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Estacas Injetadas

Definições e Recomendações da Norma

A Norma de Fundações NBR 6122/96 define estaca injetada como sendo aquela na qual através de
injeção sob pressão de produtos aglutinantes, normalmente calda de cimento, procura-se aumentar a
resistência de atrito laterais, de ponta ou ambas.

A injeção deve ser feita de maneira a garantir que a estaca tenha a carga admissível prevista no pro-
jeto e pode ser aplicada em um ou mais estágios.

O consumo de cimento da calda ou argamassa injetada deve ser no mínimo de 350 Kgf/m³.

A resistência estrutural do fuste deve ter um fator de segurança mínimo à ruptura de 2, calculada em
relação às resistências características dos materiais.

A capacidade de carga deve ser verificada experimentalmente, através de provas de carga a com-
pressão e ou tração.

Quando se utilizam estacas com diâmetros iguais ou menores que 20 cm atravessando espessas
camadas de argila mole deve ser considerado o efeito de flambagem na estaca. Neste caso, a verifi-
cação da capacidade de carga à compressão não pode ser feita a partir de prova de carga à tração.

Seqüência Executiva:

A execução de uma estaca injetada moldada no solo compreende as seguintes fases:

• Escavação do furo;
• Colocação da armadura;
• Moldagem do fuste.

Escavação do furo

A escavação do furo na vertical ou inclinada é executada com equipamentos mecânicos apropriados.


As principais características destes equipamentos são:

a) pequenas dimensões;
b) possuem ferramentas especiais de perfuração.

Tais características possibilitam:

1) facilidade de deslocamento e acesso fácil a locais já edificados ou em locais de difícil acesso


tais como subsolo, encostas, etc;
2) atravessar solos de qualquer natureza com matações ou rocha, bem como atravessar estru-
turas como alvenarias ou concreto armado.

A perfuração é executada por rotação ou roto-percussão com circulação de água, lama bentonitica ou
ar comprimido e com revestimento parcial ou total do furo.

O fluxo do fluido de circulação carregando o solo desagregado, se processa pelo lado externo do revesti-
mento conferindo ao furo um diâmetro maior do que o diâmetro do revestimento utilizado na perfuração.

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À medida que prossegue a perfuração, o tubo de perfuração penetra no terreno e os vários segmen-
tos são ligados entre si por juntas rosqueadas. A perfuração prossegue até ser atingida a cota prevista
no projeto.

Colocação da armadura

Terminada a perfuração, se foi utilizado lama bentonitica deverá ser efetuado uma lavagem com água
para ser retirada totalmente a lama bentonitica empregada, é colocada a armadura metálica no inte-
rior do tubo de perfuração.

A armadura pode ser constituída de uma ou mais barras montadas em gaiolas conforme especificado
pelo projeto estrutural da estaca.

Quando for o caso, um tubo com dispositivos de injeção com válvulas múltiplas (manchetes) pode ser
introduzido isolado ou junto com a gaiola da armadura.

Execução da moldagem do fuste

A moldagem do fuste pode ser executada com a utilização de injeção posterior ou sem utilização de
injeção posterior.

• Moldagem do fuste sem injeção posterior:

Estas estacas são denominadas: RAIZ.

Desce-se no tubo de perfuração um tudo até o fundo, através deste tubo é injetada a argamassa de
cimento de baixo para cima o que provoca o deslocamento da água para fora.

Esta operação é executada com o furo totalmente revestido com o tubo de perfuração é executada
com o furo totalmente revestido com o tubo de perfuração, portanto, realizado com o máximo de segu-
rança para a continuidade do fuste da estaca.

Quando o tubo de perfuração estiver totalmente cheio com a argamassa, a sua extremidade superior
é tamponada e aplicada uma pressão de ar comprimido sobre a argamassa.

Esta pressão provoca a penetração da argamassa no solo aumentando a resistência do mesmo e


facilita a retirada do tubo de perfuração.

Deve ser acrescentada argamassa no interior do tudo à medida que vai se processando a retirada de
trechos do tubo aplicada sucessivas pressões sobre a argamassa. A pressão aplicada na argamassa
é função da absorção pelo terreno da mesma e deve ser, no mínimo de 5,0 Kgf/cm².

ESTACAS INJETADADAS 2
ESTACAS INJETADADAS 3
• Moldagem do fuste com injeção posterior:

Junto com a armadura ou isolado desce um tubo metálico ou PVC com dispositivos de injeção com
válvulas múltiplas (manchete).

A operação de moldagem do fuste é idêntica a da moldagem sem injeção posterior.

Após o termino da moldagem do fuste da estaca, deixa-se este adquirir uma resistência inicial com-
patível com o tipo do terreno existente.

Atingida a resistência inicial esperada, inicia-se a injeção nos pontos indicados no projeto.

A injeção é executada por intermédio de um dispositivo especial que desce por dentro do tubo man-
chete deixando no fuste da estaca.

A injeção é feita com nata de cimento e aplicada uma ou várias vezes até ser atingida a pressão indi-
cada no projeto.

Após a operação de injeção é retirado o dispositivo especial e então é feito o enchimento total do tubo
que fica perdido no interior do fuste da estaca.
Seqüência Executiva:
I – Perfuração do furo
II – Descida do tubo manchete
III – Moldagem do fuste com argamassa
de cimentos sobre pressão
IV – Injeção de nata de cimento sob
pres são nos pontos pré determinados
no projeto.

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Campo de Aplicação

Historicamente, as estacas injetadas foram utilizadas inicialmente como sub fundação de prédios
antigos onde não poderia ter vibrações ao serem executadas as novas estacas, bem como os equipa-
mentos deveriam ser de pequeno porte para permitir a entrada em locais com o pé direito reduzido.

Com o desenvolvimento da técnica executiva deste tipo de estaca, o campo de aplicação ampliou-se
onde destacamos as seguintes aplicações principais:

• Reforço de fundações
• Fundações
• Estabilização de encostas

• Contenção de taludes

Reforço de Fundações

O método executivo da estaca injetada confere a ela uma capacidade de suporte de carga por atrito
muito elevada. Por isto, a estaca necessita de uma deformação muito pequena para mobilizar toda
a sua carga de trabalho, portanto, não provocando esforços adicionais na estrutura existente para as
novas fundações em estacas injetadas.

Os equipamentos estão aptos a perfurarem os blocos, sapatas, radier existentes permitindo a incor-
poração das estacas a estrutura sem a necessidade da construção de estruturas adicionais.

camada de
média
consistência
camada
mole
camada
rija
camada de
média
consistência

Esquema Típico de Aplicação


de
“Estacas Raiz”

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Fundações

No campo das fundações, as estacas injetadas são utilizadas preferencialmente nos seguintes
casos:

- terrenos apresentando blocos de rocha, solo concrecionado, ganga de minério de ferro


- locais de difícil acesso tais como: encostas, galpões industriais, etc
- máquinas industriais sujeitas a vibrações, a estaca injetada possui uma enérgica ação amortece-
dora, transmitindo as vibrações a grande massa do terreno impedindo fenômenos de ressonância.
- pisos de subsolos sujeitos a grande esforço de sub pressão, devido a grande capacidade de atrito
lateral, as estacas injetadas são indicadas para absorverem cargas de compressão e tração alterna-
damente.
- ancoragem de estacas pré-moldadas submetidas a elevada carga de tração.

Estabilização de Encostas

A consolidação de taludes em solo soltos pode ser realizado de duas maneiras:

- como muro de arrimo: sendo empregado um retículo de estacas que resiste aos empuxos à monta-
gem e não interceptam o fluxo de água descendente.

Superfícies Prováveis de Ruptura

- aumento da tensão cizalhante do solo


Superfícies Prováveis de Ruptura

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Capacidade de cargas das estacas injetadas

A capacidade de cargas das estacas injetadas está fundamentalmente ligada ao valor da pressão de
injeção da argamassa ou calda de cimento no solo.
Conforme o processo executivo das estacas injetadas podemos distinguir dois casos distintos:

Caso 1: Moldagem do fuste com injeção posterior. A pressão de injeção (Pi) é igual oi maior do que a
pressão limite do terreno (P1).

Pi > P1

Caso 2: Moldagem do fuste sem injeção posterior. A pressão de injeção ( Pi ) é menor do que a pres-
são limite do terreno ( P1 ).

0,3 P1 < Pi < P1


Pi > 5,0 kgf / cm2(0,5Mpa)

A capacidade de carga de uma estaca injetada é


dada pela expressão:

RT = RP + ∑ RLi, onde:

RT → resistência total na ruptura


RP → resistência de ponta
RL → resistência lateral

A resistência de ponta no que pese ser pequena,


não deve ser desprezada para solos com ângulo
de atrito maior ou igual a 25°.
- A resistência de ponta é dada por:

π . De 2
RP = __________ x qp onde:
4

De - diâmetro efetivo da estaca


qp – carga de ruptura do solo

Diepsondering → qp = leitura da ponta do cone


Sondagem SPT → qp = a x N N = número de golpe da sondagem a percussão
a = coeficiente tirado da tabela abaixo

Limitação: qp < 50 Kgf/cm2 para o caso 2

ESTACAS INJETADADAS 7
Tipo de solo Valor de α (Kgf/cm²)
Areia 3,3
Areia siltosa 3,1
Areia silto argilosa 2,8
Areia argilosa 2,6
Areia argilo siltosa 2,6

Silte 2,2
Silte arenoso 2,3
Silte areno-argiloso 2,1
Silte argiloso 1,4
Silte argilo-arenoso 1,8

Argila 1,13
Argila arenosa 1,99

Argila areno-siltosa 1,36


Argila siltosa 1,19
Argilo silto-arenosa 1,48

- a resistência lateral é dada por:

∑ RL = ∑ π. De. Li. qsi

qs é obtido na tabela encontrada na folha seguinte em função do tipo do solo, do processo executivo
da moldagem do fuste da estaca.

Nesta tabela também são encontrados os valores de P1 pressão limite do terreno e Pi pressão de
injeção da argamassa no solo.

ESTACAS INJETADADAS 8
Limitação: qs < 2,5 Kgf/cm² para o caso 2.

1 0,55 0,05 0,50 0,20 0,10 0.70


2 0, 60 0,1 0 1, 00 0,41 0,20 1,5 0
3 0,65 0,15 1,50 0,60 0,35 2, 00
4 0,7 0 0,2 0 2,00 0,80 0,40 3, 00
5 0,75 0,25 2,50 0,90 0,45 3,33
6 0,8 0 0,3 0 3,00 1,1 0 0,52 4,00
7 0,85 0,35 3,50 1,1 2 0,59 4,66
8 0,90 0,4 0 4,00 1,23 0,66 5,33
9 0,95 0,45 4,50 1,34 0,73 6,00
10 1, 00 0,5 0 5,00 1,45 0,80 6,66
11 1,05 0,55 5,50 1,52 0,84 7,33
12 1.1 0 0,60 6,00 1,59 0,88 8,00
13 1,15 0,65 6,50 1,66 0,92 8,66
14 1,20 0,70 7,00 1,73 0,96 9,33
15 1,25 0,75 7,50 1,80 1, 00 10,00
16 1,30 0,80 8..00 1.85 1..04 10.66
17 1.35 0.85 8.5 0 1.90 1..08 11.33
18 1.40 0.90 9.00 1.95 1.1 2 12.00
19 1.45 0.95 9.5 0 2.00 1.1 6 12.66
20 1.50 1..00 10.00 2.05 1.2 0 13.33
21 1.55 1.05 10.50 2.10 1.24 14. 00
22 1.60 1.1 0 11.00 2.15 1.28 14. 66
23 1.65 1.1 5 11.50 2.20 1.3 2 15.33
24 1.70 1.2 0 12.00 2.25 1.3 6 16. 00
25 1.75 1.25 12.50 2.30 1.4 0 16. 66
26 1.80 1.3 0 13.00 2.36 1.4 4 17.33
27 1.85 1.35 13.50 2.42 1.48 18.00
28 1.90 1.40 14.00 2.48 1.52 18.66
29 1.95 1.45 14.50 2.54 1.56 19.33
30 2.00 1.50 15.00 2.60 1.60 20.00
31 2.05 1.55 15.5 0 2.66 1.64 20.66
32 2.10 1.60 16.00 2.72 1.68 21.33
33 2.15 1.65 16.50 2,78 1.72 22.00
34 2.20 1.70 17.00 2.84 1.76 22.66
35 2.25 1.75 17.50 2.90 1.80 23.33
36 2.30 1.80 18.00
37 2.35 1.85 18.50
38 2.40 1.90 19.00
39 2.45 1.95 19.50
40 2.50 2.00 20.00
41 2.55 2.05 20.50
42 2.60 2.10 21.00
43 2.65 2.15 21.50
44 2.70 2.20 22.00
45 2.75 2.25 22.50
46 2.80 2.30 23.00
47 2.85 2.35 23.50
48 2.90 2.40 24.00
49 2.95 2.45 24.50
50 3.00 2.50 25.00
0,5 < Pi <
Pi Pi > Pl 0,5 Pl < Pl _____ Pi > Pl
Pl

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ESTACAS INJETADADAS 10
Em solos rochosos pode-se utilizar um
reticulado de estacasde espessura tal
que se crie uma parede ciclópica

ESTACAS INJETADADAS 11
ESTACAS INJETADADAS 12
Estacas injetadas incorporadas
à estrutura sem necessidade de
novos blocos.

Estacas injetadas incorporadas à


estrutura com necessidade de novo
bloco.

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