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Cirurgia Bariátrica
Manual Básico de Orientação
TIPOS DE
CIRURGIA BARIÁTRICA
Atualmente as cirurgias conseguem
tratar os casos de obesidade mórbida com
excelentes resultados, levando a uma perda de
peso e promovendo uma melhoria na qualidade
de vida e na saúde geral dos pacientes, com
controle ou até remissão de doenças crônicas
como diabetes tipo 2, pressão alta, apneia do sono,
dislipidemia e problemas ortopédicos, além de
diminuir a mortalidade precoce ocasionada pelo
excesso de peso.
Atualmente no nosso país o tipo cirúrgico mais utilizado é o Bypass Gátrico ou Bypass em Y Roux,
uma técnica mista. É uma cirurgia antiga, consagrada e muito estudada, com comprovação científica da
efetividade da perda de peso e controle das comorbidades (apresenta efeitos metabólicos independente
da perda de peso). Apresenta baixo índice de insucesso.
Nos últimos anos uma outra técnica vem crescendo no nosso país, a gastrectomia vertical ou sleeve
gástrico, é um procedimento restritivo no qual ocorre uma remoção de 70% a 80% do estômago, deixando
um tubo fino que restringe a ingestão alimentar. Como não exclui a primeira porção do intestino, seus
índices de deficiências de vitaminas e minerais são menores. Sua perda de peso é aceitável, porém
menor que a apresentada no Bypass Gástrico e não existem ainda grandes evidências da durabilidade
da perda de peso e controle de doenças associadas, como o diabetes mellitus, em longo prazo.
A melhor técnica para o seu caso deve ser discutida com o seu cirurgião e sua equipe levando em
consideração a sua idade, suas doenças associadas, suas preferências, seu padrão alimentar.
Indicações para a
cirurgia bariátrica
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica, pacientes portadores:
O paciente deve ter sido submetido a tratamentos clínicos prévios, com insucesso por pelo menos dois anos.
A cirurgia está indicada para adolescentes maiores de 16 anos, para os menores de 16 anos não exis-
te indicação. Para pacientes maiores de 65 anos deve-se sempre avaliar o risco benefício, risco cirúrgico,
presença de doenças graves associadas, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento.
O objetivo ao longo do dia deve ser de pelo menos 60 gramas de proteína de alto valor
biológico.
Você pode apresentar certa dificuldade e/ou intolerância para ingerir os alimentos fon-
tes de proteína, principalmente as carnes, o que pode estar relacionado à sensação de en-
talo e/ou empachamento. Esta dificuldade pode ser devida à menor secreção de enzimas
gástricas e intestinais (nova anatomia pós-cirúrgica), o que leva a uma digestão mais lenta
destes alimentos, os sintomas podem ser melhorados com a mastigação exaustiva, o
melhor cozimento da carne e o corte em pequenos pedaços antes de levar à boca.
Os indivíduos que deixam de comer carne além da deficiência de proteína
também podem apresentar deficiência de ferro, vitamina B12 e zinco.
MASTIGAÇÃO E
VELOCIDADE DE DIGESTÃO
A mudança de há-
bitos é essencial,
portanto, coma
sempre na mesa,
evite sofá na fren-
te da televisão, ce-
lular e computador.
Sirva-se de pequenas porções, corte os alimentos em pequenos pedaços, use pratos e talheres de so-
bremesa, estas atitudes podem ajudar no condicionamento de ingerir pequenas porções e evitar excessos.
As refeições devem ser feitas devagar, aprenda a saborear os alimentos, mastigue muito bem (até que
os alimentos virem “papa” na sua boca) e lembre-se, o processo da digestão começa pela boca, é nela que
temos dentes. Observe também se você está mastigando com a boca fechada para evitar a entrada de ar
e ter gases após a refeição.
Quando se sentir saciado pare de comer!
Se você estiver comendo vagarosamente, mastigando bem, comendo pequenas quantidades de ali-
mentos, provavelmente você não terá problemas, mas caso sofra algum entalo, procure se manter calmo,
respire devagar e caminhe pela casa que logo o alimento irá descer. De maneira nenhuma tome líquidos,
pois você poderá vomitar.
SUPLEMENTAÇÃO
Diante das alterações anatômicas e fisiológicas causada pelos pro-
cedimentos cirúrgicos; menor ingestão de alimentos devido à redu-
ção do tamanho do estômago e no caso de cirurgias disabsortivas
(bypass gástrico ou bypass em Y de Roux), que também propor-
ciona uma diminuição da superfície intestinal que entra em contato
com o alimento levando a uma menor absorção dos nutrientes, é
muito importante que se tenha em mente que através da alimenta-
ção, por mais saudável e equilibrada que ela seja, não se pode mais
atingir as necessidades de vitaminas e minerais do organismo, por
isso o uso de suplemento no pós-operatório é OBRIGATÓRIO.
As formas mastigáveis ou em pó são recomendadas
inicialmente, pelo menos nos 30 primeiros dias, devido à
dificuldade de deglutição dos comprimidos imediatamente
após a cirurgia.
As principais deficiências de nutrientes estão relacionadas
à vitamina B12, ácido fólico, ferro, cálcio, vitamina D e zinco.
Lembrando que a suplementação de vitamina B12 deve ser
feita por via intramuscular ou sublingual, pois sua absorção após
a cirurgia fica bastante comprometida.
Procure tomar seus suplementos com uma refeição para garantir
melhor absorção dos nutrientes.
Para não correr o risco de esquecer tome sempre no mesmo
horário.
Se apresentar nos exames de rotina algum tipo de deficiência,
suplementos específicos podem ser recomendados.
Em geral também é recomendada a suplementação de proteínas
uma vez que a quantidade ingerida após a cirurgia não atinge a
recomendada, principalmente diante da rápida perda de peso. A falta
de proteínas está diretamente relacionada com a perda excessiva
de massa muscular, queda acentuada de cabelo, enfraquecimento
das unhas e comprometimento do sistema imunológico.
HIDRATAÇÃO
Síndrome de Dumping
A síndrome de dumping se caracteriza pela
passagem rápida dos alimentos do estômago para
o intestino.
Pode apresentar como sintomas dor de cabeça,
taquicardia, tremor, sudorese, fraqueza, náusea,
vômito e diarreia, alguns pacientes chegam a relatar
sensação de morte.
Estes sintomas costumam ocorrer após a
ingestão de alimentos com alto teor de
açúcares (sacarose / frutose / lactose) e
doces em geral.
Pode ocorrer precocemente, logo 15 minutos após a
ingestão ou de forma tardia, 1 a 3 horas após a ingestão
do alimento.
Até 70% dos pacientes após a cirurgia bariátrica
podem apresentar esta síndrome. Em alguns casos pode
ser considerada benéfica, promovendo maior perda de
peso por induzir o paciente a evitar alimentos ricos em
açúcares e calóricos.
Caso você apresente estes sintomas o melhor a fazer é
se deitar até melhorar, em torno de 10 a 30 minutos.
O tratamento da Síndrome de Dumping se baseia na
adequação das escolhas alimentares.
Intolerâncias alimentares
Devido às alterações fisiológicas provocadas pela cirurgia bariátrica alguns alimentos
podem provocar um certo desconforto após o procedimento cirúrgico.
Os alimentos com maiores índices de intolerância são água, carne, arroz e doces nos
pacientes que apresentam a Síndrome de Dumping.
A dificuldade de ingerir água está muito relacionada com a velocidade de ingestão, devido
ao tamanho da nova bolsa gástrica, a ingestão deve ser sempre em pequenos e vagarosos
goles.
A intolerância à carne se espera como consequência das alterações de enzimas produzidas
pelo estômago, como a pepsina, renina e o ácido clorídrico.
O arroz quando submetido à cocção sofre um processo de hidratação e gelatinização
que necessita de enzimas pancreáticas (amilase), que após o procedimento cirúrgico tem
sua ação comprometida.
Tais intolerâncias e desconfortos tendem a diminuir com o decorrer do tempo, após 1 ano,
entretanto, devido à capacidade de adaptação fisiológica e da nova realidade pode variar de
indivíduo para indivíduo.
Lembrando que a mastigação inadequada, a ingestão de quantidade de alimentos
superiores a sua nova capacidade gástrica ou rápida velocidade de ingestão podem causar
desconforto.
QUEDA DE CABELO
A queda de cabelo acontece na grande maioria dos pa-
cientes entre o 3º e o 4º mês até o 6º e o 8º mês, sendo con-
siderado normal devido à rápida e intensa perda de peso e à
baixa ingestão de nutrientes responsáveis pela saúde capi-
lar pós-operatório imediato.
Para evitar a queda de cabelo já se pode no pré-ope-
ratório fazer o uso de algum suplemento para pacientes
que tem esta queda mais acentuada e no pós-operatório é
necessário intensificar a ingestão e suplementação de pro-
teínas, zinco, vitaminas do complexo B, ferro e biotina. Além
de utilizar o suplemento de rotina diariamente.
Se as unhas também ficarem fracas e quebradiças, além
dos nutrientes acima, intensificar a ingestão de alimentos ricos
em vitamina A, cálcio, vitamina C e E.
DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS
A obesidade por si só é um fator de risco considerável para deficiência nutricional, já que a alimentação
destes pacientes é frequentemente caracterizada pela ingestão excessiva de calorias, através do consumo
de alimentos de alta densidade calórica e baixo nutrientes.
O paciente submetido à cirurgia bariátrica tem seu estado nutricional significativamente alterado. Os
pacientes desenvolvem deficiências crônicas que requerem reposição contínua. As técnicas com meca-
nismos de má absorção apresentam maior probabilidade de deficiências nutricionais, entretanto, todos os
procedimentos levam a algum grau de desnutrição.
As deficiências ocorrem basicamente por: restrição da ingestão alimentar e/ou redução das áreas de
absorção dos nutrientes. Além disso, a diminuição no tempo de trânsito gastrointestinal também pode
resultar em má absorção de vários micronutrientes relacionados não só à exclusão da primeira porção do
intestino, mas também ao contato limitado do alimento com a superfície intestinal. A presença de intole-
rância alimentar e a não utilização de polivitamínicos/minerais também contribuem nesse processo.
No bypass gástricos as principais deficiências observadas estão relacionadas com vitamina B12, cálcio,
vitamina D, ferro, zinco.
Eficácia da perda de peso
Não aposte todas as suas fichas apenas no tratamento cirúrgico,
para se obter a perda de peso esperada é preciso ter como aliados
a dieta e a atividade física, portanto, a cirurgia é apenas parte
do tratamento para perda de peso.
Então lembre-se sempre que as atitudes que você
adota depois da operação são fatores decisivos
para garantir o resultado esperado.
Nos primeiros 3 meses se dá a maior e mais
rápida perda de peso, após este período a perda
ocorre de maneira mais gradual, indo até 18º a
24º mês, em média o paciente perde de 30 a
40% do peso inicial.
Você pode passar por uma fase na qual o peso pode “estacionar”, cha-
mada efeito platô. Não se desespere, pode ser uma reação normal do
organismo à cirurgia. Seguindo as orientações da equipe multidisciplinar,
estas fases passam e você volta a perder peso. Se não passar busque
ajuda com sua equipe médica.
Recidiva de peso
Recuperar o peso perdido pode ser a complicação tardia mais comum da cirurgia bariátrica e
um dos maiores temores dos pacientes. O fato de não conseguir sustentar o resultado alcançado
gera uma enorme frustação.
Chamamos de “lua de mel” os primeiros 18 meses após a cirurgia no qual o paciente ainda está
muito motivado, seguindo as orientações da equipe multidisciplinar, fazendo atividade física, de
bem com o seu corpo, recebendo elogios e controlando o apetite. Após este período o apetite vai
voltando, o peso vai estabilizando, os problemas emocionais podem retornar junto com os velhos
hábitos alimentares.
Após 24 meses uma recuperação de 5 a 10% de peso pode ser esperada.
Consumo
refrigerante
e bebidas
Sinto fome Consumo
açucaradas?
ou vontade doces?
de comer?
Faço
atividade
física?
Consumo
bebidas
alcoólicas? Estou ansioso,
Consumo
estressado,
frituras e depressivo ou
gorduras? Tenho náuseas e com problemas?
vômitos
frequentes?
Tenho
beliscado ao
longo do dia?
Observo o
Você está ganhando tamanho das
peso novamente??? porções?
Se pergunte: Realizo as
refeições
vagarosamente,
estou mastigando
bem os alimentos?
Sei identificar
quando estou
satisfeito?
De maneira geral você deve reorganizar a
alimentação, os hábitos e a rotina alimentar, iniciar ou
intensificar a atividade física e se necessário retomar o
acompanhamento psicológico.
Em um número pequeno de pacientes pode-se, em
longo prazo, detectar uma falha cirúrgica com aumento
significativo do tamanho do estômago ou uma passagem
muito ampla entre o estômago e o intestino. Nestes
casos, além das mudanças no comportamento, pode-se
considerar uma reavaliação cirúrgica.
No topo da pirâmide estão os alimentos que devem ser evitados ou mesmo excluí-
dos da dieta dos pacientes bariátricos, por serem de alto teor calórico, rico em açúcares
e gorduras, como doces em geral, frituras, bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas.
Daniela Rizzo
CRN3 – 20328