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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – IFCH.


CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA.
DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO II – RUI ANICETO.
ALUNO: MARIA ELISA SCOVINO DA SILVA

Relatório de visita ao Museu de Arte do Rio (MAR)


O Museu de Arte do Rio (MAR), localizado na região da Praça Mauá, no centro
do Rio de Janeiro, é uma instituição mantida em parceria dos órgãos públicos com a
iniciativa privada, e busca integrar arte, história e educação. Ali são desenvolvidos
diversos espaços dedicados a participação da academia, professores e comunidade em
relação ao Museu. Suas exposições abrangem temas que envolvem a história do Rio de
Janeiro, o acervo e também arte contemporânea. Recebe um público bem diversificado
que vai de crianças, adultos, turistas, e pessoas de diversas partes da cidade, do país e do
estrangeiro, de todas as classes sociais. Apesar de não ser um Museu turístico de grande
contingente como seu vizinho, o Museu do Amanhã, recebe quantidade significativa de
visitantes, especialmente nas férias, e durante o ano letivo, grupos escolares.
O Museu proporciona visita mediada ao público geral, podendo ser agendadas
ou espontâneas (sem agendamento), e visitas agendadas para instituições de ensino que
queiram trazer turmas de alunos. Além de formação de professores da educação formal
e não formal, e oficinas e atividades com os moradores da região portuária de todas as
idades. A proposta da mediação é diferente da visita guiada, pois esta última pressupõe
um caminho e um percurso pré-determinado, enquanto a mediação é mais livre e
dinâmica, o próprio visitante vai participar ativamente das escolhas dos caminhos e
reflexões que vão surgindo enquanto explora a exposição. Apesar de não ter ocorrido
assim na prática quando acompanhei no dia 08/01/19 a visita de Wesley, da área de
sociologia, pois havia certo direcionamento do percurso e temas, a proposta é mais
dialogada e espontânea. Essas propostas são elaboradas pelo próprio educativo do
Museu, sob gestão do Instituto Odeon. Tem linhas e encaminhamentos abertos sendo
direcionadas pelo próprio educador que possui autonomia na elaboração de sua visita,
que em geral contempla a área de formação deste, que pode ser sociologia, filosofia,
museologia, geografia, artes e outras áreas correlatas.
As visitas se adequam ao público, por iniciativa do educador que atende e se
adequa a diferentes perfis e idades; assim como são desenvolvidas em dias e horários
específicos atividades para certo público com certa faixa etária. O processo de visita por
escolas, tem todo um procedimento, com agendamento, com uma anterior formação de
professores antes da visita, e também conversas e perguntas com os docentes a fim de
esclarecer dúvidas e entender os objetivos que esse profissional almeja com a visita ao
Museu por seus alunos. O que foi relatado em relação aos objetivos pretendidos pelos
professores de história se refere ao combate ao racismo, ao processo de construção da
cidade do Rio de Janeiro e sobre o samba. Não há nenhum material distribuído, nem
conversa após a visita. Mas os educadores preenchem um relatório de pós-visita
explicando o que aconteceu, se os objetivos gerais foram alcançados, relatando
possíveis problemas encontrados.
A pesquisa que existe e é desenvolvida pelo Museu, é bem geral e busca a
opinião do público sobre questões que abrangem desde a limpeza até o educativo. As
exposições são organizadas levando em conta quatro eixos temáticos: Veja o Rio de
janeiro – o que no caso, estava em aberto a exposição “O Rio do samba: resistência e
reinvenção”-, Guardar para lembrar (acervo e memória) – “Mulheres na coleção MAR”
e também “A pequena África e o MAR de Tia Lúcia”, que busca denunciar e dar
visibilidade as poucas mulheres artistas na coleção-, e “Meu corpo no Museu”- que
busca pensar a estética e uso dos corpos no espaço museal. Este, pelo que me pareceu,
está conectado com o tema da arte contemporânea que também aparece na exposição
sobre mulheres. Estava em aberto a exposição “Arte, democracia, utopia- quem não luta
está morto” bem interessante. Apesar de não ser o perfil do Museu, trazia algumas obras
interativas como a Instalação "Repente" (2018), de Rivane Neuenschwander. Um
quadro que reunia palavras de protesto costuradas em recortes de tecidos que podiam
ser retiradas e usadas pelo visitante.
Em outra parte da exposição havia um espaço livre, em que as pessoas podiam
fazer o que quisessem, e uma roda de conversa que convida a um papo “psiquiátrico” já
que remete aos autores que eram psiquiatras e faziam atendimento público. O educador,
Wesley informou que alguns dias da semana ficam atendentes nessa roda de forma
gratuita. É possível identificar esses espaços na imagem:

As propostas educativas do museu são bem interessantes e informativas. A visita


que acompanhei buscou enfatizar muito temas e problemas da realidade brasileira,
chamando atenção para o racismo e a cultura afro-brasileira. Na própria entrada do
Museu é possível ler algumas palavras relacionadas a lugares e identidade africana.
Achei que é sim possível aproveitar bastante para discutir com os alunos a realidade
social brasileira. É possível fazer conexões tanto com a construção da cidade, como com
o tema da escravidão, ou temas que envolvam africanos e seus descendentes. É
interessante que através da visita com enfoques diversos e da arte é possível pensar a
história, mas através de mediações interdisciplinares, o que torna bem interessante.
É importante pontuar também como as exposições são ricas e tem grande
potencial pedagógico com aproximações com a realidade dos alunos, através do samba,
com o uso de diversos recursos e linguagens, podendo refletir questões pertinentes sobre
a própria função do museu, e também sobre a situação política atual. Este último,
principalmente na exposição sobre arte e democracia, que fazem pensar sobre o
momento político brasileiro e os movimentos sociais, suas reivindicações, podendo
trazer algumas discussões de porque se referem a grupos marginalizados ou atacados.
Também acredito que haja um grande potencial no espaço aberto do Museu, em
levar os alunos a pensar de forma integrada os dois museus, e o espaço da zona
portuária carioca e suas transformações. Ali, como antigo porto de recebimento de
escravos, em que existem referenciais da história negra como o cais do valongo, o
cemitério dos pretos novos, a pedra do sal, e refletir sobre o processo de gentrificação e
higienização da cidade – que muitos pensam que se restringe ao passado, associado as
reformas Passos, e esquecem de refletir esses processos no presente-. E importante
também seria discutir essa própria memória negra, como foi tratada pelos museus após a
revitalização da Praça Mauá, se essa memória foi esquecida, apagada ou busca-se falar
dela, trazer à tona.
Abaixo seguem algumas fotos das exposições. Essa primeira é uma tela de
Heitor dos Prazeres da Exposição Rio do samba. A segunda mostra a instalação
interativa de Ernest Neto e Leandro Vieira. E por último o início da exposição Mulheres
na Coleção MAR.
Referências bibliográficas:

https://www.museudeartedorio.org.br/

https://www.facebook.com/museudeartedorio/

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