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Habitat no Campo, nas Águas e nas Florestas | Paranoá 17

Casa Suindara:
Formação, experimentação e construção no habitat rural

PERRIN, Anaïs Guéguen1


FERREIRA, Thiago Lopes2

1HABIS, IAU,USP, São Carlos, Brasil e AE&CC, ENSAG, Grenoble, França. anaisgueguen@gmail.com
2HABIS, IAU,USP, São Carlos, Brasil e AE&CC, ENSAG, Grenoble, França. thi.lopes.ferreira@gmail.com

Resumo Abstract
A Casa Suindara é o resultado de uma Suindara House results from an experiment in
experiência de extensão universitária e popular, social and university extension, within the
realizada nas dimensões do curso Canteiro- context of a design build program, in which, from
Escola, onde a partir da produção de uma the production of family housing in an agrarian
habitação familiar dentro de um assentamento reform rural settlement, practices of
rural de reforma agrária, práticas coletivas, architectonic conception and execution that can
dialógicas e sustentáveis de concepção e be classified as collective, dialectic and
realização do projeto arquitetônico foram sustainable, were experimented and analysed.
experimentadas e analisadas. Os processos de The processes of learning and knowledge
aprendizagem e construção de conhecimentos building occurred complementarily and
ocorreram complementar e simultaneamente às simultaneously to the constructive practices and
práticas construtivas e ao desenvolvimento de to social technologies development, performed
tecnologias sociais, mediante ao uso de based on the use of local, natural and reused
materiais locais, naturais e de recuperação. materials. From this perspective, the articulation
Nesta perspectiva, a articulação entre o mundo between the academic world and the social
acadêmico e a realidade social do reality of the rural settlement provided the
assentamento rural proporcionou a aproximação rapprochement and interaction between
e a interação entre os conhecimentos scientific, technical and popular knowledge.
científicos, técnicos e populares. A família Beyond involvement in the process, the resident
moradora, para além da participação no family revealed itself to be a protagonist in the
processo, revelou-se protagonista na ação e action and a training agent of participants on the
agente formadora dos participantes no canteiro building site.This work briefly presents the
de obras. Este trabalho apresenta brevemente o execution process of the design build program,
processo de realização do canteiro-escola, analysing the experience through productive and
analisando sua experiência a partir das educational dimensions, where the training
dimensões formadora e produtiva, onde os process is realised through social work, which in
processosde aprendizagem se desenvolvem na turn is established as an educational principle.
forma de trabalho social, que por sua vez, se
fundamenta enquanto princípio educativo.

Palavras-Chave: canteiro-escola; habitação Key-words: design build program; popular


popular; assentamentos rurais, tecnologias housing; rural settlements; social technologies.
sociais.

DOI: http://dx.doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n17.2016.09
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1. Introdução aproximadamente 1.150 hectares, 83 famílias


Este trabalho aborda uma experiência de de agricultores vivem hoje com dificuldades
extensão universitária e popular realizada econômicas e estruturais, distribuindo-se em
dentro de um assentamento rural de reforma lotes cujas áreas variam entre 7 e 12 hectares
agrária1, local de construção de um canteiro de cada. São pessoas que convivem e resistem às
aprendizagem técnica, trocas sociais e condições dispostas em suas realidades
produção do habitat. Esta perspectiva foi sociais, buscando acessar certos créditos
inserida nas dimensões do curso Canteiro- financeiros que possibilitem viabilizar e
Escola2, espaço de trabalho social onde os assegurar sua reprodução social e o
processos de aprendizagem e construção dos desenvolvimento da comunidade. Vale ressaltar
conhecimentos ocorrem simultânea e que dentre as inúmeras dificuldades existentes
complementarmente às diversas práticas carecem iniciativas que atendam a temas
construtivas e ao desenvolvimento de relacionados diretamente à produção do habitat,
tecnologias sociais, mediante o uso de materiais tais como a construção de casas, o acesso à
locais, naturais e/ou de recuperação. água, ao saneamento básico, a assistência
técnica necessária, entre outros.
A aproximação entre o mundo acadêmico e a
realidade social deste assentamento foi As atividades acadêmicas ganharam forma
estabelecida a partir do desafio de conceber e através de dois cursos universitários
produzir coletivamente uma habitação popular promovidos pelo Instituto de Arquitetura e
para uma família moradora da comunidade. Urbanismo (IAU/USP) e organizados pelo grupo
Esta habitação tornou-se assim uma ferramenta de pesquisa HABIS em parceria com o
para a constituição de um espaço de trabalho laboratório de pesquisa Cultures Constructives
onde pessoas de diferentes classes sociais, de (ENSAG-França). As dinâmicas desenvolvidas
formação e nacionalidades diversas pudessem abrangeram atividades realizadas tanto na
compartilhar o mesmo processo produtivo, com Universidade quanto no assentamento rural.
seus questionamentos e considerações, cada
um com seu perfil e suas habilidades. 2. Sobre o contexto habitacional rural
Conforme os dados do último recenseamento
Localizado no município de São Carlos, estado demográfico brasileiro realizado pelo Instituto
de São Paulo, a Comunidade Agrária Nova São Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Carlos é um assentamento rural oficialmente ano de 2010, o Brasil possui 190.755.799
reconhecido pelo Estado brasileiro em 2009, habitantes, sendo que 15,64% desta população
cerca de um ano após a ocupação da área e o 3
vive em áreas rurais . De acordo com estas
início do acampamento. Neste território rural, de estatísticas, a região sudeste do país (região
deste projeto) concentra cerca de 80.364.410
1
Assumimos como referência a noção genérica de habitantes, sendo que 92,95% desta população
assentamento rural tecida por Sônia Bergamasco e Luís vivem em áreas urbanas.
Norder (1996). Estes, consideram os assentamentos
rurais como a “criação de novas unidades de produção
No mesmo ano, a Fundação João Pinheiro
agrícola, por meio de políticas governamentais, visando
o reordenamento do uso da terra em benefício de
trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra,
3
envolvendo também a disponibilidade de condições Embora os dados sejam oficiais, existe um grande
adequadas ao uso da terra e, o incentivo à organização debate em torno da metodologia utilizada na
social e à vida comunitária.” conceituação dos territórios urbanos e rurais, na
2
O Canteiro-Escola é um curso coordenado pelo medida em que as classificações nem sempre refletem
laboratório de pesquisa HABIS (IAU/USP São Carlos) as características espaciais e demográficas das áreas a
desde 2008, cujo objetivo é reunir, no mesmo espaço que se referem. Segundo Alexandre VALADARES
didático, os conhecimentos próprios aos meios (2014), a porcentagem da população rural brasileira
acadêmicos e os conhecimentos práticos dos poderia ser elevada a mais de 22% da população
profissionais da construção civil. Esta quarta edição do absoluta, se o método estatístico conjugasse aos
curso se intitulou "Canteiro-Escola: Produzindo uma critérios referentes ao número de habitantes, a
habitação popular com técnicas construtivas em densidade populacional e a natureza da ocupação de
madeira e terra". trabalho das pessoas.

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divulgou uma pesquisa que aponta um déficit de interesse social (padrão mais baixo
habitacional na ordem de 6,94 milhões de indicado), estimado em R$ 778,76 reais, com o
unidades no Brasil, correspondente a 12,1% montante de R$ 28.500,00 reais poderiam ser
dos domicílios do país. Segundo o estudo, a construídas novas habitações com cerca de 36
2
região Sudeste concentra 38% desse déficit, ou m.
seja, cerca de 2,674 milhões de unidades. Mais
Este cálculo embora não inclua os custos
da metade deste valor (1,495 milhões) está
indiretos existentes na produção dos canteiros
situada no estado de São Paulo, sendo que as
de obras e inclua um valor de mão de obra um
áreas rurais comportariam um déficit de cerca
pouco maior (40%) do que o valor autorizado
de 31,250 mil domicílios.
pelo financiamento serve para indicar, de
Atualmente, as políticas públicas relativas aos maneira global, o quadro habitacional
créditos financeiros destinados à construção de estabelecido pelos programas de governo para
habitações populares rurais estão vinculadas ao os assentamentos rurais de reforma agrária.
Programa Nacional de Habitação Rural – Como resultado, são frequentes as casas de
PNHR, articulado por sua vez, ao Programa baixa qualidade, geralmentepequenas para o
Federal “Minha Casa Minha Vida”, dentro da tamanho das famílias ou ainda com maiores
5
modalidade “Minha Casa Minha Vida Rural” , dimensões, mas interrompidas antes do
cujo banco Caixa Econômica Federal é o término, devido à falta de recursos financeiros.
agente financeiro e gestor operacional.
Neste sentido, deve-se atentar para o fato das
Este programa está voltado para a população condições, regras, normas e padrões
que vive no meio rural, como os agricultores impostosno acesso à moradia revelarem as
familiares, trabalhadores rurais, comunidades contradições existentes entre o direito a habitar
tradicionais, entre outros. Regulamentado pelo e a dificuldade em fazê-lo. A produção do
Ministério das Cidades, suas ações habitat se afasta cada vez mais de sua
englobamtanto construções novas quanto realização enquanto fruto das disponibilidades
reformas de casas antigas. Para as famílias dos materiais locais, prioridades, desejos e
moradoras de assentamento rurais, o montante valores familiares, alinhados às características
destinado na construção de uma nova culturais dos grupos sociais, e passam a ser
habitação é de R$ 28.500,00 reais e, para rigorosamente pautadas por formas
reformas, de R$ 17.200,00 reais. Deste valor, heterônomas de satisfação das necessidades,
até 35% pode ser utilizado com o pagamento de balizadas por custos operacionais e por
mão de obra. interesses financeiros e de classe.

Para uma melhor compreensão das É no âmbito da contribuição à reflexão e ação


possibilidades construtivas oferecidas pelo de novas formas de concepção e produção do
crédito habitacional, propomos o seguinte habitat rural que este projeto se realiza. Sua
raciocínio rápido: partindo do custo médio por inserção em um assentamento rural peri-urbano
6
m2 de construção (CUB ) referente ao padrão orienta a compreensão do território a partir das
relações dialéticas de complementaridade entre
4
Informações obtidas do “Déficit habitacional os espaços rurais e urbanos, revelando
municipal no Brasil, 2010”, documento produzido pela
modalidades de funcionamento que
Fundação João Pinheiro.
5
As informações foram obtidas no site do Banco Caixa potencializam novas possibilidades de interação
Econômica Federal. Consultado em 09/07/2014. e experimentação social e produtiva.
http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/munici
pal/assistencia_tecnica/produtos/repasses/pnhr_
ogu/index.asp
6
O Custo Unitário Básico (CUB) consiste no principal (Sinduscon) de todo o país e sua variação percentual
indicador dos custos do setor brasileiro da construção mensal tem servido como mecanismo de reajuste de
civil e determina o custo global da obra de maneira preços e principal indicador dos custos das construções,
aproximativa à realidade do mercado. Ele é calculado em função de diferentes padrões de qualidade e
pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil diferentes tipos de construções.

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3. O assentamento e a pesquisa-ação observadas.


A aproximação do grupo de pesquisa com as
Em função da existência de um antigo galpão
famílias do assentamento se deu em um
no assentamento, espaço coletivo utilizado para
momento histórico importante na comunidade,
reuniões e encontros sociais, as primeiras
período em que estas estavam começando a
atividades tiveram como objetivo central, refletir
construir suas casas. A entrada no
coletivamente sobre a organização de cursos de
assentamento ocorreu a partir de uma família
formação profissional em diferentes técnicas
moradora, que se disponibilizou a apresentar os
construtivas, a partir da reforma do galpão. As
representantes da comunidade, além de
dificuldades técnicas e de planejamento das
estimular as pessoas a participarem de um
obras seriam discutidas e experimentadas
grupo de trabalho relacionado às construções
durante as práticas construtivas.
das casas.
A ideia era a de que a formação técnica
O interesse orientava-se para a constituição de
realizada ao longo do processo de reforma do
um processo coletivo de discussão sobre as
galpão poderia ser reaplicada pelas famílias na
dificuldades encontradas pelas famílias na
construção ou reforma de suas próprias casas.
produção de suas moradias, e assim, na
elaboração de um programa de
açõesobjetivando melhorar as condições

Figura 1: Localização do assentamento Comunidade Agrária Nova São Carlos. Situado no interior do estado de
São Paulo, encontra-se na zona industrial da cidade de São Carlos, distante 8 km de seu centro. Cobre um
território de 1.158,5 hectares dividido em quatro glebas pela Estrada Domingos Innocentini (sentido norte-sul) e
por uma linha de alta tensão (sentido oeste-sul). À leste, a comunidade é delimitada por uma via férrea. O lote
onde se desenvolve o projeto está marcado em vermelho no mapa à direita da figura.

Por um conjunto de fatores de ordem social, envergadura, a partir da organização e


cultural e política, as atividades não tiveram o acompanhamento social junto a cada uma das
impacto e os resultados esperados. As famílias, famílias. Desta forma, as estratégias do projeto
dentro de seus contextos particulares, não transformaram-se e novos rumos de atuação
apresentaram condições, tempo ou interesse foram planejados.
para a realização de uma atividade coletiva de
O processo de análise do contexto existente a
reforma do galpão a partir de cursos de
partir da participação na realidade trabalhada
formação. E dentro do grupo de pesquisa, por
possibilitou definir novas orientações e escolhas
sua vez, não haviam, naquele momento,
a partir de uma compreensão mais aprofundada
condições estruturais e humanas para a
e dos fatores influentes. As reflexões coletivas
realização de um trabalho de maior
orientavam as ações para a realização de uma

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prática concreta que pudesse fortalecer nossa A primeira fase de produção da casa Suindara
inserção na comunidade e servir como contou com a participação de 34 estudantes e
referência para a sensibilização de outras ocorreu ao longo do primeiro semestre de 2013.
famílias, alavancando posteriormente novas O calendário dos encontros teóricos e das
práticas coletivas no assentamento. A estratégia atividades práticas foi organizado em duas
escolhida passou pelo compromisso vertentes. A primeira consistia em um encontro
estabelecido junto à família com a qual houve o semanal na Universidade onde os estudantes
ingresso inicial na comunidade. organizados em grupos concebiam diferentes
propostas de projetos habitacionais e de
A metodologia de ação adotada centra-se na
sistemas construtivos, a partir dos materiais
construção de um processo formador orientado
7 encontrados no lote familiar, e que seriam
pelo método de pesquisa-ação que torna-se o
construídos e testados durante as atividades
eixo central da articulação entre o espaço
práticas de canteiro.
acadêmico e o espaço rural do assentamento.
As relações estabelecidas entre o grupo de Localmente, os materiais disponíveis para a
participantes e a família, através de práticas construção eram a terra (arenosa com cerca de
dialógicas, propõem aos envolvidos uma 70% entre grãos finos e médios), os eucaliptos
atuação proativa, a partir de suas percepções (existentes no assentamento e região) e os
enquanto sujeitos atuantes, que pensam e paletes de madeira (descartados como resíduos
agem em direção a uma dimensão crítica do pelas indústrias instaladas próximas à
projeto arquitetônico e de seus sistemas comunidade).
construtivos. Ademais, o processo de reflexão e
A segunda vertente, também semanal,
ação coletiva necessita, constantemente,
propunha a inserção dos participantes em
adaptar-se ao imprevisível presente no dia-a-
diferentes práticas construtivas no lote familiar
dia, e se organizar e reorganizar a partir das
de produção. Foram construídos um galpão
situações relevantes que emergem
para estocagem dos paletes de madeira e um
regularmente deste processo.
banheiro seco que pudesse servir à família e
Nesta perspectiva, os diálogos foram aos participantes ao longo do curso. Em
amadurecendo e delineando os acordos que seguida, foram construídos e experimentados
estabeleceram uma lista de direitos e deveres os sistemas construtivos propostos pelos
de todos os participantes (família, inscritos e diferentes grupos de participantes em sala de
equipe de pesquisa). O princípio central deste aula.
experimentar produtivo estava focado no
O projeto arquitetônico possuía alguns
desafio de se conceber uma habitação a partir
princípios norteadores. O primeiro deles
da produção local de tecnologias, oriundas das
indicava para o melhor aproveitamento das
condições, recursos, conjunturas e formas
possiblidades de utilização dos materiais
existentes e criadas no lote, no canteiro e no
naturais e de recuperação disponíveis
próprio processo produtivo. Através de
localmente e na região. A ideia central era
explicações teóricas, técnicas, conversas
incentivar o exercício de criar, experimentar e
coletivas e ações práticas, as atividades
desenvolver, a partir do uso e transformação
atravessavam cada etapa de concepção e
construção da nova habitação.
8
Esta fase ocorreu no quadro de um curso optativo do
4. Casa Suindara: processo coletivo Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU/USP/São
de produção do habitat Carlos) sob a organização do grupo de pesquisa HABIS
em colaboração com o laboratório de pesquisa Cultures
Constructives (ENSAG/França). O nome Suindara faz
referência à coruja Suindara, encontrada na região e de
7
Para maiores informações ver autores como: Maria maneira abrangente em todo o Brasil. A denominação
Amélia S. FRANCO (2005) et Khalid El ANDALOUSSI foi dada pela própria família à sua nova habitação.
(2000).

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dos materiais, ferramentas, recursos e características, valores, condições, processos


inteligências disponíveis, alguns sistemas históricos, entre outros elementos, presentes
construtivos que orientassem as escolhas neste mundo rural, e em suas relações com o
produtivas de cada grupo de trabalho. mundo urbano de São Carlos. As relações
sociais construídas entre os participantes e a
Outro princípio indicava a necessidade de
família foram fundamentais para uma melhor
inserir o projeto dentro de sua realidade social,
compreensão dos “por quês” e “como” daquela
ou seja, dentro das dinâmicas que envolvem e
realidade, de modo a enriquecer as reflexões e
interferem na realidade do assentamento rural.
escolhas de projeto.
Para isso, era necessário refletir sobre certas

Figura 2: As primeiras atividades realizadas proporcionaram uma melhor compreensão do contexto do


assentamento e do lote. Aos poucos, os trabalhos práticos de experimentação e construção coletiva foram sendo
desenvolvidos, sempre de maneira complementar ao desenvolvimento das propostas para os projetos
arquitetônicos, realizados estes na Universidade.

A presença da família na Universidade se deu acessos aos dois ambientes (universidade e


em diferentes ocasiões onde foi experimentado assentamento) onde as reflexões e as práticas
o exercício do acompanhamento, das trocas de se faziam. Esta aproximação entre os
ideias e das dúvidas sobre os avanços dos conhecimentos acadêmicos e os conhecimentos
projetos. Sua participação no ambiente populares e técnicos da realidade social foram
acadêmico com a possibilidade de debater, tecendo e potencializando outras significações
refletir e escolher a respeito dos projetos de sua sobre o ato de projetar e produzir coletivamente.
própria casa e outras questões relativas
fortaleceu as relações sociais e os
compromissos acordados entre o grupo de
estudantes e a família, estabelecendo os

Figura 3: Ao final do curso foram apresentadas, discutidas e avaliadas as propostas para os projetos
arquitetônicos e os sistemas construtivos desenvolvidos no lote familiar.

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Como resultado desta fase, cinco propostas de As experimentações práticas resultaram, por
projetos habitacionais foram desenvolvidas sua vez, no desenvolvimento de cinco sistemas
pelos estudantes, compatíveis com os desejos e construtivos a partir da utilização das ripas de
necessidades da família, com suas condições madeiras dos paletes descartados, por vezes
financeiras e com o contexto ambiental do lote e consorciados com a utilização da terra do local.
do assentamento. Estes projetos foram Foram produzidos três tipos diferentes de
apresentados, discutidos, analisados e deram painéis de paredes com paletes, uma viga de
origem ao projeto final, concebido junto com a madeira em perfil I, uma porta de correr e
família, a partir da tentativa de reagrupar as fôrmas para a produção de paredes em taipa de
ideias mais pertinentes e adequadas, tanto a pilão. Todos os resultados foram apresentados
nível de projeto quanto dos sistemas eanalisados em grupo, e uma auto avaliaçãofoi
construtivos. feita a cerca das atividades do curso e das
experiências vividas.

Figura 4: Perspectiva do projeto final da casa Suindara com seus principais elementos construtivos e a
planta baixa do projeto, concebido a partir de dois módulos paralelos de 4m x 12m, com sua organização
interna, orientação dos cômodos e usos propostos.

O projeto arquitetônico da casa Suindara é feitas com a terra estabilizada com cimento, a
composto por dois módulos retangulares - partir da técnica da taipa de pilão. A estrutura
separados, paralelos e desencontrados – da casa é de troncos roliços de eucaliptos, e
unidos por um espaço central coberto de tanto as paredes de fechamento quanto os
acesso a cada cômodo da casa, e que pode ser painéis de cobertura foram produzidos a partir
aberto ou fechado em função das atividades da da reutilização dos paletes de madeira
família. No módulo orientado a leste estão descartados pelas fábricas do entorno. Os
dispostos os quartos, e no módulo oeste estão tratamentos das águas negras e cinzas serão
organizados os demais cômodos, sendo estes: realizados através de processos biológicos de
a sala, cozinha, banheiro e dispensa. O projeto filtragem e purificação das águas.
modular permite a evolução ao longo do tempo
Uma vez concluída a etapa de realização do
com o acréscimo de novos cômodos ou a
projeto arquitetônico, foi iniciada a segunda fase
reorganização interna dos mesmos. Sendo
da casa Suindara, organizada em dimensões
arenosa a terra encontrada no lote, as
mais amplas e aberta ao público de uma
fundações e as bases da construção foram
maneira geral, entre estudantes, profissionais e

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pessoas interessadas . Sob a forma do curso de O fato do morador, assentado rural e
extensão universitária Canteiro-Escola, as trabalhador da construção civil, compartilhar
atividades tiveram como objetivo dar seus conhecimentos técnicos em uma
continuidade à primeira fase do projeto, perspectiva educadora, explicando e ensinando
promovendo a construção da casa a partir de os gestos e as posturas específicas das etapas
diferentes Oficinas referentes a cada etapa construtivas, para futuros arquitetos, permitiu
construtiva. desconstruir certas relações hierarquizadas nos
processos produtivos do mercado e praticar
Cada Oficina tornou-se palco da aproximação
outras formas de organização do trabalho -
entre as discussões teóricas e suas práticas
coletivas, dialógicas, autogeridas e sustentáveis
construtivas. Passando pelas fundações,
– revelando dimensões educativas e
estruturas, coberturas e painéis das paredes, os
conscientizadoras do trabalho.
participantes experimentaram, desenvolveram e
realizaram os diferentes processos produtivos A importância dada às práticas construtivas, aos
de forma estruturada e articulada com os aprendizados, à participação e às trocas entre o
processos de formação. grupo e a família, alimenta a apreensão e o
empoderamento dos sujeitos participantes,
Notou-se ali, a construção plural dos papéis
acentuados pelo exercício de realização do
assumidos por cada um dos participantes ao
trabalho coletivo. Sua inserção nas dinâmicas
engajarem-se nas responsabilidades colocadas
da realidade social amplia o potencial do
em prática. Foram ao mesmo tempo aprendizes
trabalho, e assim como o produto realizado, seu
e facilitadores, construtores e planejadores.
processo ganha evidência e adquire significado
Assim, discutiam os projetos de arquitetura,
crítico.
pilavam a terra, descascavam os eucaliptos,
desmontavam os paletes, experimentavam Esta dinâmica passa pelos debates acerca dos
sistemas construtivos, organizavam-se em tipos e usos dos materiais de construção, de
grupos, discutiam as atividades, as dificuldades seus impactos culturais e ambientais, das
encontradas, o tempo necessário para a relações de produção, de seus mecanismos de
execução das tarefas, os benefícios e os riscos, organização e gestão, e ainda, pela dimensão
questionavam as técnicas escolhidas, sócio-técnica dos processos de
confraternizavam com a família, interrogavam desenvolvimento tecnológico, com suas
sobre processo de reforma agrária e as experimentações, sistematizações,
condições de vida no assentamento, etc. aprimoramentos, produção e avaliação.

Notamos ali um processo de transformação em


que o futuro morador se apropriava do papel de
produtor de seu habitat e, para além da
participação nos processos decisórios e
construtivos, se revelava facilitador e instrutor
nas sucessivas etapas do canteiro, orientando
os participantes quanto às técnicas, os gestos,
as ferramentas, as posturas, entre outras
questões.

9
Esta fase foi planejada a partir de um curso de difusão
e de extensão universitária do mesmo Instituto de
Arquitetura e da Comissão de Cultura e Extensão do
IAU/USP/São Carlos. A organização do curso ocorreu
através da mesma parceria entre os grupos de pesquisa
Habis e CulturesConstructives/ENSAG, citados
anteriormente.

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Figura 5: Sessões de debates, explicações teóricas e práticas construtivas durante o canteiro-escola. Para cada
etapa do curso foram desenvolvidos painéis pedagógicos que serviram como ferramentas de apoio às
explicações teóricas e aos debates coletivos.

Figura 6: Através da organização coletiva os grupos realizaram os trabalhos referente à escavação e


preparação das fundações da casa a partir da técnica da taipa de pilão. A terra local foi estabilizada com
cimento e apiloada em camadas sucessivas dentro das fundações.

Figura 7: Os painéis de cobertura foram produzidos a partir da reutilização de paletes de madeira. Parte deles
foram desmontados e suas ripas foram utilizadas na confecção das vigas laminadas pregadas, posteriormente
fixadas aos paletes inteiros, constituindo assim os painéis de cobertura. A mesa de produção foi construída com
madeiras de descarte doadas por uma indústria da região junto com os paletes.

Figura 8: A base da casa foi realizada de maneira semelhante à fundação. A terra do lote foi estabilizada com
cimento e apiloada dentro de fôrmas de madeira em camadas sucessivas. Primeiramente, foram realizadas as
taipas em torno dos pilares da casa, seguidas pelas taipas das bases das paredes.

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Figura 9: Base das paredes em taipa de pilão. Durante a compactação foram colocadas terras de cores
diferentes que criavam variações na taipa de pilão. Também foram realizados ângulos chanfrados para limitar o
desgaste dos cantos da taipa e encaixes tipo macho-fêmea na união entre as bases de taipa.

Neste contexto, são provocadas condições para O desafio de criar soluções arquitetônicas para
a constituição de um espaço de trabalho o habitat a partir dos recursos locais
autogerido e de produção de conhecimentos, disponíveis, fortaleceram os processos de
onde as ferramentas e os diálogos se interagem formação individual e coletiva do grupo,
e proporcionam novas criações em torno das facilitando a compreensão da produção
práticas construtivas do habitat. As tecnológica, para além de seus procedimentos
potencialidades transformadoras são as técnicos, inseridas em processos sociais,
perspectivas reveladas na produção. Elas são culturais, econômicos e políticos.
fruto da participação coletiva, crítica e criativa
Ao invés de tentar pré-estabelecer ou controlar
dos participantes envolvidos.
as variáveis e as condições do lugar, torna-se
Assim, o pensar, o projetar, o praticar e o necessário descobrir as peculiaridades locais e
desenvolver, foram buscar no trabalho direto incorporá-las aos processos tecnológicos.
entre os materiais e os capitais disponíveis, Tornar, tanto as atividades produtivas quanto as
entre as inteligências construtivas e as forças formadoras, os pontos de partida dos processos
de trabalho, seus elementos norteadores do alavancados, e assim, concentrar as análises
processo. As tecnologias se desenvolveram nas situações em que a atividades ocorrem. O
fruto dos constantes diálogos entre os objeto casa vira ferramenta para constituição
conhecimentos científicos, os conhecimentos deste processo maior, de formação humana,
técnicos e os conhecimentos populares. conectada às relações com seu contexto.

Figura 10: Realização e fixação dos painéis de parede produzidos a partir dos paletes descartados. Estes, foram
desmontados, classificados, cortados e remontados sob medida. A mesa de produção foi adaptada e os grupos
refletiam e construíam os painéis através de suas etapas produtivas.

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Figura 11: O acabamento externo dos painéis foi realizado com ripas de madeira dos paletes formando mata-
juntas externas. Do lado interno, o painel foi preenchido com terra, retida por uma trama de telas de arame e
sombrite. Em seguida, foi aplicada uma camada de revestimento de terra e fibra. A fibra foi adicionada com o
intuito de melhorar a aderência do revestimento nas telas e criar uma trama dentro da mistura de terra,
minimizando sua retração (das argilas) após a secagem. Por cima deste revestimento foi aplicada a segunda
camada de terra branca como acabamento final.

Figura 12: Vista da casa Suindara com os painéis de parede fixados, prontos para receber o preenchimento de
terra e os acabamentos externos e internos da casa.

O curso Canteiro-Escola tratado neste trabalho e produção coletiva de conhecimentos.


foi organizado a partir de três oficinas. As
atividades somaram 51 dias formais de idas ao 5. Conclusões
assentamento, estendidas ao longo de um ano O desenvolvimento rural e local compreendido
10
de curso. No total, 91 participantes nas dimensões de suas novas ruralidades , a
acompanharam as atividades com uma média partir das dinâmicas dos territórios urbanos e
de 19 pessoas por dia no canteiro. rurais, e de suas relações intrínsecas
estabelecidas, inserem os assentamentos rurais
A maior parte dos participantes eram de reforma agrária como elementos de suma
estudantes de arquitetura e engenharia importância nas conjunturas que marcam o
ambiental. Somavam-se a eles profissionais mundo rural brasileiro.
arquitetos, engenheiros, artistas, publicitários,
biólogos, entre outros. Eram brasileiros e Este, não mais tido como um espaço exclusivo
também estrangeiros mexicanos, uruguaios, das atividades agrícolas, mas como um território
chilenos, colombianos, cabo verdianos, de sociabilidade complexa onde surgem cada
franceses e alemães. Desta forma, o canteiro- vez mais novas redes sociais em diferentes
escola configurou-se como um espaço de escalas de atuação. Sérgio Leite (2004) tem
múltiplas culturas, diferentes idiomas, acúmulos destacado que mesmo reduzido ante a
e motivações particulares. Sua produção concentração fundiária que marca o caso
humanizada resulta em elemento chave para os brasileiro, os assentamentos rurais vem
processos questionadores da forma, conteúdo e
formato dos canteiros de obras. O espaço de 10
Ver autores como: Maria José CARNEIRO (2003),
trabalho transformado em espaço de formação Maria N. WANDERLEY (2001), Roberto José MOREIRA
(2007), entre outros.

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aumentando, permitindo afirmar certa crítica durante a apreensão e o


“irreversibilidade” do processo. Para além da desenvolvimento das atividades.
compreensão de que as políticas públicas para
Potencializando os questionamentos das
os assentamentos vêm a reboque da ação dos
soluções técnicas, provocando a criatividade
setores organizados em torno da Reforma
dos participantes por soluções viáveis e
Agrária, Leite (2004, p.110) evidencia a
condizentes com a realidade, alimentando as
“necessidade de compreender melhor o
práticas de trabalhos em grupos, da
significado e a dimensão que esses novos
experimentação livre, da materialização das
sujeitos e essas novas unidades (de produção,
ideias, e da reflexão crítica dos processos
consumo, trabalho, moradia, lazer, vida etc.)
realizados, o canteiro-escola consiste numa
passam a cumprir no seio da chamada questão
prática formadora que possui sua realidade
agrária brasileira”.
concreta, com seus tempos e formas
Ao inserir o curso de extensão universitária no manifestas, em constante transformação e
mundo real do assentamento rural, se oferece adaptação no arranjo dialético entre as
aos universitários e assentados uma série de conjunturas dispostas e as possibilidades
instrumentos que contribuem para uma melhor operadas.
compreensão das relações entre o rural e o
Nesta experimentação coletiva de produção do
urbano, flexibilizando ainda mais suas fronteiras
habitat popular rural, os espaços de debates,
e misturando os dois espaços. Neste processo,
aprendizagens e tomadas de decisões ocorrem
são experimentadas ações de interação e
no próprio espaço de moradia e trabalho, entre
complementaridade entre o mundo acadêmico e
a família e os participantes. A inserção da
a realidade social, aproximando a pesquisa e a
família no centro do processo de análise das
ação, a teoria e a prática, quem concebe de
necessidades e tomadas de decisões,
quem constrói.
estabeleceu um modo de organização
O canteiro-escola configura-se como um produtiva, baseada na participação coletiva e
ambiente onde os processos produtivos e valorização daquele que detinha maior
formadores se entrelaçam, buscando conciliar conhecimento técnico aplicado sobre a
os diferentes interesses e pontos de vistas, realização construtiva - o próprio morador.
propondo e discutindo as transformações e
O habitat é tido, assim, não como uma
imprevistos, cujo processo mesmo se dinamiza
finalidade em si, mas como potencializador de
constantemente. O canteiro ganha a forma de
outras relações criadas localmente. O processo
uma plataforma de trabalho e formação,
formativo se revela na forma de trabalho social,
mediada por diferentes sujeitos engajados no
que por sua vez, se fundamenta enquanto
desafio de se pensar e realizar outros modos de
princípio educativo.
produção do habitat rural.
A casa Suindara, para além de sua forma, se
A experimentação assume grande importância
insere nas ações de melhoria da qualidade do
neste exercício de redescobrir e reinventar os
habitat em comunidades rurais de reforma
modos de habitar, e as perspectivas metódicas
agrária, contribuindo com as práticas e
de ação e produção dos conhecimentos vão
reflexões sobre os processos contemporâneos
acompanhando, orientando, modificando e
de produção do habitat popular.
sendo modificadas, pelo próprio realizar do
processo formativo.
6. Referências Bibliográficas
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a aprendizagem durante a realização prática. sciences, développement, démocratie.
Por sua dinâmica, incita a autonomia na Paris: Publisud, 2000.
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