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Introdução à Análise

Elias Kemper Filho

Janeiro, 2021
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Lista 1

Questão 1.

a) Veja que 1, 2 ∈ Q+ . Temos que 2 ∈ 𝐴 pois 22 = 4 > 2, temos também que


1 ∈ 𝐵 pois 12 = 1 < 2. Assim, 𝐴 e 𝐵 não são vazios. Primeiro provemos que 𝐴
não tem menor elementos, isto é, dado 𝑎 ∈ 𝐴, é possível encontrar um 𝑎0 > 0 tal
𝑎2 − 2
que 𝑎 − 𝑎0 ∈ 𝐴. Assim, seja 𝑎0 tal que 0 < 𝑎0 < , então 2𝑎0 𝑎 < 𝑎2 − 2, daí
2𝑎
𝑎 1 𝑎
(𝑎−𝑎0 )2 = 𝑎2 −2𝑎0 𝑎+𝑎20 > 𝑎2 −2𝑎0 𝑎 > 2. Temos 𝑎0 < − < < 𝑎, isto é, 𝑎−𝑎0 ∈ Q+ .
2 𝑎 2
Portanto, não há elemento mínimo em 𝐴. Vejamos agora que 𝐵 não possuí elemento má-
ximo, isto é, dado 𝑏 ∈ 𝐵, é possível pegar um 𝑏0 > 0 tal que 𝑏 + 𝑏0 ∈ 𝐵. Assim, faça 𝑏0 tal
2 − 𝑏2
que 𝑏0 < e que 𝑏0 < 1, logo 𝑏20 < 𝑏0 e também que (2𝑏 + 1)𝑏0 < 2 − 𝑏2 . Com isto em
2𝑏 + 1
mãos temos que (𝑏+𝑏0 )2 = 𝑏2 +2𝑏0 𝑏+𝑏20 < 𝑏2 +2𝑏0 𝑏+𝑏0 = 𝑏2 +𝑏0 (2𝑏+1) < 𝑏2 +2−𝑏2 = 2.
Logo, 𝐵 não tem elemento máximo.

b) De fato, primeiro é óbvio que 𝐵 ∪ Q− ⊂ {𝑥 ∈ Q : 𝑥 é cota inferior de 𝐴} pois


𝐵 ∩ 𝐴 = ∅ (é impossível obter 𝑥 ∈ Q+ tal que 𝑥2 < 2 < 𝑥2 ). Agora, se 𝜇 é cota inferior

de 𝐴, então 𝜇 < 𝑎 para todo 𝑎 ∈ 𝐴. Em particular, 𝜇 = 2 não é cota inferior pois não
√ √
pertence a Q, mas como todo racional > 2 está em 𝐴 e todo racional < 2 está em
𝐵 ∩ Q− , concluí-se que 𝐵 ∪ Q− = {𝑥 ∈ Q : 𝑥 é cota inferior de 𝐴}.

c) Visto no item a) que 𝐴 e 𝐵 não possuem elemento mínimo e máximo, respectiva-



mente, o único candidato para ínfimo e supremo de 𝐴 e 𝐵, respectivamente, seria 2,
𝑝 𝑝2
pela definição de sup e inf. Mas como não existe um racional tal que 2 = 2, concluí-se
𝑞 𝑞
que tanto 𝐴 quanto 𝐵 não possuem ínfimo e supremo, respectivamente, em Q. Com
𝑝2
efeito, se fosse o caso 2 = 2, com 𝑚𝑑𝑐(𝑝, 𝑞) = 1, então 𝑝2 = 2𝑞 2 , isto é, 𝑝2 é par, logo 𝑝 é
𝑞
par e tem-se 𝑝 = 2𝑝0 , daí 𝑝2 = (2𝑝0 )2 = 4𝑝20 = 2𝑞 2 ⇒ 2𝑝20 = 𝑞 2 , logo 𝑞 2 é par e disso tem-se
𝑞 par, com 𝑞 = 2𝑞0 , disso concluímos que 𝑚𝑑𝑐(𝑝, 𝑞) = 𝑚𝑑𝑐(2𝑝0 , 2𝑞0 ) = 2𝑚𝑑𝑐(𝑝0 , 𝑞0 ) ≥ 2,
o que contradiz 𝑚𝑑𝑐(𝑝, 𝑞) = 1. Absurdo! Segue o resultado.

Questão 2.

Prop 1.14
(a) Seja 𝑥 + 𝑦 = 𝑥 + 𝑧, então 𝑦 = 0 + 𝑦 = (−𝑥 + 𝑥) + 𝑦 = −𝑥 + (𝑥 + 𝑦) = −𝑥 + (𝑥 + 𝑧) =
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(−𝑥 + 𝑥) + 𝑧 = 0 + 𝑧 = 𝑧 ⇒ 𝑦 = 𝑧.
(b) Seja 𝑥 + 𝑦 = 𝑥, tomando 𝑧 = 0 em (a) obtemos 𝑥 + 𝑦 = 𝑥 + 0 ⇒ 𝑦 = 0.
(c) Seja 𝑥 + 𝑦 = 0, tomando 𝑧 = −𝑥 em (a) obtemos 0 = 𝑥 + (−𝑥) = 𝑥 + 𝑦 ⇒ −𝑥 = 𝑦.
(d) Como −(−𝑥) + (−𝑥) = 0 = 𝑥 + (−𝑥) ⇒ −(−𝑥) = 𝑥 por (a).

Prop 1.15
(a) Seja 𝑥 ̸= 0 e 𝑥𝑦 = 𝑥𝑧, então 𝑥𝑧 − 𝑥𝑦 = 𝑥(𝑧 − 𝑦) = 0, como 𝑥 ̸= 0, então 𝑧 − 𝑦 = 0,
daí 𝑧 = 𝑦. (ver Prop 1.16 (b)).
(b) Seja 𝑥 ̸= 0 e 𝑥𝑦 = 𝑥, então 𝑥𝑦 − 𝑥 = 𝑥(𝑦 − 1) = 0, como 𝑥 ̸= 0, então 𝑦 − 1 = 0, daí
𝑦 = 1 (ver Prop 1.16 (b)).
(c) Seja 𝑥 ̸= 0 e 𝑥𝑦 = 1, então 𝑥𝑦 = 1 = 𝑥𝑥−1 ⇒ 𝑦 = 𝑥−1 por (a).
(d) Seja 𝑥 ̸= 0 então (𝑥−1 )−1 𝑥−1 = 1 = 𝑥𝑥−1 ⇒ (𝑥−1 )−1 = 𝑥 por (a).

Prop 1.16
(a) 0 + 0𝑥 = 0𝑥 = (0 + 0)𝑥 = 0𝑥 + 0𝑥 ⇒ 0 = 0𝑥 por Prop 1.14 (a).
(b) Suponha 𝑥 ̸= 0, 𝑦 ̸= 0 mas 𝑥𝑦 = 0, então 1 = 1 · 1 = 𝑥−1 𝑥𝑦𝑦 −1 = 𝑥−1 (𝑥𝑦)𝑦 −1 =
𝑥−1 0𝑦 −1 = 0(𝑥−1 𝑦 −1 ) = 0 por (a). Absurdo! Logo 𝑥𝑦 ̸= 0.
(c) (−𝑥)𝑦 + 𝑥𝑦 = (−𝑥 + 𝑥)𝑦 = 0𝑦 = 0 ⇒ (−𝑥)𝑦 = −(𝑥𝑦) por Prop 1.14 (c) e
𝑦(−𝑥) + 𝑦𝑥 = 𝑦(−𝑥 + 𝑥) = 𝑦0 = 0 ⇒ 𝑦(−𝑥) = −(𝑦𝑥) por Prop 1.14 (c).
(d) (−𝑥)(−𝑦) = −(𝑥(−𝑦)) = −(−(𝑥𝑦)) = 𝑥𝑦 por Prop 1.14 (d).

Prop 1.18
(a) Antes de mais nada, como 𝑥 < 𝑦 ⇒ 𝑥 + 𝑧 < 𝑦 + 𝑧, temos também que 𝑥 < 𝑦 ⇒
𝑥 + 𝑧 < 𝑦 + 𝑧 ⇒ 𝑥 = 𝑥 + 0 = 𝑥 + 𝑧 − 𝑧 < 𝑦 + 𝑧 − 𝑧 = 𝑦 + 0 = 𝑦. Seja 𝑥 > 0, então
0 = −𝑥 + 𝑥 > −𝑥 + 0, logo −𝑥 < 0. Agora, seja 𝑥 < 0, então 0 = −𝑥 + 𝑥 < −𝑥 + 0, daí
0 < −𝑥.
(b) Seja 𝑥 > 0 e 𝑦 < 𝑧, temos que 0 < 𝑧 − 𝑦 ⇒ 0 < (𝑧 − 𝑦)𝑥 = 𝑧𝑥 − 𝑦𝑥 ⇒ 𝑦𝑥 <
𝑧𝑥 − 𝑦𝑥 + 𝑦𝑥 = 𝑧𝑥.
(c) Seja 𝑥 < 0 e 𝑦 < 𝑧, tem-se por (a) que 0 > −𝑥 e 𝑧 − 𝑦 > 0, então −𝑥(𝑧 − 𝑦) =
−𝑥𝑧 − (−𝑥𝑦) = 𝑥𝑦 − 𝑥𝑧 > 0, daí 𝑥𝑦 > 𝑥𝑧.
(d) Seja 𝑥 ̸= 0, tem-se que se 𝑥 > 0 então 𝑥𝑥 = 𝑥2 > 0, se fosse 𝑥 < 0, então −𝑥 > 0 por
(a), daí (−𝑥)(−𝑥) = −(−(𝑥𝑥)) = 𝑥𝑥 = 𝑥2 > 0, em particular 1 · 1 = 12 = 1 > 0.
(e) Primeiro, se 𝑥 > 0 (análogo para 𝑦) e 𝑤 ≤ 0 então 𝑤𝑥 ≤ 0, porém 𝑥𝑥−1 = 1 > 0, logo
𝑥−1 > 0. Assim, multiplique ambos os lado de 𝑥 < 𝑦 por 𝑥−1 𝑦 −1 e teremos 𝑦 −1 < 𝑥−1 .
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Portanto, 0 < 𝑦 −1 < 𝑥−1 .

Questão 3.

Queremos que 𝑅 ¯ satisfaça


¯ para todo 𝑥 ∈ 𝑅;
1. (𝑥, 𝑥) ∈ 𝑅, ¯
2. Se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 e (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅, então 𝑥 = 𝑦;
3. Se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 e (𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅, então (𝑥, 𝑧) ∈ 𝑅.
¯ O único jeito de (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅
Veja que 1. é direto pela definição de 𝑅. ¯ e (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅
¯ é𝑦=𝑥
pelo seguinte motivo: se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅, não podemos ter (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅, mas se (𝑥, 𝑦) pertencer
a𝑅¯ ∖ 𝑅 = {(𝑥, 𝑥) ∈ 𝑋 × 𝑋 : 𝑥 ∈ 𝑋} claramente temos 𝑦 = 𝑥 e obtemos 2.. 3. é direto
pelo item ii) da questão.

Como sabemos, a ordem ≤ é ordem parcial, queremos mostrar que


i) (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ⇒ (𝑦, 𝑥) ∈
/ 𝑅;
ii) (𝑥, 𝑦), (𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅 ⇒ (𝑥, 𝑧) ∈ 𝑅.
O item i) é garantido pois não há (𝑥, 𝑥) ∈ 𝑅, para qualquer 𝑥 ∈ 𝑋, logo, de (𝑥, 𝑦) tal
que 𝑥 ≤ 𝑦 vai para 𝑥 < 𝑦 pela inclusão 𝑥 ̸= 𝑦, como 𝑦 < 𝑥 é falso, segue que (𝑦, 𝑥) ∈
/ 𝑅.
O item ii) sai de graça já que se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 e (𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅 temos que 𝑥 ≤ 𝑦 e 𝑦 ≤ 𝑧, com
𝑥 ̸= 𝑦 e 𝑦 ̸= 𝑧, assim 𝑥 ≤ 𝑦 ≤ 𝑧 ⇒ 𝑥 ≤ 𝑧, com 𝑥 ̸= 𝑧, pois caso contrário deveríamos ter
𝑥 = 𝑦 = 𝑧 o que é um absurdo.

¯ coincide com ≤ pois


𝑅
¯ para todo 𝑥 ∈ 𝑅
1. (𝑥, 𝑥) ∈ 𝑅, ¯ ⇔ 𝑥 ≤ 𝑥 para todo 𝑥 ∈ 𝑋;
¯ e (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅,
2. Se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ¯ então 𝑥 = 𝑦 ⇔ Se 𝑥 ≤ 𝑦 e 𝑦 ≤ 𝑥, então 𝑥 ≤ 𝑦;
¯ e (𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅,
3. Se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ¯ então (𝑥, 𝑧) ∈ 𝑅
¯ ⇔ Se 𝑥 ≤ 𝑦 e 𝑦 ≤ 𝑧, então 𝑥 ≤ 𝑧.

¯ da seguinte forma:
Podemos concluir que há uma bijeção entre 𝑅 e 𝑅

¯
𝑓 : {𝑅} → {𝑅}
𝑅 ↦→ 𝑅 ∪ {(𝑥, 𝑥) ∈ 𝑋 × 𝑋 : 𝑥 ∈ 𝑋}
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em que sua inversa é dada por

¯ → {𝑅}
𝑓 −1 : {𝑅}
¯ ↦→ 𝑅 ∖ {(𝑥, 𝑥) ∈ 𝑋 × 𝑋 : 𝑥 ∈ 𝑋}
𝑅

¯ é uma ordem total. Antes,


Suponha que 𝑅 satisfaz tricotomia, queremos provar que 𝑅
¯ ou
afirmamos que precisamos apenas provar que para quaisquer 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋, ou (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅
¯ pois já provamos acima que 𝑅
(𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅, ¯ é ordem parcial. Assim, seja (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅, temos
que 𝑥 ̸= 𝑦, como 𝑅 satisfaz tricotomia então (𝑦, 𝑥) ∈
/ 𝑅 e, portanto, do ou exclusivo
¯ = 𝑅 ∪ {(𝑥, 𝑥) ∈ 𝑋 × 𝑋 : 𝑥 ∈ 𝑋}, logo
da ordem total afirma que somente (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅
¯ é uma ordem total. Agora, suponha que 𝑅
𝑅 ¯ é ordem total, queremos mostrar que 𝑅
¯ ou (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅,
satisfaz tricotomia. Assim, seja 𝑥 ̸= 𝑦. Ou (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ¯ temos três opções,
(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 ou (𝑦, 𝑥) ∈ 𝑅 ou (𝑥, 𝑥) ∈ 𝑅, temos (𝑥, 𝑥) ∈
/ 𝑅, assim, temos que ver se somente
uma das duas opções restantes valem, como é ou exclusivo, assuma (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅, ¯ como
¯ ∖ {(𝑥, 𝑥) ∈ 𝑋 × 𝑋 : 𝑥 ∈ 𝑋} temos que somente (𝑥, 𝑦) pode estar em 𝑅 e portanto,
𝑅=𝑅
vale a tricotomia em 𝑅.

Questão 4.

Vamos provar que i) ⇔ ii) ⇔ iii) ⇔ iv)


i) ⇔ 𝑎 + 𝑐 < 𝑏 + 𝑐 ou 𝑎 + 𝑐 = 𝑏 + 𝑐 ⇔ 𝑎 + 𝑐 < 𝑏 + 𝑐 ⇔ ii) ⇔ 𝑎 = 𝑎 + 𝑐 − 𝑐 < 𝑏 + 𝑐 − 𝑐 = 𝑏 ⇔
iii) ⇔ 𝑎 < 𝑏 ⇔ 𝑎 < 𝑏 ou 𝑎 = 𝑏 ⇔ iv).

Vamos provar que i’) ⇔ ii’):


Se 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾 com 0 ≤ 𝑎, 𝑏 então 0 ≤ 𝑎𝑏 ⇔ 0 < 𝑎𝑏 ou 0 = 𝑎𝑏 ⇔ 0 < 𝑎𝑏 ⇔ Se 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾 com
0 < 𝑎, 𝑏, então 0 < 𝑎𝑏.

Questão 5.

A volta é trivial já que se 𝑎 = 𝑏 = 0 tem-se 02 + 02 = 0. Agora, suponha 𝑎2 + 𝑏2 = 0 em


um corpo ordenado, que é equivalente a 𝑎2 = −(𝑏2 ). Como se sabe, 𝑎2 ≥ 0 e 𝑏2 ≥ 0, logo
0 ≥ −(𝑏2 ). Assim, 0 ≤ 𝑎2 = −(𝑏2 ) ≤ 0, ou seja, 𝑎2 = 0 e 𝑏2 = 0, mas se 𝑎𝑎 = 0, então
𝑎 = 0, o mesmo para 𝑏. Segue o resultado. Agora, como em Z2 tem-se que 1 + 1 = 0
e 1 ̸= 0, temos que este corpo não é ordenado, já que necessariamente 1 > 0 em corpos
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ordenados.

Questão 6.

Suponha que 𝑎 ∈ 𝐾 é supremo de 𝑋. Então vale:


i) 𝑎 ∈ 𝐾. 𝑥 ≤ 𝑎, para todo 𝑥 ∈ 𝑋;
ii) 𝑎, 𝑎0 ∈ 𝐾. Se 𝑥 ≤ 𝑎0 para todo 𝑥 ∈ 𝑋, então 𝑎 ≤ 𝑎0 ;
ii’) 𝑎, 𝑎0 ∈ 𝐾. Se 𝑎0 < 𝑎, então existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑎0 < 𝑥.
Assim, evidentemente é 𝑎 cota superior pelo item i), temos pelo item ii’) que se 𝑏 < 𝑎,
então existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑏 < 𝑥, novamente pelo item i) temos 𝑥 ≤ 𝑎, assim podemos
concluir que 𝑏 < 𝑥 ≤ 𝑎. Reciprocamente, se 𝑏 < 𝑎 implica a existência de 𝑥 ∈ 𝑋 tal que
𝑏 < 𝑥 ≤ 𝑎, para todo 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾, por maior razão tem-se 𝑏 < 𝑥 e isto garante o item ii’), o
item i) sai direto já que 𝑎 é cota superior de 𝑋 em 𝐾.

Suponha que 𝑎 ∈ 𝐾 é ínfimo de 𝑋. Então vale:


i) 𝑎 ∈ 𝐾. 𝑎 ≤ 𝑥, para todo 𝑥 ∈ 𝑋;
ii) 𝑎, 𝑎0 ∈ 𝐾. Se 𝑎0 ≤ 𝑥 para todo 𝑥 ∈ 𝑋, então 𝑎0 ≤ 𝑎;
ii’) 𝑎, 𝑎0 ∈ 𝐾. Se 𝑎 < 𝑎0 , então existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑥 < 𝑎0 .
Assim, evidentemente é 𝑎 cota inferior pelo item i), temos pelo item ii’) que se 𝑎 < 𝑏,
então existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑥 < 𝑏, novamente pelo item i) temos 𝑎 ≤ 𝑥, assim podemos
concluir que 𝑎 ≤ 𝑥 < 𝑏. Reciprocamente, se 𝑎 < 𝑏 implica a existência de 𝑥 ∈ 𝑋 tal que
𝑎 ≤ 𝑥 < 𝑏 para todo 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐾, por maior razão tem-se 𝑥 < 𝑏 e isto garante o item ii’), o
item i) sai direto já que 𝑎 é cota inferior de 𝑋 em 𝐾.

Eu imagino que 0 seja o ínfimo de 𝑋 = { 𝑛1 : 𝑛 ∈ N} ⊂ Q pois evidentemente é cota


inferior, já que os elementos de 𝑋 são positivos. Agora, basta garantir que se 𝑏 > 0
tem-se algum 𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑏 > 𝑥. Ora, se 𝑏 > 0, então existe 𝑛0 ∈ N tal que 𝑏𝑛0 > 1,
isto porque estou usando a propriedade arquimediana de que dado 𝑏 ∈ Q+ pode-se obter
1
𝑛0 ∈ N tal que 1 < 𝑛0 𝑏, com 1 ∈ Q, ou seja, 𝑏 > 𝑛0
= 𝑥. Logo, deve-se ter inf 𝑋 = 0.
Realmente era o que eu imaginava.

Questão 7.

a) |𝑥| < 𝑎 ⇔ 𝑥 < 𝑎 e −𝑥 < 𝑎 ⇔ 𝑥 < 𝑎 e −𝑎 < 𝑥 ⇔ −𝑎 < 𝑥 < 𝑎.


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b) |𝑦| ≥ 𝑦, |𝑦| ≥ −𝑦 e |𝑥| ≥ 𝑥, |𝑥| ≥ −𝑥. Assim, |𝑦| + |𝑥| ≥ 𝑦 + 𝑥 e |𝑦| + |𝑥| ≥ −𝑦 − 𝑥 =
−(𝑦 + 𝑥) ⇔ |𝑦| + |𝑥| ≥ 𝑦 + 𝑥 e 𝑦 + 𝑥 ≥ −(|𝑦| + |𝑥|) ⇔ |𝑦| + |𝑥| ≥ 𝑦 + 𝑥 ≥ −(|𝑦| + |𝑥|) ⇔
|𝑦| + |𝑥| ≥ |𝑦 + 𝑥| por a).

Questão 8.

Se (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑂𝑃 temos que 𝑦 − 𝑥 ∈ 𝑃 , pelo item iii) 𝑦 − 𝑥 ̸= 0 e −(𝑦 − 𝑥) ∈


/ 𝑃 , ou seja,
(𝑦, 𝑥) ∈
/ 𝑂𝑃 já que 𝑥 − 𝑦 = −(𝑦 − 𝑥) ∈
/ 𝑃 . Agora, suponha que (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑂𝑃 e (𝑦, 𝑧) ∈ 𝑂𝑃 ,
então 𝑦 − 𝑥 ∈ 𝑃 e 𝑦 − 𝑧 ∈ 𝑃 , pelo item i) temos que (𝑦 − 𝑥) + (𝑥 − 𝑧) = 𝑦 − 𝑧 ∈ 𝑃 , isto é,
(𝑦, 𝑧) ∈ 𝑂𝑃 . Como i) e ii) garantem que a soma e o produto é fechado em 𝑃 e que 𝑂𝑃 é
uma relação estrita e, por conseguinte, 𝑦 − 𝑥 é positivo para todo (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑂𝑃 , concluí-se
que esta relação de ordem em um corpo ordenado é caracterizada pelos elementos positivos
de 𝐾.

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