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190 ici Sadie Derols DA POESIA DA LINGUAGEM: A INOVACAO E SEUS DESCONTENTES TEORICOS ‘Mariorie Pertort University af Chicago eum Polwashve Langinge procera Langan post Zp dos anos 700 pots do gropo Langage Cols» posta nomen ps das qosoe sens ¢ ‘ome fellas cuties na epee, Renovam srl sobre est sa espeanda dx sense ornare ‘ntemportnes onde experimenor que desefrencalizase os sigaca roteamencia, (os. Alem ds eorzate de base masa epesestratralisa (Sots pow incorporaam qoesteeclisiondae» gener € fact how limos anos, enoqucendo eu eect, Se i Tatho vem amadurecendoe continua a oferecet desis. Keyots sod Language From the Tox anwar, the pcs of he Language Grup have pty rary ted to ge oct sep withthe plop and polite hea: tues diced at etme Tey have renewed the diasion cateporary tout poetry, placing received meanings and forme der ‘merce pg, Stipe and poping periments whick drone meting. Beside a Maras and pone siraraitcaied heaton oe the pt yeasts pts hve cna cs ting to gen and ce, enh hi range Tae wor shows pw) maar ad rons sry halen, “Tradact do orginal ingles de Aliio Coeia de Franca Neo Nn Poe Dep aps do nga: ing ees ects ios 191 ~Tem ceueza,~ el perguntou—de que vost tae flan de ide? Escuo, ex de aga ssi, malo evar. Ale mest numa tha (Gosmarie Waldo L. do latim, in novare, “tornar novo, renovar,slterar”, Em nosso século, desde o “il faut etre absolument moderne!”, de Rimbaud, e do “Make it New!, de Ezra Pound, até o New American Poetry (Grove Press, 1960), de Donald Allen, € até From the Other Side ofthe Century: a New American Poetry 1960-1990 (Sun ‘& Moon, 1994), de Douglas Messeri, x novidade tem estado na ordem do dia, Tenha-se em vista a (ora velha) nova ertica, o neoformalismo, 0 neo-historicismo, le nouveau roman e la nouvelle eusine. Enguanto ev esctevia este ensaio, ecebi uma mensagem pela internet anunciando o Poetics and Linguistcally Innovative Poetry 1978-1997" do poeta-ritico britanico Robert Sheppard. Nos iltimos anos, teriormente no ensaio de “a seta da referencia” ~¢ essencial porque “a linguagers| acima de tudo o mais um sistema de signose..aescrita deve enfatizar sua natureza ‘semistica por meta dos modos da investigacao e da sondagem, em vez de indicagoes rmiméticas e instrumentals” ‘Aqui, sucintamente,acha-seo prineipio animador do movimento: a linguagem poética nao ¢ uma janela, através da qual se deve ver, um video transparente apon- tando para algo que Ihe € exterior, mas um sistema de signos com sua propria “interconectividade” semioldgica. Em outras palavra, ‘a linguagem € material e fundamental, ¢ o produto da experigncia & a tensto € 4 relagao das letras € dos conjuntos das letras, a um 34 tempo se debatendo na direcdo de signficagdes e, no ‘entanto,recusando-se ase transformarnelas".O proprio McCaffery chama aatengio| ‘para os formalistas russos, para Witlgenstein, Barthes, Lacan ¢ Derrida como as fontes para sua teoria, ede fato, poetica da linguagem, em seu primero estigio, conserva seu debito maior para com o pés-estrutualism francés, emabora Charles Bernstein, por exemplo, esteje muito mals pyoximo de Wittgenstein, com quem ‘estudara em companhia de Stanley Cavell em Harvard, do que de Derrida, em cuja andlise da significagdo ele nao acredicava, asim como Silliman e Andrews foram ateaidos a uma poética mais politiztda da escola de Frankfurt; mas o proprio MeCaffery ressoa uma nota tpica de Derrida quando declara que “a experiencia empivica de um grafema substtui o que o sigificante numa palavra sempre tentard descartar: seu significado erelerente”. Na verdade, na poesia sigoificante é sempre “supérliuo”,sobrecarregado de sentidos potenciase, portanto, mais propriamente uma cifra (SUP 4), Ha dois coroldrios, um barthesiano, outro marxista-althusseriano. “A escrita ‘concentrada na linguagem", diz-nos McCaffery, “envolve uma alteracao principal ‘nos papéistextuais: das funcées socialmente defini do escrtor e do leitor como os polos produtivo consumidor, respectivamente, de um eixo mercadoldgico” GGUP 3). E uma vex mais, “o texto se torna o espaco comum de umn trabalho, Imiciada pelo escritor e ampliado pelo segundo escritor (0 letor).. A antiga dlualidade do letorescritor ver abalxo na nica fungao compésita, eas duasacées tém condigdo dese tomar uma experiencia simultinea na atividade daquele que se cengaja" (SUP 8). "A leiture"€ assim “uma escritaalternativa ou adicional do texto” ‘Com efeito - © aqui o motivo marxista comega a ter influencia ~ “a referéncia lingaistica é um deslocamento dos relacionamentos humanos e, como tal, € fti- chista no sentido marxiano. A referencia, a exemplo da mercadoria, nao tem ne- snhum vinculo com a propriedade fsica nem com as relacbes materais da palavra ‘na forma de um grafema" (SUP 3). A comunlcacao diveta, segundo essa avaliasio, Mos Fe (pis pon a inguage es scat as 195 éa marca do fetiche da mercadoria. Assim, “remover a seta da referéneia", para. “abreviar o itineririo da curva semiotica” (SUP 9) passa a ser um ato politico em vez de tiossomente estético. Em seu “Text and Context", Bruce Andrews reforga essa idéia, pondo de parte © carster referencial como a mal orientada “busca do pote no fim do arco-iis, a mercadoria ou ideologia que trazsatisfacao” (SUP 20). Como o manifesto ut6pico de um poeta de 28 anos, “The Death ofthe Subject” Inevitavelmente exagerou suas raz0es, A invocagéo da “ininteligibilidade” © da “no comunicacio”, por exemplo, em grande parte foi exemplificada por seqiéncias de fragmentos de palavras desconexos e morfemas isolados, como nas citagoes tiradas de Andrews, Clark Coolidge e Barbara Barack, esa lima nos dando um poema em duas colunas como sun gs Dane fe Gms says to fi ine Dapper srale i ple [0 trite she Dardos sve eis ‘anes de ence las pero sngulo al acid ‘MeCallery nos convidaa ‘erara prépra letura entre 0s caminhos polissémicos que o texto oferece" (SUP 4), um convite desafader, ainda que, como em pouco {tempo se tou visvel,leitores menos severos da que o préprio McCaffery tenham suposto que ele quisesse dizer que uma letura serio bos quanto outta. Ademais, 4 rejeigao de toda linguagem “instrumental” como letiche da mercadoria em favor cde um paradigma pottico que, a confiarmos nos exemplos de MeCaffery, inclut apenas a forma mais extremada do jogo de palavras calragmentacio, decomposicio das palavras e austncia de todos os conectivos como no “mob cuspid / welch / ceyelet/golavender/ uturible”[bando cuspide/dar caloteilhe/lavandae/futurivel de Andrews (SUP 5) ~ essa rejeicdo poderia ser vista como excessivamente cexcludente de formas alteraadas de escrever poesia. A despeito, porém, do iconoclasmo a maneira de Ubu de McCaffery suas premissas fndamentais~e tl € ironia— nao foram de modo aenum tao extrers ou novas {quanto os proponentes e os oponentes da poétca da Linguagem nos teriam feito pensar. O que McCaffery e Andrews (SUP 19) charm de a “facia do referencial” nos leva diretarnente de volta tese central de Roman Jakobson de que na poesia 0 signo munca ¢ equivalente a seu relerente ea nogdo Jativa de que a poesia élingua- gem de algum modo extraordindria” O argumento contra a transparéncia, contra 9 "Ver especialmente Jakobsoa, “Linguistics and Poe", anguage in Literature, on. Kestyea Bomorska eSephen Fad Cambridge Landon, Haran Univer Bes, IDET. p62 4, Maher senses nes cleo do relevanes pat par por empl, “The Dominant Proles 196 wou Saad valor instrumental a legbildade dicta era a pedra angular da tov formalista ruse bem como da (eoria de Bakhiin do dialogismo eda heteroglssia. Em The [Noise of Culture, Wiliam Paulson mastrou que © conceito de poesia como “ruido", ‘comp bloqueio dos catas de comonicagio normals (wansparentes)€ uma idea que 4 era central, send assim intiivamente para os tedricos romanticos® Quanto a ‘Wiugensei, ques recusaaadilerencarenzeinguagemordinariac extraovdinsia, considrando « lnguagem “ordindria’ por demais“estanha”, 0 principio de que ‘oh nenhur sentido fora da linguagem autorzou McCatlery e seus colegas de simpésio a denunciaro que Bernstein chamou, en “Stray Straws and Staw MeN" & “aparencia natural” como sendo em si mesma uma constragio com implicagSes paniculares. A poesia, Bernstein afrmou, nunca é de fato “natural” (e.g, "olho Airetamente para o meu coracio & esrevo as palavrasexats que vem de dentro"), de preferénca, “la enfatize seu meio coma senda consruido,regido pela norma, «em toda parte circunscrvo pea gramatcaesntaxe, pelo voeabulirio excolhido pla. nejado, manipulado,escolhid, programa, organizado & assim um atliio”® Vinte anos depois de seu aparecimento, podemos interpreta o simpézio sobre ~The Politics ofthe Referent” como uma intervengio importante, por um lado, lembrando os litres de que a poesia sempre foi "um atiflo™, , por outro, de ‘que a poesia nto pode esr excessivamente em descompasso com os outros ds cursos — floséieos, politica, culturais~de sua propri época. Recordemos que, femmeados dos anos 70, esses discurss, do modo como eram estudados em todo «campus nos Estados Unidos, ensjaram vm conjunto muito sofisticado e desaliae dorde textos sobreanatureza ea funedo da Bviture sje escrevero corpo" (Cixous € Iragaay) a posicéo dos sujitos nos dscursos partculaes (Kristeva), a relagio ds verdade com afcgto Todorov, Baktin), assim por dante, Lembro-meclrs- mente de ter entrado naqueles anos na St. Mark’s Bookshop na Bowery © de ter visto, na mesa do centro, as pilhas de O imperio dos signos, de Barthes, © do Gramatologa, de Derrida, na vadugio de Gaya Spivak, e As palavras eas cosas (1970) de Foucault, publicado no por uma editora universtri, mas pela Random House. Eses livros eram rendidos como se fssem romances populates. Ao mesmo tempo, a poesia na medida em que se tomara 0 dominio do workshop de Escrita Criatva, no era mais o lugar de debate que fora na epoca de Pound, Eliot © Williams, nem mesmo na dos debates sobre “cru versus cozido” do comeco dos anos 60. Nos anos 70, por motivos demasiado complexos para trsar aqui? @ producio de poesia tornara-se um tipo de wabalhoartesanal, planejado para aque- tn the Stay of Language and Lira” “Two Aspects of Language and Two Types of Apaste Disturbance” (a wadusto beast do ene de Jskbsonnegendao te Lingus ec nag, Tad. ido Blkstcne Jost Paulo Pas Sto Paulo, Ca "Ver Wily B.Paon, th Nie of Care Literary Tein World of formation, Kha, ‘Corel! Univesity Press, 1988, capt 2, Settee a Work” asia Sty Saws and Straw’ Men", Canon Dr 40:1 {No su ena “1973”, Peer Middleton comers 3 evo com 9 problema espinhoso da Pocss dos anos de 70, le vets o deapeecimento de Catrpilar de Cayton Eslcman eo ‘imo nimeto su etm 1973. a fandaan de Amerian Pry Review (1972) st ops Veta 2 Politica de Watergate e «nova desconinea do disurs plo dasepsraio cada ve ot Len ase Ps epi dopo do inzapn: inno ess dacs oes 197 les eujo intelecto nao estava altura de ler Barthes, nem Foucault nem Kristeva. A ‘isto entre sentimentovintelecto provavelmente nunca fora mais ampla, Pois que, assim como os estudantes estavam absorvendo “A morte do autor”, de Foucault, ¢ “A obra de arte na era de sua reprodutbilidade técnica”, de Benjamin, a cultura ofigal na poesia, como Bernstein a chamou, esava desovando poemas como o que se segue, que tito de The Morrow Anthology of Younger Poets, organizada por Dave Smith ¢ David Bottoms (1985) Holtndise The sac then | amore bater Sony. Sometime we drt he bt wine sew cooked for eens Irowingntking dg og Aesoafitweald nee cata se, edie beige imaged se we el btw wea ay. tl god at or wrk th cn ister na gp veo cece ether for eich ey, yt dere {ery hon we colt have en afer ‘ale eed he ace "we dee are ng doe es teh then tee et ito one he fed gent aang penn of spate! [oto hota CO molho ergs. Adcono mang, Lamaente As veces bebamoso thor iho Exquaioeozinhivaris pcs amigos ‘Sendo que sada pod ar ead Qveosufeia css 9 come, enosat, O peto, conta Achtvomee (Qe eras inconsetent, es eames fle, a emt banca quai 9 ese doe neg Mieton_ ea em casiderac dsenli "ents otis inporastes quam o pfs deme Reeber paola eas sala omconhcineno da psa ose aude do das wade Daal tees ‘imovicio e ncroreio po pate fe cha! Plame ds poss de arpa hore eh es re um mein mun Bet Ws de a ome 2 cat Coo ‘2 dscuso poses predomi nse pots com Bae {ave Maxine Kunin Willan Salon. Onis de Micon aia ao picaae os ‘oh it Te Marrow Analogy of Your Amrcen Pas, oy Dave ‘Spud Drv, New Wk Wim Moro & Cop Tol O mor ao ok 3 den oo MPA da Univers flown «pablo Ino chamalo Sal Ar eee ‘Mean Ems Indo, Sth e Bom sce otic “Por Mag aes iene gue algun cio “conbecimeno,enquanio ec, pres eontenvads na eoonincte recy logeat¢ mins na sopertce elmo aconecments eu nota, Ek oo ee ne corer piston tmado do qe de ccver ea Utes (p19),

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