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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

RESENHA DA VISITA À PINACOTECA


RELACIONANDO COM OS TEMAS DAS AULAS

ALUNA: Maria Clara Cândida Pinho


NUSP: 13725479
Disciplina: ACH 0162 -
Arte, Literatura e Cultura
PROF: Lúcia Stumpf

SÃO PAULO
NOVEMBRO 2022
Na visita que fizemos à Pinacoteca de São Paulo foram contempladas diversas
obras, sendo elas esculturas, pinturas, performances e instalações. A coleção vem
sendo formada desde 1905, o acervo da Pinacoteca espelha a ampla produção
artística nacional e examina questões relacionadas à ideia de uma "identidade
brasileira" atualizando o debate em um ano marcado por datas importantes.
O museu apresenta uma reflexão bem importante inspirada no processo de
urbanidade e modernidade que foram pautas muito trabalhadas nas aulas de Arte,
Literatura e Cultura deste segundo semestre. "O ano de 2022 marca o centenário da
Semana de Arte Moderna, bem como o bicentenário da independência brasileira. A
Pinacoteca se propõe a abordar ambas as efemérides a partir de uma perspectiva
crítica, organizando uma série de exposições que olham para esses eventos como
partes de processos mais alargados e continentais", conclui Jochen Volz,
diretor-geral da Pinacoteca de São Paulo. Uma das obras que mais chamaram a
minha atenção foi a “Corpo Mole 3” de Marcelo Cidade. Quando passamos por ela,
sequer notamos que a escultura estava ali, mas estava. A obra pode simbolizar
comunidades invisibilizadas e marginalizadas, como povos negros, indígenas,
mulheres, pessoas LGBTQIA+, moradores das periferias, mas principalmente,
nesse contexto, quis focar nas pessoas em condição de rua, onde nunca foram
enxergadas, sempre sendo colocadas a margem da sociedade por não estar
seguindo o “sistema” e viverem nas ruas sendo constantemente agredidos,
maltratados, negligenciados e julgados como uma “exceção” aos direitos humanos,
então, essa obra com o formato de um “papelão” ou algo nada importante e
chamativo, trás a reflexão de estarmos focados tanto em nós mesmos, sendo tão
egoístas que não prestamos atenção em algo mesmo que grande, apenas por “não
nos afetar” (isso em tese, já que até mesmo pessoas em condições de rua podem
afetar até a economia mundial). Em uma das aulas de arte tivemos a oportunidade
de conhecer o documentário “PIXO” no youtube e entender um pouco mais da arte
usada como resistência nas periferias. Relacionando essa aula com a escultura de
Marcelo Cidade eu pude enxergar o universo e a história por trás dessa cultura da
pichação, onde a arte elitizada não chegava às comunidades e os poderosos no
governo sequer olhavam para o que estava acontecendo lá dentro (mortes, roubos,
falta de bem estar e qualidade de vida). A pichação surgiu como um meio de eles
serem vistos, de fazerem barulho, demonstrarem sua indignação com o sistema,
mas também como uma forma de lazer e contentamento para os pichadores. Por
ser uma arte totalmente marginalizada as pessoas não conhecem sua história, o
motivo da pichação estar em um determinado prédio, ou mesmo o porquê de se
arriscarem tanto para “sujar” algo. A verdade é que não entendem, não conseguem
ler aquilo, interpretar, o entendimento fica para os olhos treinados, os que militam e
sabem, os que vivem a realidade de serem excluídos. Os pichadores estão
constantemente trazendo reflexões por meio do pixo, expressando a indignação da
maioria, da pobreza e da burguesia, e com isso estão resistindo.
As aulas de ALC trouxeram para mim muitas reflexões como esta, me fizeram
amadurecer meu senso crítico, olhar o mundo pela arte de outras pessoas, desde a
era colonial, a modernidade, de entender a minha arte e o meu desenvolvimento.
Sabemos o quanto o sistema é falho, e em como somos educados desde sempre a
abaixar a cabeça e seguir o rebanho, mas a cultura, a arte, a educação e a
informação estão ligadas para abrir nossas mentes e nos fazer ter a força para
continuar.

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