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TRABALHO
TRABALHO DO
DO FUTURO
FUTURO

HABILIDADES
SOCIOEMOCIONAIS
DIVIDEM ESPAÇO
COM TECNOLOGIA
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Talita Nascimento
15 de janeiro de 2020 | 15h00

CARREIRAS VAGAS DE GESTÃO TENDÊNCIAS ENTREVISTA

No estudo do Escritório de Carreiras da USP (Ecar), que mapeou as dez carreiras do futuro, já
não se utiliza a palavra profissão. Isso é reflexo da mobilidade que os profissionais têm hoje
em seus trabalhos. “Carreira é a sequência de experiências pessoais de trabalho ao longo do
tempo. A gente vai transitando. Começa com uma formação inicial e vai fazendo migrações”,
diz Tania Casado, diretora do ECar.

Professora da USP, Tania Casado, coordenou pesquisa que definiu as áreas do futuro. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

O modelo de sucesso desse novo modo de construir uma vida profissional é a chamada
“carreira inteligente”. “Dentro desse conceito, é preciso saber o porquê, os valores que te
movem em uma carreira; descobrir o como chegar onde se almeja, que caminho trilhar; e
quem pode te auxiliar e te guiar nesse caminho. É o que chamamos de ‘knowing why, knowing
how, knowing whom’”, explica a professora.

Que a tecnologia deve permear praticamente todos os segmentos daqui para frente, não há
dúvidas. No entanto, isso não significa que estudar Tecnologia da Informação (TI) seja a única
solução para conseguir emprego. Na pesquisa, a carreira de ‘transformação digital’, por
exemplo, envolve diferentes profissionais. Ela é definida como: “produtos e serviços voltados
a mudanças estruturais nas organizações e na sociedade, por meio da tecnologia”.

O que os jovens imaginam para o trabalho do futuro

O segmento deve englobar áreas como business intelligence, responsável pelo processo de
coleta, organização e análise de informações que dão suporte à gestão de uma empresa; IoT,
área dos profissionais que cuidam da internet das coisas; e big data, setor de análise de dados,
entre outras. “Os novos profissionais têm de aprender sempre. Tecnologias abrem novos
espaços de trabalho e tornam irreais outros postos. Mesmo um profissional de TI já não vai
mais poder se preparar para ser especialista em apenas uma linguagem de dados. Ele terá de
estar atento às novidades”, diz Tania.

Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half. FOTO: ROBERT HALF

Para Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half, empresa especializada em


recrutamento e seleção, o futuro do mercado será marcado por duas características: a
presença da tecnologia – em todas as áreas de atuação – e a necessidade de habilidades
socioemocionais. “Tem uma mão de obra nova chegando ao mercado que tem uma relação
diferente com o trabalho. As empresas vão ter de aprender a lidar com esses novos
profissionais, que valorizam o bem-estar e condições mais humanas de trabalho”, diz.

Dentre as demais áreas estabelecidas pela pesquisa da


USP, uma das que chamam a atenção é a da saúde. Para
Paulo Sardinha, da Associação Brasileira de Recursos
Humanos (ABRH), depois de áreas ligadas a
desenvolvimento de softwares e aplicativos, as
carreiras na área da saúde que mais exigem formação
são as que mais vão precisar de profissionais daqui
para frente.

“Temos um déficit de profissionais na área da saúde. E


vai faltar a mão de obra mais qualificada. Temos, por
exemplo, muitos técnicos em enfermagem, e poucos
enfermeiros”, diz Sardinha.

Paulo Sardinha, presidente da ABRH-


Brasil. FOTO: ABRH-BRASIL

Ele afirma ainda que “a era dos talentos solitários acabou” e que a falta de capacidade de
interação e comunicação que alguns jovens apresentam, em razão das muitas horas atrás de
telas, pode afastá-los de vagas de trabalho.

Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael


Page e Page Personnel - empresas da
PageGroup, companhia voltada para
recrutamento e seleção -, argumenta que a
tecnologia facilitou algumas tarefas e
evidenciou aquelas que só podem ser
executadas por humanos. “Eu realmente
não acredito que agora todo mundo vai ter
de trabalhar com dados”, diz.

Ele chama a atenção para a quantidade de


opções que os trabalhadores têm pela
frente agora. “Com a expectativa de vida
aumentando, a tendência é que os
trabalhadores tenham de três a quatro
carreiras durante a vida. Nesse sentido, é
muito importante seguir estudando e se
atualizando. É comprovado hoje que,
quando um indivíduo se forma na
Ricardo Basaglia, diretor geral da Michael Page e Page
graduação, aquilo que ele aprendeu no 1.º
Personnel. FOTO: GABRIELA GONÇALVES
ano já está 80% desatualizado”, explica.

CARREIRAS

Neste modelo de carreira fluida e constantemente em construção, decidir por onde começar
fica mais complexo. Para Mantovani, da Robert Half, esse novo conceito faz a escolha de
jovens de 17 anos, prestes a se inscreverem nos vestibulares, ainda mais difícil. “Você tem de
saber qual a sua aptidão, quais áreas que te trazem mais felicidade e quais cursos
universitários são mais indicados para te dar a base necessária para chegar até onde você
almeja. É uma escolha muito mais complexa do que de uma profissão apenas”, diz.

Quantas vezes você é capaz de se reinventar ao longo da sua carreira?

Ricardo Basaglia, da PageGroup, diz que é preciso lembrar ainda que as carreiras, daqui para
frente, serão mais curtas, justamente pela alta velocidade com que as necessidades das
pessoas mudam em razão de novas tecnologias.

Nesse contexto, o fato de a escolha da área de atuação no mercado de trabalho se dar muito
cedo pode causar uma série de frustrações. “Eu mesmo sou um exemplo de quem, a princípio,
não soube planejar a carreira. Sou formado em análise de sistemas. Por outro lado, se naquela
época eu dissesse para o meu pai que seria ‘headhunter’ (caçador de talentos), ele não
entenderia nada. Essa profissão nem existia”, diz.

Para Basaglia, o importante para os novos profissionais, é manter a cabeça aberta para
possíveis migrações e oportunidades, além de seguir atualizado para atender às novas
necessidades do mercado.

“Estamos trabalhando para o futuro”, conclui Tania Casado, do ECar. Ela acredita que a
transformação do mercado já começou e deve se estender pela próxima década.

A busca pelo emprego na área


O que fazer para alcançar a posição para a qual se estudou e como saber a hora de migrar

Gustavo Godoy, de 22 anos, formou-se em marketing há cerca de um mês, mas já está fora do
mercado há mais de seis. Ele tem formação técnica na área e estagiou por dois anos durante a
graduação. Após o fim do contrato, já em julho de 2019, ele se dedicou ao último semestre da
faculdade, voltando a buscar emprego em novembro. “Estar em uma rotina mais calma agora
do que no ano passado é muito frustrante”, diz. Sua maior dificuldade até o momento foi
preencher todos os pré-requisitos para as vagas que surgiram. “Eu achei que, por ter
experiência, seria mais fácil. Mas as vagas solicitam habilidades que não fazem parte do curso
de marketing”, conta.

Gustavo Godoy, formado em marketing, está em busca de emprego. FOTO: NILTION FUKUDA/ESTADÃO

A situação de Godoy é comum a muitos jovens brasileiros. Segundo dados do IBGE relativos
ao 3º trimestre de 2019, o desemprego atinge 25,8% das pessoas nessa faixa etária. E a
situação de quem, mesmo sendo graduado, não encontra emprego é comum. De acordo com o
presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Paulo Sardinha, o
momento econômico que o País atravessa, mesmo com a lenta recuperação econômica, ainda
é o grande fator que dificulta a contratação de jovens profissionais. “Se a economia encolhe, as
pessoas ficam superqualificadas para as vagas. Se a economia melhora, faltam profissionais
qualificados. Dependemos de uma melhora na economia para que a situação do emprego
melhore”, diz.

Se por um lado a economia dá sinais de retomada, por outro, a capacitação que os estudantes
adquirem saindo da faculdade pode não ser suficiente. Em um mundo que caminha para
carreiras fluidas, os estudantes têm de buscar, ainda mais, ir além da grade curricular
proposta na faculdade. Para tentar suprir a falta de alguns conhecimentos em sua graduação,
Godoy procurou, por exemplo, cursos de edição de imagens: “O marketing era para ser algo
mais voltado para estratégia, mas as empresas pedem que a gente saiba produzir imagens,
vídeos, o que seria mais um trabalho da publicidade. Acho que a graduação poderia dar pelo
menos uma noção disso”, afirma.

Ele diz que, se não encontrar trabalho na área até o meio do ano, planeja buscar um emprego
fora de sua formação para poder pagar mais cursos de capacitação. Para não ficar totalmente
parado, ele criou uma página no Facebook para fazer transmissões ao vivo de games. “Acho
essa uma área promissora no Marketing. Então eu exercito os meus conhecimentos e me
mantenho na ativa.”

NA ESPERA

Enquanto as vagas não aparecem, o conselho é, de fato, se fazer notar. “Dentro das suas
possibilidades, muitas vezes por meio de cursos gratuitos, o jovem precisa continuar
estudando”, explica Sardinha. Ele diz que isso mantém o candidato sendo visto e aumenta sua
rede de contatos, um artifício importante para quem, depois de algum tempo, quiser buscar,
também, uma transição de carreira para uma área mais promissora.

Joyce Cirino, engenheira de produção e vendedora especializada na área de softwares. FOTO: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

No caso de Joyce Cirino, de 36 anos, engenheira de produção desde 2013, a migração foi a
solução para se manter no mercado. Na época da formatura, ela já trabalhava em uma área
diferente do que esperava no início da graduação. “Por muito tempo, depois de formada, eu
ficava buscando motivos para tirar meu registro profissional, o CREA. Procurando saber de
documentos ou laudos que eu poderia ter de assinar como engenheira na empresa de
tecnologia em que eu trabalhava”, conta. A busca era uma forma de justificar o sonhado
diploma então conquistado. “Para a minha família, o ‘ser engenheira’ era algo importante. Meu
pai foi metalúrgico e acho que tinha essa imagem de mim, com um capacete, andando pelo
chão de fábrica.”

O raciocínio lógico e a facilidade em resolver problemas - características que Joyce atribui ao


curso universitário que escolheu - foram o que a fizeram ingressar em um ramo promissor
como o da tecnologia. A princípio, a conexão do seu emprego com a engenharia era maior.
Ainda durante a faculdade, ela começou a trabalhar como instrutora de um software ligado a
projetos mecânicos. Daí para frente, mesmo tentando migrar para a indústria, suas
experiências profissionais a arrastaram cada vez mais para o mundo da TI: “Nem consigo dizer
se fiz essa escolha ou se fui escolhida. Fui recebendo algumas promoções, migrei de uma
empresa para outra e, seguindo conselhos de colegas, passei a me dedicar na área e tirar
certificações que eram obrigatórias e que depois me abriram mais portas. A gente costuma
resistir àquilo que não conhece, mas hoje tenho a plena certeza de que minhas escolhas foram
corretas. Vejo com muito orgulho as minhas conquistas”, afirma.

Saber a hora de deixar de insistir na área dos sonhos para buscar oportunidades em
segmentos anexos aos da sua formação, porém, é uma ciência longe de ser exata.“É complexo.
Envolve questões psicológicas e até filosóficas do porquê aquela pessoa quer trabalhar em
uma área. Mas o ideal, se ela tem o sonho de atuar em uma profissão, é que ela tente entender
o porquê de não ter sido chamada para as vagas que apareceram. Falta qualificação, por
exemplo? É preciso se atualizar?”, aconselha Ricardo Basaglia, diretor-geral da Michael Page e
Page Personnel. A dica de Basaglia é que o aspirante a vagas em determinado setor converse
com pessoas que estão inseridas nesse mercado para tentar entender o que se procura em
profissionais dessa área e quais as habilidades que ele pode desenvolver para se recolocar. “É
importante ter um roteiro para que as conversas sejam produtivas e não fiquem sem rumo”,
explica.

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EDITOR EXECUTIVO MULTIMÍDIA: Fabio Sales / EDITORA DE INFOGRAFIA MULTIMÍDIA: Regina Elisabeth Silva / EDITOR
ASSISTENTE MULTIMÍDIA: Adriano Araujo / DESIGNER MULTIMÍDIA: Danilo Freire / EDIÇÃO: Cátia Luz

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