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Dados internacionais de catalogação na publicação (crr)
(Câmara Brasileira do Livro, sr, Brasil)
PnreentçÃo DE TExro
Robinson Malkomes
RnvrsÃo DE pRovAS
Vera Lúcia dos Santos Barba
Clpa
Rrue CouuNrcaçÃo
CooRDENAÇÃo EDIToRIAL
Robinson Malkomes
pBEFÁcto a eorçÃo EM poRTUcuÊs
Richard J. Sturz
POVOS DO DEUS REMOTO
OS ATENIENSES
como apaziguar esse deus oÍendido, livrando assim a nossa cidade. I phrrÔnitlcs, deve promover a intercessáo necessária' Ao que parece
"Náo existe alguém suÍicientemente sábio aqui em Atenas?" orrliio, apesar do que eu disse, nós, atenienses, ainda precisamos de
rl
esbravejou um anciáo indignado. "Temos de apelar para um... um rniris um deus!"
estrangeiro?" Jogando a cabeça para trás e rindo, NÍcias exclamou: "Real-
"Se conhece algum grande sábio em Atenas pode chamá-1o", rnonto, Epimênides, não consigo adivinhar quem poderia ser esse
disse NÍcias. "Caso contrário, cumpramos simplesmente as ordens orrtro deus. Os atenienSes SãO OS maiOres cOlecionadOres de deuSes
do oráculo." ti rrtl rnundo! Já saqueamos as teologias de muitos povos das vizinhan-
Um vento Írio - frio como se tocado pelos dedos gélidos do ter- r.:ts, apoderando-nos de toda divindade que possamos transportar
ror que varria Atenas, fez-se Dresente na câmara de mármore branco [)ara a nossa cidade, por terra ou por mar!"
do conselho na Colina de Marte. Um ancião após outro aconchegou- "Talvez seja esse o seu problema", disse Epimênides com um
se mais em seu manto de magistrado e reÍletiu sobre as palavras de ar misterioso.
NÍcias. NÍcias piscou os olhos para o amigo, sem compreender' Como
"Vá em nosso nome, meu amigo", disse o presidente do con- quo dosojasse um osclarecimento desse último comentário, mas al-
selho. "Traga esse Epimênides, se atender ao seu pedido. E se ele guma coisa na atitude de Epintênides o silenciou, Momentos depois
livrar nossa cidade, nós o recompensaremos." óh"grtu, a um pórtico com piso de mármore, junto à câmara do con-
Os demais membros do conselho concordaram. O calmo NÍcias, selhà na Colina de Marte. Os anciáos de Atenas lá haviam sido avi-
de voz suave, levantou-se, inclinando-se diante da assembléia e dei- sados e o conselho os esperava.
xando a câmara. Ao descer a Colina de Marte, ele se encaminhou pa- "Epimênides, agradecemos sua..." começou o presidenie da
ra o porto de Pireu, que Íicava a 13 km de distância, na BaÍa de Fale- assembléia.
rom. Um navio achava-se ali ancorado. "Sábios anciãos de Atenas, náo há necessidade de agradeci-
mentos." Epimênides interrompeu. "Amanhá, ao nascer do sol, tra-
Epimênides desceu agilmente para a terra, em Pireu, seguido de gam um rebanho de ovelhas, um grupo de pedreiros e uma grande
NÍcias. Os dois homens encaminharam-se de imediato para Atenas, quantidade de pedras e argamassa até a ladeira coberta de relva, ao
recobrando aos poucos a Íorça das pernas depois da longa viagem pé desta rocha sagrada. As ovelhas devem ser todas sadias e de co-
por mar, desde Creta. Ao entrarem na já mundialmente famosa "cida- res diÍerentes - algumas brancas, outras pretas. Vocês náo devem
de dos Íilósofos", os sinais da praga eram vistos por toda a parte. deixá-las comer depois do descanso noturno. E preciso que sejam
Mas Epimênides observou outra coisa: ovelhas famintasl Vou agora descansar da viagem. Acordem-me ao
"Nunca vi tantos deuses!" exclamou o cretense para o seu amanhecer."
guia, piscando surpreso. Falanges ladeavam os dois lados da estra- Os membros do conselho trocaram olhares curiosos' enquanto
da que saía do Pireu. Outros deuses, centenas deles, adornavam Epimênides cÍuzava o pórtico em direção a um quarto sossegado,
uma escarpada rochosa chamada acrópole. Uma geração mais tarde, enrolando-Se em Seu manto como num cobertOr e sentandO-Se para
os atenienses construiram ali o Partenon. meditar.
"Quantos sáo os deuses de Atenas?" inquiriu Epimênides. O presidente voltou-se para um dos membros jovens do conse'
"Várias centenas pelo menos!" replicou NÍcias. lho. "Veja que tudo seja feito como ele ordenou", disse ele.
"Várias centenas!" Íoi a exclamaçáo espantada de Epimênides.
"Aqui é mais Íácil encontrar deuses do que homens!" "As ovelhas estão aqui", Íalou o membro jovem, humildemente'
"Tem razáo!" riu o conselheiro NÍcias. "Náo sei quantos pro- Epimênides, despenteado e ainda meio dormindo, saiu de seu des-
vérbios já Íoram Íeitos sobre 'Atenas, a cidade saturada de deuses'. canso e seguiu o mensageiro até a ladeira que Íicava na base da co-
Com a mesma facilidade que se tira uma pedra da pedreira, outro lina de Marte. Dois rebanhos - um de ovelhas pretas e brancas e
deus é trazido para a cidade!" outro de conselheiros, pastores e pedreiros - achavam-se à espera'
NÍcias parou repentinamente, refletindo sobre o que acabara de debaixo do sol que nascia. centenas de cidadãos, desfigurados por
dizer. "Todavia", começou pensativo, "o oráculo de PÍtias declara outra noite de vigília cuidando dos doentes atingidos pela praga e
que os atenienses precisam apaziguar ainda um outro deus. E você, chorando pelos mortos, galgaram os pequenos outeiros e ficaram ob-
12 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 13
servando ansiosos. r r,urri vnzor; vi um rebanho tão faminto. Nenhum animal vai deitar-
"Sábios anciáos", comeÇou Epimênides, "vocês já se esforça- r,r 111o,, rlo ottr;ltor o estÔmago e quem acreditará entáo que foi um
r lilurr r Ito (, l0vtltt a iSSO?"
ram muito ofertando sacriÍÍcios aos seus numerosos deuses; entre-
tanto, tudo se mostrou inútil. Vou agora oÍerecer sacrifícios baseado I plrrrl)rrl«krs deve ter escolhido esta hora do dia deliberadamen-
em três suposições bem diferentes das suas. Minha primeira suposi- lul" rrrrrporrrlcrr NÍcias. "Só assim poderemos saber que a ovelha que
ção..." r,6 r[,ll1t g l;trá em Obediência à vontade desse deuS descOnhecidO,
Todos os olhos estavam fixos no cretense de elevada estatura; l rritrr por r;ua própria inclinaçáo!"
todos os ouvidos atentos para captar suas próximas palavras. M;rl NÍcias terminara de falar quando um pastor gritou: "Olhem!"
"...é que existe ainda outro deus interessado na questão desta lorlo:; t.ls olhos se voltaram para ver um carneiro dobrar os joelhos e
praga - um deus cujo nome não conhecemos e que náo está, por- rloll;rr-se na relva.
tanto, sendo represontado por qualquer ídolo em sua cidade. Segun- "Eis aqui outro!" bradou um conselheíro surpreso, Íora de si por
do, vou supor também que este deus é bastante poderoso - e sufi- r:irusa do espanto. Em poucos minutos algumas das ovelhas se
cientemente bondoso para Íazer alguma coisa a respeito da praga, se ;rr:havam acomodadas sobre a relva suculenta demais para que qual-
apenas pedirmos a sua ajuda." rluur herbfvoro faminto pudesse resistir - em circunstâncias normais!
"lnvocar um deus cujo nome é desconhecido?" exclamou um "Se apenas uma deitasse, terÍamos dito que estava doente!"
dos anciãos. "lsso é possÍvel?" e xclamou o presidente do conselho. "Mas isto! lsto só pode ser uma
selheiro cretense. A seguir, sacriÍicaram oada ovelha "dedicada" so- "lr,vr,rru,, Ir.:.tltv.rr pelo menos um desses altares como evidência
Íor-
de Epimênides deve, de alguma
bre o altar marcando o ponto em que a mesma havia deitado. A noite lrnr,r rr ;,,,,,lotltlittlc. E a histÓria
,,,,,,,,,,, rrritttltdit viva entre as nossas tradições"'
caiu. Na madrugada do dia seguinte os dedos mortais da praga sobre
"tlnr,r llrande idéia a sua!" entusiasmou-se Demas"'Olhe! Este
a cidade já se haviam aÍrouxado. No decorrer de uma semana, os para pO-
doentes sararam. Atenas encheu-se de louvor ao "Deus desconheci- rrltllrr ll;1.'r cm boas cOndiçõeS. VamOs empregar pedreirOS
tl Ir r: ittnanhã lembraremos todo o conselho dessa antiga vitória so-
do" de Epimênides e também a este, por ter prestado socorro tão su- para incluir a manutençáo
preendente de um modo verdadeiramente engenhoso. Cidadãos agra- lro ir llraga. Faremos passar uma moçáo ci-
decidos colocaram Íestões de flores ao redor do grupo despretensio- rlrr polo menos este altar entre as despesas perpétuas de nossa
so de allares na encosta da Colina de Marte. Mais tarde, eles escul- rlrtrlo!"
piram uma estátua de Epimênides sentado e a colocaram diante de Os dois anciãos apertaram-se as máos para fechar o acordo e'
os
um de seus templos.2 rlrr braços dados, seguiram caminho abaixo, batendo alegremente
Com o correr do tempo, porém, o povo de Atenas comeÇou a lrurdões contra as pedras da Colina de Marte'
esquecer-se da misericórdia que o "deus desconhecido" de Epimêni-
des lhes concedera. Seus altares na colina Íoram negligenciados e O relato acima baseou-se principalmente em uma tradição re-
ryistrada como história por Diógenes Laércio, um autor
grego do sé-
eles voltaram a adorar centenas de deuses que se mostraram inca- The Lives of Eminent
culo lll 4,D., numa obra clássica denominada
pazes de remover a maldição da cidade. Vândalos demoliram parte
dos altares e removeram pedras de outros. O mato e o musgo come- Pllilosophers(..AsVidasdeFilósofosEminentes'')(vo1.1,p.110).
çaram a crescer sobre as ruínas até que... os elementos básicos na narrativa de Diógenes são: Epimênides,a Íim um
Atenas, feito por Nícias'
Certo dia, dois anciãos que se lembravam da importância dos herói cretense, atendeu a um pedido de
Ao chegar a
altares pararam cjiante deles a caminho do conselho. Apoiados em de aconselhar a cidade sobre como remover uma praga'
Atenas, Epimênides conseguiu um rebanho rje ovelhas pretas e bran-
seus bordões eles contemplaram pensativos as relíquias ocultas por instruçóes para que al-
cas e soltou-as na Colina de Marte, dando
trepadeiras. Um dos anciãos retirou um pouco do musgo e leu a anti- qual-
ga inscrição encoberta por ele: " 'Agnosto theo'. Demas - você se guns homens seguissem as ovelhas e marcassem o lugar onde
lembra?" quer delas se deitasse.
"Como poderia esquecer?" respondeu Demas. "Eu era o mem- O propósito aparente de Epimênides era dar a qualquer deus li-
bro jovem do conselho que Íicou acordado a noite inteira para certifi- gado à questáo da praga a oportunidade de revelar sua disposição
ãm aludar, Íazendo com que as ovelhas que o agradassem
Íicassem
car-me de que o rebanho, as pedras, a argamassa e os pedreiros Íossem oÍerecidas em
deitadas, como um sinal de que as aceitaria se
estariam prontos ao nascer do soll" no Íato de
sacriÍÍcio. Desde que náo haveria nada extraordinário
"E eu", replicou o outro anciáo, "era aquele outro membro jo-
ovelhas se deitarem fora de seu perÍodos habituais de
pastagem'
vem e ansioso que sugeriu que fosse gravado em cada altar o nome
Epimênides provavelmente conduziu sua experiência bem cedo
de
de algum deus! Que tolice".
Éle Íez uma pausa, mergulhado em seus pensamentos, acres- manhã, quando as ovelhas estavam Íamintas'
centando a seguir: "Demas, você talvez me considere sacrÍlego, mas Algumas das ovelhas deitaram e os atenienses as ofereceram
náo posso deixar de sentir que se o "Deus desconhecido" de Epimê- em saciiÍÍcio sobre os altares Sem nome' construÍdos especialmente
nides se revelasse abertamente a nós, logo deixaríamos de lado to- com esse propósito. A praga Íoi assim removida da cidade'
dos os outros!" O ancião barbudo balançou o bordáo com certo des- Os leitores r1o Antigo Testamento lembrarão de que um herói
prezo na direção dos ídolos surdos e mudos que, em Íileira após Íilei- chamadoGideão,buscandoconheceravontadedeDeus'colocou
-umpedaçodelá'',contosinal.EpimênidesÍezmaisqueGideão-
ra, cobriam a crista da acrópole, em número maior do que nunca an-
tes. ele colocou o rebanho inteiro!
"Se Ele jamais vier a revelar-se", disse Demas pensativamente, Segundo a passagem em Leis, de Platáo' Epimênides também
"como nosso povo saberá que não é um estranho, mas um Deus que proÍetizou, ao mesmo ú*po, que dez anos mais tarde urn exército
já participou dos problemas de nossa cidade?" persa atacaria Atenas. Todavia, os inirnigos persâs "retrocederáo
soirer mais
"Acho que só existe um meio", replicou o primeiro anciáo. com todas as suas esperanças frustradas e depois cie
Í'ovo:; do Dt:us Rcmolo I i
16 - O Fator Melquisedequc
,, .t, t, ,r r r'r r .rr lrt 1tr'ht l)r:tts vcrdadeifO!
Íerimentos do que os inÍli«yiclos ;lor eles". Esta proÍecia foi cumprida, i
É possÍvel, portanto, que não Íosse fheos, mas o nomeJesus, rl1 lrot6t,;irrn!" E Cada uma deSSaS palavraS pOdefia Sef peffeitamente
pouco Íamiliar, que tivesse levado os ÍilósoÍos a pensar que Paulo vurrlirtlt-rtra!
estava "pregando deuses estranhos". Eles talvez Íicassem também Alóm disso, ele estaria também tentando convertê-los das tre-
espantados com a idéia de alguém querer introduzir mais um deus em vrr,, l)ilra a Ít2", como Jesus ordenara. Mas isso seria uma gritante
Atenas, a capital mundial dos deusesl Em resumo, os atenienses de- trrv,rr':;iio da seqüência das coisas! Esta é a razáo de Jesus ter in-
vem ter tido necessidade de uma lista de tamanho equivalente às Pá- r lrrÍrlo a ordem "abra os olhos deles" como um pré-requisito para Ía-
ginas Amarelas para controlar as inúmeras divindades iá representa- .'rtr ,ls pessoas se voltarem das "trevas para a luz"'
das em sua cidade! Paulo "manteve os bois à frente do carro", com as seguintes
Como Paulo reagiu à sugestáo de estar deÍendendo deuses es- prrl;rvras: "senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente
tranhos e supérfluos numa cidade .;á saturada deles? i,ligiosos (restrição notável, considerando como Paulo odiava a ido-
Jesus Cristo Íornecera a Paulo uma fórmula-mestra para en- l;rtria); porque passando e observando os objetos de vosso culto (al-
Írentar problemas de comunicação transcultural como o de Atenas. (Juns com os antecedentes de Paulo teriam preÍerido chamá-los de 'Ê
Falando através de uma visão tão convincente que deu a Paulo no- riolos sujos') , encontrei também um altar no qual está inscrito: AO
vas perspeclivas e tão brilhante que o deixou temporariamente cego, I)EUS DESCONHECIDO".
Jesus havia dito: "Para os quais eu te envio, para lhes abrir os olhos o apóstolo fez a seguir uma declaração que aguardara seis sé'
e convertê-los das trevas para a luz" (At 26.17-18). culos para ser pronunciada: "Pois esse que adorais sem conhecer, é
A lógica de Jesus era impecável. Quando as pessoas devem precisamente aquele que eu vos anuncio" (At 17.22-23). o Deus pro'
voltar-se das trevas para a luz, é necessário que seus olhos se clamado por Paulo era realmente um deus estranho como suposto
abram primeiro para que possam ver a diÍerença entre ambas' O que pelos Íilósofos? De maneira algumal segundo o raciocÍnio de Paulo,
é preciso para abrir os olhos de alguém? Javé, o Deus judeu-cristáo, fora representado pelo altar de Epimêni-
Um abridor de olhos! des. Tratava-se, portanto, de um Deus que já interferira na história
Mas, onde poderia Paulo, nascido judeu, renascido cristão, en- de Atenas, tendo certamente o direito de ver o seu nome proclamado
contrar um abridor de olhos para a verdade sobre o Deus supremo, ali!
na cidade de Atenas inÍestada de Ídolos? Ele dificilmente poderia es- Paulo compreendia realmente o pano-de-Íundo histórico desse
perar que um sistema completamente dedicado ao politeÍsmo viesse altar e o conceito de um deus desconhecido? Há evidência quanto
a reconhecer que o monoteÍsmo é superior. a issol Pois Epimênides, além de sua habilidade para lançar luz so-
Paulo, no entanto, havia "passado e observado" (At 17.23) e bre problemas obscuros das relaçÕes entre o homem e Deus, era
descobriu algo "no sistema" que não fazia parte "do" sistema - um também um Poetal
altar que náo se associava a qualquer Ídolo! Um altar com a curiosa EPaulocitouapoesiadeEpimênides!Quandodeixouummis-
inscriçáo, "ao deus desconhecido". Paulo percebeu uma diÍerença de sionário de nome Tito para fortalecer as igrejas na ilha de creta,
comunicaçáo que provavelmente abriria as mentes e os corações Paulo escreveu mais tarde, instruções para guiar Tito em seus tratos
daqueles filósoÍos estóicos e epicureus. Quando eles o convidaram com os cretenses: "Foi mesmo dentre eles, um seu profeta que dis-
para apresentar formalmente seu ponto de vista num local mais pró- se: cretenses, sempre mentirosos, Íeras terrÍveis, ventres preguiço-
prio para uma discussáo lógica, Paulo aceitou. sos. Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente
O lugar do encontro foi o Areópago, isto é, A Sociedade da Co- para que sejam sadios na Íé" (Tt 1.12'13).
'AspalavrascitadasporPaulosãodeumpoemaatribuÍdoa
lina da Marte, um grupo de atenienses eruditos que se reuniam ali pa-
ra discutir questões de história, filosofia ou religiáo. Naquela mesma Epimênides (Enciclopédia Britânica, Micropaedia, 153 ed', vol' 3, p'
colina, quase seis séculos antes, Epifiênides resolvera o problema 924). Note também que Paulo chamou Epimênides de "proÍeta"' O
da praga em Atenas. termo grego é propheetees , o mesmo usado geralmente pelo após'
Paulo poderia ter iniciado seu discurso na Colina de Marte, tolo paia os profetas tanto do Antigo como do Novo Testamento'
dando simplesmente nome aos bois. Ele poderia ter dito: "Atenien- Paulo não teria honrado Epimênides com o tÍtulo de proÍeta se não
ses, com todas as suas ÍilosoÍias superiores vocês continuam des- conhecesse o caráter e as obras do mesmo! um homem citado por
culpando a idolatria, caso não a pratiquem também! Arrependam-se Paulo como censurando outros por certas caracterÍsticas perversas
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20 - O Fator Melquisedequc
Povos do Deus Remoto - 21
não seria, por implicação, lultlaclo por ele como provável culpado
desses mesmos dcÍoitos! tl',..t,, l)()nlo pela primeira vez - Paulo deixou um espaÇo na
Além disso, om scu rliscurso, no Areópago, paulo declara que lr'r,;lr ir rlrr :,.rr rliscurso no Areópago. Ele mencionou a ressurreiçáo
Deus "de um só Íez toda raça humana... para buscarem a Deus se, ,lrr lrrrrrrrrrrr rlrrc. Deus autorizou a julgar o mundo, sem explicar primei-
porventura, tateando o possam achar, bem que não está longe de /, | , r ,/,,r I t, l,L)rque ele teve de morrer,
ca- o:, lilósoÍos reagiram
da um de nós" (Ar 17.26-27). Essas palavras podem constituir uma imediatamente, para seu próprio empo-
reÍerência indireta a Epimênides como exemplo de um pagão que t,r,rr trrronloespiritual. "Quando ouviram Íalar de ressurreiçáo de
"buscou e achou" um Deus que, embora tendo um nome desõonheci- nrr,rto',, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te
do, não se encontrava realmente distante! ',r\/lr(,nros noutra ocasião. A essa altura, Paulo se retirou do meio
É possÍvel que os membros da sociedade do Areópago (corina , totr,.." (At 1 7.32-S3).
de Marte) também conhecessem a história de Epimênide-s através l'aulo já havia exposto sua inconsistência em tolerar, ou até fa-
das obras de Platão, Aristóteles e outros. Eles devem ter ouvído ad- v,rr()()or, a idolatria. lsso por si só já constituÍa algo bastante grave
mirados quando Pauro comeÇou seu discurso naquera base trans- ,,rlr(.' um grupo de homens que se orgulhava de sua consistência ra-
cultural perceptiva. Mas, esse apóstoro cristão, treinado pero erudito r iorral! Como pesquisadores da verdade, deveriam ter continuado a
,iudeu Gamalier, poderia prender suficientemente a atenÇão de ho- ,rrrvir Paulo quanto às instruçóes de pelo menos seus comentários
mens habituados à lógica de platáo e Aristóteles a ponto ãe Íazê-los rrrrciais, em lugar de condená-lo por uma falha técnica subseqüente.
compreender o evangelho? Nem todos, porém, descreram de Paulo por ter mencionado a
Depois de seus surpreendentes comentários iniciais, o sucesso rcssurreição: "Houve, porém, alguns homens que se agregaram a ele
de Paulo em seu discurso dependeria principarmente de uma coisa. o creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita (At 17.34). A tradi-
Esta pode ser chamada de "rógica contÍnua';. Enquanto cada decra- ,.:ão do século ll diz que DionÍsio mais tarde tornou-se o primeiro bis-
ração sucessiva Íeita por ere acompanhasse uma seqüência rógica, po de Atenas! Seu nome foi tirado do deus grego DionÍsio, cuja teolo-
os ÍilósoÍos lhe dariam atenÇão. se deixasse um espaÇo em seu ra- ,1ia continha um conceilo de ressurreiçáo da morte! Haveria ligaçáo
ciocínio eles o interromperiam imediatamente! Essa erauma regra da ontre esse conceito e a resposta pessoal de Dionísio a alguém que
educação Íilosófica recebida - uma disciprina que impunham a si deÍendia táo ousadamente o ensino da ressurreigão?
mesmos e que seria exigida prontamente de qualquer estranho que Mais tarde, o apóstolo Joáo, continuando a abordagem de Paulo
aÍirmasse possuir proposições dignas de sua atençáo. à mente filosóÍica dos gregos, apropriou-se de um termo filosófico fa-
A apresentação do evangelho por paulo passaria pelo teste vorito dos estóicos - o Verbo (Logos) - como título para Jesus Cris-
desse escrutlnio severo? to. Heráclito, filósofo grego, usou pela primeira vez o termo Logos
Durante vários minutos ere se saiu muito bem. começando com por volta de 600 a.C., a Íim de designar a razáo ou plano divino que
o testemunho do altar de Epimênides, pauro passou para a evidência coordena um universo em mudança. Logos significa simplesmente
da criação, e desta para a inconsistência da idoratria. A essa artura "palavra". Os judeus, por sua vez, en'lalizaram o lermo memra ("pa-
ele havia chegado a uma posição em que podia até mesmo identificar lavra" em aramaico) para o Senhor. João considerou o "logos" grego
a idolatria ateniense como "ignorância" sem perder sua audiência. e o "memra" judeu como descrevendo essencialmente a mesma ver-
Prosseguiu dízendo: "Deus (Theos)... agora, porém notifica aos ho- dade teológica válida. Ele representou Jesus Cristo como o cumpri-
mens que todos em toda parte se arrependam; porquanto estabeleceu mento de ambos, quando escreveu: "No princÍpio era o Verbo (Lo-
um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um va_ gos), e o Verbo (Logos) estava com Deus (Theos), e o Verbo (Logos)
rão que destinou" (At 17.90-91). era Deus (Theos)... E o Verbo (Logos) se Íez carne, e habitou entre
Em outras palavras, tendo descoberto e usado um ..abridor de nós" (Jo 1.1,14).
olhos" a fim de respeitar a seqüência certa na comunicação, pauro Com esta justaposição vital de ambos os termos gregos -
se dirigia para o segundo ponto em obediência uo r.grnáo manda- Theos e Logos - em relaçáo a Elohim e Jesus Cristo, o Cristianismo
mento de Jesus - ele buscava Íazer com que os atenienses se vol- se apresentou como cumprindo e não destruindo algo válido na filo-
tassem "das trevas para a ruz"r Disse enrão, "(Ere) o acreditou sofia grega!
diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos,'. De fato, tais termos e conceitos eram claramente considerados
pelos emissários para os gregos, como ordenados por Deus, a Íim de
22 - O Fator Melquisedt:r1rtt Povos do Deus Remoto - 23
preparar a mente (,ro(lit I)ilr;r o ovanUelhol Eles descobriram que es- ,,rtr,' lrru', r, rln indivíduo especíÍico, Ela marcou o inÍcio de um novo
ses termos ÍilosóÍir;os (lro(,os Íortuitos eram tão válidos quanto as , ,rrlrlrrron(lcrrte desenvolvimento que os teólogos chamam de reve-
metáforas mcssiânir;irs rio Anlitlo Iestamento, tais como "O Cordeiro l,t,.,trt r,:,1trtr)iirl! Em outraS palavraS, na OcaSiáO em que Javé tivesse
de lfcus" c "O t cão tla Iribo dc Judá". Eles usaram os dois conjun- r rlrrprirlo todas as suas promessas a Abrão, a humanidade teria con-
tos da tcrntinologia com igual liberdade, a Íim de colocar a Pessoa de rllr.(-ro:, rlo compreender a sabedoria, o amor e o poder de Javé de
Jesus Cristo no contexto da cultura judia e grega, respectivamente. rrrrrrrrrir;r anteriormente inconcebÍvel, não apenas aos homens; mas,
,,,,'lun(lo tudo indica, também aos anjos (veja 1 Pe 1.12).
Os Cananeus /\rrtes de enviar Abráo ao seu novo destino como "uma bençáo
rr torlirs as ÍamÍlias da terra", Javé primeiro o guiou até uma região
Na verdade, os apóstolos do Novo I'estamento, como Paulo e ,lr:,r:onhecida, habitada por diversas tribos que abrangiam diferentes
Joáo, não foram os primeiros a lazer uso da e:;tratégia acima a Íim de r lrr:i e famÍlias. Eram as tribos dos cananeus, queneus, quenezeus,
identiÍicar Deus claramente para os pagãos. Um personagem não r:irrimoneus, heteus, ferezeus, reÍains, amorreus, girgaseus e jebu-
menos importante como Abraão empregou o nresmo método dois mil .,ous (Gn 15.19). Além desses 10, aproximadamente 30 outros po-
anos antes! Eis a história... vos, espalhados do Egito até a Caldéia, são mencionados por nome
:;ó nos primeiros 36 capÍtulos de Gênesis. Mais subdivisões étnicas
Javé - "Deus" em nossa lÍngua - Íez a um homem, inicialmente rl;r humanidade sáo reconhecidas especificamente nesses 36 capÍtu-
chamado Abrão, algumas promessas estupendas, há cerca de 4.000 los do que em qualquer outra seção de comprimento comparável em
anos atrás. Javé ordenou a Abrão que deixasse sua terra, seus pa- rlualquer outro ponto da BÍblia!
rentes e a casa de seu pai, partindo para um paÍs estranho, distante Ao mover-se vagarosamente entre tantos grupos éinicos, seria
e provavelmente selvagem (Gn 12.1). Javé prometeu o seguinte, se l)astante provável que Abrão viesse a desenvolver o tipo de pers-
Abrão (cujo nome Íoi mais tarde mudado para Abraáo) obedecesse às pectiva de todas as famÍlias da terra (povos) certamente exigido de
suas ordens; "De ti Íarei uma grande nação, e te abençoarei, e te en- alguém destinado a ser uma "bênçáo para todas as famílias da ter-
grandecerei o nome. Sê tu uma bênçáo: abenÇoarei os que te aben- ra"!
çoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem" (Gn 12.2-3). Ao que parece, tudo estava prosseguindo da maneira como
Até este ponto, o arranJo especial de Javé com Abráo não pare- Abráo esperava. Mas Javé tinha uma surpresa guardada para ele...
ce muito diÍerente dos inúmeros pactos similares com deuses tribais Quando o Senhor disse: "Em ti serão benditas todas as Íamílias
através de toda a história, Íeitos com seu cÍrculo exclusivo de devo- da terra", Abrão certamente pensou que ele e a naÇão que descende-
tos em várias partes do planeta Terra. Seria Javé, como alguns crÍti- ria dele tornar-se-iam a única Íonte de iluminaÇão espiritual para toda
cos insinuaram, apenas um outro insigniÍicante deus tribal aguçanclo a humanidade. Mas náo era bem isso que Javé tinha em mente!
os sentimentos egoísticos de um seEuidor com promessas grandio- De Íato, quando Abráo finalmente aproximou-se de Canaá (co-
sas destinadas a fazê-lo voltar repetidamente com nova adoraçáo e mo era chamada aquela terra estrangeira), ele logo Íicou sabendo
homenagem ?
que duas de suas cidades - Sodoma e Gomorra - já se achavam
Essa insinuação seria difÍcrl de contestar se não Íosse pela úl-
mergulhadas em proÍunda decadência. Outras, especialmente as ci-
tima linha deste acordo Javé-Abráo, onde o primeiro diz: "Em ti serào dades dos amorreus, comeÇavam a seguir o exemplo de Sodoma e
benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.3, griÍo acrescentado).
Gomorra (veja Gn 15.16). Javé, o Todo-poderoso, náo parecia ter
Essa declaraçáo Íaz brilhar uma característica especial das outro defensor além de Abráo em toda aquela região do mundo, o que
promessas de Javé! Ele não abençoava Abrão com a Íinalidade de
deve ter feito Abrão seniiÍ-se realmente muito necessário!
torná-lo egocêntrico, arroganle, indiÍerente. Javé o abençoou para Ía-
Quando, porém, Abrão e sua caravana se entranharam em Ca-
zer dele uma bençáo, e não apenas para seus próprios parentes! naã, uma agradável suÍpresa os esperava. Eles passaram perto de
Esta benção têm como alvo nada menos do que todas as famÍlias da
uma cidade chamada Salém, que signiÍica "paz" na lÍngua dos cana-
Íerral Nada poderia ser menos egoísta ou menos restrito!
neus" O nome cananeu dessa cidade, incidentalmente, iria mais tarde
Os teólogos chamam de aliança abrâmica a este conlunto de Íazer surgir a significaiiva saudaçáo hebraica Shalom e seu equiva-
promessas, mas trata-se de muito mais do que uma simples aliança
lente árabe, Salaam" Salém contribuiria mais tarde com suas cinco
24 - O Fator Melquisedequc Povos do Deus Remoto - 2S
letras para Íormar a última ltarlc clo norne Jerusalém - "o Íundamento rr,lr',t;r ;rntiga de Melquisedeque.a A forma composta E/ Elyon apare-
da paz". Porém, ainda ntais inlercssante do que a cidade de Salém , r' ,rlri numa inscrição aramaica da antigüidade encontrada recente-
propriamente dita era o rei tluc reirrava sobre ela - Melquisedequel nrÍ'nlo na SÍria.s Quando ligados, os dois termos El e Elyon signiÍica
O seu nome é uma combinação rle duas outras palavras dos "l)(:us AltÍssimo".
cananeus: melclti - "rei", e zadok - "JustiÇa". Pergunta: Abrão, o caldeu, que aparentemente chamava o Todo-
Um "rei de lustiça" entre os cananeus, notórios pela sua idola- lrrrrleroso de Yahweh (Javé), ressentiu-se do uso feito por Melquise-
tria, sacrifício de crianças, homossexualismo legalizado e prostitui- (lo(lue desse termo cananeu E/ Elyon como um nome válido para
ção no templo? Com certeza Melquisedeque recebeu um nome com- l)cus? Não temos de aguardar uma respostal Melquisedeque agiu de
pletamente imprópriol Íorma a testar imediatamente a atitude de Abrão: "Abençoou ele
Absolutamente não! Alguns anos mais tarde, ao voltar de uma (Melquisedeque) a Abrão, e disse: "Bendito seja Abrão pelo Deus Al-
operação surpreendente de resgate contra eue«lorlaomer (veja Gn tíssimo (El Elyon); que possui os céus e a terra; e bendito seja o
14.1-16), Abrão chegou ao vale de Savé. Os habitantes da região na- l)eus AltÍssimo (El Elyon), que entregou os teus adversários nas tuas
queles dias chamavam habitualmente o vale de Savé de "vale do rei,' mãos" (Gn 14.19-20).
(veja Gn 14.17). Que rei? Prepare-se para a resposta de Abrão. Talvez estejamos prestes
Não é diÍÍcil adivinhar! Um historiador judeu de nome JoseÍo a ouvir o primeiro argumento teológico na narrativa bÍblica. O que ele
conta-nos que o Vale de Savé náo era outro senáo o vale de Hinom - dirá? Vai responder: "Um momento, alteza! O nome correto para o
que ficava logo abaixo da muralha situada ao sul da cidade que é AltÍssimo é Yahweh e não E/ Elyonr. Além disso, não posso aceitar
agora a velha Jerusalém. Os arqueólogos modernos que estão esca- uma benção oferecida sob esse nome cananeu El Etyon, desde que
vando as ruÍnas da Jerusalém dos tempos de Davi, esperam desco- todo conceito cananeu deve estar, sem dúvida, tingido de noções pa-
brir, em breve, os escombros de uma antiga cidade dos cananeus gãs. De todo modo, Javé me disse que eu é que deverei ser uma
nessa mesma encosta entre o Vale de Savé e a muralha ao sul da bênção para todas as ÍamÍlias da terra, inclusive cananeus como
antiga Jerusaléml Vossa Majestade. Não acha entáo que está sendo um tanto presun-
Não seria de modo algum surpreendente se essas ruínas quei- Çoso ao abençoar-me?"
madas há tanto tempo pertencessem à cidade de Melquisedeque - a Nada disso! A resposta de Abrão foi simplesmente dar a Mel-
Salém original. E o Vale de Savé - o "vale do rei" recebeu provavel- quisedeque "o dÍzimo" (a décima parte) de tudo que havia tomado de
mente esse nome para homenagear o próprio rei Melquisedeque! Quedorlaomer na operação de resgate (Gn 14.20). Este ato de Abrão
Mal Abráo entrara nesse "vale do rei" quando o rei Melquisede- ao "dar o dÍzimo" a Melquisedeque deu lugar mais tarde a um exten-
que "trouxe páo e vinho" para ele. O narrador não diz que Melquise- so comentário do autor da EpÍstola aos Hebreus, no Novo Testa-
deque "viajou para encontrar-se com Abrão, levando pão e vinho", mento. Por exemplo: "Considerai, pois, como era grande esse (Mel-
mas simplesmente que ele "lrouxe pão e vinho" - talvez outra evi- quisedeque) a quem Abrão, o patriarca, pagou o dÍzimo, tirado dos
dência quanto à proximidade entre o Vale de Savé e Salém. melhores despojos!" O escritor continuou comentando que o sacer-
Chega agora o inesperado. Este "rei de justiça" cananeu, se- dócio do cananeu Melquisedeque deveria ser, então, considerado su-
gundo o autor de Gênesis, atuava também como "sacerdote do (El perior ao sacerdócio levÍtico do povo judeu, com base no fato de
Elyon)" - "Deus AltÍssimo" (Gn 14.18). Quem era Et Elyon? "Levi... pagou-os (os dÍzimos a Melquisedeque) na pessoa de Abra-
Tanto E/ como Elyon eram nomes cananeus para o próprio Ja- ão. Porque aquele (Levi) ainda náo tinha sido gerado por seu pai,
vé. E/ ocorre freqüentemente nos textos ugaríticos da antigüidade.3 O quando Melquisedeque saiu ao encontro deste (Abraáo)" (Hb 7.4-10).
termo cananeu E/ insinuou-se até mesmo na língua hebraica dos Com respeito ao ato de Melquisedeque abençoar Abraáo e a
descendentes de Abrão em palavras tais como Bete/ - "a casa de aceitaçáo implÍcita dessa benção por parte deste, o mesmo autor
Deus", El Shaddai - "Deus Todo-poderoso ou AltÍssimo", e E/ohim, comenta que Melquisedeque "abençoou o que tinha as promessas.
"Deus" (forma plural de E/ que náo obstante retém um significado Evidentemente, não há qualquer dúvida, que o inferior é abençoado
singular misterioso). pelo superior" (Hb 7.6-7, griÍo acrescentado).
Elyon também aparece como um nome para Deus nos textos Mas isso não é tudo que indica a incrÍvel grandeza desse per-
antigos escritos em fenício - uma ramificação posterior da lÍngua ca- sonagem cananeu chamado Melquisedeque. O autor de Hebreus cita,
26 - O Fator Melquisedequt: Povos do Deus Remoto - 27
a seguir, uma proÍecia do rci ;udcu Davi - o rei que primeiro con- ,lr,,,1 r,..1,(,r;u (lue Melquisedeque repartisse seu páo e vinho com
quistou a antiga Salém das miros dos jebuseus (1.000 a.C.) e fez /\lrr itn rr o:;t(| "[)agasse o dÍzimo" a Melquisedeque.
dela Jerusalém, capital da nação judaica. A profecia declara explici- ( ) .;llr[)reendente é que eles continuaram a Íaz$ isso através da
tamente que o Messias 1udeu, quando vier, náo servirá como membro lrl,rtorlrr :;ubseqüente da humanidade. Pois à medida que a revelaçáo
do sacerdócio levÍtico inerentemente temporário, com sua linhagem ,,,rlrrrr:l;rl «le Javé - vamos chamá-la de fator Abraão - continuou a
restrita. Em vez disso, vai ser um sacerdote da "ordem de Melquise- rrnl1111l1vJ-5s ao mundo, através das eras do Antigo e Novo Testa-
deque", e cuja ordem não Íicará aparentemente restrito a qualquer li- rrrl1111vl;, cla descobriu sempre que a revelação geral de Javé - que
nhagem particular. E náo apenas isso, mas a filiação do Messias à r lrrrrliutlrnos de fator Melquisedeque já se achava em cena, trazendo
"ordem de Melquisedeque" é confirmada por nada menos que um ju- o ;rfro, o vinho e a bênçáo de boas-vindas!
ramento divino; e Ele pertencerá eternamente à mesma! "O Senhor O presente livro é minha tentativa de traçar através da história
jurou e náo se arrependerá: tu és sacerdote para sempre, segundo a rrl.tuÍls exemplos desta magníÍica interação entre o fator Melquisede-
ordem de Melquisedeque" (Sl 1 10.4, grifo acrescentado). rlu() a revelaçáo geral de Deus - e o fator Abraáo - a revelaçáo
Javé talvez livesse avisado Abrão antecipadamente de que en- o:;pr:cial de Deus,
contraria alguém como Melquisedeque representando o Deus verda- Existe, porém, um terceiro fator. E sua relação não é nada bela.
deiro entre os cananeus. Tudo o que posso dizer é: Se Javé não avi- t,rn outro rei cananeu, de caráter bem diverso de Melquisedeque, en-
sou Abrão com antecedência sobre Melquisedeque (e o registro náo (:ontrou-se com Abraáo naquele mesmo dia no Vale de Savé. Bera,
dá qualquer indicaçáo nesse sentido), entáo a descoberta de um ho- rt:i de Sodoma.
mem como ele entre os "incultos cananeus" deve ter realmente aba- Bera mostrou-se amável também para com Abraáo, oÍerecen-
lado o pai Abrão! tlo-lhe os despojos tirados de Quedorlaomer, os quais tinham sido
Como podemos entender a afirmação bíblica de que Melquise- originalmente produtos de um saque em Sodoma.
deque era superior em nível espiritual a Abraão? O que o tornava su- Observe a reação de Abraáo: "Mas Abraáo lhe respondeu: Le-
pe rior? vanto minha mão ao Senhor, o Deus AltÍssimo (Javé - El Elyon no
Segundo este autor, a resposta parece estar no que Melquise- original. Assim como os apóstolos Paulo e Joáo aceitaram mais tarde
deque representava em contraste com o que era representado por o "Theos" e "Logos" como nomes gregos válidos para o Deus ver-
Abraão na economia de Deus. O tema deste livro é que Melquisede- dadeiro, Abráo em seus dias aceitou El Elyon, o nome cananeu dado
que apresentou-se no Vale de Savé como um símbolo ou tipo da re- a Deus por Melquisedeque), o que possui os céus e a terra, e juro
velaçáo geral de Deus à humanidade; Abraáo, por sua vez, repre- que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma
sentava a revelação especial de Deus à humanidade, baseada na correia de sandália, para que não digas: "Eu enriqueci a Abráo" (Gn
aliança e registrada no cânon. A revelaÇáo geral de Deus é superior 14.22-23).
a sua revelação especial de duas maneiras: ela é mais antiga e in- Os representantes do Íator Abraão no decorrer da história tive-
Íluencia cem por cento da humanidade (Sl 19) em lugar de apenas ram de seguir o exemplo dele ao exercer esse mesmo discernimento
uma pequena porcentagem! Assim sendo, era apropriado que Abraáo, a percepção necessária para distingüir o "Íator Melquisede-
como representante de um tipo de revelaçáo mais recente e menos que"realmente amigável entre os cananeus, desse outro componente
universal, pagasse o seu dÍzimo de reconhecimento ao representante oculto da cultura cananéia - que chamaremos de "fator Sodoma".
da revelação geral. Eles tiveram de aprender a aceitar um e rejeitar o outro, como Íez
A presença de Melquisedeque, anterior à de Abrão, em Canaá, Abrão no vale de Savé.
não diminuiu de Íorma alguma o destino especial dado por Deus a Passemos agora ao exemplo seguinte destes três Íatores mes-
este último! Pelo contrário, não existe a menor evidência de que os clando-se e/ou reagindo, na história:
dois homens se olhassem com a mais leve insinuação de invela ou
competição. Melquisedeque repartiu seu "páo e vinho" com Abraão e Os lncas
o abençoou, e Abraão "pagou o dÍzimo" a Melquisedeque. Eles eram
irmãos enr El Elyon/Javé e aliados em sua causa! Desde que a re- Pergunta: Se Deus deu a dois povos pagáos - cananeus e gre-
velação geral e a especial têm ambas origem em El Elyon/Javé, era gos - testemunho antecipado de sua existência, não poderia ter Ele
Povos do Deus Remoto - 29
28 - O Fator Melqutscdeque
lríll,,torrirriir l)ara as Regiões Remotas). Em 1906, Paine subiu até as
Íeito o mesmo ou pelo monos uma obra semelhante junto a outros po'
r1furrr:, 1rr companhia de outro missionário, Stuart McNairn. Eles fica-
vos pagãos? Todos elos talvoz'?
rrrrrr irssombrados. Náo foi senáo em 1910 que Hiram Bingham, de
Em outras palavras, o Deus que preparou o evangelho para to-
/rrlo, ao ouvir sobre a descoberta, visitou Paine em Urco. Paine
dos os povos, proparou também todos os povos para o evangelho? a Bingham mulas e guias para chegar ao lo-
rUllirvclmente Íorneceu
Caso positivo, deve ser entáo Íalsa a presente suposição mantida r:,r1. lJingham tornou-se mundialmente Íamoso desde entáo como o
por milhóes cle Íiéis e incrédulos, no sentido de os povos pagáos não "rloscobridor de Machu Picchu, a Cidade Perdida dos lncas!" Bin-
poderem compreender e, geralmente, não desejarem receber o evan-
,llram não deu qualquer crédito a Thomas Paine, mencionando ape-
gelho cristão, sendo portanto injusto tentar fazê-los aceitar o mesmo
nils os "boatos locais" como o fator que o guiara.
(e um esÍorço praticamente excessivo e inútil).
O médico Daniel Hayden, que teve contato pessoal com Tho-
No restante deste livro (e nos volumes subseqüentes) vou pro-
rrras Paine durante vários anos no Peru, aÍirma que este - um homem
var a falsidade dessa suposição. Deus preparou de fato o mundo :;imples, amado pelos descendentes dos incas em toda a região do
gentio para receber o evangelho. Um número bastante significativo
l)eru - preferiu não corrigir o "esquecimento" de Bingham. Thomas
de náo-cristáos mostrou, portanto, muito mais disposição em aceitar
lraine continua como um dos missionários cristãos cujas contribui-
o evangelho do que cristãos em compartilhá-lo com eles' Continue r;ões à ciência náo receberam reconhecimento por parte dos cientis-
lendo.
tas.
Milhares de turistas visitaram Machu Picchu desde que a nova
O apóstolo Paulo chamou Epimênides de "proÍeta"' Ficamos estrada Hiram Bingham, no Peru, a tornou acessÍvel em 1948. Quem
imaginando que tÍtulo teria atribuÍdo a Pachacuti, cuia percepçáo es-
quer que sinta reverência pelo esplendor de Machu Picchu deveria
piritual, como pagão, superava até mesmo a de Epimênides.
Pachacuti (algumas vezes graÍado Pachacutec) Íoi rei da incrÍ- saber que Pachacuti, o rei que aparentemente a Íundou, recebeu cré-
vel civilizaÇáo inca da América do Sul, de 1438 a 1471 A.D'6 Segun' dito por uma realizaçáo muito mais signiÍicativa do que a simples
do Philip Ainsworth Means, perito em antigüidades andinas, Pacha- construçáo de fortalezas, cidades, templos ou monumentos' Da
mesma Íorma que Epimênides, Pachacuti era um daqueles explorado-
cuti levou o império inca ao seu apogeu.T Vejamos, por exemplo, al-
gumas de suas realizações. res espirituais que, nas palavras de Paulo (veja At 17.27), buscou,
Quando Pachacuti reconstruiu Cuzco, a capital inca, ele fez tu- tateou e encontrou um Deus muito superior a qualquer "deus" popu-
do em escala grandiosa, enchendo-a de palácios, fortes e um novo lar de sua própria cultura. Ao contrário de Epimênides, Pachacuti não
templo dedicado ao sol. A seguir, mandou levantar um "Íabuloso deixou o Deus que descobrira na categoria de "desconhecido". Ele o
recinto dourado" em Coricancha - cujo edifÍcio "rivalizava em esplen- identificou pelo nome, e mais ainda:
dor com o próprio templo de Salomão em Jerusalém!"8 Construiu,
outrossim, uma longa Íileira de Íortalezas, protegendo as divisas Quase todos que têm algum conhecimento sobre os incas sa-
orientais de seu império contra a invasão de tribos da bacia amaz6' bem que adoravam Inti - o sol.
nica. Uma dessas fortalezas, a maiestosa Machu Picchu, tornou-se Todavia, em 1575, em Cuzco, um sacerdote espanhol chamado
durante algum tempo o último refúgio da nobreza inca em sua fuga cristobel De Molina colecionou vários hinos incas - e certas tradi-
dos brutais conquistadores espanhóis. De Íato, estes jamais encon- çóes ligadas a eles - provando que a divindade de lnti nem sempre
traram Machu Picchu. Pachacuti a Íez construir sobre um alto cimo mostrou-se indiscutÍvel, até mesmo aos olhos dos próprios incas. De
de montanha, o que a tornou invisÍvel de outras elevações mais bai- Molina escreveu os hinos e suas tradições na lÍngua inca, ou que-
xas. chua, com a ortografia adaptada do espanhol. Os incas náo tinham
Durante vários séculos, a existência de Machu Picchu perma- um sistema de escrita. Essa coleÇáo inteira de tradições e hinos re-
neceu oculta do mundo exterior. Uma Íloresta cerrada encobria o lo- porta-se ao reinado de Pachacuti.
cal. Em 1904, porém, um engenheiro de nome Franklin vislumbrou as Os eruditos modernos, ao redescobrirem a coletânea de De Mo-
ruÍnas de uma montanha distante. Franklin contou a Thomas Paine lina, maravilharam-se com o seu conteúdo revolucionário. Alguns, a
sobre a sua descoberta. Paine, um missionário inglês, servia sob princÍpio, náo quiseram crer que Íosse realmente inca! Tinham certe-
uma sociedade chamada "Regions Beyond Missionary Union" (Uniáo za que o próprio Molina deveria ter introduzido seu pensamento euro-
30 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 31
peu na composição inca original. AlÍred Metraux, porém, em sua obra lrr,r, l, /r,r o lionhor, o Criador onipotente de todas as coisas,
History of the lncas ("llistória dos lncas"), concorda com o ProÍes- Irrrkr o t;ut: restava da anterior lealdade inca a Viracocha era
sor John H. Rowo quo, sogundo ele, "Íoi bem-sucedido em restaurar llln r,lrlttrlÍuio clramado Quishuarcancha, situado na partê superior do
os hinos à sua vorsão original, (e está) convencido de que nada de- vrrlrr Vllr;irri«.rta.1a Pachacuti lembrou também que seu pai, Hatun Tu-
vem aos ensinos missionários. As formas e expressões usadas sáo lrrr , rrlhrrrou certa vez leÍ recebido conselho num sonho por parte de
basicaments diversas das encontradas na liturgia cristã na língua in- \/ltrrr or;lul. Este lembrou Hatun Tupac nesse sonho que Ele era ver-
ca".1 0
rlrrrlrrlf rrrrrcÍrte o Criador de todas as colsas. Hatun Tupac imediata-
Novas conÍirmações da autenticidade da compilaçáo de De Mo- rrrrrllrr prrssou a Íazer-se chamar (ousamos dizer que vaidosamente?)
lina vieram à tona. Um outro hino do mesmo gênero, diz Metraux, foi \/ltrtr ot;lta!
"milagrosamonte preservado por Yamqui Salcamaygua Pachacuti, um t.r conceito de Viracocha era, portanto, antiqüíssimo com toda
cronista índio do século XVll... tsasta comparar (este outro hino com prolrirbilidade. A adoraçáo de lnti e outros deuses, sob esta perspec-
os) colecionados por De Molina em 1575, para compreender que to- llvrr, não passava de desvios recentes de um sistema de crença ori-
dos pertencem às mesmas tradiçÕes literárias e religiosas".ll ,llnirl rnais puro. Metraux insinua isso quando observa que Viracocha
Metraux declara: "Pela sua proÍundidade de pensamento e li- k,vo representantes proeminentes nas culturas indÍgenas "desde o
rismo sublime (o hino inca preservado por Yamqui) é comparável aos /\lirsca à Terra do Fogo",ts enquanto a adoração do sol aparece em
mais belos dos Salmos".12 r trlativamente poucas culturas.
O que havia de tão revolucionário a respeito dos hinos? As tra- Pachacuti decidiu aparentemente que seu pai redescobrira algo
diçóes descobertas com eles declaram incisivamente que Pachacuti lrásico e autêntico, mas náo prosseguira com a descoberta até onde
- o rei táo dedicado à adoraçáo do sol, que reconstruiu o templo de rlcveria ir! Resolveu que ele, como filho, aprofundar-se-ia na realida-
lnti em Cuzco - começou, mais tarde, a questionar as credenciais de rlo tocada pelo pai (ou seria essa realidade que de fato o estava le-
seu deus! Philip Ainsworth Means, comentando sobre o desconten- vando a aproÍundar-se?).
tamento de Pachacuti com lnti, escreveu: "Ele ressaltou que esse Um Deus que criara todas as coisas, concluiu Pachacuti, mere-
corpo luminoso segue sempre um caminho determinado, realiza ta- oe ser adorado! Ao mesmo tempo, seria incoerente adorar paíte de
reÍas deÍinidas e mantém horas certas como as de um trabalhador". sua criaçáo como se Íosse o próprio Deus! Pachacuti chegou a uma
Em outras palavras, se lnti é Deus, por que ele nunca taz algo origi- Íirme decisão - essa tolice de adorar lnti como Deus já Íora longe
nal? O rei reÍletiu novamente. Ele notou que "a radiação solar pode demais, pelo menos quanto a ele e seus súditos da classe alta.
ser diminuÍda por qualquer nuvem que passe". Ou seja, se lnti fosse Pachacuti entrou em açáo. Ele convocou uma reunião dos sa-
realmente Deus, nenhuma simples coisa criada teria poder para re' cerdotes do sol - um equivalente pagão do Concílio de Nicene, se
duzir a sua luz!"13 quiser - na bela Coricancha. De fato, um erudito chama esse con-
Pachacuti tropeçou inesperadamente na verdade de que estive- gresso de Concílio de Coricancha, colocando-o então entre os gran-
ra adorando um simples objeto como Criador! Corajosamente, ele des concÍlios teológicos da história.16 Nesse concÍlio, Pachacuti
avançou para a pergunta seguinte inevitável: Se lnti não é o Deus apresentou suas dúvidas sobre Inti em "três sentenÇas":
verdadeiro, quem é Ele então? 1. lnti não pode ser universal se, ao dar luz a alguns, ele a nega
Onde um inca pagão, aÍastado dos conhecimentos judaico- a outros.
cristáos, poderia encontrar a resposta à essa pergunta? 2. Ele não pode ser perfeito se jamais consegue f icar à vontade,
Ela é bastante simples - mediante as antigas tradições latentes descan sando.
em sua própria cultura! A possibilidade desse evento Íoi prevista pelo 3. Ele não pode ser também todo-poderoso se a menor nuvem
apóstolo Paulo, quando escreveu que Theos, no passado, "permitiu consegue encobri-|o.1 7
que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, Pachacuti reavivou, a seguir, a memória de seus súditos da
não se deixou ficar sem testemunho" (At 14.16-17, griÍo acrescenta- classe superior quanto ao onipotente Viracocha, citando seus estu-
do). pendos atributos. O Dr. B.C. Brundage, da Universidade de Oklaho-
Pachacuti tomou o testemunho que extraÍra diretamente da cria- ma, nos EUA, resume a descriçáo de Viracocha, feita por Pachacuti,
çáo e o colocou ao lado da quase extinta memória de sua cultura: como segue: "Ele é antigo, remoto, supremo e náo-criado. Também
]!ÇrF
náo necessita da satir;Íitr,:iio vttlrlar de uma consorte. Ele se mani- ,,11r 1t,, rt,r rrrgrlc de PachaCuti, COnquiStadOreS eSpanhóiS CfuéiS eli-
festa como umer trirrrlrrrlr> t;uando assim o deseja,..,caso contrário, rrrtn,rrrrrrr,r l;rrnÍlia real e a ClaSSe alta. COmO aS ClaSSeS baixaS ha-
apenas guerrcirol; c arcirnjos celestiais rodeiam a sua solidão. Ele ,,t,rrrr ..trkr rolegadas à eScuridãO eSpiritual com suas idéias erradas
criou todos os [)ovos pcla sua "palavra" (sombras de Heráclito, Pla- ,,nl,rrr lllt c outros deUses ÍalSOS, nãO pUderam cOntinUar a feÍOfma
tão, Filo c o irpóstolo João!), assim como todos os huacas (espkitos). ,tí, l',r(:lrírouti. Ela morreu em sua infância, uma mini-reÍorma.
Ele ó o t)cstino <io homem, ordenando seus dias e sustentando-o. E, l'or que o império inca Íoi derrubado apenas um século depois
na vercladc, o princípio da vida, pois aquece os seres humanos atra- rtil ,,0u apogeu sob o rei Pachacuti? Viracocha se zangara pelo Íato
vés de scu filho criado, Punchao (o disco do sol, que de alguma Íor- ,trr ,r rrgliÍêZa ter OcultadO O cOnhecimento de sua peSSOa da plebe?
ma sc distinlyuia de lnti). E ele quem lraz a paz e a ordem. É aben- , , ,tuc teria também acontecido se missiOnários cristáos procedentes
qoado em sou próprio ser e tem piedade da miséria humana. Só ele ,tir trrropâ tivessem chegado ao Peru duas ou três geraçóes antes
julga e absolvc os homens, capacitando-os a combater suas tendên- rt(),, (;onquistadores? Esse perÍodo seria certamente o momento exato
t,,il,r a chegada do evangelho. O interesse no conceito de um
Deus
cias perversas".ls
Pachacuti ordenou, a seguir, que lnti fosse daí por diante res- .,ul)Ícmo estava no ponto máximO em meiO à ÍamÍlia real e à classe
peitado como um "parente" apenas - uma entidade amiga criada. As ,rlt;r. Os mensageiros do evangelho teriam tido quase um século para
orações deveriam ser dirigidas a Viracocha com a mais profunda re- t,r/or um gloriosa colheita, através de todo o império antes dos con-
verência e humildade.le rlrristadores alacarem! os incas acreditavam, além disso, numa vaga
Como resultado do concílio, Pachacuti compôs hinos reverentes l,roÍecia de que Íuturamente Viracocha lhes traria bêncáos do oci-
a Viracocha, os quais, por fim, passaram a Íazer parte da coleção de rlente, isto é, pelo mar. Mas os compassivos mensageiros cristãos,
De Molina. (luem quer que devam ter sido, deixaram de comparecer. Em seu
Alguns sacerdotes do sol reagiram com "amarga hostilidade".2o lugar veio um conquistador polÍtico impiedoso e interesseiro - Pizarro
As declarações de Pachacuti golpearam seus interesses como uma e seu exército voÍaz. Fingindo agir em nome de Deus, Pizarro
granada. Outros consideraram a lógica de Pachacuti irresistÍvel e aproximou-se do Peru pelo mar e tirou partido das esperanças incas
concordaram em servir Viracocha! Dentre estes, porém, vários se monoteÍstas, destruindo tanto estes como o seu império.
preocupavam com um problema prático: Como reagiriam as massas Ainda antes de Pizarro, Hernando Cortez aproveitou-se 0e ex-
quando os sacerdotes do sol anunciassem. "Tudo que ensinamos du- pectativas semelhantes entre os astecas e acabou com eles. como a
rante os séculos que se passavam estava errado! lnti náo é absolu- tristória poderia ter-se desenrolado de modo diferente se apenas os
tamente Deus! Esses templos imensos que construiram para eles verdadeiros emissários do evangelho tivessem chegado primeiro!
com tanto esforço - e por sua ordem - sáo inúteis. Todos os rituais e Náo apenas para transmitir sua mensagem, mas também para servir
orações ligados a lnti de nada valem. Precisamos comeÇar, agora, da os astecas, incas e outros povos ameaçados das Américas como
estaca zero com o Deus verdadeiro - Viracocha!" intermediários, ensinando-os antecipadamente a tratar com forças
Uma tal notÍcia não produziria cinismo, incredulidade? Ou até polÍticas e comerciais que logo surgiriam. os astecas e incas náo te-
mesmo daria lugar a um levante social? riam então se curvado diante de cortez e Pizarro como cumpridores
Pachacuti cedeu à diplomacia polÍtica. "Ele ordenou...que a de suas lendas, desde que estas já teriam sido então cumpridas! os
adoraÇão de Viracocha ficasse conÍinada à nobreza, (pois era)...sutil impérios maia, asteca e inca talvez tivessem sobrevivido até hoje.
e sublime demais para o povo comum (sicl;."2t Quanta ironia também no Íato de os católicos espanhóis, em
Para sermos justos, Pachacuti pode ter esperado que a adora- seu zelo de abolir a "idolatria" inca, terem destruÍdo uma crença mo-
Ção de Viracocha - tendo tempo para inÍiltrar-se como o Íermento - noteÍsta que serviu com efeito de um Velho Testamento provisório
viesse a introduzir-se, Íinalmente nas classes mais baixas. Tempo, para abrir a mente de milhares às boas novas da encarnação de Vi-
entretanto, era algo que sua reforma, em embriáo, náo tinha em gran- racocha na Pessoa de seu Filho. Note que eu disse Velho Testa-
de quantidade. Pachacuti nem sequer sonhava como a sua decisão mento "provisório" e não "substituto"'
de Íavorecer as classes seria fatal. Estas, historicamente. são um A "máo que se move" de Omar Khayyam, todavia "escreve e'
fenômeno social de curta duração notória; o povo comum é que per- tendo escrito, segue adiante". E tarde demais pata lÍazq de volta
manece. lsso aconteceu também com a nobreza inca. Depois de um Pachacuti e seu império, a Íim de tratá-los com mais justiça do que o
34 - O Fator I'tlelquisedeque Povos do Deus Remoto - 35
tizeram os espanhóis. O que importa agora? Que nós, Íilhos da pre- unos seriam necessários antes que o povo santal yiesse a abrir o
sente geraçáo, tratemos com justiça os filhos de Pachacuti que so- riou coraçáo para a mensagem ou sequer mostrar interesse por ela,
breviveram ao holocausto espanhol - os quechuas. rlosde que estava tão aÍastado de qualquer inÍluência judaica ou
Vamos colocar a reÍorma de Pachacuti em perspectiva históri- r:t lstá.
ca. Vamos compará-lo por um momento com Aquenaton, Faraó egÍp- Para grande espanto de Skrefsrud, os santal Íicaram quase
cio que tentou também uma reÍorma religiosa. Os egiptólogos procla- lrrediatamente entusiasmados com a mensagem do evangelho. Fi-
mam Aquenaton (1379 - 1361 a.C.) como um gênio raro por ter ten- nalmente, ele ouviu os sábios de Santal, inclusive um, chamado Ko-
tado - sem sucesso - substituir a idolatria conÍusa e vulgar do Egito loan, exclamarem: "O que este estrangeiro está dizendo deve signifi-
antigo pela adoração do sol.22 Pachacuti, no entanto, se encontra (;ar que Thakur Jiu náo se esqueceu de nós depois de tanto tempo!".
quilômetros adiante de Aquenaton pela sua compreensão de que o SkreÍsrud, atônito, prendeu a respiraçáo. Thakur era uma pala-
sol, que podia apenas cegar os olhos humanos, não tinha condições vra santal, que significava "verdadeiro". Jiu traduzia "deus".
de competir com um Deus grande demais para ser visto pelos olhos O Deus Verdadeiro?
do homem! Como é curioso que os eruditos modernos tenham feito SkreÍsrud náo estava, então, introduzindo um novo conceito ao
enorme publicidade em torno da reforma de Aquenaton, enquanto a Íalar de um Deus supremo. Os sábios de Santal delicadamente puse-
de Pachacuti é somente mencionada em livros de estudo obscuros ram de lado a terminologia que ele estivera usando para Deus e in-
para os iniciados. sistiram em que Thakur Jiu era o nome certo para ser usado. Aquele
Vamos endireitar os registros. nome estivera, evidentemente, nos lábios dos santal desde há muito
Se a adoraÇão do sol por Aquenaton estava um degrau acima tempo!
da idolatria, a escolha de Pachacuti de adorar a Deus em lugar do sol "Como vocês sabem a respeito de Thakur Jiu?" perguntou
Íoi como um salto para a eslratosÍera! Descobrir um homem como Skrefsrud (talvez um tanto decepcionado).
Pachacuti no Peru do século XV é tão surpreendente como encontrar "Nossos ancestrais o conheciam no passado", responderam os
um Abraáo em Ur ou um Melquisedeque entre os cananeus. Se Íosse santal sorrindo.
possÍvel voltar no tempo, Pachacuti é alguém que eu certamente "Muito bem", continuou Skrefsrud, "tenho outra pergunta. Des-
gostaria de conhecer. Gosto de chamá-lo de "Melquisedeque inca". de que sabem sobre Thakur Jiu, por que náo o adoram em lugar do
Os atenienses e cretenses da época de Epimênides e os incas sol, ou pior ainda, dos demÔnios?"
dos dias de Pachacuti morreram sem ouvir o evangelho de Jesus A expressáo dos santal mudou. "Essas", responderam eles,
Cristo. O que dizer disso? Náo houve povos pagáos que Íiressem "sáo as más notícias". Então, o sábio santal, chamado Kolean, a-
vivido para receber as bênçáos do evangelho, os quais já tivessem diantou-se e disse: "Vou lhe contar a história desde o princípio".
um conceito de Deus? Não só Skrefsrud, mas todo o grupo mais jovem dos santal si-
A história registra, de Íato, muitos desse tipo. Este é um dentre lenciou, enquanto Kolean, um ancião respeitado, desenrolQu uma
eles... história que levantou a poeira depositada sobre séculos de tradiÇáo
oral dos santal:
Os Santal
Há muito, muito tempo atrás, segundo Kolean, Thakur Jiu - o
Em 1867, um missionário norueguês, Lars SkreÍsrud e seu co- Deus Verdadeiro - criou o primeiro homem - Haram - e a primeira
lega dinamarquês, um leigo de nome Hans Borreson, descobriram um mulher - Ayo - e colocou-os bem longe, na região oeste da india
povo composto de dois milhões e meio de pessoas, vivendo numa chamada Hihiri Pipiri. Ali, um ser chamado Lita tentou lazer cerveja
regiáo ao norte de Calcutá, na Índia. Esse povo recebera o nome de de arroz e, depois, induziu-os a jogar parte da cerveja no solo como
Santal. SkreÍsrud logo mostrou-se um exÍmio lingüista. Ele aprendeu uma oÍerta a Satanás. Haram e Ayo se embriagaram com a cerveja e
tão depressa o santal que pessoas de regióes distantes aÍluÍam para dormiram. Ao acordar souberam que estavam nus e liveram vergo'
ouvir um estrangeiro Íalar táo bem a sua lÍngua! n ha.
Com a maior rapidez possÍvel, SkreÍsrud começou a proclamar Skrefsrud maravilhou-se com o paralelo bíblico na história de
o evangelho aos santal. Ele naturalmente Íicou imaginando quantos Kolean.
--Er
36 - O Fator Melquisedequc Povos do Deus Remoto - 37
Porém, havia mais... ,r'.r, ',, rr', ;rrrr;ostrais antigos só obedeciam a Thakur . Depois de
Mais tarde, Ayo tr:vc sete Íilhos e sete filhas de Haram, os ,trir,r rrlrrtt t)ltlros deuses, fomOs nOs esquecendo cada vez mais de
quais se casaram e Íormaram sete clãs. Os clãs migraram para uma llr,rl.rrr, ,rlír rlue restou apenas o seu nome.
região chamada l(ro1 t(aman, onde se tornaram corruptos. Thakur Jiu /\tu,rlrnonte alguns dizem", Kolean continuou, "que o deus-sol é
chamou a trurnanidadc para "voltar a Ele". Quando o homem se recu- Itrrrt.rrr Assim sendo, quando há cerimÔnias religiosas... algumas
sou, Thakur Jiu escondeu um "casal santo" numa caverna no monte 1,,,,,,,r,,r, ollram para o sol...e Íalam com Thakur. Mas os nossos pais
Harata (note a semelhança com o nome bÍblico Ararate), destruindo, rrrr,, r rrnl,rram que Thakur é distinto. Ele não pode ser visto com os
a seguir, o restante da humanidade através de um dilúvio. Tempos rrllr,,, rl,r oarne, mas tudo vê. Ele criou todas as coisas' Colocou tudo
depois, os descendentes do "casal santo" se multiplicaram e migra- "rr ,,ru lugar e sustenta a todos, grandes e pequenos."2a
ram para uma planÍcie de nome Sasan Beda ("campo de mostarda"). r,orno Skrefsrud respondeu? Alguns missonários, com certeza
Thakur Jiu os dividiu ali em muitos povos diÍerentes. r,,,.1rorrtleraffi em situações semelhantes, dizendo: "Esqueçam-se
Um ramo da humanidade (que chamaremos proto-santal) mi- ,1.,,r,c ente que julgam ser Deus! Ele só pode ser o diabo! Vou lhes
grou primeiro para a "terra de Jarpi" e depois continuou avançando , ont,rr rluem é o verdadeiro Deus". Esse tipo de reaçáo arrogante,
para leste "de floresta em Íloresta", até que altas montanhas blo- , rrrrr Íreqüência, destruiu o potencial de resposla de povos inteiros.
quearam o seu caminho. Eles procuraram desesperadamente uma Skrefsrud náo pertencia a essa classe. Assim como Abraáo
passagem através das montanhas, mas todas se mostraram intrans- ,rr ortou El Elyon, o nome cananeu dado por Melquisedeque a Deus, e
ponÍveis, pelo menos para as mulheres e crianças. De maneira bem rl,r rnesma Íorma que Paulo e Barnabé, Joáo e seus sucessores se-
semelhante a lsrael no Sinai, o povo desanimou em sua jornada. rtiltram o caminho aberlo pelos ÍilósoÍos gregos, quando aceitaram os
Naqueles dias, explicou Kolean, os proto-Santal, como descen- norncs gregos Logos e Theos como válidos para o AltÍssimo, Lars
dentes do casal santo, ainda reconheciam Thakur Jiu como o Deus ,lor;idiu também aprender uma lição de Kolean e seus ancestrais. Ele
verdadeiro. Porém, ao enfrentar essa crise, eles perderam a Íé no ,rr:citou Thakur Jiu como o nome de Javé entre os santal.
mesmo e deram o primeiro passo em direção ao espiritismo. "Os es- Skrefsrud não encontrou qualquer elemento de erro ligado ao
pÍritos dessas grandes montanhas bloquearam nosso caminho", de- torne Thakur Jiu, que pudesse desqualificá-lo. Ele não se achava na
cidiram eles. "Vamos nos ligar a eles por meio de um juramento, a r,;rtec;oria de Zeus, digno de rejeiçáo, mas de Theos/Logos, merece-
Íim de nos permitirem passar". Eles entraram, então, em aliança com rlor de aceitação. Além disso, raciocinou ele, se, como norueguês,
os "Maran Buru" (espÍritos das grandes montanhas), dizendo: "Ó, 1r<rrlia chamar o AltÍssimo de Gud - cujo nome surgira de um am-
Maran Buru, se abrirem o caminho para nÓs, iremos praticar o apazi' lrir:nte tão pagão quanto Theos em grego e Deus em latim - os santal
guamento dos espÍritos quando alcançarmos o outro lado". linham então, certamente, direito de chamá-lo Thakur Jiu!
Skrefsrud tinha, sem dúvida, achado estranho que o nome san- Skrefsrud aceitou o nome! Durante algum tempo' ele achou es-
tal para espÍritos perversos significasse literalmente "espíritos das trrnho ouvir de seus próprios lábios a proclamação de Jesus Cristo
grandes montanhas", especialmente por não existirem grandes mon- lurno Filho de Thakur Jiui Mas isso só por algumas semanas. De-
tanhas na terra em que os santal habitavam na época. Ele agora 1rois, a estranheza se Íoi. Sem dúvida, deve ter sido igualmente es-
compreendia a razáo. tranho quando alguém afirmou que Jesus Cristo era o Filho de Theos,
"Pouco depois", continuou Kolean, "eles descobriram uma pas- otr de God, ou de Gud, ou, finalmente, de Deus!
sagem (a Passagem Khyber?) na direçáo do sol nascente." Chama- A aceitaçáo do nome santal para Deus, por parte de Skrefsrud,
ram essa passagem de Bain, que signiÍica "porta do dia". Assim, os Ir:z rtualquer diÍerença? Uma rosa, qualquer seja o nome pelo qual a
proto-santal atravessaram para as planÍcies denominadas, hoje, Pa- r;hamem, não continua com o mesmo perfume? Num jardim, isso
quistáo e lndia. Migrações subseqüentes. os impeliram mais para o ;lconlece, mas não na memórial A própria palavra "rosa" tem o poder
leste, até às regióes Íronteiriças entre a lndia e a atual Bangladesh, tle evocar a reminiscência da cor e do perÍume' Substituir o seu no-
onde se tornaram o povo santal dos dias de hoje.23 rno por cardo náo mudará a rosa, mas eliminará a lembrança saudosa
Escravos de seu juramento e náo por amor aos Maran Buru, os rlo ouvinte. Durante séculos incontáveis, os filhos dos santal cresce-
santal comeÇaram a praticar o apaziguamento dos espÍritos, feitiçaria ranr ouvindo os pais exclamarem em seus jardins ou ao redor do Ío-
e até adoraçáo do sol. Kolean acrescentou: "No início, não tínhamos ,1o: "Ó, se apenas nossos antepassados não tivessem cometido es-
Fq
se grave erro conheceríamos Thakur Jiu ainda hoje! Mas do modo t,,t il|'r rtt,Ur(1() rcavivamento da vida espiritual em muitas igrejas da
como as coisas estão, pcrdemos contato com ele. Fomos, pÍovavel- I ilrrr1r,r i\llornando com essas explosões gratiÍicantes do aplauso
para interrogar
mente, postos dc lado corno um povo indigno e ele não quer mais na- l,rrtrlir o, r;ornitês de clérigos carrancudos reuniram-se
da conosco, por(lue nossos antepassados voltaram-lhe as costas ir,,t,,rrrrl e Borreson respectivamente. Eles se sentiam obrigados a
naquela hora diÍícil nas montanhas, há tanto tempo atrás!". ,tril,rrl,rr rla proÍundidade da reaçáo dos santal, pensando talvez que o
O uso do termo Íamiliar Thakur Jiu, diante de qualquer audiência ri ,',r;o surpreendente de SkreÍsrud e Borreson entre os "pagáos"
santal iria, portanto, evocar inúmeras lembranças, tornando os ou- ,lrr'.',{r il ter um reÍlexo negativo sobre os seus próprios ministérios
vintes, geralmente, mais contemplativos, curiosos e até mesmo l,rlrur rt)sos na "Europa iluminada".
prontos a corresponder. I nquanto isso, na Íronteira entre os santal e a índia, os cristáos
Foi exatamente este o eÍeito que a pregaçáo de Skrefsrud e ,ilrl,rl continuaram a manifestar o caráter cristão e provaram Seu
Borreson produziu!25 De Íato, antes que SkreÍsrud e Borreson perce- t',rv()Í ao divulgarem coraiosamente o evangelho entre o seu.povo'
bessem o que ocorria, eles se viram literalmente rodeados de milha- ,l rolsrud contou 15.000 batismos durante os seus anos na lndia' No
res de indivíduos do povo santal pedindo que lhes ensinassem como ,t,,(:orrer desse período, êle traduziu grande parte da BÍblia para a
reconciliar-se com Thakur Jiu através de Jesus Cristo! A possibilida- lÍrrr;tra santal, compilou uma gramática e um dicionário santal,
regis-
de de ser eliminada a separação entre a sua raÇa e Thakur Jiu os troir inúmeras tradiçÕes desse povo para a posteridade e persuadiu o
empolgou ao máximo! rtovcrno colonial a aprovar leis protegendo a minoria santal da explo-
A medida que o ensino dos interessados causou conversões e r,rr:iro impiedosa de seus vizinhos hindus'
batismos, pastores sérios, em igrejas tradicionais da Europa, logo Íi- Surpresos com o tamanho da colheita que haviam iniciado'
caram espantados com relatórios procedentes da índia, afirmando ',kreÍsrud, Borreson e suas esposas enviaram um pedido de SO-
que Skrefsrud e Borreson estavam batizando diariamente os santal, r.t)nRO! Outros missonários apressaram-se a socorrê-los, a Íim de
numa média, durante um perlodo, de cerca de B0 indivÍduos irradian- r:ciÍar a colheita santal que amadurecia velozmente; e depois de pou-
do alegria! r;;rs décadas, mais 85.000 crentes foram batizados pela missáo
san-
"AIguma coisa deve estar errada!" exclamaram certos teólogos t;rldeSkrefsrud.Aessaaltura,gruposbatistaseoutroshaviamcor-
europeus, julgando impossÍvel que os "pagãos que viveram nas tre- rido para colocar seus marcos de propriedade ao longo do filáo san-
vas" durante tanto tempo pudessem conhecer o suÍiciente sobre tirl, sendo responsáveis por várias dezenas de milhares de novos
Deus e o caminho da salvação para serem convertidos e batizados c ristãos !
tão depressa, através do ministério de Skrefsrud e Borreson, e em A história dos santal é apenas uma entre centenas de casos em
táo grande número! Até mesmo a alegaçáo de oito batismos por dia (lue povOS inteirOs do mundo não-cristáo demonstraram maior entu-
teria conÍundido a mente dos clérigos europeus, a maioria dos quais :;iasmo em receber o evangelho do que nós, cristãos, mostramos em
teria considerado a média de um batismo por semana como prova de r:nviá-lo a eles.
que a bênção de Deus se derramara poderosamente sobre o seu mi- O comentário Íeito por Kolean a Skrefsrud sobre os adoradores
nistério! tlo sol entre os santal, mesclando o nome de Thakur Jiu com a sua
,rcloraÇáo do sol é instrutivo. Da mesma Íorma que o rei de
Oitenta batismos por dia signiÍicavam, porém, que as jovens Sodoma
igrejas santal na "índia Hindu" estavam crescendo S00 vezes mais tcntou insinuar-se na vida de Abraão, os adoradores do sol ou idóla-
depressa do que a maioria das igrejas na "Europa Cristã"! Os cris- tras podem alEumas vezes tentar obter maior prestígio em seus ritu-
tãos que protestaram durante longo tempo, aÍirmando que as missôes ,tis,associandoaelesonomedeDeus.osquepraticamoocultismo
Íazem ocasionalmente o mesmo com os nomes europeus para o
para a Asia seriam absolutamente inúteis, em vista dos asiáticos se- Al-
os pesquisadores que.inves-
rem obstinados em seus pontos de vista e não poderem, de forma al- tÍssimo, tais como: God, Gott, ou Gud.
guma, compreender o evangelho, Íicaram atônitos. Skrefsrud e Bor- riUaramapenaSoritualcúlticodequalquerdeterminadasociedade
póderão passar por sobre o ponto de vista muito diferente dos
reson,.toda vez que voltavam à Europa para tazer palestras nas mem-
igrejas, eram constantemente saudados como heróis da Íé por milha- de uma cultura, como aconteceu com Kolean
irros mais perspicazes
res de cristáos comuns que, ouvindo falar da conversão dos santal, ()ntreossantal.NaausênciadesseConceito,umestranhopoderia
Íacilmente chegar à conclusáo errada de que Thakur Jiu era o
viajavam grandes distâncias para ouvir os dois homens. O resultado nome
40 - O Fator Melquisedequa Povos do Deus Remoto - 4l
de um deus-sol santal. t,r,l.roÍ;o em oulra parte do mesmo pOema, citado pelO apóstolo
Vejamos outro caso: [-luascar, décimo-segundo rei do império l',rrrl,.rTr Tito I.12! Porém, um destino diferente e muito mais sério
inca (Pachacuti Íoi o nono), mandou erigir um ídolo de ouro numa ilha ',olrrcvoio à variante Zeus.
no lago Titicaca e chamou-o de Viracocha-lnti!26 os teólogos gregos, manipulando, através dos séculos, o nome
A múmia de Pachacuti deve ter gemido em sua cripta! 1
rrr:,:;oill do Todo-poderoso (Zeus), introduziram gradualmente signiÍi-
O nome do deus grego Zeus é outro exemplo. Compare Zeus ,,rrlos inconsistentes com o conceito original. Eles decidiram, por
com fheos e Deus na coluna seguinte: r,rcrrplo, aÍirmar que Zeus fora gerado por dois outros seres - Kro-
Zeus rros e Rhea. Uma vez que os teólogos induziram os adoradores a
Oeos (usando a consoante grega theta em lugar de "th") ,rr;oitarem a sua revisão, o nome Zeus não mais designava um Cria-
Deus rlor incriado. Na ausência de um número suficiente de "koleans" para
Náo é necessário um diploma de lingüÍstica para enxergar que rloÍender o conceito original, "Zeus" morreu como um nome válido
os três nomes procedem de uma única raiz linEüÍstica. Os três co- ;rirra Deus. Esse termo uma vez proÍundo prosseguiu, tornando-se,
meçam com consoantes --2, O, e D - - que exigem que a ponta da porém, tão incrustado de erros que nem sequer um Platáo ou Aristó-
lÍngua esteja entre os dentes ou imediatamente por trás deles. Os toles puderam resgatá-lo. Eles tiveram simplesmente de passar por
três nomes destacam o que os língüistas chamam de "vogal e média, cle, favorecendo Theos. O mesmo Íizeram os tradutores judeus e os
aberta, no segundo espaÇo. O terceiro espaÇo nos três nomes con- apóstolos cristãos.
tém as vogais o ou u "posteriores Íechadas". E os três nomes pre- Do mesmo modo, quase no exato momento em que o Cristia-
enchem o quarto espaço com a sibilante s. Em último lugar, os três nismo nasceu, os "mudadores de signiÍicado" teológicos tentaram in-
compartilham de um sentido semelhante. Vamos, agora, reconstruir sinuar novos sentidos tendenciosos nos termos cristáos. Os grandes
teoricamente a história provável desses três termos. concÍlios teológicos dos Pais da lgreja podem ser tidos como uma
No princÍpio, antes do grego e do latim se diferenciarem como tentativa de impedir que os termos cristãos importantes soÍressem o
lÍnguas distintas, havia um vocábulo original - talvez Deos - que era mesmo destino de palavras antes elevadas, como Zeus, tinham sofri-
um nome pessoal para o Todo-poderoso. Mais tarde, à medida que as do.
várias seitas inventaram deuses menores e lhes deram nomes pes-
soais, cada seita aÍirmou que seu deus era, na verdade, Deos. Como Uma das surpreendentes características deste "deus dos céus"
resultado, na ocasião em que as mudanças de pronúncia levaram benigno e onipotente, de muitas religiões populares da humanidade, é
"Deos" a se tornar "Deus" em uma região e "Oeos" em outra, os sua tendência de identificar-se com o Deus do Cristianismo! Esse
três termos se haviam generalizado de Íorma a significar "deus" em "deus dos céus", embora considerado pela maioria das religióes po-
lugar de "Deus". pulares como remoto e praticamente inatingÍvel, tende a aproximar-se
Exemplo: As esponjas de aço apareceram pela primeira vez sob e falar às pessoas religiosas sempre que - sem que elas mesmo o
a marca "Bom-Bril". Quando as empresas concorrentes produziram saibam - estão presles a encontrar emissários do Deus cristão!
outras marcas de esponjas desse tipo, a palavra "Bom-Bril" estava E o que o "deus dos céus" diz nessas ocasiões? Ele se vanglo-
táo indelevelmente associada com as esponjas de aÇo que o público ria e se encoleriza invejosamente contra o Deus do cristianismo, co-
também chamava os produtos concorrentes de "Bom-Bril',. Em outras mo uma divindade estrangeira usurpadora? Pressiona seus seguido-
palavras, "tsom-Bril" tornara-se "bom-bril", assim como .,Deus', tor- res a rejeitarem Íanaticamente o evangelho do intruso? Longe disso!
nou-se "deus", Em centenas de casos, atestados por literalmente milhares de reli-
Filósofos como Xenofonte, Platão e Aristóleles tentaram, com giosos em todo o mundo, o Deus dos céus faz exatamente o que El
efeito, inverter a tendência para a generalização, voltando ao uso Elyon Íez através de Melquisedeque. Ele reconhece alegremente co-
original de Íheos como um nome pessoal. O resultado? Tanto o senti- mo sendo seus os mensageiros de Javé que se aproximam! Toma
do especíÍico original como o geral passaram a coexistir. cuidado para esclarecer perÍeitamente que Ele é justamente o próprio
Zeus, como uma terceira variação do Deos original, conseguiu Deus que esses estrangeiros especiais proclamam!
evitar a generalização, sobrevivendo como um nome pessoal especÍ- Tem-se a indiscutível impressáo de que o Deus dos Céus que-
fico. De Íato, Epimênides usou Zeus como nome pessoal do Todo- ria comunicar-se com pessoas de várias religiões populares todo o
-IIF
tempo, mas por suas prrólrrias razões misteriosas manteve uma polí- ()lllros missionários, treinados por teólogos que menospreza-
tica de restriÇáo até a cherlada do testemunho de Javé! v,ilil o lonônreno, ficaram assim mentalmente condicionados a ignorar
Esta é, com oortera, uma poderosa evidência extra-bÍblica da ,r lvrrl0rrcia, ainda antes de tê-la encontrado! Ou talvez se surpreen-
autenticidade <1a llÍblia como revelação do Deus verdadeiro e univer- rlr,',:,crÍr com ela, mas se senlissem relutantes em mencioná-la para
sal! Ela é tambóm, como veremos mais tarde, a principal razáo, a nÍ- rlrrrr rious próprios proÍessores não viessem a duvidar de sua ortodo-
vel humano, para a aceitação fenomenal do cristianismo entre pes- rl,t.
soas de muitas religiões populares diÍerentes em todo o mundo. Além Dois ou três teólogos proeminentes, quando comeÇaram a ouvir
do mais, passagem após passagem das Escrituras têm testemunha- r,l,rtos de segunda ou terceira mão sobre um reconhecimento quase
do, no decorrer dos séculos, que o nosso Deus não se deixou sem rrrrrvcrsal de um Deus Supremo, entre as religiões populares ao redor
testemunho - em separado da pregação do evangelho (veia por rlo rnundo, chegaram precipitadamente a uma conclusão infeliz: A
exemplo, At 14.16-17 e Rm 1.19-20 e 2.1 4-15). Esse teslemunho, ',rrrryularidade da BÍblia, como a única auto-revelaçáo de Deus ao ho-
embora diÍerente na espécie e qualidade do testemunho bÍblico - rrrcrn, estava sendo ameaÇada, segundo eles. Alguns evolucionistas,
conlinua sendo mesmo assim uma evidência dEle! r;ornpreendendo que náo seria proveitoso para sua causa se os teó-
Como é entáo trágico a verdade de que os cristãos em geral lo(los começassem a divulgar o ÍenÔmeno do deus dos céus, astu-
náo sabem praticamente nada sobre este Íenômeno mundial de pres- r;iosamente os instigaram a rejeitar o fenômeno, insinuando que ele
suposiçáo monoteÍsta, subjacente à maioria das reiigióes populares l)rovava que a BÍblia não era única. Os teólogos responderam com
da terra! Muitos teólogos e até alguns missionários, cujos ministérios l)ouca sabedoria, rejeitando o fenômeno do deus dos céus como in-
Íoram tremendamente Íacilitados pelo fenômeno, nervosamente em- r;onseqüente. Por sua vez, eles persuadiram gerações de alunos a
purraram para um canto escondido esta evidência que serve para ;rdotarem a mesma postura defensiva. Desde entáo, certos teólogos
clarear a mente. lornaram parte de sua carreira desacreditar crenças paralelas à BÊ
Por que? Se você pertence a uma tradição que vem ensinando blia nas religiões populares como "distorçóes" ou "falsidades satâni-
aos cristãos, há séculos, que o resto do mundo se acha em total es- r;as".
curidáo e nada sabe sobre Deus, Íica um tanto embaraçoso dizer: Naturalmente, é verdade que contrafações espirituais, Íalsida-
"Estávamos errados. Na verdade, mais de 90 por cento das religiões rics e distorÇões foram cie Íato introduzidas no mundo. É também
populares do mundo reconhecem pelo menos a existência de Deus. possÍvel que os mensageiros do evangelho sejam desviados por
Algumas até consideram seu interesse redentor pela humanidade". clas, assim como é igualmente poss[vel que uma abelha, zumbindo
A declaraçáo Íeita pelo apóstolo João de que o mundo jaz no t;m meio às Ílores, caia, por engano, nas garras de uma planta carnÍ-
maligno (veja 1 Jo 5.19), deve ser combinada com o reconhecimento vora. Mas as abelhas náo deixam de colher o néctar com medo das
do apóstolo Paulo de que Deus não se deixou ficar sem testemunho. plantas carnÍvoras, ou das teias de aranhas ou dos insetos louva-
Pois esse testemunho penetrou nas trevas da impiedade em quase tlous.
toda parte, até certo ponto. A seguir, vemos dois exemplos de plantas carnívoras fazendo o
Nas palavras do apóstolo João, "a luz resplandece nas trevas, papel de "Ílores" em nosso "campo", como Jesus chamou repetida-
e as trevas não prevaleceram contra ela" (Jo 1.5), João especiÍicou rnente este mundo. Os missionários Íazem bem em evitar tais coisas
ainda que a "luz" descrita por ele é "a verdadeiÍa luz que, vinda ao c os teólogos nos advertem corretamente contra elas.
mundo, ilumina a todo o homem" (1.9, griÍo acrescentado). 1. Os hindus esperam o que chamam "a décima encarnação de
Mas, por que os missionários que passaram pela mesma expe- Vishnu". Um jovem missionário na india, desesperado em obter a
riência do fenômeno do deus dos céus procuram ocultar a mesma? atenção dos hindus, simplesmente decidiu proclamar Jesus desse
Talvez por julgarem que alguém pudesse dizer em seu país: "Vejam! rnodo - a décima encarnação de Vishnul Ele estava certamente sen-
Eles já acreditavam em Deus! Você não precisava convertê-los, afi- clo insincero ao afirmar tal coisa. Os teólogos conservadores agitam
nal de contas!" Evitar a objeção era mais fácil do que confrontá-la - os braços, como um juiz de Íutebol, e gritam "louco!", quando ficam
embora não seja diÍÍcil de contestar! Entáo, eles simplesmente comu- sabendo de uma abordagem tão comprometedora na comunicação
nicaram outras inÍormaçóes importantes aos que os mantinham na transcultural.
missão. Porém, eles não devem, logo a seguir, argumentar com base
44 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 45
nesse único exemplo, que o ponto de vista de outras culturas é basi- prr',,.1;;11 do Magano. Seu nome - Warrasa Wange. Sua posição - pa-
camente irrelevante quando nos aproximamos delas com o evange- r,'ntr, (l-r "ÍamÍlia real" da tribo gedeo. Seu domicílio - uma cidade de
lho. Esse tipo de dedução é um exemplo de atitude precipitada. rrrrrrro l)illa, situada na parte mais remota das terras da tribo gedeo.
Permanece o fato de que a crenÇa indiana na possibilidade de '.r'rr rrr(rtodo de abordagem a Magano - uma oraçáo simples, pedindo-
um deus encarnar-se entre os homens, torna-nos mais compreensi- llrr, r;rre Se revelasse ao povo gedeo!
vos quando conversamos com eles sobre "o Verbo que se Íez carne Warrasa Wange obteve uma pronta resposta. Visões surpreen-
e habitou entre nós" - náo em ocasiões sucessivas, mas de uma vez rllrrtcs comeÇaram a surgir em seu cérebro de uma hora para outra.
por todas! llc viu dois homens brancos. (Os que soÍrem de "caucasoÍobia" -
2. Alguns budistas, do mesmo modo, esperam uma quinta ma- lrorjsoas que náo gostam ou temem os "brancos", geralmente cha-
nifestação de tsuda como Phra-Ariya-Metrai, o "senhor misericordio- r lrirmados "caucasianos" - iráo objetar, mas o que posso lazer? A
so". Seria errado e Íútil reduzir o Filho de Deus, encarnado uma vez lrr:;tória não deve ter previsto o pendor atual para a caucasofobia!)
por todas, a uma simples "quinta maniÍestação" de quem quer que Warrasa viu os abrigos Írágeis erigidos pelos dois brancos, sob
seja. No entanto, o reconhecimento dos budistas de que o homem ,r sombra de um grande sicômoro, perto de Dilla, cidade de Warrasa.
precisa de misericórdia administrada por um poder além de si mes- Mais tarde, eles construiram estruturas mais permanentes, com tetos
mo, permanece como um ponto de contato latente. lrrilhantes. Essas estruturas, finalmente pontilharam toda uma ladei-
O testemunho entre as religiões populares relativo à existência ral O sonhador jamais vira as estruturas temporárias Írágeis nem as
do Deus Supremo tende, entretanto, a constituir uma categoria muito permanentes, de telhado brilhante. Todas as habitações na terra dos
diferente das acima citadas. Apresentamos a seguir duas ilustrações. ryedeos tinham telhado de capim.
Uma delas vem do livro de Harold Fuller, Run While tlte Sun is Então, ele ouviu uma voz. "Esses homens", disse ela, "traráo a
Hot ("Corra Enquanto o Sol Está Quente"), com detalhes acrescen- você uma mensagem de Magano, o Deus que você procura. Espere
tados e extraÍdos da obra de Albert Brant, ainda não publicada, /n Íhe lror eles".
Footsteps of the Flock ("Nos Passos do Rebanho"). A outra Íaz parte Na cena Íinal de sua visão, Warrasa viu-se removendo a estaca
de uma entrevista pessoal com o Dr. Eugene Rosenau, virtual cida- central de sua própria casa. No simbolismo gedeo, essa estaca cen-
dão da República Centro-Africana. tral representa a própria vida do homem. Ele levou a seguir a estaca
e fixou-a no solo junto a uma das habitações de telhado brilhante dos
O Povo Gedeo da Etiópia cstran ho s.
Warrasa compreendeu a implicação - a sua vida iria identificar-
Nos recessos da regiáo montanhosa da Etiópia, na parte cen- se mais tarde com a dos estrangeiros, com a sua mensagem e com
tro-sul, vivem vários milhões de caÍeicultores que, embora divididos Magano que os enviaria.
em diversas tribos, compartilham uma crenÇa comum num ser bené- Warrasa esperou. Oito anos se passaram. Durante esses oito
volo chamado Magano - Criador onipotente de tudo quanto existe. anos vários adivinhos entre os gedeos proÍetizaram que estranhos
Uma dessas tribos é chamada de Darassa ou, mais acuradamente, logo chegariam trazendo uma mensagem de Magano.
de povo gedeo. Na verdade, bem poucos membros da tribo gedeo, Num dia muito quente, em dezembro de 1948, o canadense de
cerca de meio milhão de membros, oravam a Magano. Com efeito, um olhos azuis, Albert Brant, e seu colega, Glen Cain, surgiram no hori-
observador casual descobriria que o povo estava mais preocupado zonte num velho caminháo. A missáo deles era dar início ao trabalho
em apaziguar um ser maligno, a quem dava o nome de Sheit'an. missionário, para a glória de Deus, entre o povo gedeo. Eles haviam
Certo dia, Albert Brant perguntou a um grupo de gedeos: "Vocês esperado permissáo do governo etÍope para estabelecer sua nova
consideram Magano com tanta reverência, mas no entanto rendem missão bem no centro da região dos gedeos, mas os etÍopes amigos
sacriÍÍcios a Sheit'an; por que isso? Ele recebeu a seguinte resposta: da missáo avisaram que tal pedido seria certamente recusado devido
"SacriÍicamos a Sheit'an, náo porque o amemos, mas simplesmente ao clima polÍtico existente na ocasião.
por náo termos comunháo suficiente com Magano para que nos "Peçam para ir apenas até a cidade de Dilla", disseram os con-
aÍastemos de Sheit'an! selheiros com uma piscadela. "Ela Íica bem distante do centro da tri-
Todavia, pelo menos um homem gedeo procurou uma resposta bo. Os que se opõem à sua missáo vão achar que não poderiam de
Povos clo Deus flemoto - 4 /
46 - O Fator Mc'ltluisedequa resPondido com tanta
na peri- rtUt,r rtrlrltttlllba, explicavam porque haviam
Ferdinand Rosenau'
inÍltrtlnoiar a tribo inteira a partir dessa cidade l,rorrlrrl,to ao evangelho
quando o pai de Eugene,
Íorma alguma entre os mba-
Íeria!" ôain ,.tri.â bem
^-^ Cain"'Fica extremi-
hem na ex
, ,,ou:; colegas batistas o pregaram pela primeira vez
"Lá está ela", exclamou Urant
para l,n. r,nr princÍpios da década de 20' exclamou: "Os
tem de s.ervir"' Ccrto dia' Eugene, profundamente comovido'
oro" * ,árulaçáo g"o*o' mas o velho caminháo para Dilla'
Glen
',.rr; aflcestrais mOar<a mais perto da verdade do que meus
Com um susplro, ele dirigiu ele' "Espero ""iu'urn Europa!" Seguem-se alguns
Cain limpou o suor * ü"''
"ôue calor' Albert"' disse
irrrt.passado. g"rrani"á"-ào nott" da que me Íoram transmitidos
, orncntários oo. *"*Àiot O" t'lOo
mbaka'
encontrarumaboasombraparaas..nossastendas!'' enco-
respondeu Albert' "Parece ,1,, Mbakaland pelo próprio Eugene Rosenau'
Olhe aquele nossos antepassa-
'"]ho "i"O*oro!" "Koro, o Criador, enviou uma mensagem a
mendado para nós!".^r^.,rn .rrhinrrn uma ,ma lombada' em segunda' para oir""do que Ele já mandara seu,Fil,!o nara
Brant virou o veículo' subindo ,r,s rrá muito tempo Mais
Wange ouviu o som do carro
à distância' "irat,
ro;rlizar uma coisa *"uuitf'o'u em favor
Oe toOa a humanidade'
chegar à árvore' Warrasa de ver o velho caminháo de Brant afastaram-se da verdade sobre o
Ele se voltou rr,tur.iàni* a temf,o t.rrile, porém' nossos -o ancestrais que Ele havia
da árvore' Devagar' warrasa seguiu
I rrho de Koro. com ,"Ãpo, eres até esqueceram o
parar sob o" do ';esquecimento"' gerações
'u*o"'ã'i"no'oo"
para onde estava o caminháo'
-Ãais reÍletindo"' tcrto pela numanidadJ' õ"Joá a época
Warrasa (agora um crente radiante descobrir a verdade sobre o
Três décadas tarde' :;ucessivas o" no."J'pouá-á"t"i"'"m
rvragano)' iunto com Albert
Brant e outros' saber Íoi que mensageiros Íi-
em Jesus Cristo, fiffto'àe I irho de Koro. Mas tudo o que pudemos
entre o povo gedeo - igrejas
com uma esquecido' De algu-
contaram mais de zôo igrelas e ou- nalmente viriam p"," iãp"tit esse conhecimento
caoat cgm a aiuda de warrasa
rna Íorma, sabÍamos também
que os mensageiros seriam provavel-
média acima o" zoo""r""rnoios a trioo gedôo Íoi influenciada pelo
de õiri"' q'á"ã ttoa rnente brancos..." Desta vez a
tros habitantes
evangelho - "r"tu'ãuiofatizaçao periÍérica de Dilla! (Os que sofrem de caucasolggiu. q:d"' relaxar!
t;or branca era apenas uma probabilidade!)
que' à chegada dos mensa-
Os Mbaka da República Centro-Africana "...Em qualquer caso, resolvemos
as boas-vindas e crerÍamos
alguma' rleiros Je Koro, todos nós lhe darÍamos
povo gedeo náo é' de maneira
O que aconteceu entre o milhares na sua mensagem!"
disso' que os homens de
incrivel que- pareça' literalmente Ferdinand Rosenau descobriu' além
um incidente isoraiÀ' Por da história Íicaram surpresos com eram considerados "guardado-
de missioná,iot t']JiaoJ'"t'"'e' uma certa aldeia chamada Yablangba
de alguns povos mais remotos! Pessoas
res das tradiçóes d" K;;"
I u'á espécie de clá levÍtico dentro da
as boas-vino"' "*'Éã'untes
iornal' n*À *""o
ú' se ele Íosse atirado ao evangelho?
iuúo. Cotno, õntáo, eles responderam
que não
"on'"g'i'ãÀ '* -to'odos mensageiros
do Deus verdadei-
O povo mbaka em Yablangba' reaoiu tão positivamente ao
à sua porta, p'u''''J* a crregáda tivessãm acabado de ler sobre ãécaoa de 50 alguém Íez
ro com t"nto - evangelho, conta rugã;;, *9 "át^1" 9i
"onr'ã"irnt"" Porém'""g"i'iÃànt" o "deus dos océus" uma importante desc;be rla -
75 a 90 por cento de todos os pastores
eles no noticiário Ããtutinol de;ig;à-lo - não revelav^a' tipo de seus colegas' eram dessa mesma
como os antropotogJs"tottu*'* di- aÍricanos, treinados por Eugene e Íoi depois alterada' à me-
liànrrg"iro s iiansmitiriam. Ele preÍe reria rlrande aldeia - Yablangbal A porcentagem
boas notÍcia, 0 r""1"""r, qual a histó- República Cóntro-AÍricana' que responde-
para chegar' Ei;" motivo pelo
<.ticla que outros po,o' ãu
zer apenas q'" "tú"* com sua quota de líderes' a maioria
dos
ria de Koro ulã' uma exceçáo estonteante! banto da ram, passar"* , pastores de Yablan-
Koro? O"* Criador' como é cha'nJo em várias lÍnguas perto
"oni'ibuir
rluais Íoi naturalment" o'iunt"O'
pelos primeiros
AÍrica' E uma t'i;;;;"i;
I os Mbaxa - chegaram talvez chegadamais
da terra- p"u"i náo apenas-a ''o'' o,n mesmo os "ritos de passagem" tribais
eltre
:: TlLii: jl1
do que qualquer outro povo
mas até '.nLt*o da parte de ;:::' i : :: :
seu conteú-
de uma ,n"n"un"lt-ã; [;;;' ., n ill il;:;;," ; "' " *i"'-i'lJ"
; IiI ?' 3 : l,'r,i t",iil:,:H:
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do! de Sibyut na Repúblici :.:i,:
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os Mbaka vivem perto da cidade Ph'D" costumava ouvrr nos por imersão "áti:t-:l::^it::":::i'""Ir";i '3;
como uma criança recém-nascida!
De
tro-AÍricana. o ;;;;;ãriolrgun" úÀarta' especialmente os da al-
R.osenau, ::r'rilJ:1ll"l"àr"tt"r-se
atônito quando ;;;;;;tt
da tribo
.__{
48 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 49
acordo com o simbolismo, não llte era permitido Íalar. rrr,rrtrr lroÍ um estrangeiro. Esse mesmo evangelho não se ajustava
Toda vez quo um indivkluo mbaka tropeçava numa pedra, ele se ,rl1ro1l6 às exigências de Koro como um Deus justo, mas também às
voltava e ungia o objcto ofensor. A seguir, dizia à mesma: "Fale, pe- ,rilr1., l)ró[)rias necessidades como homens e mulheres pecadores. o
dra, Koro usou vocÔ para guardar-me do perigo ou do mal?" lrrlo rlo o evangelho Íazer isto de modo a cumprir, em vez de anular,
Eugene vê um eslranho paralelo entre esse costume e a metá- rr,,trr lrúcleo "redentor" da tradiçáO mbaka tOrna O evangelhO únicO,
Íora bíblica do Jesus Cristo como uma "pedra de tropeço" e uma "ro- ,,rrr llr;ar de diminuí-lo! Essa singularidade aumenta muitÍssimo quan-
cha de oÍensa". Porém, Ele representa isso apenas para os homens ,to porcebeÍTlos que O mesmo evangelhO também Cumpre oS compo-
que náo reconhecem que Deus busca guardá-los do perigo e do mal rrr,rrtcs redentores de milhares de outras culturas!
através de Jesus! Os mbaka, por sua parte, estão prontos a reco- Nenhuma outra mensagem da terra já possui um alicerce lança-
nhecer a bênção de Koro, até mesmo quando ela vem disfarçada nu- rtrr p;tra a mesma nos sistemas de fé de milhares de sociedades hu-
ma pedra de tropeço que Íere o seu pé! Irrrlnas completamente diversasl
Eugene lembra uma época, anos antes, quando missionários Como é lamentável que alguns teólogos tenham julgado q.ue a
mais jovens, encantados com histórias desse tipo das tradições ,,tntlularidade do evangelho estivesse sendo ameaçada por essas
mbaka, disseram que gostariam de ter "mais tempo para estudar a trirrlicões, quando na verdade elas a acentuavam! E igualmente digno
cultura". Um missionário mais velho objetou: "Não se estuda o inÍer- rlo lástima que nos ensinassem a condenar as mesmas, consideran-
no. Pregamos o céu!" rkr-as ,,Íalsas" ou "distorcidas". Este tipo de ensino levou alguns
O "inÍerno" acha-se admitidamente presente em toda sociedade r;ristãos - incluindo certos missiOnáriOs - a Se mostrarem muito de-
humana. Selvagens "nobres" são táo raros quanto nobres civiliza- t(,rrsivos e até oÍensivos para com os náo-cristáos. lnstigou-os a ver
dos. O mesmo homem que unge a pedra, hoje, pode cometer homicÊ ;rs semelhanÇas cgm O cristianismg em Oulras culturas cOm barreiraS
dio amanhã. Admitimos também que jamais devemos permitir que rro evangelho, em vez de umbrais com a inscrição "bem-vindos"!
nosso Íascínio por qualquer situaçáo humana nos absorva tanto que Uma outra pergunta: E se os convertidos de um determinado
deixemos de "pregar o céu". povo, depois de receberem o evangelho, com a sua compreensáo Ía-
Náo obstante, parece claro que o "inferno" não teve prioridade r;ilitada por suas próprias tradições, se desencantarem posterior-
no desenvolvimento da cultura mbaka, pois alguma inÍluência celes- rrronte do mesmo? E se voltarem às suas tradições e fizerem delas
tial se faz sentir. Quem quer que desejasse pregar sinceramente o ilm Íim em si mesmas? E se construirem uma seita em volta delas,
céu aos mbaka não erraria se primeiro estudasse a inÍluência que oompetindo com as igrejas de cristo? Devemos dizer entáo: "Ah! lsto
este já exerceta sobre o mundo deles! l)rova que as tradiçóes deles eram do diabo todo o tempo!"
Do mesmo modo que aceitamos prontamenle um eslranho, caso Absolutamente náol se uma mulher estraga a navalha do marido
primeiramente ele tenha sido recomendado por alguém que conhece- r;ortando algum objeto, isso signiÍica que ele náo deveria ter uma na-
mos e em quem confiamos, os mbaka também receberam alegre- valha desdeo começo? o mau uso subseqüente não invalida o propó-
mente o evangelho por ter-lhes sido recomendado por alguém que sito para o qual a navalha Íoi Íabricada. Antes de desacreditar a tra-
conheciam e em quem confiavam - sua própria tradiçáo sobre Koro! rlicáo ou culpar as pessoas pelos seus atos, devemos Íazer primeiro
inclagaçóes quanto ao seguinte'
Por essas razóes, proponho que estes aspectos particulares da EmnossaapropriaçãodoÍolclore,deixamosmuitasperguntas
tradição mbaka sejam descritos como "redentores". (Nota: "redento- r;em resposta? Ou, quem sabe, missionários da segunda ou terceira
res" e náo "salvadores"! "Redimir" signiÍicaria que o povo mbaka rleração tivessem falhado em apreciar a metodologia transcultural
poderia entrar em comunháo com Deus através de suas próprias tra- rlos pioneiros ousados que Íizeram os primeiros contatos com o povo
dições, em separado do evangelho. "Redentor", neste conlexto, sig- ()Ín sua área? certas vezes, quando visito campos missionários,
nifica "contribuir para a redenção de um povo, mas sem culminá-1a.") tlcscubro que os obreiros que continuam o trabalho começado por
"A tradição redentora" contribui para a redenção de um povo, outros nem sequer pensaram em inquirir sobre o tipo de comunicação
apenas por facilitar sua compreensáo do sentido dessa redençáo. (lue seus predecessores consideravam eÍicaz. se esses sucessores
A tradiçáo redentora dos mbaka levou-os a considerar o evan- lomarem muitaS cOisaS cOmO certas, eleS talvez OÍendam desneces-
gelho como algo precioso e náo como uma coisa imposta arbitraria- :;ilriamente os jovens convertidos, aÍastando-os das igrejas cristás.
--Í
Desse modo, quando ossos t;onvertidos procuram encher o vazio em ltr,,rlr.r trrna lição espiritual, Deus írá alegremente providenciar uma
suas vidas, conÍirrnrrnrlo ils ilnti(las tradiçÓes, que sabem instintiva- ,rtu,r( ro de ensino adequadal (Veja Lc 10.25-37;17.11-17.) Da mes-
mente estarem rlc altlrrna Íornra ligadas ao evangelho, o seu folclore rrr,r lorma, Deus humilha algumas vezes os arrogantes europeus
pode ser inlul;lunrcrrtc rotulado de "arma satânica usada para iludir tr,rrr,;rrritindo-lhes sua verdade através de irmãos mulatos ou pretos
jovens convortidos". ,l,r /\:;ra ou ÁÍrica. De modo inverso, talvez seja melhor para a alma
llrna outra pergunta: não é humilhante para povos como os ge- ,lr) utn liberal rancoroso, se encontrar o caminho da verdadeira liber-
deos ou os mbaka terem conhecimento sobre Magano/Koro e serem t,rr,rs p6'' meio de um membro da raça dominante odiada!
obrigados a aguardar séculos até que estrangeiros cie alguma outra Com esses princÍpios em mente, preÍiro náo questionar o méto-
parte do rnundo resolvam que "talvez esteja na hora de ir e contar- ,lrr riivino de Íazer uso de mensageiros improváveis para alcançar vá-
lhes como podem conhecê-lO pessoalmcnte?" u():, povos. Espero conÍiante que Ele continue a empregar mensagei-
A rcsposta ó, acima de tudo, sim! Povos como os Eedeos ou os ro:; (lue façam levantar as sobrancelhas de pelo menos alguém.
mbaka várias vezes deixaram os missionários embaraçados, per- Vejamos agora outros exemplos de povos preparados.
guntando: "O seu tataravÔ conhecia os caminhos de Deus? Sabia?
Então, por que não veio e ensinou meu tataravô?!" Os Chineses e os Coreanos
Mas uma resposta mais completa exige também o seguinte co-
mentário: Pense na pessoa mais presunçosa e arrogante que conhe- Os chineses o chamam de Shang fi - o Senhor do Céu.
ce (náo inclua você mesmo). Agora pergunte: Que denominador co- Alguns eruditos Íazem especulaçóes a respeito de Shang Ti po-
mum esconde-se por trás desse conceito e dessa arrogância? Esse rlcr talvez relacionar-se lingüisticamente ao termo hebraico Shaddai,
denominador comum é invariavelmente uma ilusão de independência (;omo em El Shaddai, o Todo-poderoso.
- uma conÍiança irreal em nossa capacidade de forjar nosso próprio Na Coréia ele é conhecido como Hananim - O Grande.
destino. A crença em Shang Ti/Hananim é anterior ao conÍucionismo
Se entre os presunÇosos você encontrar alguém que julga taoísmo e budismo, náo se sabe por quantos séculos. De Íato,
agradar até mesmo a Deus - é certo que se trata do mais arrogante segundo a ,Encyclopedia of Religion and Ethics ("Enciclopéciia de
de todos! Não nos surpreende entáo que a resposta divina à arro- lleligiáo e Etica" (vol 6, p.272), a primeira reÍerência a quaiquer tipo
gância humana seja declarar-nos todos dependentes! Essa depen- rie crença religiosa na história chinesa especiÍica apenas Shang Ti
dência náo está ligada às nossas boas obras" mas à boa obra de seu como o único objeto dessa Íé. A antigüidade da reÍerência em ques-
Filho no Calvário! lsto não nos deixa qualquer base para a vaidade! tão; cerca de 2.600 anos antes de Cristo! lsso signiÍica mais de dois
Porém, Deus parece ter avançado ainda mais... rnil anos antes que o confucionismo ou qualquer outra religião esta-
Além de nos tornar dependentes de seu Filho para salvação, belecida surgisse na China!
Ele também nos reduziu à dependência de nosso semelhante para Os adoradores em loda a China e Coréia parecem ter compre-
receber as notÍcias dessa salvaçáo! Jesus náo publicou qualquer li- endido, desde o inÍcio, que Shang TilHananim jamais deveria ser re-
vro. De Íato, Ele não nos deixou uma única letra de próprio punho! presentado por ídolos. O povo chinês, por sua parte, parece ter ho-
Também náo designou an1os em nossa era para pregarem o evange- menageado Shan Ti livremente até o começo da Dinastia (1066-770
lho, em lugar de homens ou em colaboraÇão com eles! a.C.). Nessa época, os lÍderes religiosos chineses, desejosos de
Se tivesse acrescentado anlos à sua forÇa-tareÍa de comunica- enÍatizar a majestade e santidade de Shang Ti, gradualmente perde-
çáo, você já pode advinhar o que teria ocorrido - as igrejas fundadas ram de vista seu amor e misericórdia para com os homens. Eles logo
através cto ministério de anjos iriam proclamar sua superioridade so- lirnitaram de tal modo a fé que apenas o imperador Íoi considerado
bre as implantadas pelo ministério oe simples homens (ou vice-ver- "suÍicientemente bom" para adorar Shang Ti - e isso somente uma
sa)! vez por ano!
Na plano de Deus, entretanto, as coisas tendem a funcionar de O povo comum, a partir desse perÍodo, Íicou proibido de render
modo a não dar marEem para o orgulho humano! "Deus resiste aos culto diretamente ao Criador. Foi-lhe dito que o Pai lmperador tomaria
soberbos, contudo aos humildes concede a sua graÇa" (1 Pe 5.5). conta de tudo.
Se, portanto, o judeu mostrar humildade quando um samaritano Paralelos trágicos ligam esta antiga polÍtica chinesa com a de-
52 - O Fator Melquisedequc
Povos do Deus Remoto - 53
cisáo do inca Pachacuti rle rcstringir às classes altas o privilégio de
l'rirrrciro, os mestres budistas evitavam o conÍronlo com os
adorar Viracoclra. A <locisiio rie Pachacuti náo só deixou as massas ,
sem Viracocha, conro talrrbém deixou Viracocha sem seguidores en- 'r'.trilr()s indÍgenas contrários. Eles mudavam ou adaptavam cons-
r,rrtr)illonte suas doutrinas para torná-las aceitáveis aos chineses. o
tre os incas, unril vc1: (luc os invasores exterminaram a nobreza inca. r,rrrli',rno simplesmente dissolveu-se na sociedade chinesa como a
Da mesma íornra, a polÍtica imperial chinesa não deixou apenas as hr,urloi(la quente no páo fresco. Para a maioria teimosa, que rejeitava
massas sern Shang Ti, mas também Shang Ti virtualmenle sem rr r.lil)âto, os sacerdotes budistas inventaram solicitamente outras
adeptos cÍltrc os chineses devido ao que se seguiu. rrr,rrr0iras pelas quais os chineses casados conseguiam obter pontos
lmpcdir que o povo obedecesse a Shang Ti, como era de seu ,nr:;ua busca do Nirvana.
costumc, criou um vácuo espiritual na China. Esse vácuo não pode- A razá,o principal para a aceitação do budismo por parte de mi_
ria perdurar muito tempo sem que alguma coisa se apressasse a pre- llr,rr.s de chineses foi muito direta - o budismo mostrou-se disposto
enchê-lo. Apenas três séculos depois do Íim da Dinastia chu, três ir lornecer os deuses que os chineses podiam adorar!
religiões inteiramente novas materializaram-se do nada e precipita- Não se trata de Gautama, o fundador do budismo, pretenUer que
ram-se para preencher esse vazio.
'.,rrrs seguidores ensinassem a idolatria. Ele até chegou, de fato, a
A primeira, o confucionismo, começou ensinando as massas a ,rrlvcrti-los que não comeÇassem uma nova religiáol o budismo co-
limitarem a devoção religiosa à adoração dos ancestrais dando prio-
,*)(rou somente como uma reação aos excessos do hinduÍsmo. No
ridade ao desenvolvimento de uma sociedade melhor aqui na terra!
lrrÍr;io, o budismo era táo centrarizado no homem quanto o conÍucio-
Não se importem com shang Ti, aconselhou confúcio. Ele está dis-
rr;rno, ou até mais que ele!
tante; é inacesslvel ao povo comum. Deixem-no para o imperador,
que é o único que pode interceder por vocês! Em outras palavras, o
Os seguidores de Gautama, porém, chegaram logo à decisáo
1rrática de que as massas sequiosas de adoração na crrina queriam
conÍucionismo simplesmente tentou construir uma estrutura huma- rlrvindades perante as quais pudessem inclinar-se e náo apenas ide-
nista em torno do staÍus quol A adoraçáo dos ancestrais Íoi uma es- ,ris centralizados no homem, a serem contemplados! os sacerdotes
pécie oe calmante usado para tranqüilizar o instinto religioso do ho-
lrrrdislas viram uma oportunidade de sobrepujar não só o confucio-
mem e não para satisÍazê-lo.
rrismo humanista como também o taoÍsmo mÍstico, com sua filosoÍia,
Favorecido pela classe dominante por razões óbvias, o confu-
rrragia e ritual. Mas, eles deÍenderam a idéia de uma volta à adoração
cionismo começou a ganhar terreno. os ensinos de conÍúcio não po- rl. shang Ti? Fazer isso seria invadir o domÍnio gue o imperador
diam, no entanto, satisÍazer o instinto religioso da grande maioria dos (ionsiderava propriedade sua. Havia, no entanto, uma
chineses. o resultado Íoi o aparecimento do taoÍsmo como uma su- alternativa fas-
r:in a nte.
posta alternativa popular ao confucionismo.
Eles encorajaram os chineses a adorarem o próprio Gautama
A solução do taoísmo para a Íome que devorava o coraçáo dos
chineses era uma mistura de magia, ÍilosoÍia e misticismo. os taoÍs-
r:omo Buda - o iluminado! o pó de Gautama deve ter-se transÍorma-
rlo em lixívia e aberto caminho através do cháo de sua sepultural Já
tas ridicularizavam a busca de confúcio de uma sociedade humana írue os chineses achavarn difÍcil formar uma idéia mental de
ideal. A ordem do universo, declararam os taoÍstas, favorece Íirme- um
( lautama indiano,
os sacerdotes budistas fizeram estátuas dele com
menle o sÍaÍus quo e resistiria obstinadamente a todas as tentativas os olhos adequadamente oblÍquos. Tudo isto só para ajudar a adora-
de modificá-lo! ,:áo! Com o tempo, alguém sugeriu queimar incenso
O taoísmo também comeÇou a ganhar terreno, mas a fome con- diante das está_
tras comemorativas. Pode estar certo de que isso também aconteceu
linuou. Então surgiu, da Índia, por sobre o Himalaia, uma nova religi- ill)enas para ajudar na adoraÇão. Nada com que preocupar_se. Em
ão chamada budismo! Parece incrÍvel que o budismo pudesse ser rrruito pouco tempo todos sabiam que as estátuas haviam-se
bem recebido na china, pois enÍatiza o celibato. Nada poderia ser tornado
Írlolos a serem adorados, mas a essa artura ninguém mais se
mais abominável para os chineses com sua idealizaçáo exagerada do impor-
tava com isso.
casamento e procriação! Todavia, o budismo obteve rapidamente O budismo Íorneceu deuses, é certo, mas não o Deus. Shang
amplo apoio popular e finalmente prevaleceu sobre o conÍucionismo e Ii, o Deus a quem muitos dos fundadores da China oravam, não tinha
taoÍsmo como a religiáo predominante da China.2i
l)arte no budismo, nem desejava ter. Shang Ti, cuja providência, se_
Qual a razáo do sucesso do budismo? rlundo os próprios historiadores chineses, havia feito
da china uma
54 - O Fator Melquisedeqttt' Povos do Deus Remo_to - 55
uma grande nação, nilo orit rnais citado como um Deus a quem o po- rr()rorírm no caminho e outros voltaram covardemente à pátria.
vo comum pudesstl oritr. liublai Khan, convencido de que o monoteÍsmo era superior à
Como aconloc(:u corn a adoração lnti - o Íator Sodoma entre os tlrrl;rtriâ, procurou uma alternativa no islamismo. Muitos povos mon-
incas - quo olrscuroccu quase totalmente a memória de Viracocha - ,1r'rr:; vieram dessa forma a tornar-se muçulmanos.
o buclismo lornou-se o Íator Sodoma que aÍastou quase inteiramente Anos mais tarde, orclens católico-romanas chegaram à China e
a maioria «los chineses e algum tempo mais tarde, a maioria dos co- .\ ()oréia com resultados confusos. Os católicos romanos adotaram
reanos, «1r.. Shang Ti/Hananim. Quase. lr,r:ios como len Ju - Mestre do Céu ou Tien Laoye, para designar
Alrcsar do afastamento combinado dessas três religiões concor- | )(,us na lÍngua chinesa. Mais tarde, na Coréia, eles ignoraram du-
rentes, a lembrança de Shang Ti perdurou. Mesmo dois mil e qui- r,rrrle muitas décadas o termo nativo Hananim e impuseram em seu
nhentos anos após a emergência clo conÍucionismo, taoísmo e bu- luítar esses mesmos termos chineses.
dismo, os chineses e coreanos ainda Íalavam ocasionalmente de Os missionários protestantes, ao chegarem Íinalmente à China,
Shang I i/l-lananim com curiosidade e uma certa reverência. As rlrscordavam veementemente entre si quanto ao uso de "Shang Ti",
crianças chinesas também diziam, às vezes: "Papai, Íale-nos de ,rl(,uma outra palavra ou frase chinesa, ou um termo estrangeiro para
Shang Ti". Os Íilhos dos coreanos talvez exclamassem: "Papai, o I odo-poderoso. Um grupo aÍirmava sêr melhor usar um "novo nome
conte a história de Hananim". Os pais chineses e coreanos balança- l)ilra uma coisa nova". Os que empregavam "Shang Ti", em geral não
vam invariavelmente a cabeça, dizendo: "Sabemos tão pouco. Ele :;«r aproveitavam do pleno potencial do nome, deixando de invocar
está muito longe". :,ua antiqüÍssima associação com as origens da China. A falta de
Da rnesma Íorma que Viracocha, Shang Ti teria o seu Pachacu- oonsenso sobre este ponto vital Íoi, provavelmente, a razão dos
ti. Mas seja como Shang Ti ou Hananim, onde encontraria defensores l)rotestantes, proporcionalmente, terem causado menos impacto so-
que pedissem a volta dos povos inÍiéis? lrre a China do que sobre a Coréia.
Desta vez, chegaram emissários com a revelação especial de Quando, porém, os missionários protestantes entraram na Co-
Shang Ti/Hananim - o testemunho judeo-cristão. Porém, o depoi- ríria em 1884, eles estavam virtualmente de acordo! Os registros in-
mento deles, foi muitas vezes intermitente e nem sempre identiÍica- tlicam que acreditavam sinceramente, depois de investigar a cornpre-
ram o mesmo com o testemunho residual monoteÍsta, 1á reconhecido onsáo dos coreanos quanto ao mundo sobrenatural, que Javé só po-
como válido pelos chineses e coreanos. (l€)ria ter um nome na Coréia - Hananiml Alguns talvez tivessem es-
Em lugar de pedir aos ouvintes que se aioelhassem arrependi- colhido Hananim por pura obstinação. Eles viram que seu uso os fa-
dos diante de Shang Ti/Hananim, o Deus reverenciado pelos ante- ria prevalecer sobre os missionários católico-romanos que tinham
passados que haviam Íundado ambas as nações antes do início da lrrecedido os protestantes em algumas partes da Coréia, mas esta-
história escrita, os mensageiros muitas vezes deram um nome com- vam impondo um nome estrangeiro para Deus.
pletamente estranho ao Todo-poderoso. Algumas vezes' eles até se Em qualquer caso, já em 1890, um pioneiro protestante escre-
empenhavam em enÍatizar que esse Deus "estrangeiro" não se pare- veu: "O nome Hannonim é lão destacado e tão universalmente usado
cia com nenhum deus que os chineses ou coreanos tivessem conhe- rlue não precisamos temer em Íuturas traduÇões e pregações os
cido antes. Os que tiveram essa atitude, interpretaram de maneira r;onflitos inconvenientes ocorridos, há muito tempo atrás, entre os
completamente errada a verdadeira situação, deixando também de rnissionários chineses a respeito do assunto, embora os romanistas
perceber o alvo real de seu ministério. Era como se Abraão tivesse lonham introduzido o nome que empregam na China".28
recusado reconhecer El Elyon. Quer baseado na convicçáo ou no espkito de contradiçáo, a
Os primeiros a chegar Íoram os nestorianos, no século Vlll A.D. r:scolha de Hananim náo poderia ser mais providencial para as mis-
Mais tarde, Kublai Khan, Íascinado pelo que aprendera de Marco Polo sóes protestantes na Coréia! Pregando fervorosamente nas cidades,
sobre o evangelho, enviou mensageiros ao Papa pedindo que man- vilas, aldeias ou na zona rural, os missionários protestantes comeÇa-
dasse missionários para ensinar as boas novas de Jesus Cristo a to- ram por afirmar a crença coreana em Hananim. Construindo sobre
dos os habitantes de seu império. A china Íazia parte desse império oste testemunho residual, eles magistralmente eliminaram a antipatia
na época. O Papa demorou para atender o pedido, mas Íinalmente natural do povo coreano em curvar-se diante de alguma divindade
enviou quatro sacerdotes para os domÍnios do Khan' Alguns deles cstrangeira. Falando diretamente a um público já emocionalmente cu-
56 - O Fator Melquisedeque Povos do Deus Remoto - 5/
rioso a respeito de Hananirn, os protestantes repetiram a prcr:len:er- rr".liurtes abrem suas portas pela primeira vez para acomodar a ain:
Çáo do apóstolo Paulo em t istra: "No passado (Theos) permitiu que ,l,r crescente onda de convertidos.
todos os povos (incluindo os coreanos) andassem nos seus próprios Os protestantes também Íizeram pelo menos uma outra coisa
caminhos (escolhendo o xamanismo, confucionismo ou budismo em r *rt.r nâ coréia. Eles insistiram em que as igrejas coreanas se tor-
preÍerência a Ele); contudo, náo se deixou ficar sem testemunho" n,u,sem "autônomas, auto-suÍicientes e autodivulgadoras', quase
(veja At 14.16-17). rlr:;de o nascimento! Ao serem tomados os devidos cuidados, pode-
Continuando, os protestantes explicaram que Hananim lançara ilros cortar o cordão umbilical de um recém-nascido alguns minutos
as bases para uma futura reconciliaçáo com as pessoas arrependi- ,rpós o parto. O bebê pode até mesmo aprender a nadar nas primei-
das, revelando-se a Si mesmo de um novo modo a um povo - os ju- rirs semanas de vida, com a precaução adequada! As novas igrejas
deus. Ele escolheu esse povo, não por ser maior em número ou de lrorJem também, através do ensino adequado e do exemplo, susten-
qualidade superior a outros, mas simplesmente por necessitar de lirr-se sozinhas em um período relativamente curto de tempo.
uma lente especÍfica para Íocalizar uma nova revelação de Si mesmo Os primeiros missionários na Coréia "tomaram o devido cuida-
sobre a tela da história humana. rlo" e isso resultou em algumas igrejas muito Íortes. A cidade de
Ele deu também essa revelação de Íorma escrita mediante ho- l;eul, na Coréia, por exemplo, contém as duas maiores igrejas pro-
mens especiais - Moisés, os profetas e os apóstolos. Mais impor- lestantes do mundo. A maior dessas duas igrejas chamada de ..Full
tante de tudo, Ele encarnou seu próprio Filho entre os judeus. Jesus, r)ospel Central Church", alcançou 270.000 membros em 19831 Os
o Messias, o Logos Eterno, o único Homem Justo, morreu pelos pe- rnembros dessa única congregaçáo excedem a populaçáo inteira de
cados de todos os homens e depois levantou-se dentre os mortos, rnuitas pequenas cidades.
provando a todos que Hananim aceitava a expiaçáo Íeita por Ele. A Paul Yonggi Cho, o pastor, organizou a "Full Gospel Central
seguir, enviou mensageiros que levaram as boas notícias da reden- Ohurch" em quase 10.000 grupos de células. Cada célula tem a sua
çáo a todos os povos, chamando todos ao arrependimento e à Íé no própria liderança treinada. Se o comunismo (ou qualquer outro poder
nome de Jesus, Filho de Hananim. inimigo) tentar reprimir o cristianismo na Coréia do Sul, aquela igreja
Os coreanos, aos milhares, ouviam reverentes os protestantes. estará preparada para espalhar seus milhares de grupos de células
Ali estavam homens e mulheres que sabiam muito mais sobre o Deus como esporos ao vento. Nesse caso, o prédio de cimento, onde a
verdadeiro do que seu próprio rei que lhe rendia homenagens anual- igreja agora se reúne, iria se tornar um simples esqueleto vazio, mas
mente numa ilha sagrada no rio próximo a Pyongyang, capital da Co- o testemunho continuaria.
réia.2e Eram pessoas que oravam livremente a Hananim em nome A outra maior congregaçáo protestante do mundo, a "young
desse Jesus e recebiam respostas a essas oraçóes. Nuk Presbiterian", está atualmente ultrapassando a marca dos
Os coreanos Íicaram impressionados. Uma de suas tradiçóes 40.000 membros. Segundo o Dr. Sam MofÍat, Jr., a "young Nuk" é
Tan'gun afirmava que Hananim tinha um Filho que desejara viver en- também uma "igreja-máe" prolÍfica. Cerca de 200 "igrejas-filhas", em
tre os homens.30 Os missionários católicos, ainda designando Deus Seul e subúrbios vizinhos, tiveram sua origem no testemunho presta-
com frases chinesas como fien Ju ou Tien Laoye, pareciam estar do pela "Young Nuk".
mostrando aos coreanos que a cultura chinesa era superior à deles. E as igrejas católico-romanas na Coréia? De acordo com o Dr.
Os coreanos, naqueles dias, já lutavam com diÍiculdades para náo se Sam Moffat, Jr., os sacerdotes católicos romanos na Coréia, ao ve-
sentirem inferiores aos seus vizinhos chineses, altamente eruditos e rem as igrejas protestantes crescerem rapidamente, enquanto suas
com maiores conhecimentos cientÍÍicos do que eles. Assim sendo, próprias paróquias o Íaziam com lentidão, convocaram uma conÍe-
em números cada vez maiores os coreanos comeÇaram a dar ouvi- rência para perguntar-se, "o que estamos fazendo de errado?" É in-
dos aos missionários protestantes. Em breve, um movimento de teressante notar que concluiram ter cometido um erro ao rejeitar o
grande intensidade em resposta ao evangelho de Jesus Cristo come- nome Hananim, favorecendo nomes náo coreanos para o Todo-pode-
çou a abalar grande parte da Coréia! roso. Decidiram, entáo, fazer uso do nome Hananim dali por diante.
Hoje, um século depois da chegada dos protestantes, aproxi- Chamaram mais sacerdotes e lançaram uma nova campanha
madamente três milhóes de coreanos pertencem a igrejas protestan- através de toda a Coréia. O alvo: identiÍicar-se Íortemente, embora
tes. Todos os dias, na Coréia do Sul, cerca de'l 0 novas igrejas pro- um lanto tarde, com Hananim! Desde entáo, o catolicismo comeÇou a
-;ETI
experimentar um crescimento mais rápido. As igrejas católico-roma- z. l,lrilip Ainsworth Means, "The lncas: Empire Builders oÍ the Andes",lndians
,,r lltt, Americas, tev. 1965 (Washington, D.C.: National Geographic Society,
nas na Coréia têm agora urn total de aproximadamente um milháo de l't',lr), p. 307.
membros, o que eleva o nútnt.'ro de cristãos na Coréia do Sul, depois
de apenas 90 anos de crcscimento ininterrupto, a aproximadamente 8. Alfred Metraux, History oí the lncas (westminster, MD: Pantheon Books, Ran-
'l
,ltrrrr ll o u se, ln c., 969 ), P. 123.
25"/" de toda a população. Não se sabe ao certo se o catolicismo po-
derá superar a liclcrança numérica obtida pelos protestantes, princi- !). Hiram Bingham, "Discovering Machu Picchu", lndians of the Americas, p.
palmente atravós da escolha de um nome coreano para Deus e, de- .tt /.
pois, colocan<jo o govorno «.las igrejas nas máos dos coreanos o mais
depressa possívol! 10. Metraux, History oÍ the lncas, p. 126.
Enquanto o Senlror não volta, é provável que a Coréia do Sul 1 1. lbid., p. 128.
venha a tornar-se a primeira nação do mundo a ver mais de 50% de
toda a sua população Íazendo parte de igreias protestantes. Se os t?. lbid.
cristãos coreanos continuarem a transmitir o evangelho com o seu
3. Means, "The lncas", P. 306.
zelo presente, isso pode acontecer ainda antes do ano 2.000! Os 1
nossos irmáos coreanos náo confiam apenas no apoio da carne! As 14. B. C. Brundage, Empire of the lnca (Norman, OK: University of Oklahoma
reuniÕes de oração realizadas antes do amanhecer nas igrejas da [)ress, 1 963), PP. 1 64'1 65.
Coréia, transbordam, caracterÍsticamente, de milhares de suplicantes 1 5. Metraux, p. 1 28.
sinceros. Seu principal pedido em oração é pela conveÍsão de seus
irmáos e irmás da Coréia do Norte, passando do comunismo para 1 6. ilrundage, p. 1 62.
Cristo! lbid. p. 1 63.
17.
Sempre que os ventos sopram do sul para o norte, ao longo da
zona desmilitarizada, os cristãos coreanos sobem aos outeiros e 18. tbid. p. 165.
soltam balões carregados de BÍblias na direçáo de seus irmãos do .l
9. Means, pp. 305, 306.
outro lacio da zona.
Também ali, Hananim precisa dar seu testemunho!31 20. Brundage, p. 1 65,
3. The New Zondervan Pictorial Encyclopedia oÍ the Bible, Merrill C. Tenney, 26.B.C.Brundage,LordsoftheCuzco(Norman,OK:UniversityoÍOklahoma
ed.,5 vols. (Grand Rapids: Zondervan Publishing House,1974) vol.4, pp. Press, I967), p. 143.
177-178.
27. os comentários sobre conÍucionismo, taoÍsmo e budismo foram extraÍdos da
4. tbid. Enciclopédia Britânica.
5. lbid. 2g, John Ross, HisÍory of corea (Londres: Elliot Stock,62, Paternoster Bow'
1891), p.356.
6. Victor W. Von Hagen, The Ancient Sun Kingdoms of the Americas (Nova lor-
que: World Publishing Co., 1957), p. 497. 2g. De uma entrevista pessoal com a sra. John Tolliver, em Three Hills, Alberta'
60 - O Fator Melquisedeque
realizada em abril de 1978. A Sr't lolllvor Íoi criada na Coréia e ouviu várias re-
ferências a esse altar om sua juvontudo.
2
30. Spencer J. Palmor, Koroa and Christianity (Coréia: Hollym Corporation,
1 967), p. 9.
3l. Um outro oxomplo do pessoas que tinham um conceito do Deus remoto acha-
se descrlto omPor Esta cruz Te Matarei, de Bruce olson, publicado pela Editora POVOS DO LIVRO PERDIDO
Vida, em 1 979.
OS KAREN DA BIRMÂNIA
karen por aderir teimosamcntc. à sua própria religião tribal, em face lrrvr:rrr i<aren"
das tentativas incessarrtos rlos birmaneses de convertê-los ao bu- "Não se preocupe corn isso,,, respondeu outro mais velho, con-
dismo! '.r'(,uindo sorrir esperanÇoso. "Um dia ele virá. outras proÍecias po-
O inglês, no cntanto, não estava mais ouvindo seu guia. As vo- ,lrrn ÍalhaÍ, menos esta!"
zes alegres rlos karcrr oncanlavam agora seus ouvidos. Cada ho-
mem, mulher o r;riança à sua volta irradiava uma jubilosa acolhida. Ao voltar à recém-estabelecida embaixada britânica em Ran-
Que diÍerença aninra«lora, pensou ele, do desinteresse birmanês co- (turn, o diplomata relatou sua estranha experiência na alcleia karen ao
mum em relação aos cstrangeiros. :;cu superior, tenente-coronel Michael Symes. Symes, por sua vor,
Um dos karcn, tlue sabia falar birmanês, explicou algo ao guia. rrrencionou-a em um manuscrito intitulado An Account oÍ an Embitssy
"lsto é bem intoressante", comentou o guia. "Esses homens da ttt the Kingdom of Ava in the year l79s ("Relato de uma Embaixada
tribo pensam que o senhor pode ser um certo'irmão branco'que eles ;ro Feino de Ava no Ano de 179S,,), publicado 32 anos mais tarde em
estão esperando dcsde tempos imemoriais." I dimburgo, na Escócia.
"Que curioso", replicou o diplomata. "Pergunte-lhes o que esse Durante os 175 anos seguintes, leituras rápidas e casuais do
'irmáo branco' deveria Íazer ao chegar." relatório de symes despertaram pouca ou nenhuma atenção quanto a
"Ele deveria lhes lrazer um livro", disse o guia. "Um livro pare- essa curiosa reÍerência dos karen. sua natureza anedótica ocultou
cido com aquele que seus antepassados perderam há muito tempo eÍicazmente o seu signiÍicado histórico. Além disso, os britânicos do
atrás. Estâo ansiosamente perguntando: 'Ele náo o trouxe'?" século XlX, em geral náo estavam interessados em aproximar-se dos
"Que engraçado!" riu o inglês. "E quem, diga-me, é o autor cujo asiáticos como um "irmáo branco". Gostavam mais de ser o "senhor
livro tem poder suficiente para atrair pessoas iletradas como essas?" l,,ranco". Com efeito, a partir de 1924, a lnglaterra iniciou uma série
"Eles dizem que o autor é Y'wa - o Deus Supremo. Dizem tam- de ataques contra a Birmânia e passou a dominar, durante cerca de
bém..." (neste ponto o semblante do birmanês começou a fechar-se, um século, essa terra exótica.
embaraçado) "...que o irmáo branco, ao dar-lhes o livro perdido, irá Ainda antes da primeira invasáo inglesa, a história registrou um
assim libertá-los de todos os que os oprimem." segundo encontro com a tradição do livro perdido dos karen, por
O birmanês comeÇou a preocupar-se. Como são ousados esses parte de um estrangeiro.
karen! O diplomata inglês Íazia parte de uma equipe enviada para lul-
gar uma disputa entre a lnglaterra e a Birmânia - cujo conÍlito poderia No ano de 1816, um viajante muçulmano entrou por acaso numa
(segundo temiam os birmaneses) dar à Inglaterra um pretexto para longÍnqua aldeia karen, cerca de 2s0 km ao sul de Rangum. os karen
acrescentar a Birmânia ao seu império. E agora aqueles espertos ka- o observaram cuidadosamente, como Íaziam com todos os estrangei-
ren estavam praticamente convidando os britânicos a Íazer justa- ros que apareciam ali - especialmente os de pele clara - procurando
mente issol Quem poderia dizer, pensou enÍurecido, que membros de o seu "irmão branco". O muçulmano não era muito claro de pele, mas
uma iribo táo inculta Íossem capazes de tal sutileza? carregava um livro e dizia que o mesmo continha explicaçóes sobre o
Ao sentir o desagrado do guia, o inglês comeÇou também a in- Lleus verdadeiro.
quietar-se. A uma só palavra dele as autoridades birmanesas pode- Ao veriÍicar o intenso interesse deles pelo livro, o muçulmano o
riam avançar com espadas e lanças contra os humildes aldeáos. oÍereceu de presente a um idoso sábio karen. Mais tarde, o povo
"Diga-lhes que estáo enganados", ordenou, esperando acalmar contou que ele lhes dissera que deveriam adorá-lo, mas parece im-
o birmanês. "Náo tenho conhecimento desse deus y'wa. Nem sequer provável que um muçulmano fizesse tal recomendaçáo. É possÍvel
Íaço idéia de quem possa ser o 'irmão branco' deles." que tivesse apenas insistido em que cuidassem muito bem do livro,
Seguido pelo guia, o inglês saiu da aldeia. Centenas de karen, até o dia em que um mestre viesse e o interpretasse para eles.
empalidecidos com a decepção, observaram sua partida. Não tinham O muçulmano partiu e nunca mais voltou.
qualquer manobra política em mente, mas simplesmente repetiram,
O sábio que recebeu o livro, envolveu-o em musselina e colo-
com toda sinceridade, uma tradição que os perseguira como povo cou-o num cesto especial. Aos poucos, o povo começou a desenvol-
desde a antigüidade. ver rituais para adorar o volume sagrado, O sábio adornou-se com
"Será que nossos ancestrais estavam errados?', pergunlou um vestes enÍeitadas, de accrdo com o seu papel de guardiáo do livro e
64 - O Fator Melquisedeque Povos do Livro Perdido - 6!»
comeoou a usar um bordáo especial como símbolo de sua autoridade r) llou:; lilhos e netos!
espiritual. O mais trágico de tudo é que ele e seu povo mantinham /\ t(,Íril ó o lugar onde pisam os pés de Y'wa.
constante vigÍlia esperando o mestre que deveria chegar um dia à al- I o cóu, o lugar onde se assenta.
deia, a Íim de Íazê-los compreender o conteúdo do livro sagrado! I lo tudo vê e somos maniÍestos a ele.a
Mas as coisas náo ficaram nesse pé! Em mais de mil aldeias
karen da Birmânia, homens chamados Bukhos (um tipo especial de A história karen sobre o homem e seu afastamento de Deus
mestre, que representava não os demônios, mas Y'wa, o Deus ver- , nrrlórTr paralelos impressionantes com o capÍtulo 1 do livro de Gêne-
dadeiro - sim, os karen consideravam-no proÍeta do Deus verdadei- rrl,,
ro) mantinham os karen conscientes de que os caminhos de Y'wa e
dos nats (espÍritos maus) náo eram os mesmos. Um dia, esses bu- Y'wa Íormou originalmente o mundo.
khos aÍirmaVclÍn, o povo karen deveria voltar completamente aos ca- I lc criou o alimento e a água.
minhos de Y'wa. I le criou o "Íruto da tentaçáo".
Os proÍetas karen até ensinaram a seu povo hinos que Íoram I )cu ordens detalhadas.
passa.dos de geração a geração, apenas através da comunicaçáo Mu-kaw-lee enganou duas Pessoas.
oral. A semelhança dos hinos de Pachacuti a Viracocha, os hinos ka- t le Íez com que comessem o fruto da árvore da tentaçáo.
ren a Y'wa revelam com impressionante clareza como o conceito do Lles não obedeceram; náo creram em Y'wa...
Deus único e verdadeiro pode fazer parte da religião popular! Através Ao comerem o Íruto da tentação,
desses hinos, temor e reverência a Y'wa, o Deus verdadeiro, eram Íornaram-se sujeitos à doença, ao envelhecimento e à morte...5
mantidos vivos no coraçáo dos karen, de maneira que náo se dei-
xassem envolver pela idolatria do budismo. Um desses hinos exalta- Um autor chamado Alonzo Bunker, que viveu entre os karen du-
va a eternidade de Y'wa. Um outro O exalta como Criador: rante 30 anos em Íins do século XlX, descreve uma sessão noturna
tlo ensino tÍpica, na selva, liderada por bukhos karen perto de Tungo,
Y'wa é eterno; sua vida, inÍinita. rra Birmânia.
Uma eternidade e ele náo morre! "É quase impossÍvel descrever a maneira solene e reverente
Duas eternidades - e ele não morre! ()om que aqueles anciãos de cabelos brancos recitavam os atributos
Ele é perfeito em seus atributos meritórios. rlc Y'wa e a atenção e lemor com que as crianças ouviam. Elas eram
Eternidades seguem-se a eternidades - ele náo morre! trtraÍdas para aquele conselho de anciáos como por um imá. Houve
silêncio por algum tempo; ouvia-se somente o ruído dos bambus e da
crva seca no Íogo. A seguir, o velho profeta da aldeia...levantou-se e
Quem criou o mundo no princípio? cstendeu as máos, como para impetrar uma bênçáo, dizendo:
Y'wa criou o mundo no princÍpio! 'Ó titf,os e netos, no princÍpio Y'wa amou a nação karen acima
Y'wa tudo Íez. de todas as outras. Mas o povo transgrediu as suas ordens e, como
Y'wa é inescrutável!3 resultado, soÍremos no presente. Devido à maldiçáo de Y'wa, encon-
tramo-nos na atual situação aÍlitiva e náo temos livros"
Ainda outro hino demonstra a profunda apreciação pela onipo- A seguir, uma grande esperanÇa pareceu iluminar seu rosto
tência e onisciência de Y'wa, combinada com o reconhecimento de quando exclamou, olhando em direçáo às estrelas: 'Mas Y'wa terá
falta de comunháo com Ele: novamente misericórdia de nós e de novo nos amará acima de todos
os outros povos. Y'wa vai nos salvar outra vê2. Por (termos dado
Y'wa é o onipotente; nele náo cremos. ouvidos) às palavras de Mu-kaw-lee (Satanás) é que soÍremos.'
Y'wa criou há muito tempo os homens; seguiu-se entáo... (uma) recitaçáo Íervorosa nos versos líricos
Ele lem perÍeito conhecimento de todas as coisas! cie seus ancestrais,.. o velho... Íalou com uma eloqüência nativa que
Y'wa criou os homens no princÍpio; pode ser sentida, mas náo descrita:
Ele tudo sabe até o presente! 'Quando Y'wa fez Tha-nai e Ee-u, ele os colocou num jardim"'
66 - O Fator Melquisedeque
Povos do Livro Perdido - 67
dizendo: Criei para vocês, no jardim, várias espécies de árvores, as
obodeçam até o Íim'.
quais produzem sete ...tlpos de Írutos. Entre os sete, uma árvore náo
O velho profeta conlou, continuando ainda nos versos antigos
é boa para comer...Se comerem, Íicaráo velhos, adoecerão e morre-
do seu povo, como Mu-kaw-lee os instrulu nas principais oÍertas a
ráo...Comam e bebam com cuidado. Uma vez em cada sete dias virei
visitá-los...
lorem feitas (para) vários tipos de molóstlas. Essas oÍerendas deve-
Depols do algum tempo, Mu-kaw-lee aproximou-se do homem e tlam ser Íeitas a seus seÍvos, os nats (demônios), que tinham poder
da mulher e lhes dlsso: Por que estáo aqui? tobre certas doenças, assim como sobre acldentes.
Nosso pal nos colocou neste lugar, responderam eles.
Ele também contou como Mu-kaw-lee os enslnou a adivinhar
O que comsm aqul? perguntou Mu-Kaw-lee.
através dos ossos de uma ave. Essa prátlca tornou-se para esses
homens das colinas praticamente um guia em quase todos os atos da
Nosso Senhor Y'wa criou alimento para nós, alimento abundan-
te. vlda."
Mostrem-me o que comem, disse Mu-kaw-lee. Alonzo Bunker também menciona uma "Canção da Esperança"
...Eles mostraram, dizendo: Este é adstringente, este doce, este dos karen, expressando seu desejo de uma volta Íinal de Y'wa:
ácido, este amargo, este saboroso, este queima, mas (quanto) a esta
árvore, não sabemos se é doce ou amarga. Nosso Pai, o Senhor Na hora certa Y'wa virá.
Y'wa, nos disse: Não comam do Íruto desta árvore; se comerem, ...As árvores mortas cobrir-se-ão de botões e Íloresceráo...
morreráo. As que estiverem morrendo, reviverão e abrirão em flores.
...Mu-kaw-lee replicou: Náo é verdade, ó meus Íilhos. O cora- Y'wa voltará trazendo o grande Thau-thee.
("Thau-tee" parece ser o nome de uma montanha sagrada.)
çáo de seu Pai Y'wa náo estava com vocês. Este é (o fruto) mais ri-
co e mais doce...Se o comerem, vão possuir poderes milagrosos. Subamos e adoremos.
Poderão subir ao céu...Amo vocês e digo-lhes a verdade, sem ocultar
nada. Se náo crerem em mim, não comam o Íruto. Se cada um comer Uma segunda cançáo de esperança Íala de um rei que vai vol-
o Íruto como uma provar ficaráo, entáo, conhecendo trJdo..."' tar:
Nos parágrafos que se seguem, o homêm, Tha-nai, recusa a
sedução e aÍasta-se. A mulher, Ee-u sucumbe à tentação, come o Os bons, os justos,
Íruto e depois tenta o marido, que também come. A traduçáo de Alon- lráo para a cidade prateada, a cidade de prata.
zo Bunker continua: "...A mulher voltou a Mu-kaw-lee e disse,,Meu Os justos, os retos,
marido também comeu o Íruto'. lráo para a nova cidade, a cidade grande.
(Mu-kaw-lee) riu muito, respondendo: ,Agora, ó homem e mulher Os que acreditam em seus pais
conquistados, vocês ouviram a minha voz e me obedeceram,. Gozaráo do palácio dourado.
Na manhã seguinte, Y'wa foi visitá-los, mas eles não o segui- Quando o rei karen chegar,
ram cantando louvores como sempre. Ele aproximou-se e lhes disse: Só haverá um monarca.
'Por que comeram o Íruto que lhes ordenei não comessem?...Agora Quando o rei karan chegar,
vocês váo envelhecer, ficarão doentes e morrerão. Não haverá ricos nem pobres.6
...Quando Y'wa amaldiçoou o homem, ele o deixou... Com o
passar do tempo a doença começou a aparecer. um dos Íilhos de Os profetas karen, apesar da sempre presente e penetrante in-
Tha'nai e Ee-u ficou doente. Eles disseram então um ao outro: y'wa fluência budista da Birmânia, Íortaleciam constantemente o seu povo
nos abandonou. Não sabemos o que fazer. precisamos perguntar a contra a idolatria, através de provérbios como estês:
Mu-kaw-lee.'
Assim... Íoram até ele e disseram: ....obedecemos às suas pa- Ó titnos e netos! Não adorem Ídolos ou sacerdotes!
lavras e comemos. Nosso Íilho adoeceu... O que devemos Íazer?, Se os adorarem, nada lucraráo,
Mu-kaw-lee replicou: .Vocês não obedeceram a seu pai, o Se- Enquanto aumentam extraordinariamente os seus pecados.
nhor Y'wa, mas me ouviram. Agora gue me obedeceram uma vez,
Honrar os pais era também uma obrigaçáo sagrada:
68 - O Fator Melquisedeque
Povos do Livro Perdido - 69
Ó titnos e nstosl Respeltem e reverenclem seu pai
e sua máel rra ll1;ada, em cada caso, diretamente à inÍluência judaica. Em dols
Pois, quando vocôs eram pequenos, eles não permitiam que nêm rlolos, o ministério do próprio Jesus serviu de instiumento. Mas os
um mosquito soquer os mordesse. heron vivem a 6.so0km de Jerusarém. o nome deres para Deus
Pecar contra os pais é um crime hediondo. Y'wa - sugere uma inÍruência do Javé judeu, mas nenhum equrva-
-
lento para Abraão e Moisés, a segunda e terceira figuras mals lm-
os proÍetas de Deus entre os karen também enÍatizavam o de- portantes no judaÍsmo, Íoi registrado por compiladorás da tradrçáo
ver do homem amar a Deus e ao próximo: ktrron. A inÍluência judaica teria certamente enÍatlzado Abraáo e Mol-
rôs.
Ó titnos e netos! Amem y'wa e não mencÍonem sequer Da mesma Íorma, se as tradições karen reportam-se à rnÍruôn-
o seu nome (levianamente). cla cristá nestoriana do século vlll, por exemplo, ou a contatos com
Se pronunciarem o ssu nomo (levianamente), rnlssionários católico-romanos posteriores, dos séculos XVl, XVll ou
Ele se aÍastará cada vez mais de nósl XVlll, seria esperada arguma referência a uma encarnação ou a um
Ó tittros e netos! Nâo se agradem de disputar e contender, mas llodentor que morresse peros pecados humanos e reisuscitasse
amem-se uns aos outros. dontre os mortos.
Y'wa, dos céus olha para nós. Também não descobri quaisquer conceitos nesse sentido, re-
E se não nos amarmos, glstrado pelos estudiosos da tradíçáo karen.
É como se não amássamos a Ele. se supusermos que a infruência judaica e/ou cristã tocou os ka-
ron, mas de maneira tão transitória que apenas os conceitos básicos
Os karen que violassem o código eram chamados ao arrepen- de Deus, da criaçáo e da queda do homem Íicaram gravados
em suas
dimento, com uma promessa de perdão por parte de y'wa: mentes, enÍrentaremos então uma pergunta diÍÍcil. Õomo uma
inÍruên-
cia apenas passageira poderia deixar uma impressão tão profunda
e
Ó titnos e netos! Se nos arrependermos de nossos pecados, duradoura em um povo inteiro, especiarmente quando o budismo
eo
E deixarmos de Íazer o mal contendo a nossa ira _
- seu próprio espiritismo tribat combateram com tamanha Íorça
essa
E orarmos a Y'wa, ele terá misericórdia de nós novamente. lnfluência durante grandes perÍodos de tempo?
Se Y'wa náo tiver misericórdia de nós, ninguém mais a
terá.
A história ensina que somente inÍruências muito Íortes ou demo-
Só existe um que nos salva - y,wa. radas podem instilar novos conceitos religiosos através de
barreÍras
culturais, especialmente quando outras iÀfluências o budismo
espiritismo neste caso - são tão contrários a esses -
eo
A importância da oraçáo não era negligenciada: conceitos.
Haveria possibiridade de que as crenças dos karen sobre y'wa
Ó tilnos e netos! Orem a y,wa constantemente Íossem anteriores ao judaÍsmo e ao cristianismo? Tais crenças
brota-
De dia e de noite.T ram daquela raiz antiga do monoteísmo que carag,terizou a
era dos
primeiros patriarcas? A resposta é quase certamenle _
sim!
Assim, o povo karen apresenta uma surpreendente anomatia pa-
ra os teólogos. Jesus, segundo o registro do evangelho, elogiou O aspecto mais surpreendente do monoteÍsmo karen era, sem
a
percepçáo religiosa de alguns gentios: um centurião dúvida, o reconhecimento sincero de sua própria imperieilao. em
rorâno, a mu-
lher siro'ÍenÍcia, a rainha de sabá, o sÍrio Naamã, a viúva vista da tendência naturar da maioria dos povos em se antipatizarem
de sarepta,
o povo de Nínive, etc. pedro também ficou admirado com a piedaoe e até desconÍiar dos estrangeíros - especiarmente quando a cor de
inesperada de um gentio de nome Cornélio (veja At 1O.S+j.'A sua pele é diÍerente - a expectativa dos karen de que a perfeiçáo
raça
dos karen, no entanto, apresenta-nos centenas de mirhares ser'lhes'ia dada através de "estrangeiros brancos,,'é quase igual-
de indivÍ-
duos cuja percepção dos Íatos espirituais básicos poOe mente admirável. Um de seus hinos dizia:
sei compa-
rável à do judeu ou cristáo comum da história!
Além disso, a piedade dos pagãos mencionados Os filhos de Y'wa, os estrangeiros brancos,
na BÍblia pare-
receberam as palavras de y'wa.
70 - O Fator Metquisedeque
Povos do Livro perdido - 71
Os estrangeiros brancos, os Íilhos de y,wa,
receberam as palavras de y'wa na antigüidade.s como disse um deres: 'por que deverÍamos? Ere jamais
nos fez quar-
quer mal!' Não têm também o hábito de adorá_lo.
Todavia, t"rpo,
Durante a década de íg30, um karen chamado
Sau_qua-la fez
",
de extrema necessidade, quando os sacriÍÍcios aos esprritos
nao
um discurso diante do governador gerar lrouxeram alÍvio nenhum, os kachin cramaram a esse Grande
ingrês da Birmânia. EIe disse EspÍrito
que os ouropeus, os ,'estrangeiros distante.l2 Os kachin, como os karen, criam que Karai
brancos,,, tinham sido oríginal_ Kasang deu
mento irmãos mais moços do povo karen! certa vez um livro a seus antepassados, que o porderam.
os karen, ãoÃo irmaos
mais vorhos (vorhacos todos eres), negrigentemente'páiJ"i",
As
dos kachin náo especificam como o rivro perdido vortaria crenças
.r" máos, mas aparentemente tinham a osperança de que
às suas
cópia do livro ds y,wa. Os irmãos niun"o", por um dia ere se-
sua vez, guardaram a ria devolvido.l3
sua cópia. Como resultado, os brancos
tornaram_se ,.justos,,, sendo
conhecidos como os ,,gulas que conduzem Quem devolveria o livro perdido aos kachin?
a Deus,,. Eles aprende-
ram também a viajar em navios com ,,veras
oceanos.
ur"nlãr,', os
"r-rànoo Os Lahu
Alonzo Bunker resume a tradição como
(dos karen) ...seria um 'estrang"iro segue: .,O Salvador A sudoeste dos kachin e nordeste dos karen _ na
por mar com ,asas brancas, (velas),
tiãn"o, e chegaria do ocidente que a Birmânia estreita-se entre a china regiáo em
trazendo o ,livro branco, de e a Tairândia, a fim ie cne-
gar ao Laos, ao longo de uma Íronteira de 160
Y'wa"'Í0 Argumas versões da tradiçãá km, ,ir" ,. povo de
oiziam que o rivro seria de ou- cerca de 250.000 pessoas, chamado Lahu.
ro e prata.
A naçáo karen. achava-se assim postada, Náo se sabe durante quantos sécuros os
como um grupo de re_ lahu mantiveram uma
tradiçáo dizendo que Gui'sha criador de todas
cepcionistas de Boo.0o0 membros, preparado
para acotnJiJirimeiro -
sêus ancestrais a sua rei escrita em boros de
as coísas - dera a
missíonário que se aproximasse com
uma BÍblia e ,r" ,"n"igem de de fome e os antepassados comeram os boros
arroz! Veio um perÍodo
satvação da parre de Deus, embora de arroz.,- iti, oe so-
de sua posição de "ã;
;;;;;,ári, breviverem. Eres justiÍicaram este ato, afirmando
.mensageiro
priviregiado. "ilr"üi"r"n,"
Quem quer que Íosse, estaria então em seu interior! De fato, os rahu
que a rei de Gui,sha
esse missionário estava destinado gõ.^, de uma das maiores hon- rm:Ànceito
ras da história! ^ da tei de Gui'sha continuava com eres desde qr. "riá*qr"
,"rf áni"pàà"".o"
Antes de descobrirmos quem Íoi o indivÍduo haviam comido os bor.os de arroz sagrados. Eies
privilegiado e o que não pooia'm:,-no en-
o colocou a caminho, vamos pesquisar tanto, obedecer perÍeitamente ao se,i criador
os horizontes da Birmânia e até recuperarem a tor-
dos paÍses vizinhos, a fim de ,"r qrà, ma escrita exata das suas leis.
,ais estava aguardando,- com Da mesma forma que os karen, o povo
a respiração suspensar uma mensagem
do Tooo-pooei;;;:.: lahu tinha ,.proÍetas de
Gui'sha". A missão deres era manter cJnstantemente
viva no cora-
ção do povo lahu a es-perança de ajuda por parte de Gui,Sha.
Os Kachin esta Íinalidade, os proÍetas recitavam provérbios Com
tais como: ,,se um
Na região Uem ao norte da Birmânia, homem tivesse dez cajados e andasse
outro povo constituído de até que cada um deles Íicas-
meio milhão de pesso.as. com as se reduzido a um simples toco, mesmo assim não encontraria
cabeças envoltas em turbantes ver_ Gui'sha (o Deus verdadeiro). Mas'quando
melhos, ardorosamente indepenO"nt"", chegar o tempo oportuno,
reconheceu o seu criador. Na de kachin,também o próprio Gui'sha nos enviará um irmáo branóo (o"
signado como Karai Kasang
.r" ,"íijiào
"n"madas
popular, o Criador é de- "caucasofobia" tarvez objetem, mas a história
qr"-roiàm oe
oàr" ,ãi iegistraaa
aparência ou Íorma excede ã --;;
õãi'"oor"naturar benigno ..cuja
do nor"r;,.-À.'í"iu", o. :"Slngg aconteceu) com um livro branco contendo as leis brancas
de Gui'sha - as paravras perdidas por nossos
kachin o chamavam upan.wà "orpr".nsáo
Nii"iri'_ antepassados há tanto
Che Wa Ningchang
o Gtoríoso que Cria, ou tempo atrás! Esse irmão branco trarâ o livro perdido
o Dr. Herman
-
Aquele que S;be.ii
terra!"í 4
à nossa própria
Tegenferot, méoico que viveu
rante cerca de 20 anos e aprendeu entre os kachin du_ Alguns lahu chegavam a usar cordões
animistas kachin não oferece, , íÍngra ..Os
deles, escreveu: ao redor dos pulsos,
simborizando tanto sua escravidáo aos nats (espÍritos)
"r"ritf"iãs a Karai Kasange; pois, cessidade de um satvador enviado pelo como sua ne-
céu, qr" rrãiã
"ãrtà'ri" ""_
72 - O Fator Melquisedeque Povos do Livro Perdido - 73
sas cordas de seus pulsosl"ls próximo, eles o seguiram. Será que os levaria a um "irmão branco"?
Entre as montanhas lahu da Birmânia, China e Tailândia, o ce- Ao indivÍduo certo?
nário para um drama do grandos proporções Íora montado. Mas, onde
êstavam os lrmáos brancos que eram os únicos capazes de tazet
subir a cortlna dosse palco?
Poróm, lsso náo ó tudo... Os Povos Shan e Palaung
Hming declara que um homem dos mizo, chamado Darphawka, No final das contas, a tradução da Bíbria para o birmanês, Íeità
teve um sonho profético e de grande inÍluência em alguma época du- por Judson, veio a ser essenciar no trabarho rearizado peros
seus
rante o século XIX: "Uma voz lhe Íalou à noite, dizendo:'Uma grande companheiros que chegaram depois, entre os diversos povos mino_
luz virâ do ocidente e brilhará sobre a terra mizo. Sigam essa luz, ritários da Birmânia. se Judson rivesse encontrado togo de inÍcio uma
pois o povo que a trouxer será a raça reinante..." (O proÍeta disse reaçáo ao estilo dos karen, 6 possívol que jamais encontrasse
tempo
enláo a seu povo:) 'Esta luz talvez não brilhe durante a minha vida, para completar essa traduçãol
mas quando vier, sigam-na! Sigam a ela!"'25
TegenÍeldt cita o escritor Hanson, que afirma que o povo mizo
.karen,conÍorme os pranos da provrdôncla dlvina, um membro da tribo
cruel e desorderro, apareceu certo dra na casa onde Judson
tambóm possui tradiçóes de um livro sagrado. No princÍpio, Pathian o se alojara. Elo procurava trabalho para conseguir pagar uma dÍvida.
deu a seus ancestrais, mas eles o perderam mais tarde.26 Judson deu-rhe um emprego. Esse homem erá «o T-hah-byu. Tinha
Dez povos inteirosl Todos eles preparados sobrenaturalmente um gênio violento e calculava ter assassinado cerca de gó homens
para compreendsr o sêntido do evangelho de Jesus Cristo, se ape- durante sua antiga carreira de ladrão!2e
nas soubessem que ele existia! Dez povos, somando mais de três Aos poucos, Judson e outros membros da casa ensinaram o
milhões de homens e mulheres! Dez povos concentrados numa regi- evangelho de Jesus cristo a Ko Thah-byu. No começo, o cérebro ka-
áo situada ao sudeste da Ásia, do tamanho do estado do Rio Grande ren parecia obtuso demais para absorver a mensagem. De repente,
do Sul! Esperando...esperando.,.esperando, enquanto o povo de Y'wa houve uma transformação. Ko Thah-byu começou a razer perguntas
em oulros paÍses deixava passar um século após outro! Mas, afinal sobre a origem do evangerho e a respeito dos "estrangeiros brâncos',
um novo dia começou a raiar. que haviam levado a mensagem - e o livro que a continha do
Em 1817, um missionário americano, batista piedoso, chamado dente. Num dado momento, tudo se encaixou na mente de Ko - oci-
Thah-
Adoniram Judson, desembarcou perto de Bangum, na Birmânia, de- byu. seu espÍrito recebeu o amor de Jesus cristo como a terra seca
pois de uma longa viagem marítima iniciada na América do Norte. Ele absorve a chuva!
levava uma BÍblia debaixo do braço, mas não tinha a menor idéia do Mais ou menos nessa época, um casal de missionários, recém-
signiÍicado que esse livro possuÍa para mais de três milhôes de pes- recrutado - George e sarah Boardman - chegou a Rangum para aju-
soas que viviam num cÍrculo de 1.300km do embarcadouro em que se dar Judson. George Boardman abriu uma escora para oi convertidos
encontrava. analfabetos. Ko Thah-byu jamais sonhara em Íreqüentar uma escola,
Judson encontrou alojamento em Rangum. Ele aprendeu a lín- mas matriculou-se depressa, pois estava decidido a aprender aquela
gua birmanesa com todo cuidado. Finalmente, vestido com um traje BÍblia birmanesa táo rapidamente quanto Judson pudesse traduzi-la!
amarelo, similar aos dos prof essores budistas na Birmânia, ele Para grande admiração de Judson e Boardman, Ko Thah-byu mani-
aventurou-se a ir para as praÇas e pregar o evangelho aos budistas Íestou verdadeira preocupaçáo com a BÍblia e sua mensagem.
birmaneses. No entanto, Judson teve bem pouca aceitação, lutando Ko Thah-byu já percebera, a essa altura, que elJ era exata-
Íreqüentemente contra um sentimento avassalador de fracasso. Só mente o primeiro entre o seu povo a saber que "o livro perdido" tinha
depois de sete anos de pregação ele conseguiu seu primeiro conver- realmente chegado à Birmânia! Assim sendo, ele aceitou igualmente
tido entre os birmaneses budistas. sua responsabilidade de proclamar as boas-novas que praticamente
Desconhecido para Judson, o povo karen passava diariamente todo karen eslava esperando ouvir. euando George e sarah Board-
pela sua porta.27 Freqüentemente cantava, como de costume, hinos a man anunciaram planos para iniciar uma nova missão na cidade de
Y'wa - o Deus verdadeiro. Se Judson tivesse aprendido também a Tavoy, na estreita Íaixa de terra que Íica ao sul da Birmânia, Ko
lÍngua deles, teria Íicado surpreso com o conteúdo desses hinosl E Thah-byu disse entusiasmado: ,,Levem-me com vocês!"
com certeza teria encontrado maior resposta ao evangelho entre os E eles o levaram. No momento da chegada a Tavoy, Ko Thah_
humildes karen do gue seus sonhos mais exaltados poderiam espe- byu pediu que Boardman o batizasse. Este concordou e Ko Thah-byu
rar. Sem perceber o tremendo potencial dos karen, um Judson quase partiu imediatamente numa viagem para as montanhas ao sul da Bir-
sempre desanimado voltou-se cada vez mais para a tareÍa de tradu- mânia. Cada vez que chegava a uma aldeia dos karen, ele pregava o
zir a Bíblia para o birmanês, uma vêz que tinha tão poucos converti- evangelho. E em quase todas essas ocasiões, praticamente cada ka-
dos com que ocupar o tempo, aconselhando-os.28 Íen que o ouvia aceitava maravilhado a mensagem! Em pouco
78 - O Fator Melquisedeque Povos do Livro Perdido - 79
tempo, centenas de ouvintes de Ko Thah'byu apareceram em grupos suas próprias aldeias, eles o receberam com alegria e respeito, sau-
em Tavoy, para vgr o "lrmâo branco" que Íinalmente chegara com o dando-o como aquele que lhes mostraria um caminho mais excelente,
livro perdido! segundo criam. A partir de entáo, encontramos constantemente em
George e Sarah mal podiam acreditar no que viam! Toda a regi- seus diários registros tais como: 'Um bom número de karens está
áo montanhosa al6m de Tavoy parecia vibrar de entusiasmo! Em agora conosco e Ko Thah-byu passa as noites e os dias lendo e ex-
pouco tempo, Boardman vlu-se assediado com convites para ir às al- plicando-lhes as palavras da vida. Parece que a hora de Íavorecer
deias dos karen e completar o ministério de Ko Thah'byu com ensi' este povo chegou."32 Alelulal
namentos mais detalhados do "Livro de Y'wa". Enquanto isso, Ko Enquanlo isso, Jonathan Wade, um dos recêm-chegados cole-
Thah-byu contlnuou avançando pelo território. Atravessando rios, gas de Adoniram Judson, estava sendo surpreendido por outra res-
cruzando cordilheiras, onÍrentando tempestades de vento e bandidos posta jubilosa dos karen, a 320km ao norte de Tavoy! Quase com a
com quem se assoclara antigamente, ele procurou uma aldeia karen mesma rapidez com que eram convertidos e batizados, os karen tor-
após outra e proclamou as boas-novas! Finalmente, ficou sabendo da navam-se missionários, espalhando ainda mais as boas-novas entre
aldeia que 12 anos antes recebera um livro supostamente sagrado do o seu povo. Alguns desses missionários karen Íoram a um lugar
viajante muçulmano. Ko Thah-byu insistiu com Boardman para que chamado Bassein - a 480km a noroeste de Tavoy - e pregaram ali.
Íosse àquela povoaçáo e examinasse o volume reverenciado há tanto Mais tarde, quando missionários americanos chegaram a Bassein,
tempo, a Íim de veriÍicar se era mesmo um livro de Deus, A descriçáo eles encontraram 5.000 karens convertidos e prontos para o batismo!
da Sra. Wylie, publicada em 1859, narra o que aconteceu quando Os birmaneses budistas se admiravam. "Qual o segredo do
Boardman chegou àquele local: cristianismo?" perguntavam eles. "Nós, budistas, tentamos atrair o
"O cheÍe apareceu seguido de muitos outros membros da tribo, povo karen para o budismo durante séculos, mas sem êxito. Os mis-
levando com ele a relÍquia sagrada. O cesto Íoi aberto, a musselina sionários cristáos estáo conseguindo em poucas décadas o que não
desenrolada, e tirando de suas dobras o velho e gasto volume, ele pudemos realizar em centenas de anos!"
respeitosamente o apresentou ao Sr. Boardman. Enquanto isso, Ko Thah-byu deixou Tavoy, onde havia desper-
Tratava-se do Livro de Orações Comuns e Salmos, de uma edi- tado praticamente toda a populaçáo karen com o evangelho, e lan-
çáo impressa em Oxford. 'É um bom livro', aÍirmou o Sr. Boardman. çou-se entusiasticamente em meio a outras populações karen facil-
'Ele ensina que há um Deus nos céus, o único a quem devemos ado- mente inÍlamáveis na região central da Birmânia. Quase sem descan-
rar. Vocês têm adorado erradamentê este livro. lsso náo é bom. Vou so, a força de Ko Thah-byu extinguiu-se em poucos anos e ele mor-
ensinar vocês a adorarem o Deus revelado por meio dele.' reu de tanto trabalhar, mas o Íogo que ateou a seu povo ainda queima
O semblante de cada karen iluminou-se alternadamente com na Birmânia um século e meio depois de sua morte.
sorrisos de alegria e uma expressáo triste por sentir que haviam er- Outro colega de Judson, Francis Mason, chamou Ko Thah-byu
rado ao adorar um livro em lugar do Deus que ele revelava...(Depois "Apóstolo dos Karen" e escreveu um livro em sua memória sob esse
de ouvir os novos ensinos do Sr. Boardman) o velho Íeiticeiro que tttulo. O livro de Mason deveria ser reimpresso para a ediÍicaçáo dos
guardara o livro durante doze anos...percebeu que sua Íunção termi- cristãos de hoje.
nara. Ele despiu os trajes Íantásticos que usava e o bordáo que por Em 1858, dezenas de milhares de cristáos karen despertaÍam
tanto tempo Íora o sÍmbolo de sua autoridade espiritual, tornando-se, para a compreensáo de sua responsabilidade de proclamar as boas-
em seguida, um crente humilde no Senhor Jesus Cristo.30 novas do "livro perdido recuperado" entre outras minorias étnicas da
Como resultado do trabalho inÍatigável de Ko Thah-byu, a Sra. Birmânia além de si mesmos! Os karens cristáos de Bassein servi-
Wylie escreveu em outro lugar, "muitos..,karen de... aldeias espalha- ram de guia nesta nova fase transcultural, enviando equipes de mis-
das pelas montanhas de Tavoy vieram das selvas distantes, cheios sionários karen - ocasionalmente com um missionário americano
de curiosidade em conhecer o meslre branco e ouvir as admiráveis como parte do grupo - aos 500.000 membros do povo kachin, que vi-
verdades que ensinava. O Sr. Boardman descobriu que, apesar de viam numa regiáo elevada ao norte da Birmânia.
seu rude exterior, eles possuiam mentes suscetíveis às mais vivas Os missionários karen surpreenderam-se ao ver que os kachin
impressões e eram capazes de assimilar o ensino ministrado,"sl ató mesmo usavam o nome dado por eles ao Altíssimo - Karai Ka-
"Quando o Sr. Boardman teve oportunidade de visitar os karen em sang - e não apenas isso, mas criam também que seus antepassa-
80 - O Fator Metquisedeque
Povos do Livro perdido - gl
dos haviam possuÍdo antigamente o escrito
sagrado de Karai Kasang! ram-se cristãos.
Do mesmo modo que os karen, os kachin seus colegas karen não conseguiram
rejeitaram a idoratria bu_ tisfazer os pedidosfo_unO,e. sa_
dista durante sécuros, por
iurgaiem que Karai Kasang náo iria apro-
vá-la' Também como os karen, eres viram no ,oos.lanus n"i" ql" os ensinasser. rniào, young
fez com que seus dois..Íilhos
cristianlsmo o cumpri- iiroã l"r"rs, Harold e Vincent, servis-
mento.de suas próprias crenÇas sobre Karai sem de professore_s bÍblicos. narolJ
Xasant.
desde a ínfância. Eles participur",
e Vincent ,""ru, ãrpas lahu
Nos 90 anos que se seguiram, cerca Oà, danÇas Íolclóricas daquele
povo de 2s0.000 membros do povo. Trabalhavam, riam e
kachin foram nrin"ura,
t3 os lahu, Íalando a lÍngua
K aren ; :.!"'J h i n1
^ " " de 1g90, os
tarde, na década
"rlT i:: i
:r"Tl".f,, : : i: r.J § |
* z r,,r i.
deles com mais Íluôncia oo que
o Novo Testamento inteiro na oeú
"om
o i;;là". Mais tarde, vincent traduziu
missionários americanos enviaram
certo William Marcus young, para levar
" "
um i^"r* lahu coloquial.
o evangelho ao povo shan na
extremidade orientar da Birmânia. como Em 1904, Willjam Marcus, os
era naturar, missionários ka_ missionários karen, Harold e Vin-
ren foram com ere.,young e seus coregas cent batizaram 2-2oo convertiios
karen estabereceram uma tanu-que haviam aprendido as
base na cidade de Kengtung, capital
daiegião shan. ses da fé cristã' A partir dessa epoca ba_
lahus' young até sua morte, ainda entre
Certo dia, young dirigiu_se à praça viu pero menos z.oõó-rrnrr entrarem os
do mercado para pregar en_ anuarmente nas
tre o povo shan, cuja maiõria era ouoilia. young águas do batismo..Num ano,
mentos de Moisés, em voz alta. A reu os Dez Manda- ---- Íithos e seus cotegas karen
"l;,-;";;
batizaram mais de 4.500 pessoas!'
seguir, elevando a BÍblia no ar _
com o sol batendo em suas páginas
Oáncas _ ele começou a pregar
centenas de mirhares de cristáos
nos países ocidentais são in-
sobre as leis do ,,Deus Verdade]ro,,. fluenciados por um estereótipo
oe trauairro missionário, que Íunciona
Enquanto preg.ava, young notou basicamente como um empreendimento
, vindo
dos em sua direção em-reio-ao
homens estranhamente vestí-
maioria dos cristáos pensa que
ineÍiciente e improdutivo. A
fovo oo mercado. Náo eram, cinco convertidos para cada 20 anos
evidentemente, membros do povo de trabarho missionário e , norrã.
Ele descobriu depois que rúãà pooeria estar mais ronge da
eram homens da tribo rahu que haviam "n"í.decidido descer das monta-
verdade' De Íato, a obra missionária
proouziu
nhas distantes naquere dia, a Íim de das expectativas dos próprio.- Ài."iJrarios resurtados tão acima
vender suas mercadorias no suas rearizações numa perspectiva que é diÍÍcir assimirar
mercado de Kengtung. Logo, eles
rodearam completamente
,"", William tota, sucessos como os arcan-
Marcus young. Ficaram observando, çados pelos Boardman, os wade e o" yorrg
ínàrédulos, ,o.io branco, guma incomuns na.experiência náo são de maneira al-
o interior branco do rivro em suas ,áo" dos missionãrio, .iúiao..,.ü"j"
ouviram a sua o"r,
na lÍngua shan - das leis de Deus " naquele livro. descrição - o "Deus dos céus', sabia que ;;;
;;t;r"m entrando em outro dos
Depois disso, numa explosão"ontiã", seus muitos domÍnios e preparou-lhes
ernocíonal poderosa, os lahu su_ o caminho. A coisa e iao sim-
plicaram a wi'iam Marcus vouni
qrã iã"r" com eres para as monta-
nhas. De Íato, eles praticamentã
,Lqiirrtraram: ,,Nós, como povo, o Íato surpreendente de que o sucesso dos
estivemos esperando por você há" as tribos karen, kachil e tahu o"oir* missionários entre
séculos,,, explicaram. .,Temos até ôo, causa (e não apesar) da
mesmo casas de reunião construÍdas religiáo popular de cada povo, tem
em argumas o" ,os"as àro"i"a,
preparadas para a sua chegada.,, atsuns esrudiosos. o antiopóroso "iJoiorpt"tamente ignorado por
.r",nãà Hugo AdorÍ-Éàinãiii,., po,
Arguns dos homens rahu mostraram-rhe exempro' viajou atra.vés aa regiao
os braceretes de corda de Kángtung
áspera pendurados como algemas
em seus pulsos. ,,Nós, os lahu, tarde pubricou um rívro cham"aooine-spirits em 1936-37 e mais
temos usado cordões como esses res ('os Espíritos das^ Forhas Rmaretas"). of the yertow Lea-
há muito, muito tempo. Eles sím_ Na página 1gg, Bernatzik
botizam nossa escrayr-da-o começa um capÍtulo,
;;r;;sp'iritos. Só você, como men_ moslra_se espantado e desapontado por
sageiro de Gwi'sha, "* de nossos putsos _
descobrir que "mais da ,onde.
metade ou.-"roáiá" nas montanhas
l_91g,"ort?,
quando tiverrrazido o rivro"rr..-[iirnoes cristã". Ele comenta sobre esla ,ro"nóá é, agora,
pliãiià de Gwi,sha às nossas ca- L o que a ocasionou:
H:,,r. "os kachi e tahu reuniam_se ããi Àrirgos
Espantado e qr-""-" sem Íara, young construções cobertas de palha sobre em suas ,igrejas,,
__-,.
partiram com eles. O e os missionários karen colunas, ou estacas a Íim de
adorar o Deus dos cristãos".
do s Após tàÀ ; ; ; ;t 1:'-T:'r: : i#:'r""'#,?rf:: : : ;#:., :i[: _ Bernatzik sugere ironicamente, usando aspas, que as constru-
çÕes de sapé sobre estacas não poáiam
ser rearmente consi-
B2 - O Fator Melquisedeque
deradas igrejas. Mal sabia ele que os lahu Povos do Livro perdido _ gO
haviam erigido estruturas
do evangerho muiro antes do ,"1r"
::i::::::"^i^::l"ll r ou até matar os missionários, desde que decidam
rejeitar a doutrina
i:,,,:,: :: : ?."^iT_'lo,lg
"^
roo, pod e ria t", áp i"rã io; ;;#l;;
"iàg",r ; cristãl
"oo;ilã';;;, ;;;;;J';;J:r;
e tanu Enquanto continuo rendo para ver o "conceito
3:.:: senáo
outro :l:="-s-klchin
o Karai-Kasang"itáru, dos ,convertidos,,,
- Deus supremo dos
- alÍas, Gui'sha entre os lalLul Bernatzik continua: ancestrais kachin
que Bernatzik promete nos reverar,
admiro-me por não encontrar um
Único comentário feito. por um suposro
"os missionários estão agora aqui e procramam hipócrita ou amedrontado
um novo Deus, membro de igreja kachi ou rahu! Bsrnatzik
oxpondo as Íalhas e impotênciidos simpresmentà no.
velhos deuses.,, numa bandeja suas próprias opiniÕes inÍundadas ""rriu
nre. n ão ." n"ontrrv a no tocat q u an_ aceitássemos como o ,,ponto do vlsta dos ,convertiOos,,
p"ai, que as
: " . À seguir,
"il:r:*lln^?_"lig".ll:.T,
l1l: s up_ticaram a Wi,iam rraar"
s y;;;
" u;;; ;;;";;'# il: revela seu paternarismo desinibido com as paravras: ,,Arém
Xr" "rr^
l::r^,i."^r: T o_1, r:,
(espÍrltos maus)! Vamos
.
s,
p u Is o i, ú
" ler um" pouco mais
uo o"-r;;"" ffi
", do comentário
;;'# ".""
;." :i; esses homens e murheres primitivos não têm
de compreender a ética abstrata (do ciistianismol,
disso,
condições psicotogicas
zlk: de Bernat- aceitãnoo, então,
apenas superÍiciaridades imateriais, que de forma
"Na...velha Ásia...onde
durante mil anos reinara não só o paga_ sam a aniquilação de seu poderoso mundo
atgÀa-comp"n-
-
nismo, mas também Brama e Buda, Maomé dos espÍrito;;.à;
e ConÍúcio, o cristianismo Pobre professor Bernatzik! Enganado pelo que a Sra. Wylie
é hoje inseparávet d.a civítizaçao .rãpeir, qr"...rãrã ,u-rpr" ,. chamou de "exterior rude" dos kach''l e lahu,
elemento alienÍgena...,, "
suspeitar da existênc,r,a da incrÍver dinâmica
ele náo pOO" ,"qr",
Se Bernatzik Íosse vivo, hoje, o gue pensaria espirituar q;;; achava
onde mirhares de congregaçóes-taren, da .,velha Ásia,, desde então operando no mundo kachin/rahu
- e muito menos com-
kachin e rahu mantêm seu preender essa dinâmica! rsso é tÍpico
crescente testemunho de Jesus Cristo
i", , presenÇa de um único desviados pera sua educação da descoberta ror*
dos "interectr"i"'; fr"-em
missionário europeu como conselheiro, dessa dinâmicà, vez
como poderia um homem tão obstinado e muito menos supervisor?
de serem orientados em direção a ela.
sequer conceber o Íato de No restante do capÍtulo, o proÍessor Bernatzik
que uma das rerigiões tidas como emprega um lahu
uma das mais aceitas da Ásia não-cristão para procurar as aldeias lahu que,
budismo - Íarhara rastimaverm"nt"
tentativas
-o tejam ainda resistindo à "coação" do cristianismo.
segundo espera, es_
de converter esses povos minoritários combinadas o proÍessor expri_
"Ã-"ras
da Birmânia, enquanto o cris- ca que o seu progresso Íoi grandemente impedido
tianísmo (embora nã_o Íosse
p"fo náo-cristão atrasou-se muito no caminho, parando
priqr" o seu guia
quistou os seus corações governo birmanês), con_
"poi"ào
pou"ã.-oãJaoasz para fumar ópio.
Finalmente, o professor teve de entrar
",
Bernatzik é um representante
de muitos intelectuais que preví_
em acordo com o inímigo, por
assim dizer, empregando um guia tahu cristão,
ram que o cristianismo, o qual, supunha_se ã ià o" rr"'àrp"oi_
e Afríca apoiado peros governb" ioioniris, ganhava terreno na Ásia çâo manter'se dentro oo praio programado. o professor evioente-
mente do terceiro mundo no momento iria desaparecer rapída- mente não reconhece quarquer dÍvidá para
com o evangerho de Jesus
nalistas Íorçassem esses governos
qr" os movimentos nacio- cristo, por tê-ro feito encontrar um guia rahu que
a se"Ãretirarem. em ópio!
não fosse viciado
Em total desafio a eãsas pr"ri.ãL",
o cristianismo está agora
crescendo e se esparhando- nos
antigos territórios coronais, mais de- - Por fim, o proÍessor descobriu uma ardeia rahu náo-cristã. po-
rém, seus habitantes ameaçaram a sua vida e
pressa ainda do que na Améríca
e Euiopxlss
-"-'-' '..! ele teve de buscar ou_
tra e outras mais, pois toda aldeia lahu náo_crista,
Bernatzik continua: "Nada pooraÃãl exceiã uÀ", ,""r-
fazer arémde considerar o sou-se a acolher seu grupo! Até mesmo a aldeia que
trabalho (dos missionários) do p,;rt;
;;;;ta ,convertidos,,,. o receb"r, o f",
de má vontade. Bernatzik conseguiu se manter Íirosófico
os antropórogos contrários à obra ciistãdos quanto à
sugerir - como Bernatzik taz missionária gostam de situaçáo, elogiando os rahu não-cristãos pero seu ,,espÍrito
aqui;; indepen-
conversão de povos remotos
;;", suas ,,aspas,, _
que a dente".
ao cristianismo raramente é autêntica. Fica aparente que jamais ocorreu ao proÍessor perguntar_se
A suposição predominante é de qr"
tendem ser cristãos simpresmeni"
o, qr" entram para a igreja pre_ como os missionários conseguiram atravessar
a mesma barreira de
pààLtisfazer
verdade' tais povos são perÍeitar",itu o missionário. Na Íervorosa independência.
ãuprzes de desaÍiar, martratar Foi durante o estágio iniciar da reação dos rahu
ao evangerho
que Pu-Chan, deÍensor de Deus entre o povo
wa de caçadores de
84 - O Fator Metquisedeque
t:",
nidades cristãs, tirando de seu meio
po rc aus a 0,," 0,," JlXn lx".
os "Timóteos,,, , sir"J; e ..Lu-
cas" que precisava para seu ministério mais
neceu ensino mais detalhado üi' i#i,::;iH;:"ff iilii.,J:i abrangente, Frazer ..sa-
tas, Vincent aprendeu a lÍngua io"à;. õàro resurtado dessas visi_
"ín queou" também as fireiras da comunidade
cristã karen na Birmânia.
Novo Testamento lahu, *"ião O"L Or" fez à sua traduÇão Ele insistiu com os karen daquer" portà-
batista para enviarem um
um segundo trtovo'testamento, do
em wa! dentre eles em sua companhia, a fim de
beneÍiciar espiritualmente os
distantes lisu.
86 - O Fator Melquisedeque
Povos do Livro perdido _ g7
Os karen, em seu espÍrlto tiplcamente admirável, reagiram posi-
tivamente ao podldo, Frazsr voltou logo à Lisulândia com seu novo
Os cristãos naga e mizo ainda
ter-rhes dado testemunno suricieni" hoje agradecem a Deus por
ajudante karen, quo tambóm aprendeu a Íalar lisu.
antigas religiões oopulares, oe si mesmo através de suas
Depols do voltar, Frazer traduziu o Evangelho de Marcos na lÍn- a Íim de-impedir que cedessem
gua llsu. Quando cheoaram as cópias publicadas por uma gráÍíca hindu na Índia _ àssim. como
;; o*;; karen, kachin, lahu eà wa idoratria
tive-
mlsslonárla do Changal , Frazer viajou de aldeia em aldeia, lendo o
riT,#T:'"r:i;â:,:i":'"nt" pai" capacitá-rôs , idorarria
evangelho de Marcos.
Íucionismo n" Cni]l1e
o povo tisu para aÍastar_se do'à;Lii,' " e con-
taoÍsÃo
A prlncÍplo, f:tazeÍ aparentemente náo sabia que a tradição lisu
há muito prevlra a chegada de um mestre branco que devolveria aos Se assim não fo.sse, o progresso
sido, com ceÍteza, muito difÍcil. do evangelho entre eles teria
lisu o llvro perdldo de Deus, em sua própria lÍngua. Parece razoável,
no entanto, quo os colegas karen de Frazer (procedentes da Birmâ- Se Íizermos um retrospecto
da história, parece que a estratégia
nla) devorlam tor sldo capazes de detectar tal crença, embora Frazer do Marigno tem sido a tentatiü
oã-.oÀr"po, as rerigiões formais
náo tlvesse Íslto isso. De qualquer Íorma, os lisu responderam em religiões popurares antes da cnegaaa às
que o monoteÍsmo nativo ãã evangerho - a fim de impedir
grande número ao evangelho de Jesus Cristo e muitos estudiosos oa vaóta maioria oãssa1 ,J,ôiã*
penhe o seu surpreendente dessm-
deste incidente histórico acreditam que a antiga tradiçáo lisu, combi- paper coÃo atiaao do mesmo.
tratégia teve êxito no caso de Esta es-
nada com a presença de um karen, que tinha condições de apreciá-la mirhares de povos inteiros, que
eram adeptos de suas rerigiões poputares. antss
de maneira especial, desempenhou um papel importante na promoçáo Devido à ronga demora do
do espantoso movimento de dezenas de milhares de homens e mu- cristianismo em preparar um movimento
missionário
cançá'ros, o Fator sodoma rinarmeniá'ionseguiu positivo para ar-
lhêres lisu entrando no Reino de Deus. neutrarizar o Fator
Melquisedeque, enquanto mirhóes
sucumbiram às pressóes do hin_
duísmo' budismo, is.ramismo
A Birmânia, o sudoeste da China e depois, a Índia oriental! pou- ortãr-ãrigiões. Grande parte da re-
cos cristãos em outras partes do mundo sabem que dois estados in-
ceptividade que, plla graça de " óàrr,'àinã, ,grrrd"rà
ourros poros roi erúàüoa ou ãirenciaJ";;.
ãlrangerno
teiros da índia predominantemente hindu - Nagaland e Mizoram - po-
dem gabar-se da mais alta porcentagem ,,per capita,, de cristãos ba-
:íl1;rn[T:n.e resiões
tizados do que qualquer outra região de igual tamanho em qualquer Não obstante, a_tarefa de conquistar
para Cristo os seguidores
parte do mundo!
de várias rerigiões, não pode
.Lr'.onsiderada impossÍver! Era
As igrejas em Nagaland, onde vivem mais de um milhão de re- está progredindo e ganhando "inJ"
cada vez mais velocidade, como
detalhar num volume posterior. irei
presentantes do povo naga, abrangem 76ok de toda a populaçáo em
seu rol de membros! Mizoram, por sua vez, conta com gS% de toda a Epimênides, o proÍeta cretense; pachacuti,
racocha; Kolean, o sábio santal; pu'cÀàn, representante de vi-
populaçáo em sua lista de membros da igreja! A porcentagem em Mi- o proÍeta wa; Khamhina_
zoram é maior porque a maioria das igrejas ali pratica o batismo in- tulu, a profetisa mizo, Woraz",
o _
Íantil, enquanto a maior parte das igrejas de Nagaland só administra les? As Escrituras prevêem á "Jirinlo etÍope o que pensar de_
desta classe especial de
o batismo a jovens e adultos.
pessoas tementes a Deus "ririer"i"
no meío de povos pagãos sob todos os
os cristáos mizo destacaram-se recentemente ao enviar 400 de demais aspectos?
seus pró,prios missionários a áreas predominantemente hindus ao Acredito que as Escrituras não só indicam a sua existência,
norte da lndia! como também nos apresentam pelo
menos seis deres! Não me reÍiro
As tradições de um livro perdido de Deus, combinadas com ve- apenas a Merquisedeque' mas
também a Jó e seus quatro conserhei-
lhas profecias, tais como as pronunciadas pela proÍetisa Khamhina- ros: Bitdade, ZoÍaÍ, EtiÍaz e efiú
fveiã ã [vro oe Jó).
tulu, desempenharam um grande papel no despertar das populações Esses cinco homens tementes
Ninguém sabe como vieram
a Deus viviam na terra de Uz.
naga e mizo para o signiÍicado do evangelho cristão. O"ra Uz,
Os viajantes que voltaram de tais regiões da índia oriental, com Abraão. De Íato, ninguém ."0" " "onn""", ", uzt sem a ajuda de
..õu"i-àrãe ticava
Íreqüência contam que estavam sempre ànoo igrejas e quase sem- Provavelmente,.até mesmo eOraao
era alguém desse tipo quan_
pre ouviam o som de reuniões de oraçáo e cânticos! iav{ Íarou-rhe pera primeir" ,"1ãà -ur
!o,
subseqüente de Abraão por parte oos cardeus. A escorha
oã ó"r., para ser pai de uma raça
88 - O Fator Melquisedeque Povos do Livro Perdido - 89
'I
1. Herman G. TegenÍeldt, A Century oí Growth, The Kachin Baptist Church of
especial de pessoas, a flm de darem testemunho especÍÍico ao mun' Eurma (Pasadena, CA: William Carey Library, 1924), p. 4a.
do inteiro, Íoi realmente slngular. Mas o Íato de Abraão conhecer
pessoalmente o Deus vortja«Joiro náo era único! como mencionado 12. lbid., p. 45.
antes, quando Abraáo chegou a Canaã, ele se encontrou com Mel'
13. lbid., p. 46.
quisedeque, rel da cldade de Salém, que já servia como sacerdote de
El Elyon - nomo trlbal de cananeu para Deus (veja Gn 14.18-20; Sl 14. De uma entrevista pessoal com Nolda Widlund, em I980. A Sra. Widlund é
110.4 e Hb 7.1-221. neta de William Marcus Young.
As Escrlturas aÍlrmam também que Melquisedeque estava em
15. Alexander MacLeish, Christian Progress in Burma (Londres: World Dominion
plano superlor ao de Abraáo na ordem de Deus. Abraáo pagou o dÍ- Press, 1929), p.52.
zimo a Melqulsedeque o este "abençoou" Abraão, em lugar da situa-
ção inversa. O Íato de que o escritor de Gênesis náo Íornece a me' 'l 6. De uma entrevista pessoal com Nelda Widlund e seu pai, Vincent Young.
nor explicaçáo de como Melquisedeque conheceu El Elyon, parece
17. De uma entrevista pessoal com AIex C. Smith, doutor em missiologia, Over-
indicar que não considerava nada extraordinário que alguém como seas Missionary Fellowship (Associação Missionária lntercontinental).
Melquisedeque tivesse tal conhecimento entre os cananeus!
Nós também talvez náo devamos espantar-nos ao descobrir 18. MacLeish, Christian Progress, p.51.
evidência de pessoas tementes a Deus vivendo entre os povos pa'
19. lbid.
gáos em eras mais recentes. É possível que o próprio Jesus se reÍe'
risse às mesmas quando disse: "Ainda tenho outras ovelhas, náo 20. tbid.
deste aprisco; a mim me convém conduzi-las... "Jo 10.16).
Porém, os povos do Deus remoto e os do livro perdido não nos 21. lbid.
contam toda a história do "Fator Melquisedeque". Considere também 22. Phyllis Thompson, James Frazer and the King os the Lisu (Chicago: Moody
o mistério dos povos com costumes estranhos... Press, 1 962), p. 64.
1. Sra. Macleod Wylie, The Gospel in Burma (Londres: w. H. Dalton, 1859), pp. 25. Hminga, The Life and Witness of Churches in Mizorcm (Pasadena, CA: Wi-
52-54. lliam Carey Library, 1976), pp. 31,42.
2. Francis Mason, The Karcn Apostle (Boston: Gould and Lincoln, 1861), p. 10. 26. TegenÍeldt, p. 46.
3. Wylie, The Gospel in Burma, p.22. 27. Mason, The Karen Apostle, pp.9-10.
6. Alonzo Bunker, Soo Thah, a Tale of the Karens (Nova lorque: Fleming H. Re- 30. Wylie, pp. 52-53.
vell Co., 1902), pp. B4-93.
31.lbid., p.52.
7. Mason, p. 99,
32. lbid., p.54.
8. lbid., p.21 .
33. C. Peter Wagner, On the Crest of the Wave, (Ventura, CA; Regal Books,
9. lbid., pp.15-27. 1 s83).
10. Bunker, A Tale of the Karen, p.82. 34. Hugo AdolÍ Bernatzik, The Spirits of Yellow Leaves, E. W. Dickes, trans.
(Londres: Robert Hale Ltd., 1951), pp. 193-194.
Povos com Costumes Estranhos _ 9l
ças antigas eram canceradas, como também prevenidas Íuturas oca-
siões de períÍdia - isso, porém, só enquanto a Criança
3 da paz per_
manecesse viva. Nossa chave para comunicação Íoi,
então, a apre-
sentação de Jesus cristo aos sawi como o derradeiro Firho
da paz,
usando lsaÍas 9.6, Joáo 3.16, Romanos s.1o e Hebreus 7.25
como os
POVOS COM COSTUMES ESTRANHOS principais correspondentes bÍbricos à anarogia da criança
oaíaz.
Por este meio, o signiÍlcado do evangelho penetrou na
mente
sawi! uma vez compreendido que Judas trãÍra uma criança
da paz,
não maís o consideraram um herói. para os sawi, a traição
de uma
criança da Paz representava o mais hediondo dos crimesi
Desde aqueles dias, aproximadamente dois terços do povo
sa-
Os leitores que conhecem meus dois primeiros livros - O Totem Yi, g, suas próprias palavras, ,,colocaram as mãos sobre a Criança
da Paz e Senhores da Terra - já têm uma idéia do que entendo por da Paz de Deus, Jesus Cristo, por meio da fé,,, aludindo à
sua exi_
"costumes estranhos". Para os que ainda náo leram O Totem da gência de que os recipientes de uma criança da paz
colocassem as
Paz, por exemplo, dou aqui um breve resumo: máos individuarmente sobre o Íirho que rhes Íora dado e
dissessem:
Em 'l 962, minha esposa Carol e eu, levando nosso Íilho Esteváo "Recebemos esta criança como uma base para a pazl,,
de dezoito meses, viajamos paÍa a Nova Guiné e vivemos como mis- outros povos' no entanto, possuem costumes iguarmente estra-
sionários entre os sawi - uma das quase mil tribos que existem no nhos que Íornecem analogias para o evangelho. ds capÍtulos
se_
semi-continente de 2.400 km da Nova Guiné. Os sawi eram uma das guintes contêm diversos exemplos. Em primãiro
lugar, porém, note o
cinco ou seis tribos deste planeta que praticavam tanto o canibalismo Íundamento bÍblico para encontrar e usar tais costúm".
escla_
como a caça a cabeças. Mais tarde, tivemos mais três filhos - recimento da verdade espiritual: "oró
Shannon, Paulo e Valerie - que passaram seus primeiros anos co-
nosco, entre os sawi. Saulo de Tarso - que se tornou o apóstolo paulo _
tinha uma
Nossas primeiras tentativas de transmitir o evangelho a eles Ío- vantagem sobre os judeus que passaram todo o seu
tempo na pales-
ram frustradas devido à sua admiraçáo pelos "mestres da traiçáo" tina. Teve muito maior oportunidade de observar os gentios e
seus
- impostores ardilosos que conseguiam manter uma ilusáo de amiza- costumes' Nascido numa cidade predominantemente
em pelo menos uma ríngua gentia e cidadão de um impãriolentia, fruente
de durante meses, enquanto Íirmemente "engordavam" suas vÍtimas cosmopo-
com essa amizade, tendo em vista um dia inesperado de matança! lita verdadeiramente gentio, pauro chegou a argumas concrusões
in-
Por causa deste raro tipo de reverência pelo heroÍsmo, ao ouvi- teressantes sobre os gentios.
rem minhas primeiras tentativas de explicar o evangelho, os sawi Esta é uma delas: paulo observou que os gentios Íreqüente-
consideraram Judas lscariotes, o traidor de Jesus, como sendo o he- mente se comportavam como se estivessem obedecendo voruntaria-
rói da história! Jesus, aos olhos dos sawi, náo passava do tolo enga- mente à lei de Moisés, quando de fato jamais tinham ouvido farar
de
nado, objeto de riso! Moisés ou de sua rei! como isso podia acontecer? perguntou
ere.
Repentinamente, minha esposa e eu nos vimos diante de dois Mais tarde, o Espírito de Deus guiou pauro a uma resposta surpreen-
problemas graves. Primeiro, como poderÍamos tornar claro o signiÍi- dente: "Quando, pois, os gentios que náo têm lei, procedem poi natu-
cado real do evangelho para aquele povo, cujo sistema de valores reza de conÍormidade com a rei, não tendo lei, servem eres de rei pa-
parecia tão oposto ao do Novo Testamento? Segundo, como nos as- ra si mesmos" (Rm 2.14).Em outras palavras, a lei expressa na na_
seguraÍ de que os sawi náo estavam nos engordando com sua ami- tureza pagã do homem serve para ele como uma espécie de Antigo
zade para uma matança inesperada? Testamento intermediário. rsso na realidade não basia, mas é muito
Orando para que Deus nos desse uma ajuda especial, desco- melhor do que não ter lei algumal
brimos finalmente que os sawi tinham um método singular de fazer a Paulo continua: "Não tendo lei, servem eles de lei para si mes-
paz e evitar surtos de traição. Quando um pai sawi oferecia seu filho mos. Estes mostram a norma da rei gravada nos seus corações,
para outro gÍupo como uma "Criança da Paz", náo só as diferen- testemunhando'lhes também a consciência, e os seus pensamentos
Povos com Costumes Estranhos - 93
92 - O Fator Melquisedeque
último a levá-lo embora. Esta teoria fica prejudicada por ignorar um
mutuamente acusando-se ou defendendo-se" (vv. 14-15, griÍo acres' detalhe que assoma como uma advertência em seu caminho. Ambos
centado). os bodes, e não só o primeiro, tinham de ser apresentados perante o
Paulo foi evidentemente justo com os gentios. Ele lhes deu até Senhor, implicando em que não deviam ter qualquer defeito, como era
aos mais rudes, crédito por possuirem uma sensibilidade moral dada costume em todas as oÍertas dos hebreus.
por Deus, em separado da revelaçáo judia-cristã. Salomáo, como já De acordo com esse pano-de-Íundo, considere a seguinte ceri-
vimos, discerniu que Deus "pôs a eternidade no coraçáo do homem" mônia realizada anualmente por certos clãs entre os dyaks, de Bor-
(veja Ec 3.11). Agora, o apóstolo acrescenta que Deus também es- néu.
creveu as exigências da sua lei no mesmo lugar!
O homom não-regenerado é duplamente perseguido! Primeiro, Os Dyaks de Bornéu
ele sente a eternidade, em direçáo à qual se move - partÍcula finita
que é - como alguém estranhamente destinado. A seguir, descobre
Os anciãos dyaks Íicam agrupados observando os artesáos da-
gravada em seu próprio coraçáo uma lei que o condena a náo atingir
rem os últimos retoques a um barco em miniatura. os peritos entre-
o seu destino eterno! gam o barco aos anciãos que o levam cuidadosamente até à margem
Náo é de admirar que Paulo tenha escrito em outro ponto: "Ai
do rio, perto da aldeia em que moram, chamada Anik. Enquanto toda
de mim se não pregar o evangelho" (1 Co 9.16). Nada mais pode dar a população de Anik Íica olhando, um dos anciáos escolhe duas gali-
fim a esta dupla perseguiçáo do homem!
nhas do bando da aldeia. Depois de veriÍicar se ambas sáo sadias,
Aqueles dentre nós que estudaram as jornadas do apóstolo ain-
ele mata uma delas e asperge o seu sangue ao longo da margem. A
da mais profundamente no domínio gentio, descobriram que a sua ob-
outra galinha é amarrada viva a uma das extremidades do pequeno
servaçáo cumpriu-se de maneiras que ele mesmo talvez jamais ti-
barco.
vesse julgado possíveis. Por exemplo: Uma das exigências da lei
Alguém traz uma pequena lanterna e a prende do outro lado do
mosaica era um estranho rito anual envolvendo dois bodes machos.
barco, acendendo-a. Neste ponto, cada residente da aldeia aproxima-
Ambos os bodes eram primeiro apresentados ao Senhor (Lv 16.7). A
se do barquinho e coloca mais arguma coisa, argo invisÍvel, entre a
seguir, o sumo sacerdote hebreu tirava sortes para escolher um dos
lanterna acesa e a galinha viva.
bodes como oferta sacriÍicial. Depois disso, ele matava o bode es-
Pergunte a um dyak o que ele colocou entre a lanterna e a gali-
colhido e aspergia seu sangue sobre o "propiciatório" (Lv 16.15).
nha e ele responderá: "Dosaku!', (meu pecado).
O que acontecia ao outro bode?
Quando rodos os habitantes de Anik tiverem corocado o seu do-
O sumo sacerdote impunha as mãos sobre a cabeça dele, de- sa sobre o pequeno barco, os anciãos da aldeia o levantam cuidado-
pois conÍessava os pecados do povo, colocando-os simbolicamente samente do solo e entram no rio com ele, soltando-o na correnteza.
sobre o segundo bode. Uma pessoa indicada para a tarefa levava À medida que é levado por esta, os dyaks que observam da
então o mesmo para longe do povo e o soltava no deserto. Uma vez margem ficam tensos. Os anciáos que permaneceram no rio, com
que o "bode emissário" desaparecia de vista, o povo hebreu come- água até o peito, prendem a respiraçáo. Se o barquinho voltar para a
çava a louvar a Javé pela remoçáo de seus pecados. margem, ou bater em algum obstáculo oculto, à vista da aldeia, o po-
Quando Joáo Batista apontou para Jesus e disse: "Eis o Cor- vo de Anik viíerá sob uma nuvem de ansiedade até que a cerimônia
deiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (Jo 1.29), ele identificou possa ser repetida no ano seguinte!
Jesus Cristo como o cumprimento perÍeito e pessoal do simbolismo Mas se o barquinho desaparecer numa curva do rio, todo o gru-
hebreu do bode expiatório. Eram necessários dois animais para re- po levanta os braços para o céu e grita: "selamat! setamat! seta-
presentar o que Cristo iria realizar sozinho quando morresse pelos mafl" (Estamos salvos! Eslamos salvos!)i
nossos pecados. Náo satisÍeito em simplesmente expiar nossos pe' Mas só até o próximo ano.
cados, Ele também removeria a própria presença dos mesmosl Os judeus tinham os seus bodes emissários; os dyaks, os seus
Uma determinada seita tentou desenvolver uma interpretação barcos emissários.
diÍerente. Embora concordando que o primeiro animal Íosse uma
Qual deles podia realmente remover os pecados? Resposta:
sombra ou tipo de Cristo, eles insistem em que o bode expiatório re- nem um nem outro! o apóstolo que escreveu a EpÍstola aos Hebreus,
pÍesenta Satanás. O autor do pecado, raciocinam eles, deve ser o
Povos com Costumes Estranhos - 95
94 - O Fator Melquisedeque
dominante. Se havia alguém em Jerusalém capaz de entender o que
disse: ,.Nesses sacriÍÍcios Íaz-se (os judeus) recordação de pecados
Jesus queria dizer com "novo nascimento", essa pessoa era Nico-
lodos os anos, porque é impossível que sangue de touros e bodes
demos. Todavia...
remova pecados... Temos sido santiÍicados mediante a oÍerta do cor-
No momento em que Jesus afirmou "Se alguém náo nascer de
po de Jesus Cristo, uma vez por todas" (Hb 10'3'10)'
novo, náo pode ver o reino de Deus", Nicodemos respondeu com a
Se até mesmo os sacriÍÍcios judeus, ordenados por Deus, ser-
seguinte objeção literal, ingênua e quase inÍantil: "Como pode um
viam somente como sombra de algo que ainda estava para vir, náo é
homem nascer, sendo velho?... Podo, porventura, voltar ao ventre
necessário dizer que o barco emissário dos dyaks também não pode-
materno e nascer segunda vez?" (vv. 3,4).
ria remover verdadeiramente os pecados. Então, será que ele náo
Se um conhecedor de religiáo como Nicodemos teve tanta diÍi-
tem qualquer significado? Tem siml O barco emissário dos dyaks in-
culdade em compreender o significado do novo nascimento, segundo
corpora vários conceitos válidos' O homem precisa ter seus pecados
removidosl A remoção do pecado náo exige apenas a morte, mas a indicação de Jesus, "gentios incultos" em todo globo terão muito
(sim- maior diÍiculdade para entendê-lo, náo é? Esta não é uma insinuação
também a presenÇa viva de algo purol A iluminação da verdade
bolizada pela lanterna acesa) é um pré-requisito necessário para es- de que, na verdade, os ensinos de Jesus podem ser complexos de-
sa remoçáo! mais para quase todos?
Quem poderia ter sonhado que os dyaks, antes temidos como De modo algum!
caçadores de cabeças, iriam se mostrar já pré-sintonizados com Vamos examinar um dos casos mais complicados da terra...
conceitos neste comprimento de onda Íortemente para-bíblico?
Cuidado, porém: os budistas no Camboja também enviam bar- O Povo Asmat da Nova Guiné
quinhos correnteza abaixo pelo rio Mekong, em certas épocas do
ano. Dezenas dessas pequenas embarcaçóes levando lanternas, têm Observe a Nova Guiné num atlas. Sua própria Íorma já parece
sido vistas brilhando nas águas do Mekong à noite. os barcos cam- advertir: "Cuidado! Perigo!" Pois a Nova Guiné assemelha-se exata-
bojanos têm como propósito levar embora os espÍritos dos mortos ou mente a um enorme tiranossauro aquecendo-se sobre o equador de
transportar oÍertas de alimento aos mortos, nada tendo a ver com a nosso mundo, com as mandÍbulas abertas.
remoçáo de pecados. A advertência tem sua razáo de ser. A lista de viajantes, cujas
É necessário estudar o objetivo por trás de qualquer costume vidas Íoram devoradas por essa ilha de 2.400km em Íorma de réptil,
estabelecido, antes de tirar conclusões sobre a sua ligaçáo potencial tem se tornado enorme! O tÍranossauro náo respeitou sequer um no-
com conceitos bÍblicos. Os barcos cambojanos desse tipo podem' me importante como o de Rockefeller, como explicarei mais tarde.
originalmente, ter tido um propósito semelhante ao dos "barcos emis- Picos de montanhas, salientando-se na espinha dorsal do réptil
sários" de Bornéu. os adoradores predecessores, com o passar dos como plaquetas numa armadura, estendem-se em todo o compri-
séculos, cedendo ao Fator Sodoma, talvez tenham mudado o costu- mento da Nova Guiné. Dezenas de cumes ultrapassam, em altura,
me original de Íorma tão drástica que ele náo representa mais uma li- até o Matterhorn! Mas ao sul encontra-se um pântano tão vasto que
gaçáo com a verdade bÍblica. reduz a regiáo de Everglades, na Flórida, a uma simples lagoa de
As boas-novas de que Cristo tornou'se o Portador do pecado patos! Quarenta e oito mil quilômetros quadrados de Ílorestas tropi-
da humanidade são um dos principais componentes do evangelho, cais! Rios sinuosos, muitos deles atravancados por ilhas Ílutuantes
mas náo representam todo ele. O mesmo Cristo que remove o nosso de detritos vegetais. Tudo isso alimentado por muita chuva!
pecado também implanta um novo espÍrito em nôs, para que não vol- Quase mil tribos habitam a Nova Guiné. Uma delas - os asmat
temos a rêpetir inÍindavelmente as mesmas oÍensas. Jesus disse que - escolheu a parte mais úmida, densa, inÍestada de moléstias desses
todos os que recebem este dom de um novo espÍrito "nasceram de alagadiços para se estabelecer.
novo" (Jo 3.3). Os antropólogos têm uma regra geral simples e prática. Ela
o verdadeiro significado do "novo nascimento" é difÍcil de ser aÍirma que os caçadores de cabeça, onde quer que você os encon-
compreendido pela maioria das pessoas. o primeiro indivÍduo com tre, náo iráo praticaÍ também o canibalismo. Os canibais, por sua
quem Jesus Íalou sobre o novo nascimento foi um judeu conhecedor vez, não se dedicam à caça de cabeças. Esses dois costumes, diz a
de teologia, chamado Nicodemos - um membro do conselho judeu regra geral, são mutuamente exclusivos. É possÍvel encontrar um ou
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outro, mas nunca os dois na mosma cultura. facas, facões de mato ou machados. Outros se dispõem a ensinar-
Os asmat, inÍelizmonto, jamais ouviram falar dessa regra. Não lhe a sua lÍngua. A princÍpio, o idioma dos asmat parece uma mistura
satisÍeitos em guardar o crânio das vÍtimas como troÍéu, eles devora- impossÍvel de ser aprendida, mas pouco a pouco o sentido da mesma
vam também a sua carnol:r vai surgindo. Você comeÇa a sentir o entusiasmo de romper as bar-
Os asmat utillzavam também as partes do corpo humano de reiras de uma nova lÍngual
maneiras bem intorossantos. Algumas vezes um crânio servia de tra- Depois aparecem os aspectos chocantes. Além de combinar a
vesseiro. As cavslras tomavam o lugar dos brinquedos das crianças caça a cabeças com o caniballsmo, os homens da tribo asmat algu-
e alguns guerreiros asmat usavam como punhal o osso afiado de um mas vezes desumanizam suas mulheres, forçando-as a colaborar em
Íêmur. Os ossos do maxilar eram Íreqüentemente usados como or- práticas públicas de troca de mulheres. Outras vezes, eles veneram
namento e o sangue humano compunha a cola utilizada para grudar parentes mortos, manuseando a carne decomposta de seus cadáve-
as peles do lagarto proto que cobriam os seus tambores! res.
Ao ler esta descrição dos asmat, tome cuidado para náo pensar A tentativa de persuadir os nativos a mudarem de idéia sobre
neles como se não fossem de alguma forma verdadeiramente huma- essas coisas parece quase táo Íácil como trocar um pneu num cami-
nos. Pois, se as pessoas que Íazem tais coisas devem ser conside- nhão enorme enquanto ele desce uma ladeira. Querer fixar o evan-
radas sub-produtos da humanidade, o que dizer então dos celtas, das gelho na mente deles seria como tentar grudar gelatina numa árvore.
tribos nórdicas e anglo-saxônicas, das quais descendem muitos leito- Finalmente, à medida que a água começa a entrar através de
res deste livro? fendas no casco do navio, o desânimo também se insinua e empana
Segundo o Dr. Ralph Winter, missiólogo, as tribos celtas na lr- o seu entusiasmo inicial. A sua depressão cresce quando você co-
landa dedicavam-se à caça de cabeças. E os valentes habitantes meça a receber cartas de outros missionários em outras partes da
anglo-saxônicos das florestas do norte da Europa, diz ele, bebiam em Nova Guiné - cartas que dizem: "Alegre-se conosco! Já batizamos
crânios humanos ainda no ano 600 A.D! 6.000 crentes só neste vale! Outros 2.000 estão matriculados em
Foi o evangelho de Jesus Cristo que Íez a diferenÇa para os classes de alfabetizaçáol"
celtas, noruegueses e anglo-saxões. E é exatamente isso que atuará Você resmunga aborrecido: "Parece que precisam de ajuda lá!"
sobre os canibais e caçadores de cabeça asmat! Tudo o que é preci- Logo escreve uma carta ao administrador de sua missão pedindo
so é que alguém vá viver enlre eles e comunicar o evangelho táo eÍi- transÍerência para onde haja um povo mais responsivo na Nova Gui-
cazmente como alguém o comunicou aos celtas, anglo-saxões e ou- né. "Já tentei tudo entre este pessoal e náo consegui nada", conÍes-
tras tribos do norte da Europa! sa. "Aparenlemente náo está na hora designada por Deus para agir
Certamente isso não é pedir demais. Jesus disse: "...de graça entre eles."
recebestes, de graça dai" (Mt 10:8). Como não existe caixas de correio em Ochanep (nem mesmo
Na verdade, isto náo é pedir demais. Mas a tarefa também não agências de correio), você não pode enviar a sua carta atê que um
é fácil. Todavia, parte da diÍiculdade é apenas aparente. Pense em piloto missionário desça com seu hidroaviáo na superÍÍcie do rio
você mesmo como designado para cumprir justamente esse traba- perto de sua casa, fornecendo seu único elo de ligaçáo com o mundo
lho... exterior.
Você se estabeleceu numa pequena casa coberta de palha, ao Ao colocar a carta sobre a mesa, você ouve um tumulto em
lado da aldeia asmat de Ochanep. Em outubro de 1961, Michael, filho Ochanep. Corre entáo para a porta da Írente e olha para a aldeia.
do governador de Nova lorque , Nelson RockeÍeller, desapareceu da Centenas de asmat, homens, mulheres e crianças descem às pres-
Íace da terra em algum ponto num raio de poucos quilômetros de sua sas de suas casas no alto e enfileiram-se ao longo da praia. Todos
casa. Você ouviu boatos de que os seus vizinhos asmat foram a olham agitados rio abaixo.
causa do desaparecimento de Michael. Entretanto, para grande alÍvio Você também se dirige apressado para a praia e olha na mesma
seur os asmat parecem suficientemente amigáveis. direção. Para seu completo horror, o rio está cheio de canoas do po-
Eles não só o ajudaram a construir sua casa, como também lhe vo Basim - inimigos mortais dos seus vizinhos ochanep! Pode ouvi-
Íorneceram diariamente bastante peixe, camarões e porco do mato, los chegando. Raspando os remos contra os lados das canoas. Ba-
em troca de linha de pesca, anzóis, lâminas de barbear, fósforos, sal, tendo os pés no Íundo das mesmas, como um acompanhamento às
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Povos com Costumes Estranhos - gg
remadas. E gritando a plenos pulmões, em um só ritmo com o bater
dos pés e dos remos! por muitos dias. Todas as noites os adultos as embalam até dormi-
Você estremece. Sabe que os remos podem servir de lanças, e rem. As mulheres cantam canções de ninar em seus ouvidos e, de-
que existem arcos negros, Íeitos de palmeiras, e centenas de setas pois, as crianças voltam livremente para suas famÍlias em suas pró-
de bambu dentro das canoas. Muitos guerreiros entre eles também prias aldeias!
carregam punhais pontiagudos Íeitos de ossos humanos tirados da A partir dessa ocasiâo reina a paz! Grupos em busca de ali-
coxa, presos às Íaixas em seus braços. mento podem agora alirar-se nos pântanos de sagu sem medo de
"Vai haver um banho de sangue bem em Írente à minha casa',, emboscadas. os homens e mulheres basim e ochanep não trocam
você murmura oÍegante. apenas presentes, mas até seus próprios nomes, simbolizando união
"Nada disso!" replica um alegre menino asmat que está por e confiança mútuas.3
perto. "Eles não vieram para brigar, mas para tazer paz!,, Enquanto isso, há uma luta em seu íntimo. Seu preconceito ex-
"Espero que dê certo!" você responde tenso. clama: "Que costume pagáo repulsivo! euem se importa com isso?"
Enquanto observa de uma distância que julga segura, as ca_ A sua curiosidade Íaz, porém, uma observaçáo vital. eualquer que
noas dos basim chegam em frente a Ochanep e dirigem_se para a seja o signiÍicado, o costume transmite um dinamismo capaz de alte-
praia. Elas se alojam nas margens lodosas, mas os homens conti_ rar o comportamento do povo asmat - exatamente aquilo que você
nuam avançando! chegam até a praia! Fincando os remos no barro, espera obter com um propósito bÍblico!
eles Íormam uma massa sórida e começam a purar, gritando de ale- Vamos esperar que a sua curiosidade vença! Se isso acontê-
gria exuberante. Este comportamento provoca uma reação corres- cer, você começará a Íazer perguntas. Em pouco tempo, vai desco-
pondente por parte do povo de Ochanep. brir que a passagem Íormada pelas costas dos pais e os tornozelos
De repente, homens representando tanto o grupo de Ochanep das mães representam um canal de nascimento comunitário! As
como de Basim movem-se, desarmados, em direção uns aos outros e crianças que passam através dele sáo consideradas renascidas no
misturam-se sobre um pequeno outeiro rervado. cada homem reva sistema familiar de seus inimigos! Através dessas crianças renasci-
sob o braço uma esteira. Logo depois, esses inimigos mútuos esten- das, os dois grupos inimigos tornam-se uma famÍlia mais ampla, as-
dem as esteiras sobre a grama e deitam de bruços em cima deras, segurando assim a paz.
lado a lado, como se estivessem tranqüiraments tomando sor numa A compreensáo desce subitamente sobre você. euem sabe há
praia lotada. quanto tempo esta cerimônia de paciÍicação vem gravando um princÊ
As mulheres dos homens deitados começam então a mover-se pio válido sobre a mente dos asmats - a paz genuÍna não pode vir
acanhadamente para o mesmo monte. ,,ó, náo!,, você exclama re_ através de um simples acordo verbal. Ela requer a experiência de um
pugnado. "Náo outra orgia de troca de mulheres!,' novo nascimento!
Mas desta vez você se enganou. Cada esposa asmat, envergo- Coçando a cabeça, você se perguntat ,'Onde será que já ouvi
nhada, toma posição em pé, ao lado do marido, com os tornozelos isso antes?"
separados, colocando um pé sob o peito dele e o outro sob os seus
quadris. A seguir, os anciãos de ambos os grupos levam algumas Com esÍorço você pesquisa substantivos e verbos asmat que
crianças até o outeiro e mandam que se ajoerhem e se contõrçam, captem os sentidos sutis de que necessita. Você pratica com persê-
passando por sobre as costas dos pais, que estão deitados. Durante verança até poder conjugar corretamente esses verbos, através de
o processo, as crianças também passam entre os joelhos das mães. cada tempo do indicativo da lÍngua asmat. A seguir, tremendo de en-
Quando cada criança basim acaba esse ritual, ela é apanhada tusiasmo, você coloca os pés nos degraus de uma escada asmat e
pelos homens e mulheres de ochanep e embalada como um entra na casa suspensa de um homem chamado Erypeet.
recém-
nascido. outros revam água e dão-rhe um banho, como se estives- Erypeet está nu, sentado numa esteira, mastigando satisÍeito
sem limpando as marcas do nascimento. As crianças ochanep, por um espeto de larvas de besouro tostadas. Ele convida você para
sua vez, são tratadas da mesma Íorma pelos basim. sentar-se numa esteira próxima e oferece-lhe um espetinho igual ao
A seguir, enfeitadas com borras de fibras de parmeira e conchas seul Você o aceita delicadamente e o coloca na esteira a seu lado -
marinhas, as crianças tornam-se o centro de alegre comemoração para ser comido depois de voltar para casa, naturalmente!
"Erypeet", você começa, "Íiquei fascinado quando vi como os
100 - O Fator Melquisedeque
Povos com Costumes Estranhos - lOl
ochanep se reconciliaram com os basim. Eu também já estive em em posição para anotar. Erariek, um yali de 25 anos, sorriu. Ele se
guerra, Erypeet. Não lutei contra simples homens, mas contra o meu
sentia verdadeiramente feliz com meu interesse pelo seu povo. Seus
próprio Criador. A sombra dessa guerra escureceu minha vida du-
olhos iluminaram-se ao lembrar de um episódio antigo - uma aventu-
rante muitas luas. Certo dia, então, um mensageiro do Criador apro-
ra que envolvia seu irmão, Sunahan, e um amigo chamado Kahalek.
ximou-se de mim. "Meu Senhor preparou um novo nascimento", disse
Erariek pigarreou e descreveu como os dois homens haviam ido à
ele. "Você pode renascer nEle e Ele pode nascer em você. Ficará
procura de alimento, certa manhá muito cedo.
então em paz com o meu Senhor".
No momento em que começaram a cavar batatas doces em sua
Neste ponto Erypeet põe no cháo o que resta de seu espetinho
horta, Sunahan e Kahalek ouviram o zumbido de uma seta que pas-
de larvas de besouro e exclama: "O quê? Você e seu povo também
sou por eles. Logo em seguida, uma outra seta feriu Kahalek. Olhan-
têm um novo nascimento?" Erypeet Íica espantado ao saber que vo-
do por sobre os ombros os dois homens viram um enorme grupo de
cê, um forasteiro ignorante, um estranho, é na verdade inteligente o
saqueadores que estavam emboscados. O brilho no olhar de cada um
bastante para pensar em termos de um novo nascimento. Ele estava
deles revelou a sunahan e Kahalek que aqueles inimigos do outro la-
certo de que só um asmat podia compreender tão proÍundo conceito.
do do rio Heluk estavam certos de que iriam se banquetear com car-
"Sim, Erypeet", você responde. ,,Temos um novo nascimento
ne humana naquele mesmo dia - a carne de Sunahan e Kahalek!
também."
Deixando cair suas varas de cavar, os dois agarraram seus ar-
Erypeet pergunta: "O seu novo nascimento é como o nosso?',
cos e Ílechas e fugiram a toda pressa.
"Existem algumas semelhanças, meu amigo; e algumas diÍeren-
Neste ponto eu esperava que Erariek me dissesse que Sunahan
ças. Quero conlar-lhes como é!" e Kahalek Íugiram trilha acima, em busca de segurança em sua al-
Quais são as possibilidades de Erypeet interromper, dizendo: deia que Íicava num alto penhasco bem acima da horta. Em lugar
"Espere um pouco! Como pode alguém voltar a nascer sendo velho?
disso, ele me contou que eles se aÍastaram da trilha e correram atra-
Como pode entrar de novo no ventre da máe e renascer?,,
vés da horta em direção a um muro baixo de pedra. pouco antes de
Praticamente não existem. euando se trata de raciocinar sobre
chegarem ao muro, mais Ílechas atingiram o já Íerido Kahalek. Ele
a necessidade humana de experimentar um novo nascimento, Erype-
caiu do lado de fora do muro e Íicou ali agonizando.
et - nu, analÍabeto, um canibal caçador de cabeças _ tem uma van_ Sunahan, porém, saltou o muro, girou sobre si mesmo, desnu-
tagem que o judeu Nicodemos não tinhal
dou o peito diante dos inimigos e riu-se deles. Os saqueadores, de-
E a carta que você escreveu ao administrador da missáo? E pois de atirarem mais Ílechas, acabando com a vida de Kahalek, de-
seu pedido de transferência para outra parte de Nova Guiné, onde o
cidiram não levar seu corpo para ser comido - vingadores da aldeia
potencial de resposta ao evangelho possa ser maior?
já desciam a montanha em grande quantidade. O transporte do cadá-
"Bem...", ouço você responder. ,,Veja, mudei de idéia. Náo vou
ver de Kahalek iria atrasar a Íuga do bando.
deixar os asmat agora! Vou Íicar aqui e descobrir o que o EspÍrito de
Deus pode fazer no coração dessas pessoas quando lhes revelar Os saqueadores Íugiram, deixando Sunahan sem um arranhão
que Jesus Cristo tem um novo nascimenlo real à sua espera, não sequel.
apenas um ato simbólico!"
Eu quase deixei cair a caneta! "Por que eles não mataram Su-
De alguma Íorma, eu sabia que você iria mudar de idéia, depois nahan?" perguntei. "Ele se achava ao alcance deles!"
de compreender tudo o que havia ocorrido. Erariek sorriu condescendente. "Don, você náo compreende.
Sunahan estava atrás do muro de pedra."
Os Yali e os Havaianos "Mas que diferença isso Íez?" perguntei.
"O solo atrás daquele muro", explicou Erariek, ,,é o que nós, os
O que 35.000 canibais negros yali, na região central da Nova yali, chamamos de Osuvya - um lugar de refúgio. Se os saqueadores
Guiné têm em comum com os judeus? E também com o povo poriné- tivessem derramado uma gota do sangue de Sunahan enquanto ele
sio amulatado, que vive a 8.000km de distância das llhas Havaianas? se achava dentro daquele muro, o próprio povo deles os teria casti-
gado com a morte, quando voltassem para casa. Da mesma Íorma,
"Erariek, conte-me uma história,,, pedi, Íicando com a caneta embora Sunahan estivesse armado, ele não ousou atirar nenhuma
flecha no inimigo enquanto se encontrava atrás daquele muro. Pois
102 - O Fator Melquisedeque
Povos com Costumes Estranhos - lOs
quem fica ali está obrigado a não cometer qualquer violência contra
ram construÍdas em terreno alto, de modo que o Íugitivo pudesse
homem algum!"
vê-las claramente, mesmo a grande distância.
Você poderia ter me derrubado com uma pluma!
Uma vez que um fugitivo entrasse numa cidade de reÍúgio dos
os leitores irão encontrar
mais detalhes sobre Erariek e a incrí- judeus, ele se achava em segurança até que um sumo sacerdote de-
vel saga da tribo Yali em meu livro senhores da Terra (publicado pela
cidisse o seu caso. Dependendo do resultado desse julgamento, o
Editora Betânia)4. Devo agora responder à pergunta: o que tudo isto
Íugitivo poderia ser executado ou libertado.
tem a ver com o povo havaiano, que Íica a g.000km de distância dos
Desde essa época, os poetas e proÍetas hobreus náo deixaram
vales úmidos da Nova Guiné?
mais de referir-se ao simbolismo pungente e ao significado espiritual
do "lugar de refúgio". Por exemplo, o rei Davi escreveu num salmo:
Ninguém sabe quando os havaianos dedicaram o recinto sagra-
do chamado Pu' uhonua-o honaunau ao seu propósito especial. os "Em ti, Senhor, me reÍugio, náo seja eu jamais envergonhado,' (Sl
arqueólogos acreditam que o rei Keawe-ku-i-ke-kàai - por volta do 31.1).
ano 1500 A.D. - construiu um templo no lugar e cercou-o com um Se o sumo sacerdote decidisse, depois do julgamento, devolver
muro de pedra de três metros de altura, grande parte do qual conti- o Íugitivo aos seus perseguidores, a Íim de ser executado, dizia-se
que ele estava sendo "envergonhado", O rei Davi, sentindo que sua
nua em pé. Mais dois templos Íoram acrescentados durante o século
própria justiça náo bastaria para defender o seu caso diante de Deus,
seguinte. Pu'uhonua-o-honaunau ainda permanece na costa ocidental
do HavaÍ, cerca de dez quilômelros ao sul do monumento dedicado continua suplicando: "Livra-mê poÍ tua justiça" (Sl 91.1, grifo acres-
ao explorador inglês, Capitão James Cook. centado). E isso que Jesus Cristo, mediante o evangelho, promete
Pu'uhonua-o-honaunau náo significa apenas um novo templo, tazer - salvar os reÍugiados arrependidos, com base na sua bondade
mas um lugar de reÍúgio para os "guerreiros vencidos, os náo-com- e náo na deles, Eles precisam, no entanto, buscar esse reÍúgio nEle,
batentes, ou os violadores de tabus,', que chegavam às suas portas e em nenhum outro lugar! O escritor da EpÍstola aos Hebreus Íixou-
antes de seus perseguidores (National park service Brochure). Al- se no mesmo princípio eterno de misericórdia quando escreveu:
cançar o interior do velho muro do rei Keawe náo era uma simples "...corremos para o refúgio, a fim de lançar máo da esperança pro-
posta" (Hb 6.18).
brincadeira; representava a diÍerença entre a vida e a morte.
Note a estratégia aparente de Deus: Ele primeiro introduziu o
Qualquer Íugitivo que ali chegasse, encontraria um reÍúgio já
preparado! Um jardim e um bosque de coqueiros forneciam alimento. conceito do "lugar de refúgio" na cultura hebraica. A seguir guiou
Davi e outros escritores bÍblicos a usarem o simbolismo do "lugar de
uma Íonte borbulhava água fresca. Uma Íaixa de praia convidava o
recém-chegado a nadar e a pescar!
reÍúgio" como uma revelaçáo tanto para os hebreus como para os
povos como nós. Náo é possÍvel que Ele também tivesse feito as tri-
O templo de Pu'uhonua-o-honaunau era somente uma ,,cidade
de reÍúgio" em uma rede com cerca de vinte lugares semelhantes, os
bos yali e havaianas a obedecerem "naturalmente" esta outra exi-
gência da "lei gravada em seus coraçÕes"? Caso positivo, com cer-
quais se espalhavam através de diversas ilhas havaianas!
Os yali, os havaianos. O que isto tem a ver com os judeus e teza deve ser propósito dEle que nós, por nossa vez, façamos uso
do simbolismo recebido como revelaçáo para eles.
suas tradiÇões?
Depois que os hebreus, os ancestrais do moderno povo judeu,
alcançaram a Terra Prometida, Josué, que os cheÍiava, cumpril uma Os Chineses e Seu Sistema de Escrita
instruÇão recebida anteriormente de Deus, através de Moisés. Ele
separou seis cidades judaicas - três de cada lado do rio Jordáo Os primeiros missionários enviados à China enfrentaram um
para servirem como "cidades de refúgio". - obstáculo Íormidável. Eles tiveram de aprender a escrita chinesa.
o propósito dessas cidades? Dar abrigo aos indivÍduos que es- Acostumados a escrever com os alfabetos europeus de aproximada-
tivessem sob ameaça de morte violenta (veja Js 20 e 21). os histo- mente 26 lelras, eles se assustaram! Eles descobriram que a escrita
riadores judeus contam que as estradas que revavam às cidades de chinesa usava um sistema baseado em 214 sÍmbolos chamados "ra-
reÍúgio eram gerarmente as mais retas da parestina. As pontes nes- dicais".
sas estradas eram mantidas em boas condições. As seis cidades Ío- Espantaram-se de novo quando souberam que esses 214 radi-
cais - sufícientemente enigmáticos por si mesmos - combinavam-se
104 - O Fator Melquisedeque
Povos com Costumes Estranhos _ l0S
para Íormar de 30.000 a 50.000 ideogramas.
de c'H' Kang e E.R. Nerson sobre o assunto, citado em nossa
O santo mals paciente teria diÍiculdade em controlar-se num ca- bibrio-
grafia' Nem todos os pesquisadores concordam sobre
so assim! Como um Deus soberano poderia permitir que um povo de- a interpretação
exata de cada sÍmboro. Não obstante, os próprios chineses (ã
senvolvesse um sistema de escrita táo ',radical',? Será que Deus náo japoneses, pois o Japão usa praticamente muitos
se importava com o Íato de que a escrita chinesa colocava uma bar- o mesmo sistema de es-
crita) Íicaram intrigados. com as interpretaçóes sugeridas peros
reira praticamente intransponÍvel à comunicação do evangelho a um mis-
quarto da humanidade? sionários. Mesmo quando as teorias não são conc'Íusivas,'a
simpres
discussão sobre eras pode ser suficiente para comunicar
Certo dia, porém, um dos missionários deixou de se queixar. a verdade
Ele estava estudando um determinado ideograma chinês, que signiÍi- espiritual aos incrédulos.
Descobri em minha pesquisa que muitos pastores chineses
ca "justo", notando que possuÍa uma parte superior e outra inferior. A japoneses consideravam o emprego desses e
superior era simplesmente o sÍmbolo chinês para cordeiro . Logo em vários sÍmboros como
um meio válido de Íazer contato com a mente do povo.
baixo do cordeiro havia um segundo sÍmbolo, o pronome da primeira
pessoa, "Eu". De repente percebeu uma mensagem surpreendente- Um missionário que voltara da china contou a história
de um
soldado chinês que se aproximou dele cheio de hostilidade.
mente bem codificada, oculta no ideograma: Eu, que estou sob o cor-
sionário desenhou arguns dos sÍmboros já mencionados em um
o mis-
deiro, sou justo! broco
de papel e apontou seus significados "ocurtos". os orhos do
Ali estava exatamente o centro do evangerho que ere atravessa- sordado
se arregalaram. "Me falaram", exclamou ele, .,que o cristianismo
ra o oceano para ensinar! os chineses Íicaram surpresos quando ele era
uma religião estrangeira do diabol Você me mostrou que
lhes chamou a atenção para a mensagem oculta. Jamais a tinham o sistema de
escrita de meu próprio paÍs o prega!',
notado, mas uma vez alertados, perceberam-na claramente. euando
ele perguntou, "Soó qual cordeiro devemos estar para sermos jus-
tos?" eles não souberam responder. com grande alegria, contou- Os índios Norte-Americanos
lhes, então, a respeito do "Cordeiro que Íoi morto, desde a Íundação
Desde o Arasca até o panamá e desde a Baixa cariÍórnia
do mundo" (Ap 13.8), o mesmo ,,Cordeiro de Deus, que tira o pecado até o
Labrador, ele surge de um modo ou de outro:
do mundo" (Jo 1.29).
o missionário em questáo participou sua descoberta aos core- O Sagrado Número euatro!
gas e estes, por sua vez, logo comeÇaram a encontrar outras men- Quase todas as tribos Íaram sobre as quatro direções e os
quatro ventos. os navajos indicam suas quatro
sagens espirituais codificadas nos ideogramas de 4.000 anos de ida- montanhas sagradas.
de! o estudo da lÍngua chinesa de repente toÍnou-se a aventura mais Os sioux celebram sua dança da chuva com quatro grupos
de quatro
emocionante que eles já haviam experimentado. cavalos cada, sendo cada conjunto pintado da mesma'cor _ quatro
Outro exemplo: o símbolo chinês para barco mostra uma em- cores ao todo. Muitas tribos usam cruzes de quatro braços
ou
barcaçáo com oito pessoas dentro. oito pessoas? A arca de Noé le- "suásticas"r ou um desenho de quatro rados ao quar dão
o nóme oe
vou exatamente oito pessoas para um lugar seguro. "olho de Deus", simbor,ando o sagrado Número euatro. Àigín, rr-
o radical que signiÍica "homem" é uma Íigura desenhada como dios mais verhos, quando ensinam ós costumes tribais às
ciianças,
um y de cabeça para baixo. o ideograma significan do árvore é uma colocam seus materiais em conjuntos de quatro. As críanças
Índias,
cruz com o sÍmbolo do homem superposto a ela! E o símbolo para logo acham mais fácir rembrar das coisas ensinadas em grupos
de
venha exige dois outros símbolos menores para homem, colocados quatro.
de cada lado da áÍvore, com o homem maior sobreposto a era. Arguns Peça a vários "forcroristas" Índios para descreverem
a essên-
estudiosos da escrita chinesa aÍirmam que as duas Íiguras huma- cia do sagrado Quatro e um consenso de suas respostas será mais
nas menores significam coletivamenle a humanidade. caso positivo, ou menos assim: Quando o Grande EspÍrito (wakatn Tonka para
os
o ideograma que signif ica venha parece conter um código sioux, Saharen-Tyee para os chehalis, etc.) criou o mundo,
eie orOe_
que diz: "Humanidade, venha para o homem na árvore,,. nou ao Sagrado euatro que mantivesse a ordem. Assim
sendo, o Sa_
Para um estudo mais proÍundo de vários outros ideogramas chi- grado Quatro não simboriza quatro deuses ou quatro
demônios, mas
neses com sentido espiritual, recomendo aos leitores o livro recente quatro princÍpios sustentadores da ordem, que impedem que
tudo en-
tre em colapso.
----t-
quilar a religião era um objetivo tanto viável como desejável? Jamais pleno século XX. Durante os intervalos, o Dr. Dye perguntou
aos an- ti
me satisÍiz com as suposições de que se tratava simplesmente da tropólogos comunistas como eles reconciriavam seu ensino
com
preferência pessoal dos envolvidos. A citaçáo seguinte, traduzida por Íato de teorias como a de Tyror terem sido refutadas nas primeiraso I
meu amigo Hank Paulson de uma edição alemã de The Coltected décadas deste sécuro. para grande surpresa sua, eres pareceram
works of Lenin (coletânea das obras de Lenine), mostra que o autor desconhecer que tivesse ocorrido tal rejeiçáo!
Em princÍpios de 19g3, numa conÍerência de estudantes
apresentou pelo menos uma base cientÍfica racional para tal propó- rea_
lizada em San Diego, um calouro de uma das principais
sito; "O programa de nosso partido foi inteiramente baseado numa universida-
des da carifórnia do sur, contou-me que estava estudando
visão mundial cientíÍica e, portanto, materialista...Nosso progra- gia com um professor da china comunista em visita
antroporo-
ma.'.contém o desvendar da explicaçáo histórica e cientÍÍica da ori- ao paÍs. ,,Ere
vem nos ensinando toda a teoria de Tylor", queixou_se
gem do mistério religioso...Assim sendo, nosso programa contém ne- o rapaz. .,Não
mencionou sequer uma vez que a mesma já Íoi rejeitada,
cessariamente a propaganda do ateÍsmo".le ãà acorao
com as pesquisas etnorógicas mais recentes. A crasse inteira
Não é difÍcil perceber a influência da teoria de Tylor por trás está
intensamente interessada. Eu mesmo não teria sabido que
dessa declaração. conforme wilhelm schmidt enfatizou repetida- era tudo
mentira se não tivesse lido antes o livro O Fator Metquisedeque.
mente, a teoria de Tylor teve um tremendo impacto sobre a mente
A queixa do aluno faz surgir uma questáo ética. É justo que
dos eruditos europeus e americanos, na última parte do século XlX. uma
escola exija que os alunos paguem altas taxas para ouvir um
Lenine, seja em separado ou através de Marx ou outros, deve ter ou- comu_
nista ensinar uma teoria superada e transformada em dogma
vido ou lido que a ciência havia finalmente posto um fim à idéia de comu-
que a religião representava os verdadeiros mistérios espirituais. An- nista? os alunos que pagam pelo seu estudo devem ter a-certeza
de
q.ue a escola empregará proÍessores que
tes disso, os opositores da religiáo apoiavam-se principalmente nos ensinem antropologia lálÀ
da. A universidade está traindo essa confiança.
argumentos filosóÍicos. Mas náo era muito mais devastador poder
Mais tarde, a escola irá cobrar novas taxas para que outros
afirmar que a origem da religião e seu desenvolvimento subseqüente
proÍessores ajudem os arunos a desaprenderem o que
foram agora explicados cientificamente - e tudo sem recorrer a enti- rhes Íoi trans-
mitido pelo proÍessor comunista.
dades espirituais propriamente ditas?
Não se pode culpar o mestre comunista por ensinar
a única coi-
Uma outra evidência de que a teoria de Tylor continua inÍluen- sa que aprendeu no sistema educacional de seu partido. A falha
está
ciando as atitudes comunistas sobre a religiáo manifesta-se no Íato na escola, por não examinar o proÍessor, a Íim de verificar sua
capa_
de que o conceito de Tylor sobre a evolução da religião é ainda ensi- cidade de lecionar antropologia moderna.
nado como o principal fundamento do ateísmo nas faculdades e uni- 3. Um cristáo que visitou recentemente a lugoslávia, conversou
versidades de todo o mundo comunista! Além disso, os governos co- com vários comunistas sobre a Íé em Deus. caàa um deres reagiu,
munistas enviam constantemente rios de literatura assim como equi- deÍendendo o ateÍsmo com base em argumentos reconhecidos
como
pes de preletores ou professores, na base de intercâmbio para o ter- contidos na teoria de Tyror. Arguns chegaram até a entregar ao visi-
ceiro mundo e até para os paÍses ocidentais, a Íim de ensinar a teoria tante folhetos expricando náo ser científico crer em argo que, embora
de Tylor como um fato comprovado! Vamos considerar arguns exem- aÍirmasse representar a rearidade espirituar, não passáva de um
sim-
plos: ples produto da evorução. Uma vez que o cristáo na época
não sabÍa
l. Meu amigo, o Dr. Wayne Dye, da Associação WyclifÍe para nada a respeito da base da teoria evolucionista do século XlX,
ele
Tradução da Bíblia Íoi convidado há alguns anos atrás paia Íalar em não conseguiu abalar ponto algum da posiçáo comunista.
um simpósio cientÍÍico na cidade de papua, na Nova Guiné. Vários o Íato da teoria de Tyror ter sido superada não impediu que os
antropólogos, procedentes de paÍses comunistas também foram con- comunistas Íizessem uso dera como justiÍicativa para sua crescente
supressão da religiosidade. Marx diÍicilmente pode ser culpado disso,
120 - O Fator Melquisedeque
Eruditos Com Teorias Estranhas - 121
- O Fator Abraão -
b
Então, a revelação geral poderia ser talvez chamada rias favoritas no Antigo Testamento; de suas histó- I
de revera_
çá,o ambiente e a revelação especial, neste paralelismo, tornar_se_ia seguintes inÍormações:
;;;;, inctuir como exempto as I
a revelação coerente, pois ela é sistematizada no sentido 1. O próprio Abraão deu testemunho aos cananeus,
..benção,'! de produ- filisteus,
zir, náo apenas iluminação, mas heteus e apesar de negativamente, aos
egípcios.
2. José foi um filho de Abraão qrã .orp"nsou
Ao traçar a emergência da revelaçáo especial através testemunho claro por parte de seu ancestral a Íalta de um
da alian_ à
bençoou os egípcíos de maneira verOaOeiiamente
nação egfp;À! :llr,
ça abrâmica, a "benção,, prometida vem a ser a redenção mediante o admirável. ^-
Messias. E o alvo dessa benção é ,,todas as ÍamÍlias
da terra,,. Não
3. Os espias que entraram em Jericó antes
tornaram-se uma benção para Raabe, umà prostirura "r, J".trriçao,
da
cananéra e sua
rl
130 - O Fator Melquisedeque
A Conexão de euatro Mit Anos - l3l
ÍamÍlia.
4. Noemi, Íilha de Abraão, Íoi uma 1. "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pera
bênção para duas mulheres Íé
moabitas, Rute e OrÍa. os gentios, preanunciou o evangerho a Abraáo: Em ti serão
abençoa-
5. Moisés tornou-se uma bênção para Jetro, dos todos os povos" (Gl 3.8).
(Ex 18.i-12). seu sogro midnnita Paulo considerou o evangelho do Novo Testamento
como se
6. O rei Davi Íez com que até mesmo este já mantivesse unra rigação de 2.000 anos com a aríança
os seus inimigos, os fills_ abrâmi-
Íeus, reconhecessem a grandeza ca. Mas, isso náo é tudo.
de Deus.
7. O proÍeta Elias foi uma bênçáo para 2. "Ele (Cristo) nos rosgatou...para que a bênção de Abraão
Sidom (Lc a.26).
a viúva de Sarepta, em (i.e., a bênçáo da "rinha de cima") chegasse aos gentios (cumprindo
8. O profeta Eliseu, também Íoi uma bênção a promessa da "rinha de baixo"), em Jesus cristõ,'(Gr 3:14). pauro
rio (veja Lc 4.27). para Naamá, um sí_ continuou:
9. Jonas, embora com rolutância, tornou_se
população gentia de NÍnive. uma bênçáo para
a
. 3. "Ora, as promessas Íoram feitas a Abraão e ao seu descen_
dente. Náo diz: E aos descendentes, como se Íalando
de muitos, po-
10. O rei Salomão Íoi,uma bênçáo para rém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo,,(Cf
cedente de Sabá (Lc 1i.31). I - I a,.Rainha do Sul,,, pro- Então, num sentido especial
ã.f Ol.
e singular, Jesus Ciisto era O
11. Daniel e seus. três companheíros, DESCENDENTE de Abraão, declara paulo, de
Sadraque, Mesaque novo identiÍicando
Abede-Nego, Íoram uma bênção p"i" e Cristo como o descendenle de Abraão.
ã, frO itônios. 4. VersÍcuro'r9: "(A rei) Íoi adicionada...até que viesse o des-
12. Ester e seu tio Moràecaitoram
um bênção para todo o impé- cendente a quem se Íez a promessa,'.
rio persa (veja Et 8.17).
13. Ezequiel, Jeremias, Esdras, Neemias 5. Existe, no entanto, um sentido mais geral em que todos os
varam a Palavra do Senhor a várias e outros proÍetas le_ que se identiÍicam com Jesus cristo pera Íé
nações gentias. nere sáo também-o ..des-
Fica claro Oue o_ EspÍ1ito Santo cendente" de Abraão: "E, se sois de cristo, também
empregou um príncÍpio de sele- sois descen-
ção ao decidir quais narrativas biográficás deviam I dentes de Abraáo, e herdeiros segundo a promessa,, (Gl
3.29).
do cânon do Anrigo Tesramento. D;;i;;;"=enas ou náo Íazer parte os cristáos gerarmente têm deixado de apreciai o Íato áe pauro
tras narrativas dignas de mérito qrá, de mirhares de ou- e os outros apóstoros considerarem a ariança abrâmica
incfuÍdas, Ele Íavoreceu aquelas "que
sem dúvida, poderiam ter sído de tudo que cristo veio cumprir. portanto, essa ariança"oro 0"."
itustram as linhas de cima e de servia de
baixo da atianÇa abrâmica op"rri,iio fundamento para seus próprios ministérios e escritos.
nã viaa dos fithos e fithas de Através da
Abraão. aliança abrâmica (especialmente a sua ,,linha de
baixo,,), àtás viam
E náo apenas isso, mas existem também as suas vidas ajustando-se à perspectiva histórica
mais de S00 passa- de Deus, tongo
gens afirmativas no verho Testamento pruzo- Fizeram também uso da rinha de baixo " meio
que amptiam a promessa divi- como o principãt
na selada com juramento' no sentido de explicar aos seus companheiros judeus porque
de abençoar toáas as-naçoes rhes era necessá-
da terra' (veja por exempro o sarmo rio alcançar os povos gentiosl
oz à tsaÍas 4g.6) Numa próxima
seqüência a este rivro, Íaço uma rista Note, por exemplo, a clara reÍerência de pedro .,linha
leitores que desejarem sentir o pleno
oel0oas as passagens para os xo" -. em Atos 3.25, Íeita como resurtado do mandamento
à de bai-
impacto deste tema uniÍicador, cristo ao-s apóstolos para que Íossem ,.suas testemunhas,, direto de
verdadeira espinha dorsal Oa BÍOiia. de Jeru-
se passarmos agora para o Novo Testamento, salém até "aos conÍins da terra". Vós soii os Íirhos
encontraremos
oôi úãretãs e aa
D.eus ainda apegado ao seu aliança que Deus estabeleceu com vossos pais,
antigo compromisso dizendo a Abraão:
cima e de baixo, ou se aÍastanOo - com as linhas de Na tua descendência seráo abençoadas todas
O-etasi as'nações àateria.,,
O apóstolo paulo não Oeixa quatquer Pedro explicou, a seguir, o propósito da ,,linha
dúvída de que o Novo Tes- de baixo,,, afir-
tamento na verdade é.uma continuação mando: "Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo
do propósito originar de Deus (i.e., qurÀOo et"
revelado na aliança chamou Jesus para o seu ministério como Messias,
por exemp-fo, cinco ver At 3.22), en-
1!:ámi:1. vezes num viou-o prímeiramente.a. vós outros para vos
cap.íturo de uma epÍstora - cáratas - pãrI efiatazaa rigação único prir a linha de cima)" (At g.26). pedro
abençoar (i.e., para cum-
rupta entre a aliança abrâmica inínter- simpresmente reÍeriu-se às ri-
o do Novo Testamento: nhas de cima e de baixo na ordem inversa.
" "ràngllho As suas palavras, ..pri-
132 - O Fator Melquisedeque
A Conexão de euatro Mit Anos - 133
meiramente a vós outros para vos abençoar,, implicam em que
Deus
também tinha um segundo propósito imediato de abençoar tivados a transmitir as bênçãos recebidas, náo apenas a seu próprio
os gentios povo,,mas para todas as nações da terra.
segundo a promessa que acabamos de citar.
A percepçáo de paulo no sentido de a ,,linha de baixo,, prefigu- E diÍÍcil esperar que a igreja manifeste um zero paurino por to-
rar a entrada do evangerho do Novo Testamento no mundo gentio, dos os povos ainda não-abençoados, se nós mesmos fracassarmos
não Íoi apenas uma intuição casuar, pois pauro a chama em inÍundir na igreja as perspectivas históricas que incentivaram o
de .,mistério próprio Paulo a esse elevado nÍvel de zelo. para usar um exemplo
que me Íoi dado a conhecer segundo uma revelação,, (Ef
3.3). Ele correspondente, os ÍÍsicos que trabalham com as propríedades da
também diz "discernimento...o quar em outras gerações não
foi dado energia fÍsica nos contam que nenhuma partÍcula atômica pode ser
a conhecer aos firhos dos homens, como agora Íoi reverado
aos seus acelerada até alcançar altas taxas de energia a não ser que: (1) seja
santos apóstolos e profetas, no EspÍrito" (fJ g.+_s).
A seguir ere deÍine essa percepção proÍunda: ',(o mistério uma partÍcula carregada desde o inÍcio; (2) seja envolvida por um
é) campo magnético poderoso; e (3) essa partÍcula seja movida pelo
que os gentios (i.e., "todas as nações" da ,,linha
de baixo,' são co- campo magnético ao longo de um túnel muito comprido, o "acelera-
herdeiros, membros do mesmo corpo e co_participantes da promessa
(a aliança abrâmica) em Cristo Jesus por meio dor".
do evangelho,, (Ef 3.6,
grifo acrescentado). pauro diz essenciarmente a meJm, Por analogia, primeiro precisamos nos tornar "partícuras carre-
.oi"" gadas" mediante nossa conversáo individual a Jesus cristo. A se-
Romanos 16.25-26 e em Colossenses 1.ZS-27. Também,
em Boma_ ", guir, é necessário que sejamos envolvidos por um campo magnético
nos 15.8'9 ele escreve: "Digo, pois, que cristo foi constituÍdo
minis- circunjacente - o poder do EspÍrito santo permeando o corpo de
tro da circuncisão, em pror da verdade de Deus, para conÍirmar as
promessas íeitas aos nossos pais; e para que cristo. Depois, esse campo magnético deve nos mover ao rongo de
os gentios gtorifiquem
a Deus por causa da sua misericórdia;, (grifo acrescentado-). um túnel bem comprido - o propósito de 4.000 anos de Deus na his-
o apóstoro exprêssa em seguida seu desejo de "maniÍestar tória - o qual é deÍinido por uma única coisa - a aliança abrâmica.
qual seja a (sua) dispensaçáo do mistério, desde Porém, a importância dessa aliança jamais pode ser enfatizada em
os sécuros ocurto excesso. sentir-se ligado a esse objetivo de 4.000 anos de Deus é
em Deus" (EÍ 3.9). Este mistério - e a dispensaçáo feita por pauro
do mesmo - está de acordo com ,,o eterno propósito que (Deus) tornar-se um indivíduo profundamente "carregado". Não se pode
es- imaginar um estÍmulo mais forte do que esse, no sentido de motivá-lo
tabeleceu em Cristo Jesus nosso Senhor" (Ef 3.1t; vela também
Rm a buscar o cumprimento do plano de Deus para o mundo.
15; 16.25-26).
As palavras de paulo fazem-nos lembrar da declaraçáo Sugerir que Deus náo está mais interessado em cumprir suas
na duas antigas promessas a Abraão seria supor também que a mente
EpÍstola aos Hebreus, reÍerente à "natureza imutáver
do seu propó-
sito", como indicado pero juramento feito por Deus quanto à ariança divina mudou - Ele de alguma forma esqueceu gue eslava ligado por
abrâmica. juramento, obrigado a cumprir essas duas promessas anteriormente ii
Por que, então, dezenas de mirhares de professores e comenta- Íeitas.
ristas bíblicost em toda a cristandade, deixaram de reÍretir a centrari- Lembre-se da respos.ta da Epístola aos Hebreus: ,,É impossÍvel
dade da aliança abrâmica com suas linhas de cima e de baixo, que D,eus minta" (ou esqueça 6.'l B).
ao E isto então que quero dizer com a ,,conexão de 4.000 anos',.
ensinarem e Íazerem parestras? os seguidores de cristo em
todo o Ver-se como um instrumento no propósito de 4.000 anos de Deus,
mundo, através dos sécuros, poderiam ter tido cem vezes mais ll
vigor a fim de conceder bênçáos a todos os povos, é rivrar-se imediata-
missionário se proÍessores de seminários, pastores e professores
da mente de todos os sentimentos de insignificância, indecisáo e Íalta
ilu
il
escola dominical tivessem compreendido e comunicado este tema
central como a BÍblia o Íaz. de objetivo. Essa imensa perspectiva histórica, mediante o campo il
A ariança abrâmica, em todas as múrtipras maniÍestações das magnético espiritual nela infundido, começa na mesma hora a acele- II
linhas de cima e de baixo, é a espinha dorsal da BÍblia _ , ,ig"-r".- rar-nos em direçáo ao maior destino que qualquer ser Íinito pode de-
tra da revelação especiar! o ensino que não reconhece isso lrá, ine- sejar.
certiÍique-se primeiro de que você é uma partlcura carregada
vitavelmente, sofrer por falta de Íirmeza. Faltar-lhe-á, literalmente,
a um crente sincero em Jesus cristo. caso contrário, o campo magné-
-
coluna vertebral! lsso fará com que os cristáos se sintam menos mo-
tico e o acelerador não terão qualquer efeito sobre você. Eles sim-
134 - O Fator Melquisedeque -
A Conexão de Quatro Mil Anos - 135
plesmente o deixarão onde está.
Milhões de cristãos ouviram mirhares de pregadores transmiti- Vejamos agora uma pergunta muito discutÍvel. Os apóstolos re-
rem inúmeros sermões baseados nos cânticos subiimes do Apocarip- velam pleno conhecimento da centralidade da aliança abrâmica em
se, os quais Íoram cantados por entes celestiais, a fim de ceiebrar a seus escritos - mas, e Jesus Cristo? Os quatro evangelhos revelam
grande reuniáo dos remidos no céu. você encontrará que Ele expressou ter notado que a aliança era básica para o seu
isso registrado ministério? E se depois de tudo o gue eu disse sobre o assunto, des-
no livro do Apocaripse de João, o úrtimo rivro da BÍbria. Mas bãm pou-
cos desses pregadores ou de seus ouvintes parecem ter compreen_ cobrirmos que o próprio Senhor estava completamente alheio à idéia
dido o que João queria realmente nos dizer ao citar por exemplo, de qualquer obrigaçáo relativa à "linha de baixo", náo maniÍestando
, os portanto uma perspectiva de "todos os povos", o objetivo principal
24 anciãos entoando um desses cânticos: "Digno és'(o cordeiro
de deste livro estará arruinado.
Deus)...porque Íoste morto e com o teu sangue compraste para
Deus
os que procedem de toda tribo, lfngua, povo e nação, e paia o nosso
Deus os constituÍste reino e sacerdotes; e reinarão sobre
a terra,,
(Ap 5.9-10, griÍo acrescentado).
o que Joáo estava rearmente nos comunicando quando descre-
veu sua visão esprendorosa de "grande murtidão que ninguém podia
enumerar, de todas as naçóes, tribos, povos e lÍnguas, em pé
diante
do trono e diante do Cordeiro,' (Ap 7.9)?
Do mesmo modo, quando um anjo lhe disse: ,,É necessário que
ainda proÍetizes a respeito de muitos povos, nações, IÍnguas
e reis,,
(Ap 10.11), qual o signiÍicado que você percebe?
O que vem à sua mente quando, em Apocalipse 1.1 .g, ele decla-
ra que "muitos dentre os povos, as tribos, as lÍnguas e ás nações,,
irão contemplar o miragre das duas testemunhas? E quando aÍirma
que a besta (o anticristo) recebeu autoridade temporária para
exercer
domÍnio sobre cada tribo, povo, lÍngua e naçáo (veja Ap 1g.7)?
O que se destaca em sua descrição de outro anjo que proclama
o "evangelho eterno...a cada nação, e tribo, e lÍngúa e povo,, (Ap
14.6)?
Certamente, João não está descrevendo apenas a consumação
da história, mas o cumprimento finar do propósiio especniiõ-ie Deus
na história, ou seja, abençoar todos os povos da terra através
do
Descendente de Abraão - Jesus crístor Joáo poderia
ter descrito
com a mesma faciridade as cenas mencionadas mediante um único
substantivo grego para designar a humanidade. Em vez disso,
ere
explora todo o vocaburário da ríngua grega, reunindo todos os subs-
tantivos disponÍveis, a Íim de indicar os tipos de subdivisões étnicas
da humanidade que foram os alvos originais da ,.bênção,' abrâmica,
ordenados por Deus.
Em outras paravras, João está nos dizendo, mediante tais pro-
Íecias, que Deus irá manter seu antigo propósito até o Íim _ quando
ficará livre da obrigaçáo que impôs sobre si mesmo com aquere jura-
mento Íeito no passado. pois essa é a "imutabiridade do seu propó-
sito"!
Um Messias Para Todos Os povos - 137
cado pelo Dr. Winter, é quase como se nosso como indi- o centurião notou que Jesus andava emsobre os escaróes inÍoriores.
perÍeita submissão a Deus;
Senhor, depois de ter portanto, ele devia ter perfeita autoridade sobre tuoo
dívulgado tudo que farava mais de perto ú estava
ao seu
os dedos e dissesse:,,Ahl por Íalar nisso, meuscoração, estarasse abaixo dele no maior esquadrão de todos _
o cosmos! por conse_
amigos, há mais guinte, Jesus deveria possuir capacidade
uma coisa. euero que vocês proclamem
esta mensagem a cada pes- inÍarÍver pri" orián",
soa no mundo, sem considerar sua ringuagem nervos e músculos do corpo do rapaz doente que "o"
e curtura. rsto, natu- voltassem ao nor_
mall
ratmente, caso vocês tenham tempo e düp;"siçà;oái"
Jesus deu a Grande Comissáo aos discÍpuios
,".,";." "Em verdade vos aÍirmo,', exclamou Jesus, ,.que
inesperadamen_ em lsrael achei Íé como esta',! Da mesma nem mesmo
te? Será que atirou a mesma sobre eles no Íorma que em muitos ou_
último ,or.nio, ,em avi_ tros discursos, ere aproveitou a ocasiáo para
so prévio, e depois subiu aos céus antes que ensinar aos discÍpuros
tivessem oportunidade que os gentios têm um potencíal
de conversar sobre a possibirídade de corocarem-na tão grande para a te quanú os
em áratiãaz e re deus! E são igualmente objetos válidos para 1u-
náo demonstrou quais os meios para cumpri_la? a graça de Deus!
Decidido a tirar o máximo proveito da questão,
Quantas vezes os cristãos lêem os quatro evangelhos Jesus continuou
ceber a abundante evidência Íornecida por Deus para sem per_ dizendo: "Digo'vos que muitos virão do oriente
e ao o"iol,:te (Lu-
justamente oposta! considere, po. uma concrusáo cas' um escritor gentio, acrescenta em seu registro
como Jesus paralero: ,do
"r"Àpto,com gentios ese utirizou
compassivamente dos seguintes encontros
Norte e do Sul'), e tomaráo lugares à mesa
com Abraão, lsaque e Ja_
nos' a Íim de ajudar seus discÍpulos a pensarem samarita- có no reino de Deus. Ro passo que os Íilhos
do reino seráo lançados
em termos trans_ para Íora, nas trevas; ali haverá
culturais. choro e ranger de dentes,, (Mt g.7-
12; Lc 7.9; 13.28-Zg).
Certa ocasião (Mt g.5_1g), um centurião romano,
aproximou-se de Jesus com um pedido a Íavor
um gentio, o que você acha. que Abraão, rsaque e Jacó irão cerebrar
de seu slrvo párarrti- esse exército de convivas genÍios? O cumprimento com
99. Or judeus, nesse caso, insistiram com Jesus para atendê-lo: "linha de baixo,' de Javé ú sentido Oe aOençoar da promessa Oa
"Este homem merece ser atendido, porque gosta todos os povos,
de nosso povo e naturalmente!
construiu nossa sinagoga',, explicaram eles.
De Íato, os muros e as colunas de uma sinagoga Os indÍcios da Grande Comissão que se
poderiam ser mais claros! Espere,
seguiria, dificilmente
provavelmente por esse mesmo centurião construÍda ainda há muito mãisl
ainda estáó ie pg ááis mit
anos mais tarde, junto à costa norte do Mar
da Galiléial trt"" ,ot" . Tempos depois, uma mulher cananéia oa regiaã de Tiro e Si-
dom, pediu ajuda a Jesus a Íavor de sua firha
insinuaçáo do raciocÍnío dos judeus. Eres possessa de demônios.
estavam dizendo com" Jesus a princÍpio aparentou indiÍerença.
eÍeito que se o centurião não o" tir"ss" ajudado,
Jesus também não
os discÍpulos, sem dúvida
alegres por ver seu Messias rejeitar uma gentia
deveria auxiriá-ro ou a seu servo pararÍtico! como inoportuna, concor-
eram Íacciosos! daram imediatamente.com o que julgavam
Não é_de admirar que Jesus suspirasse
ocasionatmente, dizendo: ,,ó ser seus verdadeiros sen-
geração incrédula e.perversa! Até quando timentos. "Despede-a", insistiram e-e .fois
estarei convosco? Alé nós"(veja Mt 1 S.21-2S).
, vem cramando atrás de
quando vos sofrerei?" (Mt 17.17)
Mal sabiam eles Jesus queria lhes dar uma lição. ,.Não Íui
Jesus respondeu ao centurião: .,Eu írei curá_1o,,. _que
enviado senão às ovelhas
Nesse mo- perdidas da casa dê lsrael,,, disse Ele
à
__, _ t,
142 - O Fator Melquisedeque
Um Messias Para Todos Os povos _ l43
mulher. Depoís de ter maniÍestado uma insensibiridade
aparente em Com essas palavras, Jesus identificou_se como
relação a era, agora Jesus também demonstra uma Salvador dos
aparente incon- samaritanos !
sistência. Ere já havia_curado muitos gentios. com que
base rejeitava
agora essa súplica? podemos imaginar os discÍpulos
expressando ^ Tempos
samaria
depois, Jesus curou dez leprosos junto à fronteira entre
e a Gariréia. Nove deres apressaram-se a ir embora,
severa concordância ao movimentarem a cabeça. Eres aregres
continuavam com a sua cura. Só o décimo voltou até Jesus, .,dando glóriá
sem suspeitar. A murher cananéia não se deixou a Deus
ajoelhada aos pés de Jesus, suplicando: ,,Senhor,
convencer e acabou em alta voz". o homem recém-curado "prostrou-se
com o rosto em
terra aos pés de Jesus, agradecendo_lhe".
"Náo é bom tomar o páo dos filhos,,_ metáÍora"o"orrà-r"t,,
pár"-", iençao,
divinas sobre os judeus, de conÍormidade com .,linha Lucas acrescenta, enfaticamente: "E esto era samaritano,,!
a de cima,,. A Jesus procurou ter a certeza de que seus discÍpulos
seguir, ele acrescentou uma sentenÇa esmagadora .,e náo ignora_
cachorrinhos"! "cachorros" era um insurto leservado - rançá-ro aos ríam a natureza transcurturar da ocasiáo. Ere perguntou: ,,Náo
eram
aos gentios, especiarmente aqueres que tentavam
p"tol 1ro"r, dez os que foram curados? Onde estão os nove? Náo
houve, por-
invadir a privaci-
dade e privitógios retigiosos detes. rm outras p;t";;;;, j"lr" ventura, quem vortasse para dar grória a Deus, senão
este estrangei-
pleta agora sua "insensibiridade" e "inconsistência" ro?" (veja Lc 17.11-19).
anteriores "orn-
com A inclinaçáo de Jesus em usar os não_judeus como
outra coisa ainda pior: "cruerdade". Note exemplos
também que as paiavras de de retidáo para os judeus - os quais dentre todos os povos
Jesus estão em direta contradição com da terra
a "rinha de baixoii ãa atiança deveriam ser os mais justos - é ainda mais dramaticamente
abrâmica. irustrada
em sua história do Bom Samaritano, com a qual respondeu
Seria realmente o Salvador do mundo Íalando? a um in_
Sem dúvida, os térprete da lei judaica (um perito), cheio de auto-retioao
discÍpulos acharam sua reÍerência perÍeitamente ,,euem e petutanter
adequaoà-j ocasi- A pergunta dele Íoi: é o meu próximo?,,
áo' Mas justamente quando o peito deres estava
inÍrado de orgurho "Certo homem descia de Jerusalém para Jericó,,,
raciar, a murher cananéia deve ter percebido começou Je-
um brirho ãspeciat nos sus, "e veio a cair em máos de sarteadores, os quais,
olhos de Jesus e compreendeu a veidade! depois de tudo
"Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem lhe roubarem e rhe causarem muitos Íerimentos,
retiraram-se deixan-
das migalhas que do-o semi-morto. casuarmente descia um sacerdote por
caem da mesa dos seus donos" (Mt 15.21_271veja aquere mes-
tambéri Mc 7.26_ mo caminho e, vendo-o passou de largo...Certo
30). samaritrno..,,; 1ir"-
gine a expressão no rosto do "perito"lomeçando
"Ó mulher, grande é a tua Íé!', disse alegremente a se tornar amar-
Jesus. .,Faça- ga) "...certo samaritano,', continuou Jesus, ,;que
se contigo como queres (o teu pedido será àtenoioo)! seguia o ,e,
va sendo caprichoso. Era isso que pretendia Íazei Ere náo ".r"- nho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se "rri-
dele. E, chegando-
Pouco antes desse acontecimento, Jesus
o tempo todo. se, pensou-rhes os Íerimentos, apricando-rhes óreo
havia ensinado aos discÍ- e vinno; L, .oro-
pulos sobre a diÍerença entre impureza real cando-o sobre o seu próprio animal, levou_o para
e figurada. Através des- uma hospedaria e
tratou dele" (Lc 10.30-3a).
se Íato, Ele gravou a idéia na mente deles.
Ao contar histórias desse tipo, Jesus dificirmente poderia
. "E desde aquele momento sua Íilha Íicou sã,,, registra Mateus
(v.28).
acusado de favorecer seus conterrâneos judeus!
De fato, murtidões,
ser
através dos sécuros, consideraram sua recusa
Mais tarde, Jesus e seu grupo aproximaram_se constante e absoruta
de uma certa ci- em.servir'se de expedientes porÍticos como uma
dade samaritana e os cidadãos da mesma se recusaram das evidências mais
Tiago e Joáo, dois dos discÍpuros de Jesus a recebê-ro. c.ertas.de sua perÍeiçáor Maomé, como veremos
aperidados .,firhos do tro- num vorume poste-
rior, Íalhou trágica e completamenle neste teste.
vão", por causa de seu gênio violento, Íicaram irados. ,.Senhor,,,
ex- Eis outra circunstância em que Jesus enÍrentou
clamaram indignados (batendo os pés?), .,queres qr" ,rnO"ro, diretamente a
onda de preconceito em sua época. ,,E era-lhe necessário
descer fogo do céu para os consumir?" .popular
atravessar a provÍncia de samaria", remos no
Jesus, porém, voltou-se e repreendeu TÍago evangerho de João.
e Joáo. Alguns ma- "chegou, pois, a uma cidade samaritana, chamada
nuscritos antigos acrescentam que Ele disse: ..vós sicar...Estava ari
que espÍrito sois. pois o Filho do homem náo ,án"i" o" a Íonte de Jacó...Assentara_se Jesus junto à Íonte...Nisto
não veio para destruir as mulher samaritana tirar água. Oissó_tne Jesus: Dá-meveio uma
almas ós homens, mas para salvá_las', (Lc 9.S.1_5S, incluindo
uma nota). ber"'Então lhe disse a murher samaritana: como, de be-
sendo tu judeu, pe
144 - O Fator Melquisedeque Um Messias Para Todos As Povos - 145
des de beber a mim que sou mulher samaritana?" habitantes de Nínive "se levantaráo no juÍzo com esta geração, e a
A partir desse comoÇo, aparentemente pouco promissor, Jesus condenarão!" Em que base? "Porque se arrependeram com a prega-
prosseguiu, destruindo a resistência da mulher samaritana a tudo
ção de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas."
quanto era judeu. Ele até chegou a Íazer a declaração: ,,psyqsg g Na mesma linha de pensamento, Jesus anunciou a seus con-
salvação vem dos judeus", sem rejeiçáo por parte dela! A mulher temporâneos que a "rainha do Sul" gentia se "levantará no juÍzo com
samaritana acreditou nele. completamente convicta, ela deixou o seu esta geração, e a condenará"! Em que base? "Porque veio dos con-
jarro junto ao poço, foi à cidade, reuniu o povo, e levou-o em massa Íins da terra para ouvir a sabedoria do Salomáo. E eis aqui está quem
para conhecer Jesus. é maior do que Salomão" (M|12.41-42).
Enquanto isso, os seus discípulos, que tinham ido comprar ali_ Lucas Íoi o cronista que registrou como os judeus dos dias de
mentos em sicar, ao voltarem Íicaram admirados ao ver Jesus con- Jesus se ressentiam deste tipo especÍÍico de comparaçáo.
versando com uma mulher, ainda mais por ser ela samaritana. En- O povo de Nazaré, cidade de Jesus, ouvira notÍcias surpreen-
quanto Íaziam compras em sicar, eles tinham tido o cuidado de dentes descrevendo os milagres que Ele operara em outros lugares.
"manter a devida distância" até dos homens! pois, como João expli- Sem dúvida, cada nazareno estava ansioso quando Jesus finalmente
ca em seu registro, "Os judeus não se dão com os samaritanos". voltou a Nazaré pela primeira vez, depois de demonstrar seu talento
Eles hesitaram, no entanto, em criticar Jesus. Apenas tranziram de operar maravilhas, não suspeitado antes. Se Ele distribuira tantos
a testa e disseram: "Mestre, come',. milagres a estranhos, imaginem quantas maravilhas poderia conceder
"Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis", res_ aos seus conterrâneos!
pondeu Jesus. Enquanto reÍletiam sobre o signiÍicado dessas pala- O povo dizia que seu poder era tamanho que Ele podia até dis-
vras, a mulher samaritana voltou acompanhada de vários moradores perdiçar um pouco dele com os gentios e samaritanos! Mas teria,
de sicar. Talvez fazendo um aceno de cabeça em direção aos sama- com certeza, de agir de modo muito especial entre seus conhecidos
ritanos, Jesus continuou: "A minha comida consiste em fazer a von- judeus para compensá-los por isso! Lucas nos conta o ocorrido:
tade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" (veja Jo 4.4_34). "Entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e le-
Qual a vontade e obra de Javé? Cumprir sua promessa a Abra- vantou-se para ler. Entáo lhe deram o livro do proÍeta lsaÍas e, abrin-
áo - incluindo aquela "rinha de baixo", a respeito de todos os povos do o livro, achou o lugar onde estava escrito: O EspÍrito do Senhor
da terra serem abençoados através dos descendentes de Abraão! Ao está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres".
ver aquela multidão de samaritanos aproximando-se, Ele sabia que a Podemos imaginar Jesus enÍatizando a palavra "pobres" e de-
promessa a Abraão estava mais próxima de ser cumprida. um outro pois olhando a seu redor para observar os ouvintes, que se conside-
povo iria participar! ravam tão merecedores de um privilégio especial. Ele continuou len-
Enquanto andavam, balançando como espigas de milho madu_ do: "Enviou-me para proclamar libertaÇáo aos cativos..." Será que
ras ao vento, os samaritanos Íizeram Jesus lembrar-se de um campo pronunciou a palavra "cativos" de maneira a injetar-lhe inesperada-
de cereais. "Erguei os vo6sos olhos e vede os campos, pois já bran- mente um signiÍicado muito mais proÍundo do que simples "prisionei-
quejam para a ceiÍa" (v.05). Samaritanos? Trigo para a ceiÍa de ros"? ",..e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
Deus? Mas, que lrigol Mato, lalvez, mas náo trigol porém, aos olhos oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4..l6-19, griÍo
de Jesus, o Messias de todos os povos, os samaritanos podiam ser acrescentado; ver também ls 61 .1 -2).
trigo! Enquanto o peso da proÍunda declaração de lsaÍas estava ainda
Certo dia, Jesus proclamou, como se provocando, que três ci- se assentando sobre os nazarenos, Jesus "tendo Íechado o livro, de-
dades gentias - Tiro, Sidom e até a mal aÍamada Sodoma no dia do
-
juÍzo iriam ter um destino melhor que três cidades judias, corazim,
volveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os
olhos fitos nele", acrescenta Lucas, fazendo suspense. "Entáo pas-
Betsaida e cafarnaum! Por que? porque as cidades gentias mencio- sou Jesus a dizer-lhes: Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de
nadas, se tivessem testemunhado os milagres dele na Galiléia, te- ouvir" (vv.20-21). Murmúrios de aprovação se levantaram em toda a
riam "há muito se arrependido, assentadas em pano de saco e cinza" sinagoga. "Todos lhe davam testemunho", escreveu Lucas, "e se
(Lc 10.13). maravilhavam das palavras de graça que lhe saíam dos lábios (v.22).
Ele também advertiu os judeus daquela época, dizendo que os Naturalmente, isso aconteceu porque eles ainda náo tinham
-E:
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lS0 _O Fator Metquisedeque
impos- ünil;
ffi"I:'ff I,i:T:r::;";;;;;;;;i:;:'fi ,""À:""',ff i#l';*T Ele comecou
t".z,,t"o,i"ü;:';;":.:.":;:1il;:";,#:,,[";§ilrff_,X,.,Hi"nIi;,1.
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i ;".' õ:" n"# ilT i: i",1 r,:i o " " Á ", ã i rãr.ãi, . n, com essas para.vras, i;;;,
; para todos os povos,
", ". reconheceu o direito.de
judeus, provavetmente reis ,"r,-iá" ,r"ràdulos governarem sobre os
ii:[iJJ"iffi ":i:iai1"",'uf #tI:'::';LTI"'§;,I'iil até perÍodo posterior, que
re o nistério .;
chamou de,,rempos dos genrios;; ";;;;;btrd.o,um
;:X::: i,
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; I J;."",i,"r." T,l i 0.", :::::,::
mi tli'á'i.àql.
O missiólooo Ralph " ,,,,o ls i'.'JJT,:":;.,,"-p rJ. á,,i,p m i-,?_,o,,, es c re ve u Luca s.,,A d -
ao aÍirmar:,,Jes-us naó Winter certa ve * ;il ;Jü':f'"?'jil:iil
veio iãrr;;;;r. ;tffi::rã:ff.#Jlrl:: -1;,
por .toda parte (como I ::.ítÍ1,
exigido p"rãr'ri,r," oe cima,,
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.: ; ;,.
",'f 3 a à ã ot i,, ca)' Jesus continuou intórmanào da ariança atrami- ",.
;,lii "11*u;;.X,llír
í,,:ii:!,", o qr"iàntes " " *,,,
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dos 12 discÍpulos, "porque
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uuua§ ueve ",
; Ier ;'1;
;,' §ff
sl0o o
os outros
,:li#X#:i1l#,'"1,:T;"*iff':"i"LÊ:l;oià,ã'"il'i..",,n,-
isuatmenre o eÍeitor rooo"
môs rarroram n..!.^ _1^_2 11, como vere-
o, r,or;;;'_;ã: :,rffii:l:lt"Xi::;Xg:::
humilhação de Jesus,.mas
I-,",1:1"]1'1i,:ii1"^11iltemoop"ià".à,r;;;',*;";,I""Jlillr#J";
ênÍase do ministério de Jesus.
por causa aeia _seriam atraÍdos Tanto o confrito de Judas com
como o Salvador ungido
perÍicialmente
oã o"r". ÊJã.o""trr"ção poderiapara Ele adoraçáo de Maria, como a conÍirmação
Jesus sobre o varor do ato de
ser
interpretaoa como-sign-iitanoo
tornar-se-ão cristãos. Desde que todos no mundo
su-
dos os povos" ao defender Maria, p*;;;; da sua ',perspectiva de to-
qr" rãt"ãos que isto é bastante
provávet, a declaração possirietíJn'i""'inoi.", ras como catarizadores que precipitaram ser descritos nas Escritu-
im-
Jesus! Aparentemente, para Judas a decisáo de Judas em trair
em tugar oissà, que esta eia
-quea oÍensa Íinal que rompia
H[il"rff f::: ";,,,p"i *rtii-'"-ão"ut,3roo, para Jesus ao enten- de quarquer ;;ú;;ã; ainoa sentisse ãm rera-
roi para os pecaoos deres. ;.:':TJr".:tÍsio
","i,,"i;"[ü'';l::Í,,j.§ iliáff'"
dos os povos se riàm De repente' Judas começou
alistar suas queixas. Ele investira
;ã.;;:",Jj:l:fl;Jff
g";ã91;
fl ",' :, ff*
representados nessa i?".l
b^ençáo. os'oiscipiios de ,:ff J:; '" : : .' : : ^':o-"^ : : l-" : ? nl o. J à', ã ; TiãJá ; T il lTl
Jesus tiveram assím 11§,
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um novo prenúncio oa-Grande
c"ri""áã íue togo virial il : l',:',,1 1,""'"?, : :r :r- Yg: :
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A preocupação incessante
de Jesusio, futura evangelização :fl :,,:*:' "?
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seu "l,ill^ : !"ll:":
s :esrorços N esse l
: senrido,
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to r í" íàãi.,'
r.
i
muitas aldeias
rirro oe Atos remos que todos dos samaritanos", mas somente a caminho de casa
- Jerusalém! (Veja At 8.2S). - adivinhe onde
162 - O Fator Melquisedeque
A Mensagem Oculta de "Atos,, - 163
Enquanto ,":1, g mesmo leigo
corajoso chamado Filipe, avan-
Çava como um soldado em batalhá, a através de Lida, Jope e cesaréia, parecem ter igualmente Íacilitado
uma nova missão transcurturar!
serviço do EspÍrito Santo, em
"um anjo do senhor;;i;;";íripe, as coisas para Pedro. Pois em Atos 9.S2 a 1.1 .1g, vemos este após-
zendo: Dispõe'te e vai para di- tolo seguindo outra vez nas pegadas de Filipe. Sem dúvida, a obra
a oanoa à sut, no caminho que
Jerusarém a Gaza; este se desce de realizada por Pedro Íoi importante; no entanto, mesmo assim, só pre-
acha deserto. Ere se revantou
que um et[ope, eunuco, e Íoi. Eis gou Cristo onde Ele já fora pregado antes - com uma única exceção!
arto oficiar de candace,-Àirí"
qual era superintendente i""
de tooo à a", t""orro, que viera
etÍopes, o Enquanto se achava em Cosaréia, Filipe parece que náo teve
Jerusalém.. .,, (vv.26_27). adorar em oportunidade de encontrar um centurião romano chamado cornélio,
Este é outro exemplo bÍblico que buscava a Deus. Então, a missáo de ganhar Cornélio para a fé
de um gentio que adorava o Deus
verdadeiro' o regístro nào diz qr" em Cristo coube a Pedro. Que grande trauma a conversão de um ro-
.ã ti.t"r" de
como Íaz antes no caso ds l'üicorau, um .*"riioo ,o ir_ mano representou para Pedro, mesmo estando ele cheio do EspÍrito!
prosoriú J"-Ântioquia,,
i,iítJf,. Uma visão com o propósito de livrar Pedro de seus preconceitos an-
Filipe, viajando pelo .,caminho ti'gentÍlicos teve de ser repetida três vezes, mas ele Íinalmente com-
quado de uma rodovia deserto,, _ o exemplo mais ade_
naqueles ,ãrú, _ notou que preendeu o seu sentido (veja 'l 0.9-29), Seu encontro subseqüenle
sentado no seu carro, vinlra o etÍope ,,as- com Cornélio é um estudo proÍundo do preconceito humano esvaindo-
lendo o iàt"t" rr"rrr;. i.ãr"-r,"in"io"r-
talmente, contém a menção a cuxe se gradualmente através da maravilha do evangelho de Jesus Cristo.
mente onde o eunuco etÍope - ã vate superior do Nilo _ exata- Pedro resumiu seus preparativos para o encontro com um ro-
trabalhava para a rainha candace: ..lde,
mensageiros velozes, a uma mano que desejava conhecer Deus com as seguintes palavras: ,,Re-
nação de homens altos e de pele
da" (o povo dínka dessa ,ugiâã"".-ti"entre bruni_ conheço por verdade que Deus náo laz acepção de pessoas; pelo
os warusi de erevada est"tuia na os mais attos do mundo e
AÍricà cenrrar contrário, em qualquer naçáo, aquele que o teme e laz o que é justo
de Cuxe), a um povo terrÍvet pro_ lhe é aceitável" (10.34-35).
ao perro e "à;il;;r-;;mo
i
l!1.1,::
çao poderosa e esmagadora, cuja terra os rios
ao tonge; a uma na-
Todavia, quando ele começou a pregar a Cornélio, um gentio, e
Filipe, tanto quanto sabemôs, dividem,,(ls .t g.2,7).
ÍoÍ o primeiro ,,mensageiro veloz,, sua casa, Pedro descreveu o evangelho como "a palavra que Deus
a cumprir essa orientação Íortem"nt" enviou aos Íilhos de lsrael, anunciando-lhes o evangelho da paz, por
próprio livro que o etÍope tr"n""urturar encontrada no meio de Jesus Cristo" (v. 36). Ele nem sequer prosseguiu mencio-
est";"'1";;;:- ii
A atenção deste, porém, se tixara nando o que Jesus especiÍicara tão claramente - que ela também era
versÍcuro 7 de rsaÍas sB: "como numa passagem diferente, no
uma mensagem de boas notÍcias para todos os povos. Depois disso,
como ovelha, muda perante
.ãrã"irã toi tevaooãã'rliãoãrro,
os seus tosquiadores, ele não abriu ", entretanto, talvez por ver a decepção estampada na face dos ouvin-
sua boca" (At 8.92). a tes gentios, Pedro reconheceu que Jesus Cristo tem alguma ligaçáo
O etíope perguntou a Filipe: ..peÇo_te com os gentios. Ele é, admitiu Pedro, "Senhor de todos" (v.96).
se reÍere o profeta. Fala de si mesmo que me expliques a quem
Ainda mais tarde, Pedro verbalizou o último mandamento de Je-
ã-u Oe atgm outro?,, Filipe pas-
sou então a Íalar_the das boas sus aos ouvintes gentios; mas que versão tão resumida da Grande
noru, JJ .1""r, (At 8.g4_3S). Ci etfope
aceitou a patavra e pedíu p"r" Comissáo Íoi a dele! "(Ele) nos mandou pregar ao povo" (v.42). Náo
guindo depois "o seu caminho "riÀ"túàg9 Lrcr"te mesmo dia, se- é diÍÍcil adivinhar a que "povo" Pedro queria reÍerir-se instintivamen-
ca que ele também oode ter "neio Jel.:oiro,, (v.39). A históría indi- te.
tiAo exito Lm preparar o caminho para
;:,,xr,::. :,ff
:,J r1,:.
m iI h a re s ;; l;;õ" J,i,ia" l";;;J,,;;JJ,",,
o
o
Desse modo, apesar dos tropeços de pedro, o EspÍrito Santo
fê-lo dizer Íinalmente: "Dele todos os profetas dáo testemunho de
Bom trabalho, Filipel Ao que, por meio de seu nome, todo (nâo qualificado) o que nele crê re-
despedir-se do eunuco, ele
para o norte pela .,estrada^do se dirigiu cebe a remissão de pecados" (v.43, griÍo acrescentado).
0""".tá;;,
, fregando ao longo da costa
marítima, desde Azoto até
Cesaréia. ' Nesse justo momento, o EspÍrito Santo desceu sobre os ouvin-
Porém, pelo que se sabe, tes ansiosos de Pedro, da mesma Íorma como descera sobre os ju-
ponto. Mas do mesmo nem mesmo Filipe passou dessê
modo que aOrir" ,nies as portas deus crentes no dia de Pentecoste e os rejeitados de Samaria, que
João em Samaria, suas para pedro e Íoram despertados pela primeira vez através do ministério do diácono
viagens rumo ãá norte, ao longo
da costa, Filipe.
ry 164 - O Fator Melquisedeque
A Mensagem Oculta de "Atos" - l65
Mas, ah! como a lição do ímperativo
transcurturar e universar de
Jesus Íoi difÍcit O" até por parte dos apóstotos especiat- Lucas (e do Espírito santo) por causa da visão ainda mais estreita da
mente escorhidos por"pj:ll"r,
Ere! Era ainda continua oifícir para igreja de Jerusalém. Portanto, a frase "ouvidos da igreja" poderia ter
nós, hoje. sido perÍeitamente interpretada "ouvidos dos apóstolos" - exceto
Quando pedro vortou a Jerusarém, seus
companheiros cristáos pela amável diplomacia de Lucas.
de d.esggldência judaÍca o criticarà- ("t" já
esperava por isso), di- Também, nenhum dos apóstolos se aventurou a ir até Antioquia,
zendo: "Entraste em casa de homens
incircuncisos, e comeste com
eles" (At 1í.3). a Íim de veriÍicar as grandes coisas que ocorriam entre os gentios
Depois de pedro expricar como Deus praticamente convertidos naquela cidade. Mas enviaram um homem chamado Bar-
entrar naquera casa romana, os crÍticos o obrigara a nabé.
mudaram de atitude e disse-
ram: "Logo também aos gentios foi por Por que um delegado para Antioquia?
Deus conceaiãà'i-irrepenai-
mento para vida" (v. 1g, griÍo acrescentado). Será que Pedro, Joáo e o resto deles estariam sofrendo de uma
nparentementã, este toi
um pensamento completamente novo enfermidade humana muito comum, chamada "Íebre do quartel-gene-
a passar pela mente deles.
Ficamos imaginando qual seria, atã ral" ?
aquele momento, a idéia que
iaziam do propósito do úrtimo ,rroárento Eles sempre serão apóstolos de Cristo. Seus nomes estão es-
de Jesus! ou'como supu-
nham que pudesse ser obedecido até ,,aos critos eternamente sobre as 12 pedras Íundamentais da Nova Jeru-
que um judeu viesse a comer confins da terra,,, sem salém (veja Ap 21.14). No entanto, assim como os quatro evangelhos
com um gentio!
Outros cristãos judeus, expulso-s de Jerusalém expõem deliberadamente suas várias Íalhas humanas - discussóes
perseguição, viajaram para o norte, por causa da sobre hierarquia, impetuosidade, tentativa de afastar Jesus da cruz,
chegando até a FenÍcia, chipre e
Antioquia' Eres também procramaram etc., o livro de Atos revela outro erro igualmente gÍave - sua relutân-
o àvangetno, mas o registro diz
que tiveram o cuidado de transmiti-ro cia em aceilar com seriedade a última ordem de cristo, pelo menos
"senão somente-"oãlrders,, duranle os primeiros anos depois do pentecoste.
(Ar 1 1.1e).
Por que eles permaneceram em Jerusalém ano após ano, em
. Alguns deles, porém, enviados de Chipre e Cirene, decidiram
tentar transmitir a mesma mensagem aos gentios. lugar de avançar pelo poder concedido a eles por Deus, em incur-
Finarmente! Você sões transculturais ousadas a povos mais distantes?
exclama, uma luz ilumínou u" arà menlest
Mas, espere um minuto. A melhor justiÍicativa para a sua demora, talvez tenha sido a
Eles não resolveram. divulgar o
em sua própria região de necessidade de se manlerem juntos - enquanto as palavras e obras
chipre e cirene, onde erair .rnn""io-ol.
"u"rg;iÀoFízeram
onde possivermente ninguém os conhecia ir.o ã, nniioquia, de Jesus ainda estavam frescas em suas mentes - a Íim de compilar
muito bem. por que? será os dados que serviram de base para Maleus, MaÍcos, Lucas (o gen-
que pretendiam preservar no
- caso de serem criticados como ocor-
reu com Pedro - a opção de Íugir de vorta para lio) e João escreverem posteriormente os quatro evangelhos. lsto
confusão atrás deles? casa, ãáixànoo a pode ter mantido todos os apóstolos ocupados entre cinco a dez
anos, e alguns deles até mais tempo. A evidência indica, porém, que
Mais uma vez, o EspÍrito do Senhor se vinte ou mais anos se passaram antes que eles começassem a sair
fez presente. euando se de Jerusalém.
lê o livro de Atos, tem-se a impressão de que
Ere se achava cons- Teriam pensado, também, que sua presença contínua na cidade
tantemente à espera onde quer que encontrasse cristãos e
.disso,
sempre que estes estivessem dispostos eÍa necessária para garantir que a cidade santa fosse sempre o
a apresentar o evangerho centro da nova Íé, assim como era do judaísmo? caso positivo, ha-
aos gentios. Lemos então: .,A mão do Senhor
muitos,
estava 1t"", viam esquecido completamente o que Jesus dissera, certa vez, à
crendo, se converteram ao Senhor,, (v.21). "o, " mulher samaritana junto ao velho poço de sicar: "Mulher, podes crer-
Quase se pode sentir uma nota de ieve
sarcasmo na sentença me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém
seguinte: "A notÍcia a rospeito deres chegou
que estava em Jerusalém,, (v.ZZ). aos ouvidos da igreja adorareis o Pai" (Jo a.21).
o .escritor inspirado poderia muito bem ter escrito: Ou seria porque eles teriam se casado (veja 1 Co 9.S) e suas
,,NotÍcias
sobre eres chegaram esposas não podiam acompanhá-los em viagens longas?
à ígreja oe ..lerusà-tem". A metáfora ,.aos ouvi-
dos da igreja" pode ser uma branda insinuação Quem sabe a verha discussão sobre quar o maior entre eres
da impaciência de Íosse a razâo de se conservarem reunidos em Jerusarém? Deixar
U --.-.-
I
,-l
l68 _ O Fator Melquisedeque
Apesar da experiência até um conÍlito. com pedro, Ele e Barnabé declararam mais tarde, corajosamente: ,,Eis
oeste ut,*;;; em Antioquia. al
cornério, o centurião roma- que nos volvemos para os gentios, porque
l!;",I*,lj,li:ffi, , senhor;;i;;d*;,ente rnostrou o senhor assim no_lo de_
a pedro que terminou: Eu te constituÍ para luz dos gentios, a tim
Oe que."1u" p"-
c o m p r e ta m e n,
T i' uli[,
jj ra salvação até aos confins da terra,, (Al 1g.46_47,
grifo
I i il :,""; :",;:::"
",,,ogcornério.'t';;","";;:"Jreve
digerir a comida
o l', i :::"J:fÍl do). ""r""""nt"-
to, antes de chesarem atguns o probrema: ,.com eÍei_ A divisão tinha sido feita. o cristianismo e o judaÍsmo
o, pári" eram ago-
ãã Tiago (o ra rerigiões separadas! pedro, Tiago e João haviam
quando, 'po,e,.,,,-"r,"saram_ Írmão do éãnnort;, Íeito o máximo
;il'i"f: âJfJ,:::' aÍasrou-se er por para mantê-ras unidas, mas a pressão do
úrtimo mandamenl0 de Je-
Capítulo 1
conqulstadores? Capítulo 2
15. O que Íez o missionário Eugene Rosenau exclamar que o 5. Qual a nossa base bíblica para aceitarmos a existência de
povo mbaka estava mais perto da verdade do que seus próprios an- pagáos extraordinariamente esclarecidos como Epimênides, Pacha-
cestrais ao norte da Europa? cuti, Kolean, Pu Chan, Worassa, etc., como evidência de uma espé-
cie de mensageiros iluminados de Deus, a fim de dar testemunho e
16. O que significam tradições redentoras? por que náo cha- preparar o caminho para o evangelho?
má-las remidoras?
18. Que grande erro, no modo de pênsar dos primeiros teólogos 1. Qual o aspecto Íascinante das culturas gentias que atraiu
chlneses, abrlu a porta e permitiu que o conÍucionismo, o taoÍsmo e o Paulo e como ele explicou o Íato?
budismo suplantassem a adoraçáo original de Shang Ti/Hananim?
2. Como a observaçáo de Paulo nos ajuda a compreender me-
19. Como o cristianismo tsntou corrlglr esse antigo erro? lhor a cultura dos dyak em Bornóu, as culturas asmat e yali de lrian
Jaya (Nova Guiné), e a cultura havalana da antigüidade?
20. Pot que os misslonárlos protostantes na Goréia fizeram um
progresso lnlclal maior que o dos católicos e o que estes Íinalmente 3. De que forma os canibais-caçadores de cabeça asmat, de
resolveram Íazer para alcançar os primeiros? lrian Jaya, levam vantagem sobre o judeu Nicodemos?
CapÍtulo S
. ?. Cite passagens em Atos que mostrem os l2 apóstolos dis-
Íarçadamente relutantes (se não declaradamentê) em o'bedecerem
à
última linha da Grande Comissáo.
1. Explique como as,,tinhas de cima e de baixo,,da 3. Qual foi provavetmente o motivo mar disfarçado de Lucas ao
abrâmica se completam. aliança escrever Atos?
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