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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Campus Vila Galvão

Curso: Artes Visuais

TC – Trabalho de Conclusão de Artes Visuais –


Prof. Tercia Pitta – Claudia Figueiredo SILVA –
R.A: 2053901.

Vila Galvão

2023
CLAUDIA FIGUEIREDO SILVA

Trabalho Monográfico – Curso de Artes Visuais,


apresentado à comissão julgadora da UNIP –
Londrina, sob a orientação da professora Tercia
Pitta.

Vila Galvão

2023
CLAUDIA FIGUEIREDO SILVA

A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA NOS MUSEUS CONTEMPORÂNEOS

Universidade Paulista – UNIP Londrina 2023


Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção
do título de Graduação em Artes Visuais
apresentado à Universidade Paulista – Unip.

Aprovado em:
DEDICATÓRIA

.
AGRADECIMENTOS
FOLHA DE EPÍGRAFE
SUMÁRIO

Resumo......................................................................................................................1
I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................3
II. CAPÍTULO 1 – Origem e o Papel Social e Econômico do Museu......................................5
III. CAPÍTULO 2 – Arte-Educação no Contexto Museológico..............................................10
RESUMO

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ABSTRACT

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I. INTRODUÇÃO

O museu é um ambiente sensorial que conduz o visitante a vários tipos de histórias.


Nesse sentido, o trabalho busca apresentar o museu como um dos responsáveis
por exibir fragmentos de uma sociedade que evoluiu, e que aprendeu, ou não, com
o tempo. As argumentações buscam indicar que o museu resgata artistas
renascentistas e o modernismo no país, mas que entra em conflito para abranger
todas as classes sociais. O trabalho pondera se exposições são tão democráticas
como aparentam e se há, realmente, acessibilidade. Museus que tem como principal
foco exposições de quadros e esculturas tem a mesma notoriedade entre a
população? Estuda-se também a importância da cultura na sociedade e o papel do
museu, um mecanismo de comunicação universal em suas diversas linguagens,
capaz de reunir obras distintas e preservá-las através do tempo, e da mesma
maneira formar cidadãos críticos e sensíveis. É importante observar que museus
tradicionais estão sendo ultrapassados porque a sociedade acredita que não há
interatividade entre o espectador e a obra, tornando a experiência incompreensível.

A formação em Artes é de grande valia para observar, analisar e absorver obras de


arte, mas uma vez que há uma barreira entre o observador e a obra, então não há
diálogo, tampouco interesse. O ensino brasileiro usa a disciplina de artes como um
passatempo ou atividade de datas comemorativas para os alunos, e o mesmo
acontece com museus, raramente há um aluno que sairá para visitar um museu por
conta própria, pois não possuem o conhecimento necessário para se situar em um
ambiente, aparentemente, desconhecido. O “conhecimento necessário” não está em
saber toda a biografia do artista, suas técnicas e motivações, mas está na
interpretação e a curiosidade.

Na criação deste trabalho, consultaram-se diversas fontes documentais, como


artigos, livros e teses para aprofundar no tema museu/educação, a fim de elaborar
uma monografia que apresente as discrepâncias entre a realidade dos alunos da
Educação Básica e os museus. Exposições, infraestrutura e acervo estão entre os
pontos mais importantes para atrair público, visto que as disposições das obras
devem ser contemporâneas para acompanhar a sociedade, e, a partir disso, surgem
as exposições imersivas e interativas como um mecanismo de apreciação do

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espaço com estímulos. O objetivo dessa monografia é justamente conhecer a
realidade de um público que enfrenta barreiras culturais para acessar a arte de
forma consolidada, e como o aluno pode se beneficiar de uma visita ao museu
através da disciplina de Artes, que pode ser construtiva para criar pensamento
crítico e social. Como aponta Ana Mae Barbosa, “uma sociedade só é artisticamente
desenvolvida quando ao lado de uma produção artística de alta qualidade há
também uma alta capacidade de entendimento desta produção pelo público” (2004,
p. 13). E propriamente, não há, e nesse sentido o trabalho apresenta investigações
e possíveis soluções para a questão.

No primeiro capítulo, disserta-se sobre a história dos museus, desde a origem, seu
significado e função social, bem como os seus aspectos estéticos na
contemporaneidade, e, através de revistas e artigos, demonstram-se dados acerca
da desigualdade econômica para acesso dessas instituições. O segundo capítulo
aborda a Arte-Educação e o contexto museológico, sendo este capaz de capacitar
jovens a construir um olhar sensível, crítico e observador, com finalidade de torná-
los cidadãos ativos na sociedade em que vivem, para que possam refletir como um
espaço rico em diversidade acaba se tornando obsoleto para a classe que possui
menos poder aquisitivo.

II. CAPÍTULO 1 – Origem e o Papel Social e Econômico do Museu

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O termo museu vem da Grécia Antiga, com a palavra mouseion, significando o
Templo das Musas. Na mitologia grega, Zeus e Mnemosine tiveram 9 filhas, as
musas que carregavam o saber científico e artístico, como a dança, astronomia,
história e poesia lírica, e esse templo foi uma casa para elas: nela os gregos se
reuniam para agradar as musas e buscar por inspiração, sendo em sua maioria,
filósofos e estudiosos. Esse museu tinha função de adorar aos deuses, não se
assemelha ao museu contemporâneo pois não havia uma coleção de objetos
destinados a informar a história e estudá-los.

Foi criado, então, o Museu de Alexandria, como aponta Gaspar (1993, p.12), uma
instituição que agrupava itens como estátuas de filósofos, peles de animais, trombas
de elefantes e instrumentos cirúrgicos, mas de nada tinha a ver com o museu como
se conhece hoje, era, essencialmente, um lugar destinado a pesquisas e estudo,
além de possuir uma biblioteca com um tutor. O museu adquire um novo significado
a partir da Idade Média com o Renascimento, trazendo o Gabinete de Curiosidades,
um museu organizado pela burguesia e para a burguesia para armazenar objetos
raros e que vinham de lugares distantes, como animais empalhados, esqueletos,
obras de arte e insetos. Nota-se que na Antiguidade havia restrição para atender a
todos os públicos, atualmente os museus estão abertos a todos, mas mesmo no
Renascimento os objetos estavam focados na quantidade, não conceituava a
palavra museu como um espaço de saber para o povo.

O conceito de museu mudou drasticamente com o tempo, como define Caldeira


(2005, p. 141), “[...] os museus realizam mostras nas quais exibem todo tipo de
objeto que apresente interesse histórico, arquitetônico, etnológico, antropológico,
tecnológico, artístico e cultural”. O museu passa a ser uma entidade destinada ao
conhecimento, não se direciona apenas à contemplação e a beleza, como era na
Antiguidade. Atualmente, são espaços educativos que se modernizaram para incluir
uma sociedade que já não se interessa pelo estático, e sim pela tecnologia: o ser
humano está cercado de telas, como o cinema, celular, televisão e outdoors. Uma
instalação em que uma escultura está posando, um quadro ou um artefato, não
atraem com tanta voracidade. Como aponta Santaella (2004, p. 141) “as antigas
formas continuam, mas são reposicionadas em relação às novas”, e, por
conseguinte, surgem as exposições imersivas, de modo que o museu obtenha o
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conceito de uma organização que traz o visitante para dentro das telas. Em São
Paulo, a exposição imersiva Van Gogh & Impressionistas espera mais de 200 mil
pessoas para visitar as telas do artista holandês com projeções em 360º nos pisos e
nas paredes, com valores que variam de R$ 40,00 a R$80,00 reais, segundo o G1.
Essas exposições se situam, em sua maioria, em shoppings. O museu como
instituição que abrange o “povo”, na prática, não funciona. Como aponta uma
pesquisa feita pelo instituto Oi Futuro em 2019, classe A e B ocupam 82% desses
espaços, e relatam que preferem cinema (77%), restaurante (64%) e parque (63%),
com o museu (49%) ficando por último, e apesar do museu ser a última preferência,
afirmam que entendem um pouco de arte e gostam de aprender. Ainda, a classe C
frequenta museus a cada 2 (dois) anos, e em ordem de preferência estão inclinados
a escolher a casa dos amigos (61%), shopping (48%) e cinema (47%), e não
pensam no museu como um lugar interessante, e sim previsível e feito para guardar
memórias. Embora os museus, por definição, tenham progredido com o tempo para
que tenham o objetivo de incluir diversas classes sociais, ainda é posicionado como
um veículo inacessível para o proletariado, pois há um estigma de que só artistas e
especialistas podem frequentar museus, pois eles “entendem” do assunto. Sentem-
se limitados pelo ambiente e não voltam para uma outra visita. A exposição imersiva
é a responsável por flexibilizar a arte como um objeto em que não necessita de um
parecer, e sim um aparelho que interage e foca na experimentação. Como analisa
Rocha (2012), “só entende o valor simbólico agregado ao objeto artístico quem se
sente familiarizado com aquele bem cultural” (pag. 89).

Os museus são um patrimônio histórico inestimável para a sociedade pois neles


contém o resgate da memória e da consciência crítica. A História precisa ser
ensinada através de imagens, não só textos, pois na imagem está a documentação
de um tempo através da perspectiva sensorial. Sendo assim, o ambiente escolar
não é o único lugar em que o aluno tem oportunidade de aprender sobre História e
Artes, o museu é um espaço dedicado aos dois. É de extrema importância que o
aluno seja inserido nesses espaços com mais frequência, para que saia aberto às
essas possibilidades de saber. Ademais, criam-se oportunidades para o mestre e os
aprendizes pensarem no museu como uma entidade múltipla em sentidos.
No projeto educativo do museu devem existir cursos para orientar a
montagem de exposições na própria escola. Procuram-se, com isso,
parâmetros básicos sobre o exercício de pensar os modos de construir

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atividades com objetos que, de alguma forma, fazem parte da vida dos
alunos e professores (RAMOS, 2004, p. 37).

A construção de um cidadão formado em ler imagens está além da sala de aula, ele
deve ter contato com instituições destinadas a este fim. Estar constantemente em
contato com imagens não significa que se pode analisá-las e entendê-las, e é isso
que falta no ensino: um currículo escolar capaz de capacitar o aluno a interpretar
códigos. O museu tem uma variedade de signos que, desde o momento em que o
visitante entra no local, exige uma interpretação da instalação, do acervo e até
mesmo das descrições presentes na obra. Se não há um conhecimento acerca
dessa leitura, o contato com esses ambientes se torna impraticável. Barbosa (2009,
p. 34) enfatiza que a leitura de imagem deve partir de uma alfabetização das obras
de arte como imagens fixas, e, para que a criança possa desenvolver a competência
de interpretá-las através do cinema e da televisão, dá-se a capacitação para
imagens em movimento. Na cultura contemporânea imagens em movimento estão
por toda parte, e deste modo, a arte é transferência, inclusive nos museus.
A partir disso, aprende-se que a arte pode sim ser para todos. A educação em
museus pode vir da escola, mas também no cotidiano com a família, pois os pais
são responsáveis pela educação não formal dos seus filhos, e desse modo, cria-se
o hábito de frequentar esses locais e a criança passa a se sentir à vontade para
observar e interagir com essas peças, e além disso, exercitar a expressão e
interpretação das imagens. O aluno deve ser incentivado desde pequeno a se
expressar e demonstrar suas ideias, pois desse modo constrói-se um cidadão
criativo e observador.

Atualmente o museu é conhecido como um lugar de antiguidades e coisas velhas,


necessita-se de uma renovação estrutural para atrair um público que não está
acostumado a ter contato com essas instituições, que acabam sendo
amedrontadoras. A arquitetura diz muito sobre um local, sua acessibilidade,
democratização e conservação, ainda mais para um público que não tem um
contato direto com esses monumentos. Bruno (2002, p. 12), explica que o que mais
atrai os visitantes a visitar um museu não são as obras de arte, e sim o próprio
edifício, e por conseguinte um museu como o MASC (Museu de Arte
Contemporânea) não contempla o acervo que ele propõe. Isso se aplica também a

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museus que não recebem uma reforma e ficam abandonados pelo Estado, como
aconteceu em 2018 com um incêndio no Museu Nacional – 20 milhões de itens
foram queimados, perdidos na eternidade, e o mesmo aconteceu com o Museu da
Língua Portuguesa. A população fica com a impressão de que são lugares
descuidados. Como aponta uma pesquisa realizada pelo instituto Oi Futuro, os
participantes da pesquisa relatam que o Brasil não sabe conservar os acervos,
portanto não há interesse em visitá-los, pois estão velhos e desgastados.
Igualmente, a população não conhece a programação da cidade e não sabe quando
os museus apresentam um acervo temporário, acreditam que museus são estáticos
até mesmo nas suas programações.

Ressalta-se a importância de criar, também, museus que conversam com a


comunidade. Uma instituição como o Museu da Favela conversa com o seu público
de forma direta, pois foi feito justamente do convívio com pessoas que vivem nas
favelas de São Paulo, além de ter sido construído por pessoas negras e
escravizadas, no século XIX. Rico em significado, possui uma estrutura imponente e
que se comunica com os seus visitantes, de modo que a visita se torna expressiva
para o povo situado naquela região. Quando se menciona a democratização, ela
deve incorporar todas as nuances contidas na realidade das pessoas que visitarão
determinado museu, e no caso deste museu, os ingressos são gratuitos e o
estabelecimento disponibiliza ônibus para a visita. Souza (2002, p. 195), explica que
os museus, além de possuir funções técnicas, são instituições que detêm um papel
social e devem incorporar a cultura como um agente educativo para incluir a
sociedade. Determina-se que os museus são responsáveis pela promoção da
justiça social, abordando questões de desigualdade, representação e diversidade.
Eles fornecem uma plataforma para vozes e perspectivas e ajudam a desafiar as
narrativas dominantes.

De fato, cria-se um diálogo com museus através de aspectos inclusivos para a


sociedade. Como dialogar com um povo que encontra barreiras ao ter contato com
essas instituições, a não ser criando e incluindo-os nesses espaços? Aliás, um
palácio como o Museu da Favela não existiria se não tivesse o apoio e intervenção
do meio em que está inserido. A democratização e a acessibilidade permeiam todo
um espectro museológico a partir da reflexão crítica de que museus não se
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contentam em exibir imagens se não estiverem aptos a se conectarem com o seu
público. Algumas instituições ainda estão presas ao passado, não se preocupam em
inovar o acervo e trazer novas propostas, quando a humanidade está em constante
mutação e aceleração.

Quando se fala de avanço nos museus, é imprescindível falar de realidades virtuais:


elas se destacam, pois, ao proporcionar uma experiência mais imersiva, esse tipo
de exposição pode ajudar os visitantes a se conectarem mais profundamente com
os objetos em exibição, incluindo os mais jovens, que podem ter períodos de
atenção mais curtos e se sentirão cansados em um museu com acervo tradicional.
E a memória é a principal condutora dessas visitas: a memória coletiva proporciona
um senso de continuidade e comunidade. Ao preservar e exibir objetos e histórias
do passado, os museus podem fazer com que os visitantes se sintam conectados às
gerações anteriores. Como explica Oliveira,

“na contemporaneidade, as performances museais enfrentam cada vez


mais o desafio de, primeiramente, envolver-se com a realidade urbana que
as circundam, para depois provocar interesse, visto que a cena urbana se
tornou um espaço espetacularizado em que todas as opções disputam o
olhar e a participação do público. As musas que coabitam os museus, com
toda sua beleza e saber, continuam a não ser um atrativo suficiente”
(OLIVEIRA, 2018, p. 434).

A apreciação de um acervo vem através da comunicação dele com o visitante, não


basta saber todos os dados teóricos se essa obra não se conecta com quem a vê. A
História é sinônimo de memória e informação, a memória é o que vai tornar a
experiência única em significados, onde indivíduos e comunidades podem se reunir
para lembrar e refletir sobre o passado, e a informação é o condutor que vai levá-los
a questionar suas suposições e explorar diferentes perspectivas, levando a uma
compreensão mais profunda de questões complexas.

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III. CAPÍTULO 2 – Arte-Educação no Contexto Museológico

A educação não formal tem como foco principal ser centrada no aluno, o que
significa que é adaptada às necessidades e interesses específicos do discente. É
conveniente para indivíduos que podem não ter acesso à educação formal devido a
barreiras econômicas, sociais ou geográficas. Não só no ambiente escolar que o
aprendiz desenvolve a capacidade de criar, ler e contextualizar, mas no seu
cotidiano também, estando em contato com diversas possibilidades artísticas, como
o museu. A sala de aula é importante para que o jovem aprenda acerca da teoria,
desenvolva pensamento crítico e exercite o convívio com os seus pares, mas não é
a única forma de exercer o saber. Libâneo (2005, p.31) define a educação formal
como, “a educação formal compreenderia instâncias de formação, escolares ou não,
onde há objetivos educativos explícitos e uma ação intencional institucionalizada,
estruturada, sistemática”, portanto, é evidente que há uma norma e um cronograma
que regem a aprendizagem, tornando difícil a flexibilização para além dos muros da
escola. É papel da instituição promover ações didáticas que aproximem os
indivíduos para o seu meio, a fim de capacitá-los para agir positivamente para sua
mudança.

Ambientes que apresentam multiplicidades culturais possuem o potencial de unir


linguagens diversas para o ensino de crianças e adolescentes, e a educação não
formal pode proporcionar uma experiência educacional abrangente e enriquecedora.
Trabalhar o conceito de educação não formal exige que o mestre pense na
realidade dos seus discentes. Para Gohn (2006), a educação não formal permite
que os indivíduos se tornem cidadãos capacitados para viver no seu meio, tendo a
oportunidade de conhecer sobre ele e agir para construir interatividade com grupos
sociais, gerando assim, um processo educativo. A interatividade presente nos
museus pode ampliar o contato que os alunos possuem no convívio com livros e
materiais destinados a este fim, e é importante observar que crianças e
adolescentes se sentem mais engajados quando estão próximos a ambientes que o
desafiem a observar e analisar. Livros são importantes e devem ser usados, mas,
em uma era em que as telas são o principal foco de jovens e adultos, a linguagem
textual deve encontrar outras estratégias de atingir o seu público. É nesse sentido
que a educação se adapta, pois deve incluir no seu currículo uma série de

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perspectivas que tem que sair do papel para capacitar discentes no cotidiano, como
aponta Soto (2001, p. 259), “a possibilidade de realizarmos a educação não-formal
está aí, o desafio é fazê-la de tal modo que ela possa tornar-se uma ferramenta
transformadora das estruturas sociais, para que a mudança social já não esteja
mais no plano de utopia”.

Nesse seguimento, é evidente que o Estado tem de investir em um ensino equitativo


que incorpore toda a sala de aula, visando os alunos como cidadãos singulares que
buscam um docente que acompanhe as atualidades em um mundo contemporâneo,
pois com o avanço da modernidade, é incontestável que o ser humano procure um
atendimento humanizado e devolutivo. Nas escolas públicas isso não acontece, pois
são cerca de 40 alunos em uma sala, exigindo atenção de todas as formas, e o
ensino de Artes também é afetado, não há um cronograma que exercite o
pensamento artístico, chegando ao ponto de o mestre passar apenas textos e
decorações. Segundo determina a resolução SEE nº 2741/2015, é preciso de, no
mínimo, 35 alunos para formar uma turma, enquanto a DPRF indica que são
necessários, até, 35. Em relação ao espaço de uma sala de aula para o ensino
fundamental, é necessário 1,20m² por aluno + 10m² de circulação. Essa
discrepância entre os órgãos responsáveis pela determinação de quantidade, não
qualidade, não visa o funcionamento pleno desses aprendizes após a escola, e sim
suas formações. Então, como inserir esses estudantes na sociedade sem
efetivamente apresentá-los a ela? Não terão conhecimento para agir acerca dessa
realidade, tampouco mudá-la. Gradativamente esse cidadão deve ser inserido em
espaços que o apresentem à didática através de outros ângulos, e, a partir disso,
ele se apropriará da cultura que herdou.

Nota-se que este cenário permeia a construção da identidade do indivíduo perante a


sua comunidade, e é por esse ângulo que a experiência em um museu é capaz de
estimular discentes em formação, pois através de um acervo histórico encontra-se a
oportunidade de contextualizar uma vivência ideológica e social.

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REFERÊNCIAS

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