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O Enfermeiro frente à crise hipertensiva no atendimento de urgência e emergência
The Nurse Facing the Crisis in Hypertensive Urgency and Emergency Care
Demézio Daniele Cristina dos Santos2, Milhomes Fabiane Ferreira2, Brasileiro Marislei
Espíndula3. O Enfermeiro frente à crise hipertensiva no atendimento de urgência e emergência.
Revista Eletrônica de Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-
line] 2013 ago-dez 4(4) 1-15. Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>.
Resumo
Summary
Objective: To analyze and understand the assistance of urgent and emergency nurses to
hypertensive crisis. Materials and Methods: bibliographical study, exploratory and descriptive,
integrative analysis of available literature on conventional and virtual libraries Results: It was
identified that nurses' actions must be immediate, with a correct treatment in the first 24
hours, no lowering blood pressure abruptly and obtaining the patient's history, performing a
physical examination, counseling, teaching and guiding the patient, as well as, coordinating his
team to unexpected situations. Considering the publications on the subject, and using the
information obtained, it is concluded that there is not always enough nurses for this service
due heed other cases. Missing qualified and skilled nurses, who work directly with the team,
with patients in hypertensive crisis is necessary to be a specialist in emergency to learn to read
the specificities.
Resumen
1 Introdução
O interesse em pesquisar esse tema surgiu pela grande frequência dos atendimentos
médico e de enfermagem a pacientes com crise hipertensiva, no intuito de analisar e
compreender a real prevalência do problema, e como os enfermeiros estão lidando com esta
situação clínica.
Sabe-se ainda, que a hipertensão é seis vezes mais frequente em indivíduos de meia
idade e idosos do que em jovens, contudo, algumas crianças ou jovens podem apresentar a
doença desde pequenos, como causa de outras doenças concomitantes³.
A hipertensão é uma doença silenciosa que atinge cerca de 30% dos brasileiros em
idade adulta, 50% na terceira idade, está presente em 5% das crianças e adolescentes no
Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde ela é responsável também por 40% dos infartos,
80% dos acidentes vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal6.
Nos dias atuais a hipertensão arterial atinge em média cerca de 15 a 20% da população
brasileira, sendo ela considerada um grande fator de risco cardiovascular. Mesmo com uma
variada opção medicamentosa, vem sendo um dos maiores casos de atendimento na urgência
e emergência³.
Estudos relatam que, embora o sistema de saúde não provê condições adequadas para
o tratamento das doenças crônicas, a procura pelo Pronto-socorro torna-se um "atendimento
regular" semelhante ao atendimento ambulatorial7. Percebemos que há a necessidade de
existir uma assistência de enfermagem no plano assistencial sobre a crise hipertensiva, onde
também é uma forma de registrar o trabalho do enfermeiro contribuindo para uma melhor
avaliação do paciente e segurança profissional³. Onde destacam que o enfermeiro, juntamente
com sua equipe, é o profissional que está em primeiro lugar junto ao paciente, em qualquer
nível de atendimento de saúde7.
De acordo com o Art. 24, Capítulo IV, quanto aos Deveres do Enfermeiro, estabelecidos
pelo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, COFEN 240/2000, o Enfermeiro deve
prestar à clientela uma assistência de Enfermagem livre dos riscos decorrentes de imperícia,
negligência e imprudência. O Decreto nº 94.406/87 regulamenta a Lei nº 7.498/86 sobre o
Exercício de Enfermagem e dispõe, dentre outras incumbências, a prestação de cuidados
diretos a pacientes com potencial risco de vida, além dos critérios de organização e direção dos
serviços de Enfermagem e a execução das atividades técnicas e auxiliares nas empresas
prestadoras desses serviços planejando, executando, coordenando e avaliando o préstimo
assistencial. Ao enfermeiro, remete-se a competência de fornecer uma resposta adequada
relativa às necessidades em cuidados de enfermagem valorizando a vida e a qualidade nela
empregada; atribuir à vida de qualquer pessoa com igual valor, a partir dos preceitos de
integralidade e universalidade regidos pelas Diretrizes do SUS na lei 8.080/90, pelo que
protege e defende a vida humana em todas as circunstâncias, respeitando as doutrinas de
equidade social8.
2 Objetivo
3 Materiais e Método
Este é um estudo do tipo bibliográfico que abrange toda bibliografia já tornada pública
em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com
tudo que já foi escrito e dito13.
A análise integrativa é aquela que permite que o leitor reconheça os profissionais que
mais investigam determinado assunto, separar o achado científico de opiniões e ideias, além
de descrever o conhecimento no seu estado atual, promovendo impacto sobre a prática clínica.
Este método de pesquisa proporciona aos profissionais de saúde dados relevantes de um
determinado assunto, em diferentes lugares e momentos, mantendo-os atualizados e
facilitando as mudanças na prática clínica como consequência da pesquisa14.
Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde,
especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde - Bireme. Foram utilizados os descritores:
enfermagem, emergência, urgência, hipertensão. O passo seguinte foi uma leitura exploratória
das publicações apresentadas no Sistema Latino-Americano e do Caribe de informação em
Ciências da Saúde - LILACS, National Library of Medicine – MEDLINE e Bancos de Dados em
Enfermagem – BDENF, Scientific Electronic Library online – Scielo, banco de teses USP. Os
critérios de inclusão foram: serem publicados nos últimos dez anos e responderem aos
objetivos do estudo. Foram excluídos os anteriores, ou que não respondiam aos objetivos.
Realizada a leitura exploratória que é a seleção do material bibliográfico que tem por
objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa. É possível ter uma
visão global da obra, bem como de sua utilidade para a pesquisa. Inicia a leitura analítica que
é a de ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem
a obtenção de respostas ao problema da pesquisa, devendo adotar atitude de objetividade,
imparcialidade e respeito16.
4 Resultados e Discussão
Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a
LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: enfermagem, hipertensão,
emergência encontrou-se 20 artigos publicados entre 2002 e 2011. Foram excluídos 5, onde os
mesmos não mostravam o senso comum entre a hipertensão arterial, sendo, portanto,
incluídos neste estudo 15 publicações. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível
identificar a visão de diversos autores a respeito da atuação de enfermagem frente à crise
hipertensiva.
Dos quinze artigos analisados, quatro estão em consenso quanto ao fato de que a crise
hipertensiva tem que ser controlada em até 24 horas, conforme é possível verificar nas falas
dos autores abaixo:
Uma das razões para a crise hipertensiva ter que ser controlada em até 24 horas, é que
“nas urgências, o aumento de pressão arterial está associado a sintomas agudos e não
apresenta risco imediato de vida e nem dano agudo a órgãos-alvo, portanto, nessa situação o
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controle da pressão arterial deve ser feito mais lentamente, em até 24h” .
Diante do quadro clinico do paciente, o controle da crise hipertensiva “se aceita que o
tratamento das emergências deva ser ministrado com drogas por via parenteral, com o
objetivo de se reduzir a PA ao longo de horas, e o das urgências, com drogas por via oral, com
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o propósito de controle da PA ao longo de 24h” .
alvo. Portanto, um tempo de espera superior a sessenta minutos pode ser extremamente
maléfico para a pessoa com crise hipertensiva, podendo causar inclusive a morte” 9.
Dos artigos analisados, três estão em consenso quanto ao fato de que a crise
hipertensiva tem que ser realizado a monitorização da pressão arterial nos primeiros trinta
minutos antes do tratamento, conforme é possível verificar nas falas dos autores abaixo:
Para detectar e confirmar a crise hipertensiva, “o enfermeiro tem que estar preparado
para um atendimento imediato para poder fazer a redução rápida e gradual dos níveis
pressóricos, sendo o tempo medido em minutos até a algumas horas” 3.
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De acordo com artigos estudados, “a meta inicial é reduzir a pressão arterial para níveis
≤ 160x110 mmHg em horas/dias, com a redução na PAM não ultrapassando 25% dentro das
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primeiras 24 horas” .
Os estudos citados concordam que deve se ter uma intervenção imediata com o
tratamento correto nas primeiras 24 horas, não reduzindo abruptamente a pressão arterial, e
sim de maneira lenta e progressiva, aferindo a PA em ambos os braços de uma forma
padronizada, monitorizando o paciente nos primeiros 30 minutos.
5 Considerações Finais
qualificados, que é certamente um dos desafios para que se alcance maior qualidade no
serviço de saúde.
O estudo leva a concluir que o enfermeiro atua diretamente com a equipe e com os
pacientes em crise hipertensiva, necessitando para isso ser especialista em emergência para
saber lidar com as especificidades.
Espera-se que este estudo, possa contribuir de alguma maneira para os profissionais de
enfermagem. Os quais possam criar estratégias para atender os pacientes com crise
hipertensiva no setor de urgência e emergências, esclarecê-las devidamente sobre sua doença
e aderir ao tratamento, no intuito de diminuir o índice de alterações clínicas consequentes da
hipertensão arterial. Observamos a importância do trabalho do enfermeiro no plano
assistencial e a transmissão de conhecimento para que os pacientes realizem o auto-cuidado.
6 Referências
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