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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

JOSÉ FRANCISCO BUDA

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: EFEITO NAS


CONDIÇÕES E AMBIENTE DE TRABALHO DAS COOPERATIVAS DE
CATADORES CONVENIADAS COM A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE
SÃO PAULO

CAMPINAS
2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

JOSÉ FRANCISCO BUDA

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: EFEITO NAS


CONDIÇÕES E AMBIENTE DE TRABALHO DAS COOPERATIVAS DE
CATADORES CONVENIADAS COM A PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE
SÃO PAULO

Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de


Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp,
para a obtenção do título de Doutor em Engenharia
Civil, na área de Saneamento e Ambiente

Orientador: Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO


FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO
JOSÉ FRANCISCO BUDA, E ORIENTADO PELO
PROF. DR.BRUNO CORAUCCI FILHO.

Assinatura do orientador

CAMPINAS
2014

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v
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RESUMO

A Política Nacional de Resíduos (PNRS), instituída pela Lei nº 12305 de 02 de


agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto n° 7.404 de 23 de dezembro de
2010, apresenta a importância do tripé entre Poder Público, Empresas e
Sociedade na gestão dos resíduos sólidos, incentivando a participação das
cooperativas de catadores de material reciclável no processo de
recebimento/coleta, triagem, enfardamento e comercialização dos materiais,
como também pode-se destacar a importância que estas desempenham na
inclusão social e geração de renda. Esta pesquisa teve como objetivo avaliar
efeitos causados pela PNRS, nas condições e no ambiente de trabalho das
cooperativas, as mudanças ocorridas nas relações com as empresas e
sociedade quanto ao volume e qualidade dos resíduos recebidos, e com os
órgãos municipais. Foram pesquisadas as cooperativas conveniadas com a
Prefeitura do Município de São Paulo, onde estas responderam um formulário
que levantou as variáveis: ambientais e sanitárias, econômicas, institucionais,
infraestrutura e de saúde e segurança no trabalho. Foram entrevistados os
presidentes das cooperativas, pois estes são os cooperados mais antigos e
alguns até participarão na redação da lei. Foi possível assim retratar as
condições das cooperativas e também conclui-se assim que a PNRS se
configura como modeladora de novos paradigmas sociais, dentre os quais se
destacam os princípios de responsabilidade social compartilhada e que as
mudanças comportamentais pretendidas pelo documento legal não deverão ser
obtidas de forma rápida, mas sim de forma gradual em avanços sucessivos. A
aceleração deste processo somente será dada com o incremento da fiscalização
e do apoio do poder público à questão da reciclagem, o que garantirá a
efetividade da lei.

Palavras chave: Catadores de lixo – Aspectos sociais; Coleta seletiva de lixo;


Cooperativas; Políticas Públicas.

vii
viii
ABSTRACT

The National Waste Policy (PNRS), established by Law No. 12305 of August 2, 2010
and regulated by Decree No. 7,404 of December 23, 2010, shows the importance of the
tripod between Government, the Companies and Society in waste management solid,
encouraging the participation of waste pickers cooperatives in the receiving process /
collection, sorting, baling and marketing of materials, but also can highlight the
importance they play in the social inclusion and income generation. This research aimed
to evaluate effects caused by PNRS under the conditions and in the work environment
of cooperatives, changes in relationships with business and society about the size and
quality of the waste received, and municipal agencies. The cooperatives were surveyed
with the city of São Paulo City Hall, where they answered a form that lifted the variables:
environmental, sanitary, economic, institutional, infrastructure, health and safety at work.
We interviewed the presidents of cooperatives, as these are the oldest cooperative and
some even participate in drafting the law. It was this possible to portray the conditions of
cooperatives and concluded as soon as the PNRS is configured as shaping of new
social paradigms, among which stand out the principle of shared social responsibility,
required behavioral changes by the legal document should not be obtained quickly, but
gradually in successive advances. The acceleration of this process will only be given to
increasing the supervision and government support to the issue of recycling, which will
ensure the effectiveness of the law.

Key Words: Garbage collectors – Social aspects; Garbage collection; Cooperatives;


Public policies.

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SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 5
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 5
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 7
3.1 COLETA SELETIVA .................................................................................................. 7
3.1.1 TIPOS DE COLETA .................................................................................................. 9
3.1.2 DESTINAÇÃO DA RECICLAGEM ............................................................................... 10
3.1.3 NOVOS RESÍDUOS ................................................................................................ 17
3.1.3.1 Isopor ............................................................................................................... 17
3.1.3.2 Resíduo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos ........................................... 20
3.1.3.3 Tecidos e Móveis ............................................................................................. 26
3.1.3.4 Resíduo da Construção Civil ............................................................................ 29
3.1.3.5 Resíduo de Serviço de Saúde - RSS ............................................................... 31
3.2 COOPERATIVAS DE TRABALHO .............................................................................. 33
3.2.1 EVOLUÇÃO DO COOPERATIVISMO .......................................................................... 36
3.2.2 COOPERATIVISMO NO BRASIL ................................................................................ 38
3.2.3 COOPERATIVAS DE CATADORES DE RESÍDUO SÓLIDO ............................................. 40
3.3 CONDIÇÕES E AMBIENTE DO TRABALHO ................................................................. 42
3.3.1 AMBIENTE DE TRABALHO SEGURO - AMBIÊNCIA ...................................................... 43
3.3.2 ACIDENTES E QUASE ACIDENTES NO AMBIENTE DE TRABALHO ................................ 44
3.3.3 RISCOS NO AMBIENTE DE TRABALHO ..................................................................... 46
xi
3.4 O TRABALHO DAS COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAL RECICLÁVEL .......... 50
3.4.1 DISTRIBUIÇÃO DAS COOPERATIVAS DE CATADORES DE RESÍDUO SÓLIDO NO BRASIL . 51
3.4.2 RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE DOS CATADORES ................................................ 55
3.4.3 AMBIENTE DE TRABALHO DAS COOPERATIVAS DE CATADORES ................................ 56
3.4.4 CASOS DE ACIDENTES DE TRABALHO NAS COOPERATIVAS DE CATADORES ............... 61
3.5 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................... 64
3.5.1 HISTÓRICO DA POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) ...................... 66
3.5.2 LOGÍSTICA REVERSA E RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA .................................. 70
3.5.3 A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E AS EMPRESAS ............................... 75
3.5.3.1 Companhia de Bebidas das Américas - AMBEV.............................................. 76
3.5.3.2 Telefonia Móvel - VIVO .................................................................................... 78
3.5.3.3 Embalagens Longa Vida - TETRA PAK® ......................................................... 79
3.5.3.4 Eletrônicos - ITAUTEC S/A .............................................................................. 81
3.5.4 A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E AS PREFEITURAS ........................... 83
3.5.4.1 Prefeitura Municipal de Guarulhos ................................................................... 84
3.5.4.2 Prefeitura Municipal de Campinas ................................................................... 86
3.5.4.3 Prefeitura Municipal de São Paulo ................................................................... 88
3.5.5 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS E AS COOPERATIVAS DE CATADORES .... 93
4 METODOLOGIA ................................................................................................ 97
4.1 ESCOLHA DO MUNICÍPIO ....................................................................................... 97
4.2 ESCOLHA DAS COOPERATIVAS DE MATERIAL RECICLÁVEL ....................................... 98
4.3 PESQUISA DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 98
4.4 REGISTRO DA PESQUISA NO SISTEMA NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA (SISNEP) E
SOLICITAÇÃO DE APROVAÇÃO POR PARTE DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) ............ 99
4.5 OBTENÇÃO DOS DADOS ...................................................................................... 100
4.5.1 VARIÁVEIS LEVANTADAS PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS ...................................... 102
4.5.1.1 Variáveis Ambientais e Sanitárias .................................................................. 102
4.5.1.2 Variáveis Sociais ............................................................................................ 102
4.5.1.3 Variáveis Institucionais ................................................................................... 103

xii
4.5.1.4 Variáveis Econômicas .................................................................................... 104
4.5.1.5 Variáveis de Infraestrutura ............................................................................. 104
4.5.2 REGISTRO FOTOGRÁFICO ................................................................................... 105
4.6 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 105
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 109
5.1 DESCRIÇÃO DAS COOPERATIVAS CONVENIADAS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO ....... 110
5.1.1 COOPERATIVA TIETÊ .......................................................................................... 113
5.1.2 COOPERATIVA COOPERE-CENTRO ...................................................................... 114
5.1.3 COOPERATIVA COOPERAÇÃO .............................................................................. 115
5.1.4 COOPERATIVA COOPERLESTE ............................................................................. 116
5.1.5 COOPERATIVA COOPERVILA E TIQUATIRA ............................................................. 117
5.1.6 COOPERATIVA SEM FRONTEIRAS ......................................................................... 118
5.1.7 COOPERATIVA VITÓRIA DA PENHA ....................................................................... 119
5.1.8 COOPERATIVA COOPERCAPS .............................................................................. 119
5.1.9 COOPERATIVA NOVA CONQUISTA ........................................................................ 120
5.1.10 COOPERATIVA COOPERVIVABEM ......................................................................... 121
5.1.11 COOPERATIVA CRESCER .................................................................................... 122
5.1.12 COOPERATIVA UNIÃO ......................................................................................... 123
5.1.13 COOPERATIVA COOPERMYRE .............................................................................. 124
5.1.14 COOPERATIVA VIRA LATA ................................................................................... 124
5.1.15 COOPERATIVA FÊNIX AGEPÊ ............................................................................... 125
5.1.16 COOPERATIVA NOSSOS VALORES ....................................................................... 125
5.1.17 COOPERATIVA COOPERMITI ................................................................................ 126
5.1.18 COOPERATIVA CHICO MENDES ............................................................................ 127
5.1.19 COOPERATIVA NOVA ESPERANÇA ....................................................................... 128
5.1.20 COOPERATIVA COOPERPAC ................................................................................ 129
5.1.21 ASPECTOS COMUNS ÀS COOPERATIVAS............................................................... 129
5.2 VARIÁVEIS SOCIAIS ............................................................................................ 130
5.2.1 NÚMERO DE COOPERADOS ................................................................................. 130

xiii
5.2.2 ROTATIVIDADE ................................................................................................... 133
5.2.3 DIVISÃO POR GÊNERO ........................................................................................ 135
5.2.4 COMPOSIÇÃO ETÁRIA ......................................................................................... 138
5.2.5 ESCOLARIDADE DOS COOPERADOS ..................................................................... 139
5.2.6 TURNOS DE TRABALHOS E REMUNERAÇÃO ........................................................... 140
5.3 VARIÁVEIS AMBIENTAIS E SANITÁRIAS .................................................................. 141
5.3.1 QUANTIDADE E TIPO DE MATERIAL COLETADO E SUAS CONDIÇÕES SANITÁRIAS,
VOLUME DE REJEITOS E DESTINAÇÃO............................................................................... 141
5.3.2 CONDIÇÕES DE DEPÓSITO DE MATERIAL A SEREM MANIPULADOS E SEU

ARMAZENAMENTO DEPOIS DE ENFARDADOS ...................................................................... 146


5.4 VARIÁVEIS ECONÔMICAS .................................................................................... 150
5.4.1 VALOR DE VENDA DO MATERIAL RECICLADO E RECEBIDO...................................... 150
5.5 VARIÁVEIS INSTITUCIONAIS ................................................................................. 153
5.5.1 DIVULGAÇÃO E CAPACITAÇÃO TÉCNICA DOS COOPERADOS ................................... 153
5.5.2 CAPACITAÇÃO TÉCNICA DOS COOPERADOS.......................................................... 154
5.6 VARIÁVEIS DE INFRAESTRUTURA .......................................................................... 155
5.6.1 EQUIPAMENTOS, TRANSPORTE, CONDIÇÕES E TIPO DAS INSTALAÇÕES .................. 156
5.6.2 LOCAIS DE CONVIVÊNCIA .................................................................................... 169
5.6.3 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ................................................................... 173
5.7 AS COOPERATIVAS E A POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ....................... 180
5.7.1 A PNRS E A ROTINA DAS COOPERATIVAS ............................................................ 180
5.7.2 ALTERAÇÃO NAS CONDIÇÕES DE TRABALHO NA COOPERATIVA .............................. 182
5.7.3 VOLUME DE RESÍDUOS RECEBIDOS ..................................................................... 183
5.7.4 QUALIDADE DOS RESÍDUOS RECEBIDOS NA COOPERATIVA .................................... 184
5.8 COMPARATIVO DO VOLUME X QUALIDADE DOS RESÍDUOS RECEBIDOS NAS

COOPERATIVAS APÓS A PROMULGAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ....... 185

5.8.1 CONSCIÊNCIA DA SOCIEDADE .............................................................................. 186


5.8.2 ADEQUAÇÃO DAS EMPRESAS .............................................................................. 187
5.8.3 ADEQUAÇÃO DA PREFEITURA .............................................................................. 188

xiv
5.8.4 COMPARATIVO DO IMPACTO DA PNRS SOBRE AS COOPERATIVAS DE CATADORES DE

RESÍDUOS SÓLIDO E A SOCIEDADE X EMPRESA X PREFEITURA ........................................... 190


5.9 OBSERVAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 192
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................................... 193
6.1 CONCLUSÕES .................................................................................................... 193
6.2 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 195
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 199
8 APÊNDICES .................................................................................................... 213
9 ANEXOS .......................................................................................................... 233

xv
xvi
DEDICATÓRIA

Em memória de José Buda, meu pai, exemplo de vida e


dedicação, que me ensinou a respeitar e tratar a todos com
igualdade, respeito e amor.

xvii
xviii
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Jesus e sua mãe Maria que me concederam a graça de


terminar mais esta importante etapa da minha vida, conhecer lugares, pessoas e
situações que me fizeram refletir e crescer interiormente.

Agradeço a minha mãe, irmãos, cunhados, sobrinhos pelo apoio, minha família
que sempre torceu por mim.

Ao Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho pela sua orientação por todos estes anos
desde o mestrado.

A Profª. Drª. Eglé Novaes Teixeira que também me acompanha nos meus
trabalhos.

Ao Prof. Nelson Vilella do IFSP e Maria Cecilia Centini Goy por sua valiosa
contribuição.

Aos meus amigos entre eles Ana Maria F. Lemos, Simone A. Freitas, Ana Maria
Trevisam, José Augusto Mendes, Fernando Duarte e muitos outros pela paciência de
me ouvirem e discutirem comigo temas que contribuíram para a reflexão desta
pesquisa.

Aos professores do IFSP (Instituto Federal de Educação Tecnológica de São


Paulo), que muitas vezes me ajudaram com sua experiência e conselhos.

A coordenação e aos colaboradores da AMLURB (Autoridade Municipal de


Limpeza Urbana), pelo acolhimento e apoio.

Aos presidentes e cooperados das cooperativas que compuseram este trabalho e


outras que foram visitadas.

xix
xx
EPÍGRAFE

“...Dividiu entre todos também os dois


peixes. Todos comeram, ficaram
satisfeitos, e recolheram dozes cestos
cheios de pedaços de pão e também
dos peixes.” Marcos 9; 40a, 41.”

xxi
xxii
LISTA DE FIGURAS

Página
Figura 3.1 Evolução dos municípios que possuem serviços de coleta seletiva no
Brasil de 1994 a 2012 .................................................................................................... 12
Figura 3.2 Distribuição em porcentagem dos municípios com programa de coleta
seletiva por regiões territorial no Brasil .......................................................................... 13
Figura 3.3 Evolução da população atendida por programa de coleta seletiva no Brasil
período de 2006 a 2012 (em milhões) ............................................................................ 14
Figura 3.4 Distribuição de modelos de coleta seletiva nos município brasileiros (em
%) ................................................................................................................................... 15
Figura 3.5 Distribuição de agentes executores de coleta seletiva nos municípios
brasileiros em 2012 (em %)............................................................................................ 16
Figura 3.6 Armazenamento do isopor nas cooperativas para manipulação e
destinação ...................................................................................................................... 19
Figura 3.7 Fluxograma do processo de reciclagem do isopor da coleta até sua
reciclagem ...................................................................................................................... 20
Figura 3.8 Equipamentos que compõem o lixo eletrônico e sua participação em
porcentagem, no volume coletado em 2006 .................................................................. 22
Figura 3.9 Fluxograma do encaminhamento dos resíduos eletrônicos realizado pelo
consumidor em 2011 ...................................................................................................... 23
Figura 3.10 Fluxograma dos Resíduos Eletrônicos no processo de logística reversa ... 24
Figura 3.11 Continuação do fluxograma dos resíduos eletronicos, tratamento e usos
pós consumo, suas utilizações e descaracterização ...................................................... 25
Figura 3.12 Detalhe do local de entrega e equipamentos do Ecoponto Tatuapé ........... 28
Figura 3.13 Detalhe de resíduos entregues no Ecoponto Tatuapé ................................ 29
Figura 3.14 Pirâmide de Bird da evolução dos incidentes até as lesões graves ............ 46
Figura 3.15 Distribuição das cooperativas de catadores nos Estados brasileiros .......... 51
Figura 3.16 Número de catadores de resíduos vinculados a
cooperativas/associações .............................................................................................. 52
Figura 3.17 Percentual de municípios onde há existência de
cooperativas/associações de catadores, segundo as Grandes Regiões em 2008......... 53
Figura 3.18 Vista geral do modelo de um Galpão de cooperativa de catadores e sua
organização por serviços e atividades ........................................................................... 58

xxiii
Figura 3.19 Modelo de distribuição dos trabalhos na esteira de triagem nas
cooperativas de catadores ............................................................................................. 59
Figura 3.20 Equipamentos normalmente utilizados nos trabalhos das cooperativas
de catadores................................................................................................................... 60
Figura 3.21 Evolução dos canais de distribuição dos produtos manufaturados do
fabricante até o consumidor ........................................................................................... 72
Figura 3.22 Apresentação dos canais de distribuição diretos e reversos, de produtos
e manufaturas e os atores envolvidos ............................................................................ 73
Figura 3.23 Fluxograma de catadores, empresas e prefeituras envolvidas na
logística reversa e responsabilidade compartilhada ....................................................... 75
Figura 3.24 Evolução das embalagens tipo Tetra Pak® recicladas (mil milhões) .......... 80
Figura 3.25 Volume embalagens tipo Tetra Pak® coletados e sua distribuição no
processo de reciclagem e reutilização. .......................................................................... 81
Figura 3.26 Ciclo de vida dos equipamentos produzidos pela Itautec, sua reutilização
e reciclagem ................................................................................................................... 82
Figura 3.27 Localização das estações de transbordo, aterros sanitários e de inertes
no município de São Paulo............................................................................................. 91
Figura 4.1 Variáveis ambientais e sanitárias levantadas nas cooperativas de
catadores de material reciclável ................................................................................... 102
Figura 4.2 Variáveis sociais levantadas nas cooperativas de catadores de material
reciclável ...................................................................................................................... 103
Figura 4.3 Variáveis institucionais levantadas nas cooperativas de catadores de
material reciclável ......................................................................................................... 103
Figura 4.4 Variáveis Econômicas levantadas nas cooperativas de catadores de
material reciclável ......................................................................................................... 104
Figura 4.5 Variáveis de Infraestrutura levantadas nas cooperativas de catadores de
material reciclável ......................................................................................................... 104
Figura 5.1 Concetraçao por Zona das cooperativas conveniadas no município de
São Paulo por Região até janeiro de 2014 ................................................................... 111
Figura 5.2 Localização das cooperativas conveniadas no município de São Paulo..... 112
Figura 5.3 Levantamento do número de cooperados no início das atividades e que
atuam nas cooperativas conveniadas em dezembro de 2013 no município de São
Paulo ............................................................................................................................ 131
Figura 5.4 Porcentagem da rotatividade dos cooperados nas cooperativas
conveniadas no município de São Paulo em dezembro de 2013 ................................. 134

xxiv
Figura 5.5 Quantidade de homens e mulheres cooperados nas cooperativas
conveniadas no município de São Paulo até dezembro de 2013 ................................. 135
Figura 5.6 Porcentagem de homens e mulheres nas cooperativas conveniadas no
município de São Paulo ............................................................................................... 136
Figura 5.7 Número total e porcentagem de homens e mulheres das cooperativas
conveniadas no município de São Paulo em dezembro de 2013 ................................. 137
Figura 5.8 Composição etária em porcentagem dos cooperados das cooperativas
conveniadas no município de São Paulo ..................................................................... 138
Figura 5.9 Escolaridade dos cooperados em porcentagem nas cooperativas
conveniadas no município de São Paulo ..................................................................... 139
Figura 5.10 Quantidade média mensal por cooperativa em toneladas do material
entregue, comercializado e rejeitos 2011 ..................................................................... 142
Figura 5.11 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue,
comercializado e rejeitos 2012 ..................................................................................... 143
Figura 5.12 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue,
comercializado e rejeitos 2013 ..................................................................................... 144
Figura 5.13 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue,
comercializado e rejeitos – janeiro a agosto de 2014................................................... 144
Figura 5.14 Recebimento de material reciclável com caminhão compactador da
concessionária de serviços de coleta ........................................................................... 147
Figura 5.15 Detalhe do recebimento de material reciclável com caminhão tipo gaiola
cedido ou proprio da cooperativa de catadores............................................................ 148
Figura 5.16 Detalhe do acumulo de material reciclado a ser triado.............................. 149
Figura 5.17 Detalhe do material acumulado a ser triado ou que será destinado como
rejeito ........................................................................................................................... 149
Figura 5.18 Detalhe do material reciclável recebido, cooperativa ................................ 150
Figura 5.19 Detalhe de mesa separadora com esteira rolante ..................................... 156
Figura 5.20 Detalhe do final da linha da mesa separadora de material reciclável com
esteira .......................................................................................................................... 157
Figura 5.21 Mesa separadora fixa de material reciclável ............................................. 158
Figura 5.22 Detalhe do sistema de separação de material reciclável depositado em
gaiola metálica ............................................................................................................. 159
Figura 5.23 Detalhe de mesa separadora elevada com esteira rolante ....................... 160
Figura 5.24 Mesa elevada para separação de resíduos em fase de implantação. ....... 160
Figura 5.25 Prensa hidráulica para material reciclável sendo alimentada .................... 162

xxv
Figura 5.26 Detalhe da prensa hidráulica com o material já prensado ......................... 163
Figura 5.27 Detalhe do material prensado e enfardado ............................................... 163
Figura 5.28 Máquina picotadora de papel .................................................................... 164
Figura 5.29 Máquina trituradora de vidro ..................................................................... 165
Figura 5.30 Caçamba para armazenamento e comercialização de vidros ................... 165
Figura 5.31 Desfragmentadora de isopor ..................................................................... 166
Figura 5.32 Empilhadeira ............................................................................................. 168
Figura 5.33 Mini carregadeira tipo Bob Cat .................................................................. 168
Figura 5.34 Local de descanso e alimentação ............................................................. 170
Figura 5.35 Local destinado a alimentação e descanso ............................................... 171
Figura 5.36 Detalhe das condições sanitárias e de manutenção de banheiros e
vestiários ...................................................................................................................... 171
Figura 5.37 Detalhe do estado de conservação e de higiene de sanitários e vestiário 172
Figura 5.38 Local destinado para leitura, descanso e reunião ..................................... 173
Figura 5.39 Esteira rolante para a triagem de material reciclável. ................................ 175
Figura 5.40 Detalhe do início da esteira rolante para separação de material reciclável176
Figura 5.41 Circulação dos sacos plásticos na esteira sendo abertos para a triagem . 177
Figura 5.42 Detalhe dos “bags” para o depósito de material selecionado .................... 177
Figura 5.43 Detalhe final da esteira, material rejeitado ................................................ 178
Figura 5.44 Resultado das respostas em porcentagem de como a PNRS alterou a
rotina das cooperativas ................................................................................................ 181
Figura 5.45 Alteração das condições no ambiente de trabalho após a implantação da
PNRS ........................................................................................................................... 182
Figura 5.46 Alteração dos volume recebido nas cooperativas após a implantação das
PNRS ........................................................................................................................... 183
Figura 5.47 Qualidade dos resíduos recebidos na cooperativa após a implantação da
PNRS ........................................................................................................................... 184
Figura 5.48 Gráfico comparativo do impacto da Política Nacional de Resíduos
Sólidos volume e qualidade dos resíduos recebidos.................................................... 185
Figura 5.49 Consciência da sociedade na segregação dos resíduos recicláveis após
a implantação da PNRS ............................................................................................... 186
Figura 5.50 Mudança de conduta das empresas após a implantação da PNRS.......... 187

xxvi
Figura 5.51 Mudanças observadas na Prefeitura do Município de São Paulo após a
implantação da PNRS .................................................................................................. 189
Figura 5.52 Gráfico comparativo do impacto da Política Nacional dos Resíduos
Sólidos sobre as cooperativas de catadores de material reciclável, com relaçao a
sociedade, empresa e prefeitura .................................................................................. 191

xxvii
xxviii
LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 3-1 Comparativo dos municípios atendidos com serviços de manejo de


resíduo sólido no Brasil e sua distribuição por regiões territoriais no período de 2000
a 2008 ............................................................................................................................ 11
Tabela 3-2 Número de municípios que possuem programa de coleta seletiva por
região territorial no Brasil................................................................................................ 13
Tabela 3-3 Peso e percentual de materiais reciclados por tipo no Brasil em 2010 ........ 17
Tabela 3-4 Produção têxtil brasileira de produtos acabados e porcentagem de
rejeitos gerados. ............................................................................................................. 27
Tabela 3-5 Principais diferenças na organização entre as empresas cooperativas e
as empresas não cooperativas....................................................................................... 35
Tabela 3-6 Linha do tempo do cooperativismo, no Brasil: de seu surgimento à sua
adoção e regularização .................................................................................................. 39
Tabela 3-7 Organização e distribuição das equipes dos trabalhos realizados nas
cooperativas de catadores ............................................................................................. 57
Tabela 3-8 Tipos de acidente mais comuns nas associações de catadores de
material reciclável no município de Governador Valadares ........................................... 62
Tabela 3-9 Percentual e Volume de embalagens Tetra Pak® recicladas no mercado
brasileiro ......................................................................................................................... 80
Tabela 3-10 Comparativo das características dos três maiores municípios do Estado
de São Paulo. ................................................................................................................. 84
Tabela 3-11 Coleta de materiais recicláveis realizada no município de Campinas no
período de 2004 a 2009 ................................................................................................. 86
Tabela 3-12 Distribuição da destinação do material reciclável no município de São
Paulo em % .................................................................................................................... 88
Tabela 3-13 Distribuição gravimétrica do resíduo sólido domiciliar do município de
São Paulo no período de março de 2011 a fevereiro de 2012 ....................................... 92
Tabela 5-1 Porcentagem de aumento do número de cooperados nas cooperativas
conveniadas no município de São Paulo desde sua fundação até dezembro de 2013 132
Tabela 5-2 Turnos de trabalho e valores médios por hora trabalhada dos cooperados
e renda mensal média nas cooperativas conveniadas no município de São Paulo
dezembro de 2013 ....................................................................................................... 140
Tabela 5-3 Porcentagem de material comercializado, rejeitos e armazendo no
periodo de 2011 a agosto de 2014 ............................................................................... 145

xxix
Tabela 5-4 Massa e valor de venda de cada material reciclado e porcentagem de
cada material em relação ao total coletado e comercializado mês base novembro e
dezembro 2013 ............................................................................................................ 151
Tabela 5-5 Valor médio recebido pelas cooperativas com a venda de material
reciclável, total de despesas mensais e receita final em 2013 nas cooperativas
conveniadas no município de São Paulo ..................................................................... 152
Tabela 5-6 Riscos ambientais das mesas separadoras e gaiola metálica ................... 161
Tabela 5-7 Riscos ambientais na prensa hidráulica, triturador de vidro, picotadora de
papel e desfragmentadora de isopor ............................................................................ 167
Tabela 5-8 Riscos ambientais da empilhadeira, mini carregadeira e caminhão gaiola 169

xxx
LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária

ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção

ABRAPEX – Associação Brasileira do Poliestireno Expandido

ACI - Aliança Cooperativas Internacional

AMA – Assistência Medica Ambulatorial

AMBEV - Companhia de Bebidas das Américas

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

ASMARE - Associação dos Catadores do Papel Papelão e Material Reaproveitável

ATM - Automated Teller Machine

ATT - Área de Transbordo e Triagem

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento

CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo

CEDIR - Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática

CEMPRE – Compromisso Empresarial Para Reciclagem

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CEREST – Centro de Referência em Saúde do Trabalhador

COOPEMARE - Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais


Reaproveitáveis

COOPESP - Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Educação do Estado de São


Paulo

CPLEA – Coordenadoria de Planejamento, Licenciamento e Educação Ambiental


xxxi
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

EPI – Equipamento de Proteção Individual

EPS - Poliestireno Expandido

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

GRID - Global Resource Information Database

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IPC – Índice de Preços ao Consumidor

LCD - Liquid Crystal Display

MNCR – Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

NURENE – Núcleo Regional Nordeste

OAF – Organização de Auxílio Fraterno

OCB – Organização das Cooperativas do Brasil

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONG – Organização Não Governamental

PET - Politereftalato de Etileno

PEAD - Polietileno de Alta Densidade

PIB – Produto Interno Bruto

PMSP – Prefeitura do Município de São Paulo

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

xxxii
PP - Polipropileno

PVC – Policloreto de Polivinila

RCC – Resíduos de Construção Civil

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

RECESA- Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental

REEE - Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDITÊXTIL SP - Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São


Paulo

SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo

SMA – Secretaria do Meio Ambiente

SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus

xxxiii
xxxiv
1 INTRODUÇÃO

A reciclagem no Brasil é fortemente dependente da presença dos catadores,


coletores e de suas cooperativas. Os dirigentes do Movimento Nacional dos Catadores
de Materiais Recicláveis (MNCR) calculam que existam de 300 mil a 1 milhão de
catadores em atividades no país, dos quais 35 mil são postos formalizados em 450
cooperativas (MNCR, 2012).

Segundo dados da prefeitura de São Paulo (PMSP, 2014b), em 2007 cerca de


20 mil catadores evitaram, com seu trabalho de coleta, que 8,0 toneladas diárias de
resíduo reciclável fossem depositadas em aterros sanitários.

Em levantamento realizado pelo CEMPRE (2012), o custo da venda dos diversos


materiais coletados variou entre R$ 0,03 a R$ 0,26 por kg e, apenas em São Paulo,
estima-se uma receita para estas cooperativas da ordem de R$ 740.000,00 por ano, ou
em números atualizados pela variação do IPC da FIPE, em cerca de R$ 1,45 milhão,
número este bastante significativo em termos econômicos e sociais.

As cooperativas de catadores de resíduo estão cada vez mais organizadas e


normalmente oferecem aos seus cooperados alguns benefícios para melhorar suas
condições de trabalho como banheiros, refeitórios (em alguns casos com oferta de café
da manhã e almoço), espaço para recebimento e separação de material, cesta básica e
recolhimento de INSS. Sendo assim, as cooperativas de reciclagem podem ser
entendidas como novos arranjos institucionais do setor produtivo em um mercado
profissionalizado.

As cooperativas de catadores vivem uma situação contraditória: por um lado se


tornam essenciais dentro da cadeia da reciclagem do ponto de vista econômico e
social, mas por outro ainda possuem deficiências estruturais que podem tornar as

1
cooperativas inviáveis sob o ponto de vista da organização do ambiente do trabalho
nestes locais e, em muitos casos, precárias condições de higiene e limpeza.

Ao observar estas cooperativas sob a ótica da higiene ocupacional, verificam-se


condições de trabalho que remetem àquelas observadas no início da Revolução
Industrial, com condições extremas de trabalho, para os cooperados, nos serviços de
coleta, seleção, prensa e armazenamento.

Os equipamentos de proteção e segurança são muitas vezes utilizados de forma


incorreta devido à desinformação e conscientização por parte dos cooperados. Estes
trabalhadores estão expostos a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos à saúde
durante o manuseio do material reciclável, bem como riscos ergonômicos na
separação, prensagem, estocagem e transporte e, ainda, a riscos de acidentes como
cortes, eletricidade, quedas e outros.

Fortalecidos pelo estabelecimento do marco legal para a Política Nacional de


Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305 de 2010, que incentiva o papel dos catadores como
agentes da coleta seletiva, e atribui a responsabilidade compartilhada do
gerenciamento de resíduos sólidos entre prefeituras, empresas e sociedade, gerando
aumento da demanda deste tipo de trabalho, incrementando as atividades de
reciclagem das cooperativas. Este marco legal determina ainda que os resíduos
recicláveis não poderão mais ser enviados aos aterros sanitários.

Diante do desafio em fazer cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos


(BRASIL, 2011b), seja nas Administrações Municipais, na iniciativa privada, na
sociedade civil de forma geral ou ainda nas Cooperativas de Catadores, a proposta
deste trabalho foi a de verificar quais foram as mudanças tanto para as organizações,
quanto para seus trabalhadores, com relação à qualidade e ao volume de material
selecionado, seu armazenamento e destinação dos refugos. Buscou-se, portanto,
identificar os efeitos ocorridos nas cooperativas de catadores de material reciclável

2
nestes primeiros quatro anos da implantação da Lei nº 12.305/10, ou seja, a eficácia
deste marco legal sobre a sociedade brasileira.

Neste trabalho também se levantou as condições do meio ambiente (ambiência)


nestas cooperativas e quais os riscos para os cooperados, decorrentes de fatores
como: cortes, problemas ergonômicos (tais como peso dos materiais e postura
inadequada), contusões e outros.

A pesquisa foi realizada nas cooperativas cadastradas na prefeitura do munícipio


de São Paulo, com agendamento de entrevistas com seus presidentes, e visitas nos
locais de trabalho, onde se pode verificar as condições de trabalho, a forma de
armazenamento dos materiais, máquinas e existência, uso dos equipamentos de
proteção individual. Para o adequado registro das informações, foi desenvolvido
formulário contendo algumas questões, reproduzido no Apêndice A deste exemplar.

Para ABES (2014), os catadores são elementos importantes na coleta seletiva do


País, mas ainda vivem sob condições de trabalho muito precárias, nas ruas e nos
galpões, que são de responsabilidade do poder público, mesmo após a promulgação da
Lei nº 12305/10.

Espera-se que o resultado desta pesquisa possa trazer dados e provocar


reflexões sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sua efetividade e as
mudanças que esta política poderá propiciar ao meio e às condições de trabalho dos
catadores, de forma a possibilitar a melhoria deste marco legal e/ou de sua aplicação,
bem como, instaurar a responsabilidade compartilhada das prefeituras, empresas e
sociedade civil.

Portanto com a promulgação da Lei nº 12.305/10, que implantou a Política


Nacional de Resíduos Sólidos, cujos principais alicerces residem na responsabilidade
compartilhada e na logística reversa, introduziu-se o entendimento que as cooperativas

3
de catadores de material reciclável devem desempenhar um papel importante, não
somente nas questões ambientais, mas também por ser responsável pela inclusão
social dos cidadãos de baixa renda, ligados a elas.

Diante deste fato, faz-se necessário verificar e avaliar os resultados obtidos junto
às cooperativas e seus cooperados em relação às ações dos órgãos públicos
municipais, em específico as da Prefeitura Municipal de São Paulo; as empresas
privadas e a sociedade, para a melhoria da qualidade e quantidade do material
reciclável, das condições de trabalho e do desenvolvimento da consciência dos atores
envolvidos.

4
2 OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho foi avaliar os efeitos causados pela publicação
da Lei Federal nº 12.305/10 - Política Nacional de Resíduos Sólidos, nas condições e
no ambiente de trabalho dos profissionais que trabalham nas cooperativas de catadores
de resíduos sólidos conveniadas com a Prefeitura do Município de São Paulo.

2.1 Objetivos específicos

Para avaliar os resultados obtidos com a Política Nacional de Resíduos Sólidos,


e para melhor entendimento do funcionamento das cooperativas e atingir ao objetivo
principal, buscou-se:

 identificar as cooperativas conveniadas com a Prefeitura do Município de São


Paulo;
 descrever as características das cooperativas de catadores de resíduos
sólidos do Município de São Paulo e suas atividades desenvolvidas;
 avaliar as mudanças qualitativas e quantitativas com relação aos materiais
recicláveis recebidos na cooperativa de catadores;
 avaliar as condições e o ambiente de trabalho nas cooperativas selecionadas
de catadores de resíduo sólido do Município de São Paulo e o meio ambiente
antrópico (vizinhança) das cooperativas; e,
 verificar as ações de melhoria das condições do ambiente de trabalho nas
cooperativas de catadores.

5
6
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Coleta Seletiva

IPT/CEMPRE (2010), define coleta seletiva como o recolhimento de resíduo


sólido tais como papel, plásticos, vidros, metais e orgânicos previamente separados na
fonte geradora. Estes materiais após serem coletados, separados e enfardados são
vendidos às indústrias recicladoras ou aos sucateiros.

Este autor também expõe que as principais formas de coleta seletiva, aqui no
Brasil, são: porta a porta ou domiciliar; postos de entregas voluntárias em
supermercados, postos de gasolina, praças; postos de troca; e, por catadores.

Segundo Adeodato (2008), o conceito de reciclagem de materiais como papel,


metal, borracha, madeira, tecidos e outros, não é novo, pois em 1940 o mundo estava
envolvido em um dos grandes conflitos da humanidade, no caso a Segunda Guerra
Mundial. Para tanto, estes bens eram necessários para o “esforço de guerra”, quando
na época ficou famoso o slongan “Get some cash for your trash”, que significa “ganhe
um troco pelo seu lixo”. Com a entrada do Brasil no conflito, esta campanha também foi
aqui adotada, e as pessoas eram incentivadas a doar panelas para o aproveitamento
do metal.

Mas a reciclagem foi abandonada no período pós-guerra, quando o


desenvolvimento econômico e o aumento do consumo, atrelados à melhoria de renda,
anulou o sentido de se reutilizar o que era comprado. Assim, itens como
eletrodomésticos, roupas, utensílios e outros eram descartados e substituídos por
outros mais modernos ou eficientes.

7
Adeotado (2008), traça uma linha no tempo mostrando a história da coleta e da
utilização do resíduo pela humanidade e os caminhos percorridos no Brasil:
 1031: o Japão desenvolve um sistema de reutilização da matéria-
prima do papel;
 1690: o moinho Rittenhouse da Filadélfia, nos Estados Unidos,
começa a reciclar papel a partir da fibra obtida de trapos de algodão e linho;
 1865: criado o Exército da Salvação em Londres. Entidade emprega
as pessoas mais pobres para coletar e reciclar material usado;
 1897: inaugurado o primeiro centro de reciclagem de material em
Nova York no qual metais, papéis, tecidos e cordas são separados;
 1904: são criados os primeiros centros de reciclagem de alumínio
em Chicago e Cleveland;
 1939-1945: milhares de toneladas de material são recicladas nos
países aliados para ajudar no esforço de guerra contra o Eixo;
 1968: a indústria de latas de ferro e alumínio reconhece a
importância de reaproveitar a matéria-prima e introduz um programa em larga
escala de reciclagem. Nos Estados Unidos é lançada a campanha “Ban the Can“
(Elimine as latas) para evitar o problema do lixo;
 1985: o bairro de São Francisco, em Niterói, inicia a primeira
experiência brasileira formal de coleta seletiva de lixo;
 1989: nasce em São Paulo a COOPEMARE, a primeira cooperativa
de catadores de material reciclável do País;
 1990: em Belo Horizonte é criada a ASMARE, que reunia os
moradores de rua;
 2007: sancionada a Lei Nacional de Saneamento Básico,
reconhecendo as cooperativas de catadores como agentes de saneamento;
 2008: o Brasil recicla algo em torno de 12% do lixo urbano (140 mil
ton/dia), e está entre os países do mundo que mais reciclam latinhas de
alumínio, além de papelão, plástico tipo PET e embalagens longa vida; e,

8
 2010: aprovada a Lei n° 12.305 instituindo a Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
Para Gouveia (2012), a importância da gestão do resíduo é fundamental no
que se refere à saúde pública e no caso dos atores envolvidos, como as cooperativas
de catadores, é um elemento de inclusão social. Ainda para o autor, devem-se buscar
cada vez mais políticas públicas que incentivem o mercado de coleta seletiva, ou seja,
está na destinação correta de resíduos o caminho para outros ganhos ambientais em
um desenvolvimento saudável, ambientalmente sustentável e sob uma perspectiva
socialmente justa.

3.1.1 Tipos de Coleta

IPT/CEMPRE (2000) descreve que no município de São Paulo são realizadas as


seguintes formas de coleta de resíduos sólidos recicláveis:
 porta a porta: coleta realizada pelo serviço público, por meio de
caminhões com carrocerias fechadas com compactador ou abertas;
 voluntária: o gerador do resíduo faz a segregação prévia do material
reciclável e o entrega em supermercados, postos de gasolina, entidades
religiosas, praças, shoppings e outros locais que funcionam como ponto de
coleta, e para posteriormente os encaminha às cooperativas ou aos locais de
tratamento específico quando recebem materiais;
 catadores autônomos: normalmente conhecidos como carroceiros,
fazem o serviço de recolher o resíduo em residências ou comércio. Nas
residências, muitas vezes, o catador é conhecido e agenda a retirada;
 no comércio, o resíduo é retirado no estabelecimento, e
normalmente não está separado. Estes resíduos são provenientes de escritórios,

9
lojas, restaurantes e outros. Para grandes volumes, a responsabilidade da
retirada é do gerador;
 o resíduo de serviços de saúde proveniente de farmácias,
consultórios e hospitais têm destinação específica, e a responsabilidade pelo
descarte é do gerador;
 cooperativas de catadores: recebem o resíduo coletado pelos
cooperados e de catadores autônomos, faz a segregação fina, o enfardamento e
a comercialização do resíduo;
 sucateiros: recebem o resíduo das cooperativas de catadores e
outras fontes de grande porte; e,
 indústria: utiliza o material reciclado como papel, vidro, garrafas PET
e plásticos para processamento e beneficiamento de seus produtos.

3.1.2 Destinação da reciclagem

A Política Nacional de Resíduos Sólidos BRASIL (2011b), Cap. III, Seção II, Art.
31, IV, pag. 14, determina que:

“(...) os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes


têm responsabilidade que abrange (...) recolhimento dos produtos e dos
resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente
destinação final ambientalmente adequada, no caso de produtos objeto
de sistema de logística reversa (...)”

Conforme o Atlas de Saneamento 2011 (IBGE, 2011), ocorreu aumento nos


serviços de saneamento básico, caminhando para a universalização do manejo do
resíduo sólido.

10
Este avanço pode ser destacado no período de 2000 a 2008, conforme
apresentado na Tabela 3.1 (IBGE, 2014a).

Tabela 3-1 Comparativo dos municípios atendidos com serviços de manejo de resíduo sólido no Brasil e
sua distribuição por regiões territoriais no período de 2000 a 2008
Total de Municípios Manejo de Resíduos Sólidos

Brasil e Regiões
2000 2008 2000 2008

Brasil 5507 5564 5475 5562

Norte 449 449 446 449

Nordeste 1787 1793 1769 1792

Sudeste 1666 1668 1666 1667

Sul 1159 1188 1149 1188

Centro-Oeste 446 466 446 466

Fonte: Adaptado IBGE, (2014a)


Para Fuzaro (2007), algumas prefeituras não têm como prioridade a coleta do
resíduo sólido, ficando a cargo da comunidade, a coleta e sua destinação. Embora se
registre o esforço da comunidade, é ela também a responsável por cobrar das
autoridades competentes gestão mais eficiente dos resíduos.

Ainda para o autor, a coleta seletiva para o administrador público pode ter
interesses variados, dependendo do município e do envolvimento das autoridades,
como o uso de aterros sanitários ou um manejo mais sustentável.

Segundo dados apurados pelo IBGE (2014b), nos municípios brasileiros no


período compreendido entre os anos de 2000 a 2008, houve aumento no manejo dos

11
resíduos sólidos, sendo que a coleta seletiva em 2000 era realizada por apenas 8,2%
dos 5.564 municípios, e aumentou para 17,9%, em 2008.

Apesar do aumento observado, este percentual ainda é baixo, sendo que, entre
os municípios que oferecem o serviço de coleta seletiva, apenas 38% o fazem em todo
o município.

Segundo CEMPRE (2012), a grande concentração dos municípios que possuem


programa de coleta seletiva está localizada nas regiões sudeste e sul do país, que
registram cerca de 86% dos municípios com oferta deste serviço para a comunidade
local.

Ainda para CEMPRE (2012), os serviços de coleta seletiva eram oferecidos para
apenas 766 municípios brasileiros, ou seja, cerca de 14% do total dos municípios
brasileiros. A Figura 3.1, apresentada a seguir, registra a evolução destes serviços no
Brasil, no período de 1994 a 2012.

Municipios com Coleta Seletiva no Brasil


Figura 3.1 Evolução dos municípios que possuem serviços de coleta seletiva no Brasil de 1994 a 2012

766

443
405
327
237
192
135
81

1994 1999 2002 2004 2006 2008 2010 2012


Fonte: CEMPRE, (2012)

12
Na Tabela 3.2, apresentam-se os municípios, agrupados por região territorial,
que possuem programa de coleta seletiva.

Tabela 3-2 Número de municípios que possuem programa de coleta seletiva por região territorial no Brasil

Região Número de Municípios atendidos

Norte 14
Centro Oeste 18
Nordeste 76
Sul 257
Sudeste 401
TOTAL 766
Fonte: CEMPRE, (2012)

Para melhor compreensão da distribuição territorial dos serviços de coleta seletiva,


na Figura 3.2 apresenta-se, a porcentagem dos municípios brasileiros distribuídos por
região que contam com esta modalidade.

Figura 3.2 Distribuição em porcentagem dos municípios com programa de coleta seletiva por regiões
territorial no Brasil

Fonte: CEMPRE, (2012)

13
Outro dado importante é o que registra a quantidade de habitantes que possui
acesso a algum programa municipal de coleta seletiva.

Segundo CEMPRE (2012), 26 milhões de atendimentos foram realizados em 2008;


em 2010 este número caiu para 22 milhões, representando uma redução de 15,38%.
Em 2012 observa-se uma retomada de crescimento, quando se registrou 27 milhões de
atendimentos, conforme demonstrado na Figura 3.3.

Figura 3.3 Evolução da população atendida por programa de coleta seletiva no Brasil período de 2006 a
2012 (em milhões)

Fonte: CEMPRE, (2012)

Os municípios podem contar com mais de um agente executor dos serviços de


coleta seletiva, e estes variam do sistema porta a porta, no qual o resíduo é retirado no
ponto de origem, da entrega voluntária, em que o gerador entrega seu resíduo
reciclável no ponto de coleta e/ou são retirados pelas cooperativas de catadores.
(CEMPRE, 2012).

Estas modalidades de coleta estão distribuídas de forma diferenciada, e a Figura


3.4 apresenta a distribuição em porcentagem nos municípios brasileiros.

14
Modelos de coleta seletiva existentes nos
Figura 3.4 Distribuição de modelos de coleta seletiva nos município brasileiros (em %)
municipios brasileiros
88%
72%

53%

PEVs Porta a Porta Cooperativas

Fonte: CEMPRE, (2012)

Os agentes executores dos serviços de coleta seletiva podem ser profissionais


de entidades contratadas pelas prefeituras, empresas particulares, também conhecidas
como concessionárias dos serviços de limpeza pública e por fim, as cooperativas de
catadores de material reciclável.

Na Figura 3.5, pode-se observar a expressiva participação das cooperativas na


coleta dos resíduos recicláveis destacando-se sua importância neste serviço de
natureza ambiental e de geração de renda e trabalho.

15
Figura 3.5 Distribuição de agentes executores de coleta seletiva nos municípios brasileiros em 2012 (em
%)

Fonte: CEMPRE, (2012)

A coleta seletiva desempenha importante papel ambiental em decorrência do


aumento de material reciclável que não será destinado para os aterros sanitários, além
da redução do consumo de energia elétrica e água.

Há grande gama de materiais com potencial de reciclagem, e estes variam pelo


tipo e pelo valor de mercado. Na Tabela 3.3 é apresentada a porcentagem de material
reciclado classificado, no Brasil em 2010. (CEMPRE, 2010)

Pode-se destacar as latas de alumínio, que pelo alto valor comercial é um dos
produtos mais coletados e reciclados, e também os pneus que, pelo disposto na
Resolução 258/99 do CONAMA (CONAMA, 2014), a partir de janeiro de 2002, para
cada quatro pneus novos inclusive os importados ou fabricados no país, e aqueles que
acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras
devem ser responsáveis pela destinação final de um pneu inservível (JURAS, 2014).
16
Tabela 3-3 Peso e percentual de materiais reciclados por tipo no Brasil em 2010

Material Peso (mil toneladas) Reciclado p/ano (%)


Papel de escritório 1 28
Papel ondulado Não informado 70
Plásticos 981 19
Latas de alumínio 239,1 98
Latas de aço 300 49
Vidros 470 47
Pneus 350 97
Pet 282 56
Embalagens longa vida 50 25
Composto urbano Não informado 4
Fonte: CEMPRE, (2010)

Apesar de alguns números serem bastante animadores, como os relacionados,


para o papel ondulado, latas de alumínio, pneus e pet, ainda há muito por fazer para a
melhoria da destinação dos resíduos sólidos no Brasil, através de campanhas de
conscientização e de educação, especialmente para os compostos urbanos que ainda
possuem baixa utilização.

3.1.3 Novos Resíduos

A seguir, relacionam-se alguns resíduos presentes no dia a dia da sociedade, e


que merecem atenção especial em decorrência da dificuldade de sua disposição e ou
de seu tratamento.

3.1.3.1 Isopor

O isopor, poliestireno expandido, é um derivado do petróleo e possui na sua


composição 95% de ar, logo possui grande volume e baixa densidade, o que dificulta
seu transporte e comercialização (AKATU, 2012).

17
Segundo Castellani (2012), a utilização deste resíduo tem aumentado bastante
para o uso de acondicionamento e proteção de produtos, conservação de alimentos e
outros usos.

Este material atualmente é coletado e armazenado nas cooperativas e após a


sua prensagem é enviado para a indústria para ser transformado em novos produtos de
isopor e de plástico injetado. Para uma cidade que coleta cerca de 20 toneladas de
material reciclável, o isopor pode representar de 1 a 1,5% desse total, ou seja, cerca de
200 kg a 300 kg ou 17.125 m³ por dia (ABRAPEX, 2012).

Normalmente este material é proveniente do acondicionamento de


eletrodomésticos como geladeiras, televisores e outros. Algumas empresas já optaram
por substituir o isopor por materiais mais facilmente recicláveis, como papelão e
plástico.

Na Figura 3.6 observa-se, ao fundo, o armazenamento do isopor nas


cooperativas de coleta de resíduo, para destinação posterior.

18
Figura 3.6 Armazenamento do isopor nas cooperativas para manipulação e destinação

Fonte: Suframa, (2012)

Após manipulação, o isopor passa por um processo de compactação, moagem e


extrusão, quando está pronto para ser preparado para uso na geração de novos
produtos, o fluxograma apresentado na Figura 3.7 informa o processo da reciclagem do
isopor.

19
Figura 3.7 Fluxograma do processo de reciclagem do isopor da coleta até sua reciclagem

Fonte: Adaptado de Castellani, (2007)

O isopor coletado pode ser reutilizado para a aeração do solo quando


incorporado à argila em jardinagem, gramados e campos de futebol e no uso da
fabricação de cimento leve utilizado na regularização de lajes, calçadas, sub-base para
pisos de acabamento, elementos de mobiliários como bancos e mesas, elementos pré-
moldados, elementos de fachadas, vasos ornamentais, balaústres, pedestais entre
outros materiais de acabamento (ABRAPEX, 2012).

No Capítulo 5 será apresentado o processo de trituração do isopor, que é


realizado em algumas cooperativas de material reciclado.

3.1.3.2 Resíduo de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos

20
Outro resíduo presente na cadeia de material reciclável e que atualmente é
enviado para as cooperativas de catadores ou para a indústria é o Resíduo de
Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE).

A velocidade da evolução tecnológica faz com que equipamentos como


aparelhos de telefonia celular, computadores, monitores, televisores, rádios, lâmpadas
fluorescentes, geladeiras, máquinas de lavar, chuveiros, brinquedos eletrônicos,
equipamentos de foto e vídeo, entre outros, tornem-se obsoletos rapidamente.

O consumismo e o desejo por equipamentos mais velozes e com mais recursos


e comodidades, com desenho mais moderno, fazem com que frequentemente se
substituam os equipamentos “antigos, muitas vezes com menos de um ano de uso, por
novos. Resultado deste fato está no aumento da quantidade de equipamentos
descartados, gerando grandes volumes de resíduo.

Segundo GRID (2012), tem-se observado um aumento no descarte deste tipo de


resíduo, sendo que na União Europeia registrava-se que cerca de 4% do resíduo
municipal são resíduos eletrônicos.

Na Figura 3.8 observa-se a composição deste resíduo por categorias, não


computando-se lâmpadas fluorescentes, brinquedos, ferramentas elétricas e eletrônicas
e outros. A grande porcentagem é atribuída à linha branca: geladeiras, máquinas de
lavar, aspiradores de pó e outros. Este fato segundo GRID 2012, é decorrente da
melhoria da renda do consumidor, possibilitando a troca dos produtos antigos por
novos.

21
Figura 3.8 Equipamentos que compõem o lixo eletrônico e sua participação em porcentagem, no volume
coletado em 2006

DVD, vídeo-
cassete, rádios e
outros Máquinas de
15% lavar, secadoras,
aspirador de pó,
etc
30%
Resíduo Eletrônico
Resíduo Elétrico

Geladeiras
20%
Monitores
10%
Computadores,
celulares,
impressoras e
outros Televisores
15% 10%

Fonte: GRID, (2012)

Para melhor entendimento do caminho que o resíduo de equipamentos elétricos


e eletrônicos percorre da venda até o descarte e tratamento, é apresentado nas Figuras
3.9 a 3.11 o fluxograma deste ciclo.

Na Figura 3.9 apresenta o início do processo, da compra dos equipamentos e


seu descarte, por ter ficado obsoleto, por quebra ou por desgaste do aparelho.

22
Figura 3.9 Fluxograma do encaminhamento dos resíduos eletrônicos realizado pelo consumidor em 2011

Fonte: Adaptado de Rosa, (2012)

Após o descarte o resíduo pode ser encaminhado para doação, coleta para
reciclagem ou retorno para a indústria. Este processo denomina-se Logística Reversa e
é apresentada na Figura 3.10. A logística reversa será vista com mais detalhes no item
3.5.2.

23
Figura 3.10 Fluxograma dos Resíduos Eletrônicos no processo de logística reversa

Logística
Reversa

4.b- Pontos
permanentes
de coleta
4.a- Feiras de Prefeitura
descarte e de 4.c- Pontos de coleta
conscientização No varejo
ambiental

Fonte: Adaptado de Rosa, (2012)

Por fim, o resíduo recebe tratamento para que se realize a separação dos
elementos perigosos, a destinação de peças para for reaproveitamento, o descarte do
resíduo inservível e o envio dos elementos químicos para tratamento (Figura 3.11).

24
Figura 3.11 Tratamento e usos pós consumo, suas utilizações e descaracterização

Fluxo do Resíduo Eletrônico


7- RECICLAGEM
reaproveitamento de matéria
6- REUSO - prima
Recondicionamento para
reutilização dos
equipamentos

5- DESMONTE e
TRIAGEM 7.3- Placas
7.1. - de circuito
Empresas e Plásticos
7.2. -
Metais impresso
cooperativas

6.1- Escolas Publicas


6.2- Creches Insumos de alto valor agregado para reuso industrial .
De outra forma teriam de ser extraídos da natureza, com
6.3- Instituições Beneficentes
danos ambientais
Telecentros

8 - REJEITOS

Fonte: Adaptado de Rosa, (2012)

A Universidade de São Paulo recebe este tipo de resíduo, como


computadores, monitores, baterias e outros, por meio do Centro de Descarte e Reuso
de Resíduos de Informática – CEDIR. O material é recebido, podendo ser reaproveitado
ou desmontado. As peças nobres são reutilizadas e os contaminantes separados para
destinação apropriada. O CEDIR também oferece cursos de capacitação para as
cooperativas de catadores, com o intuito de conscientizar e ensinar como separar os
elementos que são prejudiciais à saúde do trabalhador e ao ambiente, como, por
exemplo:

25
 mercúrio (monitores de LCD, baterias, ligamentos, termostatos,
lâmpadas);
 chumbo (soldas, baterias, circuitos integrados, monitores de tubo –
também chamados de CRT);
 cromo (placas);
 cádmio (bateria, chips, semicondutores, monitores); e,
 arsênio (celulares).

A reciclagem do resíduo de equipamentos elétricos e eletrônicos não é tão


simples e deve-se adotar cuidados especiais para o adequado descarte dos rejeitos.
Por esta razão, é importante a conscientização sobre a importância e o treinamento dos
atores envolvidos para a destinação adequada para este material.

3.1.3.3 Tecidos e Móveis

Segundo o Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São


Paulo, no bairro do Bom Retiro em São Paulo, estão instaladas cerca de 1.200
confecções, gerando 12 toneladas/dia de resíduo têxtil, o que representa 2% dos
retalhos gerados anualmente no Brasil. A coleta dos resíduos é realizada de forma
desordenada, e estes são enviados para aterros sanitários. O registro da produção têxtil
brasileira e a porcentagem de rejeitos e desperdícios, pode ser observado na Tabela
3.4 (SINDITÊXTIL, 2013).

26
Tabela 3-4 Produção têxtil brasileira de produtos acabados e porcentagem de rejeitos gerados.

Tonelada/Ano Rejeitos (%)

Vestuário 1.100.000 12
Meias/acessórios 20.000 2
Linha Lar 370.000 5
Artigos técnicos 300.00 5
Fonte: elaboração ABIT a partir de dados do IEMI/2012.

Com o objetivo de criar um plano de gerenciamento dos resíduos da indústria


têxtil, foi elaborado um projeto objetivando minimizar os impactos causados por estes
rejeitos. O referido projeto é composto por três etapas:

1ª Etapa: diagnóstico da região, mobilização das empresas, planejamento da


execução do projeto;

2ª Etapa: levantamento da infraestrutura necessária para implantação do projeto


e da demanda por resíduo têxtil; e,

3ª Etapa: implantação do projeto.

Para a implantação da terceira etapa, seria necessária a organização da coleta


seletiva e a organização e o treinamento de uma cooperativa que receberia estes
resíduos, bem como a locação de um galpão de aproximadamente 10.000 m 2. Este
projeto foi apresentado para a PMSP em 19 de agosto de 2013. Neste projeto, cabe à
Prefeitura a responsabilidade pela coleta dos resíduos, organização da cooperativa e
por fornecer área adequada para a instalação da unidade recicladora (SINDITÊXTIL,
2013).

Quanto aos resíduos de móveis e de outros volumes, no município de São Paulo


há um programa chamado “Cata Bagulho”, que tem a finalidade de recolher, em dia e
hora predeterminados os resíduos destes materiais. É um serviço gratuito, com a

27
finalidade principal de evitar o descarte de material em vias públicas e de dar
destinação correta para resíduos como eletrodomésticos, móveis velhos, restos de
madeiras, pneus, entre outros.

Estes materiais também podem ser entregues pelo munícipe nos Ecopontos,
locais de entrega voluntária, inclusive pequenos volumes dos resíduos de construção
civil de até 1 m³, estes locais também estão preparados para receber grandes volumes
como móveis, poda de árvores e materiais recicláveis. Estes pontos de entrega estão
presentes em vários bairros de São Paulo (PMSP, 2012).

A Figura 3.12 apresenta alguns dos equipamentos para o recebimento de


resíduos do Ecoponto Tatuapé.

Figura 3.12 Detalhe do local de entrega e equipamentos do Ecoponto Tatuapé

Na Figura 3.13 pode-se observar os resíduos entregues no Ecoponto Tatuapé,


como por exemplo, móveis, restos de madeira, eletrodomésticos e outros.

28
Figura 3.13 Detalhe de resíduos entregues no Ecoponto Tatuapé

Estes resíduos de difícil manipulação e reutilização, muitas vezes têm sua


destinação, para os aterros sanitários. É por este cenário que se torna um desafio o
adequando seu tratamento.

3.1.3.4 Resíduo da Construção Civil

O resíduo da construção civil (RCC), é aquele proveniente de obras, reformas,


demolições, escavações, reparos e outros serviços. Há orientação específica sobre seu
armazenamento e destinação, registrada na Resolução CONAMA n⁰ 307 (CONAMA,
2012a).

A Resolução CONAMA n⁰ 307 ainda determina que o resíduo Classe A (tijolos,


blocos, telhas, resíduos de pavimentação, escavações, tubos e peças de pré-moldados
etc.), o resíduo Classe B (plásticos, papel, vidro, metais, madeiras, etc.), o resíduo
Classe C (gesso) e os que ainda não possuem tecnologia economicamente viável para
29
sua reciclagem e reutilização, devem ser reciclados, reutilizados ou encaminhados para
aterro específico. Os resíduos Classe D considerados perigosos, como tintas, óleos,
graxas, solventes e outros, devem ser segregados, armazenados, transportados e, se
possível, reciclados. O armazenamento, o transporte e a destinação destes resíduos
são de responsabilidade do gerador (CONAMA, 2012a).

O SINDUSCON (2014), orienta para que os resíduos da construção civil tenham


a seguinte destinação:

 PEV (ponto de entrega voluntária ou Ecoponto): parte integrante do Plano


Municipal de Gestão de RCC, constituído por área pública ou viabilizada pela
administração pública, e apta para recebimento de pequenos volumes destes
resíduos, com restrição ao recebimento de não inertes (tintas, solventes, óleos e
outros) e perigosos;
 área de Transbordo e Triagem (ATT): licenciada pela administração pública
municipal, constitui-se em estabelecimento privado ou público destinado ao
recebimento de resíduos da construção civil e de resíduos volumosos gerados e
coletados por agentes privados. Estas áreas deverão ser usadas para triagem,
transformação e posterior remoção para adequada disposição dos resíduos;
 área de Reciclagem: licenciada pela administração pública municipal e pelo
órgão de controle ambiental estadual, expresso na Licença de Instalação e
Operação. Caracteriza-se por estabelecimento público ou privado destinado a
transformação dos resíduos Classe A em agregados;
 aterro de Resíduos Classe A: licenciamento municipal e estadual conforme
legislação específica, porte e localização. Constitui-se em estabelecimento
privado ou público onde serão empregadas técnicas de disposição no solo de
resíduos Classe A da construção civil, visando à reservação dos materiais
segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou uso e utilização da área
do aterro, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume
possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente;
30
 aterro para Resíduos Industriais: área municipal licenciada e licenças estaduais,
em certos casos com elaboração de EIA/RIMA. Estes estabelecimentos
compram/vendem embalagens plásticas e ou metálicas destinadas ao
acondicionamento de produtos químicos; e,
 sucateiros e cooperativas: grupos de coleta seletiva e outros agentes que
comercializam resíduos recicláveis: estes estabelecimentos possuem contrato
social ou congênere, alvará de funcionamento e inscrição municipal.

3.1.3.5 Resíduo de Serviço de Saúde - RSS

O resíduo de serviço de saúde (RSS) tem como geradores todos os serviços que
proporcionam atendimento à saúde humana ou animal; assistência domiciliar e
trabalhos de campo; laboratório de análises clínicas de produtos de saúde; necrotérios;
funerárias e serviços de embalsamento, medicina legal; farmácias, drogarias e
farmácias de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
centros de controle de zoonoses; distribuidores, importadores e produtores de artigos
farmacêuticos e de materiais e controles para diagnóstico in vitro e unidades móveis de
atendimento à saúde; serviços de acupuntura, tatuagem e similares (ANVISA, 2006).

A Resolução CONAMA n° 358/05 (CONAMA, 2014b), que dispõe sobre o


tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde no seu anexo I,
classifica-os em cinco grupos, conforme apresentado a seguir:
 GRUPO A: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar
risco de infecção;

31
 GRUPO B: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade;
 GRUPO C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que
contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de
eliminação específicados nas normas da Comissão Nacional de Energia
Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista;
 GRUPO D: resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos
resíduos domiciliares; e,
 GRUPO E: materiais perfurocortantes ou escarificantes.

Para Melo (2011), devido ao potencial de risco à saúde deste resíduo, os


profissionais que o coletam e o transportam, entre outras atividades, devem ser
devidamente treinados para a correta identificação dos resíduos e paramentados com
equipamentos e ferramentas adequados para o seu manuseio.

Para Teixeira et al. (2008), citado por Melo (2011), devido à grande
descartabilidade do resíduo de serviço de saúde, seu aumento de volume que é
significativo, necessita de melhor segregação e destinação dos mesmos.

Por fim, este resíduo representa um grave risco para a saúde ocupacional dos
profissionais e das pessoas que o manipulam, e ao meio ambiente e locais em que
circulam, que podem agravar os riscos quando sua destinação é inadequada (ANVISA,
2006).

32
3.2 Cooperativas de Trabalho

Segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho, na sua Recomendação


n° 193/2002 (OIT, 2011), o termo “cooperativa” é definido como sendo uma associação
autônoma de pessoas que estão unidas voluntariamente e que têm como objetivo
satisfazer suas aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns,
tendo como instrumento uma empresa de propriedade comum e democraticamente
gerida.

A Lei n° 5.764 de 1971, do código civil brasileiro (BRASIL, 2011a), rege sobre as
cooperativas, e em seu artigo 4°, define as cooperativas como “...sociedades de
pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados...”.

Esta lei ressalta que as cooperativas podem ser distinguidas de outras


sociedades comerciais existentes, devido a algumas características peculiares, como as
apresentadas a seguir:

I. a adesão nas cooperativas é voluntária, com número ilimitado de associados,


salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II. variabilidade do capital social representado por quotas-partes;
III. limitação do número de quotas-partes do capital para cada associado,
facultado, porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for
mais adequado para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV. insensibilidade das quotas-partes do capital a terceiros, estranhos à
sociedade;

33
V. singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e
confederações de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito,
optar pelo critério da proporcionalidade;
VI. quorum para o funcionamento e deliberação da Assembleia Geral baseado no
número de associados e não no capital;
VII. retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações
realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;
VIII. indivisibilidade dos fundos, de Reserva e de Assistência Técnica
Educacional e Social;
IX. neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X. prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos,
aos empregados da cooperativa; e,
XI. área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião,
controle, operações e prestação de serviços.

Ainda sobre as cooperativas, vale ressaltar a definição de Gabriel (2006) que as


define como uma sociedade de pessoas que possuem um fim comum e para isto
reúnem esforços para que sejam alcançados seus objetivos. Nesta associação de
indivíduos não deve existir uma hierarquia ou subordinação entre seus membros, como
também objetivo lucrativo.

As cooperativas podem ter finalidades diferentes como produção de produtos;


compra e venda de bens de consumo que serão revendidos aos associados; de
recursos financeiros; e, de prestação de serviços (DICIONÁRIO WEB, 2011).

Para Gabriel (2006), as cooperativas são constituídas por meio de estatuto que
disciplinará seu objetivo e funcionamento e estas podem adotar qualquer objeto do
gênero de serviços, operação ou atividades, e ser classificadas como:

34
 cooperativas singulares: constituídas por no mínimo, vinte
cooperados pessoas físicas e pode admitir no seu corpo uma pessoa jurídica
desde que esta possua o mesmo objetivo;
 cooperativas centrais ou federações de cooperativas: formadas por,
no mínimo, três cooperativas singulares, mas que podem excepcionalmente
admitir um sócio singular. A finalidade das cooperativas centrais ou federações é
realizar a representação regional de determinadas cooperativas singulares; e,
 confederação das cooperativas: formada por pelo menos três
cooperativas centrais e que tenham por finalidade a representação nacional.

As cooperativas diferem das empresas, não só por sua formação, como


também pelos objetivos de cada uma delas. Nas cooperativas busca-se o bem
comum dos membros cooperados com a distribuição da renda dos produtos
comercializados, enquanto que nas empresas não cooperativas o objetivo principal é
o lucro. Na Tabela 3.5 são apresentadas as diferenças de organização entre as
empresas cooperativas e as não cooperativas.

Tabela 3-5 Principais diferenças na organização entre as empresas cooperativas e as não cooperativas

EMPRESA COOPERATIVA EMPRESA NÃO COOPERATIVA

É uma sociedade de pessoas É uma sociedade de capital

Objetivo principal: prestação de serviços Objetivo principal: lucro

Número ilimitado de associados Número limitado de acionistas

Controle democrático: um homem, um voto Cada ação um voto


Assembleia: quórum baseado no número de Assembleia: quórum baseado no capital representado
associados presentes pelos acionistas presentes
Insensibilidade das cotas-partes a terceiros,
Possibilidade de transferência das ações a terceiros
estranhos à sociedade
Retorno proporcional ao valor das operações Dividendo proporcional ao valor das ações

Fonte: Pinho, (2004)

35
As cooperativas não possuem capital social declarado em virtude da
possibilidade de variação. A remuneração dos membros cooperados é realizada pela
distribuição das sobras líquidas de acordo com as operações por eles realizadas, salvo
disposição estatutária em contrário (GABRIEL, 2006).

3.2.1 Evolução do Cooperativismo

Segundo Pinho (2004), o cooperativismo não é um conceito inédito para a


humanidade, pois os gregos e os romanos já conheciam as sociedades de auxílio
mútuo para funerais, e os primeiros cristãos já se organizavam de forma tímida em
pequenas sociedades encarregadas do aprovisionamento de gêneros alimentícios.
Com o advento da Revolução Industrial, que começam a aparecer condições
favoráveis para o desenvolvimento das cooperativas, até como se conhece hoje.

No bairro de Rochdele, em Manchester (Inglaterra), em 21 de dezembro de


1844, um grupo de tecelões fundou a “Sociedade dos Probes de Rochdele”. Estes
operários buscavam uma forma de atuarem no mercado de tecidos, que
apresentava alta concorrência em função da Revolução Industrial (COOPESP,
2011).

Segundo Rique (2011), estes tecelões tinham como objetivo inicial a criação de
uma cooperativa de consumo, mas foram adaptando as ideias já existentes na época e
com isto estabeleceram as seguintes primícias:

 controle democrático, um sócio, um voto;


 adesão aberta a novos membros no mesmo pé de igualdade dos
antigos;

36
 juros limitados ou fixados sobre o capital subscrito;
 distribuição de parte do excedente proporcional às compras;
 vendas à vista, sem crediário;
 vendas só de produtos puros, não adulterados; e,
 neutralidade política e religiosa.

Em 1863, Edouard Pfeiffer propôs na Alemanha um sistema econômico


cooperativista. Suas ideias influenciaram, no início do século 20, o desenvolvimento de
uma escola cooperativista denominada “Tendência de Hamburgo”, que contou com o
apoio de várias pessoas ilustres da época (PINHO, 2004).

Ainda para Pinho (2004), em 1886, no sul da França, na cidade de Nîmes, outras
iniciativas surgiram com relação à cultura cooperativista, sendo uma delas a de
Edouard de Boyr, que já conhecia o movimento inglês, juntamente com Auguste Fabre
proprietário de uma pequena fábrica de fiação. Estes já vinham a algum tempo
organizando pequenas cooperativas de consumo e discutindo os problemas sociais da
época, estes posteriormente organizaram o I Congresso das Cooperativas da França,
fundando assim a primeira federação de cooperativas.

Segundo COOPESP (2011), a entidade que coordena internacionalmente as


cooperativas é a Aliança Cooperativa Internacional – ACI. Esta organização foi criada
em 1895 e está sediada em Genebra, Suíça. É uma organização não governamental e
tem como objetivo a integração, a autonomia e o desenvolvimento do cooperativismo.
Em 1946, a ACI. foi uma das primeiras organizações não governamentais a ter uma
cadeira na ONU.

Cardoso e Carneiro (2009) enfatizam que há uma grande diferença entre


solidariedade e cooperação, pois para os autores estes conceitos quase se confundem.
O primeiro não é um pressuposto de trabalho conjunto, nem mesmo de conhecer as

37
pessoas que estão envolvidas no processo, mas trata-se de uma atitude de ajuda,
especialmente para os momentos de grandes dificuldades e fragilidades. Já
cooperativismo é a união de um grupo de pessoas, com objetivos comuns, ajuda
mútua, a busca na satisfação das necessidades econômicas, culturais e sociais,
confiança e ação coletiva.

3.2.2 Cooperativismo no Brasil

Para Pinho (2004), o cooperativismo no Brasil não é uma ideia recente, uma vez
que em 1610, nas missões dos Povos Guaranis administradas pelos padres Jesuítas,
inicia-se a construção de um estado cooperativo que se localizava junto à bacia dos
Rios Paraguai, Paraná e Uruguai. Esta sociedade era baseada no trabalho coletivo no
qual o bem-estar do indivíduo e da família se sobrepunha ao interesse econômico da
produção. A ação dos padres jesuítas se baseou na persuasão, movida pelo amor
cristão e no princípio do auxílio mútuo (mutirão), prática esta encontrada entre os
indígenas brasileiros e em quase todos os povos primitivos. Na Tabela 3.6 está
apresentada a evolução do movimento cooperativista no Brasil.

38
Tabela 3-6 Linha do tempo do cooperativismo, no Brasil: de seu surgimento à sua adoção e regularização

PERÍODO DESTAQUE

1530 a 1877 Experiências esparsas e efêmeras de pré-cooperativas.

Primeiras cooperativas de consumo (modelo Rochdele) e de crédito (Raiffeisen,


1878 a 1931
Luzzatti), mistas com seção de crédito.

1932 a 1964 Primeira Lei Cooperativa (Decreto n° 22.239/32) e Reforma Bancária de 1964.

Disputas internas, liquidação quase total das cooperativas de crédito e fortalecimento


1965 a 1970
da liderança do cooperativismo agrícola.

Lei n° 5.764/71: implantação do Sistema OCB, reforma estrutural do cooperativismo e


1971 a 1987
representação única.
Proibição constitucional de interferência do Estado em associações, autogestão do
1988 a 1995 cooperativismo, intenso crescimento das cooperativas de crédito e das cooperativas
de trabalho.
Internacionalização do cooperativismo brasileiro, fortalecimento das confederações de
1996 a 2002 crédito, criação do Bansicredi e do Bancoob, emergência da vertente cooperativista de
economia solidária.

Banco Central divulga, em julho de 2003, normas de constituição das cooperativas de


crédito a fim de incluir a população de baixa renda, incentivando a expansão do
Após 2003 microcrédito cooperativo, a pluralidade de representação das cooperativas e a criação
da Secretaria Nacional de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).

Fonte: Adaptado Pinho, (2004)

Segundo Benato (2002), a cooperativa é uma empresa diferente das


convencionais, ou seja, é formada por uma sociedade de pessoas, que não visam lucro
e são dirigidas pelos cooperados, que possuem igualdade de direitos, e que tem como
objetivo desenvolver a atividade econômica.

Ainda para o autor, as primeiras cooperativas a surgirem no Brasil foram as de


consumo, como já definido anteriormente, que são as cooperativas que realizam a
compra de produtos de bens de consumo para a venda aos seus cooperados por
preços bem mais competitivos que os de mercado.

39
Pinho (2004), destaca que na atual era da informação em que a sociedade vive,
não há lugar para a improvisação, ou seja, as cooperativas atuais devem enfatizar a
gestão técnica. A importância de se valorizar a educação, a formação profissional, a
integração escola-empresa, o trabalho solidário e a autogestão cooperativa e elemento
fundamental para o seu bom funcionamento.

3.2.3 Cooperativas de Catadores de Resíduo Sólido

Segundo Eigenheer (2009), os catadores de resíduo sempre tiveram grande


valor no interesse da limpeza urbana. O autor relata que em 1806, na cidade do Rio de
Janeiro, notícias publicadas pelo Jornal do Comércio sobre a atuação dos catadores na
separação e utilização do resíduo da cidade, que até então, era levado para as Ilhas de
Sapucaia e do Bom Jesus, sem a correta destinação.

Ainda para Eigenheer (2009), os catadores de resíduo foram combatidos na


Europa do século XIX, pois eram vistos como a forma degradante do sistema
capitalista. Foram controlados e também combatidos na França, no século XIX, pois na
busca de materiais que pudessem gerar alguma renda na sua comercialização,
acabavam revirando o lixo, comprometendo a limpeza das cidades.

Segundo CEMPRE (2012), com o objetivo de melhoraria da renda bem como de


inclusão social dos homens e das mulheres que viviam da catação de resíduo pelas
ruas e residências, tem início em São Paulo as primeiras ações com o objetivo de
organizar o trabalho destes cidadãos e transformá-los em profissionais.

Por intermédio da Organização de Auxílio Fraterno (OAF), entidade ligada aos


Frades Franciscanos do Largo São Francisco, em São Paulo dá-se início à organização

40
dos catadores em associações e posteriormente cooperativas, culminando com a
criação, em 1989, da Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e
Materiais Reaproveitáveis - COOPAMARE (COOPAMARE, 2012).

IPT/CEMPRE (2010) ressalta que existem diferenças básicas entre cooperativas


de catadores e associação de catadores. Estas diferenças estão no processo de sua
constituição, pois enquanto uma associação deve possuir apenas registro em cartório, a
cooperativa, além deste documento, deverá inscrever-se na junta comercial e contar
com no mínimo, 20 associados. Sobre uma associação não incide tributação, ao
contrário do que ocorre nas cooperativas, ainda que as associações sejam beneficiadas
com a entrega de material sem licitação nas legislações federal, estadual ou municipal.

IPT/CEMPRE (2010) orienta que após a escolha dos vinte associados


(quantidade mínima para a constituição de uma cooperativa) deve ser averiguada na
Receita Federal a situação idônea de cada um dos associados e, após esta etapa,
realizar o cadastro na junta comercial. Para providenciar a regularização de uma
cooperativa de catadores os principais documentos são:

 lista normativa: nome, endereço, nacionalidade, profissão, estado


civil e número de cotas de cada associado;
 estatuto: documento que contém toda informação organizacional da
cooperativa;
 número de inscrição na Junta Comercial do Estado da sede da
cooperativa;
 CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; e,
 ata de constituição da Cooperativa.

A função de catadores de materiais recicláveis é reconhecida como atividade


pelo Ministério do Trabalho e Emprego, sendo portanto profissão regulamentada na
Classificação Brasileira de Ocupações como será destacado a seguir.
41
3.3 Condições e Ambiente do Trabalho

A Revolução Industrial no século XIX alterou profundamente as relações entre o


homem e o trabalho. As condições que os operários tinham para exercer suas
atividades eram muito precárias, decorrentes de instalações inadequadas pois antigos
estábulos forma transformados em fábricas. Os operários, eram desprovidos de
equipamentos de proteção como botas, luvas, óculos de proteção e demais
equipamentos de proteção coletiva. As máquinas utilizadas na indústria têxtil eram
experimentais sendo instaladas sobre pisos impróprios, e tendo suas partes rolantes
sem nenhuma proteção (BRASIL, 2012).

O cenário descrito era muito precário e propiciava diversos acidentes, muitas


vezes culminando em explosões, incêndios e mutilando os operários. Completa este
delicado quadro a total falta de suporte de assistência médica ou social ao trabalhador
(BRASIL, 2012).

No Brasil, após a abolição da escravatura, o trabalho livre e assalariado passou


para os imigrantes europeus que vinham em busca de melhores condições de
qualidade de vida. Neste início, as condições de trabalho eram ruins e começam as
discussões sobre as relações trabalhistas levando às primeiras organizações de
trabalhadores, o que posteriormente formariam os primeiros sindicatos.

As normas trabalhistas surgiram no País a partir da última década do século XIX,


com o Decreto nº 1.313, de 1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18
anos. Em 1912 foi funda-se a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), durante o 4º
Congresso Operário Brasileiro. A CBT, entre as suas atividades, começa a reunir as
reivindicações operárias, tais como: jornada de trabalho de oito horas, fixação do

42
salário mínimo, indenização para acidentes, contratos coletivos em vez de individuais,
dentre outros. (BRASIL, 2012)

As conquistas no mundo do trabalho foram evoluindo, culminando, na era


Vargas, com a promulgação da, Consolidação das Leis Trabalhistas e, posteriormente,
as Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho, que seriam
instrumentos de melhoria e controle nas relações entre empresa, governo e
trabalhadores face à segurança e à saúde no trabalho (BUDA, 2004).

3.3.1 Ambiente de Trabalho Seguro - Ambiência

Segundo a Constituição Federal de 1988, o ambiente é o lugar onde se vive, no


qual o homem interage com os fatores naturais sejam estes os meios físicos ou
naturais, meio ambiente cultural e o meio antrópico ou artificial. Isto quer dizer que o
meio ambiente é o conjunto de elementos naturais, culturais e artificiais que o homem
necessita e interage, de forma que qualquer alteração pode acarretar impactos
ambientais e afetar a qualidade de vida e, consequentemente, o direito das gerações
presentes e futuras a um ambiente ecologicamente equilibrado. Pode-se entender que
um meio ambiente saudável é um fator importante para a melhoria da qualidade de vida
do homem e de tudo que está inserido nele (DONATO, 2008).

Moraes (2002) define ambiente de trabalho como sendo o local onde o homem
desenvolve a prestação do objeto da relação jurídico-trabalhista, ou seja, é onde ocorre
a atividade profissional em favor de uma atividade econômica, no qual o trabalhador
exerce papel importante.

43
Ainda para Moraes (2002), é no ambiente de trabalho que acontece a interação
dos meios de produção e da infraestrutura necessária para o desenvolvimento das
atividades laborais. Para que isto ocorra é necessário o conjunto:

 do espaço físico, entendido como o local da prestação de trabalho


onde quer que se encontre o trabalhador; e,
 das condições existentes no local de trabalho como as máquinas, os
equipamentos e as ferramentas, as condições de conforto e a relação com os
fatores que podem ser agressivos como elementos físicos, químicos, biológicos e
ergonômicos.
Outro fator importante a ser ressaltado é a visão que o trabalhador tem sobre o
seu trabalho, e para Teixeira (2008), esta pode ser expressa por valores como:
 valores que guiam as escolhas, comportamentos ou resultados no
trabalho;
 valores de estado, metas ou recompensas desejados e alcançados
por meio do trabalho; e,
 que é ao desejado pelo indivíduo, e não somente socialmente, ou
seja, o que as pessoas querem para si mesmas.

3.3.2 Acidentes e Quase Acidentes no Ambiente de Trabalho

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE/SIT/DSST, 2011), define acidente de


trabalho como sendo uma ocorrência não planejada que irá resultar num dano a saúde
ou integridade física do trabalhador e até de outros indivíduos não ligados diretamente
com as atividades.

44
A Lei n° 8.213/91 (BRASIL, 2011c), dispõe sobre os planos de benefícios da
Previdência Social, e no artigo 19 define que:

“Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art.11 desta Lei, provando lesão corporal e ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução,
permanente ou temporário, da capacidade para o trabalho.”

Benite (2004), estudando mais profundamente os acidentes, define o conceito


dos quase acidentes, que são ocorrências também não desejadas, que não causam
danos ao trabalhador como afastamentos ou lesões e que por este motivo são muitas
vezes ignorados pela empresa e pelos trabalhadores. Mas o autor alerta que um quase
acidente pode vir a se tornar um acidente grave ou até mesmo fatal, se não for tratado
com a devida atenção pelos gestores.

Ainda para Benite (2004), citando a pesquisa realizada por Frank Bird, que ao
analisar cerca de 1.750.000 ocorrências em aproximadamente 300 empresas,
identificou a proporção de acidentes e quase acidentes, conforme apresentada na
Figura 3.14.

45
Figura 3.14 Pirâmide de Bird da evolução dos incidentes até as lesões graves

Fonte: Adaptado de Benite, (2004)

3.3.3 Riscos no Ambiente de Trabalho

Para o MET/SIT/DSST (2011), o trabalhador no seu ambiente de trabalho, está


exposto a algumas condições que prejudicam a sua saúde e segurança. Estas
condições são definidas como:
 condições de insalubridade: são aquelas em que o trabalhador está
exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites legais permitidos como, por
exemplo, temperaturas extremas, ruídos, e outros; e,
 condições perigosas: as atividades ou operações perigosas que pela
sua natureza ou método de trabalho coloquem o trabalhador em contato
permanente com situações de risco acentuado como trabalhar com explosivos,
eletricidade, material ionizante, substâncias radioativas, material inflamável e
outros.

46
O MET/SIT/DSST (2011) define perigo como uma fonte que em potencial pode
causar dano ao trabalhador e o risco à exposição de pessoas a perigos. O risco pode
ser dimensionado em função da probabilidade e da gravidade do dano possível.

Segundo Pinto, Windt & Céspedes (2008), a Norma Regulamentadora nº 09 do


Ministério do Trabalho e Emprego, reúne em três grupos principais os riscos ambientais
que podem causar danos à saúde do trabalhador: riscos físicos, riscos químicos e
riscos biológicos. O dano em potencial relacionando-se com a concentração e o tempo
de exposição do agente causador do dano sobre o trabalhador.

Segundo Buda (2004), também pode-se incluir outros riscos aos quais os
trabalhadores estão expostos: riscos ergonômicos, riscos mecânicos ou de acidentes.
Desta forma fica explícito que, a gama de agentes causadores de danos à saúde do
trabalhador é maior do que apresenta na NR n° 09 e muitas vezes atuam de forma
conjunta.

Saliba (2002) classifica os riscos quanto à sua natureza e os possíveis agentes


causadores de danos à saúde do trabalhador:
 Riscos Físicos: as formas de energia como ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, neblinas, névoas, radiações
ionizantes, radiações não ionizantes, infrassom e ultrassom.
 Riscos Químicos: substâncias, compostos e produtos que possam
penetrar no organismo pela via respiratória em forma de poeira, fumos, neblinas,
névoas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição,
possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo ou por ingestão.
 Riscos Biológicos: são micro-organismos tais como bacilo, bactérias,
fungos, parasitas, vírus e outros, que podem contaminar o trabalhador pela pele,
pelas vias aéreas ou pela ingestão. Aos riscos biológicos podem ser
acrescentados os animais peçonhentos, como aranhas, cobras e escorpiões.

47
 Riscos Ergonômicos: postura incorreta no levantamento de material
ou no posto de trabalho, trabalhos em que o trabalhador fica muito tempo em pé,
trabalho noturno, trabalho por turnos e outros.
 Riscos Mecânicos/Acidentes: arranjo do local de trabalho,
eletricidade e todo acidente que não está classificado nos riscos anteriores.

Para Barbosa (2001), ao se falar de condição de trabalho e ambiente, na


verdade está se discutindo sobre a saúde individual e coletiva. Os impactos que podem
causar um determinado acidente e ou quase acidente não ficam somente restritos ao
mundo de trabalho, mas estendem-se às famílias e, como consequência, às gerações
futuras. Mesmo que se obtenha uma determinada compensação financeira em
decorrência de determinado risco à saúde do trabalhador, de condição insalubre (ruído,
calor excessivo, riscos químicos ou biológicos), ou mesmo de condição perigosa
(eletricidade, trabalho em altura e outros), para o autor isto não é desejável, pois o ideal
é a inexistência destas condições de risco ou pelo menos que, em sua ocorrência, suas
consequências sejam as mínimas possíveis.

Entender os riscos existentes no ambiente de trabalho, como estes ocorrem e


quais as consequências à saúde do trabalhador é importante para se evitar os
acidentes e/ou quase acidentes durante as atividades profissionais, seja qual for sua
área de atuação.

A Previdência Social relata que no período de 2004 a 2008 ocorreram no Brasil


cerca de 2.884.798 acidentes de trabalho. Estes acidentes trazem graves prejuízos ao
PIB brasileiro, sem contar os de cunho social (MTE/SIT/DSST, 2011).

No Guia de Análise de Acidentes de Trabalho, Segundo BRASIL (2011b), manter


atualizado um sistema de informação dos acidentes e ou quase acidentes no trabalho
pode contribuir para que as empresas adotem e implantem sistemas de gestão e
prevenção. Estas informações também permitem que:

48
 as normas de segurança e de saúde no trabalho sejam
aperfeiçoadas e atualizadas com mais constância;
 as concepções e os projetos de máquinas, equipamentos e produtos
sejam melhores adaptadas à atividade do ser humano, afim de oferecer riscos à
saúde e à integridade física do trabalhador;
 os sistemas de gestão das empresas estejam sempre atualizados;
 ocorra melhoria do desenvolvimento tecnológico;
 ocorram melhores condições de higiene e de trabalho; e,
 se aumente a confiabilidade do sistema de prevenção e gestão de
segurança e saúde no trabalho.

Segundo Barbosa (2001), muito além das atribuições legais que regem as
condições do ambiente de trabalho, os administradores podem contribuir para
desenvolver hábitos de segurança, pois uma vez identificados os riscos, é possível
realizar trabalhos educativos dentro das organizações. Os trabalhos de informação,
formação, educação e orientação devem ser feitos de forma dinâmica e com avaliações
constantes e acompanhamento dos índices de acidentes, mesmo os não fatais.

Conhecer e divulgar os riscos ambientais no ambiente de trabalho, bem como


identificar as condições insalubres e perigosas, contribui muito para a melhoria da
qualidade de vida do trabalhador, sem contar que muitos acidentes no mundo do
trabalho podem ocasionar sérios acidentes ambientais, casos como por exemplo, os de
vazamentos de produtos químicos, as explosões, os acidentes rodoviários com
produtos químicos e os vazamentos de gases e de líquidos contaminantes.

Para se entender os acidentes de trabalho deve-se ir além da procura de um


culpado, ao buscar levantar as variabilidades das atividades, sua organização, as
pressões organizacionais e os mecanismos de proteção existentes. (ALMEIDA, VILELA
2010).

49
3.4 O Trabalho das Cooperativas de Catadores de Material Reciclável

No artigo publicado na revista NEW’S (2007), calcula-se que no Brasil cerca de


10% do resíduo sólido municipal são recicláveis e que parte significativa deste material
é selecionada por catadores autônomos ou ligados à cooperativas e associações.
Estima-se que aproximadamente mais de 300 mil profissionais de coleta, estão
envolvidas na atividade de coleta, número que pode aumentar ao se incluir os
trabalhadores envolvidos nas atividades de recepção, triagem, prensagem e
armazenamento, e o pessoal de apoio nas áreas administrativas (escritório) e na
cozinha.

Segundo CEMPRE (2012), esta atividade já era desenvolvida há muitos anos no


Brasil. Antigamente estes profissionais eram conhecidos como “garrafeiros”, e
coletavam jornais, garrafas, ferro e outros materiais que podiam ser comercializados.
Com o tempo, estes profissionais se organizaram em associações, que depois
tornaram-se cooperativas de catadores de material reciclável.

No interior do Estado de São Paulo eram conhecidos como carroceiros, pois


usavam carroças, em alguns casos com tração animal, para transportar os materiais
coletados nas residências, no comércio e outros.

Ainda conforme artigo publicado na revista NEW’S (2007), o Movimento Nacional


dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) espera que o Governo Federal invista
na formação dessas organizações e na qualificação de seus profissionais para que
operem adequadamente o sistema de reciclagem do resíduo sólido urbano do país.

50
3.4.1 Distribuição das Cooperativas de Catadores de Resíduo Sólido no Brasil

Segundo o Atlas de Saneamento 2011 (IBGE 2011), em 2008, no Brasil, foram


catalogadas cerca de 1.175 cooperativas de catadores distribuídas por 674 municípios.
Um dado interessante é que deste total, cerca de 851 cooperativas estavam localizadas
nas regiões sul e sudeste e distribuídas em 508 municípios. O número de cooperados
total era de aproximadamente 30 mil, sendo que nas regiões sul e sudeste
concentravam-se por volta de 20 mil catadores, conforme apresentado na Figura 3.15.

Figura 3.15 Distribuição das cooperativas de catadores nos Estados brasileiros

Fonte: IBGE, (2011)

51
Na Figura 3.16 apresenta-se o número de cooperados ligados às cooperativas/
associações de catadores. É possível observar também a grande concentração destes
profissionais nas regiões sul e sudeste.

Figura 3.16 Número de catadores de resíduos vinculados a cooperativas/associações

Fonte: IBGE, (2011)

Conforme apresentado nas Figuras 3.15 e 3.16, observa-se a representatividade


desta atividade no país e a sua importância econômica, que agrega muitos
trabalhadores.

Na Figura 3.17 no quadro comparativo das regiões do Brasil, onde se observa a


porcentagem dos municípios que possuem cooperativas/associações de coleta de
material reciclável, com um destaque para a região sul.

52
Figura 3.17 Percentual de municípios onde há existência de cooperativas/associações de catadores,
segundo as Grandes Regiões em 2008

Fonte: IBGE, (2011)

No artigo de Dias (2002), enfatiza-se que as associações de catadores em


cooperativas veio contribuir na melhoria da imagem destes profissionais. Esta pesquisa
realizada em Belo Horizonte, em 1993, concluiu que estes trabalhadores, a partir das
políticas e dos incentivos da prefeitura, que eram antes considerados moradores de
rua, mas agora passam a ser reconhecidos como profissionais da coleta seletiva.

Segundo Medeiros & Macêdo (2006), o reconhecimento da profissão de catador


foi um importante passo para a valorização desta atividade e para a busca da inclusão
social, mas ressaltam a necessidade do exercício de políticas públicas para que esta
inclusão não seja perversa, uma vez que estes profissionais necessitam de condições
dignas de trabalho, com qualidade de vida, para que não ocorra uma nova exclusão
social dos catadores provocada pela exploração econômica.

53
Grimberg (2008), relata que no Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo,
na sua agenda de ações 2008, relaciona-se uma série de benefícios econômicos,
sociais e ambientais da coleta seletiva com a inclusão de catadores e catadoras, sendo
estes:
 redução do custo de operação dos aterros sanitários e da coleta
convencional de resíduo sólido;
 redução de custos de energia e matéria prima através do
aproveitamento de resíduo sólido;
 redução do número de ocupações em áreas públicas disponíveis,
através do uso de parte destas áreas para a implantação do sistema de coleta
seletiva com inclusão de catador e catadora de material reciclável;
 ampliação do número de cooperativas legalmente constituídas,
gerando maior circulação de mercadorias, bens e serviços tributáveis;
 ampliação do número de postos oficiais de trabalho e renda, num
sistema municipal de realização de serviços de coleta de material reciclável;
 redução de custos com limpeza de margens de rios e córregos;
 otimização dos recursos e das áreas públicas da cidade com
implantação de unidades de coleta seletiva de material reciclável, nos ecopontos
já existentes e nos futuros;
 oportunidade de inserção social e reintegração de catadores e
catadoras e suas famílias aos sistemas educacionais e sociais;
 construção coletiva e exercício de cidadania e de valores sociais
mais solidários;
 preservação e uso sustentável dos recursos naturais por meio do
reaproveitamento de resíduo sólido – compostagem e reciclagem;
 aumento da vida útil dos aterros sanitários;
 redução da emissão de poluentes;
 preservação dos rios, córregos e mananciais em São Paulo;

54
 possibilidade de experiência economicamente viável e
ambientalmente sustentável;
 estimulo à coleta e reciclagem de óleo de cozinha usado,
minimizando o impacto quando de seu destino na rede de esgoto; e,
 ampliação da consciência ambiental e da participação da sociedade
por mecanismos geradores de renda e trabalho e de educação ambiental.

3.4.2 Reconhecimento da Atividade dos Catadores

MTE (2009), na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO/5.192 – instituiu o


reconhecimento da atividade de catador como ocupação legal, classificada com as
especificações:
 Título 5192-05 Catador de Material reciclável – catador de ferro-
velho, catador de papel e papelão e vidro, bem como materiais ferroso e não
ferroso e outros materiais reaproveitáveis;
 Descrição: catam, selecionam e vendem material reciclável como
papel, papelão e vidro, bem como materiais ferroso e não ferroso e outros
reaproveitáveis;
 Formação e experiência: o acesso ao trabalho é livre, sem
exigência de escolaridade ou formação profissional. As cooperativas de
trabalhadores ministram vários tipos de treinamento a seus cooperados, tais
como cursos de segurança no trabalho, meio ambiente, dentre outros;
 Condições gerais de exercício: o trabalho é exercido por
profissionais que se organizam de forma autônoma ou em cooperativas.
Trabalham para a venda de material a empresas ou cooperativas de reciclagem.
O trabalho é exercido a céu aberto, em horários variados. O trabalhador é
exposto a variações climáticas, a riscos de acidente na manipulação do material,
a acidentes de trânsito e, muitas vezes, a violência urbana. Nas cooperativas

55
surgem especializações de trabalho que tendem a aumentar o número de
postos, como os de separador, triador e enfardador de sucatas.
 Código Internacional CIUO88: 9161: recolectores de basura
(coletores de lixo).
 Título 5192-10 - Selecionador de material reciclável: separador de
material reciclável, separador de sucata, triador de material reciclável, triador de
sucata;
 5192-15 Operador de prensa de material reciclável: enfardador de
material de sucata (cooperativa), prenseiro (aquele que trabalha com a prensa),
prensista (trabalhador que maneja a prensa).

O reconhecimento da atividade de catador ultrapassa um simples marco legal,


mas reconhece seu direito ao trabalho e sua importância na cadeia de reciclagem, e
atribui dignidade no trabalho que exerce na sociedade.

3.4.3 Ambiente de Trabalho das Cooperativas de Catadores

Uma cooperativa de catadores de material reciclável possui certas estruturas


básicas, sendo que o volume de material a ser processado é função principalmente da
quantidade de pessoas envolvidas na sua triagem. Outros fatores também importantes
são espaços físicos e equipamentos.

O Ministério das Cidades, com o objetivo de incentivar e dar subsídios para a


implantação e instalação de novas cooperativas, elaborou/publicou cartilha que orienta
que estas devem estar adaptadas às condições do local e que suas instalações
proporcionem boas condições de acesso de caminhões e de pessoas e que ainda
ofereçam boas condições de trabalho (MINISTERIO DAS CIDADES, 2012).

56
Ainda de acordo com o Ministério das Cidades, os trabalhos podem ser
distribuídos em dois turnos diários, sempre que houver disponibilidade de material a ser
reciclado. Na Tabela 3.7 apresentam-se parâmetros básicos para o dimensionamento
das diversas tarefas, para cada metro cúbico de resíduo coletado, solto (peso médio de
45 kg.

Tabela 3-7 Organização e distribuição das equipes dos trabalhos realizados nas cooperativas de
catadores
FUNÇÕES PARÂMETROS PARA DIMENSIONAMENTO
Coletores de Rua Coletores com carrinhos manuais conseguem recolher até 160kg/dia
Triadores internos Conseguem triar 200 kg por dia
Deslocadores de tambores 1 para cada 5 triadores
Retriadores de plástico 1 para cada 5 triadores
Retriadores de metal 1 para cada 5 triadores
Enfardadores Conseguem enfardar 600 kg por dia
Administradores 1 para cada 20 pessoas na produção

Fonte: Adaptado Ministério das Cidades, (2008)

Nesta cartilha do Ministério das Cidades (MINISTÉRIO DA CIDADES, 2012) é


proposta uma disposição para um galpão de triagem para as cooperativas de material
reciclável, de forma a se obter melhor circulação de equipamentos, materiais e pessoas.
Os locais foram divididos em:
 triagem primária: nesta configuração é proposto que nesta etapa
separação de até 16 tipos de materiais em tambores, “bags” e/ou sacos
pendurados próximos aos triadores;
 triagem secundária: nesta etapa são retriados alguns tipos de
materiais (papéis, plásticos, metais); e,
 para a movimentação interna de cargas é conveniente a utilização
de equipamentos manuais (carrinhos para tambores e “bags”, carrinho
plataforma).

57
Após a triagem, os materiais são depositados nos “bags” e/ou tambores, levados
para prensagem por tipo e encaminhados para uma área destinada para o seu
armazenamento e posterior comercialização.

Na Figura 3.18 é apresentada uma vista geral desta configuração com a entrada
do material a ser triado, mesa separadora fixa para a triagem primária, local destinado
para a triagem secundária e suas baias, prensagem e saída dos materiais separados e
enfardados.

Figura 3.18 Vista geral do modelo de um Galpão de cooperativa de catadores e sua organização por
serviços e atividades

Fonte: Adaptado de Ministério das Cidades, (2008)

58
Na configuração proposta na Figura 3.18 faltou inserir área para pesagem de
materiais, local de depósito para refugos, área administrativa, local para
descanso/alimentação, banheiros/vestiário e outras de uso comum e de operação dos
materiais recebidos e ou triados.

Uma outra proposta para a separação de materiais é por meio da utilização de


mesas com esteiras rolantes, conforme apresentado na Figura 3.19.

Figura 3.19 Modelo de distribuição dos trabalhos na esteira de triagem nas cooperativas de catadores

Fonte: Adaptado de Ministério das Cidades, (2008) - (figura ilustrativa)

A Figura 3.19 tem caráter apenas ilustrativo, suas dimensões e/ou quantidade e
posição dos tambores necessitam de revisão, pois conforme se pode observar o
espaço para o desempenho das atividades de triagem de resíduos não oferece
conforto e boas condições de trabalho.

59
Normalmente quando há a utilização de tambores para o armazenamento do
material separado, não se utiliza “bags”, e vice-versa.

Também são propostos alguns equipamentos básicos para o funcionamento e


operação de uma cooperativa de catadores de material reciclado. A Figura 3.20
reproduz esta proposta.

Figura 3.20 Equipamentos normalmente utilizados nos trabalhos das cooperativas de catadores

Fonte: Adaptado de Ministério das Cidades, (2008)

Outros equipamentos são encontrados nas cooperativas, tais como caminhões


para a coleta, “bob cats”, trituradores de papel, isopor, vidros, entre outros. A presença
destes equipamentos muitas vezes é decorrente de investimentos ou doações, bem
como cedidos pelos órgãos municipais.

60
Como apresentado, as cooperativas de catadores são organizações que
possuem uma atividade organizada com métodos e equipamentos que auxiliam na
otimização dos serviços. A boa manutenção e conservação destes equipamentos são
elementos importantes para que ocorra o serviço com qualidade e segurança.

3.4.4 Casos de Acidentes de Trabalho nas Cooperativas de Catadores

Barbosa (2011) concluiu em seu trabalho de doutorado que os catadores de


materiais recicláveis têm consciência dos riscos a que estão expostos e da importância
de manter um local de trabalho seguro. Entendeu ainda que estes profissionais buscam
minimizar as dores e os acidentes que sofrem durante a sua atividade, muitas vezes
considerando estes eventos como causas normais ou naturais decorrentes da atividade
exercida.

Almeida et al (2009) relatam em artigo sobre as condições de trabalho dos


catadores em Governador Valadares, Minas Gerais, que os acidentes eram frequentes,
apesar de não ter uma relação direta com a idade da população entrevistada. Também
concluem que se faz necessário o trabalho de capacitação dos trabalhadores das
associações de catadores de material reciclável do município estudado, com ênfase na
promoção de mudanças de comportamentos e de valorização a própria vida. Este
trabalho utilizou como população cerca de 67 associados cadastrados, entrevistando 41
indivíduos, com idades variáveis, sendo 80,5% do sexo feminino. Foi realizado um
levantamento dos acidentes mais comuns e cerca de 90,3% dos catadores declararam
encontrar objetos perfurocortantes no material que segregam e 43,9% declaram que já
sofreram acidentes como estes materiais.

61
Na Tabela 3.8 são apresentados os acidentes mais comuns levantados no
município de Governador Valadares do Estado de Minas Gerais o numero de
ocorrências (sofridos) e os que foram presenciados por outros cooperados.

Tabela 3-8 Tipos de acidente mais comuns nas associações de catadores de material reciclável no
município de Governador Valadares

Tipo de Acidentes Sofrido (número) Presenciado (número)

Corte com vidro 15 19


Furo com prego 2 12
Furo com agulha 1 0
Picada ou mordida de animal 2 2
Prensa 2 4
Outros 3 1

Fonte: Almeida et al, (2004)

Almeida et al. (2009) questionaram junto aos profissionais das cooperativas as


possíveis causas dos acidentes e estes responderam:

 falta de atenção: 46,3%;


 falta do uso de EPI: 17,1%;
 material misturado (vidros, latas, agulhas, e outros): 17,1%;
 outros, como descuido ao puxar as bolsas utilizadas para colocar o
material segregado, brigas, uso incorreto de equipamentos, susto com animais
como ratos, escorpiões cobras, aborrecimento com problemas pessoais ou com
trabalho e colegas: 14,7%%; e,
 não souberam o motivo: 4,8%.

Cockell et al. (2004), no trabalho com as cooperativas de catadores de São


Carlos, São Paulo, analisaram as condições ergonômicas da atividade dos cooperados
62
da cooperativa ECOATIVA, que contava, na época da pesquisa, com 18 cooperados na
faixa de idade de 34 anos e na sua maioria mulheres. Muitos destes cooperados eram
provenientes do trabalho de coleta realizado dentro dos lixões, onde não existia
padronização, condições de higiene e de segurança.

Cockell et al. (2004) focaram a pesquisa na mesa de separação, pois esta era
totalmente manual, com os cooperados trabalhando e distribuídos em torno das mesas
de triagem. A mesa ficava na altura da cintura do cooperado. O tempo de triagem de
cada “bag” variava de 15 a 20 minutos. Este setor estava dividido nos seguintes postos
de trabalho:
 abastecimento: cooperado fica na ponta da mesa abrindo os “bags”
com material cortante e o material coletado é disposto sobre toda a extensão da
mesa para a próxima etapa; e,
 triagem: seleção dos materiais colocados em cima da mesa e
separação segundo seu tipo. Depois estes materiais foram acondicionados em
bombonas específicas por tipo de material.

Os autores da pesquisa verificaram a ausência de registros de acidentes, dados


de saúde ou quaisquer atendimentos médicos. Os EPI’s eram distribuídos, mas muitos
destes, como as luvas, não eram utilizados pelos cooperados com a justificativa de que
dificultava seu trabalho, esquentava suas mãos e outras reclamações. Os autores
fazem algumas recomendações para que ocorra a melhoria do ambiente de trabalho,
salientando:
 cursos técnicos e de artesanato, utilizando material de forma
lúdica e capacitação dos cooperados para uma nova fonte de renda;
 melhor divulgação junto à comunidade sobre a separação e o
armazenamento do material a ser coletado, para que este chegue na
triagem com melhor qualidade;

63
 buscar a troca de experiências entre cooperativas, contribuindo
para a melhoria de informações; e,
 alfabetização e capacitação técnica dos cooperados.

No relatório técnico realizado pela FUNDACENTRO (2012a), é apresentado que


na cooperativa de material reciclável da Capela do Socorro em Santo Amaro, São
Paulo, capital, foram observados alguns acidentes e outros motivos de afastamento
como:
 queda na esteira;
 queda no fosso;
 afastamento por depressão e alcoolismo;
 fratura no braço devido a queda ao descarregar contêiner (o
descarregamento é realizado manualmente com o trabalhador em pé
sobre a carga lançando os sacos próximos à esteira);
 problema de coluna nos setores da prensa e esteira;
 cortes decorrentes de rejeitos hospitalares (agulhas);
 já tiveram problema na volta ao trabalho após o final de
semana; e,
 uma cooperada afastada por licença maternidade.

Por fim, todo o trabalhador no desenvolvimento de suas atividades está exposto


a uma série de agentes que podem causar danos no trabalho, e nas cooperativas, não
seria diferente. Infelizmente, muitos acidentes não são comunicados ou registrados,
dificultando o seu controle. Investimentos em treinamento e educação pode ser um fator
de melhoria na qualidade dos trabalhos dos catadores, vem como a conscientização e
trabalho da direção das cooperativas.

3.5 Política Nacional de Resíduos Sólidos

64
Para Donato (2008), a coleta seletiva faz parte não só de um processo é fechado
em si, mas sim de um sistema que engloba outras ações ambientais, entre elas a
redução e a reutilização do resíduo sólido, e que se denomina hoje como a matriz dos
03 Rs:
1. Reduzir o consumo
2. Reutilizar
3. Reciclar

Segundo o autor, os 3 R’s evoluiu e algumas empresas e a sociedade já


incorporaram novas atitudes em suas políticas, adotando a matriz dos 07 R’s com
atitudes, procedimentos e ações:
 reduzir o número de componentes, ou seja, simplificar as embalagens e
os produtos;
 reutilizar (manufaturar) tudo que é possível;
 reciclar todos os materiais;
 recuperar, regenerar a energia;
 respeitar os códigos e as leis;
 redefinir, reprojetar os materiais, as peças e os equipamentos; e,
 repensar.

Esta matriz não deve ser somente aplicada para material e novos produtos, mas
em todo o período do projeto e em todas as suas etapas, incluindo-se a contratação, a
fabricação, a movimentação e o descarte de produtos e serviços. Esta nova matriz está
afinada com a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS e incorporada à Logística
Reversa.

A PNRS prevê a prevenção e redução na geração de resíduo com práticas


sustentáveis, e propõe instrumentos para aumentar a reciclagem e a reutilização do
resíduo sólido e a destinação adequada dos rejeitos. (MMA, 2012b).

65
3.5.1 Histórico da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)

As questões ambientais na década de 70, não encontravam eco junto aos órgãos
governamentais, empresas e sociedade civil, pois o pensamento na época era o de que
estas não passavam de um modismo que iria se extinguir com o tempo. As bandeiras
levantadas, como proteção das florestas, biodiversidade, fauna silvestre, oceanos e
combate a todas as formas de poluição, não obtinham respostas concretas para seus
questionamentos e lutas. Mas isto mudou a partir da década 80, quando boa parte da
sociedade civil organizada aderiu a estas ideias, bem como parte de respeitáveis forças
políticas (FREITAS 2009).

Ainda para Freitas (2009), a legislação brasileira sobre as questões ambientais


foi evoluindo e se modernizando com o tempo, como pode-se observar na leitura de
alguns exemplos:

 Lei nº 5.197, de 03 de janeiro de 1965, que dispõe sobre a


proteção à fauna e dá outras providências: “Art. 1°: Os animais de
quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem
como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do
Estado, sendo proibida a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou
apanha.”
 Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975 – Dispõe sobre o
controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades
industriais.
66
 Criação do Ministério do Meio Ambiente em 1980;
 Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e
aplicação, e dá outras providências.
 Constituição Brasileira de 1988 – Cap. VI – Art. 225. “Todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.”
 Lei nº 7.797, de 10 de julho de 1989 Cria o Fundo Nacional de
Meio Ambiente e dá outras providências.
 Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 - Institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21
da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março
de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
 Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Dispõe sobre as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades
lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
 Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 – Dispõe sobre a educação
ambiental e dá outras providências;
 Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000 – Dispõe sobre a criação
da Agência Nacional de Águas (ANA) entidade federal de implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras
providências;
 Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes
nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de
dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho

67
de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11
de maio de 1978; e dá outras providências; e,
 Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010 - Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá
outras providências.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de


agosto de 2010 (Brasil 2011b), e regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de
dezembro de 2010, veio estabelecer os objetivos, os instrumentos e as diretrizes para a
gestão integrada e o gerenciamento do resíduo sólido. Indicam quais as
responsabilidades dos geradores, do poder público e dos consumidores; define ainda
princípios sobre a prevenção, precaução, do poluidor-pagador, do eco-eficiência, da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, reconhece os resíduos
como bem econômico e seu valor social (BRASIL, 2014).

Um conceito importante estabelecido pela PNRS foi que a gestão do resíduo não
é mais voluntária, mas passa a ser de responsabilidade das empresas, poder público e
sociedade, nos itens como: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento
do resíduo sólido e sua disposição final que devem ser ambientalmente aceitáveis. Esta
lei estabelece uma diferença importante entre resíduo e rejeito, sendo que o primeiro
deve ser reaproveitado e reciclado, já o segundo, quando não é mais possível seu
reaproveitamento, deve ter sua destinação final adequada (MMA, 2012).

O Ministério do meio ambiente (2012) enfatiza alguns instrumentos importantes


que foram definidos na PNRS:
 a coleta seletiva deve ser implementada desde os pontos de
origem, ou seja, os locais de sua geração, sendo um instrumento
importante para a disposição final de vários tipos de resíduos;
 os sistemas de logística reversa, o retorno das embalagens e
de produtos para as empresas fabricantes após o consumo é

68
independente do serviço público de limpeza urbana. Com ênfase para
embalagens de resíduo de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos
lubrificantes, resíduo e embalagens, lâmpadas fluorescentes de vapor de
sódio, de mercúrio e de luz mista, produtos eletrônicos e seus
componentes; e,
 o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e
outras formas de associação dos catadores de material reciclável,
devendo planos municipais estimular e priorizar estas atividades:

“São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:


(...) integração dos catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (Cap. II, art. 6º, XII).

A PNRS vem normalizar as relações entre sociedade civil, prefeituras, empresas


e as cooperativas de catadores no tocante ao gerenciamento integrado de ações e
medidas para a coleta, separação e destinação do resíduo sólido, bem como incentivar
a busca de novas tecnologias para a diminuição dos efeitos nocivos do descarte de
resíduos e sua reutilização e reciclagem dos (BRASIL 2011b).

Segundo CEMPRE (2010), a PNRS vem dar uma visão moderna sobre a gestão
dos resíduos no Brasil, enfatizando a responsabilidade compartilhada.

Para Guarnieri (2011), A PNRS foi regulamentada pelo Decreto Federal nº


7.404/10, que institui normas que teve com a finalidade de viabilizar a aplicabilidade dos
instrumentos da Lei Nº 12.305. Foi criado também o Comitê Interministerial da PNRS e
o Comitê Orientador para a implantação dos Sistemas de Logística Reversa, sendo que
estes têm o propósito de apoiar a estruturação e a implementação da referida Lei pela
articulação entre os órgãos e as entidades governamentais.

69
3.5.2 Logística Reversa e Responsabilidade Compartilhada

Neste item são enfatizados alguns itens da responsabilidade compartilhada que


compõe a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Muitas organizações, privadas ou públicas, tais como empresas manufatureiras,


empresas de transporte, empresas alimentícias, Forças Armadas, serviços postais,
distribuição de petróleo, transporte público entre outras, utilizam-se da logística no seu
dia a dia para a circulação de suas mercadorias. Sua importância está associada aos
custos relacionados com a cadeia de abastecimento (FERRAES NETO, KUEHNE
JUNIOR, 2012).

Logística pode ser definida como a junção de quatro atividades básicas que são:
aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos. Para que estas sejam
eficientes e eficazes, é importante o planejamento de material ou processo para que
estejam intimamente ligadas com a manufatura e o marketing (FERRAES NETO,
KUEHNE JUNIOR, 2012).

Segundo o dicionário HOUSAISS (2009), a palavra logística vem do francês


“logistique” e é um termo militar para designar a organização teórica da disposição, do
transporte e do abastecimento de tropas em uma operação militar.

Ferreira (2010) abre um panorama maior para o conceito de logística, que


também estaria ligado a atividades de planejamento, realização de: projetos, bem como
ao desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação,
manutenção e evacuação de material (para fins operativos ou administrativos).

70
A logística acontece através de seus canais de distribuição, que é o caminho
percorrido pelo produto, do fabricante até o consumidor final. O fabricante vende para o
atacadista, que vende para o varejista e este para o consumidor final. As atividades da
logística podem ser classificadas em três partes: suprimento, produção e distribuição
(CASTIGLIONI, 2009).

De acordo com KOTLER; ARMSTRONG (2007), as empresas tinham no início


de suas operações o canal de distribuição à venda direta ao consumidor não utilizando
intermediários. Com o tempo foram se somando nestes canais elementos novos para
auxiliar a distribuição de produtos conforme apresentado na Figura 3.21.

71
Figura 3.21 Evolução dos canais de distribuição dos produtos manufaturados do fabricante até o
consumidor

Canal 1

Canal 2

Fabricante

Canal 3

Fabricante

Fonte: Adaptado de Kotlher; Armstrong, (2007)

A logística faz parte/participa do fluxo de produtos por completo, ou seja: desde a


aquisição de matéria-prima, o processo de manufatura e a distribuição até a chegada
do produto ao consumidor final. Por outro lado, a logística reversa ocupa-se do retorno
dos produtos, das embalagens ou material ao ciclo produtivo (LEITE, 2003).

Segundo Ruiz (2012), com as práticas de reciclagem, a logística reversa já era


praticada, especialmente pelas empresas de eletrodomésticos, pneus e pelo setor de
embalagens de bebidas em alumínio e o de papel.

Leite (2003), ainda define que a logística reversa faz parte da área do
conhecimento que planeja, opera e controla o fluxo e as informações correspondentes
ao retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo, através dos canais de distribuição. Estes canais apresentam o fluxo dos
produtos pós-venda e pós-consumo e como estes retornam para o mercado em forma
de novos produtos, que não necessariamente o original. Estes canais agregam

72
diferentes valores: econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros. Na
Figura 3.22 exemplificam-se estes fluxos da logística reversa.

Figura 3.22 Apresentação dos canais de distribuição diretos e reversos, de produtos e manufaturas e os
atores envolvidos

Fonte: Adaptado de Leite, (2003)


Ainda para Ruiz (2012), um fator importante que incentivou a implantação da
política reversa foi o impacto nos preços de mercado, que se tornaram muito atrativos
para os catadores e recicladores.

A logística reversa, a coleta seletiva e o gerenciamento do resíduo terão sua


melhor eficiência com a introdução do conceito de responsabilidade compartilhada,
conceito este que vem congregar empresas, prefeituras, sociedade civil e as
cooperativas de catadores, especificando o papel que cada um deve desempenhar na

73
coleta seletiva, no desenvolvimento de novos produtos, na reciclagem, no tratamento e
na destinação final.

Com relação à responsabilidade compartilhada, no Capítulo II, art. 3º, inciso XVII
da PNRS (BRASIL, 2011), apresenta-se que, o ciclo de vida dos produtos e as
atribuições dos elementos responsáveis por sua manipulação, acondicionamento e
destinação, tem início pelos: fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes
passando pelos consumidores e chegando aos responsáveis pelos serviços públicos de
limpeza urbana.

O objetivo é minimizar os impactos causados à saúde humana e na qualidade


ambiental. Entende-se normalmente como resíduo aquilo que sobra do que é
consumido ou descartado. Na Figura 3.23 pode-se observar o papel de cada um dos
elementos envolvidos no processo da logística reversa e da responsabilidade
compartilhada.

74
Figura 3.23 Fluxograma de catadores, empresas e prefeituras envolvidas na logística reversa e
responsabilidade compartilhada

Fonte: Adaptado de IBAN, (2011)

No ciclo de vida de um produto todos são responsáveis por seu manejo. No item
3.5.3 será visto alguns exemplos de ações com relação ao gerenciamento de resíduo
pelas empresas, prefeituras, sociedade e o papel das cooperativas de catadores. Esta
exposição irá contribuir para o entendimento sobre os tipos de resíduos que são
recebidos nas cooperativas, uma vez que estes estão cada vez mais diversificados.

3.5.3 A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Empresas

75
A PNRS (Brasil, 2011b) enfatiza a importância das empresas desenvolverem
produtos e embalagens de forma a serem reaproveitados entrarem novamente no ciclo
produtivo.

No artigo 5º da PNRS trata-se sobre a responsabilidade compartilhada, ou seja,


todos os integrantes da cadeia que contribuem na geração do resíduo são responsáveis
por sua destinação final.

A implantação da logística reversa pelas empresas faz parte do corpo da PNRS


e o caminho percorrido pelas embalagens e/ou os resíduos gerados pelos produtos
manufaturados são rastreados e monitorados desde a saída da fábrica, passando pelo
consumidor até o retorno à empresa, para o adequado tratamento e reaproveitamento.

Nos itens a seguir são apresentadas as ações de algumas empresas com


relação à aplicação da política reversa do ciclo de vida das embalagens e produtos pós-
consumo.

3.5.3.1 Companhia de Bebidas das Américas - AMBEV

A AMBEV (2012) mantém uma série de iniciativas voltadas para a


reciclagem de resíduo pós-consumo por meio de seu programa Ambev Recicla.
Estas iniciativas, segundo a companhia, concentram-se em cinco eixos:
 educação ambiental, com material educativo;
 apoio às cooperativas, com palestras e equipamentos;
 pontos de coleta seletiva de material reciclável;
 desenvolvimento de novas embalagens que consomem menos
matéria-prima; e,

76
 fomento ao movimento de reciclagem.

Todas essas ações estão em desenvolvimento na Ambev porque uma das


prioridades, segundo a companhia, é minimizar os impactos de sua atuação no meio
ambiente. Em parceria com outras empresas, com organizações não governamentais,
com cooperativas de catadores, com o governo, entre outros atores da sociedade, a
Ambev espera aumentar os índices de reciclagem de resíduos pós-consumo no país
(AMBEV, 2014).

Segundo a AMBEV (2014), a companhia reaproveita 98,2% do resíduo


industrial, e 55% da matéria-prima da fábrica de vidros no Rio de Janeiro é composta
por cacos reciclados das unidades produtivas e de cooperativas de catadores. As
iniciativas também trazem resultados financeiros positivos. Em 2010, todo o subproduto
resultante do processo de fabricação de bebidas das fábricas gerou uma receita extra
de R$ 80,3 milhões.

O programa Reciclagem Solidária, em conjunto com a ONG Ecomarapendi, já


beneficiou mais de 46 cooperativas e 2 mil catadores em todo o país, por meio de
capacitação e de doações de equipamentos (prensas hidráulicas, balanças, carrinhos,
uniformes, equipamentos de segurança, caminhões, entre outros exemplos).

Segundo a companhia foram coletadas mais de 68 mil toneladas de recicláveis,


sendo 7 mil toneladas só de PET, decorrentes de estímulo `coleta seletiva junto a
grandes condomínios residenciais e comercias no Rio de Janeiro.

Ainda segundo a companhia a empresa busca desenvolver embalagens


sustentáveis tendo como atividades os seguintes projetos:
 Projeto Bottle 2 Bottle - desenvolvimento da primeira garrafa com PET
reciclada na sua composição. O piloto foi feito na embalagem do Guaraná

77
Antarctica de 2 litros - já no mercado - e a empresa está empenhada em aumentar
gradativamente a quantidade desse material na fabricação das garrafas;
 Caçulinhas - estímulo à reutilização de embalagens por meio da
construção de brinquedos feitos com embalagens PET, com ideias para a
reutilização das embalagens com jogos lúdicos como: vaso de flor, jogo da
memória, carimbo, cobra branca, futebol de tampinhas, peteca, jogo da velha,
carro, boliche, bilboquê, avião, ampulheta, senha e rolete; e,
 Litro retornável – incentivo no uso das embalagens de vidro retornáveis,
como o chamado “litrão”, usado para cervejas, além do relançamento do Guaraná
Antarctica de 1 litro.

3.5.3.2 Telefonia Móvel - VIVO

A empresa de telefonia celular possui programas de coleta de aparelhos usados,


de baterias e de acessórios por meio de postos de coleta em suas lojas e revendas.
Como resultado tem-se que, dos aparelhos celulares coletados, 5% são reutilizados e
95% são reciclados (VIVO, 2012).

Segundo divulgado pela empresa em seu relatório de sustentabilidade em 2011


para cada quilo de aparelhos celulares coletados são reciclados cerca de:

 110 a 150 mg de ouro; 400 a 600 mg de prata;


 20 a 30 mg de prata; 20 a 30 mg de paládio;
 100 a 130 g de cobre;
 10 a 20 g de outros metais; e,
 200 g de plástico.

Em seu último relatório de sustentabilidade, a empresa informou que em 2006


iniciou o programa “Recicle seu Celular”, a fim de promover a reciclagem e a logística

78
reversa de celulares, acessórios e baterias, por meio de urnas instaladas em algumas
de suas lojas próprias, autorizadas e de revendas. Participaram do projeto piloto
inicialmente alguns pontos de revenda localizados nas cidades de Brasília, Rio de
Janeiro e São Paulo. O programa tem o objetivo de abranger todo o País, com mais de
3,5 mil pontos de coleta. Dados da empresa divulgados em 2011, registraram que o
programa havia reciclado 2.893.416 itens entre acessórios e baterias e 962.253
aparelhos celulares (VIVO, 2012).

3.5.3.3 Embalagens Longa Vida - TETRA PAK®

A Tetra Pak®, fabricante das embalagens do tipo longa vida, atua no mercado de
reciclagem ativamente, realizando pesquisas de novas tecnologias para suas
embalagens, incentivando as cooperativas de catadores e implementando ações de
educação ambiental na coleta seletiva por meio de:

 produção de folhetos educativos para a população distribuídos em


escolas;
 capacitação de reciclagem de suas embalagens para os;
 cobertura e fechamento dos galpões das cooperativas; e,
 doação de prensas, balanças, paleteiras, empilhadeiras manuais,
computadores para as cooperativas.

Segundo a empresa, no ano de 2009 registrou-se a quantidade de 27,1 mil


milhões de embalagens da Tetra Pak® recicladas em todo o mundo. Entre 2002 e 2009
a reciclagem apresentou um crescimento mundial de 73%, como apresentado na Figura
3.24 (TETRA PAK®, 2012).

79
Figura 3.24 Evolução em porcentagem no periodo de 2002 a 2009 das embalagens tipo Tetra Pak®
recicladas (mil milhões)

Fonte: Tetra Pak®, (2012)


No período de 2011 a 2013 cerca de 196.400 mil toneladas de embalagens da
Tetra Pak®, foram recicladas no Brasil, na Tabela 3.9 é apresentada a evolução da
reciclagem das embalagens, mas para a empresa este número poderia ser maior, pois
o grande gargalo da reciclagem, ainda é, na coleta seletiva deste material e a
conscientização das pessoas em destinar corretamente estes produtos (TETRA PAK,
2014).

Tabela 3-9 Percentual e Volume de embalagens Tetra Pak ® recicladas no mercado brasileiro

Ano

2011 2012 2013


Produtos reciclados pós-consumo (%) 27,1 29,2 30,3
Volume de embalagens recicladas (t) 59.000 65.000 72.400

Fonte: Adaptado de TETRA PAK®, 2014

80
Ainda segundo a companhia, esta tem como meta para 2014, alcançar a marca
da taxa reciclagem em 32,6%, de forma a aproximar-se da meta global, que determina
uma taxa de reciclagem das embalagens longa vida em 40% até 2020 (TETRA PAK,
2014).

O ciclo da embalagem Tetra Pak® é acompanhado a partir do fornecimento da


matéria-prima, e ao longo do transporte, processo produtivo, da distribuição, do
consumo, da coleta até a sua reciclagem. Na Figura 3.25 está apresentada a
quantidade de material coletado e a respectiva quantidade do material enviado para os
diferentes usos no processo de reciclagem (CEMPRE, 2011).

Figura 3.25 Volume embalagens tipo Tetra Pak® coletados e sua distribuição no processo de reciclagem
e reutilização.

Fonte: Adaptado de Recicle CEMPRE, (2011)

3.5.3.4 Eletrônicos - ITAUTEC S/A

81
A ITAUTEC S/A, empresa responsável pela montagem e pelo desenvolvimento
de computadores, mantém um processo de recebimento de seus produtos e os pós-
consumo, onde estes são desmontados e descaracterizados, sendo as peças
reaproveitadas ou recicladas, sendo destinados aos aterros sanitários apenas os
refugos e os materiais que não podem causar danos ambientais (TERRARECYCLE,
2014).

A empresa informa ainda que no ano de 2010 o programa atingiu o volume de


3.842 toneladas de resíduo reciclado, o equivalente a cerca de 140 mil desktops e mais
de 5,6 mil Automated Teller Machine - ATM, representando um aumento de 524% em
comparação com o ano de 2009, sendo que 53,8 toneladas de placas eletrônicas (3%
do total recebido) foram encaminhadas à reciclagem fora do país. Os demais materiais
foram reciclados por empresas brasileiras. Na Figura 3.26 observa-se o fluxo do
processo de reciclagem (TERRARECYCLE, 2014).

Figura 3.26 Ciclo de vida dos equipamentos produzidos pela Itautec, sua reutilização e reciclagem

Fonte: Adaptado de TERRARECYCLE, (2014)

82
Com o objetivo de atender aos requisitos ambientais, a empresa define
em sua política ambiental uma série de compromissos específicos, tais como:
1. prevenir a ocorrência de danos ambientais decorrentes de suas
atividades buscando a utilização de tecnologias ambientalmente adequadas
no gerenciamento dos processos e na concepção de novos produtos;
2. estabelecer canais permanentes de comunicação das questões
do meio ambiente com as partes interessadas;
3. criar normas e registrar as ações relativas à conservação do
Ambiente, de forma auditável e transparente;
4. evitar o desperdício de água e energia;
5. promover o treinamento e a conscientização de seus
colaboradores internos e externos para atuarem com responsabilidade na
conservação do meio ambiente e na busca de melhorias contínuas; e,
6. estabelecer, revisar e acompanhar, anualmente, os objetivos e
as metas ambientais específicos de suas atividades.

3.5.4 A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Prefeituras

No Capítulo III, Seção I, Artigo 25 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos,


enfatiza-se que são responsáveis por ações voltadas para o gerenciamento dos
resíduos sólidos, não somente o setor empresarial e a sociedade, mas também o poder
público (BRASIL, 2011b).

A Política estabelece também, que as prefeituras devem elaborar seus Planos


Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos tendo como eixos principais:

 estruturação e participação da Sociedade;


 diagnóstico;

83
 plano de Ação; e,
 agendas para implementação.

Algumas prefeituras do estado de São Paulo mantêm sistemas de coletas


seletivas e parcerias com cooperativas de catadores e empresas, bem como ações de
conscientização e participação da sociedade, dentro do conceito da responsabilidade
compartilhada.

O gerenciamento dos Resíduos Urbanos dos três maiores municípios do estado


de São Paulo (apresentadas na Tabela 3.10) é um desafio para a administração pública
(IBGE, 2014c).

Tabela 3-10 Comparativo das características dos três maiores municípios do Estado de São Paulo.

Cidade População PIB per capita (R$) IDHM


Campinas 1.080.113 37.165,93 0,805
1.221.979
Guarulhos 35.248,49 0,763

São Paulo 11.253.503 42.152,76 0,805

Fonte: Adaptado de IBGE, (2014c)

Para cada um destes municípios, ações de gerenciamento de resíduos foram


adotadas ou serão implementadas e estão apresentadas a seguir.

3.5.4.1 Prefeitura Municipal de Guarulhos

O município de Guarulhos localiza-se na região metropolitana da cidade de São


Paulo com uma área aproximada de 318 km², e é o segundo maior município do estado
com uma população de 1.221.979 habitantes, segundo o censo de 2010 (IBGE, 2014a).

84
O Plano Diretor para Manejo dos Resíduos Sólidos da Prefeitura do Município de
Guarulhos está focado em três pilares mestres, como: formação de técnicos;
mobilização e educação ambiental para a população; e, utilização de modelos
tecnológicos mais modernos e eficazes (GUARULHOS, 2014).

As ações para a gestão de resíduos da Prefeitura de Guarulhos, segundo o


plano diretor, têm por objetivo:
 ampliar a coleta seletiva de resíduos secos porta a porta (parceria
com a sociedade, associações e cooperativas de catadores), a coleta de
resíduos orgânicos para os grandes geradores e os demais programas de coleta
seletiva da prefeitura;
 incentivar a comercialização em rede;
 ampliar a rede de pontos de entrega voluntária, as centrais de
triagem de resíduos secos e as Unidades de Processamento de Resíduos da
Construção Civil - RCC;
 implantar unidades de compostagem, áreas de transbordo e triagem
e implantar aterros de inertes para RCC; e,
 adotar compras públicas sustentáveis e prática efetiva da
“construção sustentável”.

Em 2009, a produção de resíduos domiciliares era de 700 g por habitante,


gerando quase 1.000 toneladas de resíduos por dia, segundo previsões da prefeitura
em 2020 a produção de resíduos por habitante pode chegar a 1,037 kg/hab./dia para
tanto a Política de Gerenciamento de Resíduos prevê medidas para a diminuição dos
volumes gerados e tecnologias para o reaproveitamento dos resíduos sólidos e
orgânicos (GUARULHOS, 2014).

85
3.5.4.2 Prefeitura Municipal de Campinas

O município de Campinas localiza-se na região oeste do Estado de São Paulo


com uma área aproximada de 795 km², e é o terceiro maior município do estado com
uma população de 1.080.113 habitantes, segundo o censo de 2010 (IBGE, 2014a).

A prefeitura de Campinas possui ações relativas à coleta seletiva de material


reciclável. Na Tabela 3.10 apresenta-se a evolução, registrada no período de 2004 a
2009, do volume coletado no município.

Tabela 3-11 Coleta de materiais recicláveis realizada no município de Campinas no período de 2004 a
2009

Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Toneladas 3.432,657 4.093,860 3.743,264 3.933,232 4.365,037 4.080,420

Fonte: Campinas, (2014)

O município de Campinas produz 850 toneladas por dia de resíduos sólidos


domiciliares, o que representa uma geração média de aproximadamente 0,750
kg/dia/habitante (CAMPINAS, 2014).

Entre as ações desenvolvidas com relação ao gerenciamento dos resíduos, o


município de Campinas realiza:
 coleta seletiva porta a porta, recolhimento regular de todo material
que possui condições de ser reaproveitado e reciclado, que são encaminhados
para centros de triagem operados pelas cooperativas de catadores;
 coleta de óleos vegetais comestíveis, residenciais e de indústrias,
que tenham condições de destinação e que são encaminhados às cooperativas

86
para a produção de biodiesel. Esta coleta também pode ser feita por meio de
entregas em pontos voluntários;
 coleta de resíduo especial como pilhas, baterias, lâmpadas
fluorescentes e pneumáticos inservíveis que são recolhidos e após estocagem,
são encaminhados para receberem tratamento adequado;
 fornecimento e implantação de “kits” de reciclagem, edificações e
equipamentos básicos necessários para se efetuar a segregação do material
reciclável coletado pelos serviços de coleta seletiva ou provenientes de qualquer
outro sistema similar. Estes “kits” são implantados nas centrais de triagem
operadas pelas cooperativas legitimadas pelo Decreto Municipal de Campinas nº
14.265, de 21.03.2003 (CAMPINAS, 2014), conforme maior ou menor
necessidade de infraestrutura básica para realizar os serviços de triagem, de
modo a oferecer a essas unidades condições de aperfeiçoar os processos de
reciclagem visando, sobretudo, as condições adequadas de ergonomia, higiene e
segurança no trabalho, e também, agregar valor aos produtos finais a serem
comercializados:
 implantação e operação de ecopontos para receberem de pneus,
resíduos especiais, resíduos da construção civil, e demais resíduos recicláveis e
volumosos;
 programas de educação, parceria com empresas e cooperativas
para proporcionar visitas técnicas com o objetivo de promover a sensibilização e
conscientização de pessoas físicas e jurídicas; e,
 implementação de locais para entrega voluntária de resíduo.

87
3.5.4.3 Prefeitura Municipal de São Paulo

O município de São Paulo possui uma área de 1.521,101 km², e é o maior


município do Estado com população de 11.253.503 habitantes, segundo o censo de
2010 (IBGE, 2014a).

A destinação do resíduo coletado no município é realizada de forma


diversificada, sendo grande parte realizada pelos serviços de limpeza, embora ainda
ocorra a destinação inadequada de resíduos como as queimadas e ou lançamentos em
terrenos baldios, conforme pode ser observado na Tabela 3.12 (SÃO PAULO, 2011).

Tabela 3-12 Distribuição da destinação do material reciclável no município de São Paulo em %


Jogado em
Terreno
Coletado em
Coletado por Queimado ou Baldio,
Total de Domicílios Caçamba de
Serviço de Enterrado na Logradouro,
Particulares Serviço de
Limpeza Propriedade Curso d'Água
Permanentes Limpeza
(%) (%) ou Outro
(%)
Destino
(%)
MUNICÍPIO DE
2.985.977 96,55 2,65 0,16 0,64
SÃO PAULO

Fonte: SÃO PAULO, (2011)

Em 30 de dezembro de 2002, com a edição da Lei nº 13.478/02 tem-se que,


além das disposições em face da organização do Sistema de Limpeza Urbana do
Município de São Paulo, foi criada a autárquica Autoridade Municipal de Limpeza
Urbana – AMLURB, com o objetivo de regular e promover a gestão pública da limpeza
urbana e da coleta de resíduo sólido em toda extensão territorial do município (PMSP,
2014a).

A AMLURB é o órgão gerenciador dos serviços de limpeza urbana prestados na


cidade de São Paulo, tais como: coleta de resíduos de serviços de saúde, domiciliar e

88
seletiva, varrição de vias públicas, lavagem de monumentos e escadarias e remoção de
entulho (PMSP, 2012 b).

Segundo a PMSP (2012 b), são coletados na capital cerca de 18 mil toneladas
de resíduos por dia, sendo que deste total, 10 mil toneladas são resíduos domiciliares
(RSD). A prefeitura mantém um programa de coleta seletiva contando com 20 centrais
de triagem, listadas no Anexo A, nas quais trabalham aproximadamente 1.200 pessoas,
organizadas em 20 cooperativas conveniadas e que foram objeto de estudo deste
trabalho. São mantidos pela cidade 3.811 Pontos de Entrega Voluntária - PEV com
capacidade entre 1.000 e 2.500 litros para acondicionar material reciclável, localizados
em estacionamentos, supermercados, condomínios, universidades, escolas municipais
entre outros.

A coleta de resíduo domiciliar, seletivo e de serviços de saúde é realizada pelas


companhias Loga na região noroeste, e EcoUrbis, na região sudeste, esta também
administra a Central de Tratamento de Resíduos Leste (CLT) (PMSP, 2014b).

A cidade de São Paulo ainda conta com pontos para destinação intermediária do
resíduo coletado, que são as estações de transbordo. O volume estimado de
movimentação nos transbordos é em torno de 1.200 mil toneladas por dia. Estes pontos
estão localizados nos bairros Vergueiro, Santo Amaro e Ponte Pequena.

A Secretaria Municipal de Serviços, para proceder à destinação correta do


entulho gerado pelas construções, demolições e pequenas reformas em prédios e
residências, dispõe de áreas para esta deposição, denominados os Ecopontos. Nestes
locais ocorre a entrega voluntária de pequenos volumes de entulho (até 1,0 m³), de
grandes objetos como móveis, de podas de árvores e outros. O objetivo destes espaços
é incentivar a entrega voluntária do resíduo, evitando-se que este seja lançado
indevidamente em locais públicos como praças, vias públicas, beira de córregos e
calçadas.

89
Na Figura 3.27 apresenta-se mapa indicativo da localização geográfica das
estações municipais de transbordo de RSD do município, bem como os aterros
sanitários e de inertes.

90
Figura 3.27 Localização das estações de transbordo, aterros sanitários e de inertes no município de São
Paulo

Fonte: PMSP, (2014b)

91
As demandas e as características do RSD têm se alterado ao longo do tempo
em decorrência da mudança do padrão de consumo e de comercialização, em que
avulta, dentre outros aspectos, o aumento expressivo do volume de embalagens e o
aumento considerável da taxa de geração per capita. Na Tabela 3.13 é apresentada
a distribuição gravimétrica do RSD do município de São Paulo no período de março
de 2011 a fevereiro de 2012, recolhidos pelas empresas de coleta LOGA e
ECOURBIS (PMSP, 2014 c).

Tabela 3-13 Distribuição gravimétrica do resíduo sólido domiciliar do município de São Paulo no período
de março de 2011 a fevereiro de 2012

Coletado LOGA Coletado TOTAL


Material Média (%)
(%) EcoUrbis (%) (%)

Matéria Orgânica 51,0 53,93 104,93 52,47


Papel, papelão e jornal 11,0 8,67 19,67 9,84
Embalagem Longa Vida 1,0 1,0 2,0 1,0

Embalagem PET 0,6 0,97 1,57 0,76


Isopor 0,26 0,23 0,49 0,25

Plástico Mole 8,0 7,97 15,97 7,99


Plástico Duro 7,0 6,07 13,07 6,54
Borracha 1,0 0,5 1,5 0,75
Metais Ferrosos 2,0 2,0 4,0 2,0
Alumínio 0,46 0,4 0.86 0,43

Vidros 2,0 1,9 3,9 1,95


Terra e Pedra 2,75 3,93 6,68 3,34
Madeira 2,0 2,1 4,1 2,05
Trapos e Panos 2,41 2,2 4,61 2,31
Diversos 2,15 2 4,15 2,08

Fraldas e absorventes 4,0 6,13 10,13 5,07


Pilhas e Baterias 0,01 0 0,01 0,01

Espuma 2,37 0 2,37 1,19


Fonte: Adaptado PMSP, (2014c)

92
No Plano de Gestão Integrada de Resíduos da prefeitura de São Paulo,
elaborado a partir da PNRS, registra-se a importância das 20 centrais de triagem na
administração do resíduo do município de São Paulo.

Segundo a ABES (2014), na carta de Brasília redigida no XI Seminário Nacional


de Resíduos Sólidos, ressalta-se a importância e a urgência na criação de mecanismos
e na capacitação técnica no âmbito das prefeituras e esfera Federal, para que estes
disponham de órgãos competentes e especializados em organizar, planejar, executar e
avaliar as políticas e a gestão dos resíduos sólidos.

Esta urgência na implantação dos planos de gestão citado pela ABES (2014),
decorre do pouco avanço na questão de serviços públicos de coleta de qualidade,
desde que se implantou a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

3.5.5 Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Cooperativas de Catadores

Segundo Grippi (2006), entre outros caminhos do material reciclável no Brasil,


este cita o roteiro da coleta informal, que se inicia pelo catador de rua autônomo,
(primeiro contato), depois passa por pequenos sucateiros, em seguida para os grandes
sucateiros e por fim chega ao reciclador, envolvendo um grande número de elementos
neste sistema.

A PNRS vem incentivar o funcionamento das cooperativas bem como integrá-las


de forma mais efetiva com a logística reversa, a ser implementada pelas empresas
responsáveis pelo resíduo causado no consumo e pós-consumo de seus produtos e
pelas prefeituras, que são responsáveis pela limpeza urbana. Estas propostas podem
93
ser observadas no artigo 7º, que trata sobre o papel dos catadores como agente
integrador de uma política de responsabilidade compartilhada, e o artigo 8º, que dispõe
sobre o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas
de associação de catadores de material reutilizável e reciclável (BRASIL, 2011b).

Para CEMPRE (2012), os catadores, quando organizados em cooperativas,


foram reconhecidos pela PNRS como agentes da gestão do resíduo sólido, ou seja, sua
participação é de grande valia para a coleta seletiva nas residências e empresas. As
cooperativas de catadores assumem o papel de parceiros do poder público, empresas e
população na manipulação do resíduo sólido.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos enfatiza a importância da atividade dos


catadores não somente como ambientalmente adequada, mas também como
instrumento de inclusão social.

“(...) o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo


de resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento de
cooperativas ou de outras formas de associação de catadores (...)
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como sua
contratação” (Cap. III, art. 36, VI)

Por fim, no Decreto nº 7.404 de 23.12.2010 que regulamenta a Lei nº


12.305/2010, enfatiza-se que os poderes públicos devem observar que os trabalhos de
coleta e de reciclagem devem oferecer: menos riscos à saúde e maior renda aos que
exercem esta atividade; a inclusão social dos catadores bem como a inserção das
cooperativas no serviço municipal de coleta e reciclagem; uma maior quantidade e
melhor qualidade da matéria-prima reciclada; treinamento e capacitação para ampliar a
produção e os ganhos dos cooperados (BRASIL, 2014).

94
Para ABES (2014), a carta de Brasília reforça a importância dos catadores de
material reciclável como peça importante dentro da Política Nacional de Resíduos
Sólidos pois, estes ainda vivem em condições sub-humanas nos lixões e estão
expostos a vários riscos à sua saúde ao trabalharem nas ruas, galpões e nas
instalações cedidos pelo poder público.

95
96
4 METODOLOGIA

A metodologia de estudo para este trabalho foi subdividida nas seguintes etapas:
 escolha do município;
 escolha das cooperativas de material reciclável;
 pesquisa documental e bibliográfica;
 registro da pesquisa no Sistema Nacional de Ética em Pesquisa
(SISNEP) e solicitação de aprovação por parte do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP);
 obtenção de dados; e,
 análise dos dados e elaboração de recomendações e/ou propostas
de soluções.

4.1 Escolha do Município

A escolha do município de São Paulo para a pesquisa teve os seguintes critérios:


 facilidade de acesso às informações e aos dados junto ao órgão da
administração pública de coleta de resíduo - AMLURB e às secretarias do
município;
 município onde surgiram as primeiras organizações de catadores em
cooperativa de material reciclável (MNCR, 2012);
 grande variedade de matériais, bem como a importância do volume de
resíduo gerado no município;
 estabelecimento de convênios com as cooperativas de catadores de
material reciclável, foco da pesquisa; e,
 agilidade na coleta de dados e no acesso pelo pesquisador às
cooperativas conveniadas.

97
4.2 Escolha das Cooperativas de Material Reciclável

A prefeitura de São Paulo (PMSP, 2014d) mantém 20 centrais de triagem com a


participação de 20 cooperativas de catadores de material reciclável conveniadas à
AMLURB, autarquia responsável pela organização e pelo gerenciamento deste
convênio. As cooperativas realizam a coleta, a recepção, a triagem, o armazenamento e
a comercialização do material reciclável, o que propicia uma grande variedade de
dados para análise.

Estas cooperativas possuem características comuns no que se refere à


organização jurídica, organograma, perfil dos cooperados e atividades desenvolvidas,
mas também algumas particularidades no que se refere às características regionais, às
condições de moradia dos cooperados, ao grau de instrução, à vizinhança e outros.
Estas características podem contribuir para a identificação de questões regionais e
seus impactos.

Foram escolhidas as cooperativas conveniadas que tiveram sua fundação


anterior ao ano de 2010, para que se pudesse avaliar qual o impacto da Política
Nacional de Resíduos Sólidos sobre estas cooperativas após a sua promulgação.

A opção em se escolher cooperativas conveniadas foi para viabilizar o estudo do


papel do órgão público sobre estas associações.

A relação das cooperativas conveniadas e que foram objeto de visita e análise,


apresenta-se no Anexo A.

4.3 Pesquisa Documental e Bibliográfica

98
Foi utilizado para a obtenção dos dados três procedimentos básicos: pesquisa
documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos (MARCONI; LAKATOS 2008).

Foram coletados e analisados os documentos disponibilizados pelas


cooperativas selecionadas para o estudo, tais como: relatórios, registros e termos de
constituição social, atas, notas, correspondências, etc.

Além das fontes de referência sobre o tema reciclagem e cooperativas, foram


utilizados dados disponibilizados pela Associação de Cooperativas, pela Prefeitura de
São Paulo, pelo Ministério do Meio Ambiente, de Saúde e do Trabalho, pela
FUNDACENTRO, pela FUNASA, pela CEMPRE e por outras instituições
governamentais ou não governamentais cuja atividade está relacionada ao tema.

Ademais, foram também utilizadas teses e publicações relacionadas


especificamente ao universo das cooperativas de resíduo sólido e seus atores,
incluindo nestas as informações da mídia impressa e digital.

Os contatos diretos foram realizados por meio de encontros agendados nas


cooperativas selecionadas, bem como visitas ao órgão gestor responsável pela coleta
seletiva do município de São Paulo (AMLURB), que forneceu os dados históricos da
coleta seletiva das cooperativas.

4.4 Registro da Pesquisa no Sistema Nacional de Ética em Pesquisa


(SISNEP) e Solicitação de Aprovação por parte do Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP)

99
O projeto de pesquisa foi registrado no Sistema Nacional de Ética em Pesquisa –
SISNEP.

Após a definição do município e das cooperativas de catadores de material


reciclável, a pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em
Pesquisa/FCM/UNICAMP, foi devidamente encaminhado o formulário Apêndice A.

Também foi submetido para o Comitê de Ética o Termo de Consentimento Livre


e Esclarecido, que foi assinado pelos entrevistados. Cópia deste documento consta no
Apêndice B.

Após a aprovação dos documentos acima, e a emissão do Parecer


Consubstancial do CEP, a pesquisa foi iniciada. No Anexo B apresenta-se cópia do
referido parecer.

4.5 Obtenção dos Dados

Para a obtenção dos dados foi realizada pesquisa de campo, com visitas
agendadas em cada uma das cooperativas conveniadas do município de São Paulo,
com o objetivo de:
- verificar as instalações, as condições sanitárias e a rotina do
ambiente de trabalho;
- levantar dados sociais dos cooperados e econômicos da
cooperativa;
- coletar dados sobre o material reciclável coletado, comercializado e
rejeitos, que serão utilizados na construção de gráficos e tabelas que
auxiliaram na análise e discussão dos dados;

100
- registrar fotograficamente as condições e o ambiente de trabalho; e,
- registrar o conhecimento dos presidente/responsável sobre a PNRS
e seu impacto nas atividades da cooperativa.

Foram realizadas três rodadas de visitas, sendo:


 a primeira rodada realizada em junho e julho de 2012, com o objetivo de
apresentar o trabalho, minuta do formulário, em como registrar as primeiras impressões
sobre a cooperativa; e,
 a segunda rodada ocorrida, após a aprovação do formulário pelo Comitê de
Ética, com o objetivo de aplicar o formulário e de realizar os devidos registros
fotográfiocos; e,
 uma terceira rodada de visitas nas cooperativas onde não foram possíveis o
registro de todas as informações faltaram informações, ou que na oportunidade do
estudo das respostas levantaram-se dúvidas acerca do registrado, ou para realizar
melhor registro fotográfico.

Na segunda rodada de visitas obteve-se a assinatura do termo de consentimento


prévio (Apêndice B) e foi utilizado o instrumento de coleta de dados (Apêndice A)
composto por um check list de atividades desenvolvidas pela cooperativa, bem como as
condições e o ambiente de trabalho, e um roteiro semiestruturado para entrevista com o
presidente/responsável pela cooperativa,

Antes de cada visita foram feitos contatos telefônicos para o agendamento da


entrevista e confirmados via e-mail.

As entrevistas foram realizadas com os presidentes das cooperativas pois estes


são os cooperados mais antigos e muitos deles exercem suas atividades desde a sua
fundação, bem como alguns participaram da elaboração da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, trabalham na linha de produção e são interlocutores com a prefeitura
e as empresas.
101
4.5.1 Variáveis Levantadas Para a Obtenção dos Dados

Para a obtenção dos dados, foi elaborado formulário baseado no relatório final de
estudos e pesquisas realizados pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2010)
junto as cooperativas no Brasil, sendo assim, buscou-se levantar e relacionar as
variáveis às condições e ao ambiente de trabalho das cooperativas conveniadas do
município de São Paulo, propostas neste relatório.

4.5.1.1 Variáveis Ambientais e Sanitárias

Nesta etapa foram levantadas as variáveis quantitativas e qualitativas sobre o


material reciclável recebido e/ou coletado pela cooperativa, bem como das condições
de higiene nos locais de recebimento, triagem, rejeitos e de armazenamento, conforme
relacionadas na Figura 4.1.

Figura 4.1 Variáveis ambientais e sanitárias levantadas nas cooperativas de catadores de material
reciclável
Ambiente de Trabalho Condições de
VARIÁVEIS
(Ambiência) Trabalho
Quantidade de material coletado e recebido
X
e suas condições sanitárias
Tipo de material coletado e recebido e suas
X
condições sanitárias
Quantidade de rejeito e sua destinação X
Condição dos depósitos de material a serem
X
manipulados
Condições de armazenamento dos materiais
X
depois de enfardados

4.5.1.2 Variáveis Sociais

Estas questões estão levantaram as relações da cooperativa e os cooperados de


forma a levantar um perfil socioeconômico dos que exercem as atividades, os itens
considerados apresentam-se na Figura 4.2.

102
Figura 4.2 Variáveis sociais levantadas nas cooperativas de catadores de material reciclável
Ambiente de
Condições de
VARIÁVEIS Trabalho
Trabalho
(Ambiência)
Número de cooperados X X
Número de horas trabalhadas por dia X
Insalubridade no ambiente de trabalho X
Benefícios como cestas básicas, serviços de saúde,
X
transporte, benefícios sociais, alfabetização
Ocorrências de acidentes de trabalho X
Uso de EPI X
Rotatividade dos cooperados X
Renda mensal da cooperativa X
Renda mensal dos cooperados X
Gastos da cooperativa X
Pagamento de impostos e encargos X

4.5.1.3 Variáveis Institucionais

Levantou-se as questões administrativas da cooperativa e seu funcionamento,


início do convênio com a prefeitura, seus parceiros e os acordos com entidades que
contribuem com material reciclável, máquinas, equipamentos ou outras formas de
parecerias e acordos, como cursos de capacitação, alfabetização, auxílios diversos
como material de divulgação e outros. A Figura 4.3 apresenta estas variáveis.

Figura 4.3 Variáveis institucionais levantadas nas cooperativas de catadores de material reciclável
Ambiente de
Condições de
VARIÁVEIS Trabalho
Trabalho
(Ambiência)
Regulamentação da organização X
Realização de reuniões com os cooperados X
Divulgação e educação ambiental X X
Parcerias e acordos X
Capacitação técnica e gerencial X
Formalização da relação cooperativa e
X
prefeitura

103
4.5.1.4 Variáveis Econômicas

Considerou-se para esta variável o volume de material comercializado pela


cooperativa e o valor do material reciclável, conforme se pode observar na Figura 4.4.

Figura 4.4 Variáveis Econômicas levantadas nas cooperativas de catadores de material reciclável
Ambiente de
Condições de
VARIÁVEIS Trabalho
Trabalho
(Ambiência)
Volume de material por item de comercialização X
Valor de venda do material por item comercializado X

4.5.1.5 Variáveis de Infraestrutura

Por fim, foram levantados as máquinas e os equipamentos existentes e suas


condições de uso, manutenção e outros, de forma a auxiliar no mapeamento e na
elaboração dos riscos ambientais relacionados na Norma Regulamentadora 09 (MTE,
2009). A Figura 4.5 ilustra estas variáveis.

Figura 4.5 Variáveis de Infraestrutura levantadas nas cooperativas de catadores de material reciclável
Ambiente de
Condições de
VARIÁVEIS Trabalho
Trabalho
(ambiência)
Equipamentos existentes: número e tipo, condições
X X
de funcionamento, próprio ou alugado.
Transporte existente: número e tipo de veículos,
X
cedido, próprio ou alugado.
Condições e tipo das instalações existentes na área
X
de triagem, como banheiros, refeitórios, escritório.
Condições de segurança no trabalho das máquinas
X
e equipamentos.

104
Estas variáveis foram ordenadas e compuseram o formulário aplicado nas
entrevistas (APENDICE A).

O formulário contém campos para a identificação do nome de cada cooperativa,


endereço, nome do presidente/dirigente e outras informações pertinentes, como
também questões sobre as condições de higiene e segurança no trabalho e sobre os
impactos da Política Nacional de Resíduos Sólidos na cooperativa de catadores, com
relação à sociedade, às empresas e à prefeitura.

4.5.2 Registro Fotográfico

Para o registro fotográfico foi utilizada câmera digital. Estes registros foram feitos
no período diurno respeitando a privacidade das pessoas envolvidas. Foram
fotografados elementos específicos que ilustraram os aspectos estudados neste
trabalho, bem como foram observadas as vias de acesso e vizinhança no que diz
respeito aos impactos causados à limpeza pública da região, descarte de rejeitos e os
atores indiretos ligados às cooperativas, como a existência de carroceiros e catadores
autônomos.

4.6 Análise dos Dados

Os dados coletados durante as visitas forma organizados em planilhas do


Microsoft Excel, por cooperativa, e consolidados em gráficos e tabelas, com geração de
quadros comparativos.

As respostas dos efeitos percebidos pelas cooperativas após a promulgação da


Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/10, com relação à sociedade, às
empresas e à prefeitura foram classificadas em:
 não sabe: não sabe se ocorreu alguma alteração na variável levantada;

105
 não houve alteração: não foi percebida nenhuma alteração na variável
levantada;
 alteração mínima: houve uma pequena alteração com relação à variável
levantada;
 alteração razoável: houve uma alteração pequena, mas significativa, na
variável levantada;
 alteração satisfatória: houve uma boa alteração com relação à variável
levantada; e,
 atingiu as expectativas: houve uma grande alteração com relação à
variável questionada, de forma a atender às expectativas.

Para facilitar a compreensão e a resposta, os entrevistados atribuíam uma nota


de 0 a 5 para cada afirmativa apresentada com relação ao impacto da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, onde:

0) não sabe;
1) não houve alteração;
2) alteração mínima;
3) alteração razoável;
4) alteração satisfatória;
5) atingiu as expectativas.

Foi realizada a soma da frequência das respostas por categoria e calculada a


porcentagem, e o resultado foi apresentado em gráficos de barras de forma a auxiliar
na análise comparativa.

Com a análise dos dados comparativos e as respostas obtidas com o formulário


aplicado, pode-se responder aos objetivos propostos uma vez que foi possível:

106
 listar as atividades que atualmente são desenvolvidas pelas cooperativas
de catadores;
 descrever quais são as implicações ambientais ao seu meio antrópico;
 detectar as condições relativas ao meio ambiente de trabalho; e,
 propor ações de melhorias nas condições de trabalho.

Levantou-se outras questões junto aos presidentes das cooperativas sobre a


Política Nacional de Resíduos Sólidos, como:

 se estes consideravam que a Lei nº 12.305/10 da PNRS foi um avanço


nas questões ambientais;
 se a Lei nº 12.305/10 da PNRS alterou as condições no ambiente de
trabalho; e,
 se a Lei nº 12.305/10 da PNRS alterou a rotina dos trabalhos da
cooperativa, com relação a exigência de documentos e burocracias
internas.

Após a conclusão do estudo dos dados obtidos foram propostas recomendações


para realização de novas pesquisas que possam, de alguma forma, complementar o
estudo realizado, além de proposição de ações e medidas para a melhoria das
condições do ambiente de trabalho nas cooperativas de catadores, incentivando à
redução na disposição final nos aterros sanitários de resíduo sólido e que apresenta
condições para retornar ao ciclo produtivo.

107
108
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nas variáveis da FUNASA (2010), neste capitulo serão apresentados
os dados obtidos a partir do preenchimento do formulário e as discussões pertinentes,
divididos em:
1. descrição das cooperativas conveniadas, apresentando sua localização,
datas de fundação e de início do convênio com a prefeitura, despesas e
instalações, entre outras informações;
2. variáveis sociais;
3. variáveis ambientais e sanitárias;
4. variáveis econômicas;
5. variáveis institucionais;
6. variáveis de infraestrutura;
7. condições de higiene e segurança no trabalho; e,
8. percepção do impacto da PNRS sobre a cooperativa.

As entrevistas foram realizadas no período de dezembro de 2013 a janeiro de


2014 com os presidentes das cooperativas e no próprio local onde estão instaladas.
Os entrevistados demonstraram interesse em participar e responder ao
formulário, que foi preenchido pelo pesquisador durante a entrevista, e após um breve
resumo sobre a pesquisa e desde que estivessem de acordo e assinassem o Termo de
Consentimento e Livre Esclarecimento, conforme modelo apresentado no Apêndice B, a
entrevista era iniciada e o registro fotográfico realizado.

109
5.1 Descrição das Cooperativas Conveniadas no Município de São
Paulo

As cooperativas que mantinham convênio com a prefeitura de São Paulo, até


janeiro de 2014, tendo como gestor a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana –
AMLURB, pesquisadas somavam 20 entidades. Praticamente todas as regiões da
cidade tinham pelo menos duas cooperativas de catadores de material reciclável.

A relação destas cooperativas está apresentada a seguir:

1) Cooperativa Tietê – Zona Leste


2) Coopere-Centro – Centro
3) Cooperação – Zona Oeste
4) Cooperleste – Zona Leste
5) Coopervila e Tiquatira – Zona Norte
6) Cooperativa Sem Fronteira – Zona Norte
7) Cooperativa Vitória da Penha – Zona Leste
8) Coopercaps – Zona Sul
9) Nova Conquista – Zona Leste
10) Coopervivabem – Zona Oeste
11) Cooperativa Crescer – Zona Norte
12) Cooperativa União – Zona Leste
13) Coopermyre – Zona Sul
14) Vira Lata – Zona Oeste
15) Fênix Agape – Zona Leste
16) Cooperativa Nossos Valores – Zona Sul
17) Coopermiti – Centro
18) Cooperativa Chico Mendes – Zona Leste

110
19) Cooperativa Nova Esperança – Zona Leste
20) Cooperpac – Zona Sul

Na Figura 5.1, apresenta a concentração de cooperativas conveniadas por


região, até janeiro de 2014.

Figura 5.1 Concetraçao por Zona das cooperativas conveniadas no município de São Paulo por Região
até janeiro de 2014

REGIÃO DA CIDADE NÚMERO DE COOPERATIVAS

CENTRO 2

NORTE 3

LESTE 8

OESTE 3

SUL 4

Percebe-se que a grande concentração das cooperativas está localizada na


Zona Leste, e isto ocorre por questões de disponibilidade de espaço cedido pela
prefeitura, centros religiosos ou outros tipos de concessões.

Na Figura 5.2 observa-se a distribuição das cooperativas conveniadas no


município de São Paulo.

111
Figura 5.2 Localização das cooperativas conveniadas no município de São Paulo

Fonte: Adaptado de AMLURB, (2014)

112
A seguir serão apresentadas as características de cada cooperativa entrevistada.

5.1.1 Cooperativa Tietê

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro do Tatuapé, a cooperativa,


fundada em fevereiro de 2003, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início de
suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão cedido pela prefeitura,
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, contador, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório e sala de reuniões.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e as férias são realizadas por


rodízio e os cooperados recebem 15 dias remunerados. A cooperativa ainda possui
convênio odontológico com a AESP-ODONTO, com o valor do tratamento realizado
descontado de seus vencimentos. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é
responsável por sua alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros como a TETRA PAK®, que faz doação de
equipamentos e materiais para divulgação, e o Banco do Brasil, que subsidia a compra
de novos equipamentos.

A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto, mas há


alguns que completaram o ensino médio. Os cooperados moram próximos à
cooperativa e nos bairros vizinhos.

113
5.1.2 Cooperativa Coopere-Centro

Localizada na região centro de São Paulo, no bairro do Bom Retiro, a


cooperativa fundada em março de 2003, estabeleceu convênio com a prefeitura desde
o início de suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão cedido pela
prefeitura, onde antigamente estava instalado o incinerador do município. As despesas
com água e luz são pagas pela prefeitura e as demais despesas como telefone,
manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório e sala de reuniões.

A cooperativa tem como parceiro o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos,


entidade não governamental, sem fins lucrativos ou econômicos, que atua na inclusão
social de moradores de rua, cortiços, favelas e catadores de material reciclável. O
Centro remunera a mão de obra das pessoas que fazem a contabilidade da
cooperativa, bem como as assistentes sociais que atuam no local e promove cursos de
capacitação para os cooperados.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados e o sistema de férias ainda


não foi implantado. O Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos (GASPAR GARCIA,
2014) que trabalha pela inclusão social, R$ 15,00 por cooperado para o auxílio nas
despesas do cooperado com o café da manhã e o almoço. O transporte é de
responsabilidade de cada cooperado.

A cooperativa tem serviço de saúde promovido pela Barra Funda (posto de


saúde próximo às suas instalações), que é mantida pela Santa Casa de Misericórdia.

114
A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto, mas há
alguns que estão cursando o ensino médio e têm pretensões de fazer cursos de
graduação. Os cooperados moram próximos à cooperativa e nos bairros vizinhos.

5.1.3 Cooperativa Cooperação

Localizada na zona oeste de São Paulo, no bairro da Vila Leopoldina, a


cooperativa, fundada em fevereiro de 2002, estabeleceu convênio com a prefeitura em
maio de 2003. A cooperativa está instalada num galpão alugado e pago pela prefeitura,
próximo ao CEAGESP.

A prefeitura é responsável pelo pagamento das contas de água e luz, e as


demais despesas como telefone, contador, manutenção de equipamentos, internet e
outras despesas são de responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório, sala de reuniões e salas para cursos de capacitação.

A cooperativa recolhe o INSS dos cooperados. Sobre as férias, a cooperativa


informou que os cooperados não possuem interesse em gozá-las, uma vez que é
descontado de 5% a 10% do valor recebido mensalmente para pagamento das férias.
Diante deste quadro, os cooperados preferem receber o montante recolhido e continuar
trabalhando.

A cooperativa possui parceria junto ao posto de saúde da região, que realiza


exames periódicos nos cooperados. Outros parceiros como, o BNDES e a FUNASA,
realizam o financiamento e a compra de máquinas e equipamentos.

115
A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto e alguns
poucos possuem o ensino médio completo. Nesta cooperativa, também registra-se
cooperados analfabetos. Grande parte dos cooperados mora nos municípios de Osasco
e de Itapevi e nos bairros de Jaraguá e de Perus.

5.1.4 Cooperativa Cooperleste

Localizada na zona leste de São Paulo no bairro de São Mateus, a cooperativa


fundada em abril de 2004, estabeleceu convênio com a prefeitura pouco após a sua
fundação. A cooperativa está instalada num galpão cedido pela prefeitura, onde
antigamente estava instalada a central de compostagem e incineração do município. A
prefeitura paga as contas de água e luz, e as demais despesas como telefone,
manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados e o sistema de férias ainda


não está implantado na cooperativa.

A cooperativa tem outros parceiros, como o Banco do Brasil que financia


equipamentos e promove cursos de formação. Estabeleceu, ainda, parceria com o
Instituto Coca-Cola para projeto futuro.

A maioria dos cooperados é analfabeta e outros possuem o ensino fundamental


incompleto.

116
Os cooperados moram próximos à cooperativa, o que facilita seu deslocamento
para o trabalho.

5.1.5 Cooperativa Coopervila e Tiquatira

Localizada na zona norte de São Paulo, no bairro Parque Novo Mundo, a


cooperativa, fundada oficialmente em dezembro de 2011, mas mantinha suas
atividades anterior a esta data. Estabeleceu convênio com a prefeitura desde maio de
2012. A cooperativa está instalada num galpão cedido pela prefeitura, onde funcionava
a antiga fábrica do serviço funerário do município. A prefeitura paga as contas de água
e luz e as demais despesas como telefone, manutenção de equipamentos, internet e
outras são de responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados e o sistema de férias ainda


não está implantado na cooperativa. Para os serviços de saúde é utilizado o posto de
saúde próximo à cooperativa.

A cooperativa fornece café da manhã, mas a alimentação ao longo do dia e o


transporte são por conta do próprio cooperado. A cooperativa não possuí outros
parceiros.

A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental e mora próxima à


cooperativa.

117
5.1.6 Cooperativa Sem Fronteiras

Localizada na zona norte de São Paulo, no bairro Jardim Modelo, a cooperativa,


fundada em maio de 2004, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início de
suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura,
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório e sala de reuniões.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e as férias são realizadas em


forma de rodízio. A cooperativa possui pareceria com o posto de saúde no Parque Edu
Chaves. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável por sua
alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros, como a UNISOL BRASIL - Central de


Cooperativas e Empreendimentos Solidários, associação sem fins lucrativos, que tem
por objetivo trabalhar pela melhoria das condições de trabalho. Este parceiro ministra
cursos de cooperativismo e auto gestão (UNISOL BRASIL, 2014). É parceiro também o
CEMPRE, indica a cooperativa para realizar coleta de resíduo reciclável em eventos
diversos.

A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto. Os


cooperados moram próximos à cooperativa e no município de Guarulhos.

118
5.1.7 Cooperativa Vitória da Penha

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro Vila Silvia, a cooperativa,


fundada em novembro de 2003, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início
de suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, manutenção de equipamentos, contador, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, chuveiros, escritório e uma


pequena cozinha em condições precárias de higiene e não possuí local reservado para
alimentação.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e as férias são realizadas por


rodízio e os cooperados recebem 15 dias remunerados. Não é fornecido café de manhã
e cada cooperado é responsável por sua alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros como a TETRA PAK® que faz doação de
equipamentos e materiais de divulgação, e o Banco do Brasil, que subsidia a compra de
novos equipamentos e promove cursos sobre cooperativismo e contabilidade.

A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto. Os


cooperados moram no bairro onde está localizada a cooperativa.

5.1.8 Cooperativa Coopercaps

Localizada na zona sul de São Paulo, no bairro de Vila da Paz, a cooperativa,


fundada em agosto de 2003, estabeleceu convênio com a prefeitura desde dezembro
de 2003. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura, responsável
também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas como telefone,
119
manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório, sala de reuniões, sala para palestras e cursos.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. A cooperativa remunera 15


dias de férias por ano ao cooperado e não é fornecido café de manhã. Cada cooperado
é responsável por sua alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros como a Braskem – indústria química, Pepsico


e a Gaia Social. Estas parcerias, segundo o presidente da cooperativa, resultam em
cursos de capacitação, elaboração de planos de negócios, doação de máquinas e
equipamentos, planejamento estratégico, capacitação de liderança.

O grau de instrução dos cooperados vai de analfabetos, fundamental incompleto,


ensino médio até possuem cursos de graduação e pós graduação, realizados por
alguns cooperados. A maioria dos cooperados mora próxima à cooperativa.

5.1.9 Cooperativa Nova Conquista

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro Vila Clara, a cooperativa,


fundada em dezembro de 2003, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início
de suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

120
Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,
refeitório, escritório e sala de reuniões.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. A cooperativa não implantou


o sistema de férias. Café da manhã e alimentação é de responsabilidade do cooperado
e a cooperativa auxilia no transporte.

A cooperativa não possui outros parceiros ou convênios, além dos mantidos pela
prefeitura de São Paulo.

O grau de instrução dos cooperados varia de analfabetos ao fundamental


incompleto, tendo poucos casos de ensino médio completo. A maioria dos cooperados
mora próxima à cooperativa.

5.1.10 Cooperativa Coopervivabem

Localizada na zona oeste de São Paulo, no bairro da Vila Leopoldina, a


cooperativa fundada em 2004, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início de
suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão cedido pela prefeitura,
responsável também, pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, contador, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. As férias são realizadas por


rodízio, e os cooperados recebem os dias afastados. A cooperativa ainda possui
convênio odontológico, com o valor do tratamento realizado descontado de seus

121
vencimentos. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável por sua
alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros como a Ambev, que realiza projetos e


fornecimento de equipamentos, além do Instituto Butantã, Hospital das Clínicas, Clube
Pinheiros, Correios e a FUNDACENTRO, parceiros na retirada de material reciclável.

A maioria dos cooperados possui o ensino fundamental incompleto e alguns


cursam ou completaram o ensino médio. Os cooperados moram nos bairros vizinhos da
cooperativa e nos municípios de Osasco, Barueri e Itapevi.

5.1.11 Cooperativa Crescer

Localizada na zona norte de São Paulo, no bairro de Pirituba, a cooperativa,


fundada em março de 2006, estabeleceu convênio com a prefeitura desde 2008. A
cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura responsável também
pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas como telefone,
manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório e sala de reuniões.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. As férias são realizadas em


forma de rodízio, sendo que cada cooperado tira 15 dias anuais. A cooperativa possui
parceria com o posto de saúde e o AMA da região. Não é fornecido café de manhã e
cada cooperado é responsável por sua alimentação e transporte.

122
A cooperativa tem outros parceiros como a FUNASA para a compra de
equipamentos, OCESP, SEBRAE e Banco do Brasil ministrando e cursos de
capacitação, TETRA PAK® doando com material de divulgação e equipamentos,
JEQUITI com educação ambiental junto à rede pública de ensino e outros.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e moram nas


proximidades da cooperativa.

5.1.12 Cooperativa União

Localizada na zona norte de São Paulo, no bairro Vila Carmosina, a cooperativa,


fundada em junho de 2004, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início de
suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura,
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e as férias são realizadas em


forma de rodízio. A cooperativa fornece vale transporte aos cooperados que
necessitam, cesta básica para todos e convênio odontológico para os que quiserem se
associar.

A cooperativa não possui outros parceiros além da prefeitura.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora nas


proximidades da cooperativa.

123
5.1.13 Cooperativa Coopermyre

Após vários contatos telefônicos e visitas realizadas no local, com o objetivo de


agendar data e hora para o preenchimento do formulário, a cooperativa não quis
participar da pesquisa.

5.1.14 Cooperativa Vira Lata

Localizada na zona oeste de São Paulo, no bairro do Butantã, a cooperativa,


fundada em 1999, estabeleceu convênio com a prefeitura a partir de 2009. A
cooperativa está instalada num galpão cedido pela prefeitura, responsável pelo
pagamento das contas de água e luz. As demais despesas como telefone, manutenção
de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, escritório, sala de reuniões e um pequeno auditório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. A cooperativa criou um fundo


que tem por objetivo financiar o tempo de férias dos cooperados. Não é fornecido café
de manhã e cada cooperado é responsável por sua alimentação e transporte.

A cooperativa tem outros parceiros como as empresas Porto Seguros, Diageo,


Via 4, Editora Globo e Correios, para fornecimento de material reciclável, e a
PETROBRAS que por meio da Rede Paulista, subsidia a compra de equipamentos.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora nas


proximidades da cooperativa.

124
5.1.15 Cooperativa Fênix Agepê

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro Jardim São Luiz, a cooperativa,
fundada em dezembro de 2005, estabeleceu convênio com a prefeitura desde 2008. A
cooperativa está instalada num galpão cedido pelo CDHU. A prefeitura paga as contas
de água e luz, as demais despesas como telefone, manutenção de equipamentos,
internet, contador e outras são de responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados e o sistema de férias ainda


não foi implantado. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável
por sua alimentação e transporte.

A cooperativa possui parcerias na coleta de material reciclável, com o comércio


local e com a Associação Resgate Total, vizinha à cooperativa, ministrando cursos de
informática e promovendo tratamento dentário.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora nas


proximidades da cooperativa.

5.1.16 Cooperativa Nossos Valores

Localizada na zona sul de São Paulo, no bairro do Socorro, a cooperativa,


fundada em fevereiro de 2002, teve convênio com a prefeitura desde o início de suas
atividades. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura,
responsável pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas como
telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.
125
Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,
refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. O sistema de férias é


realizado por rodízio para aqueles que possuem tempo na cooperativa e que não
tenham faltas injustificadas. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é
responsável por sua alimentação e transporte.

A cooperativa possui parceria com o grupo Pão de Açúcar, por meio da empresa
de gestão ambiental BR + 10, na coleta de material reciclável.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora nas


proximidades da cooperativa.

5.1.17 Cooperativa Coopermiti

Localizada no Centro de São Paulo, no bairro da Barra Funda, a cooperativa


fundada em setembro de 2009, estabeleceu convênio com a prefeitura desde março de
2010. A cooperativa está instalada num galpão alugado pela prefeitura, responsável
também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas como telefone,
manutenção de equipamentos, internet, e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


refeitório, auditório, oficina de arte, sala de leitura, sala de reuniões e escritório.

O recolhimento do INSS dos cooperados é realizado pela administração da


cooperativa e o sistema de férias está em fase de implantação. Não é fornecido café de
manhã e cada cooperado é responsável por sua alimentação e transporte.

126
A cooperativa possui acordos com a empresa de limpeza da Polícia Federal,
como Hospital Albert Einstein, com a Rede Door, e com a AMIL, para a coleta de
material reciclável.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e há quem


possua o ensino médio. Os cooperados moram nas proximidades da cooperativa.

5.1.18 Cooperativa Chico Mendes

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro do Parque São Raphael, a


cooperativa fundada em março de 2004 a partir de iniciativas da comunidade religiosa
local, estabeleceu convênio com a prefeitura desde 2011. A cooperativa está instalada
num terreno da CDHU, e a construção do galpão foi realizada por meio de atividades da
assistência social local. A prefeitura paga as contas de água e luz, e as demais
despesas como telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


cozinha/refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e o sistema de férias ainda


não foi implantado. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável
por sua alimentação e transporte.

A cooperativa possui parceria com o grupo Pão de Açúcar, por meio da empresa
de gestão ambiental BR + 10, com comunidade religiosa, com o SESC Itaquera e com
os moradores na coleta de material reciclável.

127
A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora nas
proximidades da cooperativa.

5.1.19 Cooperativa Nova Esperança

Localizada na zona leste de São Paulo, no bairro Vila Jacuí, a cooperativa,


fundada em outubro de 2007, estabeleceu convênio com a prefeitura desde o início de
suas atividades. A cooperativa está instalada num galpão construído e cedido pela
CDHU. A prefeitura paga as contas de água e luz, e as demais despesas como
telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de responsabilidade da
cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


cozinha/refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados, e o sistema de férias ainda


não foi implantado. Não é fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável
por sua alimentação e transporte.

A cooperativa possui parceria com a PETROBRAS na capacitação dos


cooperados e com o Instituto GEA, entidade não governamental que possui projetos na
área ambiental, que auxilia na contabilidade e administração da cooperativa.

A maioria dos cooperados possui ensino fundamental incompleto e mora no


bairro onde está localizada a cooperativa e no município de Guarulhos.

128
5.1.20 Cooperativa Cooperpac

Localizada na zona sul de São Paulo, no bairro Jardim São Pedro, a cooperativa,
fundada em agosto de 2008, estabeleceu o convênio com a prefeitura desde janeiro de
2010. A cooperativa está instalada num galpão alugado e cedido prefeitura,
responsável também pelo pagamento das contas de água e luz. As demais despesas
como telefone, manutenção de equipamentos, internet e outras são de
responsabilidade da cooperativa.

Nas suas instalações a cooperativa possui banheiros, vestiários, chuveiros,


cozinha/refeitório e escritório.

O INSS é recolhido e descontado dos cooperados. O sistema de férias


implantado por meio de rodízio dos cooperados, com descanso de 15 dias. Não é
fornecido café de manhã e cada cooperado é responsável por sua alimentação e
transporte.

A cooperativa possui parceria com o grupo Pão de Açúcar, por meio da empresa
de gestão ambiental BR + 10, e com escolas na coleta de material reciclável. A Pepsico
promove cursos de aperfeiçoamento.

Na cooperativa há desde analfabetos e quem possua o ensino fundamental


incompleto. Os cooperados moram nas proximidades da cooperativa.

5.1.21 Aspectos Comuns às Cooperativas

Os acessos são asfaltados e os cooperados se utilizam de transporte público ou


vão a pé para chegar nas cooperativas, sendo que muitos deles moram próximos ao
local de trabalho.

Foram observados problemas pontuais com relação à vizinhança que geram


reclamações como: ruído de máquinas e caminhões; mal cheiro do material recebido
129
nas cooperativas; e geração de insetos. No geral segundo a pesquisa realizada a
comunidade aceita bem a instalação da cooperativa, é reconhece seu papel ambiental
e social.

5.2 Variáveis Sociais

A partir dos dados coletados, as variáveis sociais das cooperativas em estudo


foram as seguintes:
 quantidade de cooperados e rotatividade;
 divisão por gênero, faixa etária e escolaridade;
 número de horas trabalhadas por dia e benefícios;
 renda mensal da cooperativa e remuneração dos cooperados;
 gastos da cooperativa; e,
 pagamento de impostos e encargos.

5.2.1 Número de Cooperados

Levantou-se o número de cooperados no início das atividades da cooperativa e o


número no momento em que foi realizado o preenchimento dos formulários. A Figura
5.3 apresenta esses dados.

130
Figura 5.3 Levantamento do número de cooperados no início das atividades e que atuam nas
cooperativas conveniadas em dezembro de 2013 no município de São Paulo

Pode-se verificar que as cooperativas tiveram aumento considerável no número


de cooperados desde a data de sua implantação até o momento em que foi realizada a
pesquisa de campo.

Na Tabela 5.1 é apresentada a porcentagem do aumento do número de


cooperados desde sua fundação até dezembro de 2013.

131
Tabela 5-1 Porcentagem de aumento do número de cooperados nas cooperativas conveniadas no
município de São Paulo desde sua fundação até dezembro de 2013

PERÍODO AUMENTO
COOPERATIVA
(ANOS) (%)

Cooperativa Tietê 10 233%


Cooperativa Centro 10 445%
Cooperação 11 252%
Cooperleste 9 750%
Não
Cooperativa Tiquatira 3
informado
Coop. Sem Fronteiras 9 Não houve
Coop. Vitória da Penha 10 136%
Cooperativa Coopercaps 10 300%
Coop. Nova Conquista 10 490%
Coop. Coopervivabem 9 400%
Cooperativa Crescer 7 170%
Cooperativa União 9 Não houve
Coop. Fênix Ágape 7 196%
Coop. Nossos Valores 11 267%
Coop. Coopermiti 4 130%
Coop. Chico Mendes 9 600%
Coop. Nova Esperança 6 Não houve
Coop. Cooperpac 5 Não houve

Segundo os presidentes das cooperativas e os membros da administração, o


aumento do número de cooperados decorre de uma série de fatores, tais como:

 a procura de oportunidades de trabalho;


 confiança da comunidade local nos trabalhos;
 remuneração oferecida pelas cooperativas; e,
 divulgação e capacitação dos novos cooperados.

132
Em alguns casos não houve até redução nos números de cooperados, este
fenômeno se deve ao fato que:

 procura dos cooperados por melhores condições de trabalho;


 desilusão quanto ao serviço e remuneração;
 falhas na administração atrasos nos pagamentos; e,
 outros.

Segundo a PNRS os órgãos municipais devem incentivar a participação dos


cooperados, a redução no número talvez demonstre a necessidade de maiores
incentivos na fixação do profissional.

5.2.2 Rotatividade

As cooperativas expressaram sua preocupação com a rotatividade dos


cooperados, pois isto dificulta a continuidade de atividades, uma vez que para cada
novo cooperado que há a necessidade de treiná-lo para a identificação dos materiais e
para o aprendizado da rotina e das regras das cooperativas.

Levantada qual a rotatividade, os presidentes informaram que varia de 1 mês a 1


ano, conforme apresentado na Figura 5.4.

133
Figura 5.4 Porcentagem da rotatividade dos cooperados nas cooperativas conveniadas no município de
São Paulo em dezembro de 2013

O motivo da rotatividade nos primeiros meses de ingresso dos cooperados é


atribuído a diversos fatores, tais como:

 melhoria do mercado de trabalho, que oferece melhor remuneração e


benefícios;
 decepção com os serviços da cooperativa;
 expectativa de melhor remuneração; e,
 não entender o conceito de cooperativismo, onde todos são responsáveis
pelo funcionamento da cooperativa.

O problema de rotatividade é observado em maior número entre os homens do


que com as mulheres que trabalham nas cooperativas; isto justifica-se em parte, pelas
causas levantadas acima e por outros fatores, que serão apresentados no item sobre
divisão por gênero nas cooperativas.

134
5.2.3 Divisão por Gênero

A composição por gênero (homens e mulheres) dos nas cooperativas


pesquisadas está representada na Figura 5.5.

Figura 5.5 Quantidade de homens e mulheres cooperados nas cooperativas conveniadas no município de
São Paulo até dezembro de 2013

Na Figura 5.6 apresenta-se a porcentagem entre homens e mulheres que


compõe as cooperativas.

135
Figura 5.6 Porcentagem de homens e mulheres nas cooperativas conveniadas no município de São
Paulo

A Figura 5.7 apresenta a porcentagem entre homens e mulheres que fazem


parte das cooperativas de catadores do município de São Paulo.

136
Figura 5.7 Número total e porcentagem de homens e mulheres das cooperativas conveniadas no
município de São Paulo em dezembro de 2013

A ocorrência de mais mulheres do que homens nas cooperativas justifica-se


pelos seguintes fatores:

 proximidade da cooperativa com a residência das cooperadas, de suas


famílias;
 muitas mulheres são arrimo da família;
 muitas preferem o trabalho na cooperativa do que trabalhar em empresas
como auxiliar de serviços gerais;
 facilidade na adaptação aos serviços da cooperativa;
 dificuldade de emprego devido a idade; e,
 menor qualificação e grau de instrução.

137
5.2.4 Composição Etária

Campos (2014) em um trabalho realizado com as cooperativas conveniadas no


município de São Paulo, levantou a composição da faixa etária dos cooperados,
conforme apresentado na Figura 5.8.

Figura 5.8 Composição etária em porcentagem dos cooperados das cooperativas conveniadas no
município de São Paulo

Fonte: Adaptado de Campos (2014)

Esta distribuição porcentual confirmou-se nesta pesquisa, que constatou que a


maioria dos cooperados, (31%) estão na faixa etária de 40 a 50 anos.

Uma das justificativas para este fato é que trabalhadores nesta faixa etária são
considerados “velhos” para exercerem algumas atividades no mercado de trabalho e
buscam nas cooperativas uma alternativa de trabalho e geração de renda.

138
A este fato, soma-se a baixa escolaridade conforme abordado no item a seguir.

5.2.5 Escolaridade dos Cooperados

Entre os fatores levantados nas entrevistas com os presidentes das cooperativas


pode-se citar o grau de instrução dos cooperados. Tomando como base Campos
(2014), a porcentagem observada não sofreu variações significativas. A Figura 5.9
apresenta a escolaridade registrada no estudo de Campos (2014).

Figura 5.9 Escolaridade dos cooperados em porcentagem nas cooperativas conveniadas no município de
São Paulo

Fonte: Adaptado de Campos, (2014)

A maioria (67%) dos cooperados possui o ensino fundamental (completo ou


incompleto). Neste quesito, registra-se também uma pequena parcela de analfabetos
(8%). Muitas cooperativas em parceria com organizações não governamentais tinham
entre outras, atividades, a alfabetização de adultos.

139
Estes projetos não tiveram continuidade, ou por falta de interesse ou pela falta de
disponibilidade dos cooperados. A baixa escolaridade dificulta, em alguns casos o
entendimento do funcionamento do trabalho cooperado.

5.2.6 Turnos de Trabalhos e Remuneração

Na Tabela 5.2 é apresentado: o número de turnos de trabalho da cooperativa;


valor da hora trabalhada; valor médio mensal recebido; total arrecado pela cooperativa
com a venda de material reciclado; total de despesas mensal; e a média total das
cooperativas.

Tabela 5-2 Turnos de trabalho e valores médios por hora trabalhada dos cooperados e renda mensal
média nas cooperativas conveniadas no município de São Paulo dezembro de 2013
VALOR
VALOR MÉDIO
TURNOS DE MÉDIA MENSAL
COOPERATIVA HORA
TRABALHO RECEBIDA
(R$)
(R$)
Tietê 1 turno 4,49 580,00
Coopere-Centro 2 turnos 6,85 900,00
Não calcula
Cooperativa Cooperação 1 turno 1.550,00
p/hora
Cooperleste 3 turnos 5,00 850,00
Não calcula
Coopervila e Tiquatira 1 turno 750,00
p/hora
Sem Fronteiras 1 turno 4,74 800,00
Vitória da Penha 1 turno 3,80 600,00
Coopercaps 1 turno 6,25 1.150,00
Nova Conquista 1 turno 4,00 750,00
Coopervivabem 1 turno 9,70 1.400,00
Crescer 1 turno 3,50 700,00
União 1 turno 4,45 790,00
Vira Lata 1 turno 8,00 1.350,00
Fênix Agape 1 turno 3,87 750,00
Nossos Valores 1 turno 5,50 800,00
Coopermiti 1 turno 6,25 1.500,00
Não calcula
Chico Mendes 1 turno 650,00
p/hora
Nova Esperança 1 turno 4,50 850,00
Cooperpac 1 turno 4,70 650,00
Média 5,46 914,21

140
Os turnos de trabalho variam para cada cooperativa, mas no geral realizados são
das 8:00hs às 17:00hs de segunda à sexta feiras e das 8:00hs às 12:00hs, aos
sábados. Estes turnos não atende, em parte, às necessidades da cooperativa e dos
cooperados.

Algumas cooperativas expressaram o desejo do aumento de turnos de trabalho,


mas o fator limitante é a insuficiência de cooperados.

Quanto ao valor recebido, varia de acordo com a produção e as horas de


trabalho realizadas por cada cooperado.

Umas das reivindicações das cooperativas é o pagamento dos serviços de coleta


pelos poderes públicos, de forma a melhorar a renda média mensal recebida.

5.3 Variáveis Ambientais e Sanitárias

Para discussão neste trabalho, foram consideradas as variáveis ambientais e


sanitárias, como:
 quantidade e tipo de material comercializado e suas condições sanitárias;
 quantidade de rejeito e sua destinação; e,
 condições dos depósitos de material a ser manipulado e seu armazenamento
depois de enfardados.

5.3.1 Quantidade e tipo de Material Coletado e suas Condições Sanitárias, Volume de


Rejeitos e Destinação

141
Uma vez levantada a quantidade de material entregue nas cooperativas
provenientes da coleta porta a porta, entregue pelas concessionárias, doações e outras
fontes, bem como a quantidade comercializada e de rejeitos, pode se ter um panorama
deste volume e suas condições de entrega e armazenamento.

Campos (2014) realizou trabalho de levantamento dos materiais que são


entregues, triados e os rejeitos das cooperativas de catadores conveniadas com a
Prefeitura do Município de São Paulo, na Figura 5.10 segue o resumo das quantidades
levantadas e a média mensal por cooperativa no ano de 2011.

Figura 5.10 Quantidade média mensal por cooperativa em toneladas do material entregue,
comercializado e rejeitos no ano de 2011

Fonte: Adaptado de Campos (2014)

Na Figura 5.11 foram levantados e calculados a quantidade de material


entregues, comercializados e rejeitos no período de janeiro a dezembro de 2012, das
cooperativas conveniadas na prefeitura de São Paulo.

142
Figura 5.11 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue, comercializado e rejeitos para
o ano de 2012

161,05

101,60

38,01

ENTREGUE COMERCIALIZADO REJEITOS

Media Mensal 2012 (Toneladas)

Na Figura 5.12 foram levantados a média mensal por cooperativa dos materiais
entregues, comercializados em toneladas em 2013, por falta de dados não se obteve os
valores de rejeitos.

143
Figura 5.12 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue, comercializado e rejeitos para
o ano de 2013

Na Figura 5.13 apresenta-se a média mensal dos materiais recebidos,


comercializados e rejeitos das cooperativas no periodo de janeiro a agosto de 2014.

Figura 5.13 Quantidade média mensal em toneladas do material entregue, comercializado e rejeitos –
janeiro a agosto de 2014

132,53

79,19

32,86

ENTREGUE COMERCIALIZADO REJEITOS

Media Mensal (Toneladas) - Janeiro a agosto/2014

144
As cooperativas possuem características comuns com relação ao recebimento e
seleção de materiais, mas a quantidade do material triado varia com a capacidade da
cooperativa em: separar os materiais; tipos de equipamentos; número de cooperados
que trabalham nesta operação; e, a qualidade e do tipo de material coletado.

O material reciclável entregue nas cooperativas é proveniente das


concessionárias que fazem a coleta nos domicílios e pequenos pontos comerciais,
porta a porta, conjuntos residenciais, edifício multifamiliar, comercial, supermercados,
comercio próximo a cooperativa e outros parceiros conveniados.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2011), estabelece que os


municípios deverão alcanças índices de cerca de 20% de reciclagem de seus resíduos
(MMA, 2012b).

Este índice proposto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não foi
alcançado, pois boa parte ainda do material reciclado são lançados em aterros
sanitários na forma de rejeitos ou não tiveram sua coleta realizada.

Dos gráficos apresentados pode-se elaborar a tabela em porcentagem dos


materiais comercializados e dos rejeitos em relação a quantidade material entregue nas
cooperativas, conforme apresentada na Tabela 5.3.

Tabela 5-3 Porcentagem de material comercializado, rejeitos e armazenado no periodo de 2011 a agosto
de 2014

Material
Rejeitos Material armazenado
ANO Comercializado
(%) (%)
(%)

2011 76,70 19,26 4,04


2012 63,09 23,60 13,31
2013 68,75 24,91 6,14
2014 56,75 24,80 18,45

145
A partir da Tabela 5.3, observa-se que cerca de 70% a 50% dos materiais
entregues nas cooperativas são comercializados, e aumento no volume dos materiais
considerados rejeitos. Este fato está vinculado a qualidade dos materiais entregues.

A diferença entre o material comercializado e rejeitos são os materiais que são


armazenados para comercialização futura ou que serão ainda triados, aumentando
assim o volume de material estocado nas cooperativas, observa-se um aumento no
volume.

Foi observado a presença de materiais perigosos, que são descartados e


enviados como rejeitos para os aterros sanitários, estes materiais oferecem riscos à
saúde do trabalhador, que será apresentado no item sobre a saúde e segurança no
trabalho.

5.3.2 Condições de Depósito de Material a Serem Manipulados e seu Armazenamento


depois de Enfardados

As concessionárias de coleta da prefeitura utilizam caminhões compactadores,


conforme a conforme a Figura 5.14, para a coleta. Estes prensam os materiais
destruindo parte deles, como por exemplos os vidros e a sua manipulação muito difícil
por estarem prensados, tendo que em alguns casos se utilizarem de picaretas para
solta-los, além disso, com muita matéria orgânica misturada.

146
Figura 5.14 Recebimento de material reciclável com caminhão compactador da concessionária de
serviços de coleta

O material recebido via coleta própria em caminhões tipo gaiola, conforme a


Figura 5.15, coletados em pontos específicos chegam nas cooperativas mais limpo,
melhor separados, com isto sua manipulação é mais rápida e com melhores condições
de higiene.

147
Figura 5.15 Detalhe do recebimento de material reciclável com caminhão tipo gaiola cedido ou proprio da
cooperativa de catadores

As condições de armazenamento do material reciclável em algumas cooperativas


é bem critico, pois devido ao grande volume de material que chega diariamente, a
qualidade do material e as dificuldades de dar vazão na separação, este se acumula na
entrada da cooperativa.

Devido ao acumulo de material reciclável há problemas de circulação, higiene e


segurança e aumento de material que acaba sendo rejeitado, conforme pode ser
observado nas Figuras 5.16 e 5.17.

148
Figura 5.16 Detalhe do acumulo de material reciclado a ser triado

Figura 5.17 Detalhe do material acumulado a ser triado ou que será destinado como rejeito

149
Em alguns casos o local de recebimento fica a céu aberto sujeito a intempéries,
que acaba com que boa parte do material seja rejeitado, conforme Figura 5.18.

Figura 5.18 Detalhe do material reciclável recebido, cooperativa

5.4 Variáveis Econômicas

Para as variáveis econômicas, levantou-se o volume e o valor de venda do


material por item de comercialização.

5.4.1 Valor de Venda do Material Reciclado e Recebido

Os valores de venda do material reciclável praticados no período da pesquisa de


campo realizada estão relacionados na Tabela 5.4. Não foi possível coletar dados

150
anteriores a 2010. Os valores apresentados são os praticados em praticamente todas
as cooperativas.

Tabela 5-4 Massa e valor de venda de cada material reciclado e porcentagem de cada material em
relação ao total coletado e comercializado mês base novembro e dezembro 2013
VALOR
MASSA VALOR PESO VALOR
MATERIAL TOTAL
(KG) (R$) (%) (%)
(R$)
PET BRANCA/VERDE 3525 1,85 6521,25 4,74 15,19
PET COLORIDA 605 0,55 332,75 0,81 0,78
PP BRANCO 923 1,25 1153,75 1,24 2,69
PP COLORIDO 2070 1,1 2277 2,78 5,30
PEAD BRANCO 1809 1,5 2713,5 2,43 6,32
PEAD COLORIDO 1852 1,2 2222,4 2,49 5,18
PEAD PRETO 700 0,9 630 0,94 1,47
APARA BRANCA 1033 1 1033 1,39 2,41
APARA COLORIDA 2450 0,5 1225 3,29 2,85
PAPELÃO 19600 0,44 8624 26,34 20,09
PAPEL BRANCO 6603 0,37 2443,11 8,87 5,69
PAPEL MISTO 13100 0,25 3275 17,60 7,63
®
TETRA PAK 5019 0,27 1355,13 6,74 3,16
FERRO 7880 0,36 2836,8 10,59 6,61
VIDRO 3601,5 0,1 360,15 4,84 0,84
LATA ALUMINIO 920 3 2760 1,24 6,43
PS COPINHO 1040 0,8 832 1,40 1,94
PVC 800 0,7 560 1,07 1,30
RAIO X 29 4 116 0,04 0,27
OLEO FRITURA 525 0,6 315 0,71 0,73
PLACAS COMPUTADOR 9,5 10 95 0,01 0,22
FIO COBRE 5 12,8 64 0,01 0,15
CHAPA ALUMINIO 61 3 183 0,08 0,43
PANELA ALUMINIO 170 4,3 731 0,23 1,70
BLOCO ALUMINIO 36 2,5 90 0,05 0,21
PERFIL ALUMINIO 36 4,5 162 0,05 0,38
INOX 304 7 2,2 15,4 0,01 0,04
INOX 340 11 0,4 4,4 0,01 0,01
TOTAL 74420 42930,64

Fonte: Cooperativa Chico Mendes

151
Os valores comercializados pelas cooperativas, suas despesas e a receita final é
apresentada na Tabela 5.5.

Tabela 5-5 Valor médio recebido pelas cooperativas com a venda de material reciclável, total de
despesas mensais e receita final em 2013 nas cooperativas conveniadas no município de São Paulo
TOTAL
ENTRADA RECEITA
DESPESAS
COOPERATIVA MENSAL FINAL
MENSAL
(R$) (R$)
(R$)
Cooperativa Tietê 59.063,72 9.000,00 50.063,72
Cooperativa Coopere-Centro 100.000,00 23.000,00 77.000,00
Cooperativa Cooperação 100.000,00 20.000,00 80.000,00
Cooperativa Cooperleste 70.000,00 12.000,00 58.000,00
Cooperativa Coopervila e Tiquatira 21.000,00 2.000,00 19.000,00
Cooperativa Sem Fronteiras 30.000,00 6.000,00 24.000,00
Cooperativa Vitória da Penha 20.000,00 4.000,00 16.000,00
Cooperativa Coopercaps 75.000,00 6.500,00 68.500,00
Cooperativa Nova Conquista 27.500,00 Não informou -o-
Cooperativa Coopervivabem 121.023,00 10.889,00 110.134,00
Cooperativa Crescer 40.000,00 12.000,00 28.000,00
Cooperativa União 20.000,00 8.780,00 11.220,00
Cooperativa Vira Lata 84.000,00 12.500,00 71.500,00
Cooperativa Fênix Agape 20.000,00 1.500,00 18.500,00
Não
Cooperativa Nossos Valores 10.000,00 -o-
informou
Não
Cooperativa Coopermiti 9.000,00 -o-
informou
Cooperativa Chico Mendes 37.689,30 6.758,98 30.930,32
Cooperativa Nova Esperança 20.000,00 3.000,00 17.000,00
Cooperativa Cooperpac 27.500,00 6.000,00 21.500,00
VALORES MÉDIOS 49.531,86 7.750,00 41.781,56

152
Nas despesas estão incluídos os valores gastos com telefone, manutenção de
equipamentos, material de escritório, internet, recolhimento de INSS, contribuição para
férias do cooperado e outras despesas administrativas.

O valor final é rateado pelos cooperados o que gera em média uma remuneração
que varia conforme o número de cooperados entre R$ 700,00 a R$ 1.000,00.

5.5 Variáveis Institucionais

Para as variáveis institucionais foram analisados:


 divulgação e educação ambiental; e,
 capacitação técnica dos cooperados.

5.5.1 Divulgação e Capacitação Técnica dos Cooperados

A divulgação realizada pelas cooperativas é feita quando, na retirada do material


reciclável na residência das pessoas que participam do sistema porta a porta, o
cooperado explica sobre a reciclagem, as formas corretas de separação e o cuidado
com a higiene dos materiais.

Algumas empresas fornecem para a cooperativa material impresso para


divulgação, que é entregue também nas casas da comunidade, em escolas e outros
locais.

153
Com relação à capacitação, pode-se citar a cooperativa Crescer, que possui
projeto para a capacitação de cooperados em parceria com a Secretaria do Trabalho da
prefeitura, Tetra Pak®, Sabesp e outros, de forma a capacitar mão de obra para
trabalhar nas cooperativas.

5.5.2 Capacitação Técnica dos Cooperados

A capacitação técnica dos cooperados ocorre de várias formas, podendo-se citar


as seguintes práticas como usuais:

 os novos cooperados recebem orientação sobre o funcionamento da


cooperativa, suas normas e seus procedimentos;

 os cooperados mais antigos instruem os mais novos com relação aos


tipos de materiais que devem ser separados, como plásticos, papel,
papelão e outros, instruem também sobre a retirada de rótulos, tampas e
outros beneficiamentos, apresentam informações sobre o uso das
máquinas e dos equipamentos, orientam acerca dos cuidados com a
segurança e com a produção, para que não haja perdas na esteira;

 entidades não governamentais e empresas privadas que ensinam sobre a


separação de materiais plásticos, uso de máquinas e dos equipamentos;

 a Universidade de São Paulo mantém curso para a manipulação e


separação de materiais eletrônicos, os riscos que este oferecem ao
cooperado e ao meio ambiente e curso de reciclagem DIAS (2012b); e,

154
 há cooperativas que mantém cursos de capacitação de longa duração
sobre os trabalhos na cooperativa em parceria com a prefeitura de São
Paulo e a Secretaria do Trabalho.

Quanto ao uso de equipamentos de proteção individual EPI, foi identificado pelo


autor a ocorrência anterior de palestras e orientação sobre o uso destes equipamentos
nas cooperativas entrevistadas.

Quanto à alfabetização dos cooperados analfabetos já existiram projetos com


esta finalidade, mas que não tiveram continuidade por falta de disponibilidade e ou de
interesse dos cooperados.

5.6 Variáveis de Infraestrutura

Com relação à infraestrutura relacionada com o meio ambiente de


trabalho e as condições de trabalho analisaram-se:
 os equipamentos existentes, quanto ao número e tipo, suas condições
de funcionamento, próprio ou alugado;
 os transportes existentes, quanto ao número e tipo dos veículos, cedido,
próprio ou alugado; e,
 as condições e os tipo das instalações existentes na área de triagem,
como banheiros, refeitórios, escritórios e outros.

Para melhor compreensão das condições de segurança do trabalho dos


cooperados, neste item foram levantados também os riscos ambientais dos
equipamentos.

155
5.6.1 Equipamentos, Transporte, Condições e Tipo das Instalações

O equipamento mais comum é o local destinado para a separação dos resíduos


recicláveis pelos cooperados, o que é normalmente feito em mesas com esteira rolante,
conforme ilustrado nas Figuras 5.19 e 5.20.

Figura 5.19 Detalhe de mesa separadora com esteira rolante

156
Figura 5.20 Detalhe do final da linha da mesa separadora de material reciclável com esteira

Algumas cooperativas quer seja por falta de espaço, manutenção, ou verba para
a compra de mesas rolantes, ainda se utilizam das mesas separadoras fixas (Figura
5.21) que, como consequência no trabalho dos selecionadores, apresenta menor
produtividade na separação dos materiais recicláveis e grande acúmulo de resíduos.

157
Figura 5.21 Mesa separadora fixa de material reciclável

Uma cooperativa ainda se utilizava do sistema tipo gaiola metálica (Figura 5.22),
mesmo possuindo espaço para a instalação de uma mesa rolante. Porém até o
momento em que a pesquisa foi realizada, não havia conseguido verba e ou incentivo
para a aquisição de uma mesa separadora com esteira rolante.

158
Figura 5.22 Detalhe do sistema de separação de material reciclável depositado em gaiola metálica

As mesas separadoras fixas não proporcionam a melhor forma de trabalho para


os cooperados, pois demandam maior gasto de energia na manipulação do material
reciclado. O sistema de separação tipo gaiola metálica acumula grande quantidade de
material e há dificuldades na sua limpeza.

O equipamento que, segundo as cooperativas, é adequado para a atividade de


seriação de material reciclável, é a mesa separadora elevada com esteira rolante,
(Figuras 5.23 e 5.24), pois o material já separado é armazenado em grandes “bags” que
são retirados por outro grupo de cooperados. O fator limitante para o uso deste tipo de
equipamento é o espaço necessário para a sua instalação e a capacidade do galpão
para suportar seu sistema de elétrico.

As cooperativas que dispõe deste equipamento, o conseguiram por meio de


doação realizada pela prefeitura ou pelas empresas parceiras, ou por meio de projetos
com o BNDES.

159
Figura 5.23 Detalhe de mesa separadora elevada com esteira rolante

Figura 5.24 Mesa elevada para separação de resíduos em fase de implantação.

160
Cabe registrar que os cooperados, quando em trabalho nas mesas separadoras
estão expostos a riscos físicos como ruídos, químicos com as poeiras durante a
operação, biológicos materiais contaminados com matéria orgânica e vetores,
ergonômicos na postura, e pressões na produção e de acidentes com riscos de quedas.

Segundo a NR 09 (MTE, 2014), os riscos ambientais aos quais estão expostos


os cooperados na atividade de separação e triagem do resíduo reciclável, nas mesas
separadoras e na gaiola metálica, são os relacionados na Tabela 5.6.

Tabela 5-6 Riscos ambientais das mesas separadoras e gaiola metálica

Mesa
Mesa
Riscos separadora Mesa Gaiola
separadora com
ambientais elevada com separadora fixa metálica
esteira
esteira

Físico Ruído, calor Ruído, calor Calor Calor

Químico Poeira Poeira Poeira Poeira

Material Material Material Material


contaminado, contaminado, contaminado, contaminado,
Biológico
vetores de vetores de vetores de vetores de
doenças doenças doenças doenças

Postura, trabalho Postura, trabalho Postura, trabalho Postura, trabalho


em pé e em pé e em pé e em pé e
Ergonômico repetitivo, ritmo repetitivo, ritmo repetitivo, ritmo repetitivo, ritmo
de produção, de produção, de produção, de produção,
atenção atenção atenção atenção
Queda, corte, Corte, arranjo Corte, arranjo Corte, arranjo
Mecânico
arranjo físico físico físico físico

Outro equipamento necessário nas cooperativas é a prensa hidráulica, utilizada


para a compactação dos materiais recicláveis que serão comercializados. As prensas
são doadas pela prefeitura, pelas empresas parceiras ou adquiridas via financiamento
do BNDES.

161
Todas as cooperativas pesquisadas possuem uma ou mais prensas hidráulicas.
Os materiais após serem triados são depositados em seu interior (Figura 5.25),
prensados (Figura 5.26), e armazenados para serem comercializados (Figura 5.27).

Figura 5.25 Prensa hidráulica para material reciclável sendo alimentada

162
Figura 5.26 Detalhe da prensa hidráulica com o material já prensado

Figura 5.27 Detalhe do material prensado e enfardado

163
Algumas cooperativas possuem picotadoras de papel (Figura 5.28), pois
recebem documentos para serem destruídos e descaracterizados. Este é um tipo de
serviço normalmente oferecido para empresas que desejam descartar documentos que
necessitam ser destruídos.

Figura 5.28 Máquina picotadora de papel

Quanto aos vidros quando não triturados em equipamento próprio (Figura 5.29),
são armazenados em caçambas até que fiquem cheias (Figura 5.30) para serem
destinados para as empresas recicladoras.

164
Figura 5.29 Máquina trituradora de vidro

Figura 5.30 Caçamba para armazenamento e comercialização de vidros

165
Ainda pode-se incluir nos equipamentos que algumas cooperativas possuem a
desfragmentadora de isopor (Figura 5.31).

Figura 5.31 Desfragmentadora de isopor

Os riscos ambientais aos quais estão expostos os cooperados nas atividades de


prensagem de material reciclável e de trituração de vidro, no manuseio de picotadora
de papel, e na desfragmentadora de isopor estão relacionados na Tabela 5.7.

166
Tabela 5-7 Riscos ambientais na prensa hidráulica, triturador de vidro, picotadora de papel e
desfragmentadora de isopor

Triturador de Picotadora de Desfragmentadora


Risco ambientais Prensa hidráulica
vidro papel de isopor

Físico Ruído Ruído Ruído Ruído

Químico Poeira Poeira Poeira Poeira

Manuseio de Manuseio de Manuseio de Manuseio de


Biológico material material material material
contaminado contaminado contaminado contaminado

Postura, trabalho Postura, trabalho Postura, trabalho


Postura, trabalho
Ergonômico em pé, repetitivo, em pé, repetitivo, em pé, repetitivo,
em pé, peso
peso peso peso

Mecânico Corte Corte Corte Corte

Outros equipamentos também utilizados nas cooperativas no transporte de


material prensado e outros serviços de movimentação de rejeitos são as empilhadeiras
(Figura 5.32) e as carregadeiras tipo Bobcat (Figura 5.33).

167
Figura 5.32 Empilhadeira

Figura 5.33 Mini carregadeira tipo Bob Cat

168
Os riscos ambientais destes equipamentos e do caminhão gaiola destacam-se
na Tabela 5.8.

Tabela 5-8 Riscos ambientais da empilhadeira, mini carregadeira e caminhão gaiola

Mini carregadeira Caminhão tipo


Risco ambientais Empilhadeira
tipo Bob Cat gaiola

Físico Ruído Ruído Ruído

Químico Poeira Poeira Poeira

Manuseio de Manuseio de Manuseio de


Biológico material material material
contaminado contaminado contaminado

Postura, trabalho Postura, trabalho Postura, trabalho


Ergonômico em pé, repetitivo, em pé, repetitivo, em pé, repetitivo,
peso peso peso

Queda na
Mecânico Queda de material Queda de material
descarga e carga

As despesas de manutenção das máquinas e dos equipamentos são de


responsabilidade das cooperativas, mas muitas vezes não são realizadas por falta de
recursos financeiros.

5.6.2 Locais de Convivência

As cooperativas dispõem de banheiros, vestiários, locais para refeição e


descanso, sala de reuniões e administração, mas suas condições de higiene e sua
manutenção variam conforme o espaço físico da cooperativa e suas necessidades.

169
As condições sanitárias e de manutenção destes espaços são bem variados,
havendo locais bem conservados e outros em péssimo estado de higiene e
conservação, conforme pode-se observar nas Figuras 5.34, 5.35, 5.36 e 5.37.

A área de convivência (Figura 5.4) também é utilizada pela cooperativa para


reuniões e treinamentos com os cooperados e outras atividades como leitura e
descanso.

Figura 5.34 Local de descanso e alimentação

170
Figura 5.35 Local destinado a alimentação e descanso

Figura 5.36 Detalhe das condições sanitárias e de manutenção de banheiros e vestiários

171
Figura 5.37 Detalhe do estado de conservação e de higiene de sanitários e vestiário

Vale salientar que segundo os entrevistados as condições de higiene nos locais


de convivência não sofreram alterações após a implantação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, que este seria um trabalho de conscientização e orientação da
administração das cooperativas.

Pouco cooperativas possuem locais específicos para o descanso, leitura e


convivência como observados na Figura 5.38.

172
Figura 5.38 Local destinado para leitura, descanso e reunião

Foi observada em muitos casos a falta de higiene e manutenção em especial nos


banheiros e vestiários, mas observou-se também que outras cooperativas se
preocupam em ter locais de convivência com conforto para os cooperados.

A limpeza e a manutenção destes locais são de responsabilidade das


cooperativas.

5.6.3 Saúde e Segurança no Trabalho

A Prefeitura de São Paulo fornece para as cooperativas equipamentos de


proteção individual (EPI), tais como: botas, luvas, óculos de proteção, protetor auricular,
sinto de segurança, protetor solar e camisetas promocionais.

Dos relatos levantados, todos desconhecem acidentes com gravidade ou


afastamento e que tenham ocorrido nos últimos seis meses. No período da pesquisa,
ocorreram pequenos incidentes como:

173
 corte na mão de uma cooperada que não estava utilizando a luva de
proteção necessária para a atividade na esteira; e,
 torção no pé de um cooperado ao pular do caminhão.

Muitos casos não são notificados ou registrados pela categoria, pois não é uma
prática formal.

Das atividades desenvolvidas nas cooperativas segundo a classificação


brasileira de ocupações – CBO/5192 (MTE, 2009), as duas principais atividades
desenvolvidas nas cooperativas:

 selecionador de material reciclável, responsável pela separação, e triagem


dos materiais recebidos; e,
 operador de prensa de material reciclável, responsável pela prensagem e
pelo enfardamento dos materiais após a sua triagem.

Durante as visitas realizadas foram entrevistadas as cooperadas responsáveis


pela seleção de materiais. É neste tipo de atividade que a quase totalidade das
mulheres são alocadas, ficando sob responsabilidade dos homens o trabalho que
demanda maior esforço físico, como o transporte dos “bags”.

Para ilustrar esta atividade, foi selecionado o registro fotográfico de uma esteira
rolante (Figura 5.39) da Cooperativa Crescer, que possuí características semelhantes
às de grande parte das demais cooperativas pesquisadas.

174
Figura 5.39 Esteira rolante para a triagem de material reciclável instalada na Cooperativa Crescer

Os procedimentos para execução dos serviços de triagem são:


 o material é recebido na cooperativa onde é submetido à uma pré-seleção,
afim de separar os sacos plásticos ou cargas que possuem um único tipo de material
como papel, isopor, vidros, material eletrônico, indiferenciados, sem comercialização e
outros são destinados para prensagem, baias específicas de desmonte,
armazenamento para uso futuro ou rejeitados.
 os outros sacos são lançados na ponta da esteira, (Figura 540), que após o
acionamento circulam uma vez para triagem;
 os sacos são abertos e cada selecionador fica responsável naquele dia em
coletar um tipo de material específico que pode ser papel, embalagens de desinfetante
ou amaciante, garrafas PET, papel, papelão, alumínio, cobre e outros materiais que
possam ter algum valor comercial (Figura 5.41);
 o selecionador deposita o material em “bags” localizados atrás dos mesmos e,
depois de cheios, são retirados por outros cooperados que os encaminha para a
prensagem e o armazenamento (Figura 5.42);
175
 o rodízio para a coleta é determinado por uma responsável, normalmente a
cooperada mais antiga, que também ensina como trabalhar na esteira e como
identificar os materiais; e,
 após a passagem dos materiais, os que não são coletados caem num “bag”
localizado ao final da esteira. Estes materiais são considerados rejeitos e, então,
descartados (Figura 5.43).

Figura 5.40 Detalhe do início da esteira rolante para separação de material reciclável

176
Figura 5.41 Circulação dos sacos plásticos na esteira sendo abertos para a triagem

Figura 5.42 Detalhe dos “bags” para o depósito do material selecionado

177
Figura 5.43 Detalhe final da esteira, que contém o “bag” para destinação do material rejeitado

O período de trabalho é de oito horas diárias e sua rotina divide-se em:

 8h45min: o cooperado chega à cooperativa e toma seu café da manhã. Na


Cooperativa Crescer, esta refeição é oferecida ao cooperado pela própria cooperativa,
neste caso específico;
 9h00min: são iniciados os trabalhos e é feita a divisão e a programação das
tarefas do dia, alocando-se cada cooperado em tarefas específicas;
 12h00min: pausa para o almoço;
 13h00min: retorno às atividades do turno da tarde;
 18h00min: final do dia de trabalho.

Cada cooperado recolhe de 3 a 4 tipos de material. Em geral a operação de


catação nas esteiras é feita por mulheres. O trabalho é realizado em pé, e não há

178
horário programado para descanso, sendo que na maioria das cooperativas
entrevistadas não há local apropriado para tal. As cooperadas entrevistadas informaram
que o descanso é feito quando a esteira é parada para algum tipo de operação, como a
retirada dos “bags” de material separado e de rejeitos, e/ou quando algum caminhão é
recebido para descarga de material.

Os trabalhos também demonstraram ser insalubres, uma vez que ocorre contato
com material sujo de matéria orgânica. As embalagens de vidro e as latinhas de aço
aumentam a probabilidade de acidentes de trabalho.

As cooperadas não informaram nenhum acidente grave ocorrido na esteira no


tempo que trabalham nesta função, sendo registrados apenas pequenos cortes.

O trabalho realizado nas esteiras é de grande importância na produção geral da


cooperativa, pois é nesta etapa que ocorre a separação dos materiais comercializados,
ou seja, quanto mais material se separa, maior é o volume de material que será enviado
a sucateiros ou empresas. Por esta razão, parte das entrevistadas desta cooperativa
acredita que a sua remuneração deveria ser diferenciada e não entrar no rateio com
todos os demais cooperados como é feito na maioria das cooperativas pesquisadas.

Outra reclamação registrada na entrevista refere-se às condições dos materiais


recebidos provenientes de residências que são entregues muito sujos e/ou misturados
com matéria orgânica. Neste material também é constante a presença de restos de
comida, fraldas, jornal com urina animal, plásticos sem valor e outros, dificultando o
trabalho, causando mau cheiro e gerando uma grande quantidade de rejeitos.

Assim, a importância da conscientização da sociedade na separação correta dos


materiais e que estes estejam limpos de matéria orgânica é fator fundamental para o
sucesso da reciclagem, pois agrega maior valor ao produto, facilitando o trabalho na
esteira e diminuindo o volume de material rejeitado.

179
Quando perguntado às cooperadas se gostavam do trabalho que exerciam, elas
não souberam responder. Porém a grande maioria informou que o trabalho não era
ruim e que é uma oportunidade de auxiliarem com a remuneração recebida, no sustento
da família.

5.7 As Cooperativas e a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Foi perguntado aos presidentes das cooperativas. Para avaliarem os resultados


da Política Nacional de Resíduos Sólidos, nestes quatros anos de sua implementação.
A partir de questões fechadas, poder-se-ia atribuir notas com os seguintes critérios: 0)
não sabe; 1) não houve alteração; 2) alteração mínima; 3) alteração razoável; 4)
alteração satisfatória; e, 5) atingiu as expectativas. As respostas foram tabuladas e
geraram gráficos que auxiliaram na análise dos resultados obtidos.

Antes do início da aplicação do formulário, foi perguntado aos presidentes das


cooperativas se era de seu conhecimento a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Todos afirmaram ter conhecimento de seu conteúdo, sendo que alguns participaram de
sua elaboração.

5.7.1 A PNRS e a Rotina das Cooperativas

Perguntado se a Política Nacional de Resíduos Sólidos afetou a rotina de


serviços e de atividades da cooperativa (Figura 5.44), entendendo como rotina as
atividades de coleta e recebimento de materiais, segregação, prensagem e

180
enfardamento, comercialização e atividades administrativas, 61,1% dos entrevistados
afirmaram não haver alteração na rotina da cooperativa.

Figura 5.44 Resultado das respostas em porcentagem se a PNRS alterou a rotina das cooperativas

61,1%

16,7% 16,7%

5,6% 0,0% 0,0%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

Os responsáveis pela cooperativa, que consideraram que ocorreu alteração


razoável (16,7%) ou satisfatória (16,7%), levaram em consideração na sua avaliação as
condições dos materiais recebidos e o aumento da procura das cooperativas por
empresas e organizações com demandas de trabalhos e convênios.

181
5.7.2 Alteração nas Condições de Trabalho na Cooperativa

Foi perguntado aos presidentes das entidades pesquisadas se houve alterações


nas condições de trabalho nas cooperativas. A Figura 5.45 apresenta a incidência das
respostas quando perguntado.

Figura 5.45 Alteração das condições no ambiente de trabalho após a implantação da PNRS

52,6%

15,8%

10,5% 10,5% 10,5%

0,0%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

Após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, as cooperativas


não perceberam alterações nas condições de trabalho, considerando-se para a
resposta as condições de higiene dos materiais recebidos e das atividades exercidas.

Soma-se a isto, o entendimento que os cooperados tem de que a PNRS, não


contempla a questão de higiene e de segurança no trabalho. A frequência na utilização
de equipamentos de proteção individual e de equipamentos de proteção coletiva
continua a mesma.
182
5.7.3 Volume de Resíduos Recebidos

Neste item buscou-se saber se o volume de resíduos recebido nas cooperativas


aumentou após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A Figura 5.46
apresenta os dados obtidos.

Figura 5.46 Alteração dos volume recebido nas cooperativas após a implantação das PNRS

22,2% 22,2%

16,7% 16,7%

11,1% 11,1%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

Quanto à alteração do volume de materiais, a pesquisa revelou uma distribuição


quase homogênea nas respostas das cooperativas.

Para 22,2% dos entrevistados não houve alteração no volume recebido em sua
cooperativa, enquanto outros 22,2% perceberam alteração satisfatória e 16,7%
apontaram que o aumento do volume recebido em sua cooperativa atingiu as
expectativas criadas com a implantação da PNRS.

183
5.7.4 Qualidade dos Resíduos Recebidos na Cooperativa

Entendeu-se como qualidade dos materiais recebidos na cooperativa quando os


resíduos sólidos propiciaram melhor separação, acondicionamento, condições de
higiene e limpeza. Os dados obtidos neste item estão apresentados na Figura 5.47.

Figura 5.47 Qualidade dos resíduos recebidos na cooperativa após a implantação da PNRS

38,9%

22,2%

16,7%

11,1%

5,6% 5,6%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

Apesar de 38,9% responderem que não houve alteração na qualidade dos


materiais recebidos após a promulgação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
mais de 50% dos entrevistados perceberam alguma, sendo que a alteração satisfatória
foi apontada por 22,2% dos entrevistados e para um pouco mais de 10% que estas
atingiram a expectativas com relação a PNRS

184
5.8 Comparativo do Volume x Qualidade dos Resíduos recebidos nas
cooperativas após a promulgação da Política Nacional de
Resíduos Sólidos

A Figura 5.48 apresenta o comparativo entre o volume a e qualidade dos


resíduos recebidos nas cooperativas de catadores de material reciclável.

Figura 5.48 Gráfico comparativo do impacto da Política Nacional de Resíduos Sólidos quanto ao Volume
e à qualidade dos Resíduos Recebidos

Com relação ao volume recebido, 67,7% dos entrevistados perceberam uma


alteração na quantidade de material, sendo que para aproximadamente 23% a
alteração foi satisfatória e, para 16,7% o aumento do volume percebido atingiu a
expectativa.

185
Embora a PNRS contemple ações para a conscientização da sociedade sobre a
forma de descarte de resíduos para reciclagem, a qualidade do material recebido nas
cooperativas não melhorou, fato este registrado por aproximadamente 40% dos
entrevistados.

5.8.1 Consciência da Sociedade

Neste item, buscou-se verificar se, na percepção das cooperativas entrevistadas,


houve melhora do papel da sociedade, englobando neste quesito o grau de
sensibilização da comunidade com relação a separação dos materiais a entrega nas
cooperativas e a melhoria na qualidade da higiene dos materiais entregues. A Figura
5.49 apresenta os resultados.

Figura 5.49 Consciência da Sociedade na Segregação dos Resíduos Recicláveis após a Implantação da
PNRS

44,4%

27,8%

11,1%

5,6% 5,6% 5,6%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

186
Para aproximadamente 45% dos entrevistados, não houve alteração da
consciência global da sociedade sobre o conceito de reciclagem após a implantação da
PNRS. Justifica-se este item pelas condições dos materiais recicláveis recebidos nas
cooperativas pesquisadas.

Para os 27,8% dos entrevistados que perceberam alteração satisfatória, a


conscientização da sociedade ocorre por meio das campanhas de sensibilização, e das
divulgações realizadas pelos cooperados nas escolas, no comercio local e nas ruas
onde é efetuada a coleta seletiva pela cooperativa.

5.8.2 Adequação das Empresas

Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas devem


desenvolver ações de logística reversa com a participação das cooperativas. Este item
também foi verificado na pesquisa e a Figura 5.50 apresenta os dados obtidos.

Figura 5.50 Mudança de Conduta das Empresas após a Implantação da PNRS

38,9%

27,8%

22,2%

5,6% 0,0% 5,6%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

187
Algumas cooperativas possuíam convênios com distribuidoras de bebidas, redes
de supermercados, comerciantes locais, escolas particulares e outros antes da
implantação da PNRS e por este motiva não foram percebidas alterações significativas
no comportamento das empresas após a implantação da Política Nacional dos
Resíduos Sólidos.

As cooperativas de pequeno porte continuam com as parecerias estabelecidas


com o comércio local e a comunidade da região que está inserida, não tendo
estabelecido demais convênios após a implantação da PNRS.

5.8.3 Adequação da Prefeitura

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2011b), o Plano de


Gestão Integrada de Resíduos, deve incentivar a participação dos catadores de
resíduos, incorporando-os ao Plano e oferecendo capacitação e incentivo financeiro.

As prefeituras já realizam atividades de forma a atender à legislação e o


gerenciamento dos resíduos nos municípios. Na pesquisa, aferiu-se se houve alteração
nas relações das cooperativas cadastradas e pesquisadas neste trabalho com a
prefeitura de São Paulo. Os resultados estão apresentados na Figura 5.51.

188
Figura 5.51 Mudanças Observadas na Prefeitura de São Paulo após a Implantação da PNRS

33,3%

27,8%

16,7%

11,1% 11,1%

0,0%

NÃO SABE NÃO HOUVE ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ALTERAÇÃO ATINGIU AS


ALTERAÇÃO MÍNIMA RAZOÁVEL SATISFATÓRIA EXPECTATIVAS

Destaca-se que 33,3% dos presidentes das cooperativas visitadas não


perceberam alteração na relação entre a prefeitura e as cooperativas pesquisadas após
a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Para os 27,8% que relataram houver pequenas mudanças, os 16,7% que


apontaram alteração razoável e os 11,1% que indicaram alteração satisfatória as
mudanças estão relacionadas com o incentivo à compra de máquinas e equipamentos,
bem como a oferta de apoio administrativo e logístico.

Por fim, nas entrevistas, foi possível que os presidentes das cooperativas
expressassem suas opiniões sobre a atuação dos poderes públicos. As opiniões
citadas estão transcritas a seguir:

 há diferença tratamento dado pela prefeitura para as cooperativas;


 necessidade de mais apoio na divulgação dos trabalhos dos cooperados, com
o objetivo de melhorar a qualidade dos materiais recebidos;

189
 fiscalização do atendimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos pelas
empresas e sociedade;
 melhor envio do material pelas concessionárias da prefeitura, pois o método
utilizado pelos caminhões compactadores, torna muito difícil o manuseio, uma
vez que o material vem muito compactado, contaminado, misturado e com
grande quantidade de rejeitos;
 mais envolvimento das sub-prefeituras e de outros órgãos municipais;
 mais apoio na área social como farmácia e assistência social;
 remuneração com relação à coleta de materiais;
 o plano de gestão aprovado pela prefeitura é bom, mas tem que sair do
papel;
 receio de que as megas centrais “engulam” as pequenas cooperativas; e,
 apoio na capacitação dos cooperados e na administração da cooperativa.

5.8.4 Comparativo do Impacto da PNRS sobre as Cooperativas de Catadores de


Resíduos Sólido e a Sociedade x Empresa x Prefeitura

Na Figura 5.52 pode-se observar os dados comparativos do impacto da Política


Nacional de Resíduos Sólidos com relação à sociedade, às empresas e a prefeitura.

190
Figura 5.52 Gráfico comparativo do impacto da Política Nacional dos Resíduos Sólidos sobre as
cooperativas de catadores de material reciclável, com relaçao a sociedade, empresa e prefeitura

Na comparação dos dados obtidos sobre o impacto da Política Nacional dos


Resíduos Sólidos, na sociedade, nas empresas e na prefeitura, pode-se notar que:

 as empresas e a prefeitura obtiveram melhor desempenho quando


comparado com o desempenho da sociedade, percebido pelos
presidentes das cooperativas pesquisadas; e,

 o comportamento da sociedade, na avaliação das cooperativas


pesquisadas, ainda não sofreu alterações com a implantação da Política
Nacional dos Resíduos Sólidos.

191
5.9 Observações Finais

Os presidentes e os responsáveis pelas cooperativas consideram a Política


Nacional de Resíduos Sólidos um grande avanço não somente nas questões
ambientais, mas também na relação da sociedade, das empresas e do poder público
com os catadores, mas pelos resultados obtidos ainda há muito trabalho a ser realizado
quanto a conscientização da sociedade.

Para os presidentes, é fundamental a completa implantação da Lei nº 12.305/10


bem como a sua fiscalização. É importante, ainda, que o poder público atue mais
efetivamente nas parcerias estabelecidas. Estas necessidades estão expressas,
também na Carta de Brasília, divulgada no XI Congresso de Resíduos Sólidos (ABES,
2014).

Não existem dados anteriores nas cooperativas e na prefeitura de forma a


estabelecer uma comparação dos dados levantados, sendo assim, foram considerados
a avaliação realizada nas cooperativas sobre a evolução de suas atividades após a
promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

192
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Nesta seção apresentam-se, em dois tópicos, as conclusões e as


recomendações.

6.1 Conclusões

Concluiu-se que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12305/10, ainda


não cumpriu seu papel plenamente e que pouco tem avançado junto as cooperativas de
catadores conveniadas com a prefeitura do município de São Paulo.

A partir dos dados levantados e da analise realizada também pode-se concluir


que:

 as cooperativas desempenham importante trabalho quanto ao meio ambiente e


inclusão social;

 deve ser incentivada a criação de mais locais de triagem nos bairros do


município;

 as atividades nas cooperativas se caracterizam por serem um processo


produtivo, a capacitação é um instrumento importante para otimizar a produção e
aumentar o valor agregado do material comercializado;

 as atividades são insalubres e perigosas logo há a necessidade de constante


orientação quanto aos riscos a que estão expostos;

 o material recebido e acumulado para a separação é muito grande, o que


atrapalha a movimentação de máquinas, equipamentos e pessoas nas
cooperativas devido à baixa capacidade produtiva;

193
 os rejeitos são criadouros de insetos, atraindo também outros animais como
pombos e ratos;

 as condições de higiene nas instalações de uso comum, necessitam de maior


cuidado por parte da administração das cooperativas e dos cooperados;

 o analfabetismo é um obstáculo a ser vencido e motivo de preocupação, por esta


razão os presidentes das cooperativas manifestaram o desejo da visita de
assistentes sociais de forma a orientar e acompanhar estes cooperados;

 dos estudos efetuados, notou-se que a maioria dos cooperados atualmente é


formada por mulheres, cuja remuneração na atividade é utilizada para
complementar a renda familiar;

 a rotatividade é uma preocupação não cooperativas e se dá devido o


desconhecimento dos procedimentos da relação de trabalho, melhora na oferta
de empregos e outros fatores, e;

 o número de cooperados em alguns casos ainda está aquém das expectativas, o


que dificulta uma maior produção e por consequência uma maior remuneração.

 percebe-se também a falta de campanhas de vacinação destinada à prevenção


para doenças como tétano, hepatite e outras com relação a saúde pública;

 os presidentes das cooperativas de catadores de material reciclável, tem


consciência que Política Nacional de Resíduos Sólidos foi um grande avanço nas
questões ambientais e que as cooperativas desempenham um papel importante
nas relações ambientais e de inclusão social;

 Com relação às empresas o efeito percebido foi positivo, mas as diretorias das
cooperativas entendem que deve haver maior fiscalização por parte dos órgãos
municipais estaduais e federais, para que a lei seja mais efetivamente cumprida;

 Com relação a Prefeitura do Município de São Paulo, segundo o levantamento


realizado, foram poucas as alterações, pois os presidentes das cooperativas se
queixam sobre o excesso de burocracia e falta de recursos;

194
 falta de dados armazenados anteriores a PNRS, de forma a identificar a
evolução das atividades e das condições dos materiais recebidos nas
cooperativas;

 A partir da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, registrou-se


pequena melhora na qualidade dos materiais recebidos nas cooperativas para
reciclagem. Também se percebeu um discreto aumento no volume dos materiais
que são recebidos, mas ainda é necessário que haja mais campanhas de
educação e orientação sobre a forma correta da separação primária dos
materiais recicláveis;

 Conclui-se assim que a P.N.R.S. vem se configurando com eficácia como


modeladora de novos paradigmas sociais, dentre os quais se destacam os
princípios de responsabilidade social compartilhada.

Deve ser considerado que a mudança comportamental pretendida pelo


documento legal não deverá ser obtida de forma rápida, mas sim de forma gradual em
avanços sucessivos. A aceleração deste processo somente será dada com o
incremento da fiscalização e do apoio do poder público à questão da reciclagem, o que
garantirá a efetividade da lei.

6.2 Recomendações

Os dados resultantes deste trabalho permitem a proposta de elaboração de


novas pesquisas, recomendando-se como objetos de avaliação:

 estudo visando diminuir os rejeitos que se acumulam nos pátios das


cooperativas, gerando transtornos e dificultando a movimentação dos
cooperados e podendo tornar-se criadouro de vetores de doenças e de animais
peçonhentos;

195
 estudo para o reaproveitamento dos rejeitos de forma a evitar a destinação final
aos aterros sanitários, colaborando para a redução do volume acumulado na
cooperativa;

 estudos quanto a otimização e melhoria do processo de produção dos


separadores de material reciclável quanto ao conforto proporcionado ao
selecionador;

 elaboração de uma NR para o trabalho nas cooperativas de catadores de


material reciclável, na qual seja estabeleçam metodologias de trabalho;

 criação de programas de conscientização e da saúde da mulher e outros para a


melhoria da sua qualidade de vida;

 estudos visando reformular e otimizar a forma de entrega dos resíduos pelos


serviços contratados pelas prefeituras, pois a utilização de caminhões
compactadores na coleta do material reciclável acaba destruindo material com
valor comercial e prejudicando sua manipulação quando de sua descarrega nas
cooperativas;

 estudo que viabilize a remuneração por parte dos órgãos municipais do trabalho
das cooperativas de catadores de material reciclável, uma vez que a coleta
realizada pelas concessionárias tem seu volume reduzido, melhorando as
condições de operação dos aterros sanitários e do sistema de coleta pública em
geral;

 preparação de profissionais especializados para orientar e capacitar os


cooperados, tendo como base a realidade social das cooperativas e de seus
membros;

 criação de programas de organização e métodos com o objetivo de aprimorar a


produtividade e implementar a melhoria na qualidade do trabalho, e;

196
 implementação de métodos de fácil aplicação para o controle estatístico de
volume de material recebido, triado e rejeitos de forma a gerar registros
confiáveis para eventuais estudos.

197
198
7 REFERÊNCIAS

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212
8 APÊNDICES

213
214
APÊNDICE A

FORMULÁRIO DE PESQUISA APLICADO NAS COOPERATIVAS

Este formulário foi desenvolvido para compor trabalho acadêmico de doutorado


na FEC/UNICAMP – em Engenharia Civil, com ênfase em Saneamento e Meio
Ambiente. As respostas obtidas serão utilizadas exclusivamente na elaboração deste
trabalho, não sendo repassadas para terceiros.

IDENTIFICAÇÃO

Nome da cooperativa:
Endereço:
Bairro: Região:
( )Norte ( )Sul ( )Leste
( )Oeste ( )Centro
Telefone: E-mail:

Responsável / contato:

PERFIL DA COOPERATIVA

1. Qual a data de início da cooperativa? _________ / ________ / _________

2. Na data da sua criação, quantos eram os cooperados?

3. TOTAL: ________ , ________HOMENS ________MULHERES

4. E atualmente quantos são os cooperados?

TOTAL: ________ , ________HOMENS ________MULHERES

215
5. Qual o grau de instrução dos cooperados?

Homens ________________________________________________________

Mulheres________________________________________________________

6. Qual a razão destes se tornarem cooperados?

Homens ________________________________________________________

Mulheres________________________________________________________

7. Os cooperados residem próximo à cooperativa? Se não, quais os bairros de


origem? _______________________________________________

8. Há muita rotatividade? ______________________________________________

9. Qual o tempo médio de permanência que os cooperados ficam vinculados à


cooperativa? _____________________________________________________

10. Dados gerais da cooperativa.

Em
SIM NÃO andamento Não sabe
Pergunta / discussão

A cooperativa é registrada?

A cooperativa possui estatuto?

A cooperativa tem convênio/parceria com a


Prefeitura?

Quando teve início o convênio/parceria com


Data:
a Prefeitura?

A cooperativa tem outros


convênios/parceiros, além da Prefeitura?

216
11. Há outros conveniados/parceiros e em que consiste a parceria?

Em que consiste a parceria? (doação de


equipamentos, de materiais, cursos de
Parceiro
capacitação, alfabetização, etc.)

12. Quais dos itens abaixo O pagamento é


feito por outra
são pagos pela PAGA NÃO PAGA
empresa /
QTO
cooperativa? entidade

INSS dos cooperados

Conta de telefone

Conta de luz

Conta de água

Aluguel

Vale transporte aos


cooperados

Alimentação aos cooperados

Combustível

217
13. Quanto a cooperativa dispende mensalmente?

_________________________________________________________

INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

14. O espaço que a cooperativa ocupa é:

( ) Próprio

( ) Cedido pela prefeitura

( ) Cedido por outras instituições Qual? ____________________

( ) Alugado pela cooperativa

( ) Alugado pela prefeitura

( ) Outra qual? ________________________________________________

15. A cooperativa possui as instalações:

SIM NÃO OBS.:

Banheiros?

Vestiários?

Chuveiros?

Refeitório?

Escritório?

Outros

218
16. Quais e quantos equipamentos encontram-se disponíveis para a cooperativa e
em que condições se encontram?

Equipamentos Quantidade Condições Uso

( ) própria ( ) em uso
Prensa ( ) cedida ( ) parada
( ) alugada ( ) em conserto

( ) própria ( ) em uso
Esteira transportadora ( ) cedida ( ) parada
( ) alugada ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Carrinhos de Mão ( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Caminhão baú ( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Caminhão carroceria
( ) cedidos ( ) parada
ou gaiola
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Utilitários(Kombis,
caminhão de pequeno ( ) cedidos ( ) parada
porte, outros)
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Balança eletrônica ( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Balança manual ( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto

Triturador de vidro ( ) próprios ( ) em uso

219
Equipamentos Quantidade Condições Uso
( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto

( ) próprios ( ) em uso
Palete ( ) cedidos ( ) parada
( ) alugados ( ) em conserto
Outros

17. Os cooperados já participaram de algum curso para aperfeiçoar o


trabalho/administração da cooperativa? Em caso positivo, quando foi realizado, em
que órgão e qual o resultado após o curso?

_________________________________________________________________

COLETA SELETIVA

18. Quais as atividades da cooperativa?

( ) coleta

( ) triagem

( ) prensagem

( ) comercialização

( ) divulgação do programa de coleta seletiva

220
19. Como a cooperativa coleta o material reciclável?

( ) PEV (Postos entrega voluntária)

( ) entrega voluntária na cooperativa

( ) recebe o material coletado pela concessionária da Prefeitura

( ) Carroceiros/catadores

( ) Coleta porta a porta

( ) Entregue pela população diretamente na cooperativa

( ) outros específicar_______________________________________

20. Materiais triados na cooperativa:

Tipo de material Quantidade Valor do


média mensal (Kg) kg

221
21. Qual a porcentagem mensal de material rejeitado que é retirado da cooperativa?

______________________________________________________________

22. Qual o destino dado aos materiais rejeitados?

______________________________________________________________

23. Quanto é arrecadado mensalmente com a venda dos materiais recicláveis?

_________________________________________

24. Há outra fonte de renda para a cooperativa além da comercialização do material


reciclável?

( ) SIM ( ) NÃO Qual:_________________________________________

25. Quem é comprador do material que a cooperativa recicla?

Outros?
Material Sucateiros Indústrias
Quais?

222
26. Com qual frequência a cooperativa divulga o programa de coleta seletiva e de
que modo ocorre essa divulgação?

( ) permanente (________________________________________________)

( ) esporádica (________________________________________________)

( ) outros, específicar ____________________________________________

( ) não há divulgação

27. Tendo como base o material que chega à cooperativa, como você avalia a
participação da sociedade na coleta seletiva:

( )péssima ( )ruim ( )regular ( )boa ( )ótima ( )indiferente

Por que? _______________________________________________________

28. A cooperativa tem condições de receber mais materiais para reciclar?

( ) Sim ( ) Não

CONDIÇOES E AMBIENTE DE TRABALHO

29. Quanto o cooperado recebe por hora?

_______________________________________________________________

30. Qual a renda mensal média por cooperado?

_______________________________________________________________

223
31. Em quantos turnos a cooperativa funciona e quais os horários?

_______________________________________________________________

32. Quais dos benefícios elencados, são concedidos aos cooperados e quem os
concede?

sim Não Quem?

Cestas básicas

Serviços de saúde

Transporte

Alfabetização

Férias

Prêmios

Outros

224
33. A cooperativa fornece EPI (Equipamento de Proteção Individual)? Se sim, há
utilização dos equipamentos pelos cooperados?

Uso do equipamento pelo


Equipamento Fornecedor cooperado
Sempre Às vezes Nunca

Luvas

Botas

Óculos

Mascara

Cinto de
segurança

Protetor Auricular

Outros

34. Em não fazendo o uso, qual a razão?

_____________________________________________________________

35. Ocorreu algum acidente de trabalho nos últimos 6(seis) meses? Qual?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

36. Há problemas com vetores (ratos, moscas, mosquitos, outros)?


( ) Não ( ) Sim Quais:____________________________

225
37. Quais os principais problemas enfrentados pela cooperativa?
( ) Falta de espaço
( ) Falta de Mão de obra
( ) Excesso de burocracia
( ) Conscientização da população na separação dos materiais
( ) Materiais muito sujos entregues pelas concessionárias
( ) Condições de trabalho
( ) Valor pago pelos materiais
Outros:
_______________________________________________________________
38. A cooperativa tem ou já teve problemas com a vizinhança?
( ) sim ( ) não

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

39. A Cooperativa conhece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)?


( ) sim ( )não

40. Após a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a cooperativa sofreu


alguma alteração? Em caso positivo ou negativo, qual?

( ) Não ( ) Sim

Qual? _____________________________________________________

226
Numa escala de 1 a 5, avalie o desempenho da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) a partir da publicação da Lei 12.305/10, sendo que o critério de
avalição significa que: (0) Não sabe; (1) não houve alteração; (2) alteração mínima; (3)
alteração razoável; (4) alteração satisfatória, e; (5) atingiu as expectativas.

41. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) afetou a rotina das


cooperativas.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

42. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) mudou a consciência da


sociedade com relação a separação e condicionamento dos resíduos sólidos.

( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

43. Após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a


qualidade dos resíduos recebida aumentou:
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

44. Após a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) o volume


dos resíduos recebida aumentou.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

45. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um avanço para a proteção


do meio ambiente.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

46. Após a promulgação da Lei 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos),


houve alteração nas condições de trabalho da Cooperativa.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

227
47. Com a vigência da Lei 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), as
Empresas se adequaram à mesma.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

48. Com a vigência da Lei 12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), a


Prefeitura se adequou à mesma.
( 0) (1) (2) (3) (4) (5)

49. Outras considerações que julgue necessárias com a promulgação da Lei


12.305/10 (Política Nacional de Resíduos Sólidos).

_______________________________________________________________

228
Apêndice B –
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Conforme as recomendações do Conselho Nacional de Saúde e a Resolução


CNS 466-2012)

Pesquisador: José Francisco Buda, Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Civil


e doutorando em Saneamento e Ambiente, na Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas/SP (UNICAMP/SP),
sob a orientação de Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho

Título da Pesquisa: Política nacional de Resíduos Sólidos: impacto nas condições e


ambiente de trabalho das cooperativas de catadores de resíduo sólido do município de
São Paulo.
Prezado(a) Senhor(a)

Esta pesquisa tem por objetivo avaliar o impacto nas condições e ambiente de
trabalho dos profissionais que trabalham nas cooperativas de catadores de resíduo
sólido do município de São Paulo após a emissão da Lei 12.305/10 - Política Nacional
de Resíduos Sólidos. Desta forma deseja-se:

1. listar e apresentar as atividades atuais desenvolvidas nas cooperativas de


catadores de resíduos sólidos do Município de São Paulo;
2. descrever as condições e meio ambiente de trabalho nas cooperativas de
catadores de resíduos sólidos do Município de São Paulo;
3. propor indicadores de avaliação das condições e meio ambiente de trabalho em
cooperativas de catadores de resíduos sólidos;
4. propor, se necessário, ações para melhoria das condições e do meio ambiente
de trabalho nas cooperativas de catadores.
Portanto deseja-se seu auxílio para o preenchimento de algumas questões de
formulário anexo. As respostas serão importante instrumento para o trabalho proposto.

229
Como também permissão para visitar e fotografar suas instalações. As informações
obtidas são para uso acadêmico, técnico e cientifico e serão analisadas pelo
pesquisador e o professor orientador.

É assegurado ao participante:
 A informação sobre os objetivos e resultados do estudo.
 A liberdade para retirar seu consentimento, desde que se manifeste até o fim do
preenchimento do formulário, sem prejuízos de qualquer ordem.
 A total confidencialidade, sigilo e privacidade dos dados e dos participantes,
sendo que não serão divulgados seus nomes e as informações prestadas, serão
utilizadas somente para os propósitos da pesquisa.
 Os riscos são praticamente nulos, sendo considerado prejuízo apenas o tempo
de preenchimento de formulários.
 O benefício desta pesquisa é gerar informações atualizadas das cooperativas de
resíduos do município de São Paulo, com possibilidade de sua utilização para
embasar futuras políticas públicas.
 Não haverá benefício direto ao participante.
 Não haverá nenhum custo para o participante, e.
 Caso necessite, o Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP: Rua, Tessália
Vieira de Camargo, 126 – Caixa Postal 6111 – CEP 13083-887 – Campinas – SP
– fone (19) 3521-8936 – fax (19) 3521-7187 – email: CEP@fcm.unicamp.br, tem
o papel de receber reclamações e denúncias sobre os aspectos éticos da
pesquisa.

José Francisco Buda Engenheiro Civil, mestre em Engenharia Civil


Doutorando em Saneamento e Ambiente – UNICAMP/FEC.
email. jfbuda@uol.coml.br - (011) 98579-2832

230
Professor Orientador: Prof. Dr. Bruno Coraucci Filho – UNICAMP/FEC – (019) 3521-
2381 – email: bruno@fec.unicamp.br

Aceite, para coleta de dados e fotos.

Nome:_______________________________________________

Cooperativa:___________________________________________

Assinatura:___________________________________________

São Paulo, __________de _____________ de 201___.

231
232
9 ANEXOS

233
234
Anexo A –
Relação das cooperativas conveniadas no município de São Paulo.

1. Cooperativa Tietê - Av. Salim Farah Maluf, 179 - Tatuapé - Tel.: 2092-
3668
2. Coopere-Centro - Av. do Estado, 300-A - Bom Retiro - Tel.: 3326-4512 /
3313-6350
3. Cooperação - Rua Frobem, 99/101 - Vila Leopoldina - Tel.: 3836-9043 /
3832-0992
4. Cooperleste - Estrada Fazenda do Carmo, 450 - São Matheus - Tel.:
2013-3627 / 2017.2747
5. Coopervila e Tiquatira - Av. Ernesto Augusto Lopes, 100-A - Parque
Novo Mundo - Tel.: 2631-6092
6. Cooperativa Sem Fronteira - Rua Gal.Jerônimo Furtado, 572 - Jardim
Cabuçu - Tel.: 2249-1736
7. Cooperativa Vitória da Penha - Rua Lagoa de Dentro, 170 - Vila Silvia -
Tel.: 2541-9298 / 2547.0261
8. Coopercaps - Av. João Paulo da Silva, 48 - Vila da Paz - Tel.: 5667-7937
/ 5667-9961.
9. Nova Conquista - Rua Cembira, 1100 - Vila Curuça - Tel.: 2514-9333 /
2512-8606
10. Coopervivabem - Av. Embaixador Macedo Soares, 6000 - Vila
Leopoldina - Tel.: 3833-9022
11. Cooperativa Crescer - Rua Joaquim Oliveira Freitas, 325 - São Domingos
- Tel.: 3902-3822
12. Cooperativa União - Rua São Felix do Piauí, 1221 - V.Carmosina - Tel.:
2217-3850
13. Coopermyre - Avenida Miguel Yunes nº 347 - Vila Sabará - Tel.: 5612-
4723 / 5612-8997
14. Vira Lata - Rua Nella Murari Rosa, 40 - Raposo Tavares - Tel.: 3641-6337
235
15. Fênix Agape - Rua Manuel Bueno da Fonseca, 503 - Jd. Camargo Novo -
Tel.: 3537-3797 / 2562-2829
16. Cooperativa Nossos Valores - Rua Nossa Senhora do Socorro, 218 -
Capela do Socorro - Fone: 5641-0218
17. Coopermiti - Rua Doutor Sérgio Meira, 268 / 280 - Barra Funda - Tel.:
3666-0849
18. Cooperativa Chico Mendes - Rua Cinira Polônio, 369 - Parque São
Rafael / São Mateus - Tel.: 2752-9446
19. Cooperativa Nova Esperança - Rua Japichauá, 311 - Vila Jacuí - Tel.:
2214-2350
20. Cooperpac - Estrada do Barro Branco, 1239 - Jardim Noronha / Grajaú -
Tel.:5528-1674

236
Anexo B -
Cópia do parecer emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa, referente
ao projeto de pesquisa

237
238
239
240

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