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- A avaliação
• As três formas de avaliação
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• Auto-avaliação
16 Progressão
• Adagio
20 Avaliação da Unidade IV
- O ensino do ballet no Brasil
21 • As primeiras escolas de ballet no Brasil
Unidade V
Encerramento - Encerramento do Curso
do Curso • Um até breve da Professora
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• Avaliação do Curso
Carga-horária: 22 horas/aula
Unidade I - Apresentação do Curso. Origem do Ballet e história do ensino do Ballet
Aula 1 - Apresentação 3
A Palavra da Autora
Iniciei meus estudos de dança aos sete anos de idade, com dança espanhola, a
conselho médico: minha mãe e o médico discutiam sobre um bom exercício para melhorar
minha respiração prejudicada pela asma. Até hoje não sei por que pensaram em dança
espanhola, mas gostei. O Ballet Hispano-Brasileiro, de Clotilde Ferreira Gomes, realizava
inúmeros espetáculos em que as crianças participavam de quadros especiais juntamente
com os adultos. Ainda criança, apresentei-me inclusive acompanhada pela então famosa
orquestra Cassino de Sevilha.
Contrariada, fui estudar ballet na Academia Leda Luqui. Não me agradava o ballet:
as aulas eram cedo demais e só as aturava porque a professora de dança espanhola
continuava inflexível: sem ballet, nada feito. Com a mudança de turno no colégio, minhas
aulas de ballet passaram para a tarde, o que se tornou mais animador. Nessa ocasião,
assisti pela primeira vez a um ballet no Theatro Municipal: O Lago dos Cisnes.
Não sei traduzir bem meus sentimentos na ocasião. Não tenho nítido na lembrança
nenhum chamamento interior para o ofício de bailarina, mas alguma coisa acontecera.
Lembro-me de uma sensação indescritível: o cheiro do teatro. Nada que viesse da platéia,
mas o cheiro da “caixa” do teatro, das coxias, que identifico claramente na memória.
Naquele momento idealizei aquele lugar como o mundo ao qual eu gostaria de pertencer.
Estava decidido.
Comecei a trabalhar meu sonho com obstinação, prestando exame para a Escola
de Danças do Theatro Municipal, hoje Escola Maria Olenewa, decisiva para minha
carreira. Em 1964, fui apontada pela diretora Madeleine Rosay como a melhor aluna da
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escola. Recebi do Diário de Notícias o prêmio Estudante do Ano e fui aprovada em exame
para dois níveis acima. 4
Mas, embora estudar, para mim, sempre tenha sido um grande prazer, o Theatro
Municipal absorve o tempo totalmente: fora as temporadas, existem eventos como
abertura de festivais, reinauguração de teatros e viagens. Assim, conseguir uma titulação
universitária, para um bailarino que preencheu todo seu tempo de vida útil dentro de um
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teatro, sem dúvida é tarefa das mais difíceis. Mas, lecionar no ensino superior exigia
outras qualificações e esse mesmo trabalho me pôs de frente a outra realidade: não 5
bastava conhecer o ofício, era preciso um diploma de nível superior. Apesar do Ministério
do Trabalho reconhecer, por decreto, os bailarinos integrantes do Corpo de Baile do
Theatro Municipal como atividade profissional de nível superior, e de ter um parecer
favorável ao reconhecimento por Notório Saber, tal reconhecimento, na prática, nunca
substituiu um diploma.
Decidi cursar Pedagogia e foi a partir desse curso, e do contato com os diversos
autores cujo pensamento paradigmático eu desconhecia, que o gosto pelo conhecimento
se traduziu no desejo de saber, me direcionando a uma pós-graduação em Educação a
Distância e, finalmente, ao Mestrado e ao Doutorado.
Bons estudos !
Vera Aragão1
1
Nome completo: Vera Maria Aragão de Souza Sanchez. Ex-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, da
Companhia Brasileira de Ballet e do Ballet D’Aldeia. Formada bailarina e professora de ballet pela Escola de Danças
Clássicas do Theatro Municipal - RJ, atual Escola Maria Olenewa. Especialização em Pedagogia aplicada à dança, pela
mesma escola. Parecer FAVORÁVEL ao pedido de reconhecimento por Notório Saber concedido pela Universidade
Federal Fluminense – UFF, processo PPGCA nº 23069 003997/98-48, de 01/10/98. Troféu “Personalidades do Rio”,
concedido pela Prefeitura do Rio, Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer. Graduada em Pedagogia, pela UniverCidade,
com habilitação em Supervisão Escolar e Planejamento. Pós-graduanda em EAD, pelo SENAC – RJ. Mestre em
Ciências Humanas, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Tutora em EAD, da disciplina
Planejamento de Carreira, UniverCidade (atualmente). Professora do curso de Dança da UniverCidade (atualmente).
Co-autora do livro Programa de Ensino de Ballet – Uma Proposição, editado pela UniverCidade Editora, 2006. e-mail:
vera.aragao49@gmail.com
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A quem se destina
Conteúdo
Justificativa
Envolvida que estou há anos com ensino do ballet, tenho observado que há muitos
professores com boa vontade, mas insuficientemente capacitados para oferecer uma
orientação adequada a seus alunos. Muitos demonstram, também, despreparo para
enfrentar dificuldades de aprendizagem dos alunos.
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Resultado esperado
Metodologia de estudo
programa de estudo de acordo com sua disponibilidade, ou seja, você poderá concluir o
curso em tempo menor, se o desejar. 8
É importante que você estabeleça uma rotina de estudo: 1 ou 2 horas por dia, ou 2 horas
todas as segundas, quartas e sextas. Ou tantas horas nos finais de semana. A disciplina é
fundamental para o bom aproveitamento do curso.
- Avaliação: ao final de cada uma das quatro primeiras Unidades, há uma avaliação para
reforçar a aprendizagem do conteúdo estudado naquela Unidade. O aluno só terá
acesso à Unidade seguinte após acertar todas as questões. Para tanto, você poderá
fazer a avaliação quantas vezes forem necessárias, até acertar todas as questões.
No final da última Unidade do curso, Unidade V, há também uma avaliação. Mas, desta
vez, você é que irá avaliar o curso. É necessário que você faça essa avaliação para
concluir o curso.
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Entre os séculos XIV e XV, constata-se uma releitura dessas procissões, adotadas
pela casta emergente que, desejando legitimar sua hegemonia, reproduzia o ritual
praticado pelos imperadores da Roma Antiga, ao encenar impressionantes desfiles que
simbolizavam o retorno triunfal dos campos de batalha.
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As mouriscas
O Carnaval
Se alargarmos nosso olhar para os desfiles das Escolas de Samba veremos que
eles também remontam às influências mencionadas, desde os carros alegóricos à
simbologia das representações, dramatizações acompanhadas de música e percussão e,
finalmente, o casal de Mestre-sala e Porta-bandeira que, vestidos à maneira da corte,
executam uma dança codificada, coreografia visivelmente influenciada pelo minueto e a
contradança que a originou.
Origem nobre
Unidade I - Apresentação do Curso. Origem do Ballet e história do ensino do Ballet
Apesar da autora das notas de rodapé, das Faustíssimas, Oneyda Alvarenga, não
considerar que a mourisca, de que trata o desfile, fosse a mesma da nossa “Chegança de 14
Mouros”, das “Cavalhadas” ou “Congadas”, como descritas por Mário de Andrade, o fato
mais relevante é que, as danças mouriscas que aqui chegaram tornaram-se obrigatórias
nas nossas manifestações populares e, tendo ou não algumas características diferentes
entre si, constituíam-se na primeira entrada do espetáculo que, na Renascença, era
chamado ballet.
Tradição e identidade
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De origem inglesa – countrydance - a contradança foi, na realidade, uma dança de origem popular e não da corte, significando o
mesmo que o longway inglês. Foi introduzida na França no fim do século XVII. No Brasil o termo permaneceu, principalmente no sul de
Minas e no Rio Grande do Sul, designando a dança onde os participantes se colocavam em fileiras opostas. Mas, nos salões do século
XIX, contradança designava uma quadrilha (CAMINADA, 1999: 112).
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construídos, formalmente institucionalizados, por diversas razões, até por seus registros
nebulosos, causados pela velocidade com que surgiram e se estabeleceram. A todos 15
esses hábitos, o historiador inglês nomeou “tradição inventada” – invariável,
caracterizando-se pela menção ao passado, mesmo que apenas pela imposição da
repetição, tal como sucede às nossas danças folclóricas.
Entrelaçamento
Acreditamos que o ballet praticado no Brasil, nos dias de hoje e em todo o mundo,
é fruto do entrelaçamento de várias culturas e que são esses hibridismos culturais que o
enriquecem, acrescentam, atualizam e o mantêm vivo.
Referências Bibliográficas
CALMON, Francisco. Relação das Faustíssimas Festas. Reprodução fac-similar da edição de
1762. Introdução e notas de Oneyda Alvarenga. Transcrição de Ronaldo Menegaz. Etinografia e
Folclore/Memória I. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1982.
CAMINADA, Eliana. História da dança – evolução cultural. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.
FERREIRA, Felipe. O livro de Ouro do Carnaval Brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10ª ed. Tradução de Tomaz Tadeu da
Silva e Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
SALAZAR, Adolfo. História da dança e do ballet. México: Realizações Artis, 1962.
SUCENA, Eduardo. A dança teatral no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Cultura / Funarte,
1989.
Em 1455, Antonio Cornazano escreveu o Libro sull’arte del dansare (Livro sobre a
arte de dançar), fazendo distinção entre dança popular e dança aristocrática ou arte,
explicando que a última era construída a partir de variantes em torno de uma fábula ou
enredo, denominando-a ballet.
Em 1581 foi encenado na França o primeiro ballet com esse nome específico, o
Ballet Comique de la Reine3, organizado e coreografado por Balthasar de Beaujoyeulx, e
interpretado pelos próprios nobres da corte, com a participação da rainha Catarina de
Médicis. Beaujoyeulx concebeu seu ballet como uma obra de arte completa, na qual se
misturavam harmoniosamente a dança, a música, a poesia e o teatro.
O ballet, nessa época, era apresentado como parte dos divertimentos da corte,
reunindo profissionais e amadores. Mesmo com o desenvolvimento e estabelecimento
desse sistema de dança, percebemos uma fronteira
muito tênue entre ballet e baile, que se faz
perceptível em Pierre Rameau, na obra El maestro
de danza. Nela, o autor descreve a forma de
executar os branles ou minuetos – danças praticadas
nos bailes da corte – do mesmo modo que cita os
pas de bourrées ou pas coupés, passos
pertencentes ao ballet.
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Cabe ressaltar que, neste caso, comique não possui nenhum sentido de comicidade. Em francês, a
palavra comique faz referência ao teatro.
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classificado por este como “rabiscos para passar o tempo”, o tratado foi recuperado por
um antigo aluno, Jehan des Preyz, após a morte de Arbeau. 20
No prefácio à primeira
edição (Langres, 1589) é Orchesographie, do cônego Thoinot Arbeau, 1589
mencionado que o
Orchesographie é o registro mais detalhado e autêntico das danças do século XV e XVI
que nos foi legado. Na introdução à edição da Dover Inc., Julia Sutton compartilha da
mesma opinião, qualificando a obra como “uma das fontes mais valiosas e agradáveis das
danças, das músicas de dança e dos costumes sociais do século XVI” (Arbeau, 1967: 1).
Sutton também ressalta a importância das referências humanísticas de que Arbeau se
vale para enfatizar a função valiosa da dança na vida da comunidade, classificando-a,
ironicamente, como uma “medida preventiva antes da escolha de um marido ou uma
esposa” (Idem: 5).
A obra trata do que hoje poderíamos chamar de danças de salão daquele período e
nos mostra como o conhecimento de dança era considerado essencial à educação de
qualquer jovem de boa estirpe. Cabe lembrar novamente a fragilidade da linha divisória
entre a dança social de salão da dança cênica de que o ballet descende, enfocando,
portanto, aspectos característicos que distinguem “um cortesão com talento para a dança”
do artista profissional, como alude Mary Stewart Evans, autora do prefácio da obra
(Arbeau, 1967: 5).
Século XVII
Em 1670, Luís XIV (1638 - 1715), Rei da França, deixou de dançar, o que fizera por
20 anos consecutivos. A dança, contudo, já fazia parte da corte e a nobreza continuou a 22
praticá-la, dando início à profissionalização da atividade de bailarino.
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Referências Bibliográficas
ARBEAU, Thoinot. Orchesography. Tradução e prefácio de Mary Stewart Evans. Introdução e
notas de Julia Sutton. New York: Dover Publications Inc., 1967.