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Afinal, o que são Fanzines?

Publicado em 1 de dezembro de 2013 por Isis


“Do it Yourself” é um termo de origem inglesa que
no Brasil ficou conhecido como “faça você mesmo”.

Fanzine é isso: uma publicação impressa


independente. Quem produz pode expressar suas
ideias e pensamentos sem restrições, podendo ser
políticas, sociais, literárias, histórias em quadrinho,
poesias, e não está vinculada (geralmente) a regras ou Os Fanzines viraram a imprensa alternativa, a solução
normas cultas, muito menos a grandes editoras ou para uma minoria se manifestar e espalhar por aí uma
gráficas, podendo ser feito por qualquer pessoa, com ideia, um conceito, um estilo de vida que estava longe
produção e distribuição de baixo custo. da mídia mainstream.

O Fanzine nasceu nos Estados Unidos nos anos 30,


quando os poetas usavam o material para divulgar suas
No Brasil, o primeiro Fanzine de que se tem registro é
poesias. No entanto, há vertentes que afirmam que o
o Ficção, criado por Edson Rontani, em Piracicaba
fanzine no formato como conhecemos hoje surgiu no
(SP), em 1965. Nesta época usava-se o termo “boletim”
final da década 70 junto com o movimento punk na
para designar as publicações amadoras, e o termo
Inglaterra.
Fanzine só começou a ser usado a partir de meados da
década de 70.

O primeiro exemplar de um Fanzine que se tem notícia


pode ter sido escrito ao som de Sex Pistols. Essa
publicação chamava-se Sniffin’ Glue, editada em 1976
na cena do punk rock britânico. Nos anos 70 e 80 o
Fanzine era instrumento do movimento contracultura
e dos punks como forma de divulgar suas ideias sem
nenhuma censura. Sem depender de gráficas ou editoras, essas
publicações independentes ganharam espaço e se
mantém até hoje como uma forma de mostrar
trabalhos, textos, reportagens, quadrinhos. Muitos
desenhistas e roteiristas iniciantes utilizam os fanzines
para mostrar o que fazem, seja entre amigos e outros
fanzineiros ou em grandes eventos, onde centenas
dessas revistas são trocadas, vendidas e admiradas.

Cheirando cola
Sniffin' Glue e Other Rock 'N' Roll Habits...,
amplamente conhecido como simplesmente Sniffin'
Glue,foi um zine punk mensal iniciado por Mark Perry
em julho de 1976 e lançado por cerca de um ano. O
nome é derivado de uma canção dos Ramones "Now I
Wanna Sniff Some Glue.". [1] Alguns dos escritores do
zine, como Danny Baker,mais tarde se tornaram
Já pensou em fazer o seu próprio Fanzine? jornalistas bem conhecidos.

Embora as edições iniciais só vendessem 50 cópias, a


circulação logo aumentou para 15.000. O apelo
inovador de Sniffin' Glue foi seu imediatismo:

"Sniffin ' Cola não era tanto mal escrito como mal
escrito, mas ele gramática era inexistente, layout era
casual, manchetes eram geralmente apenas escritas em
Antes de começar a produção é preciso se perguntar: ponta de feltro, palavrões eram frequentemente usados
“do que meu Fanzine vai falar?” Vai ser uma HQ? em vez de um argumento fundamentado. . . todos os
Vão ser apenas textos sem imagens? Vai ser um quais deram Sniffin 'Cola sua urgência e relevância. [2]
informativo? Um Fanzine pode abordar vários temas a
mesmo tempo, mas de uma forma geral ele precisa ter Os primeiros dias do movimento punk falharam em
um foco, uma idéia central. Por exemplo: pode ser uma grande parte em atrair a atenção da televisão ou da
publicação com resenhas dos filmes que mais grande imprensa, e Sniffin' Glue era uma fonte chave
marcaram a sua vida. de fotografias e informações sobre, contribuintes para
a cena. [2]

A NME aclamou Sniffin' Glue como "a mais nojenta,


saudável e engraçada peça de imprensa da história dos
hábitos rock'n'roll" e tornou-se uma crônica dos
primórdios do punk rock britânico, bem como pioneira
na ética punk DIY. Para a edição final, o fotógrafo de
Mark Sniffin' Glue, e o gerente da banda Harry
Murlowski gravaram "Love Lies Limp" lançado como
um disco flexi - o primeiro lançamento da banda de
Mark Perry, Alternative TV. [1]

Temendo a absorção na grande imprensa musical,


Perry deixou de publicar em 1977. Nas últimas edições,
ele encorajou seus leitores a segui-lo com seus próprios
fanzines punk.
Depois, é preciso escolher o formato do seu “zine”. Se
você optar por fazer um zine “formatinho”, pode fazê- Sniffin' Glue é muitas vezes incorretamente creditado
lo apenas dobrando uma folha sulfite. Para um zine como a fonte da ilustração com desenhos de três
maior, agrupe mais folhas, ou arranje uma folha bem formas de acordes de guitarra, legendado: "este é um
grande. acorde, este é outro, este é um terceiro. Agora forma
uma banda",[3] este desenho apareceu originalmente
em janeiro de 1977 em outro fanzine Sideburns e mais
tarde foi reproduzido no fanzine Strangleddos
Stranglers.

Em 2000, Mark Perry publicou Sniffin' Glue: The


Essential Punk Accessory, que é uma compilação de
todas as edições do fanzine com algum material novo
escrito por ele. [3] Sniffin' Glue é referenciado na
canção "Three Sevens Clash" do The Alarm, um tributo
a 1977, e uma continuação de seu tributo punk anterior Post scriptum
"45 RPM".
Recomendo o documentário Fanzineiros do Século
A história do fanzine Várias Variáveis. Passado. Posto abaixo o primeiro capítulo. Todas as
partes estão disponíveis no YouTube.
Várias Variáveis
As publicações impressas, principalmente as
amadoras, vão perdendo espaço para o conteúdo
digital. Mas, sempre existe um grupo saudosista que
trás de volta parte dessas atividades
Entre 2001 e 2002, enquanto dava aulas de desenho
para um grupo de garotos, resolvi criar um fanzine
para ter um espaço de publicação do trabalho desses
meninos. Para conseguir preencher as 20 páginas de
cada edição, resolvi convidar outras pessoas que não
faziam parte do grupo de alunos. Na verdade,
conseguimos a colaboração de desenhistas bem
melhores do que eu, como Jurnier e Leandro, só para
https://youtu.be/-IWPYaQ4FUs
citar os exemplos mais gritantes.

Fanzine é o nome dado a qualquer publicação


amadora. O nome vem da contração de fanatic
magazine. É, de modo geral, uma publicação feita por
fãs. Tanto faz se são fãs de quadrinhos, de uma banda,
de um gênero. A tiragem costuma ser muito pequena,
usando recursos de impressão extremamente baratos.
Já vi um fanzine impresso em mimeógrafo.

Como não haveria linha editoria definida –


publicaríamos qualquer coisa que aparecesse –
resolvemos batizar nossa revista de Várias Variáveis,
um nome chupado de um álbum dos Engenheiros do
Hawaii. O resultado foi bem interessante. Como não
tínhamos computadores para trabalhar a diagramação,
a metodologia aplicada foi extremamente artesanal.
Recortávamos, colávamos e fotocopiávamos. O
produto final era graficamente tosco, mas
emocionalmente reconfortante.

Era muito importante poder ver nossos nomes


impressos, nossos trabalhos sendo passados de mão
em mão naquela coletânea disforme que chamávamos
de nosso zine.

As edições eram compostas de histórias em quadrinhos


variadas, charges, ilustrações e um ou outro texto.
Usávamos o formato A5. Na verdade, dobrávamos uma
folha de A4 ao meio – com impressão frente e verso – e
grampeávamos. Era no mesmo tamanho das histórias
em quadrinhos em formatinho, publicadas pela
Editora Abril até a década de 1990.

A capa era, invariavelmente, composta por uma


ilustração sem qualquer relação com o conteúdo em si.

Era preciso ficar no pé da molecada para que todos


entregassem seus trabalhos no prazo, só assim a gente
conseguia fechar cada uma das edições. Repassávamos
as cópias, para quem se interessasse, cobrando apenas
o valor das fotocópias.

Com o avanço da internet, que até aquele momento era


uma novidade na nossa região, a ideia de uma
publicação amadora perdeu o sentido. No entanto, não
são poucos os que sentem falta daquele período. Eu,
certamente sou um deles.

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