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Tecnologia Mecânica 2

Relatório do Laboratório 1
Curva Tensão Verdadeira e Deformação Verdadeira
Nome: Gabriel Silva Póvoa Matrícula: 17/0034321
Nome: Rodrigo Souza Pimenta Matrícula: 17/0021718

Prof. Guilherme Caribe de Carvalho

Universidade de Brasília
Faculdade de Tecnologia
Departamento de Engenharia Mecânica
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SUMÁRIO

1 Introdução 1
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Ensaio de Tração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Diagrama Tensão-Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 Metodologia e Procedimento Experimental 3


2.1 Materiais Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

3 Resultados e Discussão 4
3.1 Tratamento dos dados e análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Fontes de erros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.3 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

4 Bibliografia e Referências Normativas 8


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1 Introdução
1.1 Objetivos
O presente relatório visa apresentar os resultados de um ensaio de tração simples por meio da
análise da curva Tensão Verdadeira x Deformação Verdadeira, obtida a partir dos dados
coletados durante um experimento realizado no Laboratório de Brasília para o alumínio comercial.

1.2 Ensaio de Tração


Segundo GARCIA, o ensaio de tração simples é um ensaio destrutivo que consiste na
aplicação de carga de tração uniaxial crescente em um corpo de prova, padronizado por normas,
até a ruptura. Devido à vantagens de fornecer dados quantitativos das características mecânicas
dos materiais e a relativa simplicidade deste ensaio, este é amplamente utilizado na indústria,
principalmente como teste para o controle de especificações da matéria-prima tanto em seu regime
elástico, quanto plástico e também para controle de processo.
Os ensaios de tração utilizam corpos de prova (Imagem 1 - b) preparados segundo normas técni-
cas convencionais. No Brasil, a norma utilizada para ensaios de materiais metálicos à temperatura
ambiente é a NBR ISO 6892:2002, da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Figura 1: (a) Máquina de ensaio de tração; (b) corpo de prova com carga de tração. Imagens
retirados do BEER.

1.3 Diagrama Tensão-Deformação


O Diagrama Tensão-Deformação é a curva característica das propriedades de um material
que independem das dimensões do corpo de prova utilizado, e é obtida normalmente por meio
de um ensaio de tração, mas que podem variar dependendo da temperatura e velocidade que a
carga é aplicada. Por meio da curva obtida, também é possível identificar e analisar os efeitos do
encruamento ao submeter o corpo de prova a ciclos de carregamento (acima da tensão de escoamento)
e descarregamento até a ruptura do mesmo.
Dentre os principais características mecânicas que podem ser quantificadas, então:

• Tensão de engenharia: σeng = F


A0

• Tensão verdadeira: σv = F
A
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• Deformação de engenharia: e = L−L0


LO

• Deformação verdadeira:  = ln( ll0 )

• UTC (Ultimate Tensile Strength): σmax

• Coeficiente de Poisson: v

• Módulo de Resiliência: uE

• Coeficiente de encruamento: n

Vale ressaltar a diferença entre alguns dos termos listados. A Tensão de Engenharia se difere
da Tensão Verdadeira, pois a primeira é proporcional à força F aplicada, pois a primeira é obtida a
partir da seção inicial do corpo de prova (A0 ), enquanto a segunda é obtida dividindo a F pela seção
transversal do corpo deformado (A), o que será visível mais a frente nos gráficos. Essa diferença é
semelhante a que ocorre entre Deformação de engenharia e Deformação verdadeira, onde a
última é obtida a partir do registro pela máquina de ensaio de valores sucessivos de L, onde ∆L é
o incremento dessas distâncias. O Coeficiente de Poisson mede a deformação transversal de um
material, uma vez que sabemos que a deformação produzida por uma força axial é acompanhada
por uma deformação em qualquer direção transversal.

Figura 2: Diagrama Tensão-Deformação para material dúctil

Dentre os parâmetros relativos à ductilidade, temos a estricção, que um fenômeno no qual o


diâmetro do corpo de prova passa a diminuir em razão da estabilidade local, depois de alcançado
o UTC. A estricção reduz a tensão nominal aplica até que ocorra a fratura em quando essa insta-
bilidade localizada inicia-se, a deformação verdadeira em qualquer ponto do corpo de prova pode
ser calculada pela variação da área no mesmo ponto. Além disso, alguns problemas problemas po-
dem ocorrer nesta região, uma vez que a deformação deixa de ser uniforme, podendo se aplicar a
relação de Bridgman para corrigir as equações nestes pontos. O encruamento é a propriedade
do material no qual, ao aumentar a tensão acima do escoamento, o material se deforma até atingir
o UTC. Por fim, a tensão de escoamento é a tensão máxima que o material suporte ainda no
regime elástico e, caso haja algum acréscimo de tensão acima desse limite, o material não segue
mais a Lei de Hooke e passa a se deformar plasticamente.
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Em relação a energia, temos que a Resiliência é a capacidade de um material absorvê-la quando


deformado elasticamente, isto é, quando carregado, e, ao ser descarregado, liberar essa energia. Já
a Tenacidade está relacionada a capacidade de uma estrutura resistir a uma força de impacto, é a
capacidade de um material absorver a energia ainda na região plástica.
Apesar de não refletirem a tensão e deformação real, para fins de resistência dos materiais, como
por exemplo o cálculo estrutural, tanto a tensão como a deformação de engenharia são suficientes.
Entretanto, para processos de fabricação, como a laminação, é necessário conhecer a tensão e de-
formação verdadeira. A tensão verdadeira é a razão entre a força aplicada e a área instantânea,
enquanto a deformação verdadeira é obtida considerando-se pequenos incrementos instantâneos no
comprimento original. Assim, para obtenção da curva real, é necessário dividir a força aplicada
pela área instantânea. Essa área pode ser calculada partindo do princípio que o volume do corpo
de prova se mantém constante, isto é:
A0 l0
A= (I)
l
Porém, quando há estricção no corpo de prova, a deformação deixa de ser uniforme ao longo do
corpo, então a razão acima deixa de ser válida. O surgimento do estado triaxial de tensão causa
um aumento na tensão medida diferindo assim da tensão real. Logo, passa a ser necessário uma
correção na tensão para representá-la de forma fiel a realidade. Esta correção pode ser a Correção
de Bridgman:
σav
σ= 2R a
(II)
(1 + a (ln(1 + 2R ))
onde R é o raio da estricção, a é o raio do corpo de prova na estricção, e σav é a tensão média
baseada na área da estricção e na força aplicada no momento.
Ajustando a curva obtida utilizando a Equação de Hollomon, que é utilizada para descrever
curvas que apresentam um único estágio de encruamento, o gráfico logarítmico obtido será descrito
em função de um coeficiente de resistência K e um expoente de escruamento n.

σ = Kn (III)

Quando  = 1, K é o valor da tensão e n é a inclinação da curva no gráfico logarítmico.

2 Metodologia e Procedimento Experimental


Devido a presente pandemia do COVID19, não foi possível aos alunos de Engenharia Mecânica
da Universidade de Brasília realizarem o ensaio presencialmente. Logo, esta seção será dedicada a
informa e explicar o procedimento experimental padrão de um ensaio de tração convencional.

2.1 Materiais Utilizados


Além dos já mencionados c=corpos de prova, o procedimento também deve ser conduzido
utilizando uma máquina de ensaio de tração e paquímetro.

Figura 3: Corpo de Prova em alumínio antes de ensaio


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2.2 Procedimento Experimental


O procedimento padrão de um ensaio de tração em uma máquina de ensaios universal segue os
seguintes passos:

i. Marcação da distância L0 nos corpos de prova;

ii. Utilizando um paquímetro, pedir o diâmetro inicial do corpo de prova;

iii. Posicionamento do corpo de prova na máquina de ensaios;

iv. Ajustar as variáveis de ensaio no software da máquina;

v. Iniciar o ensaio com aplicação de carga, anotando os valores de carga em pontos notáveis;

vi. Medição do comprimento final após a ruptura e do diâmetro mínimo na região de estricção.

3 Resultados e Discussão
3.1 Tratamento dos dados e análise
De acordo com os dados crus fornecidos pelo experimento, foi possível o desenvolvimento de
curvas que descrevem o comportamento do alumínio durante o ensaio de tração.
Primeiramente, foi traçado a curva de tensão x deformação de engenharia, obtida a partir
da divisão entre a força medida pela máquina e a área inicial do corpo de prova. A curva obtida
está apresentada abaixo.

Figura 4: Diagrama Tensão x Deformação de engenharia

A partir desta curva, foi determinada a região que apresentou o maior valor de tensão, e com
isso foi traçado também o diagrama de tensão x deformação verdadeiro. Para isso, a força
axial foi dividida pela área instantânea do corpo de prova até a região do empescoçamento, resul-
tando na tensão verdadeira. O deslocamento foi calculado com base no comprimento instantâneo,
como apresentado na introdução teórica. Dessa forma, a curva de tensão x deformação verdadeira
apresentou a seguinte configuração:
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Figura 5: Diagrama Tensão x Deformação Verdadeira

Comparando se a Figura 4 e a Figura 5, pode-se observar que na curva tensão-deformação


de engenharia a tensão passa a diminuir após atingir um ponto máximo, enquanto o mesmo não
ocorre no gráfico tensão-deformação verdadeiro. Isso ocorre, pois, apesar da resistência do material
aumentar devido ao encruamento, a área da seção começa a diminuir devido ao empescoçamento
(estricção).
Com o objetivo de fazer um ajuste na região plástica do diagrama tensão x deformação verdadeiro
foi utilizada a Equação (III). Os valores do coeficiente de resistência (K) e o expoente de
encruamento (n) foram encontrados através do gráfico log x log da região plástica, até o
empescoçamento, da curva tensão x deformação verdadeira.

Figura 6: Gráfico log(σ) x log()

Traçando a linha de tendencia, exibida no gráfico acima, obtivemos a equação linear que repre-
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senta aproximadamente a curva:


y = 0, 082x + 2, 6744
O valor do coeficiente de resistência corresponde à tensão verdadeira para  = 1. Sendo assim, o
ponto em que a curva acima cruza o eixo vertical representa o valor de log(K). Então:

log(K) = 2, 6744

K = 472, 50
Já o valor do expoente de encruamento (n) é dado pela inclinação da curva de tendência.
Assim:
n = 0, 082
De posse das constantes obtidas acima, foi utilizada a equação de Hollomon (III) sobre a defor-
mação verdadeira para se ajustar os valores na fase plástica. O resultado obtido está apresentado
no gráfico abaixo.

Figura 7: Gráfico da Tensão x Deformação verdadeira ajustada

3.2 Fontes de erros


Os gráficos e valores obtidos foram relativamente satisfatórios dado que este tipo de experimento
conta com incertezas devido à sua forma de aquisição de dados.A força que a máquina exerce sobre
o corpo de prova também influencia a estrutura da máquina, ou seja, durante o ensaio ocorre uma
deformação elástica dessa estrutura, o que causa erros na medição da deformação alumínio.
Uma forma de se evitar este tipo de erro seria a inserção de um clip-gage diretamente no corpo
de prova. Este dispositivo permite o monitoramento da deformação baseado nos pontos em que foi
acoplado. Dessa forma, a deformação elástica da estrutura da máquina não interfere na aquisição
de dados de deformação.
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3.3 Conclusão
De maneira geral, pode-se afirmar que os resultados do ensaio de tração foi bastante satisfatório,
uma vez que foi possível determinar algumas propriedades mecânicas do material do qual o corpo
de prova foi fabricado, bem como determinar o diagrama Tensão x Deformação (σ x ). Além disso,
vale ressaltar a necessidade do tratamento correto dos dados obtidos pela máquina de ensaio, para
que as interpretações dos gráficos resultantes esteja de acordo com o observado.
Conclui-se também, como era previsto, que o efeito do encruamento do material ocorre de forma
mais intensa perto da região de ruptura do corpo de prova. O processo de encruamento é comum
a todos os metais e tende sempre a aumentar a carga necessária para produzir um acréscimo de
deformação durante o regime plástico. Esse efeito é contraposto pela diminuição gradual da seção
transversal do corpo de prova, à medida que ocorre o alongamento do corpo de prova. Pelo gráfico
tensão-deformação de engenharia pode-se observar o e feito da estricção, que é uma deformação
localizada, começa ao ser atingida a carga máxima, onde o aumento da tensão devido ao decréscimo
da seção transversal torna-se maior que o efeito do encruamento. A deformação torna-se então
instável e o metal não pode encruar o suficiente para elevar a carga a fim de continuar a deformação
ao longo do corpo de prova, ficando então a deformação localizada na região onde ocorre a estricção,
até que aconteça a ruptura do material nessa zona estrita.
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4 Bibliografia e Referências Normativas


1. Serope Kalpakjian and S Schmid. Manufacturing Engineering and Technology, SI Edition. Pe-
arson, 2013.

2. William D Callister Jr and David G Rethwisch. Callister’s Materials Science and Engineering.
John Wiley Sons, 2020.

3. Ferdinand P. Beer; E. Russel Johnsto; etall. Mecânica dos Materiais. AMGH, 2011.

4. Amari Garcia; Jaime Spim; Carlos dos Santos. Ensaios dos Materiais. LTC, 2012.

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