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Índice:
Introdução ................................................................................................................................ 3
1. Domínio de Aplicação ........................................................................................................ 4
2. Metodologia de Dimensionamento ................................................................................... 6
2.1. Requisitios, Acção Sísmica e Concepção.......................................................................... 6
2.1.1. Requisitos .......................................................................................................... 6
2.1.2. Acção Sísmica .................................................................................................... 6
2.1.2.1. Acção Sísmica Vertical .................................................................................... 7
2.1.3. Concepção ......................................................................................................... 8
2.2. Classificação dos Edifícios ............................................................................................. 10
2.2.1. Edifícios de um piso e cobertura rígida ............................................................. 10
2.2.2. Edifícios de um piso e cobertura flexível........................................................... 10
2.2.3. Edifícios com mezaninos .................................................................................. 10
2.3. Modelação ................................................................................................................... 12
2.3.1. Massa considerada .......................................................................................... 12
2.3.2. Rigidez considerada ......................................................................................... 12
2.3.3. Ligações ........................................................................................................... 13
2.3.4. Aproximações .................................................................................................. 14
2.4. Análise Estrutural ......................................................................................................... 15
2.4.1. Método de análise ........................................................................................... 15
2.4.2. Regularidade em planta ................................................................................... 15
2.4.3. Regularidade em altura .................................................................................... 18
2.4.4. Diafragma rígido .............................................................................................. 18
2.4.5. Coeficiente de comportamento – q .................................................................. 19
2.4.6. Efeitos de torção acidental ............................................................................... 21
2.4.7. Efeitos de segunda ordem ................................................................................ 22
2.4.8. Cálculo das acções sísmicas .............................................................................. 23
2.4.9. Verificação dos critérios de limitação de deslocamentos .................................. 24
2.5. Verificação da Segurança .............................................................................................. 26
2.5.1. Elementos sísmicos primários .......................................................................... 26
2.5.1.1. Consideração da flexão bi-axial .................................................................... 26
2.5.1.2. Dimensionamento em capacidade real (Capacity Design) ............................. 26
2.5.1.3. Consideração dos efeitos de segunda ordem................................................ 27
2.5.1.4. Confinamento do betão nas zonas críticas .................................................... 27
2.5.2. Ligações ........................................................................................................... 30
2.6. Disposições Constructivas............................................................................................. 35
Anexos .................................................................................................................................... 38
I. Verificação alternativa das condições 4.1a) e 4.1b) do EC8 .......................................... 38
II. Cálculo dos efeitos de segunda ordem para 0,2≤θ≤0,3 ................................................ 52
III. Caso de Estudo ........................................................................................................ 59
Introdução
O presente manual de aplicação visa estruturas pré-fabricadas de betão armado para edifícios
industriais ou comerciais, de um só piso ou com mezaninos. A verificação e dimensionamento
destas estruturas para a resistência aos sismos é efectuado de acordo com:
Os pilares que constituem os pórticos não possuem alterações de secção ao longo de toda a
sua altura e são contínuos desde a fundação até à cobertura. Assim, de acordo com o artigo
4.2.3.3 da EN1998-1, as estruturas que obedeçam a este princípio poderão ser consideradas
como regulares em altura, com a excepção das estruturas com mezaninos integrados. A classe
de ductilidade considerada para estes edifícios corresponde à classe de ductilidade média,
DCM – Ductility Class Medium.
O método de análise considerado neste manual é baseado numa análise modal por espectros
de resposta, o qual é aplicável a todos os tipos de edifícios (artigo 4.3.3.3 do EC8). Para uma
melhor avaliação do funcionamento destas estruturas a acções sísmicas, sugere-se o recurso a
um programa de cálculo automático que permita uma análise modal por espectros de
resposta, permitindo ainda observar deformadas e modos de vibração de uma forma gráfica.
Relativamente à envolvente da estrutura, esta poderá ser constituída por painéis de fachada,
pré-fabricados, colocados nas fachadas horizontalmente ou verticalmente. No primeiro caso
(verticalmente), estes são suportados numa pequena fundação e amarrados, normalmente, à
viga no topo. A ligação na fundação deverá permitir rotações do painel, enquanto que a
ligação à viga deverá permitir um deslocamento vertical. Desta forma, mesmo quando os
painéis se encontram sob situações de grande amplitude térmica, os painéis podem encolher
ou dilatar livremente, sem danificar as ligações. No segundo caso (horizontalmente), um
fenómeno semelhante poderá ocorrer. Estes painéis encontram-se ligados aos pilares da
fachada e é aconselhável que estes painéis se possam mexer em relação aos pontos de fixação
devido aos movimentos resultantes de alterações térmicas. Contudo, se os painéis se
encontrarem ligados uns aos outros, longitudinalmente, a capacidade de deslocamento nos
pontos de fixação deverá ser maior, uma vez que a parede funciona como uma só, em todo o
comprimento da fachada.
2.1.1. Requisitos
Os edifícios abrangidos por este manual deverão obedecer aos requisitos de desempenho
estabelecidos pelo EC8.
O requisito de não ocorrência de colapso estabelece que a estrutura deverá suportar a acção
sísmica definida para tal efeito no EC8 (acção sísmica de referência) sem colapso total ou
parcial, mantendo a sua integridade estrutural e uma capacidade resistente residual após o
sismo. Consequentemente, a estrutura deverá verificar a segurança aos Estados Limites
Últimos, os quais estão associados ao colapso ou outras formas de rotura estrutural.
O requisito de limitação de danos estabelece que a estrutura deverá ser projectada de forma a
resistir a uma acção sísmica com um menor período de retorno sem a ocorrência de danos e
de limitações de utilização garantindo a possibilidade de uma reparação económica.
Consequentemente, a estrutura deverá verificar a segurança aos Estados Limites de Utilização,
os quais estão associados a danos para além dos quais determinados requisitos de limitação de
danos deixam de ser satisfeitos.
No presente manual, a acção sísmica é definida de acordo com um espectro de cálculo para
análise elástica. Para as componentes horizontais da acção sísmica, o espectro de cálculo é
obtido afectando o espectro de resposta elástico pelo coeficiente de comportamento, q. As
expressões que definem este espectro de cálculo correspondem às expressões 3.13, 3.14, 3.15
e 3.16 do EC8:
,
0≤ ≤ ∶ ( )= + − (1)
,
T ≤ T ≤ T ∶ S (T) = a S (2)
,
a S
T ≤ T ≤ T ∶ S (T) = (3)
≥ βa
,
a S
T ≤ T ∶ S (T) = (4)
≥ βa
O espectro de cálculo toma a seguinte forma gráfica:
Para definir o espectro de cálculo, é necessário, numa primeira análise, definir o tipo de
terreno e o respectivo zonamento a considerar no dimensionamento da estrutura em causa.
O Anexo Nacional do EC8 indica que, para Portugal continental e Arquipélago da Madeira, os
perfis de terreno a considerar são os mesmos do EC8 (Quadro 3.1) . No entanto, para o
Arquipélago dos Açores, uma vez que as características geológicas relativas aos tipos de
terreno patenteados no EC8 diferem, consideravelmente, das características existentes no
Arquipélago dos Açores, o Anexo Nacional apresenta 5 perfis estratigráficos em que a
caracterização geológica e geotécnica destes permite fazer a correspondência com as várias
configurações dos espectros de resposta previstos para os terrenos do tipo A, B, C, D e E
(artigo NA.4.2.a)). Remete-se para o referido artigo do Anexo Nacional a caracterização dos
tipos de terreno existentes no Arquipélago dos Açores.
Tendo em conta que as estruturas consideradas neste manual são, normalmente, compostas
por elementos pré-esforçados de grande vão, o estudo da relevância, ou não, na consideração
desta acção vertical é importante.
A acção sísmica vertical deverá ser definida de acordo com o espectro de cálculo vertical, o
qual é definido a partir das expressões 3.13 a 3.16 do EC8, substituindo ag por avg, S por 1,0 e
os valores dos períodos TB, TC e TD de acordo com o quadro 3.4 do EC8 (artigo 3.2.2.5.(5) do
EC8):
,
0≤ ≤ ∶ ( )= + − (5)
,
≤ ≤ ∶ ( )= × (6)
,
a
≤ ≤ ∶ ( )= (7)
≥ βa
,
a
≤ ≤4 ∶ ( )= (8)
≥ βa
A componente vertical da acção sísmica só deverá ser considerada se avg for superior a 0,25g
(2,5m/s2). Esta componente da acção deverá ser considerada no dimensionamento de
elementos estruturais horizontais com vãos iguais ou superiores a 20m, elementos horizontais
em consola com mais de 5m de comprimento, elementos pré-esforçados horizontais, vigas que
suportam pilares e estruturas com isolamento de base (Artigo 4.3.3.5.2.(1) do EC8).
2.1.3. Concepção
Em relação à concepção dos edifícios, o EC8 apresenta vários princípios básicos para que o
edifício resista, estruturalmente, de uma forma eficaz a acções sísmicas:
Simplicidade estrutural;
Uniformidade, simetria e redundância estrutural;
Resistência e rigidez nas duas direcções horizontais;
Resistência e rigidez à torção;
Acção de diafragma ao nível dos pisos e cobertura;
Fundação adequada.
Simplicidade estrutural:
Mais uma vez, a distribuição regular dos elementos estruturais contribui para a redundância
da estrutura e para uma redistribuição dos esforços e consequente dissipação de energia em
toda a estrutura.
Os pisos e cobertura do edifício garantem uma transmissão das forças de inércia aos sistemas
estruturais verticais e uma solidariedade desses sistemas na resistência à acção sísmica
horizontal. No entanto, para tirar proveito destas vantagens, é necessário que os pisos e a
cobertura funcionem tendencialmente como diafragmas no seu plano. Esta acção de
diafragma é particularmente importante no caso de disposições complexas e não uniformes
dos elementos estruturais verticais. Reconhece-se aqui que poderá ser difícil garantir uma
condição de diafragma rígido para coberturas correntes de edifícios industriais, devendo
procurar-se aumentar a rigidez da cobertura no plano horizontal, por exemplo mediante o
contraventamento da cobertura no seu plano.
Fundação adequada:
A ligação da estrutura à fundação deverá ser tal que permita ua mobilização uniforme de todo
o conjunto estrutural.
No caso de estruturas com elementos de fundação isolados (por exemplo, sapatas), o EC8
recomenda a adopção de uma laje de fundação ou de vigas de fundação segundo ambas as
direcções horizontais principais. Desta forma é possível garantir uma solidarização das
fundações de todos os elementos verticais.
2.2. Classificação dos Edifícios
Neste capítulo far-se-á uma apresentação dos vários tipos de edifícios considerados neste
manual e as suas características principais.
Estes edifícios são constituídos por pilares encastrados na base, com uma ligação às vigas do
tipo rotulado. A cobertura é composta por elementos horizontais interligados de modo a
garantir um funcionamento de diafragma rígido na cobertura. Estes edifícios podem ser
considerados como regulares em altura.
Figura 1: Esquema de funcionamento de uma estrutura de 1 piso com cobertura rígida (adaptado do CERIB)
Estes edifícios são bastante semelhantes aos anteriores, diferindo apenas na inexistência de
comportamento de diafragma rígido na cobertura. Dessa forma, será necessário ter em conta
este efeito desfavorável.
Figura 2: Esquema de funcionamento de uma estrutura de 1 piso com cobertura flexível (adaptado do CERIB)
Nesta categoria estão os edifícios com um piso intermédio entre o térreo e a cobertura, o qual
é denominado por mezanino.
Os pisos dos mezaninos são normalmente compostos por lajes alveolares pré-esforçadas ou
armadas. Em relação à cobertura, esta é muito semelhante à cobertura dos dois casos
anteriores.
Para este tipo de edifícios, a cobertura poderá possuir, ou não, um comportamento do tipo
diafragma rígido. No entanto, tendo em conta os elementos constituintes do piso dos
mezaninos, poder-se-á considerar que estes possuem um comportamento do tipo diafragma
rígido.
Figura 3: Esquema de funcionamento de uma estrutura com mezaninos, regular em altura (adaptado do CERIB)
Figura 4: Esquema de funcionamento de uma estrutura com mezaninos, irregular em altura (adaptado do CERIB)
2.3. Modelação
Uma vez que o método de dimensionamento aqui apresentado é baseado numa análise modal
por espectro de resposta, optou-se por apresentar os procedimentos de modelação de
estruturas pré-fabricadas a adoptar em programas de cálculo automático para análise de
estruturas.
A massa a ter em conta na análise sísmica de estruturas deverá ser calculada de acordo com o
artigo 3.2.4 do EC8, ou seja, deverá ser calculada somando as acções permanentes com as
acções variáveis afectadas do coeficiente ψE,i, o qual tem em conta o facto de as cargas
variáveis não estarem presentes, simultaneamente, em toda a estrutura durante o sismo.
∑ , "+ "∑ ,
× , (9)
O valor de ψE,i deverá ser obtido da expressão 4.2 do artigo 4.2.4 do EC8, com base nos valores
de φ disponíveis no quadro 4.2 do mesmo Eurocódigo:
ψ = φ×ψ (10)
onde ψ2i corresponde ao coeficiente de combinação para o valor quase permanente da acção
variável Qi, definido de acordo com o Anexo A1 do EC0.
O EC8 indica, no artigo 4.3.1.(6), que o efeito da fendilhação das peças de betão armado
deverá ser considerado no modelo de análise da estrutura. Para tal, o EC8 estipula, no artigo
4.3.1.(7), que este efeito poderá ser considerado reduzindo para metade as propriedades de
rigidez elástica de flexão e de esforço transverso das peças de betão armado.
Esta redução poderá ser conseguida considerando as áreas de corte e os momentos de inércia
reduzidos para metade nos dois eixos das secções das peças de betão armado.
No caso, mais comum, de uma sapata rectangular valor de r, ou r’, é obtido da seguinte
expressão:
= ; = (12)
G = ρv (13)
vs – velocidade de propagação das ondas de corte no solo, resultante dos estudos de solo.
O valor de vs a utilizar, com base no tipo de solo, é definido nos artigos 4.2.2 e 4.2.3 do EC8-5,
incluindo a tabela 4.1 do mesmo documento.
2.3.3. Ligações
No entanto, uma vez que o tipo de ligações consideradas entre vigas e pilares permite a
rotação da viga segundo a maior inércia da viga, é necessário garantir que este momento
flector é nulo nas extremidades destas.
No caso das fundações, uma vez que o objectivo é garantir um encastramento imperfeito,
dever-se-á considerar apoios fixos com molas de rotação de rigidez determinada, como se
indicou no capítulo anterior. Estas molas podem ser consideradas na generalidade dos
programas de cálculo automático existentes.
2.3.4. Aproximações
No presente documento admite-es que o método de análise corresponde a uma análise modal
por espectros de resposta.
Segundo o EC8, este método de análise pode ser utilizado em qualquer tipo de estrutura,
mesmo quando estas não obedecem às condições de aplicabilidade do método de análise por
forças laterais.
Caso estes requisitos não possam ser satisfeitos, dever-se-á considerar o estipulado no artigo
4.3.3.3.1.(5) do EC8.
O cumprimento das condições de regularidade em planta de uma estrutura irá determinar que
tipo de modelo se deverá utilizar, tal como indicado na Tabela 2.
≤ 0,30 (14)
≥ (15)
onde e0x corresponde à distância entre o centro de rigidez e o centro de gravidade, medida
segundo a direcção horizontal x, rx ao raio de torção segundo x, ou seja, = . A expressão
para a direcção y é em tudo semelhante, substituindo apenas Ky por Kx. Na expressão anterior
ky designa a rigidez de translação segundo y, K designa a rigidez de torção, enquanto que ls
corresponde ao raio de giração da massa do piso ou cobertura, em planta.
Uma vez que o processo apresentado no EC8 é bastante trabalhoso, nomeadamente no que
refere à determinação da posição do centro de rigidez, necessária ao cálculo de Kθ, Ky, e e0x,
poderão ser utilizadas as seguintes metodologias de verificação das condições 4.1a) e 4.1b):
Condição 4.1a):
Numa primeira análise, dever-se-á obter a relação pY/pθ, onde pY corresponde à frequência do
modo fundamental de vibração predominantemente de translação segundo y e pθ à frequência
do modo fundamental de vibração predominantemente de torção. Desde que esta relação seja
superior a 0,7338, poder-se-á considerar que a condição 4.1a) se encontra verificada.
Contudo, poderão existir situações em que esta relação é inferior a 0,7338 e, ainda assim, a
condição 4.1a) ser verificada.
Para o efeito, apresenta-se, no Gráfico 2, a curva para a situação limite e=0,3rx e um piso. Com
base na percentagem de massa modal de translação segundo y do modo de vibração
predominantemente de translação segundo y, %PYY, poder-se-á definir se a condição 4.1a) é
verificada ou não. Para o efeito, para uma determinada relação pY/pθ, se %PYY estiver acima da
curva, a condição é verificada. Caso contrário, a estrutura deverá ser considerada como não
regular em planta.
1.2000
Relação pY/pθ - %PYY
1.0000
0.8000
0.2000
0.0000
0 0.2 0.4 0.6 0.8
pY/pθ
Gráfico 2: Curva limite de verificação da condição 4.1a) do EC8, com base na relação py/pθ e %Pyy
No caso de vários pisos, é sabido que, considerando uma excentricidade nula, uma altura entre
pisos igual, massas dos pisos iguais e uma deformada linear desde a fundação até à cobertura,
%PYY toma os seguintes valores, dependendo do número de pisos em questão [X]:
Tabela 3: Relação entre o número de pisos e %Pyy (extraído de [X])
Propõe-se assim que se multiplique a curva atrás identificada no Gráfico 2 pelos respectivos
valores de %PYY da Tabela 3 de modo a obter as curvas limite para situações de edifícios com N
pisos. O Gráfico 3 apresenta as várias curvas para diferentes números de piso.
1.0000
0.8000 1 Piso
2 Pisos
%PYY 0.6000
3 Pisos
0.4000 4 Pisos
5 Pisos
0.2000
0.0000
0 0.2 0.4 0.6 0.8
pY/pθ
Gráfico 3: Curva limite de verificação da condição 4.1a) do EC8, com base na relação py/pθ e %Pyy, dependente do
número de pisos em questão
Condição 4.1b):
Para verificar a condição 4.1b) bastará, no caso de estruturas de 1 piso, verificar se a relação
pY/pθ e px/pθ é menor que a unidade, ou seja, bastará verificar se os modos
predominantemente de translação segundo as duas direcções horizontais principais possuem
uma frequência inferior à do modo predominantemente de torção.
O cumprimento dos critérios de regularidade em altura irá ditar que tipo de análise poderá ser
efectuada e se o coeficiente de comportamento deverá ser reduzido ou não.
Coeficiente de
Regularidade em altura Análise elástica linear
comportamento
Sim Força Lateral* Valor de referência
Não Modal Valor reduzido
* se a condição estipulada em 4.3.3.2.1.(2)a) também for satisfeita.
Tal como referido anteriormente, se as estruturas possuírem pilares de secção contínua desde
a fundação até à cobertura, ou seja, sem recuos nem variações, em altura, da rigidez dos
vários elementos, estas poderão ser consideradas como regulares em altura, segundo o EC8.
Para este tipo de edifícios, poder-se-ia utilizar um método de análise por forças laterais e o
valor do coeficiente de comportamento não necessita de uma redução.
Contudo, mesmo sendo possível uma análise por forças laterais, irá estudar-se a aplicação de
uma análise modal por espectros de resposta, uma vez que, em Portugal, é usual utilizar-se
ferramentas computacionais na análise de estruturas, as quais permitem este tipo de análise
de uma forma automática.
Para edifícios não regulares em altura (edifícios com mezaninos incompletos) é obrigatório
considerar uma análise modal por espectros de resposta e o coeficiente de comportamento
deverá ser reduzido em 20% (artigo 4.2.3.1.(7) do EC8).
= (16)
onde:
q – coeficiente de comportamento, calculado de acordo com expressão 5.1 do EC8 que, para o
caso das estruturas abordadas por este manual, será igual ao valor básico do coeficiente de
comportamento, q0.
Sistema porticado;
Sistema torsionalmente flexível;
Sistema de pêndulo invertido.
No caso do sistema do tipo pêndulo invertido, as estruturas só poderão ser consideradas como
pertencentes a este sistema estrutural se possuirem mais de 50% da massa total no terço
superior da altura da estrutura ou quando a dissipação de energia se dá apenas num único
elemento do edifício.
Sistema estrutural q0
Porticado 3,0 /
Torsionalmente Flexível 2,0
Pêndulo Invertido 1,5
Poderão ser utilizados valores de q0 mais elevados se, para além dos procedimentos normais
de controlo de qualidade, forem aplicados Planos de Garantia de Qualidade específicos nas
fases de projecto, concurso ou construção. No entanto, estes valores aumentados não
poderão exceder, em mais de 20%, os valores apresentados na Tabela 5.
Garantindo que as ligações entre os vários elementos estruturais obedecem ao estipulado no
artigo 5.11.2, ou seja, que estas possuem ductilidade suficiente de modo a garantir uma
dissipação de energia aceitável, o valor de kp deverá ser tomado igual à unidade. Caso
contrário, kp=0,65, segundo o Anexo Nacional.
Uma vez que elevados coeficientes de comportamento conduzem a uma maior flexibilidade da
estrutura, os deslocamentos relativos entre pisos poderão ser de tal forma elevados que o
valor de θ ultrapassa 0,3. Desta forma, é possível limitar, superiormente, o coeficiente de
comportamento, de modo a que θ nunca ultrapasse os 0,3. Para isso, poder-se-á utilizar a
expressão (17) para limitar o coeficiente de comportamento a adoptar no caso de estruturas
de um piso e cobertura rígida:
≤ 0,3 (17)
onde:
L – altura do piso;
No caso de estruturas de um piso com cobertura flexível, o cálculo deverá ser feito por fila de
pilares e para ambas as direcções horizontais. A expressão é semelhante à anterior, variando
apenas a rigidez e a massa total, as quais deverão ser obtidas para a fila de pilares em questão.
Uma vez que existem incertezas na localização das massas, assim como na variação espacial do
movimento sísmico, o EC8 considera estas incertezas através da consideração de uma
excentricidade acidental do centro de massa de cada piso e cobertura.
Esta excentricidade acidental, eai, é calculada de acordo com a expressão 4.3 do EC8:
= ±0,05 × (18)
onde:
Li – dimensão do piso ou cobertura na direcção perpendicular à direcção da acção sísmica
considerada.
= × (19)
onde:
A Figura 7 apresenta um esquema dos vários elementos necessários ao cálculo deste momento
torsor.
Figura 7: Esquema ilustrativo de obtenção das excentricidades essenciais ao cálculo do momento torsor acidental
Durante a análise, é necessário considerar a eventual influência dos efeitos de segunda ordem
nos valores dos esforços a considerar no dimensionamento dos vários elementos estruturais.
Mesmo os eventuais elementos sísmicos secundários deverão ser dimensionados
considerando os efeitos de segunda ordem.
Contudo, é possível desprezar os efeitos de segunda ordem na análise. Para tal, é necessário
que estes sejam pouco expressivos. O EC8 apresenta a condição 4.28 com a qual se poderá
verificar se os efeitos de segunda ordem podem, ou não, ser desprezados:
×
= ≤ 0,10 (20)
×
onde:
Ptot – carga gravítica total devida a todos os pisos acima do piso considerado, incluindo este,
na situação de projecto sísmico;
Para valores de θ superiores a 0,1, os efeitos de segunda ordem deverão ser considerados de
acordo com os princípios dispostos na Tabela 7.
* A análise exacta de segunda ordem poderá ser efectuada de acordo com dois princípios:
Os efeitos das acções sísmicas são determinados mediante os espectros de cálculo para a
análise elástica, definidos de forma genérica no artigo 3.2.2.5 do EC8. Esses espectros devem
considerar o zonamento sísmico (distinto para as acções sísmicas do tipo 1 e 2), o tipo de
terreno e a classe de importância da estrutura.
No cálculo dos efeitos das acções sísmicas será necessário combinar os efeitos de cada
componente da acção, incluindo a vertical, se esta for relevante. Para o efeito, o EC8 indica, no
artigo 4.3.3.5.1, várias metodologias de combinação das componentes horizontais da acção
sísmica, as quais poderão ser alargadas para considerar a componente vertical. Entre estas
metodologias refere-se a metodologia da raíz quadrada do somatório dos quadrados de cada
componente, ou Square Root of Sum of Squares (SRSS), a qual deverá fornecer uma estimativa
conservativa do efeito conjunto:
á = + + (21)
onde:
EEdx – esforços devidos à acção sísmica segundo o eixo horizontal x escolhido para a estrutura;
EEdy – esforços devidos à acção sísmica segundo o eixo horizontal y escolhido para a estrutura;
Se a componente vertical da acção sísmica não for relevante, bastará considerar EEdz=0 na
combinação de componentes.
Para concluir o cálculo dos efeitos das acções sísmicas é também necessário considerar o
efeito devido à torção acidental, o qual poderá somar, ou subtrair, ao valor resultante do
espectro de dimensionamento, conforme for mais desfavorável (DESENVOLVER).
= (22)
em que:
de – deslocamento do mesmo ponto do sistema estrutural determinado por uma análise linear
baseada no espectro de cálculo para a análise elástica, Sd(T) (NOTA: este deslocamento deverá
ter em conta os efeitos da torção acidental).
O valor de ds não tem que ser superior ao calculado a partir do espectro elástico.
Determinado o valor do deslocamento, o EC8 apresenta três limites de deslocamento entre
pisos, de acordo com a fragilidade dos elementos não estrutural existentes no edifício (artigo
4.4.3.2):
≤ 0,005 (23)
≤ 0,0075ℎ (24)
c) Edifícios com elementos não estruturais fixos de forma a não interferir com as
deformações estruturais ou sem elementos não estruturais:
≤ 0,010ℎ (25)
onde:
ν – coeficiente de redução que tem em conta o mais baixo período de retorno da acção sísmica
associada ao requisito de limitação de danos (definido no Anexo Nacional (Quadro NA.III) e
igual a 0,4, para acções sísmicas de tipo 1, e igual a 0,55, para acções sísmicas de tipo 2).
2.5. Verificação da Segurança
Neste capítulo far-se-á um resumo das condições mais relevantes de verificação de segurança
referentes aos elementos sísmicos primários, assim como à ligação entre esses elementos.
Elementos sísmicos primários são todos os elementos considerados como fazendo parte do
sistema estrutural resistente à acção sísmica, modelados para a situação de projecto sísmico e
dimensionados e pormenorizados de acordo com os princípios de resistência sísmica
estipulados no EC8.
Os valores de momento flector a que os pilares se encontram sujeitos são obtidos de acordo
com o indicado na subsecção 2.4.8 deste manual.
O método de cálculo pela capacidade real, ou Capacity Design, garante que o elemento
dimensionado assegura uma dissipação de energia quando submetido a grandes deformações,
enquanto que os outros elementos são dotados de resistência suficiente para que o sistema de
dissipação de energia se mantenha. Por outras palavras, este método de cálculo permite que
se formem mecanismos dúcteis, os quais são capazes de dissipar energia.
No caso das estruturas aqui abordadas, com pilares encastrados na base e ligações pilar-viga
do tipo rotulado, este método de cálculo permite garantir a dissipação de energia através da
formação de rótulas plásticas na base dos pilares (zona crítica destes elementos), evitando
mecanismos de rotura frágeis, como rotura por esforço transverso nas ligações.
onde:
Como referido no capítulo 2.4.7 deste manual, dependendo do valor de θ obtido para o piso
em questão, os esforços nos pilares deverão, ou não, ser amplificados. Esta amplificação
deverá seguir as metodologias apresentadas na Tabela 7 do capítulo 2.4.7 deste manual.
M , =M , − δN (27)
onde MRd,2 corresponde ao valor do momento resistente com a consideração dos efeitos de
segunda ordem, MRd,1 ao valor do momento resistente de primeira ordem, δ à flecha no topo
do pilar em causa e N ao valor de esforço axial presente nesse mesmo pilar.
De notar que o esforço axial de um pilar considerado como sísmico primário não deverá ser tal
que o esforço axial reduzido, νd, seja superior a 0,65 (artigo 5.4.3.2.1.(3)P do EC8).
= á ; ; 0,45 (28)
em que:
≥ 30 , − 0,035 (29)
sendo:
α = 1 − ∑ b /6b h (30)
α = 1− 1− (31)
=2 −1 se ≥ (32)
= 1 + 2( − 1) ⁄ se < (33)
com:
Os artigos 5.4.3.2.2.(10)P e (11) do EC8 indicam que o diâmetro das cintas de confinamento
deverá ser sempre superior a 6mm e que o espaçamento entre cintas não deverá ser superior
a:
= í { ⁄2 ; 175; 8 }( ) (34)
onde:
Para além deste limite máximo de espaçamento, também é preciso garantir uma distância
máxima entre varões longitudinais cintados igual a 200mm.
De notar que, caso o esforço axial reduzido dos pilares seja inferior a 0,2, para a situação de
projecto sísmico, e o coeficiente de comportamento seja igual ou inferior a 2,0, não será
necessário calcular armadura de confinamento para a zona crítica do pilar. Assim, a armadura
transversal do pilar poderá ser calculada de acordo o EC2.
2.5.2. Ligações
Existem dois grupos principais de ligações entre elementos estruturais em estruturas pré-
fabricadas:
Ligação Pilar-Viga:
No caso da ligação pilar-viga, uma vez que esta é do tipo rotulada, a questão da resistência ao
momento flector não se coloca. Assim, bastará apenas verificar a ligação a esforço transverso,
esforço normal, rotação no apoio e derrubamento da viga.
A ligação tipo pilar-viga que será abordada neste manual será do tipo da representada na
Figura 9:
O pilar apresenta cachorros com ferrolhos expostos onde a viga deverá encaixar. No final, a
bainha do ferrolho deverá ser selada, de modo a garantir uma correcta ligação entre estes dois
elementos estruturais.
Uma vez que o elemento que garante a ligação é o ferrolho (ou ferrolhos), a resistência deste
elemento aos vários esforços deverá ser verificada.
A resistência da ligação a esforço de corte deverá ser verificada de acordo com o princípio do
Capacity Design. Assim, o valor do coeficiente de sobrerresistência, Rd, será de 1,2, como
definido no artigo 5.11.2.1.2 – Ligações sobredimensionadas, como é o caso.
No entanto, e uma vez que os ferrolhos estão sujeitos a dois tipos de esforço de corte e
esforço axial, estes vários esforços deverão ser combinados e, com base neles, verificar a
segurança da ligação. Assim, a expressão seguinte é proposta pelo manual do CERIB para a
verificação da resistência dos ferrolhos:
< (35)
onde:
O valor de G depende dos dois tipos de esforço de corte a que o ferrolho se encontra sujeito.
Como simplificação poder-se-á considerar que o esforço de corte resultante, Gres, é igual à raíz
quadrada do somatório dos quadrados dos dois esforços de corte actuantes:
= + (36)
Em relação ao esforço normal, este deverá ter em conta o efeito de derrubamento da viga,
devido à excentricidade entre o centro de gravidade da viga e o seu apoio. Para o cálculo do
esforço normal devido ao momento de derrube da viga, pode utilizar-se o método do
diagrama rectangular simplificado.
onde:
(
Sa – coeficiente sísmico do elemento: = − 0,5 ;
( )
α=ag/g;
Wa – peso do elemento;
Apesar deste artigo estar definido para elementos não estruturais, poderá ser modificado de
modo a ser possível calcular a força de derrube num elemento estrutural. Considerando qa=q,
a=1,0 e Ta=0 (uma vez que o elemento estrutural se encontra rigidamente ligado à estrutura),
é possível transpor esta expressão para elementos estruturais.
É também necessário verificar os cachorros dos pilares e os dentes das vigas. Para o efeito,
dever-se-á considerar os modelos de escora-tirante propostos, genericamente, no artigo 6.5
do EC2, e especificamente para as vigas no artigo 10.9.4.6 do mesmo EC, e dimensionar as
armaduras para resistir aos esforços provenientes da ligação pilar-viga.
Em relação à rotação da viga em relação ao pilar, o manual do CERIB apresenta uma fórmula
de cálculo da espessura mínima que o aparelho de apoio deverá ter de modo a que, em
situações de rotação relativa viga-pilar máxima, não ocorra esmagamento de betão entre os
dois elementos.
, í = á ;5 (38)
= ( − 1) + + (39)
Rd = 1,2;
K – rigidez do pilar;
L – altura do pilar;
M – momento flector na sapata;
É possível ainda garantir uma junta de dilatação na zona de ligação pilar-viga, sem ser
necessário criar uma junta sísmica, desde que o material de enchimento das baínhas dos
ferrolhos for viscoelástica, do tipo betume. Nesta situação, esforços de dimensionamento da
ligação deverão ser majorados por um coeficente de sobrerresistência Rd=2,0. A Figura 10
apresenta um exemplo de ligação pilar-viga sobre uma junta de dilatação.
Figura 10: Esquema de uma ligação pilar-vigas sobre junta de dilatação (extraído do manual do CERIB)
Ligação Pilar-Fundação:
O pilar pode ser ligado à fundação através de dois tipos principais de ligação:
No caso da sapata, sob o cálice, esta deverá ser dimensionada de acordo com o princípio do
Capacity Design, de acordo com a expressão 4.30 do EC8:
= , + , (40)
onde:
EF,G – efeito da acção devido às acções não sísmicas incluídas na combinação de acções para a
situação sísmica de cálculo;
= í ; em que:
Com base nos esforços obtidos desta expressão, dever-se-á verificar se a tensão máxima que a
sapata provoca no terreno é inferior à tensão resistente do mesmo.
No caso do cálice, este deverá ser dimensionado como ligação sobredimensionada (artigo
5.11.3.2.(3) do EC8), ou seja, deverá ser verificado tendo em conta um momento flector igual a
RdMRd e a um esforço transverso calculado com base neste valor de momento flector, com
Rd=1,2.
Pilares
No caso de θ>0,1, as dimensões da secção transversal dos pilares sísmicos primários não
deverão ser inferiores a um décimo da sua altura, para a flexão num plano paralelo à dimensão
considerada do pilar (artigo 5.4.1.2.2 do EC8).
A taxa total de armadura longitudianl, ρl, deverá estar compreendida entre 0,01 e 0,04, onde:
= (41)
(NO CERIB INDICAM QUE A DIMENSÃO MÍNIMA DO PILAR DEVERÁ SER DE 250MM. NO
ENTANTO, NO EC8 ESSE LIMITE É INDICADO PARA A CLASSE DCH)
As armaduras de confinamento da zona crítica dos pilares deverão ser prolongadas até à
extremidade do pilar, localizada dentro do cálice. Adicionalmente, a armadura longitudinal do
pilar deverá ser totalmente ancorada na altura do cálice.
Figura 13: Prolongamento da cintagem da zona crítica do pilar para o interior do cálice
Ligação Pilar-Viga
Os ferrolhos de ligação pilar-viga deverão estar devidamente cintados no topo do pilar. Para
garantir esta cintagem, o rácio mecânico de armadura de confinamento, wd, deverá ser igual
ou superior aos valores mínimos definidos para as zonas críticas dos pilares (artigo 5.4.3.3.(1)
do EC8).
Em relação à altura de penetração na viga, o ferrolho deverá ser envolvido por armaduras de
fendilhação, as quais deverão resistir a parte do esforço de corte a que o ferrolho estará
sujeito [CERIB].
Os ferrolhos deverão ser amarrados no topo dos pilares e nas baínhas das vigas num
comprimento tal que seja possível resistir ao somatório de esforços: N+G. No entanto, poderá
ser utilizado um sistema de rosca que reduzirá o comprimento de amarração identificado
anteriormente [CERIB].
Ligação Pilar-Fundação
O cálice de ligação deverá possuir uma profundidade mínima, determinada de acordo com a
seguinte expressão:
= á 1,2 ; 2 + (42)
,
onde:
a – largura do pilar;
O primeiro valor, igual a 1,2a, é retirado do artigo 10.9.6.3.(1) do EC2. O segundo valor é
proposto por Lúcio, V. J. G. [X4].
A largura das paredes do cálice deverá ser maior que meia altura do mesmo.
Entre a superfície do pilar e do cálice, deverá ser colocada argamassa, de modo a garantir uma
continuidade entre estes dois elementos estruturais.
A armadura da sapata e do cálice deverão garantir uma ligação entre estes dois elementos.
Assim, a armadura do cálice deverá ser prolongada para o interior da sapata e vice-versa.
Figura 17: Prolongamento da armadura do cálice para o interior da sapata, de modo a garantir a ligação entre
estes dois elementos
Anexos
I. Verificação alternativa das condições 4.1a) e 4.1b) do EC8
As expressões 4.1a) e 4.1b) do EC8 são necessárias à verificação das condições de regularidade
em planta da estrutura. No entanto, o EC8 apresenta uma metodologia um pouco trabalhosa,
tendo em conta que é necessário identificar a posição do centro de rigidez. Assim, neste
ponto, será apresentada uma alternativa para cada uma destas condições do EC8.
NOTA: As conclusões aqui apresentadas são válidas para estruturas de um piso, com
excentricidade apenas segundo a direcção x.
Formulação geral:
Sabendo que p’θ e p’y correspondem, respectivamente, às frequências próprias dos modos de
′
vibração de torção e translação puros, é possível definir o cociente = , o qual pode
′
′
= = = =
′
Onde:
Para calcular a frequência própria dos três modos de vibração seguiram-se os seguintes
passos:
Cálculo das frequências dos três modos de vibração (px , p+ e p-):
Uma vez que se considerou um edifício genérico de um piso, com excentricidade apenas
segundo x, o cálculo das frequências foi efectuado seguindo os seguintes passos:
0 0
[ ]= 0 0
0 0
0 0
[ ]= 0
0
A obtenção das frequências próprias dos vários modos de vibração é efectuada com base no
determinante da seguinte matriz:
− 0 0
| − | = 0 <=> 0 − = 0 <=>
0 −
− = 0 <=> =
<=>
( − )×( − )− = 0 <=>
<=> − − + − = 0 <=>
<=> ( ) + (− − ) + − = 0 <=>
+ ± ( ) +2 +( ) −4 × −
<=> =
2
+ ± ( ) +2 +( ) −4 +4
=
2
+ ± ( ) −2 +( ) +4
=
2
+ ± ( − ) +4
= = (1)
2
+ ± ( − ) +4
(1) =
2
( + )± [ ( − )] + 4
=
2
( + )± ( ) ( − ) +4
= = (2)
2
Cálculos auxiliares:
No entanto, e uma vez que existirá excentricidade segundo x, é sabido que a rigidez é
assimétrica em relação a um eixo pararelo ao eixo y, ou seja, ao aplicar um deslocamento
segundo y (Δy), surgirá uma força Fy2, de um lado da estrutura, mais elevada que Fy1, que surge
no outro lado. Isto irá conduzir a um momento resultante igual a × , onde = + ,
aplicado no centro de massa e “e” é a excentricidade, segundo x, em relação a esse centro de
massa.
Assim:
0 0 0 0 × =
[ ][ ] = [ ] <=> 0 = <=> <=>
× = ×
0 0 ×
=
≤>
= ×
( + )± ( − ) +4
=
2
+ ± ( − ) +4
= ×
2
+ ± ( − ) +4
= ′ × = (3)
2
Multiplicando por :
( −2 + ) 4
+ ± +
(3) = ′ ×
2
4
+ ± −2× × + +
= ′ × = (4)
2
(1 ) + (1 ) ± (1 ) − 2(1 ) (1 ) + (1 ) + 4(1 )
(4) = ′ × <=>
2(1 )
( ) + ( ) ± ( ) − ( ) + ( )
<=> = =( )
′ ( )
A expressão (5) apresenta uma relação entre as frequências de vibração, “p”, a excentricidade,
“e”, o raio de torção ,rx, e o raio de giração de massa, ls.
Com base nesta expressão, e nos valores das variáveis α e β, é possível obter os valores das
frequências dos dois modos de vibração, para além do predominantemente de translação
segundo x, o qual é obtido directamente e foi apresentado anteriormente.
Com base nos valores das frequências e , as quais diferem apenas na consideração da
soma ou subtração da raíz, respectivamente, como apresentada na expressão (5), é possível
definir os modos de vibração. Desta forma é possível identificar qual dos dois modos de
vibração é predominantemente de translação segundo y ou de torção.
Cálculo dos modos de vibração:
0
[ − ] = 0
0
− 0
=
− 0
Uma vez que as duas expressão são dependentes, considerando y=1 obtém-se a seguinte
expressão para o cálculo de θ:
−
− + = 0 <=> =
0
[ ]= 1
Como se verá adiante, será útil considerar o valor do produto θ ls, pelo que será este produto o
valor com o qual se irá comparar os valores de θ para os modos de vibração,
predominantemente, de translação segundo y e de torção. O resultado do produto é o que se
apresenta de seguida:
− 1
= = × −1 + = × −1 +
′ ′
De notar que as conclusões não são alteradas com a consideração do produto θ ls, ao invés do
valor de θ, para verificar qual dos modos de vibração é predominantemente de translação
segundo y ou de torção, uma vez que o valor de ls é constante.
Uma vez que o objectivo final é estudar o andamento dos factores de participação modal, será
necessário calcular esses mesmos factores de participação. Assim, no seguimento dos cálculos,
surge a definição dos modos de vibração normalizados, φ:
[ ]
φ=
[ ] [ ][ ]
0
1
=
0 0 0
[0 1 ] 0 0 1
0 0
0
1
=
+
0
⎡1 ⎤
⎢ + ⎥
⎢ ⎥
=⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ + ⎥
⎣ ⎦
= [φ] [ ][1 ]
0 1 0 0 0
= + + 0 0 1
0 0 0
=
+
1 1
% = = × = =
+ + 1+
Com base nos valores de percentagem de massa modal que participa na translação segundo y
para cada modo de vibração relevante, é possível identificar limites a partir dos quais as
condições 4.1a e 4.1b do EC8 são verificadas.
Resultados Relevantes
Expressão 4.1b)
No caso da condição 4.1b) é relativamente simples perceber o limite a partir do qual esta se
encontra verificada.
Onde p’θ e p’Y são, respectivamente, os períodos dos modos de vibração de torção pura e de
translação pura segundo y.
Assim, para verificar a expressão 4.1b) bastaria calcular os períodos de vibração destes dois
modos de vibração puros e comparar os dois valores. Se o valor de p’θ fosse superior ao valor
de p’Y, então, a condição 4.1b) do EC8 estaria verificada.
Contudo, para evitar cálculos, poder-se-á analisar o valor da relação pY/pθ para diferentes
valores de excentricidade, e, e α=rx/ls.
1 + 1 ± 1 − 1 +4 1
2 ± √4
= = =
′ 2
2 1
2 ±2 ±1 1
= = =1±
2
1−
=
1+
Contudo, A depende da excentricidade e, uni-direccional, da estrutura, a qual não é obtida
directamente do programa de cálculo automático.
Porém, pode ser difícil distinguir qual dos modos de vibração (com frequência p- ou p+) é de
translação segundo y ou de torção, observando apenas os modos em si, pelo que poderá ser
difícil definir a relação pY/pθ. Assim, é necessário encontrar uma relação entre os factores de
participação modal de massa de translação segundo y, %PYY, para os modos de vibração
predominantemente de translação segundo y e de torção.
1
% =
1+
1 1
= × −1 + = × −1 + = × −1 + 1 ± = ±1
′ ′
Como o valor de %PYY depende do quadrado do valor anterior, implica que (θ ls)2=+1.
Resta apenas saber quais os modos de vibração que apresentam valores de %PYY inferiores e
superiores a 0,5.
Como exemplo, considerou-se um caso com rx=3,5m e excentricidade e=0,75m. A Tabela I-1
apresenta os resultados relevantes.
Tabela I-1: Valores da relação py/pθ e de %Pyy para diferentes relações rx/ls
2 2
rx /ls ls (PY/PY') (Pθ/PY') PY/Pθ β θYls θθls %PYY %PYθ
0,1 35,000 1,000 0,010 10,243 0,021 0,022 -46,222 1,000 0,000
0,2 17,500 1,002 0,038 5,129 0,043 0,045 -22,445 0,998 0,002
0,3 11,667 1,005 0,085 3,428 0,064 0,070 -14,226 0,995 0,005
0,4 8,750 1,009 0,151 2,582 0,086 0,101 -9,901 0,990 0,010
0,5 7,000 1,015 0,235 2,078 0,107 0,140 -7,140 0,981 0,019
0,6 5,833 1,025 0,335 1,749 0,129 0,193 -5,171 0,964 0,036
0,7 5,000 1,041 0,449 1,522 0,150 0,272 -3,672 0,931 0,069
0,8 4,375 1,069 0,571 1,367 0,171 0,400 -2,500 0,862 0,138
0,9 3,889 1,120 0,690 1,274 0,193 0,622 -1,607 0,721 0,279
1 3,500 0,786 1,214 0,804 0,214 -1,000 1,000 0,500 0,500
1,1 3,182 0,847 1,363 0,788 0,236 -0,649 1,540 0,703 0,297
1,2 2,917 0,882 1,558 0,752 0,257 -0,460 2,172 0,825 0,175
1,3 2,692 0,902 1,788 0,710 0,279 -0,353 2,830 0,889 0,111
1,4 2,500 0,914 2,046 0,668 0,300 -0,287 3,487 0,924 0,076
1,5 2,333 0,922 2,328 0,629 0,321 -0,242 4,131 0,945 0,055
1,6 2,188 0,928 2,632 0,594 0,343 -0,210 4,760 0,958 0,042
1,7 2,059 0,932 2,958 0,561 0,364 -0,186 5,374 0,967 0,033
1,8 1,944 0,935 3,305 0,532 0,386 -0,167 5,975 0,973 0,027
1,9 1,842 0,938 3,672 0,505 0,407 -0,152 6,563 0,977 0,023
2 1,750 0,940 4,060 0,481 0,429 -0,140 7,140 0,981 0,019
Como se pode observar, para valores de rx>ls a relação pY/pθ é inferior a 1,0 e para valores de
rx<ls a relação pY/pθ é superior a 1,0. Assim, pode concluir-se que para relações pY/pθ inferiores
a 1,0, a condição 4.1b do EC8 é verificada.
NOTA: na situação mais favorável de e=0m, a relação pY/pθ = 1,0, igual ao valor máximo.
Conclusão:
A partir do programa de cálculo automático pode ter-se acesso aos valores das frequências
próprias de todos os modos de vibração e os respectivos factores de participação modal de
massa de translação segundo y.
“Se o período do modo predominantemente de torção é inferior que os períodos dos modos
predominantemente de translação segundo as duas direcções horizontais, x e y, então, a
expressão 4.1b do EC8 pode ser considerada como satisfeita” [X5].
Expressão 4.1a)
≤ 0,30
Para a definição de uma metodologia alternativa de verificação da expressão 4.1a do EC8 foi
necessário considerar diferentes relações α=pθ/py , entre 0,5 e 4. Para cada uma destas
relações, foram considerados valores de β=e/ls compreendidos entre 10-6 e 0,5, num total de
100 valores, ou seja, com uma diferença de 0,005 entre eles, aproximadamente. De notar que
para valores de α≥1,7 foi necessário abranger valores de β superiores a 0,5, de modo a
encontrar o ponto =0,3.
Tabela I-2: Valores da relação py/pθ e de %Pyy para a situação limite de e=0,3rx, ou seja, =0,3
2 2
α β (pY/pY') (pθ/pY') pY/pθ θy ls θθls %PYY %PYθ
0,5 0,15 0,30 1,0289 0,2211 2,1571 0,1926 -5,1926 0,9642 0,0358
1,0 0,30 0,30 0,7000 1,3000 0,7338 -1,0000 1,0000 0,5000 0,5000
1,1 0,33 0,30 0,7587 1,4513 0,7230 -0,7312 1,3676 0,6516 0,3484
1,2 0,36 0,30 0,7981 1,6419 0,6972 -0,5608 1,7831 0,7607 0,2393
1,3 0,39 0,30 0,8243 1,8657 0,6647 -0,4505 2,2197 0,8313 0,1687
1,4 0,42 0,30 0,8422 2,1178 0,6306 -0,3757 2,6614 0,8763 0,1237
1,5 0,45 0,30 0,8549 2,3951 0,5974 -0,3225 3,1003 0,9058 0,0942
1,6 0,48 0,30 0,8641 2,6959 0,5662 -0,2830 3,5330 0,9258 0,0742
1,7 0,51 0,30 0,8712 3,0188 0,5372 -0,2526 3,9585 0,9400 0,0600
1,8 0,54 0,30 0,8766 3,3634 0,5105 -0,2285 4,3766 0,9504 0,0496
1,9 0,57 0,30 0,8809 3,7291 0,4860 -0,2089 4,7878 0,9582 0,0418
2,0 0,60 0,30 0,8845 4,1155 0,4636 -0,1926 5,1926 0,9642 0,0358
2,5 0,75 0,30 0,8950 6,3550 0,3753 -0,1401 7,1401 0,9808 0,0192
3,0 0,90 0,30 0,9000 9,1000 0,3145 -0,1111 9,0000 0,9878 0,0122
3,5 1,05 0,30 0,9028 12,3472 0,2704 -0,0925 10,8068 0,9915 0,0085
4,0 1,20 0,30 0,9046 16,0954 0,2371 -0,0795 12,5795 0,9937 0,0063
Pode adiantar-se que se construíu um modelo de cálculo automático, de teste, com α=1,78.
Para a situação =0,3, os factores de participação modal %PYθ e %PYY obtidos foram,
respectivamente, 0,06475 e 0,93525, os quais aparentam estar de acordo com a Tabela I-2.
Para valores de excentricidade superiores a 0,3rx, o valor de %PYY aumenta e o valor de %PθY
diminui para valores de α<1. Para valores de α>1 (situações cumpridoras da condição 4.1b do
EC8), e valores de excentricidade superiores a 0,3rx, o valor de %PYY diminui e o valor de %PθY
aumenta, uma vez que a ordem dos modos predominantemente de torção e de translação
inverte quando α=1.
A partir da Tabela I-2 é possível identificar limites inferiores para a percentagem de massa
modal de translação segundo y do modo de vibração predominantemente de translação, %PYY,
no caso de α>1.
O Gráfico I-1 apresenta a curva de relação entre o cociente pY/pθ e os factores de participação
modal %PYY mínimos para diferentes relações e/rx.
0.0000
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
pY/pθ
Gráfico I-1: Relação entre py/pθ e %Pyy para diferentes relações e/rx
Existe ainda outra condição que poderá ser utilizada para verificar se a condição 4.1a do EC8 é
verificada. Ainda antes de verificar os factores de participação modal, se se verificar que a
relação pY/pθ é superior a 0,7338 (valor para o caso de α=1,0 e e=0,3rx), a excentricidade uni-
direccional existente na estrutura é, com certeza, inferior a 0,3rx.
Isto deve-se ao facto da situação α=1,0 e e=0,3rx ser a situação limite e, para situações em que
a excentricidade é superior ao valor limite de 0,3rx, a relação pY/pθ é inferior ao valor 0,7338.
A Tabela I-3 apresenta valores com os quais é possível verificar que, para determinado
cociente pY/pθ, o valor máximo de =e/rx, ou seja, a situação crítica, é correspondente à
situação α=1,0 (valores para e=0,3rx).
Tabela I-3: Relações e/ls e e/rx para diferentes relações py/pθ e diferentes valores de α
2 2
pY/pθ α (e/ls) (e/rx)
1 0,961 0,961
0,1 1,5 2,146 0,954
2 3,755 0,939
1 0,852 0,852
0,2 1,5 1,859 0,826
2 3,075 0,769
1 0,360 0,360
0,5 1,5 0,560 0,249
2 0,000 0,000
1 0,117 0,117
0,7 1,5 -0,081 -0,036
2 -1,518 -0,379
1 0,000 0,000
1,0 1,5 -0,391 -0,174
2 -2,250 -0,563
Contudo, para valores de α mais elevados, para excentricidades nulas, nunca se chega a
valores de pY/pθ iguais a 0,7338 (por exemplo, para α=1,5 e e=0m, o cociente pY/pθ é igual a
0,6667 < 0,7338 – daí o valor a vermelho na Tabela I-3). Assim, esta metodologia só será útil
para valores de α próximos de 1. Para valores de α mais elevados, dever-se-á utilizar a
metodologia dos factores de participação modal de massa de translação segundo y.
Para terminar, a Tabela I-4 apresenta alguns valores, para a situação limite α=1,0, com os quais
é possível concluir que, para valores de pY/pθ superiores a 0,7338, a excentricidade é, com
certeza, inferior a 0,3rx.
Tabela I-4: Relação py/pθ para diferentes valores de e/ls=e/rx (α=1,0) (valor limite e=0,3rx representado a
vermelho)
β e/rx pY/pθ
0,1 0,1 0,9045
0,2 0,2 0,8165
0,3 0,3 0,7338
0,4 0,4 0,6547
0,5 0,5 0,5774
Concluindo, desde que a relação pY/pθ seja superior a 0,7338, quer seja o α e o factor de
participação modal, a condição 4.1a do EC8 encontra-se verificada.
Conclusão:
O programa de cálculo automático pode apresentar os valores das frequências próprias dos
vários modos de vibração e os respectivos factores de participação modal de massa de
translação segundo y.
Esta metodologia é proposta no manual do CERIB considerando as forças laterais impostas nos
pilares. No entanto, uma vez que em Portugal é comum dimensionar os elementos verticais de
acordo com os momentos flectores, far-se-á abordagem a este método com base nesses
momentos flectores.
Assim, para dar início a esta análise, é necessário conhecer, previamente, a secção de um pilar,
o valor de esforço axial actuante nesse mesmo elemento e a armadura disposta na sua secção.
Uma vez que o objectivo é aplicar esta metodologia com base na regulamentação Europeia
(Eurocódigos), as relações constitutivas consideradas para o aço e betão são as apresentadas
no EC2. De acordo com o artigo 5.8.6 deste mesmo EC, as relações constitutivas a utilizar na
quantificação dos efeitos de 2ª ordem deverão ser as dadas pela expressão 3.14 (artigo 3.1.5),
no caso do betão, e pela figura 3.8 (artigo 3.2.7) no caso do aço. Em relação ao betão, a
expressão 3.14 deverá ser calculada com base no parâmetro fcd, ao invés de fcm, e Ecm deverá
ser substituído por:
=
Os valores necessários à definição destas relações constitutivas estão presentes na tabela 3.1,
no caso do betão, e na tabela C.1 do Anexo C, no caso do aço.
12.0000
10.0000
8.0000
6.0000
4.0000 Tensão (MPa)
2.0000
0.0000
1.80E-04
3.60E-04
5.40E-04
7.20E-04
9.00E-04
1.08E-03
1.26E-03
1.44E-03
1.62E-03
1.80E-03
1.98E-03
2.16E-03
2.34E-03
2.52E-03
2.70E-03
2.88E-03
3.06E-03
3.24E-03
3.42E-03
0.00E+00
Extensão
500.0000
400.0000
fy (MPa)
σ (MPa)
300.0000
200.0000
100.0000
0.0000
0.00E+00 2.00E-02 4.00E-02 6.00E-02 8.00E-02
ε
No caso do betão, é ainda possíve considerar o efeito de confinamento garantido pelas cintas.
Para isso, o EC2 apresenta, no artigo 3.1.9, as alterações a considerar na relação constitutiva
do betão.
400
350
Momento Flector (kNm)
300
250
200
150
100
50
0
0.00E+005.00E-061.00E-051.50E-052.00E-052.50E-053.00E-053.50E-054.00E-054.50E-055.00E-05
Curvatura (mm-1)
Para o efeito, é necessário encontrar uma relação entre esforço transverso e flecha no topo do
pilar.
Para um determinado valor de esforço transverso, arbitrado entre zero e Mrd/h, e uma cota do
pilar, obtém-se um valor de momento flector e de curvatura, χ. Multiplicando este valor de
curvatura com o valor do momento flector unitário, à mesma cota, obtém-se um valor para o
produto correspondente a essa cota. O valor deste produto deverá ser obtido para várias
cotas diferentes do pilar. Para obter o valor da flecha no topo do pilar, bastará calcular a área
do diagrama entre a base do pilar e o topo.
NOTA: No caso aqui apresentado foram consideradas 100 áreas como identificadas atrás.
Assim, correndo os vários valores de V desde zero a Mrd/h, obtém-se um diagrama δ-V com o
qual, para o valor de V a que o pilar se encontra sujeito, é possível calcular o valor da flecha, δ.
= =
O valor obtido nesta expressão deverá ser somado aos valores de flecha obtidos
anteriormente (Gráfico II-5). O resultado final será um gráfico semelhante ao anterior mas com
uma curva de declive menor:
70
60
50
Esforço 40
Horizontal
(kN) 30
20
10
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
δ (m)
Gráfico II-5: Curva flecha-esforço horizontal considerando a flexibilidade da sapata, com uma rigidez de rotação
de 30000kNm/rad
Por fim, de acordo com o manual do CERIB, a consideração dos efeitos de segunda ordem é
efectuada considerando uma redução no esforço transverso resistente de primeira ordem
igual a onde NEd é o esforço axial no pilar, h a sua altura e δ a flecha retirada do Gráfico II-
5:
= −
ℎ
Esta expressão pode ser transposta para momentos flectores, ao invés de esforços
transversos, da seguinte forma:
= −
Gráfico II-6: Curva curvatura-momento flector e comparação com um possível acréscimo devido aos efeitos de
segunda ordem (a vermelho)
De seguida, far-se-á uma comparação entre o método simplificado, com base no coeficiente de
sensibilidade aos efeitos de segunda ordem, θ, e o método definido anteriormente, designado
como método exacto.
O EC8 indica que, para situações em que o coeficiente de sensibilidade a efeitos de 2ª ordem,
θ, esteja compreendido entre 0,2 e 0,3, uma análise exacta destes efeitos deverá ser utilizada.
Contudo, no caso de estruturas com pisos e cobertura possuindo um comportamento de tipo
diafragma rígido, poder-se-á continuar a utilizar o método simplificado referido no EC8 para o
caso de 0,1≤θ≤0,2 [X3]. Assim, far-se-á uma comparação entre os resultados obtidos de acordo
com os dois métodos.
Como exemplo, considera-se um pilar como o definido anteriormente onde o momento flector
resistente de 1ª ordem considerado é, aproximadamente, 340kNm (momento flector
identificado pela seta no Gráfico II-6). Para esse valor de momento flector obtém-se um
esforço transverso no topo do pilar correspondente a cerca de 58,6kN. Para esse valor de
esforço transverso obtém-se uma flecha de primeira ordem de 14,3cm. Assim, o valor de
momento resistente a considerar no dimensionamento do pilar será, de acordo com o método
exacto proposto, igual a:
= 340(1 − )
Considerando os dois valores limite do intervalo de θ, 0,2 e 0,3, os valores de MRd obtidos são
os que se apresentam na Tabela II-1.
Tabela II-1: Valores de MRd obtidos de acordo com o método simplificado, utilizado, normalmente, no caso de
0,1<θ<0,2
θ MRd (kNm)
0,2 272
0,3 238
Como se pode constatar, os valores obtidos do método simplificado são mais restritivos. Isto
pode dever-se ao facto de, por ser um método simplificado, ser considerada uma margem de
segurança superior. Uma vez que no caso do cálculo exacto se obtém uma estimativa dos
efeitos de segunda ordem muito mais próxima da real, os valores obtidos de momento flector
resistente são menos restritivos.
III. Caso de Estudo
a. Descrição da estrutura e materiais
o Descrição da estrutura:
o Materiais:
b. Solicitações
o Cargas permanentes:
Cobertura – 0,54kN/m2;
o Cargas variáveis:
Cobertura – 0,40kN/m2;
o Acção Sísmica:
,
= ≈ 0,904 > 0,7338 - condição 4.1a) do EC8 verificada.
,
Complementarmente, verifica-se que %Pyy é superior a 50%, pelo que estará, com
certeza, acima da curva limite representada no Gráfico 2;
= 1,159 ; = 1,160 ; = 1,282 :
< < - condição 4.1b) do EC8 verificada;
Condições 4.1a e 4.1b do EC8 verificadas – Estrutura regular em planta;
Sistema estrutural do tipo pêndulo invertido:
o Mais de 50% da massa total no terço superior da estrutura;
o Alguns pilares não se encontram ligados segundo as duas direcções horizontais
principais.
Coeficiente de comportamento base q0=1,5;
Não existem paredes estruturais – kw=1,0;
Ligações entre elementos estruturais pré-fabricados do tipo sobredimensionadas –
kp=1,0
Coeficiente de comportamento q=1,5;
Espectro de dimensionamento a acções horizontais (sismo tipo 1 condicionante):
Espectro de dimensionamento a acções verticais (sismo tipo 1 condicionante):
Efeitos de segunda ordem: θx = θy = 0,05<0,1, pelo que não será necessário considerar
os efeitos de segunda ordem;
Deslocamento relativo máximo entre cobertura e fundação igual a 7,23cm, ν=0,4:
≈ 2,89
o Esforços de dimensionamento:
o Confinamento do pilar:
Não é necessário calcular armadura de confinamento, uma vez que o pilar apresenta
um esforço axial reduzido menor que 0,2 e o coeficiente de comportamento é menor
que 2,0. A armadura transversal do pilar poderá ser calculada de acordo com o EC2.
d. Cálice:
Md =402kNm;
Vd = 69,3kN;
Nd= 186kN.
o Esforços na ligação:
Nd=45,5kN;
V2d=140kN;
V3d=5kN;
T=5,6kNm;
Mderrube=16,6kNm.
N V
G= 2 + 2 = 27,5kN;
M = (T + M ) ≈ 26,6kNm;
Nferrolho = 74kN (obtido do método do Diagrama Rectangular Simplificado);
Θ = 0,0127rad;
e ≥ máx a 2 θ; 5mm = máx(0,0022; 0,005)(m) = 0,005m.
f. Disposições Constructivas do pilar e das respectivas ligações deste com a fundação e
viga:
o Pilar:
o Ligação Pilar-Viga:
[X2] – Fardis, M. N. [et al]. Designers’ Guide to EN1998-1 and EN1998-5; Eurocode8: Design of
structures for earthquake resistance. General rules, seismic actions, design rules for buildings,
foundations and retaining structures. Series editor Haig Gulvanessian – 2005. Pág. 73.
[X3] – Fardis, M. N. [et al]. Designers’ Guide to EN1998-1 and EN1998-5; Eurocode8: Design of
structures for earthquake resistance. General rules, seismic actions, design rules for buildings,
foundations and retaining structures. Series editor Haig Gulvanessian – 2005. Pág. 64.
[X5] – Fardis, M. N. [et al]. Designers’ Guide to EN1998-1 and EN1998-5; Eurocode8: Design of
structures for earthquake resistance. General rules, seismic actions, design rules for buildings,
foundations and retaining structures. Series editor Haig Gulvanessian – 2005. Pág. 37.