordial de manter a pressão arterial em estabilidade,
onde sua ativação se dá pela alteração mecânica da forma das extremidades neurais
em decorrência da distensão da parede vascular), em razão da distensão tecidual,
com a posterior liberação de mediadores químicos, especialmente cetocolaminas,
para resultar em ação lipolítica (quebra de triglicerídeos estimulada pela ativação da
lipase hormônio sensível – LSH, que, por sua vez, é ativada por mediador químico
AMPc) (BORGES, 2010).
A adenosina 3’-5’-monofosfato (AMPc) é definida, basicamente, como
segundo mensageiro intracelular. Um hormônio específico se conecta ao receptor
exclusivo localizado na membrana plasmática de uma célula-alvo e ativa a
adenilciclase que, consequentemente, converterá uma parte do ATP intracelular em
AMPc. O AMPc ativa proteína cinase dependente de AMPc que, então, fosforilará
18
tantas outras proteínas, ativando-as ou desativando-as a fim de induzir ou inibir uma
resposta (NELSON, 2014). No caso da carboxiterapia, em suma, ao infundir CO2, a
ação mecânica estimula o aumento de AMPc que induzirá a lipólise (BORGES,
2010).
19
(BORGES, 2010). Goldman et al (2006) considera seguro a administração
subcutânea ou intra-peritoneal do gás carbônico mesmo com a infusão de grandes
volumes (2 à 10 litros) e relata inexistência, até então, de efeitos tóxicos.
Apesar das considerações supracitadas, Cohen et al (2003) pondera, em seu
artigo sobre “alterações sistêmicas e metabólicas da cirurgia laparoscópicas”, a
possibilidade de efeitos colaterais severos mediante absorção de CO 2.
4.2.2. CONTRAINDICAÇÕES
20
4.2.3. DISFUNÇÕES METABÓLICAS ASSOCIÁVEIS
21
excretar urina ácida ou básica, perdurando esse processo por horas ou dias
(DEVLIN, 2011).
O acúmulo de CO2 em resposta a disfunção orgânica dos sistemas renal e
respiratório pode resultar em desequilíbrio da relação ácido-base. Como dito
anteriormente, o equilíbrio entre a ingestão e/ou produção e a retirada de H+ do
organismo é essencial para a homeostase (condição de equilíbrio necessária para
realização de diversas funções adequadamente) (GUYTON, 2008).
Varlaro et al. (2007) é claro ao dizer que a carboxiterapia deve ser
contraindicada em casos de insuficiências renal, cardíaca e/ou respiratória, tendo em
vista que a eliminação de CO2 e H+ (oriundo da metabolização do CO2) é realizada
por rins e pulmões, e deficiências nesses órgãos ocasionaria o acúmulo excessivo
desses elementos e, então, intoxicação ao organismo.
O sistema-tampão mais importante é o sistema-tampão do bicarbonato, onde
o hidrogênio liberado pelo ácido carbônico (ioniza-se com o meio liberando H+ e
HCO3-) interage também com o bicarbonato liberado por um sal bicarbonato
(predominantemente o bicarbonato de sódio), sendo o ácido carbônico (H2CO3)
produzido no corpo através de reação entre CO2 e H2O (reação reversa
CO2+H20H2CO3) com auxílio da enzima anidrase carbônica presente
principalmente nos alvéolos pulmonares e túbulos renais. Como a reação de
produção do ácido carbônico é reversível, quanto mais H2CO3 estiver sendo formado,
maior também será a dissociação em CO2 e H2O, onde o CO2 em excesso precisará
ser expelido através da respiração (GUYTON, 2006).
Laboratorialmente, não é possível medir-se a concentração de ácido
carbônico no sangue por este dissolver-se velozmente em CO2 e H2O ou em H+ e
HCO3-, contudo, o CO2, que está contido no meio e é diretamente proporcional ao
valor de H2CO3, é possível ser mensurado a partir da tensão/pressão parcial de CO2
(PCO2) no sangue (NEMER, 2010).
O acúmulo orgânico de bicarbonato é controlado pelos rins e a pressão parcial
de CO2 é controlada pelo sistema respiratório. Quando elevada, a taxa respiratória
promove a remoção de CO2 do meio; quando baixa, a taxa respiratória promove a
elevação da PCO2. Quando este equilíbrio é quebrado, podemos concluir que um ou
22
ambos sistemas estão prejudicados, interferindo nos valores de bicarbonato e de
PCO2, onde define-se como acidose metabólica os distúrbios que exercerem queda
nos níveis de bicarbonato e alcalose metabólica em situações que promovam a
elevação do bicarbonato; acidose respiratória é causada por aumento na PCO 2 e
alcalose respiratória causada por diminuição da PCO2 (b.SOUZA, 2005).
A hemoglobina (Hb) também funciona como importante tampão ácido-base.
De forma geral, H+ e HCO3- difundem-se transmembranarmente de forma lenta e em
baixas quantidades, mas atravessam as hemácias mais facilmente e atingem
rapidamente a igualdade entre os íons do líquido intracelular e extracelular ao se
ligarem à hemoglobina – H+ + Hb HHb (a variação do pH intracelular está
intimamente ligado à variação do pH extracelular). O CO 2 difunde-se rapidamente
através de todas as membranas celulares (b.SOUZA, 2005).
A redução significativa de glóbulos vermelhos (eritrócitos) em situação de
anemia severa, por exemplo, se traduz na queda da presença de hemoglobina e
sugere, então, acúmulo de CO2, tendo em vista que esta proteína intracelular
também é a principal carreadora desse composto químico. Dentro dessa situação, a
disponibilização de mais CO2, através do procedimento de carboxiterapia, poderia
induzir hipercapnia (aumento do gás carbônico no sangue arterial) e acidose
(VARLARO, 2007).
Os pulmões também promovem a regulação ácido-base ao expelir CO2
através da ventilação e, consequentemente, alterar a concentração de H+
(CO2+H20H2CO3H+ + HCO3-), onde uma maior ventilação resulta em maior
eliminação de CO2 e menor PCO2, e uma menor ventilação resulta em aumento de
CO2 e, assim, de H+, além de aumentar PCO2 também. Quando há aumento do pH
do meio (decaimento dos níveis de H+ = alcalose) é promovida estimulação na queda
na ventilação pulmonar para que não seja expelido o CO2 e haja, então, equilíbrio
ácido-base já que a presença maior do dióxido de carbono estimulará a formação de
ácido carbônico (CO2+H2OH2CO3), ocasionando a redução do oxigênio (disputa
com o CO2) e, consequentemente, da pressão parcial do oxigênio (PO2) no sangue.
Contudo, este efeito também de queda nos valores de O 2 e PO2 estimulam a
ventilação, deixando de ser tão eficiente se comparado à situação de redução de pH
23
(aumento de H+ = acidose = maior frequência respiratória para eliminação de CO 2
mais rapidamente) (GUYTON, 2006).
A excreção de urina, pelos rins, também é um processo de controle do
equilíbrio ácido-base, onde a excreção de bicarbonato traduz em remoção da “base”
do sangue e a excreção de hidrogênio significa remover o “ácido” do sangue. Quando
necessário, o sistema renal retira da circulação principalmente ácidos não
elimináveis pelo sistema pulmonar, não são H2CO3. Contudo, reter bicarbonato
(HCO3-) se resume como uma tarefa mais importante do que eliminar tais ácidos, e
isto se dá com a utilização do hidrogênio secretado para formação de H 2CO3 e, então,
reabsorção do anteriormente HCO3- filtrado. Em situação de alcalose, não há como
reabsorver o bicarbonato por conta da escassez de H+, levando na remoção de
HCO3- e, deste modo, elevação de H+ para os níveis normais. Em acidose, o
bicarbonato não é excretado, mas, sim, reabsorvido para produção de novo
bicarbonato e redução de H+ (H+ proporcionalmente excretado para cada HCO 3-
reabsorvido) (GUYTON, 2006).
Determinadas patologias conseguem interferir diretamente no equilíbrio ácido-
base, levando a acidose ou alcalose respiratória ou metabólica. Interferências na
ventilação pulmonar resultam no aumento da PCO2 do fluido extracelular,
concentrando H2CO3 e H+ no meio, finalizando em acidose respiratória, uma vez que
a disfunção está associada ao sistema respiratório. A acidose respiratória pode ser
causada por interrupções na troca gasosa entre o sangue e o ar alveolar, obstrução
de vias respiratórias, infecções pulmonares, enfisema ou qualquer outra condição
que interfira na capacidade de eliminação de CO2 por parte dos pulmões, havendo
compensação lenta através dos tampões dos líquidos corporais e funcionamento
renal. Já a alcalose respiratória é rara dada a necessidade de extremo aumento na
ventilação pulmonar para excessiva perda de CO2 na expiração. (BRASILEIRO
FILHO, 2011).
A acidose metabólica se dá a partir de interações além das envolvendo CO2 e
ventilação pulmonar, como insuficiência renal (deficiência excreção de H+ e/ou na
reabsorção de bicarbonato), perda excessiva de bicarbonato nas fezes em estado
diarreico, vômito de conteúdos intestinais (apesar da perda de conteúdo gástrico
24
conter quantidade significativa de ácido e sua perda ocasionar alcalinização do meio,
a perda do conteúdo intestinal provoca a acidose por ter-se grande perda de base),
diabetes (tanto tipo I quanto tipo II, há uma atuação ineficiente da insulina, seja por
sua ausência total ou por redução na sensibilidade celular, respectivamente; os
tecidos, então, passam a usar ácidos acetoacéticos, originários dos triglicerídeos,
como fonte de energia no lugar da glicose, resultando em cetoacidose caso os níveis
do ácido se elevem demasiadamente) e ingestão de ácidos (determinadas drogas,
como acetilsalicílicos, podem gerar acidose metabólica) (MITCHEL, 2006).
A alcalose metabólica se instala quando a perda de íons de hidrogênio
ultrapassa a normalidade e/ou quando há abundância de bicarbonato no líquido
extracelular, fatores que podem ser atingidos ao ingerir-se produtos alcalinos (como
o próprio bicarbonato de sódio), ingestão de diuréticos e vômito de conteúdo gástrico
(perda de HCl) (MITCHEL, 2006).
A alternância do pH interfere diretamente na funcionalidade de inúmeras
proteínas, por conseguinte, no funcionamento do organismo como um todo (DEVLIN,
2011).
Para fins de análise qualitativa do sistema orgânico do cliente, podemos
destacar os exames de hemograma (para determinar, principalmente, qualidade
eritrocitária e da hemoglobina), EAS (qualificar basicamente a função de excreção
renal para assegurar a atividade de controle de pH) e a gasometria, a fim de constatar
a real situação do equilíbrio ácido-base e eventuais ocorrências de acidose ou
alcalose metabólicas (NEMER, 2010).
Os autores Cohen (2003), Varlaro (2007), Kede (2009) Borges (2010) e Maio
(2011) são taxativos quanto à necessidade de se manipular cautelosamente o dióxido
de carbono durante determinados procedimentos, como é o caso da carboxiterapia,
tendo em vista as condições fisiológicas necessárias para processamento e posterior
eliminação do gás carbônico infundido. Com isso, podemos destacar a indispensável
25
realização de exames laboratoriais como pré-requisito para realização da técnica
estética de terapia com CO2.
A lei nº 12.842, de 10 de julho de 2013, reconhecida publica e popularmente
como “a lei do ato médico”, determina o exercício da medicina em todo território
brasileiro. Esta dá as diretrizes necessárias para definir as competências
profissionais do graduado em medicina e delimita a atuação de diversas outras
profissões. O artigo 4º, da referida lei, estipula as atividades privativas ao médico,
destacando-se o inciso III, onde traz a “indicação da execução e execução de
procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo
acessos vasculares profundos (...)”. No mesmo artigo, também podemos destacar o
inciso X que reconhece como exclusividade médica a “determinação do prognóstico
relativo ao diagnóstico nosológico”. O primeiro parágrafo esclarece, ainda, que o
“diagnóstico nosológico é a determinação da doença que acomete o ser humano,
aqui definida como interrupção, cessação ou distúrbio da função do corpo, sistema
ou órgão (...)”; o parágrafo quarto caracteriza como “invasivo” os procedimentos que
se enquadrem na situação de “invasão dos orifícios naturais do corpo, atingindo
órgãos internos”. (BRASIL, 2013).
Dentro dessas condições, não há impedimentos legais para que o profissional
biomédico esteta solicite determinados exames laboratoriais a fim de se certificar das
condições fisiológicas imprescindíveis aos clientes que serão expostos ao CO2;
condições tratadas, especialmente, por Varlaro (2007) em seu texto.
Dentre todas as análises possíveis, considerando a bioquímica apresentada
previamente, as interações orgânicas e as contraindicações descritas pelos diversos
autores, este trabalho apresenta a realização do hemograma, da gasometria e da
bioquímica urinária/EAS como pré-requisitos sugestivo para realização da
carboxiterapia.
26
4.3.1. HEMOGRAMA
4.3.2. GASOMETRIA
27
dados sobre a relação ácido-base do tecido sanguíneo que atravessará os tecidos e
a qualidade da sua oxigenação (avaliação de gases oxigênio e carbônico), e pH. Já
a gasometria venosa, realizada com sangue colhida de uma veia, fornece aspectos
qualitativos sobre a oxigenação dos tecidos e, também, avalia o equilíbrio ácido-
base. (a.SOUZA, 2006).
O controle do equilíbrio ácido-base, pH, O2 e CO2 é realizado por uma
interação complexa entre os sistemas cardiopulmonar e renal (GUYTON, 2006) e
falhas no funcionamento desses sistemas orgânicos fornece um cenário de
contraindicação à carboxiterapia (VARLARO, 2007).
Segundo Souza (a. 2006), o exame laboratorial de gasometria com coleta de
material arterial é o mais indicado para obter-se um panorama real sobre o pH
sanguíneo, a oxigenação sistêmica e o sistema tampão orgânico (estabilidade ácido-
base), tendo em vista que identifica problemas respiratórios/pulmonares, renais e
metabólicos de forma precisa.
Contudo, por ser necessária realização de acesso profundo para coleta de
sangue específico, a lei nº 12.842/13 (BRASIL, 2013) restringe a prescrição do
exame de gasometria arterial e atribui como exclusividade médica, como disposto no
inciso III do Artigo 4: “indicação da execução e execução de procedimentos invasivos,
sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos, incluindo os acessos vasculares
profundos, as biópsias e as endoscopia”. Por ter material sanguíneo adquirido
superficialmente, por punção venosa, a gasometria venosa não se enquadraria,
então, na restrição estipulada pela legislação e poderia ser requisitada pelo
biomédico para avaliação pré-carboxiterapia.
Os valores de referência usualmente utilizados para os parâmetros da
gasometria venosa são 20-30mmol/l de HCO3-, 40-50mmHg de PCO2, 95-100mmHg
de PO2 e 7,36-7,41 de pH (LIMA, 2008).
A leitura é resultado da comparação realizada entre os parâmetros da amostra
analisada com os padrões internos do gasômetro, sendo imprescindível conhecer a
origem da referida amostra, se de sangue arterial ou de sangue venoso para
resultado preciso (NEMER, 2010).
28
4.3.3. EXAME DE URINA / EAS
29
Proteínas e glicose ausentes em urinas normais;
Corpos Cetônicos produzidos por metabolização lipídica após
jejum prolongado ou em pessoas diabéticas (cetoacidose é a
patologia determinada por grandes quantidades de corpos cetônicos
no organismo, com redução drástica do pH);
Bilirrubina promove coloração amarelada à urina, é produto da
degradação da hemoglobina; em grandes quantidades sugere
desequilíbrio/patologia hematológica e/ou hepatológica;
Urobilinogênio obtido através da quebra da bilirrubina, em
resultados elevados aponta para doenças do sangue (hemolíticas)
e do fígado.
A microscopia do sedimento resultante da centrifugação da urina também
evidencia diversas características complementares as fornecidas pela análise
bioquímica. É possível constatar a presença de leucócitos decorrentes de processos
inflamatórios e infecciosos, hemácias, células epiteliais (distinguíveis entre si por
suas morfologias) e cristais. Determinados cristais surgem em meio a disfunções
metabólicas, como oxalato de cálcio e uratos amorfos que surgem em urinas ácidas
e carbonato de cálcio e fosfatos amorfos em urinas alcalinas. Também é possível
verificar a presença de bactérias e formações cilíndricas (esta é normal até certo
ponto) (LIMA, 2008).
5. CONCLUSÃO
30
terapêutico em questão seja eficiente e, ao mesmo tempo, extremamente seguro à
saúde do cliente, sem expô-lo à riscos desnecessários, incluindo o risco de vida.
Como visto, o excesso de CO2 em um organismo pode desencadear uma
cascata de reações fisiológicos que podem atingir níveis inimagináveis de prejuízos
metabólicos ao cliente, mesmo que este, a priori, esteja bioquimicamente estável. Os
exames aqui descritos, os mais basais para a verificação das condições funcionais
do corpo seguindo as necessidades da carboxiterapia, devem ser expressos como
minimamente necessários no cotidiano do biomédico esteta para concretização da
terapia.
Os dados bibliográficos organizados impostam, então, o quão necessário se
faz a legalização e o incentivo da prescrição biomédica de exames laboratoriais com
a finalidade de se constatar o correto funcionamento dos sistemas fisiológicos do
cliente a ser infundido com CO2 e evitar quaisquer transtornos e intercorrências que
podem ocorrer durante ou após as infusões de dióxido de carbono, frente a licitude
em regulamentar a prática por ausência legislação proibitiva ao considerar-se todas
as normativas determinadas pela lei 12.842/13, citada e reescrita anteriormente. Esta
nova prática não se qualificaria como prática de diagnóstico nosológico uma vez que
haveria apenas o diagnóstico laboratorial (e não uma DETERMINAÇÃO) de doença
instalada ou distúrbios, caracterizada pelo diagnóstico clínico-laboratorial restrito,
então, ao profissional médico pela referida lei.
É importante salientar que o termo “determinar” tem como significado,
segundo o dicionário de língua portuguesa Michaelis, “delimitar, demarcar, localizar;
indicar com exatidão, definir, estabelecer, precisar; identificar e classificar (alguma
coisa)”, e nenhuma dessas definições se encaixa/encaixaria na real finalidade da
prescrição biomédica de exames complementares que é/seria a de certificar-se sobre
a estabilidade orgânica de seus clientes para que haja sucesso no tratamento e,
principalmente, para que não haja prejuízo à saúde dos mesmos.
Entretanto, verificando-se a relevância do assunto deste trabalho,
investigações mais profundas, sejam por originalidade ou revisão literária, devem ser
desenvolvidas de forma a modular novos protocolos para realização da terapia com
gás carbônico e outros tantos procedimentos estéticos.
31
6. REFERÊNCIAS
32
BRASIL. Lei n. 12.842, de 10 de julho de 2013. Dispõe sobre o exercício da
Medicina. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, v. 132, n.
155, p. 01. 11 jul. 2013. Seção 1.
33
GUYTON, A.C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. Tradução de Barbara de
Alencar Martins [et al]. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
MAIO, M. Tratado de Medicina Estética. 2. ed. São Paulo: Roca, 2011. Vol. III, Cap.
94, p. 1129-1243.
SPC Brasil, Sete em cada dez brasileiros acreditam que gastos com beleza são
uma necessidade e não um luxo, aponta pesquisa. Disponível em: <
https://docs.google.com/viewer?url=https%3A%2F%2Fwww.spcbrasil.org.br%2Fwpi
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1.pdf>. Acesso em 03 de julho de 2016.
34
b.SOUZA, M. H. L.; ELIAS, D. O. Manual de Instrução Programada - Princípios
de Hematologia e Hemoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Centro Editorial Alfa Rio,
2005.
35