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Fanos Trffao, Hatymood Holywood 1936 Blas Conn ‘Almagem Tempe Coens Giles Beewre ALinguagen Cinentoyifin Marl Maran (9 Veo dor Ans: Bresae, any Ered eens ‘anemalorcs Jean Clade Berard Colegio Pimeias Passos orca O gue Cinema Jean Clade Bernard 0 gue Rouge {Gadis Aap Kura Oe t Tero Fetando Fes Colegio Encanto Radia! ites Orneimento de am cinema Sealer Hick Omens do medo Inds Aru ANDRE BAZIN O CINEMA ENSAIOS Traut: Eloisa de Araijo Riboiro Introdut: Iemail Xavier editora brasiliense Copsright © by Ls Eons Cr, 2985. ‘halo orginal: ute gus ica Copyright © da radu baer tor Brains S.A, "Nenana pai dete pba pode er grea rasan es tral reproduida por eos mecios ou ours guar ‘sem atonaao preted ator (SBN. as-an22009x Prince, 181 Indica edition Cia Beraret Preparao de orgonat Ila lrdonBarboxa Rev: Vina Arata fri Bron Cape: Elcabeh ae Ferra (Os capitals 1 XK foram tadides por Hugo Serio Fence para publica na colin “A Expennca do Cina (Gra Embafine 1983) Aaraecemos a ton Pat Tra cesio ‘dos or de rac A taduore agradece tui da Cinematece do Museu de Arte ‘Mosema do Rio de anit, ue colaborou gentinente na ‘espe de alos Eros dor Ran da Comoe, 2597 ‘ats Sie Paco 3 Fone (O11) 8813056" Fes 881-9980 "ae: 33271 DBLM BR |MPRESSO NO BRASIL SUMARIO. Introdugho, Ismail Xavier ‘Advertncia Pretacio 7 a . Ontolgia da imagem Fotograics 1. © mito do cinema total 7 IIL, O cinema ea exploragae IV, 0 mundo do sitncio V.'M, Hulot 0 tempo + VI. Mantagem proibida VIL. A evolupto da linguagem cinematograica “Vill, Por um cinema impuro — Defesa da adapiaclo, TX. O Journal d'un curd de campagne e a esilisica ‘de Robert Bresson 7 7 X. Teatro e cinema Xi, O caso Pagnol Xi Pintura e enema XIE, Un filme bergsoniana: Le mpstove Picasso XIV. Alemanha ano zero XV. Les dermiores vacances XVL_ © western ou 0 cinema americano por exeiénia XVII, Evolugio do western s.. XVIIL Um western exemplar: Sete homens se destino XIX. Amargem de "0 erotism no cinema” 2XX. 0 realsmo cinematografic e a escola italiana da Tiberapa0 zl XXI, La terra tema n 2 2 o se 2 1s S13 196 m v8 187 191 199 219 23 2s8 -Xxi xin, XXIV. XXY, XXVI XVI anne azn Ladrdes de bicicleta De Sica ditetor Uma grande obra: Umberto D CCabiria, ou a viagem aos confns do neo-eaismo Defesa de Rossen. om Europa $1 Indice de filmes citados mm 29s 08 318 a 4 fungdo do ertico nde € reer numa hander de prt uma verdade ue existe, mas profongar 0 maximo possive, Ine imtelisenciae na sensilidade dow que ‘0 lbem, impacto da obra de arte” valor no que se refere ao estado do cinema contemporineo, hoje ‘no teriam mais que um valor de intresserevvospetivo.Eles fram ‘liminados, pois se a histdria da critica ja no asia de uma miga Ilha, a de um critico parcularndo intressa a ninguém, sequer 2 tle proprio, ano ser como exercicio de humildade. Restavam arti- 0s ou estudos necessariamente datados pela referéncas dos fe tes que serviram de petexto a eles, mas que nos pareeeram, com ‘azo ou sem ela, conservarapesar do recuo um valor inirinsco, Jamais hestamos, naturalmente, em corrgios, quer na forma ‘uno funda, quando nos pareceu itil, Aconteceu também de Tu ‘lirmos véris artigos que tratavam do! mesmo tema & partir de fle imes diferentes, ou, a0 contririo, cortar paginas ou pardaratos {que poderiam se repetir dentro da coletnea; na maioria das vezes, porém, ax corregbes sto menores e se limitam a abrandar as pon {as da aualidade que chamariam a atengio do leitor sem proveito para a economia intelectual do artigo. Pareceu-nos, entretano, (quando nlo necessirio ao menos inevitivel,respeitar essa lima, ‘A medida — por mals modest que seja ~ que um artigo ertco procede de um certo movimento do. pensamento, que tem seu Impuls, sua dimensio e seu ritmo, ele se aparenta também com a ‘ragioliterdria eno poderiamos, sem quebrar 0 conteido com 4 forma, coloc-lo em outro molde. Pelo menos achamos que © Dalango da operacto seria defiitério para 0 letor e pelerimos seixarsubsistir lacuna em relapdo a0 plano ideal da coleinea, 2 tapar os buracos com uma etic digamos... conjuntiva. A mesma ‘reocupasio nos levou, em vez de insri fefexdes auals& forca hos artigos, a fazer nota de pé de pagina. ‘Contudo ¢ apesar de uma escolha, que esperamos ndo ser cxcessvamente indulgent, era ineitivel que o texto nem sempre fore independente da daia de sua concepgto ou que elementos de circunstincias fossem insepariveis de reflexdes mais intempo- ‘als. Em suma, e apesar das corresbes a que foram submetidos, ‘achamos justo indiear todas as vezes areferéncia original dos art- [for que forneceram a substancia das paginas que vido a segu. AB, 1958, 1 Na presente io, spots ora arpa fia de cada antl. NE) 1 ONTOLOGIA DA IMAGEM FOTOGRAFICAt Uma pricandlise das ares plisticas consieraria talver a pré- tica do embalsamamento como im fato Fundamental de sua génese, Ne origem da pintura e da escultura, descobrira 0 “‘complexo" ‘da mimia. A eligi egipcia, toda ea orientada contra a morte, Stbordinava a sobrevivenca §perenidade material do corpo. Com iso, satisfacia uma nevesidade fundamental da psicologia humans: f defesa contra o tempo. A morte nao é seno a vitbia do tempo. Finarafifiielmente as aparEacas carnal dose €salviclo da cor~ fenteza da duragio: apramé-lo para a vida. Era natural que tais “parencaefossem salvas na propria matrilidade do corpo, sem Sas carnes ¢oss08. A primera estitua egipcia € @ mimia de um homer curtidoe ptrifcado em aardo. Mas as pirdmides eo labi- finto de corredores nao eram garantiasufciente contra ua even- {ual violagio do sepulero; havi que se tomar ainda outras precay- (hes conta o acaso, multiplicar as medidas de protecto. Por isso, perio do sirebfago, junto com © tigo destinado a allmentagdo ‘So morto, eram colocadas estatuetas de terracota, especies de tmimine de eposicto capazes de subsitur o corpo caso este Fosse fesirido, Assim se revela, @ partir de suas origens religiosss, funodo primordial da estatudria: salvar o ser pela aparénia.E pro vavelmente pode-se considerar um outro aspecto do-mesmo pro- Jeto, tomado na sta modalidade ava, o urso de argla crivado fe fechas da caverna pré-histérica, substiuto magico, ident ‘sido 4 fera viva como um voto ao éxito da cagaa. “E ponto pacifico que a evolugdo paraela da arte e a civiia- fo desu as arts plasticas de suas Tungdes magias (Luis XIV ‘ose fez embaleamar: contenta-se com 0 seu reirao, pintado por Lebrun) Mas eta evoluedo, tudo © que conseguiu foi subi » ANDRE BAZIN mar, pela vi de um pensamento logic, esa necessdade incocct vo de exorcizato tempo. Nao se aredita mais na identidade onto- Togica de modelo e etraio, porem se admit que este nos ajuda recordar aguel e, portato, a salvo de ums sepunda morte espi- ‘tual. A fabrieagdo da imagem chegou mesmo a se libertar de {ualquerutitarismo antropocentrco. O que conta nlo é mais & Sobrevivencia do homem e sim, em escala mais ample, a criagao ‘de um univers ideal & imagem do real, dotado de destino tempo. ‘al autOaomo, “Que eoisa va a pinura”, se por tris de nossa adiirasio absurda ndo se apresentar a nécesidade primitive de ‘encer tempo pela perenidade da forma! Se a historia das artes plisticas nao ¢ somente ade sua esttica, mas ates m de sua psico- Togia, entdo ela éesencialmente a hiséria da semelhanga, Ouy 32 se que, do realismo. ‘A forografia €o cinema, stuados nesas perspectivassocol6- ics, explicariam cranqullamente a grande crise spiritual ¢tée- nica da pintura moderna, que se origina por volta de meados do séeulo pasado, Em seu artigo de Verve, André Malraux escrovia que “o cinema nto € sendo a instncia mais evoluida do realismo pldstico, que Prineipion com o Renascimento aleangou a sua expresso limite a patra barroca™ 7, E verdade aes pintra universal aleangara diferentes tpas ‘de equilbrio entre simbolismo e o realism das formas, mas no século XV 0 pintor ocdental comegou ase afastar da preoci ago primordial de to 36 exprimir «realidad spiritual por ‘ios autdnomos para combinar a sua expresso com a imilagdo ‘mais ou menos integral do mundo exterior. Oaconteimento dec Ssvo foi sem divida a invensdo do primeiro sistema centifico e, “de certo modo, ja mecnico: a perspectiva (a cimara escura de Ja Vinci prefigurava a de Niepce). Ele permitia ao artista dar a Isto de um espaco de tes dimensdes onde oF objetos podiam se stuar como na nossa percepeao diet. Desde ent, a pintura viu-e esquatejada entre duas aspita- des: ums propriamente esttica — a expressdo das realdades epi- Fituais em que © modelo se acha transcendido pelo simbolismo 5 formas —, ¢ outa, sta nao mais que um desejo puramente ‘Psicoldgico de substtuir 9 mundo exterior elo seu duplo, Esta necessidade de lusto,aleancando rapidamente a sua propria sati- fagdo, devorou pouco a pouco as ares plastica. Porém, tendo . ee aaa 4 perspectva resolvido o problema das formas, mas no © do ‘movimento, era natural que o realism se prolongasse mime busca da expressio dramatiea no instante, espéce de quarta dimensto . psiguica capaz de sugerira vida na imobilidadetorturada d arte bartoca.! NTE claro que os grandes artistas sempee conseguiram a sntese esas duas tendéncias: hieraguizaram-nas, dominando a real: dade e absorvendo-a na arte. Acontece, porém, que nos achamos fem face de dois fendmenos estenciaimente iferentes, 0s quais ‘uma critica objetva precisa saber associat, fim de compreendet a evolucdo pctrica. A necessidade de lusho nao cessou, apartir (Go séeulo XVI, de instizarinteriormente a pintura, Necessidade \de natureza mental, em si mesma ndo esti [cujaatrago abalou profundamenteo equllbrio das artes plastics, "A polemica quanto a0 realismo na are provem dese mal- lentendido, desea comfusdo ene 0 eetetico ¢ 0 psicoldgic, entre ‘© verdadeiro realismo, que implica exprimi a significa @ um 58 tempo concretae etencal do mundo, eo pseudo-tealismo do Lirompe Vail (ou do trompe esprit), que s contenta com a iusto ‘das formas. Eis porque a arte medieval, por exemplo, parece N40 sofrer tal conf: violentamentereaista e altamente esprtual ‘40 mesmo tempo, ela ighorava esse drama que as possiblidades ‘éenicasvieram revelar. A perspectiva foo pecado original da pin- ture ocidentl [Niepce © Lumiére foram os seus redentores. A fotografia, 20 redimir 0 barroco, liberou as artes pléstcas de sua obsessto pela semethanca. Pois a pintra se esforeava, no fundo, em ¥80, por ‘os iui, e esta iusdo bastava a arte, enquanto a forgrafia © 0 Sinema sto descobertas que saisfazem definitivamente, por sua propria esénca, a obsesdo de realismo. Por mais habil que fosse_ ‘ pintor, a sua obra era sempeehipotecada por uma inevitavelsub- jelividade. Diante da imagem uma divida pesistia, por causa da Dresenga do homem, Assim, o fendmeno essencial na passagem 4a pintura barroca fotografia n20 reside no mero aperfeigoa- ‘mento material (a fotografia ainda continuaria por muito tempo inferior & pintura na imitaglo das cores), mas num fato psicol6: ico: a stisfasdo completa do nosso afa de ilusde por uma repro. ‘ducdo mecdnica da qual 6 homem se achava exclido. A solugto ro estava no resultado, mas na génese,* e ANDRE BAZIN Fis por que o confita entre etl semslhanca vem. ser um fendmensrelativamene moderna, aos rams quate nig 380 Esconrivis antes da invencho da plas sensvel. Bem se vé que 1 objet de Chardin nada tem ver com aga do fobeaf. a0 seul XIX aie Iiia ara tale 2 crise do realismo, da ‘ual Peasio hoje 0 mio, abalando a0 mesmo temp Ianto a8 onde de extncia formal das atx plstiasquamo-os seis tundanetioswodolbgisorLiberado do completo de semchana, O pmior modern o rls A mast,” que ena pass 8 dente To, por unadg, com a fotografia, e por ostro com ila pi turd gue ao apa, ‘A oxiginalidade da fotografia om reasto A pintra reside, poi nas objetvidadsesenll. Tanto € que o conjunto de ln {5 que constr 6 olho foogrfico em subsiigto 20 olho hnumano desomina-seprecisamente “objet. Pla primera ver, fnireo objeto iii 8 sun representa nada se interpbe. a ‘io ser um outro objeto. Pela primera ver, uma imagem 40 ‘undo exterior se forma, auomaticamente, sem a intewenclo {ridora do homem,serundo um igoroso dteminismo,/ A peso. naldade do fotgrfo entra em jogo somente pla excolha, pela ‘rentago, pla pedagopa do fenameno; por mais isvel que ei. a obra acibada, fo figura nela como <-da ior. Todss as fesse fda Sobre a presen do nomen! uricamente na fo: safia € que frumos da sua ausncia. Ela age sobre nds como tim fendmeno “natura”, como uina flor ou um etal de neve ‘a Blea nseparave de sua eigem vepeal ov tlrica Ent. gincse automieasubvercu rdiclente a picoogia 4a imagem. A objetvidade da Totograliaconfereihe um poder de credbiidade ausente de qualquer obra pice, Sejm quas forem as objeydes do nos emp erlco, somos obriados & crernaexncia do objeto representado, Werlmente repre tal, quer dia, tornado presente no tempo eno expas. A Tot brafa te beneficia de uma transferéncia de realidad da soe para ‘ua repzodupio O desenho o mais il pode aot forncer mat indie acerca mas ele posi, a despa. do 00 Ber iacional ds Ttoprafia, qu no arrbata ‘redulidade Pr isso mesmo, a pinturajé no passa de uma ténicainfe- tor da semelhanga, um sucedanco dos procedimentos de repro

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