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RESUMO
Este artigo descreve um estudo que objetivou investigar o potencial de Incubadoras de
Micro e Pequenas Empresas em contribuir com a sensibilização dessas organizações para as
preocupações com Desenvolvimento Sustentável.
Para tanto, o estudo empreendeu uma pesquisa do tipo estudo de caso exploratório, em
uma das mais importantes incubadoras do Brasil, o Centro de Incubação de Empresas de
Tecnologia (CIETEC). A obtenção de dados concentrou-se na técnica da entrevista e na
pesquisa bibliográfica. Por sua vez, a análise destes dados baseou-se na técnica de conteúdo.
Os resultados mostraram que, embora existam preocupações na incubadora quanto à
seleção de projetos sócio-ambientalmente adequados, o potencial existente na instituição para
fomentar e induzir as empresas incubadas à abordagem do Desenvolvimento Sustentável é
pouco explorado.
ABSTRACT
This article describes a study that looked for investigate the potential of Small Firm
Incubators in contributing with Sustainable Development.
For in such a way, the study undertook an exploratory case’s study research in one of
the most important organizations responsible to development small companies in Brazil, the
Centro de Incubação de Empresas de Tecnologia (CIETEC). The data’s attainment was
concentrated in the interview technique and bibliographical research.
The results showed the CIETEC doesn’t explore its potential to induce and foment
Sustainable Development in the process of incubating small companies.
1 INTRODUÇÃO
O grande desafio da humanidade hoje é manter o desenvolvimento em harmonia com o
meio ambiente e, ao mesmo tempo, assegurar a qualidade de vida da sociedade.
Como resposta a tal desafio, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) aparece
como uma opção importante. Apesar da sua relevância, frequentemente, os princípios do DS
são interpretados como conflitantes aos modelos econômicos de desenvolvimento atuais.
Embora o DS seja hoje um tema central, tanto de políticas de governos e programas
regionais, como no discurso de grandes empresas, observa-se certo descaso na
implementação dos seus princípios nas práticas de gestão das Micro e Pequenas Empresas
(MPEs).
Supõe-se que, por enfrentarem difíceis obstáculos para sobreviver, as MPEs
concentram-se em lidar com desafios mais básicos, como: comportamento empreendedor
pouco desenvolvido; falta de planejamento prévio; gestão deficiente do
negócio; insuficiência de políticas de apoio; conjuntura econômica, entre outros.
Conseqüentemente, as questões sócio-ambientais não recebem a priorização devida, ou
sequer são conhecidas por estas organizações. Não obstante, é consenso mundial que a
questão do desenvolvimento sustentável passa pela mudança de comportamento tanto
organizacional, quanto individual. Sendo assim, as MPEs não podem se colocar à margem de
tais responsabilidade, uma vez que suas atividades redundam em mudanças sócio-ambientais.
Para se contrapor a esse estado de coisas, as incubadoras de negócios de micro e
pequenas empresas, particularmente as que incorporam empreendimentos de inovação e de
base tecnológica, podem se tornar um poderoso catalisador do Desenvolvimento Sustentável,
não apenas por auxiliarem as MPEs a se tornarem organizações auto-sustentáveis do ponto
de vista econômico, mas também pela sua capacidade de induzir tais negócios a se
conformarem sócio-ambientalmente.
Explorar tal possibilidade é o foco deste trabalho. O presente estudo objetivou
investigar como uma grande Incubadora de micro e pequenas empresas de inovação e base
tecnológica, da cidade de São Paulo, conduz tais questões em seus processos de incubação:
na seleção de empresas a serem incubadas; na capacitação dos gestores; e nos critérios de
avaliação de desempenho dessas empresas, relacionando-os com aspectos do DS. A
metodologia de pesquisa contemplou uma abordagem do tipo “estudo de caso” de natureza
exploratória, no Centro de Incubação de Empresas de Tecnologia (CIETEC), em São Paulo.
Para descrever o estudo realizado, este artigo inicialmente aborda o conceito de
desenvolvimento sustentável, como um conjunto de princípios que baliza as relações de
produção e crescimento para responder ao desafio da sustentabilidade. Em seguida, discute o
conceito de MPE’s e o seu papel na sociedade e no DS. Posteriormente, apresenta o conceito
de incubadora de negócios, o seu papel na sociedade e a força indutiva que pode exercer
sobre as estruturas organizacionais das micro e pequenas empresas, colocando-se como uma
opção poderosa para promover o DS. Em seguida, é explicitada a metodologia de pesquisa, a
natureza do estudo e as técnicas utilizadas para coletar e tratar os dados. A seguir, o texto
analisa e discute os dados coletados. Por fim, são apresentadas as conclusões e sugestões para
potencializar as ações das incubadoras na direção do DS.
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O atual ambiente trouxe à tona novas responsabilidades para as organizações. Além das
econômicas e estruturais, começam a fazer parte das responsabilidades das empresas as
questões relacionadas com o meio ambiente natural e social.
Destas novas responsabilidades, surge o conceito de desenvolvimento sustentável,
sugerindo que a evolução do padrão de vida da sociedade envolve outros aspectos além do
crescimento econômico e da renda, quais sejam: preservação do meio ambiente, qualidade de
vida, saúde da população e melhores padrões educacionais, (Pearce, 1994: 04).
Na visão da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD,
1988), a atual crise planetária e a crescente conscientização de que não é possível haver
crescimento econômico e populacional infinito em um planeta de recursos naturais finitos,
mostra a necessidade da construção de um novo modelo de desenvolvimento. Sob tal
premissa, a CMMAD (1988) considera o Desenvolvimento Sustentável como uma evolução
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações
futuras atenderem a suas próprias necessidades.
Para os fins deste trabalho, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) está
assentado em três pilares básicos: o crescimento econômico, a equidade social e o equilíbrio
ecológico, designado por Elkington (1999: 75) pelo termo triple bottom line, que enfatiza
duas questões centrais para a atuação orientada para a sustentabilidade: 1) a integração dos
três pilares do DS; e 2) a integração dos mesmos com objetivos de curto e longo prazo. Disto
depreende-se que o grande desafio que se coloca é a criação de uma nova forma de
desenvolvimento, onde a preservação do meio ambiente, a geração de negócios e a promoção
do emprego se fertilizem reciprocamente, em um ciclo virtuoso, (Delazaro e Barbieri, 1994).
Louette (2008:77) argumenta que, apesar da proliferação de inúmeras iniciativas que
emanam de organismos e organizações de naturezas muito diversas, as ferramentas de gestão
de responsabilidade sócio-ambiental que contribuem e visam atender aos pilares clássicos do
DS – triple bottom line – devem ser construídas de modo a estimular o engajamento de todos
os stakeholders da organização: acionistas, público interno (assalariados e terceiros), clientes,
fornecedores, parceiros, comunidade, meio ambiente, entre outros.
A principal distinção entre essas ferramentas de gestão diz respeito ao grau de adesão e
de comprometimento das organizações em relação à sustentabilidade (Louette, 2008:78),
algo que no caso de MPEs, alvo deste texto, parece não ser fácil de promover, sem algum
tipo de coordenação e/ou pressão externa. Parece razoável supor que as incubadoras de MPEs
podem contribuir de forma relevante para esta missão.
A incorporação dos princípios do DS pelas estratégias das empresas é traduzida por
diferentes termos relacionados, são eles: Gestão Sócio-ambiental, Responsabilidade Social
Corporativa, Gestão Cidadã, Gestão Sustentável, entre outras. Porter e Linde (1995: 125)
sugerem quatro linhas de estratégias possíveis para atuar sobre o DS pelas empresas, duas
com o foco em processos e duas com foco em produtos e serviços, são elas:
a) Produtividade dos Recursos – Porter e Linde (1995) chamaram a atenção para o uso
ineficiente dos recursos, dizendo que as empresas deveriam identificar as oportunidades
ocultas para lucrar com os investimentos ambientais. b) Além da Conformidade Legal – Esta
linha estratégica considera que a adoção pelas empresas de iniciativas ambientais, como: os
princípios CERES 1 (Coalition for Environmentally Responsible Economics), a Atuação
Responsável, implantação da ISO 14000 e outras, devem ir além das exigências de
conformidade legal. c) Produtos Ecologicamente Orientados – O desenvolvimento de
1 CERES é uma organização não governamental, com sede em Boston, Estados Unidos, que engloba
organizações ambientais, investidores institucionais, organizações sindicais e religiosas. Os Princípios CERES
compõem de dez pontos que norteiam um código de conduta empresarial ambientalmente responsável. Ver:
www.ceres.org .
RGSA – www.rgsa.com.br V.2, Nº. 2 – maio /ago. 2008
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Figura 1: Participação das MPEs na economia nacional (Fonte: SEBRAE-SP e SEBRAE- NA, 2007).
As MPEs no Brasil são responsáveis por oferecer ocupação a uma enorme massa de
trabalhadores que não conseguem mais ocupar os reduzidos postos oferecidos pelas médias e
grandes empresas que, na busca de maior eficiência, têm oferecido menos vagas de trabalho.
Tais organizações nascem, em grande parte, do empreendedorismo por necessidade, o que
pouco contribui para diminuir o descompasso entre número de pessoas ocupadas e o
percentual do PIB correspondente às micro e pequenas empresas.
Para solucionar o dilema há necessidade de transformar o perfil de negócios das MPEs,
buscando incentivar o empreendedorismo por oportunidade, com mecanismos que auxiliem
os empresários de MPEs a identificar oportunidades e nichos de mercado nos quais eles
possam ter maiores probabilidades de sucesso, assim como mecanismos de capacitação para
que eles possam atuar em setores que demandem bens e serviços de maior valor agregado.
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é, geralmente, de dois anos, podendo ser prorrogado por mais um ano. A incubação de
empresas não-residentes – ou incubação externa – é realizada fora das instalações físicas da
incubadora, contudo, ainda há a utilização de serviços da incubadora, principalmente o apoio
técnico-administrativo. Em geral, a incubação externa segue os mesmos princípios da
incubação interna, com a diferença de que não há cobrança por permanência física na
incubadora (Abreu et alli, 2006). Outra característica desta fase é a atenção especial que a
incubadora dá à orientação, ao acompanhamento e à avaliação das empresas incubadas. O
“monitoramento” contínuo dessas empresas é um processo crítico na adição de valor e,
conseqüentemente, crítico também para o sucesso da incubadora e da empresa incubada.
A última fase do processo, a qual não tem prazo para encerramento, é a pós-incubação.
Aqui a empresa recebe a denominação de empresa graduada ou empresa liberada. Representa
o alcance da maturidade, mas permanecem à disposição das empresas os serviços prestados
pela incubadora. Esta modalidade tem a finalidade de amenizar o impacto da desvinculação
da incubadora, pois a empresa pode manter o vínculo com a incubadora no papel de empresa
associada (Abreu et alli, 2006).
Se, conforme visto acima, uma incubadora pode ser uma entidade catalisadora de
empreendimentos bem-sucedidos, tornando-se um elemento-chave para o desenvolvimento
regional (Vedovello, 2000), não se pode excluir a potencialidade destas instituições em
contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável, pelo estímulo e atração de
negócios sócio-ambientalmente adequados.
O presente estudo analisa a hipótese de que é possível uma incubadora de negócios ir
além de um importante fomentador do desenvolvimento econômico, transformando-se
também em um agente sócio-ambientalmente responsável, catalisador do DS. Essa hipótese
se fundamenta fortemente no fato de que, enquanto incubadoras, esses centros desenvolvem
práticas organizacionais incentivadoras de processos de aprendizagem e da criação de
conhecimento. Abreu et alli (2006) corroboram com a argumentação quando afirmam que:
“... no processo de incubação, as etapas voltadas ao planejamento do negócio são as
mais favoráveis para a aprendizagem e aquisição de conhecimentos” (Abreu, Souza e
Gonçalo, 2006).
Ademais, suspeita-se que as incubadoras possam funcionar como um mecanismo de
indução ao DS, tanto na fase de pré-incubação, quanto na fase de incubação das MPE’s. A
indução é um mecanismo isomórfico que ocorre quando os agentes econômicos do setor não
têm poder para impor ou pressionar outras organizações a adotarem seus modelos e normas,
e, por isso, utilizam os estímulos financeiros indiretos para convencer as organizações a se
moldarem segundo os interesses destes agentes, (Dimaggio e Powell, 2005).
3 METODOLOGIA
O presente estudo teve um caráter exploratório, baseado em “pesquisa de campo”. O
objeto do estudo foi a organização Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (CIETEC),
(Marconi e Lakatos, 2003). Quanto à natureza da pesquisa, o estudo contempla uma
abordagem do tipo “estudo de caso” de natureza qualitativa (Godoy, 1995). Quanto às
técnicas de coleta de dados, buscou-se coletar tanto dados primários, por meio de
questionário e entrevista semi-estruturada, quanto secundários, por meio de pesquisa
documental no website da organização e de relatórios fornecidos.
A entrevista e a aplicação do questionário foram conduzidas pelos pesquisadores junto
a um dos membros da diretoria da organização, responsável tanto pela coordenação do
processo de seleção das empresas candidatas à incubação, como também pelo processo de
capacitação das empresas incubadas. O entrevistado foi escolhido em função de dois critérios:
disponibilidade e grau de conhecimento do processo em estudo. Por ser uma entrevista semi-
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estruturada, o entrevistado foi estimulado a discorrer sobre a importância dada pela direção
do CIETEC a diversos tópicos ligados à sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Dentro deste contexto, os pesquisadores buscaram relacionar os aspectos sócio-
ambientais a três processos chave da incubadora: a) o processo de seleção das empresas e dos
projetos por parte da incubadora; b) o processo de capacitação das empresas selecionadas; e c)
o processo de avaliação de desempenho da empresas incubadas e do próprio CIETEC.
Houve um cuidado especial para se diminuir a possibilidade de comportamentos
tendenciosos na pesquisa, tanto por parte dos entrevistadores quanto do entrevistado,
evitando-se de revelar, de início, a motivação principal da entrevista, revelando-se apenas
que as informações seriam destinadas à composição de um artigo acadêmico na área de
administração de empresas. Só no fim é que o entrevistado foi informado sobre o escopo da
entrevista e fez suas considerações finais sobre o tema. Os tópicos citados pelo entrevistado
que não estavam presentes na lista inicial do roteiro da entrevista foram adicionados à lista
final, fazendo com que esta refletisse com fidelidade a totalidade dos assuntos abordados na
entrevista.
A entrevista foi dividida em duas fases. Na primeira fase, foram feitas perguntas abertas
ao entrevistado, sem a explicitação do foco da pesquisa. Na fase seguinte, o entrevistado
tomou contato com o questionário objetivo, validando as observações realizadas pelo
entrevistador durante a primeira fase e julgando o nível de importância dos tópicos que não
foram citados espontaneamente. A aplicação do questionário, como procedimento de
validação, permitiu aprofundar aspectos relevantes para compreensão do fenômeno estudado,
bem como capturar outros não exarados na entrevista.
Quanto ao processamento dos dados, os mesmos foram tratados com base nas técnicas
de análise documental e análise de conteúdo, com uma orientação descritiva. Cumpre
acrescentar que os dados obtidos foram cruzados entre si para que não se colocasse em risco
a consistência das informações, evitando-se, com tal procedimento, qualquer tipo de viés nas
análises e nas conclusões dos resultados.
Cumpre salientar que, além do caráter descritivo da pesquisa, o presente estudo também
se preocupou em oferecer contribuições práticas à organização, tendo em vista a temática
abordada.
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Com as respostas a estes questionamentos, é possível identificar os projetos mais consistentes, e ter uma
idéia geral da proposta. O próximo passo é a confecção de um Plano de Negócios. Deve ficar claro que a
incubadora não faz este documento, apenas presta um assessoramento sobre o processo.
O Plano de Negócios é composto por cinco grandes itens: 1º) O empreendimento: o que é, onde surgiu a
idéia, qual o cenário considerado, exige-se também nesta fase: uma análise estratégica, uma análise SWOT e a
identificação dos fatores críticos de sucesso. 2º) Produtos e serviços: descrição dos produtos e serviços, normas
e regulamentações previstas para produto, descrição do processo, estimação da necessidade de recursos, padrões
de qualidade, etc; 3º) Mercado: cliente potencial, público-alvo, concorrência, segmentação, etc. 4º) Estratégia de
Marketing: plano de marketing, não apenas as estratégias de promoção, mas políticas de preço, distribuição, etc.
5º) Aspectos financeiros: investimentos, despesas operacionais, receitas previstas, fluxo de caixa estimado, taxa
interna de retorno e valor presente.”
Concluído o Plano de Negócios, o documento é analisado por um ou dois especialistas no assunto, não
vinculados ao CIETEC, que podem ser: da FEA/USP, Escola Politécnica/ USP, IPT, etc.
“Após a análise do especialista, o Plano é submetido ao conselho do CIETEC, integrado por
representantes da USP, IPT, IPEN, SEBRAE, SCT e MCT, que decidirá quais empresas irão entrar no processo
de incubação. (...), o prazo para esta avaliação é de quatro meses. Este processo, particularmente, envolve muita
aprendizagem para o interessado, pois durante este período, o empreendedor tem a oportunidade para refletir
sobre seu negócio. 50% dos interessados interrompem o processo, seja para buscar mais informações, ou porque
chegam à conclusão de que não é um bom negócio. Acredito que este processo seja um dos principais
responsáveis pelo sucesso do CIETEC.”
O depoimento de entrevistado remete-se a um processo de aprendizado, com duração
de quatro meses, que pode ser esquematizado conforme a Figura 2.
Objetivando aprofundar a questão da aprendizagem proporcionada aos empreendedores
o processo de análise do Plano de Negócios, indagou-se sobre o potencial do CIETEC de
induzir mudanças de comportamento nos micro e pequenos empresários? O entrevistado
respondeu da seguinte forma:
“O potencial é muito grande! No início do Centro, entrou um projeto da área de tecnologia da
informação. Para avaliá-lo, buscamos um especialista, professor doutor nesta área. No entanto, o especialista era
leigo na questão de negócios e empresas, o que nos levou a treiná-lo. Com o treinamento, a atuação deste
especialista em sala de aula mudou, passando a ser um multiplicador dos conhecimentos adquiridos no Centro
para seus alunos. A partir daí, percebemos uma mudança de comportamento dos avaliadores convidados, na
maioria professores.
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5. DISCUSSÃO
Inicialmente, convém destacar que a atuação do CIETEC, enquanto uma organização
de apoio e fomento das PMEs de inovação tecnológica incorpora um papel intrinsecamente
social. Em primeira análise, tal propósito já pode proporcionar muitos benefícios à sociedade,
na medida em que catalisa negócios sustentados com produtos inovadores, de alto valor
agregado, gerando emprego e renda. Entretanto, em uma análise focada no Desenvolvimento
Sustentável, nota-se que não é o suficiente, pois, percebe-se a ausência do estímulo à reflexão
sobre a importância das dimensões social e ambiental no dia-a-dia das PMEs. Isto, mais que
um problema, mostra-se ser uma grande oportunidade para que, de imediato, a Instituição
possa se tornar o elemento de coordenação e de pressão para promover o DS, de acordo com
o proposto por Louette (2008).
Analisando o edital de ingresso da incubadora (versão de abril 2006), observa-se que os
critérios de seleção são os seguintes: viabilidade técnica e econômica do empreendimento;
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo realizado permitiu avaliar o potencial de uma incubadora de micro e pequenas
empresas, colocando-se como um elemento de pressão externa, conforme argumenta
Hoffman (2000), para fomentar o Desenvolvimento Sustentável em organizações desta
natureza. Os resultados mostraram que a possibilidade é muito grande, desde que haja a
adequada estruturação para tal objetivo.
Mesmo sem uma estrutura formal e direcionada para o Desenvolvimento Sustentável, o
papel de uma incubadora como o CIETEC é dos mais relevantes para as evoluções neste
campo. Como foi discutido no texto, para as MPEs, as preocupações ligadas à viabilização e
sobrevivência do negócio mostram-se mais urgentes e prioritárias do que as relacionadas com
a sustentabilidade, as normas de avaliação e de seleção de candidatos à incubação, aplicadas
pelo CIETEC, garantem que temas ligados ao Desenvolvimento Sustentável sejam incluídos
na agenda das considerações dos futuros empresários, candidatos à incubação.
Entretanto, a incubadora, embora se mostre sensível a esta temática e da sua relevância,
não traduz suas preocupações em projetos consistentes atualmente. Como visão de futuro, a
Instituição deposita suas esperanças em uma pesquisa acadêmica que deve auxiliar o Centro
a desenvolver políticas orientadas para o DS, o que nos leva a classificar o CIETEC em um
nível alto na classificação de Kinlaw (1998), quanto à reação às pressões ambientais, mas
ainda distante do patamar ideal, esperado para uma estrutura pública de fomento como é o
CIETEC.
A nosso ver, o estudo realizado recobre-se de relevância ao explorar o quanto e como
uma das principais incubadoras de Micro e Pequenas Empresas traduz em suas atribuições e
em seu contexto as preocupações, cada vez mais intensas da sociedade brasileira, com
relação ao desenvolvimento com sustentabilidade.
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Figura 04: Proposta de Processo de Incubação para o Desenvolvimento Sustentável; dos autores.
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REFERÊNCIAS
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