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Ensinando Crítica

nos Museus
Robert Willian Ott

Apresentação:
Rodrigo Pereira Fernandes

Fragonard - Denis Diderot, 1769, Louvre, Paris.


Crítica artística diz respeito ao
ESCLARECIMENTO
Arte é conhecimento
• A arte pode assumir diversos significados em suas várias
dimensões, mas como conhecimento proporciona meios para a
compreensão do pensamento e das expressões de uma cultura.

• Ensinar a crítica nos museus possibilita uma educação artística que


auxilia os alunos no desenvolvimento, aprendizagem, percepção e
compreensão da arte como expressão das mais profundas crenças e
dos mais caros valores da civilização.
Arte
VALORES ESTÉTICOS CONDIÇÕES
CULTURAIS
Hoje em dia, contudo, há muitas imagens
visuais diferentes ou orientadas pelos meios
de comunicação, que impregnam a vida
cotidiana contemporânea e tornam-se as
grandes comunicadoras.
“Conversamos entre nós, na sociedade
contemporânea, através de uma
linguagem cada vez mais caracterizada,
senão mesmo dominada pelas imagens,
como nunca ocorreu antes na história da
humanidade” (Spatt, 1987)
O museu ainda permanece como o lugar, a
fonte, onde a sociedade coleciona e cuida
de seus tesouros.
Mas o museu e o ensino de arte
na escola não ocupam a mesma
posição no ensino de arte.
O ensino de crítica é realizado por intermédio
das obras no original apresentadas nas
galerias dos museus onde o poderoso impacto
da própria obra torna a educação no museu
uma experiência única.
Os museus como possibilidades de ensino de
crítica tornam-se essenciais para o ensino da
arte e proporcionam conhecimento artístico
básico que pode ser assimilado na visita ao
museu e expresso na aula de arte, na escola.
Estudo de caso:

• Victória and Albert Museum e o Royal College of Art,


Inglaterra.
Henry Cole (1808 – 1882)

• Cleveland Museum of Art, Estudos Unidos


Thomas Munro (1901 – 1973)
“O museu tem como intenção voltar-se o máximo
possível à preservação dos objetos, os quais não serão
apenas tomados em seu aspecto físico e sim tratados
enquanto objetos de estudo e ensinamentos. Da
minha parte, arrisco a pensar que quanto menos os
museus e as galerias se submeterem aos propósitos
da educação, mais perde-se-ão como instituições
sonolentas e inúteis.”
Henry Cole, 1853
Museu
Mina de tesouros INSTITUIÇÃO
EDUCACIONAL
“a particularidade do museu reside na
utilização da obra de arte original ou
reprodução que se encontre à mão nas suas
paredes”.
Thomas Munro (1952)
“O problema, o desafio ou a oportunidade passa a
ser como apresentar às crianças as melhores
influências? Munro já protestava dizendo que as
crianças entrariam em contato somente com
imagens óbvias e limitadas a menos que os
professores lhe apresentassem obras de qualidade
elevada”.
Smith (1985)
MORFOLOGIA ESTÉTICA
MORFOLOGIA ESTÉTICA

• Percepção sensorial;
• Associação; FORMULAÇÃO
CRÍTICA
• Contexto da obra

Acolhimento das obras como parte essencial de


experiências ativas em arte-educação.
MUSEUS

A maior parte das crianças em idade escolar não termina


sua educação artística nem necessariamente se importa em
receber créditos extras visitando o museu após a escola.
Muitos descobrem, de fato, que a sua educação artística
fora da escola é particularmente significativa e sempre se
voltam para o museu como fonte de conhecimento,
inspirações e aspirações. Contudo, a arte-educação, durante
a idade escolar dos indivíduos, proporciona a base para o
conhecimento sobre arte disponível nos museus.
TECNOLOGIA E O MUSEU

A tecnologia de reproduzir obras e simular a experiência


que se tem em um museu está em andamento e está
fazendo o ver e o aprender arte mais acessíveis e
disponíveis do que já o foram antes na História da Arte e
da Educação em museus.
TECNOLOGIA E O MUSEU

A tecnologia está proporcionando mudanças na maneira de


reproduzir obras, habilitando os alunos a aproximarem-se
das autênticas atividades dos museus e distanciarem-se do
estudo artístico por meio de slides apagados e experiências
em arte que são enganosas e que verdadeiramente não
servem à educação estética.
TECNOLOGIA E O MUSEU

Charles Eames, 1975

• Filme Metropolitan Overview


Metropolitan Museum of Arte
TECNOLOGIA E O MUSEU

Embora as ideias do centro possam ser entendidas como


algo possível aos centros de entretenimento de hoje e
museus recentemente construídos, os planos para o Eames
Fine Arts Center servem para ilustrar que a sociedade
aceitou os avanços tecnológicos e seus efeitos sobre a
maneira pela qual os indivíduos apreciam obras de arte.
TECNOLOGIA E O MUSEU

NADA PODE COMPETIR, INCLUSIVE A TECNOLOGIA,


COM A RIQUEZA DE UMA OBRA DE ARTE NO
ORIGINAL.
NADA PODE SUBSTITUIR A EXPERIÊNCIA DE
APRENDIZAGEM DA APRECIAÇÃO DE OBRAS DE
ARTE EM MUSEUS, QUAQUER QUE SEJA O VEÍCULO
USADO.
TECNOLOGIA E O MUSEU

Talvez as mais importantes obras-primas do mundo não


possam ser sempre estudadas em museus de pequeno porte;
talvez uma região não disponha de museu ou galeria, no
sentido absoluto do termo, mas essa limitação não impede o
estudo da arte como uma relação natural entre a percepção da
obra no original, o pensamento crítico sobre obras e sua
produção criativa. Objetos de uma comunidade que possam ser
identificados com seus significados estéticos e ideias artísticas
são também fontes e pontos de referências para o aprendizado
em arte através do processo de crítica de arte.
Obras de arte
PODER DE DESENVOLVIMENTO
OBSERVAÇÃO CRIATIVO
Estudos sobre a percepções e compreensões que
envolvam arte e fazer artístico sugerem que nas
escolas deva-se iniciar o ensino de crítica de arte nas
primeiras séries.
Obras de arte
EXPERIÊNCIA DE ENCANTAMENTO
VER ESTÉTICO
O que está faltando nas experiências com esses objetos
é um sistema educativo que proporcione meios de
aprender olhando para os objetos, não particularmente
para seu valor material, mas para a experiência das
ideias e da qualidade estética que eles podem conter.
Visitantes olham rapidamente para as obras nas
exposições, sendo que a maior parte do breve
tempo em que o fazem é usada na atividade de
leitura da etiqueta colocada ao lado da obra.
É INJUSTO PARA UM INDIVÍDUO EM FASE DE
CRESCIMENTO SER RELEGADO A USAR
SOMENTE ESSAS FONTES PARA EXPRESSÃO
ARTÍSTICA.
Crítica de arte

A crítica é mais efetiva quando combinada com a


produção artística e não quando considerada como um
item separado, escrito ou visual, um mero exame de
obras. O ato de transformação ou interpretação criativa
do conhecimento da arte, adquirido por meio de
experiência de crítica em museu, torna-se essencial.
INTEGRAÇÃO

Quando o aluno está envolvido no ato de


transformar, ele não copia ou simplesmente
descreve a partir de uma obra, mas cria outra
que é baseada nas percepções e compreensões
que derivam do observar obras no original.
Ensinar crítica nos museus exige que essa
atividade se expresse tanto com obras quanto
pelo aspecto do processo de FRUIÇÃO.
Crítica artística diz respeito ao
ESCLARECIMENTO.
Ela vai orientar e atrair a atenção para as obras
que estão na coleção dos museus com o
propósito de desenvolver conhecimento.
A crítica acadêmica dirige-se para o código
ESCRITO ou LITERÁRIO culminando com
um julgamento a respeito da obra de arte.
THOUGHT WATCHING
THOUGHT WATCHIN

Corresponde a um período de aquecimento. Nessa


etapa os alunos preparam-se para atuar e aqui a
performance é uma atividade de responder às obras
de arte.

PREPARAÇÃO
THOUGHT WATCHIN

Os alunos se envolvem com a experiência de


observar intensamente obras de arte, com maior
intensidade, por um tempo mais longo e de maneira
mais atenta.
IMAGE WATCHING
IMAGE WATCHING

Trata-se de uma abordagem que fornece conceitos


para a crítica voltada à produção artística, operando
nas relações existentes entre o modo crítico e o
criativo de aprender em arte-educação.
IMAGE WATCHING

Cinco categorias compõem o sistema Image


Watching e permitem formar um método
direcionado ao ensino de arte.
IMAGE WATCHING

• Descrevendo
• Analisando
crítica de arte
• Interpretando perceptiva, conceitual
e interpretativa
• Fundamentando
• Revelando
IMAGE WATCHING

Descrevendo
Pede aos alunos que observem a obra estudada
primeiro como obra de arte antes de se envolverem
com alguma outra forma adicional de observação.
Em outras palavras, “descrevendo” possibilita que a
arte fale primeiro para o indivíduo.
IMAGE WATCHING

Analisando
É a segunda categoria e proporciona dados para
investigar intrinsecamente a obra de arte, a maneira
como foi executado, o que foi percebido. Os
elementos do design muitas vezes dão o ponto de
partida de onde evolui uma compreensão e
composição da forma e da obra de arte.
IMAGE WATCHING

Interpretando
Fornece dados para as respostas pessoais e sensoriais dos
alunos que participam da crítica. Essa categoria permite
que os alunos expressem como eles se sentem a respeito da
obra de arte, além de lhes ter proporcionado a
oportunidade de perceber suas emoções por meio do
Thought Watching e das categorias “descrevendo” e
“analisando”.
IMAGE WATCHING

Fundamentando
Essa é uma área na qual a ação dos alunos de
interpretar obras de arte é baseada em um
conhecimento adicional disponível no campo da
História da Arte ou em alguma crítica que tenha
sido escrita ou dita a respeito da obra.
IMAGE WATCHING

Fundamentando
O tesouro do conhecimento artístico que está sendo
armazenado pelo aluno é posteriormente fundamentado
pelo arte-educador do museu que lhe apresenta pesquisas a
respeito da obra de arte. A informação adicional
proporcionada nesse ponto no sistema tem a intenção de
ampliar a compreensão do aluno e não de convencê-lo a
respeito do valor da obra de arte.
IMAGE WATCHING

Fundamentando
O que as autoridades falam ou escrevem sobre arte
tem muito a oferecer ao aluno e esse conhecimento
é melhor assimilado por ele após a obtenção de um
embasamento de sua própria experiência.
IMAGE WATCHING

Revelando
Todas as categorias no sistema de crítica Image
Watching culminam na categoria “revelando”, na
qual é proporcionada aos alunos a oportunidade de
revelar seu conhecimento a respeito de arte por
meio de um ato de expressão artística.
IMAGE WATCHING

Revelando
A forma artística de crítica de arte que é vista na
categoria “revelando” da Image Watching torna-se
uma expressão e não um julgamento.
A visitação de alunos jovens ao museu não
necessita estar limitada a projetos em grupo,
nem focada inteiramente sobre respostas
verbais, como geralmente pensam muitos
professores. Apesar da abordagem da resposta
verbal com crianças, promover descobertas
mesmo em alunos jovens sustentando o
interesse e a atenção desses alunos, uma
educação efetiva de arte em museus pode
existir mesmo sem que pais ou parentes os
levem ao museu.
O papel de apoio dos pais no museu é o de
encorajar as crianças e a experiência
partilhada, muitas vezes, configura-se rica
e recompensadora.
Um livro de exercício de crítica bem
concebido e planejado pelo professor serve
para guiar tanto os pais quanto a criança
através do sistema de crítica, sem ocasionar
inconvenientes, além de ser uma atividade
de distração e aprendizagem.
LIVRO DE EXERCÍCIO

• Questões de nível Factual


• Questões de nível Conceitual
• Questões de nível Contextual
IMAGE WATCHING

Nível Factual
Questões de nível inferior que podem ser diretas e
definidas.
IMAGE WATCHING

Nível Conceitual
Questões que abordem conceitos explorados no
campo discursivo.
IMAGE WATCHING

Nível Contextual
Questões que permitam respostas expressivas e
criativas.
Os materiais artísticos usados em
exposições estão incluídos como uma parte
do livro de exercício e não devem ser
considerados como itens de atenção
especial e sim como facilitadores de
respostas.
Materiais artísticos aceitáveis no espaço
expositivo são aqueles que não deixam
resíduos, não sejam solúveis e não possam
causar prejuízo as obras.
Os arte-educadores precisam ter em mente
que uma exposição não é o mesmo que
uma sala de aula e por isso o material a ser
usado com o livro de exercício necessita de
cuidadosa atenção.

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