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A museologia buscando estabelecer para si mesma um corpus metodológico que a

defina enquanto ciência

Arcabouço teórico
Conceito de museu instituição, museu espaço e de objeto
Fato social ou fato museal
A museologia se organiza como corpo de conhecimento na segunda metade do século XX,
no cruzamento de diferentes saberes instituídos
Remetendo não a ciência mas a filosofia
Museu pensado enquanto processo, nas suas relações com a diferença e a complexidade
Investigar os próprios fundamentos constitui hoje, portanto, a principal via de pesquisa da
museologia
Pensar a museologia pode ser fascinante, a partir de qualquer uma das disciplinas das
ciências humanas, ter o museu como objeto de estudo, a museologia como resultado
Mais difícil é a partir da própria museologia, de dentro para fora

É possível construir uma teoria museológica?, adaptar a teoria dos objetos, a teoria política e
literária ao tema museu?
Um segundo grupo acredita na construção de uma teoria como o resultado da prática museal,
onde não há práxis não há portanto teoria
Outro grupo disseca o fenômeno museu, outros buscam na filosofia um aporte racional
Resposta a esses dilemas na união das várias tendências
Desenvolver uma linguagem museológica universalmente identificável
Outro caminho a inserção da museologia num sistema filosófico

primeiro movimento: pensar o museu

Estudar a museologia como ciência


Definir um objeto de estudo
Ter uma metodologia e um sistema de conhecimento
Entre os anos 60 e 80 produziram um conjunto de ideias extremamente contraditórios

Vendo o objeto com pedra fundadora da museologia, desespero dos filósofos e antropólogos

Problematizar o conceito de museu

Identificação dos fundamentos da museologia


•O que é museu frente aos paradigmas da ciência?
• O que é museu, nas relações com os universais da filosofia?

Ponto de partida, pesquisa do museu com fundamento epistemológico da museologia


O museu uma criação da sociedade ocidental, como instituição permanente, local dedicado ao
estudo, conservação, documentação e divulgação de evidências materiais do homem e seu
ambiente
O museu só pode ser percebido de duas maneiras:
•Como espaço físico
• Como a experiência oracular
Neste conceito de museu a razão predomina sobre a natureza e a espontaneidade
Museu não da filosofia mas do pensamento mítico, vinculado não ao templo das musas, mas
às próprias musas
A origem do museu é portanto puramente intangível
Se destaca o objeto,
Museu do Renascimento, museu da razão, da natureza, espelho de um mundo exterior ao
corpo humano, exemplo: o gabinete das curiosidades, a coleção

No século XVII o pensamento ocidental da diferença e da exceção, museu da idade clássica é


representado pelo museu universitário, pelo Jardim botânico e o zoológico, ou pela galeria de
arte. Se incere: o tempo, uma evolução cronologica de acontecimentos
século XVIII o pensamento coloca o homem no coração da representação
Instaura definativamente no âmbito do museu o homo faber, que inventa a indústria moderna, o
homo belicus, que conquista e coloniza, homo aesthelicus, que elabora a nova música, a nova
poesia, a nova arte
Vinculada a percepção de que o saber é finito, assim como finita é a existência

Século XVIII e XIX se institucionaliza museu: uma organização vinculada aos poderes
constituídos, que reúne em espaços especialmente construídos ou preparados, evidências dos
processos naturais ou da ação do homem. Museu tradicional, representa diferentes sociedades
são tradicionais os museus de arte, de história, de ciência e de tecnologia

século XIX e XX os museus tradicionais dão especial destaque as exposições, similares a um


livro aberto, duplo do homem, discurso do homem para o homem
século XIX é também denominado pelo progresso material e tecnológico, renovação da literatura
e das artes
concepção dos museus a céu aberto, museu de território e do ecomuseu, museu social
antes orientado para objeto, ele é agora orientado para a sociedade
ciência e filosofia reisntauram no pensamento ocidental, a possibilidade de pensar um real que
a tudo atravessa, que está no homem, fora do homem e para além do homem
desvela o museu do século XX, um ambiente no qual homem, natureza real são concebidos
caiu o mito do museu Universal
o universo é relativo, porque apenas o museu deveria ser absoluto?
existência de outras formas de museu: o museu de território, museu global, museu virtual e das
novas tecnologias
segundo movimento: pensar a museologia

Torna-se então possível admitir o museu como fenômeno Independente de um local ou de um


espaço específico, contribuição da pesquisa teórica em museologia, a partir do final dos anos
70, que permitirá o desenvolvimento da museologia e sua estruturação como Campo disciplinar,
dentro de uma ética da pluralidade

Em 1979 André Desvallés e Ana Gregorova definem a museologia como uma ciência que
estuda a relação entre o homem e o real
Stranski define a museologia como uma área específica de pensament,o centrada no estudo
do fenômeno museu, e tendo como objeto de estudo da musealidade, Valdisa Rusio refere-se
ao fato museal como objeto de estudo da nova ciência, uma adaptação, a museologia do fato
social
nos anos 80, teóricos passam a identificar como objeto de estudo da museologia o
fenômeno museu

em 1986, origem intangível do museu, o icofon a museologia como o estudo da relação


específica entre homem e real expressa pelos atos de coleta, preservação e documentação
relacionadas a essa realidade e pela comunicação desse conhecimento

1992 a comunidade latino-americana adere a essa via pensamento


a museologia deve ser compreendida hoje, como o campo de conhecimento dedicado ao
estudo e análise do fenômeno museu
como disciplina acadêmica, tem metodologias específicas de trabalho
possui também uma terminologia específica
quanto as bases filosóficas da museologia, sistemas filosóficos

Édipo: Ego x alter- identidade, ipseidade, alteridade


Narciso: o museu como espelho
Museu e razão: logos
Museu e criação: phantasia
Eros: museu e emoção- paixão e desvelamento dos sentidos
Tanatos: museu e finitude- o medo, a sombra e a morte
Apolo e Dionisio: razão e paixão, equilíbrio e demasia
Aesthesis: percepção e conhecimento do belo
Linhas de pesquisa da museologia
O estudo da museologia abrange, na atualidade, alguns processos e relações fundamentais,
que configuram linhas específicas de pesquisa, desenvolvidas nas interfaces com outros
Campos de conhecimento
museu é real
componentes éticos e físicos da museologia

Museu e sociedade
componentes históricos e antropológicos da museologia
Museu e informação
estudos fazem-se sob a influência da semiótica e das redes virtuais de informação e
comunicação.
Museu e criação
Museu enquanto espaço de elaboração do novo, de criação, de experimentação
Museu enquanto processo, ou obra aberta
Museu e patrimônio
relações do museu com o sentimento de posse do indivíduo , com a materialidade, museologia
aplicada a acervos
todos os estudos relativos ao patrimônio encontram-se aqui incluídos, natural e cultural,
tangível e intangível, do local ao global
Museu e comunicação
Interfaces entre o museu e estruturas midiáticas
novas tecnologias como as estruturas espontâneas de comunicação
estruturas em rede pelo virtual
Conclusão

A filosofia e as Ciências Sociais nos demonstraram, ao longo do século XX, que cada
sociedade percebe seu entorno de um modo muito especial, e que os conceitos e
representações são uma conseqüência dos mundos, reais e imaginários, percebidos pelo
corpo social, ao longo da história

É muito importante considerarmos o ambiente cultural da atualidade, permeado por novas


relações com o tempo, o espaço, a matéria, a natureza e a cultura

as novas tecnologias anulam as distâncias, monopolizando o saber e fazendo emergir novas


formas de cidadania, novos mitos, novos mecanismos de partilha social, obrigando toda a
cultura contemporânea a se recodificar

ambiente fluido muda nossas referências identitárias, cresce a periferia, problemas políticos,
econômicos e sociais
como garantir a expressão identitária e cultural a tantos grupos da sociedade moderna, sobre
o afogamento de inúmeros culturas (menores)
A vida só é possível reinventada (Cecília Meireles)

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