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museus-virtuais-na-sua-aula

Publicado em NOVA ESCOLA 02 de Junho | 2020

Sugestão de atividade

Como usar museus


virtuais na sua aula?
Instituições nacionais e internacionais liberaram suas
galerias na internet durante a pandemia. Veja sugestões
de trabalhar com essa ferramenta a distância
Ana Paula Bimbati
Duda Oliva
Ilustração: Duda Oliva

Ir ao teatro da cidade, visitar uma exposição ou conhecer um museu novo são


atividades que geram muito interesse dos alunos. Com as aulas a distância, as
saídas pedagógicas (conhecidas também como passeios), não são
presencialmente possíveis – mas há ainda um universo de galerias a serem
exploradas online.

Desde o início da pandemia, dezenas de museus brasileiros e internacionais


deixaram suas galerias disponíveis na internet. Sendo assim, elas também
são uma ferramenta possível de ser incluída na aula online e de forma
alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Pesquisar planos de aula sobre museus para usar a


distância

“A arte tem sido muito valorizada nesse período, porque quando a gente
consegue se conectar com esse universo [das artes plásticas, música, dança,
teatro], esse tipo de conteúdo nos dá uma nova perspectiva”, explica Milene
Chiovatto, coordenadora da Ação Educativa da Pinacoteca de São Paulo.

A visita ao museu possibilita também estimular a curiosidade do aluno e a


ampliação do repertório cultural, uma das competências gerais da BNCC. “A
escola também é esse espaço de ampliar o acesso dos alunos a lugares como
os museus. Muitos estudantes não têm acesso a esculturas”, exemplifica a
professora de História Sherol Santos, da rede pública estadual do Rio Grande
do Sul, e especialista do Time de Autores NOVA ESCOLA.

Sugestões de atividade com as galerias virtuais


Será que seu aluno sabe por que um objeto vira um objeto de museu? Por
que não pode tocar nos itens dessas instituições? Sherol sugere que essa
pode ser uma temática para a abordagem da aula, levando os alunos depois a
visitarem os museus online. “A BNCC fala em reconhecer e identificar os
registros e objetos de museus”, explica.

(EF03HI05) Identificar os marcos históricos do lugar em que vive e


compreender seus significados.

(EF03HI06) Identificar os registros de memória na cidade (nomes de


ruas, monumentos, edifícios etc.), discutindo os critérios que explicam a
escolha desses nomes.

Além disso, trabalhar com museus abre uma janela de oportunidade para
trabalhos interdisciplinares. “Conhecer um museu de Ciências, por exemplo, e
levar os alunos a entender porque o museu serve de salvaguarda também do
patrimônio da cidade. A ciência é um patrimônio da comunidade”, diz a
professora de História.

As professoras Sandra Evangelista e Adriana Francato, do Colégio Santa


Maria, em São Paulo (SP), desenvolveram um projeto interdisciplinar sobre
Beethoven. Elas envolveram a literatura, música e também a visita ao museu
do compositor. “Contei para turma que iríamos conhecer a casa de
Beethoven, a ideia era também mostrar que o museu pode ser próximo da
realidade do aluno”, conta Adriana, professora de música.

Já Sandra trabalhou com os alunos do 4º ano a leitura de um livro sobre


códigos, remetendo a história de Beethoven, que usava a música como
código para se comunicar com o mundo. “É o tipo de projeto que colabora
para que a gente forme um aluno questionador, competente e também um
leitor fluente”, aponta.

Para Adriana, é importante que o professor crie esse link do museu com a
aula, tenha um embasamento. Além de ter um foco para direcionar o olhar
da criança durante a atividade.

A professora Sherol sugere também a impressão de imagens ou envio de


livros, caso não haja acesso à internet para toda turma. “Municípios
pequenos misturam as instituições (biblioteca e museu) e é interessante
trabalhar a materialidade do acervo. Aqueles livros que não têm mais [novas]
edições, por exemplo”, indica.

Orientações para fazer as visitas online


Para a especialista Milene Chiovatto, a primeira orientação é deixar explicado
para os alunos que nenhum passeio virtual substitui o presencial. “A gente
não pode criticar o uso de uma ferramenta virtual para construir
conhecimento, mas precisamos entender que é uma outra experiência”.

Milene recomenda também que o professor cumpra um papel de conduzir a


observação. “Não cabe ao professor colocar um significado no que será visto
pelos alunos, mas sim articular para que os alunos deem seu significado”.
Além disso, ela alerta para que seja evitado estímulos ou perguntas que
“achatem” o significado perceptivo do estudante. "Por exemplo, na obra do
caipira picando fumo, você não pode apresentar para os alunos "esse é o
caipira picando fumo, o que vocês acham que ele está fazendo?", porque vai
inibir o potencial perceptivo. Ao invés disso, pergunte "o que vocês acham
que esse homem está fazendo?", explica.

Pesquisar planos de aula para usar a


distância

A professora Sherol sugere também que o professor planeje o uso do museu


se baseando no perfil da turma. “É importante também acessar a galeria
virtual para prever problemas. Se algum objeto não tem dado, por exemplo,
por que ele não tem? Isso pode gerar até perguntas durante a aula”, afirma.
Por isso, para que o passeio virtual seja produtivo, é necessário que o
docente faça uma visita antecipadamente ao acervo que será apresentado
aos estudantes.

Milene propõe também que os professores usem outros recursos nas visitas
virtuais, de acordo com a faixa etária dos estudantes. “Se a figura imita o
cetim de uma roupa, porque não mostrar um cetim? Como é a dobradura
desse tecido? Os recursos podem colaborar com o objetivo que deseja ser
alcançado na aula”, indica a especialista.

Museus e galerias para conhecer o mundo sem sair de casa

CCBB
Com sedes em quatro estados, o braço cultural do Banco do Brasil, além do
acervo da instituição, conta com exposições temporárias que abordam
diferentes períodos históricos e vertentes artísticas. Com um público
crescente nos últimos anos, as unidades vêm investindo em visitas guiadas e
expografias interativas, além de um catálogo de mostras de apelo popular,
como "Basquiat", "Mestres do Renascimento", "Chiharu Shiota". Atualmente,
conta com um tour virtual pela sua última grande exposição "Egito: do
Cotidiano a Eternidade", com audioguia, vídeos e vistas panorâmicas de
maquetes e objetos.

Durante a pandemia
A instituição vem buscando formas de trabalhar acessibilidade a suas
exposições por meio do aplicativo Musea (acesse aqui). Através dele é
possível conferir reportagens, vídeos, fotos e textos curatoriais de várias
de suas últimas mostras. Disponível para iOS e Android, o material conta
também com audiodescrição e tradução em Libras.

Super dica: O CCBB tem uma comunicação bastante ativa nas redes
sociais, e através do seu Instagram é possível baixar catálogos das
exposições passadas. Além disso, o aplicativo Musea não só traz
material relacionado ao CCBB, como pode também traz conteúdo de
outras instituições culturais como o Sesc.

Como usar: Acesse o Instagram de qualquer uma das quatro unidades


do CCBB e confira os destaques do Stories (eles ficam no topo da
página, embaixo da foto do perfil). Ali, acesse a opção "Catálogos".

IMS
Mais voltado para fotografia e iconografia, o Instituto Moreira Salles (IMS)
possui uma biblioteca imensa com fotos, aparelhos, cadernos, periódicos,
negativos e materiais impressos do Brasil. No site, é possível conferir parte
deste catálogo em mais de 2 milhões de arquivos, acessar vídeos de
bastidores de montagem expográfica, e entrevistas com curadores. Além
disso, o Instituto disponibilizou um conteúdo especial produzido para as
mostras que foram interrompidas pela Covid-19: visitas gravadas, galeria das
obras expostas, reportagens sobre o artista e sua obra e ensaios em texto.

Durante a pandemia
Parte da estratégia de difusão cultural e apoio a classe artística, o
Instituto iniciou em março o IMSConvida (acesse aqui), programa do
museu que convida artistas e coletivos a se expressarem por meio de
vídeos, música, pinturas, ilustração e ensaios. Até maio, mais de 60
obras foram contempladas pelo projeto e disponibilizadas para o público.
Super dica: Além do acervo de fotografia, literatura e música, o Instituto
também disponibiliza em seu site parte do conteúdo de seus periódicos
Serrote (caderno de ensaios de temas plurais) e Zum (revista
especializada de fotografia).

Galeria Degli Uffizi


Um dos principais museus italianos, o espaço trabalha com pinturas italianas
de diferentes períodos históricos, além de materiais como esculturas e
artigos têxteis. Além do acesso a artigos e textos de exposições prévias, o
passeio digital pode ser feito pela plataforma Hypervision (clique aqui para
acessar), em que é possível, além de caminhar pelo espaço, acessar os dados
das obras expostas durante a visita. Para conferir tudo que a galeria tem a
oferecer, é possível realizar a tradução da página (em italiano) pelo próprio
site ou através das extensões do navegador (Chrome e Explorer).

Como usar (Google Chrome): Para traduzir qualquer página para o


português, selecione a opção de tradução na barra de navegação (parte da
página em que o endereço do site é digitado). Ao entrar em um site sem a
língua selecionada para o sistema, esta janela aparecerá automaticamente no
topo da página, basta aceitar a tradução.

Como usar (Internet Explorer): Para traduzir uma página neste navegador,
vá até o endereço www.bing.com/translator . No primeiro campo de
preenchimento, cole o endereço da página que você deseja traduzir (por
exemplo, https://www.uffizi.it/en). No segundo campo, selecione o idioma
desejado, e clique no link que irá surgir logo abaixo.

Durante a pandemia
A galeria desenvolveu uma experiência de visitação virtual na plataforma
Hypervision (acesse aqui) em que é possível, além de caminhar pelo
espaço, acessar os dados das obras expostas durante a visita.

Super dica: Para aprender um pouco mais sobre arte, a galeria liberou o
conteúdo de sua revista digital Imagines, periódico que discute a relação
entre fazeres artísticos. O acervo digital da galeria também é uma
alternativa para estender a visita.

GoogleArtsAndCulture
Iniciativa que busca democratizar o acesso à Arte e integrá-la ao cotidiano das
pessoas, o portal é um dos maiores endereços online para consumo de
conteúdo cultural, abarcando artes plásticas, literatura, dança, teatro, cinema
e mais. Em parceria com mais de 2 mil museus de todo o mundo, o
GoogleArtsAndCulture possui uma produção de conteúdo vasta, galerias
especiais, curadorias temáticas, ferramentas para ensino em casa, atividades
e testes, material para redes sociais, e diversas outras funções atualizadas
com frequência no portal. É prato cheio para quem quiser visitar não apenas
museus e exposições ao redor do mundo.

A visita virtual pode ser feita neste link. Para visitar qualquer museu parceiro,
basta selecionar o museu desejado na lista. Na página seguinte, você
encontrará diversos caminhos para explorar a coleção escolhida, tanto
através das sessões da própria instituição, pelo catálogo geral das obras ou
pelo tour virtual do museu. O site também disponibiliza uma opção (em todas
as páginas, no rodapé) para traduzir o conteúdo para Língua Portuguesa.

Durante a pandemia
A plataforma já disponibilizava diversos recursos antes da quarentena,
contudo as ferramentas para celular ganharam bastante destaque
recentemente por permitirem interações e atividades que minimizem o
impacto do distanciamento social. Há conteúdos em Realidade
Aumentada para experimentar esculturas e arquiteturas, filtros artísticos
(confira aqui o filtro Art Selfie e aqui, o Arte Transfer) para compartilhar
em redes sociais e galerias de conteúdo personalizadas de acordo com
as pesquisas do usuário.

Super dica: A plataforma investe em conteúdos multimídia que exploram


obras ou temas apresentados e também buscam conectar as mensagens
e ideias das peças com questões de nosso tempo ou que incitem
discussões acerca de arte e cultura no mundo. O material é organizado
dentro de narrativas visuais que incluem vídeos, músicas, imagens e
textos para o visitante experimentar no seu próprio ritmo e prezam pela
diversidade de temas e curadoria exemplar.

Pinacoteca do Estado de São Paulo


O mais antigo museu da cidade, a Pinacoteca de São Paulo traz um panorama
da arte brasileira do século 19 até hoje. Além do vasto acervo fixo, o prédio –
de desenho do renomado arquiteto modernista Ramos de Azevedo – abriga
mostras e exposições temporárias. Na visita virtual (que pode ser guiada
automaticamente ou pelo usuário), é possível conferir as obras do acervo
permanente, como a Coleção de Arte Moderna, a Galeria de Esculturas e a
Sala de Arte Pop. Faça uma visita virtual clicando aqui.

Durante a pandemia
Parte dos esforços de manter o contato da instituição com seus
visitantes, o PinaDeCasa é uma iniciativa que traz diversos recursos
para o momento atual, como jogos educativos, curadoria de obras no
Instagram e a playlist "Distância", que compartilha obras de videoarte da
coleção.

Super dica: A plataforma utilizada pela Pinacoteca para visitação virtual


(Iteleport), além de trazer adaptações para Realidade Aumentada,
também permite conferir outras instituições culturais, como o Museu de
História Natural e a Zipper Galeria.

Como usar: após acessar este link, selecione a categoria "Museus e


Galerias".

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