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INTRODUÇÃO
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ATERRAMENTO ELÉTRICO
CONCEITOS BÁSICOS E MEDIÇÕES
INTRODUÇÃO
Tem-se, portanto, que o aterramento não se restringe aos elementos enterrados, estendendo-se até os
componentes dos diversos subsistemas:
estruturas e edificações - ferragens e elementos metálicos estruturais;
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas - elementos captores e descidas;
redes de energia - cabos pára-raios das linhas de transmissão, blindagens de cabos de energia, condutor
neutro de redes de distribuição, condutor de proteção de circuitos em baixa tensão; e
equipamentos eletrônicos e cabeações de sinais - blindagens, malhas de referência de sinais, “racks” e
chassis de equipamentos etc.
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A situação mais crítica para o dimensionamento e a avaliação dos sistemas de aterramento destas
instalações vem a ser a condição de curto-circuito, quando a circulação de corrente nos componentes da
rede, e destes para a terra, atinge valores muito altos, da ordem de milhares de Ampéres (kA), e a sua
eliminação pelos sistemas de proteção (relés e disjuntores) demanda tempos elevados, da ordem de
décimos de segundo.
Nas redes de distribuição em posteação, convivem as cabeações da média tensão (tipicamente até
15kV), da baixa tensão e a rede telefônica. Os critérios de projeto de redes de telefonia a serem atendidos
para a obtenção da coordenação de isolamento foram estabelecidos pelo PROTEL - Grupo de Proteção
Elétrica da Telebrás. De acordo com o PROTEL, nenhuma vinculação deve ser efetuada entre a posteação
da rede de uso mútuo (que pode estar interligada aos aterramentos da rede elétrica de distribuição em
média e baixa tensão), cabos mensageiros e blindagens de cabos telefônicos, de forma que estes
condutores devem ser considerados como dois circuitos não interligados, e separados do neutro da rede de
distribuição de energia. Tem-se, portanto, que ao contrário dos demais sistemas, neste tipo de rede os
aterramentos dos três subsistemas (rede elétrica, cabo mensageiro e cabo telefônico) são separados.
Estudos nas diversas áreas acima relacionadas devem fazer parte do projeto de novas instalações ou
da ampliação/reformulação de sistemas já existentes. Dentre as situações que requerem a avaliação e o
eventual redimensionamento destes sistemas, podemos citar:
− a ampliação de instalações já existentes;
− a implantação de sistemas eletrônicos sensíveis (redes de microcomputadores, sistemas de
comunicação, supervisão e controle etc.);
−a detecção de problemas em instalações já existentes (choques em estruturas metálicas, falhas na
operação de sistemas eletro-eletrônicos, queima de componentes eletrônicos, mau funcionamento de
equipamentos etc.);
− a ampliação de SE's ou a construção/ampliação de instalações vizinhas às mesmas (indústrias, CPD's,
redes de tubulações metálicas etc.); e
− a reformulação de instalações, considerando as normas e padrões mais atualizados, visando níveis mais
elevados de confiabilidade.
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CAPÍTULO 1
nov/2005
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1. ATERRAMENTO ELÉTRICO - CONCEITOS BÁSICOS
Sistemas de aterramento são constituídos por uma rede de eletrodos enterrados e por condutores
de interligação, e tem por objetivo:
− prover um meio de escoamento de correntes elétricas para o solo, sejam descargas atmosféricas
diretas, curtos-circuitos envolvendo a terra, desbalanços na rede de energia ou cargas elétricas
estáticas;
− estabelecer um referencial para a terra, de baixa impedância, tendo em vista a atuação eficiente de
dispositivos de proteção, bem como a operação adequada de equipamentos eletrônicos;
− equipotencialização da superfície do solo no interior e na periferia de subestações de energia, quando
da ocorrência de curtos-circuitos para a terra, tendo em vista o controle dos potenciais de passo e
toque;
− prover as instalações em geral, de uma rede de condutores que permita ligações curtas e seguras de
todos os equipamentos e estruturas para os eletrodos de aterramento.
Entende-se por eletrodos de aterramento quaisquer elementos metálicos enterrados que podem
dissipar correntes elétricas para o solo, sejam aqueles dedicados exclusivamente para este fim, tais
como os cabos de cobre nu e as hastes de aço-cobreado, ou aqueles que exercem primariamente outras
funções, tais como tubulações metálicas e ferragens de fundações.
A figura 1.1 apresenta as elevações de potenciais no solo decorrentes da injeção de uma corrente
à frequência fundamental (50/60Hz) e de uma corrente de alta frequência (0,5kHz) em uma malha de
aterramento típica de subestação (reticulada). No primeiro caso é obtida uma razoável
equipotencialidade do solo, dentro dos limites impostos pela geometria da malha, enquanto que no
segundo caso a elevação transitória do potencial restringe-se, praticamente, à região do solo próxima ao
ponto de injeção da corrente na malha.
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Figura 1.1: potenciais no solo devido à injeção de correntes de baixa e de alta
frequência em uma malha de aterramento.
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1.1 PARÂMETROS ELÉTRICOS DO SOLO
As equações de Maxwell definem a relação entre os vetores que caracterizam o campo
eletromagnético em um determinado meio, que no caso de estudos de aterramento é o solo, no qual a
malha de aterramento encontra-se imersa. Nestas equações o solo é caracterizado por três parâmetros
(que no caso mais geral são variáveis no tempo e no espaço):
− ρ - resistividade elétrica,
− µr - permeabilidade magnética relativa ao vácuo, e
− εr - constante dielétrica ou permissividade relativa ao vácuo.
No solo, o parâmetro µr pode ser considerado unitário, e o parâmetro εr assume valores dentro
da faixa de 5 a 30. Esses parâmetros somente são aplicáveis a estudos de aterramento envolvendo
fenômenos muito rápidos, tais como a injeção de correntes impulsivas, associadas a descargas
atmosféricas.
Corrente contínua ou em baixas frequências, pode fluir pelo solo de duas maneiras – pelo
movimento de elétrons (metálica) ou de íons (eletrolítica). A condução metálica caracteriza-se pelo
transporte dos elétrons na matriz da rocha, sendo o caso de certos minerais metálicos e dos xistos
grafitosos. A maioria dos solos não possui elétrons livres em quantidade suficiente para permitir a
condução metálica, o que faz com que a circulação de corrente elétrica nos solos seja, usualmente, de
natureza eletrolítica, resultante do deslocamento dos íons contidos na água retida no mesmo.
A resistividade dos solos de condutibilidade eletrolítica é função inversa dos seguintes fatores:
− porosidade total comunicante – ou seja da granulação da rocha e da distribuição e forma dos poros e
fissuras;
− quantidade de água - contida nos poros e fraturas da rocha, nos espaços entre partículas ou aderida à
superfície das mesmas; e
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− condutividade da água – dependente da concentração de sais e elementos químicos dissolvidos, e da
sua temperatura, no intervalo desde o ponto de liquefação até o de evaporação da água, quando
inicia-se o processo de aumento da resistividade, devido à diminuição do nível de umidade.
Deve-se salientar que quase todas as rochas são porosas e contém umidade, e é devido a esta
umidade que as rochas são condutores relativamente bons, apesar de seus constituintes minerais
(quartzo, feldspato etc.) serem maus condutores ou mesmo isolantes. Para valores altos de umidade, a
condutividade do solo aproxima-se da condutividade do eletrólito absorvido, enquanto que para baixos
níveis de umidade os valores de resistividade são governados pelas características elétricas do material
rochoso.
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1.2 CHOQUE ELÉTRICO E SEGURANÇA HUMANA
A segurança do ser humano em contato com instalações elétricas está associada ao risco de
choque. A tabela 1.2 apresenta os efeitos de diversos níveis de choque elétrico no corpo humano.
Dentre as possíveis consequências do choque elétrico no corpo humano podem-se destacar:
− alterações do sangue, resultantes de efeitos térmicos e eletrolíticos da corrente elétrica;
− perturbações no sistema nervoso, que podem levar a descontrole motor (espasmos musculares, que
podem ser intensos o suficiente para quebrar ossos) e até a parada respiratória;
− queimadura na pele e em órgãos internos, com riscos de necrose de tecidos; e
− distúrbios cardíacos - fibrilação ventricular e parada cardíaca.
Existem ainda os efeitos indiretos, quando existe arco elétrico, tais como:
− calor irradiado pelo arco a alta temperatura;
− trauma decorrente de som elevado e de forças vibratórias em torno do arco; e
− inalação e exposição a vapores tóxicos liberados pelo arco.
A resistência média do corpo humano é de cerca de 2000 ohms. A magnitude da corrente de
choque depende de diversas variáveis, tais como a tensão aplicada, área de contato com o corpo,
pressão aplicada, estado da pele (seca ou úmida) etc. Os efeitos do choque elétrico em baixas e altas
tensões são distintos. A circulação de correntes de até 25mA pelo corpo humano adulto é considerada
de pouco risco, não representando um risco de morte, podendo, no entanto, causar desconforto ou
dores. Em baixas tensões as correntes de choque dificilmente ultrapassam 300mA, sendo o motivo de
morte mais frequente a fibrilação ventricular. Em altas tensões as correntes de choque são da ordem de
Ampéres, sendo na maioria das vezes o choque fulminante, com morte por efeito térmico (queimadura,
fusão de carne e de ossos e vaporização de plasma e sangue), que ocorre bem antes da falência
cardiovascular. Em alguns casos a violenta e generalizada contração muscular que se segue ao choque
lança a vítima longe, havendo a possibilidade de recuperação, apesar de danos extensivos e sequelas de
médio e longo prazo.
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A fibrilação ventricular é um processo em que o batimento cardíaco perde o sincronismo devido
à despolarização das fibras musculares do coração, que passam a tremular desordenadamente, o que
resulta na perda da capacidade do músculo cardíaco de bombear o sangue. A reversão deste processo se
faz por meio do desfibrilador elétrico, que nada mais é do que um capacitor que é descarregado no
tórax da vítima. Esta descarga elétrica repolariza as fibras musculares do ventrículo, que voltam a
obedecer ao sinal sincronizador emitido pelo Centro Regulador Cardiovascular.
Jellineck, pesquisador de eletropatologias, considera que a morte por choque elétrico pode
obedecer a diversos tipos:
− “exitus interruptus” – quando a vítima morre imediatamente ao receber o choque elétrico, em
decorrência da inibição de funções vitais;
− “exitusretardatus” – quando a morte é lenta, e a vítima consegue gritar por alguns segundos,
morrendo em seguida por asfixia;
− “exitus dilatus” – quando a vítima sobrevive ao choque, morrendo horas ou dias após o acidente.
Com relação ao efeito da variação da frequência, pode-se afirmar que os seres humanos são
extremamente vulneráveis a correntes para a faixa de frequência próxima a 50 e 60Hz. A tolerância do
corpo humano à corrente contínua é, aproximadamente, cinco vezes maior do que para esta faixa de
frequência, sendo que para altas frequências, entre 3.000Hz e 10.000Hz, o corpo suporta correntes de
22 a 28 vezes mais altas. A figura 1.3 apresenta a curva que relaciona a intensidade das contrações
musculares com a frequência da corrente de choque.
Outro fator que contribui para a maior suportabilidade do corpo humano às frequências mais
altas é o “efeito skin”, que faz com que as correntes em altas frequências tendam a circular apenas pela
superfície da pele, sendo relativamente mais baixa a fração da corrente que circula pelos órgãos
internos, especialmente pelo coração.
A figura 1.4 ilustra as principais variáveis relacionadas com os conceitos de segurança humana,
a saber:
− tensão de falta (Vf) - existente entre o ponto onde ocorre a falta e a terra remota;
− tensão de contato ou de toque (Vc) - fração da tensão de falta que é imposta à pessoa que toca uma
massa metálica percorrida pela corrente de falta (ou por parte da mesma);
− tensão de contato presumida (Vcp) - máxima tensão de contato que pode ocorrer em caso de
ocorrência de falta de impedância desprezível na instalação;
− tensão de contato limite - tensão que uma pessoa pode suportar indefinidamente sem risco; e
− tensão de passo (Vp) - diferença de tensão na superfície do solo causada por uma circulação de
corrente de terra, entre dois pontos espaçados de um metro (convenção).
A terra remota vem a ser um local situado fora da área de influência dos eletrodos enterrados,
onde o solo não interfere mais na definição da resistência de aterramento dos mesmos. Correntes de
terra são decorrentes da operação desbalanceada de redes de energia, de fugas em instalações, da
circulação de correntes capacitivas, de faltas para a terra etc.
Se a falta e o contato se fazem fora desta área de influência dos eletrodos, tem-se, então que a
tensão de falta iguala-se à tensão de contato presumida. A diferença de tensão entre as tensões de
contato e de contato presumida vem a ser exatamente a tensão aplicada à resistência do contato,
normalmente caracterizada pela resistência de contato dos pés da pessoa com o solo. A tensão de
contato presumida só ocorre, na prática, se a pessoa estiver descalça sobre um piso condutivo, ou ainda
tocando com a mão livre em uma estrutura metálica aterrada.
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De acordo com a IEC, considera-se como limite admissível para tensões de contato em corrente
alternada de 110V e 220V, os tempos de 0,36s e 0,17s.
Tabela 1.2: correntes que circularão pelo corpo para diversas formas de
contato.
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contrações
musculares
Hz
20 40 60 10k
Figura 1.3: relação entre a intensidade das contrações musculares e a frequência
da corrente aplicada.
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Vf – tensão de falta
Vc – tensão de contato
Vcp – tensão de contato presumida
Vp – tensão no contato pé-solo
Rp – resistência de contato pé-solo
Rh – resistência do corpo humano (1000Ω)
Rm – resistência de aterramento da malha
Figura 1.4: variáveis envolvidas nos conceitos de segurança humana.
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1.3 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS À FREQUÊNCIA INDUSTRIAL
As principais variáveis que interferem no desempenho de um dado sistema de aterramento à
frequência industrial (50Hz ou 60Hz) são:
− a resistividade do solo;
− a geometria dos condutores dos aterramentos; e
− a magnitude da corrente injetada nos aterramentos.
Os valores destas variáveis estão relacionados com os seguintes parâmetros:
− a resistência de aterramento dos diversos eletrodos que compõem o sistema;
− as resistências mútuas (acoplamento resistivo) entre eletrodos;
− os potenciais na superfície do solo induzidos pelos eletrodos; e
− a elevação de potencial dos eletrodos.
Para fenômenos à frequência industrial, admite-se que o comportamento do solo é semelhante ao
de regime estacionário, quando as suas propriedades são, basicamente, caracterizadas pela resistividade
elétrica. A forte influência exercida pelo solo é bastante compreensível, por ser o meio no qual os
eletrodos encontram-se imersos.
A resistência mútua vem a ser o efeito exercido por um eletrodo de aterramento, que dissipa uma
corrente para o solo, sobre outro eletrodo existente dentro da sua área de influência. Este acoplamento
mútuo manifesta-se sob a forma de um potencial que surge no segundo eletrodo, mesmo que não
interligado ao primeiro eletrodo onde é feita a injeção de corrente. O efeito do acoplamento mútuo
entre os diversos elementos componentes de uma malha de aterramento (interligados entre si) pode ser
visualizado como uma redução da eficiência do conjunto, o que reflete-se no fato que a resistência de
aterramento de um conjunto de eletrodos de aterramento não coincide com o paralelo das resistências
dos seus elementos componentes.
10A
180V 45,9V 25,3V 17,3V 13,1V 10,5V
Rp=31,8Ω
Rm=4,3Ω
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A primeira haste pode ser chamada de aterramento principal e a segunda haste de aterramento
flutuante.
A resistência de aterramento da haste principal será dada pela relação entre a tensão na própria
haste e a corrente nela injetada:
Vp 318
Rp = = = 31,8Ω
Ip 10
A resistência mútua entre as duas hastes será dada pela relação entre a tensão na haste flutuante e
a corrente injetada na haste principal:
Vf 43
Rm = = = 4,3Ω
Ip 10
O circuito elétrico correspondente à configuração acima exemplificada será dado pelo esquema:
Rp-Rm=27,5Ω
31,8Ω 31,8Ω
Rm=4,3Ω
4,3Ω
Se as duas hastes forem interligadas elas formarão um aterramento único, cuja resistência poderá
ser calculada pela resolução do circuito série paralelo:
Rp − Rm Rp + Rm
Re qv = + Rm =
2 2
Este resultado demonstra o mencionado efeito redutor da eficiência aterramento formado por um
conjunto de vários elementos enterrados próximos, devido ao acoplamento resistivo mútuo entre os
mesmos, pois Reqv > Rp/2.
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A equipotencialidade de um grupo de eletrodos de aterramento interligados significa que as
quedas de potencial longitudinais nos mesmos são desprezíveis, de modo que todo o conjunto de
eletrodos assume um único potencial. Esta consideração é aplicável às malhas de aterramento de
dimensões usuais construídas em cabo de cobre, não sendo válida nas seguintes situações:
− malhas de grandes dimensões, tais como as de instalações industriais de grande porte;
− eletrodos longos, tais como os contrapesos (cabos de aterramento) contínuos das torres de linhas de
transmissão; e
− malhas em aço.
A não uniformidade da densidade superficial de corrente dispersada para o solo ao longo dos
elementos do eletrodo, significa que a dispersão de corrente para o solo pelo eletrodo não ocorre de
forma homogênea, em cada um dos seus segmentos elementares. Tipicamente a densidade superficial
de corrente dos condutores periféricos de uma malha de aterramento é superior à dos condutores
centrais, o que significa que os primeiros dispersam para o solo uma fração maior da corrente total na
malha do que os últimos.
potencial (p.u.)
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 2 4 6 8 10
distância (raios)
Figura 1.5: curva de potenciais no solo associada a um eletrodo semi-esférico.
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Cálculos de resistências de aterramento (próprias e mútuas) de geometrias de eletrodos
complexas e também de perfis de potenciais no solo, exigem a disponibilidade de programas para
computador, que permitem a simulação do comportamento de grupos de eletrodos de aterramento não
interligados (malha principal e malhas flutuantes), compostos por condutores horizontais e verticais,
lançados em solos homogêneos ou estratificados em modelos de múltiplas camadas (paralelas ou
hemisféricas), considerando-se a não uniformidade da distribuição de densidade de corrente ao longo
dos eletrodos.
Para geometrias simples de aterramento, em solos de resistividade uniforme ρ (em Ω.m), são
aplicáveis formulações específicas, que são apresentadas a seguir.
ρ × ln( 2l / a )
R=
l 2π × l
Para n hastes alinhadas e espaçadas de 3 metros entre si, tem-se Rn = k.R1 , onde k é dado pela
tabela:
n 1 2 3 4 5 6 7 8 9
k 1 0,56 0,40 0,32 0,26 0,23 0,20 0,18 0,16
A formulação para o cálculo da resistência de malhas fechadas considera apenas a sua área (A,
em m2)e a extensão total de cabo enterrado (L, em m), além do valor da resistividade do solo, sendo
aplicável a seguinte fórmula:
ρ π ρ
R= +
4 A L
Uma malha de aterramento de 10.000m2, com um total de 2.200m de cabo enterrado em um solo
com resistividade de 100Ω.m, apresentará uma resistência de 0,5Ω.
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1.3.1.3 Aterramentos em Cruz
Para um eletrodo em forma de cruz (com quatro braços de extensão l e raio a), aterramento
típico de torres de telecomunicações, temos a seguinte expressão:
ρ 4l
R= 1 + ln
4π × l a
Uma torre com um aterramento em cruz, formado por quatro eletrodos de 15m x 50mm2 (a =
4,58mm), em um solo de 500Ω.m, apresentará uma resistência de 21,7Ω.
L
ρ 2L h h2 ρ 4L d d2
Rp = ln − 1+ − 2 Rm = ln − 1+ −
πL 2a × h L 2L 2πL d 2 L 16 L2
onde, d<<L e
a - raio dos condutores (metros),
h - profundidade de enterramento (metros), e
d - espaçamento entre os condutores (metros).
A resistência equivalente dos dois cabos será dada pela redução do circuito abaixo apresentado.
A aplicação destas expressões para o cálculo da resistência de uma torre de LT, cujo aterramento é
constituído por dois contrapesos em cabo de aço de 3/8" (∅ 9,2mm) enterrados em solo de 500Ω.m, a
0,6 metros de profundidade, afastados de 10 metros entre si e com 100 metros de extensão resulta nos
seguintes valores:
− Rp = 12,8Ω
− Rm = 8,7Ω
− Reqv. = 10,7Ω
Rp Rp Rp-Rm Rp-Rm
Rp − Rm Rp + Rm
Rm Re qv = + Rm =
2 2
Rm
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1.3.2 Redução de Resistências de Aterramento
Pode-se distinguir, de maneira geral, duas formas básicas de se obter uma redução na resistência
de aterramento de uma malha, a saber, alteração da geometria da malha e/ou alteração do solo no qual a
malha está imersa.
As alterações na geometria da malha que efetivamente podem contribuir para a redução da sua
resistência são a ampliação da sua área e a utilização de hastes de aterramento, este último recurso
válido apenas em casos específicos que atendam às seguintes condições:
− malha de pequena área (de dimensão da ordem da espessura da primeira camada de solo);
− primeira camada de solo com espessura inferior a seis metros; e
− resistividade da primeira camada de solo bastante superior à da segunda camada.
As alterações possíveis de se realizar no meio em que a malha está imersa envolvem a
substituição de um certo volume de solo, imediato aos eletrodos de aterramento, por outros materiais,
que podem ser outros tipos de solo, componentes químicos etc
Esta substituição do solo, no entorno dos condutores, pode ser extensiva a toda a malha ou
apenas a uma fração da mesma, e pode ter diversos objetivos, a saber, garantir a aderência dos
eletrodos ao solo (no caso de superfícies rochosas), redução da resistência de aterramento da malha,
controle de corrosão e temperatura, uniformização da dissipação de corrente ao longo da malha etc.
A forma usual de substituição do solo consiste na adoção de "jaquetas" em torno dos condutores
da malha. Entende-se por "jaquetas" o revestimento, parcial ou total, dos condutores da malha por
materiais de resistividade diferente daquela predominante na camada de solo em que a malha se
encontra. Este processo, na sua forma mais geral, consiste no lançamento da malha em um leito
escavado no solo e previamente preenchido por um material específico.
A relação custo x benefício, deve ser avaliada considerando o custo envolvido nas
movimentações de terra e nos revestimentos dos condutores pelas "jaquetas", bem como a eficiência do
processo para o objetivo desejado.
São comentadas, a seguir, algumas alternativas que podem ser utilizadas para a substituição do
solo imediato aos condutores de malha de aterramento.
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1.3.2.2 Bentonita
A bentonita é uma argila natural que contém o mineral montmorilonita, de origem vulcânea,
material estável e não corrosivo, com uma resistividade de cerca de 2,5Ω.m a 300% de umidade.
Esta baixa resistividade é resultante do eletrólito que se forma pela adição da água, com a
vantagem, em relação às misturas de sais, que este eletrólito não escapa do local de instalação, já que é
um componente da argila.
Devido à sua natureza higroscópica, atrai e retém a umidade do meio em que é depositada,
podendo, em função da disponibilidade de água, aumentar até 13 vezes o seu volume, o que contribui
para melhorar sensivelmente a resistência de contato entre o eletrodo e o solo.
Neste processo de aumento de volume, a bentonita, que às vezes é adicionada a uma mistura
despolarizante de gesso, extravasa o seu leito inicial e penetra nas fendas do solo, ampliando sua área
no solo e atingindo, eventualmente, camadas de solo mais profundas com menor resistividade.
O tratamento químico faz uso de sais (cloretos de sódio, carbonato de cálcio ou sulfatos de cobre
ou magnésio), que contribuem para reduzir a resistividade do solo, e constitui-se em um recurso para a
obtenção de baixas resistências de aterramento de hastes e condutores horizontais.
Verificam-se, porém, algumas restrições, como ao cloreto de sódio, por exemplo, que apesar de
ser capaz de apresentar um efeito imediato de redução da resistividade do solo, dilui-se na presença da
água e possui alto poder corrosivo sobre os eletrodos de aterramento.
Tem-se, portanto, que este tipo de tratamento, além de ter que apresentar uma relação custo x
benefício adequada, não deve ser lixiviável, corrosivo ou tóxico. O fator custo deve incluir o
tratamento inicial, a sua durabilidade, as eventuais reaplicações que se fizerem necessárias, bem como
a redução da vida útil da instalação devido à corrosão causada pelo tratamento. O fator benefício deve
quantificar a sua eficiência na redução da resistência de aterramento da instalação.
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1.4 DESEMPENHO DE ATERRAMENTOS A CORRENTES IMPULSIVAS
Os aterramentos quando submetidos à injeção de corrente impulsivas, tais como as associadas a
descargas atmosféricas ou a manobras de alguns equipamentos elétricos (como chaveamentos de
bancos de capacitores), apresentam um comportamento de impedância, ao contrário dos processos de
dispersão de correntes de baixas frequências para o solo, associados a apenas uma resistência.
ρ 2l onde,
R= ln
2.π . l r
µ .l 2l l = comprimento da haste (m)
R L L = 0 ln r = raio da haste (m)
2.π r
2.π . l.ε
C C= ε = εr x ε0
2l
ln ε0 = 8,84 x 10-12 (F/m)
r µ0 = 1,26 x 10-6 (H/m)
Dependendo dos valores destes parâmetros, o eletrodo pode apresentar um valor inicial de
impedância de surto maior ou menor que o valor da resistência de aterramento.
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Outro fator importante, que influencia as características transitórias de impedância do
aterramento, é a ionização do solo. Esta ocorre devido à dissipação para o solo de valores elevados de
corrente, usualmente associados à descargas atmosféricas, induzindo gradientes de tensão no solo
suficientemente elevados para romper o seu dielétrico até uma certa distância radial do eletrodo. Os
valores de gradientes de tensão para a ionização do solo dependem das características elétricas do
mesmo, e situam-se na faixa de 1 a 40 kV/cm. O efeito deste fenômeno é a formação de um envelope
de solo ionizado ao redor do eletrodo, que tem como consequência o aumento do raio efetivo do
eletrodo, acarretando em uma redução de 20 a 80% da sua impedância de aterramento.
Admitindo uma torre com aterramento de geometria radial, no instante da injeção da corrente de
descarga (t = 0+), a impedância de pé de torre equivale ao paralelo das impedâncias de surto dos cabos
que convergem para o ponto de injeção da corrente. Com o passar do tempo (da ordem de alguns
microsegundos), à medida que as reflexões da onda de corrente nas extremidades dos condutores do
aterramento, e também no topo da própria torre, retornarem ao ponto de injeção, a impedância tende à
resistência de dispersão do aterramento (resistência à baixas frequências). As tensões no solo e os
campos elétricos e magnéticos nas proximidades de uma torre atingida por um raio apresentam
comportamento oscilatório amortecido, na frequência de ressonância da torre.
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Aterramentos concentrados com muitos elementos radiais, com relação aos aterramentos com
poucos condutores longos, apresentam impedâncias de surto menores, e valores mais altos de
resistência de dispersão, devido à menor área. Estão também associados a processos transitórios mais
rápidos, caracterizados por constantes de tempo menores, decorrentes da pequena extensão dos seus
componentes e do grande número de reflexões do surto nas suas extremidades.
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A impedância de surto e a resistência de aterramento de arranjos radiais de condutores podem ser
calculadas com o auxílio das expressões:
µ [ln (2 L / a ) − 1 + N ( n )] × [ln(2 L / a ) − 1 + M ( n )] Rd =
ρ
[ln(2 L / a ) − 1 + N (n )
Zc = e
2(nπ ) × ε ° × (ε r + 1)
2 n πL
onde,
n −1
1 + sen(mπ / n) n −1
1 + sen( mπ / n)
M (n) = ∑ ln × cos(mπ / n) , e N (n) = ∑ ln ,
m =1 sen(mπ / n) m =1 sen(mπ / n)
Z (t ) = Rd + ( Zc − Rd ) e − t /τ
Rd
Zc - Rd Lc = 2 x L ( Zc - Rd )
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1.4.2 Desempenho de Malhas de Aterramento
A figura 1.9 apresenta o perfil de potenciais no solo acima do eixo de uma malha de aterramento,
submetida à injeção de uma descarga atmosférica no seu centro. Pode-se observar que este é um
processo dinâmico, em que a elevação transitória de potencial inicialmente se concentra no ponto de
injeção do impulso de corrente e, em seguida, se propaga progressivamente para toda a malha.
Condutores percorridos por correntes impulsivas elevadas, tais como as que caracterizam as
descargas atmosféricas, são submetidos a dois tipos de esforços:
− mecânico - decorrente da atração mútua exercida entre os seus fios componentes, durante os
primeiros microsegundos (associados à frente de onda), e que resultam em uma diminuição do
diâmetro externo do condutor; e
− térmico - devido ao aquecimento ôhmico (da ordem de até algumas centenas de graus Celsius),
provocado pela circulação da cauda do surto, e da componente DC.
Verifica-se que o aço é o material que apresenta a maior resistência ao esforço mecânico,
seguido do cobre e do alumínio. Este último, além de possuir a menor resistência mecânica, está sujeito
ao fenômeno da eletromigração, caracterizada pela migração de material do condutor sujeito a elevadas
densidades de corrente, o que contribui para acentuar a redução da seção do condutor e ao seu
subsequente rompimento por efeito térmico.
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1.5 REFERÊNCIAS
1. “The World of Ice”, Brian John, Orbis Publishing, London
2. “Electromagnetic Probing of Permafrost”, Pieter Hoekstra e Duncan McNeill
3. "Choque Elétrico” - Geraldo Kindermann, Editora Sagra-Luzzato
4. "Bentonite Rods Assure Ground Rod Instalation in Problem Soils" - Warren R. Jones, IEEE Vol.
PAS-99, No 4, Jul/Ago/1980.
5. "Improvement of Grounding Properties by Use of Bentonite", Z. First e outros, 1982.
6. "Multi Step Analysis of Interconnected Grounding Electrodes" - Dawalibi F., Mukhedkar D.,
IEEE Transactions on PAS, Vol. PAS-95, Jan/Feb 1976
7. "Análise de Circuitos "Ladder" de Parâmetros Concentrados Excitados por Fontes de Corrente" -
S. T. Sobral, IX SNPTEE.
8. "Testing of Ground Conductors with Artificially Generated Lightining Currents" - John M.
Tobias, IEEE Transactions on IA, Vol. 32, May/June 1996
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ANEXO 1.I
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CIRCUITOS DISTRIBUÍDOS E EM CASCATA
Circuitos formados por cabos nus longos enterrados, tais como contrapesos de linhas de
transmissão, são caracterizados por circuitos distribuídos, nos quais as impedâncias longitudinais e as
resistências transversais estão distribuídas ao longo de toda a sua extensão.
Estes dois parâmetros (Zc e γ) estão associados à solução das equações de onda, em regime senoidal
permanente, para circuitos de parâmetros distribuídos. A Impedância Característica representa, em
módulo, a impedância de uma linha semi-infinita (de x=0 a ∞). A Constante de Propagação possui duas
componentes, as constantes de atenuação (α) e de fase (β), que estabelecem as relações de módulo e de
deslocamento angular da onda ao longo do condutor, com relação aos valores no ponto de injeção.
Para estudos de aterramento, porém, modelos com parâmetros distribuídos não são adequados,
fazendo-se necessária a adaptação dos mesmos para parâmetros concentrados. A figura 1.I.2 apresenta um
modelo PI, que representa um módulo elementar de um circuito cascata, que pode ser equivalente a um
trecho de circuito distribuído, cujos parâmetros elétricos são uma impedância longitudinal (Zl) e duas
resistências transversais (Rt). A associação destes módulos em série caracteriza um circuito cascata,
representado na figura 1.I.3.
O circuito cascata possui a característica de, a partir de uma certa extensão (n° de PI's), apresentar
valor de impedância terminal constante, conhecida como "impedância ladder infinita" (Z∞). O número de
PI's necessários para que a impedância terminal do circuito cascata atinja o valor de Z∞ é dado pela
"constante de espaço" (CE), que caracteriza o decaimento da tensão e da corrente nos elementos
transversais do circuito. As fórmulas para o cálculo de Z∞ e de CE são apresentadas na figura 1.I.4.
Cumpre observar que o conceito de constante de espaço também pode ser associado a circuitos de
parâmetros distribuídos, sendo que neste caso, o valor de CE é dado pelo inverso da constante de
atenuação, que é a parte real da Constante de Propagação (CE = 1/γ).
A figura 1.I.5 apresenta a curva de decaimento da tensão nos nós de um circuito cascata, onde
destacam-se os seguintes pontos notáveis:
− tensão no nó V1;
− tensão no nó V(1CE) = e-1 ≈ 0,37 V1;
− tensão no nó V(2CE) = e-2 ≈ 0,14 V1; e
− tensão no nó V(3CE) = e-3 ≈ 0,05 V1.
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Tem-se, portanto, que a três "constantes de espaço" do início do circuito cascata, o seu potencial
terá reduzido-se a 5% do valor inicial. Isto significa que praticamente toda a corrente injetada no início do
circuito já foi dissipada para o solo, e que a fração desta corrente que desce pelo elemento transversal
n=3.CE é desprezível.
Uma consequência deste conceito é que, em circuitos com extensão superior a 6.CE, verifica-se o
desacoplamento entre os elementos transversais do circuito PI equivalente. Neste caso o elemento
longitudinal equivalente assume um valor muito elevado, que pode ser considerado infinito, e os
elementos transversais equivalentes igualam-se a Z∞, conforme ilustrado na figura 1.I.6.
A referência [5] apresenta uma série de técnicas de cálculo de circuitos "ladders", que facilitam a
redução dos mesmos a PI's equivalentes e permitem a obtenção das tensões e correntes em qualquer nó ou
ramo, para uma dada injeção de corrente.
Para exemplificar a aplicação dos conceitos apresentados pode-se calcular a Constante de Espaço do
circuito distribuído formado por dois condutores enterrados (contrapesos de aterramento de uma torre de
transmissão), que pode ser calculada a partir da impedância longitudinal (zl) e da admitância transversal
(yt) do condutor equivalente:
zl = 1,82+j2,06 ohms/km
yt = 1,44+j 0,19 mhos/km
γ = zl × yt = α + jβ = 1,77 + j 0,93
CE = 1/α = 1/1,77 = 0,56km
Para o cálculo dos parâmetros relativos ao circuito cascata formado pelos cabos pára-raios e pés de
torre de uma linha de transmissão (Zl=0,0772+j0,2029Ω e Rt=10,7Ω), tem-se:
Z∞ = 1,2925+j0,9704Ω --> |K| = 0,89 ==>
CE = -1/ln|0,89| = 8,6 vãos
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zl zl zl zl
yt yt yt yt
Impedância Característica - Zc = zl / yt
Constante de Propagação - γ = zl × yt
Figura 1.I.1: circuito de parâmetros distribuídos.
Zl
Rt Rt
I1 I2 I3 In
1 2 3 n
zl zl zl i3 zl in
Rt Rt i2 Rt Rt
i1
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KxI
Zl
Ζοο
I
Rt Z∞ = Zl + Rt // Z∞
Zl Zl 2
Z∞ = + + Zl × Rt e CE=-1/ln|K|
2 4
Rt
onde K = = constante de divisão de corrente de Z∞
Rt + Z∞
Figura 1.I.4: parâmetros associados a circuitos "ladder".
V(nó)
0,37V1
nó
1CE 2CE 3CE
Zl
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ANEXO 1.II
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SIMULAÇÃO DIGITAL DE MALHAS DE ATERRAMENTO
Pode-se dizer que existem duas metodologias "clássicas" para a simulação digital de eletrodos de aterramento,
a saber, o método de corrente constante, e o método potencial constante. A aplicação destas duas metodologias por
parte de diversos autores, distingue-se pelas premissas simplificatórias por eles adotadas.
A norma IEEE-80 supõe que os condutores da malha são suficientemente extensos, de modo que
os efeitos devidos às bordas podem ser desconsiderados, admitindo também desprezíveis, os efeitos
devidos aos cabos de interligação.
O cálculo é realizado, portanto, como se a malha fosse constituída somente por condutores
principais (em apenas uma direção), de comprimento infinito, forma cilíndrica, e dispostos
paralelamente e igualmente espaçados.
O procedimento de cálculo adotado por Sverak utiliza uma geometria similar à usada pela norma
IEEE-80, admitindo porém um espaçamento variável entre condutores principais. Como na norma,
utilizando o fato de serem condutores infinitos, ele calcula o campo elétrico supondo densidade de
corrente constante. Todavia, para calcular o potencial, ele integra numericamente utilizando a regra de
Simpson, ao invés de utilizar a integração exata. O objetivo de usar a integração numérica, ao invés da
exata, é que o acúmulo de erros numéricos simula uma distribuição de corrente não uniforme, com
correntes maiores na periferia.
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MÉTODO DO POTENCIAL CONSTANTE
O método do potencial constante baseia-se no cálculo do potencial induzido por uma fonte
pontual de corrente em um ponto qualquer do solo. Para o modelo de solo de duas camadas, em que
tanto a fonte pontual de corrente quanto o ponto no qual é desejado o cálculo do potencial induzido
podem situar-se na primeira ou na segunda camada de solo, existem quatro situações possíveis,
representadas na figura 1.II.1.
Sejam G1, G2, G3 e G4 as funções que representam o potencial induzido pela fonte pontual de
corrente nas situações 1, 2, 3 e 4, respectivamente, de acordo com a figura 1.II.1 Essas funções
dependem dos seguintes parâmetros:
− coordenadas da fonte pontual;
− coordenadas do ponto de cálculo do potencial;
− espessura da primeira camada do solo;
− resistividade de primeira camada do solo;
− resistividade da segunda camada do solo; e
− corrente injetada no solo pela fonte pontual.
Convém ressaltar que estas funções tem uma relação direta com a corrente injetada no solo, ou
seja, pode-se definir as funções F1, F2, F3 e F4 a partir da relação Gi=I.Fi, onde I é a corrente injetada
no solo pela fonte pontual q.
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Esta soma de infinitos termos traduz-se através da integral das funções G1, G2, G3 e G4
efetuada ao longo deste condutor:
Vjx = ∫ Gi. ds = I ∫ Fi. ds = Vjx = ∫ Gi. ds = I ∫ Fi. ds
onde Vjx é o potencial induzido pelo segmento condutor j no ponto x, sendo I a corrente injetada no
solo pelo segmento condutor.
Estas integrais são calculadas analiticamente, a partir das novas funções F'1, F'2, F'3 e F'4,
∫
obtendo-se: Vjx = I F ' i. ds
Em todos os casos práticos, uma malha de aterramento pode ser considerada como sendo
composta por uma série de segmentos condutores, cada um dissipando para o solo diferentes valores de
densidade de corrente, salvo a ocorrência de simetrias geométricas.
I I I
S1.R1,1.-.l1 + S2.R2,1.-.l2 + ... + Sn.Rn,1.-.ln - R.I = 0
L L L
I I I
S1.R1,2.-.l1 + S2.R2,2.-.l2 + ... + Sn.Rn,2.-.ln - R.I = 0
L L L
. . . . .
. . . . .
. . . . .
I I I
S1.R1,n.-.l1 + S2.R2,n.-.l2 + ... + Sn.Rn,n.-.ln - R.I = 0
L L L
onde,
n - número de segmentos condutores da malha,
R - resistência de aterramento da malha,
Rij - resistência mútua entre os segmentos i e j,
L - comprimento total de condutor da malha,
li - comprimento do segmento condutor i,
I - corrente total injetada na malha, e
Si = j/I = fator distribuição de densidade de corrente do condutor i (incógnita), com densidade de
corrente j
O termo Rij, que é a resistência mútua entre os segmentos condutores i e j, pode ser definido
como o valor médio do potencial induzido pelo segmento condutor i ao longo do segmento condutor j,
devido à dispersão de uma corrente unitária pelo segmento condutor i, de acordo com as situações
ilustradas na figura 1.II.3.
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O valor médio do potencial induzido pelo segmento condutor i ao longo do segmento condutor j
(Vij) é calculado através da integrais das funções F'1, F'2, F'3 e F'4:
1 1 I
Vij =
lj
∫ Vix. ds = ∫ I . F ' n. ds = ∫ F ' n. ds
lj lj
1
Fazendo-se I = 1, tem-se que Vij=Rij, ou seja: Rij =
lj
∫ F ' n. ds
Estas integrais são solucionadas através de métodos numéricos de integração.
Após a construção da matriz dos coeficientes, o que exige um certo trabalho computacional, as
incógnitas (S1, S2, ... Si, ... Sn, R e K) podem ser obtidas pela solução do sistema de equações,
utilizando métodos diversos, tais como inversão de matrizes ou por processo iterativo. Uma vez
calculados os valores das incógnitas, são obtidas a elevação do potencial da malha e as correntes
injetadas no solo por cada segmento condutor da malha, calculadas a partir da expressão:
I
Ci = Si li
L
Conhecidas as magnitudes das corrente injetadas no solo por cada segmento condutor, é possível
o cálculo do potencial induzido pelos mesmos, em qualquer ponto do solo, através das funções já
apresentadas.
Por ser o potencial uma função escalar, a soma dos potenciais induzidos por todos os segmentos
condutores em um ponto qualquer do solo é igual ao potencial absoluto deste ponto.
Os resultados obtidos com base nesta metodologia de cálculo, tornam-se tão mais precisos
quanto maior for o número de segmentos condutores para um mesmo eletrodo. Isto é decorrência do
fato de se considerar uma distribuição uniforme de corrente ao longo de cada segmento condutor
individualmente, o que na realidade não ocorre. Esta consideração é tão mais próxima da realidade
quanto menor for o comprimento dos segmentos condutores, ou seja, quanto maior for o número de
subdivisões dos condutores.
Existe, desta forma, um compromisso entre tempo de processamento e precisão dos resultados,
cabendo ao engenheiro responsável pelo estudo, determinar, com base na sua experiência, o número
adequado de segmentos condutores.
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+ ---------------- + ----------------
| ρ1 1 | ρ1 2
h | q x h | q
+ ---------------- + ----------------
ρ2 x ρ2
+ ---------------- + ----------------
| ρ1 3 | ρ1 4
h | x h |
+ ---------------- + ----------------
q ρ2 q x ρ2
ρ1 - resistividade da primeira camada do solo,
ρ2 - resistividade da segunda camada do solo,
h - espessura da primeira camada do solo,
q - fonte pontual de corrente, e
x - ponto no qual se deseja calcular o potencial.
Figura 1.II.1: quatro combinações de fonte pontual de corrente q e de um ponto x
em solo de duas camadas.
+ ---------------- + ----------------
| j ρ1 1 | j ρ1 2
h | ----- x h | -----
+ ---------------- + ----------------
ρ2 x ρ2
+ ---------------- + ----------------
| ρ1 3 | ρ1 4
h | x h |
+ ---------------- + ----------------
----- ρ2 ----- x ρ2
j j
Figura 1.II.2: quatro combinações de um condutor j e de um ponto x em solo de
duas camadas.
+ ---------------- + ----------------
| i j ρ1 1 | i ρ1 2
h | ----- ----- h | -----
+ ---------------- + ----------------
ρ2 ----- ρ2
j
+ ---------------- + ----------------
| j ρ1 3 | ρ1 4
h | ----- h |
+ ---------------- + ----------------
----- ρ2 ----- ----- ρ2
i i j
Figura 1.II.3: quatro combinações de dois segmentos condutores i e j em solo de
duas camadas.
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CAPÍTULO 2
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2. MEDIÇÕES EM ATERRAMENTOS
Existem três tipos de medições que são tipicamente realizadas para o projeto ou avaliação de
aterramentos:
− resistividade do solo;
− resistência de aterramento; e
− teste de continuidade.
A resistividade é o parâmetro mais importante na análise do comportamento elétrico do solo,
sendo determinante do desempenho de eletrodos de aterramento à baixa frequência. Estudos e projetos
de aterramento exigem o conhecimento da resistividade do solo, parâmetro este essencial para o
cálculo de resistências de aterramento e de potenciais na superfície do solo.
A resistência vem a ser o parâmetro básico de avaliação de um aterramento, sendo que a sua
medição visa a confirmação de valores de projeto, o levantamento de dados para a realização de
estudos, ou a verificação da integridade dos eletrodos enterrados.
Nos dois primeiros casos aplica-se, usualmente, a técnica da queda de potencial. O princípio de
aplicação deste método, envolve a injeção de uma corrente de teste entre a malha a ser medida e um
eletrodo auxiliar de corrente, e a realização de uma série de medições de tensões entre a malha e um
eletrodo auxiliar de potencial.
Para o primeiro caso a utiliza-se o aparelho “Terrômetro”, acionado por uma fonte portátil de
tensão contínua (bateria ou pilhas). No segundo caso a medição não pode ser feita com o auxílio do
Terrômetro, que não dispõe de fonte com potência suficiente, fazendo-se necessária a aplicação de um
curto-circuito controlado para a terra e a utilização de malhas de medição auxiliares em locais remotos.
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2.1 O TERRÔMETRO
Para a medição de resistividades do solo, assim como de resistências de aterramento de malhas
de pequenas dimensões (da ordem de até poucas dezenas de metros), utiliza um equipamento
denominado "TERRÔMETRO", que é composto, basicamente, por uma fonte de tensão alternada, por
um voltímetro e por um amperímetro, sendo que o mostrador do equipamento é calibrado para fornecer
a relação entre a tensão e a corrente (resistência). O equipamento possui 4 bornes, que são interligados
aos pontos de medição na superfície do solo através de quatro eletrodos, dois de corrente (C1 e C2) e
dois de potencial (P1 e P2).
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2.1.1 Características dos Terrômetros
No caso de não serem disponíveis as informações do fabricante quanto aos valores máximos de
resistências das hastes de medição, é recomendável a realização de testes prévios, em bancada, com o
auxílio de um circuito como o acima ilustrado, que proporcione o conhecimento das limitações do
aparelho.
TERRÔMETRO
C1 P1 P2 C2
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2.2 RESISTIVIDADE DO SOLO
O método de Wenner foi desenvolvido por Dr. Frank Wenner, do antigo U.S. Buerau of
Standards (hoje NIST – National Institute of Standards and Technology), em 1915. Consiste na injeção
de corrente entre dois eletrodos externos C1 e C2 e na simultânea medição da diferença de potencial
entre os eletrodos internos P1 e P2 (figura 2.4), com os quatro eletrodos alinhados e igualmente
espaçados, cravados a uma profundidade que em geral, é uma pequena fração do espaçamento entre os
eletrodos.
O procedimento é realizado para diversos valores de espaçamento entre eletrodos (a), que
normalmente obedecem à seguinte progressão geométrica: a = 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64m.... Tem-se,
portanto, que para cada ponto de medição de resistividade do solo são efetuadas diversas leituras de
resistência, correspondentes à variação do espaçamento entre eletrodos, que podem ser associadas à
resistividade aparente do solo pela equação ρa = 2π.a.R, onde o termo 2πa, designado como fator
geométrico, refere-se a distribuição de corrente em um hemisfério isotrópico. O parâmetro R é a
resistência lida (em Ohms), dada pela relação entre a queda de tensão ∆V e a corrente injetada I (R =
∆V/I).
As medições resultam em tabelas de resistência x espaçamento entre eletrodos, que podem ser
plotadas em gráficos. A partir das várias curvas resistência x espaçamento entre eletrodos, para
diversos pontos distribuídos pelo terreno em estudo, pode-se obter um modelo de solo estratificado em
camadas, representativo de toda a área de interesse.
É importante observar que, para um dado ponto de medição, os valores obtidos de resistividade
aparente só serão coincidentes com a resistividade do solo, quando este apresentar resistividade
uniforme desde a sua superfície até a profundidade correspondente ao espaçamento dos eletrodos. Na
maioria dos casos práticos considera-se que as variações significativas da resistividade do solo no
espaço ocorrem principalmente com a profundidade, sendo menos significativas as variações laterais.
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Figura 2.4: configuração de medição de resistividades aparente do solo pela
técnica de Wenner e eixos para plotagem dos valores medidos.
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A determinação do modelo do solo de uma determinada região exige a realização de medições
de curvas de resistividade aparente para diversos pontos. As medições devem ser feitas num período
seco e, se possível, com o local já terraplenado e compactado. Os dados obtidos com estas medições
devem ser "filtrados", tendo em vista a eliminação de valores considerados atípicos, resultantes da
influência de "acidentes" locais, tais como rochas ou condutores enterrados no solo, não
representativos, portanto, do solo local.
A diferença de potencial entre dois pontos radiais e espaçados de dx é dada por dV = ρ.J dx, e do
eletrodo até a distância x será dada pela expressão:
x x I
V = ∫ ρ. Jdx = ∫ ρ. dx
0 0 2.π . x 2
ρ. I
como ρ e I são constantes tem-se: V =− .
2.π . x
+I -I
A B C D
a
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É possível calcular a diferença de potenciais entre B e C a partir da seguinte expressão:
ρ. I ρ.( − I ) ρ. I ρ.( − I )
VBC = VB − Vc = − − + +
2.π . AB 2.π . BD 2.π . AC 2.π .CD
Verifica-se, a partir desta dedução, que esta expressão é aplicável sempre que os eletrodos de
medição puderem ser considerados pontuais, o que ocorre quando a profundidade de cravação (p) for
muito menor do que o espaçamento entre eletrodos (a), ou seja: p << a.
NÍVELDOSOLO
ρ1 (Ω.m) Hρ1
ρ2 (Ω.m)
Hρ2 = ∞
A expressão que define o potencial de um ponto da superfície do solo devido à uma injeção de
corrente por um eletrodo pontual assume a seguinte forma:
ρ 1 . I ∞
kn
I Vp = 1 + 2∑
2.π . r [ ]
1/ 2
n =1 1 + (2nh / r )
2
P
ρ2 − ρ1
ρ1 h r onde K = =
ρ2 + ρ1
ρ2 coeficiente de reflexão na interface entre as
duas camadas de solo.
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O somatório da quatro parcelas que definem a diferença de potenciais entre os eletrodos P1 e P2
de uma medição pela técnica de Wenner (com espaçamento a) resulta na expressão:
ρ1. I ∞
n 2
−1
2
−1
∆V = 1 + 4∑ k 1 + ( 2.n.h / a ) − 4 + ( 2.n.h / a )
2.π .a n =1
Desta fórmula obtém-se a expressão que exprime a resistividade aparente do solo, válida para a
medição realizada com o espaçamento a:
∆V ∞
−1 −1
= ρ 1 1 + 4∑ k n 1 + ( 2.n.h / a ) − 4 + ( 2.n.h / a )
2 2
ρ a = 2.π .a.
I n =1
A divisão ρa/ρ1 resulta na expressão que define as curvas de solos estratificados em duas
camadas.
Se considerarmos os solos que possuem a primeira camada com parâmetros unitários (ρ1 = 1Ω.m
e h = 1m.) podemos construir as curvas padrão de solos estratificados em duas camadas, definidas por
Tagg (figura 2.6), pela plotagem da família de curvas -1 < k < 1, nos eixos ρa/ρ1 e a/h.
A plotagem das curvas de Tagg em escala bilogarítimica está associada à representação pela
função:
ln(ρa/ρ1) = F[ln(a/h)].
A coordenada de um ponto pertencente a uma das curvas padrão, com parâmetros unitários para
a primeira camada do solo, será:
− y = ln ρa - ln ρ1 = ln ρa --> no eixo Y
− x = ln a - ln ρ1 = ln a --> no eixo X
Os casos em que ρ1 e/ou h não são unitários justificam, portanto, a translação vertical (de -lnρ1)
ou horizontal (de -lnh) das curvas.
A estratificação do solo em um modelo de duas camadas pode ser também obtida por métodos
numéricos, utilizando o ajuste das curvas pelo processo iterativo dos mínimos quadrados, com
correções diferenciais, o que elimina a subjetividade da comparação por superposição de curvas e torna
mais rápida e precisa a modelagem. A equação das curvas padrão demonstra que a resistividade
aparente é função da resistividade e da espessura da camada superior do solo, e do coeficiente de
reflexão, ou seja, ρa = F(ρ1,k,h).
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A partir dos valores iniciais estimados de ρ1, k e h, o processo iterativo gera novos valores para
estas variáveis, encerrando-se quando ε < tolerância admitida, calculada a partir das variações
∆ρ 1 , ∆k , ∆h entre iterações consecutivas com a seguinte expressão:
∆ρ 1 ∆k ∆h
ε= + +
ρ1 k h
A resistividade aparente do solo (ρa , em Ohm.m) pode ser obtida a partir do conhecimento dos
parâmetros do modelo de solo estratificado em duas camadas e dos aspectos geométricos básicos da
malha, a saber:
− ρ1 = resistividade da camada superficial de solo;
− ρ2 = resistividade da segunda camada de solo; e
− H1 = espessura da camada superficial de solo.
− h - profundidade da malha de aterramento (em m);
− A - área da malha de aterramento (em m²);
A
Com a área da malha de aterramento calcula-se do raio r do círculo equivalente: r (m) =
π
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Figura 2.6: curvas padrão para a estratificação de solos em um modelo de duas
camadas.
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Figura 2.7: ajuste gráfico da curva média de resistividades aparentes sobre as
curvas padrão e estratificação do solo por etapas em um modelo de três
camadas.
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Figura 2.9: curvas para o cálculo da resistividade aparente do solo.
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2.3 RESISTÊNCIAS DE ATERRAMENTO
No texto que se segue o termo "malha" designa o elemento cuja resistência deve ser medida, e o
termo "eletrodo" designa os elementos auxiliares de medição.
A realização desta medição exige alguns cuidados especiais em relação ao espaçamento entre a
malha e o eletrodo de corrente, que devem estar distantes o suficiente para que não ocorra a
sobreposição das respectivas áreas de influência, conforme ilustrado na figura 2.8. O correto
afastamento entre estes elementos, dá origem à formação de um patamar de potencial zero (terra
remota) entre os mesmos.
O eletrodo de potencial deve ser deslocado em relação ao aterramento sob medição, até a
estabilização dos valores de resistência medidos, o que significa que a terra remota (o patamar de
potencial zero) foi atingida. A figura 2.9 apresenta as curvas típicas de medição de resistência de
aterramento pelo método da queda de potencial, em função do arranjo dos eletrodos de corrente e de
potencial.
O método da queda de potencial permite que o deslocamento do eletrodo de potencial possa ser
efetuado ao longo da mesma direção do circuito ou em outra direção qualquer. Disposições alternativas
correspondem ao deslocamento do eletrodo de potencial em direção perpendicular ou oposta com
relação ao circuito de corrente, objetivando a eliminação do acoplamento indutivo entre os circuitos de
medição (de corrente e de tensão). Entretanto, as interferências nas medições devido a este
acoplamento são desprezíveis para pequenos espaçamentos, somente tornando-se significativas em
medições de grandes malhas de aterramento, quando esta técnica de medição é utilizada com a injeção
de corrente em lugar do Terrômetro.
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Figura 2.8: perfis de potenciais na superfície do solo para arranjos de eletrodos
corrente com (b) e sem (a) acoplamento resistivo mútuo.
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Figura 2.9: curvas típicas de medição de resistências de aterramento, em função
da localização dos eletrodos auxiliares.
D
onde VI é o potencial da malha com relação ao terra remoto devido à injeção de I.
O potencial no ponto p é determinado pela soma de duas parcelas de tensão, resultantes das
injeções de corrente I nos pontos m e c, conforme a expressão abaixo:
ρ. I ρ. I ρ. I ρ. I
Vp = − = − .
2. π . d 1 2. π . d 2 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 )
O valor de tensão no solo medido pelo terrômetro no método da queda de potencial será:
ρ. I ρ. I ρ. I
∆V = Vm − V p = V I − − + .
2. π . D 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 )
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Porém, se p está localizado no terra remoto entre os pontos m e c, então ∆V = VI.
ρ. I ρ. I ρ. I 1 1 1
∆V − V I = − − + =0=− − +
2. π . D 2. π . d 1 2. π .( D − d 1 ) D d1 D − d1
D ( 5 − 1)
A solução desta equação resulta que d 1 = = 0,62D .
2
O atendimento desta restrição significa que o patamar da curva de resistências medida pela
técnica da queda de potencial, que caracteriza o valor da resistência de aterramento da malha sob
medição, está localizado em torno de uma distância de 62% do espaçamento entre a malha e o eletrodo
auxiliar de corrente. Cabe, porém ressaltar, que a aplicação desta expressão somente será válida sob as
seguintes condições:
− a malha deve estar bastante distante do eletrodo auxiliar de corrente, o suficiente para que não
ocorram efeitos de acoplamento resistivo mútuo entre os mesmos; e
−o solo deve ser ideal, uniforme e homogêneo, sem nenhuma estrutura que possa interferir na
circulação de correntes (seja enterrada ou aérea, porém multiaterrada).
A colinearidade dos eletrodos de corrente e potencial é um requisito básico dos diversos sistemas
de medição de resistividade do solo, que envolvem a injeção de corrente no solo entre dois eletrodos e
a determinação da resistividade média do solo dos diversos "caminhos" percorridos pela corrente na
região entre os eletrodos. Quando os eletrodos de corrente estão próximos, apenas os "caminhos"
superficiais são incluídos. Quando estão longe, regiões cada vez mais profunda do solo vão sendo
incluídas no processo. Esta geometria longitudinal da medição, exige o alinhamento dos eletrodos de
corrente e de potencial, caso contrário mede-se diferenças de potencial em um caminho diferente do
caminho principal de percurso da corrente injetada no solo.
Como não há nenhuma direção previlegiada para se medir a elevação de potencial, não existe
qualquer obrigatoriedade de colinearidade dos eletrodos de potencial e de corrente. As medições feitas
por Eleck em malhas com valores ohmicos menores que um ohm, exigiam que houvesse
perpendicularidade entre os circuitos de corrente e de potencial, com o objetivo de minimizar o efeito
indutivo da corrente de medição sobre o circuito de medição de potencial.
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Tem-se, ainda, que se os circuitos de corrente e potencial estiverem em linha, a medição de
potencial até a Terra Remota pode ser completamente alterada pela injeção de corrente no solo nas
imediações do eletrodo de corrente, onde ocorre uma elevação de potencial no solo de polaridade
contrária daquela criada pela malha, na outra extremidade do circuito de corrente. Este fato dificulta a
formação de um patamar de tensão quando a medição de resistência de aterramento é realizada com os
circuitos de corrente e tensão alinhados, ao contrário do que ocorre quando os circuitos de corrente e
potencial são dispostos em direções perpendiculares, ou inclinadas.
Adotando-se as mesmas distâncias para a haste de potencial em relação à malha usadas no caso
da medição de sucesso na direção anterior, a resistência medida deve ter valor aproximadamente igual
à medida naquele caso. Se isto não ocorrer, é recomendável escolher outra direção para a colocação da
haste de corrente e repetir todos os passos anteriores.
Este tipo de medição utiliza equipamentos que injetam no solo corrente com frequência elevada
(da ordem de dezenas de kHz), de modo a medir um valor de resistência do aterramento mais próximo
da sua resposta ao impulso.
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2.4 MEDIDORES DE “LOOP DE TERRA”
O medidor, semelhante a um alicate amperímetro (figura 2.10), abraça o rabicho do aterramento
a ser medido com dois entreferros, um ligado a uma bobina de um circuito indutor de tensão e o outro a
uma bobina de um circuito medidor de corrente. O primeiro circuito atua como o primário de um
transformador cujo secundário é o condutor de ligação com o aterramento a ser medido. O segundo
circuito mede a corrente circulante na mesma descida devido ao “loop” formado pelo aterramento a ser
medido e os demais aterramentos a ele interligados. O mostrador do equipamento apresenta o resultado
da razão entre a tensão induzida e a corrente medida, que possui dimensão de resistência.
Este tipo de equipamento, além de funcionar como alicate amperímetro (“true RMS”),
permitindo a medição de correntes de fuga em rabichos de aterramento, permite os seguintes tipos de
medições:
− resistências de aterramento em sistemas multiaterrados, tais como redes telefônicas (blindagem dos
cabos e mensageiro), redes de distribuição (blindagem dos cabos e fio neutro), pára-raios de linhas
de transmissão etc.; e
− testes de continuidade em instalações com elementos multiaterrados, tais como redes captoras de
descargas atmosféricas com muitas descidas e estruturas metálicas longas (“pipe/cable racks”,
esteiras transportadoras) ou em quadros de distribuição e em circuitos elétricos em geral.
Este equipamento mede a resistência total do “loop”, que inclui a resistência do aterramento que
desejamos medir (Rx) ligada em série com a resistência equivalente de todo os demais aterramentos
interligados, conforme ilustrado na figura 2.11. Considera-se que Rx >> Reqv, e que este último pode
ser considerado quase nulo. Aproxima-se, portanto, a resistência a ser medida por toda a resistência do
“loop” de terra, valor este que é adequado para efeito de avaliação e como teste de continuidade do
sistema.
Caso o “loop” seja metálico, ou seja, não envolva a circulação de corrente pela terra, e sim
apenas por condutores ou estruturas metálicas, a medição presta-se para a avaliação de continuidade
elétrica dos condutores e das conexões. Um exemplo deste tipo de aplicação vem a ser o teste do
sistema de aterramento e de proteção contra descargas atmosféricas ilustrado na figura 2.12, que pode
ser aplicado também a rabichos de aterramento de estruturas metálicas e em condutores de proteção
lançados em calhas ou em dutos de redes de distribuição de energia.
Os valores medidos em “loops” metálicos devem ser sempre baixos (R<1Ω), podendo chegar a
poucos Ohms quando envolvem grandes espiras (da ordem de dezenas de metros). Resistências da
ordem de dezenas ou centenas de Ohms denotam conexões deficientes. Resistências superiores a 1kΩ
indicam provável seccionamento do cabo ou conexão aberta/isolada.
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Figura 2.10: medidor de “loop de terra” tipo alicate (Ground Tester).
Rx R1 R2 Rn-1 Rn
V 1 1
= Rx + Rx >>
I 1 1
∑i =1 Ri ∑
n n
i =1
Ri
Figura 2.11: medição de resistência de aterramento em sistema multiaterrado.
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Figura 2.12: teste de continuidade em “loop” metálico de sapcda.
A própria operação de solda normalmente constitui uma prova de que a armadura selecionada é
adequada para servir como ponto de aterramento, desde que o terminal de terra da máquina de solda
seja ligado num ponto remoto da armadura, (em outro pilar, ou outro andar). Na realidade, a presença
de uma resistência no circuito exterior, acima de um limite muito limitado, apaga o arco.
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Um método de ensaio que proporciona resultados quantitativos, e não apenas qualitativos, com
de máquina de solda, baseia-se na seguinte seqüência básica de procedimentos:
− imposição da circulação de uma corrente elétrica entre os dois pontos da ferragem em que se deseja
fazer o teste de continuidade (utilizando o transformador monofásico da máquina de solda como
fonte de corrente alternada sem referência interna de potencial);
− leitura da corrente de ensaio e da tensão aplicada ao circuito; e
− elaboração de cálculos simples, que estabeleçam os limites entre os quais se situa o valor do módulo
da impedância da ferragem entre os dois pontos de medição.
Para exemplificar, em um ensaio com máquina de solda em um prédio, foram obtidas leituras de
tensão em vazio e corrente de curto-circuito para duas condições de teste, cuja relação resultou nos
seguintes valores de impedância:
− entre ferros da cobertura e do sub-solo – impedância total do circuito – 0,9985Ω; e
− sobre um vergalhão - impedância dos cabos da máquina de solda - 0,4876Ω.
Com base em duas hipóteses sobre a composição do circuito total medido (armaduras + cabos de
interligação) podemos calcular dois valores de resistência para as armaduras metálicas da construção:
− 1a hipótese – o circuito todo é puramente resistivo – Rarmadura = 0,9985Ω - 0,4876Ω = 0,51Ω;
− 2a hipótese – as armaduras apresentam comportamento predominantemente resistivo e os cabos 2de
interligação comportam-se predominantemente como indutâncias – neste caso temos – (Rarmadura) =
(0,9985Ω)2 – (0,4876Ω)2 Î Rarmadura = 0,87Ω.
Os dois valores obtidos para Rarmadura delimitam a faixa em que provavelmente a resistência total
das armaduras do prédio se encontra. Cabe observar que ambos os valores obtidos para Rarmadura
incluem a resistência de contato das garras dos condutores de medição, sendo estes valores, portanto,
conservativos.
2.6 REFERÊNCIAS
1. NBR-5419/2005 – “Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas”
2. "Medição da Resistividade e Determinação da Estratificação do Solo" - Projeto 03:102.01-004,
maio de 1992
3. "Medição da Resistência de Aterramento e dos Potenciais na Superfície do Solo - Procedimento",
Projeto 03:102.01-002, março de 1993
4. "A Estratificação do Solo por Método Numérico" - Celso Gomes Rodrigues, Eletricidade
Moderna, dezembro de 1986
5. “Cuidado com a Resistência de Aterramento das Hastes nas Medições de Resistividade do Solo” –
Artigo Técnico Apresentado no Seminário GROUND98 (Belo Horizonte, maio de 1998), Daniel
Kovarsky - Paulo E. F. Freire
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ANEXO 2.I
− E.1 A continuidade elétrica das armaduras de um edifício deve ser determinada medindo-se com o
instrumento adequado a resistência ôhmica entre a parte superior e a parte inferior da estrutura,
procedendo a diversas medições entre pontos diferentes. Se os valores medidos forem da mesma
ordem de grandeza e inferiores ao indicado no item 5.1.2.5.5 pode se admitir que a continuidade
das armaduras é aceitável.
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ANEXO 2.II
D.1 A título de exemplo, os procedimentos a seguir podem ser adotados quando a medição da
resistência de aterramento for necessária.
D.1.1.1 Uma corrente alternada de valor constante circula entre o eletrodo de aterramento T e o
eletrodo auxiliar T1, localizado fora da zona de influência do eletrodo T (ver figura 23).
D.1.1.2 Um segundo eletrodo auxiliar, T2, que pode ser uma pequena haste enterrada no solo,
é inserido a meio caminho entre T e T1 e a tensão entre T e T2 é medida. A resistência de
aterramento dos eletrodos é a tensão entre T e T2 dividida pela corrente entre T e T1. Para
verificar se não há influência entre os eletrodos, duas novas medições devem ser realizadas
com T2 deslocado de 6 m na direção de T e 6 m na direção de T1.
D.1.1.3 Se os três resultados forem substancialmente semelhantes, a média das três leituras é
tomada como sendo a resistência de aterramento do eletrodo T. Do contrário, o ensaio deve ser
repetido com um maior espaçamento entre T e T1.
D.1.2.1 Neste caso, usam-se também dois eletrodos auxiliares, porém em geral não alinhados,
sendo a corrente compatível com uma tensão aplicada máxima de 50V entre o eletrodo de
aterramento e um eletrodo auxiliar (ver figura 24). A queda de tensão no eletrodo a ensaiar é
medida relativamente ao segundo eletrodo auxiliar.
D.2 Se o ensaio for realizado à freqüência industrial, a fonte utilizada para o ensaio deve ser
isolada do sistema de distribuição (por exemplo, pelo uso de transformador de enrolamentos
separados).
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ANEXO 2.III
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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 306.5 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 65.9 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 8.7 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.65 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 1.0 * 306.3 * 250.0 * 22.52 *
* * * * *
* 2.0 * 304.9 * 296.0 * 3.02 *
* * * * *
* 4.0 * 295.6 * 382.0 * -22.62 *
* * * * *
* 8.0 * 250.8 * 228.0 * 10.00 *
* * * * *
* 32.0 * 82.1 * 84.0 * -2.21 *
* * * * *
**************************************************************
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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 214.9 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 382.4 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 5.9 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO .28 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 216.6 * 215.0 * .74 *
* * * * *
* 4.0 * 225.1 * 238.0 * -5.41 *
* * * * *
* 8.0 * 256.1 * 228.0 * 12.33 *
* * * * *
* 16.0 * 308.1 * 335.0 * -8.02 *
* * * * *
* 32.0 * 350.6 * 340.0 * 3.13 *
* * * * *
**************************************************************
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**************************************************************
* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 150.7 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 22.0 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 4.0 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.75 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 1.0 * 149.6 * 128.0 * 16.86 *
* * * * *
* 2.0 * 143.1 * 163.0 * -12.24 *
* * * * *
* 4.0 * 114.1 * 122.0 * -6.51 *
* * * * *
* 8.0 * 58.4 * 47.0 * 24.27 *
* * * * *
* 16.0 * 27.2 * 26.0 * 4.42 *
* * * * *
* 32.0 * 22.6 * 30.0 * -24.54 *
* * * * *
**************************************************************
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* *
* MODELO DE SOLO OBTIDO *
* ----------------------- *
* *
* - RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 57.4 *
* *
* - RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 26.6 *
* *
* - PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 14.3 *
* *
* - FATOR DE REFLEXAO -.37 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPAÇAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 57.3 * 59.8 * -4.15 *
* * * * *
* 4.0 * 57.1 * 50.7 * 12.53 *
* * * * *
* 8.0 * 55.4 * 60.6 * -8.66 *
* * * * *
* 16.0 * 48.4 * 46.7 * 3.62 *
* * * * *
* 32.0 * 36.2 * 36.5 * -.86 *
* * * * *
**************************************************************
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* *
* ESTRATIFICACAO DO SOLO CALCULADA *
* -------------------------------- *
* *
* -RESISTIVIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (OHMS.M) 131.1 *
* *
* -RESISTIVIDADE DA SEGUNDA CAMADA (OHMS.M) 46.1 *
* *
* -PROFUNDIDADE DA PRIMEIRA CAMADA (M) 2.8 *
* *
* -K - FATOR DE REFLEXAO -.48 *
* *
**************************************************************
**************************************************************
* *
* COMPARACAO DE RESISTIVIDADES *
* ---------------------------- *
* *
* ESPACAMENTO * CALCULADO * MEDIDO * DESVIO *
* (M) * (OHMS.M) * (OHMS.M) * (%) *
*--------------*---------------*---------------*-------------*
* 2.0 * 120.0 * 120.0 * .01 *
* * * * *
* 4.0 * 91.8 * 92.0 * -.17 *
* * * * *
* 8.0 * 60.0 * 59.0 * 1.70 *
* * * * *
* 16.0 * 48.6 * 53.0 * -8.27 *
* * * * *
* 32.0 * 46.6 * 43.0 * 8.39 *
* * * * *
**************************************************************
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CAPÍTULO 3
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3. MATERIAIS UTILIZADOS EM ATERRAMENTO
Solução (meio)
- +
- +
- +
Anodo (corroi – pois - + Catodo
perda de massa) (aumento de massa)
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São diversas as formas de corrosão:
− uniforme - é identificada uniformemente ao longo de toda a superfície do material;
− localizada - geralmente o tipo de corrosão mais danosa, é caracterizada por pequenos pontos de
corrosão (“pits”) identificados em regiões localizadas do material (pode propagar-se para o interior
do material, criando furos);
− por zonas - quando o material apresenta apenas partes corroídas, sendo o meio termo entre a
corrosão uniforme e a corrosão localizada; e
− intergranular - ocorre microscopicamente, nas adjacências dos grãos que compõem o metal.
A corrosão pode ser classificada por classes:
− química – quando ocorre reação química entre o meio e o metal, classe de corrosão cada vez mais
rara, devido à utilização de composições diferentes de materiais ou banhos que reduzem
sensivelmente a corrosão ao material da tubulação;
− eletroquímica - ocorre quando há passagem de corrente através de metais diferentes imersos em um
eletrólito (ar, água, solo, etc), corrente esta que pode ser gerada devido a:
• contato entre dois metais com potencias elétricos diferentes (ex: cobre e alumínio),
• metais iguais mas em estados metalúrgicos diferentes (ex: alumínio e duralumínio),
• fontes de potencia, que circulam livremente através de metais diferentes – ex: trilhos eletrizados;
− diferencial - devido a meios diferentes, por exemplo, quando um mesmo material enterrado sofre
decomposição devido à exposição a diferentes tipos de solos; e
− entre o mesmo tipo de material, mas em diferentes estados superficiais (ex., quando há substituição
de uma parte danificada de uma tubulação antiga por uma nova - a corrosão é mais severa quanto
menor for a sessão nova em comparação a tubulação antiga).
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Dentre os principais processos envolvidos na perda de massa pelos eletrodos de aterramento
destacam-se:
− interligação entre metais diferentes;
− heterogeneidades no aço ou ferro;
− heterogeneidades do solo; e
− eletrólise causada pela circulação de correntes elétricas.
A imposição de correntes elétricas a metais enterrados superpõe-se aos processos acima citados,
cabendo lembrar que além dos riscos associados à corrente contínua, existe referência à corrosão
causada por correntes alternadas à frequência industrial, em metais imersos em solos de muito baixa
resistividade (< 10Ω.m).
A intensidade da reação que resulta no processo de corrosão será determinada pelos seguintes
fatores:
− diferenças de potenciais naturais entre os metais interligados ou entre regiões do mesmo material;
− composição química do eletrólito;
− nível de aeração do meio; e
− relação entre áreas dos materiais anódico e catódico.
3.1.1 pH do Solo
Apesar do pH não ser um parâmetro elétrico do solo, o seu conhecimento é importante para o
projetista de sistemas de aterramento, pois está intimamente ligado ao problema da corrosão. Solos
com pH inferior a 7 são ácidos, e com pH superior a 7 são alcalinos.
Tipicamente, os solos ácidos possuem pH entre 4 e 7. O cobre é atacado pelos solos ácidos,
podendo-se inferir que malhas de cobre neste tipo de solo possuirão vida mais curta. A acidez é
resultante de um processo natural de lavagem do solo em áreas de alto índice pluviométrico, onde as
chuvas removem os sais solúveis e as bases coloidais presentes no mesmo. Curiosamente, o alumínio
(que não é utilizado em malhas de aterramento), não é atacado pelos solos ácidos, sendo, porém,
sensível aos solos alcalinos.
Uma forma simples de avaliação da acidez do solo pode ser feita com a utilização de kits de teste
de pH utilizados em piscinas, segundo o seguinte roteiro:
− dividir toda a área a ser avaliada por um reticulado fictício, de modo a se obter cerca de 10 sub-áreas
de mesma superfície;
− em cada sub-área fazer uma escavação superficial da superfície (15cm) e colher um pequeno volume
de solo, livre de pedras, resíduos de vegetação, materiais orgânicos etc;
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− juntar todas as amostras, misturar bem em um balde limpo e colher uma pequena amostra com uma
colher de chá;
− coloque esta amostra em um copo limpo e cheio com água (destilada, se possível), misture bem e
deixe depositar por dez minutos;
− após este descanso, passar a água por um filtro (de papel ou pano limpo e seco) e seguir as
instruções do kit de análise.
Valores de pH iguais ou inferiores a 5 significarão solos bem ácidos, que atacarão o cobre da
malha, diminuindo a sua vida útil. Neste caso pode ser interessante superdimensionar a bitola do
condutor e/ou utilizar hastes de aterramento de camada mais espessa de recobrimento.
Uma primeira medida para se reduzir os problemas associados à corrosão é a não interligação de
metais diferentes, especialmente quando imersos diretamente no solo. Tem-se, porém, que relações
entre áreas dos metais anódico (o ferro, menos nobre) e catódico (o cobre, mais nobre) da ordem de
100, em meio não agressivo (pouco ácido), não dão origem a corrosão severa.
São os seguintes os métodos de proteção contra corrosão para elementos metálicos enterrados:
− revestimento das superfícies;
− superdimensionamento da seção do elemento enterrado; e
− proteção catódica.
O revestimento das superfícies metálicas (galvanização ou pintura, por exemplo) é mais
aplicável a estruturas de aço expostas à atmosfera, sendo insuficiente para a proteção de elementos
enterrados. A literatura técnica registra a aplicação da segunda e da terceira alternativas para a proteção
de eletrodos de aterramento de instalações de energia.
Um caso particular do revestimento das superfícies metálicas vem a ser o uso de ferragens de
fundação como elementos de aterramento. O concreto constitui-se em um meio uniforme, alcalino e de
baixa resistividade quando enterrado (tipicamente inferior a 100Ω.m), esta última característica
decorrente de ser um meio higroscópico. São admissíveis interligações entre cobre e aço quando ambos
estão embutidos no concreto ou entre cobre no solo e aço no concreto, neste último caso desde que a
conexão seja feita no interior do concreto ou seja externa, isto é, não enterrada. Dentre as razões que
justificam esta colocação podem ser mencionados:
− o concreto reduz o eletrólito, elimina a aeração e homogeiniza o meio;
− o potencial natural do aço é consideravelmente alterado quando o mesmo é embutido no concreto,
aproximando-se do valor do potencial galvânico do cobre na série eletroquímica, sendo o potencial
natural do cobre menos sensível a estas variações do meio;
− o elevado PH da argamassa de cimento promove a interrupção da corrosão, pela formação de um
filme protetor na superfície do aço (passivação do aço), que o protege de elementos agressores.
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3.2.1 Superdimensionamento dos Condutores de Aterramento
Para que o sistema de aterramento suporte 30 anos, tempo compatível a vida útil de linhas de
transmissão, o superdimensionamento da camada de cobre para os cabos e hastes de aterramento pode
ser conservativamente assim calculado: 0,025mm/ano x 50 anos = 1,25mm.
A proteção catódica pode ser feita por corrente impressa ou por anodos de sacrifício.
A proteção por anodos de sacrifício envolve o uso de um material que possua um potencial
elétrico mais elevado do que o do metal a ser protegido. Esse material constitui o “anodo de sacrifício”,
que sofre corrosão preservando assim a tubulação ou estrutura. Esse método possui um custo menor e
uma baixa velocidade de perda de massa, suficiente para durar o mesmo tempo de vida útil do material
enterrado. Um estudo é necessário para descobrir as dimensões para o anodo de sacrifício, que vai
variar conforme a superfície de material a ser protegida.
A proteção por corrente impressa consiste no uso de um retificador com o pólo positivo
interligado à estrutura a ser protegida e com o pólo negativo a um conjunto de anodos, gerando uma
circulação de corrente que anulará a corrente que causa a corrosão.
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Figura 3.3: sistema de proteção catódica de tanques de combustíveis em
um posto de gasolina.
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APLICAÇÃO CORROSÃO
MATERIAL AO AR LIVRE ENTERRADO EMBUTIDO EM RESISTÊNCIA RISCO ELETROLÍTICA
CONCRETO AGRAVADO
COBRE RECOMENDADA RECOMENDADA - A muitas Cloretos altamente -
substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
ALUMÍNIO RECOMENDADA - - - Agentes básicos Com o cobre
CHUMBO RECOMENDADA RECOMENDADA - Altas Solos ácidos Com o cobre
concentrações
de sulfatos
AÇO GALVANIZADO RECOMENDADA RECOMENDADA RECOMENDADA Boa, mesmo - Com o cobre
em solos
ácidos
AÇO COBREADO RECOMENDADA RECOMENDADA - A muitas Cloretos altamente -
substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
ALUMÍNIO RECOMENDADA - - A muitas Cloretos altamente -
COBREADO substâncias concentrados,
compostos
sulfúricos, materias
orgânicos
Tabela 3.2: materiais utilizados em aterramento e resistência à corrosão.
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3.3 CONEXÕES EM ATERRAMENTOS
As conexões elétricas utilizadas em aterramentos devem possuir as seguintes características:
− alta qualidade e vida útil compatível com a aplicação;
− performance uniforme, independente das variações de tempo, clima ou meio; e
− não devem introduzir pares galvânicos ou resistências de contato variáveis por influencia de agentes
externos.
Conexões mecânicas devem apenas ser utilizadas acima da superfície do solo e exigem
manutenção periódica (no mínimo anual), e as conexões por solda exotérmica e por compressão podem
ser enterradas.