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ATERRAMENTO ELÉTRICO

CONCEITOS BÁSICOS E MEDIÇÕES

INTRODUÇÃO

1. ATERRAMENTO ELÉTRICO - CONCEITOS BÁSICOS ................................... 5


1.1 PARÂMETROS ELÉTRICOS DO SOLO............................................................ 7
1.2 CHOQUE ELÉTRICO E SEGURANÇA HUMANA............................................. 9
1.3 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS À FREQUÊNCIA INDUSTRIAL ........ 14
1.4 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS A CORRENTES IMPULSIVAS ......... 21
1.5 REFERÊNCIAS................................................................................................. 26
2. MEDIÇÕES EM ATERRAMENTOS.................................................................. 39
2.1 O TERRÔMETRO ............................................................................................. 40
2.2 RESISTIVIDADE DO SOLO ............................................................................. 42
2.3 RESISTÊNCIAS DE ATERRAMENTO ............................................................. 51
2.4 MEDIDORES DE “LOOP DE TERRA”............................................................. 56
2.5 TESTES DE CONTINUIDADE .......................................................................... 58
2.6 REFERÊNCIAS................................................................................................. 59
3. MATERIAIS UTILIZADOS EM ATERRAMENTO............................................. 69
3.1 O PROBLEMA DA CORROSÃO...................................................................... 69
3.2 PROTEÇÃO DOS MATERIAIS CONTRA A CORROSÃO .............................. 72
3.3 CONEXÕES EM ATERRAMENTOS ................................................................ 76

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ATERRAMENTO ELÉTRICO
CONCEITOS BÁSICOS E MEDIÇÕES
INTRODUÇÃO

O aterramento elétrico vem a ser um elemento integrante da infra-estrutura de instalações elétricas e


também de elementos construtivos de edificações e de estruturas. A palavra integrante é aqui aplicada no
seu sentido mais amplo, pois tanto diz respeito ao fato do aterramento fazer parte de inúmeros
subsistemas, como pelo fato da malha de aterramento efetivamente integrar - no sentido de interligar - os
elementos destes subsistemas.

Tem-se, portanto, que o aterramento não se restringe aos elementos enterrados, estendendo-se até os
componentes dos diversos subsistemas:
 estruturas e edificações - ferragens e elementos metálicos estruturais;
 sistemas de proteção contra descargas atmosféricas - elementos captores e descidas;
 redes de energia - cabos pára-raios das linhas de transmissão, blindagens de cabos de energia, condutor
neutro de redes de distribuição, condutor de proteção de circuitos em baixa tensão; e
 equipamentos eletrônicos e cabeações de sinais - blindagens, malhas de referência de sinais, “racks” e
chassis de equipamentos etc.

As mais diversas funções são esperadas do aterramento:


 segurança para pessoas e instalações;
 garantia de atuação eficiente de dispositivos protetores;
 referência para redes elétricas e para equipamentos eletrônicos;
 meio de escoamento de correntes para o solo (para descargas atmosféricas, desbalanços de redes de
energia, cargas eletrostáticas);
 blindagem para a proteção de equipamentos e cabeações de sistemas eletrônicos.

A tecnologia para o dimensionamento de sistemas de aterramento pode ser dividida, em linhas


gerais, em quatro tipos de sistemas:
 instalações de alta-tensão (linhas de transmissão e subestações);
 redes de distribuição;
 instalações de baixa tensão e edificações/estruturas; e
 instalações que abrigam equipamentos eletrônicos sensíveis.

Estudos de malhas de aterramento de subestações são reconhecidos pelo IEEE “Recommended


Practice for Industrial and Commercial Power Systems Analysis” (“Standard 399-1990”), como um dos
dez estudos clássicos, aplicáveis ao dimensionamento de redes de energia para instalações industriais e
comerciais. A mesma metodologia utilizada nestes estudos pode ser aplicada para o dimensionamento do
aterramento de linhas de transmissão de energia (cabos pára-raios e aterramento de pés de torres), bem
como para a elaboração dos estudos de interferências de redes de alta-tensão sobre linhas de distribuição,
telefonia, tubulações metálicas etc.

Instalações de alta-tensão abrangem os principais componentes das redes de transmissão de energia,


a saber, as subestações e as linhas de transmissão. A característica principal destas instalações vem a ser o
fato de estarem associadas a grandes blocos de energia, que demandam altas tensões e elevadas correntes.

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A situação mais crítica para o dimensionamento e a avaliação dos sistemas de aterramento destas
instalações vem a ser a condição de curto-circuito, quando a circulação de corrente nos componentes da
rede, e destes para a terra, atinge valores muito altos, da ordem de milhares de Ampéres (kA), e a sua
eliminação pelos sistemas de proteção (relés e disjuntores) demanda tempos elevados, da ordem de
décimos de segundo.

Estudos de aterramento e de interferências utilizam técnicas de modelagem da rede elétrica em


condições anormais de operação (curto-circuito ou desbalanceamento de fases), onde existe circulação de
correntes pelo solo e por elementos usualmente desenergizados (malhas de aterramento, blindagens de
cabos de energia, cabos pára-raios de linhas de transmissão etc.). Os seguintes aspectos são abordados
nestes estudos:
− aterramento - dimensionamento dos elementos componentes do sistema de aterramento (ampacidade) e
segurança humana (potenciais de passo e toque, potenciais transferidos); e
− interferências - indução em estruturas metálicas longas (tubulações, linhas telefônicas, redes de
distribuição, cercas etc.) e/ou acoplamento condutivo com outros aterramentos, tubulações ou
estruturas metálicas enterradas.

Nas redes de distribuição em posteação, convivem as cabeações da média tensão (tipicamente até
15kV), da baixa tensão e a rede telefônica. Os critérios de projeto de redes de telefonia a serem atendidos
para a obtenção da coordenação de isolamento foram estabelecidos pelo PROTEL - Grupo de Proteção
Elétrica da Telebrás. De acordo com o PROTEL, nenhuma vinculação deve ser efetuada entre a posteação
da rede de uso mútuo (que pode estar interligada aos aterramentos da rede elétrica de distribuição em
média e baixa tensão), cabos mensageiros e blindagens de cabos telefônicos, de forma que estes
condutores devem ser considerados como dois circuitos não interligados, e separados do neutro da rede de
distribuição de energia. Tem-se, portanto, que ao contrário dos demais sistemas, neste tipo de rede os
aterramentos dos três subsistemas (rede elétrica, cabo mensageiro e cabo telefônico) são separados.

Nas instalações de baixa tensão, os sistemas de aterramento e de proteção contra descargas


atmosféricas (diretas e indiretas) devem ser conduzidos como um projeto único, uma vez que se tratam de
sistemas de atuação integrada. O dimensionamento destes sistemas deve ser baseado nas normas NBR-
5410/2004 (Instalações Elétricas de baixa Tensão) e NBR-5419/2005 (Proteção de Estruturas contra
Descargas Atmosféricas).

Estudos nas diversas áreas acima relacionadas devem fazer parte do projeto de novas instalações ou
da ampliação/reformulação de sistemas já existentes. Dentre as situações que requerem a avaliação e o
eventual redimensionamento destes sistemas, podemos citar:
− a ampliação de instalações já existentes;
− a implantação de sistemas eletrônicos sensíveis (redes de microcomputadores, sistemas de
comunicação, supervisão e controle etc.);
−a detecção de problemas em instalações já existentes (choques em estruturas metálicas, falhas na
operação de sistemas eletro-eletrônicos, queima de componentes eletrônicos, mau funcionamento de
equipamentos etc.);
− a ampliação de SE's ou a construção/ampliação de instalações vizinhas às mesmas (indústrias, CPD's,
redes de tubulações metálicas etc.); e
− a reformulação de instalações, considerando as normas e padrões mais atualizados, visando níveis mais
elevados de confiabilidade.

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CAPÍTULO 1

ATERRAMENTO ELÉTRICO - CONCEITOS BÁSICOS

nov/2005

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1. ATERRAMENTO ELÉTRICO - CONCEITOS BÁSICOS
Sistemas de aterramento são constituídos por uma rede de eletrodos enterrados e por condutores
de interligação, e tem por objetivo:
− prover um meio de escoamento de correntes elétricas para o solo, sejam descargas atmosféricas
diretas, curtos-circuitos envolvendo a terra, desbalanços na rede de energia ou cargas elétricas
estáticas;
− estabelecer um referencial para a terra, de baixa impedância, tendo em vista a atuação eficiente de
dispositivos de proteção, bem como a operação adequada de equipamentos eletrônicos;
− equipotencialização da superfície do solo no interior e na periferia de subestações de energia, quando
da ocorrência de curtos-circuitos para a terra, tendo em vista o controle dos potenciais de passo e
toque;
− prover as instalações em geral, de uma rede de condutores que permita ligações curtas e seguras de
todos os equipamentos e estruturas para os eletrodos de aterramento.

Entende-se por eletrodos de aterramento quaisquer elementos metálicos enterrados que podem
dissipar correntes elétricas para o solo, sejam aqueles dedicados exclusivamente para este fim, tais
como os cabos de cobre nu e as hastes de aço-cobreado, ou aqueles que exercem primariamente outras
funções, tais como tubulações metálicas e ferragens de fundações.

O desempenho de malhas de aterramento pode ser analisado considerando duas condições


operativas, seja quando da injeção de uma corrente de baixa frequência, sendo a falta para a terra uma
situação típica, ou quando da injeção de correntes de surto, tais como as que caracterizam os raios.

A figura 1.1 apresenta as elevações de potenciais no solo decorrentes da injeção de uma corrente
à frequência fundamental (50/60Hz) e de uma corrente de alta frequência (0,5kHz) em uma malha de
aterramento típica de subestação (reticulada). No primeiro caso é obtida uma razoável
equipotencialidade do solo, dentro dos limites impostos pela geometria da malha, enquanto que no
segundo caso a elevação transitória do potencial restringe-se, praticamente, à região do solo próxima ao
ponto de injeção da corrente na malha.

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Figura 1.1: potenciais no solo devido à injeção de correntes de baixa e de alta
frequência em uma malha de aterramento.

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1.1 PARÂMETROS ELÉTRICOS DO SOLO
As equações de Maxwell definem a relação entre os vetores que caracterizam o campo
eletromagnético em um determinado meio, que no caso de estudos de aterramento é o solo, no qual a
malha de aterramento encontra-se imersa. Nestas equações o solo é caracterizado por três parâmetros
(que no caso mais geral são variáveis no tempo e no espaço):
− ρ - resistividade elétrica,
− µr - permeabilidade magnética relativa ao vácuo, e
− εr - constante dielétrica ou permissividade relativa ao vácuo.
No solo, o parâmetro µr pode ser considerado unitário, e o parâmetro εr assume valores dentro
da faixa de 5 a 30. Esses parâmetros somente são aplicáveis a estudos de aterramento envolvendo
fenômenos muito rápidos, tais como a injeção de correntes impulsivas, associadas a descargas
atmosféricas.

O valor da resistividade de um material coincide com a resistência elétrica de um cubo deste


mesmo material de aresta unitária (1x1m). A tabela 1.1 apresenta os valores típicos de resistividade de
alguns tipos de solo, medida em Ohms.metro (Ω.m). Verifica-se que as resistividades são elevadas,
quando comparadas à de materiais condutores (ρcobre = 1,7241 x 10-8 Ω.m), porém as resistências de
malhas de aterramento não são muito grandes, tipicamente da ordem de unidades ou poucas dezenas de
Ohms, pois estão associadas a grandes volumes de solo, que apresentam considerável seção reta para a
circulação da corrente.

TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE


solos alagadiços, limo, humo, lama até 150Ω.m
solos aráveis, argilo-arenosos 50 a 500Ω.m
argila 300 a 5000Ω.m
areia 1000 a 8000Ω.m
calcário 500 a 5000Ω.m
granito e arenito 100 a 10000Ω.m
basalto 10000 a 20000Ω.m
Tabela 1.1: valores típicos de resistividade do solo.

Corrente contínua ou em baixas frequências, pode fluir pelo solo de duas maneiras – pelo
movimento de elétrons (metálica) ou de íons (eletrolítica). A condução metálica caracteriza-se pelo
transporte dos elétrons na matriz da rocha, sendo o caso de certos minerais metálicos e dos xistos
grafitosos. A maioria dos solos não possui elétrons livres em quantidade suficiente para permitir a
condução metálica, o que faz com que a circulação de corrente elétrica nos solos seja, usualmente, de
natureza eletrolítica, resultante do deslocamento dos íons contidos na água retida no mesmo.

A resistividade dos solos de condutibilidade eletrolítica é função inversa dos seguintes fatores:
− porosidade total comunicante – ou seja da granulação da rocha e da distribuição e forma dos poros e
fissuras;
− quantidade de água - contida nos poros e fraturas da rocha, nos espaços entre partículas ou aderida à
superfície das mesmas; e

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− condutividade da água – dependente da concentração de sais e elementos químicos dissolvidos, e da
sua temperatura, no intervalo desde o ponto de liquefação até o de evaporação da água, quando
inicia-se o processo de aumento da resistividade, devido à diminuição do nível de umidade.

Deve-se salientar que quase todas as rochas são porosas e contém umidade, e é devido a esta
umidade que as rochas são condutores relativamente bons, apesar de seus constituintes minerais
(quartzo, feldspato etc.) serem maus condutores ou mesmo isolantes. Para valores altos de umidade, a
condutividade do solo aproxima-se da condutividade do eletrólito absorvido, enquanto que para baixos
níveis de umidade os valores de resistividade são governados pelas características elétricas do material
rochoso.

No caso dos solos congelados, a resistividade é dependente da temperatura, volume de gelo e


tipo de solo (neste último caso mais devido à sua granulação). A camada de solo permanentemente
congelada, a partir de alguns metros abaixo da superfície do solo, apresenta usualmente valores
bastante estáveis de temperatura e de resistividade ao longo de todo o ano, enquanto que a camada
superficial apresenta variações, em função da temperatura ambiente nas diversas estações do ano.

A figura 1.2 ilustra o comportamento da resistividade de diferentes tipos de solo na faixa de


±10o, cabendo algumas observações:
− o congelamento preserva a relação de resistividades para os diferentes tipos de solo, verificando-se
que a argila congelada apresenta resistividade inferior à da areia e do granito não congelados; e
− ocorre um drástico aumento da resistividade
o
do solo para temperaturas abaixo de zero graus - para
o
uma variação de temperatura de +1 para –10 , tem-se um aumento superior a dez vezes na
resistividade do solo.

Figura 1.2: resistividade do solo na faixa entre ±10oC.

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1.2 CHOQUE ELÉTRICO E SEGURANÇA HUMANA
A segurança do ser humano em contato com instalações elétricas está associada ao risco de
choque. A tabela 1.2 apresenta os efeitos de diversos níveis de choque elétrico no corpo humano.
Dentre as possíveis consequências do choque elétrico no corpo humano podem-se destacar:
− alterações do sangue, resultantes de efeitos térmicos e eletrolíticos da corrente elétrica;
− perturbações no sistema nervoso, que podem levar a descontrole motor (espasmos musculares, que
podem ser intensos o suficiente para quebrar ossos) e até a parada respiratória;
− queimadura na pele e em órgãos internos, com riscos de necrose de tecidos; e
− distúrbios cardíacos - fibrilação ventricular e parada cardíaca.
Existem ainda os efeitos indiretos, quando existe arco elétrico, tais como:
− calor irradiado pelo arco a alta temperatura;
− trauma decorrente de som elevado e de forças vibratórias em torno do arco; e
− inalação e exposição a vapores tóxicos liberados pelo arco.
A resistência média do corpo humano é de cerca de 2000 ohms. A magnitude da corrente de
choque depende de diversas variáveis, tais como a tensão aplicada, área de contato com o corpo,
pressão aplicada, estado da pele (seca ou úmida) etc. Os efeitos do choque elétrico em baixas e altas
tensões são distintos. A circulação de correntes de até 25mA pelo corpo humano adulto é considerada
de pouco risco, não representando um risco de morte, podendo, no entanto, causar desconforto ou
dores. Em baixas tensões as correntes de choque dificilmente ultrapassam 300mA, sendo o motivo de
morte mais frequente a fibrilação ventricular. Em altas tensões as correntes de choque são da ordem de
Ampéres, sendo na maioria das vezes o choque fulminante, com morte por efeito térmico (queimadura,
fusão de carne e de ossos e vaporização de plasma e sangue), que ocorre bem antes da falência
cardiovascular. Em alguns casos a violenta e generalizada contração muscular que se segue ao choque
lança a vítima longe, havendo a possibilidade de recuperação, apesar de danos extensivos e sequelas de
médio e longo prazo.

Os sintomas e consequências da fibrilação cardíaca são:


− desfalecimento e palidez;
− não há pulso - queda da pressão arterial para zero; e
− não há respiração - parada respiratória.
É a seguinte a cronologia deste processo:
− 3 segundos - síncope;
− 10 a 20 segundos - convulsões;
− 30 a 40 segundos - pupila do olho dilatada;
− 40 segundos - apnéia e incontinência;
− 2 minutos - pupila do olho extremamente dilatada;
− 4 minutos - início do comprometimento cerebral irreversível; e
− 9 a 12 minutos - morte.

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A fibrilação ventricular é um processo em que o batimento cardíaco perde o sincronismo devido
à despolarização das fibras musculares do coração, que passam a tremular desordenadamente, o que
resulta na perda da capacidade do músculo cardíaco de bombear o sangue. A reversão deste processo se
faz por meio do desfibrilador elétrico, que nada mais é do que um capacitor que é descarregado no
tórax da vítima. Esta descarga elétrica repolariza as fibras musculares do ventrículo, que voltam a
obedecer ao sinal sincronizador emitido pelo Centro Regulador Cardiovascular.

Jellineck, pesquisador de eletropatologias, considera que a morte por choque elétrico pode
obedecer a diversos tipos:
− “exitus interruptus” – quando a vítima morre imediatamente ao receber o choque elétrico, em
decorrência da inibição de funções vitais;
− “exitusretardatus” – quando a morte é lenta, e a vítima consegue gritar por alguns segundos,
morrendo em seguida por asfixia;
− “exitus dilatus” – quando a vítima sobrevive ao choque, morrendo horas ou dias após o acidente.
Com relação ao efeito da variação da frequência, pode-se afirmar que os seres humanos são
extremamente vulneráveis a correntes para a faixa de frequência próxima a 50 e 60Hz. A tolerância do
corpo humano à corrente contínua é, aproximadamente, cinco vezes maior do que para esta faixa de
frequência, sendo que para altas frequências, entre 3.000Hz e 10.000Hz, o corpo suporta correntes de
22 a 28 vezes mais altas. A figura 1.3 apresenta a curva que relaciona a intensidade das contrações
musculares com a frequência da corrente de choque.

Outro fator que contribui para a maior suportabilidade do corpo humano às frequências mais
altas é o “efeito skin”, que faz com que as correntes em altas frequências tendam a circular apenas pela
superfície da pele, sendo relativamente mais baixa a fração da corrente que circula pelos órgãos
internos, especialmente pelo coração.

A figura 1.4 ilustra as principais variáveis relacionadas com os conceitos de segurança humana,
a saber:
− tensão de falta (Vf) - existente entre o ponto onde ocorre a falta e a terra remota;
− tensão de contato ou de toque (Vc) - fração da tensão de falta que é imposta à pessoa que toca uma
massa metálica percorrida pela corrente de falta (ou por parte da mesma);
− tensão de contato presumida (Vcp) - máxima tensão de contato que pode ocorrer em caso de
ocorrência de falta de impedância desprezível na instalação;
− tensão de contato limite - tensão que uma pessoa pode suportar indefinidamente sem risco; e
− tensão de passo (Vp) - diferença de tensão na superfície do solo causada por uma circulação de
corrente de terra, entre dois pontos espaçados de um metro (convenção).

A terra remota vem a ser um local situado fora da área de influência dos eletrodos enterrados,
onde o solo não interfere mais na definição da resistência de aterramento dos mesmos. Correntes de
terra são decorrentes da operação desbalanceada de redes de energia, de fugas em instalações, da
circulação de correntes capacitivas, de faltas para a terra etc.

Se a falta e o contato se fazem fora desta área de influência dos eletrodos, tem-se, então que a
tensão de falta iguala-se à tensão de contato presumida. A diferença de tensão entre as tensões de
contato e de contato presumida vem a ser exatamente a tensão aplicada à resistência do contato,
normalmente caracterizada pela resistência de contato dos pés da pessoa com o solo. A tensão de
contato presumida só ocorre, na prática, se a pessoa estiver descalça sobre um piso condutivo, ou ainda
tocando com a mão livre em uma estrutura metálica aterrada.

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De acordo com a IEC, considera-se como limite admissível para tensões de contato em corrente
alternada de 110V e 220V, os tempos de 0,36s e 0,17s.

TIPO DE CONTATO 127v 220v


Entre as pontas dos dedos de ambas as mãos (dedos secos) 7mA 14mA
Entre as palmas das mãos (secas) 122mA 244mA
Mão com ferramenta e pés calçados (secos) 6mA 12mA
Mão com ferramenta e pés calçados (molhados) 183mA 366mA
Corpo no chuveiro ou na banheira 220mA 440mA

Tabela 1.2: correntes que circularão pelo corpo para diversas formas de
contato.

C.A. C.C. REAÇÃO CONSEQUÊNCIA SALVAMENTO


FISIOLÓGICA
1mA - formigamento desde o incômodo até respiração artificial
15mA - contração a morte aparente
I < 25mA I < 80mA muscular
55mA - contração
muscular
violenta
25 < I < 80 80 < I < 300 - contrações violentas morte aparente respiração artificial
- asfixia
- asfixia imediata morte aparente respiração artificial
I > 80mA I > 300mA - fibrilação ventricular massagem cardíaca
- alterações desfibrilação
musculares
- queimaduras
- queimaduras morte aparente respiração artificial
I > 1A - necrose de tecidos sequelas massagem cardíaca
- fibrilação ventricular morte desfibrilação
- asfixia imediata hospitalização
Tabela 1.3: possíveis consequências do choque elétrico no corpo humano.

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contrações
musculares

Hz
20 40 60 10k
Figura 1.3: relação entre a intensidade das contrações musculares e a frequência
da corrente aplicada.

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Vf – tensão de falta
Vc – tensão de contato
Vcp – tensão de contato presumida
Vp – tensão no contato pé-solo
Rp – resistência de contato pé-solo
Rh – resistência do corpo humano (1000Ω)
Rm – resistência de aterramento da malha
Figura 1.4: variáveis envolvidas nos conceitos de segurança humana.

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1.3 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS À FREQUÊNCIA INDUSTRIAL
As principais variáveis que interferem no desempenho de um dado sistema de aterramento à
frequência industrial (50Hz ou 60Hz) são:
− a resistividade do solo;
− a geometria dos condutores dos aterramentos; e
− a magnitude da corrente injetada nos aterramentos.
Os valores destas variáveis estão relacionados com os seguintes parâmetros:
− a resistência de aterramento dos diversos eletrodos que compõem o sistema;
− as resistências mútuas (acoplamento resistivo) entre eletrodos;
− os potenciais na superfície do solo induzidos pelos eletrodos; e
− a elevação de potencial dos eletrodos.
Para fenômenos à frequência industrial, admite-se que o comportamento do solo é semelhante ao
de regime estacionário, quando as suas propriedades são, basicamente, caracterizadas pela resistividade
elétrica. A forte influência exercida pelo solo é bastante compreensível, por ser o meio no qual os
eletrodos encontram-se imersos.

A resistência de aterramento dos eletrodos, bem como, os seus acoplamentos resistivos


(resistências mútuas), são função da disposição relativa entre eles e de características do solo. A
elevação de potencial dos eletrodos e os perfis de potenciais na superfície do solo, dependem, também,
da magnitude das correntes injetadas no aterramento.

A resistência mútua vem a ser o efeito exercido por um eletrodo de aterramento, que dissipa uma
corrente para o solo, sobre outro eletrodo existente dentro da sua área de influência. Este acoplamento
mútuo manifesta-se sob a forma de um potencial que surge no segundo eletrodo, mesmo que não
interligado ao primeiro eletrodo onde é feita a injeção de corrente. O efeito do acoplamento mútuo
entre os diversos elementos componentes de uma malha de aterramento (interligados entre si) pode ser
visualizado como uma redução da eficiência do conjunto, o que reflete-se no fato que a resistência de
aterramento de um conjunto de eletrodos de aterramento não coincide com o paralelo das resistências
dos seus elementos componentes.

A área de influência de um conjunto de eletrodos é determinada pela sua dimensão e pela


resistividade do solo, sendo diretamente proporcional a estes dois parâmetros. Os limites desta área são
determinados pela região onde não se fazem mais sentir os efeitos da injeção de corrente na malha,
onde são desprezíveis as densidades de corrente por seção reta unitária do terreno e, em consequência,
as diferenças de potenciais no solo.

A figura abaixo apresenta os diversos parâmetros associados a um aterramento constituído por


uma única haste de 3/4” x 3m, em solo de 100Ω.m, onde é injetada uma corrente alternada de 10A
(60Hz), inclusive com o acoplamento mútuo a outra haste não interligada, distante 3m:

10A
180V 45,9V 25,3V 17,3V 13,1V 10,5V

318V 43V ρ=100Ωm.

Rp=31,8Ω

Rm=4,3Ω

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A primeira haste pode ser chamada de aterramento principal e a segunda haste de aterramento
flutuante.

A resistência de aterramento da haste principal será dada pela relação entre a tensão na própria
haste e a corrente nela injetada:
Vp 318
Rp = = = 31,8Ω
Ip 10

A resistência mútua entre as duas hastes será dada pela relação entre a tensão na haste flutuante e
a corrente injetada na haste principal:
Vf 43
Rm = = = 4,3Ω
Ip 10

O circuito elétrico correspondente à configuração acima exemplificada será dado pelo esquema:

Rp-Rm=27,5Ω

31,8Ω 31,8Ω

Rm=4,3Ω

4,3Ω

Se as duas hastes forem interligadas elas formarão um aterramento único, cuja resistência poderá
ser calculada pela resolução do circuito série paralelo:
Rp − Rm Rp + Rm
Re qv = + Rm =
2 2

A aplicação dos valores do exemplo à expressão acima resulta no valor : Reqv=18Ω.

Este resultado demonstra o mencionado efeito redutor da eficiência aterramento formado por um
conjunto de vários elementos enterrados próximos, devido ao acoplamento resistivo mútuo entre os
mesmos, pois Reqv > Rp/2.

A figura 1.5 apresenta a metade de um eletrodo semi-esférico de raio r e a respectiva curva de


potenciais na superfície do solo, dada pela expressão V = ρI/(2.π.r). Verifica-se que a uma distância de
2r do centro do eletrodo o potencial na superfície do solo já decaiu para a metade do potencial do
eletrodo, e que até 10 raios de distância o valor do potencial no solo reduz-se para 10%. O rápido
decaimento do potencial nas proximidades do eletrodo de aterramento, de forma não linear, pode ser
explicado pelo fato da superfície de solo atravessado pela corrente aumentar com a distância ao
eletrodo, o que resulta em densidades de corrente por seção reta de solo cada vez menores.

Um aspecto importante do comportamento de eletrodos de aterramento a baixas frequências vem


a ser a equipotencialidade, o que pressupõe a não uniformidade da dissipação de correntes para o solo
ao longo dos seus elementos.

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A equipotencialidade de um grupo de eletrodos de aterramento interligados significa que as
quedas de potencial longitudinais nos mesmos são desprezíveis, de modo que todo o conjunto de
eletrodos assume um único potencial. Esta consideração é aplicável às malhas de aterramento de
dimensões usuais construídas em cabo de cobre, não sendo válida nas seguintes situações:
− malhas de grandes dimensões, tais como as de instalações industriais de grande porte;
− eletrodos longos, tais como os contrapesos (cabos de aterramento) contínuos das torres de linhas de
transmissão; e
− malhas em aço.
A não uniformidade da densidade superficial de corrente dispersada para o solo ao longo dos
elementos do eletrodo, significa que a dispersão de corrente para o solo pelo eletrodo não ocorre de
forma homogênea, em cada um dos seus segmentos elementares. Tipicamente a densidade superficial
de corrente dos condutores periféricos de uma malha de aterramento é superior à dos condutores
centrais, o que significa que os primeiros dispersam para o solo uma fração maior da corrente total na
malha do que os últimos.

potencial (p.u.)
1

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 2 4 6 8 10

distância (raios)
Figura 1.5: curva de potenciais no solo associada a um eletrodo semi-esférico.

1.3.1 Cálculos de Resistências de Aterramento

Os estudos conduzidos por DWIGHT para o cálculo de resistências de aterramento de diversas


geometrias de eletrodos estão baseados no conceito de dualidade entre os valores de resistência de
aterramento (para a corrente contínua) e de capacitância de eletrodos enterrados, que podem ser
expressos pela relação:
− R x C = ρ×ε° - onde, R - resistência de aterramento (ohms),
C - capacitância (Farads),
ρ - resistividade do solo (ohms.metro), e
ε° - constante de permitividade elétrica.

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Cálculos de resistências de aterramento (próprias e mútuas) de geometrias de eletrodos
complexas e também de perfis de potenciais no solo, exigem a disponibilidade de programas para
computador, que permitem a simulação do comportamento de grupos de eletrodos de aterramento não
interligados (malha principal e malhas flutuantes), compostos por condutores horizontais e verticais,
lançados em solos homogêneos ou estratificados em modelos de múltiplas camadas (paralelas ou
hemisféricas), considerando-se a não uniformidade da distribuição de densidade de corrente ao longo
dos eletrodos.

Para geometrias simples de aterramento, em solos de resistividade uniforme ρ (em Ω.m), são
aplicáveis formulações específicas, que são apresentadas a seguir.

As expressões mais simples de resistência de aterramento correspondem aos seguintes eletrodos


ao nível do solo (ambos de geometria circular e de raio r):
ρ ρ
semi esfera - R = disco horizontal - R =
2. π . r 2. r

1.3.1.1 Hastes de Aterramento

A resistência de aterramento de uma haste vertical de comprimento l e raio a (ambos em metros),


é dada pela expressão abaixo, que pode ser aproximada pela simples fórmula R=ρ/l:

ρ × ln( 2l / a )
R=
l 2π × l

Se considerarmos uma haste de 3m x 5/8" cravada em um solo de 100Ω.m, a aplicação da


fórmula completa resultará em uma resistência de 35Ω. A expressão mais simples resultará no valor 33
Ω.

Para n hastes alinhadas e espaçadas de 3 metros entre si, tem-se Rn = k.R1 , onde k é dado pela
tabela:
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9
k 1 0,56 0,40 0,32 0,26 0,23 0,20 0,18 0,16

1.3.1.2 Malhas Fechadas

A formulação para o cálculo da resistência de malhas fechadas considera apenas a sua área (A,
em m2)e a extensão total de cabo enterrado (L, em m), além do valor da resistividade do solo, sendo
aplicável a seguinte fórmula:
ρ π ρ
R= +
4 A L

Uma malha de aterramento de 10.000m2, com um total de 2.200m de cabo enterrado em um solo
com resistividade de 100Ω.m, apresentará uma resistência de 0,5Ω.

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1.3.1.3 Aterramentos em Cruz

Para um eletrodo em forma de cruz (com quatro braços de extensão l e raio a), aterramento
típico de torres de telecomunicações, temos a seguinte expressão:
ρ  4l 
R=  1 + ln 
4π × l  a

Uma torre com um aterramento em cruz, formado por quatro eletrodos de 15m x 50mm2 (a =
4,58mm), em um solo de 500Ω.m, apresentará uma resistência de 21,7Ω.

1.3.1.4 Eletrodos Longos e Paralelos

Para o cálculo da resistência de pé de torres de linhas de transmissão, são aplicáveis as fórmulas


de DWIGHT, que definem as formulações para o cálculo da resistência própria (Rp) de um condutor
horizontal longo enterrado e da resistência mútua (Rm) entre dois condutores enterrados paralelos. A
dedução destas expressões pressupõe um potencial constante ao longo dos condutores, o que significa
que a sua precisão é inversamente proporcional à sua extensão.

L
ρ 2L h h2  ρ  4L d d2 
Rp = ln − 1+ − 2  Rm = ln − 1+ − 
πL  2a × h L 2L  2πL  d 2 L 16 L2 
onde, d<<L e
a - raio dos condutores (metros),
h - profundidade de enterramento (metros), e
d - espaçamento entre os condutores (metros).

A resistência equivalente dos dois cabos será dada pela redução do circuito abaixo apresentado.
A aplicação destas expressões para o cálculo da resistência de uma torre de LT, cujo aterramento é
constituído por dois contrapesos em cabo de aço de 3/8" (∅ 9,2mm) enterrados em solo de 500Ω.m, a
0,6 metros de profundidade, afastados de 10 metros entre si e com 100 metros de extensão resulta nos
seguintes valores:
− Rp = 12,8Ω
− Rm = 8,7Ω
− Reqv. = 10,7Ω

Rp Rp Rp-Rm Rp-Rm
Rp − Rm Rp + Rm
Rm Re qv = + Rm =
2 2
Rm

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1.3.2 Redução de Resistências de Aterramento

Pode-se distinguir, de maneira geral, duas formas básicas de se obter uma redução na resistência
de aterramento de uma malha, a saber, alteração da geometria da malha e/ou alteração do solo no qual a
malha está imersa.

As alterações na geometria da malha que efetivamente podem contribuir para a redução da sua
resistência são a ampliação da sua área e a utilização de hastes de aterramento, este último recurso
válido apenas em casos específicos que atendam às seguintes condições:
− malha de pequena área (de dimensão da ordem da espessura da primeira camada de solo);
− primeira camada de solo com espessura inferior a seis metros; e
− resistividade da primeira camada de solo bastante superior à da segunda camada.
As alterações possíveis de se realizar no meio em que a malha está imersa envolvem a
substituição de um certo volume de solo, imediato aos eletrodos de aterramento, por outros materiais,
que podem ser outros tipos de solo, componentes químicos etc

Esta substituição do solo, no entorno dos condutores, pode ser extensiva a toda a malha ou
apenas a uma fração da mesma, e pode ter diversos objetivos, a saber, garantir a aderência dos
eletrodos ao solo (no caso de superfícies rochosas), redução da resistência de aterramento da malha,
controle de corrosão e temperatura, uniformização da dissipação de corrente ao longo da malha etc.

A eficiência deste recurso na redução do valor da resistência de aterramento é inversamente


proporcional às dimensões da instalação, podendo vir a ser vantajoso em áreas reduzidas, mas
apresentando uma alta relação custo-benefício no caso de instalações de médio e grande porte.

A forma usual de substituição do solo consiste na adoção de "jaquetas" em torno dos condutores
da malha. Entende-se por "jaquetas" o revestimento, parcial ou total, dos condutores da malha por
materiais de resistividade diferente daquela predominante na camada de solo em que a malha se
encontra. Este processo, na sua forma mais geral, consiste no lançamento da malha em um leito
escavado no solo e previamente preenchido por um material específico.

A relação custo x benefício, deve ser avaliada considerando o custo envolvido nas
movimentações de terra e nos revestimentos dos condutores pelas "jaquetas", bem como a eficiência do
processo para o objetivo desejado.

São comentadas, a seguir, algumas alternativas que podem ser utilizadas para a substituição do
solo imediato aos condutores de malha de aterramento.

1.3.2.1 Coque ou Carvão Vegetal

Material de reduzida resistividade (cerca de 0,5Ω.m) que apresenta duas vantagens:


− redução dos níveis de corrosão da malha, tendo em vista que a condução na junção metal-coque se
processa pela forma eletrônica, sendo que presença de umidade anula em parte esta vantagem, já que
parte da condução, nestas condições, se processa pela forma iônica; e
− obtenção do efeito equivalente ao aumento do diâmetro dos condutores da malha, que pode
contribuir para uma redução da sua resistência de aterramento.

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1.3.2.2 Bentonita

A bentonita é uma argila natural que contém o mineral montmorilonita, de origem vulcânea,
material estável e não corrosivo, com uma resistividade de cerca de 2,5Ω.m a 300% de umidade.

Esta baixa resistividade é resultante do eletrólito que se forma pela adição da água, com a
vantagem, em relação às misturas de sais, que este eletrólito não escapa do local de instalação, já que é
um componente da argila.

Devido à sua natureza higroscópica, atrai e retém a umidade do meio em que é depositada,
podendo, em função da disponibilidade de água, aumentar até 13 vezes o seu volume, o que contribui
para melhorar sensivelmente a resistência de contato entre o eletrodo e o solo.

Neste processo de aumento de volume, a bentonita, que às vezes é adicionada a uma mistura
despolarizante de gesso, extravasa o seu leito inicial e penetra nas fendas do solo, ampliando sua área
no solo e atingindo, eventualmente, camadas de solo mais profundas com menor resistividade.

1.3.2.3 Concreto ou Solo-Cimento

Material também de natureza higroscópica, quando enterrado no solo apresenta resistividade da


ordem de até 25Ω.m, em função de seu traço e da umidade local, promovendo em solos de
resistividade entre média e alta, uma efetiva redução no valor da resistência de aterramento de
condutores enterrados e, também, contribuindo para a redução da corrosão dos mesmos.

Apresenta como desvantagem a possibilidade de apresentar rachaduras na junção com o metal,


que aumentam a resistência de contato e prejudicam a eficiência do conjunto. Estas rachaduras podem
ser decorrentes do aumento de volume dos pontos onde ocorre a corrosão do metal ou ainda do súbito
aumento da pressão interna, causado pela vaporização da umidade quando da circulação de níveis
elevados de corrente na junção metal-concreto.

Outra desvantagem advém da grande variação de resistência de aterramento que estruturas


imersas em concreto apresentam em função da umidade local, variações estas que poderão ocorrer ao
longo do ano, de acordo com as oscilações climáticas.

1.3.2.4 Tratamento Químico do Solo

O tratamento químico faz uso de sais (cloretos de sódio, carbonato de cálcio ou sulfatos de cobre
ou magnésio), que contribuem para reduzir a resistividade do solo, e constitui-se em um recurso para a
obtenção de baixas resistências de aterramento de hastes e condutores horizontais.

Verificam-se, porém, algumas restrições, como ao cloreto de sódio, por exemplo, que apesar de
ser capaz de apresentar um efeito imediato de redução da resistividade do solo, dilui-se na presença da
água e possui alto poder corrosivo sobre os eletrodos de aterramento.

Tem-se, portanto, que este tipo de tratamento, além de ter que apresentar uma relação custo x
benefício adequada, não deve ser lixiviável, corrosivo ou tóxico. O fator custo deve incluir o
tratamento inicial, a sua durabilidade, as eventuais reaplicações que se fizerem necessárias, bem como
a redução da vida útil da instalação devido à corrosão causada pelo tratamento. O fator benefício deve
quantificar a sua eficiência na redução da resistência de aterramento da instalação.

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1.4 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS A CORRENTES IMPULSIVAS
Os aterramentos quando submetidos à injeção de corrente impulsivas, tais como as associadas a
descargas atmosféricas ou a manobras de alguns equipamentos elétricos (como chaveamentos de
bancos de capacitores), apresentam um comportamento de impedância, ao contrário dos processos de
dispersão de correntes de baixas frequências para o solo, associados a apenas uma resistência.

A resposta ao impulso de aterramentos de pequena dimensão pode ser aproximada por um


circuito equivalente simples, onde a resistência de dispersão, válida para baixas frequências, é
associada a indutâncias e capacitâncias, que introduzem o fator tempo na resposta ao impulso. A figura
1.6 apresenta o circuito equivalente de uma haste de aterramento, assim como as expressões para o
cálculo dos seus parâmetros.

Deve-se observar que o parâmetro R corresponde à resistência de dispersão, enquanto que os


parâmetros L e C são equivalentes à indutância e capacitância fisicamente distribuídas ao longo da
haste. Estes últimos parâmetros introduzem um retardo na resposta do aterramento ao eletrodo.

ρ 2l onde,
R= ln
2.π . l r
µ .l 2l l = comprimento da haste (m)
R L L = 0 ln r = raio da haste (m)
2.π r
2.π . l.ε
C C= ε = εr x ε0
2l
ln ε0 = 8,84 x 10-12 (F/m)
r µ0 = 1,26 x 10-6 (H/m)

Figura 1.6: circuito equivalente de uma haste de aterramento e expressões dos


respectivos parâmetros (em ohms).

A resposta inicial dos eletrodos de aterramento longos a correntes de natureza impulsiva, é


semelhante à apresentada pelas de linhas de transmissão, onde as ondas de tensão e corrente sofrem um
processo de reflexão e refração nas descontinuidades da rede, apresentando variações de magnitude
com o tempo ao longo do eletrodo.

Malhas de aterramento submetidas a elevadas correntes impulsivas com origem em descargas


atmosféricas, comportam-se como uma impedância transitória, variando, no tempo, desde a sua
impedância de surto, até o valor da resistência de dispersão dos contrapesos. Este processo caracteriza
um valor dinâmico de impedância de aterramento, que apresenta duas componentes: a primeira, que é a
impedância de surto, ocorre na fase inicial do processo, e a segunda, denominada de resistência de
aterramento, é o valor para o qual a impedância do eletrodo converge.

Os principais parâmetros que determinam o comportamento transitório dos eletrodos são:


− as características elétricas do solo (resistividade, permissividade e permeabilidade);
− a geometria dos componentes do eletrodo de aterramento; e
− a magnitude e a forma de onda da corrente injetada no aterramento, bem como, a localização do
ponto de sua aplicação.

Dependendo dos valores destes parâmetros, o eletrodo pode apresentar um valor inicial de
impedância de surto maior ou menor que o valor da resistência de aterramento.

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Outro fator importante, que influencia as características transitórias de impedância do
aterramento, é a ionização do solo. Esta ocorre devido à dissipação para o solo de valores elevados de
corrente, usualmente associados à descargas atmosféricas, induzindo gradientes de tensão no solo
suficientemente elevados para romper o seu dielétrico até uma certa distância radial do eletrodo. Os
valores de gradientes de tensão para a ionização do solo dependem das características elétricas do
mesmo, e situam-se na faixa de 1 a 40 kV/cm. O efeito deste fenômeno é a formação de um envelope
de solo ionizado ao redor do eletrodo, que tem como consequência o aumento do raio efetivo do
eletrodo, acarretando em uma redução de 20 a 80% da sua impedância de aterramento.

O risco da ionização do solo em aterramentos de dimensões reduzidas em solo de elevada


resistividade é a vitrificação do material do solo no entorno da haste (fusão da sílica contida na areia), a
partir da sua extremidade inferior, que forma uma parede impermeável e isolante entre o material
condutor e o solo.

1.4.1 Desempenho do Aterramento de Torres

Admitindo uma torre com aterramento de geometria radial, no instante da injeção da corrente de
descarga (t = 0+), a impedância de pé de torre equivale ao paralelo das impedâncias de surto dos cabos
que convergem para o ponto de injeção da corrente. Com o passar do tempo (da ordem de alguns
microsegundos), à medida que as reflexões da onda de corrente nas extremidades dos condutores do
aterramento, e também no topo da própria torre, retornarem ao ponto de injeção, a impedância tende à
resistência de dispersão do aterramento (resistência à baixas frequências). As tensões no solo e os
campos elétricos e magnéticos nas proximidades de uma torre atingida por um raio apresentam
comportamento oscilatório amortecido, na frequência de ressonância da torre.

A figura 1.7 apresenta as curvas de variação da impedância no tempo, para arranjos de


aterramentos com comprimento total 1000 pés de cabo enterrado, com geometrias de um a quatro
contrapesos. Verifica-se que este tipo de aterramento está associado a baixas resistências de dispersão e
a altas impedâncias impulsivas.

A figura 1.8 apresenta o circuito equivalente que simula a variação da impedância de um


aterramento formado por condutores radiais, onde verifica-se que esta variação pode ser aproximada
por uma exponencial, cuja constante de tempo é diretamente proporcional ao comprimento de cada
perna de cabo contrapeso e inversamente proporcional à velocidade de propagação da onda de corrente
no condutor enterrado.

A impedância de surto de um eletrodo enterrado é função da sua geometria, de parâmetros


elétricos do solo (resistividade, permissividade e permeabilidade) e, também, da intensidade e
frequência da onda de corrente injetada, o que caracteriza esta impedância como um parâmetro não
linear.

Uma configuração com arranjos de condutores e hastes de aterramento, dispostos em segmentos


radiais relativamente curtos (da ordem de algumas dezenas de metros) pode proporcionar baixa
resistência de pé de torre frente a descargas impulsivas. Neste tipo de aterramento, em função dos
elevados gradientes de potencial na interface condutor/solo, decorrentes de descargas atmosféricas de
alta intensidade, pode ocorrer a ionização do solo e até a sua disrupção parcial, o que resulta no
aumento do raio efetivo dos condutores e na consequente redução da sua impedância transitória.

Uma consequência do fenômeno de ionização do solo, é a redução da resistência de pé de torre


ao impulso, com relação ao valor medido à baixa frequência. Na faixa de 5 a 15Ω de resistência de pé
de torre este efeito não é importante, mas para altas resistências esta redução pode ser bastante
acentuada.

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Aterramentos concentrados com muitos elementos radiais, com relação aos aterramentos com
poucos condutores longos, apresentam impedâncias de surto menores, e valores mais altos de
resistência de dispersão, devido à menor área. Estão também associados a processos transitórios mais
rápidos, caracterizados por constantes de tempo menores, decorrentes da pequena extensão dos seus
componentes e do grande número de reflexões do surto nas suas extremidades.

Z = 150Ω = impedância de surto (t = 0+)


R = 10Ω = resistência de dispersão
N = número de cabos
NS = 1000’ = comprimento total de cabo
Figura 1.7: curvas de variação da impedância para arranjos de 1 a 4 contrapesos
de 1000 pés de extensão.

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A impedância de surto e a resistência de aterramento de arranjos radiais de condutores podem ser
calculadas com o auxílio das expressões:
µ [ln (2 L / a ) − 1 + N ( n )] × [ln(2 L / a ) − 1 + M ( n )] Rd =
ρ
[ln(2 L / a ) − 1 + N (n )
Zc = e
2(nπ ) × ε ° × (ε r + 1)
2 n πL

onde,
n −1
1 + sen(mπ / n) n −1
1 + sen( mπ / n)
M (n) = ∑ ln × cos(mπ / n) , e N (n) = ∑ ln ,
m =1 sen(mπ / n) m =1 sen(mπ / n)

sendo, n - número de contrapesos,


L - comprimento de uma perna de contrapeso (metros),
d - diâmetro do contrapeso (metros),
h - profundidade de enterramento (metros),
a - raio efetivo do contrapeso = d × h (metros),
ρ - resistividade do solo (ohms.metro),
µ - permeabilidade absoluta do vácuo (4π x 10-7 H/m),
ε° - permissividade absoluta do vácuo (8,85 x 10-12 F/m),
εr - permissividade relativa do solo para altas frequências
[
εr = 35 + 37,5 e − 0 , 008( ρ −180 )
+e ]
− 0 , 0022 ( ρ − 80 )

Z (t ) = Rd + ( Zc − Rd ) e − t /τ

Rd

Zc - Rd Lc = 2 x L ( Zc - Rd )

Rd - resistência de dispersão dos contrapesos (em ohms),


Zc - impedância de surto equivalente dos contrapesos, (valores típicos entre 150 e 200Ω),
τ - 2.L/v = constante de tempo (1/µs),
L - comprimento de uma perna do contrapeso (em metros), e
v - velocidade de propagação do surto no condutor enterrado, cujo valor típico é 100 m/µs (1/3
da velocidade da luz).
Figura 1.8: circuito equivalente de aterramentos de torres com contrapesos radiais

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1.4.2 Desempenho de Malhas de Aterramento

A figura 1.9 apresenta o perfil de potenciais no solo acima do eixo de uma malha de aterramento,
submetida à injeção de uma descarga atmosférica no seu centro. Pode-se observar que este é um
processo dinâmico, em que a elevação transitória de potencial inicialmente se concentra no ponto de
injeção do impulso de corrente e, em seguida, se propaga progressivamente para toda a malha.

Figura 1.9: potenciais nos condutores de uma malha submetida a um impulso de


corrente padrão (1,2 x 50µs) de 1kA no seu centro.

1.4.3 Esforços em Condutores

Condutores percorridos por correntes impulsivas elevadas, tais como as que caracterizam as
descargas atmosféricas, são submetidos a dois tipos de esforços:
− mecânico - decorrente da atração mútua exercida entre os seus fios componentes, durante os
primeiros microsegundos (associados à frente de onda), e que resultam em uma diminuição do
diâmetro externo do condutor; e
− térmico - devido ao aquecimento ôhmico (da ordem de até algumas centenas de graus Celsius),
provocado pela circulação da cauda do surto, e da componente DC.

Pesquisas indicam que o esforço mecânico é o maior responsável pelo rompimento de


condutores submetidos a elevadas correntes impulsivas, e que em alguns casos o rompimento ocorre
por efeito térmico no ponto de maior constrição do cabo (maior redução de seção), sendo o efeito
térmico, portanto, apenas coadjuvante no processo de rompimento.

Verifica-se que o aço é o material que apresenta a maior resistência ao esforço mecânico,
seguido do cobre e do alumínio. Este último, além de possuir a menor resistência mecânica, está sujeito
ao fenômeno da eletromigração, caracterizada pela migração de material do condutor sujeito a elevadas
densidades de corrente, o que contribui para acentuar a redução da seção do condutor e ao seu
subsequente rompimento por efeito térmico.

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1.5 REFERÊNCIAS
1. “The World of Ice”, Brian John, Orbis Publishing, London
2. “Electromagnetic Probing of Permafrost”, Pieter Hoekstra e Duncan McNeill
3. "Choque Elétrico” - Geraldo Kindermann, Editora Sagra-Luzzato
4. "Bentonite Rods Assure Ground Rod Instalation in Problem Soils" - Warren R. Jones, IEEE Vol.
PAS-99, No 4, Jul/Ago/1980.
5. "Improvement of Grounding Properties by Use of Bentonite", Z. First e outros, 1982.
6. "Multi Step Analysis of Interconnected Grounding Electrodes" - Dawalibi F., Mukhedkar D.,
IEEE Transactions on PAS, Vol. PAS-95, Jan/Feb 1976
7. "Análise de Circuitos "Ladder" de Parâmetros Concentrados Excitados por Fontes de Corrente" -
S. T. Sobral, IX SNPTEE.
8. "Testing of Ground Conductors with Artificially Generated Lightining Currents" - John M.
Tobias, IEEE Transactions on IA, Vol. 32, May/June 1996

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ANEXO 1.I

CIRCUITOS DISTRIBUÍDOS E EM CASCATA

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CIRCUITOS DISTRIBUÍDOS E EM CASCATA

Circuitos formados por cabos nus longos enterrados, tais como contrapesos de linhas de
transmissão, são caracterizados por circuitos distribuídos, nos quais as impedâncias longitudinais e as
resistências transversais estão distribuídas ao longo de toda a sua extensão.

Já os circuitos em cascata ("ladders"), são caracterizados pela concentração das impedâncias


longitudinais e das resistências transversais a intervalos regulares. Dentre os circuitos associados a
sistemas de aterramento que apresentam esta característica, podem ser citados:
− cabos pára-raios e torres de LT's;
− neutro multiaterrado de redes de distribuição;
− mensageiro multiaterrado de linhas telefônicas aéreas; e
− blindagens multiaterradas de cabos de energia/telefonia.

A figura 1.I.1 apresenta um circuito distribuído, caracterizado por impedâncias e admitâncias


elementares (zl e yt), bem como as expressões para o cálculo dos dois parâmetros básicos associados a este
tipo de circuito, a saber, a Impedância Característica (Zc) e a Constante de Propagação (γ=α+jβ).

Estes dois parâmetros (Zc e γ) estão associados à solução das equações de onda, em regime senoidal
permanente, para circuitos de parâmetros distribuídos. A Impedância Característica representa, em
módulo, a impedância de uma linha semi-infinita (de x=0 a ∞). A Constante de Propagação possui duas
componentes, as constantes de atenuação (α) e de fase (β), que estabelecem as relações de módulo e de
deslocamento angular da onda ao longo do condutor, com relação aos valores no ponto de injeção.

Para estudos de aterramento, porém, modelos com parâmetros distribuídos não são adequados,
fazendo-se necessária a adaptação dos mesmos para parâmetros concentrados. A figura 1.I.2 apresenta um
modelo PI, que representa um módulo elementar de um circuito cascata, que pode ser equivalente a um
trecho de circuito distribuído, cujos parâmetros elétricos são uma impedância longitudinal (Zl) e duas
resistências transversais (Rt). A associação destes módulos em série caracteriza um circuito cascata,
representado na figura 1.I.3.

O circuito cascata possui a característica de, a partir de uma certa extensão (n° de PI's), apresentar
valor de impedância terminal constante, conhecida como "impedância ladder infinita" (Z∞). O número de
PI's necessários para que a impedância terminal do circuito cascata atinja o valor de Z∞ é dado pela
"constante de espaço" (CE), que caracteriza o decaimento da tensão e da corrente nos elementos
transversais do circuito. As fórmulas para o cálculo de Z∞ e de CE são apresentadas na figura 1.I.4.

Cumpre observar que o conceito de constante de espaço também pode ser associado a circuitos de
parâmetros distribuídos, sendo que neste caso, o valor de CE é dado pelo inverso da constante de
atenuação, que é a parte real da Constante de Propagação (CE = 1/γ).

A figura 1.I.5 apresenta a curva de decaimento da tensão nos nós de um circuito cascata, onde
destacam-se os seguintes pontos notáveis:
− tensão no nó V1;
− tensão no nó V(1CE) = e-1 ≈ 0,37 V1;
− tensão no nó V(2CE) = e-2 ≈ 0,14 V1; e
− tensão no nó V(3CE) = e-3 ≈ 0,05 V1.

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Tem-se, portanto, que a três "constantes de espaço" do início do circuito cascata, o seu potencial
terá reduzido-se a 5% do valor inicial. Isto significa que praticamente toda a corrente injetada no início do
circuito já foi dissipada para o solo, e que a fração desta corrente que desce pelo elemento transversal
n=3.CE é desprezível.

Uma consequência deste conceito é que, em circuitos com extensão superior a 6.CE, verifica-se o
desacoplamento entre os elementos transversais do circuito PI equivalente. Neste caso o elemento
longitudinal equivalente assume um valor muito elevado, que pode ser considerado infinito, e os
elementos transversais equivalentes igualam-se a Z∞, conforme ilustrado na figura 1.I.6.

A aplicação dos conceitos de circuitos cascata à modelagem de elementos longos enterrados,


permite a avaliação da adequação da extensão do trecho considerado para os módulos do circuito cascata.
O critério de avaliação parte do princípio que a extensão do módulo PI equivalente de um elemento
enterrado, deve ser fração pequena da sua constante de espaço, considerando os seus parâmetros
distribuídos (CE = 1/γ), de modo que a sua representação por modelos PI em cascata não resulte em uma
distorção considerável do verdadeiro perfil de potenciais ao longo do elemento.

A referência [5] apresenta uma série de técnicas de cálculo de circuitos "ladders", que facilitam a
redução dos mesmos a PI's equivalentes e permitem a obtenção das tensões e correntes em qualquer nó ou
ramo, para uma dada injeção de corrente.

Para exemplificar a aplicação dos conceitos apresentados pode-se calcular a Constante de Espaço do
circuito distribuído formado por dois condutores enterrados (contrapesos de aterramento de uma torre de
transmissão), que pode ser calculada a partir da impedância longitudinal (zl) e da admitância transversal
(yt) do condutor equivalente:
zl = 1,82+j2,06 ohms/km
yt = 1,44+j 0,19 mhos/km

γ = zl × yt = α + jβ = 1,77 + j 0,93
CE = 1/α = 1/1,77 = 0,56km

Para o cálculo dos parâmetros relativos ao circuito cascata formado pelos cabos pára-raios e pés de
torre de uma linha de transmissão (Zl=0,0772+j0,2029Ω e Rt=10,7Ω), tem-se:
Z∞ = 1,2925+j0,9704Ω --> |K| = 0,89 ==>
CE = -1/ln|0,89| = 8,6 vãos

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zl zl zl zl

yt yt yt yt

zl - impedância longitudinal elementar


yt - admitância transversal elementar

Impedância Característica - Zc = zl / yt

Constante de Propagação - γ = zl × yt
Figura 1.I.1: circuito de parâmetros distribuídos.

Zl

Rt Rt

Zl - impedância longitudinal do trecho de elemento enterrado


Rt - resistência transversal do trecho de elemento enterrado
Figura 1.I.2: modelo PI equivalente de um módulo elementar de um circuito
distribuído.

I1 I2 I3 In
1 2 3 n
zl zl zl i3 zl in
Rt Rt i2 Rt Rt
i1

Figura 1.I.3: circuito "ladder" equivalente e distribuição das parcelas de corrente


injetada.

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KxI
Zl
Ζοο
I
Rt Z∞ = Zl + Rt // Z∞

Zl Zl 2
Z∞ = + + Zl × Rt e CE=-1/ln|K|
2 4
Rt
onde K = = constante de divisão de corrente de Z∞
Rt + Z∞
Figura 1.I.4: parâmetros associados a circuitos "ladder".

V(nó)

0,37V1


1CE 2CE 3CE

Figura 1.I.5: decaimento da tensão ao longo de um circuito "ladder" infinito.

Zl

no vãos > 6CE


Yt Yt
Z∞ Z∞

Figura 1.I.6: desacoplamento entre os elementos transversais de um circuito PI


equivalente com extensão superior a 6CE.

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ANEXO 1.II

SIMULAÇÃO DIGITAL DE MALHAS DE ATERRAMENTO

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SIMULAÇÃO DIGITAL DE MALHAS DE ATERRAMENTO

A disponibilidade de métodos precisos e versáteis para a simulação de eletrodos de aterramento, é


uma imposição para a aplicação das técnicas mais atuais para o projeto e a avaliação de sistemas de
aterramento e para a elaboração de estudos de interferências.

Os parâmetros básicos na determinação do comportamento de eletrodos de aterramento são:


− resistências de aterramento (próprias e mútuas);
− potenciais em pontos na vizinhança do eletrodo; e
− fatores de distribuição de densidade de corrente ao longo do eletrodo.

Pode-se dizer que existem duas metodologias "clássicas" para a simulação digital de eletrodos de aterramento,
a saber, o método de corrente constante, e o método potencial constante. A aplicação destas duas metodologias por
parte de diversos autores, distingue-se pelas premissas simplificatórias por eles adotadas.

A utilização de técnicas de elementos finitos para a simulação de conjuntos de eletrodos de aterramento


complexos, vem a ser uma alternativa recente de cálculo. Para a utilização deste método, toda a área de influência do
conjunto de eletrodos em estudo é subdividida em unidades elementares (tetraedros, triângulos, segmentos de reta
etc.), e ao final dos cálculos serão conhecidos os potenciais em todos os vértices destas unidades.

MÉTODO DA CORRENTE CONSTANTE

A principal característica deste método é a consideração de densidade linear uniforme para a


corrente que flui para o solo de todos os segmentos condutores do eletrodo de aterramento. O valor
desta corrente por unidade de comprimento será i = I/L, onde I é o valor total de corrente injetada no
eletrodo e L é o comprimento total dos condutores. Este método foi utilizado para o estabelecimento da
sistemática de dimensionamento de malhas de aterramento utilizada pela norma americana IEEE-80,
tendo sido aperfeiçoada, posteriormente, por J.G. Sverak.

A norma IEEE-80 supõe que os condutores da malha são suficientemente extensos, de modo que
os efeitos devidos às bordas podem ser desconsiderados, admitindo também desprezíveis, os efeitos
devidos aos cabos de interligação.

O cálculo é realizado, portanto, como se a malha fosse constituída somente por condutores
principais (em apenas uma direção), de comprimento infinito, forma cilíndrica, e dispostos
paralelamente e igualmente espaçados.

Aproveitando a simetria cilíndrica, resultante do fato de considerar condutores infinitos, o IEEE


calcula o campo elétrico em pontos de superfície do solo, e a seguir, por integração, a diferença de
potencial entre pares de pontos. Em seguida, para o cálculo das tensões de toque e de passo, corrige os
resultados através de um coeficiente K, de modo a levar em conta a distribuição de corrente, que
depende do número de reticulados de que é composta a malha de aterramento.

O procedimento de cálculo adotado por Sverak utiliza uma geometria similar à usada pela norma
IEEE-80, admitindo porém um espaçamento variável entre condutores principais. Como na norma,
utilizando o fato de serem condutores infinitos, ele calcula o campo elétrico supondo densidade de
corrente constante. Todavia, para calcular o potencial, ele integra numericamente utilizando a regra de
Simpson, ao invés de utilizar a integração exata. O objetivo de usar a integração numérica, ao invés da
exata, é que o acúmulo de erros numéricos simula uma distribuição de corrente não uniforme, com
correntes maiores na periferia.

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MÉTODO DO POTENCIAL CONSTANTE

Os programas mais modernos para a simulação de malhas de aterramento, são desenvolvidos


com base em metodologia que considera o potencial constante em toda a malha e fazem uso de
modelos de solo com, pelo menos, duas camadas [2, 3, 4 e 5]. A formulação mais geral deve admitir
qualquer geometria de malha de aterramento, com eletrodos horizontais e verticais (hastes de
aterramento) em diversos níveis de profundidade, distribuídos pelas diversas camadas do solo, e ainda
a opção de simulação de malhas flutuantes.

A malha flutuante constitui-se em um conjunto de eletrodos não conectados à malha principal


mas dentro de sua área de influência, interagindo com ela por acoplamento resistivo. Apesar de não
participar diretamente do processo de difusão para o solo da corrente injetada na malha principal, a
malha flutuante altera a distribuição de correntes no solo e, consequentemente, os gradientes de
potencial na sua superfície.

Como resultado da simulação são fornecidas, usualmente, as seguintes informações:


− resistência de aterramento da malha ativa e as resistências mútuas entre esta e as malhas flutuantes;
− os perfis de potenciais na superfície do solo, para uma dada magnitude de corrente injetada,
fornecidos ao longo de direções previamente especificadas pelo usuário.

O método do potencial constante baseia-se no cálculo do potencial induzido por uma fonte
pontual de corrente em um ponto qualquer do solo. Para o modelo de solo de duas camadas, em que
tanto a fonte pontual de corrente quanto o ponto no qual é desejado o cálculo do potencial induzido
podem situar-se na primeira ou na segunda camada de solo, existem quatro situações possíveis,
representadas na figura 1.II.1.

Sejam G1, G2, G3 e G4 as funções que representam o potencial induzido pela fonte pontual de
corrente nas situações 1, 2, 3 e 4, respectivamente, de acordo com a figura 1.II.1 Essas funções
dependem dos seguintes parâmetros:
− coordenadas da fonte pontual;
− coordenadas do ponto de cálculo do potencial;
− espessura da primeira camada do solo;
− resistividade de primeira camada do solo;
− resistividade da segunda camada do solo; e
− corrente injetada no solo pela fonte pontual.
Convém ressaltar que estas funções tem uma relação direta com a corrente injetada no solo, ou
seja, pode-se definir as funções F1, F2, F3 e F4 a partir da relação Gi=I.Fi, onde I é a corrente injetada
no solo pela fonte pontual q.

Considere-se, agora, um segmento condutor dissipando no solo uma certa quantidade de


corrente, uniformemente distribuída pelo mesmo. Tem-se, como no caso anterior, quatro situações
possíveis apresentadas na figura 1.II.2. O potencial induzido por este segmento condutor em um ponto
do solo, pode ser calculado através da soma dos potenciais induzidos pelas infinitas fontes pontuais de
corrente (esferas elementares) que compõem este segmento.

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Esta soma de infinitos termos traduz-se através da integral das funções G1, G2, G3 e G4
efetuada ao longo deste condutor:
Vjx = ∫ Gi. ds = I ∫ Fi. ds = Vjx = ∫ Gi. ds = I ∫ Fi. ds

onde Vjx é o potencial induzido pelo segmento condutor j no ponto x, sendo I a corrente injetada no
solo pelo segmento condutor.

Estas integrais são calculadas analiticamente, a partir das novas funções F'1, F'2, F'3 e F'4,

obtendo-se: Vjx = I F ' i. ds

Em todos os casos práticos, uma malha de aterramento pode ser considerada como sendo
composta por uma série de segmentos condutores, cada um dissipando para o solo diferentes valores de
densidade de corrente, salvo a ocorrência de simetrias geométricas.

Os resultados das simulações de malhas de aterramento dependem de repetidos cálculos de


potenciais induzidos por segmentos condutores em pontos do solo, que tem por pré-requisito, a
determinação da distribuição da corrente pelos segmentos condutores, o que equivale a resolver um
sistema de equações lineares cuja dimensão depende do número de segmentos condutores que
compõem a malha, e que tem a seguinte forma:

I I I
S1.R1,1.-.l1 + S2.R2,1.-.l2 + ... + Sn.Rn,1.-.ln - R.I = 0
L L L
I I I
S1.R1,2.-.l1 + S2.R2,2.-.l2 + ... + Sn.Rn,2.-.ln - R.I = 0
L L L
. . . . .
. . . . .
. . . . .
I I I
S1.R1,n.-.l1 + S2.R2,n.-.l2 + ... + Sn.Rn,n.-.ln - R.I = 0
L L L

S1.l1 + S2.l2 + ... + Sn.ln + R.0 = L

onde,
n - número de segmentos condutores da malha,
R - resistência de aterramento da malha,
Rij - resistência mútua entre os segmentos i e j,
L - comprimento total de condutor da malha,
li - comprimento do segmento condutor i,
I - corrente total injetada na malha, e
Si = j/I = fator distribuição de densidade de corrente do condutor i (incógnita), com densidade de
corrente j

O termo Rij, que é a resistência mútua entre os segmentos condutores i e j, pode ser definido
como o valor médio do potencial induzido pelo segmento condutor i ao longo do segmento condutor j,
devido à dispersão de uma corrente unitária pelo segmento condutor i, de acordo com as situações
ilustradas na figura 1.II.3.

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O valor médio do potencial induzido pelo segmento condutor i ao longo do segmento condutor j
(Vij) é calculado através da integrais das funções F'1, F'2, F'3 e F'4:
1 1 I
Vij =
lj
∫ Vix. ds = ∫ I . F ' n. ds = ∫ F ' n. ds
lj lj
1
Fazendo-se I = 1, tem-se que Vij=Rij, ou seja: Rij =
lj
∫ F ' n. ds
Estas integrais são solucionadas através de métodos numéricos de integração.

Após a construção da matriz dos coeficientes, o que exige um certo trabalho computacional, as
incógnitas (S1, S2, ... Si, ... Sn, R e K) podem ser obtidas pela solução do sistema de equações,
utilizando métodos diversos, tais como inversão de matrizes ou por processo iterativo. Uma vez
calculados os valores das incógnitas, são obtidas a elevação do potencial da malha e as correntes
injetadas no solo por cada segmento condutor da malha, calculadas a partir da expressão:
I
Ci = Si li
L

Conhecidas as magnitudes das corrente injetadas no solo por cada segmento condutor, é possível
o cálculo do potencial induzido pelos mesmos, em qualquer ponto do solo, através das funções já
apresentadas.

Por ser o potencial uma função escalar, a soma dos potenciais induzidos por todos os segmentos
condutores em um ponto qualquer do solo é igual ao potencial absoluto deste ponto.

A partir do valor da elevação de potencial da malha e do potencial absoluto em qualquer ponto


do solo, pode-se obter os potenciais de passo e de toque em todos os pontos desejáveis.

Os resultados obtidos com base nesta metodologia de cálculo, tornam-se tão mais precisos
quanto maior for o número de segmentos condutores para um mesmo eletrodo. Isto é decorrência do
fato de se considerar uma distribuição uniforme de corrente ao longo de cada segmento condutor
individualmente, o que na realidade não ocorre. Esta consideração é tão mais próxima da realidade
quanto menor for o comprimento dos segmentos condutores, ou seja, quanto maior for o número de
subdivisões dos condutores.

O aumento do número de segmentos condutores implica em um aumento da dimensão do


sistema de equações lineares apresentado, exigindo-se, assim, um maior tempo computacional para a
sua construção e posterior resolução.

Existe, desta forma, um compromisso entre tempo de processamento e precisão dos resultados,
cabendo ao engenheiro responsável pelo estudo, determinar, com base na sua experiência, o número
adequado de segmentos condutores.

À partir da metodologia básica do método do potencial constante, foram desenvolvidos


refinamentos que permitem uma melhor representação das situações que se apresentam na prática.
Dentre estes recursos podem ser citados:
− cálculo de resistências próprias e mútuas de segmentos com quaisquer posições relativas (sem
restrições de paralelismo ou ortogonalidade);
− solos estratificados em múltiplas camadas horizontais ou verticais, ou hemisféricas concêntricas;
− consideração da impedância longitudinal dos segmentos enterrados e da existência de segmentos
condutores não enterrados; e
− inclusão do efeito de revestimentos semicondutores nos eletrodos enterrados.

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+ ---------------- + ----------------
| ρ1 1 | ρ1 2
h | q x h | q
+ ---------------- + ----------------
ρ2 x ρ2

+ ---------------- + ----------------
| ρ1 3 | ρ1 4
h | x h |
+ ---------------- + ----------------
q ρ2 q x ρ2
ρ1 - resistividade da primeira camada do solo,
ρ2 - resistividade da segunda camada do solo,
h - espessura da primeira camada do solo,
q - fonte pontual de corrente, e
x - ponto no qual se deseja calcular o potencial.
Figura 1.II.1: quatro combinações de fonte pontual de corrente q e de um ponto x
em solo de duas camadas.

+ ---------------- + ----------------
| j ρ1 1 | j ρ1 2
h | ----- x h | -----
+ ---------------- + ----------------
ρ2 x ρ2

+ ---------------- + ----------------
| ρ1 3 | ρ1 4
h | x h |
+ ---------------- + ----------------
----- ρ2 ----- x ρ2
j j
Figura 1.II.2: quatro combinações de um condutor j e de um ponto x em solo de
duas camadas.

+ ---------------- + ----------------
| i j ρ1 1 | i ρ1 2
h | ----- ----- h | -----
+ ---------------- + ----------------
ρ2 ----- ρ2
j
+ ---------------- + ----------------
| j ρ1 3 | ρ1 4
h | ----- h |
+ ---------------- + ----------------
----- ρ2 ----- ----- ρ2
i i j
Figura 1.II.3: quatro combinações de dois segmentos condutores i e j em solo de
duas camadas.

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CAPÍTULO 2

MEDIÇÕES EM SISTEMAS DE ATERRAMENTO

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2. MEDIÇÕES EM ATERRAMENTOS
Existem três tipos de medições que são tipicamente realizadas para o projeto ou avaliação de
aterramentos:
− resistividade do solo;
− resistência de aterramento; e
− teste de continuidade.
A resistividade é o parâmetro mais importante na análise do comportamento elétrico do solo,
sendo determinante do desempenho de eletrodos de aterramento à baixa frequência. Estudos e projetos
de aterramento exigem o conhecimento da resistividade do solo, parâmetro este essencial para o
cálculo de resistências de aterramento e de potenciais na superfície do solo.

A resistência vem a ser o parâmetro básico de avaliação de um aterramento, sendo que a sua
medição visa a confirmação de valores de projeto, o levantamento de dados para a realização de
estudos, ou a verificação da integridade dos eletrodos enterrados.

Foram desenvolvidas algumas tecnologias para medição de resistências de aterramento,


considerando a diversidade de configurações que sistemas de aterramento podem apresentar, dentre as
quais merecem ser citadas:
− malhas ou grupo de eletrodos de pequenas dimensões (no máximo com algumas dezenas de metros)
- tipicamente aterramentos de pequenas subestações ou de instalações de pequeno porte;
− malhas de aterramento de instalações de porte - grandes subestações ou instalações industriais;
− sistemas multiaterrados - redes telefônicas (blindagem dos cabos e mensageiro), redes de
distribuição (blindagem dos cabos e fio neutro), redes captoras de descargas atmosféricas com
muitas descidas, pára-raios de linhas de transmissão etc.

Nos dois primeiros casos aplica-se, usualmente, a técnica da queda de potencial. O princípio de
aplicação deste método, envolve a injeção de uma corrente de teste entre a malha a ser medida e um
eletrodo auxiliar de corrente, e a realização de uma série de medições de tensões entre a malha e um
eletrodo auxiliar de potencial.

Para o primeiro caso a utiliza-se o aparelho “Terrômetro”, acionado por uma fonte portátil de
tensão contínua (bateria ou pilhas). No segundo caso a medição não pode ser feita com o auxílio do
Terrômetro, que não dispõe de fonte com potência suficiente, fazendo-se necessária a aplicação de um
curto-circuito controlado para a terra e a utilização de malhas de medição auxiliares em locais remotos.

Para os sistemas extensos multiaterrados existem duas tecnologias. A primeira, como as


anteriores, faz uso da técnica da queda de potencial, porém utiliza um tipo especial de Terrômetro que
opera com frequência elevada (da ordem de dezenas de kHz), sendo tipicamente aplicável para a
medição de resistências de pés de torres de linhas de transmissão. As torres são interligadas pelos cabos
pára-raios, porém a injeção de uma corrente de medição de alta frequência faz com que a maior parte
desta corrente dissipe-se para o solo pelo aterramento da torre que está sendo medida, sendo a sua
circulação para as demais torres da linha de transmissão limitada pela elevada impedância do cabo
pára-raios para a frequência de medição. A segunda tecnologia para a medição de aterramentos
extensos multiaterrados utiliza um equipamento denominado pelos fabricantes “Ground Tester”, que
mede “loops de terra”.

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2.1 O TERRÔMETRO
Para a medição de resistividades do solo, assim como de resistências de aterramento de malhas
de pequenas dimensões (da ordem de até poucas dezenas de metros), utiliza um equipamento
denominado "TERRÔMETRO", que é composto, basicamente, por uma fonte de tensão alternada, por
um voltímetro e por um amperímetro, sendo que o mostrador do equipamento é calibrado para fornecer
a relação entre a tensão e a corrente (resistência). O equipamento possui 4 bornes, que são interligados
aos pontos de medição na superfície do solo através de quatro eletrodos, dois de corrente (C1 e C2) e
dois de potencial (P1 e P2).

A técnica de medição de resistividade do solo mais difundida para estudos de aterramento


elétrico é o método de Wenner, que emprega quatro eletrodos de medição igualmente espaçados, cujo
esquema básico de medições é apresentado na figura 2.1. A figura 2.2 apresenta a aplicação de um
terrômetro para a medição da resistência de um aterramento pela técnica da queda de potencial.

Figura 2.1: configuração Wenner para medição de resistividades aparentes do


solo.

Figura 2.2: configuração para medição de resistências de aterramento pelo


método da queda de potencial.

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2.1.1 Características dos Terrômetros

O comportamento do solo em uma situação real de medição de resistividade pode ser


aproximado por meio de um circuito equivalente, formado pela associação de cinco resistores,
conforme ilustrado na figura 2.3. As resistências de aterramento das hastes correspondem aos resistores
C1, P1, P2, e C2. No que se refere à corrente injetada no solo, o medidor “vê” as resistências de C1 e
C2 em série. A tensão entre as hastes de potencial será proporcional à corrente injetada, podendo ser
simulada, portanto, pela resistência R, dependente apenas da resistividade aparente e do espaçamento.

Esta modelagem desconsidera os efeitos de acoplamento indutivo entre os condutores de


corrente e de tensão que são usualmente lançados paralelamente no solo, o que é válido para
espaçamentos de medição inferiores a 32 metros.

As normas genéricas de aparelhos de medição recomendam a utilização dos mesmos no terço


superior da escala, e definem a classe de precisão estipulando um erro máximo em porcentagem do
fim-de-escala, mas que se aplica a qualquer medição, isto é, uma medição de 2Ω usando a escala de
20Ω de um aparelho de classe 5%, pode ter seu valor real entre 1Ω e 3Ω.

No caso específico de medidores de terra, o fabricante deve informar os valores máximos


admissíveis de resistência de aterramento das hastes de medição. Os melhores equipamentos, além de
informar estes valores para cada escala de medição, que usualmente são distintos para as hastes de
corrente e de tensão, possuem alarmes que alertam o usuário quando as condições de medição estão
fora da faixa admitida.

No caso de não serem disponíveis as informações do fabricante quanto aos valores máximos de
resistências das hastes de medição, é recomendável a realização de testes prévios, em bancada, com o
auxílio de um circuito como o acima ilustrado, que proporcione o conhecimento das limitações do
aparelho.

No campo, caso o equipamento não possua um sistema de alarme de condição inadequada de


medição, deve-se sempre medir, previamente, a resistência das hastes, o que pode ser feito com o
próprio equipamento, antes de se iniciar os procedimentos normais de medição. No caso das hastes
apresentarem resistências superiores aos valores máximos previamente determinados, pode-se tentar
reduzir estas resistências por umidificação do solo, com maior profundidade de cravação, ou pela
utilização de mais de uma haste em paralelo.

TERRÔMETRO

C1 P1 P2 C2

Figura 2.3: circuito equivalente da medição WENNER.

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2.2 RESISTIVIDADE DO SOLO

2.2.1 Medição pela Técnica de Wenner

As medições de resistividade do solo permitem a determinação de um modelo de solo, que


consistirá na melhor representação possível do meio no qual estão imersos os eletrodos de aterramento,
para efeito de cálculos de resistências ou para simulação digital. O modelo a ser obtido será limitado
pela quantidade e qualidade das medições de resistividade do solo disponíveis, e pelos recursos a serem
utilizados nos cálculos e simulações.

O método de Wenner foi desenvolvido por Dr. Frank Wenner, do antigo U.S. Buerau of
Standards (hoje NIST – National Institute of Standards and Technology), em 1915. Consiste na injeção
de corrente entre dois eletrodos externos C1 e C2 e na simultânea medição da diferença de potencial
entre os eletrodos internos P1 e P2 (figura 2.4), com os quatro eletrodos alinhados e igualmente
espaçados, cravados a uma profundidade que em geral, é uma pequena fração do espaçamento entre os
eletrodos.

O procedimento é realizado para diversos valores de espaçamento entre eletrodos (a), que
normalmente obedecem à seguinte progressão geométrica: a = 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64m.... Tem-se,
portanto, que para cada ponto de medição de resistividade do solo são efetuadas diversas leituras de
resistência, correspondentes à variação do espaçamento entre eletrodos, que podem ser associadas à
resistividade aparente do solo pela equação ρa = 2π.a.R, onde o termo 2πa, designado como fator
geométrico, refere-se a distribuição de corrente em um hemisfério isotrópico. O parâmetro R é a
resistência lida (em Ohms), dada pela relação entre a queda de tensão ∆V e a corrente injetada I (R =
∆V/I).

As medições resultam em tabelas de resistência x espaçamento entre eletrodos, que podem ser
plotadas em gráficos. A partir das várias curvas resistência x espaçamento entre eletrodos, para
diversos pontos distribuídos pelo terreno em estudo, pode-se obter um modelo de solo estratificado em
camadas, representativo de toda a área de interesse.

É importante observar que, para um dado ponto de medição, os valores obtidos de resistividade
aparente só serão coincidentes com a resistividade do solo, quando este apresentar resistividade
uniforme desde a sua superfície até a profundidade correspondente ao espaçamento dos eletrodos. Na
maioria dos casos práticos considera-se que as variações significativas da resistividade do solo no
espaço ocorrem principalmente com a profundidade, sendo menos significativas as variações laterais.

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Figura 2.4: configuração de medição de resistividades aparente do solo pela
técnica de Wenner e eixos para plotagem dos valores medidos.

2.2.2 Modelagem do Solo

O cálculo de resistências e potenciais no solo por meio de expressões simplificadas exige a


disponibilidade de um modelo de solo uniforme. Ocorre que este modelo só será válido para áreas que
apresentam solo de resistividade uniforme até uma profundidade razoável - no mínimo da ordem da
maior dimensão dos eletrodos enterrados - situação não muito frequente. Normalmente existem
múltiplas camadas de solo com diferentes resistividades. Variações laterais também ocorrem,
principalmente devido à existência de camadas de solos inclinadas em relação à superfície, inclinações
estas que são normalmente são pouco acentuadas, se levarmos em consideração as dimensões de
interesse (área a ser abrangida pelos eletrodos de aterramento).

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A determinação do modelo do solo de uma determinada região exige a realização de medições
de curvas de resistividade aparente para diversos pontos. As medições devem ser feitas num período
seco e, se possível, com o local já terraplenado e compactado. Os dados obtidos com estas medições
devem ser "filtrados", tendo em vista a eliminação de valores considerados atípicos, resultantes da
influência de "acidentes" locais, tais como rochas ou condutores enterrados no solo, não
representativos, portanto, do solo local.

Para a estratificação do solo, em um modelo de camadas horizontais paralelas, existem duas


alternativas de metodologia de trabalho:
− obter a curva média de resistividades aparentes do solo e fazer a estratificação por meio das curvas
padrão para solos de duas ou três camadas; ou
− utilizar um programa de computador para fazer a estratificação do solo com base em todos os
valores medidos considerados bons.

A segunda alternativa possibilita a obtenção de um melhor modelo de solo, pois a “média”


obtida pelo programa é mais representativa do que uma simples média (aritmética ou geométrica), uma
vez que utiliza recursos mais sofisticados (método dos mínimos quadráticos e técnicas de otimização).

2.2.3 Dedução da Expressão Utilizada no Método de Wenner

Seja o eletrodo pontual A, colocado à superfície de um meio homogêneo e semi-infinito, onde é


injetada uma corrente I. A difusão de corrente a partir deste eletrodo se faz radialmente, sendo a
densidade de corrente à distância x do mesmo dada pela expressão:
I I
J= =
S 2.π . x 2
I
P

A diferença de potencial entre dois pontos radiais e espaçados de dx é dada por dV = ρ.J dx, e do
eletrodo até a distância x será dada pela expressão:
x x I
V = ∫ ρ. Jdx = ∫ ρ. dx
0 0 2.π . x 2
ρ. I
como ρ e I são constantes tem-se: V =− .
2.π . x

Se considerarmos quatro eletrodos A, B, C e D alinhados e injetarmos uma corrente I entre A e


D teremos o arranjo de Wenner:

+I -I

A B C D
a

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É possível calcular a diferença de potenciais entre B e C a partir da seguinte expressão:
ρ. I ρ.( − I ) ρ. I ρ.( − I )
VBC = VB − Vc = − − + +
2.π . AB 2.π . BD 2.π . AC 2.π .CD

No caso particular do espaçamento constante entre eletrodos AB = BC = C D = a , a expressão


VBC reduz-se a:
ρ. I
VBC = ρ
2.π .a sendo a resistência dada, então, por RBC = VBC = .
I 2.π .a

Verifica-se, a partir desta dedução, que esta expressão é aplicável sempre que os eletrodos de
medição puderem ser considerados pontuais, o que ocorre quando a profundidade de cravação (p) for
muito menor do que o espaçamento entre eletrodos (a), ou seja: p << a.

2.2.4 Estratificação do Solo em Modelos de Duas Camadas

Um modelo de solo estratificado em duas camadas, conforme apresentado na figura 2.5, é


definido pelos parâmetros:
− ρ1 = resistividade da camada superior com espessura h, e
− ρ2 = resistividade da camada inferior com profundidade infinita.

NÍVELDOSOLO

ρ1 (Ω.m) Hρ1

ρ2 (Ω.m)
Hρ2 = ∞

Figura 2.5: modelo de solo de dupla camada.

A expressão que define o potencial de um ponto da superfície do solo devido à uma injeção de
corrente por um eletrodo pontual assume a seguinte forma:

ρ 1 . I  ∞
kn

I Vp = 1 + 2∑ 
2.π . r  [ ] 
1/ 2
n =1 1 + (2nh / r )
2
P  

ρ2 − ρ1
ρ1 h r onde K = =
ρ2 + ρ1
ρ2 coeficiente de reflexão na interface entre as
duas camadas de solo.

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O somatório da quatro parcelas que definem a diferença de potenciais entre os eletrodos P1 e P2
de uma medição pela técnica de Wenner (com espaçamento a) resulta na expressão:
ρ1. I  ∞
n  2
−1
 2
−1

∆V = 1 + 4∑ k  1 + ( 2.n.h / a )  −  4 + ( 2.n.h / a )   
2.π .a  n =1  

Desta fórmula obtém-se a expressão que exprime a resistividade aparente do solo, válida para a
medição realizada com o espaçamento a:
∆V  ∞
 −1 −1

= ρ 1 1 + 4∑ k n  1 + ( 2.n.h / a )  −  4 + ( 2.n.h / a )   
2 2
ρ a = 2.π .a.    
I  n =1  

A divisão ρa/ρ1 resulta na expressão que define as curvas de solos estratificados em duas
camadas.

Se considerarmos os solos que possuem a primeira camada com parâmetros unitários (ρ1 = 1Ω.m
e h = 1m.) podemos construir as curvas padrão de solos estratificados em duas camadas, definidas por
Tagg (figura 2.6), pela plotagem da família de curvas -1 < k < 1, nos eixos ρa/ρ1 e a/h.

O ajuste da curva média de resistividades aparentes medidas, plotada em uma escala


bilogarítimica, sobre um conjunto de curvas padrão traçadas na mesma escala, permite a obtenção, por
meio gráfico, da estratificação do solo em um modelo de duas camadas. Este ajuste é obtido pelo
deslocamento da curva medida sobre o conjunto padrão, com a movimentação nos eixos horizontal e
vertical, até que se consiga o melhor casamento possível entre as curvas (figura 2.7), método este que
pressupõe considerações subjetivas quanto à escolha da "melhor curva".

A plotagem das curvas de Tagg em escala bilogarítimica está associada à representação pela
função:
ln(ρa/ρ1) = F[ln(a/h)].

A coordenada de um ponto pertencente a uma das curvas padrão, com parâmetros unitários para
a primeira camada do solo, será:
− y = ln ρa - ln ρ1 = ln ρa --> no eixo Y
− x = ln a - ln ρ1 = ln a --> no eixo X
Os casos em que ρ1 e/ou h não são unitários justificam, portanto, a translação vertical (de -lnρ1)
ou horizontal (de -lnh) das curvas.

A estratificação do solo em um modelo de duas camadas pode ser também obtida por métodos
numéricos, utilizando o ajuste das curvas pelo processo iterativo dos mínimos quadrados, com
correções diferenciais, o que elimina a subjetividade da comparação por superposição de curvas e torna
mais rápida e precisa a modelagem. A equação das curvas padrão demonstra que a resistividade
aparente é função da resistividade e da espessura da camada superior do solo, e do coeficiente de
reflexão, ou seja, ρa = F(ρ1,k,h).

O objetivo do processo é a obtenção dos valores de ρ1, k e h que minimizam o somatório:


∑j
[Yj − Fj ( ρ 1i , k i , h i )]2 , onde Yj = valores medidos e

Fj ( ρ 1i , k i , h i ) = valores calculados em cada iteração i.

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A partir dos valores iniciais estimados de ρ1, k e h, o processo iterativo gera novos valores para
estas variáveis, encerrando-se quando ε < tolerância admitida, calculada a partir das variações
∆ρ 1 , ∆k , ∆h entre iterações consecutivas com a seguinte expressão:
∆ρ 1 ∆k ∆h
ε= + +
ρ1 k h

Este programa constitui-se em uma excelente ferramenta para a estratificação do solo em um


modelo de duas camadas, quando o resultado das medições evidencia este tipo de solo. Caso as
medições indiquem um solo de três ou mais camadas não é possível a sua utilização imediata. Nestas
circunstâncias, na falta de uma ferramenta mais precisa, recomenda-se a eliminação de uma ou mais
medidas (figura 2.7), ou a estratificação do solo por etapas (figura 2.8). Na primeira alternativa, o
procedimento aparentemente conservativo de se desprezar as camadas intermediárias de mais baixa
resistividade, de forma que as medições restantes permitam a caracterização de um modelo de solo em
duas camadas, pode levar a uma estimativa mais otimista da resistividade da camada mais profunda.

2.2.5 Cálculo da Resistividade Aparente do Solo

A resistividade aparente do solo (ρa , em Ohm.m) pode ser obtida a partir do conhecimento dos
parâmetros do modelo de solo estratificado em duas camadas e dos aspectos geométricos básicos da
malha, a saber:
− ρ1 = resistividade da camada superficial de solo;
− ρ2 = resistividade da segunda camada de solo; e
− H1 = espessura da camada superficial de solo.
− h - profundidade da malha de aterramento (em m);
− A - área da malha de aterramento (em m²);
A
Com a área da malha de aterramento calcula-se do raio r do círculo equivalente: r (m) =
π

Com base nestes parâmetros calcula-se o fator α:


− se ρ2/ρ1 < 1 e h/H1 ≥ 0,9 Î α = r/(2. H1.h);
− para as demais condições Î α = r/H1.
Com o fator α e a relação ρ2/ρ1, e com auxílio das curvas da Figura 2.9, determina-se o valor de
Ν. O valor de ρa é obtido então pela fórmula: ρa = Ν.ρ1.

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Figura 2.6: curvas padrão para a estratificação de solos em um modelo de duas
camadas.

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Figura 2.7: ajuste gráfico da curva média de resistividades aparentes sobre as
curvas padrão e estratificação do solo por etapas em um modelo de três
camadas.

Figura 2.8: aproximação de solos de três camadas por modelos estratificados em


duas camadas.

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Figura 2.9: curvas para o cálculo da resistividade aparente do solo.

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2.3 RESISTÊNCIAS DE ATERRAMENTO

2.3.1 Técnica da Queda do Potencial

No texto que se segue o termo "malha" designa o elemento cuja resistência deve ser medida, e o
termo "eletrodo" designa os elementos auxiliares de medição.

Para as medições de resistências de aterramento pelo método da queda de potencial, o eletrodo


de potencial é deslocado em uma série de pontos dispostos na superfície do solo, ao longo da reta que
une a malha de aterramento e o eletrodo de corrente, com afastamentos crescentes em relação à malha,
objetivando a detecção da elevação de potencial da malha em relação à terra remota (potencial zero)
devido à corrente de teste.

A realização desta medição exige alguns cuidados especiais em relação ao espaçamento entre a
malha e o eletrodo de corrente, que devem estar distantes o suficiente para que não ocorra a
sobreposição das respectivas áreas de influência, conforme ilustrado na figura 2.8. O correto
afastamento entre estes elementos, dá origem à formação de um patamar de potencial zero (terra
remota) entre os mesmos.

O eletrodo de potencial deve ser deslocado em relação ao aterramento sob medição, até a
estabilização dos valores de resistência medidos, o que significa que a terra remota (o patamar de
potencial zero) foi atingida. A figura 2.9 apresenta as curvas típicas de medição de resistência de
aterramento pelo método da queda de potencial, em função do arranjo dos eletrodos de corrente e de
potencial.

A curva A corresponde a uma medição na qual a malha e o eletrodo de corrente estão


suficientemente espaçados para assegurar a formação de um patamar, que corresponde ao valor da
resistência de aterramento. A curva B representa um resultado típico de medição efetuada com
espaçamento insuficiente entre malha e eletrodo de corrente, em que a não formação do patamar
impossibilita a identificação do valor da resistência de aterramento. Neste caso, é possível o
deslocamento do eletrodo de potencial em sentido contrário ao do circuito de corrente, o que permite a
formação de um patamar, conforme ilustra a curva C.

É muito comum, em instalações já existentes, a ocorrência de elementos metálicos enterrados


próximos ao eletrodo sob medição, tais como tubulações metálicas, ferragens de fundações e outros
aterramentos próximos. Estes elementos, apesar de não estarem interligados à malha, alteram a
distribuição das equipotenciais ao seu redor, o que pode resultar na formação de patamares que não
correspondem ao valor da resistência de aterramento da malha. Este tipo de patamar é formado devido
ao deslocamento do eletrodo de potencial ao longo de uma equipotencial formada pelo elemento
metálico enterrado. Desta forma, para a escolha da direção de deslocamento do eletrodo de potencial, é
importante a obtenção de informações relativas, não somente à geometria da malha, como também, ao
posicionamento dos principais elementos metálicos enterrados próximos.

O método da queda de potencial permite que o deslocamento do eletrodo de potencial possa ser
efetuado ao longo da mesma direção do circuito ou em outra direção qualquer. Disposições alternativas
correspondem ao deslocamento do eletrodo de potencial em direção perpendicular ou oposta com
relação ao circuito de corrente, objetivando a eliminação do acoplamento indutivo entre os circuitos de
medição (de corrente e de tensão). Entretanto, as interferências nas medições devido a este
acoplamento são desprezíveis para pequenos espaçamentos, somente tornando-se significativas em
medições de grandes malhas de aterramento, quando esta técnica de medição é utilizada com a injeção
de corrente em lugar do Terrômetro.

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Figura 2.8: perfis de potenciais na superfície do solo para arranjos de eletrodos
corrente com (b) e sem (a) acoplamento resistivo mútuo.

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Figura 2.9: curvas típicas de medição de resistências de aterramento, em função
da localização dos eletrodos auxiliares.

Frequentemente os manuais de medição de resistências de aterramento pelo método da queda de


potencial recomendam que as leituras se façam com o eletrodo de medição de potencial cravado no
solo a uma distância de 62% do espaçamento entre a malha e o eletrodo auxiliar de corrente, contados a
partir da primeira. Vamos examinar o porquê destes 62%.

Recordando que o potencial em um ponto da superfície do solo, distante x unidades de espaço de


uma fonte pontual de corrente I (onde ρ e I são constantes) pode ser calculado pela expressão:
ρ. I
V =− .
2.π . x

Se considerarmos a malha m, cuja resistência desejamos medir, e os eletrodos p e c alinhados, e


injetarmos uma corrente I entre m e c teremos o seguinte arranjo:
+I -I
ρ. I
Vm = V I − ,
2. π . D
m p c
d1 d2

D
onde VI é o potencial da malha com relação ao terra remoto devido à injeção de I.

O potencial no ponto p é determinado pela soma de duas parcelas de tensão, resultantes das
injeções de corrente I nos pontos m e c, conforme a expressão abaixo:
ρ. I ρ. I ρ. I ρ. I
Vp = − = − .
2. π . d 1 2. π . d 2 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 )

O valor de tensão no solo medido pelo terrômetro no método da queda de potencial será:
ρ. I ρ. I ρ. I
∆V = Vm − V p = V I − − + .
2. π . D 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 )

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Porém, se p está localizado no terra remoto entre os pontos m e c, então ∆V = VI.

ρ. I ρ. I ρ. I 1 1 1
∆V − V I = − − + =0=− − +
2. π . D 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 ) D d1 D − d1

Tem-se, então, a equação do segundo grau: d 12 + D. d 1 − D 2 = 0 .

D ( 5 − 1)
A solução desta equação resulta que d 1 = = 0,62D .
2

O atendimento desta restrição significa que o patamar da curva de resistências medida pela
técnica da queda de potencial, que caracteriza o valor da resistência de aterramento da malha sob
medição, está localizado em torno de uma distância de 62% do espaçamento entre a malha e o eletrodo
auxiliar de corrente. Cabe, porém ressaltar, que a aplicação desta expressão somente será válida sob as
seguintes condições:
− a malha deve estar bastante distante do eletrodo auxiliar de corrente, o suficiente para que não
ocorram efeitos de acoplamento resistivo mútuo entre os mesmos; e
−o solo deve ser ideal, uniforme e homogêneo, sem nenhuma estrutura que possa interferir na
circulação de correntes (seja enterrada ou aérea, porém multiaterrada).

2.3.2 Aspectos Relativos ao Posicionamento dos Eletrodos de Medição

A colinearidade dos eletrodos de corrente e potencial é um requisito básico dos diversos sistemas
de medição de resistividade do solo, que envolvem a injeção de corrente no solo entre dois eletrodos e
a determinação da resistividade média do solo dos diversos "caminhos" percorridos pela corrente na
região entre os eletrodos. Quando os eletrodos de corrente estão próximos, apenas os "caminhos"
superficiais são incluídos. Quando estão longe, regiões cada vez mais profunda do solo vão sendo
incluídas no processo. Esta geometria longitudinal da medição, exige o alinhamento dos eletrodos de
corrente e de potencial, caso contrário mede-se diferenças de potencial em um caminho diferente do
caminho principal de percurso da corrente injetada no solo.

Este requisito de colinearidade dos eletrodos de teste, é frequentemente extrapolado para a


medição da resistência de aterramento, que tem uma geometria semi-esférica e não longitudinal. Na
medição da resistência de terra, o circuito de corrente injeta corrente na malha, que difunde-se no solo
em todas as direções, aproximadamente dentro de uma semi-esfera (se o solo for relativamente
uniforme). Deseja-se medir a elevação de potencial de terra da malha até a Terra Remota, resultante da
injeção de corrente. A elevação de potencial medida dividida pela corrente injetada, estabelece o valor
de resistência da malha. A Terra Remota, teoricamente é qualquer lugar alem de um circulo imaginário,
bem distante das bordas da malha.

Como não há nenhuma direção previlegiada para se medir a elevação de potencial, não existe
qualquer obrigatoriedade de colinearidade dos eletrodos de potencial e de corrente. As medições feitas
por Eleck em malhas com valores ohmicos menores que um ohm, exigiam que houvesse
perpendicularidade entre os circuitos de corrente e de potencial, com o objetivo de minimizar o efeito
indutivo da corrente de medição sobre o circuito de medição de potencial.

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Tem-se, ainda, que se os circuitos de corrente e potencial estiverem em linha, a medição de
potencial até a Terra Remota pode ser completamente alterada pela injeção de corrente no solo nas
imediações do eletrodo de corrente, onde ocorre uma elevação de potencial no solo de polaridade
contrária daquela criada pela malha, na outra extremidade do circuito de corrente. Este fato dificulta a
formação de um patamar de tensão quando a medição de resistência de aterramento é realizada com os
circuitos de corrente e tensão alinhados, ao contrário do que ocorre quando os circuitos de corrente e
potencial são dispostos em direções perpendiculares, ou inclinadas.

O processo de medição pode ser assim resumido:


− colocação da haste auxiliar de corrente num ponto distante (em relação à dimensão da malha);
− medição da resistência em 3 pontos intermediários ao longo da distância malha-haste de corrente
(deslocamento da haste de 10% em torno de um ponto localizado entre 60% e 70% desta distância);
− se não é detectado um patamar, aumenta-se a distância, com o deslocamento da haste de corrente
para uma nova posição e repete-se o processo até que o patamar seja observado (quando registra-se o
valor da resistência medida);
− passa-se, então, a deslocar a haste de potencial numa direção aproximadamente ortogonal (ou
inversa, dependendo das restrições locais), mantendo a haste de corrente na posição original.

Adotando-se as mesmas distâncias para a haste de potencial em relação à malha usadas no caso
da medição de sucesso na direção anterior, a resistência medida deve ter valor aproximadamente igual
à medida naquele caso. Se isto não ocorrer, é recomendável escolher outra direção para a colocação da
haste de corrente e repetir todos os passos anteriores.

2.3.3 Técnica da Queda do Potencial com Alta Frequência

Este tipo de medição utiliza equipamentos que injetam no solo corrente com frequência elevada
(da ordem de dezenas de kHz), de modo a medir um valor de resistência do aterramento mais próximo
da sua resposta ao impulso.

Outra aplicação deste tipo de equipamento é a medição de aterramentos integrantes de sistemas


multiaterrados (aterramentos de pés de torres de transmissão ou de redes de distribuição e de telefonia).
Neste caso, a impedância longitudinal dos condutores de interligação com os outros aterramentos
impõe a dissipação da corrente injetada pelo aterramento local, limitando a corrente que fluirá pelos
demais aterramentos do sistema.

No caso de eletrodos de aterramento longos (contrapesos de torres de transmissão ou instalações


industriais, por exemplo) o valor de resistência medido será correspondente à porção da malha mais
próxima do ponto de medição.

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2.4 MEDIDORES DE “LOOP DE TERRA”
O medidor, semelhante a um alicate amperímetro (figura 2.10), abraça o rabicho do aterramento
a ser medido com dois entreferros, um ligado a uma bobina de um circuito indutor de tensão e o outro a
uma bobina de um circuito medidor de corrente. O primeiro circuito atua como o primário de um
transformador cujo secundário é o condutor de ligação com o aterramento a ser medido. O segundo
circuito mede a corrente circulante na mesma descida devido ao “loop” formado pelo aterramento a ser
medido e os demais aterramentos a ele interligados. O mostrador do equipamento apresenta o resultado
da razão entre a tensão induzida e a corrente medida, que possui dimensão de resistência.

Este tipo de equipamento, além de funcionar como alicate amperímetro (“true RMS”),
permitindo a medição de correntes de fuga em rabichos de aterramento, permite os seguintes tipos de
medições:
− resistências de aterramento em sistemas multiaterrados, tais como redes telefônicas (blindagem dos
cabos e mensageiro), redes de distribuição (blindagem dos cabos e fio neutro), pára-raios de linhas
de transmissão etc.; e
− testes de continuidade em instalações com elementos multiaterrados, tais como redes captoras de
descargas atmosféricas com muitas descidas e estruturas metálicas longas (“pipe/cable racks”,
esteiras transportadoras) ou em quadros de distribuição e em circuitos elétricos em geral.

Este equipamento mede a resistência total do “loop”, que inclui a resistência do aterramento que
desejamos medir (Rx) ligada em série com a resistência equivalente de todo os demais aterramentos
interligados, conforme ilustrado na figura 2.11. Considera-se que Rx >> Reqv, e que este último pode
ser considerado quase nulo. Aproxima-se, portanto, a resistência a ser medida por toda a resistência do
“loop” de terra, valor este que é adequado para efeito de avaliação e como teste de continuidade do
sistema.

Caso o “loop” seja metálico, ou seja, não envolva a circulação de corrente pela terra, e sim
apenas por condutores ou estruturas metálicas, a medição presta-se para a avaliação de continuidade
elétrica dos condutores e das conexões. Um exemplo deste tipo de aplicação vem a ser o teste do
sistema de aterramento e de proteção contra descargas atmosféricas ilustrado na figura 2.12, que pode
ser aplicado também a rabichos de aterramento de estruturas metálicas e em condutores de proteção
lançados em calhas ou em dutos de redes de distribuição de energia.

Os valores medidos em “loops” metálicos devem ser sempre baixos (R<1Ω), podendo chegar a
poucos Ohms quando envolvem grandes espiras (da ordem de dezenas de metros). Resistências da
ordem de dezenas ou centenas de Ohms denotam conexões deficientes. Resistências superiores a 1kΩ
indicam provável seccionamento do cabo ou conexão aberta/isolada.

Em um quadro de distribuição pode ser testada a continuidade dos diversos condutores de


interligação com aterramentos que convergem para a barra de terra, tais como neutro do alimentador
geral, rabicho do aterramento local e outros condutores de ligação equipotencial (aterramentos de pára-
raios, estruturas metálicas, tubulações, DG de telefonia etc.).

Os fios terra de circuitos de alimentação de equipamentos eletrônicos, ao contrário dos


condutores multiaterrados devem apresentar circuito aberto quando medidos com o “Ground Tester”.
Este resultado justifica-se pelo fato que estes condutores devem ser radiais, com um único ponto de
interligação com a malha, de modo a não formarem “loops de terra” que possam dar origem à
circulação de correntes por indução ou em condições transitórias (tipicamente quando da queda de
raios).

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Figura 2.10: medidor de “loop de terra” tipo alicate (Ground Tester).

Rx R1 R2 Rn-1 Rn

V 1 1
= Rx + Rx >>
I 1 1
∑i =1 Ri ∑
n n
i =1
Ri
Figura 2.11: medição de resistência de aterramento em sistema multiaterrado.

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Figura 2.12: teste de continuidade em “loop” metálico de sapcda.

2.5 TESTES DE CONTINUIDADE


O ensaio de continuidade de armaduras de concreto é importante para comprovar que essas
armaduras podem ser utilizadas como constituintes da gaiola de Faraday, para efeito da proteção contra
descargas atmosféricas, em especial quando essa utilização não foi prevista antes da fase de execução
da estrutura de concreto.

O artigo 5.1.2.5.5 da NBR-5419/2005, figura com o seguinte texto: “Para as edificações de


concreto armado existentes poderá ser implantado um SPDA com descidas externas ou, opcionalmente,
poderão ser utilizadas como descidas as armaduras do concreto. Neste último caso devem ser
realizados testes de continuidade e estes devem resultar em resistências medidas inferiores a 1Ω. As
medições deverão ser realizadas entre o topo e base de alguns pilares e também entre as armaduras de
pilares diferentes, para averiguar a continuidade através de vigas e lajes. As medições poderão ser
realizadas conforme o anexo E.”

Utiliza-se para esta medição o microhmímetro. A utilização de equipamento de medição tão


sensível não visa a precisão, e sim está associada à magnitude da corrente que estes equipamentos são
capazes de injetar no circuito a ser medido. Do ponto de vista prático, a utilização de uma máquina de
solda para verificar a continuidade elétrica das armaduras da construção vem a ser uma alternativa.
Neste teste alternativo promove-se o curto-circuito da máquina de solda sobre a armadura, entre os
pontos a ensaiar, e mede-se a tensão aplicada e a corrente resultante.

A experiência de campo tem mostrado que, com ohmímetros convencionais, é recomendável


limpar as superfícies de contato do ferro antes da medição, enquanto que, com máquina de solda, a
ligação pode ser feita sem qualquer cuidado especial. Esta limpeza, caso a corrosão do ferro não tenha
sido removida na própria operação de quebrar a cobertura de concreto, pode ser feita com uma lixa.

A própria operação de solda normalmente constitui uma prova de que a armadura selecionada é
adequada para servir como ponto de aterramento, desde que o terminal de terra da máquina de solda
seja ligado num ponto remoto da armadura, (em outro pilar, ou outro andar). Na realidade, a presença
de uma resistência no circuito exterior, acima de um limite muito limitado, apaga o arco.

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Um método de ensaio que proporciona resultados quantitativos, e não apenas qualitativos, com
de máquina de solda, baseia-se na seguinte seqüência básica de procedimentos:
− imposição da circulação de uma corrente elétrica entre os dois pontos da ferragem em que se deseja
fazer o teste de continuidade (utilizando o transformador monofásico da máquina de solda como
fonte de corrente alternada sem referência interna de potencial);
− leitura da corrente de ensaio e da tensão aplicada ao circuito; e
− elaboração de cálculos simples, que estabeleçam os limites entre os quais se situa o valor do módulo
da impedância da ferragem entre os dois pontos de medição.

De maneira geral a determinação da impedância entre os dois pontos da ferragem é difícil, em


virtude da dificuldade de medir a parcela da tensão que é aplicada à armadura (descontando-se,
portanto, a queda de tensão no circuito de injeção de corrente). Pode-se calcular, porém, com
segurança, valores limites para a impedância da armadura a ensaiar, em função dos parâmetros do
circuito de ensaio. A análise destes parâmetros permite restringir o afastamento dos valores limites.

Para exemplificar, em um ensaio com máquina de solda em um prédio, foram obtidas leituras de
tensão em vazio e corrente de curto-circuito para duas condições de teste, cuja relação resultou nos
seguintes valores de impedância:
− entre ferros da cobertura e do sub-solo – impedância total do circuito – 0,9985Ω; e
− sobre um vergalhão - impedância dos cabos da máquina de solda - 0,4876Ω.
Com base em duas hipóteses sobre a composição do circuito total medido (armaduras + cabos de
interligação) podemos calcular dois valores de resistência para as armaduras metálicas da construção:
− 1a hipótese – o circuito todo é puramente resistivo – Rarmadura = 0,9985Ω - 0,4876Ω = 0,51Ω;
− 2a hipótese – as armaduras apresentam comportamento predominantemente resistivo e os cabos 2de
interligação comportam-se predominantemente como indutâncias – neste caso temos – (Rarmadura) =
(0,9985Ω)2 – (0,4876Ω)2 Î Rarmadura = 0,87Ω.

Os dois valores obtidos para Rarmadura delimitam a faixa em que provavelmente a resistência total
das armaduras do prédio se encontra. Cabe observar que ambos os valores obtidos para Rarmadura
incluem a resistência de contato das garras dos condutores de medição, sendo estes valores, portanto,
conservativos.

2.6 REFERÊNCIAS
1. NBR-5419/2005 – “Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas”
2. "Medição da Resistividade e Determinação da Estratificação do Solo" - Projeto 03:102.01-004,
maio de 1992
3. "Medição da Resistência de Aterramento e dos Potenciais na Superfície do Solo - Procedimento",
Projeto 03:102.01-002, março de 1993
4. "A Estratificação do Solo por Método Numérico" - Celso Gomes Rodrigues, Eletricidade
Moderna, dezembro de 1986
5. “Cuidado com a Resistência de Aterramento das Hastes nas Medições de Resistividade do Solo” –
Artigo Técnico Apresentado no Seminário GROUND98 (Belo Horizonte, maio de 1998), Daniel
Kovarsky - Paulo E. F. Freire

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ANEXO 2.I

Anexo E (Normativo) da NBR-5419/2005


Ensaio de Continuidade de Armaduras

− E.1 A continuidade elétrica das armaduras de um edifício deve ser determinada medindo-se com o
instrumento adequado a resistência ôhmica entre a parte superior e a parte inferior da estrutura,
procedendo a diversas medições entre pontos diferentes. Se os valores medidos forem da mesma
ordem de grandeza e inferiores ao indicado no item 5.1.2.5.5 pode se admitir que a continuidade
das armaduras é aceitável.

− E.2 O instrumento adequado para medir a


resistência deve injetar uma corrente de 1A ou
superior entre os pontos extremos da armadura
sob ensaio, sendo capaz de ao mesmo tempo que
injeta essa corrente, medir a queda de tensão
entre esses pontos. A resistência é calculada
dividindo a tensão medida pela corrente injetada.
− E.3 Considerando que o afastamento dos pontos
onde se faz a injeção de corrente pode ser de
várias dezenas de metros, o sistema de medida
deve utilizar a configuração de quatro fios, sendo
dois para corrente e dois para potencial
(conforme fig E1) evitando assim o erro
provocado pela resistência própria dos cabos de
teste e de seus respectivos contatos. Por
exemplo, podem ser utilizados miliohmímetros
ou microhmímetros de quatro terminais em
escalas cuja corrente atenda as exigências de Figura E.1 – Método de Medição
E.2.
− E.4 Não é admissível à utilização de multímetro convencional na função de ohmímetro, pois a
corrente que este instrumento injeta no circuito é insuficiente para obter resultados
representativos.

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ANEXO 2.II

Anexo D (normativo) da NBR-5410/2004

Medição da resistência de aterramento

D.1 A título de exemplo, os procedimentos a seguir podem ser adotados quando a medição da
resistência de aterramento for necessária.

D.1.1 Método convencional com medidor de resistência de terra

D.1.1.1 Uma corrente alternada de valor constante circula entre o eletrodo de aterramento T e o
eletrodo auxiliar T1, localizado fora da zona de influência do eletrodo T (ver figura 23).

D.1.1.2 Um segundo eletrodo auxiliar, T2, que pode ser uma pequena haste enterrada no solo,
é inserido a meio caminho entre T e T1 e a tensão entre T e T2 é medida. A resistência de
aterramento dos eletrodos é a tensão entre T e T2 dividida pela corrente entre T e T1. Para
verificar se não há influência entre os eletrodos, duas novas medições devem ser realizadas
com T2 deslocado de 6 m na direção de T e 6 m na direção de T1.

D.1.1.3 Se os três resultados forem substancialmente semelhantes, a média das três leituras é
tomada como sendo a resistência de aterramento do eletrodo T. Do contrário, o ensaio deve ser
repetido com um maior espaçamento entre T e T1.

D.1.2 Método por injeção de corrente, com amperímetro e voltímetro

D.1.2.1 Neste caso, usam-se também dois eletrodos auxiliares, porém em geral não alinhados,
sendo a corrente compatível com uma tensão aplicada máxima de 50V entre o eletrodo de
aterramento e um eletrodo auxiliar (ver figura 24). A queda de tensão no eletrodo a ensaiar é
medida relativamente ao segundo eletrodo auxiliar.

D.1.2.2 Em geral procede-se como segue:


 Injeção de corrente entre os dois eletrodos auxiliares para determinar a soma das
resistências de aterramento respectivas (divisão da tensão aplicada pela corrente injetada).
 Injeção de corrente entre o eletrodo a ensaiar e o eletrodo auxiliar 1. Medir as tensões entre
cada eletrodo e o eletrodo auxiliar 2 e a corrente injetada. A partir destes valores calcular as
resistências de aterramento dos dois eletrodos, a ensaiar e auxiliar 1.
 Inverter as funções dos eletrodos auxiliares e repetir a operação anterior, determinando as
resistências do eletrodo a ensaiar e do auxiliar 2.
 Comparar os dois valores de resistência obtidos para o eletrodo a ensaiar e também a soma
dos valores obtidos para 1 e 2 com a resistência global medida diretamente. Se os valores
obtidos por medições diferentes forem semelhantes (caso habitual), esses valores são
válidos; caso contrário, devem-se utilizar localizações mais adequadas (mais afastadas)
para os eletrodos auxiliares.

D.2 Se o ensaio for realizado à freqüência industrial, a fonte utilizada para o ensaio deve ser
isolada do sistema de distribuição (por exemplo, pelo uso de transformador de enrolamentos
separados).

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ANEXO 2.III

EXEMPLOS DE ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO

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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 306.5 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 65.9 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 8.7 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.65 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 1.0 * 306.3 * 250.0 * 22.52 *
* * * * *
* 2.0 * 304.9 * 296.0 * 3.02 *
* * * * *
* 4.0 * 295.6 * 382.0 * -22.62 *
* * * * *
* 8.0 * 250.8 * 228.0 * 10.00 *
* * * * *
* 32.0 * 82.1 * 84.0 * -2.21 *
* * * * *
**************************************************************

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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 214.9 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 382.4 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 5.9 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO .28 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 216.6 * 215.0 * .74 *
* * * * *
* 4.0 * 225.1 * 238.0 * -5.41 *
* * * * *
* 8.0 * 256.1 * 228.0 * 12.33 *
* * * * *
* 16.0 * 308.1 * 335.0 * -8.02 *
* * * * *
* 32.0 * 350.6 * 340.0 * 3.13 *
* * * * *
**************************************************************

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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 150.7 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 22.0 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 4.0 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.75 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 1.0 * 149.6 * 128.0 * 16.86 *
* * * * *
* 2.0 * 143.1 * 163.0 * -12.24 *
* * * * *
* 4.0 * 114.1 * 122.0 * -6.51 *
* * * * *
* 8.0 * 58.4 * 47.0 * 24.27 *
* * * * *
* 16.0 * 27.2 * 26.0 * 4.42 *
* * * * *
* 32.0 * 22.6 * 30.0 * -24.54 *
* * * * *
**************************************************************

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**************************************************************
* *
* MODELO DE SOLO OBTIDO *
* ----------------------- *
* *
* - RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 57.4 *
* *
* - RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 26.6 *
* *
* - PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 14.3 *
* *
* - FATOR DE REFLEXAO -.37 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPAÇAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 57.3 * 59.8 * -4.15 *
* * * * *
* 4.0 * 57.1 * 50.7 * 12.53 *
* * * * *
* 8.0 * 55.4 * 60.6 * -8.66 *
* * * * *
* 16.0 * 48.4 * 46.7 * 3.62 *
* * * * *
* 32.0 * 36.2 * 36.5 * -.86 *
* * * * *
**************************************************************

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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 131.1 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 46.1 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 2.8 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.48 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 120.0 * 120.0 * .01 *
* * * * *
* 4.0 * 91.8 * 92.0 * -.17 *
* * * * *
* 8.0 * 60.0 * 59.0 * 1.70 *
* * * * *
* 16.0 * 48.6 * 53.0 * -8.27 *
* * * * *
* 32.0 * 46.6 * 43.0 * 8.39 *
* * * * *
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CAPÍTULO 3

MATERIAIS UTILIZADOS EM ATERRAMENTO

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3. MATERIAIS UTILIZADOS EM ATERRAMENTO

3.1 O PROBLEMA DA CORROSÃO


Corrosão é uma forma de ataque destrutivo aos metais, geralmente causada por reações químicas
ou eletroquímicas entre metais e o meio ou outro material.

Os metais possuem diferentes potenciais eletroquímicos, decorrentes da instabilidade produzida


pelos seus átomos periféricos. Se dois metais diferentes são interligados e imersos em um eletrólito,
haverá a formação de uma pilha galvânica, com a movimentação de íons de um metal para outro
através do eletrólito, devido à diferença de potencial entre eles. O metal mais eletronegativo sofrerá
corrosão, pois doará íons, perdendo massa.

Sentido da corrente Sentido dos elétrons

Solução (meio)

- +
- +
- +
Anodo (corroi – pois - + Catodo
perda de massa) (aumento de massa)

Figura 3.1: processo da corrosão.

METAL POTENCIAL ELÉTRICO


(Volts)
OURO +1,42
PRATA +0,7996
FERRO +0,770
COBRE +0,3402
ALUMÍNIO -1,706
ZINCO -0,7628
ESTANHO -0,1364
NÍQUEL -0,23
CROMO -0,74
CHUMBO -0,1263
Tabela 3.1: potenciais eletroquímicos dos metais.

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São diversas as formas de corrosão:
− uniforme - é identificada uniformemente ao longo de toda a superfície do material;
− localizada - geralmente o tipo de corrosão mais danosa, é caracterizada por pequenos pontos de
corrosão (“pits”) identificados em regiões localizadas do material (pode propagar-se para o interior
do material, criando furos);
− por zonas - quando o material apresenta apenas partes corroídas, sendo o meio termo entre a
corrosão uniforme e a corrosão localizada; e
− intergranular - ocorre microscopicamente, nas adjacências dos grãos que compõem o metal.
A corrosão pode ser classificada por classes:
− química – quando ocorre reação química entre o meio e o metal, classe de corrosão cada vez mais
rara, devido à utilização de composições diferentes de materiais ou banhos que reduzem
sensivelmente a corrosão ao material da tubulação;
− eletroquímica - ocorre quando há passagem de corrente através de metais diferentes imersos em um
eletrólito (ar, água, solo, etc), corrente esta que pode ser gerada devido a:
• contato entre dois metais com potencias elétricos diferentes (ex: cobre e alumínio),
• metais iguais mas em estados metalúrgicos diferentes (ex: alumínio e duralumínio),
• fontes de potencia, que circulam livremente através de metais diferentes – ex: trilhos eletrizados;
− diferencial - devido a meios diferentes, por exemplo, quando um mesmo material enterrado sofre
decomposição devido à exposição a diferentes tipos de solos; e
− entre o mesmo tipo de material, mas em diferentes estados superficiais (ex., quando há substituição
de uma parte danificada de uma tubulação antiga por uma nova - a corrosão é mais severa quanto
menor for a sessão nova em comparação a tubulação antiga).

Figura 3.2: exemplos de corrosão eletroquímica em tubulações enterradas – em


uma válvula e em um trecho sujeito à circulação de correntes contínuas no solo.

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Dentre os principais processos envolvidos na perda de massa pelos eletrodos de aterramento
destacam-se:
− interligação entre metais diferentes;
− heterogeneidades no aço ou ferro;
− heterogeneidades do solo; e
− eletrólise causada pela circulação de correntes elétricas.
A imposição de correntes elétricas a metais enterrados superpõe-se aos processos acima citados,
cabendo lembrar que além dos riscos associados à corrente contínua, existe referência à corrosão
causada por correntes alternadas à frequência industrial, em metais imersos em solos de muito baixa
resistividade (< 10Ω.m).

Quando um metal é introduzido em um meio, os potenciais deste meio tendem a se equilibrar, o


que resulta na circulação de corrente que causa corrosão. Metais imersos em meios semi-condutivos
(solo ou água) apresentam diferenças de potenciais naturais nas superfícies de contato. Metais
diferentes enterrados e interligados dão origem à circulação de correntes, em função dos diferentes
potenciais naturais. Neste processo, o metal que libera corrente (o anodo) sofre o processo de corrosão,
ficando protegido o metal que recebe a corrente (o catodo).

Heterogeneidades existentes no solo ou em um mesmo metal enterrado permitem a ocorrência de


micro e/ou macro células de corrosão, em um processo que resulta em que partes de um mesmo
material enterrado assumam comportamento anódico, libertando correntes e sofrendo portanto a
corrosão, enquanto que outras apresentam comportamento catódico.

A intensidade da reação que resulta no processo de corrosão será determinada pelos seguintes
fatores:
− diferenças de potenciais naturais entre os metais interligados ou entre regiões do mesmo material;
− composição química do eletrólito;
− nível de aeração do meio; e
− relação entre áreas dos materiais anódico e catódico.
3.1.1 pH do Solo

Apesar do pH não ser um parâmetro elétrico do solo, o seu conhecimento é importante para o
projetista de sistemas de aterramento, pois está intimamente ligado ao problema da corrosão. Solos
com pH inferior a 7 são ácidos, e com pH superior a 7 são alcalinos.

Tipicamente, os solos ácidos possuem pH entre 4 e 7. O cobre é atacado pelos solos ácidos,
podendo-se inferir que malhas de cobre neste tipo de solo possuirão vida mais curta. A acidez é
resultante de um processo natural de lavagem do solo em áreas de alto índice pluviométrico, onde as
chuvas removem os sais solúveis e as bases coloidais presentes no mesmo. Curiosamente, o alumínio
(que não é utilizado em malhas de aterramento), não é atacado pelos solos ácidos, sendo, porém,
sensível aos solos alcalinos.

Uma forma simples de avaliação da acidez do solo pode ser feita com a utilização de kits de teste
de pH utilizados em piscinas, segundo o seguinte roteiro:
− dividir toda a área a ser avaliada por um reticulado fictício, de modo a se obter cerca de 10 sub-áreas
de mesma superfície;
− em cada sub-área fazer uma escavação superficial da superfície (15cm) e colher um pequeno volume
de solo, livre de pedras, resíduos de vegetação, materiais orgânicos etc;

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− juntar todas as amostras, misturar bem em um balde limpo e colher uma pequena amostra com uma
colher de chá;
− coloque esta amostra em um copo limpo e cheio com água (destilada, se possível), misture bem e
deixe depositar por dez minutos;
− após este descanso, passar a água por um filtro (de papel ou pano limpo e seco) e seguir as
instruções do kit de análise.

Valores de pH iguais ou inferiores a 5 significarão solos bem ácidos, que atacarão o cobre da
malha, diminuindo a sua vida útil. Neste caso pode ser interessante superdimensionar a bitola do
condutor e/ou utilizar hastes de aterramento de camada mais espessa de recobrimento.

3.2 PROTEÇÃO DOS MATERIAIS CONTRA A CORROSÃO


A tabela 3.2 apresenta características de aplicação de diferentes metais utilizados em eletrodos
de aterramento, que poderão apresentar-se na forma de cordoalha (fios trançados) ou de vergalhão (de
cobre ou aço, tipicamente), respeitando as dimensões mínimas dos materiais constantes das normas
NBR-5410/2004 e NBR-5419/2005.

Uma primeira medida para se reduzir os problemas associados à corrosão é a não interligação de
metais diferentes, especialmente quando imersos diretamente no solo. Tem-se, porém, que relações
entre áreas dos metais anódico (o ferro, menos nobre) e catódico (o cobre, mais nobre) da ordem de
100, em meio não agressivo (pouco ácido), não dão origem a corrosão severa.

São os seguintes os métodos de proteção contra corrosão para elementos metálicos enterrados:
− revestimento das superfícies;
− superdimensionamento da seção do elemento enterrado; e
− proteção catódica.
O revestimento das superfícies metálicas (galvanização ou pintura, por exemplo) é mais
aplicável a estruturas de aço expostas à atmosfera, sendo insuficiente para a proteção de elementos
enterrados. A literatura técnica registra a aplicação da segunda e da terceira alternativas para a proteção
de eletrodos de aterramento de instalações de energia.

Um caso particular do revestimento das superfícies metálicas vem a ser o uso de ferragens de
fundação como elementos de aterramento. O concreto constitui-se em um meio uniforme, alcalino e de
baixa resistividade quando enterrado (tipicamente inferior a 100Ω.m), esta última característica
decorrente de ser um meio higroscópico. São admissíveis interligações entre cobre e aço quando ambos
estão embutidos no concreto ou entre cobre no solo e aço no concreto, neste último caso desde que a
conexão seja feita no interior do concreto ou seja externa, isto é, não enterrada. Dentre as razões que
justificam esta colocação podem ser mencionados:
− o concreto reduz o eletrólito, elimina a aeração e homogeiniza o meio;
− o potencial natural do aço é consideravelmente alterado quando o mesmo é embutido no concreto,
aproximando-se do valor do potencial galvânico do cobre na série eletroquímica, sendo o potencial
natural do cobre menos sensível a estas variações do meio;
− o elevado PH da argamassa de cimento promove a interrupção da corrosão, pela formação de um
filme protetor na superfície do aço (passivação do aço), que o protege de elementos agressores.

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3.2.1 Superdimensionamento dos Condutores de Aterramento

O NATIONAL BUREAU OF STANDARDS DOS EUA, analisou 36.500 corpos de prova e 95


tipos de solo, durante até 19 anos. Foram monitoradas as perdas de material em peso e espessura. Para
o cobre, em particular, foram as seguintes as perdas de espessura por corrosão:
− média de perda de espessura por corrosão distribuída - 0,0057mm/ano;
− máximo de perda de espessura por corrosão distribuída - 0,040mm/ano;
− média da perda de espessura por corrosão localizada - 0,025mm/ano; e
− máximo da perda de espessura por corrosão localizada - 0,150mm/ano.

Normalmente a avaliacao da duração do sistema de aterramento se faz com base na corrosão


localizada. No caso de subestações e usinas, onde a vida média prevista normalmente para o sistema de
aterramento é de 30 anos, é necessária uma espessura mínima de camada de cobre das hastes de
0,025mm/ano x 30 anos = 0,75mm, praticamente três vezes a espessura normalmente utilizada
(0,254mm).

Para que o sistema de aterramento suporte 30 anos, tempo compatível a vida útil de linhas de
transmissão, o superdimensionamento da camada de cobre para os cabos e hastes de aterramento pode
ser conservativamente assim calculado: 0,025mm/ano x 50 anos = 1,25mm.

3.2.2 Proteção Catódica

A proteção catódica pode ser feita por corrente impressa ou por anodos de sacrifício.

A proteção por anodos de sacrifício envolve o uso de um material que possua um potencial
elétrico mais elevado do que o do metal a ser protegido. Esse material constitui o “anodo de sacrifício”,
que sofre corrosão preservando assim a tubulação ou estrutura. Esse método possui um custo menor e
uma baixa velocidade de perda de massa, suficiente para durar o mesmo tempo de vida útil do material
enterrado. Um estudo é necessário para descobrir as dimensões para o anodo de sacrifício, que vai
variar conforme a superfície de material a ser protegida.

A proteção por corrente impressa consiste no uso de um retificador com o pólo positivo
interligado à estrutura a ser protegida e com o pólo negativo a um conjunto de anodos, gerando uma
circulação de corrente que anulará a corrente que causa a corrosão.

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Figura 3.3: sistema de proteção catódica de tanques de combustíveis em
um posto de gasolina.

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APLICAÇÃO CORROSÃO
MATERIAL AO AR LIVRE ENTERRADO EMBUTIDO EM RESISTÊNCIA RISCO ELETROLÍTICA
CONCRETO AGRAVADO
COBRE RECOMENDADA RECOMENDADA - A muitas Cloretos altamente -
substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
ALUMÍNIO RECOMENDADA - - - Agentes básicos Com o cobre
CHUMBO RECOMENDADA RECOMENDADA - Altas Solos ácidos Com o cobre
concentrações
de sulfatos
AÇO GALVANIZADO RECOMENDADA RECOMENDADA RECOMENDADA Boa, mesmo - Com o cobre
em solos
ácidos
AÇO COBREADO RECOMENDADA RECOMENDADA - A muitas Cloretos altamente -
substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
ALUMÍNIO RECOMENDADA - - A muitas Cloretos altamente -
COBREADO substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
Tabela 3.2: materiais utilizados em aterramento e resistência à corrosão.

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3.3 CONEXÕES EM ATERRAMENTOS
As conexões elétricas utilizadas em aterramentos devem possuir as seguintes características:
− alta qualidade e vida útil compatível com a aplicação;
− performance uniforme, independente das variações de tempo, clima ou meio; e
− não devem introduzir pares galvânicos ou resistências de contato variáveis por influencia de agentes
externos.

Ao visualizarmos microscopicamente os diversos tipos de conexões, devemos lembrar que a


corrente elétrica flui conforme a seção geométrica sobreposta de uma peça condutora sobre a outra.
Pode-se considerar três tipos de conexões em aterramento:
− conexões mecânicas – que são de fácil aplicação e de custo mais baixo, porém apresentam algumas
desvantagens - possuem apenas alguns pontos de contato, o que dificulta a passagem de corrente,
originando pontos de alta temperatura e facilitando a oxidação, e necessitam de manuteção;
− solda exotérmica – utilizam o processo de aluminotermia, por fusão a alta temperatura dos materiais
a serem interligados, garantindo um contato contínuo ao longo de toda a superfície de conexão,
porém as altas temperaturas podem comprometer a resistência mecânica do material e danificar
eventuais revestimentos protetores, especialmente nas partes do material externas ao molde e
próximas do local de soldagem; e
− conexões por compressão – utiliza conectores especiais submetidos a grande pressão (12 ton) por
meio de alicates de compressão hidráulicos.

Conexões mecânicas devem apenas ser utilizadas acima da superfície do solo e exigem
manutenção periódica (no mínimo anual), e as conexões por solda exotérmica e por compressão podem
ser enterradas.

Figura 3.4: conexões mecânica e por solda exotérmica.

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Tipo de eletrodo Dimensões mínimas Observações
Tubo de aço zincado 2,40m de comprimento e diâmetro nominal de 25mm Enterramento totalmente vertical
Perfil de aço zincado Cantoneira de (20mmx20mmx3mm) com 2,40m de Enterramento totalmente vertical
comprimento
Haste de aço zincado Diâmetro de 15mm com 2,00 ou 2,40m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Haste de aço cobreado Diâmetro de 15mm com 2,00 ou 2,40 m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Haste de cobre Diâmetro de 15mm com 2,00 ou 2,40 m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Fita de cobre 50mm² de seção, 2mm de espessura e 10m de comprimento Profundidade mínima de 0,60m
(largura na posição vertical)
Fita de aço galvanizado 100mm² de seção, 3mm de espessura e 10m de comprimento Profundidade mínima de 0,60m
(largura na posição vertical)
Cabo de cobre 50mm² de seção e 10m de comprimento Profundidade mínima de 0,60m
(posição horizontal)
Cabo de aço zincado 95mm² de seção e 10m de comprimento Profundidade mínima de 0,60m
(posição horizontal)
Cabo de aço cobreado 50mm² de seção e 10m de comprimento Profundidade mínima de 0,60m
(posição horizontal)

Tabela 3.3: eletrodos de aterramento convencionais.

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