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E xtensivo 4

MATEMÁTICA: Funções
Função Crescente / Decrescente / Constante .......................................... 03
Função Par / Ímpar ................................................................................... 04

Í
Função Injetora / Sobrejetora / Bijetora .................................................... 05
Função Inversa ......................................................................................... 07
Função Composta .................................................................................... 10
Módulo ............................................................................................................. 17
Equação Modular ...................................................................................... 18
Função Modular ........................................................................................ 20
Inequação Modular ................................................................................... 22

N
Matrizes ............................................................................................................ 33
Determinantes .................................................................................................. 45
Sistemas Lineares ............................................................................................ 53
Geometria Plana .............................................................................................. 67

LÍNGUA PORTUGUESA: Morfologia – Introdução ao Estudo dos Verbos ............................................... 01


Embreagem dos Tempos Verbais .................................................................... 37

D
LITERATURA: Era Burguesa: A Literatura da segunda metade do século XIX ....................... 01
O Realismo ............................................................................................... 03
O Naturalismo ........................................................................................... 04
Realismo e Naturalismo no Brasil ............................................................. 08
Machado de Assis e o “Realismo Machadiano” ........................................ 16
A Poesia da Segunda Metade do Século XIX
Poesias Realistas Socialista e Metafísica ................................................. 30
Poesia Realista Impressionista ................................................................. 31

I
Parnasianismo .......................................................................................... 31
Simbolismo ............................................................................................... 36

HISTÓRIA GERAL: Revolução Inglesa (1640-1689) ....................................................................... 01


Primeira Revolução Industrial .......................................................................... 08
Iluminismo ........................................................................................................ 14
Colonização e Independência da América Inglesa .......................................... 23

C
Revolução Francesa (1789-1799) .................................................................... 30

HISTÓRIA DO BRASIL: O Período Regencial (1831-1840) ................................................................... 47


O Segundo Reinado (1840-1889) .................................................................... 59

GEOGRAFIA: Biodiversidade e Problemas Ambientais ......................................................... 01


População ........................................................................................................ 43
Migrações ......................................................................................................... 63

E
REDAÇÃO: A Introdução ..................................................................................................... 01
A Argumentação ............................................................................................... 03

INGLÊS: Verbs
Auxiliary x Ordinary / Verbo To Be ............................................................ 01
Be To / Verbo To Have .............................................................................. 02
There To Be / Os Anômalos ..................................................................... 04
Texts ................................................................................................................ 09
Expediente
Editora Eliana Birkenstein Chumer
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6 a edição / 8 a reimpressão
MATEMÁTICA 1

Funções
FUNÇÃO DEFINIDA POR VÁRIAS SENTENÇAS
Uma função f (x) pode ser definida por várias sentenças abertas,
cada uma delas definida em um domínio Di, subconjunto do domínio D (f) da função f (x).

Exercícios resolvidos B. Obtenha o Domínio e a Imagem da função f (x) definida


por:
A. Obtenha o Domínio e a Imagem da função f (x) definida
−x para x ≤ − 2
por: 
 4 para − 2 < x ≤ 1
 f ( x ) = 1 − x para x ≤ 1 
  x 2 para x > 1
f ( x ) = 2 x para x > 1 
e construa seu gráfico.
e construa seu gráfico.
Resolução:
Resolução:
f (x) é definida por três sentenças abertas:
f (x) é definida por duas sentenças abertas:
1a) f (x) = –x
1a) f (x) = 1 – x definida em D1 = {x Î  / x ≤ –2}

definida em D1 = {x Î  / x ≤ 1}; 2a) f (x) = 4


definida em D2 = {x Î  / –2 < x ≤ 1}
2a) f (x) = 2x
3a) f (x) = x2
definida em D2 = {x Î  / x > 1}; definida em D3 = {x Î  / x > 1}

Como se pode observar pelo gráfico de f (x) abaixo: Observe que:


o ponto (–2; 2) é fechado e o ponto (–2; 4) é aberto;
D(f) = 
o ponto (1; 1) é aberto e o ponto (1; 4) é fechado;
y = 1 não pertence ao conjunto imagem.
Im(f) = +
Como se pode observar pelo gráfico de f (x) abaixo:
D(f) = 
Im(f) = {y Î  / y > 1}
f (x) f (x)
6

2 3

–2 –1 0 1 2 3 x –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 x

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. Matext17 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 MATEMÁTICA
Exercícios 05. Seja f (x) uma função definida por
 6
−x para x ≤ 2  se x ∈ ] −∞; −1 [
01. Dada a função f (x) =   x
 2 para x > 2 
f (x) = 3 + 2x − x 2 se x ∈ [ − 3; 3 [

a) faça sua representação gráfica; x − 9 se x ∈ [ 3; + ∞ [
b) determine seu domínio e sua imagem. 
Se a = f (6) – f (–6); b = f (3) – f (–3) e c = f (1) – f (–1), então:
a) a = b = c
b) a < b < c
c) a < c < b
d) b < c < a
e) b < a < c
 x 2 para x irracional
02. Dada a função f (x) =   1
 2x para x racional  para x ≤ − 2
  2
06. Sabendo que f (x)  x − 1 para −2<x<2
a) determine f (2 √2) – 2 . f (–2);  6 para x ≥ 2

 x
b) determine f (√2 – 1) . f (√2 + 1).
é definida em [–6; 6]:
a) faça o gráfico de f (x).
b) encontre o domínio e a imagem de f (x).

07. Sendo

Exercícios de Casa  f ( x ) = 3 para x ≤ −1 ou x = 2

 f (x) = 4 − x 2
 para − 1 < x < 2
Nível II (médio)  f ( x ) = 2x − 4 para x > 2

 2 se x é racional uma função definida no intervalo I{x Î  / – 4 < x < 4}:
03. Dada a função f (x) = 
 0 se x é irracional a) faça o gráfico de f (x);
b) determine o domínio e a imagem de f (x).
calcule o valor de f [√3 . f (√3)].
08. A função f é tal que f (x) = √g(x).
Se o gráfico da função g y
é a parábola ao lado,
04. O gráfico abaixo representa a função real y = f (x).
o domínio de f é o conjunto: 3
O valor de f (2) + f [f (–2)] é: y
5 2
a) {x Î  / x ≥ 0}
a) –2 b) {x Î  / x ≤ –2 ou x ≥ 2} 1
3
b) 6 c) {x Î  / 0 ≤ x ≤ 2}
–3 –2 –1 1 2 x
c) 0 d) {x Î  / –2 ≤ x ≤ 2}
–1
d) –6
–2
e) 2 0 2 x
09. Considere as funções reais
g(x) = x4 – 40x2 + 144 e f (x) = x(x – 4) (x + 4).
–3
a) Para quais valores de x temos f (x) < 0?
–5
b) Para quais valores de x temos g(x) < 0?
c) Para quais valores de x temos f (x) . g(x) > 0?

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MATEMÁTICA 3

Classificação das Funções


Vamos aprofundar o estudo das funções a partir de sua classificação conforme três critérios:
— o padrão de seu gráfico (função crescente, decrescente ou constante);
— a ocorrência de alguma simetria gráfica especial (função par, função ímpar); e
— o comportamento do contradomínio: os valores que o y assume (função sobrejetora, função injetora, função bijetora)

FUNÇÃO CRESCENTE FUNÇÃO DECRESCENTE Função constante


Dada a função y = f(x), dizemos que f(x) Dada a função y = f(x), dizemos que f(x) Dada a função y = f(x), dizemos que f(x)
é uma função crescente num intervalo é uma função decrescente num intervalo é uma função constante no intervalo
I quando, quaisquer que sejam x1 e x2 I quando, quaisquer que sejam x1 e x2 I quando, quaisquer que sejam x1 e x2
valores pertencentes a esse intervalo, valores pertencentes a esse intervalo, valores pertencentes a esse intervalo,

se x1 < x2, então f(x1) < f(x2). se x1 < x2, então f(x1) > f(x2). com x1 ≠ x2, então f(x1) = f(x2).

y = f(x)
y = f(x)
y = f(x)

f(x2) f(x1) f(x1) = f(x2)

f(x2)
f(x1)

x1 x2 x x1 x2 x x1 x2 x
I (função crescente) I (função decrescente) I (função constante)

distância percorrida (km) área total coberta (km2) quilometragem

150 100

10.805
100
60
50
tempo
tempo (hora) tempo (dias) (dias transcorridos)
0 1 2 3 1 30 0 1 2 3 4 5

Exemplo: o espaço total percorrido por Exemplo: a área total coberta por árvores Exemplo: a quilometragem de um
um navio que vai de Ilha Bela a Búzios, em determinado município, em função automóvel que permanece parado, em
em função do tempo, é representado por do tempo, num mês de desmatamento função do tempo, pode ser representada
uma função crescente. intenso, pode ser representada por uma por uma função constante.
função decrescente.

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4 MATEMÁTICA

FUNÇÃO PAR FUNÇÃO ÍMPAR

Considere a função f(x) e seu gráfico: Considere a função g(x) a seguir e seu gráfico.

f (x) = x2 – 4 y = f(x) 6 y = g(x)


g( x ) =
6 x 6
4
2 4
2
–6
–3 –2 –1 0 1 2 3x
–2 –4 –2 0 4 6
2 x
–4 –2
–6 –4
–6

Observe que, em f (x): Observe que, em g(x):

f (1) = –3 e f (–1) = –3 g(1) = 6 e g(–1) = –6


f (2) = 0 e f (–2) = 0 g(2) = 3 e g(–2) = –3
f (3) = 5 e f (–3) = 5 g(3) = 2 e g(–3) = –2

Ou seja: qualquer que seja x, temos f (x) = f (–x) e, com isso, Ou seja: qualquer que seja x, temos g(x) = –g(–x) e o gráfico é
o gráfico é simétrico em relação ao eixo y. Podemos definir: simétrico em relação à origem O (0; 0). Então, podemos definir:

Uma função y = f (x) é par Uma função y = f (x) é ímpar


quando f (x) = f (–x), " x Î D(f) quando f (x) = –f (–x), " x Î D(f)

Seu gráfico é sempre simétrico em relação ao eixo y. Seu gráfico é sempre simétrico em relação à origem O (0; 0).

Outros exemplos de funções pares: Outros exemplos de funções ímpares:


y = 3x

y=3 y=|x|+2 y = x3 3

3 –1
2 0 1

0 0

–3

y = cos x y = sen x
1

–1

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MATEMÁTICA 5

FUNÇÃO INJETORA FUNÇÃO SOBREJETORA FUNÇÃO BIJETORA

Dizemos que f (x): A → B é uma função Dizemos que f (x): A → B é uma função
Dizemos que f (x): A → B é uma função
injetora quando, quaisquer que sejam sobrejetora quando, qualquer que seja
bijetora quando for, ao mesmo tempo,
x1 Î A e x2 Î A com x1 ≠ x2, ocorrer f (x) Î B, ele é imagem de pelo menos um
injetora (isto é, não existe y Î B que
f (x1) ≠ f (x2). x Î A. seja imagem de dois ou mais x Î A) e
sobrejetora (isto é, não existe y Î B que
Em outras palavras, numa injeção não Em outras palavras, numa sobrejeção, não seja imagem de algum x Î A).
existe y Î B que seja imagem de dois ou todo y Î B é imagem de algum x Î A.
mais x Î A. Então: Então: Em outras palavras, numa bijeção, cada
y Î B corresponde a um e um só x Î A.
É um x para cada y; não sobra e nem
falta. Então:

A B A B
A B

f (x) é injetora f (x) não é sobrejetora f (x) é injetora,


(sobrou y, sem par, em B) mas não sobrejetora

A B A B
A B

f (x) não é injetora f (x) não é sobrejetora f (x) não é injetora,


(o mesmo y associa-se a mais de um x) (sobrou y, sem par, em B) nem sobrejetora

A B A B
A B

f (x) não é injetora f (x) é sobrejetora f (x) não é injetora,


(o mesmo y associa-se a mais de um x)
mas é sobrejetora

A B A B
A B

f (x) é injetora f (x) é sobrejetora f (x) é bijetora

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6 MATEMÁTICA

É possível determinar o tipo de uma função por meio de seu gráfico. Exercícios

Exemplos: 10. Se f de R em R definida por f (x) = – 2x, então:


a) f (x) = 2x y a) f é bijetora.
b) f é só sobrejetora.
c) f é só injetora.
d) f não é sobrejetora e nem injetora.
e) nada se pode afirmar.
x
11. Seja f uma função tal que f :  → R definida por
f (x) = x2 – 1; então, podemos afirmar que:
As retas paralelas ao eixo x permitem concluir que: a) f é bijetora.
cada y é imagem de um só x e todo y é imagem. b) f é só sobrejetora.
Então, f (x) é injetora e sobrejetora e, portanto, bijetora. c) f é só injetora.
d) f não é sobrejetora e nem injetora.
Observe, ainda, que f (x) é ímpar. e) nada se pode afirmar.

b) f (x) = 2x y 12. Se f (x) = √x , D é o seu domínio e CD é o seu


contradomínio, em qual das alternativas f é bijetora?

a) D = R e CD = R+
b) D = R+ e CD = R
x c) D = R e CD = R
d) D = R+ e CD = R+
e) D = R+ e CD = R*+
Neste caso, cada y é imagem de um só x, mas nem todo y é imagem. 13. Represente cartesianamente cada uma das funções abaixo e,
Então, f (x) é injetora mas não é sobrejetora. a partir do gráfico, determine os intervalos reais nos quais
Observe, ainda, que f (x) não é par, nem ímpar. cada uma delas é crescente, decrescente ou constante.
a) f (x) = 2
c) f (x) = x2 y b) f (x) = –2x
c) f (x) = 6x – x2
d) f (x) = 2x

Exercícios de Casa
x
Nível II (médio)

14. Represente cartesianamente cada uma das funções


Neste caso, temos y que é imagem de dois x e temos y que não
abaixo e, a partir do gráfico, determine os intervalos
é imagem.
reais nos quais cada uma delas é crescente, decrescente
Então, f (x) não é nem injetora, nem sobrejetora. ou constante.
Observe, ainda, que f (x) é par. a) f (x) = x2 – 4 b) f (x) = | 2x – 5 |
x+4
d) f (x) = x3 y c) f (x) = x2 – 6x + 5 d) f (x) =
2−x
e) f (x) = x3 – 2 f) f (x) = √25 – x2

x 15. Determine quais das funções definidas no exercício 14


são pares e quais são ímpares.

Neste caso, cada y é imagem de um só x e todo y é imagem. 16. Considere as funções do exercício 14 como sendo
funções definidas de A em R, onde A é o domínio de
Então, f (x) é injetora, sobrejetora e consequentemente, bijetora.
cada uma. Isso posto, determine quais são injetoras,
Observe, ainda, que f (x) é ímpar. quais são sobrejetoras e quais são bijetoras.

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MATEMÁTICA 7

FUNÇÃO INVERSA DEFINIÇÃO

INTRODUÇÃO Dada a função

Quando definimos uma função, é sempre importante f(x): A → B, função inversa de f(x) é a função f–1 (x): B → A.
ter em vista
A B A B
qual grandeza representa a variável livre, x, e

qual grandeza representa a variável dependente, y.

Afinal, y é que varia em função de x.


f(x): A → B f –1(x): B → A

Por exemplo, numa autoestrada repleta de cabines de Observe que a função inversa retorna sempre os mesmos pares da função
pedágio, encontraremos alguma relação entre o preço original, mas em ordem trocada, isto é:
cobrado nas cancelas e o fluxo de carros por hora.
o que era x torna-se y e o que era y torna-se x.
Numa primeira leitura, teremos uma função onde Por exemplo, se x = 2 correspondia a y = 5, teremos, na inversa,
o preço cobrado interfere diretamente no fluxo; que x = 5 corresponde a y = 2.
afinal, um aumento na tarifa tende a resultar numa
Em símbolos: f(2) = 5 Þ f –1(5) = 2.
redução no fluxo.
Assim, numa função inversa: o conjunto Domínio torna-se Imagem; o
Nesse exemplo, fica claro que o fluxo, y, é que varia conjunto Imagem original torna-se o novo Domínio.
em função do preço do pedágio, x.
Resumindo: a) Im(f) = D(f –1)
b) D(f) = Im(f –1)
Essa categorização em x e y, apesar de conveniente em
c) Se (x; y) Î f, então (y; x) Î f–1
análises quantitativas, é na realidade bastante artificial.
EXISTÊNCIA DA INVERSA
Na natureza, o que ocorre é que, frequentemente, as
variáveis invertem seus papéis. A função inversa f–1 só existe se a função f for bijetora. Veja:

Suponha, nesse mesmo exemplo acima, que ocorra a a) Se f é injetora, mas não sobrejetora, então f–1 não é função, pois sobra
construção de uma rodovia alternativa, mais barata e em B elemento sem imagem em A.
moderna, provocando uma redução acentuada no fluxo A B A B
da estrada original.

Diante da concorrência, a empresa que administra


essa autoestrada poderia decidir por uma redução nas
tarifas até então praticadas. f–1
f
(é função, mas não sobrejetora) (não é função)
Nesse caso, torna-se claro que o fluxo, por ser
baixo, implicou uma alteração na tarifa; e o preço b) Se f é sobrejetora mas não injetora, então f–1 não é função, pois
praticado no pedágio, y, passou a ser uma função temos em B elementos com mais de uma imagem em A.
do fluxo, x. A B A B

f f–1
(é função, mas não injetora) (não é função)

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8 MATEMÁTICA

OBTENÇÃO DA INVERSA GRÁFICO DA INVERSA


Antes de determinar a inversa de uma função f é necessário Os gráficos da função f e de sua inversa f–1 são simétricos em
verificar se f admite inversa f, ou seja, é necessário garantir relação à bissetriz dos quadrantes ímpares.
que f seja bijetora.
Isto se deve ao fato de que se (a; b) Î f, então (b; a) Î f –1,
Se f é crescente num intervalo I, então f é bijetora nesse intervalo ou seja, as abscissas dos pontos de f são ordenadas dos pontos de f –1
e, portanto, admitirá inversa em I.
e as ordenadas dos pontos de f são abscissas dos pontos de f–1.
Analogamente, se f é decrescente num intervalo I, será bijetora
em I e, portanto, será inversível nesse intervalo. Exercícios Resolvidos

Dada a função f (x), para obtermos a sua inversa, f–1 (x), A. Obtenha o gráfico de f (x) = 2x – 4.
procedemos conforme descrito abaixo:
Resolução: y
a) Na sentença y = f (x) expressamos x em função de y,
obtendo x = f (y) f (0) = –4 → (0; –4) Î f
2
(em outras palavras, isolamos x em função de y).
f–1
b) Como, na inversa, x está no lugar de y, e y está no lugar f (2) = 0 → (2; 0) Î f
de x (os pares são invertidos), devemos trocar, na sentença –4 x
2
x = f (y), o “x pelo y” e o “y pelo x”. x+4
f–1 (x) = , então
Obtemos, então, a inversa y = f–1 (x). 2 f

f (–4) = 0 → (–4; 0) Î f–1 –4


Exercícios Resolvidos
eixo de
f (0) = 2 → (0; 2) Î f–1 simetria
A. Obtenha a função inversa de f(x) = 2x.
Resolução:
y B. Obtenha o gráfico de y = 5 – x2
Se y = 2x, então x =
x
2 definida no intervalo [ 0; √5 ]
Logo, y = = f –1(x)
2
Resolução:
B. Qual a inversa de y = 3x + 2 ?
A função y = 5 – x2 tem inversa y = √5 – x
Resolução:
y−2 Como f (0) = 5
Se y = 3x + 2, então x = f (1) = 4
3
x−2 f (2) = 1
Logo, a inversa será y = = f –1 (x) f ( √5 ) = 0,
3
então (0; 5) Î f e (5; 0) Î f–1
C. Se f(x) = x3, determine f –1 (x).
(1; 4) Î f e (4; 1) Î f–1
Resolução: (2; 1) Î f e (1; 2) Î f–1
Se y = x3, então x = 3 y (√5 ; 0) Î f e (0; √5 ) Î f–1
3 y
Logo, y = f –1 (x) = y

5 eixo de
3x − 1 simetria
D. Determine a inversa de y = (x ¹ –2).
x+2 4 f
Resolução:
3x − 1
Se y = Þ 3x – 1 = yx + 2y Þ 3
x+2
√5
3x – yx = 1 + 2y Þ x . (3 – y) = 1 + 2y 2
1 + 2y f–1
e portanto x = 1
3− y √5
1 + 2x 1 2 3 4 5 x
Logo, a inversa será y = (x ≠ 3)
3− x

CPV Matext17
MATEMÁTICA 9

Exercícios Exercícios de Casa

17. Determine a função inversa das Nível I (Fácil) Nível II (médio)


funções: 19. (UNICAMP-SP/2016) Considere o gráfico da
função y = f (x) exibido na figura a seguir. 20. Determine a função inversa das
a) f (x) = 3 – x, funções:
definida para " x Î 
a) y = 4x2, definida para x ≥ 0
x–2
b) f (x) = ,
2x
definida para x < 0
2
b) y = ,
x −1 21. Considere a função f:  → ,
definida para x ≠ 1 definida por f (x) = 3 2x – 4 + 3.
O gráfico da função inversa y = f−1(x) é Determine a lei de formação da
dado por: inversa y = f –1(x).
a)
22. O gráfico representa a função y = h(x),
definida em [0; 5].
18. Dada a função g:  →  h(x)
x 5
definida por g(x) = + 3,
2
obtenha: 4

a) seu gráfico num plano 3


cartesiano. 2
b)
1

1 2 3 4 5 x

Da leitura do gráfico, é correto dizer


que:
b) a lei de formação e o a) a imagem da função
gráfico de sua inversa, y = h(x) é [ 0; 5 ]
representado no mesmo b) h(3) = 4
plano cartesiano anterior. c) h–1(4) = 5
c)
d) h–1(5) = 4
e) h–1(3) = 2

23. Se A = [1; 6],


6
determine a inversa de y =
x
definida em A x A.

c) o eixo de simetria entre as


24. Se f (x) = x2 – 2x é definida para
duas curvas obtidas.
x ≥ 1, determine sua inversa.
d)
x+1
25. Determine a inversa de y = ,
2x – 3
3
definida para x ≠ .
2

26. Determine o domínio e a imagem da


3x – 6
função f(x) = .
x+1

Matext17 CPV
10 MATEMÁTICA

FUNÇÃO COMPOSTA Observando o diagrama das flechas abaixo, fica mais fácil entender
a ideia de função composta.
Introdução B
2
Hoje em dia, em praticamente qualquer área do conhecimento, 5
8
é bastante comum que um profissional se depare com uma 11
A C
sequência de operações que devem ser realizadas em série. 1 3
4
6
Um advogado, por exemplo, pode precisar atualizar os valores 9
7
10 12
citados em alguns processos em julgamento: imagine que ele
h=gof
calcule as cifras correspondentes a uma multa (digamos, de
dez, trinta ou cem salários mínimos), acrescente um fator de Observe que:
correção inflacionária da ordem de 15% e ainda incorpore f: 1→2 e g : 2 → 3, então h: 1→3
juros de 22% referente ao período de tramitação. f: 4→5 e g : 5 → 6, então h: 4→6
f: 7→8 e g : 8 → 9, então h: 7→9
Já um empresário, ao investir no mercado de ações, pode f : 10 → 11 e g : 11 → 12, então h : 10 → 12
calcular, ao final de uma semana, quais os valores corrigidos
de seus capitais, após as oscilações diárias da Bolsa de Valores Observe que:
(por exemplo, –1,27%, +2,31%, +0,06%, –2,12% e –0,52%), a) CD(f) = D(g) = B
descontando ainda a inflação do período (–0,9%) e os impostos b) Se (a; b) Î f e (b; c) Î g, então (a; c) Î g o f
aplicáveis (27,5%).
EXISTÊNCIA DA COMPOSTA
Finalmente, imagine um mestre-de-obras, ao calcular as
Não é difícil perceber que a função composta g o f só existe se
quantias a serem pagas aos pedreiros sob sua responsabilidade.
o contradomínio de f for igual ao domínio de g.
Ele precisa contabilizar, para cada um deles, o total de horas Isso está explícito na definição, ao considerarmos que f é uma
trabalhadas, multiplicar esse total pelos valores previamente função de A (domínio) em B (contradomínio) e g é uma função
acertados por hora, acrescentar bônus por horas-extras e de B (domínio) em C (contradomínio).
gratificações, efetuar descontos por faltas, corrigir os montantes
com os devidos encargos sociais e ainda descontar os impostos OBTENÇÃO DA COMPOSTA
correspondentes, antes de poder efetuar as remunerações. Dadas as funções f (x) e g(x), para obtermos a composta
g o f basta, em g(x), trocar x por f (x).
Em todos esses casos, o trabalho envolvido nos cálculos é
grande e repetitivo. Exercícios Resolvidos

A. Sendo f (x) = 2x e g(x) = x – 3, obtenha g o f (x).


Usando algumas ferramentas matemáticas, o processo pode
ser resumido a uma única conta, que encurta bastante as contas Resolução:

e gera a mesma resposta. Como g(x) = x – 3


então, g[f (x)] = f (x) – 3 = 2x – 3
Dadas as funções f (x): A → B e g(x): B → C, Logo, g o f(x) = 2x – 3
função composta de g(x) com f(x) é a função h(x): A → C. B. Sendo f (x) = 3x e g(x) = x2, obtenha g o f (x) e f o g(x).

Indicamos: Resolução:
Se g(x) = x2
então, g [f (x)] = [f (x)]2 = [3x]2 = 9x2
h(x) = g [f(x)] = g o f (x)
Logo, g o f (x) = 9x2
Se f (x) = 3x
que se lê “g de f de x”, “g bola f de x” ou “g o f de x”.
então, f [g(x)] = 3 . [g(x)] = 3 . x2
Logo, f o g(x) = 3x2

CPV Matext17
MATEMÁTICA 11

C. Dados f (x) = x2 + 3x + 2 e g(x) = 3x – 2, Exercícios


obtenha as compostas f o g(x) e g o f (x).
27. Sendo f (x) = x2 – 2x e g(x) = x + 2, determine:
Resolução:
a) f o g(x)
f o g(x) = f [g(x)] = (3x – 2)2 + 3 . (3x – 2) + 2
= 9x2 – 12x + 4 + 9x – 6 + 2
= 9x2 – 3x
g o f (x) = g[f (x)] = 3 . (x2 + 3x + 2) – 2 b) g o f(x)
= 3x2 + 9x + 6 – 2
= 3x2 + 9x + 4

D. Se f (x) = 3x e g(x) = 2x, determine c) f o f(x)


f o g(x), g o f (x), f o f (x) e g o g(x).

Resolução:
● f o g(x) = 3 . 2x = 6x d) g o g(x)
● g o f(x) = 2 . 3x = 6x
● f o f(x) = 3 . 3x = 9x
● g o g(x) = 2 . 2x = 4x

E. Sendo f(x) = x – 5 e g(x) = 4√x funções definidas para 28. Se f (x) = 4x + 1 e f [g(x)] = x2 + 1,
x ≥ 0, pede-se: f [f(x)], g [g(x)], f [g(x)] e g [f(x)]. determine g(x).
Resolução:
● f [f(x)] = f o f(x) = (x – 5) – 5 = x – 10

● g [g(x)] = g o g(x) = 4 4 x = 4 . 2 4 x = 8 4 x
29. Seja a função f (x) = x2 + 2x − 5. Pede-se:
● f [g(x)] = f o g(x) = 4 √x – 5
● g [f(x)] = g o f(x) = 4 √x – 5 a) f (√2 − 1)
b) f {f [f (1)]}
c) f ( x + a)
Fique Atento!

● Definidas as funções f (x) e g(x), pode ocorrer que


f o g(x) esteja definida e g o f (x) não esteja definida.
É o que ocorre no exercício E.
30. Dadas f (x) = 2x – 5 e g(x) = 3x – 2k,
Observe que f (x) e g(x) foram definidas para x ≥ 0 e f
o g(x) está definida para x ≥ 0. determine k de modo que fog(x) = gof(x).
Entretanto, g o f (x) não está definida para x ≥ 0, mas
sim para x ≥ 5. Em outras palavras,
para x ≥ 0, g o f(x) não é função, pois não existe g o f(x).
31. Determine f (x) sabendo que f (2 − x) = 2x − 1.
● Definidas as funções f(x) e g(x) de A em A, sempre existem
f o g(x) e g o f(x), mas nem sempre elas são iguais.
No exercício D, f o g(x) = g o f (x)
No exercício C, f o g(x) ≠ g o f (x)
Então, a composição de funções não é comutativa.

Matext17 CPV
12 MATEMÁTICA
Exercícios de Casa Exercícios Complementares

Nível II (médio) Nível II (médio)

32. Seja f uma função tal que f (a + b) = f (a) . f (b), quaisquer 40. A parábola y = (2m − 3)x2 − 2(m + 1)x + m + 1
que sejam os reais a e b. é tangente ao eixo x.
Se f (1) = 3 e f (2) = 2, determine f (5).
Determine m.
33. Dada a função f (x) = x2 – 2x + 1, determine:
41. Determine a inversa da função definida por
a) f o f (x) b) f o f ( 2√2 )
3x - 2
f (x) = 5 .
34. Se para x ≥ 0, f ( √x ) = x + 1, determine:
1
a) f (x) b) f (x + 1) c) f ( √2 ) d) f   42. Obtenha o conjunto-imagem da função definida por
 2
x2 − 1 x 5− x
35. Se f ( x ) = e g ( x ) = − 1 são definidas para f (x) = .
x 2 2x + 3
x ≠ 0, determine x tal que f o g(x) = g o f(x).
43. Determine a função inversa das funções:
36. Se f (x – 1) = x2 – 5x + 6, determine f (x +1). a) f (x) = 3 − x definida para " x Î R
2
37. Sendo f (x) = 4x e g(x) = 2x, determine o valor de b) y = definida para x ≠ 1
x -1
f o g(–2) + g o f(0).
c) y = 4x2 definida para x ≥ 0
x 2 − 4x 6
38. Sendo f ( x ) = para x ≠ ± 2, determine x de 44. Sendo A = [1; 6], qual a inversa da função y =
x2 − 4 definida em A x A ?
x
1
modo que f (x + 2) = .
2 45. Classifique as funções abaixo com relação à paridade:
39. Há funções y = f (x) que possuem a seguinte propriedade: a) f (x) = 2x
“a valores distintos de x correspondem valores distintos de b) f (x) = 3x2 – 2x
y”. Tais funções são chamadas injetoras. c) f (x) = 4x3 – 2x
d) f (x) = –5x4 + 7x2
Qual, dentre as funções cujos gráficos aparecem abaixo,
é injetora?
46. Determine em que intervalos as funções abaixo são
y
a) b) y crescentes:
a) f (x) = 2x
b) f (x) = x2 – 4
c) f (x) = –x2 + 2x – 1
x x
1 1 d) f (x) = 2x2 – 8x + 25

c) d)
y y
47. Se f (x) = 4x2 – 2x, determine f (3x – 5).

 3x − 2  3x + 1  2x + 1 
48. Se f  = , determine f  .
 5  4  5 
1 x 1 x

e) y 2x + 4
49. Seja f uma função definida por f (x) = .
4 − 3x
Determine:
a) o domínio de f.
1 x b) o conjunto-imagem de f.

CPV Matext17
MATEMÁTICA 13

 3x − 2  3x + 2 55. (Unifesp/2010) Uma função f : R → R diz-se


50. Se f  = , determine:
5  1 − 3x par quando f (–x) = f (x), para todo x Î R, e
a) o domínio de f. ímpar quando f (–x) = – f (x), para todo x Î R.
b) a função f–1. a) Quais, dentre os gráficos exibidos, melhor
c) o conjunto-imagem de f. representam funções pares ou funções ímpares?
Justifique sua resposta.
51. (FGV) Seja f uma função de N em Q, dada por

 2 x − 1, 1 ≤ x < 5

f (x) = 
 −x + 12, 5 ≤ x ≤ 12

Sabendo-se que a função f determina o número de vezes que
um equipamento foi utilizado em cada um dos 12 meses de
um ano, a mediana (estatística) dos 12 registros é igual a:
11
a) 3 b) 3,5 c) d) 4 e) 5,5
3
52. (FGV) Sejam f e g duas funções de R em R,
tais que f (x) = 2x e g(x) = 2 – x.
O gráfico cartesiano da função f (g (x)) + g (f (x)):
a) passa pela origem.
b) corta o eixo x no ponto (–4; 0). b) Dê dois exemplos de funções, y = f(x) e y = g(x),
c) corta o eixo y no ponto (6; 0). sendo uma par e outra ímpar, e exiba os seus gráficos.
d) tem declividade positiva.
e) passa pelo ponto (1; 2). 56. (Fei-SP) Em relação à função polinomial
f (x) = 2x3 – 3x, é válido afirmar-se que:
53. (FGV) Considere as funções reais dadas por
f (x) = 2 x – 1, g(x) = f (x) – x e h(x) = g(f (x)). a) f (–x) = f (x)
b) f (–x) = – f (x)
As retas que representam as funções f e h:
c) f (x2) = ( f (x) )2
a) são perpendiculares no ponto (2; 1). d) f (ax) = a f (x)
b) são perpendiculares, no ponto (0; 0). e) f (ax) = a2 f (x)
c) não são perpendiculares, mas se encontram no ponto (1; 2).
d) passam pelos pontos (1; 1) e (0; 1). 57. (Uel-pr/2011) Seja h(x) = [f o g](x) . [g o f](x),
e) não se encontram, isto é, são paralelas. 1
em que f (x) = (x + 0,5) (x – 0,5) e g(x) = 2 .
54. (FGV) A figura indica o gráfico da função f, de domínio x + 0, 25
Qual o valor de h(0, 5)?
[–7; 5], no plano cartesiano ortogonal.
y a) 15
6 15
b)
5 8
4 c) 16
3 3
d) -
2 4
1 15
e) -
4
–7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5 x
–1 58. (Fuvest-SP/2011) Sejam f (x) = 2x – 9 e
–2 g(x) = x2 + 5x + 3.
–3
–4
A soma dos valores absolutos das raízes da equação
f (g(x)) = g(x) é igual a:
–5
–6 a) 4
b) 5
O número de soluções da equação f (f (x)) = 6 é: c) 6
a) 2 b) 4 c) 5 d) 6 e) 7 d) 7
e) 8

Matext17 CPV
14 MATEMÁTICA
59. (Epcar-MG/2011) Considere o conjunto A = {0, 1, 2, 3} e 64. (if-al/2011) Considere o gráfico da função y = f (x)
a função f : A → A tal que f (3) = 1 e f (x) = x + 1, se x ≠ 3. representado por segmentos de reta:
A soma dos valores de x para os quais (f o f o f) (x) = 3 é
a) 2
b) 3
c) 4
d) 5

60. ( cEfEt-mg/2010) Define-se a composição de funções


f e g pela equação gof(x) = g(f(x)), para todo valor x, cuja
imagem pela função f esteja no domínio de g.
Dadas as funções reais I. ( ) f (4) = f (21)
1 − x, se x ≥ 1 II. ( ) f (f (f (0))) = f (2)
f ( x ) =  e g ( x ) = x 2 + 2x + 1, III. ( ) f (f (6)) = 2f (f (f (8)))
x − 1, se x < 1
Podemos afirmar que:
a composição de f e g para o ponto 2 vale:
a) somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
a) 0 b) somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
b) 1 c) somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
c) –1 d) todas as afirmativas são verdadeiras.
d) –2 e) todas as afirmativas são falsas.

61. (Ibmec-rj/2010) Considere as funções reais 65. (Unicamp-SP/2011) Uma placa retangular de madeira,
f (x) = x e g(x) = x2 – 1. com dimensões 10 x 20 cm, deve ser recortada conforme
mostra a figura abaixo.
Seja (f o g) (x) a função composta de f (x) e g(x).
Seja (g o f) (x) a função composta de g(x) e f (x).
É correto afirmar que:
a) (f o g) (x) = (g o f) (x).
b) O domínio de (f o g) (x) é o conjunto de todos os x reais
tais que x ≤ –1 ou x ≥ 1.
c) O domínio de (g o f) (x) é o conjunto de todos os x reais
tais que x > 0.
d) (f o g) (x) = x – 1.
e) Os domínios das funções f(x) e g(x) são iguais.

62. (Uf-ce) O coeficiente b da função quadrática Depois de efetuado o recorte, as coordenadas do centro de
f:  → , f (x) = x2 + bx + 1, gravidade da placa (em função da medida w) serão dadas
por:
que satisfaz a condição f (f (–1)) = 3 é: 2
400 - 15w 400 + ( w − 20)
a) – 3 b) – 1 c) 0 d) 1 e) 3 xCG(w) = e yCG(w) =
80 - 2 w 80 − 2 w
em que xCG é a coordenada horizontal e yCG é a coordenada
Nível III (difícil) vertical do centro de gravidade, tomando o canto inferior
esquerdo como a origem.
63. (Ufu-mg/2011) Considere as funções polinomiais
a) Defina A(w), a função que fornece a área da placa recortada
p(x) = x2 – 3x e q(x) = ax + b, em que a e b são números
em relação a w.
reais não nulos.
Determine as coordenadas do centro de gravidade quando
Sabendo que 0 e –1 são raízes do polinômio h(x) = (poq)(x), A(w) = 150 cm2.
sendo que poq indica a composição das funções p e q,
b) Determine uma expressão geral para w(xCG), a função
pode-se afirmar que a diferença b – a é:
que fornece a dimensão w em relação à coordenada xCG.
a) 6 b) 0 c) – 6 d) – 3
Calcule yCG quando xCG = 7/2 cm.

CPV Matext17
MATEMÁTICA 15

Gabarito 18. a)
y
01. a) y = g(x)
3

–6
2 x

–2 b) g–1(x) = 2x – 6 y = g(x)

b) D = R Im = {y Î R / y ≥ –2} y
02. a) 16 b) 1
03. 2 3
04. C
05. E
06. a)
–6 3 x
3

1 y = g–1(x)

–6 –2 –1 1 2 6
–1 –6

b) D = [–6, 6] Im = [–1, 3]
c) O eixo de simetria é a bissetriz y = g(x)
07. a) b) D ={x Î R / – 4 < x < 4}
dos quadrantes ímpares
4 Im ={y Î R / 0 < y ≤ 4}
(reta y = x): y

3 3

–4 –1 2 4 –6 3 x

08. D
09. a) x Î R / x < – 4 ou 0 < x < 4 y = g–1(x)
b) x Î R / – 6x < x < – 2 ou 2 < x < 6
c) x Î R / – 6 < x < – 4 ou – 2 < x < 0 ou 2 < x < 4 ou x > 6
10. A 11. C 12. D –6
13. a) constante, " x Î R 19. C
b) decrescente, " x Î R x
c) crescente para x < 3 20. a) f –1(x) = 2 (para qualquer x ≥ 0)
decrescente para x > 3 -2 2
d) crescente, " x Î R b) f –1(x) = 2x - 1 ou f –1(x) = 1 - 2x (para x < 0)
14. a) decrescente para x < 0
crescente para x > 0 ( x − 3 )3 + 4
b) decrescente para x < 5/2 21. f –1(x) = 2 22.
E
crescente para x > 5/2 6
23. f –1(x) = f –1(x) = 1 +
24. x+1
c) decrescente para x < 3 x
crescente para x > 3 3x + 1
d) crescente, " x ≠ 2 25. f –1(x) = 2x − 1
e) crescente, " x Î R
f) crescente para –5 < x < 0 26. Df = {x Î R | x ≠ –1} e Imf = {y Î R | y ≠ 3}
decrescente para 0 < x < 5 27. a) x2 + 2x
15. As funções dos itens a, e e j são pares; b) x2 – 2x + 2
a função do item b é ímpar; c) x4 – 4x3 + 2x2 + 4x
as demais funções, nem pares, nem ímpares. d) x + 4
16. injetoras: b, d, h, i x2
sobrejetoras: b, i 28.
4
bijetoras: b, i
17. a) f –1(x) = 3 – x (para qualquer x) 29. a) – 4
x+2 b) 10
b) f –1(x) = x (para qualquer x ≠ 0) c) x2 + 2(a + 1)x + (a2 + 2a – 5)

Matext17 CPV
16 MATEMÁTICA
30. k = 5 55. a) As funções pares são I e III, pois f (–a) = f (a) para qualquer a real.
31. f (x) = – 2x + 3 As funções ímpares são IV e V, pois f (–a) = – f (a) para qualquer a.
32. 12
33. a) x4 – 4x3 + 4x2 b) A função y = x2 é par e a função y = x é ímpar.
b) 32 (3 – 2 2 )
34. a) x2 + 1
b) x2 + 2x + 2
c) 3
d) 5/4
35. – 2/3
36. x2 – x
37. 2
38. x = 2 ± 2 3
39. E
40. m = –1 ou m = 4 56. B 57. A 58. D 59. B 60. A 61. B 62. D
5x + 2
41. 3
63. B 64. D

42. R – − { 12 } 65. a) xCG(10) =


400 − 15 . 10 250 25
80 − 2 . 10
=
60
=
6
cm e
43. a) f –1(x) = 3 – x (" x)
2
400 + (10 − 20) 500 25
2+x yCG(10) = = = cm
b) y = x (x ≠ 0) 80 − 2 . 10 60 3

x
c) y = 2 (x ≥ 0) 400 + (15 − 20)
2
425 17
b) yCG(15) = = = cm
6 6 80 − 2 . 15 50 2
44. A inversa de y = é y = mesmo.
x x
45. Se f (– x) = f (x) a função é par.
Se f (– x) = – f (x) a função é ímpar.
a) f (x) = 2x não é par nem ímpar.
b) f (x) = 3x2 – 2x não é par nem ímpar.
c) f (x) = 4x3 – 2x é função ímpar, pois f (– x) = – f (x).
d) f (x) = – 5x4 + 7x2 é função par, pois f (– x) = f (x).
46. a) f (x) = 2x é crescente em R.
b) f (x) = x2 – 4 é crescente em R+.
c) f (x) = – x2 + 2x – 1 é crescente no intervalo ] – ∞; 1 [
d) f (x) = 2x2 – 8x + 25 é crescente no intervalo ] 2; + ∞ [
47. f (3x – 5) = 36 x2 – 126 x + 110

 2x + 1  x + 2
48. f  =
5  2

49. a) D = R – { 43 }
b) Im (f) = R – { − }
2
3

50. a) D = R – { − }
1
5
x+4
b) f –1 = − 5x + 5

c) Im (f) = R – {– 1}

51. B 52. E 53. E 54. D

CPV Matext17
MATEMÁTICA 17

Módulo Exercícios

01. Calcule os seguintes módulos:


Módulo ou valor absoluto de um número real x é a distância
que o ponto P (x; 0) está da origem. a) | 12 |
Isso significa que: b) |–5|
c) – | –2 |
● o módulo de um número real positivo ou nulo é igual
ao próprio número. d) | √5 – 3 |
● o módulo de um número real negativo é igual ao simétrico e) |π–3|
(ou oposto) deste número.

02. Determine o módulo, nos intervalos dados:


d=3 d=3

P1 (–3; 0) O (0; 0) P2 (3; 0) a) | x2 + 2 |, para x Î 


b) | x – 5 |, para x < 5

Indicamos o módulo (ou valor absoluto) de x por | x |. c) | 24 – 8x |, para x < 3

Portanto: d) | 3x – 6 |, para x < 1


 x, se x ≥ 0
x =  Exercícios de Casa
 −x, se x < 0
03. Calcule os módulos:

Exemplo: | 2 | = 2
a) | √10 – √7 |
| –7 | = 7 b) | √3 – 2 |
| 0 | = 0
c) | – (√7 – 3) |

Fique Atento! 3
d) 1 -
2
Para todo x Î , temos: 04. Calcule os módulos:

a) | x2 |
√x2 = | x |
p
b) - 3
2
05. Determine o módulo, nos intervalos dados:

a) | 3x – 5 |, para x > 5
b) | 5 – 3x |, para x > 2
c) | x2 – 5x + 6 |, para 2 < x < 3
d) | x2 – x – 6 |, para x < – 3

Matext18 CPV
18 MATEMÁTICA

Equação Modular

É toda equação na qual a incógnita aparece como módulo.


D. | 5 – 2x | = |x–4|
Lembre-se:
Resolução:

| x | significa módulo de x
O símbolo Lembre-se: Se |a|=|b| então a = b ou a = −b
| 2 | = 2
Temos que: 5 − 2x = x − 4, que resulta x = 3
| –2 | = – (–2) = 2
| 0 | = 0 ou 5 − 2x = − (x − 4), que resulta x = 1

ExercícioS Resolvidos Portanto, o conjunto-solução é S = {1; 3}

Calcule a solução das seguintes equações:

A. | 2x – 3 | = 7 E. | x |2 – 3|x| + 2 = 0

Resolução: Resolução:

Temos que: 2x − 3 = 7, isto é, x = 5 Fazendo | x | = k, temos uma equação quadrática:


ou 2x − 3 = −7, isto é, x = −2
  x =1
Portanto: x = −2 ou x = 5 são as soluções  k = 1 ⇒ x = 1 ⇒ 
 ou x = −1
k2 – 3k + 2 = 0 Þ 
  x=2
ou k = 2 ⇒ x = 2 ⇒ 
B. | x2 – 4x – 1 | = 4  ou x = −2

Resolução: \ S = {–2; –1; 1; 2}

Temos que: x2 − 4x − 1 = 4, que resulta x = −1 ou x = 5


F. | x – 1 |2 – |x–1| – 20 = 0
ou x2 − 4x − 1 = –4, que resulta x = 1 ou x = 3
Resolução:
Portanto, o conjunto-solução é S = {−1; 1; 3; 5}
Fazendo | x – 1 | = k, temos uma equação quadrática:

C. | 3x – 4 | = 5x – 10  k = 5 ⇒ x −1 = 5
k2 – k – 20 = 0 Þ 
ou k = − 4 ⇒ x − 1 = − 4
Resolução: 

Na 1a equação obtida:
Devemos ter 5x − 10 ≥ 0 (ou seja, x ≥ 2), que é uma condição
imposta pela definição de módulo.
 x −1= 5 ⇒ x = 6
|x–1|=5 Þ 
ou x − 1 = − 5 ⇒ x = − 4
Resolvendo a equação, temos:

3x − 4 = 5x − 10 Þ x = 3 Na 2a equação obtida:

ou 3x − 4 = − (5x − 10) Þ x =
7 | x – 1 | = –4 Þ não há solução
4
\ S = {6; –4}
7
Como devemos ter x ≥ 2, a raiz x = não convém.
4
Portanto, a solução é x = 3.

CPV Matext18
MATEMÁTICA 19

Exercícios Exercícios de Casa

Resolva as equações: Nível II (médio)

06. | 3x – 2 | = 1 Resolva as equações:

x−2
11. =2
3

12. | 9 – 2x | = 3

07. | 3x – 2 | = 2x – 13
13. | x2 – 6x – 1 | = 6

14. | 1 – 2x | = | x + 4 |

15. | 2 – x – x2 | = 2
08. | x2 – 3x – 2 | = | 3x – 2 |

16. | x2 – 3 | = 3 – x

17. | 2x – 4 | + | –x + 3 | = 5

09. | 3x – 2 | + | 2x + 5 | = 10
18. | x – 2 |2 – |x| = 4

19. | x – 2 |2 – |x–2| – 12 = 0

20. O conjunto-solução da equação x . | x – 2 | = 2x – 3 é:


10. Encontre o produto das raízes da equação
| x – 1 |2 – 3.|x–1| + 2 = 0 a) {–√3 ; √3}
b) {3 ; √3}
c) {1; 3}
d) {3; –√3 ; √3}
e) {1; 3; –√3 ; √3}

Matext18 CPV
20 MATEMÁTICA
Função Modular
Função modular é toda função do tipo: C. f (x) = | 2x – 6 | – | x – 1 |

 x, se x ≥ 0 Resolução:
f (x) = x = 
−x, se x < 0 Pela definição, temos:
 2x − 6, se 2x − 6 ≥ 0 e
D (f) = 
2x − 6 = 
−(2x − 6), se 2x − 6 < 0
Im (f) = +
 x − 1, se x − 1 ≥ 0 e
Gráficos x − 1 = 
−( x − 1), se x − 1 < 0
Para representar graficamente a função modular,
basta construir o gráfico de cada uma das sentenças Resolvendo as inequações:
nas quais ela se desdobra em cada intervalo.
 2 x − 6, se x ≥ 3 e
2 x − 6 = 
Exercícios Resolvidos −2x + 6, se x < 3

Resolva as seguintes funções modulares:  x − 1, se x ≥ 1


x − 1 = 
A. f (x) = | x – 2 | −x + 1, se x < 1

Resolução:
Observe que temos três intervalos:
 x − 2, se x − 2 ≥ 0
Pela definição, temos: x − 2 = 
−( x − 2), se x − 2 < 0 · Se x < 1, então:
| 2x – 6 | = –2x + 6 e | x – 1 | = –x + 1
 x − 2, se x ≥ 2
Resolvendo as inequações: x − 2 = 
 −x + 2, se x < 2 logo, f (x) = | 2x – 6 | – | x – 1 | = –2x + 6 – (–x + 1)
y ou f (x) = –x + 5, se x < 1;

y=|x–2| · Se x ≥ 1 e x < 3, então:


2
| 2x – 6 | = –2x + 6 e |x–1|=x–1
logo, f (x) = | 2x – 6 | – | x – 1 | = –2x + 6 – (x – 1)

0 2 4 x ou f (x) = –3x + 7, se 1 ≤ x < 3;

· Se x ≥ 3, então:
B. f (x) = | x2 – 2x – 3 | | 2x – 6 | = 2x – 6 e |x–1|=x–1
Resolução: logo, f (x) = | 2x – 6 | – | x – 1 | = 2x – 6 – (x – 1)
Pela definição, temos: ou f (x) = x – 5, se x ≥ 3.
 x 2 − 2 x − 3, se x 2 − 2 x − 3 ≥ 0
 − x + 5 se x < 1
x 2 − 2 x − 3 =  
−( x 2 − 2 x − 3), se x 2 − 2 x − 3 < 0
 Resumindo: 2 x − 6 − x − 1 = −3x + 7 se 1 ≤ x < 3

Resolvendo as inequações:  x − 5 se x ≥ 3
 x 2 − 2 x − 3, se x ≤ −1 ou x ≥ 3 y
x 2 − 2 x − 3 = 
−x 2 + 2 x + 3, se −1 < x < 3
 5

y
4

y=| x2 – 2x – 3 |
4

0 1 3 5 x

–2
–1 0 1 3 x

CPV Matext18
MATEMÁTICA 21

Exercícios 26. y = x2 – 6 | x | + 8
y
Construa o gráfico e apresente o conjunto-imagem das funções:

21. y = | x + 1 | y

Exercícios de Casa

22. y = |x–1| y Nível II (médio)

Represente graficamente as funções:

27. f (x) = | 2x – 5 |
x

23. y = |x| + 1 y
28. f (x) = | 4 – x2 |

29. f (x) = | x – 4 | + | 2 – x |

24. y = |x| – 1 y

x
30. f (x) = | 2 – x | – | –x |

25. y = | x2 – 6x + 8 | y

Nível III (difícil)

31. Obtenha o gráfico e o conjunto-imagem da função


x
f (x) = ||x|–1|–2

Matext18 CPV
22 MATEMÁTICA

INEQUAÇÃO MODULAR Exercícios Resolvidos

Resolva as seguintes inequações modulares:


É toda inequação na qual aparece módulo.
A. | 2x – 3 | > 5
Para a ≥ 0, temos duas situações. Resolução: De acordo com a 1a situação descrita:
2x − 3 < −5, ou seja, x < −1 ou
1a situação:
2x − 3 > 5, ou seja, x > 4.
Se | x | > a, então x < − a ou x > a Portanto, S = {x Î  | x < −1 ou x > 4}

Exemplo: | x | > 7 B. | 2x + 1 | £ 3
Resolução: De acordo com a 2a situação descrita:
–7 0 7
2x + 1 ³ −3, ou seja, x ³ −2 e
x < –7 ou x > 7 2x + 1 £ 3, ou seja, x £ 1
Portanto, S = {x Î  | −2 £ x £ 1}

2a situação:
2−x
C. 3 + x £ 1
Se | x | < a, então −a < x < a
Resolução: Temos que:
Exemplo: | x | < 5
2−x 2−x −1 − 2x
● ≤1 ⇒ −1≤ 0 ⇒ ≤0
3+x 3+ x 3+ x
–5 0 5
sinal de –1 – 2x + + + + + + + – – –
–5 < x < 5 –1/2 x

sinal de 3 + x – – – – + + + + + + +
–3 x
PROPRIEDADES
−1 − 2x – – – – + + – – –
sinal de
Decorrem da definição as seguintes propriedades: 3+ x –3 x
–1/2

1
|x| ≥ 0, "x Î  ou seja, x < −3 ou -
2

|x| = 0 Û x = 0

2−x
≥ −1 ⇒
2−x
+ 1≥ 0 ⇒
5
≥0,
3+x 3+ x 3+ x
|a| = |b| Û a = b ou a = – b – – – – + + + + + +
sinal de 3 + x
x
|x| . |y| = |x.y|, "x, y Î  –3
5 – – – – + + + + + +
| x |2 = x2, "x Î  sinal de
3+ x
–3 x

|x| ≥ x , "x Î  ou seja, x > −3.


● Como os dois intervalos devem ocorrer simultaneamente,
|x + y| ≤ |x| + | y |, "x, y Î  1
basta fazer a intersecção, ou seja, x ³ - .
|x – y| ≥ |x| | y |,
2
– "x, y Î 
|x| ≤ a e a > 0 Û –a ≤ x ≤ a
|x| ≥ a e a > 0 Û x ≤ – a ou x ≥ a
intersecção Þ –3 –1/2 x

Portanto, S = {x ∈  / x ≥ − 12 } .

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MATEMÁTICA 23

D. Resolva a inequação |x + 1 | ≤ 2x – 7. Exercícios

Resolução: Resolva as inequações:


7
Condição de existência: 2x – 7 ≥ 0 Þ x≥ 2 32. | x | ≤ 2

– 2x + 7 ≤ x + 1 ≤ 2x – 7

1) – 2x + 7 ≤ x + 1 Þ – 3x ≤ – 6 Þ x ≥ 2

2) x+ 1 ≤ 2x – 7 Þ – x ≤ – 8 Þ x ≥ 8

Repare que, nas condições de existência propostas:


33. | x | > 3
S = {x Î  / x ≥ 8}

E. Resolva a inequação em  | 2x – 6 | – | x | ≤ 4 – x.

Resolução:
0 3
2x – 6 – – +
x – + +
34. 1 < |x – 1| ≤ 3
Para x < 0

(– 2x + 6) – (–x) ≤ 4 – x Þ – x + 6 ≤ 4 – x Þ 6 ≤ 4

Þ absurdo (S1)

Para 0 ≤ x ≤ 3

(– 2x + 6) – (x) ≤ 4 – x Þ – 3x + 6 ≤ 4 – x Þ 2x ≥ 2
35. | x – 1 | – 3x + 7 ≤ 0
Þ x ≥ 1

(0 ≤ x ≤ 3) Ç (x ≥ 1) Þ 1 ≤ x ≤ 3 (S2)

Para x > 3

(2x – 6) – (x) ≤ 4 – x Þ 2x – 6 ≤ 4 Þ x ≤ 5

(x > 3) Ç (x ≤ 5) Þ 3 < x ≤ 5 (S3)

A solução da inequação será 36. | 2x + 4 | < – 3

(S1) È (S2) È (S3) Þ 1 ≤ x ≤ 5

S = {x Î  / 1 ≤ x ≤ 5}

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24 MATEMÁTICA
Exercícios de Casa Encontre o conjunto-solução de cada inequação abaixo:

Nível II (médio) 42. | x − 2 | + |x–4| ≥ 6


37. Resolva as inequações:

a) | −2x | < 1

43. | x2 − 4x | ≤ 2x
b) | 2x − 3 | ≥ 3

c) | 1 − 3x | ≤ 2

x +1
38. Quantos números inteiros não negativos satisfazem a 44. x + 2 > 3

inequação |x–2|<5?
a) infinitos
b) 4
c) 5
d) 6
e) 7 45. Para quais valores reais de x temos | x + 1 | − x + 2 ≤ 0?

39. O maior número real que satisfaz a inequação



| 2x – 1 | ≤ 5 – x é:
a) – 2
b) – 1
c) 0
d) 1 1- x
e) n.d.a. 46. Determine o conjunto-solução de ≤ 2.
x

40. Determine o domínio da função f (x) = √ | x | + 2.

a) x ≤ – 2
b) x ≠ 0
c) 
d) x ≥ 2
e) n.d.a. 47. Resolva a inequação x . | x | > x.

41. O conjunto dos x para os quais | x2 – 2x | < 3 é:

a) – 1 < x ≤ 0 ou 2 ≤ x < 3
b) –1< x < 3
c) x < – 2 ou x > 4
d) qualquer x ≠ – 1 ou x ≠ 3
e) 0 ≤ x ≤ 2

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MATEMÁTICA 25

Exercícios Complementares 69. A respeito do conjunto-solução da equação

Nível I (fácil) | x |2 + |x| – 6 = 0, podemos afirmar que:


a) é unitário.
48. Resolva a equação | 3x – 2 | = 7 b) a soma das raízes é igual a 1.
c) a soma das raízes é igual a 0.
49. Resolva a equação | 2x – 1 | = 7 d) o produto das raízes é igual a 4.
e) o produto das raízes é igual a – 6.
Nível II (médio)
70. Calcule o número de soluções reais da equação
50. Resolva a equação | 3x – 2 | = | –2x + 1 |
x 2 − 2x + 1
| x2 – 1| + 2x = .
51. Resolva a equação | 5x – 2 | = 3x + 2 x −1

52. Resolva a equação | 2x – 13 | = | 3x – 7 |


71. Encontre a melhor representação gráfica dos pontos
Construa o gráfico e determine o conjunto-imagem das funções. 8 8
(x; y) do plano tais que x − 4 y4 = 1 .
53. f (x) = | x – 2 |

54. f (x) = | 2x + 4 | 72. Qual dos conjuntos está contido no conjunto-solução da

55. f (x) = | x – 2 | – 1 inequação √(1 + x)2 ≤ 1?

56. f (x) = | x2 – 4 | a) {x Î R | – 5 ≤ x ≤ 0}
b) {x Î R | – 4 ≤ x ≤ 0}
57. f (x) = x2 – 5 | x | + 6
c) {x Î R | – 3 ≤ x ≤ 0}
Resolva as inequações. d) {x Î R – 2 ≤ x ≤ 0}|
e) todos estão contidos
58. | 2x + 1 | < 3
73. Sejam os conjuntos
59. | 4x – 3 | > 5
A = {x Î R | x2 ≥ 9} e B = {x Î R | | x | < 4}.
60. | x + 1 | ≤ 2x – 7 Então podemos afirmar que:

61. | x + 2 | – |x – 3| > x a) A Ç B = [ 3; 4 [
b) A – B = {x Î R | x < – 4 ou x > 4}
62. | 2x – 3 | ≤ 1 c) B – A = ] – 3; 3 [
d) R – A = ] – ∞ ; – 3 [
63. 1 < |x – 1| ≤ 3 e) A È B = [ – 4; ∞ [

64. | x – 1 | – 3x + 7 ≤ 0 74. Calcule a soma das raízes da equação

65. | 2x + 4 | < – 3 √x2 + √(x – 1)2 = 2.

66. | x2 – 6x + 5 | + 1 < x

67. | x – 3 | < x + 3 x - 2x
75. Determine o gráfico da função f (x) = 3
68. | 3x + 2 | – | 2x – 1 | > x + 1

Matext18 CPV
26 MATEMÁTICA

76. Construa o gráfico da função f (x) = | x | . x – 4 87. O gráfico da função y = 2√x2 + x é:


a) b) y
y

77. Resolva a inequação |x+4| ≤ 2x – 5


3 3

1
78. Resolva a inequação

(2x – 1)2 – 12 . | 1 – 2x | + 27 ≤ 0 1 x –1 1 x

y
c) d) y

x -1 3
79. Esboce o gráfico da função f (x) = 3
x -1
1 1

–1 1 x x
80. Construa o gráfico e determine o conjunto-imagem da –1 1
3- x e) n.d.a.
função f (x) =
x-3 x2 - x - 2
88. O gráfico da função f (x) = é:
x2 - x - 2
81. Resolva a equação |x–1| + |x–2| = 1 a) y
1

–1 2 x
 y − 2 x + 3 = 0

82. Resolva o sistema  –1
 y + x − 3 = 0

b) y
1
x -1
83. Determine x tal que ≥ 1.
2x - 3 1 2 x

–1

84. Determine, caso existam, as raízes reais da equação c) y


1

x2 + 2 . | x | – 8 = 0.
–1 2 x

–1

85. Resolva a inequação | x2 – 4 | < 3x. y


d) 1

–1 2 x
x x−3
86. Dada a função f (x) = + pede-se: –1
x x−3
a) o gráfico de f (x) e) y
1
b) o domínio de f (x)
–2 1 x
c) a imagem de f (x)
–1

CPV Matext18
MATEMÁTICA 27

89. Considere a função dada por f (x) = √(x – 3)2 92. A produção diária estimada x de uma refinaria é dada por

a) Calcule f (3 + √2) + f (3 – √2). | x – 200.000 | ≤ 125.000


em que x é a quantidade em barris de petróleo.
Os níveis de produção máximo e mínimo são:

a) 175.000 ≤ x ≤ 225.000.
b) Esboce o gráfico da função. b) 75.000 ≤ x ≤ 125.000.
c) 75.000 ≤ x ≤ 325.000.
d) 125.000 ≤ x ≤ 200.000.
e) x ≤ 125.000 ou x ≥ 200.000.

93. Multiplicando os valores inteiros de x que satisfazem


simultaneamente as desigualdades
90. Determine o domínio da função real definida por
|x–2|≤3 e | 3x – 2 | > 5, obtemos:
2x
f (x) = a) 12
x 2 − 2x + 1 + x 2 + 2x + 1 b) 60
c) –12
d) –60
e) 0

94. A soma dos valores inteiros de x que satisfazem


 1, se 0≤x≤2 simultaneamente as desigualdades
91. Considere f (x) =  .
 −2, se − 2 ≤ x < 0
|x–5|<3 e |x–4|≥1 é:
a) 25
A função g(x) = | f (x) | – 1 terá o seguinte gráfico:
b) 13
y y c) 16
a) b)
2 d) 18
e) 21
1

x 95. Sendo x e y números reais quaisquer, assinale a alternativa


–2 2 x –2 2
–1 correta.
–2
x + y
a) |x+y| ≤ 2
y y
|x–y| ≥ 2 ||x| –
1
c) d) b) |y||
1
1 c) |x| + |y| > x 2 + y2

–2 2
x –2 2 x d) |x.y| > | x | . | y |

y
e) | x | + | y | = 2 x 2 + y2
e)
2
96. Encontre a melhor representação gráfica da função real
1
 1 − x 2
 se x 2 < 1
–2 2 x definida por  1 − | x |

 3 − | x | se x 2 ≥ 1

Matext18 CPV
28 MATEMÁTICA
97. A e B são subconjuntos do conjunto dos números reais 99. (FUVEST-SP/2016) A figura abaixo representa o gráfico
(), definidos por: de uma função f : [–5, 5] → . Note que f (–5) = f (2) = 0.
A restrição de f ao intervalo [–5, 0] tem como gráfico parte
A = {x Î  | 2x + 1 = | x + 1 | – | x |};
B = {x Î  | 2 ≤ | | x + 1 | – 2 |} de uma parábola com vértice no ponto (–2; –3); restrita ao
intervalo [0, 5], f tem como gráfico um segmento de reta.
Determine o intervalo real que representa A Ç B, sendo
A e B os complementares de A e B, respectivamente, em
relação a R.

98. O módulo de um número real x é definido por

|x|=x se x ≥ 0 ou por | x | = –x se x < 0.


Assinale a alternativa que melhor representa o gráfico da
função f (x) = x | x | – 2x + 2.

a) y

a) Calcule f (–1) e f (3).


1 Usando os sistemas de eixos da folha de respostas, esboce

1 x b) o gráfico de g (x) = | f (x) |, x Î [–5, 5];


c) o gráfico de h (x) = f (|x|), x Î [–5, 5];

b) y
100. (Uesc-BA/2011) Para fazer um estudo sobre certo
polinômio P(x), um estudante recorreu ao gráfico da função
1 polinomial y = P(x), gerado por um software matemático.
1 x Na figura, é possível visualizar a parte da curva obtida para
valores de x de –5 até 2,7.

c) y

1 x

d) y

1 x

e) O número de raízes da equação | P(x) | = 1,


y
no intervalo [–5; 2,7], é igual a:
a) 2
b) 3
1
c) 4
1 x d) 5
e) 6

CPV Matext18
MATEMÁTICA 29

101. (Udesc-SC) A alternativa que representa o gráfico da 103. (Puc-mg) As alturas das mulheres adultas que
função f(x) = |x + 1| + 2 é: habitam certa ilha do Pacífico satisfazem a desigualdade
| (h – 153) / 22 | ≤ 1, em que a altura h é medida em
a)
centímetros. Então, a altura máxima de uma mulher dessa
ilha (em metros) é igual a:

a) 1,60
b) 1,65
c) 1,70
d) 1,75

b) 104. (Ufscar-sp) A fórmula de conversão da temperatura na


escala Fahrenheit (F) para a temperatura na escala Celsius
5
(C) é C = 9 (F – 32).

Dada a temperatura em Fahrenheit, pode-se obter um valor


aproximado da temperatura na escala Celsius (C') através
da fórmula prática
c) 1
C' = (F – 32).
2

Se o erro absoluto E, cometido pela fórmula prática, é dado


por E = |C – C'|:

a) determine o intervalo de variação de F para que o erro


d)
absoluto seja menor que 50º Fahrenheit.
b) construa o gráfico do erro absoluto E em função da
temperatura F, em Fahrenheit.

105. (cEfEt-ce) O conjunto-solução da inequação modular

|x – 1| ≤ 2 é S = {x Î  | a ≤ x ≤ b}. O valor de b – a é:
e)
a) 0
b) 4
c) 2
d) 3
e) 1

106. (Puc-rj) Assinale a afirmativa correta.


102. (Puc-mg) Os pesos aceitáveis do pãozinho de 50 g
verificam a desigualdade | x – 50 | ≤ 2, em que x é medido A inequação – | x | < x:
em gramas. Então, assinale o peso mínimo aceitável de
uma fornada de 100 pãezinhos, em quilogramas. a) nunca é satisfeita.
a) 4,50 b) é satisfeita em x = 0.
b) 4,80 c) é satisfeita para x negativo.
c) 5,20 d) é satisfeita para x positivo.
d) 5,50 e) é sempre satisfeita.

Matext18 CPV
30 MATEMÁTICA
107. (Puc-rj) O conjunto dos números reais x tais que 112. (Mack-SP/2011) Dadas as funções reais definidas por
|x – 2| < |x – 5| é: f(x) = |x|2 – 4|x| e g(x) = |x2 – 4x|
a) vazio. considere I, II, III e IV abaixo.
b) finito.
c) o conjunto de todos os números reais menores que 7/2. I. Ambas as funções possuem gráficos simétricos em
d) o conjunto de todos os números reais entre 2 e 5. relação ao eixo das ordenadas.
e) o conjunto de todos os números reais. II. O número de soluções reais da equação f(x) = g(x) é 3.
III. A soma de todas as raízes das funções dadas é 4.
108. (Unirio) Sejam a e b números reais tais que a2 < b2. IV. Não existe x real tal que f(x) < g(x).
Então, pode-se concluir que: O número de afirmações corretas é:
a) a < b
a) 0
b) I a I < I b I
b) 1
−a 2 −b2 c) 2
c) < , se c ≠ 0 d) 3
c2 c2 e) 4
d) b < a
e) b2c2 < a2c2, se c ≠ 0 113. (if-ce/2011) Se escrevermos |x2 –4| < N,

109. (Ufv-mg) Determine todos os valores de x Î  que para todo x tal que |x – 2| < 0,01,
satisfazem simultaneamente às inequações seguintes: então o menor valor que podemos usar para N é:
(2x + 3) a) 0,0301
≥1
( x − 1) b) 0,0349
–x2 + 3x – 2 ≤ 0 c) 0,0399
d) 0,0401
e) 0,0499
|x – 2| – |x| ≥ 0
114. (Fuvest-SP)
110. (Puc-mg) Considere os conjuntos
a) Represente, no sistema de coordenadas a seguir, os
A = {x Î Z / |x + 1| < 5} e B = {x Î Z / |x| >3}.
( x + 7)
O número de elementos do conjunto A Ç B é: gráficos das funções f(x) = |4 – x2| e g(x) = .
2
a) 2 ( x + 7) .
b) 4 b) Resolva a inequação |4 – x2| ≤
2
c) 8
d) 9 115. (Uf-ce) A soma dos inteiros que satisfazem a
e) 11
desigualdade |x – 7| > |x + 2| + |x – 2| é:
a) 14
Nível IiI (difícil) b) 0
c) –2
111. (Espcex-Aman/2011) Considerando a função real d) –15
e) –18
f(x) = (x – 1) . |x – 2|, o intervalo real para o qual f(x) ≥ 2 é
116. (Uf-mg) Quantos números inteiros satisfazem a
a) {x Î  | x ≥ 3}
n - 20
b) {x Î  | x ≤ 0 ou x ≥ 3} desigualdade
n-2
³1?
c) {x Î  | 1 ≤ x ≤ 2} a) 8
b) 11
d) {x Î  | x ≥ 2} c) 9
e) {x Î  | x ≤ 1} d) 10

CPV Matext18
MATEMÁTICA 31

Gabarito 24. y 30. f (x)


y=|x|–1
01. a) 12 b) 5 c) –2 2
d) 3 – √5 e) π – 3
02. a) x2 + 2 b) –x + 5 2
c) 24 – 8x d) 6 – 3x 0 x
03. a) √10 – √7 b) 2 – √3 x
–1 –2
3
c) 3 – √7 d) 1 –
2
p
04. a) x2 b) 3-
2 31. y = | | x | – 1 | – 2
25. y y = | x2 – 6x + 8 |
05. a) 3x – 5 b) 3x – 5 f (x)
c) –x2 + 5x – 6 d) x2 – x – 6
06. S =
1
3{ }
;1
1
–1 1

07. S = Æ –3 3 x
2 4 x
08. {−2, 0, 2, 6}

{
09. S = − ;
13 7
5 5 } –2

10. O produto é zero. 32. –2 ≤ x ≤ 2


26. y
11. {–4; 8} 33. x < –3 ou x > 3
12. S = {3; 6} 34. S = {x Î R / –2 ≤ x < 0 ou 2 < x ≤ 4}
13. {–1; 1; 5; 7}
35. S = {x Î R / x ≥ 3}
14. {−1; 5}
36. S = Æ
 −1− 17 −1 + 17 
15. S =  0; −1; ; 

1 1
37. a) - 2 < x < 2
 2 2
–4 –2 2 4 x
16. {−3; 0; 1; 2} b) x ≤ 0 ou x ≥ 3

17. S = { }
2
3
; 4 F’(x) = x2 + 6x + 8 F’’(x) = x2 – 6x + 8 c)
1
- ≤ x ≤ 1
3
18. {0; 5} 38. E 39. E 40. C 41. B
19. S = {–2; 6} 42. x ≤ 0 ou x ≥ 6
20. D 27. f (x)
43. x = 0 ou 2 ≤ x ≤ 6
21. y 5 7
y=|x+1| 5 44. S = {x Î R / - 2 < x < - 4 e x ≠ –2}
45. Não existe x que satisfaça essa inequação.
1
46. S = {x Î R / x ≤ –1 ou x ≥ }
1 3
–1 x 47. S = {x Î R / –1 < x < 0 ou x > 1}
0 5/2 5 x

28. f (x)
{ }
5
48. S = − ; 3
3
49. S = {–3; 4}

50. S = { 1; }
22. y 3
y=|x–1| 51. S = {0; 2}
4 5
52. S = {–6; 4}
1 53.
y
R+
Im =
1 2
x
–2 0 2 x

29. f (x) 2 4 x

23. y 54. y
6
y=|x|+1
4
2 R+
Im =
1
2 4 6 x 2
x

–4 –2 x

Matext18 CPV
32 MATEMÁTICA
55. y 75. 96. y
y
f (x) = –x
F””(x) = –x + 1 2 F”’(x) = x + 1

1 2 3 1 F”(x) = 3 + x F’(x) = 3 – x
x 1
–1 –1 3 x –3 –2 –1 0 1 2 3 x
Im = [–1; +∞ [ –1 -x
f (x) =
3 97. S = A Ç B = {x Î R | –5 < x < –1 ou 0 < x < 3}
98. E
76. y f (x) = x2 – 4
56. y 99. a) f (–1) = – 8 e f (3) = 5
3 6
4 b)

R+
Im =
x g (x) = | f (x) |

–1 2 x

f (x) = –x2 – 4
–4

c)
77. S = [9; +∞ [ 78. S = [–4; –1] È [2; 5]
79. y
57. [–1/4; +∞ [
Im =
y
1 h (x)
6
x
–1

y
80. If = {1; –1}
1
–3 –2 –1 1 2 3
1 x
-
3 100. D 101. A 102. B 103. D
4 x
104. a) – 459,67º < F < 932º
–1 b)
58. S = {x Î R / –2 < x < 1}
81. S = [1; 2] 82. S = {(2; 1); (0; –3) (–6; 9)}
59. S = {x Î R / x > 2 ou x < –1/2} 4 3
83. {x Î R / ≤ x ≤ 2 e x ≠ }
60. S = {x Î R / x ≥ 8} 3 2
84. S = {–2; 2} 85. {1 < x < 4}
61. S = {x Î R / x < –5 ou 1 < x < 5} 86. a) f (x)
62. S = {x Î R / 1 ≤ x ≤ 2}
2
63. S = {x Î R / –2 ≤ x < 0 ou 2 < x ≤ 4} 105. B 106. D 107. C 108. B
64. S = {x Î R / x ≥ 3} 109. S = {x Î  / x ≤ –4 ou –1 < x ≤ 1}
65. S = { } 0 3 x 110. A 111. E 112. A 113. C
114. a)
66. S = {x Î R / 4 < x < 6} –2
67. S = R*+
68. S = {x Î R / x < –2 ou x > 0} b) D (f) = {x Î R / x ≠ 0 e x ≠ 3)
69. C c) Im (f) = {–2; 0; 2}
87. B 88. D
70. Há duas soluções S = {– 2; 1 – √3} 89. a) 2√2
71. y b)  x − 3 x ≥ 3
|x|–|y|=1 f ( x ) = x − 3 = 
y  −x + 3 x < 3
2
3
1
–2 –1 1 2 x
–1
–2 0 3 x

72. D 73. C
1 3 –3
74. − + = 1
2 2 90. ID = R 91. D 92. C b) S = {x Î | – 5/2 ≤ x ≤ – 1 ou 1/2 ≤ x ≤ 3}
93. B 94. E 95. B 115. E 116. C

CPV Matext18
MATEMÁTICA 33

Matrizes
NOÇÃO DE MATRIZ MATRIZES ESPECIAIS

Sejam m e n Î N*. Chama-se matriz m x n a toda tabela de Algumas matrizes, por apresentarem utilidade futura, merecem
números reais distribuídos em m linhas e n colunas. ser destacadas:

Para que haja uniformidade, convencionamos enumerar: Matriz Linha – É a matriz que possui uma única linha,
isto é, uma matriz do tipo 1 x n.
● as linhas de uma matriz de cima para baixo desde 1 até m e
● as colunas da esquerda para a direita desde 1 até n. Exemplo: A = (2 –1 3 0 5)

Sendo i e j números naturais diferentes de zero, cada elemento Matriz Coluna – É a matriz que possui uma única coluna,
da matriz é representado por ai j , em que isto é, uma matriz do tipo m x 1.
 3 
● i representa a linha e  
Exemplo: B =  5 
● j representa a coluna na qual o elemento está localizado.  
7
 a11 a12 ..... a1n  Matriz Nula – É a matriz que possui todos os elementos
 
a ..... a 2n  iguais a zero.
 21 a 22
M= ..... ..... ..... .....  ou M = ( a i j )  0 0 0
 Exemplo: O =  
a ...... a m n   0 0 0
 m1 a m 2 
Matriz Quadrada de ordem n – É a matriz que
É indiferente representar os elementos de uma matriz entre possui o número de linhas igual ao número de colunas, isto é,
colchetes [ ], barras duplas || || ou parênteses ( ), como mostram matriz do tipo n x n.
os exemplos abaixo.
1 2 3 
As barras simples | | são reservadas aos determinantes  
associados às matrizes quadradas. Exemplo: M =  4 5 6 
 
 7 8 9 
Exemplos:
Diagonal Principal
[ 3 ] é uma matriz 1 x 1 Numa matriz quadrada de ordem n, a diagonal principal é o
|| 3 2 || é uma matriz 1 x 2 conjunto de todos os elementos tais que i = j, isto é:
(3 2 1) é uma matriz 1 x 3
3 {a i j | i = j} = {a11 ; a22 ; a33 ; . . . . ; ann}
  é uma matriz 2 x 1
2
  Diagonal Secundária
3 2 Numa matriz quadrada de ordem n, a diagonal secundária é
é uma matriz 2 x 2
1 0 o conjunto de todos os elementos tais que i + j = n + 1:
3 2 1 
 {a i j | i + j = n + 1} = {a1, n; a2, n – 1; a3, n – 2; . . . . ; an , 1 }
 é uma matriz 2 x 3
0 3 2
3   1 2 3 
    é uma matriz quadrada
 2  é uma matriz 3 x 1 Exemplo: M =  4 5 6 
  de ordem 3.
1   7 8 9 
   
. . . . e assim por diante . . . Sua diagonal principal é igual a 1, 5 e 9.
Sua diagonal secundária é igual 7, 5 e 3.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. MAtext19 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
34 MATEMÁTICA
Matriz Diagonal Matriz Oposta
É a matriz quadrada em que todos os elementos que não
Dada a matriz A m x n, chama-se oposta de A à matriz A’ obtida
pertencem à diagonal principal são iguais a zero.
trocando-se o sinal de todos os elementos de A.
1 0
Exemplos:   matriz diagonal de ordem 2
 0 2  Isto é:

1 0 0 a b  −a −b 
  Se A =   então A’ =  
 0 2 0  matriz diagonal de ordem 3  c d   −c −d  ,
 
 0 0 3 
0 0
Matriz Identidade (ou Unidade) de forma que A + A’ =  
 0 0 
É a matriz diagonal (quadrada) de ordem n (indica-se por In)
em que os elementos da diagonal principal são iguais a 1. Se a
matriz é do tipo diagonal, é claro que todos os outros elementos Diferença de Matrizes
são iguais a zero.
Dadas duas matrizes Am x n e Bm x n, chama-se diferença
1 0 
Exemplos:   matriz identidade de ordem 2 A – B à soma de A com a oposta de B.
 0 1 
1 0 0
 
 0 1 0  matriz identidade de ordem 3 PRODUTO DE UM ESCALAR POR UMA MATRIZ
 
 0 0 1 
Dado um número k e uma matriz Am x n, chama-se produto
Propriedade A . In = In . A = A k . A à matriz Bm x n que se obtém multiplicando-se cada
elemento de A pelo número k.
IGUALDADE ENTRE MATRIZES
Duas matrizes são iguais se forem do mesmo tipo n x m e, a b  ka kb 
Exemplo: k.   =  
além disso, se todos os elementos correspondentes forem iguais  c d   kc kd 
(elementos com mesmos índices)
a b  e f 
  =  
 c d   g h  Þ a = e ; b = f ; c = g ; d = h MATRIZ TRANSPOSTA

Dada a matriz A = (ai j) m x n, chama-se transposta de A à matriz


ADIÇÃO DE MATRIZES At = (aj i) n x m na qual cada linha de A passa a ser coluna de At
e cada coluna de A passa a ser linha de At .
A soma de duas matrizes Am x n e Bm x n é igual à outra matriz
Cm x n se, e somente se, cada elemento de C é a soma dos 1 4 
elementos correspondentes em A e B. 1 2 3   
Exemplo: 
A= 4 5 6 t
Þ A =  2 5
Note que a soma de duas matrizes A e B só é possível se A e B  2 x3  
 3 6  3 x 2
forem do mesmo tipo m x n.

Propriedades Propriedades

● (A + B) + C = A + (B + C)
● ( At )t = A para toda matriz A = (a i j) m x n
● A + B = B + A
● (A + B) t = At + Bt se A = (ai j) m x n e B = (bi j) m x n
● Elemento Neutro Þ existe M tal que A + M = A
qualquer que seja A do tipo m x n. ● (k A)t = k At se k Î R e (Ai j) m x n
● Simétrico Þ existe A' = – A tal que A + A' = 0
qualquer que seja A do tipo m x n. ● (AB)t = Bt At se A = (ai j) m x n e B = (bj k) n x p’

CPV MAtext19
MATEMÁTICA 35

exercícios MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES

01. Sejam as matrizes Para se multiplicar uma matriz por outra, multiplicam-se,
A = (ai j) 2 x 3, em que ai j = i + j e ordenadamente, os elementos de cada linha da primeira matriz
B = (bi j) 3 x 2, em que bi j = 2i – j. pelos elementos de cada coluna da segunda matriz para, a seguir,
somar os produtos encontrados.
Determine a matriz C = 2A + Bt.

 1 0
 2 3 −1   
02. Sendo A =   e B=  −1 2  , Exercício Resolvido
1 4 3   
 3 4
   2 6  4 5
determine X = A + 3B t. A. Dadas as matrizes A =   e B= 
 3 8  7 1
   

 c11 c12 
exercícios de casa determine o produto A . B =  c 

 21 c22 
nÍVEL I (fácil)

03. Determine os valores de a, b, c e d, de modo que se verifiquem


as igualdades. Resolução:

 3 5 a −5 b Cada linha x coluna resulta em um elemento da matriz A.B.


a)   =  
−1 2  c+ 2 d
   
Multiplicando a 1a linha de A pela 1a coluna de B,
a + b 3   4 c−d
b)   =  
 2 
c+d  13 
 a −b obtemos c11, ou seja, c11 = 2 . 4 + 6 . 7 = 8 + 42 = 50.

04. Sejam as matrizes A = (ai j) 2 x 2 e B = (bi j) 2 x 2 tais que


Multiplicando a 1a linha de A pela 2a coluna de B,
 2, se i = j  i + 2j, se i = j
a =  e bi j = 
i j –3, se i ≠ j  3i – j, se i ≠ j obtemos c12, ou seja, c12 = 2 . 5 + 6 . 1 = 10 + 6 = 16.

Determine a matriz C = 2A – 3Bt.


Multiplicando a 2a linha de A pela 1a coluna de B,
−1 2
−2 1 3  
05. Dadas as matrizes A =  0 1 −2 e B =  2 0 , obtemos c21, ou seja, c21= 3 . 4 + 8 . 7 = 12 + 56 = 68.
  
 3 −2 
 
determine a matriz X tal que X + 2At = B. Multiplicando a 2a linha de A pela 2a coluna de B,

06. Sendo I a matriz identidade e A = (ai j) 3 x 3, na qual obtemos c22 , isto é, c22 = 3 . 5 + 8 . 1 = 15 + 8 = 23.
ai j = 2 i – j, determine a matriz X tal que X – 2 I = 3At.
50 16 
Resultado: A . B =  

 68 23
07. Matriz simétrica é toda matriz tal que A = At.
Determine os valores de a, b e c para que a matriz
 3 a − 2
 
 1 
−1 0
A=  seja simétrica.
 2 
 c b 1 

MAtext19 CPV
36 MATEMÁTICA

Dispositivo Prático Exercícios Resolvidos

Obter A . B é mais fácil se as matrizes forem assim colocadas: B. Dadas as matrizes A e B, calcule A . B e também B . A.

Resolução:
 2 6  2.4 + 6 . 7 2.5 + 6 .1 50 16 
A=   =  = A.B

 3 8 3. 4 + 8 . 7 3.5 + 8 .1  68 23  0 2  0.1 + 2 . 3 0.2 + 2 . 2 6 4
   A=   =  = A.B
4  3 1  3.1 + 1.3 3. 2 + 1 . 2   6 8
5      
B= 
7 1 
 1 2
B= 
Observe: 3 2

seguindo a 1a linha da matriz A e a 1a coluna da matriz B e
multiplicando ordenadamente os elementos, encontramos 1 2  1.0 + 2 .3 1.2 + 2 .1   6 4
B=   =  = B. A
3 2 3. 0 + 2 .3 3. 2 + 2 .1  6 8
2 . 4 + 6 . 7 = 50      

0 2
seguindo a 1a linha da matriz A e a 2a coluna da matriz B e A= 
3 1 
multiplicando ordenadamente os elementos, encontramos 

2 . 5 + 6 . 1 = 16 Neste caso, o resultado de A . B é igual ao resultado de B . A.

seguindo a 2a linha da matriz A e a 1a coluna da matriz B e


multiplicando ordenadamente os elementos, encontramos
C. Dadas as matrizes A e B, calcule A . B e B . A.
3 . 4 + 8 . 7 = 68
Resolução:
seguindo a 2a linha da matriz A e a 2a coluna da matriz B e
multiplicando ordenadamente os elementos, encontramos  1 2 1.1 + 2.2 1.2 − 2.2   5 −2
     
A =  2 2  2.1 + 2.2
 2.2 − 2.2 =  6 0  = A .B
3 . 5 + 8 . 1 = 23  3 1  3.1 + 1.2 3.2 − 1.2   5 4 
  
1 2
B= 
Propriedade da Multiplicação de Matrizes 2 − 2

A multiplicação de matrizes não é comutativa. A é do tipo 3x2 e B é do tipo 2x2, portanto A . B é do tipo 3x2.
Dependendo da ordem, A . B ou B . A,
o resultado pode ser diferente!
Cálculo de B . A:
A.B≠B.A

Vamos, agora, obter B . A e comprovar essa propriedade: 1 2 1.1 + 2 . 2 + ? 
B=    Þ não existe B . A
 2 −2   
   

 4 5  4.2 + 5.3 4.6 + 5.8   23 64 1 2


B=   =  = B. A  
 7 1  7 . 2 + 1.3 7 . 6 + 1 .8 17 50 A =  2 2
  
3 1
2 6 
A= 
3 8 

O produto B . A não existe porque em cada linha de B há
2 elementos e em cada coluna de A existem 3 elementos.

Não há, portanto, correspondência dois a dois para o produto...

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MATEMÁTICA 37

Fique Atento! exercícios

● Se Am x p . Bq x n = Cr x s : 08. Seja A uma matriz do tipo 2 x 3 tal que seu elemento genérico
é ai j = 3i + j.

no de colunas de A = no de linhas de B, isto é, p = q; Seja B uma matriz do tipo 3 x 2 tal que seu elemento genérico
é bi j = i – j.

no de linhas de A = no de linhas de C, isto é, m = r e Quanto vale a soma dos elementos de A . B?

no de colunas de B = no de colunas de C, isto é, n = s.

Am x p . Bp x n = C m x n

Exemplos: A5x3 . B3x8 = C5x8


A4x3 . B4x2 = não existe produto

● Dadas A = (aij )m x p e B = (bij)p x n, o produto de A e B é a  1 1  170 


09. Sendo A =   e B=  
  10  ,
p  0 1  
matriz A . B = C = (cij )m x n tal que cij = ∑ (a ik . b kj ) x
k =1 a matriz X =  y  na equação A16 . X = B será:
 
quaisquer que sejam 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n.
5
a)  
5
 
Propriedades da multiplicação de matrizes

● A multiplicação de matriz por matriz não é comutativa.  0


b)  
 10 
 
A.B≠B.A

● Respeitando-se a ordem, a multiplicação de matrizes é  10 


c)  
 5
 
associativa: A . B . C = (A . B) . C = A . (B . C)

distributiva: (A + B) . C = A . C + B . C ou
 10 
d)  
C . (A + B) = C . A + C . B  10 
 

● A matriz identidade In é o elemento neutro da  5


multiplicação de matrizes, isto é, A . In = In . A = A. e)  
 10 
 

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38 MATEMÁTICA
exercícios de casa
16. Uma matriz X tem elementos cuja soma vale 1.
nÍVEL I (fácil)
 2 m n 4 Seja Xt a transposta da matriz X.
10. Dadas as matrizes A =  , B=  e C= ,  1 −1 
1 4  1 0
      Sabendo que X .   . Xt = [1]
 −1 1 
calcule os valores de m e n sabendo que AB = C.
podemos afirmar que o produto dos elementos de X vale:
2 m a) 0
11. Dadas as matrizes A =   e B = [ –1 4 ],
4 1  b) 0,25
 
c) 0,16
calcule o valor de m para que a matriz A . Bt seja nula.
d) –2
e) –6
12. Considere as matrizes
 1 5
  1 5 6  0 1
A =  2 0  e B =   e seja C = AB.
 6 5 1 17. Com relação à matriz A =  −1 −1  ,
−2 1  
 
a opção correta é:
Quanto vale a soma dos elementos da 2a coluna de C?
a) A24 = I2, sendo I2 a matriz identidade de ordem 2.
b) A22 = I2, sendo I2 a matriz identidade de ordem 2.
13. Dadas as matrizes
c) A21 = A
x y  x 6   4 x + y d) A21 = A2
A =   , B =   e C =  ,
 z w  
−1 2 w  z + w 3  e) A22 = A2
e sendo 3A = B + C, encontre o valor da soma x, y, z e w.
18. Se A é uma matriz do tipo 3 x 4 e
nÍVEL Ii (médio)
 1 1  se AB é uma matriz do tipo 3 x 2 , então B é de que tipo?
14. (FGV) Seja a matriz A =   .
 0 1 
A soma dos elementos da matriz A100 é: 19. Sejam as matrizes

a) 102 3 0 0  5 0 0
   
b) 118 
A=  0 − 2 0 e B =  0 2 0 .
  
c) 150  0 0 7  x 0 7
d) 175
e) 300 Calcule o valor de x tal que AB = BA.

15. A e B são matrizes e At é a matriz transposta de A.


 2 −3  1 20. Seja A uma matriz diagonal de ordem 2, isto é,
   
Se A =  1 y  e B =  2  ,  x 0
    A é do tipo   , em que x e y Î .
x 2 1  0 y
     
então a matriz At . B será nula para: Quantas matrizes satisfazem a equação matricial A 2
– A = O, em que O é a matriz nula de ordem 2?
a) x + y = –3
b) x . y = 2
x nÍVEL IIi (difícil)
c) = –4
y  1 1 4
21. Dadas as matrizes A =   e B =   , qual o valor da
d) x . y2 = –1  2 3 4
   
y
e) = –8 soma dos elementos da matriz X, tal que X = AX + B?
x

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MATEMÁTICA 39

MATRIZ INVERSA Resolução:


 5 6   a c   1 0
Sejam A uma matriz quadrada e a)  . = 
1 2  b d   0 1 
     
In uma matriz identidade, ambas de ordem n.
o que resulta nos sistemas
● A é matriz inversível se existir uma matriz B tal que  5a + 6b = 1  5c + 6d = 0
 
 a + 2b = 0 e  c + 2d = 1
AB = BA = In.
 1 3
 − 
 2 2
● Se A é inversível, então é única a matriz B tal que donde vem A–1 =  1 
 5
− 
 4 4
AB = BA = In.
 2 0 0   a d g   1 0 0
     
b)  0 3 0 .  b e h  =  0 1 0
● Neste caso, a matriz B é representada por A–1 e     
 0 0 4  c f i   0 0 1 

     
A . A–1 = A–1 . A = In. que equivale aos sistemas

2a + 0b + 0c = 1 2d + 0e + 0f = 0 2g + 0h + 0i = 0


Exemplo:   
 7 −3 0a + 3b + 0c = 0, 0d + 3e + 0f = 1 e 0g + 3h + 0i = 0
 1 3   
A matriz A =   é inversível e A–1 =   0g + 0h + 4i = 1
 −2 1  , 0a + 0b + 4c = 0 0d + 0e + 4f = 0
 2 7  
1 
 1 3  7 −3  1 0  0 0
2 
pois A . A–1 =  

. 
−2
 =  
 0 1 = I2  
 2 7  1     1 
donde vem B–1 =  0 0
 3 
 1 
Propriedades 0 0
 4 

exercícios
● (A–1)–1 = A  1 − 2a   2a − 1
 2a   1 
● (A–1)t = (At)–1 
22. Sendo A =  2  
e B = 
2 


 2a + 1 1  − 2a − 1 2a 
● (A . B)–1 = B–1 . A–1
determine o valor de a de modo que B seja a inversa da matriz A.

exercício RESOLVIDO

D. Determine a inversa das matrizes:

5 6 23. As matrizes A e B são conhecidas, a matriz I é a matriz


a) A =  
 identidade e todas são de ordem 3.
1 2
Admitindo a existência das inversas que aparecem nas
alternativas, podemos dizer que a solução da equação
2 0 0 matricial X = A . X + B é:
 
b) B =  0 3 0 
 
0 0 4 a) A–1 . B
 

b) – (A–1 . B)
c) (I – A)–1 . B
d) B . (I – A)–1
e) A . (I – B)–1

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40 MATEMÁTICA
exercícios de casa

nÍVEL i (fácil)
28. A soma dos elementos da 1a coluna da matriz inversa de
24. Determine as inversas das matrizes:
−1 2   2 −1 3
 
a) A =  
 A = 0 2 0 é:
 3 −1  
 4 0 0

a) 1
 0 −2  b) 0
b) B = 1 
0  1
 c)
3
4
d) -
nÍVEL Ii (médio) 5

e) n.d.a.
25. Na confecção de três modelos de camisas (A, B e C) são
usados botões grandes (G) e pequenos (p).
 1 2  3 1
O número de botões por modelo é dado pela tabela: 29. Se A =   e B=  , determine X = (AB–1)t.
 2 1  0 2
   

Camisa A Camisa B Camisa C  x 7  9 −7 


30. A inversa da matriz   é a matriz  .
Botões p 3 1 3  5 y −5 4 
  
Botões G 6 5 5 Nesse caso, é correto concluir que:
a) x = –9 e y = –4
O número de camisas fabricadas de cada modelo, nos meses b) x=4 e y=9
de maio e junho, é dado pela tabela: c) x=9 e y=4
d) x=3 e y=2
Maio Junho e) x = y = 36
Camisa A 100 50 31. O número de matrizes A = (ai j)2 x 2 em que
Camisa B 50 100
x para i = j
Camisa C 50 50 ai j =   tais que A = A–1 é:
 y para i ≠ j
Construa a tabela que dá o total de botões usados em maio a) 0
e junho. b) 1
c) 2
d) 3
26. Supondo a existência da matriz X na equação AXB + C = A, e) 4
determine X em função de A, B e C.
nÍVEL IIi (difícil)
2 1 1 3

32. (uf-sc) Sendo A =   e B = 
5 9 determine:
27. No que se refere à solução da equação AX = B, em que A 5 3
e B são matrizes quadradas de ordem 3, pode-se dizer que
a) o produto da matriz inversa de A pela matriz transposta
a equação:
de B: (A–1 . Bt).
a) pode não ter solução
b) nunca tem solução b) as matrizes X e Y que são soluções do sistema:
c) tem sempre uma solução e que X = B/A  2X + Y = A


d) tem sempre uma solução e que X = B . A–1  3X + 2Y = B

e) tem sempre uma solução e que X = A–1 . B

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MATEMÁTICA 41

exercícios complementares A matriz A = (aij)4x4, associada à tabela, possui a seguinte


lei de formação:
nÍVEL i (fácil)
1 3  0, se i ≤ j 0, se i = j
2 3 1    a) a ij =  b) a ij = 
33. Sejam A =   e B =  0 4 . 1, se i > j 1, se i ≠ j
1 −1 7  
 2 2 0, se i ≥ j 0, se i ≠ j
Calcule a soma dos elementos da 1a linha de A x B. c) a ij =  d) a ij = 
1, se i < j 1, se i = j

34. Considere as matrizes A = (ai j) 2 x 3 tal que ai j = i e 0, se i < j


e) a ij = 
1, se i > j
(bi j) 3 x 2 tal que bi j = j.
B=
Calcule a soma dos elementos da 1a linha de A x B.
nÍVEL Ii (médio)
5 0 −3  1 −1 40. Sejam as matrizes A do tipo m x n, B do tipo n x p e
  
35. Sendo A = 1 −2 1  e B =  0 3  , C do tipo q x r. Então:
 
0 0 −1 
−2 4 a) A (BC) é do tipo m x r se p = r
qual é o elemento c12 da matriz C = A . B? b) A (BC) é do tipo m x r se q = r
c) A (B + C) é do tipo m x p se n = q e p = r
36. (UNICAMP-SP/2016) Em uma matriz, chamam-se elementos
d) A + B + C é do tipo m x n
internos aqueles que não pertencem à primeira nem à última
e) A (CB) é do tipo m x q se n = q
linha ou coluna. O número de elementos internos em uma
matriz com 5 linhas e 6 colunas é igual a: 41. Determine x, sabendo que as matrizes
a) 12 b) 15 c) 16 d) 20 3 0  7 0
A=  eB=   comutam, ou seja: AB = BA.
1 −4 −8 x 
 0 1 −1 1    
37. Dadas as matrizes A =   e B=  , prove que:
 3 2  0 1
    42. A, B e C são matrizes quadradas de ordem 3.
a) (A + B)t = At + Bt b) (A . B)t = Bt . At I é a matriz identidade de ordem 3.
O é a matriz nula de ordem 3. Assinale a alternativa falsa.
 m 2  1 p
38. São dadas as matrizes A =   e B= . a) (A + B) . C = AC + BC
 3 1 −3 2
    b) AB = O Þ A = O ou B = O
Sabe-se que o produto AB é igual à matriz nula. c) (A + C) . I = A + C
Determine os valores de m e p. d) (BC)t = Ct . Bt
e) AC = CA = I Þ C = A–1
39. (Ufsm-rs/2011) O diagrama dado representa a cadeia
alimentar simplificada de um determinado ecossistema. As 43. A matriz A é do tipo 5 x 7 e a matriz B do tipo 7 x 5.
setas indicam a espécie de que a outra espécie se alimenta. Assinale a alternativa correta.

a) A matriz AB tem 49 elementos
b) A matriz BA tem 25 elementos
c) A matriz (AB)2 tem 625 elementos
d) A matriz (BA)2 tem 49 elementos
e) A matriz (AB) admite inversa

44. Sejam A uma matriz quadrada e I a matriz identidade,


ambas de ordem n. Se A2 = I, então:
a) A3 = A b) A10 = A c) A15 = I
d) A85 = I e) A não admite inversa

Atribuindo valor 1 quando uma espécie se alimenta de outra 45. As matrizes A e B são quadradas de ordem 2.
e zero quando ocorre o contrário, tem-se a seguinte tabela: Assinale a alternativa correta.
Urso Esquilo Inseto Planta a) (A + B)2 = A2 + 2 . AB + B2
Urso 0 1 1 1 b) (A + B) (A – B) = A2 – B2
Esquilo 0 0 1 1 c) (A . B)t = Bt . At
Inseto 0 0 0 1 d) (AB)–1 = A–1 . B–1
Planta 0 0 0 0
e) (A + B)–1 = B–1 + A–1
MAtext19 CPV
42 MATEMÁTICA
 2 −1 51. (Uf-pb/2011) A prefeitura de certo município planeja solicitar
46. Dada a matriz A =   , determine a matriz B tal que ao governo federal uma verba especial para a construção de
 1 −1
casas populares nos setores S1, S2 e S3 desse município. Serão
AB = I, em que I é a matriz identidade de 2a ordem. construídas casas dos tipos 1, 2 e 3 , que terão custo de construção
de 20.000 reais, 30.000 reais e 40.000 reais respectivamente.
47. Se A–1 = At, então A é uma matriz ortogonal.
Realizado, em cada setor, cadastramento das famílias que
necessitam de moradia, foram obtidos os dados da matriz a
 1
 3 
 2 seguir, em que o elemento Aij representa o número de famílias
2 
Verifique se a matriz A =  é ortogonal. que pleiteiam uma casa do tipo i e moram no setor Sj.
 1 
− 3 30 50 40
 2 2  A = 25 30 35
25 10 15
48. Seja A uma matriz do tipo 2 x 3 tal que seu elemento genérico Com base nos dados apresentados e considerando que cada
é ai j = 3i – j. Seja B outra matriz 3 x 2 tal que b i j = i – 2j. família cadastrada será contemplada com uma casa, identifique
Quanto vale o elemento c22 , em C = A . B? as afirmativas corretas:
( ) O número total de casas que serão construídas, nos três
49. (Uel-pr/2011) Uma indústria utiliza borracha, couro e setores, será de 270.
tecido para fazer três modelos de sapatos. A matriz Q fornece ( ) O custo total previsto para a construção de todas as casas,
a quantidade de cada componente na fabricação dos modelos nos três setores, será maior que sete milhões de reais.
de sapatos, enquanto a matriz C fornece o custo unitário, ( ) O setor 1 é o setor onde será construído o maior número
em reais, destes componentes. de casas.
( ) O número de casas do tipo 1 a serem construídas nos
três setores será maior que o número de casas do tipo 2
que serão construídas nos mesmos setores.
( ) A prefeitura gastará mais com a construção das casas
do tipo 2 do que com as casas do tipo 3.

52. (Uff-rj/2011) A transmissão de mensagens codificadas em


tempos de conflitos militares é crucial. Um dos métodos de
criptografia mais antigos consiste em permutar os símbolos
das mensagens. Se os símbolos são números, uma permutação
pode ser efetuada usando-se multiplicações por matrizes de
permutação, que são matrizes quadradas que satisfazem as
seguintes condições:
● cada coluna possui um único elemento igual a 1 (um) e todos
A matriz V que fornece o custo final, em reais, dos três os demais elementos são iguais a zero;
modelos de sapatos é dada por: ● cada linha possui um único elemento igual a 1 (um) e todos
os demais elementos são iguais a zero.
110  90   80 
      0 1 0
a) V = 120 b) V = 100 c) V = 110 Por exemplo, a matriz M = 0 0 1
     
 80   60   80  1 0 0
a
120 100 permuta os elementos da matriz coluna Q = b ,
   
d) V = 110 e) V = 110 c
   
100  80  b
transformando-a na matriz P = c pois P = M . Q.
 a 2a + 1 a
50. (Fuvest/2012) Considere a matriz A =   a c
a − 1 a + 1
  A matriz que permuta b transformando-a em a é:
em que a é um número real. Sabendo que A admite inversa c b

 2a − 1 0 0 1 1 0 0 0 1 0
A–1 cuja 1a coluna é   , a soma dos elementos da a) 1 0 0 b) 0 0 1 c) 1 0 0
 −1 
  0 1 0 0 1 0 0 0 1
diagonal principal de A–1 é igual a:
0 0 1 1 0 0
a) 5 b) 6 c) 7 d) 8 e) 9 d) 0 1 0 e) 0 1 0
1 0 0 0 0 1

CPV MAtext19
MATEMÁTICA 43

53. (Uesc-BA/2011) O fluxo de veículos que circulam pelas ruas Nesse contexto, identifique as afirmativas corretas relativas aos
de mão dupla 1, 2 e 3 é controlado por um semáforo, de tal modo deslocamentos no mês da observação:
que, cada vez que sinaliza a passagem de veículos, é possível ( ) Os deslocamentos partindo da cidade C3 tiveram como
que passem até 12 carros, por minuto, de uma rua para outra. destino, em sua maioria, a cidade C2.
0 90 36 ( ) Os deslocamentos partindo da cidade C1 totalizaram
Na matriz S = 90 0 75 , cada termo Sij indica o tempo, 1100.
36 75 0 ( ) Os deslocamentos com destino à cidade C3 totalizaram
em segundos, que o semáforo fica aberto, num período de 1770.
2 minutos, para que haja o fluxo da rua i para a rua j. ( ) Os deslocamentos com destino à cidade C1 totalizaram
O número máximo de automóveis que podem passar da rua um número menor do que o total de deslocamentos com
2 para a rua 3, das 8h às 10h de um mesmo dia, é: destino a qualquer uma das outras duas cidades.
( ) Os deslocamentos partindo da cidade C2 totalizaram um
a) 432 b) 576 c) 900 d) 1080 e) 1100 número maior do que o total de deslocamentos partindo
a b de qualquer uma das outras duas cidades.
54. (Uftm-mg/2011) É dada a matriz A = – b a ,
em que a e b são números reais. 58. (Ibmec-rj/2010) Sejam M e N matrizes quadradas de ordem
2, cujos determinantes são denotados respectivamente por
0 1 a 2
Se . = , o determinante de A é igual a: Det (M) e Det (N). Seja O a matriz nula de ordem 2.
3 5 b 22
Assinale a afirmativa correta.
a) 3b + 4a b) 2b2 + a2 c) b2 + 5
a) Se Det (M) = 0 então M = O.
d) 5a + 2 e) 5a
b) Det (M + N) = Det (M) + Det (N).
c) Det (3M) = 3 Det (M).
55. (if-sc/2011) Sobre as propriedades da matriz transposta,
d) Det (–M) = – Det (M).
considere as sentenças abaixo:
e) Se Det (MN) = 0 então Det (M) = 0 ou Det (N) = 0.
I. (A + B)t = At + Bt II. (kA)t = kAt
III. (AB)t = AtBt 59. (Unicamp-sp/2010) Considere a matriz
Assinale a alternativa correta. a11 a12 a13
a) Apenas a sentença II é verdadeira. A = a21 a22 a23 , cujos coeficientes são números reais.
b) Apenas a sentença III é verdadeira. a31 a32 a33
c) Apenas as sentenças I e II são verdadeiras. a) Suponha que exatamente seis elementos dessa matriz
d) Apenas as sentenças II e III são verdadeiras. são iguais a zero. Supondo também que não há nenhuma
e) Apenas as sentenças I e III são verdadeiras. informação adicional sobre A, calcule a probabilidade de
que o determinante dessa matriz não seja nulo.
56. (Uepg-pr/2010) Dadas as matrizes
b) Suponha agora que
1 0 1 sen x aij = 0 para todo elemento em que j > i e
A= 0 –1 e B = – sen x – 1 ,
aij = i – j + 1 para os elementos em que j ≤ i.
assinale o que for correto. Determine a matriz A e calcule sua inversa A–1.
01. Se x = π, então det B = 0.
60. (Ibmec-rj) Considere os pontos P1, P2 e P3 e a

( )
02. A matriz A.B é transposta de B.
0 12 20
04. B – A = – B
matriz 12 0 16 em que
08. det (A.B) = cos2x
20 16 0
16. det B ≤ 0, para todo x Î R.
cada aij é o valor da distância entre Pi e Pj.
57. (Uf-pb/2010) Foi feito um estudo envolvendo três cidades, No triângulo formado por esses pontos, a mediana relativa a P2
C1, C2 e C3, a fim de verificar o fluxo entre seus habitantes, mede:
com vistas a possíveis melhorias nas rodovias que ligam essas a) 6 b) 8 c) 10 d) 12 e) 14
cidades. Para isso, foi observada, durante um ano, a quantidade
de deslocamentos entre essas cidades. 61. (Uf-ce) O valor 2A2 + 4B2 quando
O resultado dessa observação, em certo mês, está mostrado na 2 0 0 –1
matriz abaixo, em que o elemento presente na linha i e na coluna A= 0 –2 e B= 1 0 é igual a:
j representa a quantidade de deslocamentos da cidade Ci para
a cidade Cj, nesse mês. 4 4 4 0 0 0
a) b) c)
0 300 800 4 4 0 4 0 0
430 0 970
0 4 6 0
350 370 0 d) e)
4 0 0 6

MAtext19 CPV
44 MATEMÁTICA
nÍVEL IIi (difícil) gabarito

62. (Uff-rj/2012) Se C1, C2,..., Ck representam k cidades que 5 9 13 5 0 8 


 
01. C =   02.
 1 10 15 
compõem uma malha aérea, a matriz de adjacência associada à  6 10 14
 
malha é a matriz A definida da seguinte maneira: o elemento na 03. a) a = 8, b = 5, c = –3, d = 2
b) a = 3, b = 1, c = 8, d = 5
linha i e na coluna j de A é igual ao número 1 se existe exatamente  3 2
um voo direto da cidade C para C1; caso contrário, esse elemento −5 −21  
04. C =   05. X =  0 −2 
−9 −14  
é igual ao número 0. Uma propriedade importante do produto com −3 2 
 5 9 15
An = AA A , n Î N, é a seguinte:
...   1
06. X =  0 8 12 07. a = –1; b = ; c = − 2
n fatores   2
−3 3 11
o elemento na linha i e na coluna j da matriz A dá o no de voos 08. 47 09. D 10. m = 12 e n = – 4
com exatamente n – 1 escalas da cidade C1 para a cidade Cj. 1
11. m = 12. A soma é 35.
Considere a malha aérea composta por quatro cidades, C1, C2, C3 2

e C4, cuja matriz de adjacência é 13. x + y + z + w = 10 14. A 15. D 16. A 17. A

0 1 1 1 18. B é do tipo 4 x 2. 19. x = 0


1 0 1 1  0 0  0 0
 1 0  1 0
A= 20. Quatro matrizes:  , 
,  ,

1 1 0 0  0 0  0 1
 0 0  0 1
1 1 0 0
1 3
21. A soma é –2. 22. a = ou a = −
Os números de voos com uma única escala de C3 para C1, de C3 23. C
2 2
para C2 e de C3 para C4 são, respectivamente, iguais a: 1 2
 0 1
 
− 1 5 5 −1  
a) 0, 0 e 1 24. a) A =   b) B =  1 
3 1 − 0
   2 
b) 1, 1 e 0 5 5
c) 1, 1 e 2 25.
d) 1, 2 e 2 Maio Junho
e) 2, 1 e 1 Botões p 500 400
Botões G 1100 1050

63. (Medicina Einstein-SP/2016) Uma matriz quadrada se diz ortogonal 26. X = B–1 – A–1 C B–1 27. A 28. C
se sua inversa é igual à sua transposta. 1 2 
 
3 3 
x–3 – 5 29. X =   30. B 31. E
Dada a matriz A = , em que x Î C*, a soma dos 5 1 
 
5 x–3 6 6 
−12 −30 3 −1 −4 3
valores de x que a tornam uma matriz ortogonal é igual a 32. a) A–1 . Bt =   b) X =    
 5 13 
 5 −3 e Y = −5 9
a) 6 + 4i 33. A soma é 24. 34. A soma é 9.
b) 6 – 4i 35. c12 = –17 36. A
c) 6 37. Basta efetuar as operações em ambos os membros.
d) 4 2
38. m = 6 e p = − 39. C 40. C 41. 63
3
42. B 43. D 44. A 45. C
 1 3 

1 −1  2 − 2 
46. B =   47. A–1 =   = At, portanto A é ortogonal.
1 −2  3 1 
 2 2 
48. c22 = –26 49. E 50. A 51. F – V – F – V – V
52. A 53. C 54. E 55. C
56. 08 + 16 = 24 57. V – V – V – F – V 58. E

1
59. a)
14
1 0 0  1 0 0
   
b) A =  2 1 0 A matriz inversa A–1 = −2 1 0 
 
3 1  1 −2 1 
 2 

60. C 61. B 62. C 63. C

CPV MAtext19
MATEMÁTICA 45

Determinantes EXERCÍCIOS
2i − j, se i = j
01. Seja a matriz A = (aij)2x2 na qual aij =  2 .
A toda matriz quadrada M = (ai j), de ordem n, cujos elementos i + j, se i ≠ j

ai j são números complexos, associa-se, por definição, um Calcule det(At)
único número que será denominado o seu determinante e que
indicaremos com um dos símbolos:

a11 a12 .... a1n 1 1 0


a 21 a 22 .... a 2n 02. Seja D = 1 sec x tg x .
det M ou det ( M ) ou .... .... .... .... 0 tg x sec x
a n1 a n 2 .... a n n
Se D = 0 e p ≤ x ≤ 2p, então:
5p
● Se M é de ordem n = 1, então det M é igual ao valor do a) x = p b) x = 2p c) x = 4
único elemento de M.
4p 7p
Exemplo: M = [–2] Þ det M = –2 d) x = 3 e) x = 6

03. Encontre o conjunto-solução da inequação


● Se M é de ordem n = 2, então det M é igual ao produto -1 x 2
dos elementos da diagonal principal menos o produto dos 0 3 1 ≤ – (10 + x)
elementos da diagonal secundária.
x 0 2
Exemplo:
 5 1 5 1
M=   Þ det M = =5x2–4x1=6
 4 2 4 2
EXERCÍCIOS de casa
Note que apenas matrizes quadradas possuem determinantes.
NÍVEL I (fácil)

● Se M é de ordem n = 3, utilizamos a Regra de Sarrus, 04. Resolva as equações


descrita a seguir: x -1
x 0 0
1. ao lado da matriz, repetimos as duas primeiras colunas; a) = 2 b) -1 x 2 = 1
2x 3
0 1 3
2. a diagonal principal e as paralelas a ela recebem o sinal
positivo; 2 -1 2 -2
05. Calcule o valor de .
3. a diagonal secundária e as paralelas a ela recebem o sinal 0 7 1 4
negativo.

a11 a12 a13 a11 a12


x 4 0 x
det M = a 21 a 22 a 23 a 21 a 22 06. Determine x de modo que . =0
1 x x 1
a 31 a 32 a 33 a 31 a 32

– – – + + +
x 1 x
07. Resolva a equação 3 x 4 = –3
1 2 3 1 2
1 3 3
det M = 6 4 5 6 4 = –29 + 38 = 9
2 1 0 2 1
NÍVEL II (médio)
–24 –5 –0 0 20 18
2x -1 3
08. Resolva a equação 1 2x -2 =0
● Se M é de ordem n > 4, utilizamos a Regra de Chió, descrita
mais adiante. -3 2 -2 x

MAText20 CPV
46 MATEMÁTICA

PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES P5 Matriz Transposta

Seja M uma matriz quadrada de ordem n. Se Mt for a transposta de M, então det M = det Mt.

O determinante associado à matriz M será nulo quando houver:  2 −3  2 5


Exemplo: se A =   , então At =  
 5 7  −3 7
 

P1 Fila Nula
Portanto: det A = det At = 29
Se os elementos de uma fila qualquer forem todos nulos,
então det M = 0. P6 Multiplicação de uma Fila por uma constante

2 -1 2 Se multiplicarmos os elementos de uma fila qualquer de
0 0 0 uma matriz M1 por um número k, então o determinante
Exemplo: =0 da nova matriz M 2 ficará multiplicado por k, isto é:
2
3 -2 det M2 = k . det M1.
5
 3 −1  3 . 3 −1
P2 Filas Paralelas Iguais Exemplo: se A =   então B =  
2  3 . 4 2 
4 
Se os elementos de duas filas paralelas forem
respectivamente iguais, então det M = 0. Verificamos que det A = 10 e det B = 30
Portanto: det B = 3 . det A
3 -2 2
Exemplo: 8 -3 =0
5 P7 Troca de Filas Paralelas
3 -2 2
Se trocarmos a posição de duas filas paralelas de uma matriz
M1, obteremos uma matriz M2 tal que det M2 = (–1) . det M1.
P3 Filas Paralelas Proporcionais

Se uma matriz M tem duas filas paralelas formadas por −3 2 0  0 −1 2 


elementos respectivamente proporcionais, então det M = 0.    
Exemplo: sejam A =  0 −1 2 e B = −3 2 0
 3 0 1  3 0 1
-2 5 8  
Exemplo: 1 17 - 4 =0
3 -22 -12 Verificamos que det A = 15 e det B = –15
Portanto: det A = – det B

P4 Combinação Linear de Filas Paralelas
EXERCÍCIOS
Se uma matriz M tem uma fila que é uma combinação
09. Calcule os determinantes das matrizes sem desenvolver.
linear de outras filas paralelas, então det M = 0.

−2 3 4  2 3 −4 
   
2 -1 3 a) A =  0 −1 2 b) B =  5 8 2 
   2 3 −4 
Exemplo: -1 3 2 =0 −4 6 8  
1 2 5  5 0 3
−1 2 3 
   
c) C =  5 7 8  d) D = −17 0 81
Obs: a 3a linha é a soma da 1a linha com a 2a linha.  
 3 11 14  72 0 35

CPV MAText20
MATEMÁTICA 47

-3 2 5 P8 Teorema de Jacobi
10. Sabendo que x a b = 20, calcule: Se adicionarmos a uma fila qualquer de uma matriz M1
10 -1 4 uma outra fila paralela, previamente multiplicada por
uma constante, obteremos uma nova matriz M2 tal que det
5 4 -3 M2 = det M1.
a) b 2a x
−1 2 3
4 -2 10  
Exemplo: seja A =  0 2 1 , se multiplicarmos a
 
 1 2 0
-9 15 6
2a coluna por 3 e adicionarmos a 3a coluna
b) 10 4 -1
−1 2 9
2x 2b 2a  
obteremos a matriz B =  0 2 7 .
 
 1 2 6
11. (FGV) Uma matriz 4 x 4 que admite inversa é: Calculando os determinantes: det A = det B = –2

1 2 3 4 P9 Teorema de Binet
 
4 3 2 1
a)  Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então:
2 4 6 8
 det (A x B) = (det A) × (det B)
5 8
 6 7
Exemplo:
1 2  1 4
1 2 3 4 Sejam as matrizes A =   e B=  
  3 4 5 0
1 4 5 16 
b)  det A = 1 x 4 – 2 x 3 = 4 – 6 = –2
2 6 8 20
5 6 11 8  det B = 1 x 0 – 4 x 5 = 0 – 20 = –20

(det A) x (det B) = (–2) x (–20) = 40
1 1 1 1
  1 2 1 4  11 4 
2 2
c)  2 2 A x B =   x   =  
3  3 4   5 0   23 12 
 3 3 3
4 4
 4 4 det (A x B) = 11 x 12 – 4 x 23 = 132 – 92 = 40

 1 2 3 4 Decorrência
 
 5 6 7 8
d)   Decorre do Teorema de Binet que, se M admite inversa, então:
 9 10 11 12
 
 13 14 15 16
  M x M–1 = In Þ det (M x M–1) = det (In) Þ
Þ det (M) x det (M–1) = 1.
 −1 2 3 4 1
  Portanto, sendo det M ≠ 0 Þ det (M–1) =
 5 −6 7 8  det M
e)  
 9 10 −11 12 
 Obs: só existe A–1 se det A ≠ 0
 13 14 15 −16

P10 Multiplicação de uma matriz por uma constante

25 75 -50 det (k . A) = kn . det A


12. Calcule det A = -20 -60 40 −2 3 −8 12
17 34 170 Exemplo: se A =   , então, 4A = 
  4 4

 1 1  
Temos que det A = –5 e det 4A = –80
Portanto, det 4A = 42 det A

MAText20 CPV
48 MATEMÁTICA
EXERCÍCIOS REGRA DE CHIÓ
13. Aplicando as propriedades, É utilizada para calcular o determinante de matrizes quadradas
a 1 (2a + 3) de ordem n ≥ 3.
calcule o valor de b 1 (2b + 3)
A Regra de Chió possibilita diminuir a ordem do determinante,
c 1 (2c + 3) isto é, se A é uma matriz de ordem n, com Chió podemos obter
uma matriz B, de ordem n – 1, tal que det A = det B.

3a -2 c 6a −2 c+4 Mas, para aplicar a regra de Chió, é necessário que a matriz A


14. Se 2 17 3 = 30, calcule 2 2 17 −31 tenha um elemento aij = 1, com 1 ≤ i, j ≤ n.
8 x -2 16 x −2 − 2 x
Se não existir aij = 1 na matriz A, podemos, com o auxílio do
Teorema de Jacobi, forçar seu surgimento, somando a uma das
15. Se det A = 5 e det B = 3, sendo A e B matrizes de 3a ordem, filas da matriz A uma combinação linear das outras filas paralelas.
determine det[(2A)B].
Cálculo do determinante pela Regra de Chió:

16. Determine m para que a matriz ● escolhemos aij = 1 na matriz A ou forçamos o seu surgimento
 m −1 3  com Jacobi;
 
A =  2m 2 0 seja inversível.
 3 −1 4  ● suprimimos da matriz A a linha i e a coluna j;
 
● de cada elemento apq restante na matriz, subtraímos o produto
EXERCÍCIOS DE CASA
apj . aiq;
 bc a a 2 
  ● cada diferença obtida é elemento de uma matriz B, de ordem
 2  n − 1, tal que det A = (–1)i + j . det B.
17. Calcule o determinante associado à matriz  ac b b 
 
 ab c c2 
 
18. Se A e B são duas matrizes quadradas de mesma ordem, Exercícios Resolvidos
assinale (V) ou (F):
1 3 7
a) ( ) det (AB) = det (A) + det (B)
b) ( ) det (AB) = det (A) . det (B) A. Calcule det A = 2 9 12 utilizando a Regra de Chió.
c) ( ) det (AB) = det (A + B) 4 14 24
d) ( ) det (A + B) = det (A) + det (B)
Resolução:
e) ( ) det (AB) = det (BA)
Como a11 = 1, vamos suprimir de A a linha i = 1 e a coluna
19. As matrizes A, B e C são quadradas de ordem 2. j = 1 e subtrair dos elementos restantes o produto dos elementos
suprimidos...
Assinale a alternativa incorreta.
a) (A + B)2 = A2 + B2 + AB + BA 1 3 7
1+1 9 − 2 .3 12 − 2 . 7
b) (B + C) (B – C) = B2 – C2 – BC + CB 2 9 12 = (−1) . =
14 − 4 .3 24 − 4 . 7
c) det (2A) = 4 . det (A) 4 14 24

d) det (–B) = – det (B)
e) det (3A) = 9 . det A
9 − 6 12 − 14
= (+1) .
Calcule a inversa de cada uma das seguintes matrizes. 14 − 12 24 − 28


1 0 2 3 −2
5 3  7 −2    = (+1) . = −12 + 4 = − 8
20.   21.   22.  2 1 −2 2 −4
8 5  
−10 5   3 1 0 

23. Se A e B são matrizes de 4a ordem, det A = 2 e det B = 3,
determine det C, sabendo que C = (3A) (2B).

CPV MAText20
MATEMÁTICA 49

6 4 2 NÍVEL II (médio)

B. Calcule por Chió det A = 3 2 −2 Calcule o valor dos determinantes:


3 4 3
Resolução:
3 2 0 0 1 2 0 1
Neste caso, não existe aij = 1.
-3 4 3 0 0 1 0 2
No entanto, subtraindo a 2a coluna da 1a coluna, forçaremos seu 29. 30.
5 0 2 4 5 -2 3 1
surgimento. Veja:
0 2 0 3 1 3 0 1
6−4 4 2 2 4 2
3 − 2 2 − 2 = 1 2 −2
0 -1
2 -1 0 1 1 2
3−4 4 3 −1 4 3
2 0 1 4 2 1 1 0
Suprimindo a linha e a coluna de a21 = 1 podemos aplicar Chió:
31. 32.
-1 1 1 -1 -1 2 1 1
4 − 2. 2 2 + 2. 2 1 2 -2 1 0 1 1 1
det A = (–1)2 + 1 .
4 + 1. 2 3 − 1. 2
0 6 1 a a 0
det A = (–1) . = (–1) . (–36) = 36
6 1 a 1 0 a
33.
a 0 1 a
Exercício 0 a a 1
x 0 0
24. Calcule o valor dos determinantes 34. Para que valores de a a equação 0 a x =0
terá duas raízes reais e iguais? 0 1 1
2 -1 0 1
0 2 -1 3 35. Qual é o conjunto de valores de k para o qual
a)
-1 3 2 0 0 x 0
1 0 2 2 a equação k 0 k = 0 admite duas raízes iguais?
1 0 1
1 1 1 1
1 2 −1 2
1 1+ a 1 1 36. Sendo x Î  e as matrizes A =   eB=  
b) 1 3  1 1 ,
1 1 1+ b 1
1 1 1 1+ c resolva a equação det (x . A + B) = 0

 1 2
37. Considere a matriz A =   . Calcule det (A + A–1)–1.
Exercícios de casa  0 1

NÍVEL I (fácil)
1 0 0 0 38. As matrizes A e B são de ordem 2; det (A) = 4 e det (B) = 5.
3 1 2 1 Podemos concluir que:
25. Calcule o valor do determinante .
4 0 2 1 a) det (A + B) = 9 b) det (A – B) = –1
3 0 4 3 c) det (2A) = 8 d) det (3B) = 45
e) det (–A) = – det (A)
26. Calcule o determinante da matriz A = (aij) 3x3
39. Seja A uma matriz quadrada de ordem 3 tal que
na qual aij = 1 se i ≥ j e aij = 0 se i < j .
det (A2) = det (A). Então, podemos afirmar que:
27. Calcule o determinante da matriz A = (aij) 3x3 a) A admite inversa
na qual aij = | i – j | . b) det (A) = 1 ou det (A) = –1
c) det (A2) = 9
28. Calcule a soma das raízes da equação d) det (A) = 0 ou det (A) = 1
  1 3 1 0  e) det (A) = 2

det   −x.


 0 1  = 0
  2 4  

MAText20 CPV
50 MATEMÁTICA
40. Se A e B são matrizes inversíveis de ordem 2, então a 50. O valor do determinante associado à matriz
alternativa falsa é: 1 1 1 ... 1 
 
a) det (AB) = det (BA) b) det (5A) = 25 det (A)  1 1 + x1 1 ... 1 
 
c) det (B–1) =
1
d) det (A) ≠ 0 1 1 1 + x2 ... 1  é igual a:
det (B)  
... ... ... ... ... 
 
e) det (3B) = 3 det (B) 1 1 1 ... 1 + x n 
n n
41. Calcule o valor do determinante associado à matriz
1 x 2 x + b a) ∏ x i b) 1 c) 0 d) ∏ (1 + xi ) e) n.r.a.
  i =1 i =1
1 y 2 y + b 
 
1 z 2z + b  NÍVEL III (difícil)

42. Calcule det (A + 2B), dadas: 51. Qual é o valor do determinante associado à matriz
3 4 6 0 1 3 4 2
a b b b
1 0 2 1 0 -1 4 1  
A= e B= . a a b b
2 -1 4 2 0 2 -3 1  ?
a b
5 3 10 3 -1 3 -4 1  a a
a a 
 a a
5 2 3 2
4 3 2 2 Resolva as equações abaixo:
43. Calcule
4 2 3 2
2 1 0 1 x +1 2 3 4
1 x+2 3 4
52. =0
 2 3 1 1  1 2 x+3 4
    1 2 3 x+4
44. Dadas as matrizes A =  1 1 e B =  2 −2 ,
   
−3 0  3 4 
calcule det (At x B), sendo At a matriz transposta de A. 1 1 1 1
1 x 1 1
Encontre o conjunto-solução das equações: 53. =0
1 1 x-3 1
x 0 1 1 1 1 x -1
45. 1 x 0 = 0
0 1 x
1 1 1 1
1 2 2 2
x +1 4 1 54. =0
1 2 x + 4 −3
46. 5 3 1 =2
x−2 4 x 1 2 3 x−2

1 2 3 x 0 0 0
47. 0 x 2 = –24 55. Seja a a raiz da equação
1 x 1 2
= 16.
3 2 1 2 0 x 3
Calcule o valor de a2. 0 0 0 2
48. Encontre o conjunto-solução da inequação
1 1 1 x 1 2 0
−2 −1
x 1 2 + ≤ 0 0 x 1 1
2
2 x 56. Seja u = .
x 1 4 0 0 x 1
0 0 0 x
1 4 0
49. Seja y = 2 5 -x com x > 0. Quais são os valores reais de x para os quais
0 x 3 u2 – 2u + 1 = 0?
Qual a condição necessária e suficiente para que y2 < 1?

CPV MAText20
MATEMÁTICA 51

Exercícios complementares 64. Calcule det 2A . B, dadas as matrizes:


1 1 i
NÍVEL I (fácil) A = (a ij ) = + e B = (bij ) = +1.
2x2 i j 2x2 j

57. (FGV) As matrizes


65. Determine a real de modo
A = (aij)4x4 e B = (bij)4x4 são tais que 2aij = 3bij. 1 2
Se det A = 3/4, então o det B é igual a: que a matriz A =   seja igual à sua inversa.
0 a
 
4 9 243
a) 0 b) c) d) 2 e)
27 8 64  −1 0 
66. Dada a matriz M =  
58. (FGV) Sejam I a matriz identidade  0 1
 
 0 1 2 determine o número real α tal que M + M–1 = α . Mt.
 
de ordem 3 e M a matriz quadrada  1 0 2 
1- x 1 1
 −1 0 0 
  67. Sendo x solução da equação 1 1- x 1 =0
Se det (M + xI) é uma função polinomial na variável x, 1 1 1- x
a soma de suas raízes é igual a: determine k = 2x − x2.
a) –1 b) 0 c) 1 d) 2 e) 3 68. Determine o valor real de m sabendo que
det A = m + 1 e det (A−1) = m − 1.
59. (UNICAMP-SP/2016) Considere a matriz quadrada de
ordem 3, 69. A é uma matriz quadrada de ordem 2, inversível e det A
cos x 0 –sen x seu determinante. Se det (2A) = det (A2), det A é:
A= 0 1 0 , onde x é um número real. a) 0 b) 1 c) 2 d) 4 e) 1/2
sen x 0 cos x
1 0 2 
Podemos afirmar que:  

70. Considere a matriz A =  2 sen x 0 
a) A não é invertível para nenhum valor de x. 0 2 cos x 
b) A é invertível para um único valor de x. 
c) A é invertível para exatamente dois valores de x. em que x varia no conjunto dos números reais. Calcule:
d) A é invertível para todos os valores de x. a) o determinante da matriz A;
b) o valor máximo e o valor mínimo deste determinante.
x 2 1
  1
60. (Uel-pr) Se det A =  1 −1 1 é nulo, 0 0 −
  2
 2 x −1 3 
então o valor de x é:
  71. Determine x real tal que −1 1 log3 ( x − 2) = 0
1
7 7 log3 x 1
a) –3 b) - c) –1 d) 0 e) 2
4 4
NÍVEL II (médio) 72. (Udesc/2011) Classifique em (V) verdadeira ou (F) falsa.

cos 7π se i = j ( Se A = (aij) é uma matriz de ordem 2 x 3 tal que
)

61. Seja a matriz A = (aij)3x3, tal que a ij = 
i
 7π aij = i – 2j, o elemento que ocupa a posição da
sen j se i ≠ j 2a linha e 1a coluna da matriz transposta de A é –3.
Então, det A é: 
1 2 1
3 1 1 3 ( ) O determinante da inversa de B =  é
a) - b) - c) –1 d) e) 3 −1 7
 
2 2 2 2  4 2 1 −1
( ) Se C =   eD=  
62. Para qual valor real de m a equação −1 − 2  0 1
  
3 −1 1 T  5 − 1
1 então (C . D) =  
x2 m = 0 admite x = − como raiz?  4 − 2
x
2  
1 1 1 Assinale a sequência correta, de cima para baixo.

63. A matriz B é inversa da matriz A de 3a ordem. a) V – F – F b) F – V – V c) F – F – F


Sendo det B = 2, determine det 2A. d) V – V – F e) V – F – V

MAText20 CPV
52 MATEMÁTICA

 1 2  1 2 GABARITO


73. (if-al/2011) Se A =   e B = 
−1 0  ,

−1 0  01. det (At) = –13 35. k = 0
o determinante da matriz (AB)–1 é: 02. B 36. 3 ± 2 3
03. S = {x Î R | 1 ≤ x ≤ 4} 1
1 21 13 13 37. det (A + A–1)–1 =
a) -
10
b)
10
c)
10
d) -
10
e) nda. 04. a) S = {}2
5
38. D
4

39. D
b) S = {− ; 1}
1
40. E
3
74. (Mack-sp/2010) Dadas as matrizes 41. 0
05. 140
a ij = 10, se i = j 42. 762
A = (aij)3x3 tal que  e 06. x = 0 ou x = ± 2
a ij = 0, se i ≠ j 43. 3
07. S = {2; –1/2}
 44. 55
bij = 3, se i = j 1 45. S = {–1}
B = (bij)3x3 tal que  08. x = . log2 12
2
bij = 0, se i ≠ j 46. S = {6; 2/3}

09. a) det A = 0 47. S = {4}
o valor de det(AB) é: b) det B = 0 48. S = [1; 4]
a) 27 . 103 c) det C = 0 49. 2 2 < x < 10; x Î R
b) 9 . 103 d) det D = 0 50. A
c) 27 . 102 10. a) –2(20) 51. a (a – b)3
b) 120
d) 32 . 102 52. x = 0 ou x = –10
11. E
e) 27 . 104 53. x = 1 ou x = 4 ou x = 2
12. 0
1 a 5  54. x = 3 ou x = –1
  13. 0
75. (Puc-sp) Seja a matriz A = a b c  55. a2 = 4
 14. 60
c 56. ± 1
 12 x + 5 15. 120
9 57. B
em que a, b, c são constantes reais positivas e x é uma variável 16. m ≠
5 58. B
real. Considerando que, ordenadamente, as sequências de 59. D
17. b2c2 (c – b) + a2c2 (a – c) + a2b2 (b – a)
termos das duas primeiras linhas de A constituem progressões 18. a) F 60. E
aritméticas, enquanto que as sequências de termos das duas b) V 61. A
primeiras colunas constituem progressões geométricas, se c) F 62. m = – 1/8
det A = 18, o valor de log8 x é: d) F 63. 4
3 2 1 e) V 64. 1/2
a) 3 b) c) 1 d) 3 e) 3 19. D
2 65. a = –1
 5 −3
20. A–1 =   66. α = 2
−8 5  67. k = ± 1
1 2 
76. (Udesc-SC) Dada a matriz A =  ,
21. A–1
1 / 3 2 / 15
=   68. m = ± 2
1 −1
   2 / 3 7 / 15
seja a matriz B tal que A–1BA=D, 69. D
22. Não é invertível, pois det A = 0 70. a) det A = sen x cos x + 8
 2 1 23. det C = 7776
onde a matriz D =  . b) det A(max) =
17
e
−1 2  24. a) 39
  2

Então, o determinante de B é igual a: b) abc 15


25. 2 detA(min) =
2
a) 3 b) –5 c) 2 d) 5 e) –3 26. det A = 1
27. det A = 4 71. $/ x Î R
28. A soma é 5. 72. A
NÍVEL III (difícil) 73. E
29. 174
30. –6 74. A
77. Calcule o valor dos determinantes: 31. –25 75. D
x-2 1 4 1 32. –8 76. D
a-b b-c c-a 33. 1 – 4a2
x -1 2 2 1 77. a) zero (L1 + L2 = – L3)
a) b - c c - a a - b b) 34. a = 0
x -1 3 2 1 b) zero (P4)
c-a a -b b-c
x -3 1 6 1

CPV MAText20
MATEMÁTICA 53

S istemas Lineares
definições O sistema linear pode ser representado por A . X = B, isto é:

Equação Linear é uma equação a n incógnitas, na forma 1 2 4  x 0


     
3 1 2  x  y = 0
a1x1 + a2x2 + a3x3 + ... + anxn = b      
 1 −1 −1   z  5
     
x1, x2, x3, ..., xn são as incógnitas que é a sua forma matricial.
a1, a2, a3, ..., an são os coeficientes (nos complexos quaisquer)
O principal interesse na forma matricial de um sistema linear
b (no complexo) é o termo independente.
está no caso em que a matriz A é invertível (det A ≠ 0).
Exemplo: Se A . X = B, então A–1 A . X = A–1 . B, em que X = A–1 B.
3x – 4y + 5z = 15 é uma equação linear a três incógnitas.  1 2 
Adotando para x, y e z, respectivamente, os valores 7, 4 e 2, − 0
 5 5 
podemos ver que 3(7) – 4(4) + 5(2) = 15, ou seja, –1  
Para o sistema anterior, temos: A =  −1 1 −2 
a terna de valores (7; 4; 2) é uma solução da equação linear.  
 4 3 
Solução da equação linear é toda ênupla*  − 1
 5 5 
(α1, α2, α3, ..., αn ) de números que satisfaz a equação linear.
 1 2 
Ênupla é o conjunto ordenado de n quantidades (n inteiro). − 0
Exemplo: dupla (1; 2); tripla (3; 5; 7); quaterna (2; 4; 6; 8) etc.  5 5  0  0
     
Portanto: X = A–1 . B =  −1 1 −2  x  0  =  −10 
     
Sistema Linear é um conjunto de  4 3  5  5
m equações lineares a n incógnitas.  − 1    
 5 5 
a11x1 + a12 x 2 + a13x 3 + ... + a1n x n = b1 com x = 0, y = –10 e z = 5 e a solução do sistema é (0; –10; 5).

a 21x1 + a 22 x 2 + a 23x 3 + ... + a 2n x n = b 2
Exercício
a x + a x + a x + ... + a x = b
 31 1 32 2 33 3 3n n 3 12 x + 13y = 5
....................................................................... 01. O sistema linear 
10 x + 11y = 6

a m1x1 + a m 2 x 2 + a m3x 3 + ... + a mn x n = b m
12 13  x   5
pode ser escrito na forma matricial  . =  .
    
A solução deve satisfazer a todas as equações do sistema. 10 11  y  6
Expressão matricial de um sistema linear x
A matriz   que representa sua solução pode ser obtida por:
 y
Matrizes do sistema  
 x + 2 y + 4z = 0  11 13 
 −   5
Veja como exemplo o sistema: 3x + y + 2z = 0 a)  2 2.
    6
 x − y − z = 5  −5 6   

Podemos formar as seguintes matrizes,


 11 −13  5
utilizando os coeficientes das equações: b)  . 
1 2 4  −10 12   6
 
● Matriz Principal (Incompleta) A =  3 1
 2   11 13 
 1 −1 −1   − 
  c) [5 6 ] .  2 2
 
 x  −5 6 
 
● Matriz das Incógnitas X =  y   11 −13
 z  d) [5 6] .  
  −10 12 
0
   11 −13
● Matriz dos Termos Independentes B =  0  e)   . [5 6 ]
−10 12 
5 
 

MAText21 CPV
54 MATEMÁTICA

Classificação dos Sistemas Lineares Exemplo 2


 x + 3y − 4z = 4 (L )
 1
a) Sistema Possível Escalonemos agora o sistema: 2 x + 7 y + z = 12 (L 2 )

● Sistema Possível Determinado (SPD) 3x + 10 y − 3z = 8 (L3 )
Admite uma única solução
● Sistema Possível Indeterminado (SPI) a) L2 ← L2 + L1 (–2) e L3 ← L3 + L1 (–3)
Admite infinitas soluções  x + 3y − 4z = 4 (L1)

0 x + y + 9z = 4 (L2 )
b) Sistema Impossível (SI) 
0 x + y + 9z = − 4 ( L3 )
Não admite solução

O método do escalonamento b) L3 ← L3 + L2 (–1)


Exemplo 1  x + 3y − 4z = 4 (L1)

 
 x + 2 y + 4z = 0 (L1) 0 x + y + 9z = 4 (L2 )

 
Tomemos o sistema linear 3x + y + 2z = 0 (L 2 ) 0 x + 0 y + 0z = − 8 ( L3 )



 x − y − z = 5 ( L3 )
 Observando a L3, vê-se claramente que o sistema é impossível
e vamos escaloná-lo, executando as operações indicadas: (SI), ou seja, não admite solução.

a) L2 ← L2 + L1 (–3) e L3 ← L3 + L1 (–1) Exemplo 3


 x + y − 3z = 6 (L1)
 x + 2 y + 4z = 0 (L1) 
 Escalonemos o sistema: 3x + 4 y − z = 10 (L2 )

0 x − 5 y − 10z = 0 (L 2 ) 5x + 7 y + z = 14 ( L3 )

0 x − 3y − 5z = 5 (L3 )

a) L2 ← L2 + L1 (–3) e L3 ← L3 + L1 (–5)
b) L2 ← L2 ÷ (–5)  x + y − 3z = 6 (L1)

0x + y + 8z = − 8 (L 2 )
 x + 2 y + 4z = 0 (L1) 
 0x + 2 y + 16z = −16 (L3 )
0 x + y + 2z = 0 (L2 )

0 x − 3y − 5z = 5 ( L3 ) b) L3 ← L3 + L2 (–2)

 x + y − 3z = 6 (L1)
c) L3 ← L3 + L2 (3) 
0 x + y + 8z = − 8 (L2 )

 x + 2 y + 4z = 0 (L1) 0 x + 0 y + 0z = 0 ( L3 )

0 x + y + 2z = 0 (L 2 ) Como a L3 é uma identidade, o sistema fica reduzido apenas a

0 x + 0 y + z = 5 (L3 ) duas equações:

Nesse ponto, o sistema está escalonado, isto é, o número de  x + y − 3z = 6 (L1)

coeficientes nulos, da esquerda para a direita, cresce de equação 
0 x + y + 8z = − 8 (L2 )
para equação. Para resolver o sistema, basta agora tomar a L3 
na qual z = 5 e substituir esse valor em L2:
Da L2 tiramos y = –8 – 8z, que, substituída em L1, resulta
y + 2(5) = 0, assim y = –10 x = 14 + 11z. Como se vê, os valores de x e de y são expressos
Substituindo esses dois valores em L1 temos: em função de z, cujo valor é arbitrário. Indicando o valor
arbitrário de z por z = α, a solução geral do sistema fica:
x + 2 . (–10) + 4 (5) = 0 que resulta x = 0.
Assim, a solução (única) é (0; –10; 5). (14 + 11α; –8 – 8α; α)
O sistema é possível determinado (SPD). ou seja, o sistema tem infinitas soluções (SPI).

CPV MAText21
MATEMÁTICA 55

Exercícios

Resolva os sistemas lineares seguintes: Resolva, usando o escalonamento, os sistemas abaixo:

 x − 3y = 7 −2 x + 7 y = − 2
02.  09. 
2 x + y = − 7  3x − y = 3

 x + 2 y − 4z = − 5

10. 3x + 7 y + z = − 4

−2 x + y = 2
03.  2 x − 3y + z = 13
 4 x − 2 y = − 2
 x + 2 y − 5z = 3

11. 2 x + 5 y + z = 20

−x + 2 y = −1 3x + 8 y + 7 z = 37
04. 
 3x − 6 y = 3
 x + y − z = 6

12. 4 x + 5 y + 2z = 7

2 x + y − 3z = 14
 x − y + z = 0


05. 4 x − 3y + 3z = − 2

7 x − 5 y + 5z = 3  x + y + z = 3

13. 5x + 6 y − 3z = 6

7 x + 8 y − z = 6
06. Discuta o sistema em função de m e n.
nível ii (médio)
 x + y – z = 0
 14. Discuta o sistema linear, nas incógnitas x e y:
 2x + 3y + z = 2 mx + y = 1 − m

 3x + 2y + 2mz = n 
 x + my = 0

15. O valor de m para que o sistema


Exercícios de CASA 2 x + (m − 7) y = 29 − 7 m
 seja impossível é:
mx − 6 y = 5m − 3
nível i (fácil)
a) 0
Discuta os sistemas: b) 3
c) 4
 x − 2 y = 5 d) 3 ou 4
07. 
3x + my = 2 e) 0 ou 3

nível iIi (difícil)

 x + y − z = 0 16. Determine os valores de m e k, de modo que o sistema


  x + 2 y − mz = −1
08. 2 x + 3y + z = 0 
  3x − y + z = 4 seja possível e indeterminado.
3x + 2 y + 2mz = 5 
−2 x + 4 y − 2z = k

MAText21 CPV
56 MATEMÁTICA

Regra de Cramer Exercícios


x + y + z + t = 6

A Regra de Cramer aplica-se a sistemas chamados normais, x − 2 y − 2z + t = 3
isto é, sistemas que têm o número de equações igual ao de 17. Considere o sistema linear  .
−x + 3y + 4z − t = 0
incógnitas (de modo que a matriz principal A é quadrada) e 
para os quais, além disso, tem-se det A ≠ 0. 2 x + y − 3z + 4 t = 5

Exemplo 6 1 1 1

 x − 2y + z = 0 3 -2 -2 1

 Sabe-se que = –24,

O sistema linear 2 x − 3y − z = 7 0 3 4 -1



3x − 5 y + 4z = −1
 5 1 -3 4

é normal, pois, além de ter o número de equações igual ao 1 6 1 1 1 1 6 1


de incógnitas, a sua matriz principal 1 3 -2 1 1 -2 3 1
 1 −2 1  -1 0 4 -1 = 6, -1 3 0 -1 = –12.
 
A =  2 − 3 −1  2 5 -3 4 2 1 5 4
 
 3 −5 4 
 Então, o valor de t no sistema é:
tem determinante det A = 4 ≠ 0. a) –2 b) –10 c) 0 d) 1 e) 2
Teorema de Cramer: Todo sistema normal é SPD (sistema
possível determinado), ou seja, tem solução única. 18. Determine m para que o sistema
(m − 1) x + 4 y = 2m
A Regra de Cramer consiste em um método de calcular as 
incógnitas. Para isso, utilizamos mais três determinantes, (m + 1) x − 2 y = 1 + 3m

obtidos substituindo na matriz A cada coluna pela coluna dos seja normal (ou de Cramer). Em seguida, resolva-o.
termos constantes, uma de cada vez.
São formados, assim, os determinantes: Exercícios de casa
0 -2 1 nível i (fácil)
Dx = 7 -3 -1 = 16 Resolva os sistemas lineares, usando a Regra de Cramer:
-1 -5 4
2x − 3y = 1
19. 
1 0 1 3x + y = 7
Dy = 2 7 - 1 = 4
3 -1 4  x − my = 7
20.  ( m ∈ )
mx + y = 3
1 -2 0
Dz = 2 -3 7 = –8
 x − y + z = 2
3 - 5 -1
21. 2 x − y + 2z = 6

Sendo D = det A = 4, temos: 3x − 2 y + z = 2

D x 16
x = D = 4 = 4 ; nível ii (médio)
ax + y + z = 1

4 Dy 22. Considere o sistema linear x + ay + z = 2
y = D = 4 = 1 ; 

x + y + az = − 3
no qual α é um parâmetro real.
Dz −8
z= = = −2
D 4 a) Mostre que para α = 1, o sistema é impossível.
b) Encontre os valores do parâmetro α para os quais o sistema
A solução (única) é (4; 1; –2). tem solução única.

CPV MAText21
MATEMÁTICA 57

Sistema Linear Homogêneo Exercícios de casa

nível i (fácil)
Um sistema linear é chamado homogêneo se os termos
independentes de todas as suas equações são nulos.
Classifique cada sistema abaixo em SPD, SPI ou SI.

2 x + 3y − z = 0
 x + 3y + 2z = 0 
 25.  x + 2 y + 4z = 0
Exemplo: O sistema − x + 3y + 3z = 0 é homogêneo. 
  x − 14z = 0
−2 x + y + 3z = 0

Observando que a ênupla (0, 0, 0, ... , 0) satisfaz todas as  x − y + z = 0



equações, concluímos que todo sistema homogêneo é possível, 26. 2 x − y + 2z = 0

podendo ser SPD ou SPI. 3x − 2 y + z = 0

A ênupla (0, 0, 0, ... , 0) é denominada solução trivial.


nível ii (médio)
Se o sistema homogêneo for SPD, a sua única solução será a kx + 4ky = 0
27. (Mack-SP/2011) Relativas ao sistema  ,
trivial. 3x + ky = 8
Se o sistema homogêneo for SPI, terá infinitas soluções não k Î , considere as afirmações I, II e III.
nulas, além da trivial.
I. Apresenta solução única para, exatamente, dois valores
distintos de k.
Exercícios II. Apresenta mais de 1 solução para um único valor de k.
III. É impossível para um único valor de k.
23. Determine os valores de m para que o sistema Dessa forma:
3x − my = 0 a) somente I está correta.
 admita soluções não nulas.
mx − 3y = 0 b) somente II e III estão corretas.
c) somente I e III estão corretas.
d) somente III está correta.
e) I, II e III estão corretas.

28. Determine o valor de a para que o sistema

 x + ay + 2z = 0

− x + ay + 3z = 0

−2 x + y + az = 0

seja possível determinado. Em seguida, resolva-o.
24. Discuta o sistema linear abaixo, segundo os valores de a:
29. Determine o valor de a para que o sistema admita soluções
 x − y + 4z = 0 diferentes da trivial

3x − 2 y − z = 0
  ax − 2 y = 0
5x − 3y + az = 0 
2ax + 3y = 0

30. Determine o valor de k para que o sistema admita somente


a solução trivial

(k − 1) x + (k + 2) y = 0

(k − 2) x + 2(k − 2) y = 0

MAText21 CPV
58 MATEMÁTICA
Sistemas não lineares Exercícios de Casa
Sistemas não lineares são aqueles em que pelo menos uma das nível i (fácil)
equações é não linear. x . y = 36
Equação não linear é aquela que apresenta pelo menos uma 31. Determine o par (x; y) tal que  .
x / y = 2
variável com grau maior que 1 ou apresenta produto ou quociente
x − y = 4
de variáveis. 32. Resolva o sistema  .
x . y = − 2
Para resolver sistemas não lineares usamos os mesmos métodos
usados para resolver sistemas lineares, exceto Cramer.
nível ii (médio)
 1
Exercícios Resolvidos x + y = 1
33. Se (x; y) é solução do sistema  ,
x 2 + y = 3  2 1
+ =
A. Resolva o sistema  
x x 4
x − 2 y = − 3 então é igual a:  y2
 y
Resolução:
1 3 2
Da segunda equação, obtemos x → x = 2y − 3 a) 1 b) –1 c) d) - e) -
3 2 3
valor esse que é substituído na primeira equação:
(2y − 3)2 + y = 3 nível iIi (difícil)
x 2 + y 2 = 2z + 5
4y2 − 12y + 9 + y = 3 
34. Resolva o sistema x − y = z − 3

Isso resulta numa equação de 2o grau em y  − xy = z + 2

4y2 − 11y + 6 = 0 cuja solução é
x − y = z − 2
3 
y1 = 2 ou y2 =  xy = z + 3
4 35. Resolva o sistema 
 2 2 z
que, substituídos na expressão x = 2y − 3, resulta  − =
3 3  x y 2
x1 = 2 . 2 − 3 = 1 ou x2 = 2 . −3=−  x
4 2  −
y
=
3
36. O par (x; y) é solução do sistema   y x 2
3 3
As soluções do sistema são os pares (1; 2) e  ; -  . 
4 2 x + y = 9 − xy
Calcule a diferença x – y.
x − 3y = 1
B. Resolva o sistema 
x . ( y − 2) = 6

Resolução: EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Da primeira equação, obtemos x → x = 3y + 1 nível i (fácil)


5x − 2 y = 7
valor esse que substituímos na segunda equação: 37. Resolva o sistema 
2 x + y = 10
(3y + 1) . (y − 2) = 6
utilizando a sua forma matricial.
3y2 − 6y + y − 2 = 6

Isso resulta numa equação de 2o grau em y Resolva os sistemas por escalonamento.


8
3y2 − 5y − 8 = 0 cuja solução é y1 = −1 ou y2 =  x − y + 4z = 1
3 
38. 3x − 2 y − z = 14
que, substituídos na expressão x = 3y + 1 resulta 
5x − 3y − 6z = 27
8
x1 = 3 . (−1) + 1 = −2 ou x2 = 3 . +1= 9  x − 2 y − 3z = − 4

3 

 8 39. 2x + 3y − z = 4
As soluções do sistema são os pares (−2; −1) e 9; 3  . 
4 x − y − 7 z = 5

CPV MAText21
MATEMÁTICA 59

3x − 2 y = 7 50. (FGV) Na cantina de um colégio, o preço de 3 chicletes,


40. Resolva por Cramer o sistema  7 balas e 1 refrigerante é R$ 3,15. Mudando-se as
x + 3y = 17
quantidades para 4 chicletes, 10 balas e 1 refrigerante, o
41. Determine o valor de k, para que o denominador da Regra preço, nessa cantina, passa para R$ 4,20.
3kx − 2 y + 5z = 0 O preço (em reais) de 1 chiclete, 1 bala e 1 refrigerante
de Cramer seja –9, no sistema  x + y − kz = 2 nessa mesma cantina, é igual a:

−2 x − y + z = 3
a) 1,70 b) 1,65 c) 1,20 d) 1,05 e) 0,95
42. (UNICAMP-SP/2016) Considere o sistema linear nas
variáveis reais x, y, z e w, 51. (FGV) Sendo k uma constante real,
x – y = 1,  x − y = 2
o sistema  admite solução (x; y)
y + z = 2,  kx + y = 3
w – z = 3.
no 1o quadrante do plano cartesiano se, e somente se:
Logo, a soma x + y + z + w é igual a:
3
a) – 2 b) 0 c) 6 d) 8 a) k = –1 b) k > –1 c) k <
2
3 3
43. (cEfEt-mg/2011) Em um determinado mês, o salário de d) 0 < k < e) –1 < k <
uma funcionaria excedeu em R$ 600,00 as horas extras. 2 2

Se ela recebeu um total de R$ 880,00, o valor de seu salário 52. (FGV) Sendo p e q constantes reais positivas, a representação
foi (em R$) de: gráfica do sistema de equações nas variáveis x e y dado por
 −p q   x   2 
a) 460,00 b) 540,00 c) 660,00 d) 740,00  ⋅ = 
 −q 1   y   1  será um
nível ii (médio) par de retas paralelas se, e somente se, q for igual a:
44. Determine o valor de m, para que o sistema seja normal.
a) p b) p p c) p2 d) – p2 e) –p p
mx − y + 2z = 1
 3x − 2z = 0  nx + y = 1
 

 2 y − mz = 2 53. (FGV) O sistema  ny + z = 1

 x + nz = 1
Classifique e resolva os sistemas 45 e 46:
não possui solução se, e somente se, n (real) é igual a:
 3
45.  a x + 2ay = b
 2ax + y = c 1 1
 a) –1 b) 0 c) 4 d) 2 e) 1
 kx + 3y + z = 2
 54. O sistema linear
46.  x − y − kz = 1
  x + αy – 2z = 0
 2 x − 2 y + kz = 2 
x + y + z = 0 admite solução não trivial se:
2 x − ky + z = 0 
 x – y – z = 0
47. Determine k, para que o sistema  x + 2 y − kz = 0

só admita solução trivial.  x + y − 2z = 0 a) α = –2
b) α ≠ –2
3ax − 4 y + 2z = 0

48. Determine a, para que o sistema  − x + ay + z = 0
c) α= 2

admita soluções diferentes da trivial. 5ax − 6 y + 4z = 0 d) α≠ 2
 e) α Î .
49. (FGV) Para que o sistema linear x + 2 y − z = 2

2 x + (k !) y = 2 55. O sistema linear nas incógnitas x, y e z 3x + y + mz = 0
 

(1 + k !) x + 21y = 3 2 x + 3z = 1

de solução (x; y) não seja possível e determinado, é possível e determinado se, e somente se m ≠:
o parâmetro k Î  tem de ser igual a:
13 14 15 16 17
a) 2 b) 3 c) 4 d) 5 e) 6 a) b) c) d) e)
4 5 6 7 8

MAText21 CPV
60 MATEMÁTICA
56. Um estagiário trabalha 20 horas por semana, no total, em a) Se a empresa deve entregar d desktops e n notebooks,
duas empresas: A e B. A empresa A paga R$ 12,00 por hora, expresse o número necessário de caminhões do tipo A
e a B paga R$ 20,00 por hora. (x) e do tipo B (y), para efetivar a entrega.
b) Indique o número necessário de caminhões do tipo A
Certa semana, ele recebeu um total de R$ 360,00.
e do tipo B, se a empresa entregar 15 mil desktops e 7
Se, nessa semana, ele trabalhou x horas na empresa A e y mil notebooks.
horas na empresa B, o valor de | x – y | é igual a: c) Os preços unitários de venda dos desktops e dos
a) 6 b) 7 c) 8 d) 9 e) 10 notebooks são, respectivamente, R$300,00 e R$200,00,
e a frota de veículos é de 5 caminhões do tipo A e 5
57. Como se sabe, no jogo de basquete, cada arremesso do tipo B. Nessas condições, seria possível à empresa
convertido de dentro do garrafão vale 2 pontos e, de auferir a receita mínima de R$ 4,3 milhões?
fora do garrafão, vale 3 pontos. Um time combinou com 61. (FGV) As livrarias A, B, C e D de uma cidade vendem livros
seu clube que receberia R$ 50,00 para cada arremesso de Matemática de 6a a 9a séries do Ensino Fundamental, de
convertido de 3 pontos e R$ 30,00 para cada arremesso uma mesma coleção, com preço comum estabelecido pela
convertido de 2 pontos. Ao final do jogo, o time fez editora.
113 pontos e recebeu R$ 1.760,00. Os dados de vendas diárias são os seguintes:
A quantidade de arremessos de 3 pontos convertidos foi:
Número de livros vendidos Valor total
a) 13 b) 15 c) 16 d) 17 e) 18 Livrarias
6a série 7a série 8a série 9a série recebido (R$)

 3x − 2 y = 4 A 2 2 3 2 563,10

 B 2 1 2 4 566,10
58. Considere o sistema linear  4 x + y = −13

 x + y = k C 0 5 0 0 304,50
D 3 2 5 1 687,90
de incógnitas x e y e parâmetro k.
Para que o sistema seja possível e indeterminado, devemos a) Quantas coleções completas (de 6a a 9a séries) são
ter: vendidas diariamente em cada uma das livrarias?
b) Qual o preço de venda de cada um dos livros da coleção?
a) k = –7 c) Quando uma livraria compra 100 coleções completas
b) k ≠ –7 (de 6a a 9a séries), a editora emite uma fatura no valor
c) k é um número real qualquer. de R$ 22.963,20. Qual a porcentagem de desconto que
d) k > –3 a livraria recebe nesse caso?
e) O sistema nunca será possível e indeterminado.
62. (Fuvest-sp/2012) Em uma festa com n pessoas, em um dado
59. Considere três trabalhadores. O segundo e o terceiro, instante, 31 mulheres se retiraram e restaram convidados na
juntos, podem completar um trabalho em 10 dias. razão de 2 homens para cada mulher. Um pouco mais tarde,
O primeiro e o terceiro, juntos, podem fazê-lo em 12 dias. 55 homens se retiraram e restaram, a seguir, convidados na
O primeiro e o segundo, juntos, podem fazê-lo em 15 dias. razão de 3 mulheres para cada homem.
Em quantos dias, os três juntos podem fazer o trabalho?
O número n de pessoas presentes inicialmente na festa era:
60. (FGV-DIR/Nov-2010) Uma empresa vende dois tipos de a) 100 b) 105 c) 115 d) 130 e) 135
computadores (desktops e notebooks), que são fabricados
no Rio Grande do Sul e depois transportados para clientes 63. (Ue-rj/2012) Uma família comprou água mineral em
embalagens de 20 L, de 10 L e de 2 L. Ao todo, foram
no Rio Grande do Norte.
comprados 94 L de água, com o custo total de R$65,00.
Para transportar os computadores, há dois tipos de caminhão, Veja na tabela os preços da água por embalagem:
cujas capacidades de carga encontram-se abaixo.
Volume da embalagem (L) Preço (R$)
20 10,00
10 6,00
2 3,00
O número de embalagens de 10 L é o dobro do número
Para que o caminhão possa iniciar a viagem, ele deve estar de embalagens de 20 L, e a quantidade de embalagens de
cheio. Assim, um caminhão do tipo A, por exemplo, só 2 L corresponde a n. O valor de n é um divisor de:
poderá partir se estiver carregado exatamente com 400 a) 32 b) 65 c) 77 d) 81
desktops e 200 notebooks.

CPV MAText21
MATEMÁTICA 61

64. (Unicamp-sp/2012) As companhias aéreas costumam 66. (Epcar-MG/2011) Três amigos, Samuel, Vitória e Júlia,
estabelecer um limite de peso para a bagagem de cada foram a uma lanchonete.
passageiro, cobrando uma taxa por quilograma de excesso
de peso. ● Samuel tomou 1 guaraná, comeu 2 esfirras e pagou R$ 5.
Quando dois passageiros compartilham a bagagem, ● Vitória tomou 2 guaranás, comeu 1 esfirra e pagou R$ 4.
seus limites são considerados em conjunto. Em um ● Júlia tomou 2 guaranás, comeu 2 esfirras e pagou R$ k.
determinado voo, tanto um casal como um senhor que
viajava sozinho transportaram 60 kg de bagagem e foram Considerando-se que cada um dos três pagou o valor exato do
obrigados a pagar pelo excesso de peso. que consumiu, é correto afirmar que:

O valor que o senhor pagou correspondeu a 3,5 vezes o a) o guaraná custou o dobro da esfirra.
valor pago pelo casal. b) os três amigos, juntos, consumiram 16 reais.
Para determinar o peso excedente das bagagens do casal (x) c) cada esfirra custou 2 reais.
e do senhor que viajava sozinho (y), bem como o limite d) Júlia pagou 8 reais pelo que consumiu.
de peso que um passageiro pode transportar sem pagar
qualquer taxa (z), pode-se resolver o seguinte sistema 67. (Unicamp-SP/2011) Recentemente, um órgão governamental
linear: de pesquisa divulgou que, entre 2006 e 2009, cerca de 5,2
milhões de brasileiros saíram da condição de indigência.
 x + 2z = 60

a)  y + z = 60 Nesse mesmo período, 8,2 milhões de brasileiros deixaram a

3, 5x − y =0 condição de pobreza. Observe que a faixa de pobreza inclui os
indigentes.
 x + z = 60
 O gráfico a seguir mostra os percentuais da população brasileira
b)  y + 2z = 60
 enquadrados nessas duas categorias, em 2006 e 2009.
3, 5x − y =0

 x + 2z = 60

c)  y + z = 60

3, 5x + y =0

 x + z = 60

d)  y + 2z = 60

3, 5x + y =0

65. (Uf-pr/2012) Uma bolsa contém 20 moedas, distribuídas


entre as de 5, 10 e 25 centavos, totalizando R$ 3,25.
Após determinar a população brasileira em 2006 e em 2009,
Sabendo que a quantidade de moedas de 5 centavos é a resolvendo um sistema linear, verifica-se que:
mesma das moedas de 10 centavos, quantas moedas de
25 centavos há nessa bolsa? a) o número de brasileiros indigentes passou de 19,0
milhões, em 2006, para 13,3 milhões, em 2009.
a) 6
b) 12,9 milhões de brasileiros eram indigentes em 2009.
b) 8
c) 18,5 milhões de brasileiros eram indigentes em 2006.
c) 9
d) entre 2006 e 2009, o total de brasileiros incluídos nas faixas
d) 10 de pobreza e de indigência passou de 36% para 28% da
e) 12 população.

MAText21 CPV
62 MATEMÁTICA
68. (Uf-rs/2011) Rasgou-se uma das fichas onde foram 71. (Ufu-mg/2011) A prefeitura de uma cidade, preocupada
registrados o consumo e a despesa correspondente de três com o meio ambiente e com o problema da falta de espaço
mesas de uma lanchonete, como indicado abaixo. físico adequado destinado a depósitos de lixo, criou uma
cooperativa de reciclagem em parceria com os moradores
de baixa renda.
A Tabela 1 fornece os preços de venda (em R$) de cada kg
de papel, vidro e plástico referente à primeira semana dos
meses de setembro de 2009 e setembro de 2010.
A Tabela 2 expressa a quantidade total (em kg) vendida desses
Nessa lanchonete, os sucos têm um preço único, e os três materiais na primeira semana dos meses mencionados
sanduíches também. O valor da despesa da mesa 3 é: acima e o rendimento (em R$) referentes à venda dos
materiais reciclados, obtidos nas referidas semanas.
a) R$ 5,50
Tabela 1
b) R$ 6,00
c) R$ 6,40 Papel Vidro Plástico
d) R$ 7,00 Set / 2009 0,30 0,20 0,50
e) R$ 7,20 Set / 2010 0,40 0,30 1,0
69. (Ufu-mg/2011) Por causa de hábitos alimentares Tabela 2
inadequados, um cardiologista nota que os seus pacientes Quantidade (kg) Rendimento (reais)
com hipertensão são cada vez mais jovens e fazem uso de
medicamentos cada vez mais cedo. Set / 2009 8.000 R$ 2.580,00
Set / 2010 9.000 R
Suponha que Pedro, Márcia e João sejam pacientes, com
faixas etárias bem distintas e que utilizam um mesmo
hipertensivo em comprimidos. Sabe-se que João utiliza Na primeira semana de setembro de 2010, foram vendidos
comprimidos de 2 mg, Márcia de 4 mg e Pedro de 10 mg. Além 50% a mais de papel do que o vendido na primeira semana
disso, mensalmente, Pedro toma o triplo de comprimidos de de 2009 e iguais quantidades que as comercializadas na
Márcia e os três consomem 130 comprimidos, totalizando primeira semana de 2009 de vidro e plástico.
780 miligramas da droga. Interprete e analise o texto dado, descrevendo expressões
Com base nestas informações, é correto afirmar que Márcia, matemáticas que conduzam ao valor de R. Determine-o.
mensalmente, ingere:
72. (Unesp/2011) Uma pessoa necessita de 5 mg de vitamina
a) 50 comprimidos E por semana, a serem obtidos com a ingestão de dois
b) 20 comprimidos complementos alimentares α e β.
c) 60 comprimidos
d) 30 comprimidos Cada pacote desses complementos fornece, respectivamente,
1 mg e 0,25 mg de vitamina E.
70. (Uf-pe/2011) Uma fábrica de automóveis utiliza três tipos Essa pessoa dispõe de exatamente R$ 47,00 semanais para
de aço, A1, A2 e A3, na construçăo de três tipos de carros gastar com os complementos, sendo que cada pacote de
C1, C2 e C3. α custa R$ 5,00 e o de β custa R$ 4,00.
A quantidade dos três tipos de aço, em toneladas, usados O número mínimo de pacotes do complemento α que essa
na confecçăo dos três tipos de carro, está na tabela: pessoa deve ingerir semanalmente, para garantir os 5 mg
de vitamina E ao custo fixado para o mesmo período é:
C1 C2 C3
a) 3
A1 2 3 4
5
A2 1 1 2 b) 3
16
A3 3 2 1 c) 5,5
3
d) 6
Se foram utilizadas 26 toneladas de aço do tipo A1, 11 4
toneladas do tipo A2 e 19 toneladas do tipo A3, qual o total e) 8
de carros construídos (dos tipos C1, C2 ou C3)?

CPV MAText21
MATEMÁTICA 63

73. (Unesp/2011) Uma família fez uma pesquisa de mercado, 77. No seu livro Introdução à Álgebra, Leonhard Euler propõe
nas lojas de eletrodomésticos, à procura de três produtos que um curioso e interessante problema aos leitores:
desejava adquirir: uma TV, um freezer e uma churrasqueira. Em Duas camponesas juntas carregam 100 ovos para vender em
três das lojas pesquisadas, os preços de cada um dos produtos uma feira e cada uma vai cobrar seu preço por ovo. Embora
eram coincidentes entre si, mas nenhuma das lojas tinha os três uma tivesse levado mais ovos que a outra, as duas receberam
produtos simultaneamente para a venda. a mesma quantia em dinheiro.
A loja A vende a churrasqueira e o freezer por R$ 1.288,00. Uma delas disse, então:
A loja B vende a TV e o freezer por R$ 3.698,00. — Se eu tivesse trazido o mesmo número de ovos que você
A loja C vende a churrasqueira e a TV por R$ 2.588,00. trouxe, teria recebido 15 kreuzers (antiga moeda austríaca).
A família acabou comprando a TV, o freezer e a churrasqueira Ao que a segunda respondeu:
nestas três lojas. — Se eu tivesse trazido a quantidade de ovos que você trouxe,
20
teria recebido kreuzers.
O valor total pago, em reais, pelos três produtos foi: 3
a) 3.767,00 b) 3.777,00 c) 3.787,00 Releia o texto com atenção e responda:
d) 3.797,00 e) 3.807,00 Quantos ovos carregava cada uma?

74. (Uel-pr) Analise a tabela a seguir. 78. Diofante de Alexandria, que viveu cerca do ano 250, publicou
na sua obra Aritmética extensos estudos sobre equações
Um copo Uma colher (de Necessidade
indeterminadas, em que as soluções eram pares ordenados de
de leite sopa) de aveia diária padrão
números naturais.
Proteína 6,4 g 0,8 g 88 g
a) Uma das equações era esta: xy – 5x + 4y = 0, em que as
Carboidrato 10,0 g 2, 0 g 400 g variáveis x e y são números naturais. Expresse a variável x
Com base nos dados, um mingau composto somente desses em termos da variável y e tente, por substituição, encontrar
ingredientes e feito para suprir 10% das necessidades diárias de todos os pares ordenados (x;y) que são soluções da equação.
proteína e 4% das necessidades diárias de carboidratos deverá b) As irmãs Ana e Marta receberam de seu avô certa quantia cada
conter quantos copos de leite e quantas colheres (de sopa) de uma, somente em notas, sem nenhuma moeda. Também não
aveia, respectivamente? receberam nenhuma nota de R$ 1,00. A soma das quantias
1 mais a diferença entre a quantia de Ana e a de Marta, mais
a) 1 e 2 b) 1 e 3 c) 1 e 4
1 2 o produto delas, é igual a 100. Se Ana, que é mais velha,
d) 2 e 2 e) 2 e 3
7 recebeu uma quantia maior que a de Marta, quantos reais
pode ter recebido cada uma?
nível iIi (difícil)
79. a) Mostre que há infinitas triplas ordenadas (x; y; z) de
números que satisfazem a equação matricial:
75. (FGV) Em um quadrado mágico, como o indicado na figura, a
soma dos números em cada linha, em cada coluna e em cada  1 2  −1  0
diagonal assume o mesmo valor.
       
A 24 B x .  2  + y .  0  + z .  −10  =  0 
     
Se as letras A, B, C, D e E representam números, 18 C D  −1  1  7  0
então D + E é igual a:        
25 E 21
a) 43 b) 44 c) 45  2 x + y = a
d) 46 e) 47 b) Resolva o sistema linear 
 5x + 3y = b

76. Sejam x, y e z números reais positivos que satisfazem o nas incógnitas x e y, usando o conceito de matriz inversa.
Use o fato de que a inversa da matriz
 1
 x + y = 4
  2 1  3 −1 
A =   é A−1 =  .
 1 5 3   −5 2 
sistema    
 y + z = 1

 z + 1 = 7 80. Para que o sistema de equações lineares
 x 3  a x + 3y = 4

 nas variáveis x e y,

 6 x + a y = −1
a) Calcule a solução (x; y; z) desse sistema. 
1 admita solução única, com x = 1, é necessário que o produto
b) Faça um esboço do gráfico de x + = 4 no plano
ortogonal (x; y). y dos possíveis valores de a seja:
a) 49 b) 21 c) – 21 d) 441 e) – 49

MAText21 CPV
64 MATEMÁTICA
81. (Uesc-BA/2011) Uma empresa turística pretende alugar 83. (Puc-sp/2011) Vítor e Valentina possuem uma caderneta de
alguns ônibus para levar 260 pessoas em excursão. poupança conjunta. Sabendo que cada um deles dispõe de certa
quantia para, numa mesma data, aplicar nessa caderneta, considere
Para minimizar a despesa com esse aluguel, foi feita uma
as seguintes afirmações:
pesquisa de preços junto a uma empresa de transportes que,
para o período desejado, disponibilizou 5 ônibus de 40 lugares — se apenas Vítor depositar nessa caderneta a quarta parte da
e 8 ônibus de 50 lugares, mas apenas 6 motoristas. quantia de que dispõe, o seu saldo duplicará;
— se apenas Valentina depositar nessa caderneta a metade da
Sabendo-se que o aluguel do ônibus maior custa R$ 2000,00
quantia que tem, o seu saldo triplicará;
e o aluguel do ônibus menor, R$ 1300,00, pode-se concluir
— se ambos depositarem ao mesmo tempo as respectivas frações
que a menor despesa com aluguel de ônibus, nessa empresa
das quantias que têm, mencionadas nos itens anteriores, o
de transportes, será, em reais, igual a
saldo será acrescido de R$ 4.947,00.
a) R$ 8.500,00
Nessas condições, se nessa data não foi feito qualquer saque de
b) R$ 9.200,00
tal conta, é correto afirmar que
c) R$ 9.900,00
d) R$ 10.600,00 a) Valentina tem R$ 6.590,00.
e) R$ 11.900,00 b) Vítor tem R$ 5.498,00.
c) Vítor tem R$ 260,00 a mais que Valentina.
82. (Uel-pr/2012) A tabela a seguir apresenta a capacidade d) o saldo inicial da caderneta era R$ 1.649,00.
de geração de energia C, a área inundada A e a razão e) o saldo inicial da caderneta era R$ 1.554,00.
da capacidade de geração de energia pela área inundada
E = C/A, de 5 usinas hidrelétricas brasileiras. 84. (Fuvest-SP/2011) Uma geladeira é vendida em n parcelas iguais,
sem juros. Caso se queira adquirir o produto, pagando-se 3 ou 5
Hidrelétrica C (MW) A (km2) E (MW/km2) parcelas a menos, ainda sem juros, o valor de cada parcela deve
Itaipu 14.000 1.350 10,4 ser acrescido de R$ 60,00 ou de R$ 125,00, respectivamente.
Porto Primavera 1.800 2.250 0,8 Conclui-se que o valor de n é igual a:
Serra da Mesa 1.275 1.784 0,7 a) 13
Sobradinho 1.050 4.214 0,2 b) 14
Tucuruí 8.370 2.430 3,4 c) 15
d) 16
O maior valor de E é aquele da usina de Itaipu. e) 17

O par ordenado (x; y) do sistema linear 85. (Unicamp-simulado/2011) Uma empresa deve enlatar uma
3, 4 0, 2  x  10, 4 mistura de amendoim, castanha de caju e castanha-do-Pará.
   =  Sabe-se que o quilo de amendoim custa R$5,00, o quilo de
0, 8 0, 7   y  10, 4
      castanha de caju, R$20,00 e o quilo de castanha-do-Pará,
fornece a quantidade de vezes que se deve aumentar o valor de R$16,00. Cada lata deve conter meio quilo da mistura e o custo
E nos pares de usinas Tucuruí/Sobradinho e Porto Primavera/ total dos ingredientes de cada lata deve ser de R$5,75. Além
Serra da Mesa para que cada par ordenado tenha o mesmo disso, a quantidade de castanha de caju em cada lata deve ser
valor E de Itaipu. Considere as afirmativas a seguir. igual a um terço da soma das outras duas.
I. O sistema linear dado tem infinitas soluções. Nesse caso, as quantidades de cada amendoim, castanha de caju
II. Para que a usina de Sobradinho tenha o mesmo E da usina e castanha-do-Pará, por lata, são respectivamente:
de Tucuruí, é necessário que ela aumente 9,7 vezes sua
capacidade de geração de energia. a) 270 g, 125 g e 105.
III. A matriz do sistema linear dado tem determinante não b) 270 g, 172,5 g e 57,5 g.
nulo, portanto a solução do sistema linear é única. c) 250 g, 125 g e 125 g.
IV. Para que a usina de Porto Primavera tenha o mesmo E da d) 228 g, 100 g e 72 g.
usina de Itaipu, é necessário que ela aumente 13,0 vezes
sua capacidade de geração de energia. 86. (Ue-rj/2010) Ao final de um campeonato de futebol, foram
premiados todos os jogadores que marcaram 13, 14 ou 15 gols
Estão corretas apenas as afirmativas: cada um. O número total de gols realizados pelos premiados foi
a) I e II. igual a 125 e, desses atletas, apenas cinco marcaram mais de 13
b) II e IV. gols.
c) III e IV. Calcule o número de atletas que fizeram 15 gols.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

CPV MAText21
MATEMÁTICA 65

87. (Unicamp-SP/2010) Uma confeitaria produz dois tipos de 89. (Uf-pr/2011) No diagrama, os números dos círculos grandes
bolos de festa. são obtidos a partir de uma determinada regra.
Cada quilograma do bolo do tipo A consome 0,4 kg de açúcar
e 0,2 kg de farinha.
Cada quilograma do bolo do tipo B consome 0,2 kg de açúcar
e 0,3 kg de farinha para cada quilograma produzido.
Sabendo que, no momento, a confeitaria dispõe de 10 kg de
açúcar e 6 kg de farinha, responda às questões a seguir.
a) Será que é possível produzir 7 kg de bolo do tipo A e 18 kg
a) Descreva a regra pela qual os números dos círculos grandes
de bolo do tipo B? Justifique sua resposta.
desse diagrama são obtidos.
b) Quantos quilogramas de bolo do tipo A e de bolo do tipo B
b) Sabendo-se que os números dos círculos maiores do
devem ser produzidos se a confeitaria pretende gastar toda
diagrama abaixo são obtidos pela mesma regra do diagrama
a farinha e todo o açúcar de que dispõe?
anterior, determine a, b, c e d de modo que esses números
sejam inteiros positivos.

88. (Uf-ce/2010) Os inteiros não todos nulos m, n, p, q


90. (Fuvest-SP) Considere o sistema de equações nas variáveis
são tais que 45m . 60n . 75p . 90q = 1. x e y, dado por:
a) Dê exemplo de um tal quaterno (m, n, p, q). 4x + 2m2 y = 0
b) Encontre todos os quaternos (m, n, p, q) como acima, tais 
2mx + (2m − 1) y = 0
que m + n + p + q = 8. 
a) Resolva o sistema para m = 1.
b) Determine todos os valores de m para os quais o sistema
possui infinitas soluções.
c) Determine todos os valores de m para os quais o sistema
admite uma solução da forma (x; y) = (α; 1), sendo α um
número irracional.

MAText21 CPV
66 MATEMÁTICA
GABARITO  −1 + 17 1 + 17  72. A
35.  ; ; 1; 73. C
 2 2
01. A 74. B
02. S = {(–2; –3)}  −1 − 17 1 − 17  75. D

 ; ; 1;
03. S = Æ 2 2  3 2 5 
04. S = {(2a + 1; a)} 76. a) S =  , , 
05. SI
(−5 + 2 5 ; 5 + 2 5 ; − 8) e  2 5 3 
y
06. Se m ¹ –3, SPD. (−5 − 2 5 ; 5 − 2 5 ; − 8) b)
Se m = –3 e n = –2, SPI.
Se m = –3 e n ¹ –2, SI. 36. x – y = 3 ou - 27
4
37. S = {(3; 4)}
m = − 6 ⇒ SI 38. S = {(12 + 9a, 11 + 13a, a), a Î R}
07.  39. SI 2
m ≠ − 6 ⇒ SPD
40. S = {(5; 4)} 1
m = − 3 ⇒ SI 4 1/4
08.  41. k = 1 e k =
m ≠ − 3 ⇒ SPD 4 x
42. D 3 1 2 3
09. S = {(1; 0)} 43. D
10. S = {(3, –2, 1)} SPD 44. m ¹ –12
45. se a ¹ 0 e a ¹ 4 → SPD
11. S = {(–25 + 27a, 14 – 11a, a), a Î R} SPI
12. S = {(2, 1, –3)} b ≠ 0 : SI 77. A = 40 e B = 60
se a = 0 e  78. a) Os pares ordenados são:
13. SI b = 0 : SPI (0; 0); (1; 1); (6; 3) e (16; 4).
m = 1 ⇒ SPI b = 8c : SPI b) Ana recebeu 25 e Marta, 2
 se a = 4 e 
14. m = −1 ⇒ SI b ≠ 8c : SI ou então Ana recebeu 10 e Marta, 8.

m ≠ 1 e m ≠ −1 ⇒ SPD 46. se k = 0 → SPI;  1  2  −1  0
15. C se k ¹ 0 e k ¹ –3 → SPD;        
3 se k = –3 → SI 79. a) x .  2  + y .  0  + z .  −10  =  0 
16. m = 5 e k = –6 47. k ¹ 3 e k ¹ –3  −1  1  7  0
48. a ¹ 2 e a ¹ –1        
17. D
18. m ¹ – Þ
1 49. B é um sistema homogêneo,
3 50. D que admite ao menos a solução trivial.
51. E  x + 2 y − z = 0
 2 + 8m 1 + 4m − m 2   52. A
Solução:  , m ∈  
 3m + 1 , +   53. A  2 x + 0 y − 10z = 0 Þ
 6 m 2  54. A 
 −x + y + 7 z = 0
55. A
19. S = {(2; 1)} SPD 56. E 1 2 -1
57. A
 7 + 3m 3 − 7 m  58. E det A = 2 0 -10 =0
20. S =  2 , 
 m + 1 m 2 + 1 59. Juntos, os três completam o trabalho em 8 dias. -1 1 7
  3n − d d − 2n
60. a) A ( x ) = e B ( y) = Portanto, é um SPI, que admite infinitas
21. S = {(1, 2, 3)} SPD 200 100
soluções.
x + y + z = 1 b) São necessários 30 caminhões do tipo A e b) S = {(3a – b, –5a + 2b)}
 10 caminhões do tipo B.
22. a) Para a = 1, temos: x + y + z = 2 . 80. E
 c) Não seria possível à empresa auferir em 81. B
x + y + z = − 3 uma única viagem a receita mínima de 82. C
R$ 4,3 milhões. 83. D
Se subtrairmos a 2a e a 3a linhas da 1a
61. a) São vendidas, respectivamente, 2, 1, 0 84. A
e 1 coleções completas diariamente nas 85. C
x + y + z = 1 livrarias A, B, C e D.
 86. 3
resulta: 0 x + 0 y + 0z = −1 . b) Os preços de cada livro da 6a, 7a, 8a e 9a séries
87. a) Não será possível, pois faltará farinha.
 são, respectivamente: R$ 60,90, R$ 60,90,
0 x + 0 y + 0z = 4 b) 22,5 kg do tipo A e 5 kg do tipo B.
R$ 63,90 e R$ 63,90.
c) 8% 88. a) m = 5, n = 3, p = –1 e q = –6.
Portanto, o sistema é impossível. b) m = 40, n = 24, p = –8 e q = –48.
62. D
b) a ¹ 1 e a ¹ –2 63. C 89. a) Os números dos círculos grandes são
23. m = ±3 64. A obtidos a partir da soma dos números dos
65. D dois círculos menores adjacentes.
a = − 6 : SPI 66. C
24.  b) Uma resposta possível é
a ≠ − 6 : SPD 67. C
68. A a = 11, b = 1, c = 10 e d = 9.
25. SPI 69. B 90. a) S = {( α, – 2); α Î }
26. SPD 70. 9
27. B 1 

 x + y + z = 8000 b) m = 1 ou m =
(−1 + 5 ) ou
28. a ¹ ± 11 . Solução: {(0, 0, 0)} 
2 71.  , 3x + 0, 2 y + 0, 5z = 2580
0 2

29. a = 0
30. k ¹ 2 e k ¹ 4
1, 5x + y + z = 9000


 m =
(−1 − 5 )
Resolvendo o sistema:
31. (6 2; 3 2) ou (–6 2; –3 2) x = 2000
2

32. (2 + 2; – 2 + 2) ou (2 – 2; – 2 – 2)
y = 3400
c) m =
(−1 + 5 ) ou m = (−1 − 5 )
z = 2600 2 2
33. D Portanto, o rendimento obtido será
34. (1; −2; 0), (2; −1; 0), (3; − 4; 10), (4; − 3; 10) R = 0,4 . 300 + 0,3 . 3400 + 1 . 2600 = 4820 reais

CPV MAText21
MATEMÁTICA
)
67

.
Geometria Plana
cálculo de áreas Área do Paralelogramo
Considere um paralelogramo de base b e altura h.
Área do Quadrado
a
Considere um quadrado de lado .
h


b
Para deduzir a área A do paralelogramo, observe a figura
seguinte.
E B

A área A do quadrado é definida como sendo: A = 2

Área do Retângulo
h
Considere um retângulo de base b e altura h.

D Q C P
h b
Como o triângulo EDQ é congruente ao triângulo BCP,
concluímos que a área do paralelogramo EBCD é igual à área
b do retângulo EBPQ. Temos, portanto:
Para deduzir a área A do retângulo, observe o quadrado da figura
seguinte cujo lado é igual a b + h. A=b.h
h b Área do Losango
Considere um losango de diagonais D e d.
h A h

b A b D
Para deduzir a área A do losango, observe a figura seguinte.
M N

h b
d
A área desse quadrado é (b + h)2.
No entanto, o quadrado é formado por 2 “quadradinhos”,
de áreas b2 e h2, e 2 retângulos, de área A cada um. Temos: P
Q
D
(b + h)2 = b2 + h2 + 2A
Facilmente constatamos que a área do losango é a metade da
b2 + 2bh + h2 = b2 + h2 + 2A área do retângulo MNPQ. Concluímos então que:
D.d
Concluímos então que: A=b.h A=
2
O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. matext22 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
68 MATEMÁTICA

Área do Trapézio Para deduzir a área A do triângulo, observe a figura seguinte:


B C
Considere um trapézio de base maior B, base menor b e altura h.
b
h

E b D

Facilmente constatamos que a área do triângulo é a metade da


B
área do paralelogramo BCDE. Concluímos então que:
Para deduzir a área A do trapézio, observe a figura seguinte. b.h
A=
2
C b B D
Observação 1:

A1 A2

F B b E
a b

Facilmente constatamos que a área do trapézio é a metade da A razão entre as áreas A1 e A2 é igual à razão entre os segmentos
área do paralelogramo CDEF. Concluímos então que: da base.
A1 a
=
(B + b )h A2 b
A=
2 Observação 2:
B
B+b
A expressão chama-se base média do trapézio.
2
a
Ela é a medida do segmento PQ da figura abaixo.

A b C
P Q
É possível calcular a área do triângulo quando conhecemos as
medidas de dois lados e do ângulo entre eles:

1 ^
A= a . b . sen C
2
Área do Triângulo
Observação 3:
Considere um triângulo de base b e altura h.

a a

h Num triângulo equilátero de


lado a, a área é dada por:

a2 3 a
b
A=
4

CPV matext22
MATEMÁTICA 69

Fórmula de Hierão ÁREA DO POLÍGONO REGULAR

Dados os lados a, b e c de um triângulo e o seu semiperímetro Um polígono regular de n lados sempre pode ser decomposto
a+b+c em n triângulos de base igual ao lado l do polígono e altura
p= , a área A do triângulo pode ser calculada por
2 igual ao apótema m do mesmo.

A= p (p – a) (p – b) (p – c)

Triângulo Circunscrito à circunferência

a c m
r

l
b
a+b+c l.m n.l
A área A de um triângulo de semiperímetro p = , cujo A=n. = .m
2 2 2
raio do círculo inscrito mede r, pode ser calculada por
n.l
= p é o semiperímetro
2
A=p.r

A=p.m
Triângulo Inscrito à circunferência
B Cada um dos n triângulos é isósceles.
O

a c Ø

b m R
C A
R

A M l B
A área de um triângulo de lados medindo a, b e c, cujo raio do 2

círculo circunscrito mede R, pode ser calculada por OA = OB = raio da circunferência circunscrita

a.b.c OM = m = raio da circunferência inscrita ou


A= apótema do polígono
4R
l
AM = MB =
Razão entre áreas 2
de triângulos semelhantes 360º
Ø=
n
Dados dois triângulos semelhantes cuja razão de semelhança
A área A pode ser calculada por:
entre eles é k, a razão entre as suas áreas será k2.

A’B’ B’C’ A’C’ R.R 1


ΔABC ~ ΔA’B’C’ Û = = =k A=n. . sen Ø → A= n . R2 . sen Ø
AB BC AC 2 2
SA’B’C’
= k2
SABC

matext22 CPV
70 MATEMÁTICA

exercícios exercícios de casa

01. As diagonais de um paralelogramo medem 5 cm e nível 1 (fácil)


4 cm e formam entre si um ângulo de 30º. Calcule a área
desse paralelogramo. 05. Determine a razão entre as áreas dos quadrados circunscrito
e inscrito a uma mesma circunferência.

06. Dois lados de um triângulo medem: b = 4 cm e a = 5 cm.


O ângulo formado por eles mede 30º. Calcule:
a) a área do triângulo;
b) a altura relativa ao lado de medida a.

07. Calcule a área de um paralelogramo cujos lados medem


8 cm e 6 cm e que possui um ângulo interno igual a 30º.

02. Calcule a área de um trapézio cuja base maior mede 11 cm e 08. Marta quer comprar um tecido para forrar uma superfície de
os demais lados 5 cm. 10 m2. Quantos metros, aproximadamente, ela deve comprar
de uma peça que tem 1,5 m de largura e que, ao lavar, encolhe
cerca de 4% na largura e 8% no comprimento? Aproxime a
resposta para o número inteiro mais próximo.

03. Calcule a área de um octógono regular inscrito numa


circunferência de raio 4.
nível 2 (médio)

09. Na figura, o ΔABC é equilátero de lado 12.


Tomam-se AM = BN = CP = 2. Calcule a área do ΔMNP.
A

M
P

B C
04. Os triângulos da figura abaixo são equiláteros, todos os N
quadriláteros apresentados são quadrados e o polígono do
meio é um hexágono regular. A razão entre a soma das áreas 10. Na figura abaixo, ABCDEF é um hexágono regular de lado
das regiões sombreadas e a soma das áreas das regiões em 4 cm, PA = PB e PD = PE. Se a área do triângulo ABP é
branco é igual a: o triplo da área do triângulo PDE, então a distância entre os
pontos P e E, em cm, vale:
3
a) A B
4
a) 7
3
b) b) 6
2
F C
c) 3 c) 5

d) 3 P
d) 2 3
e) 2
E D
e) 4 3

CPV matext22
MATEMÁTICA 71

comprimento da circunferência Setor Circular

Se dividirmos o comprimento C de uma circunferência pelo seu O setor é a região delimitada por dois raios e um arco de
diâmetro d, obteremos um número próximo de 3,141592653589..., circunferência.
mais conhecido como π (Pi).

R α

R
R

Como sabemos que o diâmetro mede o dobro do raio (d = 2R), A área do setor pode ser calculada pela fórmula
concluímos que:
a
C C Asetor = . π . R2
2R = π Þ C = 2 . π . R
= 360º
d

(α em graus)
Área do Círculo

Segmento circular
R
Segmento circular é a região compreendida entre uma corda e
um arco de circunferência.

A área do círculo pode ser calculada pela fórmula

Acírculo = π . R 2
a
Área da coroa circular
A coroa circular é a região compreendida entre duas
circunferências coplanares e concêntricas cujos raios possuem
medidas distintas. Uma corda divide o círculo em dois segmentos circulares.
A área do menor deles pode ser calculada subtraindo-se a área
do triângulo da área do setor circular.

Sendo assim, temos:


r
Asegmento = Asetor – Atriângulo
R

a 1
Asegmento = . π . R2 – . R 2 . sen a
A área da coroa circular pode ser calculada por: 360º 2
Acoroa = π . R 2 – π . r2
(α em graus)
Acoroa = π . (R 2 – r2)

matext22 CPV
72 MATEMÁTICA

exercícios exercícios de casa

11. Na figura, ABCD é um quadrado de área 16 cm2. nível 1 (fácil)


BD é um arco de circunferência com centro em A.
Sabendo-se que as áreas sombreadas S1 e S2 são equivalentes 14. Calcule a área de um círculo cujo comprimento da
(têm áreas iguais), BF mede: circunferência é 10 π cm.

a) 3 cm D C 15. Calcule a área do setor circular da figura seguinte.

b) π cm S1
E F 4
c) 2 3 cm S2
72°
9
d) cm
π 4

e)
π 3 cm
2 A B

16. Calcule a área do segmento circular da figura seguinte.

12. Calcule a área da coroa circular sombreada, sabendo que a


corda AB, que mede 4 cm, tangencia a circunferência menor
no ponto T.
2 120°
A
2

17. Calcule a área do segmento circular de raio unitário e ângulo


B de 60º.

18. A figura a seguir mostra um triângulo equilátero, de lado 6 cm,


13. Calcule a área da figura sombreada, sabendo que BCDE é e o seu círculo inscrito. Calcule a área da figura sombreada.
um quadrado de lado 6 cm.
B C

19. Sabendo que o círculo de centro O tem raio 2 cm e que as


semicircunferências de centros A e B têm ambas raios de 1
E 6 cm D cm, calcule a área da figura sombreada.

B
A O

CPV matext22
MATEMÁTICA 73

20. Na figura, a cruz é formada por 5 quadrados iguais e está exercícios complementares
inscrita num círculo de área 10π cm2.
nível 1 (fácil)
A área dessa cruz é: 01. A figura mostra uma torre de altura h.
a) 15 cm2 a) Qual é a medida, em graus e em radianos, do ângulo
b) 20 cm2 agudo Â?
c) 16 cm2 b) Qual é a medida h da torre, em metros?
d) 25 cm2
e) 18 cm2 c) Qual é o valor numérico da expressão
cos (180º – x) + sen (x – 90º), em que x é a medida em
graus do ângulo agudo Â?
21. Um triângulo ABC, retângulo em A, está inscrito a uma
circunferência de raio 2 cm.
72 m
Um arco de circunferência BC, com centro em A, delimita h
a região sombreada abaixo, cuja área, em cm2, é:
x
a) 1 C A
36 m
b) 2
02. Na figura plana abaixo, os triângulos ABC e CDE são
π
c) equiláteros. Os lados medem 4 cm e 6 cm respectivamente.
O Calcule a área do quadrilátero ABDE.
π
d) D
2 B

e) 2 (π – 2) A B

22. Duas circunferências idênticas de raio R = 6 cm são secantes A C E


entre si de tal forma que uma passa pelo centro da outra.
03. Calcule a área de um hexágono regular de lado 5 cm.
A região interna comum às duas circunferências tem área:

( )
04. Um losango tem perímetro igual a 20 m e um de seus ângulos
3 3 internos mede 60º. Calcule a sua área.
a) 4 6π – cm2
2
b) 12 (π – 3) cm2 05. Os lados de um triângulo são: a = 8 cm, b = c = 7 cm.
Calcule sen Â.
c) 6 (4π – 3 3) cm2
06. No triângulo ABC da figura, determine os valores de x e h.
d) 3 (8π – 5 3) cm2

( )
A
3
e) 4 6π + cm2
2
20 x
nível 3 (Difícil) h

23. Calcule a área da coroa circular compreendida entre as


60º H
circunferências inscrita e circunscrita a um pentágono B C

regular cujo perímetro mede 40 cm. 32

matext22 CPV
74 MATEMÁTICA

07. Determine a área da figura sombreada, em função de m. nível 2 (médio)

11. Aumentando-se o número de lados de um polígono de 3,


seu número de diagonais aumenta de 21.
2m
m+6 Determine o número de diagonais desse polígono.

12. Em um polígono convexo a soma dos ângulos internos é


igual ao número de diagonais multiplicado por 180º.

Qual é esse polígono?

a) Triângulo
b) Quadrilátero
c) Pentágono
08. (Cesgranrio-RJ) A área da sala representada na figura é: d) Hexágono
e) Heptágono
7m

13. Considere dois polígonos com n e n + 6 lados,


respectivamente. Sabendo-se que um dos polígonos tem 39
2m
diagonais mais que o outro, é certo que n vale:
3m

a) 8
b) 7
a) 15 m2 c) 5
6m d) 6
b) 17 m2
c) 19 m2 e) 4
d) 20 m2
e) 21 m2 14. Determine o maior ângulo de um pentágono cujos ângulos
internos estão na razão 3 : 3 : 3 : 4 : 5.

09. Seja o hexágono regular inscrito em uma circunferência 15. Determine o número de diagonais de um polígono regular
de centro O e raio 6 cm. A área da região destacada convexo cujo ângulo externo vale 24º.
(em cm2) é:
16. A razão entre o ângulo interno e o ângulo externo de um
polígono regular é 9.
a) 9 3
b) 10 3 O Determine o número de lados do polígono.
c) 15 3
17. O ângulo externo de um polígono regular é igual ao dobro
d) 18 3 de seu ângulo interno.
e) 20 3
Determine o número de diagonais desse polígono.

10. Dois triângulos são semelhantes. O perímetro do primeiro é 18. As mediatrizes de dois lados consecutivos de um polígono
24 m e o do segundo é 72 m. regular formam um ângulo de 24º.

Se a área do primeiro for 24 m2, a área do segundo será: O número de diagonais desse polígono é:

a) 108 m2 a) 102
b) 144 m2 b) 88
c) 180 m2 c) 78
d) 216 m2 d) 90
e) 252 m2 e) 96

CPV matext22
MATEMÁTICA 75

19. (FGV-ECO) Cada lado congruente de um triângulo isósceles 23. Na figura abaixo, cada quadrícula tem área igual a 1 m2.
mede 10 cm. O ângulo agudo definido por esses lados mede π
A corda AB é tangente à circunferência interna da coroa
α graus.
circular de centro O.
A
Se sen α = 3 cos α, a área desse triângulo (em cm2) é igual a:
A área dessa coroa vale:
a) 15 10 b) 12 10 c) 9 20 a) 11 m2
d) 15 3 e) 12 3 b) 7 m2
O
c) 10 m2
20. Num triângulo retângulo, um dos catetos mede 8 cm e a
d) 8 m2
hipotenusa mede 17 cm. Toma-se cada um dos vértices do
triângulo como centros de círculos tangentes externamente, e) 9 m2 B
dois a dois, como na figura.
24. Os dois arcos da figura abaixo têm o mesmo raio igual a
A área do círculo maior (em cm2) é: 6 cm e seus centros são os pontos B e C.

a) 100π A área hachurada mede, em cm2:

b) 121π
a) 9 (2 3 – π) B

529 b) 6 (3 3 – π) D
c) π
4 c) 12 (π – 3)
d) 144π d) 8 (2π – 3)
e) 6 (3π – 2 3)
C A
225
e) π
2
25. Uma folha de papel retangular foi dobrada como mostra
a figura abaixo. De acordo com as medidas fornecidas, a
L região sombreada, que é a parte visível do verso da folha,
21. Considere um triângulo isósceles de lados L, e L cm.
2 tem área igual a:
L
Seja h a medida da altura relativa ao lado de medida .
2
a) 24 cm2
Se L, h e a área desse triângulo
formam, nessa ordem, uma progressão b) 25 cm2
geométrica, determine a medida do lado c) 28 cm2
L L
L do triângulo. d) 35 cm2
h
e) 36 cm2

L 4 cm 6 cm
2
22. Um terreno retangular foi dividido em 5 lotes quadrados, A,
B, C, D e E, como mostra a figura abaixo. 26. Considere um triângulo ABC, equilátero, com 18 cm
de perímetro. Toma-se um ponto P sobre o lado AB e um
Sabe-se que o valor de cada lote é diretamente proporcional à ponto Q sobre o lado AC, tal que PQ seja paralelo a BC.
sua área e que os lotes de esquina têm uma sobrevalorização O segmento PQ divide a área do triângulo ABC ao meio.
de 20%. Então AP mede (em cm):
Se o lote A vale R$ 230.400,00, o valor do lote B é: a) 2 – 1

a) R$ 108.000,00 rua 1 b) 1
C D E
b) R$ 124.800,00 c) 2
A
c) R$ 98.600,00 B d) 3 – 1
d) R$ 110.200,00
rua 2

rua 3

e) R$ 132.000,00 3
e)
2

matext22 CPV
76 MATEMÁTICA

27. No triângulo PQR, retângulo em P, PR = 12 e PQ = 3. 29. (FGV-ECO) Seja ABCD um quadrado e P e Q pontos
médios de BC e CD, respectivamente.
O ponto S, pertencente ao lado PR, é tal que o ângulo
^ mede 120º. Sendo α a medida do ângulo SQR, ^ Então, sen β é igual a:
RSQ o
5
valor de sen α é: a) B P C
5
R
7 3
a) b)
10 5
Q
9 10
b) c) β
11 5
7 4
c) d) A D
12 5
5
12 e)
d) S 120º 6
13
30. (FGV-ECO) A figura indica uma circunferência de diâmetro
11
e) α AB = 8 cm, um triângulo equilátero ABC e os pontos D e E
14
P Q pertencentes à circunferência, com D em AC e E em BC.
A área da região hachurada é:
28. Na figura a seguir, estão representadas partes dos gráficos a) 64 cm2
das funções f(x) = sen x e g(x) = cos x.
b) 8 cm2

1.0
y
c) 8 ( 3–
π
3
) cm2 A B

( )
0.9
π
0.8 d) 4 3– cm2
3

( )
0.7
π D E
0.6 e) 4 3– cm2
2
0.5 C

0.4 31. (FGV-ECO) O ponto D é o centro de uma circunferência


0.3
de 26 cm de diâmetro. O triângulo ABC inscrito nesta
circunferência possui base BC = 10 cm e é isósceles. A área
0.2
hachurada do círculo é igual a:
0.1
A
x a) (169π – 125) cm2
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 b) (44π) cm2
0.1
c) (149π – 75) cm2 D
A partir dos gráficos, é correto concluir que a menor solução d) (130π – 125) cm2
positiva da equação e) (26π – 25) cm2
B C

2 32. Em uma cidade do interior, a praça principal, em forma


cos (2 sen x) =
2 de setor circular de 180 metros de raio e 200 metros de
comprimento do arco, ficou lotada no comício político de
vale aproximadamente:
um candidato a prefeito.
a) 0, 2 Admitindo uma ocupação média de 4 pessoas por metro
b) 0, 3 quadrado, a melhor estimativa do número de pessoas presentes
c) 0, 4 ao comício é:
d) 0, 5 a) 70 mil
e) 0, 6 b) 30 mil
c) 100 mil
d) 90 mil
e) 40 mil

CPV matext22
MATEMÁTICA 77

33. (FGV-DIR) Um artista plástico deseja fazer o painel 36. Na figura abaixo, a reta r é paralela ao segmento AC, sendo
“Quadrados” conforme a figura a seguir. E o ponto de intersecção de r com a reta determinada por
D e C. Se as áreas dos triângulos ACE e ADC são 4 e
10, respectivamente, e a área do quadrilátero ABED é 21,
então a área do triângulo BCE é:
r
a) 6 E
B
b) 7
c) 8 C
d) 9
e) 10
A D
a) Considerando que a medida do lado cinza escuro
é 120 cm e que a do quadrado preto é 50 cm, qual é a 37. Na figura, o quadrado ABCD tem área igual a 256 cm2, o
medida do lado do quadrado cinza claro?
triângulo ECF tem área igual a 200 cm2 e EC CF.
b) Para confeccionar o painel, ele utilizará um material vendido
somente em placas inteiras de 1,8 m x 1,8 m. Quantas placas Nestas condições a distância BE vale:
serão necessárias para produzir o painel? B
E
A
c) Um outro profissional, que trabalha com peças miúdas, a) 12 cm
costuma comprar material que sobra da produção dos b) 18 cm
artistas por R$ 250,00 o metro quadrado. Caso sobre
c) 22 cm
material do painel confeccionado e o artista queira vendê- F
lo, quanto este receberá? d) 19 cm
d) O comprador de sobra de material quer pagar 20% no e) 21 cm
ato da compra e o restante em 30 e 60 dias com juros D C
compostos de 1% ao mês, pagando 50% do valor devido 38. As duas alturas de um paralelogramo medem 2 cm e 3 cm.
ao término do primeiro mês. Quanto pagará no total? Sabendo que seu perímetro é 20 cm, calcule as medidas dos
lados do paralelogramo.
34. a) Obtenha a área de um triângulo equilátero em função da
medida h da altura. 39. Calcule a medida dos lados de um losango de áea 600 m2 no
b) Considere um ponto P situado no interior da região qual o raio da circunferência inscrita é 12 m.
triangular determinada por um triângulo equilátero com
lado de medida m. Sejam h1, h2 e h3 as distâncias de P 40. Na figura, o retângulo ABCD é dividido em quatro retângulos
a cada um dos lados. Mostre que h1 + h2 + h3 é constante por dois segmentos paralelos aos seus lados. As áreas de
para qualquer posição de P e determine essa constante três dos retângulos estão indicadas. Qual é a área do quarto
em função de m. retângulo?
A B

35. Na figura, o ΔABF é equilátero. 6 14


A

? 35
P M Q

D C
B C D E F
41. Calcule a área do quadrilátero ABCD da figura.
Sendo dado que BC = CD = DE = EF, escreva a área do D
quadrilátero CPQE, em função da área S, do ΔABF.
6

10
60º C

45º 4
A 8 B

matext22 CPV
78 MATEMÁTICA

42. No paralelogramo ABCD da figura, E e F são os pontos 47. Na figura, o ΔABC é equilátero de lado 2 cm. Os arcos de
médios dos lados BC e CD, respectivamente. Qual é a área circunferência têm centros em A e em B e seus raios têm
do quadrilátero AFCE ? medida 1 cm. Calcule a área da região indicada.
A B A

12
E

D F B C
18 C

43. Na figura, ABCD é um quadrado de lado 6 cm. 48. Na figura, as três circunferências têm raio 1 e são tangentes
Se AE = BF = CG = DH = 2 cm, qual é a área do quadrilátero duas a duas. Calcule a área da região indicada.
EFGH ?
A E B O O’

F
O”

D G C
49. Num triângulo ABC, equilátero de lado 4, temos:
44. Na figura, ABCD é um retângulo de dimensões 4 e 8. AM = MC = 2, AP = 3 e PB = 1.
Determine x para que a área do ΔMCN seja equivalente a Calcule o perímetro do triângulo APM.
3/8 da área do retângulo ABCD.
2x M B
A ^
50. Num triângulo ABC, temos: AC = 30 cm, CAB = 75º e
^
ABC = 60º. Calcule AB.

4
N 51. Dois lados consecutivos de um paralelogramo medem
x 2 cm e 3 cm e formam um ângulo de 60º.
Calcule as medidas das diagonais do paralelogramo.
D 8 C

45. Na figura, ABCD é um paralelogramo e M é ponto médio 52. Numa circunferência está inscrito um triângulo ABC, cujo
do lado AB. Se a área do ΔAME é 10 cm2, qual é a área do lado BC é igual ao raio da circunferência.
^
ΔDCE ? A M B Determine a medida do ângulo BAC.

E
53. A área de um triângulo equilátero em função do raio R do
círculo circunscrito a esse triângulo é igual a:

D C 2 . R2 3
a)
46. Na figura, o círculo de centro 1 está inscrito no setor de 60º 3
da circunferência de centro O e raio R. Determine a área do 3 . R2 3
b)
círculo inscrito. 2
M
4 . R2 3
c)
3
5 . R2 3
d)
I 4
60º 3 . R2 3
e)
O R N 4

CPV matext22
MATEMÁTICA 79

54. A razão entre a base e a altura de um triângulo é 8/5. Sendo 62. Um triângulo retângulo tem área igual a 36 cm2 e a hipotenusa
52 cm a soma da base com a altura, determine a área do é igual ao dobro da altura relativa a ela. Seu perímetro vale:
triângulo.
a) 12 . (1 + 2) cm
55. Determine a área de um triângulo isósceles sabendo que
sua base mede 6a, e a soma dos lados congruentes mede b) 10 . (1 + 3) cm
10a. c) 11 . (1 + 5) cm

56. Determine a área de um triângulo isósceles de perímetro d) 10 . (1 + 2) cm


igual a 32 cm, sabendo que sua base excede de 2 cm cada e) 11 . (1 + 3) cm
um dos lados congruentes.
63. Na figura ao lado,
57. Determine a área de um triângulo equilátero em função de AM = MB = BC = AD.
sua altura h. Determine a área hachurada,
sabendo que o perímetro do D C
58. (Cesgranrio-RJ) Os triângulos 1 e 2 da figura são retângulos retângulo ABCD mede 42 cm.
isósceles. Então a razão da área de 1 para a área de 2 é:

A B
a) 3 M
b) 2
c) 2 1
64. Se a soma das áreas dos três círculos de mesmo raio é 3π, a
5 área do triângulo equilátero ABC é:
d)
2 2 C
3 a) 7 3 + 12
e)
2 b) 7 + 4 3
59. A área de um triângulo equilátero em função do raio r do c) 19 3
círculo inscrito nesse triângulo vale:
d) 13 3
a) 3 3 . r2 e) 11 3 A B

b) 3 . r2 65. (UF-RS) Na figura abaixo, o triângulo ABC é equilátero e


c) 2 . r2 ADC é um semicírculo. O perímetro da região sombreada é
d) 2 3 . r2 4 + π.
e) 4 . r2 A área do retângulo circunscrito é:
60. A base de um triângulo isósceles mede 12 cm e sua altura A
6 cm. A razão entre a área do triângulo e a área de um a) 2( 3 + 5)
quadrado inscrito nesse triângulo sabendo que a base do b) 2( 3 + 1)
B
quadrado está apoiada sobre a base do triângulo é igual a: c) ( 3 + 1) D

d) 4
a) 7/4 e) 3
b) 9/4 C
c) 2,5 66. (FUVEST-SP) A figura abaixo representa um hexágono
d) 3 regular, inscrito em um círculo de centro O e raio 8 2.
e) 2 A área da região assinalada na figura é:
61. Seja ABC um triângulo isósceles cujos lados
congruentes medem 5 cm; sendo 6 cm a medida do lado a) 48π – 32 3
(base do triângulo). A razão entre o raio do círculo circunscrito b) 64π – 192 3
e o raio do círculo inscrito nesse triângulo é igual a: c) 96π – 32 3
a) 23/8 b) 24/5 c) 23/7 d) 128π – 192 3
d) 23/6 e) 25/12 e) 136π – 32 3

matext22 CPV
80 MATEMÁTICA

67. Três círculos de mesmo raio r são tangentes exteriormente, 71. (FUVEST-SP) O quadrilátero ABCD é um retângulo e
dois a dois. A área da região assinalada é: os pontos E, F e G dividem a base A em quatro partes
iguais. A razão entre a área do triângulo CEF e a área do
r2
a)
2
(3 3 – π) retângulo é:
D C

r2
b)
2
(3 2 – π) a) 1/6
b) 1/7
r2
c)
2
(2 3 – π) c) 1/8
d) 1/9
r2
d)
2
(2 2 – π) e) 1/10
A E F G B
r2
e)
2
( 3 – π)
72. Na figura, A1 é a área do quadrilátero MNAB e A2 é a área
do triângulo ABC. Se A1 é 51% de A2, x é igual a:
68. A diagonal AC do quadrado ABCD mede 2 cm. Se o
diâmetro de cada uma das semicircunferências é igual à C
metade do lado do quadrado, a área da região assinalada a) 8
vale: b) 8,4
A B
c) 8,6 M x
N
a) 1
d) 8,8
b) 1/π
e) 9 A
12
B
π/8
c)
d) 2 73. Determine as medidas dos ângulos de um paralelogramo
D sabendo que a diferença entre dois consecutivos é igual a
π
e) C
1/9 da soma de seus ângulos.

74. O retângulo ABCD representa um terreno retangular


69. (UNIFESP) A figura mostra uma circunferência de raio 4
e centro C1, que tangencia internamente a circunferência cuja largura é 3/5 do comprimento. A parte hachurada
maior, de raio R e centro C2. Sabe-se que A e B são representa um jardim retangular cuja largura é também
pontos da circunferência maior, AB mede 8 e tangencia 3/5 do comprimento. Qual a razão entre a área do jardim e
a circunferência menor em T, sendo perpendicular à reta a área total do terreno?
que passa por C1 e C2. D C
a) 30%
A área da região destacada é: b) 36%
A
c) 40%
a) 9π R d) 45%
b) 12π 4
T e) 50%
A B
C 1 C2
c) 15π
d) 18π 75. Em um trapézio retângulo, a bissetriz de um ângulo reto forma
e) 21π B com a bissetriz do ângulo agudo do trapézio um ângulo de
110º. Determine o maior ângulo do trapézio.

70. Com uma corda de 40 m de comprimento, construímos um 76. Determine o lado de um quadrado, sabendo que se
quadrado e depois um trapézio isósceles cuja base maior é o aumentarmos seu lado de 2 cm sua área aumenta de 36 cm2.
dobro da menor e cujos lados oblíquos têm medidas iguais
à base menor. Determine a razão entre a área do quadrado
e a área do trapézio.

CPV matext22
MATEMÁTICA 81

77. Um quadrado e um losango têm o mesmo perímetro. 83. (UF-RS) Com quatro palitos de mesmo comprimento, forma-
Determine a razão entre a área do quadrado e a do losango se um quadrado com a cm2 de área e p cm de perímetro.
sabendo que as diagonais do losango estão entre si como 3/5
e que a diferença entre elas é igual a 40 cm. Se a + p = 21, o comprimento de cada palito (em cm) é:

a) 1
78. (FUVEST-SP) As bases de um trapézio isósceles circunscrito b) 3
a uma circunferência medem 9 m e 6 m. Cada um dos outros c) 2
dois lados do trapézio (em m) mede: d) 5
a) 4,5 e) 4
b) 6
c) 7,5 84. (PUC) Um projetor está a uma distância de 2 m de uma parede.
d) 8 A que distância da parede deve ser colocado o projetor para
e) 5,5 que a área de um quadro projetado aumente 50%?

79. (PUCCamp-sp) Os lados paralelos de um trapézio a) 6 m


retângulo medem 6 cm e 8 cm, e a altura mede 4 cm. b) 2 3 m
A distância entre o ponto de intersecção das retas suporte dos
c) 3 m
lados não paralelos e o ponto médio da maior base é:
d) 4,5 m
a) 5 15 cm e) 3 2 m
b) 2 19 cm
85. (Cesgranrio-RJ) Cinco quadrados de lado x formam a
c) 3 21 cm
cruz da figura. A área do quadrilátero convexo de vértices
d) 4 17 cm A, B, C e D é: D
e) 6 15 cm x
a) 2 5 . x2 C
80. (UF-ES) Seja ABCD um trapézio retângulo. O ângulo b) 4x2
formado pelas bissetrizes de seu ângulo reto e do ângulo c) 4 3 . x2
consecutivo da base maior mede 92º. Os ângulos agudo e A
d) 5x2
obtuso desse trapézio medem, respectivamente:
e) 6x2 B
a) 88º e 92º
b) 86º e 94º 86. Dado um triângulo ABC de base 8 e altura 6, o retângulo,
c) 84º e 96º que tem a base contida no triângulo e os outros dois vértices
d) 82º e 98º como os pontos médios dos outros dois lados do triângulo,
e) 79º e 101º tem área máxima de: A

81. (PUC) A diagonal de um paralelogramo divide um dos ângulos a) 4


internos em dois outros, um de 60º e outro de 45º. b) 6
A razão entre os lados menor e maior do paralelogramo é: c) 8
3 2 2 3 d) 10
a) b) c) e) 12
6 2 9 B C

6 3 87. O ponto P pertence à base BC de um triângulo


d) e)
3 3 escaleno ABC. As áreas dos triângulos ABP e APC são
82. Na figura, ABCD é um retângulo. 40 cm2 e 10 cm2, respectivamente. A razão BP/PC é:
AB = 4, BC = 1 e DE = EF = FC.
G a) 4
Então BG é igual a: b) 2
c) 8
a) 5/ 2 E F
d) 6
D C
b) 5/4 e) 5
c) 5/2 88. Dois polígonos convexos têm o número de lados expressos
d) 9/4 pelos números n e n + 4. Determine o valor de n sabendo
e) 11/4 A B que um dos polígonos tem 34 diagonais a mais que o outro.
matext22 CPV
82 MATEMÁTICA

89. Na figura abaixo, o triângulo AEF é equilátero e o quadrado 96. (Cesgranrio-RJ) A área do polígono destacada na figura,
ABCD tem lado igual a 2 cm. construído a partir de dois triângulos equiláteros, é:
E
D C
2 3 2
a) l
3 2l
3 3 2
b) l l
4
l
F c) 3 l2
4
A B 5 3 2
d) l
Sendo CE = CF, a área do triângulo AEF vale: 6
3 l 3
a) ( 3 + 1) cm2 e) l2
4 3
b) (2 2 – 1) cm2
c) (2 2 – 3) cm2 97. Dados dois polígonos regulares, com n + 1 lados e n lados,
d) (4 3 – 6) cm2 respectivamente, e sabendo que o ângulo interno do primeiro
polígono excede o ângulo interno do segundo de 5º, determine
e) ( 3 – 1) cm2
o valor de n.
90. Qual a área de um dodecágono regular inscrito em uma
a) 8
circunferência de raio R = 10 cm?
b) 12
c) 10
91. Os lados de dois octógonos regulares têm, respectivamente,
d) 9
5 cm e 12 cm. O comprimento do lado de um terceiro
e) 7
octógono regular, de área igual à soma das áreas dos outros
dois, é igual a:
98. (PUC) Qual a medida do lado de um polígono regular de 12
lados, inscrito em um círculo de raio unitário?
a) 17 cm
b) 15 cm
a) 2 + 3
c) 14 cm
d) 13 cm
e) 12 cm b) 2– 3

92. O número de diagonais de um polígono regular de 2n lados, c) 3 – 1


que não passam pelo centro da circunferência circunscrita
a este polígono, é dado por: 1 3
d) +
2 2
a) 2n (n – 2)
b) 2n (n – 1) 3 1
e) –
c) 2n (n – 3) 2 2
d) n (n – 5) 99. As medidas de dois dos lados de um triângulo isósceles são
e) n (n – 2) números inteiros e consecutivos. Determine sua área, sabendo
que seu perímetro é 16.
93. Determine o número de lados de um polígono convexo
regular cujo ângulo interno é o quíntuplo do externo. 100. Os dois quadrados da figura
possuem o mesmo centro e
94. Determine a medida do ângulo formado pelos prolongamentos lados paralelos. Sabendo que
dos lados AB e CD de um polígono regular de 20 lados. o lado do quadrado maior x
mede 2 e que a área da faixa
95. Três polígonos têm o número de lados expressos por compreendida entre os dois
números inteiros consecutivos. Sabendo que o número total é igual à área do quadrado
de diagonais dos três polígonos é igual a 28, determine o menor, determine a largura
polígono com maior número de diagonais. x da faixa.

CPV matext22
MATEMÁTICA 83

101. (FUVEST-SP) Na figura abaixo, tem-se que AD = AE, 104. O quadrilátero PQRS Q
CD = CF e BA = BC. Se o ângulo EDF ^ mede 80º, o está inscrito em uma
^
ângulo ABC mede: circunferência de raio
B
3 cm. Sabendo que
a) 20º PR é um diâmetro da P R
F
b) 30º circunferência, PS = 4 cm
c) 50º e PQ = QR, determine a
d) 60º E área do quadrilátero.
e) 90º S
80º
A C B
D 105. Na figura, determine a área
102. (FUVEST-SP) Na figura abaixo, os triângulos ABC e DCE da parte destacada, em função
são equiláteros de lado l com B, C e E colineares. Seja F do raio r do círculo, sendo AB
a intersecção de BD com AC. e BC os lados de um quadrado
O
A D inscrito nesse círculo. A C

F
D

106. Calcule a área da figura A


B C E destacada, sabendo que o
A área do triângulo BCF é: triângulo ABC é equilátero
de lado igual a 10 cm e que D, D F
3 E e F são pontos médios dos
a) l2
8 respectivos lados. Considere,
ainda, DF, FE e DE arcos de B C
3 2 E
b) l circunferência de raio igual a
6 5 cm.
3
c) l2 107. Determine a área da região
3 destacada na figura ao lado,
5 3 2 sabendo que AC é o triplo de B O'
d) l BC e que AB é igual a 32 cm. A ● ● C
6 O
Considere, ainda, O e O' centros
2 3 2 das semicircunferências.
e) l
3
103. (FUVEST-SP) O triângulo retângulo ABC, cujos catetos 108. (FUVEST-SP) Um lenhador empilhou 3 troncos de
madeira em um caminhão de largura 2,5 m, conforme a
AC e AB medem 1 e 3, respectivamente, é dobrado de
figura abaixo. Cada tronco é um cilindro reto, cujo raio
tal forma que o vértice C coincida com o ponto D do lado da base mede 0,5 m. Logo, a altura h (em metros) é:
AB. Seja MN o segmento ao longo do qual ocorreu a dobra.
C 1+ 7
a)
2
N
1+ 7
b)
3 h
M
1+ 7
c)
A D B 4
^ é reto, determine:
Sabendo que NDB 7
d) 1 +
3 2,5
a) o comprimento dos segmentos CN e CM.
7
b) a área do triângulo CMN. e) 1 +
4

matext22 CPV
84 MATEMÁTICA

109. (UF-ES) A figura destacada abaixo é limitada por semi- 113. Na figura, α = 30º, O é o centro da circunferência e AB é
circunferências e inscrita em um quadrado de lado 2 m. o lado do polígono regular inscrito na circunferência.

Sua área vale: Se o comprimento da circunferência é 4π, a área desse


polígono é:
a) 2 m2
A
b) (4 – π) m2 a) 4 3
c) (2 – π) m2 B
d) (2π – 4) m2 b) 6 3
O
e) (π – 2) m2 c) 8 3
α
d) 12 3
110. Na figura abaixo, r é o raio do círculo maior e a tangente e) 16 3
comum aos dois círculos menores AB mede 4 cm. Então,
a área destacada, compreendida entre o círculo maior e os 114. (PUC-PR) Quatro triângulos congruentes são recortados
dois menores, é igual a: de um retângulo de 11 x 13. O octógono resultante tem
oito lados iguais.
a)
πr2
8 A O comprimento do lado deste octógono é:

b)
π r
a) 3
2
b) 4
c) 2π c) 5
d) 6
π(4 – r)
d) e) 7
8 B

e) 3π
115. Uma folha de papel retangular dobrada ao meio no
comprimento e na largura fica com 42 cm de perímetro.
111. Na circunferência de centro A, AB = 2 dm, AC = 3 dm No entanto, se dobrada em três partes iguais no comprimento
e AD = 1 dm. A área da região destacada vale: e em duas partes iguais na largura, fica com 34 cm de
perímetro.
a) 2π/5 dm2
O módulo da diferença das dimensões dessa folha é:
b) π dm2
c) 3π/4 dm2 A D CB a) 12 cm
d) 4π/5 dm2 b) 10 cm
c) 9 cm
e) 2π/3 dm2 d) 8 cm
e) 6 cm

112. (ita-SP) Considere três polígonos regulares tais que os 116. (UFU-MG) Um polígono circunscreve um círculo,
números que expressam a quantidade de lados de cada conforme figura.
um constituam uma progressão aritmética.
Sabendo-se que AB = 4 cm, CD = 5 cm, DE = 6 cm e
Sabe-se que o produto destes três números é igual a 585 e FA = 3 cm, então BC – EF é igual a:
que a soma de todos os ângulos internos dos três polígonos
é igual a 3780º. O número total das diagonais nestes três A B
a) 2 cm
polígonos é igual a: b) 1 cm F
c) 0 cm
a) 63 d) 3 cm C
b) 69
c) 90 E
d) 97
e) 106 D

CPV matext22
MATEMÁTICA 85

117. (UF-ES) A carroceria de um caminhão tem a forma de um 120. (UDESC-SC) Uma circunferência intercepta um triângulo
retângulo de dimensões 2,4 m x 5,1 m. Deseja-se transportar equilátero nos pontos médios de dois de seus lados, conforme
duas peças circulares de diâmetro 2,4 m e duas peças mostra a figura, sendo que um dos vértices do triângulo é
circulares menores de mesmo diâmetro, sem sobreposição. o centro da circunferência.

Figura 1

Se o lado do triângulo mede 6 cm, a área da região destacada


na figura é:
Figura 2
[
a) 9 (2 3) – ( π )]
6
cm2 b) 9 [( 3) – ( π )]
18
cm2

a) Determine o maior diâmetro das peças menores que


podem ser transportadas na carroceria do caminhão
c) 9 [( 3) – π] cm2 d) 9 [( 3) – ( π )]
3
cm2

e acomodadas conforme a figura 1.


e) 9 [( 3) – ( π )]
6
cm2
b) Sabendo que o motorista do caminhão decidiu
rearrumar as peças maiores conforme a figura 2, 121. (FUVEST-SP/2010) Na figura, o triângulo ABC é retângulo
determine o maior diâmetro das peças menores que com catetos BC = 3 e AB = 4. Além disso, o ponto D pertence
podem ser transportadas. ao cateto AB, o ponto E pertence ao cateto BC e o ponto
F pertence à hipotenusa AC, de tal forma que DECF seja
um paralelogramo.
3
Se DE =
, a área do paralelogramo DECF vale:
2
118. (UDESC-SC) No paralelogramo ABCD o segmento CE é A
63 12
a bissetriz do ângulo DCB. a) b)
25 5
Sabendo que AE = 2 e AD = 5, o valor do perímetro do 58 56
c) d) D F
paralelogramo ABCD é: 25 25
A E B
11
a) 26 e)
5
b) 16 B C
E
c) 20
122. (FUVEST-sp/2010) Na figura, os pontos A, B e C
d) 22 ↔
e) 24 pertencem à circunferência de centro O e BC = a. A reta OC
D C ^
é perpendicular ao segmento AB e o ângulo AO B mede
π/3 radianos. A área do triângulo ABC vale:
119. O triângulo ABC tem área igual a 36 cm2. Os pontos M
e N são pontos médios dos lados AC e BC. a2
a)
8 A B
A área da região MPNC (em cm2) vale:
a2
b)
a) 10 A 4
O
b) 12 a2
c) 14 c)
M 2
d) 16
e) 18 P 3a2
d) C
4
B C
N
e) a2

matext22 CPV
86 MATEMÁTICA

123. (UF-MG/2010) Por razões antropológicas desconhecidas, 127. (Uf-pb/2011) Para estimular a prática de atletismo entre
certa comunidade utilizava uma unidade de área singular, os jovens, a prefeitura de uma cidade lançou um projeto de
que consistia em um círculo cujo raio media 1 cm ao qual construção de ambientes destinados à prática de esportes.
se dava o nome de anelar.
O projeto contempla a construção de uma pista de atletismo
Adotando-se essa unidade, é correto afirmar que a área de com 10 m de largura em torno de um campo de futebol
um quadrado cujo lado mede 1 cm é: retangular medindo 100 m x 50 m.

1 A construção será feita da seguinte maneira: duas partes da


a) anelar
π pista serão paralelas às laterais do campo; as outras duas
1 partes estarão, cada uma, entre duas semicircunferências,

b) anelar
2π conforme a figura a seguir.
c) 1 anelar
d) π anelares

124. (UF-MG/2010) Nesta figura plana há um triângulo


equilátero ABE, cujo lado mede a, e um quadrado BCDE,
cujo lado também mede a:

Com base nessas informações, é correto afirmar que a área


do triângulo ABC é:
A partir desses dados, é correto afirmar que a pista de
a2 atletismo terá uma área de:
a) π = 3,14
3
a) 2.184 m2
a2
b) b) 3.884 m2
4
c) 3.948 m2
3a2 d) 4.284 m2
c) e) 4.846 m2
4
3a2 128. (Uftm-mg/2011) O quadrilátero ABCD foi dividido em
d)
8 duas regiões, P e Q, conforme mostra a figura, sendo que
a região P, com a forma de um triângulo equilátero, ficou
125. (Unicamp-SP/2012) Um vulcão que entrou em erupção
com área igual a 9 3 km2.
gerou uma nuvem de cinzas que atingiu rapidamente a
cidade de Rio Grande, a 40 km de distância. Os voos com
destino a cidades situadas em uma região circular com
centro no vulcão e com raio 25% maior que a distância
entre o vulcão e Rio Grande foram cancelados.

Nesse caso, a área da região que deixou de receber voos é:

a) maior que 1000 km2.


b) menor que 8000 km2.
A razão entre as áreas das regiões Q e P, nessa ordem, é:
c) maior que 8000 km2 e menor que 9000 km2.
d) maior que 9000 km2 e menor que 10000 km2. 1
a)
9
126. (Fuvest-SP/2012) O segmento AB é lado de um hexágono 1
regular de área 3. O ponto P pertence à mediatriz de AB b)
6
de tal modo que a área do triângulo PAB vale 2. 1
c)
4
A distância de P ao segmento AB é igual a:
1
d)
3
a) 2 b) 2 2 c) 3 2
1
d) 3 e) 2 3 e)
2

CPV matext22
MATEMÁTICA 87

129. (Uf-pr/2011) O retângulo ABCD foi dividido em nove 132. (Fuvest-SP/2011) Na figura, o triângulo ABC é
quadrados, como ilustra a figura a seguir. Se a área do equilátero de lado 1, e ACDE, AFGB e BHIC são
quadrado preto é 81 unidades e a do quadrado cinza, quadrados. A área do polígono DEFGHI vale:
64 unidades, a área do retângulo ABCD será de:
a) 1 + 3
a) 860 unidades.
b) 990 unidades. b) 2 + 3
c) 1024 unidades. c) 3 + 3
d) 1056 unidades. d) 3 + 2 3
e) 1281 unidades.
e) 3 + 3 3

133. Na figura abaixo, os retângulos PQRS e ABCD, com


PQ // AB, representam, respectivamente, o terreno e a casa
130. (Uf-rs/2011) As figuras abaixo apresentam uma da família Pinto Teixeira que ali vive com a cadelinha
decomposição de um triângulo equilátero em peças que, “poodle”, Hanna.
convenientemente justapostas, formam um quadrado.
O lado do triângulo mede 2 cm.

O lado do quadrado (em centímetros) mede:


A parte S, sombreada da figura, representa a superfície do
3 3 terreno que Hanna pode alcançar, quando presa a uma guia
a) 4
b) c) 3 de 30 m que está fixada no ponto M, médio de AB.
3 2
d
) 3 3 e) 3 Sabendo, ainda, que AB = 12 m e que BC = 18 m, calcule
o valor da área de S, usando 3 como valor aproximado
131. (Uel-pr/2011) As quadras de tênis para jogos de simples de π.
e de duplas são retangulares e de mesmo comprimento,
mas a largura da quadra de duplas é 34% maior do que a 134. (Uf-es/2010) Para irrigar uma região retangular R, de
largura da quadra de simples. dimensões l × 3l, um irrigador giratório é acoplado a uma
bomba hidráulica por meio de um tubo condutor de água.
A bomba é instalada em um ponto B. Quando o irrigador
é colocado no ponto C, a uma distância 3l / 2 do ponto B,
ele irriga um círculo de centro C e raio 2l (veja figura).

a) Calcule a área da
porção irrigada
de R quando o
irrigador está no
ponto C.

Considerando que a área da quadra de duplas é 66,64 m2 b) Admitindo que


maior, a área da quadra de simples é: o raio da região
irrigada seja
a) 89,00 m2 inversamente
b) 106,64 m2 proporcional à
c) 168,00 m2 distância do irrigador até a bomba, calcule o raio da
d) 196,00 m2 região irrigada quando o irrigador é colocado no centro
e) 226,58 m2 da região retangular R.

matext22 CPV
88 MATEMÁTICA

135. (Uf-pb/2010) Um navio petroleiro sofreu uma avaria 138. (Unicamp-SP/2010) O papagaio (também conhecido
no casco e estava derramando óleo, que se acumulava no como pipa, pandorga ou arraia) é um brinquedo muito
oceano, formando uma mancha circular. comum no Brasil.
Exatamente às 8 h do dia em que ocorreu a avaria, verificou- A figura a seguir mostra as dimensões de um papagaio
se que o raio da mancha media 20 metros e que, a partir simples, confeccionado com uma folha de papel que tem
daquele instante, a medida do raio r, em metros, variava o formato do quadrilátero ABCD, duas varetas de bambu
conforme a função r (t) = 20 + 0,2t, em que t é o tempo (indicadas em cinza) e um pedaço de linha.
decorrido, medido em horas a partir das 8 h desse dia.
Nesse contexto, é correto afirmar que, exatamente às 18 h
do mesmo dia, a mancha estava ocupando uma área de:

a) 384π m2
b) 484π m2
c) 474π m2
d) 584π m2
e) 574π m2

136. (Uf-pr/2010) A soma das áreas dos três quadrados da


figura é igual a 83 cm2. Qual é a área do quadrado maior?

Uma das varetas é reta e liga os vértices A e C da folha de


a) 36 cm2
papel. A outra, que liga os vértices B e D, tem o formato
b) 20 cm2 de um arco de circunferência e tangencia as arestas AB e
c) 49 cm2 AD nos pontos B e D, respectivamente.
d) 42 cm2
e) 64 cm2 a) Calcule a área do quadrilátero de papel que forma o
papagaio.
137. (UfG-gO/2010) A “árvore pitagórica fundamental” é uma b) Calcule o comprimento da vareta de bambu que liga
forma estudada pela Geometria Fractal e sua aparência os pontos B e D.
característica pode representar o formato dos galhos de uma
árvore, de uma couve-flor ou de um brócolis, dependendo 139. (Unesp/2010) A figura representa uma chapa de alumínio
de sua variação. de formato triangular de massa 1 250 gramas.

A árvore pitagórica abaixo foi construída a partir de


um triângulo retângulo ABC, de lados AB = 3, AC = 4
e CB = 5, e de quadrados construídos sobre seus lados.

Deseja-se cortá-la por uma reta r paralela ao lado BC e que


intercepta o lado AB em D e o lado AC em E, de modo que
o trapézio BCED tenha 700 gramas de massa. A espessura
e a densidade do material da chapa são uniformes.

Determine o valor percentual da razão de AD por AB.


A figura ramifica-se em quadrados e triângulos retângulos
menores, semelhantes aos iniciais, sendo que os ângulos Dado: 11 ≈ 3,32
^ ^ ^
C, F e I são congruentes, seguindo um processo interativo a) 88,6
que pode se estender infinitamente. b) 81,2
c) 74,8
Com base nessas informações, calcule a área do triângulo d) 66,4
GHI, integrante dessa árvore pitagórica. e) 44,0

CPV matext22
MATEMÁTICA 89

140. (Uf-pb/2010) Em uma cidade, há um túnel reto de um 142. (Uf-pe/2010) Na ilustração a seguir, ABC é um
quilômetro de comprimento, cujas seções transversais, triângulo equilátero, e o lado AB contém o centro O da
perpendiculares ao túnel, são todas congruentes e têm o circunferência. Se a circunferência tem raio 6, qual o inteiro
formato de um retângulo de 12 m de largura por 4 m de mais próximo da área da região sombreada (interior ao
altura, com um semicírculo em cima, cujo raio mede 6 m, triângulo e exterior à circunferência)?
conforme a figura.

6m

12 m
4m

12 m

Para pintar a parte interna desse túnel (o chão não será


pintado) serão utilizados galões de tinta, sendo cada galão 143. Em 2.000 a.C., os egípcios já sabiam calcular o valor
suficiente para pintar até 20 metros quadrados. aproximado de π. No documento conhecido hoje como
Papiro de Rhind, o escriba Ahmes fez o registro de
Com base nessas informações, é correto afirmar que, para 26 problemas geométricos. Em um deles, encontra-se
pintar a parte interna do túnel, o número mínimo necessário descrito o procedimento utilizado, na época, para o
de galões de tinta é de: cálculo da área de um círculo:
π = 3,14
a) 1926 “Corte 1/9 do diâmetro de um círculo e construa
b) 1822 um quadrado com o restante. Esse quadrado tem
c) 1634 a mesma área do círculo.”
d) 1488
e) 1342

141. (UfRGS-RS/2010) O tangran é um jogo chinês


formado por uma peça quadrada, uma peça em forma
de paralelogramo e 5 peças triangulares, todas obtidas a
partir de um quadrado de lado , como indica a figura.

Vamos verificar a precisão dos cálculos egípcios!


Suponha que o diâmetro do círculo meça 18 cm.
a) Calcule a medida da área do quadrado representado
no esquema.
b) Supondo que as áreas do quadrado e do círculo tenham
a mesma medida, como admitiam os egípcios, encontre
o valor de π utilizado por eles, com aproximação até
Três peças do tangran possuem a mesma área. Essa área é:
a 2a casa decimal.

a)
l2 b)
l2 c) l2 c) Considerando o valor atual de π , utilizamos
16 12 8 frequentemente a aproximação π @ 3,14. Qual a
diferença percentual entre este valor e o utilizado pelos
d)
l2 e)
l2
egípcios? (Escreva sua resposta com aproximação de
6 4
duas casas decimais)

matext22 CPV
90 MATEMÁTICA

144. (Uff-rj/2012) No estudo da distribuição de torres em uma 147. (Espm-SP/2011) Os pontos A, B, C e D são vértices
rede de telefonia celular, é comum se encontrar um modelo consecutivos de um polígono regular com 20 diagonais,
no qual as torres de transmissão estão localizadas nos cujo lado mede 1.
centros de hexágonos regulares, congruentes, justapostos
e inscritos em círculos, como na figura a seguir. O comprimento do segmento AD é igual a:

a) 2 b) 1 + 2 c) 2 2 – 1
d) 2 2 + 1 e) 2 2

148. Na figura abaixo, O é o centro de uma circunferência que


tangencia a semirreta BA no ponto A e tangencia o segmento
BE no ponto C.

Sabe-se ainda que BA é paralela a OF, que EF é


perpendicular a OF e que o menor arco da circunferência
com extremidades em A e C mede 60º.
Supondo que, nessa figura, o raio de cada círculo seja igual
a 1 km, é correto afirmar que O ângulo DÊF mede:
a distância d3,8 (entre as torres 3 e 8),
a) 20º
a distância d3,5 (entre as torres 3 e 5) e b) 30º
c) 50º
a distância d5,8 (entre as torres 5 e 8) d) 60º
são respectivamente (em km) iguais a:

a) d3,8 = 2 3, d3,5 = 3, d5,8 = 3 + 2 3.


149. (Uf-pe/2011) Em um polígono convexo regular de n lados,
chamamos de corda qualquer segmento de reta entre dois
b) d3,8 = 4, d3,5 = 3, d5,8 = 5.
vértices distintos. Um lado é, portanto, uma corda ligando
vértices adjacentes.
3 3 3 3
c) d3,8 = 4, d3,5 = , d5,8 = 4 +
2 2 Se o polígono regular tem número par de vértices,
d) d3,8 = 2 3, d3,5 = 3 d5,8 = 21 chamamos de diâmetro uma corda ligando o vértice m ao
vértice m+n/2 considerando que os vértices do polígono
3 3 9 estão numerados no sentido anti-horário, a partir de um
e) d3,8 = 4, d3,5 = d5,8 = vértice qualquer, de zero (inclusive) a n – 1.
2 2
145. (Uf-to/2011) Um polígono convexo de 6 lados tem as Nessas condições, a probabilidade de que uma corda não
medidas de seus ângulos internos formando uma progressão seja nem um diâmetro nem um lado do polígono é igual a:
aritmética de razão igual a 6º. Podemos afirmar que o seu
menor ângulo mede: a) 1/2
b) (n – 6)/(n – 1)
a) 90º b) 105º c) 115º c) (n – 5)/(n – 1)
d) 118º e) 120º d) (n – 4)/(n – 1)
e) 1
146. (if-ce/2011) As medidas dos ângulos internos de um
quadrilátero convexo são inversamente proporcionais a 5, 150. (Ue-ce/2010) Sejam P e Q polígonos regulares. Se P é
8, 10 e 40. As medidas dos ângulos são, respectivamente, um hexágono e o número de diagonais de Q, partindo de
iguais a: um vértice, é igual ao número total de diagonais de P, a
medida de cada um dos ângulos internos de Q é:
a) 160º; 100º; 80º e 20º.
b) 100º; 80º; 20º e 160º. a) 144 graus
c) 80º; 50º; 40º e 10º. b) 150 graus
d) 50º; 40º; 10º e 80º. c) 156 graus
e) 75º; 45º; 40º e 20º. d) 162 graus

CPV matext22
MATEMÁTICA 91

151. Juliana recortou de uma tira de cartolina retangular 6 154. (Uf-rj) Seja abcde o
triângulos retângulos idênticos, em que um dos catetos pentágono regular inscrito
mede 3 cm (fig. 1). Com esses triângulos, fez uma no retângulo ABCD, como
composição que tem 2 hexágonos regulares (fig. 2). mostra a figura.

ABCD é um quadrado?

155. (Uf-rs) Um hexágono regular tem lado de comprimento 1.


A soma dos quadrados de todas as suas diagonais é:

a) 6 b) 12 c) 18
d) 24 e) 30

156. (Fuvest-SP/2011) As circunferências C1 e C2 estão


centradas em O1 e O2, têm raios r1 = 3 e r2 = 12,
respectivamente, e tangenciam-se externamente.
a) Qual é a medida do ângulo interno do hexágono menor?
b) Quais são as medidas x e y dos ângulos dos triângulos Uma reta t é tangente a C1 no ponto P1, tangente a C2 no
retângulos? ponto P2 e intercepta a reta O1O2 no ponto Q.
c) Qual é a medida do perímetro do hexágono menor?
Sendo assim, determine:
152. (Unesp) Certa propriedade rural tem o formato de um
trapézio, como na figura. a) o comprimento P1P2.
b) a área do quadrilátero O1O2 P2P1.
c) a área do triângulo QO2P2.

157. (Ita-SP) Seja E um ponto externo a uma circunferência.


Os segmentos EA e ED interceptam essa circunferência
nos pontos B e A, e C e D, respectivamente. A corda AF
da circunferência intercepta o segmento ED no ponto G.

As bases WZ e XY do trapézio medem 9,4 km e 5,7 km, Se EB = 5, BA = 7, EC = 4, GD = 3 e AG = 6, GF vale:


respectivamente, e o lado YZ margeia um rio. a) 1
Se o ângulo XY^ Z é o dobro do ângulo XW^ Z, a medida b) 2
(em km) do lado YZ que fica à margem do rio é: c) 3

d) 4
a) 7,5 e) 5
b) 5,7
c) 4,7 158. (MACK-SP) Na figura a seguir, M e N são pontos médios
d) 4,3 dos lados do quadrado ABCD e T é o ponto de tangência.
e) 3,7
Se CT mede k, a área do quadrado vale:
153. (Ue-ce) Seja EOXY um trapézio. Se existe um ponto Z da
base menor XY tal que ZE e ZO sejam, respectivamente, a) 2k2
as bissetrizes dos ângulos YÊO e EÔX, podemos afirmar, 3k2
corretamente, que: b)
4
a) os triângulos EZY e OZX são semelhantes. c) k2
b) o trapézio é isósceles.
c) a área do triângulo EZO é a soma das áreas dos k2
triângulos EZY e OZX. d)
4
d) a medida da base menor é a soma das medidas dos 4k2
lados não paralelos do trapézio. e)
5
matext22 CPV
92 MATEMÁTICA

159. Um triângulo isósceles tem a base S medindo 10 e um dos 162. A parábola da figura abaixo representa o gráfico da função
ângulos da base medindo 45º. f (x) = x2 – 3x + 4.

A medida do raio da circunferência inscrita nesse O valor da área do retângulo sombreado é:


triângulo é:
a) 8
a) 5 2 – 4 b) 12
c) 16
b) 5 2 – 6 d) 20
c) 5 2 – 3 e) 24
d) 5 2 – 5
e) 5 2 – 2

160. (FUVEST-SP/2016) No quadrilátero plano ABCD, os 163. Um arquiteto projetou uma casa para ser construída num
^ ^
ângulos ABC e ADC são retos, terreno retangular de 20 m por 38 m. A superfície ocupada
pela casa, representada pela parte hachurada, deve atender
AB = AD = 1, BC = CD = 2 e BD é uma diagonal. às medidas indicadas na figura abaixo.

^
O cosseno do ângulo BCD vale
3
a)
5
2
b)
5
3
c)
5
2 3
d)
5
4 A maior área que essa casa pode ter é de:
e)
5
a) 412 m2
b) 384 m2
161. A área do terreno representado na figura abaixo é igual a: c) 362 m2
d) 428 m2
e) 442 m2

164. Na figura abaixo, ABCD é um retângulo e ADE é um


quadrante de círculo de centro D. Se o lado AB e o arco
AE têm comprimentos iguais a π cm, a medida da área
sombreada, em cm2, é:

a) 4
b) π
a) 1896 m2 c) 2π
b) 1764 m2 π
d)
c) 2016 m2 2
d) 1592 m2 e) 2
e) 1948 m2

CPV matext22
MATEMÁTICA 93

nível 3 (difícil)

165. Num trapézio isósceles está inscrito um círculo de raio R. 169. No círculo abaixo, de centro O e raio 10 cm, o ângulo x é
Sabendo-se que os ângulos da base maior medem 60º cada tal que 0º < x < 90º.
um, calcule a área do trapézio em função de R.
B
D C
P

Q
O A
60º 60º
A B

166. Na figura abaixo, ABCD é um quadrado de 4 cm de lado. Podemos afirmar que a área do triângulo OAB:
Os segmentos AF e DE são perpendiculares e BE = 1 cm.
A área sombreada mede: a) tem valor máximo próximo de 100 cm2.
b) tem valor máximo próximo de 50 cm2.
A B
a) 8,32 cm2 c) tem valor mínimo para x = 45º.
d) tem valor máximo para x = 45º.
b) 7,86 cm2 E
e) vale 25 cm2 para x = 60º.
c) 7,42 cm2
d) 6,84 cm2 170. (FGV-ECO) Em um ΔABC, o lado AC e a mediatriz de
e) 6,16 cm2 F BC interceptam-se no ponto D, sendo que BD é bissetriz
do ângulo AB^ C.
D C
Se AD = 9 cm e DC = 7 cm, a área do ΔABD (em cm2) é:

167. Dado um triângulo cujos lados medem a, b, c, a) 12


a+b+c b) 14
seu semiperimetro é p = e c) 21
2
sua área é calculada por S = p . (p – a) . (p – b) . (p – c), d) 28
e) 14 5
conhecida como fórmula de Heron.
171. (FGV-ECO) Na figura, a reta suporte do lado BC do
Dado um triângulo de lados medindo 5 cm, 6 cm e 7 cm: triângulo ABC passa pelo centro da circunferência λ.

a) calcule a altura relativa ao maior lado. Se  = 15º, BC = 4 cm e o raio de λ mede 2 cm, a área
b) calcule o raio do círculo inscrito. sombreada na figura (em cm2) é igual a:
C
9–π
a)
3
6 3 – 2π
b)
3
9 – 2π B
168. Considere um triângulo de área S, lados medindo a, b e c, c)
3
inscrito a uma circunferência de raio R. AÎ λ
a.b.c 3 3–π BÎλ
Prove que S = . d) A
4R 3 λ
2 6–π
e)
3

matext22 CPV
94 MATEMÁTICA

172. (FGV-ECO) Na figura, ABCD é um quadrado e M, N e P 176. Determine a área de um quadrado inscrito em um círculo
são pontos médios de AD, BC e CD, respectivamente. que por sua vez está inscrito em um setor circular de 90º
e raio 2 cm.
Sabendo-se que os segmentos de reta BM, BD e NP OB = AC = l; BA = BC = BP = r; OP = R
dividem o quadrado em polígonos de áreas S1, S2, S3 e
S4, é correto afirmar que:
a) 2(4 – 2 2)
P
a) 6 S1 = 6 S2 = 4 S3 = 3 S4 A B b) 4(3 – 2 3)
S1
b) 4 S1 = 3 S2 = 3 S3 = 5 S4 c) 8(3 – 2 2)
d) 3(3 – 2 2)
S3 B
M S N A
c) 3 S1 = 3 S2 = 2 S3 = 4 S4
e) 3(4 – 2 2)
2

d) 3 S1 = 3 S2 = 6 S3 = 2 S4 S4
e) 3 S1 = 3 S2 = 2 S3 = 6 S4 D P C
O C
173. Na figura, as circunferências são A
concêntricas. A corda AB da 177. Seja n o número de lados de um polígono convexo. Se
circunferência maior tangencia a O a soma de n – 1 ângulos (internos) do polígono é 2004º,
determine o número n de lados do polígono.
circunferência menor.
Se AB = 2, calcule a área da coroa B
circular indicada.
D C
174. (FUVEST-SP) No trapézio 178. No centro de uma praça deve ser
pintada uma linha com o formato de
ABCD, M é o ponto médio M um polígono regular, não convexo,
N
do lado AD; N está sobre o como mostra o projeto ao lado.
lado BC e 2BN = NC. Sabe- A B
se que as áreas dos quadriláteros ABNM e CDMN são
Se os vértices pertencem a circunferências de raios 4 m e
congruentes e que DC = 10. Calcule AB. 2 m, respectivamente, o comprimento total da linha a ser
pintada (em metros) é igual a:
175. Nas figuras, ABCD é um quadrado cujo lado mede 4 cm.
Determine a área destacada, sabendo que: a) 5 – 2
a) D é o centro dos arcos AC e BE.
A B b) 8 . [ (5 – 2) ]
c) 16 . [ (5 – 2)]
d) 4 . [ (5 – 2 2) ]

e) 16 . [ (5 – 2 2) ]
D C E
b) o ponto A é o centro do arco BD, o ponto B é o centro
do arco AC e os semicírculos centrados em E e F têm 179. Seja C1 uma circunferência de raio R1 inscrita em um
o mesmo raio. triângulo equilátero de altura h.

Seja C2 uma segunda circunferência de raio R2 que


A B tangencia dois lados do triângulo internamente e C1
E F
externamente (R1 > R2).
(R1 – R2)
Calcule .
h

G
D C

CPV matext22
MATEMÁTICA 95

180. (if-ce/2011) Na figura, podemos visualizar o gráfico da 183. (epcar-mg/2011) A figura abaixo representa o logotipo
função y = ax + b, com a, b, Î , a ≠ 0 e b ≠ 0. que será estampado em 450 camisetas de uma Olimpíada
de Matemática realizada entre os alunos de um Colégio.
A função g: (1, + ¥) →  associa, a cada x Î , x > 1, a
área g(x) da região sombreada na figura, delimitada pelo Essa figura é formada por um círculo de centro O inscrito
eixo das abscissas, pelo gráfico de y = ax + b e pelas retas em um triângulo isósceles cuja base BC mede 24 cm e cuja
verticais x = 1 e x = x. altura relativa a esse lado mede 16 cm.

Se g(x) = x2 + 3x – 4, O círculo será pintado com tinta cinza e sabe-se que é


a e b são, necessário exatamente 1 pote de tinta cinza para pintar
respectivamente: 5400 cm2.
Adote π = 3.
a) 1e2
b) 2 e 1 O número de potes
c) 3e2 necessários para pintar
d) 2 e 3 o círculo em todas as
e) 1e3 camisetas é igual a:

181. (Uf-mg/2011) Nesta figura plana, PQR é um triângulo a) 9


equilátero de lado a. b) 10
c) 11
d) 12

184. (Ita-sp/2011) Um triângulo ABC está inscrito em uma


circunferência de raio 5 cm. Sabe-se ainda que AB é o
^
diâmetro, BC mede 6 cm e a bissetriz do ângulo ABC
intercepta a circunferência no ponto D.

Se α é a soma das áreas dos triângulos ABC e ABD e


Sobre os lados desse triângulo, estão construídos os β é a área comum aos dois, o valor de α – 2β (em cm2)
quadrados ABQP, CDRQ e EFPR: é igual a:

a) Determine o perímetro do hexágono ABCDEF. a) 14 b) 15 c) 16


b) Determine a área do hexágono ABCDEF. d) 17 e) 18
c) Determine o raio da circunferência que passa pelos
vértices do hexágono ABCDEF. 185. (Uf-mg/2011) Considere esta figura:

182. (Ita-SP/2011) Sejam ABCD um quadrado e E um ponto


sobre AB. Considere as áreas do quadrado ABCD, do
trapézio BEDC e do triângulo ADE. Sabendo que estas
áreas definem, na ordem em que estão apresentadas, uma
progressão aritmética cuja soma é 200 cm2, a medida do
segmento AE (em cm) é igual a: Nela:

10 ● o triângulo ABC é equilátero, de lado 3;


a)
3 ● o triângulo CDE é equilátero, de lado 2;
b) 5 ● os pontos A, C e D estão alinhados e
● o segmento BD intercepta o segmento CE no ponto F.
20
c) Com base nessas informações, determine:
3
25
d) a) o comprimento do segmento BD.
3
b) o comprimento do segmento CF.
e) 10 c) a área do triângulo sombreado BCF.

matext22 CPV
96 MATEMÁTICA
186. A figura abaixo é um hexágono formado por 24 triângulos 191. (Unifesp) Na figura, o segmento AC é perpendicular à reta r.
equiláteros de lado 1. A área sombreada é formada por três ^ com O sendo um ponto da reta r,
Sabe-se que o ângulo AOB,
triângulos equiláteros de tamanhos distintos entre si. será máximo quando O for o ponto em que r tangencia uma
Sejam S a área sombreada e B a área não sombreada do hexágono. circunferência que passa por A e B.
B Se AB representa uma estátua de 3,6 m sobre um pedestal
O valor de é: ^ de visão da estátua seja
S BC de 6,4 m, para que o ângulo AOB
11 máximo, a distância OC deve ser:
a)
24
a) 10 m
15 b) 8,2 m
b)
24 c) 8m
9 d) 7,8 m
c) e) 4,6 m
11
13
d)
11
192. Os lados de um triângulo medem 5 cm, 6 cm e 7 cm.
187. (Uf-rj/2010) Dois quadrados de lado L estão, inicialmente, Calcule o raio da circunferência circunscrita ao triângulo.
perfeitamente sobrepostos. O quadrado de cima é branco e o
de baixo, cinza. 193. Em um triângulo cujos lados medem a, b e c, o produto dos
O branco é girado de um raios das circunferências inscrita e circunscrita é:
ângulo θ em torno de seu abc 2abc
centro O, no sentido anti- a) b)
a+b+c a+b+c
horário, deixando visíveis abc 4abc
4 triângulos cinzas, como c) d)
2(a + b + c) a+b+c
mostra a figura.
abc
Determine a soma das e)
4(a + b + c)
áreas dos 4 triângulos
cinzas em função do
ângulo θ. 194. Os lados de um triângulo medem 5 cm, 6 cm e 7 cm. A área,
em cm2, compreendida entre as circunferências inscrita e
188. (cEfEt-mg/2010) No retângulo ABCD abaixo, circunscrita ao triângulo é:
AB = 30, BC = 40 e 212 323 434
a) π b) π c) π
M é o ponto médio 21 32 43
DP 2 545 656
do lado BC e = . d) π e) π
DB 3 45 65

A área do quadrilátero
CDPM (em cm2) vale: 195. Num trapézio, as bases medem 5 cm e 26 cm e os outros dois
lados medem 10 cm e 17 cm.
a) 400
b) 450 A área do trapézio, em cm2, é:
c) 500 a) 120 b) 121 c) 122 d) 123 e) 124
d) 550
196. Um polígono regular com n lados possui 7,5 n diagonais e
189. (UeG-go/2010) Seja α a medida do lado de um octógono perímetro de 180 cm.
regular circunscrito a uma circunferência de raio R. Calcule a área da coroa circular compreendida entre as
Determine a medida do perímetro desse octógono em função circunferências inscrita e circunscrita ao polígono.
do raio R.
1 1
197. O perímetro de um triângulo cujas alturas medem , e
190. (Unifesp) A soma de n – 1 ângulos internos de um polígono 1 9 7
convexo de n lados é 1900º. é:
4
O ângulo remanescente mede: 3
5 2
a) b) c)
a) 120º b) 105º c) 95º 3 4 2
d) 80º e) 60º
3 7
d) e)
2 3

CPV matext22
MATEMÁTICA 97

198. Num triângulo, a diagonal mede d e o perímetro mede 2p. A área do GABARITO
retângulo em função de d e p é:
01. 5 cm2 02. 32 cm2
p2 – d2 4p2 – d2 03. 32 2 04. B
a) 2pd b) c)
2 2 05. 2
06. a) 5 cm2 b) 2 cm
2p2 – d2
d) p2 – d2 e) 07. 24 cm2
2 08. Marta deve comprar, aproximadamente, 8 m de tecido.
09. S = 21 3
10. A
199. Seja S a área de um triângulo ABC e 2p o seu perímetro.
11. B

() () ()
^ ^ ^
A B C 12. 4π cm2
Então, cotg + cotg + cotg é igual a: 13. 18 (π – 2) cm2
2 2 2
14. 25 π cm2
p2 S p S 2p 15. 16π/5 uA
a) b) c) d) e)
S p2 S p S  4π
16. 

− 3  uA
 3 

200. A soma dos inversos das alturas de qualquer triângulo é igual: π 3  uA
17.  −
a) à média harmônica entre os lados do triângulo. 6 4 
b) à média geométrica entre as alturas do triângulo. 18. (9 3 – 3π) cm2
c) à média aritmética entre as medianas. 19. 2π cm2 20. B 21. B 22. C 23. 16π cm2
d) ao inverso do raio do círculo inscrito.
e) ao inverso do raio do círculo circunscrito. exercícios complementares

π
201. (FUVEST-SP) São dadas três circunferências de raio r, duas a duas 01. a) A medida do ângulo agudo  é 60º ou radianos.
3
tangentes. Os pontos de tangência são P1, P2 e P3. b) A medida h da torre é 36 3 metros.
c) O valor numérico da expressão dada é –1.

02. ÁreaABDE = 19 3 cm2


25 3 2
03. 75 3 / 2 cm2 04. m
2
8 33
05.
49
06. x = 28 e h = 10 3

07. 4 (−m + 4m + 12)
2

08. D 09. D 10. D 11. 14 12. B


13. C 14. 150º 15. 90 16. 20
Calcule, em função de r, 17. zero 18. D 19. A 20. D
a) o comprimento do lado do triângulo equilátero T determinado pelas 21. L = 15
três retas que são definidas pela seguinte exigência: cada uma delas 22. A 23. E 24. A 25. B 26. B
é tangente a duas das circunferências e não intersecta a terceira; 27. E 28. C 29. B 30. C 31. A
b) a área do hexágono não convexo cujos lados são os segmentos 32. A
33. a) A medida do lado do quadrado cinza claro é 130 cm.
ligando cada ponto P1, P2 e P3 aos dois vértices do triângulo T b) Serão necessárias duas placas.
mais próximos a ele. c) O valor a receber é R$ 775,00.
d) O total a pagar é R$ 784,33.
202. A figura mostra o trapézio isósceles ABCD de bases AB e DC, o
segmento variável PQ paralelo a AB e o ponto M, médio de AB. h2 3
34. a) S =
3
Considere as medidas a seguir: D C
b) Sejam os triângulos PBC, PAC e PAB.
AB = 8, DC = 2, AD = BC = 5 A
e AP = x (0 < x ≤ 5) P Q
SABC = SPBC + SPAC + SPAB

a) Calcule a área mh m h1 m h2 m h3 m m
2 = 2 + 2 + 2 ⇒ P
do triângulo MPQ x h3 h2
quando x = 2. Þ h = h1 + h2 + h3 h1
b) Determine o valor A B m C
B m 3
máximo para a área M
\ h1 + h2 + h3 =
do triângulo MPQ. 2

matext22 CPV
98 MATEMÁTICA
1 87. A 142. 12 186. D
35. SCPQE = S
2 ABF. 88. 8 143. a) 256 cm2 L2 . sen (2θ)
36. B 89. D b) 3,16 187.
90. 300 cm2 c) 0,64% 1 + sen θ + cos θ
37. A 91. D 144. D 188. C
38. 4 cm e 6 cm
92. A 145. B 189. 16R . ( 2 – 1)
93. 12 146. A 190. D
39. a = 25 m 94. 144º 147. B 191. C
95. 7 148. B
40. 15 2 6
96. A 149. D 192.
41. S = 2 (10 2+3 3) 97. A 150. B 3
98. B 151. a) 120º
42. S = 108 193. C
99. 12 b) x = 60º e y = 30º 194. B
43. S = 20 cm2 100. ( 2 – 1)/2 c) 18 cm 195. E
101. A 152. E
44. x = 2 102. A 196. 25π cm2
153. D
103. a) CN = CM = 2/3 197. A
45. SDCE = 40 cm2 154. Não
198. B
3 155. E
p R2 b) 199. A
46. S = 9 156. a) 12
200. D
9 b) 90
 π  104. (9 + 4 5) cm2 c) 96

47. S =  3 −  cm2 201. a) Observe o triângulo ADE da figura:
3 105. r2 157. D
π
106. (2 3 − π) cm 2 158. C
25
48. S = 3 –
2 2 159. D
49. 5 + 7 160. C
107. 384π cm2
50. 10 6 cm 108. E 161. B
109. D 162. B
51. 7 cm e 19 cm 163. B
110. C
111. E 164. B
52. 30º ou 150º
53. E 112. D 8R2 3
165.
54. 320 cm2 113. B 3
55. 12a2 114. C
166. E
56. A = 48 cm2 115. E
116. C 167. a)
12 6 r
h2 . 3
cm Temos que tg 30º =Þ x=r 3
57. A = 117. a) 0,6 m 7
x
3 b) aproximadamente 0,759 m 2 6 O comprimento do lado do triângulo
58. C 118. E b) cm
3 pedido é
59. A 119. B
120. E
60. B a.b.c 2r + 2x = 2r + 2r 3 = 2r (1+ 3).
61. E 121. A 168. 4R
62. A 122. B
b) Observe novamente a figura:
63. 98 cm2 123. A 169. B
64. A 124. B 170. E
65. B 125. B 171. A
66. D 126. E 172. E
67. C 127. B 173. S = π2
68. A 128. E 174. 20
69. A 129. D 175. a) 8 cm2
25 3 130. C 19π 
70. 131. D b)  − 4 3  cm2
36 3 
132. C
71. C
72. B 133. @ 2268 m2 176. C
177. 14
73. 70º e 110º 2
74. B
134. a)
6 (
2π + 3 3) 178. E
A área do hexágono é igual à área do triângulo
179. 2/9
75. 130º 6 equilátero ABC subtraído de 3 triângulos
b) 180. D
76. 2 2 cm
135. B
2 181. a) 3a( 3 + 1) congruentes ao ΔABP1.
77. 17/15
78. C
136. C b) a2 . ( 3 + 3) Portanto, a área pedida é:
137. 1536 u.a.
79. D
c)
4+ 3
[2r(1 + 3)]
2
3 2r(1 + 3)r
= r2 (3+ 3).
80. B 625 a
3 –3.
81. D 138. a) 625 . (1 + 3) cm2 4 2
182. C
82. C 25p 2
b) 183. A
83. B
84. A
2 184. A 202. a) A = 112
25
85. D 139. D 185. a) 19 b) 6
140. E
5 b) O valor máximo para a área do triângulo é 16 .
86. E 3
141. C 9 3
c)
10

CPV matext22
Língua Portuguesa 1

Morfologia
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VERBOs

Conteúdo

● Verbos
— Definição, identificação e estrutura

● Flexões
— Pessoa/Número
— Modo/Tempo

● Tipologia
— Semântica, funcional e morfológica

● Verbos pronominais

● Formas nominais
— Infinitivo, Gerúndio e Particípio

● Formação de Tempos e Modos Verbais

Apêndice: Lista de verbos irregulares

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. GRAEXT4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 Língua Portuguesa

DEFINIÇÃO

Verbos são palavras utilizadas para indicar ou expressar ações (atacar, beber, excluir), estados (permanecer, estar, ser),
mudanças de estado (tornar-se, virar), processos (iniciar, fabricar, produzir), fenômenos da natureza (amanhecer, chover,
nevar), eventos ou ocorrências (acontecer, suceder, ocorrer), e também desejos (almejar, aspirar, querer).

IDENTIFICAÇÃO

As conjugações são o critério básico utilizado para a identificação dos verbos da língua portuguesa:
a 1a, marcada pela vogal temática –a, e que inclui todos os verbos terminados em –ar (amar, cantar, falar, jogar);
a 2a, marcada pelas vogais temáticas –e e –o, e que inclui todos os verbos terminados em –er e em –or (beber, ceder, pôr, compor);
a 3a, marcada pela vogal temática –i, e que inclui todos os verbos terminados em –ir (abrir, cumprir, mentir, suprir).

ESTRUTURA

A estrutura das formas verbais é constituída, fundamentalmente, pelos morfemas raiz ou radical, vogal temática e desinências ou
terminações. A raiz ou radical contém o significado de base do verbo (a ela podem ser acrescidos prefixos); a vogal temática
indica a que conjugação esse verbo pertence; as desinências respondem por suas flexões de modo, tempo, pessoa e número. Veja:

cantávamos

cant — a — va — mos

raiz ou radical

vogal temática – 1a conjugação

desinência modo-temporal
● modo indicativo desinência número-pessoal
● pretérito imperfeito
● 1a pessoa (nós)
● plural
Nota 1: a união do radical com a vogal
temática forma o tema verbal.

Nota 2: formas rizotônicas são as que têm


sílaba tônica na raiz, como em “eu canto”,
por exemplo. Formas arrizotônicas têm
sílaba tônica fora da raiz, como em “eu
cantarei”, por exemplo.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 3

FLEXÕES

São as variações ou alterações possíveis para as formas verbais do Português, quais sejam, as de pessoa, número, modo e tempo.

FLEXÕES DE PESSOA e DE NÚMERO (FLEXÃO NÚMERO-PESSOAL)

Aplicam-se às formas verbais referentes às pessoas do discurso:

a primeira, a segunda e a terceira do singular (representadas, respectivamente, pelos pronomes EU, TU e ELE/A) e

a primeira, a segunda e a terceira do plural (representadas, respectivamente, pelos pronomes NÓS, VÓS e ELES/AS).

Pessoa e Número na Flexão Verbal


Pessoas Singular Plural
primeira (emissor) eu nós
segunda* (receptor) tu vós
terceira (referente) ele / ela eles / elas
* A segunda pessoa (singular e plural) inclui as formas você(s) e os pronomes de tratamento o(s) senhor(es),
a(s) senhora(as), Vossa(s) Excelência(s), Vossa(s) Majestade(s), e outros. Essas formas são chamadas de
segundas pessoas indiretas, pois embora desempenhem função de receptores, conjugam verbos como se fossem
terceiras pessoas:
O senhor quer café?
As senhoras estão bem?
Vossa Excelência chegou?
Você sabe que horas são?
A forma popular a gente, utilizada como uma espécie de pronome pessoal, representa a primeira pessoa do plural
(= nós), mas conjuga verbos como terceira pessoa do singular:
A gente quer mais direitos. (e não “a gente queremos”)

graEXT4 CPV
4 Língua Portuguesa

FLEXÕES DE MODO e DE TEMPO (FLEXÃO MODO-TEMPORAL)

Aplicam-se à postura do emissor (modo) e ao momento que a forma verbal marque, na linha do tempo.

Os Modos refletem a atitude ou a intenção do emissor, isto é, revelam o que está implícito em suas palavras. Assim, o modo
indicativo é utilizado quando se quer expressar certeza ou segurança relativamente ao que se transmite; o modo subjuntivo é
utilizado quando se quer expressar o desejo futuro, a probabilidade, a condição, a dúvida ou a suposição relativamente ao que
se transmite; o modo imperativo é utilizado quando se quer expressar que aquilo que se transmite é uma ordem, um desejo
ou um conselho:

Estivemos na casa do Gabriel, ontem. Certeza – modo indicativo


Não sabemos nada a respeito disso.

Se ele estudasse mais, iria melhor nas provas. Condição – modo subjuntivo
Será muito bom quando já formos universitários. Desejo futuro

Venha cá imediatamente! Ordem – modo imperativo


Pare de fumar, vai ser bom para a sua saúde. Conselho

O modo imperativo caracteriza exclusivamente o que ocorre no presente, ou seja, no momento da fala. Já os modos indicativo
e subjuntivo, para além desse momento, podem caracterizar ocorrências, estados ou fenômenos no passado (pretérito) e também
no futuro, por meio dos tempos verbais.

Convém lembrar que o tempo verbal não é a mesma coisa que o tempo físico. O tempo verbal é um recurso linguístico de que
dispomos para acessar as coisas na linha do tempo, pois (ainda) não podemos voltar ou adiantarmo-nos neste fisicamente, a não
ser em termos de ficção.

Quadro dos Modos e Tempos Verbais da Língua Portuguesa


Modos Tempos
Pretérito (simples) Futuro (simples)
● Perfeito
I Eu cantei ● Do presente
N Eu cantarei
D ● Imperfeito
I Eu cantava ● Do pretérito
Presente Eu cantaria
C
Eu canto ● Mais-que-perfeito
A
T Eu cantara
I Pretérito (composto) Futuro (composto)
V ● Perfeito ● Do presente
O Eu tenho / hei cantado Eu terei / haverei cantado
● Mais-que-perfeito ● Do pretérito
Eu tinha / havia cantado Eu teria / haveria cantado
S Pretérito (simples) Futuro (simples)
U ● Imperfeito
B Quando eu cantar
Se eu cantasse
J
Presente Pretérito (composto) Futuro (composto)
U
Que eu cante
N ● Perfeito
T Que eu tenha / haja cantado ● Do presente
I Quando eu tiver / houver cantado
V ● Mais-que-perfeito
O Se eu tivesse / houvesse cantado

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 5

José
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Carlos Drummond de Andrade
TIPOLOGIA

Três critérios regulam a tipologia verbal: o semântico, o funcional e o morfológico.

Pelo critério semântico, ou do significado, os verbos classificam-se em transitivos, intransitivos e impessoais. Esses verbos também
são chamados de nocionais, isto é, indicam ação, acontecimento, fenômeno natural, desejo e atividade mental.

Transitivos são verbos que necessitam de um ou mais complementos, chamados de objetos, para transmitir mensagens com
sentido completo. Chamam-se transitivos diretos (VTD) aos verbos cujos complementos não vêm precedidos de preposição
(objetos diretos); transitivos indiretos (VTI) são verbos cujos complementos vêm precedidos de preposição (objetos indiretos);
verbos bitransitivos (VTDI) são verbos que aparecem acompanhados simultaneamente de objeto direto e indireto. Intransitivos
são verbos cujo sentido pode ser entendido sem a necessidade de complementos. No entanto, formas adverbiais podem ampliar a
compreensão do que esteja sendo transmitido por esse tipo de verbo. Chamam-se verbos impessoais (VIMP) àqueles que formam
as orações sem sujeito. Tais verbos são conjugados apenas na 3a pessoa do singular e utilizados para falar dos fenômenos da
natureza, dos aspectos ligados ao clima e à temperatura e também ao tempo decorrido. Dentre os impessoais, destaca-se o verbo
haver com o sentido de existir.

Com as chuvas, muitas pessoas perderiam tudo. (VTD/objeto direto: tudo)


Não sabia que você gostava de cebola. (VTI/objeto indireto: de cebola)
Ela dá conselhos ao irmão. (VTDI/objeto direto: conselhos; objeto indireto: ao irmão)
Aquele velho senador ainda não morreu. (VI/sem necessidade de complemento)
Os alunos viajavam de ônibus. (VI/adjunto adverbial de meio: de ônibus)
Chovia muito ontem à tarde. (VIMP/fenômeno da natureza/oração sem sujeito)
Já faz cinco anos que não o vejo. (VIMP/tempo decorrido/oração sem sujeito)
Estava muito frio na Europa? (VIMP/situação ligada ao tempo, temperatura)

Pelo critério funcional ou da função, os verbos classificam-se em principais, auxiliares e de ligação. Principais são todos os verbos
nocionais; auxiliares são verbos que, ao antecederem os principais, formam com eles as chamadas locuções (ou perífrases)
verbais; verbos de ligação são os que estabelecem uma relação entre um termo caracterizador (adjetivo) e os sujeitos ou objetos
da oração, gerando um estado permanente ou transitório.

Todos aqui estudam muito, não é? (verbo principal – VI – nocional)


Eu já tinha comprado seu presente. (verbo auxiliar – locução/perífrase verbal)
Você quer falar comigo? (verbo auxiliar – locução/perífrase verbal)
Marina estava contente com a notícia. (verbo de ligação – Marina/contente)
Meu irmão permaneceu quieto. (verbo de ligação – Meu irmão/quieto)

graEXT4 CPV
6 Língua Portuguesa

Pelo critério morfológico ou da forma, os verbos classificam-se em regulares, irregulares, defectivos, abundantes e pronominais.

Verbos regulares são os que seguem um paradigma ou padrão fixo nas terminações ou desinências que identificam as flexões de
pessoa e de número, nos diferentes tempos e modos, nas três conjugações.

Paradigma de Conjugação (Verbos Regulares)


Modo Indicativo – Tempos Simples
Presente Pretérito mais-que-perfeito
ajudo prendo cumpro ajudara prendera cumprira
ajudas prendes cumpres ajudaras prenderas cumpriras
ajuda prende cumpre ajudara prendera cumprira
ajudamos prendemos cumprimos ajudáramos prendêramos cumpríramos
ajudais prendei cumpris ajudáreis prendêreis cumpríreis
ajudam prendem cumprem ajudaram prenderam cumpriram

Pretérito imperfeito Futuro do Presente


ajudava prendia cumpria ajudarei prenderei cumprirei
ajudavas prendias cumprias ajudarás prenderás cumprirás
ajudava prendia cumpria ajudará prenderá cumprirá
ajudávamos prendíamos cumpríamos ajudaremos prenderemos cumpriremos
ajudáveis prendíeis cumpríeis ajudareis prendereis cumprireis
ajudavam prendiam cumpriam ajudarão prenderão cumprirão

Pretérito perfeito Futuro do Pretérito


ajudei prendi cumpri ajudaria prenderia cumpriria
ajudaste prendeste cumpriste ajudarias prenderias cumpririas
ajudou prendeu cumpriu ajudaria prenderia cumpriria
ajudamos prendemos cumprimos ajudaríamos prenderíamos cumpriríamos
ajudastes prendestes cumpristes ajudaríeis prenderíeis cumpriríeis
ajudaram prenderam cumpriram ajudariam prenderiam cumpririam

Modo Indicativo – Tempos Compostos

Pretérito Perfeito Pretérito mais-que-perfeito


verbo auxiliar verbo principal

tenho/hei ajudado tinha/havia ajudado


tens/hás tinhas/havias
tem/há prendido tinha/havia prendido
temos/havemos tínhamos/havíam
tendes/haveis cumprido os tínheis/havíeis cumprido
têm/hão particípio passado tinham/haviam

Fututo do Presente Pretérito mais-que-perfeito

terei/haverei ajudado teria/haveria ajudado


terás/haverás terias/haverias
terá/haverá prendido teria/haveria prendido
teremos/haveremos teríamos/haveríamos
tereis/havereis cumprido teríeis/haveríeis cumprido
terão/haverão teriam/haveriam

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 7
Modo Subjuntivo – Tempos Simples e Compostos
Presente Pretérito Perfeito
ajude prenda cumpra
ajudes prendas cumpras tenha/haja ajudado
tenhas/hajas
ajude prenda cumpra
tenha/haja prendido
ajudemos prendamos cumpramos
tenhamos/hajamos
ajudeis prendais cumprais tenhais/hajais cumprido
ajudem prendam cumpram tenham/hajam
Pretérito Imperfeito Pretérito Mais-que-perfeito
ajudasse prendesse cumprisse
ajudasses prendesses cumprisses tivesse/houvesse ajudado
ajudasse prendesse cumprisse tivesses/houvesses
tivesse/houvesse prendido
ajudássemos prendêssemos cumpríssemos
tivéssemos/houvéssemos
ajudásseis prendêsseis cumprísseis tivésseis/houvésseis cumprido
ajudassem prendessem cumprissem tivessem/houvessem

Futuro Futuro
ajudar prender cumprir
ajudares prenderes cumprires tiver/houver ajudado
tiveres/houveres
ajudar prender cumprir
tiver/houver prendido
ajudarmos prendermos cumprimos
tivermos/houvermos
ajudardes prenderdes cumprirdes tiverdes/houverdes cumprido
ajudarem prenderem cumprirem tiverem/houverem
Modo Imperativo
Afirmativo Negativo
ajuda tu não ajudes tu
ajude você não ajude você
ajudemos nós não ajudemos nós
ajudai vós não ajudeis vós
ajudem vocês não ajudem vocês
prende tu não prendas tu
prenda você não prenda você
prendamos nós não prendamos nós
prendei vós não prendais vós
prendam vocês não prendam vocês
cumpre tu não cumpras tu
cumpra você não cumpra você
cumpramos nós não cumpramos nós
cumpri vós não cumprais vós
cumpram vocês não cumpram vocês
Os verbos ajudar, amar, benzer, vender, partir e punir, por exemplo, são regulares, pois suas
conjugações seguem exatamente o paradigma apresentado.

graEXT4 CPV
8 Língua Portuguesa

Verbos Regulares que merecem atenção especial


apaziguo apazigue opto optei mesmo paradigma
apaziguas apazigues optas optaste adaptar
apazigua apazigue opta optou
apaziguar optar captar
apaziguamos apaziguemos optamos optamos
raptar
apaziguais apazigueis optais optastes
apaziguam apaziguem optam optaram compactar

enxáguo enxágue mesmo


enxáguas enxágues paradigma

enxágua enxágue * alguns autores defendem


aguar
enxaguar* o paradigma prosódico de apaziguar
enxaguamos enxaguemos e de averiguar para estes verbos (-uar).
desaguar
enxaguais enxagueis
enxáguam enxáguem minguar
mobílio digno
mobílias dignas Verbos como dirigir, agir, fugir e
Mais usado em sua forma fingir têm alterações de grafia,
mobília digna pronominal (-se). No mesmo por questões fonéticas:
mobiliar dignar
mobiliamos dignamos paradigma, estão impugnar e
indignar-se. Dirijo, fuja, ajo, finja – o j pelo g
mobiliais dignais
só ocorre antes de a e o.
mobíliam dignam

Verbos irregulares são os que não seguem o paradigma ou padrão fixo nas terminações ou desinências que identificam as flexões
de pessoa e de número, nos diferentes tempos e modos, nas três conjugações, acima descrito. Veja:

Eu vendo Eu tenho
Tu vendes Tu tens
Ele vende Ele tem
Nós vendemos mas Nós temos
Vós vendeis Vós tendes
Eles vendem Eles têm
↓ ↓
vender ter
verbo regular verbo irregular

No final desta Unidade, você encontrará um Apêndice com a lista verbos irregulares mais importantes da língua portuguesa.
Verbos defectivos são aqueles que não apresentam formas de conjugação para todas as pessoas, no tempo presente — não existem
verbos defectivos nos tempos do pretérito nem nos do futuro. Os defectivos distribuem-se por dois grandes grupos: os que não têm
somente a primeira pessoa do singular na conjugação, e os que são conjugados apenas na primeira e na segunda pessoas do plural:

Grupo 1 – Verbos que não são conjugados Grupo 2 – Verbos que, no presente do indicativo, são
na 1 a pessoa do Presente do Indicativo conjugados apenas na 1a e na 2a pessoas do plural (nós/vós)
Presente do indicativo Presente do indicativo
— —
aboles —
Abolir abole Falir —
abolimos falimos
abolis falis
abolem —
Seguem este paradigma os verbos: aturdir, banir, carpir, colorir, Seguem este paradigma os verbos: adequar, aguerrir, combalir,
descolorir, delinquir, demolir, exaurir, explodir, extorquir, retorquir. comedir-se, foragir-se, fornir, parir, precaver, reaver, remir.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 9

Verbos abundantes são os que apresentam duas formas (regular e irregular) para o particípio passado. Alguns dos abundantes
mais comuns são:
Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular
aceitar aceitado aceite/aceito
acender acendido aceso
benzer benzido bento
eleger elegido eleito
emergir emergido emerso
entregar entregado entregue
enxugar enxugado enxuto
expelir expelido expulso
expressar expressado expresso
exprimir exprimido expresso
expulsar expulsado expulso
extinguir extinguido extinto
findar findado findo
ganhar ganhado ganho
gastar gastado gasto
imergir imergido imerso
imprimir imprimido impresso
inserir inserido inserto
isentar isentado isento
limpar limpado limpo
matar matado morto
morrer morrido morto
omitir omitido omisso
pagar pagado pago
prender prendido preso
submergir submergido submerso
suspender suspendido suspenso
Observações:
1. Os particípios regulares formam locuções apenas com os verbos auxiliares ter e/ou haver:
A lei já havia extinguido o direito em questão.
O funcionário tinha imprimido os documentos errados.
2. Os particípios irregulares formam locuções com quaisquer outros verbos auxiliares que não sejam ter e/ou haver:
O direito em questão estava extinto há anos.
Este produto é isento de imposto?
3. Algumas formas regulares, como gastado, pagado, ganhado, escrevido, abrido, fazido e cobrido caíram em desuso
Prefira as formas irregulares gasto, pago, ganho, escrito, aberto, feito e coberto).
4. O verbo pegar não é abundante em Português. A forma pego é de uso popular e não deve ser utilizada no registro formal
(norma culta).
Na língua portuguesa, um verbo é chamado de anômalo apenas quando há mudanças em seu radical por ocasião da conjugação
dos tempos. É o caso, por exemplo, dos verbos ir e ser:
Eu vou Eu sou / tu és
Eu fui Eu fui
Eu ia Eu era

graEXT4 CPV
10 Língua Portuguesa

UM CASO ESPECIAL: OS VERBOS PRONOMINAIS

Verbos conjugados com a presença dos pronomes oblíquos átonos [me, te, se, o(s), a(s), lhe(s), nos, vos]. Há verbos que somente
podem ser conjugados com a presença desses pronomes, como arrepender-se, ater-se, apiedar-se, suicidar-se e queixar-se, por
exemplo.

Tais verbos são chamados de essencialmente pronominais. Alguns, no entanto, podem ou não ser conjugados com os pronomes,
como esquecer(-se), lembrar(-se), debater(-se) e enganar(-se), por exemplo.

Tais verbos são chamados de acidentalmente ou ocasionalmente pronominais.

No caso dos verbos acidentalmente ou ocasionalmente pronominais, é preciso muita atenção às áreas da regência, sintaxe e do
significado. Veja:

Lembrei o nome daquela música. (VTD)


Lembrei-me do nome daquela música. (VTI)
O mesmo acontece com o verbo esquecer.
Esquecera-me apresentar-lhe minha mulher. (construção clássica de Machado de Assis, em que apresentar-lhe minha mulher é
o sujeito do verbo esquecer. Neste caso, algo esquece a alguém, ou seja, cai no esquecimento de alguém).
Os senadores debatiam o projeto de censura à mídia. (debater = discutir)
Debateram-se questões importantes na Câmara. (debater, voz passiva sintética = discutir)
O rapaz debateu-se muito antes de afogar-se. (debater-se = lutar para escapar de algo)
Aquele político enganou todos os seus eleitores. (enganar = ludibriar/VTD)
Aquele político enganou-se quanto à impunidade. (enganar = cometer erro/valor reflexivo)

Os verbos essencialmente pronominais exigem apenas o cuidado de não os conjugarmos sem os pronomes átonos:

Eu me arrependi de ter comprado este carro.


Desta vez, meu velho avô não se queixou de dores.

FORMAÇÃO DE TEMPOS e MODOS VERBAIS

O presente e o pretérito perfeito do indicativo, assim como o infinitivo impessoal, são as bases (ou formas primitivas) para a
formação de todos os tempos e modos verbais do Português.

Formas Primitivas Formas Derivadas


Presente do Presente do Imperativo Imperativo
indicativo subjuntivo afirmativo negativo
Mais-que-
Pretérito perfeito Imperfeito do Futuro do
perfeito do
do indicativo subjuntivo subjuntivo
indicativo
Pretérito Futuro do Futuro do
Infinitivo imperfeito do presente do pretérito do
impessoal Indicativo indicativo indicativo
Infinitivo pessoal Gerúndio Particípio

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 11

Derivação a partir do presente do indicativo

Presente do indicativo Imperativo afirmativo Presente do subjuntivo


canto — cante
-s
cantas canta cantes
canta cante cante
cantamos cantemos cantemos
-s
cantais cantai canteis
cantam cantem cantem

Imperativo negativo Presente do subjuntivo


— —
cantes cantes
não cante cante
cantemos cantemos
canteis canteis
cantem cantem

Derivação a partir do Pretérito Perfeito do Indicativo


Pretérito Pretérito mais- Pretérito
Futuro do
perfeito que-perfeito imperfeito
subjuntivo
do indicativo do indicativo do subjuntivo
Cantei Tema Cantara Cantasse Cantar
Cantaste Cantaras Cantasses Cantares
Cantou 2a pessoa Cantara Cantasse Cantar
Cantamos + Cantáramos Cantássemos Cantarmos
Cantastes Cantáreis Cantásseis Cantardes
Terminações
Cantaram Cantaram Cantassem Cantarem
Derivação a partir do Infinitivo Impessoal
Pretérito Futuro do Futuro do
Infinitivo
imperfeito presente do pretérito do
impessoal
do indicativo indicativo indicativo
Cantava Cantarei Cantaria
Cantar Tema* Cantavas Cantarás Cantarias
Cantava Cantará Cantaria
Prender +
Cantávamos Cantaremos Cantaríamos
Partir Terminações Cantáveis Cantareis Cantaríeis
Cantavam Cantarão Cantariam
* Os temas para a 2a e 3a conjugações utilizam a vogal temática -i no pretérito imperfeito.
Derivação a partir do Infinitivo Impessoal
Impessoal (não tem sujeito) cantar, vender, cumprir

Infinitivo cantar, cantares, cantar, cantarmos, cantardes, cantarem, vender,


pessoal
venderdes, vender, vendermos, venderdes, venderem, cumprir,
(tem sujeito)
cumprires, cumprir, cumprirmos, cumprirdes, cumprirem
As crianças atravessaram a rua sorrindo e cantando.
-ando, -endo
Gerúndio Chorando se foi quem um dia só me fez chorar...
-indo, -ondo
Ela viu a flor morrendo e chorou. (ambíguo)
-ado, Trabalhos ilustrados merecem especial atenção?.
Particípio -ido, Iniciado o processo de seleção, não mais receberemos CVs.
-osto Os participantes haviam composto um tema para a ocasião.

graEXT4 CPV
12 Língua Portuguesa

FORMAS NOMINAIS DO VERBO

São o infinitivo, o particípio e o gerúndio. Tais formas são assim chamadas por ocuparem, principalmente, o lugar de nomes
(substantivos, adjetivos e advérbios).

O infinitivo, identificado pelas terminações -ar, -er/-or, e -ir, ocorre de maneira impessoal (sem flexão de pessoa) e pessoal
(forma conjugada, com flexão de pessoa) — e pode assumir funções que normalmente são desempenhadas pelos substantivos:

Pescar é ótimo para a saúde. (Infinitivo impessoal / sujeito)


Ela sempre gostou de viajar. (Infinitivo impessoal / objeto indireto)

Será necessário estudarmos mais. (Infinitivo pessoal / nós-sujeito oculto)


Se você precisar de algo, avise-me. (Infinitivo pessoal)

O particípio, identificado pelas terminações -ado, -ido e -osto, assume funções normalmente desempenhadas por adjetivos:

Trabalhos copiados da Internet terão um merecido zero.


Pareceu-nos um relatório muito bem feito.

O gerúndio, identificado pelas terminações -ando, -endo/-ondo e -indo, assume funções normalmente desempenhadas por advérbios:

Bianca chegou sorrindo e cantando. (Adjuntos adverbiais de modo)


Precisando de algo, avise-me. (Oração Subordinada Adverbial Condicional Reduzida)

FORMAS NOMINAIS EM LOCUÇÕES VERBAIS

O infinitivo, o particípio e o gerúndio podem ocorrer na formação de locuções ou perífrases verbais:

Por que você não quis fazer a lição de Física?

Gabriela disse-me que vai buscar o filho na Escola todos os dias.

Ela vive dizendo que tudo não passou de uma brincadeira entre amigos.

É verdade que você está aprendendo a dirigir?

Os juros já estão embutidos no preço de pagamento a prazo.

Informo-o de que sua proposta provavelmente será rejeitada.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 13

APÊNDICE

PRINCIPAIS VERBOS IRREGULARES DA LÍNGUA PORTUGUESA

Grupo 1
Irregulares na conjugação do presente do indicativo e tempos derivados
Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo
passeio passeie — —
passeias passeies passeia não passeies
Passear passeia passeie passeie não passeie
passeamos passeemos passeemos não passeemos
passeais passeeis passeai não passeeis
passeiam passeiem passeiem não passeiem
Neste paradigma: apear, atear, arrear, bloquear, cear, folhear, frear, granjear, hastear, lisonjear, recear, semear, titubear.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


medeio medeie — —
medeias medeies medeia não medeies
Mediar medeia medeie medeie não medeie
mediamos mediemos mediemos não mediemos
mediais medieis mediai não medieis
medeiam medeiem medeiem não medeiem
Neste paradigma: ansiar, incendiar, odiar, remediar e seus derivados. Os demais são regulares.
Lembrar a regrinha do Mário: mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


leio leia — —
Crer
lês leias lê não leias
Ler lê leia leia não leia não
lemos leiamos leiamos leiamos não
e seus derivados
ledes leiais lede leiais não
leem leiam leiam leiam
Neste paradigma: descrer, reler.
O pretérito perfeito do indicativo é regular: cri/li, creste/leste, creu/leu, cremos/lemos, crestes/leste, creram/leram.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


perco perca — —
perde percas perde não percas
Perder perdes perca perca não perca
perdemos percamos percamos não percamos
perdeis percais perdei não percais
perdem percam percam não percam
Existe perda? Sim, como substantivo (derivação regressiva), não como forma verbal.
A empresa sofreu uma grande perda com a saída do antigo diretor financeiro. (e não “perca”)

graEXT4 CPV
14 Língua Portuguesa

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


valho valha — —

Valer vales valhas vale não valhas


vale valha valha não valha
Equivaler valemos valhamos valhamos não valhamos
valeis valhais valei não valhais
valem valham valham não valham

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


confiro confira — —
conferes confiras confere não confiram
Conferir confere confira confira não confira
conferimos confiramos confiramos não confiramos
conferis confirais conferi não confirais
conferem confiram confiram não confiram
Neste paradigma: aderir, advertir, compelir, competir, despir, diferir, digerir, discenir, divergir, expelir, ferir, inserir, investir, perseguir,
preferir, referir, repelir, repetir, seguir, sentir, servir, sugerir, vestir. Observe que o -e, que aparece em todos eles, muda para -i na primeira
pessoa do singular. O -i, então, espalha-se pelo presente do subjuntivo.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


agrido agrida — —
agrides agridas agride não agridas
Agredir agride agrida agrida não agrida
agredimos agridamos agridamos não agridamos
agredis agridais agredi não agridais
agridem agridam agridam não agridam
Neste paradigma: denegrir, prevenir, progredir, regredir, transgredir.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


cubro cubra — —
cobres cubras cobre não cubras
Cobrir cobre cubra cubra não cubra
cobrimos cubramos cubramos não cubramos
cobris cubrais cobri não cubrais
cobrem cubram cubram não cubram
Neste paradigma: descobrir, dormir, encobrir, engolir, recobrir, tossir.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


ouço ouça — —
ouves ouças ouve não ouça
Ouvir ouve ouça ouça não ouça
ouvimos ouçamos ouçamos não ouçamos
ouvis ouçais ouvi não ouçais
ouvem ouçam ouçam não ouçam
Neste paradigma: pedir, despedir, impedir, medir.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 15

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


consumo consuma — —
consomes consumas consome não consumas
Consumir consome consuma consuma não consuma
consumimos consumamos consumamos não consumamos
consumis consumais consumi não consumais
consomem consumam consumam não consumam
Neste paradigma: acudir, bulir, cuspir, entupir, sacudir, subir, sumir.

Presente do indicativo Presente do subjuntivo Imperativo afirmativo Imperativo negativo


pulo pula — —
pules pulas pule não pulas
Polir pule pula pula não pula
polimos pulamos pulamos não pulamos
polis pulais poli não pulais
pulem pulam pulam não pulam
Neste paradigma: sortir (= abastecer, prover).
Detalhe importante
Os verbos terminados em -air (exemplos: cair, sair, trair), em -oer (exemplos: doer, moer, roer) e em -uir (exemplos: atribuir, contribuir,
excluir), perdem o -r na 3a pessoa do singular e não trocam o -i por -e.
cai, sai, trai, dói, mói, rói, atribui, contribui, exclui

Grupo 2
Irregulares nos presentes, no pretérito perfeito e respectivos tempos derivados
ESTAR
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
estou esteja estive estivera estivesse estiver
estás estejas estiveste estiveras estivesses estiveres
está esteja* esteve estivera estivesse estiver
estamos estejamos estivemos estivéramos estivéssemos estivermos
estais estejais estivestes estivéreis estivésseis estiverdes
estão estejam estiveram estiveram estivessem estiverem
* Não existe a forma “esteje” (nem a forma “seje”).

DAR
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
dou dê dei dera desse der
dás dês deste deras desses deres
dá dê deu dera desse der
damos demos demos déramos déssemos dermos
dais deis destes déreis désseis derdes
dão deem deram deram dessem derem

graEXT4 CPV
16 Língua Portuguesa

HAVER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
hei haja houve houvera houvesse houver
hás hajas houveste houveras houvesses houveres
há haja houve houvera houvesse houver
havemos hajamos houvemos houvéramos houvéssemos houvermos
haveis hajais houvestes houvéreis houvésseis houverdes
hão hajam houveram houveram houvessem houverem

APRAZER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
aprazo apraza aprouve aprouvera aprouvesse aprouver
aprazes aprazas aprouveste aprouveras aprouvesses aprouveres
apraz* apraza aprouve aprouvera aprouvesse aprouver
aprazemos aprazamos aprouvemos aprouvéramos aprouvéssemos aprouvermos
aprazeis aprazais aprouvestes aprouvéreis aprouvésseis aprouverdes
aprazem aprazam aprouveram aprouveram aprouvessem aprouverem
* Sem -e Neste paradigma: prazer, desprazer e comprazer. Existem as formas comprazi, comprazeste...

CABER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
caibo caiba coube coubera coubessem couber
caibes caibas coubeste couberas coubessem couberes
cabe caiba coube coubera coubesse couber
cabemos caibamos coubemos coubéramos coubéssemos coubermos
cabeis caibais coubestes coubéreis coubésseis couberdes
cabem caibam couberam couberam coubessem couberem

DIZER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
digo diga disse dissera dissesse disser
dizes digas disseste disseras dissesses disseres
diz diga disse dissera dissesse disser
dizemos digamos dissemos disséramos disséssemos dissermos
dizeis digais dissestes disséreis dissésseis disserdes
dizem digam disseram disseram dissessem disserem
Neste paradigma: bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer. Particípios: dito, bendito, predito...

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 17

FAZER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
faço faça fiz fizera fizesse fizer
fazes faças fizeste fizeras fizesses fizeres
faz faça fez fizera fizesse fizer
fazemos façamos fizemos fizéramos fizéssemos fizermos
fazeis façais fizestes fizéreis fizésseis fizerdes
fazem façam fizeram fizeram fizessem fizerem
Neste paradigma: desfazer, refazer, liquefazer, perfazer, rarefazer, satisfazer. Futuros irregulares: farei, farás...

PODER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
posso possa pude pudera pudesse puder
podes possas pudeste puderas pudesses puderes
pode possa pôde pudera pudesse puder
podemos possamos pudemos pudéramos pudéssemos pudermos
podeis possais pudestes pudéreis pudésseis puderdes
podem possam puderam puderam pudessem puderem

PÔR
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
ponho ponha pus pusera pusesse puser
pões ponhas puseste puseras pusesses puseres
põe ponha pôs pusera pusesse puser
pomos ponhamos pusemos puséramos puséssemos pusermos

não existe Z por aqui


pondes ponhais pusestes puséreis pusésseis puserdes
põem ponham puseram puseram pusessem puserem
Neste paradigma: todos os derivados de pôr. Notar, porém, que nenhum derivado de pôr tem acento circunflexo.
Atenção: Diga sempre Se você puser..., Quando eu puser... (e nunca Se você pôr...).

QUERER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
quero queira quis quisera quisesse quiser
queres queiras quiseste quiseras quisesses quiseres
quer queira quis quisera quisesse quiser
queremos queiramos quisemos quiséramos quiséssemos quisermos
quereis queirais quisestes quiséreis quisésseis quiserdes
querem queiram quiseram quiseram quisessem quiserem

graEXT4 CPV
18 Língua Portuguesa

SABER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
sei saiba soube soubera soubesse souber
sabes saibas soubeste souberas soubesses souberes
sabe saiba soube soubera soubesse souber
sabemos saibamos soubemos soubéramos soubéssemos soubermos
sabeis saibas soubestes soubéreis soubésseis souberdes
sabem saibam souberam souberam soubessem souberem

ser*
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
sou seja fui fora fosse for
és sejas foste foras fosses fores
é seja foi fora fosse for
somos sejamos fomos fôramos fôssemos formos
sois sejais fostes fôreis fôsseis fordes
são sejam foram foram fossem forem
* Considerado anômalo, em virtude das suas muitas irregularidades de forma, vide complementos.

Ter
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
tenho tenha tive tivera tivesse tiver
tens tenhas tiveste tiveras tivesses tiveres
tem tenha teve tivera tivesse tiver
temos tenhamos tivemos tivéramos tivéssemos tivermos
tendes tenhais tivestes tivéreis tivésseis tiverdes
têm tenham tiveram tiveram tivessem tiveram
Neste paradigma: ater, conter, deter, entreter, manter, obter, reter, suster.

TRAZER
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
trago traga trouxe trouxera trouxesse trouxer
trazes tragas trouxeste trouxeras trouxesses trouxeres
traz traga trouxe trouxera trouxesse trouxer
trazemos tragamos trouxemos trouxéramos trouxéssemos trouxermos
trazeis tragais trouxestes trouxéreis trouxésseis trouxerdes
trazem tragam trouxeram trouxeram trouxessem trouxerem

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 19

ver
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
vejo veja vi vira visse vir
vês vejas viste viras visses vires
vê veja viu vira visse vir
vemos vejamos vimos víramos víssemos virmos
vedes vejais vistes víreis vísseis virdes
veem vejam viram viram vissem virem

vIr
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
venho venha vim viera viesse vier
vens venhas vieste vieras viesses vieres
vem venha veio viera viesse vier
vimos venhamos viemos viéramos viéssemos viermos
vindes venhais viestes viéreis viésseis vierdes
vêm venham vieram vieram viessem vierem
Imperfeito do indicativo: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham

Ir
Presente do Presente do Pretérito perfeito Mais-que-perfeito Imperfeito Futuro
indicativo subjuntivo do indicativo do indicativo do subjuntivo do subjuntivo
vou vá fui fora fosse for
vais vás foste foras fosses fores
vai vá foi fora fosse for
vamos vamos fomos fôramos fôssemos formos
ides vades fostes fôreis fôsseis fordes
vão vão foram foram fossem forem
Imperfeito do indicativo: ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
1. Por causa das muitas irregularidades que apresenta, o verbo ser é considerado anômalo.
No imperativo, as formas das 2as pessoas divergem do padrão conhecido: Sê tu e Sede vós.
2. Prover (= suprir, fornecer, abastecer) segue o paradigma de ver no presente do indicativo e respectivas formas derivadas
[provejo / provês / provê / provemos / provedes / proveem]
[proveja / provejas / proveja / provejamos / provejais / provejam]
Nos demais tempos, prover é regular [provi, proveu, provera, provesse, proverdes etc.]

graEXT4 CPV
20 Língua Portuguesa

EXERCÍCIOS 03. (PUC-SP/2011) Mas Ohrt garantiu que Dylan vai aparecer
algum dia para visitar a galeria, talvez “sem avisar e numa
01. (FUVEST-SP/2012) Não era e não podia o pequeno reino segunda-feira, quando estamos fechados”.
lusitano ser uma potência colonizadora à feição da antiga
Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século Nesse parágrafo, os verbos em destaque estão empregados no
XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de presente do indicativo e:
população, mas fora apenas provocado por uma burguesia
comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido a) o verbo ir, usado como auxiliar, indica que a visita se dará
território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A ascensão no futuro; o verbo estar, usado como de ligação, indica uma
do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta situação habitual, ou seja, a galeria está sempre fechada às
burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar segundas-feiras.
da ameaça castelhana e do poder da nobreza, representado pela b) o verbo ir, usado como principal, indica que a visita já se
Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa deu; o verbo estar, usado como auxiliar, indica que a galeria
lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o costuma fechar às segundas-feiras.
melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino c) o verbo vir, usado como auxiliar, indica que a visita se dará
com as pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da em breve; o verbo estar, outro auxiliar, indica não haver
expansão externa para contentar os insaciáveis companheiros um tempo demarcado, ou seja, a galeria fecha em todas as
de D. João I. segundas-feiras.
Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado. d) o verbo vir, usado como principal, indica que a visita está
para acontecer; o verbo estar, usado como de ligação, assinala
No contexto, o verbo enche indica: que a galeria não abre em todos os dias da semana.
e) o verbo ir, usado como auxiliar, assinala quando a visita se
a) habitualidade no passado. dará; o verbo estar, também usado como auxiliar, delimita
b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”. que a galeria funciona sempre às segundas-feiras.
c) ideia de atemporalidade.
d) presente histórico. 04. (FGV-ECO/Dez-2010) Rodrigo conduziu o velho até o leito,
e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”. apagou a luz do candeeiro e saiu, dirigindo-se ao quarto de
Ângelo. Encontrou-o deitado, os cabelos sobre os travesseiros,
02. (FUVEST-SP/2012) as mãos crispadas, apertando as cobertas. No assoalho — pois
estava no quarto que fora de Elisa — ao pé da cama, viu o resto
Receita de Mulher de leite no copo, pedaços de biscoitos. (...)
Paulino Duarte, a fisionomia imóvel, sentia vontade de abrir os
As muito feias que me perdoem olhos, arrancá-los com as unhas, na ânsia de destruir aquelas
Mas beleza é fundamental. É preciso criaturas. Esgotado, os mortos existindo dentro dele, vivos nas
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso trevas, chegara assim à casa da fazenda. Percebera as palavras
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture* de Ângelo, roucas, sem nexo, e a voz de Rodrigo. Sentiu os filhos
Em tudo isso (ou então tirando-lhe as botas, mudando-lhe a roupa.
Que a mulher se socialize elegantemente em azul, Agora, depois que perguntara a Rodrigo pelo estado de Ângelo,
[como na República Popular Chinesa). e recebera a resposta, sentia-se desconcertado. Pacientemente,
Não há meio-termo possível. É preciso desfazendo a crispação dos dedos, procurou idealizar como
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito seria a sua vida no futuro, como aceitaria aquelas trevas.
Tenha-se a impressão de ver uma garça apenas Quase alegre, pensou naquele fim, naquela cegueira, como um
[pousada e que um rosto consolo. Sim, do mesmo modo que certos prisioneiros acabam
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no amando os ferros da prisão, ele também, forçado pelo tempo,
[terceiro minuto da aurora. acabaria por amá-la. Amá-la? – e todo ele tremeu, agitado,
ao peso daquela palavra. Como amá-la, se ela o enfraquecia,
Vinicius de Moraes transformava-o em uma presa dos mortos, em uma inutilidade
* “haute couture”: alta costura. para os vivos?
Adonias Filho, Os servos da morte.
Tendo em vista o contexto, o modo verbal predominante no
excerto e a razão desse uso são: a) Comparando as formas verbais perguntara e recebera
com procurou e pensou, do terceiro parágrafo, nomeie os
a) indicativo; expressar verdades universais. tempos em que estão flexionadas e comente a diferença de
b) imperativo; traduzir ordens ou exortações. função desses tempos, no contexto.
c) subjuntivo; indicar vontade ou desejo. b) Explique em que são distintas as formas sentia e sentiu,
d) indicativo; relacionar ações habituais. no segundo parágrafo, quanto à duração do processo.
e) subjuntivo; sugerir condições hipotéticas.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 21

05. (FUVEST-SP) Assim se explicam a minha estada debaixo da 08. (FUVEST-SP) Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as
janela de Capitu e a passagem de um cavaleiro, um dândi, como fazem o tempo todo. Raramente se dão ao trabalho de prestar
então dizíamos. Montava um belo cavalo alazão, firme na sela, contas quando erram. Quando o fazem não é decerto com a
rédea na mão esquerda, a direita à cinta, botas de verniz, figura ênfase e o destaque conferidos às poucas previsões que acertam.
e postura esbeltas: a cara não me era desconhecida. Tinham Marcelo Leite, Folha de S. Paulo.
passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas
namoradas. Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê Alencar: a) Reescreva o trecho “Jornalistas não deveriam fazer
“Porque um estudante (dizia um dos seus personagens de teatro previsões, mas as fazem o tempo todo”, iniciando-o com
de 1858) não pode estar sem estas duas coisas, um cavalo e uma “Embora os jornalistas...”
namorada”. Relê Álvares de Azevedo. Uma das suas poesias é
destinada a contar (1851) que residia em Catumbi, e, para ver
a namorada no Catete, alugara um cavalo por três mil-réis...

Machado de Assis. Dom Casmurro.


b) No trecho
As formas verbais destacadas Tinham passado e viriam “Quando o fazem não é decerto com a ênfase (...)”,
traduzem ideia, respectivamente, de anterioridade e de a que ideia se refere o termo grifado?
posterioridade em relação ao fato expresso pela palavra:

a) explicam.
b) estada.
c) passagem.
d) dizíamos. 09. (FUVEST-SP/2012) Leia este aviso, comum em vários lugares
e) montava. públicos:
06. (PUC-RS/2011) Se os verbos em destaque no período
“Se a propaganda fosse paga, ou dependesse apenas do
interesse jornalístico, o poder econômico poderia prevalecer
e os candidatos menos conhecidos talvez não tivessem
oportunidade de se apresentar ao público”
fossem utilizados em outro tempo verbal, o resultado correto a) As pessoas que não gostam de ser filmadas prefeririam uma
seria: mensagem que dissesse o contrário. Para atender a essas
pessoas, reescreva o aviso, usando a primeira pessoa do
a) é ; dependa ; poderá ; têm plural e fazendo as modificações necessárias.
b) é ; depende ; pode ; tenham
c) for ; depende ; pode ; têm
d) seja ; dependa ; poderia ; teriam
e) seria ; dependeria ; poderá ; terão

07. (UNICAMP-SP) No texto a seguir, ocorre uma forma que é b) Criou-se, recentemente, a palavra “gerundismo”, para
inadequada em contextos formais, especialmente na escrita. designar o uso abusivo do gerúndio. Esse tipo de desvio
ocorre no aviso acima? Explique.
Trombada
Lula e Meneguelli divergem sobre o pacto. Concordam em
negociar, mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar
a medida provisória dos salários, suspender os vetos à lei da
Previdência e repor perdas salariais.
Folha de São Paulo
10. (FEPECS-DF/2011) Meu filho, vai buscar um pedaço de banana.
a) Identifique essa forma e reescreva o trecho em que ocorre,
A forma adequada do verbo ir, caso modificássemos a frase
de modo a adequá-lo à modalidade escrita.
para o plural, mantendo a mesma pessoa, seria:
b) Como se poderia explicar a ocorrência de tal forma (e outras
semelhantes), dado que os falantes não “inventam” formas
a) ide
linguísticas sem alguma motivação?
b) vão
c) vamos
d) vais
e) vás

graEXT4 CPV
22 Língua Portuguesa

11. 16. Assinale a alternativa em que há erro de conjugação verbal


relativamente à norma culta.
a) Era necessário que o governo impusesse medidas para
baratear os produtos editoriais.
b) Se o trabalhador dispuser de adequadas bibliotecas, ter-se-á
dado um importante passo para o desenvolvimento cultural
do país.
c) Seria de todo desejável que a classe trabalhadora se
entretivesse mais com a leitura de livros e revistas.

Bill Watrerson, Calvin.


d) Era importante que se contradissesse, com as evidências
disponíveis, a afirmação de que o trabalhador rejeita a leitura.
e) O trabalhador quase não tem intervido nas discussões sobre
a comercialização dos produtos editoriais.
Dos verbos utilizados no quadrinho acima, pode-se afirmar
corretamente que: 17. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas
das frases abaixo.
a) um deles caracteriza o modo verbal Imperativo.
b) nenhum deles faz parte de locução verbal. 1. O intruso já tinha sido .
c) somente um deles está conjugado no futuro do subjuntivo. 2. Não sabia se já haviam a casa.
d) nenhum deles aparece em sua forma de Infinitivo. 3. Mais de uma vez lhe haviam a vida.
e) o verbo “arrepender” está incorretamente conjugado, pois 4. A capela ainda não havia sido .
vem acompanhado do pronome “se”.
a) expulsado – coberto – salvo – benzida
b) expulso – cobrido – salvo – benzida
12. Assinale a série em que estão devidamente classificadas as
formas verbais em destaque: Ao chegar da fazenda, espero que c) expulsado – cobrido – salvado – benta
já tenha terminado a festa. d) expulso – coberto – salvado – benta
e) expulsado – cobrido – salvo – benzida
a) Futuro do subjuntivo, pretérito perfeito do indicativo
b) Infinitivo, presente do subjuntivo 18. Assinale a alternativa que corresponde ao que se pede:
c) Futuro do subjuntivo, presente do subjuntivo ● verbo ver – 3a pessoa do singular do pretérito mais-que-
d) Infinitivo, pretérito imperfeito do subjuntivo perfeito do indicativo
e) Infinitivo, pretérito perfeito do subjuntivo ● verbo ser – 3a pessoa do singular do presente do subjuntivo
● verbo haver – 3a pessoa do singular do pretérito perfeito
13. Assinale a alternativa correta. do indicativo
● verbo vir – 2a pessoa do singular do imperativo afirmativo
a) Não te atrases, vai logo que puderes.
b) Não te atrasa, vai logo que puderes. a) vera, seja, houve, vem
c) Não se atrase, vai logo que puderes. b) vera, seja, havi, venha
d) Não te atrase, vai logo que puder. c) vira, seja, houve, vem
d) vira, seje, houve, venha
e) Não se atrase, vás logo que puderes.
e) vira, seje, havi, vem
14. Não ! Você não acha preferível que ele se
sem que você o ? 19. Se eu isso, se os meus direitos,
não que me desafiem novamente.
a) interfira – desdiga – obrigue
a) quiser – requerer – consentirei
b) interfere – desdiz – obriga
b) querer, requerer – consentirei
c) interfira – desdisser – obrigue c) quizer – requerer – consentirei
d) interfira – desdissesse – obriga d) quiser – requerer – consintirei
e) interferi – desdiga – obrigue e) quiser – requiser – consentirei

15. Assinale a alternativa incorreta. 20. tranquilo se esta pasta todos


a) A Lei já havia extinguido o artigo que tratava desse assunto. os documentos.
b) Teria eu vinte e dois anos quando conheci Martina. a) ficaria – continha
c) Luana tinha acendido uma vela para conseguir ver algo b) ficaria – contivesse
naquele porão. c) ficava – continha
d) Este material foi imprimido aqui mesmo, na nossa gráfica. d) ficaria – contesse
e) Ele me disse que havia entregado o cheque a você
e) ficaria – conter
pessoalmente.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 23

21. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. 25. Assinale a alternativa em que uma forma verbal foi empregada
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. incorretamente.
Carlos Drummond de Andrade a) O superior interveio na discussão, evitando a briga.
Caso o poeta tivesse optado pela forma você, em vez de tu, a b) Se a testemunha depor favoravelmente, o réu será absolvido.
alternativa que contém as mudanças corretas seria: c) Quando eu reouver o dinheiro, pagarei a dívida.
d) Quando você vier a Campinas, ficará extasiado.
a) Conviva com teus poemas, antes de escrevê-los.
e) Ele trará o filho, se vier a São Paulo.
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se o provocam.
b) Convive com seus poemas, antes de escrevê-los.
26. Se o material necessário, anotaremos tudo o que vocês
Tende paciência, se obscuros. Calma, se lhe provocam.
no dia em que nos novamente.
c) Conviva com seus poemas, antes de escrevê-los.
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se o provocam. a) obtivermos – propuzerem – veremos
d) Convivei com seus poemas, antes de escrevê-los. b) obtivéssemos – proporem – virmos
Tenha paciência, se obscuros. Calma, se lhe provocam. c) obtermos – propuserem – vermos
e) Convivei com vossos poemas, antes de escrevê-los. d) obtivermos – propuserem – virmos
Tende paciência, se obscuros. Calma, se vos provocam. e) obtermos – proporem – virmos

22. Assinale a frase que apresenta erro na flexão dos verbos. 27. Ela sempre o carro antes da faixa de pedestres, mas
ontem não ; mesmo que conseguisse ,
a) Ele não creu em nenhuma das histórias contadas por nós.
atropelaria o homem na bicicleta.
b) Quando eu vir seu pai, avisá-lo-ei sobre a dívida.
c) Será muito melhor para todos, se você manter a calma. a) frea – freiou – freiar
d) Eles intervieram em nossa disputa, depois de um tempo. b) freia – freiou – freiar
e) Assim que puserdes a roupa no armário, poderemos sair. c) frea – freou – frear
d) freia – freou – frear
23. Examine a charge a seguir. e) freia – freou – freiar

28. Os refugiados por dias melhores, pois sabem que


há bem que sempre dure, nem mal que não se .
a) ansiam – remedie
b) ansiam – remedeie
c) anseiam – remedie
d) anseiam – remedeie
e) anseiam – remedeeie

29. No ano passado, alguns deputados aumento do


efetivo de servidores. Imediatamente, o Presidente da Câmara
todos os cargos vagos.
a) requiseram – proviu
b) requiseram – proveu
c) requereram – proveu
d) requereram – proviu
e) requeireram – proveu
A forma verbal houve corresponde a verbo conjugado no:
30. Assinale a alternativa que traz verbo defectivo.
a) presente do indicativo.
a) Demoliram vários prédios naquele local.
b) pretérito perfeito do indicativo.
b) Elas se correspondem frequentemente.
c) pretérito imperfeito do indicativo.
c) Coube ao juiz julgar o réu.
d) pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
d) Compramos muitas mercadorias remarcadas.
e) pretérito imperfeito do subjuntivo.
e) Você pule seu carro regularmente?
24. Alguns verbos apresentam irregularidades no radical da primeira
31. É possível que novidades interessantes, que
pessoa do singular do indicativo presente.
e os alunos, ao mesmo tempo.
A alternativa que contém as formas verbais corretas é: Evidentemente, é nisso que todos apostamos.
a) requeiro (requerer), ouço (ouvir), valho (valer) a) surjam – divertem – instruam
b) digo (dizer), medo (medir), trago (trazer) b) surjam – divirtam – instruam
c) meço (medir), digo (dizer), perdo (perder) c) surgem – divertem – instruem
d) caibo (caber), perco (perder), requero (requerer) d) surgam – divertem – instruam
e) posso (poder), cabo (caber), valo (valer) e) surja – divirta – instrua
graEXT4 CPV
24 Língua Portuguesa

32. Tu não nem um pouco, ano após ano. Mas, por travar demanda com o lobisomem ou outra qualquer penitência
favor, não que nós , está bem? dos pastos, mesmo que fosse uma visagenzinha de menino pagão.
Sempre fui cioso da lei e não ia em noite de batizado manchar, na
a) progrides – impeças – progridamos
briga de estrada, galão e patente:
b) progride – impeças – progredimos — Nunca!
c) progrides – impeça – progridamos A mulinha, a par de tamanha responsabilidade, que mula sempre
d) progride – impede – progridamos foi bicho de grande entendimento, largou o casco na poeira. Para
e) progredes – impeças – progredamos a frente a montaria não andava, mas na direção do Sobradinho
corria de vento em popa. Já um estirão era andado quando, numa
33. Você queria que eu naquela discussão?. Lamento, roça de mandioca, adveio aquele figurão de cachorro, uma peça de
não fazê-lo, pois só dos motivos da briga vinte palmos de pêlo e raiva. Na frente de ostentação tão provida
depois que as coisas saíram de controle. de ódio, a mulinha de Ponciano debandou sem minha licença por
a) intervisse – pode – soube terra de dormideira e cipó, onde imperava toda raça de espinho,
caruru-de-sapo e roseta-de-frade. O luar era tão limpo que não
b) intervisse – pude – soube
existia matinho desimportante para suas claridades — tudo vinha
c) interviesse – pude – soube
à tona, de quase aparecer a raiz. Aprovei a manobra da mula
d) interviesse – posso – sube
na certeza de que lobisomem algum arriscava a sua pessoa em
e) interviesse – pode – sabia tamanho carrascal. Enganado estava eu. Atrás, abrindo caminho
e destorcendo mato, vinha o vingancista do lobisomem. Roncava
34. Assinale a alternativa que contenha, corretamente, os verbos como porco cevado. Assim acuada, a mulinha avivou carreira, mas
das orações abaixo no futuro do subjuntivo. tão desinfeliz que embaralhou a pata do coice numas embiras-de-
a) Se o menino se entretiver com o cão que passear na rua.... corda. Não tive mais governo de sela e rédea. Caí como sei cair,
Se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar... em posição militar, pronto a repelir qualquer ofendimento. Digo,
b) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua... sem alarde, que o lobisomem bem podia ter saído da demanda
Se não caber na bolsa o frasco que você me emprestar... sem avaria ou agravo, caso não fosse um saco de malquerença.
Estando eu em retirada, pelo motivo já sabido de ser portador de
c) Se o menino se entretiver com o cão que passear na rua....
galão e patente, não cabia a mim entrar em arruaça desguarnecido
Se não caber na bolsa o frasco que você me emprestar...
de licença superior. Disso não dei conta ao enfeitiçado, do que
d) Se o menino se entreter com o cão que passear na rua...
resultou a perdição dele. Como disse, rolava eu no capim, pronto a
Se não couber na bolsa o frasco que você me emprestar... dar ao caso solução briosa, na hora em que o querelante apresentou
e) Se o menino se entretesse com o cão que passeava na rua... aquela risada de pouco caso e deboche:
Se não cabesse na bolsa o frasco que você me emprestasse... — Quá-quá-quá...
Não precisou de mais nada para que o gênio dos Azeredos e demais
35. Assinale a alternativa em que o particípio destacado está Furtados viesse de vela solta. Dei um pulo de cabrito e preparado
corretamente utilizado. estava para a guerra do lobisomem. Por descargo de consciência,
a) O diretor tinha suspenso a edição do jornal antes da do que nem carecia, chamei os santos de que sou devocioneiro:
publicação da notícia. — São Jorge, Santo Onofre, São José!
José Cândido de Carvalho.
b) Lourival tinha chego ao mercado. Marli o esperava próxima
da barraca de frutas. Na frase Já um estirão era andado..., a forma verbal era
c) O coroinha havia já disperso a multidão que estava em volta andado pode ser substituída por:
da Matriz. a) tinha andado. b) vinha sendo andado.
d) A correspondência não foi entregue no escritório. c) teria andado. d) tinha sido andado.
e) Diogo tinha expulso os índios que cercavam o povoado. e) tinha de andar.

36. O Coronel e o Lobisomem 37. Assinale a alternativa em que os verbos prever, intervir, propor
— Que faniquito é esse? Respeite a patente e deixe de ficar sestrosa. e manter estão corretamente conjugados.
Foi quando, sem mais nem menos, deu entrada no meu ouvido a) Previu – interviu – propuser – mantesse.
aquele assobio fininho, vindo não atinei de onde. Podia ser cobra em b) Prevesse – intervisse – proposse – mantesse.
vadiagem de luar. Se tal fosse, a mula andava recoberta de razão.
c) Previu – interveio – propusesse – mantera.
Por isso dei prazo de espera para que a peçonha da cobra saísse
d) Preveu – intervim – propuser – mantivesse.
no claro. Nisso, outro assobio passou rentoso de minha barba, com
tanta maldade que a mula estremeceu da anca ao casco, ao tempo
e) Previsse – intervier – propusesse – mantinha.
em que sobrevinha do mato um barulho de folha pisada. Inquiri
dentro do regulamento militar: 38. Assinale a alternativa em que os verbos impregnar, optar,
— Quem vem lá? suar e estrear preenchem corretamente as lacunas das frases
De resposta tive novo assobio. Num repente, relembrei estar em abaixo.
noite de lobisomem — era sexta-feira. Tanto caçoei do povo de Esse tipo de tinta de cheiro acre a roupa
Juca Azeredo que o assombrado tomou a peito tirar vingança de da loja.
mim, como avisou Sinhozinho. Pois muito pesar levava eu em não O coronel sempre pelo praça de maior
poder, em tal estado, dar provimento ao caso dele. Sujeito de patente, destreza para dirigir a viatura.
militar em serviço de água benta, carecia de consentimento para

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 25

Nos dias de calor, ele demais; por isso, — Mas, você curou das outras vezes.
o ar-condicionado do carro. — Creio que sim; o mais acertado, porém, é dizer que foram os
O cantor no teatro da Barra ontem, à remédios indicados nos livros. Eles, sim, eles, abaixo de Deus. Eu
noite. Um sucesso! era um charlatão... Não negue; os motivos do meu procedimento
podiam ser e eram dignos; a homeopatia é a verdade, e, para servir
a) Impreguina – opta – sua – estreiou. à verdade, menti; mas é tempo de restabelecer tudo.
b) Impregna – opta – soa – estreiou. Não foi despedido, como pedia então; meu pai já não podia
c) Impregna – opta – sua – estreou. dispensá-lo. Tinha o dom de se fazer aceito e necessário; dava-se
d) Impreguina – opita – soa – estreiou. por falta dele, como de pessoa da família.
e) Impregna – opita – sua – estreiou.
Quando meu pai morreu, a dor que o pungiu foi enorme, disseram-
me; não me lembra. Minha mãe ficou-lhe muito grata, e não
39. Senhores
consentiu que ele deixasse o quarto da chácara; ao sétimo dia,
Não quis Deus que os meus cinquenta anos de consagração ao depois da missa, ele foi despedir-se dela.
Direito viessem receber no templo do seu ensino em S. Paulo o selo
— Fique, José Dias.
de uma grande bênção, associando-se hoje com a vossa admissão
ao nosso sacerdócio, na solenidade imponente dos votos, em que — Obedeço, minha senhora.
o ides esposar. Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro
Em verdade vos digo, jovens amigos meus, que o coincidir desta palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-
existência declinante com essas carreiras nascentes agora, o seu as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia
coincidir num ponto de intersecção tão magnificamente celebrado, ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família,
era mais do que eu mereceria; e, negando-me a divina bondade certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo.
um momento de tamanha ventura, não me negou senão o a que eu Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste
não devia ter tido a inconsciência de aspirar. mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que
fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe
Mas, recusando-me o privilégio de um dia tão grande, ainda me
muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido
consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente
novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma
entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade.
elegância pobre e modesta.
Assim que não me ides ouvir de longe, como a quem se sente
Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão
arredado por centenas de quilômetros, mas de ao pé, de em meio a
e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do
vós, como a quem está debaixo do mesmo tecto, e à beira do mesmo
calor e do frio, dos pólos e de Robespierre. Contava muita vez
lar, em colóquio de irmãos, ou junto dos mesmos altares, sob os
uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos
mesmos campanários, elevando ao Criador as mesmas orações, e
nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa
professando o mesmo credo.
família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.
Direis que isto de me achar assistindo, assim, entre os de quem
— Abaixo ou acima? perguntou-lhe tio Cosme um dia.
me vejo separado por distância tão vasta, seria dar-se, ou supor
que se está dando, no meio de nós, um verdadeiro milagre? — Abaixo, repetiu José Dias cheio de veneração.
Será. Milagre do maior dos taumaturgos. Milagre de quem respira E minha mãe, que era religiosa, gostou de ver que ele punha Deus
entre milagres. Milagre de um santo, que cada qual tem no sacrário no devido lugar, e sorriu aprovando. José Dias agradeceu de
do seu peito. Milagre do coração, que os sabe chover sobre a criatura cabeça. Minha mãe dava-lhe de quando em quando alguns cobres.
humana, como o firmamento chove nos campos mais áridos. Tio Cosme, que era advogado, confiava-lhe a cópia de papéis de
http://www.casaruibarbosa.gov.br autos.
Machado de Assis
No 4o parágrafo, a forma verbal ides, do presente do indicativo, A forma verbal fizesse indica:
está na segunda pessoa do plural. Nesse mesmo tempo, se ela a) ação anterior a outra.
estivesse na segunda pessoa do singular, sua forma seria: b) ação de curso garantido.
a) vades. b) vai. c) vás. c) ordem, pedido para a ação.
d) vais. e) vá. d) repetição da ação.
e) ação eventual.
40. Dom Casmurro
41. “Se queres ser bom juiz, ouve o que cada um diz.”
Voltou dali a duas semanas, aceitou casa e comida sem outro
estipêndio, salvo o que quisessem dar por festas. Quando meu pai Esse provérbio popular vem enunciado na 2a pessoa do singular.
foi eleito deputado e veio para o Rio de Janeiro com a família, ele Se o transferirmos para a forma de tratamento você, mais familiar
veio também, e teve o seu quarto ao fundo da chácara. a muitos paulistas, a solução que atende à norma culta será a
Um dia, reinando outra vez febres em Itaguaí, disse-lhe meu pai que apresentada na alternativa:
fosse ver a nossa escravatura. José Dias deixou-se estar calado, a) Se quiseres ser bom juiz, ouvi o que cada um diz.
suspirou e acabou confessando que não era médico. Tomara este b) Se quer ser bom juiz, ouça o que cada um diz.
título para ajudar a propaganda da nova escola, e não o fez sem c) Se quereis ser bons juízes, ouvi o que cada um diz.
estudar muito e muito; mas a consciência não lhe permitia aceitar d) Se queres ser bom juiz, ouça o que cada um diz.
mais doentes. e) Se quiser ser bom juiz, ouve o que cada um diz.

graEXT4 CPV
26 Língua Portuguesa

42. Aprendizado de Exílio 44. O Primo Basílio


Cao Hamburger, diretor de O ano em que meus pais saíram de férias, Luisa, ao voltar para casa, veio a refletir naquela cena.
pertence a uma geração que viveu o auge da ditadura num estado Não – pensava –, já não era a primeira vez que ele mostrava um
de relativa inconsciência, tentando decifrar os acontecimentos pela desprendimento muito seco por ela, pela sua reputação, pela sua
ótica infantil. Ele também foi goleiro na infância e seus pais, em saúde! Queria-a ali todos os dias, egoistamente. Que as más línguas
algum momento, “saíram de férias”. Trinta e cinco anos depois, falassem; que as soalheiras a matassem, que lhe importava? E para
ele inseriu traços dessas memórias no seu segundo longa-metragem quê?... Porque enfim, saltava aos olhos, ele amava-a menos... As
para cinema. De alguma maneira, é sua tentativa de “compreender” suas palavras, os seus beijos arrefeciam cada dia, mais e mais!...
artisticamente o que tanto afetou sua família e o país. Já não tinha aqueles arrebatamentos do desejo em que a envolvia
Desde Pra frente Brasil (1980), a euforia da Copa de 70 e o chumbo toda numa carícia palpitante, nem aquela abundância de sensação
grosso da repressão no governo Médici se estabeleceram como que o fazia cair de joelhos com as mãos trêmulas como as de
polos dramáticos no cinema brasileiro. Essa contradição, tantas um velho!... Já se não arremessava para ela, mal ela aparecia à
vezes mencionada em curtas e longas-metragens, não ganha um porta, como sobre uma presa estremecida!... Já não havia aquelas
tratamento exatamente novo em O ano em que meus pais saíram conversas pueris, cheias de risos, divagadas e tontas, em que se
de férias. Os gols da seleção, as ruas desertas e os militantes abandonavam, se esqueciam, depois da hora ardente e física,
espancados se repetem como clichês, amenizados apenas pela quando ela ficava numa lassitude doce, com o sangue fresco, a
abordagem oblíqua e “inocente”, fruto da visão de Mauro, um cabeça deitada sobre os braços nus! Agora! Trocado o último
menino de 12 anos. beijo, acendia o charuto, como num restaurante ao fim do jantar!
E ia logo a um espelho pequeno que havia sobre o lavatório dar
De início, o filme requer uma certa boa vontade do espectador
uma penteadela no cabelo com um pentezinho de algibeira. (O
para aceitar a história desse garoto deixado pelos pais em fuga
que ela odiava o pentezinho!) Às vezes até olhava o relógio!... E
à porta da casa do avô, que justamente acabara de falecer. Para
enquanto ela se arranjava não vinha, como nos primeiros tempos,
que o resto do roteiro funcione, os pais largam o garoto do lado de
ajudá-la, pôr-lhe o colarinho, picar-se nos seus alfinetes, rir em
fora sem sequer confirmar se ele entrou e foi recebido pelo avô. É
volta dela, despedir-se com beijos apressados da nudez dos seus
preciso também alguma boa vontade para apreciar uma narrativa
ombros antes que o vestido se apertasse. Ia rufar nos vidros – ou
excessivamente bem-comportada e às vezes morosa. No entanto, as
sentado, com um ar macambúzio, bamboleava a perna!
discretas virtudes do roteiro aos poucos vão se somando, na medida
E depois positivamente não a respeitava, não a considerava...
em que o filme explora a solidão de Mauro no bairro judeu de São
Tratava-a por cima do ombro, como uma burguesinha, pouco
Paulo e a tensão da espera por um retorno dos pais — em tudo
educada e estreita, que apenas conhece o seu bairro. E um modo
análogas à solidão e à tensão dos goleiros que tanto impressionam
de passear, fumando, com a cabeça alta, falando no “espírito de
o menino.
madame de tal”, nas “toaletes da condessa de tal”! Como se ela
É bem verdade que não estamos diante de mais um “retrato da fosse estúpida, e os seus vestidos fossem trapos! Ah, era secante!
ditadura”, mas de uma crônica de perdas e ganhos na passagem E parecia, Deus me perdoe, parecia que lhe fazia uma honra,
da infância para a adolescência, um aprendizado do exílio. É assim uma grande honra em a possuir... Imediatamente lembrava-lhe
que o filme acaba por se impor sobre suas próprias limitações, Jorge, Jorge que a amava com tanto respeito! Jorge, para quem
produzindo empatia e caminhando para um desfecho comovente. ela era decerto a mais linda, a mais elegante, a mais inteligente,
Carlos A. Mattos, www.críticos.com.br. Adaptado. a mais cativante!... E já pensava um pouco que sacrificara a sua
Se o verbo da frase o filme requer uma certa boa vontade do tranquilidade tão feliz a um amor bem incerto!
espectador for alterado quanto ao modo ou ao tempo, estará Enfim, um dia que o viu mais distraído, mais frio, explicou-se
abertamente com ele. Direita, sentada no canapé de palhinha,
correta apenas a frase:
falou com bom senso, devagar, com um ar digno e preparado: Que
a) O filme requis uma certa boa vontade do espectador. percebia bem que ele se aborrecia: que o seu grande amor tinha
b) O filme requisera uma certa boa vontade do espectador. passado; que era portanto humilhante para ela verem-se nessas
c) Talvez o filme requera uma certa boa vontade do espectador. condições, ae que julgava mais digno acabarem...
d) Se o filme requeresse uma certa boa vontade do espectador... Basílio olhava-a, surpreendido da sua solenidade; sentia um
e) Quando o filme requiser uma certa boa vontade do estudo, uma afetação naquelas frases; disse muito tranquilamente,
espectador... sorrindo:
— Trazias isso decorado!
43. Verbos defectivos não têm a conjugação completa. Luísa ergueu-se bruscamente; encarou-o, teve um movimento
desdenhoso dos lábios.
Leia os períodos a seguir e assinale a alternativa em que o verbo, — Tu estás doida, Luísa?
por ser defectivo, não pode ser conjugado na 1a pessoa do singular — Estou farta. Faço todos os sacrifícios por ti; venho aqui
do presente do indicativo, nem no presente do subjuntivo. todos os dias; comprometo-me, e para que? Para te ver muito
a) Creio que eu mais que isso. (valer) indiferente, muito secado...
b) Como presidente desta organização, eu o 1o — Mas meu amor...
artigo do Regimento. (abolir) Ela teve um sorriso de escárnio.
c) Eu sempre coube neste lugar. Por que dizem que eu não — Meu amor! Oh! São ridículos esses fingimentos!
Basílio impacientou-se.
agora? (caber)
— Já isso cá me faltava, essa cena! exclamou impetuosamente.
d) Eu me a todo instante. (contradizer)
E cruzando os braços diante dela: — Mas que queres tu? Queres
e) Hoje mesmo eu minha matrícula nesta escola.
que te ame como no teatro, em São Carlos? Todas sois assim!
(requerer)

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Língua Portuguesa 27

Quando um pobre diabo ama naturalmente, como todo o 47. Palavras que ferem, palavras que salvam
mundo, com o seu coração, mas não tem gestos de tenor,
“Posso ajudar?” Eis duas palavrinhas que nos soam mais que
aqui del rei que é frio, que se aborrece, é ingrato... Mas que
familiares. Entra-se numa loja e lá vem: “Posso ajudar?”. Está
queres tu? Queres que me atire de joelhos, que declame,
desencadeado um processo durante o qual não mais conseguiremos nos
que revire os olhos, que faça juras, outras tolices?
livrar da prestimosa oferta. Ao entrar numa loja, o ser humano necessita
— São tolices que tu fazias...
de um tempo de contemplação. Precisa se acostumar ao novo ambiente,
— Ao princípio! — respondeu ele brutalmente.
testar a nova luminosidade, respirar com calma o novo ar. Sobretudo,
— Já nos conhecemos muito para isso, minha rica.
necessita de solidão para, por meio de um diálogo consigo mesmo,
E havia apenas cinco semanas!
distinguir entre os objetos expostos aquele que mais de perto fala à sua
— Adeus! — disse Luísa.
Eça de Queirós. necessidade, ao seu gosto ou ao seu desejo. A turma do “posso ajudar”
não deixa. Mesmo que se diga “Não, obrigado; primeiro quero examinar
Analise as formas verbais destacadas nos fragmentos a o que há na loja”, ela só aparentemente entregará os pontos. Ficará por
seguir: perto, olhando de esguelha, como policial desconfiado.
I. E já pensava um pouco que sacrificara a sua Onde a situação atinge proporção mais dramática é nas livrarias.
tranquilidade tão feliz a um amor bem incerto! Livraria é por excelência lugar que convida ao exame solitário das mesas
II. Que percebia bem que ele se aborrecia; que o seu e das prateleiras. É lugar para passar lentamente os olhos sobre as capas,
grande amor tinha passado... apanhar e sentir nas mãos um ou outro volume, abrir um ou outro para testar
um parágrafo. Um jornal certa vez avaliou como critério de qualidade das
É correto afirmar que: livrarias a rapidez com que o atendente se apresentava ao freguês. Clamoroso
a) todos os verbos estão conjugados no pretérito equívoco. Boa é a livraria em que o atendente só se apresenta quando o
imperfeito do modo indicativo e expressam a ideia freguês o convoca. As melhores, sabiamente, dispensam o “posso ajudar”.
de ação concluída. As mais mal administradas, desconhecedoras da natureza de seu ramo
b) pensava, ao contrário de sacrificara, expressa, no de negócio, insistem nele.
texto, uma ação habitual no passado. Ainda se fossem outras as palavrinhas – “Posso servi-lo? Precisa de
c) os dois verbos destacados no enunciado I expressam alguma informação?” Não; o escolhido é o “posso ajudar”, traduzido
eventos posteriores à fala da personagem. direto do jargão dos atendentes americanos (“May I help you?”). A
d) sacrificara está conjugado no mesmo tempo verbal má tradução das expressões comerciais americanas já cometeu uma
que tinha passado: pretérito mais-que-perfeito do devastação no idioma ao propagar o doentio surto de gerúndios (“Vou
modo indicativo. estar providenciando”, “Posso estar examinando”) que, do telemarketing,
contaminou outros setores da linguagem corrente. O “posso ajudar” é
e) percebia reforça a noção de simultaneidade ae
caso parecido. Tal qual soa em português, mais merecia respostas como:
aborrecia revela a ideia de anterioridade a tinha
“Pode, sim. Meu carro está com o pneu furado. Você pode trocá-lo?”.
passado.
Ou: “Está quase na hora de buscar meu filho na escola. Você faz isso por
mim? Assim me dedico às compras com mais sossego”.
45. Assinale a alternativa correta quanto ao emprego das Pode haver algo mais irritante do que o “posso ajudar”? Pode. É o “é
formas verbais. só aguardar”. Este é próprio dos lugares em que se é obrigado a esperar
a) Os grandes bancos não interviram no mercado. para ser atendido — o banco, o INSS, o hospital, o cartório, o Detran, a
b) É fundamental que os empresários se precavejam delegacia da Polícia Federal em que se vai buscar o passaporte. Ou bem
contra a iminente alta dos juros. há uma mocinha distribuindo senhas ou um mocinho organizando a fila.
c) Poderei colaborar, se você não se opor. Chega-se, a mocinha dá a senha, o mocinho aponta o lugar na fila, e tanto
d) Diversos professores daquela universidade já a mocinha quanto o mocinho dirão em seguida: “Agora é só aguardar”.
requereram a aposentadoria. Só? Só mesmo? O que vocês estão dizendo é que o mais difícil,
e) Os advogados já haviam entregue o documento. que foi apanhar essa senha ou ouvir a instrução sobre em qual fila
entrar — ações que não me custaram mais que alguns segundos —,
46. ÁRIES (21 mar. a 20 abr.) já passou? Agora é só gozar as delícias desta sala de espera, mais
apinhada do que a Faixa de Gaza? Ou apreciar as maravilhas desta
Lunação em signo complementar destaca importância fila, comprida como a Muralha da China? Um traço característico da
das relações em sua vida nas próximas semanas. Cuide turma do “é só aguardar” é que ela nunca cometerá a descortesia de
de sua rede social, mostre-se atencioso com as pessoas. dizer “é só esperar”. Seus chefes lhes ensinaram que é mais delicado,
Seu sucesso é resultado disso também e agora essa questão menos penoso, “aguardar” do que “esperar”. É um pouco como
tem importância suprema. Cultive o tato. quando se diz que fulano “faleceu”, em vez de dizer que “morreu”.
Folha de S. Paulo, “Ilustrada”, astrologia, Barbara Abramo. A crença geral é que quem falece morre menos do que quem morre.
No mínimo, morre de modo menos drástico e acachapante.
Se as formas verbais cuide, mostre-se e cultive fossem •••
empregadas na segunda pessoa do singular, teríamos: Há outras ocasiões em que o uso inábil da língua vem em nosso
a) cuidas, mostras-te, cultivas. socorro. Exemplos:
b) cuida, mostra-te, cultiva. “Foi movido contra você um processo no 01239/2009 por danos morais,
c) cuidai, mostrai-vos, cultivai. conforme a Lei no 9.099, na segunda vara penal. Caso não compareça no
d) cuida, mostra-se, cultiva. lugar especificado no arquivo em anexo poderá implicar em chamada de
e) cuides, mostres-te, cultives. segunda instância e/ou recolhimento da sociedade”.

graEXT4 CPV
28 Língua Portuguesa

“Todos os clientes MasterCard devem recadastrar o seu cartão Certa vez o sábio taoísta Chuang Tzu sonhou que era uma
em 72 horas. Este procedimento está sendo ocorrido mundialmente. borboleta. Ao acordar, entretanto, ele não sabia mais se era um
Caso nosso sistema não reconhecer o recadastramento, ele bloqueia homem que sonhara ser uma borboleta ou uma borboleta que
o cartão, isto é, ficando impossibilitado de novas compras. Clique no agora sonhava ser um homem.
link abaixo e recadastre”. Será que Dom Cobb está sonhando? Será que a vida real é
Quem frequenta a internet sabe do que se trata: e-mails de esta mesma ou somos nós que sonhamos? Alguns podem ir ao
golpistas, ladrões de senhas. Quando não oferecem outros indícios, cinema para assistir A Origem, de Christopher Nolan (Batman
eles se denunciam pelo incontornável costume de estropiar o idioma. — O Cavaleiro das Trevas) e achar tão chato que vão sonhar
Que bom que a escola brasileira é tão ruim. de verdade, dormindo na fase de sono REM.
Roberto Pompeu de Toledo. Veja Mas outros estão sonhando acordados. Em blogs, sites e
grupos de discussão, os já fanáticos pelo filme de Nolan apontam
No texto, Roberto Pompeu de Toledo compara o uso da expressão referências (de mitologia grega), veem citações (de Lost), tecem
Posso ajudar? ao gerundismo, a que ele se refere como doentio teorias malucas e conspiratórias (o sonho dentro do sonho).
surto. A crítica ao gerundismo, no texto, deve-se principalmente Alguns acusam o diretor de copiar filmes os mais variados,
ao fato de: de Blade Runner (1982) a eXistenZ (1999), de se inspirar em
a) ser o resultado de má tradução de expressões comerciais 2001 — Uma Odisseia no Espaço (1968) e até de roubar a ideia
americanas. de um quadrinho do Tio Patinhas de 2002.
b) esse vício de linguagem prejudicar a compreensão da língua. O fato é que Nolan acertou o alvo. E ele sabia do potencial
"nerdístico" de seu filme. Tanto é que cogitou mudar a canção
c) ser um jargão saído do telemarketing.
que toca no filme todo, Non, Je Ne Regrette Rien, com Edith
d) sugerir a ideia de prolongamento, demora no atendimento.
Piaf, porque uma das atrizes escaladas, Marion Cotillard, havia
e) merecer respostas grosseiras por parte de quem o ouve.
vivido a cantora francesa em um filme de 2007.
Além da música, uma boa diversão de A Origem é identificar
48. Um locutor de uma rádio assim anunciou a aprovação da lei os objetos impossíveis deixados por Nolan ao longo do filme.
antifumo em São Paulo: A escada de Penrose, criada pelo psiquiatra britânico Lionel
“São Paulo bane cigarro em locais fechados.” Penrose, aparece diversas vezes na tela — e também inspirou o
quadro que tenta explicar facetas do longa.
A respeito dessa forma verbal, é correto afirmar: Melhor ir ver o filme e não pensar em escadas... No que você
a) Ela não obedece às regras do padrão formal da língua, pois está pensando agora?
“banir” é um verbo defectivo, conjugado da mesma forma que http://www1.folha.uol.com.br
“falir”. No primeiro parágrafo:
b) Ela obedece às regras do padrão formal, pois, embora defectivo, Certa vez o sábio taoísta Chuang Tzu sonhou que era uma
no modo indicativo, o verbo “banir” só não é conjugado na 1a borboleta. Ao acordar, entretanto, ele não sabia mais se era um
pessoa do singular do presente. homem que sonhara ser uma borboleta ou uma borboleta que
c) Se o locutor optasse pelo sinônimo “proibir”, haveria alteração agora sonhava ser um homem.
de sentido, pois o verbo “banir” acrescenta a ideia de ilegalidade. as formas verbais em negrito indicam, respectivamente:
d) Embora seja de uso recorrente na linguagem coloquial, essa
forma verbal não está prevista na norma culta. a) ação concluída, ação simultânea e ação hipotética.
e) Por ser um verbo defectivo que não pode ser conjugado b) ação durativa, ação concluída e ação não concluída
no presente do indicativo, ela deveria ser corrigida com a c) ação pontual, ação contínua e ação fictícia.
substituição da locução verbal “vai banir”. d) ação concluída, ação posterior e ação anterior.
e) ação concluída, ação anterior e ação contínua.
49. Quando o , diga-lhe que com o caráter que .
51. Observar e pensar
a) ver – continue – possui
O primeiro passo para aprender a pensar, curiosamente, é
b) vir – continue – possue aprender a observar. Só que isso, infelizmente, não é ensinado.
c) ver – continui – possui Hoje nossos alunos são proibidos de observar o mundo,
d) vir – continui – possui trancafiados que ficam numa sala de aula, estrategicamente
e) vir – continue – possui colocada bem longe do dia a dia e da realidade. Nossas escolas
nos obrigam a estudar mais os livros de antigamente do que a
50. Filme-enigma de Christopher Nolan gera discussões sobre realidade que nos cerca. Observar, para muitos professores,
significado e citações ocultas ou óbvias em sua trama onírica significa ler o que os grandes intelectuais do passado observaram
— gente como Rousseau, Platão ou Keynes. Só que esses
grandes pensadores seriam os primeiros a dizer “esqueçam
tudo o que escrevi”, se estivessem vivos. Na época não existia
internet nem computadores, o mundo era totalmente diferente.
Eles ficariam chocados se soubessem que nossos alunos são
impedidos de observar o mundo que os cerca e obrigados a ler
teoria escrita 200 ou 2000 anos atrás — o que leva os jovens de
hoje a se sentir alienados, confusos e sem respostas coerentes
para explicar a realidade.
Cena do longa de ficção científica A Origem

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 29

Não que eu seja contra livros, muito pelo contrário. Sou a saúde universal é voltada para eleitores que não conseguem pagar
favor de observar primeiro, ler depois. Os livros, se forem bons, um plano privado. Nos Estados Unidos, não há um sistema de
confirmarão o que você já suspeitava. Ou porão tudo em ordem, atendimento a todos, como no Brasil onde, mal ou bem, o SUS
de forma esclarecedora. Existem livros antigos maravilhosos, com funciona. Lá, um seguro para família de quatro pessoas não sai
fatos que não podem ser esquecidos, mas precisam ser dosados com por menos de US$ 400 ao mês. Seu projeto implicaria custeio
o aprendizado da observação. anual para o tesouro americano em torno de US$ 50 bilhões a
Ensinar a observar deveria ser a tarefa número 1 da educação. US$ 65 bilhões.
Quase metade das grandes descobertas científicas surgiu não da As reformas seriam financiadas por aumento de carga tributária
lógica, do raciocínio ou do uso de teoria, mas da simples observação, dos americanos que ganham ao ano mais de US$ 250 mil,
auxiliada talvez por novos instrumentos, como o telescópio, segmento especialmente beneficiado pelos pacotes de cortes
o microscópio, o tomógrafo, ou pelo uso de novos algoritmos fiscais aprovados no governo Bush em 2001 e 2003. Obama não
matemáticos. Se você tem dificuldade de raciocínio, talvez seja esconde que, em dez anos, pretende aumentar a arrecadação
porque não aprendeu a observar direito, e seu problema nada tem federal em US$ 800 bilhões.
a ver com sua cabeça.
Apesar de contar com grande apoio dos jovens, Obama começa
Ensinar a observar não é fácil. Primeiro você precisa eliminar os
a perder espaço no eleitorado, que teme o aprofundamento da
preconceitos, ou pré-conceitos, que são a carga de atitudes e visões
crise e o considera pouco preparado para lidar com os atuais
incorretas que alguns nos ensinam e nos impedem de enxergar o
problemas.
verdadeiro mundo. Há tanta coisa que é escrita hoje simplesmente
para defender os interesses do autor ou grupo que dissemina essa Como lembra a revista The Economist, são essas as pessoas que
ideia, o que é assustador. Se você quer ter uma visão independente, mais estão sentindo o rigor da crise. “Os americanos cresceram
aprenda correndo a observar você mesmo. em tempos de prosperidade. Eleitores jovens não se lembram de
Quantas vezes não participamos de uma reunião e alguém diz uma série de recessão, desde a última, que ocorreu no início dos
“vamos parar de discutir”, no sentido de pensar e tentar “ver” o anos 90.”
problema de outro ângulo? Quantas vezes a gente simplesmente Se continuar no mesmo diapasão, a campanha democrática será
não “enxerga” a questão? Se você realmente quiser ter ideias incapaz de tirar proveito da crise, em grande parte criada pelo
novas, ser criativo, ser inovador e ter uma opinião independente, governo republicano de George Bush.
aprimore primeiro os seus sentidos. Você estará no caminho certo E não deixa de ser irônico lembrar que o democrata Bill Clinton
para começar a pensar. venceu o republicano Bush (pai) em 1992 sob o slogan “É a
Stephen Kanitz
economia, idiota.”
Assinale a alternativa em que os verbos derivados de pôr, ter e ver, O Estado de S. Paulo. Adaptado.
em destaque nas frases abaixo, estão corretamente conjugados.
O tempo verbal em destaque na frase — E, no entanto, um
Ou porão tudo em ordem, de forma esclarecedora. dos principais temas dessa campanha deveria ser a crise
...e seu problema nada tem a ver com sua cabeça. econômica em que o país está mergulhado há mais de um
a) Não aprovaríamos o orçamento, a menos que eles se ano. — expressa, no conjunto do texto:
dispusessem a negociar, que se detivessem na análise do a) ideia do autor quanto à possibilidade de amenizar as críticas
assunto e revissem os custos. feitas ao programa do candidato democrata.
b) Quando se propuserem a ajudar-nos, não se ativerem a b) ponto de vista projetado pelo autor quanto às características
detalhes e reverem sua atitude, haverá acordo. assumidas pela campanha de Obama.
c) Os que previram seu insucesso não se ateram ao potencial c) crítica favorável à ideologia economicista deflagrada pela
do rapaz; tampouco supuseram que ele resistiria. campanha do candidato democrata.
d) Mantiveram a justiça porque recomporam os fatos e reviram d) projeção de fatos concretos, a serem realizados na área
as provas. econômica, de acordo com a programação de Obama.
e) O contrato será renovado se preverem problemas mas não e) concordância do autor quanto aos principais pontos da área
se indisporem com os inquilinos e manterem a calma. econômica, constantes no programa do candidato.

52. Obamanomics 53. Assinale a frase correta quanto ao emprego dos verbos.
Na percepção do eleitor americano médio, o candidato democrata, a) Se Obama for sacramentado na convenção do partido e obtiver
senador Barack Obama, a ser sacramentado na convenção do Partido apoio dos jovens, é provável que americanos indecisos adiram
Democrata, que começa amanhã, não navega bem em assuntos a sua candidatura e garantem sua vitória.
econômicos. E, no entanto, um dos principais temas dessa campanha b) Se Obama ser sacramentado na convenção do partido e obter
deveria ser a crise econômica em que o país está mergulhado há apoio dos jovens, é provável que americanos indecisos adiram
mais de um ano. a sua candidatura e garantem sua vitória.
O americano médio se sente duramente atingido no bolso. O dólar, c) Se Obama for sacramentado na convenção do partido e obtiver
que ainda é o dólar, símbolo de força e saúde econômica, perde apoio dos jovens, é provável que americanos indecisos aderem
valor a olhos vistos; a casa própria, um dos sonhos americanos, a sua candidatura e garantem sua vitória.
perde preço no mercado imobiliário; e o salário é corroído por uma d) Se Obama for sacramentado na convenção do partido e obtiver
inflação de 5,6% ao ano e pelo aumento do desemprego. apoio dos jovens, é provável que americanos indecisos adiram
Apesar do seu carisma, Obama não chega a empolgar com sua a sua candidatura e garantam sua vitória.
plataforma de projetos para a área econômica. Defende aumento e) Se Obama é sacramentado na convenção do partido e obter
de investimentos públicos, principalmente em infraestrutura e apoio dos jovens, é provável que americanos indecisos adirem
reformas no sistema nacional de saúde. Sua proposta de seguro- a sua candidatura e garantam sua vitória.

graEXT4 CPV
30 Língua Portuguesa

54. Examine o texto. 57. Assinale o item em que o verbo no presente do indicativo expresse
Não sei quanto tempo durou [o programa] Tia Gladys e seus um processo frequentativo:
bichinhos. Acho que era na Excelsior, cujo jingle eu ouço agora,
puxado do arquivo: a) Ronaldinho pega a bola no meio de campo, avança, dribla o
zagueiro, chuta no canto e... é gooool!
“Do 2 eu não saio, nem eu, nem ninguém. b) Ana, onde você estuda? Você trabalha?
Ninguém sai do 2, nem eu nem meu bem”. c) Hitler toma posse no cargo de chanceler e, a partir daí, começa
IstoÉ
a ditadura nazista na Alemanha.
Sobre o emprego dos tempos verbais no fragmento, é possível d) Por um ponto passam infinitas retas.
afirmar que: e) Deposito o dinheiro na sua conta hoje à noite.

a) era indica uma ação totalmente concluída, de maneira que serve 58. Assinale a frase que apresenta forma verbal não prevista pela
para encerrar o assunto. gramática normativa, por conter verbo defectivo.
b) sai, embora no presente, não se refere a algo que ocorre no
momento da fala, mas a uma ação habitual. a) Não se aceita a devolução do produto se computarem menos
c) ouço expressa uma ação estruturalmente no presente, mas com de 60% de seu conteúdo.
valor claro de futuro. b) Governo maquia cortes e dificulta gasto ministerial.
d) durou indica uma ação no pretérito, que coincide necessariamente c) Festa do Oscar não premia os melhores filmes.
com o instante de emissão da fala. d) EUA abolem pena de morte para criminosos menores de 18
e) era oferece ao leitor a possibilidade de imaginar uma ação anos.
hipotética, duvidosa ou até impossível. e) Eu explodo de raiva quando me acontecem esses problemas,
disse a jovem.
55. Os consumidores identificados pelo CPF ou CNPJ no momento da
compra vão receber créditos e ainda vão se habilitar a concorrer 59. Embora de uso recorrente, uma das frases abaixo apresenta forma
a prêmios. verbal não prevista pela norma culta. Assinale-a:
Acerca da utilização das locuções verbais no excerto acima, a) Inspeção ambiental veicular se adequa às medidas para reduzir
retirado do folheto da NFP, é correto afirmar que: a poluição na Grande São Paulo.
a) são estruturas formadas por um conjunto de dois verbos na b) É importante que os paulistanos adiram às recomendações da
forma nominal. Cetesb para minimizar a poluição do ar.
b) as locuções dão ideia de “certeza” à frase e, portanto, c) Mesmo que os postos de combustíveis mantivessem controle
credibilidade à campanha. das emissões por evaporação, não resolveria a questão por
c) estão flexionados no modo futuro do presente do tempo completo.
indicativo. d) Quando o Conselho Nacional de Meio Ambiente revir as
d) podem ser substituídas, sem prejuízo, por “irão receber” e “irão emissões de gases e ruídos dos veículos, haverá provavelmente
se habilitar”. uma melhora na qualidade do ar.
e) as locuções verbais estão ambíguas, dando margem a uma e) Se manter o veículo bem regulado é fundamental para o meio
interpretação irônica. ambiente, então a inspeção deve ser obrigatória.

56. Leia o trecho abaixo 60. Toda a gente dormia com a mulher do Jaqueira. Era só empurrar
a porta. Se a mulher não abria logo, Jaqueira ia abrir, bocejando
Aniversário e ameaçando:
Pára, meu coração! — Um dia eu mato um peste.
Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Matou. Escondeu-se por detrás de um pau e descarregou a lazarina
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! bem no coração de um freguês.
Hoje já não faço anos. Graciliano Ramos, São Bernardo
Duro.
Somam-se-me dias. A forma verbal grifada está no:
Serei velho quando o for.
Mais nada. a) pretérito, indicando uma ação durativa ou repetitiva que
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!... começa num passado mais ou menos distante e perdura ainda
Álvaro de Campos no momento em que se fala;
b) futuro do pretérito, indicando uma ação hipotética;
Se as formas verbais Pára, penses e Deixa fossem transpostas para c) presente, indicando que a ação se dará num tempo futuro;
a 2a pessoa do plural (vós), teríamos: d) futuro, indicando que a ação se dará num tempo presente;
e) presente, indicando uma ação momentânea ou pontual.
a) Pare, não pense, deixe.
b) Parei, não penseis, deixais.
c) Parai, não penseis, deixai.
d) Pares, não penses, deixes.
e) Parais, não pensei, deixais.

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61. (FGV) Assinale a frase correta quanto ao emprego 64. Procura da Poesia
dos verbos. Não faças versos sobre acontecimentos,
a) Se Obama for sacramentado na convenção do Não há criação nem morte perante a poesia.
partido e obtiver apoio dos jovens, é provável que Diante dela, a vida é um sol estático,
americanos indecisos adiram a sua candidatura e não aquece nem ilumina.
garantem sua vitória. As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam
b) Se Obama ser sacramentado na convenção do [...]
partido e obter apoio dos jovens, é provável que Penetra surdamente no reino das palavras
lá estão os poemas que esperam ser escritos.
americanos indecisos adiram a sua candidatura e
[...]
garantem sua vitória.
Chega mais perto e contempla as palavras.
c) Se Obama for sacramentado na convenção do
Cada uma
partido e obtiver apoio dos jovens, é provável que tem mil faces secretas sob a face neutra
americanos indecisos aderem a sua candidatura e e te pergunta, sem interesse pela resposta
garantem sua vitória. pobre ou terrível, que lhe deres:
d) Se Obama for sacramentado na convenção do Trouxeste a chave? Carlos Drummond de Andrade
partido e obtiver apoio dos jovens, é provável que
americanos indecisos adiram a sua candidatura e Nos fragmentos do poema apresentado, há verbos empregados na 2a
garantam sua vitória. pessoa do singular do modo imperativo, o que pressupõe o sujeito tu.
e) Se Obama é sacramentado na convenção do a) Transcreva esses verbos.
partido e obter apoio dos jovens, é provável que b) Coloque os verbos transcritos no item a na 3a pessoa, pressupondo
americanos indecisos adirem a sua candidatura e o sujeito “você”.
garantam sua vitória.
65. Vidas Secas
62. (FGV-ECO/Dez-2010) Examine o texto. A vida na fazenda se tornara difícil. Sinha Vitória benzia-se tremendo,
Não sei quanto tempo durou [o programa] Tia Gladys manejava o rosário, mexia os beiços rezando rezas desesperadas. Encolhido
e seus bichinhos. Acho que era na Excelsior, cujo no banco do copiar, Fabiano espiava a caatinga amarela, onde as folhas secas
jingle eu ouço agora, puxado do arquivo: se pulverizavam, trituradas pelos redemoinhos, e os garranchos se torciam,
negros, torrados. No céu azul as últimas arribações tinham desaparecido.
“Do 2 eu não saio, nem eu, nem ninguém.
Pouco a pouco os bichos se finavam, devorados pelo carrapato. E Fabiano
Ninguém sai do 2, nem eu nem meu bem”.
IstoÉ, 14/07/2010. resistia, pedindo a Deus um milagre. Mas quando a fazenda se despovoou, viu
que tudo estava perdido, combinou a viagem com a mulher, matou o bezerro
Sobre o emprego dos tempos verbais no fragmento, morrinhento que possuíam, salgou a carne, largou-se com a família, sem
é possível afirmar que: se despedir do amo. Não poderia nunca liquidar aquela dívida exagerada.
a) era indica uma ação totalmente concluída, de Só lhe restava jogar-se ao mundo, como negro fugido.
maneira que serve para encerrar o assunto. Saíram de madrugada. Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram
b) sai, embora no presente, não se refere a algo que rumo para o Sul. Com a fresca da madrugada, andaram bastante, em silêncio,
ocorre no momento da fala, mas a uma ação habitual. quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos miúdos os meninos
c) ouço expressa uma ação estruturalmente no à frente, conduzindo trouxas de roupas,Sinhá Vitória sob o baú de folha
presente, mas com valor claro de futuro. pintada e a cabaça de água, Fabiano atrás de facão de rasto e faca de ponta,
d) durou indica uma ação no pretérito, que coincide a cuia pendurada por uma correia amarrada ao cinturão, o aió a tiracolo,
necessariamente com o instante de emissão da fala. a espingarda de pederneira num ombro, o saco da matalotagem no outro.
e) era oferece ao leitor a possibilidade de imaginar Caminharam bem três léguas antes que a barra do nascente aparecesse.
uma ação hipotética, duvidosa ou até impossível. Fizeram alto. E Fabiano depôs no chão parte da carga, olhou o céu, as
mãos em pala na testa. Arrastara-se até ali na incerteza de que aquilo
63. (FGV-ECO/Dez-2010) fosse realmente mudança. Retardara-se e repreendera os meninos, que se
adiantavam, aconselhara-os a poupar forças. A verdade é que não queria
O físico britânico Stephen Hawking já não duvida que afastar-se da fazenda. A viagem parecia-lhe sem jeito, nem acreditava nela.
aliens existem. (Planeta, julho de 2010) Preparara-a lentamente, adiara-a, tornara a prepará-la, e só se resolvera a
A construção não duvida que aliens existem exige, de partir quando tudo estava definitivamente perdido. Podia continuar a viver
acordo com a norma-padrão da língua, o uso de um num cemitério? Nada o prendia àquela terra dura, acharia um lugar menos
modo verbal distinto do utilizado em existem. seco para enterrar-se.
Graciliano Ramos
O modo verbal adequado para essa construção e a No último parágrafo do texto apresentado, depois de empregar três
forma devidamente flexionada são, respectivamente: verbos no Pretérito Perfeito do Indicativo, o enunciador utiliza uma
a) imperativo, existissem. sucessão de verbos flexionados no pretérito mais-que-perfeito. Com
b) subjuntivo, existam. base nessa constatação,
c) indicativo, existiriam. a) transcreva os verbos empregados no Pretérito Perfeito e pelo menos
d) subjuntivo, existirão. três outros que foram empregados no Mais-Que-Perfeito.
e) imperativo, existam. b) reescreva o último período do parágrafo final do texto, passando os
verbos para o Pretérito Mais-Que-Perfeito.
graEXT4 CPV
32 Língua Portuguesa

66. A Idade de Água Quente


Você está envelhecendo. Não me venha dizer que está com apenas dezenove anos, porque isso não muda nada. Estamos envelhecendo
diariamente, uns com extremo pesar e outros praticamente sem perceber, porque o que faz a gente perceber que os anos estão nos devorando
por dentro são os detalhes pequenos de nós mesmos.
Eu, por exemplo, sempre acreditei que manter um espírito jovem bastaria para tocar a vida sem me preocupar com contagens regressivas.
Muitos jeans no guardarroupa, compradora compulsiva de discos e de livros, o cabelo ainda meio comprido, internauta e empolgada com
certas novidades, achei que poderia ficar cristalizada nos trinta anos até 2017, se tudo corresse bem.
Não está correndo. Aconteceu algo que me pegou desprevenida. Relutei em aceitar, mas com a chegada do inverno tornou-se impossível
negar que o tempo está passando para mim também. Comecei a gostar de sopa.
Eu não gostava de sopa nem de nada que levasse água quente, incluindo chimarrão. Na infância, não tomava porque não gostava do sabor
de nenhuma delas, preferia batata frita. E, passada a infância, virou teimosia, não tomava sopa porque o ritual parecia macabro: encurvar
as costas, assoprar levemente a colher e então engolir o caldinho. Prato fundo é louça para matusalém, era o que eu pensava lá nos meus
gloriosos catorze anos e sua vizinhança.
Martha Medeiros

No texto apresentado, a autora relaciona certos hábitos à idade das pessoas, deixando claro que, na velhice, passa-se a gostar de coisas
das quais não se gostava na infância e na juventude.
a) A indicação de que a velhice é algo que nos ocorre diariamente, a autora utiliza uma locução verbal reiteradamente. Aponte essa
locução.
b) Na passagem ...achei que poderia ficar cristalizada nos trinta anos até 2017, se tudo corresse bem, descreva a forma verbal
presente na expressão em destaque.

67.

A tirinha apresentada é de autoria do cartunista Angeli. Ela enfoca Bibelô, personagem caracterizada por sua personalidade
conservadora e machista.
a) Aponte, em termos do critério morfológico, a classificação dos verbos utilizados na tirinha.
b) Com base no contexto da tirinha, aponte, em termos do critério semântico, a classificação dos verbos utilizados.

68. Muitos políticos olham com desconfiança os que se articulam com a mídia. Não compreendem que não se faz política sem a mídia.
Jacques Ellul, no século passado, afirmava que um fato só se torna político pela mediação da imprensa. Se 20 índios ianomâmis
são assassinados e ninguém ouve falar, o crime não se torna um fato político. Caso apareça na televisão, o que era um mistério da
floresta torna-se um problema mundial. (Adaptado de Fernando Gabeira, Folha de S. Paulo.)
Fernando Gabeira é conhecido por sua atuação contra o regime ditatorial do Brasil (1964/1984) e por sua militância política no
Partido Verde.
a) Nas passagens os que se articulam com a mídia e que não se faz política sem a mídia, o autor utilizou formas verbais no presente
do subjuntivo. Você concorda com essa afirmação?
b) Reescreva os dois períodos finais do texto, começando com Se 20 índios fossem assassinados, fazendo as adaptações necessárias.

CPV graEXT4
Língua Portuguesa 33

69. Não devo minha nomeação a ninguém; ninguém pode me acusar Vou seguindo pela vida
de corrupção nem de nepotismo (apesar de eu ter poderes para Me esquecendo de você
nomear parentes, amigos e leitores como meus assistentes). Não Eu não quero mais a morte,
passei ninguém pra trás, não preteri nem tirei o leite de filho de Tenho muito que viver
ninguém. Fiquem tranquilos. Nem dinheiro rola nesse cargo do Vou querer amar de novo
qual acabei de me autoproclamar titular: fiscal de rua. E se não der não vou sofrer
Escrever livro é bom (já senti o gostinho participando de uma Já não sonho, hoje faço
antologia de contos). E escrever pra jornal também tem sua Com meu braço o meu viver
graça. Atores dizem que preferem o teatro à televisão. No palco,
Vou seguindo pela vida
o contato com o público é direto (e se o ar-condicionado do
Me esquecendo de você
teatro estiver quebrado, então, tem-se o chamado calor humano).
Eu não quero mais a morte,
Assim é o jornal. A gente encontra com o leitor no elevador, no
Tenho muito que viver
cinema, no bar, na praia. De calção. Na maior intimidade. Os
Vou querer amar de novo
caras comentam, criticam, dão pitaco, sugerem pauta, numa
E se não der não vou sofrer
boa. “Rapaz, escreve sobre isso, sobre aquilo e aquilo outro.”
Já não sonho, hoje faço
Já escritor de livro é um sujeito solene. E o leitor não encontra
Com meu braço o meu viver.
com ele na praia. E mesmo se encontrasse, não ia dizer sobre
o que escrever. Se você topasse com José Saramago no hall de Milton Nascimento e Fernando Brandt
um hotel, ia chegar perto dele com todo respeito, encabulado, e
O poema acima é a letra de Travessia, música que trouxe
pedir um autógrafo pra sua filha, não é verdade? Não ia dizer:
reconhecimento nacional para Milton Nascimento, em 1967.
“Zé, escreve um romance sobre as heroínas de Tejucupapo.”
Para escritores de livros, só escrevem outros escritores (aí, Travessia é uma das canções mais românticas das criadas por
quando eles morrem, as cartas são publicadas). Nós, leitores, compositores brasileiros: ela fala de amor, sofrimento, morte,
temos certo pudor de escrever para o escritor de livro. Agora, vida, angústia, sonho e tentativa de superação, sem deixar de usar
para o camarada que escreve pra jornal e revista, não. E isso alguns versos que criticam a ditadura militar da época, como no
é o bom, o melhor da história de ser escritor de jornal, revista caso de Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar.
e blogs locais.
Joca Souza Leão. O Restolho. a) Na primeira estrofe do poema, há um contraste entre situações
Em http://www.luizberto.com/coluna/um-texto-de-joca-souza-leao passadas e atuais. Você concorda com essa afirmação? Justifique
sua resposta, explicando como esse contraste se opera.
O autor do texto em questão retrata o ato de escrever em b) Na última estrofe do poema, percebe-se uma mudança
duas atividades profissionais, em especial no que se refere radical do eu-lírico relativamente à sua posição na segunda
ao contato com os receptores do que se escreve. estrofe. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua
a) No texto apresentado, há algumas passagens que se resposta, explicando como essa mudança é mostrada ao
referem à certeza de ações e de acontecimentos e outras, leitor/receptor/ouvinte.
que se referem a situações hipotéticas ou prováveis.
Explique como isso ocorre, em termos das formas verbais 71. Como nossos pais
utilizadas e utilize exemplos do próprio texto para provar [...] Minha dor é perceber
sua argumentação. Que apesar de termos
b) Reescreva a passagem Se você topasse com José Saramago Feito tudo, tudo,
no hall de um hotel, ia chegar perto dele com todo respeito, Tudo o que fizemos
encabulado, e pedir um autógrafo pra sua filha, não é Nós ainda somos
verdade? utilizando a segunda pessoa do plural. Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
70.
Quando você foi embora
Ainda somos
Fez-se noite em meu viver
Os mesmos e vivemos
Forte eu sou, mas não tem jeito,
Como os nossos pais...
Hoje eu tenho que chorar
Belchior
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar O excerto acima pertence à letra da música Como nossos pais, de
Estou só e não resisto, autoria do cantor e compositor cearense Belchior, que fez muito
Muito tenho prá falar sucesso nos anos 1970. Uma das principais intérpretes de suas
Solto a voz nas estradas, canções foi Elis Regina.
Já não quero parar a) Ao estabelecer uma relação entre acontecimentos passados e
Meu caminho é de pedra,
presentes, o autor dos versos apresentados chega à conclusão
Como posso sonhar?
de que nada mudou. Você concorda com essa afirmação?
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Justifique sua resposta.
Vou fechar o meu pranto, b) Reescreva os versos em questão, a partir de Nós ainda somos
Vou querer me matar os mesmos..., trocando o sujeito pela forma tu.

graEXT4 CPV
34 Língua Portuguesa

72. Palavras de um jornalista da área de Economia: 75. Abaixo foi transcrita uma pequena passagem do capítulo “A
borboleta preta”, do romance Memórias Póstumas de Brás
— Se contermos os fluxos ondulantes, os índices serão revertidos Cubas. Leia-a, observando os recursos estilísticos, sobretudo
em taxas superiores às dos juros reguladores e, assim, os pontos aqueles manifestados na forma de utilização das classes
variantes do orçamentário virtual. gramaticais para a produção especial de sentidos.

a) O jornalista em questão cometeu um equívoco de conjugação O gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as
verbal. Você concorda com tal afirmação? Justifique sua asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito.
resposta. Dei de ombros, saí do quarto; mas tornei lá, minutos depois, e
b) Reescreva as palavras do jornalista em questão, iniciando-as achando-a ainda no mesmo lugar, senti um repelão dos nervos,
por Se tivéssemos contido... . lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.

Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da


cabeça. Apiedei-me; tomei-a na palma da mão e fui depô-la no
peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou dentro de alguns
73. “Toda pesquisa feita no Google é armazenada para sempre”, segundos. Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.
afirma John Gage, pesquisador da Sun Microsystems. E
prossegue: “As etiquetas de RFID poderiam rastrear as Machado de Assis
pessoas e quando o sistema de rastreamento se sobrepor ao
de identificação, não existirá mais anonimato.” No segundo parágrafo, constrói-se um sentido de contradição
do narrador em relação às suas ações manifestadas no primeiro.
a) O protagonista do texto, John Gage, não transgride a norma Escolha três expressões verbais que justifiquem essa contradição
culta relativamente à conjugação do verbo sobrepor, pois e as analise no contexto da passagem.
este não é derivado do verbo pôr. Assim, não precisa seguir o
paradigma deste último. Você concorda com essa afirmação? 76. O Amanuense Belmiro
Justifique sua resposta.
b) Reescreva o texto corretamente, a partir de As etiquetas... . Eu ia, atento e presente, em busca de um bonde e de Jandira.
Foi só ouvir uma sanfona, perdi o bonde, perdi o rumo, e perdi
Jandira. Fiquei rente do cego da sanfona, não sei se ouvindo as
suas valsas ou se ouvindo outras valsas que elas foram acordar
na minha escassa memória musical.
74. Leia atentamente os dois fragmentos abaixo extraídos de Vidas
Secas de Graciliano Ramos, e desenvolva a questão que segue: Depois, o cego mudou de esquina, e continuei a pé o caminho,
mas bem percebi que os passos me levavam, não para o cotidiano,
Texto 1: Alcançou o pátio, enxergou a casa baixa e escura, mas para tempos mortos.
de telhas pretas, deixou atrás os juazeiros, as pedras onde Cyro dos Anjos
jogavam cobras mortas, o carro de bois. As alpercatas dos
pequenos batiam no chão branco e liso. A cachorra Baleia No fragmento todo, há uma sequência de fatos que dizem respeito
trotava arquejando, a boca aberta. ao tempo presente da personagem; no entanto, há uma frase
“Fabiano” que explicita a desconstrução desse tempo. Qual é essa frase?
Justifique sua escolha.
Texto 2: Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo
cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano 77. (FGV) Estamos comemorando a entrega de mais de mil imóveis.
enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela São mais de 1 000 sonhos realizados. Mais de oito imóveis são
num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria entregues todo dia. Quer ser o próximo? Então vem para a X
cheio de preás, gordos, enormes. Consórcios. Entre você também para o consórcio que o Brasil
“Baleia” inteiro confia.

A expressividade do discurso de Vidas Secas ocorre por meio Texto de anúncio publicitário, editado.
da forma singular com que são trabalhados todos os níveis
gramaticais, mas encontra nos nomes (substantivos e adjetivos) Há quebra da uniformidade de tratamento no emprego das
e nos tempos verbais, lugar especial na construção dos sentidos. formas verbais quer e vem.
Analise essa afirmação relacionando comparativamente os dois
fragmentos selecionados. a) Em qual pessoa verbal essas formas estão conjugadas?
b) Reescreva o trecho — Quer ser o próximo? Então vem para
a X Consórcios — compatibilizando o tratamento com a
sequência do texto.

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Língua Portuguesa 35

78. (FGV) Observe o texto a seguir: Empregue os verbos, conforme indicados nos parênteses,
nas duas variações da frase: Muitas delas sem nenhuma
O artista Juan Diego Miguel apresenta a exposição “Arte e
capacidade financeira e algumas abertas exclusivamente
Sensibilidade”, no Museu Brasileiro da Escultura (MUBE) de suas
para uma única operação de importação.
obras que acabam de chegar no país.
a) Apenas 30% das empresas sem nenhuma capacidade
Seu sentido de inovação tanto em temas como em materiais que
financeira à fiscalização da Receita.
elege é sempre de uma sensação extraordinária para o espectador.
(sobreviver – pretérito perfeito do indicativo)
Juan Diego sensibiliza-se com os materiais que nos rodeam e lhes da b) se empresas exclusivamente para uma única
vida com uma naturalidade impressionante, encontrando liberdade operação financeira. (abrir – presente do indicativo)
para buscar elementos no fauvismo de Henri Matisse, no cubismo
de Pablo Picasso e do contemporâneo de Juan Gris. Uma arte que 81. (FGV) Leia o texto abaixo:
está reservada para poucos.
Dom Casmurro
Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro, das 10 às 19h
Antes de concluir este capítulo, fui à janela indagar da
A conjugação do verbo rodear está correta no texto? Justifique sua noite por que razão os sonhos haviam de ser assim tão
resposta. tênues que se esgarçavam ao menor abrir de olhos ou
voltar de corpo, e não continuavam mais. A noite não
79. (FGV) Não existe liberdade sem independência financeira. Ter um me respondeu logo.
currículo turbinado ou uma rede de relacionamentos em dia pode
perder o valor se você não tiver também uma reserva financeira Estava deliciosamente bela, os morros palejavam* de luar
para sobreviver num momento de transição de emprego. e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-
Você s/a, setembro de 2005. me que os sonhos já não pertenciam à sua jurisdição.
Quando eles moravam na ilha que Luciano** lhes deu,
Reescreva o trecho — se você não tiver também uma reserva
onde ela tinha o seu palácio, e donde os fazia sair com as
financeira para sobreviver — , substituindo o verbo ter pelo
suas caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis.
verbo dispor.
Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram
aposentados, e os modernos moram no cérebro das pessoas.
80. (FGV) Leia o texto:
Estes, ainda que quisessem imitar os outros, não poderiam
País vira campo fértil para uso de laranjas fazê-lo; a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas
as ilhas de todos os mares, são agora objeto da ambição
A Operação Persona, que desmantelou na semana passada um
e da rivalidade da Europa e dos Estados Unidos.
poderoso esquema de fraudes nas importações de produtos, expôs
uma realidade cada vez mais presente na economia brasileira: o Era uma alusão às Filipinas. Pois que não amo a política,
uso da figura de laranjas para acobertar transações financeiras e e inda menos a política internacional, fechei a janela e
empresariais ilícitas. O laranjal da fraude se expande em tamanho vim acabar este capítulo para ir dormir.
e sofisticação, além de exibir uma impressionante capacidade de Machado de Assis
se adaptar aos mais variados negócios. * palejar = tornar-se pálido, empalidecer.
** Luciano = escritor grego, criador do diálogo satírico.
Há laranja dos mais variados tipos. Desde o laranja político,
identificado nas CPIs do Congresso, até o laranja virtual que surge Reescreva os trechos, substituindo os verbos em destaque
na Internet para vender produtos de empresas de fachada, que não pelos indicados nos parênteses e mantenha os mesmos
são entregues ao consumidor. tempos verbais.
Cidadãos honestos, na maioria das vezes com pouca instrução e a) ... declarou-me que os sonhos já não pertenciam à sua
baixo poder aquisitivo, transformam-se em laranjas inconscientes ao jurisdição. (circunscrever-se).
assinar, sem saber, procurações utilizadas pelos fraudadores para b) ... a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas as
abrir empresas de fachada. Documentos perdidos ou roubados são ilhas de todos os mares, são agora objeto da ambição
também instrumentos fáceis nas mãos de grupos criminosos para a e da rivalidade da Europa e dos Estados Unidos.
criação de laranjas. (prestar-se)
Nos últimos três anos, a Receita descobriu 1067 empresas laranjas
que operavam com importações fraudulentas. Muitas delas sem 82. (FGV) Leia os versos:
nenhuma capacidade financeira e algumas abertas exclusivamente
Os amantes se amam cruelmente
para uma única operação de importação.
e com se amarem tanto não se veem.
Especialista em casos de falsificação e contrabando, o advogado Um se beija no outro, refletido.
Newton Vieira Júnior, do Gare & Ortiz do Amaral Advogados, Dois amantes que são? Dois inimigos.
acredita que tem aumentado o espaço para atuação dos laranjas Carlos Drummond de Andrade
no Brasil. “Toda a burocracia que existe no Brasil para abrir uma
empresa não vem impedindo a abertura de laranjas”, diz. “ A a) Reescreva os dois versos iniciais, passando-os para a
certeza da impunidade é o que faz com que os falsificadores atuem primeira pessoa do plural.
deliberadamente.” b) Reescreva os dois últimos versos, substituindo Um
O Estado de S. Paulo. Adaptado. por Eu.

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36 Língua Portuguesa

83. (FGV) Leia o texto abaixo: 84. (FGV-ECO/Dez-2010) Leia o texto abaixo:
Sub Solo 1 Os Servos da Morte
“Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, Rodrigo conduziu o velho até o leito, apagou a luz do candeeiro
seria uma rima, não uma solução.” Os versos de Drummond e saiu, dirigindo-se ao quarto de Ângelo. Encontrou-o deitado,
me desabaram na cabeça assim que saí do elevador no andar os cabelos sobre os travesseiros, as mãos crispadas, apertando
errado, num prédio da Berrini, e dei com um piso inteiro de as cobertas. No assoalho — pois estava no quarto que fora de
restaurantes; uma praça de alimentação submersa em toneladas Elisa — ao pé da cama, viu o resto de leite no copo, pedaços
de concreto, no centro empresarial de São Paulo. de biscoitos.
Então assim é o mundo — pensei —, aqui que estão as Paulino Duarte, a fisionomia imóvel, sentia vontade de abrir os
pessoas normais. As pessoas que têm emprego, FGTS, férias olhos, arrancá-los com as unhas, na ânsia de destruir aquelas
remuneradas, chefes que admiram e/ou detestam, colegas com criaturas. Esgotado, os mortos existindo dentro dele, vivos nas
quem competem e se comprazem, horário de almoço e happy trevas, chegara assim à casa da fazenda. Percebera as palavras
hour, todo mundo, enfim, que sai de casa toda manhã para de Ângelo, roucas, sem nexo, e a voz de Rodrigo. Sentiu os filhos
trabalhar num escritório, em vez de caminhar, só, em direção tirando-lhe as botas, mudando-lhe a roupa.
a uma edícula, no fundo do quintal.
Agora, depois que perguntara a Rodrigo pelo estado de Ângelo,
Eu leio sobre o mundo com frequência, nos jornais. De vez em e recebera a resposta, sentia-se desconcertado. Pacientemente,
quando, leio livros sobre o mundo. Pensando bem, estudei o desfazendo a crispação dos dedos, procurou idealizar como
mundo por cinco anos, na Faculdade de Ciências Sociais, mas seria a sua vida no futuro, como aceitaria aquelas trevas.
raramente vou até ele, e precisei do choque daquela praça de Quase alegre, pensou naquele fim, naquela cegueira, como um
alimentação para dar-me conta de quão distante nós estávamos consolo. Sim, do mesmo modo que certos prisioneiros acabam
— eu e o mundo. Para um escritor, poucas constatações podem amando os ferros da prisão, ele também, forçado pelo tempo,
ser mais trágicas. acabaria por amá-la. Amá-la? — e todo ele tremeu, agitado,
Posso me acabar de ler Shakespeare, Dostoievski, Kafka e ao peso daquela palavra. Como amá- -la, se ela o enfraquecia,
Goethe, mas os verdadeiros Macbeths, Ivans Karamazovs, transformava-o em uma presa dos mortos, em uma inutilidade
Gregors Sansas e Faustos estão entre as máquinas de café e os para os vivos?
scanners, tiram fotinhos na portaria e alimentam as catracas Adonias Filho
com seus crachás. Nos 20 andares acima daquelas bandejas, a) Comparando as formas verbais perguntara e recebera
todo dia, sonhos medram ou murcham, homens competem, com procurou e pensou, do terceiro parágrafo, nomeie os
traem, fofocas são discretamente difundidas, alguém entregará tempos em que estão flexionadas e comente a diferença de
o que tem de mais precioso em nome de uma causa; a glória função desses tempos, no contexto.
e o fiasco espocam, das oito da manhã às sete da tarde. Como
posso querer ser um escritor se só trato com o ser humano b) Explique em que são distintas as formas sentia e sentiu,
por e-mail? Se só o vejo amistoso e calmo, no cinema ou num no segundo parágrafo, quanto à duração do processo.
restaurante, no fim de semana?
85. (FGV-ECO/Dez-2010) Leia o texto:
Voltei ao elevador decidido a raspar essa barbicha
calculadamente desleixada, meu crachá de escritor, que Concerto para Corpo e Alma
pretende dizer, ingenuamente, “não faço parte do mundo” — e
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram as plumas e o penacho.
arrumar um emprego na Berrini. Pode ser de quinto auxiliar
Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se
de almoxarifado ou subanalista de cafezinho, não importa. Só
num cinzento triste. E veio o silêncio: [o pássaro] deixou de
preciso ter acesso ao coração do mundo. Uma vez ali dentro,
cantar.
ouvirei as moças falando mal do chefe na fila do Subway,
descobrirei o que planejam os jovens de terno na mesa do Os jovens e os adultos pouco sabem sobre o sentido da
Súbito, verei a felicidade do garoto do interior que acabou de simplicidade. Os jovens são aves que voam pela manhã: seus
ser contratado e o ódio de seu vizinho de baia, que não foi. voos são flechas em todas as direções.
Depois, e só depois, poderei voltar para minha edícula e tentar Rubem Alves
escrever algo que preste. Algo que, um dia, espero, chegue aos Considere a seguinte passagem:
pés do último verso do poema de Drummond: “Mundo, mundo,
vasto mundo, mais vasto é meu coração.” Os jovens e os adultos pouco sabem sobre o sentido da
simplicidade.
Antonio Prata. O Estado de S. Paulo, 31/05/2009. Adaptado.

Atente para as formas verbais dos segmentos: a) Sabendo que o tempo presente pode corresponder a uma ação
que acontece no momento da fala do enunciador, comente
Uma vez ali dentro, ouvirei as moças falando mal do chefe na
se o verbo sabem, nesse contexto, preenche esse requisito.
fila do Subway, descobrirei o que planejam os jovens de terno
na mesa do Súbito, verei a felicidade do garoto do interior… .
b) Reescreva a mesma frase, utilizando um tempo verbal
Os verbos ouvirei, descobrirei e verei, no contexto, indicam que pressuponha hipótese ou dúvida, com respeito à ação
uma ação concluída? Explique. focalizada.

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Língua Portuguesa 37

Embreagem dos Tempos Verbais


A embreagem dos tempos verbais é a troca de um tempo verbal por outro com a intenção de criar algum tipo de efeito. Muitas
vezes, a finalidade do enunciador vai muito além da necessidade de marcar o tempo verbal, sua intenção pode ser explicitada por
meio do uso das embreagens. Há, abaixo, alguns exemplos. Neles, há possíveis explicações para a alteração verbal, as quais são
comuns a diversos estudiosos, entretanto, eles não dão conta de todas as situações possíveis de um texto, o qual, por vezes, pode
inovar a intenção do uso verbal.

a) presente do indicativo no lugar do pretérito perfeito do f) futuro do presente do indicativo no lugar do imperativo
indicativo
Há o efeito de uma ordem que vale por tempo indefinido, para
Nesse tipo de embreagem, há a intenção de atualizar a ideia, de todo sempre.
trazer para o contexto atual um evento do passado.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo! (cobice)
O professor acaba de entrar. (acabou)
Na Idade Média, a Igreja faz o povo submeter-se aos dogmas g) presente do indicativo ou pretérito imperfeito do indicativo
católicos. (fez) no lugar do imperativo ou do presente do indicativo

Corinthians perde para o Flamengo! (perdeu) É usado para dar delicadeza a uma ordem ou um pedido, é uma
atenuação do imperativo ou do presente.
Este tipo de embreagem é muito utilizado pela mídia, a qual
visa aproximar o leitor ao evento ocorrido. Você traz um cafezinho pra mim, por favor? (traga)
Você podia trazer um cafezinho pra mim, por favor? (traga)
b) presente do indicativo no lugar do futuro do presente do
indicativo Eu queria sua camisa do São Paulo emprestada. (quero)
Há a tentativa de encurtar o futuro, de torná-lo mais próximo, h) futuro do presente do indicativo ou futuro do pretérito do
em decorrência do forte desejo ou necessidade de se fazer algo. indicativo no lugar do presente do indicativo
Faço 27 anos ano que vem. (farei)
Ocorre quando existem hipótese ou incerteza, ou ainda quando
Se você não for à aula, o professor reprova-o, viu!? (reprovará) se deseja ser irônico. Essa embreagem pode também indicar
Se você estudar mais, passa no vestibular. (passará) uma pergunta já com sugestão de resposta.
Em 2012, estudo mais! (estudarei) Será o Zidane o melhor jogador de futebol da História? (é)
Pode, ainda, encobrir algo, adiar uma obrigatoriedade Estaríamos sendo justos ao dizer que Pelé é o melhor? (estamos)
Assim que puder, eu leio o poema que você criou. (lerei) Você tirou zero na prova. Será que você é burro como uma
porta? (é)
c) pretérito imperfeito do indicativo no lugar do futuro do
pretérito do indicativo i) futuro do presente do indicativo no lugar do presente do
Aqui, o efeito criado é a informalidade, pois não é comum indicativo
utilizar o pretérito imperfeito do indicativo para indicar Dessa forma, cria-se o efeito de dúvida, de incerteza.
possibilidade ou probabilidade. Há a defesa de que essa troca
visa criar a noção de certeza da suposição. Como estará nosso filho, que foi morar em São Paulo para
estudar? (está)
Se fosse você, estudava mais. (estudaria)
Se ela me desse bola, ficava com ela. (ficaria) j) futuro do presente do indicativo no lugar do pretérito perfeito
do indicativo
d) presente do indicativo no lugar do futuro do pretérito do
Essa troca permite a atenuação do que é citado.
indicativo
Dessa forma, cria-se o efeito de um pedido que não quer ser Sobre o criacionismo, Darwin dirá que isso é uma grande
recusado. besteira? (disse)
Você dança comigo na festa? (dançaria)
k) futuro do pretérito do indicativo no lugar do pretérito mais-
que-perfeito do indicativo
e) pretérito perfeito do indicativo no lugar do futuro do presente
do indicativo Essa embreagem acarreta o efeito de irrealidade, cria outra
Essa troca cria o efeito da certeza em relação a um evento futuro. possibilidade para um passado.
O jogo do fim de semana? O São Paulo já ganhou! (ganhará) Precisava entender o ocorrido, precisava ver se Ronaldo não
Vou ao centro da cidade. Daqui a uma hora, estou de volta. teria ido a outra balada naquela noite. (tinha ido)
(estarei)

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38 Língua Portuguesa

l) pretérito imperfeito do indicativo no lugar do presente do 89. Qual o valor do futuro do pretérito na frase seguinte:
indicativo
Deseja-se, aqui, criar o efeito da irrealidade, como se fosse um Quando chegamos ao colégio, em 1916, a cidade teria apenas
conto de fadas cinquenta mil habitantes.?
Agora eu era o herói. (sou)
a) fato futuro, anterior a outro futuro
m) futuro do pretérito do indicativo no lugar do futuro do b) fato futuro, relacionado com o passado
presente do indicativo c) suposição, relativamente a um momento do futuro
Cria-se o efeito do sonho, do possível, do provável. d) suposição, relativamente a um momento do passado
e) configuração de um fato já passado
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de
preás. (acordará)
90. Nos fragmentos abaixo, o uso dos tempo verbais dos verbos
destacados criam efeitos, que são respectivamente:
EXERCÍCIOS
I. Maracanã é inspecionado e secretária diz que obras estão
86. Sinhá Vitória vestiria uma saia larga de ramagens. A cara dentro do cronograma.
murcha de sinhá Vitória remoçaria, as nádegas bambas de
sinhá Vitória engrossariam, a roupa encarnada de sinhá Vitória II. Bovespa fecha em alta de 4,11% com entusiasmo global
provoca ria a inveja das outras caboclas ... e ele, Fabiano, seria por pacote europeu.
o vaqueiro, para bem dizer seria o dono daquele mundo... Os
meninos se espojariam na terra fofa do chiqueiro das cabras. III. Uma casa em Miami! Eu morava lá com certeza!
Chocalhos tilintariam pelos arredores. A caatinga ficaria verde.
IV. Na China, durante a Revolução Cultural, o povo sofreu
Vidas Secas, Graciliano Ramos (fragmento) muito. Mas ele ainda passará pela abertura econômica
com a morte de Mao Tse-Tung.
O texto acima tem vários verbos que estão flexionados no futuro
do pretérito do indicativo. Considerando o sentido do fragmento, a) atualização de um evento passado, continuidade de uma
é possível dizer eles: ação, coloquialismo, explicitação de uma esperança.
b) atualização de um evento passado, atualização de um evento
a) evidenciam um vício linguístico do narrador. passado, denotação de um fato ocorrido, explicitação de uma
b) eles denotam uma perspectiva futura dos desejos das esperança.
personagens. c) atualização de um evento passado, atualização de um evento
c) estão em desacordo com a norma culta. passado, coloquialismo, um evento futuro em relação a um
d) denotam sonhos impossíveis de serem realizados. passado.
e) relacionam-se exclusivamente com o seres humanos. d) atualização de um evento passado, atualização de um evento
passado, denotação de um fato ocorrido e evento futuro a
2010.
87. Alternativa cuja forma verbal destacada exprime futuridade com e) atualização de um evento passado, continuidade de uma
relação ao tempo passado em que se situam as ações narradas: ação, denotação de um fato ocorrido e um evento futuro
em relação a um passado.
a) “( ) contemplou o lugar onde tantas vezes se (aprestara)
para os seus breves triunfos no trapézio.”
b) “a despedida iminente, só ele (sentia).”
c) “Em algum ponto do corpo ou da alma, doía-lhe (ver) o
lugar do qual se despedia ( )”
d) “No dia seguinte, (desarmariam) o Circo...”
e) “( ) os que lá se encontravam tinham respondido friamente
à saudação dele, como se (fizessem) um favor.”

88. Assinale a opção em que a forma verbal não tem valor imperativo.

a) Lança teu grito ao vento da procela.


b) Bandeira — talvez rasgue-te a metralha.
c) Ergue-te ó luz! estrela para o povo.
d) Traze a bênção de Deus ao cativeiro.
e) Levanta a Deus do cativeiro o grito!

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Língua Portuguesa 39

Gabarito 68. a) Não se deve concordar com a afirmação em questão. O fato de o pronome
“que” estar presente nas duas passagens não implica necessariamente
01. D 02. C 03. A conjugação no presente do subjuntivo. Nas duas passagens, na verdade,
04. a) O pretérito mais-que-perfeito é utilizado na língua portuguesa para fazer os verbos estão no Presente do Indicativo.
referência a um passado distante, longínquo; ao passo que o pretérito b) Seguindo a orientação para a reescritura da frase, a mesma ficaria “Se
perfeito é empregado para aludir a ações pontuais no passado. Assim, as 20 índios ianomâmis fossem assassinados e ninguém ouvisse falar, o
ações expressas por “perguntara” e “recebera” são anteriores às indicadas crime não se tornaria um fato político”.
por “procurou” e “pensou”. 69. a) Explica-se a existência de passagens que se referem à certeza de ações
b) A forma “sentia” (pretérito imperfeito do indicativo) denota que “a e de acontecimentos e outras, que se referem a situações hipotéticas
vontade de abrir olhos” era algo contínuo, recorrente. ou prováveis, pelos modos verbais utilizados pelo autor, quais sejam,
A forma “sentiu” (pretérito perfeito do indicativo) faz menção ao ato respectivamente, o modo Indicativo e o modo subjuntivo. O primeiro
pontual de os filhos tirarem-lhe as botas. caso pode ser comprovado por frases como “Não passei ninguém pra
05. C 06. B trás, não preteri nem tirei o leite de filho de ninguém” e “Atores dizem
07. a) “repor perdas” que preferem o teatro à televisão. No palco, o contato com o público é
Lula e Meneguelli divergem sobre o pacto. Concordam em negociar, direto...”, e outras em que foi utilizado o tempo Presente; o segundo caso
mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar a medida provisória pode ser comprovado por frases como “E mesmo se encontrasse, não
dos salários, suspender os vetos à lei da Previdência e repuser perdas ia dizer sobre o que escrever. Se você topasse com José Saramago no
salariais. hall de um hotel...” e outras em que o Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
b) O verbo repor é irregular e aparece depois de verbos regulares, tenha sido usado.
confundindo o falante. b) Reescrita com o sujeito “vós”, a frase em questão ficaria “Se vós topásseis
08. a) Uma formulação possível seria embora os jornalistas não devam fazer com José Saramago no hall de um hotel, íeis chegar perto dele com
previsões, fazem-nas o tempo todo. Um elemento que poderá prejudicar todo respeito, encabulado, e pedir um autógrafo pra vossa filha, não é
o candidato desatento em relação à formulação em norma culta é a verdade?”
colocação do pronome oblíquo as, que originalmente segue à conjunção 70. a) Deve-se concordar com a afirmação proposta. O eu-lírico, na primeira
mas, conforme prescreve a Norma Gramatical Brasileira (NGB). Cabe estrofe, fala de uma situação anterior (a pessoa amada o abandonou e ele
lembrar que, na transformação da oração adversativa para outra, também ficou muito triste) e de seus sentimentos no presente (ele tenta superar
de sentido adverso embora subordinada (a adverbial concessiva), a o sofrimento, mesmo sendo isso uma coisa muito difícil para ele). Esse
correlação entre os tempos verbais deve ser modificada. contraste entre o passado e o presente é construído por verbos conjugados
b) O termo grifado, conhecido pelos gramáticos como pronome anafórico, no pretérito perfeito do indicativo (foi, fez-se) e no presente do indicativo
retoma todo o período antecedente. O candidato deverá responder que o (sou, tenho que chorar, e outros).
elemento grifado refere-se à ideia de prestar contas quando se erra. b) Deve-se concordar com a afirmação proposta. Na 2 a estrofe, o eu-
09. a) Atendendo ao pedido das pessoas que não gostam de ser filmadas e lírico mostra-se como alguém sem saída e que pensa, inclusive, em
assumindo a forma da primeira pessoa do plural, o aviso seria escrito suicídio; já na última estrofe, ele se mostra como alguém que ainda
da seguinte maneira: Sorriamos, nós não estamos sendo filmados! mantém a esperança de que as coisas vão dar certo. Essa mudança
b) Não. No caso da mensagem apresentada, o uso do gerúndio está adequado, é construída pelo significado “otimista” dos verbos utilizados (de
uma vez que indica que a ação de filmar está em processo. seguir adiante, de esquecer o passado, de não querer a morte, por
10. B 11. B 12. D 13. A 14. A 15. D 16. E exemplo), em contraste ao significado “pessimista” dos verbos
17. D 18. C 19. A 20. B 21. C 22. C 23. B utilizados na 2a estrofe (meu caminho é de pedra, como posso
24. A 25. B 26. D 27. D 28. D 29. C 30. A sonhar, vou querer me matar).
31. B 32. A 33. C 34. A 35. D 36. D 37. E 71. a) Deve-se concordar com a afirmação proposta. O autor diz que se fez muita
38. C 39. D 40. E 41. B 42. D 43. B 44. D coisa, mas constata tristemente que, apesar de tudo, as coisas continuam
45. D 46. B 47. A 48. B 49. E 50. E 51. A como eram. As formas verbais utilizadas (presente e pretérito perfeito
52. B 53. D 54. B 55. B 56. C 57. B 58. E do indicativo) atestam a conclusão do autor.
59. A 60. C 61. D 62. B 63. B b) Reescritos na segunda pessoa do singular (tu), os versos indicados
64. a) No poema de Drummond, os verbos utilizados na segunda pessoa do ficariam: “Tu ainda és / o mesmo e vives / ainda és / o mesmo e vives /
singular do modo imperativo são: não faças, penetra e chega. ainda és o mesmo e vives / como teus pais”.
b) Transcritos em terceira pessoa, pressupondo o sujeito você, as formas 72. a) Deve-se concordar com a afirmação proposta. O equívoco está na
citadas em a) ficam: não faça, penetre, chegue. conjugação do verbo conter, derivado de ter. A forma correta, no caso,
65. a) Os três verbos empregados no pretérito perfeito do indicativo são: fizeram, seria contivermos.
depôs e olhou. b) Com a orientação apresentada, as palavras do jornalista ficariam: “Se
b) Passando-se os verbos do último período do parágrafo final do texto para tivéssemos contido os fluxos ondulantes, os índices teriam sido revertidos
o mais-Que-Perfeito do Indicativo tem-se: “Nada o prendera àquela em taxas superiores às dos juros reguladores e, assim, os pontos variantes
terra dura, achara um lugar menos seco para enterrar-se”. do orçamentário virtual”.
66. a) Para indicar que a velhice é algo que nos ocorre diariamente, a autora 73. a) Deve-se discordar da afirmação proposta. O verbo sobrepor é derivado
utiliza uma reiteradamente uma locução verbal composta pelo verbo de pôr e deve, obrigatoriamente, seguir o paradigma de conjugação do
estar mais uma forma verbal de gerúndio (estar + envelhecendo). verbo que lhe dá origem.
b) Na expressão destacada, a autora utilizou verbo no pretérito imperfeito b) Reescrita de forma correta, a frase de John Gage ficaria: “As etiquetas de
do modo subjuntivo. RFID poderiam rastrear as pessoas, e quando o sistema de rastreamento
se sobrepusesse ao de identificação, não existiria mais anonimato”.
67. a) Do ponto de vista morfológico, os verbos nutrir, falar e revelar,
74. Ambos os trechos tratam de um processo de ruptura ou mudança; entretanto,
utilizados na tirinha, são todos regulares. Já preferir tomar é uma locução
a natureza do processo é diversa em cada um deles.
ou perífrase verbal, em que o verbo preferir faz o papel de auxiliar e
No trecho 1, a mudança ocorre no nível concreto e objetivo, o do espaço, —
tomar o de verbo principal.
pois Fabiano deixa para trás o juazeiro, a pedra, o carro de bois (universo
b) Do ponto de vista semântico, e levando-se em conta o contexto da tirinha,
natural) e alcança o pátio, a casa (universo humano) —, enquanto, no trecho 2,
os verbos nutrir e falar são transitivos diretos; revelar aparece como
Baleia deixa a realidade e parte para o devaneio, para o sonho: uma mudança
bitransitivo (transitivo direto e indireto); a locução verbal preferir tomar
de cunho mais abstrato e subjetivo.
tem característica de verbo transitivo direto.

graEXT4 CPV
40 Língua Portuguesa
Nesse sentido, os tempos verbais e o emprego de nomes assume fundamental b) A forma “sentia” (pretérito imperfeito do indicativo) denota que “a
importância. Em relação ao trecho 1: os tempos verbais que ocorrem são vontade de abrir olhos” era algo contínuo, recorrente.
pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo, que estabelecem A forma “sentiu” (pretérito perfeito do indicativo) faz menção ao ato
uma relação de anterioridade ao momento presente e representam fatos que pontual de os filhos tirarem-lhe as botas.
realmente ocorreram. Soma-se a isso a presença de substantivos determinados 85. a) A forma verbal “sabem” não corresponde a uma ação que acontece no
por artigos definidos e adjetivos cujo significado remete a uma avaliação momento da fala do enunciador, no contexto empregado por Rubem
objetiva dos fatos reais. Alves. Ela enuncia uma ação habitual, de validade permanente.
No trecho 2, os tempos verbais empregados são pretérito imperfeito e b) “Os jovens e adultos pouco saberiam sobre o sentido da simplicidade” ou
futuro do pretérito do indicativo, o qual indica posterioridade em relação “Os jovens e adultos talvez pouco saibam sobre o sentido da simplicidade”.
ao marco passado e remete a uma realidade hipotética, sonhada e desejada 86. B 87. D 88. B 89. D 90. C
pela personagem Baleia. Essa atmosfera de sonho é reforçada pelo emprego
de artigos indefinidos e do adjetivo “enorme” que, repetido várias vezes,
reforça a ideia de subjetividade e idealização.
75. A contradição pode ser constatada nas expressões “Apiedei- -me”, “tomei-a
na palma da mão”, “Fiquei um pouco aborrecido, incomodado” relativamente
ao comportamento e às atitudes do narrador no primeiro parágrafo, no qual
ele interpreta a presença da borboleta preta como uma afronta e, a partir daí,
toma de uma toalha para matá-la.
76. No fragmento do romance O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, os
fatos que dizem respeito ao presente do narrador-personagem estão explícitos,
por exemplo, nas formas verbais “ia”, “perdi” (repetida três vezes), “fiquei”
e outras. No final do primeiro parágrafo, contudo, a oração “elas foram
acordar na minha escassa memória musical” aponta para a desconstrução
do presente, isto é, as valsas tocadas pelo cego fizeram surgir na memória
do narrador outras, ligadas ao seu passado.
No final do segundo parágrafo, a expressão “para tempos mortos” alcança
o mesmo efeito de sentido: as ações expressas pelos verbos “mudou” e
“continuei” referem-se ao tempo presente da personagem; o rumo que toma,
entretanto, não o leva “para o cotidiano” — evidentemente ligado ao presente
— mas “para tempos mortos” — obviamente associados ao passado.
77. a) A forma verbal “quer” está conjugada na terceira pessoa do singular;
“vem” está na segunda pessoa do singular.
b) — Quer ser o próximo? Então venha para a X Consórcios.
78. A conjugação do verbo, no texto, não está correta, já que rodear pertence
ao grupo de verbos terminados em -ear. Nesses verbos, insere-se um ‘i’
entre o ‘e’ e o ‘a’ da desinência quando se conjugam as formas rizotônicas:
rodeio, rodeias, rodeia, rodeamos, rodeais, rodeiam.
79. Se você não dispuser também de uma reserva financeira para sobreviver.
80. a) Apenas 30% das empresas sem nenhuma capacidade financeira
sobreviveram à fiscalização da Receita.
b) Abrem-se empresas exclusivamente para uma única operação financeira.
81. a) ...declarou-me que os sonhos já não se circunscreviam à sua jurisdição.
b) ...a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas as ilhas de todos os
mares, prestam-se agora a objeto da ambição e da rivalidade da Europa
e dos Estados Unidos.
No caso de a), utiliza-se próclise em virtude da presença do advérbio de
negação, que atrai o pronome oblíquo átono; em b), utiliza-se ênclise
porque a forma verbal aparece depois de vírgula, como se iniciasse uma
nova oração, sem qualquer elemento de atração do pronome se. A forma
prestam-se deve ser complementada pela preposição a, em virtude da
regência desse verbo.
82. a) Utilizando-se, nos dois versos iniciais do poema de Drummond, a primeira
pessoa do plural (nós), tem-se:
Nós, os amantes, amamo-nos cruelmente
e com nos amarmos tanto não nos vemos.
b) Reescrevendo-se os dois últimos versos, substituindo Um por Eu, tem-se:
Eu me beijo no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
No último verso, não há alterações, visto que o eu lírico, no caso,
pergunta-se o que significam ou representam dois amantes.
83. As formas verbais ouvirei, descobrirei e verei, no contexto, indicam ações
que ainda serão concluídas num futuro próximo e na dependência da entrada
do emissor da mensagem em determinado lugar.
84. a) O pretérito mais-que-perfeito é utilizado na língua portuguesa para fazer
referência a um passado distante, longínquo; ao passo que o pretérito
perfeito é empregado para aludir a ações pontuais no passado. Assim, as
ações expressas por “perguntara” e “recebera” são anteriores às indicadas
por “procurou” e “pensou”.

CPV graEXT4
Literatura 1
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Era Burguesa: A L iteratura da segunda metade do Século XIX


A segunda metade do século XIX foi marcada, nas Ciências, nas Artes e na Literatura, por uma postura de denúncia das desigualdades sociais
e da degradação moral e humana da classe burguesa. Observe nas telas como o povo mais humilde é retratado sem a idealização romântica.
Além disso, o sofrimento e a degradação gerados pela miséria ficam patentes nos detalhes das vestes, da postura resignada e das expressões
vincadas pelo sol.

Vagão de terceira classe, de Honoré Daumier. O Velho Jardineiro, de Émile Claus.

O Espelho de Vênus, de Edward Burne Jones.

Paralelamente a uma arte engajada, de denúncia, surgiram, na segunda


metade do século XIX, tendências artísticas que buscavam o oposto do
engajamento. Floresceram artistas preocupados tanto com uma retomada
do sentimentalismo, agora de uma forma mais aprofundada e meditativa
que os românticos, quanto com uma renovação dos temas clássicos e uma
retomada da rigidez formal e do perfeccionismo estético.

O velho de barba branca, de Odilon Redon.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. litext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2
Literatura
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Textos para Análise

Do romance Senhora, de José de Alencar


É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que realçava o azul celeste do tapete de riço recamado de estrelas
e a bela cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis.
A um lado duas estatuetas de bronze dourado, representando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma ligeira,
donde se desdobram, até o pavimento, bambolins de cassa finíssima.
Por entre a diáfana limpidez dessas nuvens de linho percebe-se o molde elegante de uma cama de pau-cetim pudicamente envolta
em seus véus nupciais, e forrada por uma colcha de chamalote também cor de ouro.
Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do inverno. Essa
chaminé de mármore cor de rosa é meramente pretexto para o cantinho de conversação, pois que não podemos chamá-lo como os
franceses o coin du feu.
A bem dizer a lareira não passa de uma jardineira que esparze o aroma de suas flores, em vez do brando calor do lume, por aquele
círculo, onde estão dispostas algumas poltronas baixas e derreadas, transição entre a cadeira e o leito.
O aposento é iluminado por uma grande lâmpada de gás, cujo globo de cristal opaco filtra uma claridade serena e doce, que
derrama-se sobre os objetos e os envolve como de um creme de luz.

Do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós


Tinham dado onze horas no cuco da sala de jantar. Jorge fechou o volume de Luís Figuier que estivera folheando devagar, estirado
na velha voltaire de marroquim escuro, espreguiçou-se, bocejou e disse:
— Tu não te vai vestir, Luísa?
— Logo.
Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de manhã de fazenda preta, bordado a soutache, com largos
botões de madrepérola; [...]
Tinham acabado de almoçar.
A sala esteirada alegrava, com o seu teto de madeira pintado a branco, o seu papel claro de ramagens verdes. Era em julho, um
domingo; fazia um grande calor; as duas janelas estavam cerradas, mas sentia-se fora o sol faiscar as vidraças, escaldar a pedra
da varanda; havia o silêncio recolhido e sonolento de manhã de missa, uma vaga quebreira amolentava, trazia desejos de sestas,
ou de sombras fofas debaixo de arvoredos, no campo ao pé da água; nas duas gaiolas, entre as bambinelas de cretone azulado,
os canários dormiam; um zumbido monótono de moscas arrastava-se por cima da mesa, pousava no fundo das chávenas sobre o
açúcar mal derretido, enchia toda a sala de um rumor dormente.
Jorge enrolou um cigarro, e muito repousado, muito fresco na sua camisa de chita, sem colete, o jaquetão de flanela azul aberto,
os olhos no teto, pôs-se a pensar na sua jornada ao Alentejo.

Do romance Casa de Pensão, de Aluísio Azevedo


O sujeito magro da véspera lá estava no mesmo sítio; agora, porém, dormia amortalhado a custo num insuficiente pedaço de
chita vermelha.
Do lado oposto, no chão, sobre um lençol encardido e cheio de nódoas, a cabeça pousada num jogo de dicionários latinos, jazia o
Paiva, a sono solto, apenas resguardado por um colete de flanela. Mais adiante, em uma cama estreita de lona, viam-se dois moços,
ressonando de costas um para o outro, com as nucas unidas, a disputarem silenciosamente o mesmo travesseiro.
O quarto respirava todo um ar triste de desmazelo e boemia. Fazia má impressão estar ali: o vômito de Amâncio secava-se no
chão, azedando a ambiente; a louça, que servira ao último jantar, ainda coberta de gordura coalhada, aparecia dentro de uma
lata abominável, cheia de contusões e comida de ferrugem. Uma banquinha, encostada à parede, dizia com o seu frio aspecto
desarranjado que alguém estivera aí a trabalhar durante a noite, até que se extinguira a vela, cujas últimas gotas de estearina se
derramavam melancolicamente pelas bordas de um frasco vazio de xarope Larose, que lhe fizera as vezes de castiçal. Num dos
cantos amontoava-se roupa suja; em outro repousava uma máquina de fazer café, ao lado de uma garrafa de espírito de vinho. Nas
cabeceiras das três camas e ao comprido das paredes, sobre jornais velhos e desbotados, dependuravam-se calças e fraques de
casimira: em uma das ombreiras da janela havia umas lunetas de ouro, cuidadosamente suspensas de um prego. Por aqui e por ali
pontas esmagadas de cigarro e cuspalhadas ressequidas. No meio do soalho, com o gargalo decepado, luzia uma garrafa.

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Literatura 3
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Analisando OS TEXTOS
Lemos um trecho do romance romântico brasileiro Senhora e trechos dos romances realistas O Primo Basílio, português, e
Casa de Pensão, brasileiro. Este último apresenta traços de um movimento derivado do Realismo, o Naturalismo. Os três textos
são descrições detalhadas de um cômodo.
Perceba algumas diferenças fundamentais entre os temas e os estilos dos três movimentos:
● Sinta, no fragmento de Senhora, a perfeição e o idealismo que o ambiente romântico faz supor sobre a personagem burguesa
que nele vive. Compare com o ambiente naturalista de Casa de Pensão, que detecta a aviltante condição de jovens estudantes
pobres, após uma noitada de bebida e sexo.
● Repare que o quarto da mulher romântica de Senhora é pré-nupcial, ou seja, o “enlace matrimonial” ainda não ocorreu.
A própria descrição dos elementos do quarto sugere a idealização do matrimônio, esperado como uma vida celestial na
terra. Por outro lado, a sala do romance realista O Primo Basílio é de um casal já casado, entediado com a vida a dois,
para o qual o matrimônio já perdeu sua aura celestial e caiu no marasmo. E o quarto naturalista de Casa de Pensão reúne
homens em situação nada heroica ou idealizada.
● Perceba, sobretudo, a linguagem. O quarto romântico é retratado com emoção, até um tanto exagerada, pelo narrador. A sala
realista é retratada em traços rápidos e com poucos adjetivos. O quarto naturalista é retratado de forma a exagerar, de modo
oposto ao romântico, os aspectos negativos e podres do ambiente e do grupo que ali vive.

O Realismo
O Realismo nasceu no ambiente da própria classe burguesa, na metade do século XIX, a partir daqueles indivíduos que
se mobilizavam filosófica e cientificamente contra o individualismo e o capitalismo burgueses. Ou seja, o Realismo
desenvolveu-se entre burgueses republicanistas, muitos socialistas, filósofos, cientistas, que se voltaram contra os ideais
formadores de sua classe e que tinham sido o esteio do Romantismo. Assim, os realistas fundamentam-se visceralmente como
antirromânticos e antiburgueses. Eram “anti” também em relação a todos os valores que norteavam o período romântico:

● antissubjetivistas e anti-individualistas (preocupavam-se, portanto, com uma visão objetiva e científica da realidade);
● anti-idealistas (eram críticos e pessimistas);
● anticlericais (denunciavam a imobilidade e a hipocrisia da Igreja);
● anticapitalistas (denunciavam a desigualdade social
e a miséria instaladas nos grandes centros urbanos
por conta do desenfreado crescimento industrial e
comercial projetado pela burguesia).

O Realismo teve sua produção literária


profundamente influenciada pelas Ciências
Naturais, Sociais e Políticas que pipocaram na
segunda metade do século XIX:

● Evolucionismo, de Charles Darwin, com o


conceito de seleção natural das espécies, a partir
do condicionamento e da adaptação ao meio em
que vivem;

● Genética e Fisiologia, cujos estudos avançados


levaram ao maior conhecimento sobre a heredita-
riedade e o funcionamento dos organismos vivos;
O Pagamento dos Ceifeiros, de Léon Lhermitte (1882).

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4
Literatura
e o u t r a s A r te s

● Socialismo, de Karl Marx e Friedrich Engels, que criticava o capitalismo como o gerador da riqueza e do poder que ficavam
restritos a uma certa camada social apenas;
● Positivismo, de Auguste Comte, segundo o qual o conhecimento unicamente válido é aquele que se processa a partir da
experiência concreta, a fim de detectar objetivamente as causas e finalidades dos fatos sociais;
● Determinismo, de Hippolyte Taine, criado para avaliar a Arte e a Literatura e segundo o qual para que se consiga explicar
determinado fenômeno artístico, alguma atitude humana ou qualquer evento social é preciso estudar esse fenômeno, essa atitude
ou esse evento como resultados de três fatores determinantes:
— o meio (fatores ambientais ou físicos),
— o momento (fatores históricos) e
— a raça (fatores hereditários).
A primeira obra realista surgiu na França, em 1857. Trata-se do romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert.

O Naturalismo
Um desdobramento do Realismo, o Naturalismo surgiu também na França, em 1867, com a publicação do romance Thérèse
Raquin, de Émile Zola.
Segundo Zola, o romance naturalista deveria se pautar pelo retrato científico da realidade. Cada narrativa selecionaria
personagens, ambientes e situações que, em conflito — como cobaias num laboratório —, comprovariam as teorias científicas
deterministas e evolucionistas de que o comportamento humano nada tem de individual ou metafísico (espiritual): os seres
humanos movem-se alheios à própria vontade, condicionados pelo meio em que vivem, pelos interesses de sua vivência social
e pela hereditariedade de sua raça.
Enquanto o Realismo critica a moral e os costumes burgueses a partir do retrato do cotidiano da própria burguesia, o Naturalismo
denuncia o resultado da opressão burguesa sobre as camadas mais humildes da população.
Tanto o Realismo quanto o Naturalismo foram movimentos literários tipicamente narrativos, ou seja, os escritores sentiam-se mais
à vontade para desenvolver suas ideias escrevendo romances e contos, em vez de poesia.

Romantismo Realismo Naturalismo


moral
moral social
Dramas matrimonial
psicológico patológico
heroico
aspectos doentios e repulsivos das
conquistas amorosas relações humanas
relações humanas e entre classes
Temas ideais indivíduo a indivíduo
distintas
(herói + heroína) tese documental
tese experimental
camadas inferiores
contraste social
burguesia burguesia em seus comportamento físico: tabus da
Personagens abastada comportamentos sexualidade
ociosa psicossociais e morais homem = animal (instinto)
Determinismo
personagens-tipo
idealizado fracasso da idealização
Amor virginal pós-matrimônio: família burguesa caso fisiológico: impulso sexual / tara
pré-matrimônio destruída (adultério)
passatempo
tese científica
desabafo
Conceitos de Arte reformismo social
documento emocional
e de Literatura documento racional
exercício de construção
exercício de construção do Indivíduo Social
do Eu Pessoal

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Literatura 5
e o u t r a s A r te s

Eça de Queirós (1845-1900)


Viveu boa parte de sua vida fora de Portugal, como diplomata. Trabalhou em Cuba,
na Inglaterra e na França. Embora fizesse parte da alta burguesia portuguesa — ou
exatamente por isso mesmo —, foi o mais ácido crítico dessa elite e das demais camadas
burguesas. Suas narrativas denunciavam a hipocrisia, o falso moralismo, a ambição, a
religiosidade de fachada, a devassidão das relações humanas, o oportunismo materialista
e a condição submissa da mulher às convenções sociais.
Sua obra divide-se em três fases:

1866-1875: Romântica / Pré-realista

Esse período da produção queirosiana abarca as obras do escritor em formação e


sua participação no Grupo do Cenáculo e nas Conferências do Cassino Lisbonense.

Escreveu folhetins, contos, artigos e crônicas, reunidos em Prosas Bárbaras. Eça de Queirós
São em geral textos de transição entre Romantismo e Realismo.

Publicou também uma narrativa policial, O Mistério da Estrada de Sintra, em parceria com Ramalho Ortigão.
Nos fascículos mensais Farpas, dirigidos por Ortigão, publicou artigos e sátiras à literatura praticada pelos românticos de última
hora e à sociedade portuguesa.

1875-1888: Realista-Naturalista

O conto “Singularidades de uma rapariga loura”, de 1874, e o romance O Crime do Padre Amaro, de 1875, marcam a adesão
definitiva do autor à escola realista.

Eça planejou escrever uma coleção de romances que traçassem um painel da sociedade portuguesa de seu tempo. O nome dessa
coleção seria Cenas da Vida Portuguesa. Em vida, publicou apenas três desses romances: O Crime do Padre Amaro (Cenas
da vida devota), O Primo Basílio (Cenas da vida doméstica), de 1878, e Os Maias (Cenas da vida sentimental), de 1888.
A Capital (sobre a vida literária corrupta em Lisboa), O Conde de Abranhos (sobre as podridões da carreira política) e
Alves & Cia. (sobre a burguesia comercial lisboeta) foram abandonados pelo autor e só publicados postumamente.

As obras desta fase são marcadas pelo determinismo social e psicológico das personagens, traçadas como caricaturas, e pela
análise pessimista e corrosiva das instituições: clero (Igreja), burguesia (Capitalismo) e aristocracia (Monarquia).

A linguagem precisa, simples, a narrativa fluente, antideclamatória, a predominância dos diálogos, aliadas a uma tendência
caricatural, constroem uma sátira mordaz da sociedade burguesa.

O Mandarim (1880) e A Relíquia (1887), embora pertençam à fase realista, combinam crítica social mordaz a uma inusitada
liberdade imaginativa, responsável por duas obras excêntricas do autor, com cenas fantásticas e sobrenaturais.

1888-1900: Pós-Realista

Considerada a fase de maturidade artística de Eça, incluiA Correspondência de Fradique Mendes, A Cidade e as Serras e A Ilustre
Casa de Ramires, todas publicadas postumamente. Temos aqui um escritor mais cuidadoso no traço psicológico das personagens,
agora isentas do traço caricatural típico das obras da fase anterior. São narrativas permeadas de idealismo e otimismo: o homem
é capaz de transformar-se (evolução espiritual), não necessitando vincular-se eternamente ao meio em que vive.

A linguagem, mais elaborada, lírico-filosófica, com predomínio da descrição e da dissertação, constitui o aspecto especial desta
fase. Eça retoma o nacionalismo romântico, de forma amenizada, não emocional, mas refletida e consciente da necessidade de se
superarem as dificuldades sociais, políticas e econômicas por meio do trabalho e do conhecimento.

Foi publicado também postumamente o volume Contos, que reúne os contos do autor escritos de 1874 a 1897. Alguns deles estão
entre os melhores da língua portuguesa.

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Literatura
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Enredo Exercícios
O Crime do Padre Amaro
01. (FUVEST) O Primo Basílio pertence à fase dita realista de
Romance anticlerical dos mais ferozes, é ambientado em Leiria, seu autor, Eça de Queirós. É reconhecido, também, como um
Portugal. romance de tese — tipo de narrativa em que se demonstra
Amaro, o protagonista do romance, era filho de dois criados do uma ideia, em geral com intenção crítica e reformadora.
marquês de Alegros. Perdeu os pais ainda criança e foi educado no Tendo em vista essas determinações gerais, é correto afirmar
meio da criadagem da marquesa, o que o tornou “enredador, muito que, nesse romance:
mentiroso”.
a) o foco expressivo se concentra na interioridade subjetiva
A marquesa decidiu que ele se tornaria padre, e assim, aos quinze das personagens, que se dão a conhecer por suas ideias e
anos, foi mandado ao seminário. Moço fraco, tanto física quanto sentimentos, e não por suas falas e ações.
psicologicamente, aceitou o sacerdócio passivamente. Por influência b) as personagens se afastam de caracterizações típicas,
do conde de Ribamar, posteriormente assumiu a paróquia de Leiria, tornando-se psicologicamente mais complexas e
hospedando-se na casa da S. Joaneira, onde conheceu a filha de sua individualizadas.
hospedeira, Amélia, que se tornou sua amante. O ambiente da casa c) a preferência é dada à narração direta, evitando-se recursos
da marquesa, onde fora criado, e o seminário moldaram o caráter como a ironia, o suspense, o refinamento estilístico de
de Amaro. Já sacerdote em Leiria, espantou-se, no início, com o períodos e frases.
cinismo explícito dos seus colegas de batina. As situações que d) o interesse pelas relações entre o homem e o meio amplia
lá presenciou, somadas ao ambiente de servilismo beato da casa o espaço e as funções das descrições, tornadas mais
onde estava hospedado, fizeram com que ele se atolasse em ações minuciosas e significativas.
desonrosas. Uma conversa entre Amaro e o cônego Dias, mostrou, e) a narração de ações, a criação de enredos e as reflexões
de forma clara, como Amaro e os outros eclesiásticos representam o do narrador são amplamente substituídas pelo debate
clero sem vocação e hipócrita. Os dois refletiram sobre os excessos ideológico-moral entre Jorge e o Conselheiro Acácio.
da Comuna, afirmando que seus seguidores merecem a masmorra
e a forca, porque não respeitam o clero e “destroem no povo a 02. (UF-PA) Os personagens realistas-naturalistas têm seus
veneração pelo sacerdócio”, caluniando a Igreja. Então, uma mulher destinos marcados pelo determinismo.
provocante passou diante deles e ambos trocaram olhares cúmplices.
Identifica-se esse determinismo:
O cônego exclamou:
a) pela preocupação dos autores em criar personagens
“— Hem, seu Padre Amaro?... Aquilo é que você queria confessar”
perfeitos, sem defeitos físicos ou morais.
E Amaro respondeu, rindo: b) pelas forças atávicas e/ou sociais que condicionam a
“— Já lá vai o tempo, padre-mestre, já as não confesso senão casadas!” conduta dessas criaturas.
c) por ser fruto, especificamente, da imaginação e fantasia
A co-protagonista do romance, Amélia Caminha, é o resultado dos autores.
trágico de uma formação num meio provinciano e atrasado, centrado d) por se notar a preocupação dos autores de se voltarem para
em torno do poder eclesiástico. Sua casa é um beatério, centro de o passado ou para o futuro ao criarem seus personagens.
convivência dos poderosos e amorais sacerdotes da cidade, em e) por representarem a tentativa dos autores nacionais de
que impera a superficialidade dos rituais e uma deformação dos reabilitar uma faculdade perdida do homem: o senso de
conceitos religiosos cristãos. Nesta sociedade, a Igreja é parte ativa mistério.
do poder político, que a utiliza nas suas manobras eleitoreiras e lhe
dá privilégios sociais, prestígio e poder. 03. (FUVEST-SP) Como se sabe, Eça de Queirós concebeu
Amélia vivia, portanto, rodeada de cônegos e padres. Aos 23 o livro O Primo Basílio como um romance de crítica da
anos, alta, forte e “muito desejada”, possuía um temperamento sociedade portuguesa, cujas “falsas bases” ele considerava
sentimental, romântico e fortemente sensual. Órfã de pai, sua mãe um “dever atacar”.
era amante do cônego Dias. Ela era uma devota simplória e passiva, A crítica que ele aí dirige a essa sociedade incide mais
atraída pelo ritual católico. Namorava João Eduardo, escrevente diretamente sobre:
de cartório. Conheceu, então, o Padre Amaro, pároco da Sé de
a) o plano da economia, cuja estagnação estava na base da
Leiria, hóspede na casa de sua mãe. Apaixonou-se e entregou-se
desordem social.
a ele com total submissão. Ficando grávida, escondeu-se numa
b) os problemas de ordem cultural, como os que se verificavam
quinta próxima à cidade, acompanhada de uma fanática beata,
na educação e na literatura.
irmã do cônego Dias. Recebeu a visita do abade Ferrão, único
c) a excessiva dependência de Portugal em relação às colônias,
sacerdote decente do romance, que tentou recuperá-la para uma
responsável pelo parasitismo da burguesia metropolitana.
vida normal e digna e tirá-la da influência nefasta de Amaro. No
d) a extrema sofisticação da burguesia de Lisboa, cujo luxo
entanto, Amélia morreu no parto.
e requinte conduziam à decadência dos costumes.
Amaro entregou a criança a uma “tecedeira de anjos”. Morta também e) os grupos aristocráticos, remanescentes da monarquia,
a criança, Amaro, prosseguiu com a sua carreira. No final do romance, que continuavam a exercer sua influência corruptora em
ele tornou-se idêntico aos seus pares, um cínico descarado. pleno regime republicano.

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04. Leia o resumo do enredo de O Crime do Padre Amaro: 06. (Medicina Einstein-SP/2016) Então o meu príncipe,
sucumbido, arrastou os passos até ao seu gabinete, começou
Romance anticlerical dos mais ferozes, é ambientado em Leiria, a percorrer todos os aparelhos complementadores e
onde o Padre Amaro Vieira, ingênuo e psicologicamente um facilitadores da Vida – o seu Telégrafo, o seu Telefone, o
fraco, vai assumir sua paróquia. Hospedando-se na casa da seu Fonógrafo, o seu Radiômetro, o seu Grafofone, o seu
Senhora Joaneira, acaba por se envolver sexualmente com Microfone, a sua Máquina de Escrever, a sua Máquina de
sua filha, Amélia. Amaro conhece, então, o cinismo dos seus Contar, a sua Imprensa Elétrica, a outra Magnética, todos
colegas, que em nada estranham sua relação com a jovem. os seus utensílios, todos os seus tubos, todos os seus fios...
[...] Amaro, agora um cínico descarado, prossegue com a Assim um suplicante percorre altares donde espera socorro. E
sua carreira. O romance, que critica violentamente a vida toda a sua suntuosa Mecânica se conservou rígida, reluzindo
provinciana e o comportamento do clero, foi, durante décadas, frigidamente, sem que uma roda girasse, nem uma lâmina
leitura proibida em muitas escolas de Portugal e do Brasil. vibrasse, para entreter o seu Senhor.

Transcreva um trecho que melhor explique o termo “anticlerical”. O trecho acima é da obra A Cidade e as Serras, de Eça de
Queirós, escrita em 1901 e que integra a fase pós-realista da
produção do autor. Deste romance é correto afirmar que

a) compõe um conjunto de obras batizado pelo autor de “Cenas


da Vida Portuguesa”, caracterizando um vasto painel da
sociedade lisboeta, retratada em seus múltiplos aspectos.
b) analisa a corrupção e a depravação dos costumes numa cidade
05. (UFV-MG) Considere as seguintes afirmativas: provinciana fortemente influenciada pelo clero, assim como
critica a pequena e média burguesia locais.
a) “esforço-me por entrar no espartilho e seguir uma linha reta c) retrata a sociedade de Lisboa, ou seja, a alta burguesia, a
geométrica: nenhum lirismo, nada de reflexões, ausente a aristocracia, a diplomacia, artistas e jornalistas, criando um
personalidade do autor.” quadro da vida romântica como sinônimo de comportamento
Gustave Flaubert (Cf. BOSI, Alfredo). burguês.
História Concisa da Literatura Brasileira. d) engendra uma oposição entre a industrializada Paris e uma
pequena aldeia portuguesa, concluindo que a verdadeira
b) “Em Thérèse Raquin, eu quis estudar temperamentos e felicidade só pode ser encontrada na vida pura do campo.
não caracteres. Aí está o livro todo. Escolhi personagens
soberanamente dominadas pelos nervos e pelo sangue, 07. (Fuvest-SP/2016) A cidade e as serras
desprovidas de livre-arbítrio, arrastadas a cada ato de sua
vida pelas fatalidades da própria carne [...].” — Pois, Grilo, agora realmente bem podemos dizer que o sr.
D. Jacinto está firme.
Émile Zola (Cf. BOSI, Alfredo).
História Concisa da Literatura Brasileira.
O Grilo arredou os óculos para a testa, e levantando para o
ar os cinco dedos em curva como pétalas de uma tulipa:
Os princípios estéticos introduzidos por Flaubert e Zola, — Sua Excelência brotou!
respectivamente, os mentores do Realismo e do Naturalismo, Profundo sempre o digno preto! Sim! Aquele ressequido galho
servem como parâmetro para que se possam estabelecer as da Cidade, plantado na Serra, pegara, chupara o húmus do
diferenças básicas entre essas duas escolas literárias. torrão herdado, criara seiva, afundara raízes, engrossara
de tronco, atirara ramos, rebentara em flores, forte, sereno,
Reflita sobre as afirmações dos referidos escritores franceses ditoso, benéfico, nobre, dando frutos, derramando sombra. E
e destaque os pontos convergentes e divergentes entre as abrigados pela grande árvore, e por ela nutridos, cem 1casais
manifestações da prosa de ficção realista-naturalista. em redor o bendiziam.
Eça de Queirós

O teor das imagens empregadas no texto para caracterizar a


mudança pela qual passara Jacinto indica que a causa principal
dessa transformação foi

a) o retorno a sua terra natal.


b) a conversão religiosa.
c) o trabalho manual na lavoura.
d) a mudança da cidade para o campo.
e) o banimento das inovações tecnológicas.

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Realismo e Naturalismo no Brasil


O Realismo e o Naturalismo iniciaram-se, no Brasil, no mesmo ano: 1881, ano em que Machado de Assis publicou seu
primeiro romance de cunho realista, Memórias Póstumas de Brás Cubas, e Aluísio Azevedo publicou seu primeiro romance
naturalista, O Mulato.

O principal autor do nosso Realismo foi Machado de Assis, cuja obra, todavia, não se prende facilmente a classificações esquemáticas.
O realismo machadiano é um diferencial dentro da literatura brasileira, pois, além de não trazer, em momento algum, traços
naturalistas — como boa parte do nosso Realismo —, também não constrói suas personagens de modo caricatural — como o
Realismo português. A crítica chama a prosa de Machado de Assis de “realismo machadiano”, pois constitui, dentro da época,
um caso único de refinamento e realização literária.

Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, no final do século XIX. Rua 1o de Março, no Rio de Janeiro,
Esta era a rua do comércio elegante e refinado da cidade. pintura de Gustavo Dall’Aura.

Além de Machado, o Brasil teve numa linha de mescla de estilos, Raul Pompeia e seu O Ateneu.
Dentro de um Naturalismo mais definido, enquadram-se Aluísio Azevedo, com O Cortiço, e Adolfo Caminha, com Bom Crioulo.
Presos a um Naturalismo mais esquemático, enquadram-se Júlio Ribeiro, com o romance A Carne, e Inglês de Sousa, com
O Missionário.

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Raul PompEia (1863-1895)

Nascido em Angra dos Reis, estudou Direito em São Paulo e Recife. Participou de campanhas
abolicionistas e republicanas.

No Rio de Janeiro, foi jornalista e diretor da Biblioteca Nacional. Perdeu o cargo por motivos
políticos, o que o levou à depressão, ao isolamento e, por fim, ao suicídio.

Escreveu romances (Uma tragédia no Amazonas, O Ateneu e As Jóias da Coroa), contos,


crônicas, poesia, meditações. Foi também escultor, pintor, desenhista e caricaturista.
São dele mesmo as ilustrações que até hoje acompanham as edições de O Ateneu.

Raul Pompeia entrou para a história com um único grande livro: O Ateneu – crônica de
saudades (1888), um livro de memórias em que o autor resgata, por meio do personagem
Sérgio, episódios de sua infância.
Raul Pompeia

Enredo O Ateneu
Trata-se de uma narrativa na primeira pessoa, em que Sérgio, já adulto, conta sobre seu tempo de aluno interno no Colégio Ateneu.
A ação transcorre no ambiente fechado e corrupto do internato, onde convivem crianças, adolescentes, professores e empregados.
É dado o início do romance com o pai de Sérgio advertindo-lhe:
Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.
Dr. Aristarco é o diretor do colégio. Figura soberba, cheia de empáfia e que visava apenas ao lucro. Tinha o sonho de ver um busto com a
sua face. Sérgio vai narrando as decepções, os medos, as dúvidas, a rígida disciplina, as amizades, os acontecimentos em torno da própria
sexualidade, as questões nem sempre respondidas.
O romance é um diário de um internato: as aulas, a sala de estudos, a diversão nos banhos de piscina, as leituras, o recreio, o que acontecia
nos dormitórios, no refeitório e as disputas. O mundo da escola é sempre visto e retratado a partir da perspectiva particular de Sérgio. Desse
modo, a instituição, os colegas, os professores e o diretor Aristarco são representados em função de certa ótica, claramente caricatural,
em que os erros, hipocrisias e ambições são projetados e realçados.
Misturando alegria e tristezas, decepções e entusiasmos, Sérgio pacientemente reconstrói, por meio
da memória, a adolescência vivida e perdida entre as paredes do famoso internato.
A obra acaba com o incêndio do Ateneu pelo estudante Américo. No incêndio, o diretor fica perdido,
estático com o que está acontecendo com seu patrimônio e, naquele mesmo dia, é abandonado
pela esposa.
O romance reflete uma visão pessoal do autor sobre a sociedade: a escola Ateneu funciona como um
microcosmo da sociedade, reproduzindo-a nas qualidades e nos erros. Assim, podemos considerar
que o incêndio do Ateneu, ao final do romance, é a vingança ficcional do autor contra a educação
hipócrita e castradora de que ele se considerava produto; em uma visão mais ampla podemos encarar
esse desfecho como uma metáfora da derrocada da Monarquia.
É um romance de difícil classificação: a crítica o considera
● autobiografia: (“Crônica de saudades”)
● ficção: inserção de fatos imaginados
● expressionismo: deformações exageradas, grotescas, de alguns caracteres e caricaturas
● impressionismo: apelo da memória, pelas sensações pessoais sobre os fatos
● naturalismo: homem condicionado pelo meio, pelos instintos e pelas taras sexuais.
Ilustração do autor para
lendo raul pompeia o primeiro capítulo de O Ateneu.
O Ateneu (fragmento)
I
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso,
que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente
do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer
mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos
houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. [...] Eu tinha onze anos.

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Literatura
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Aluísio Azevedo (1857-1913)

O maranhense Aluísio Azevedo é autor de uma obra bastante irregular. Necessitando manter-se
financeiramente a partir do jornalismo e da literatura, produziu uma obra romântica, ao gosto
do público, e de gosto artístico duvidoso (A Mortalha de Alzira e Uma Lágrima de Mulher,
por exemplo).

Paralelamente, tentou empreender uma obra mais corajosa e trabalhada esteticamente, pautada
pelos moldes naturalistas. De um grande projeto inicial, que pretendia produzir vários romances
que analisassem toda a sociedade brasileira, conseguiu escrever apenas O Mulato (1881),
Casa de Pensão (1883) e O Cortiço (sua melhor obra, de 1890).

Antes de resolver dedicar-se à literatura, trabalhara como caricaturista em jornais políticos e


humorísticos. Em 1895, abandonou a pena e entrou para a carreira diplomática, servindo o Brasil
em Vigo, Nápoles, Tóquio e Buenos Aires, onde morreu.

Além de romances, escreveu e produziu peças de teatro (sobretudo em parceria com o irmão Artur
Azevedo), escreveu contos, crônicas e novela policial.
Aluísio Azevedo
Enredo O Cortiço
João Romão, português bronco e ambicioso, tendo juntado dinheiro a poder de penosos sacrifícios, comprou um pequeno estabelecimento comercial
no subúrbio da cidade (Rio de Janeiro). Ao lado, morava uma preta, escrava fugida, trabalhadeira, que possuía uma quitanda e umas economias.
Os dois amasiaram-se, passando a escrava a trabalhar como burro de carga para João Romão. Com o dinheiro de Bertoleza (assim se chamava
a ex-escrava), o português comprou algumas braças de terra e alargou sua propriedade. Para agradá-la, forjou uma falsa carta de alforria. Com
o decorrer do tempo, João Romão comprou mais terras e nelas construiu três casinhas que imediatamente alugou. O negócio deu certo e novos
cubículos foram amontoando-se na propriedade do português.
A procura por habitação era enorme, e João Romão, ganancioso, acabou construindo vasto e movimentado cortiço. Ao lado, veio morar outro
português, mas de classe elevada, com certos ares de pessoa importante, o Senhor Miranda, cuja mulher levava vida irregular. Miranda não se
dava com João Romão, nem via com bons olhos o cortiço perto de sua casa.
No cortiço moravam os mais variados tipos: brancos, pretos, mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras, entre outros: a
Machona, lavadeira gritalhona, “cujos filhos não se pareciam uns com os outros”; Alexandre, mulato pernóstico; Pombinha, moça franzina, que,
aos 18 anos, ainda não menstruou, e que se desencaminhou por influência de sua madrinha, uma prostituta de luxo, que queria Pombinha para
sua amante; Rita Baiana, mulata faceira que andava amigada na ocasião com Firmo, malandro valentão; Jerônimo e sua mulher, portugueses
honestos; e outros mais.
João Romão tinha agora uma pedreira que lhe dava muito dinheiro. No cortiço, havia festas com
certa frequência, destacando-se nelas Rita Baiana como dançarina provocante e sensual, o que fez
Jerônimo perder a cabeça. Enciumado, Firmo acabou brigando com Jerônimo e, hábil na capoeira,
abriu a barriga do rival com a navalha e fugiu. Naquela mesma rua, outro cortiço se formou. Os
moradores do cortiço de João Romão chamavam-nos de “Cabeça-de-gato”; como revide, receberam
o apelido de “Carapicus”. Firmo passou a morar no “Cabeça-de-Gato”, onde se tornou chefe dos
malandros. Jerônimo, que havia sido internado em um hospital após a briga com Firmo, armou
uma emboscada traiçoeira para o malandro e o matou a pauladas, fugindo em seguida com Rita
Baiana, abandonando a mulher.
Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do “Cabeça-de-gato” travaram séria briga com
os “Carapicus”. Um incêndio, porém, em vários barracos do cortiço de João Romão pôs fim à briga
coletiva. O português, agora endinheirado, reconstruiu o cortiço, dando-lhe nova feição e pretendia
realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher “de fina educação”,
legitimamente. Lançou os olhos em Zulmira, filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside
com a família do Miranda e de grande influência junto deste, aplaina o caminho para João Romão,
mediante o pagamento de vinte contos de réis. E em breve os dois patrícios, por interesse, se
tornaram amigos e o casamento seria coisa certa.
Só havia uma dificuldade: Bertoleza. João Romão arranjou um plano para livrar-se dela: mandou
um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo depois,
surgiu a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos senhores. A escrava
compreendeu o destino que lhe estava reservado, suicidou-se, cortando o ventre com a mesma
faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João Romão. Capa do livro O Cortiço.

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lendo ALUÍSIO AZEVEDO


O Cortiço

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência
de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um
suspiro de saudade perdido em terra alheia.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do
chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita
de acumulações de espumas secas.

Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas;
pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros;
trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada
cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se
formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar
de galinhas. De alguns quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à
semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros,
lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As
mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço,
que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo,
ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra
as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas.
Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir,
despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um
só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas;
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante
satisfação de respirar sobre a terra.

Vocabulário:
farto: cheiro
acre: agudo, penetrante
altercavam: discutiam

Cortiço da Rua do Senado, Rio de Janeiro (1906).


Lê-se na foto “Estalagem existente nos fundos de prédios”.

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Literatura
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Exercícios 04. (MACK-SP) Vários autores afirmam que a diferença entre


Realismo e Naturalismo é muito sutil.
01. (UFV-MG) Leia atentamente o fragmento de O Cortiço, Um dos trechos a seguir é claramente Naturalista, assinale-o.
que se refere à personagem Pombinha:
a) “Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e
E na sua alma enfermiça e aleijada, no seu espírito rebelde de rasgou-o. Nesse momento, a moça, embebida no olhar do
flor mimosa e peregrina criada num monturo, violeta infeliz, marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma
que um estrume forte demais para ela atrofiara, a moça cousa nunca antes cantada nem sabida...”
pressentiu bem claro que nunca daria de si ao marido que b) “Enfim chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha
ia ter uma companheira amiga, leal e dedicada; pressentiu quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance
que nunca o respeitaria sinceramente como a um ser superior consternou a todos.”
por quem damos a vida; que nunca lhe voltaria entusiasmo, c) “Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de
e por conseguinte nunca lhe teria amor; desse de que ela se sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das
sentia capaz de amar alguém, se na terra houvera homens ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as
dignos disso. Ah! Não o amaria decerto, porque o Costa era xícaras a tilintar; o cheiro do café aquecia, suplantando todos
como os outros, passivo e resignado, aceitando a existência os outros [...]”
que lhe impunham as circunstâncias, sem ideais próprios, d) “Foi por esse tempo que eu me reconciliei outra vez com
sem temeridades de revolta, sem atrevimentos de ambição, o Cotrim, sem chegar a saber a causa do dissentimento.
sem vícios trágicos, sem capacidade para grandes crimes; Reconciliação oportuna, porque a solidão pesava-me, e a vida
era mais um animal que viera ao mundo para propagar a era para mim a pior das fadigas, que é a fadiga sem trabalho.”
espécie; um pobre-diabo enfim que já a adorava cegamente e e) “E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico
que mais tarde, com ou sem razão, derramaria aquelas mesmas senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono,
lágrimas, ridículas e vergonhosas, que ela vira decorrendo tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas
em quentes camarinhas pelas ásperas e maltratadas barbas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do
do marido de Leocádia. mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.”
Aluísio Azevedo
O autor do romance naturalista, sob a influência das teorias 05. (ITA-SP) O tísico do número 7 há dias esperava o seu momento
cientificistas, apresenta o homem como um “caso” a ser de morrer, estendido na cama, os olhos cravados no ar, a boca
analisado, deixando em segundo plano seu lado espiritual. No muito aberta, porque já lhe ia faltando o fôlego.
texto mencionado, a personagem Pombinha reflete a influência
Não tossia; apenas, de quando em quando, o esforço convulsivo
do determinismo ambiental? Justifique sua resposta.
para atravessar os pulmões desfeitos sacudia-lhe todo o corpo e
arrancava-lhe da garganta uma ronqueira lúgubre, que lembrava
02. (UF-AL) O fragmento é do romance O Cortiço.
o arrular ominoso dos pombos.
O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem
Assinale a característica pertencente ao Realismo-Naturalismo
metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e
que não aparece no excerto anterior.
abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter
fantástico de fúria saída do inferno. a) Animalização do homem.
Aluísio Azevedo b) Visão determinista e mecanicista do homem.
O fragmento é do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo. c) Patologismo.
d) Veracidade.
a) A descrição da personagem exemplifica um típico recurso e) Retrato da realidade cotidiana.
do movimento literário a que se filiou o autor. Que
movimento foi esse e qual o recurso aqui adotado? 06. (UEL-PR) Na obra-prima que é o romance O Cortiço:
b) Exemplifique, com duas expressões retiradas do texto, a a) podemos surpreender as características básicas da prosa
resposta que você deu ao item anterior. romântica: narrativa passional, tipos humanos idealizados,
disputa entre o interesse material e os sentimentos mais nobres.
03. (Unirio-RJ) Sobre o Realismo, assinale a afirmativa correta. b) as personagens são apresentadas sob o ponto de vista
a) O romance é visto como distração e não como meio de psicológico, desnudando-se ante os olhos do leitor graças à
crítica às instituições sociais decadentes. delicada sutileza com que o autor as analisa e expressa.
b) Os escritores realistas procuram ser pessoais e objetivos. c) o leitor é transportado ao doloroso universo dos miseráveis e
c) O romance sertanejo ou regionalista originou-se no oprimidos migrantes que, tangidos pela seca, abrigam-se em
Realismo. acomodações coletivas, à espera de uma oportunidade.
d) O Realismo constitui uma oposição ao idealismo d) vemos renascer, na década de 1930 do século XX, uma prosa
romântico. viril, de cunho regionalista, atenta às nossas mazelas sociais e
e) O Realismo vê o Homem somente como um produto capaz de objetivar em estilo seco parte de nossa dura realidade.
biológico. e) consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada pela
associação direta entre meio e personagens e pelo estilo
agressivo que está a serviço das teses deterministas da época.

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07. (UFG-GO/2013) Leia os textos a seguir Texto 2


Texto 1 Rita Baiana
Zezé Motta
Olha meu nego quero te dizer
O que me faz viver
O que quase me mata de emoção
É uma coisa que me deixa louca
Que me enche a boca
Que me atormenta o coração
Quem sabe um bruxo
Me fez um despacho
Porque eu não posso sossegar o facho
É sempre assim
Ai essa coisa que me desatina
Me enlouquece, me domina
Me tortura e me alucina
Olha meu nego
Isso não dá sossego
E se não tem chamego
Eu me devoro toda de paixão
Acho que é o clima feiticeiro
O Cortiço em quadrinhos.
O Rio de Janeiro que me atormenta
Ronaldo Antonelli. Francisco S. Vilachã.
O coração
Eu nem consigo nem pensar direito
Com essa aflição dentro do meu peito Texto 3 O cortiço
Ai essa coisa que me desatina Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das
Me enlouquece, me domina impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz
Me tortura e me alucina ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da
E me dá fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que
Uma vontade e uma gana dá
o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e
Uma saudade da cama dá
esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno
Quando a danada me chama
Maldita de Rita Baiana e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e
Num outro dia o português lá da Gamboa era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de
O Epitácio da Pessoa fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a
Assim à toa se engraçou e disse: muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno
“Oh Rita rapariga eu te daria 100 miréis por teu amor” do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe
Eu disse: as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe
Vê se te enxerga seu galego de uma figa as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
Se eu quisesse vida fácil daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de
Punha casa no Estácio gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas
Pra Barão e Senador que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo
Mas não vendo o meu amor ar numa fosforescência afrodisíaca.
Ah, ah, isso é que não! Aluísio Azevedo
Olha meu nego quero te dizer
Não sei o que fazer No estabelecimento da coesão textual da letra de canção, a
Pra me livrar da minha escravidão referência ao sentimento que move Rita é feita de maneira
Até parece que é literatura
peculiar.
Que é mentira pura
Essa paixão cruel de perdição Nesse sentido, responda:
Mas não me diga que lá vem de novo a) Que sentimento é esse?
A sensação
Olha meu nego assim eu me comovo b) Considerando-se a progressão das ideias no texto, como a
Agora não referenciação é promovida?
Ai essa coisa que me desatina c) Que efeito de sentido o modo de progressão das ideias
Me enlouquece, me domina provoca em quem lê a canção?
Me tortura e me alucina
E me dá
Uma vontade e uma gana dá
Uma saudade da cama dá
Quando a danada me chama
Maldita de Rita Baiana

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08. (PUC-RS/2015) Leia o trecho de O cortiço, de Aluísio de 10. (Fuvest-SP/2015) Responda ao que se pede.
Azevedo, e preencha as lacunas. a) Qual é a relação entre o “sistema de filosofia” do
Bertoleza é que continuava na cepa torta, sempre a mesma “Humanitismo”, tal como figurado nas Memórias póstumas
crioula suja, sempre atrapalhada de serviço, sem domingo nem de Brás Cubas, de Machado de Assis, e as correntes de
pensamento filosófico e científico presentes no contexto
dia santo: essa, em nada, em nada absolutamente, participava
histórico-cultural em que essa obra foi escrita?
das novas regalias do amigo: pelo contrário, à medida que
ele galgava posição social, a desgraçada fazia-se mais e mais Explique resumidamente.
escrava e rasteira.

A personagem Bertoleza em O cortiço, de Aluísio de Azevedo,


representa o fatalismo que se presentifica em muitas
obras , pautadas pela forte influência de escritores
franceses como .
a) determinista – naturalistas – Émile Zola
b) determinista – simbolistas – Gustave Flaubert
c) capitalista – modernistas – Charles Baudelaire
d) positivista – realistas – Charles Baudelaire
e) capitalista – maneiristas – Émile Zola

09. (UEG-GO/2015) Observe a imagem e leia o texto:

b) De que maneira, em O cortiço, de Aluísio Azevedo, são


encaradas as correntes de pensamento filosófico e científico
de grande prestígio na época em que o romance foi escrito?
Explique sucintamente.

Emigrantes. Lasar Segall.

O mulato

[...] magro e macilento, um tanto baixo, um tanto curvado, pouca


barba, testa curta e olhos fundos. O uso constante dos chinelos
de trança fizera-lhe os pés monstruosos e chatos; quando ele
andava, lançava-os desairosamente para os lados, como o
movimento dos palmípedes nadando. Aborrecia-o o charuto, o
passeio, o teatro e as reuniões em que fosse necessário despender
alguma coisa; quando estava perto da gente sentia-se logo um
cheiro azedo de roupas sujas.
Aluísio de Azevedo

A pintura de Lasar Segall e o fragmento de Aluísio de


Azevedo, embora afastados no tempo, servem-se de motivos
semelhantes, e caracterizam, respectivamente,
a) o Simbolismo e o Naturalismo.
b) o Arcadismo e o Colonialismo.
c) o Expressionismo e o Realismo.
d) o Romantismo e o Parnasianismo.

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Literatura 15
e o u t r a s A r te s

(FUVEST-SP/2015) Texto para as questões 11 a 14. 12. Para entender as impressões de Jerônimo diante da natureza
brasileira, é preciso ter como pressuposto que há
O cortiço
a) um contraste entre a experiência prévia da personagem e
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos sua vivência da diversidade biológica do país em que agora
olhos enamorados. se encontra.
b) uma continuidade na experiência de vida da personagem,
posto que a diversidade biológica aqui e em seu local de
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões
origem são muito semelhantes.
que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio- c) uma ampliação no universo de conhecimento da personagem,
dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma que já tinha vivência de diversidade biológica semelhante,
quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas mas a expande aqui.
brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce d) um equívoco na forma como a personagem percebe e
a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; vivencia a diversidade biológica local, que não comporta
era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que os organismos que ele julga ver.
e) um estreitamento na experiência de vida do personagem,
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e
que vem de um local com maior diversidade de ambientes
traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava e de organismos.
havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os
desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da
terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue 13. Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao
uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música Romantismo, verifica-se no excerto — e na obra a que pertence
feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas — a presença de uma linha de continuidade entre o movimento
romântico e a corrente naturalista brasileira, a saber, a
que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca. a) exaltação patriótica da mistura de raças.
Aluísio Azevedo b) necessidade de autodefinição nacional.
c) aversão ao cientificismo.
d) recusa dos modelos literários estrangeiros.
11. Entre as características atribuídas, no texto, à natureza e) idealização das relações amorosas.
brasileira, sintetizada em Rita Baiana, aquela que corresponde,
de modo mais completo, ao teor das transformações que o
contato com essa mesma natureza provocará em Jerônimo é 14. O efeito expressivo do texto — bem como seu pertencimento
a que se expressa em: ao Naturalismo em literatura — baseia-se amplamente no
procedimento de explorar de modo intensivo aspectos biológicos
a) “era o calor vermelho das sestas da fazenda”. da natureza.
b) “era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma
Entre esses procedimentos empregados no texto, só não se
outra planta”.
encontra a
c) “era o veneno e era o açúcar gostoso”.
d) “era a cobra verde e traiçoeira”. a) representação do homem como ser vivo em interação
e) “[era] a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo constante com o ambiente.
b) exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos
em torno do corpo dele”.
(audição, visão, olfação, gustação), bem como dos receptores
mecânicos.
c) figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive
observados em sua interação.
d) ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana
e à metamorfose em animais.
e) focalização dos processos de seleção natural como principal
força direcionadora do processo evolutivo.

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Literatura
e o u t r a s A r te s

Machado de Assis e o “Realismo Machadiano”

Considerado pela crítica internacional um dos mais importantes escritores do século XIX e da literatura mundial de todos os
tempos, Machado de Assis superou tanto os modelos (as modas!) românticos quanto os realistas.

Machado de Assis (1839-1908) nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Filho de um


pintor mulato e de uma lavadeira de Açores, ficou órfão muito cedo e foi criado
pela madrasta. Desde a infância, manifestou sintomas de epilepsia e gagueira,
que o acompanharam toda a vida. Cursou apenas a escola primária e depois
aprendeu latim e francês com um padre. Como autodidata, devorou livros de
autores e pensadores de diversos países.

Como tinha origem humilde, teve de se manter desde pequeno: foi tipógrafo
e redator, cronista político e poeta romântico. Com 30 anos, casou-se com a
portuguesa Carolina Xavier de Novais, mulher extremamente culta, que estimulou
a vocação machadiana para a prosa de ficção. Seguro financeiramente em cargos
públicos, no Diário Oficial e na Secretaria da Agricultura, a partir da década de
1870 passou a dedicar-se mais livremente à sua arte.

Já era considerado, em fins do século XIX, o maior romancista brasileiro, quando


ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras. Após a morte de sua esposa
Carolina, sentiu sua vida desmoronar, e foi perdendo saúde até que, em 1908,
morreu vitimado por uma úlcera cancerosa e infecção intestinal.

FASES DE SUA OBRA


Machado de Assis aos 60 anos.
1872-1881: Romântica / Pré-Realista
É a fase em que o jovem Machado, enfronhando-se na imprensa e nos meios artísticos, vai formando sua mentalidade e seu estilo.
Ainda voltado para o Romantismo, porém bem menos idealista e menos derramado que os românticos, deixou
quatro romances (Ressurreição, A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia) e
vários livros de contos (Contos Fluminenses e Histórias da meia-noite) de reflexão moral e ética sobre a existência burguesa;
peças de teatro (Queda que as mulheres têm para os tolos, Quase Ministro, Os deuses de sobrecasaca e Tu, só tu, puro amor) e
poesia (Crisálidas, Falenas e Americanas)

1881-1908: Realista
Na fase de maturidade, de pleno poder e exercício do estilo
que o consagrou, Machado nos deixou
cinco romances
Memórias Póstumas de Brás Cubas,
Quincas Borba,
Dom Casmurro,
Esaú e Jacó e
Memorial de Aires,
alguns dos melhores contos de língua portuguesa
Papéis Avulsos,
Histórias sem Data,
Várias Histórias,
Páginas Recolhidas e
Relíquias da Casa Velha,
peças de teatro
Não consultes Médico e Lição de Botânica,
poesia (Ocidentais), Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em foto de 1920.
Nesta área pobre da cidade nasceu Machado de Assis.
crônicas, crítica literária e crítica teatral.

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Literatura 17
e o u t r a s A r te s

Características da Obra Realista Lendo Machado de Assis

Dono de uma visão psicossocial e filosófica da existência, Enredo Memórias Póstumas de Brás Cubas
Machado trouxe para suas obras uma aguda percepção da Esse livro traz a história de Brás Cubas a partir de sua morte, já que
hipocrisia e do egoísmo das relações humanas. Por meio inicialmente o próprio personagem narrador observa que, para tornar a
de uma análise das relações de interdependência entre os narrativa mais interessante e “galante”, havia decidido começá-la pelo fim;
caracteres, detecta o jogo de interesses e o oportunismo ele era, portanto, não um autor defunto, mas um defunto autor. Assim, o
social e moral que guiam a sociedade burguesa. Essa primeiro capítulo começa justamente com a morte de Brás e seu enterro.
análise tende, como toda a literatura realista, para uma A causa de sua morte havia sido, oficialmente, uma pneumonia, da qual
perspectiva pessimista, que destila uma ironia amarga ele não cuidou de forma correta. Entretanto, sua morte de fato deve-se a
e desencantada da existência. uma ideia, segundo ele grandiosa e útil, uma ideia que se transformou em
fixação. Um dia de manhã, caminhando pela chácara onde vivia, pensou
As personagens são construídas a partir das relações em inventar um medicamento sublime, um emplasto anti-hipocondríaco,
de interesse e oportunismo social, com o predomínio destinado a aliviar a melancólica humanidade. Para justificar a criação de
da vaidade e do egoísmo sobre as virtudes românticas. tal emplasto frente às autoridades, Brás chamou a atenção de que a cura que
O jogo de dissimulação na vivência social configura- traria seria algo verdadeiramente cristão, além de não negar as vantagens
se no uso de “máscaras” sociais que deixam ambígua financeiras que tal produto traria. Contudo, já morto, confessou que o real
a percepção das intenções e dos caracteres. As motivo era ver seu nome escrito nas caixinhas do medicamento e em todas
relações humanas são sempre entediadas e monótonas, as fontes publicitárias, pois as embalagens levariam seu nome. Ou seja, o
cristalizando as célebres imagens do tédio burguês medicamento traria a ele fama, glória — e era isso que mais o interessava.
machadianas (a monotonia dos casais idosos, o silêncio Brás Cubas nasceu no dia 20 de outubro de 1805. Foi uma grande festa para
dos erros familiares, a vida social burguesa limitada a toda a família. Houve muitas visitas à sua casa e o pai estava orgulhoso
lares, salões, bailes e ruas de comércio). por haver tido um filho homem. Todas as informações dadas são curtas,
mas revelam os mimos recebidos pelo garoto durante toda a infância.
Quanto ao seu estilo, o predomínio da ironia sutil faz Desde os cinco anos recebera o apelido de “menino diabo”. Reconhece ele
de Machado o mestre da ambiguidade e da pluralidade mesmo que, de fato, foi um dos mais malvados e travessos de seu tempo.
interpretativa. Uma de suas diabruras foi ter quebrado a cabeça de uma escrava porque
ela lhe negara uma colher de doce de coco, quando o menino tinha seis
Sua aguçada inteligência e prática literária guiam-no com anos. Prudêncio, um moleque escravo da família, era seu cavalo de todos
precisão na construção dos seguintes recursos: os dias. Brás conta ainda outras diabruras que fazia, entretanto, nada disso
parecia ter importância para seu pai, que o admirava e, se lhe repreendia
● metalinguagem na presença dos outros, em particular lhe dava beijos.
(discussão sobre o fazer literário durante a narrativa);
Brás conta que cresceu normalmente. Foi à escola, que ele considerava
● leitor incluso enfadonha, onde teve aulas com um professor de nome Ludgero Barata.
(discurso dialógico: o narrador dirige-se ao leitor, Foi justamente ali que conheceu um de seus melhores amigos de infância,
em geral ironicamente). Quincas Borba, com quem se reencontrou mais tarde. Ambos os garotos
revelam-se travessos e mimados, já que o Quincas era filho único, adorado
Sua vasta cultura deixa-o à vontade para exercer: pela mãe, que o vestia muito bem, mandando um pajem indulgente
acompanhá-lo a todos os lugares.
● a intertextualidade (diálogo com obras e autores
clássicos, científicos, filosóficos, e até com trechos e Revelou-nos seu caso com uma prostituta espanhola, a primeira mulher de
personagens de sua própria autoria) e sua vida. Brás a conheceu quando tinha dezessete anos. O jovem estava
completamente envolvido pelos encantos da bela Marcela, a quem conseguiu
● a digressão (interrupções do narrador, para buscar no conquistar, o que, contudo, lhe custou muitas joias caras e presentes diversos.
mundo, no leitor, em si mesmo ou em algum intertexto, Brás confessou-se muito apaixonado neste período, motivo pelo qual o
referências analógicas para seu enredo), momentos pai o enviou para estudar na Europa, receoso do envolvimento profundo
reflexivos do narrador, em que a sequência dos fatos do filho com uma prostituta.
fica suspensa. Brás Cubas viajou para Portugal, onde estudou. Confessou haver sido um
estudante medíocre, mas nem por isso deixou de conseguir o diploma. Nos
tempos da universidade, apenas mencionados, preferia sair a fazer qualquer
Fique Atento! tipo de tarefa ao estudo. O diploma que lhe conferiram estava longe de
Não confunda digressão com flash-back, que é a técnica representar o conhecimento artificial que havia adquirido, artificialidade
narrativa, muito empregada pelos românticos, de esta que marcou toda sua vida e as ações das pessoas que estavam à sua
interromper uma sequência básica de fatos para inserir outra volta. Afinal, durante toda a sua vida, Brás Cubas nunca precisou pôr em
sequência de fatos, bem anteriores àquela sequência básica. prática seus estudos: nunca precisou trabalhar para sustentar-se.

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Literatura
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De volta ao Rio, Brás chegou a tempo de ver sua mãe viva, mas já Brás Cubas se reencontrou com Quincas Borba, que estava em uma
muito mal, à beira da morte, por causa de um câncer no estômago. situação deplorável, tornara-se um mendigo. Quincas acabou roubando
Pela primeira vez, deparava-se com uma perda real e confessou que o relógio de Brás Cubas neste encontro. Ainda nesse período, ocorreu
até então era um presunçoso que apenas havia se preocupado com a reconciliação com a família, motivo de alegria para o narrador, que
coisas fúteis. voltou a visitar regularmente a irmã Sabina. Ela, como sempre, continuou
O pai de Brás Cubas tinha dois projetos para o filho: um excelente insistindo na ideia de que Brás precisava se casar, um homem em sua
casamento com uma moça de nome Virgília, filha do conselheiro posição não podia continuar sem um herdeiro para o nome da família.
Dutra, importante político, e uma candidatura a deputado. Brás Cubas O amor de Brás Cubas e Virgília, neste momento, vivia seu ponto
relutava, mas o pai não se deixava vencer. máximo. Além disso, Virgília disse estar grávida. Contudo, Virgília
Em visita a uma velha amiga da família, Dona Eusébia, Cubas conheceu perdeu o filho que estava esperando. Além do mais, o marido recebeu
a filha desta, Eugênia. Brás Cubas simpatizou com a jovem e, mais uma carta anônima acusando os dois amantes. A mulher negou
que isso, pensou que poderia tirar proveito da situação. Conseguiu veementemente que aquilo pudesse ter qualquer fundo de verdade, mas
beijá-la, entretanto a moça revelou-se dona de enorme dignidade, o como Lobo Neves ficara desconfiado, Brás afastou-se da residência do
que confundiu Brás Cubas. Além disso, ele descobriu que Eugênia casal, mesmo porque o espaço da Gamboa continuava resguardado.
tinha um defeito de nascença: era coxa. Todos esses aspectos fizeram Virgília partiu do Rio de Janeiro, pois Lobo Neves fora nomeado para
com que ele confirmasse que não se deveria envolver seriamente com ocupar um cargo fora da corte. A tristeza de Brás Cubas, entretanto, como
ela, já que, além de tudo, ela estava em condição social inferior à sua. qualquer de seus pensamentos mais profundos, passou rapidamente, em
Disposto a acatar os dois projetos do pai, conheceu Virgília, começaram especial pelo reaparecimento de Quincas Borba e por seu envolvimento
a namorar. Ele estava em vias de candidatar-se. Neste ínterim, passou com Dona Eulália, chamada familiarmente de Nhã-Loló. A jovem tinha
por um ourives, certo dia, para consertar o vidro do relógio que lhe dezenove anos, era filha de Damasceno, faltava-lhe certa elegância,
havia caído e deparou com Marcela, que agora estava com o rosto segundo Brás, mas tinha belos olhos e uma expressão angelical. Brás
repleto de bexigas. A beleza de sua juventude desaparecera, dando conheceu-a ainda quando Virgília estava no Rio de Janeiro e estava
lugar à deformação, que Brás fez questão de descrever detalhadamente. grávida. Sabina insistia na ideia de que Nhã-Loló seria uma excelente
Aquela visão o incomodou por algum tempo, entretanto não durou esposa para o irmão, que se esquivava por aquela época. Entretanto,
muito, como praticamente todos os seus problemas. quando se deu conta, estava praticamente nos braços da jovem e
Algum tempo depois de seu noivado com Virgília, surgiu, de repente, acabaram ficando noivos três meses após a viagem de Virgília. Acontece,
Lobo Neves, homem inteligente e astuto, que lhe arrebatou Virgília e porém, que a jovem morreu repentinamente, antes do casamento, fato
a candidatura. O pai não resistiu ao fracasso do filho, morreu quatro que nos vem anunciado não pela voz do personagem narrador, mas
meses depois, tempo durante o qual ele repetia decepcionado a sim pela apresentação do epitáfio:
expressão “Um Cubas”, inconformado com a sorte do herdeiro da Epitáfio
__________
família.
AQUI JAZ
Passada a morte do pai, os irmãos Brás e Sabina, com a participação de DONA EULÁLIA DAMASCENA DE BRITO
Cotrim — marido de Sabina —, fizeram a partilha dos bens. Armou- MORTA
se uma grande e mesquinha discussão, os dois brigaram por causa da
AOS DEZENOVE ANOS DE IDADE
herança deixada pelo pai, desde propriedades até a prataria, motivo
ORAI POR ELA!
__________
de grande desavença, pois nenhum dos irmãos queria abrir mão da
antiga relíquia da casa, usada em ocasiões importantes como o jantar Quincas Borba reapareceu após ter recebido uma herança e voltado a
em comemoração à derrota de Napoleão. No fim da disputa, os dois ocupar boa posição social. Brás Cubas observou que o amigo estava
irmãos saíram brigados e já não conversavam entre si. com um comportamento um pouco estranho. Quincas defendia uma
Por esta mesma época, Brás recebeu de Luís Dutra, um primo de filosofia criada por ele mesmo, o Humanitismo. Diz o filósofo que o
Virgília, a notícia de que ela estava voltando do norte com o marido, mundo é uma projeção de Humanitas, que seria a substância de todas
então deputado. Encontram-se um dia e ela estava lindíssima. Algum as coisas existentes, da qual elas emanam e para a qual convergem.
tempo depois, como haviam se encontrado em dois outros bailes, o Dito de outra maneira, para ele, todos os homens são iguais entre si,
marido de Virgília convidou Brás Cubas para uma reunião íntima em já que trazem consigo uma parte da tal substância original e todas
sua casa. Brás, por essa época, escrevia textos literários e políticos em suas atitudes têm uma explicação que busca o equilíbrio do mundo,
um jornal. Foi justamente nesta noite que os dois antigos namorados mesmo que por meio da guerra e da violência, já que tudo deve voltar
tiveram um maior contato. A partir daí, reataram sua antiga união, para onde começou.
sobre a qual o narrador relata vários encontros e a paixão que sentiam Nesse sentido, ainda na visão do filósofo Quincas Borba, mesmo aquilo
naquele momento. que nos parece negativo tem uma função essencial. Segundo o seu
Ante as suspeitas do marido, Virgília teve a ideia de que eles deveriam sistema, a dor e o sexo são excluídos do mundo, enquanto a guerra,
arrumar uma casinha onde se encontrariam, um lugar que seria só a fome e outras formas de violência existem para que o meio possa
deles, já que sempre se encontravam na presença de outras pessoas, selecionar aqueles que são mais fortes. Os mais fracos não sobrevivem
principalmente do marido. A casinha da Gamboa foi, de fato, a saída e assim deve ser. Além de tudo, devem sentir-se felizes também, já
encontrada pelos amantes para que pudessem continuar seu romance, que estão tomando parte do sistema do Humanitas. Em outros termos,
pois grande parte da sociedade desconfiava de que havia algo entre estes mais fracos, mesmo derrotados, estariam servindo, de alguma
os dois, por isso os comentários estavam cada vez maiores. Assim, maneira, ao princípio do qual descendem, que prevê tais injustiças como
a casinha foi importantíssima. Ali colocaram D. Plácida, uma velha forma de equilibrar o mundo ou até mesmo de quebrar a monotonia
senhora e ex-empregada da família de Virgília, e então podiam universal. Percebemos nitidamente a identidade dessa filosofia com
encontrar-se com maior tranquilidade. as teorias deterministas de H. Taine e evolucionistas de C. Darwin.

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Quanto à vida diária, depois de algum tempo Fragmento do livro


Brás tornou-se deputado e Lobo Neves voltou
Memórias póstumas de Brás Cubas
ao Rio. Ambos estavam na mesma câmara e
Brás ouvia um discurso proferido pelo marido Dedicatória
Ao Verme
de Virgília. Reencontrou a antiga amante num Que
baile em 1855. Observou que continuava muito primeiro roeu as frias carnes
bonita, ainda que fosse, claro, uma beleza do meu cadáver
diferente. Os dois conversaram muito, mas sem Dedico
falar do passado. Brás teve alguns momentos de com saudosa lembrança
reflexão e uma certa tristeza. Tinha cinquenta estas
anos! Brás almejava o cargo de ministro, coisa Memórias Póstumas
que não conseguiu e nem mesmo a explicação
através de Humanitas que lhe deu Quincas foi Capítulo I Óbito do Autor
capaz de animá-lo. Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria
em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar
Passado algum tempo, Brás recebeu uma carta de
pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é
Virgília pedindo-lhe que fosse ver Dona Plácida,
que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
que estava morrendo na miséria. Ele pensou
foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés,
recusar, mas acabou indo ajudar, a mulher que que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; diferença radical entre
lhe serviu de alcoviteira durante tanto tempo. este livro e o Pentateuco.
Morreu Dona Plácida e Brás decidiu fundar
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta feira do mês de agosto de 1869,
um jornal, que era uma aplicação política do
na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos,
Humanitismo. Era um jornal oposicionista, o
era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze
que preocupou Cotrim, que rompeu relações com amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia
o cunhado. Algum tempo depois, morreu Lobo — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou
Neves, Brás Cubas reconciliou-se novamente um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à
com o cunhado e filiou-se a uma Ordem Terceira, beira de minha cova: Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que
responsável por ajudar as pessoas necessitadas. a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que
Cansou-se depois de alguns meses. Na Ordem tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras
Terceira encontrou Marcela, que morreu no que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza
mesmo dia em que ele visitava um cortiço no as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.”
qual encontrou Eugênia, segundo ele tão coxa Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que
como a deixara e ainda mais triste. cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country
Finalmente, Brás conta que Quincas Borba partiu de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como
para Minas Gerais algum tempo antes e, ao voltar, quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram me ir umas nove ou dez pessoas,
estava louco. E, o mais triste e paradoxal, tinha entre elas três senhoras, — minha irmã Sabina, casada com o Cotrim, — a filha, um lírio-
do-vale, — e... tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. [...]
consciência de sua loucura. Brás concluiu sua
longa e entrecortada narrativa através de um Capítulo II
capítulo que busca resumir a vida pela negação: Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no
“Das Negativas trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as
mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la.
Este último capítulo é todo de negativas. Não Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X:
alcancei a celebridade do emplasto, não fui decifra-me ou devoro-te.
ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-
Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade. Na petição de privilégio
a boa fortuna de não comprar o pão com o suor que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado, verdadeiramente cristão.
do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da distribuição
Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado
Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas
imaginará que não houve míngua nem sobra, e nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três
conseguintemente que saí quite com a vida. E palavras: Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz,
imaginará mal; porque ao chegar a este outro do foguete, de lágrimas. Talvez os modestos me arguam esse defeito; fio, porém, que esse
lado do mistério, achei-me com um pequeno talento me hão de reconhecer os hábeis; “...e eu era hábil.” Assim, a minha ideia trazia duas
saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia
de negativas: — Não tive filhos, não transmiti e lucro; de outro lado, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória. [...]
a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.” Vocabulário:
vulgar: comum
Resumo extraído de campa: túmulo
www.organon.hpg.ig.com.br/r_memoriaspostumas.htm intróito: início
cabo: fim
caracteres: personagens
arguam: apontem, acusem

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Literatura
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Enredo Dom Casmurro


A história se inicia com o narrador-personagem Bento justificando o seu apelido: Dom Casmurro, dado por um vizinho, por ter cochilado
enquanto o jovem lhe recitava uns versos de sua própria autoria. Foi julgado casmurro por ser sempre sério e sisudo; e autointitulou-se
dom para dar-se ares de nobreza.
Dom Casmurro, então, justifica o fato de iniciar um livro. É que, rememorando os episódios de sua vida, teria a possibilidade de atar o
momento atual, a velhice, com a adolescência, época em que se iniciaram os acontecimentos.
Bentinho, filho único, era tímido e retraído. Estava designado, devido à promessa de sua mãe, Dona Glória, a entrar para o seminário.
Aceitou a ideia até os 15 anos, quando se descobriu apaixonado por Capitolina, Capitu, de 14 anos, sua vizinha e amiga de infância. Ela
também estava enamorada e determinou que Bento encontrasse um meio de se livrar do seminário. Ele tentou o apoio da família toda,
prima Justina, Tio Cosme e o agregado José Dias. Porém a campanha não funcionou, mesmo com o apoio de José Dias, que tinha grande
influência sobre Dona Glória. Bentinho acabou indo para o seminário.
Durante sua permanência no seminário, Bento fez alguns amigos, dentre eles Escobar, e se habituou à vida dividida entre o seminário e
sua casa. Capitu, esperta como sempre, conseguiu manter o namoro ignorado por todos.
Em desespero para sair do seminário, Bento chegou até a desejar a morte da mãe, adoentada. Por essa época, pareceu a Bento que Capitu
observava, pela janela, um rapaz. Ele fez uma cena de ciúme e se viu obrigado por Capitu a jurar que nunca mais suspeitaria dela.
Dentre todas as ideias surgidas para tirá-lo do seminário, uma o salvou: a de Escobar. Ao invés de Dona Glória tornar seu filho sacerdote,
ela daria um sacerdote à igreja, porém não ele, mas um órfão que teria os custos pagos por ela. Cumpria-se a promessa, enfim.
Então, aos dezessete anos, Bento saiu do seminário para cursar Direito, formando-se aos 22 anos; Escobar também abandonou o seminário
e foi negociar café.
O casamento entre Bento e Capitu ocorreu finalmente em 1865, gerando uma vida plácida e até certo ponto monótona. Escobar também
se casou, com a amiga de Capitu, Sancha. Bento desejava muito um filho, porém Capitu demorou para engravidar. Até que nasceu
Ezequiel, que se tornou um garoto bonito e esperto.
Durante sua infância, Escobar e Sancha mudaram-se para o Flamengo. Lá, ocorreu a tragédia: Escobar morreu afogado.
O comportamento e os olhares de Capitu, durante o velório e o enterro, fizeram Bento começar a pensar em vários acasos do passado,
levantando suspeitas quanto a Capitu e Escobar serem amantes. Começou a ver semelhanças entre Escobar e Ezequiel, que, aliás, adorava
imitar aquele, com perfeição. Imaginava até que Escobar seria o pai de Ezequiel. Para afastar esse martírio, Bento colocou o filho num
colégio interno; porém, a visão do menino, nos fins-de-semana, atormenta-o.
Ele chegou ao extremo de pensar em suicídio, tomando café envenenado. Com o surgimento do filho nesse momento, resolveu então servir
o café ao menino, porém foi incapaz de fazê-lo. Em seguida, a mãe entrou e ambos discutiram sobre as suspeitas do marido. Resolveram,
então, ir à Suíça, onde Bento tomou uma decisão: ele voltaria só para o Brasil, deixando lá esposa e filho.
Após alguns anos, recebeu a visita inesperada de Ezequiel, que lhe pareceu imagem e semelhança de Escobar jovem. Na verdade, Ezequiel
viera passar uns tempos com o pai, logo após a morte da mãe, enterrada na Suíça. Ambos lamentaram a morte. Ezequiel revelou-lhe seu
plano de viajar para uma exploração arqueológica à Grécia e ao Oriente, onde acabou morrendo de tifo.

Fragmento do livro
Dom Casmurro
Capítulo XXXII – Olhos de Ressaca
Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas,
como eu. É o que contarei no outro Capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha
amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.
— Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto.
Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não fosse; era um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado
a um mascate italiano, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé. Um ou outro,
a verdade é que, apenas entrei na sala, pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta pergunta:
— Há alguma cousa?
— Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para a lição. Como passou a noite?
— Eu bem. José Dias ainda não falou?
— Parece que não.
— Mas então quando fala?
— Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois,
entrará em matéria. Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...
— Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José
Dias poderá influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser padre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se,
porém... É um inferno isto! Você teime com ele, Bentinho.
— Teimo — hoje mesmo ele há de falar.

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Literatura 21
e o u t r a s A r te s

— Você jura?
— Juro. Deixe ver os olhos, Capitu.
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada.” Eu não sabia o que era oblíqua, mas
dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira,
eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu
intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo
que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem
capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia
daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da
praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados
pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-
me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade
tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos
bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das
delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino
Dante; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente
aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, — para dizer alguma cousa, — que era capaz de os pentear, se quisesse.
— Você?
— Eu mesmo.
— Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.
— Se embaraçar, você desembaraça depois.
— Vamos ver.
Capítulo XXXIII – O Penteado
E Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelho. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a
testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu,
mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse.
— Senta aqui, é melhor.
Sentou-se. “Vamos ver o grande cabeleireiro”, disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções
iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar,
devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de
propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era
um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos
como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los
por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto vos
parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de
uma ninfa... Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei
Tétis, risquemos ninfa, digamos somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs. Enfim acabei as
duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as pontas? Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as pontas das
tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
— Pronto!
— Estará bom?
— Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a
cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela
rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o
pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
— Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros.
Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso.
atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas... Não
mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos.
Vocabulário:
pataca: moeda, pequeno valor mascate: comerciante
dissimulada: disfarçada, encoberta cava: funda, aberta
pêndulas: pêndulos, marcadores do tempo inominável: indizível
enxovalhada: suja, manchada derreou: voltou
faltava-me língua: faltavam-me palavras

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DANÇAS DO SÉCULO XIX

VALSA milonga
Baseada em compassos ternários, a valsa surgiu nas regiões Surgiu como uma combinação de música cubana
campestres da Alemanha e Áustria, desenvolvendo-se a partir do (sobretudo a habanera) e a espanhola (flamenco).
minueto e do laendler (dança popular austríaca). Foi introduzida na Com o tempo, tornou-se muito popular na Argentina,
Inglaterra no início do século XIX, e chegou a ser proibida nos salões Uruguai e Rio Grande do Sul.
devido à proximidade entre o casal dançarino. Com o tempo, venceu
as barreiras do preconceito e passou a ser considerada elegante. Essa popularidade, abarcando três países, faz com que a
milonga se apresente como elemento de integração entre
os povos dessa região.
A respeito desse ritmo, e de vários outros praticados nessa
região, vale conferir o documentário A Linha Fria do
Horizonte, dirigido por Luciano Coelho.
Adaptado de: Guilherme Crus.
“Do frio para o mundo: a estética da música platina”.

polca
A dança e a música são originárias da Boêmia (Tchecoslováquia).
Foi bastante popular no século XIX, sobretudo nos salões europeus.

habanera
Gênero de música e dança cubana, em compasso binário,
que influenciou o tango, o maxixe e a música popular de
quase todos os países hispano-americanos.

tango
Embora seja uma dança de origem africana, o tango desenvolveu-se
nos subúrbios de Buenos Aires (Argentina), em casas de prostituição.
No início, a dança era conduzida por passos rápidos e sensuais.
Com o tempo, o estilo se desenvolveu através de caminhos diferentes,
fazendo com que vários tipos de tango se tornassem populares, tanto
na América quanto na Europa.

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maxixe baião
O maxixe é uma dança surgida no Brasil, O baião (dança e música) é praticado no Brasil desde o século XIX, tendo
possivelmente como resultado da combinação sofrido inúmeras transformações. Já em 1842, falava-se no baiano ou baião
criativa entre polca, habanera e lundus (dança de e suas mais diversas formas coreográficas. Inicialmente, foi bem aceito.
origem africana). Pelo seu caráter lúdico e sensual, Com o tempo, foi marcado pelo estigma de dança lasciva, o que reduziu sua
foi alvo de preconceitos. Dava-se-lhe, então, o prática aos ambientes rústicos e campestres. O baião caracteriza-se por ser
nome de “tango brasileiro”. Tornou-se o gênero dança viva, com movimentos improvisados, ágeis, valendo-se do sapateado
dançante mais importante do Rio de Janeiro. Tal e de castanholas (produzidas com estalar dos dedos), palmas, giros. Tanto
como o tango, este estilo foi também “exportado” na dança como na música predomina o caráter de improvisação, de efeito
para a Europa e Estados Unidos, nos primórdios surpreendente. Em alguns casos, pratica-se o desafio entre os dançarinos.
do século XX. Foi o precursor do samba.
Adaptado de André Diniz. Almanaque do Samba.
Jorge Zahar Editor Ltda.

Na imagem, Luiz Gonzaga, o “pai do baião” –


pelo menos o baião do século XX.

xote
Dança possivelmente proveniente da Hungria, marcada em compasso
Observe a tela Batuque, de Johann M. Rugendas. binário ou quaternário, com passos semelhantes aos da polca. Surgiu
Nela, o pintor alemão representa um estágio primitivo do samba. nos salões aristocráticos no final do séc XIX. Conhecido originalmente
com o nome schottisch, foi aos poucos tornando-se popular, assumindo o
bolero nome abrasileirado de chótis e, posteriormente, xote. É muito popular no
Consta que seu nome deriva da palavra espanhola nordeste brasileiro
volero (devolar = voar). A origem da dança
é controversa: há uma versão que associa seu quadrilha
surgimento à Inglaterra; outra versão associa o A quadrilha é uma dança típica das festas juninas, muito popular no
bolero ao fandango – dança espanhola de origem Brasil. Origina-se de velhas danças rurais da França e da Inglaterra.
árabe. Há, ainda, autores que apontam o bailarino Foi introduzida no Brasil pela elite do Império, no início do século XIX.
espanhol Sebastian Cerezo como seu verdadeiro Foi, durante décadas, a dança preferida na corte imperial. Depois
criador, agindo sob inspiração da dança dos popularizou-se, estendendo-se pelas ruas e praças do Brasil.
ciganos. O bolero, a princípio, era executado
com acompanhamento de castanholas, violão e
pandeiro (tal qual o fandango), enquanto o casal
dançava sem se tocar, com sensuais movimentos
de aproximação e afastamento. Na maioria dos
países latino-americanos, ele é dançado de forma
simples e lenta, sem muitas variações.

carimbó
É uma dança de roda do litoral do Pará. Tem origem associada à cultura
indígena, mas recebeu, ao longo dos anos, influência da cultura africana.
ENEM:
Competência de Área 3: Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para
a vida, integradora social e formadora da identidade.
Habilidade 9: Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de
necessidades cotidianas de um grupo social.

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Exercícios Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata,


e achei que era exato, mais tinha ainda um complemento:
01. (FUVEST-SP) Trecho final de Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação”. Parei
Memórias Póstumas de Brás Cubas, e perguntei calado: “Quando seria o dia da criação de Ezequiel?”
Ninguém me respondeu. Eia aí mais um mistério para ajuntar aos
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro.
celebridade do emplasto, não fui ministro, no fui califa,
Machado de Assis. Dom Casmurro. Cap. CXLVI
não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas
faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o Este capítulo de Dom Casmurro permite classificar a narrativa de
suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, Machado de Assis como realista.
nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas Desenvolva essa ideia, comprovando-a com dois elementos do
coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve texto.
míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com
a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro 04. (MACK-SP) Por suas características, não se encaixa na prosa
lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é machadiana o trecho que aparece na alternativa:
a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não
a) Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a
tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da
celebridade do emplasto, não fui ministro, no fui califa, não
nossa miséria.
Machado de Assis conheci o casamento.
Levando o trecho em consideração, examine a expressão “ao b) A leitora, que é minha amiga e abriu este livro com o fim de
chegar a este outro lado do mistério”. Com ela, o narrador: descansar da cavatina de ontem para a valsa de hoje, quer
fechá-lo às pressas, ao ver que beiramos um abismo. Não faça
a) refere-se ao mistério da semidemência do Quincas Borba, isso, querida; eu mudo de rumo.
cuja causa nunca pôde compreender. c) [...] Não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo.
b) alude ao fato de não ter conseguido tornar-se ministro, Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com a pena da galhofa
embora tivesse condições para tanto. e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá
c) alude ao próprio passado, pois só agora percebe como sair desse conúbio.
a sua vida foi inútil e negativa. d) Não sou criança, nem idiota; vivo só e vejo de longe; mas vejo.
d) refere-se ao mistério da morte, pelo qual ele já passou. Não pode imaginar. Os gênios fazem aqui dois sexos como se
e) refere-se ao mistério do casamento e da paternidade, fosse uma escola mista. Os rapazes tímidos, ingênuos, sem
que ele não conheceu. sangue, são brandamente impelidos para o sexo da fraqueza;
são dominados, festejados, pervertidos como meninas ao
02. (UFV-MG) Observe como o narrador inicia o primeiro desamparo.
capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas: e) O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste
princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio.
meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?
seja começar pelo nascimento, duas considerações me
levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu 05. (MACK-SP) Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo,
não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio
autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que público e toda a arte musical. Sabem o que é uma missa cantada;
o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles tempos
Machado de Assis remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristãos,
Escreva, de forma concisa, sobre o narrador-personagem nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que
Brás Cubas, apontando elementos que justifiquem a postura já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras
revolucionária de Machado de Assis, como iniciador do graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos,
movimento literário realista. nada. Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a
mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege
03. (UFU-MG) Não houve lepra a orquestra, com alma e devoção.
Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras O techo que inicia “Cantiga de esponsais”, extraordinário
humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, conto de Machado de Assis, apresenta uma das características
Ezequiel morreu de uma febre tifoide, e foi enterrado de sua prosa.
nas imediações de Jerusalém, onde os dois amigos da Trata-se:
Universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição,
a) do pessimismo.
tirada do profeta Ezequiel, em grego: “Tu eras perfeito
b) do humor.
nos teus caminhos”. Mandaram-me ambos os textos, grego
c) da denúncia da hipocrisia e do egoísmo.
e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e
d) da análise psicológica da personagem.
o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para
e) do leitor incluso.
não tornar a vê-lo.

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06. (PUCCamp-SP) A estruturação dos capítulos de 09. (PUC) O capítulo I — “Óbito do autor” — e o último capítulo — “Das
Memórias Póstumas de Brás Cubas negativas” —, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, fazem referências,
a) estabelece uma linha cronológica em sentido respectivamente, a uma hesitação sobre a abertura pelo princípio ou pelo
inverso, adequando-se, assim, à condição de um fim das memórias do defunto autor e a um saldo no balanço da vida.
“defunto autor”. Considerando esses capítulos e as informações de que dispõe sobre o
b) revela os movimentos caprichosos de um narrador romance, é correto declarar que o narrador Brás Cubas:
sem obrigações com a cronologia e a forma do a) é um autor defunto que oniscientemente começa a narrar, pela morte,
romance convencional. as memórias de amigos céticos e vaidosos, incluindo nesse narrar um
c) revela descompromisso com a linha temporal e balanço de sua própria história.
com a constituição das personagens, cujo caráter b) estrutura a narrativa de modo a principiá-la pelo fim, ou seja, pela
não se define na vertigem das cenas. morte, e vai, aos poucos até o final, revelando ao leitor a razão de um
d) estabelece um padrão próprio, constituindo-se defunto autor se interessar em escrever suas memórias.
numa série de divagações sobre a impossibilidade c) é um autor defunto que relata seu enterro com grandeza, embora não
de se organizar a narrativa. deixe de confessar sua vida de fracassos, confirmados no último capítulo.
e) revela a preocupação do narrador em d) estrutura a narrativa de modo que o leitor siga a cronologia dos
submeter constantemente a matéria narrada acontecimentos da vida do autor defunto, desde a sua morte até o
ao julgamento do leitor, de quem espera a nascimento.
absolvição para tanta desfaçatez. e) é um autor defunto que relata a própria morte, narrando suas memórias
a partir do nascimento, intercalando-as com reflexões psicológicas e
07. (UEL-PR) O romance Memórias Póstumas de Brás finalizando-as com um pequeno saldo.
Cubas, de Machado de Assis, é considerado um
divisor de águas — não apenas em relação à obra Texto para as questões 10 a 12.
do escritor, mas à história da literatura brasileira, já O Cortiço
que naquela obra o autor: Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas
a) abandona de vez a análise psicológica e a ironia, ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos
dando ênfase à trama realista calcada na descrição ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de
dos fatos. camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de
b) introduz entre nós os princípios da escola gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela
naturalista, sobretudo os que representam o dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos: ouviam-
determinismo científico. se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a
c) passa a idealizar valores morais e éticos até então aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e
relativizados, criando agora personagens fortes baldes que se despejavam sobre as chamas. Os sinos da vizinhança começaram
e íntegras. a badalar. E tudo era um clamor. A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como
d) abandona o romantismo de fundo nacionalista à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu
e passa à análise das expressões particulares de moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua
culturas regionais. crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens,
e) renova a forma mesma do gênero romance, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
dando-lhe uma elasticidade na qual ironia e satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela
análise objetiva se fundem. orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar
08. (UEL-PR) Por força das teses deterministas que o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a
abraça em sua ficção, Aluísio Azevedo: louca num montão de brasas.
Aluísio Azevedo
a) subordina as marcas subjetivas de suas
personagens às influências diretas do meio e da 10. (UNIFESP) Em O Cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que
raça a que pertencem. o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente,
b) revela-se um autor otimista quanto à possibilidade preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos.
de os miseráveis reverterem historicamente sua A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos
situação. acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:
c) acredita que a cultura popular, por ser mais a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem
espontânea e criativa, superará os modelos da casinhas ameaçadas pelo fogo.
cultura letrada. b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam
d) faz com que as personagens triunfantes sejam sobre as chamas.
aquelas cujas virtudes morais se imponham sobre c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos...
o poder econômico. d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha
e) é um autor pessimista, pois está convicto de que acesa.
os bons instintos naturais são abafados na vida e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da
aristocrática. casa incendiada...

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11. (UNIFESP) O caráter naturalista nessa obra de Aluísio Azevedo (Insper-SP/2013) Texto para as questões 13 e 14.
oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no final
do século XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes, Quincas Borba
entre si, e estes, esmagando as camadas de baixo, compostas de
brancos pobres, mestiços e escravos africanos. No ambiente de — Mas que Humanitas é esse?
degradação de um cortiço, o autor expõe um quadro tenso de
— Humanitas é o princípio. Há nas coisas todas certa substância
misérias materiais e humanas. No fragmento, há várias outras
recôndita e idêntica, um princípio único, universal, eterno, comum,
características do Naturalismo.
indivisível e indestrutível, — ou, para usar a linguagem do grande
Aponte a alternativa em que as duas características Camões:
apresentadas são corretas.
Uma verdade que nas coisas anda,
a) Exploração do comportamento anormal e dos instintos
baixos; enfoque da vida e dos fatos sociais contemporâneos Que mora no visíbil e invisíbil.
ao escritor. Pois essa sustância ou verdade, esse princípio indestrutível é que
b) Visão subjetiva dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva é Humanitas.
entre o ser humano e o meio ambiente.
c) Preferência pelos temas do passado, propiciando uma visão Assim lhe chamo, porque resume o universo, e o universo é o
objetiva dos fatos; crítica aos valores burgueses e predileção homem. Vais entendendo?
pelos mais pobres. — Pouco; mas, ainda assim, como é que a morte de sua avó...
d) A onisciência do narrador imprime-lhe o papel de criador, e
se confunde com a ideia de Deus; utilização de preciosismos — Não há morte. O encontro de ditas expansões, ou a expansão
vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas,
enunciação e os fatos enunciados. rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de
e) Exploração de um tema em que o ser humano é avaliado pelo uma é a condição da sobrevivência da outra, e a destruição não
mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador
ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens. e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos
famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos,
12. (UNIFESP) Releia o fragmento de O Cortiço, com especial que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra
atenção aos dois trechos a seguir. vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se
Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e
suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a
choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e
destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina
pelo desespero. (...)
a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos,
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia aclamações, recompensas públicas e todos demais efeitos das
dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não
as chamas. chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora
Rico em efeitos descritivos e soluções literárias que configuram e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional
imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio Azevedo apresenta de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a
características psicológicas de comportamento comunitário. destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
Machado de Assis
Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em
comum.
13. Nesse excerto, Quincas Borba explica a base de sua teoria
a) Preocupação de um em relação à tragédia do outro, no humanitista, finalizando com a máxima “Ao vencedor, as
primeiro trecho, e preocupação de poucos em relação à batatas”.
tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo O personagem apresenta, em seu discurso, uma concepção
de todos por si próprios, no segundo trecho.
a) subjetiva, tipicamente romântica, que revela uma visão
c) Angústia de um não poder ajudar o outro, no primeiro
idealizada da guerra.
trecho, e angústia de não se conhecer o outro, por quem se
b) maniqueísta, tipicamente parnasiana, que vê o mundo
é ajudado, no segundo trecho.
dividido entre o bem e o mal.
d) Desespero que se expressa por murmúrios, no primeiro
c) ingênua, tipicamente determinista, que expressa uma visão
trecho, e desespero que se expressa por apatia, no segundo
destituída de valores morais.
trecho.
d) pragmática, tipicamente naturalista, que expressa um olhar
e) Anonimato da confusão e do “salve-se quem puder”, no
impassível diante de vitórias ou mortes.
primeiro trecho, e anonimato da cooperação e do “todos
e) estereotipada, tipicamente realista, que enxerga os homens
por todos”, no segundo trecho.
como seres movidos por instintos primitivos.

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Literatura 27
e o u t r a s A r te s

14. As imagens abaixo fazem parte do game “Filosofighters”. Por defender posição similar, infere-se que, no jogo, o “filósofo”
Inspirado em jogos de lutas, ele propõe uma batalha verbal Quincas Borba não poderia ser adversário de
entre importantes filósofos.
a) Aristóteles, pois ao definir a paz como “destruição” e a
guerra como “conservação”, Quincas Borba recupera a ideia
Nele os argumentos dos pensadores valem como golpes,
de que “o homem é livre só dentro de regras”.
conforme se verifica na ilustração abaixo.
b) Jean Paul-Sartre, pois, assim como o filósofo existencialista,

o mentor do Humanitismo mostra que a necessidade de
alimentação determina a obediência ou a violação às regras.
c) Hobbes, pois a tese do Humanitismo reafirma a ideologia
do autor de “Leviatã”, entendendo que o estado natural é o
conflito.
d) Rousseau, pois defende os mesmos princípios do filósofo
iluminista, mostrando que, embora pareça ser uma solução,
a guerra traz grandes prejuízos à humanidade.
e) nenhum dos pensadores citados, pois Quincas Borba,
ao contrário deles, prevê um destino promissor para a
humanidade.

15. (UNISC-RS/2015) Leia o trecho do conto a seguir e, depois,


assinale a alternativa correta a respeito das obras de Machado
de Assis.
A cartomante
“Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma
explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram
amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado.
Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que
queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não
ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No
princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com
uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio
abrir banca de advogado. (…) Camilo quis sinceramente fugir,
mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando
dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e
pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado.
Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas
a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não
tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos,
estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima
de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas
saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança
e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.”
Machado de Assis

a) No trecho, é possível identificar uma visão idealizada do


amor, o que faz de Machado de Assis um dos principais
autores do Romantismo.
b) O tom bucólico da narrativa permite identificar este conto
como pertencente ao Arcadismo brasileiro.
c) As figuras femininas envolvidas em triângulos amorosos
estão presentes não só em contos, mas também em
romances de Machado, como é o caso de Capitu,
personagem de Dom Casmurro.
Relacione as teorias dos pensadores citados ao excerto de
d) Percebe-se claramente o pessimismo do narrador, traço que
Machado de Assis.
confirma Machado de Assis como um importante autor da
chamada geração Mal do Século.
e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.

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Literatura
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16. (UFRGS-RS/2015) Assinale a alternativa correta sobre a obra 18. A leitura do excerto permite inferir vários traços de caráter do
de Machado de Assis. narrador-personagem.
a) O primeiro romance publicado por Machado de Assis foi Entre os traços relacionados abaixo, o único que não é abonado
Dom Casmurro (1899), totalmente integrado à estética ou confirmado pelo texto é o que está em
romântica, ao pôr em evidência a história de amor entre
a) exibicionismo.
Bentinho e Capitu.
b) populismo.
b) Brás Cubas, o protagonista do romance Memórias c) presunção.
Póstumas de Brás Cubas, é um humanista oriundo da classe d) irreverência.
trabalhadora, defensor dos direitos dos escravos. e) vaidade.
c) Quincas Borba, único romance de Machado de Assis que
apresenta narrador em primeira pessoa, é narrado pelo próprio 19. Pode-se apontar, no texto, a contradição, que repercute na obra
Quincas. a que ele pertence, entre
d) Várias histórias reúne alguns dos principais contos de a) o discurso ostensivamente racional e as alegações
Machado de Assis, entre eles A causa secreta, que narra o incompatíveis com a esfera da razão.
prazer mórbido que sente Fotunato ao presenciar o sofrimento
b) o tom elevado, solene, e o vocabulário de caráter oral-popular.
alheio.
c) a evidente filiação do narrador ao Espiritismo e sua
e) Helena é um romance da última fase de Machado de Assis,
referência ao Velho Testamento.
já integrado ao realismo, na qual se destaca a ironia que
consagrou o autor. d) o caráter clássico da erudição do narrador e o romantismo
de sua demanda de originalidade.
e) a frieza analítica da argumentação e a intensidade
(FGV-RJ/2015) Texto para as questões 17 a 19. emocional do conteúdo nela veiculado.

Memórias póstumas de Brás Cubas 20. (Unicamp-SP/2016)


Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou Memórias póstumas de Brás Cubas
pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a (...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria
minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, de pobre que não via, desde muitos anos, uma nota de cinco
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a mil réis.
primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas
um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda — Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.
é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que — Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim.
também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: — Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém;
diferença radical entre este livro e o Pentateuco. calou-se alguns instantes, depois disse-me positivamente
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês que não queria trabalhar.
Machado de Assis
de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns
sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas e
de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais precisamente, apanha
Machado de Assis o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo.
Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar que
essa passagem
17. Ao configurar as Memórias póstumas de Brás Cubas como
a) explicita a desigualdade das classes sociais na primeira
narrativa em primeira pessoa, conforme se verifica no trecho,
metade do século XIX e propõe a categoria de trabalho
Machado de Assis
como fator fundamental para a emancipação do pobre.
a) deu um passo decisivo em direção ao Realismo, adotando b) indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e propõe
os procedimentos mais típicos dessa escola. a meritocracia como dispositivo pedagógico e moral para a
b) visa a criticar o subjetivismo romântico e os excessos promoção do ser humano no século XIX.
sentimentalistas em que este incorrera. c) elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe social
c) deu a palavra ao proprietário escravista e rentista brasileiro a que pertence Brás Cubas em relação à classe média do
do Oitocentos, para que ele próprio exibisse sua desfaçatez. século XIX, na qual se insere Quincas Borba.
d) parodia as Memórias de um sargento de milícias, retomando d) sugere as posições de classe social das personagens
o registro narrativo que as caracterizava. machadianas, mediante um narrador que valoriza o trabalho,
e) confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez que embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.
este conhece os acontecimentos de que participou.

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21. (Medicina Einstein-SP/2016) Um dos capítulos do romance 23. (ENEM) Casa de Pensão
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis,
Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras,
denomina-se O Humanitismo. Partilha da grande sátira que
constitui a obra e se torna um “nonsense” das memórias nela formando ruas, contornando praças. As chaminés
apresentadas. principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores
dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com o seu
Assim, a respeito do Humanitismo, de acordo com o romance,
é incorreto afirmar que passo vagaroso, parando à porta dos fregueses; tilintando o
chocalho; os quiosques vendiam café a homens de jaqueta e
a) é uma teoria que, criada por Brás Cubas e difundida por
chapéu desabado; cruzavam-se na rua os libertinos retardios
Quincas Borba, apoia-se no princípio de humanitas que,
segundo seu autor, rege as condicionantes da vida e da com os operários que se levantavam para a obrigação; ouvia-
morte, não obstante revigorar o sintoma da hipocondria e se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono
exaltar a existência da dor. dos bondes.
Aluísio de Azevedo
b) é uma teoria, espécie de mescla bufa de pensamentos
filosóficos que vão da tradição grega até o século XIX,
O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o
utilizada por Machado de Assis para fazer caricatura do
cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto:
Positivismo e do Evolucionismo, teorias científicas e
filosóficas em voga na época.
a) a convivência entre elementos de uma economia agrária
c) é uma doutrina de valorização da vida, defendida por e os de uma economia industrial indicam o início da
um mendigo que acaba seus dias em plena loucura, industrialização no Brasil, no século XIX.
caracterizando, essa situação, forte ironia como marca
b) desde o século XVIII, a principal atividade da economia
estruturante desta obra machadiana.
brasileira era industrial, como se observa no cotidiano
d) é uma teoria que convém a Brás Cubas para justificar descrito.
a vacuidade de sua existência e dar a ele uma ilusão da
c) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX,
descoberta de um sentido para sua vida e pela qual ele acaba
ela continuou a ser uma atividade pouco desenvolvida no
se orientando.
Brasil.
22. (FUVEST-SP/2016) No capítulo CXIX das Memórias d) apesar da industrialização, muitos operários levantavam
póstumas de Brás Cubas, o narrador declara: cedo, porque iam diariamente para o campo desenvolver
atividades rurais.
“Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas
e) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no
das muitas que escrevi por esse tempo.”
texto, ignora a industrialização existente na época.
Nos itens a) e b) encontram-se reproduzidas duas dessas
máximas.
Considerando-as no contexto da obra a que pertencem,
responda ao que se pede.
“Máxima”: fórmula breve que enuncia uma observação de valor
geral; provérbio.
a) “Matamos o tempo; o tempo nos enterra.”
Pode-se relacionar essa máxima à maneira de viver do
próprio Brás Cubas?
Justifique sucintamente.
b) “Suporta-se com paciência a cólica do próximo.”
A atitude diante do sofrimento alheio, expressa nessa
máxima, pode ser associada a algum aspecto da filosofia
do “Humanitismo”, formulada pela personagem
Quincas Borba?
Justifique sua resposta.

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30
Literatura
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A Poesia da Segunda Metade do Século XIX


Paralelamente ao Realismo, desenvolveram-se tendências poéticas que, assim como a escola realista, se opuseram ao Romantismo.
As tendências poéticas que se opuseram ao Romantismo são:
● a poesia metafísica
● a poesia socialista
● a poesia impressionista ou “do cotidiano”
● o Parnasianismo (Brasil)
● o Simbolismo (Brasil e Portugal)

POESIAS REALISTAS SOCIALISTA e METAFÍSICA


Em Portugal, surgiu uma poesia de temática metafísica (de reflexão filosófica sobre a existência humana), representada por
Antero de Quental. Também se realizou naquele país uma poesia de denúncia socialista às desigualdades sociais, também
representada por Antero de Quental. Além dessas, surgiu uma corrente impressionista, também chamada de “poesia do cotidiano”,
representada por Cesário Verde.
Essas correntes poéticas todas voltavam-se contra o idealismo e a hipocrisia das convenções burguesas, típicas do Romantismo.
Destacam-se dois movimentos poéticos dessa segunda metade do século XIX:
● o Parnasianismo, que se desenvolveu apenas no Brasil e teve enorme repercussão entre nós;
● o Simbolismo, que surgiu tanto no Brasil quanto em Portugal, negligenciado pela crítica da época, mas cuja importância
estético-temática para a história da Literatura o passar tempo revelou.

Antero de Quental (1844-1891)


Nasceu nos Açores. Estudou Direito em Coimbra. Sua participação dominante na Questão
Coimbrã deu-lhe renome nacional. Para pôr em prática suas ideias socialistas, viveu como
operário em Paris. De volta a Portugal, participou do Grupo do Cenáculo e organizou as
Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense. Depois disso, começou a padecer
de uma doença nervosa, que o obrigou a recolher-se aos Açores, onde se suicidou.
Considerado um dos maiores sonetistas de
língua portuguesa, Antero de Quental deixou
dois grandes livros de poesia:
Odes Modernas e Sonetos Completos.

Seus sonetos se comparam aos de Bocage


e Camões, tanto pelo tratamento clássico,
traduzindo equilíbrio entre razão e emoção,
quanto pelo pendor por universalizar os temas
e problemas abordados. Antero de Quental

Essas obras apresentam duas tendências distintas:

● a primeira é a do poeta empenhado em agir como a “voz da revolução”,


representando a poesia militante, de cunho socialista.

● a segunda é a da poesia metafísica,


voltada para a expressão da angústia de quem busca um sentido para a existência.

Essas tendências coexistem simultaneamente na obra do poeta, não configurando,


pois, uma sequência cronológica, como nas obras dos prosadores Eça de Queirós ou
Machado de Assis.
Em Greve, tela de Hubert von Herkomer (1891)

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POESIA REALISTA IMPRESSIONISTA Parnasianismo


“POESIA DO COTIDIANO” Surgido da França, esse movimento não se adaptou ao contexto cultural
português, mas encontrou solo fértil no Brasil.
Cesário Verde (1855-1886) A primeira obra brasileira com traços parnasianos de que se tem notícia
é de 1882: Fanfarras, de Teófilo Dias.
O Parnasianismo é conhecido como a escola da “arte pela arte”. Entendendo
“arte” como a entendiam os antigos greco-latinos (ars, artis, em latim,
significa “técnica”, “forma”), os parnasianos concebiam seus poemas como
joias a serem lapidadas, como fruto de um árduo trabalho de carpintaria,
de ourivesaria, de perfeição formal ao extremo.
O poema deixou de ter importância pelos temas que apresentava e passou
a ser veículo de embelezamento sintático, vocabular e de imagens. Ou
seja, a importância do poema era eminentemente formal: ele valia pela
forma bela e perfeita — harmônica, equilibrada — como foi construído.
Podemos elencar suas características assim:
● formalismo e sofisticação;
● poesia antilírica (antissentimetal, antirromântica): impessoalidade e
descritivismo;
● rigor formal: uso de rimas ricas (entre palavras de classes gramaticais
Cesário Verde diferentes) e retomada das formas clássicas (sonetos, oitavas,
decassílabos, alexandrinos);
● culto dos clássicos nos temas e nos valores (culto da beleza artística,
Nasceu em Lisboa. Trabalhou no comércio, na da beleza física humana e do conhecimento);
agricultura, junto com seu pai.
● poesia sentenciosa (com a famosa “chave-de-ouro”: último verso
que resume, numa frase pomposa e solene, o assunto do poema) e de
Publicou vários textos em jornais da época, mas não
filosofismo superficial;
alcançou reconhecimento em vida. Tentou cursar
Letras, mas não conseguiu concluir o curso. Morreu No Brasil, os poetas mais representativos do Parnasianismo eram os que
de tuberculose. formavam o grupo que ficou conhecido como Tríade Parnasiana:
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.
Seus textos foram recolhidos por um amigo e
publicados um ano depois de sua morte, formando o Desses, o mais importante é Olavo Bilac.
volume O Livro de Cesário Verde.

“Sua tematização da cidade e do cotidiano é


expressa dentro de um rigor formal que não inibe
a exploração sugestiva da adjetivação e o uso de
imagens surpreendentes. A captação desse cotidiano é
normalmente impressionista, ou seja, procura-se fixar
as primeiras impressões pelas cenas e objetos, evitando
a interferência analítica de quem observa. Ainda
assim, a cidade é mostrada como um espaço em que as
sensações são despertadas por um frequente espetáculo
de dor humana, protagonizado principalmente pelos
humilhados e marginalizados.”

Ulisses Infante. Textos: leituras e escritas.

Olavo Bilac (à direita) com mais dois poetas de seu tempo:


Alberto de Oliveira (à esquerda) e Raimundo Correia (ao centro).

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Literatura
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Alberto de Oliveira (1859-1937) Sobre o Escritor-personagem


Nascido no Estado do Rio de Janeiro, cursou Medicina e formou-se “Olavo Bilac nasceu em 1865 no Rio, na esquina das ruas
em Farmácia. Foi professor de língua e literatura e exerceu cargos Uruguaiana e Sete de Setembro, a poucos metros de onde
públicos na área de educação. Foi um dos fundadores da Academia se passa a ação de Bilac vê estrelas. Seu pai era médico
Brasileira de Letras. do Exército e lutou na guerra do Paraguai. Para fazer-lhe
a vontade, Bilac entrou para a Faculdade de Medicina (aos
Teve enorme popularidade em vida e chegou a ser eleito, em 1924,
quinze anos, mediante autorização especial), mas logo
“Príncipe dos poetas brasileiros”. Deixou grande número de obras
abandonou-a por falta de vocação. Também por falta de
poéticas.
vocação, nunca se casou.
É o parnasiano mais preso às regras da escola, sobretudo quanto Sua vocação estava na poesia, na boemia e na agitação. Em
à impessoalidade descritivista preconizada pelo Parnasianismo. A 1884 publicou seus primeiros poemas em jornais e iniciou
perfeição formal, ao ponto de esbanjar erudição, e a frieza distanciam intensa atividade como cronista e articulista. Como poeta,
Alberto de Oliveira do leitor atual. era um escravo da beleza, mas como prosador entregou-se
Sua poesia mais interessante localiza-se naqueles textos em que a às campanhas republicana e abolicionista, principalmente
temática é a natureza brasileira, em que ele se permite uma maior em A Cidade do Rio, jornal fundado por José do Patrocínio.
expressão lírica. Lutou também como boêmio, na roda de escritores e
jornalistas liderados por Patrocínio, que agitavam os
Raimundo Correia (1860-1911) cafés cariocas e formavam a opinião pública brasileira.
A República foi instituída em 1889, mas três anos depois
Nasceu a bordo de um navio, no litoral maranhense. Cursou Direito, em
vários participantes do grupo de Patrocínio se opuseram a
São Paulo. Foi magistrado, trabalhou pelo Brasil em Lisboa, e por fim
Floriano, o “marechal de ferro” e segundo militar a ocupar
exerceu os cargos de vice-diretor e professor do Colégio Fluminense,
a presidência. Foram todos presos, inclusive Bilac. Com
em Petrópolis. Faleceu em Paris, durante tratamento de saúde.
os civis finalmente no poder a partir de 1894, ele viria a
Sua poesia sentenciosa, pretensamente filosófica, mas óbvia e simplória, representar o Brasil em diversos congressos internacionais.
deu ao autor muita popularidade. A crítica costuma apontar falta de Sua reputação como poeta já estava firmada desde 1888,
profundidade e um pessimismo mais literário (mais “fingido”) que com a publicação de Poesias, que incluía os livros Via
autêntico. Sua melhor produção localiza-se, assim como acontece com Láctea, Sarças de Fogo e O Caçador de Esmeraldas. Em
Alberto de Oliveira, nos textos cuja temática é a natureza noturna e 1907, um concurso da revista Fon-Fon elegeu-o “o príncipe
enluarada. dos poetas brasileiros”, referendando sua impressionante
popularidade. Mas só em 1917 ele publicaria outro livro
Olavo Bilac (1865-1918) de poesia, Tarde, dedicado a Patrocínio, morto em 1905.
Bilac era um poeta habilidoso na versificação, A escola poética que o teve como maior expoente no
especialista nas rimas ricas, na composição Brasil, o Parnasianismo, foi grande alvo da crítica dos
de frases invertidas mirabolantes, na modernistas de 1922, embora eles reconhecessem o valor
pomposidade da “chave-de-ouro” e no uso de Bilac. Mário de Andrade, na época, classificou-o de
de vocabulário erudito, hiperculto. “o malabarista mais genial do verso em português”. E, na
década de 1910, Oswald de Andrade vinha frequentemente
Sua linguagem pura e preciosa compunha ao Rio render-lhe homenagem.
poemas de um descritivismo sensualista:
apelo às sensações físicas na percepção dos Bilac foi antimilitarista em boa parte da vida e famoso
objetos descritos, seja um palácio romano, pelo espírito galhofeiro e quase irresponsável — estava
seja um objeto de arte, seja um corpo de sempre disponível para brincadeiras, trotes e gozações.
mulher. Olavo Bilac Ao se aproximar dos cinquenta anos, no entanto, foi-se
deixando “oficializar”. Em 1915, ao ver no Exército o
Seus poemas eróticos são bastante ousados para a época.Mais popular único meio de alfabetizar e dar formação profissional aos
dos parnasianos (“o príncipe dos poetas brasileiros”), Bilac foi, ao jovens do atrasado interior do país, pregou o serviço militar
lado de Machado de Assis, um dos primeiros membros da Academia obrigatório. O Exército acolheu com entusiasmo a ideia e
Brasileira de Letras. fez de Bilac o símbolo de sua campanha. O poeta acabou
Em 2000, o jornalista e escritor Ruy Castro lançou um interessante livro se tornando sinônimo do civismo no Brasil. Olavo Bilac
sobre Olavo Bilac, chamado Bilac vê estrelas, que não é uma biografia, morreu no Rio de Janeiro em 1918, aos cinquenta e três
mas uma narrativa de aventuras agitadíssima, totalmente fictícia, e que anos, de problemas cardíacos. Seu enterro foi acompanhado
aproveita alguns elementos da personalidade do homem Olavo Bilac por uma multidão. Em 2000, a Confeitaria Colombo criou
e pretende traçar um painel histórico-cultural do início do século XX. o “picadinho a Bilac”, com champignon, passas, milho
Leia a biografia que o jornalista faz do poeta ao final do livro. verde, banana frita e farofa de ovos.”
Ruy Castro. Bilac vê estrelas. Cia das Letras.

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lendo OS PARNASIANOS Exercícios

OLAVO BILAC 01. (FUVEST-SP)


A Sesta de Nero Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.
Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente. O texto é a primeira estrofe do soneto A Sesta de Nero, de Olavo Bilac.
Nero no toro ebúrneo estende-se indolente... Cite uma característica desse estilo que se comprove pelo texto.
Gemas em profusão do estrágulo custoso
De ouro bordado veem-se: o olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso. 02. (CEFET-MG) “O se tingirá de , no romance e no
Formosa ancila canta. A aurilavrada lira conto, sempre que fizer personagens e enredos se submeterem ao destino
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando, cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou
Arde a mirra da Arábia em recendente pira. se dirá , na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso
Formas quebram, dançando, escravas em coreia... tecnicamente perfeito”.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
No texto acima, preenchem-se as lacunas, respectivamente, com:
Nos alvos seios nus da lúbrica Pompeia.
Vocabulário: pórfiro: mármore com cristais muito brancos a) Realismo / Naturalismo / Parnasianismo.
mármor: mármore b) Romantismo / Naturalismo / Parnasianismo.
ancila: escrava, serva c) Realismo / Naturalismo / Simbolismo.
aurilavrada: trabalhada a ouro
recendente: perfumada
d) Romantismo / Modernismo / Parnasianismo.
coreia: dança acompanhada de cantos e) Romantismo / Modernismo / Simbolismo.

RAIMUNDO CORREIA 03. (PUC-RS) Esta de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos; brilhante copa, um dia,
As Pombas Já deu aos deuses servir como cansada,
Vai-se a primeira pomba despertada... Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas A poesia que se concentra na reprodução de objetos decorativos, como
Raia sanguínea e fresca a madrugada... exemplifica a estrofe de Alberto de Oliveira, assinala a tônica da:
E à tarde, quando a rígida nortada a) espiritualização da vida.
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, b) visão do real.
Ruflando as asas, sacudindo as penas, c) arte pela arte.
Voltam todas em bando e em revoada... d) moral das coisas.
Também dos corações onde abotoam, e) nota do intimismo.
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais; 04. (UF-PR) Mal Secreto
No azul da adolescência as asas soltam, Se se pudesse, o espírito que chora,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, Ver através da máscara da face;
E eles aos corações não voltam mais... Quanta gente, talvez que inveja agora
Vocabulário: nortada: o vento do norte Nos causa, então piedade nos causasse!
Raimundo Correia
Mal Secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora Assinale a alternativa que exprime a oposição fundamental desse texto.
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, a) Corpo versus espírito.
Tudo o que punge, tudo o que devora b) Gente feliz versus gente infeliz.
O coração, no rosto se estampasse; c) Piedade versus falsidade.
Se se pudesse o espírito que chora d) Essência do ser versus aparência.
Ver através da máscara da face, e) Dor versus falsidade.
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse! 05. Assinale a alternativa que não se aplica à estética parnasiana.
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
a) Predomínio da forma sobre o conteúdo.
Como invisível chaga cancerosa! b) Tentativa de superar o sentimento romântico.
c) Constante presença da temática da morte.
Quanta gente que ri, talvez existe,
d) Correta linguagem, fundamentada nos princípios dos clássicos.
Cuja ventura única consiste
e) Predileção pelos gêneros fixos, valorizando o soneto.
Em parecer aos outros venturosa!

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06. (UEM-PR) É provável que o jornal-modelo do século 20 seja um


imenso 3animatógrafo, por cuja tela vasta passem reproduzidos,
I. Se não tivermos lãs e peles finas,
instantaneamente, todos os incidentes da vida cotidiana. Direis que
podem mui bem cobrir as carnes nossas as ilustrações, sem palavras que as expliquem, não poderão doutrinar
as peles dos cordeiros mal curtidas, as massas nem fazer uma propaganda eficaz desta ou daquela ideia
e os panos feitos com as lãs mais grossas. política. Puro engano. Haverá ilustradores para a sátira, ilustradores
Mas ao menos será o teu vestido para a piedade.
por mãos de amor, por minhas mãos cosido. (...) Demais, 19nada impede que seja anexado ao animatógrafo um
II. Torce, aprimora, alteia, lima gramofone de voz 4tonitruosa, encarregado de berrar ao céu e à terra
A frase, e enfim, o comentário, grave ou picante, das fotografias.
No verso de ouro engasta a rima, E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas e noticiaristas,
Como um rubim. houvermos desaparecido da cena – nem por isso se subverterá a ordem
Quero que a estrofe cristalina, social. 14As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. A pena nem
sempre é ajudada pela inteligência; ao passo que 20a máquina fotográfica
Dobrada ao jeito
funciona sempre sob a 5égide da soberana Verdade, a coberto das
Do ourives, saia da oficina
inumeráveis ciladas da Mentira, do Equívoco e da Miopia intelectual.
Sem um defeito. 21Vereis que não hão de ser tão frequentes as controvérsias…

Baseando-se na leitura dos trechos acima, assinale o que for (...)


correto e, depois, some os valores atribuídos. Não insistamos sobre os benefícios da grande revolução que a
01. O excerto I ilustra a afirmação: fotogravura vem fazer no jornalismo. Frisemos apenas este ponto:
o jornal-animatógrafo terá a utilidade de evitar que nossas opiniões
“O bucolismo árcade visava representar a sadia rusticidade
fiquem, como atualmente ficam, fixadas e conservadas eternamente,
dos costumes rurais, sobretudo dos pastores”.
para 6gáudio dos inimigos… Qual de vós, irmãos, não escreve todos os
02. O excerto II denota a preocupação do parnasiano pela forma dias quatro ou cinco tolices que desejariam ver apagadas ou extintas?
requintada. Mas, ai! de todos nós! 15Não há morte para as nossas tolices! 16Nas
04. Os excertos I e II denotam despreocupação com a forma. bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...) catalogadas.
08. O excerto I é constituído de 6 versos. (...)
16. No excerto II ocorrem rimas ricas. No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou a revolução,
que vai ser a nossa morte e a 7opulência dos que sabem desenhar.
32. Todos os versos do excerto I são decassílabos. Preparemo-nos para morrer, irmãos, sem lamentações ridículas,
64. Em todos os versos do excerto II, há correspondência entre o 10 aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, e consolando-
número de sílabas métricas e o número de sílabas gramaticais. nos uns aos outros com a cortesia de que, ao menos, 11não mais
seremos obrigados a escrever barbaridades…
Soma dos itens corretos:
Saudemos a nova era da imprensa! A revolução tira-nos o pão da
boca, mas deixa-nos aliviada a consciência.
(UE-RJ/2014) Texto para as questões 07 a 10.
Olavo Bilac, Gazeta de Notícias (13/01/1901)
Fotojornalismo Vocabulário:
12Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do 1 ceci tuera cela: isto vai matar aquilo
irreparável desastre e da derradeira desgraça. Nós, os rabiscadores de 2 incontinenti: sem demora
3 animatógrafo: aparelho que passa imagens sequenciais
artigos e notícias, já sentimos que nos falta o solo debaixo dos pés… Um
4 tonitruosa: com o volume alto
exército rival vem solapando os alicerces em que até agora assentava 5 égide: proteção
a nossa supremacia: é o exército dos desenhistas, dos caricaturistas e 6 gáudio: alegria extremada
dos ilustradores. O lápis destronará a pena: 1ceci tuera cela. 7 opulência: riqueza, grandeza
13O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e febril, não
admite leituras demoradas, nem reflexões profundas. A onda humana
galopa, numa espumarada bravia, sem descanso. Quem não se apressar 07. Já em 1901, o escritor Olavo Bilac temia que a imagem
com ela será arrebatado, esmagado, exterminado. 8O século não tem substituísse a escrita. No entanto, ele reconhecia aspectos
tempo a perder. A eletricidade já suprimiu as distâncias: daqui a pouco, positivos dessa possível substituição.
quando um europeu espirrar, ouvirá 2incontinenti o “Deus te ajude”
Um desses aspectos é observado no seguinte trecho:
de um americano. 17E ainda a ciência humana há de achar o meio de
simplificar e apressar a vida por forma tal que os homens já nascerão a) O século não tem tempo a perder. (ref. 8)
com dezoito anos, aptos e armados para todas as batalhas da existência. b) Já ninguém mais lê artigos. (ref. 9)
9Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais abrem espaço às c) aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, (ref. 10)
ilustrações copiosas, que entram pelos olhos da gente com uma insistência
assombrosa. As legendas são curtas e incisivas: 18toda a explicação vem d) não mais seremos obrigados a escrever barbaridades...
da gravura, que conta conflitos e mortes, casos alegres e casos tristes. (ref. 11)

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08. O texto, apesar de escrito no início do século XX, demonstra 11. (UNIFESP/2013) Essa poesia não logrou estabelecer-se em
surpreendente atualidade, conferida sobretudo por uma Portugal. De origem francesa, suas primeiras manifestações
semelhança entre a vida moderna da época e a experiência datam de 1866, quando um editor parisiense publica uma
contemporânea. coletânea de poemas; em 1871 e 1876, saem outras duas
coletâneas. Os poetas desse movimento literário pregam o
Essa semelhança está exemplificada na passagem apresentada
princípio da Arte pela Arte, isto é, defendem uma arte que não
em:
sirva a nada e a ninguém, uma arte inútil, uma arte voltada
a) O público tem pressa. (ref. 13) para si própria. A Arte procuraria a Beleza e a Verdade que
b) As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. (ref. 14) existiriam nos seres concretos, e não no sentimento do artista.
c) Não há morte para as nossas tolices! (ref. 15) Por isso, o belo se confundiria com a forma que o reveste, e não
com algo que existiria dentro dele. Daí vem que esses poetas
d) Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...) sejam formalistas e preguem o cuidado da forma artística como
catalogadas. (ref. 16) exigência preliminar. Para consegui-lo, defendem uma atitude
de impassibilidade diante das coisas: não se emocionar jamais;
antes, impessoalizar-se tanto quanto possível pela descrição
09. Vereis que não hão de ser tão frequentes as controvérsias… dos objetos, via de regra inertes ou obedientes aos movimentos
(ref. 21) próprios da Natureza (o fluxo e refluxo das ondas do mar, o voo
A previsão de Bilac sobre a diminuição das controvérsias ou dos pássaros etc.). Esteticistas, anseiam uma arte universalista.
polêmicas, por causa da vitória da imagem sobre a palavra,
baseia-se em uma pressuposição acerca da maneira de Em Portugal, tentou-se introduzir esse movimento; certamente,
representar a realidade. impregnou alguns poetas, exerceu influência, mas não passou
de prurido, que pouco alterou o ritmo literário do tempo. Na
Essa pressuposição está enunciada em:
verdade, o modo fortuito como alguns se deixaram contaminar
a) o desenho critica o real e as palavras expressam consciência da nova moda poética revelava apenas veleidade francófila, em
b) a fotografia reproduz o real e as palavras provocam distorções decorrência de razões de gosto pessoal ou de grupos restritos:
c) a imagem interpreta o real e as palavras precisam de faltou-lhes intuito comum.
inteligência
d) a fotogravura subverte o real e as palavras tendem ao Massaud Moisés. A literatura portuguesa, Adaptado.
conservadorismo
As informações apresentadas no texto referem-se à literatura

10. Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do a) simbolista, cuja busca pelo Belo implicou a liberdade na
irreparável desastre e da derradeira desgraça. (ref. 12) expressão dos sentimentos. O texto deixa claro que essa
A profecia para os escritores, anunciada na primeira frase do literatura alcançou notável aceitação entre os poetas da
texto de forma extremamente negativa, se opõe ao tom e à época.
conclusão do texto. b) simbolista, cuja preocupação com a expressão do sentimento
filia-se à tradição poética do Renascimento. O texto deixa
Considerando esse contraste, o texto de Bilac pode ser
claro que essa literatura teve um desenvolvimento tímido
qualificado basicamente como:
na cena literária portuguesa.
a) irônico c) parnasiana, cuja preocupação com a objetividade a opõe
b) incoerente ao subjetivismo romântico. O texto deixa claro que essa
c) contraditório literatura não se impôs na cena literária portuguesa.
d) ultrapassado d) parnasiana, cuja liberdade de expressão e cujo compromisso
social permitem fundamentar a Arte pela Arte. O texto deixa
claro que essa literatura teve pouco espaço na cena literária
portuguesa.
e) realista, cuja influência da tradição clássica é fundamental
para se chegar à perfeição. O texto deixa claro que essa
literatura teve uma disseminação irregular na cena literária
portuguesa.

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S imbolismo
Surgido na França, o Simbolismo constituiu uma reação ao cientificismo do Realismo-Naturalismo e ao superficialismo do
Parnasianismo. Poesia da realidade subjetiva, nega o objetivismo e o materialismo comuns a essas três estéticas.

Guarda alguma proximidade com o Romantismo, quanto aos temas do saudosismo, do apelo à morte e do pessimismo subjetivo.
Todavia, não mantém a passionalidade dos românticos, nem o seu descontrole emocional, nem o seu sentimentalismo autopiedoso.
No Simbolismo, os temas provêm do universo espiritual, por meio de sugestões de emoção — e não de emoções explícitas —,
por meio da suavidade das palavras — e não por meio da grandiloquência verbal.

Os poetas simbolistas percebem a realidade subjetiva

● de forma metafísica, por meio de empregar substantivos abstratos;


● de forma esotérica, por meio de um vocabulário ritualístico e cabalístico; e
● de forma mística, por meio de um vocabulário litúrgico e sobrenatural.

Os poemas transpiram uma atmosfera onírica (de sonho): sensações indefinidas e falta de lógica predominam. Para isso, o recurso
formal é a sugestão, por meio de musicalidade (ritmo e aliterações), sinestesias (fusão de sensações de naturezas distintas)
e símbolos de difícil percepção.

Embora seus temas sejam renovadores para a literatura, a forma de seus poemas continua atada à métrica e à rima — obviamente
sem o senso de perfeição extrema dos parnasianos.

Os simbolistas, desde sua origem na França, eram vistos como poetas malditos: antiacadêmicos e marginais (deslocados da literatura
oficial), excêntricos (escreviam coisas difíceis de interpretar) e alienados.

Em Portugal, o Simbolismo teve início em 1890, com a publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro. No Brasil, iniciou-se com
Missal e Broquéis, dois livros de Cruz e Sousa, em 1893.

SIMBOLISMO EM PORTUGAL

Eugênio de Castro (1868-1944)


Nasceu em Coimbra e formou-se em Letras. Exerceu cargos diplomáticos em Viena e foi professor. Conheceu o Simbolismo
francês e divulgou-o em Portugal. Foi muito prestigiado em vida, dono de vasta obra poética. Mas hoje é considerado poeta menor,
cuja importância reside sobretudo em ter dado visibilidade o movimento em Portugal.

Camilo Pessanha (1867-1926)

O mais importante poeta simbolista português foi o coimbrão Camilo Pessanha, que
viveu boa parte de sua vida em Macau (China), como professor e funcionário público.
Ali morreu, consumido pelo ópio. Seu único livro, Clepsidra, foi publicado em 1920,
contendo textos ditados a um amigo, quando o poeta esteve pela última vez em Portugal.

Pessanha é conhecido como o “poeta da dor espiritual”: um pessimismo sutil, sem


angústias ou paixões, permeia todos os seus textos. Um saudosismo indefinido compõe
o nítido incômodo existencial em viver a vida presente. Essa dor de existir, que se
constrói de renúncia e silêncio, constitui uma das mais impressionantes obras poéticas
em língua portuguesa.

Poesia de musicalidade suave e sugestiva, compõe fragmentos de realidade e memória,


plenos de sensações vagas e plurissignificativas. A imagem mais fecunda em sua poesia
é a água. Tradicionalmente associada à passagem do tempo, à mutabilidade das coisas,
aprofunda-se, na poesia de Pessanha, em resignada sensação de impotência e desalento
perante o tempo. Não é à toa que seu único livro chama-se “clepsidra”, nome dado na Camilo Pessanha
Grécia antiga aos relógios-d’água.

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Antônio Nobre (1867-1900)

Nasceu no Porto. Depois de uma tentativa frustrada de ser aprovado para o curso de
Direito em Coimbra, cursou e formou-se em Ciências Políticas. Aprovado em concurso
diplomático, morreu de tuberculose antes de iniciar a carreira.

Em vida, publicou apenas um livro, Só, que lhe valeu a celebridade.

“A poesia de Antônio Nobre apresenta a memória como forma de escape de um presente


de infelicidade e inadaptação: na infância rural e inconsciente se encontra a possibilidade
de uma existência feliz. Linguagem coloquial e musicalidade obtida principalmente
pela exploração de recursos presentes na poesia popular são as características formais
mais evidentes dessa produção poética.”
Ulisses Infante. Textos: leitura e escrita.

SIMBOLISMO NO BRASIL

Cruz e Sousa (1861-1898)


Antônio Nobre
Nosso simbolista Cruz e Sousa padeceu todos os males de viver como negro culto em
um país recentemente saído da escravidão: por ser negro, por exemplo, foi impedido
de assumir um cargo público. Trabalhou como jornalista, como ponto de teatro e como
funcionário da Central do Brasil. Integrante dos grupos marginais de poesia simbolista,
teve dificuldade para publicar seus textos, pois a poesia oficial (romântica ou parnasiana)
minava a atividade editorial da época. Morreu tuberculoso, em 1898, depois de perder
toda a família por conta da tuberculose e de ver sua esposa enlouquecer.

O preconceito racial parece ter penetrado em sua poesia: Cruz e Sousa evidencia, em seus
textos, uma fixação pelo branco, pela luminosidade. O gosto simbolista se aprofunda em
sublimação do real, em religiosidade, em sentimentos platônicos de amor, em profusão
de abstrações (personificação de seres abstratos pelo uso de maiúsculas). Sua obra é das
mais complexas em literatura brasileira: emprega uma profusão de sinestesias, uma forte
sonoridade (aliterações, assonâncias e ritmo dançante) e beleza formal a serviço de aguçar
as sensações. Para ele, o poema deve sempre guardar um mistério, que não é revelado
pelo texto e permanece indecifrável para o leitor. Cruz e Sousa

ALPHONSUS DE GUIMARAENS (1870-1921)

Afonso Henrique da Costa Guimarães nasceu em Outro Preto e faleceu em Mariana.


Estudou Direito em São Paulo, a cujo grupo simbolista sempre se manteve ligado.
Depois de realizar seu desejo de conhecer Cruz e Sousa, no Rio de Janeiro,
estabeleceu-se definitivamente em Minas Gerais, exercendo cargos judiciais.

Sua vasta obra comporta três temas fundamentais. A saudade da amada morta (ele
perdeu a prima que amava muito cedo) é o primeiro tema. Convertida em alvo
de platonismo, a imagem da amada aproxima-se da imagem da Virgem Maria,
construindo o segundo tema: a religiosidade católica de cunho devocional e místico.

A solidão e o pessimismo agregados a esses temas trouxeram ao poeta, inevitavelmente,


o tema da morte, vista como forma de ascensão espiritual.

Sua linguagem simples, de melodia delicada e ritmos medievais, constitui um dos


exemplos mais interessantes de poesia que consegue ser profunda e plurissignificativa
Alphonsus de Guimaraens sem apelar para a erudição. A poesia de Alphonsus é o inverso estilístico da de
Cruz e Sousa.

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lendo os simbolistas Exercícios

Camilo Pessanha Cruz e SouSa 01. Cárcere das Almas


Ah! Toda alma num cárcere anda presa,
Violões que choram... (fragmentos) Antífona Soluçando nas trevas entre as grades
Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Do calabouço olhando imensidades,
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras Mares, estrelas, tardes, natureza.
Soluços ao luar, choros ao vento...
De luares, de neves, de neblinas!...
Tristes perfis, os mais vagos contornos, Essa estrofe caracteriza um aspecto do
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Bocas murmurejantes de lamento. movimento simbolista:
Incensos dos turíbulos das aras...
[...] a) sofrimento espiritual.
Formas do Amor, constelarmente puras, b) espírito de renúncia.
Vozes veladas, veludosas vozes, De Virgens e de Santas vaporosas... c) tristeza diante de amores impossíveis.
Volúpias dos violões, vozes veladas, Brilhos errantes, mádidas frescuras d) sofrimento em decorrência da
Vagam nos velhos vórtices velozes E dolências de lírios e de rosas... pobreza material.
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
e) temor diante da injustiça humana.
Indefiníveis músicas supremas,
Vocabulário: Harmonias da Cor e do Perfume...
plangentes: lastimosos, tristes Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, O fragmento de poema abaixo refere-se às
volúpias: desejos Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... questões 02 a 04.
vórtices: redemoinhos
Antífona
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes... Indefiníveis músicas supremas,
Dormências de volúpicos venenos harmonias da Cor e do Perfume...
ALPHONSUS DE GUIMARAENS Sutis e suaves, mórbidos, radiantes... Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Hão de Chorar por Ela os Cinamomos... Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos, Visões, salmos e cânticos serenos,
Fecundai o Mistério destes versos surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Hão de chorar por ela os cinamomos, Dormências de volúpicos venenos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Murchando as flores ao tombar do dia. sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Dos laranjais hão de cair os pomos, Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Lembrando-se daquela que os colhia. Infinitos espíritos dispersos,
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
inefáveis, edênicos, aéreos,
E as emoções, todas as castidades
As estrelas dirão — “Ai! nada somos, fecundai o mistério destes versos
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Pois ela se morreu silente e fria.. . “ com a chama ideal de todos os mistérios.
E pondo os olhos nela como pomos, Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Hão de chorar a irmã que lhes sorria. Fecunde e inflame a rima clara e ardente... 02. É nítido o apelo à musicalidade no
Que brilhe a correção dos alabastros poema, seja na sonoridade das palavras,
A lua, que lhe foi mãe carinhosa, Sonoramente, luminosamente. seja na:
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la a) busca de tons fúnebres para o texto.
Entre lírios e pétalas de rosa. Forças originais, essência, graça b) escolha de um vocabulário
De carnes de mulher, delicadezas... eminentemente musical.
Os meus sonhos de amor serão defuntos... Todo esse eflúvio que por ondas passa c) escolha de um conjunto de palavras
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la, Do Éter nas róseas e áureas correntezas... abstratas.
Pensando em mim: — “Por que não vieram d) utilização de elementos do universo
Cristais diluídos de clarões alacres,
juntos?” religioso.
Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
e) busca de rimas interpoladas: ABBA.
Vocabulário:
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
cinamomos: árvore ornamental Os mais estranhos estremecimentos...
03. A presença de elementos como antífona,
pomos: frutos
Flores negras do tédio e flores vagas salmos, cânticos e réquiem aponta para
De amores vãos, tantálicos, doentios... uma característica do autor desse texto:
Fundas vermelhidões de velhas chagas a) uso de termos religiosos e musicais,
Em sangue, abertas, escorrendo em rios..... que sugerem a atmosfera de
objetividade que paira no poema e
Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, que transforma a sua leitura em algo
Nos turbilhões quiméricos do Sonho, fácil e simples.
Passe, cantando, ante o perfil medonho b) emprego de linguagem religiosa e
E o tropel cabalístico da Morte... ritualística dos antigos clássicos.

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c) emprego de vocabulário profano, opondo ritual cristão a 08. (UCP-PR) Assinale a afirmativa correta.
ritual pagão.
d) emprego de vocabulário sofisticado para tornar complexa a) O Romantismo é consequência do surto de cientificismo e
e indefinível a poesia. da fadiga da repetição das fórmulas subjetivas.
e) uso de termos litúrgicos e musicais religiosos, que sugerem b) O poeta parnasiano deixa-se arrebatar pelo conflito entre o
o mistério e a atmosfera mística do poema. mundo real e o imaginário, expresso num sentimentalismo
acentuado.
04. A sinestesia, ou a fusão de sensações, é uma característica típica c) O Realismo é consequência do surto de cientificismo e da
da época literária a que se vincula esse poema. fadiga da repetição das fórmulas subjetivas.
Aponte a alternativa que transcreve um verso no qual apareça d) No Romantismo, o escritor mergulha no interior das
uma fusão entre sensações auditivas, visuais e olfativas: personagens, mostrando ao leitor seus dramas e sua agonia.
e) No Simbolismo predominou a prosa.
a) “Dormências de volúpicos venenos”.
b) “sutis e suaves, mórbidos, radiantes...”. 09. (UFSCar-SP) A ênfase na seleção de vocabulário poético, com
c) “Infinitos espíritos dispersos”. o objetivo de transferir ao poema o máximo de correspondência
d) “harmonias da Cor e do Perfume...”. sensorial, é uma característica do:
e) “surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...”.
a) Romantismo, sobretudo na obra de Castro Alves.
05. (UNESP) Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética b) Barroco, principalmente em Gregório de Matos.
simbolista. c) Simbolismo, representado pelas obras de Cruz e Sousa e
a) Culto do contraste, que opõe elementos como amor e Alphonsus de Guimaraens.
sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa tentativa de d) Parnasianismo, representado pela obra de Alberto de
conciliar polos antagônicos. Oliveira.
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos greco- e) Pré-Modernismo, principalmente em Jorge de Lima.
romanos, através, sobretudo, de uma linguagem simples,
porém nobre. 10. (PUC) Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens são
c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem primitivo poetas identificados com um movimento artístico cujas
e sua civilização um símbolo de independência espiritual, características são:
política, social e literária.
d) Exploração de ecos, assonâncias, aliterações, numa tentativa a) o jogo de contrastes, o tema da fugacidade da vida e fortes
de valorizar a sonoridade da linguagem, aproximando-a da inversões sintáticas.
música. b) a busca da transcendência, a preponderância do símbolo
e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o entre as figuras e o cultivo de um vocabulário ligado às
vocabulário carregado de termos científicos, o que revela a sensações.
objetividade do poeta. c) a espontaneidade coloquial, os temas do cotidiano e o verso
livre.
06. (UF-MA) Sobre o Parnasianismo e o Simbolismo, na Literatura d) o perfeccionismo formalista, a recuperação dos ideais
Brasileira, é correto afirmar que: clássicos e o vocabulário precioso.
a) os estilos são absolutamente distintos quanto à técnica da e) o jogo de sentimentos exacerbados, o alargamento da
versificação. subjetividade e a ênfase na adjetivação.
b) os dois estilos se aproximam pelas preferências temáticas.
c) à metafísica do primeiro, juntou-se o realismo do segundo. 11. (UEL-PR) Assinale a alternativa que contém apenas
d) os dois estilos se aproximam quanto à técnica da versificação. características da estética simbolista.
e) não há proximidades entre os dois.
a) temática social; hermetismo; valorização dos tons fortes;
07. (FEI-SP) Escolha a alternativa que preencha corretamente, na materialismo; antítese.
ordem apresentada, as lacunas da frase seguinte. b) temática intimista; ocultismo; valorização dos tons fortes;
espiritualidade; sinestesia.
O Simbolismo se opõe ao , aproximando-se do c) temática intimista; hermetismo; valorização do branco e
, no que diz respeito à presença do subjetivismo da transparência; espiritualidade; sinestesia.
e da emoção, segundo observa, por exemplo, em , d) temática bucólica; hermetismo; valorização do branco e
célebre autor de Broquéis. da transparência; espiritualidade; antítese.
e) temática bucólica; ocultismo; valorização das tonalidades
a) Realismo / Romantismo / Cruz e Sousa. verdes; materialismo; sinestesia.
b) Naturalismo / Modernismo / Gonçalves Dias.
c) Arcadismo / Romantismo / Castro Alves.
d) Romantismo / Barroco / Manuel Bandeira.
e) Naturalismo / Modernismo / Olavo Bilac.

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12. (FUVEST-SP) 15. (UEL-PR) Olavo Bilac e Alberto de Oliveira representam um


estilo de época de acordo com o qual:
I. Porque não merecia o que lograva,
Deixei, como ignorante, o bem que tinha, a) o valor estético deve resultar da linguagem subjetiva e
Vim sem considerar aonde vinha, espontânea que brota diretamente das emoções.
Deixei sem atender o que deixava. b) a forma literária não pode afastar-se das tradições e das
crenças populares, sem as quais não se enraíza culturalmente.
II. Se a flauta mal cadente c) a poesia deve sustentar-se enquanto forma bem lapidada,
Entoa agora o verso harmonioso, cuja matéria-prima é um vocabulárilo raro, numa sintaxe
Sabei, me comunica este saudoso elaborada.
Influxo a dor veemente; d) devem ser rejeitados os valores do antigo classicismo, em
Não o gênio suave, nome da busca de formas renovadas de expressão.
Que ouviste já no acento agudo e grave. e) os versos devem fluir segundo o ritmo irregular das
impressões, para melhor atender ao ímpeto da inspiração.
III. Da delirante embriaguez de bardo,
Sonhos em que afoguei o ardor da vida,
Ardente orvalho de febris pranteios, 16. (UNESP) A questão a seguir se baseia no soneto Solar
Que lucro à alma descrida? Encantado, do poeta parnasiano Vítor Silva (1865-1922).

Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem, de um Solar Encantado


amor almejado e passado perdido.
Só, dominando no alto a alpestre serrania,
Avaliando atentamente os recursos poéticos utilizados em cada Entre alcantis, e ao pé de um rio majestoso,
uma delas, podemos dizer que os movimentos literários a que Dorme quedo na névoa o solar misterioso,
pertencem I, II e III são, respectivamente: Encerrado no horror de uma lenda sombria.
Ouve-se à noite, em torno, um clamor lamentoso,
a) Barroco, Arcadismo, Romantismo. Piam aves de agouro, estruge a ventania,
b) Barroco, Romantismo, Parnasianismo. E brilhando no chão por sobre a seiva fria,
c) Romantismo, Parnasianismo, Simbolismo. Correm chamas sutis de um fugor nebuloso.
d) Romantismo, Simbolismo, Modernismo.
e) Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo. Dentro um luxo funéreo. O silência por tudo...
Apenas, alta noite, uma sombra de leve
Agita-se a tremer nas trevas de veludo...
13. (UFV-MG) Assinale a alternativa em que todas as características
de estilo são do Simbolismo. Ouve-se, acaso, então, vaguíssimo suspiro,
E na sala, espalhando um clarão cor de neve,
a) Impassibilidade, vida descrita objetivamente, ecletismo. Resvala como um sopro o vulto de um vampiro.
b) Hermetismo intencional, alquimia verbal, musicalidade.
c) Favor da forma, expressões ousadas, fidelidade nas Vítor Silva. Em P. E. da Silva Ramos.
observações. Poesia parnasiana — antologia. São Paulo: Melhoramentos.
d) Atmosfera de imprecisão, realismo cru, religiosidade.
e) Complexidade, ressurreição dos valores humanos, Tendo em mente que Vítor Silva foi poeta parnasiano quando
materialismo pornográfico. o Simbolismo ou Decadentismo já começava a ser exercitado
em nosso país, e por isso recebeu algumas influências do novo
movimento, leia o poema Solar Encantado e, em seguida,
14. (Cesesp-PE) “O está para o Parnasianismo assim
como a está para o Simbolismo”. a) mencione duas características tipicamente parnasianas do
poema;
A alternativa que não preenche as lacunas é:
b) identifique elementos do poema que denunciam certa
a) verso de ouro / dimensão mística. influência simbolista.
b) artesanato da palavra / liturgia.
c) culto da forma / musicalidade.
d) lirismo exacerbado / realidade chã.
e) perfeccionismo métrico / flexibilidade.

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Literatura 41
e o u t r a s A r te s

17. (Unifesp/2015) Leia o soneto de Cruz e Sousa. (UNESP/2016) Leia o poema do português Eugênio de Castro (1869-1944)
para responder às questões 18 a 20.
Silêncios
Mãos
Largos Silêncios interpretativos, Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
Adoçados por funda nostalgia, o vosso gesto é como um balouçar de palma;
Balada de consolo e simpatia o vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso gesto canta!
Que os sentimentos meus torna cativos; Mãos de veludo, mãos de mártir e de santa,
rolas à volta da negra torre da minh’alma.
Harmonia de doces lenitivos, Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
Sombra, segredo, lágrima, harmonia Caridosas Irmãs do hospício da minh’alma,
Da alma serena, da alma fugidia O vosso gesto é como um balouçar de palma,
Nos seus vagos espasmos sugestivos. Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
Ó Silêncios! Ó cândidos desmaios, Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
Vácuos fecundos de celestes raios Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
De sonhos, no mais límpido cortejo... Duas velas à flor duma baía escura.
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,
Eu vos sinto os mistérios insondáveis Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
Como de estranhos anjos inefáveis Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
O glorioso esplendor de um grande beijo! Mas que depois me haveis coroado de rosas!
Cruz e Sousa. Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos. Afilhadas do luar, mãos de rainha,
Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, Alegrai, como dois netinhos, o viver
respectivamente: Da minha alma, velha avó entrevadinha.
Obras poéticas

a) a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o 18. A musicalidade, as reiterações, as aliterações e a profusão de imagens e
sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias metáforas são algumas características formais do poema, que apontam
se evidenciam nos versos de redondilha maior. para sua filiação ao movimento
b) o esforço de superação do sofrimento coexiste com
a) romântico.
o esgotamento das forças do eu lírico; assonâncias
b) modernista.
e metonímias reforçam os contrastes das rimas
c) parnasiano.
alternadas em versos livres.
d) simbolista.
c) a religiosidade como forma de superação do e) neoclássico.
sofrimento humano; metáforas e antíteses reforçam
o negativismo da desagregação existencial nos versos 19. Verifica-se certa liberdade métrica na construção do poema.
livres. Na primeira estrofe, tal liberdade comprova-se pela
d) a apresentação da condição existencial do eu lírico, a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos modelos clássicos.
marcada pelo sofrimento, em uma abordagem b) variedade do verso decassílabo e do verso alexandrino.
transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a c) presença de um verso com número menor de sílabas que os
sonoridade nos versos decassílabos. alexandrinos.
e) o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais do decassílabo.
conciliação entre o eu lírico e o mundo; metáforas e e) presença de dois versos com número maior de sílabas que os
sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade alexandrinos.
nos versos de doze sílabas.
20. “Alegrai, como dois netinhos, o viver
Da minha alma, velha avó entrevadinha.”
Considerados em seu contexto, tais versos
a) reforçam o modo negativo como o eu lírico enxerga a si mesmo.
b) evidenciam o ressentimento do eu lírico contra os familiares.
c) assinalam uma reaproximação do eu lírico com a própria família.
d) atestam o esforço do eu lírico de se afastar da imagem obsessiva
das mãos.
e) reafirmam o otimismo manifestado pelo eu lírico ao longo do
poema.

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42
Literatura
e o u t r a s A r te s

Gabarito

Realismo / Naturalismo MACHADO DE ASSIS e o “REALISMO MACHADIANO”

01. D 02. B 03. B 01. D


04. O termo “anticlerical” se define em “critica violentamente [...] o 02. Machado se vale de um narrador que expõe o processo de criação literária e,
comportamento do clero” e se exemplifica em “acaba por se envolver dessa forma, rompe a barreira entre a ficção e a realidade. Não o faz de forma
sexualmente”, “o cinismo dos seus colegas, que em nada estranham sua direta e cria um ambiente propicio tanto às alusões quanto às digressões mais
relação com a jovem” e “agora um cínico descarado”. críticas, já que está morto e afastado de qualquer compromisso mundano.
05. As duas manifestações são contrárias às idealizações românticas e procuram se 03. Apesar de se tratar da morte do filho do narrador-personagem, Machado
aproximar do cotidiano das pessoas, exatamente como apontam o Positivismo aproveita a oportunidade para denunciar as hipocrisias das relações humanas
e o Determinismo em voga na época. Contudo, enquanto o Realismo busca ao listar justamente inscrição do túmulo, desenho e despesas do enterro. Além
retratar as variadas realidades sociais por meio de metáforas que expõem, disso, a frieza como quer tratar do assunto se exibe no desfecho irônico:
preferencialmente, a psicologia das personagens, o Naturalismo prefere a “Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro”.
observação externa e o registro direto das reações humanas. 04. D 05. E 06. B 07. E 08. A 09. B 10. E
06.D 07. D 11. A 12. E 13. D 14. C 15. C 16. D 17. C
18. B 19. A 20. D 21. A
Realismo e Naturalismo no Brasil 22. a) “Matamos o tempo; o tempo nos enterra”. Essa máxima relaciona-se
diretamente com o modo de viver de Brás Cubas. Nesse modo de viver,
01. Pombinha não terá destino que não pudesse ser previsto pelo determinismo o que se percebe, em primeiro lugar, é uma atitude de pessimismo. Brás
social. A origem de Pombinha é que determinará que ela se transforme em Cubas cultiva uma visão desencantada da vida. Tanto que, fazendo um
prostituta. balanço de sua própria experiência, no capítulo final da obra, sugere não
02. a) Trata-se da animalização, ou zoomorfização, da espécie humana, típico ter empreendido nenhuma grande realização. Isso se explica sobretudo
recurso do Naturalismo. pela ociosidade a que se entrega, ao longo de sua trajetória. Brás Cubas
b) “crina [cabelo] preta”, “como éguas selvagens”. é rico, não precisa trabalhar. Por isso, “mata o tempo”, isto é, não se
03. D 04. C 05. B 06. E ocupa com trabalhos relevantes. No modo de viver de Brás Cubas
07. a) O sentimento que move Rita é a paixão. também será possível identificar uma postura de ceticismo. Ele não
b) A referenciação é promovida, primeiramente, pela caracterização do adere entusiasticamente a nada. Não tem fé, nem grandes esperanças.
sentimento de Rita Baiana como algo que lhe tira o sossego, enlouquece, Essa atitude coincide com o niilismo, outra postura adotada pelo defunto
aprisiona etc., para, em um segundo momento, dizer de que sentimento autor. Ceticismo, pessimismo, niilismo, ociosidade: todas essas posturas
se trata e identificá-lo como sendo a paixão. podem ser verificadas na máxima pronunciada por Brás Cubas.
c) O modo de progressão das ideias provoca expectativa no leitor, b) “Suporta-se com paciência a cólica do próximo”. Essa máxima relaciona-se
envolvendo-o na atmosfera de inquietude da personagem, despertando ao Humanitismo, sistema filosófico proposto pelo personagem Quincas
seu interesse pela revelação do motivo dessa inquietude e prendendo sua Borba. Segundo tal sistema, humanitas, o princípio vital presente nos seres
atenção até o final da letra de canção. animados, deve permanecer, para que a própria vida permaneça. Nesse
08. A 09. C sentido, necessário que haja a guerra, o assassinato, a superação do mais
10. a) O Humanitismo, corrente filosófica desenvolvida por Quincas Borba, fraco pelo mais forte. Defendendo tal ideia, o Humanitismo legitima o
personagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, constitui-se como triunfo do vencedor, ao mesmo tempo em que não se compadece diante
uma paródia das principais correntes científicas do tempo em que a obra da derrota do perdedor. Esse não compadecimento diante do sofrimento
de Machado de Assis foi lançada (1881, final do século XIX). Essas alheio está claramente indicado pela máxima proferida por Brás Cubas.
correntes (darwinismo, determinismo, positivismo etc) são alvo da 23. A
crítica de Machado de Assis na medida em que se vêem parodiadas por
uma “corrente filosófica” proposta pela voz de um demente — no caso, Parnasianismo
o personagem Quincas Borba.
b) Em O Cortiço, o que se verifica é a validação das principais correntes 01. A linguagem (seleção vocabular e sintaxe), a retomada da cultura clássica
científicas em voga durante o período em que o livro foi lançado (1890). e a preocupação formal.
O determinismo, uma dessas correntes, se faz perceber pela caracterização 02. A 03. C 04. D 05. C
das personagens, profundamente influenciadas pelo meio social e pelo 06. 01 + 02 + 08 + 16 + 32 = 59
tempo em que vivem. Outras correntes científicas, também prestigiadas 07. D 08. A 09. B 10. A 11. C
no momento, também são encaradas como válidas: o evolucionismo,
baseado na pesquisa genética, dá margens ao racismo, um dado presente Simbolismo
na obra; o positivismo, com sua desvalorização da metafísica e do mundo
espiritual em nome da valorização da objetividade também se faz evidente, 01. A 02. B 03. E 04. D 05. D 06. D 07. A
sobretudo quando se tem em vista o fisiologismo da obra (valorização 08. C 09. C 10. B 11. C 12. A 13. B 14. D
do corpo e dos cinco sentidos). 15. C
11. C 12. A 13. B 14. E 16. a) Descrição detalhada, uso de rimas ricas.
b) “horror de uma lenda sombria” garante o mistério típico do simbolismo:
“Ouve-se, acaso, então, vaguíssimo suspiro” presença do elemento sensorial.
17. D 18. D 19. E 20. A

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História geral 1

Crise do Antigo Regime


Revolução Inglesa (1640-1689)
A Revolução Inglesa é considerada a primeira Revolução Burguesa da Europa, marco do início da Crise do Antigo Regime,
ou seja, a crise do Absolutismo, do Mercantilismo e da sociedade de ordens. Chamamos a essa e a outras revoluções de Burguesas
porque originaram mudanças institucionais indispensáveis para a construção do Capitalismo. A Revolução Inglesa eliminou o
antigo modo de produção artesanal, suprimiu as barreiras para o avanço dos cercamentos e completou a capitalização da agricultura.
A Revolução Inglesa realizou-se em duas fases:
● Revolução Puritana: entre 1640 e 1649;
● Revolução Gloriosa: entre 1688 e 1689.

A INGLATERRA PRÉ-REVOLUCIONÁRIA
Às vésperas da Revolução, a Inglaterra passava por profundas transformações:
● Economicamente, durante a dinastia Tudor, houve um grande crescimento do comércio, da manufatura têxtil, da extração
mineral e da construção naval, mas um dos principais obstáculos ao desenvolvimento manufatureiro era a regulamentação da
qualidade, dos preços e dos salários imposta pelas Corporações de Ofício. Do mesmo modo, o comércio inglês era limitado por
algumas companhias que detinham o monopólio sobre determinados produtos ou regiões, restringindo a ascensão da burguesia;
● Socialmente, existia uma configuração peculiar:
— A alta nobreza, os pares, vivia dos impostos de suas propriedades, detinha diversos privilégios e controlava a Câmara dos
Lordes;
— A média e pequena nobreza, a gentry (em português, “homens gentis”), era composta pelos gentlemen, não uma nobreza
de sangue, mas de status. Todos os homens que acumulassem riqueza poderiam adquirir terras, parar de trabalhar e, assim,
comprar um título de cavaleiro ou escudeiro, integrando a gentry. Os gentlemen eram uma camada empreendedora da
nobreza, pois viam a terra como uma mercadoria e produziam visando ao mercado. Karl Marx, em O Capital, defende
que, na Inglaterra moderna, existia uma agricultura verdadeiramente capitalista. A gentry era a grande força na Câmara
dos Comuns;
— A alta burguesia mercantil era aliada da Monarquia, da qual dependia seus contratos de exclusividade comercial e
industrial;
— A pequena burguesia estava descontente com os diversos monopólios impostos pelos reis e os regulamentos das Corporações;
— A maioria dos camponeses vivia uma situação de pobreza. Os yeomen, camponeses livres, proprietários de terra, eram
vítimas dos cercamentos. Assim, dependiam da assistência paroquial das aldeias, vagavam pelos campos ou migravam
para as cidades.
O historiador José Jobson de Andrade Arruda afirmou que havia burgueses de ambos os lados; havia aristocratas de
ambos os lados; havia yeomen de ambos os lados. Mas é a gentry que dá o tônus da Revolução Inglesa, e seu posicionamento
é claro: pelo Parlamento, contra a Monarquia. Foi essa classe que conduziu o processo revolucionário.

O GOVERNO STUART (1603-1640) e A REVOLUÇÃO PURITANA (1640-1649)


O Absolutismo da dinastia Tudor conheceu vários limites: graças à Carta Magna, os reis tinham seus poderes limitados e não
podiam reivindicar o estatuto de reis por Direito Divino, como os franceses. Em 1603, a morte de Elizabeth deixou a dinastia Tudor
sem herdeiros diretos, permitindo que Jaime, rei da Escócia, da dinastia Stuart, primo distante de Elizabeth, assumisse o trono.
Jaime I (1603-1625) procurou implantar uma monarquia absolutista nos moldes franceses. Nesse sentido, governou com
grande desprezo e incompreensão perante o Parlamento, realizando uma defesa eloquente e delirante do Direito Divino. Em
uma sessão do Parlamento, declarou que os reis são com justiça chamados deuses, pois exercem uma espécie de direito divino
na terra. Jaime I também implantou vários monopólios (carvão, alume sabão) e instaurou novos impostos. O Parlamento
opôs-se ferozmente a essa política do Rei, até mesmo porque cabia à instituição autorizar ou não a implantação de novos
impostos. Diante da resistência à sua política, Jaime I fechou o Parlamento por sete anos, governando arbitrariamente.
No campo religioso, Jaime I realizou uma reforma na Igreja Anglicana, aproximando-a da Igreja Católica, o que
enfureceu os puritanos, maioria da população. Além disso, o esplendor, a extravagância e a corrupção da corte Stuart também
causavam imenso rancor nos frios e rígidos líderes puritanos, que viam a corte como depravada, tirânica e papista. Após a
morte de Jaime I, assumiu seu filho Carlos I (1625-1648).
O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. higext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 História
Carlos I manteve as diretrizes do governo do pai. Estabeleceu novas multas, novas regulamentações,
novos impostos e novos monopólios. Implantou o Ship Money, um imposto pago pelas cidades
portuárias para equipar a marinha real. A população, rancorosa, recusava-se a pagar os novos
impostos. O Rei aliou-se à Espanha católica e casou-se com a francesa Henrieta Maria, uma católica
fanática, o que fez a população temer a crescente influência do Catolicismo na corte. Figuras ilustres
que se opunham ao rei eram torturadas e mortas: Prynne teve suas orelhas cortadas por causa de um
panfleto contra a Rainha, Luluburne foi espancado por ter distribuído literatura ilegal e Eliot morreu
encarcerado na Torre de Londres.
A Revolução teve início quando o Rei, em conflito com a Escócia, convocou o Parlamento para
ajudá-lo a reunir homens e recursos para a guerra, mas os parlamentares não queriam. Exigiram
do rei respeito pelos princípios da Magna Carta, a execução dos ministros que promoveram a
repressão aos parlamentares e a abolição dos impostos implantados, pois toda política tributária e
Carlos I retratado por Van Dyck. religiosa deveria ser autorizada pelo Parlamento.
Diante dessa situação cada vez mais tensa, com a ajuda dos recursos da alta nobreza e da alta burguesia, Carlos I refugiou-se
no norte e montou um exército de 20 mil homens, dando início à Guerra Civil Inglesa. Os exércitos reais eram chamados
cavaleiros, partidários da causa realista. Oxford era o centro das forças do Rei. O Parlamento, por sua vez, contava com o apoio
dos grupos puritanos da Inglaterra, que se constituíram no braço armado da causa parlamentar. Os exércitos parlamentares eram
conhecidos como cabeças redondas. Londres era o coração da causa do Parlamento.
Os exércitos puritanos eram liderados pelo radical Oliver Cromwell, um destacado membro da Câmara dos Comuns. Ele montou
o chamado New Model Army, um exército democrático e revolucionário, não de mercenários, mas de voluntários puritanos, que
lutavam por uma causa em comum, com uma hierarquia baseada exclusivamente no mérito do combatente.
Os exércitos realistas foram derrotados: Carlos I foi preso. Após a vitória, Cromwell acabou com a monarquia, considerada
desnecessária, opressiva e perigosa para a liberdade, e proclamou a República da Inglaterra. Em 1649, Carlos I foi decapitado,
acusado de tirano, traidor, assassino e inimigo público do bom povo desta nação. Pela primeira vez na história moderna, um rei
absolutista ia preso e era condenado à morte.
Ao final das batalhas, no entanto, surgiu em Londres um grupo de puritanos radicais, os Levellers (“niveladores”), que exigiam
o sufrágio universal masculino, o livre-comércio, a proteção à pequena propriedade e o fim dos cercamentos. Em 1649, devido
ao radicalismo do movimento, os Levellers foram dizimados por Cromwell, mostrando que o povo, apesar de perder sua vida
defendendo o Parlamento, não comandaria a nova república. Após a derrota dos Levellers, surgiu outro movimento, ainda mais
radical e democrático, os Diggers (“cavadores”), ou “The True Levellers” (“os verdadeiros niveladores”), que propuseram uma
sociedade baseada na propriedade comum da terra, mas foram, do mesmo modo, dizimados.
Embora derrotados por Cromwell, as ideias dos “niveladores” e dos “cavadores” continuaram presentes no pensamento
político inglês e influenciaram decisivamente os filósofos iluministas, a Independência dos EUA e a Revolução Francesa.

A REPÚBLICA DE OLIVER CROMWELL (1649-1660)


Entre 1649 e 1660, a Inglaterra conheceu o único período republicano de sua história, cujos
momentos mais marcantes são:
● Política Interna — Até 1653, Cromwell governou junto ao Parlamento único, porém, a partir
daí, dissolveu o Parlamento e assumiu o título de Lorde Protetor da República da Inglaterra,
Irlanda e Escócia, tornando-se ditador e impondo ao país os princípios puritanos, fechando
teatros, prendendo músicos e perseguindo membros de outros credos;
● Economia — Cromwell removeu as estruturas feudais ainda vigentes, acabando com
monopólios e eliminando os obstáculos institucionais para o livre-desenvolvimento
capitalista. Tratava-se de um largo passo no caminho do livre-comércio e do Capitalismo,
que ainda estava longe de ser plenamente conquistado; Oliver Crowmell
● Política externa — Cromwell consolidou o poderio marítimo inglês, trabalhando a serviço de uma agressiva política externa
comercial e colonial. Como afirmou Christopher Hill, pela primeira vez na história da Inglaterra todo poderio do país foi
colocado a serviço de uma política externa comercial e colonial agressiva. E isto deu o tom aos duzentos anos subsequentes.
O Lorde implantou os famosos Atos de Navegação (1651-1850): a partir de então, toda mercadoria comercializada na
Inglaterra só poderia ser transportada em seus navios ou nos navios do país de origem. A Holanda, principal prejudicada pela
lei, reagiu, dando início à Guerra Anglo-Holandesa (1652-1654), na qual a Holanda foi derrotada e a Inglaterra aumentou
seu poderio marítimo-comercial, fator fundamental para o desenvolvimento do Capitalismo inglês;
● Questão Irlandesa — O governo puritano de Oliver Cromwell foi extremamente impopular na Irlanda e na Escócia. No
famoso massacre de Drogheda, Cromwell reprimiu duramente o movimento monarquista irlandês: todos os homens adultos
que portassem armas deveriam ser mortos. Em seguida, expropriou as terras dos irlandeses católicos e as distribuiu para
protestantes ingleses. O ditador ficou conhecido na Irlanda como “o carniceiro”.
Após a morte de Cromwell, em 1658, assumiu seu filho Richard Cromwell, que, pouco firme em suas decisões e sem o carisma
e a legitimidade do pai, foi deposto em 1659. O Parlamento ofereceu a coroa, em 1660, a Carlos II, filho de Carlos I, acreditando
que, após todos os acontecimentos, Carlos II aceitaria governar com poderes limitados, e assim o país seria reordenado. No
entanto, os acontecimentos tiveram um curso distinto.
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História 3

A RESTAURAÇÃO (1660-1688) e A REVOLUÇÃO GLORIOSA (1688-1689)

O Parlamento coroou Carlos II (1660-1685), que restaurou a Igreja Anglicana e proibiu puritanos e católicos de exercerem cargos
públicos. Após ser coroado, o Rei desprezou o Parlamento e procurou a volta dos princípios do Absolutismo, que conhecia seu
auge na Europa com Luís XIV, aliado de Carlos II. Para simbolizar o poder de seu reinado, em 1661, desenterrou os cadáveres de
Oliver Cromwell e Bradshaw (que presidira o julgamento de Carlos I) para enforcá-los e decapitá-los.

Após a morte de Carlos II, assumiu seu irmão Jaime II (1685-1688), que ignorou os limites impostos pelo Parlamento à sua
posição. Jaime II era um católico entusiasta que, apesar de aparentemente aceitar o Anglicanismo, incorporou católicos aos cargos
públicos, cercou-se de conselheiros jesuítas e fortaleceu a aliança com Luís XIV.

Diante da política desses reis, o Parlamento dividiu-se em dois partidos, em um modelo político bipartidário que influenciou
quase todos os países do hemisfério ocidental:
● Whigs: liberais antiabsolutistas favoráveis ao poder do Parlamento. O filósofo John Locke é o mais famoso whig;
● Tories: conservadores pró-absolutistas favoráveis aos reis Stuart.

Em determinado momento, mesmo os tories perceberam a instabilidade e a intransigência que


representavam os reis Stuart. Caso Jaime II continuasse com suas ações, a Inglaterra entraria em
outra sangrenta guerra civil. Dessa forma, entre 1688 e 1689, o Parlamento estabeleceu um acordo
entre whigs e tories, oferecendo a coroa da Inglaterra ao príncipe holandês Guilherme de Orange,
que trouxe da Holanda um enorme exército, que afugentou Jaime para a França. Ao assumir o trono,
Orange casou-se com Maria Stuart, irmã de Jaime, de certa forma, mantendo a mesma dinastia.

Os membros do Parlamento obrigaram Guilherme III a aceitar o Bill Of Rights (Declaração


de Direitos), por meio do qual ficaram estabelecidas as bases do que viria a ser a Monarquia
Constitucional. De acordo com o documento, ficava estabelecido:
● O Parlamento se reuniria regularmente e teria mais poder que o Rei, controlando as finanças,
as leis e o exército, em uma Monarquia Parlamentar. Cabia ao Rei ser apenas Chefe de Estado;
cabia ao Primeiro-Ministro ser Chefe do Governo, com a responsabilidade de escolher os
Ministros do Estado. Por isso, a máxima o rei reina, mas não governa;
● O Rei era proibido de ser católico e de se casar com uma católica;
● A lei de censura era abolida e estava estabelecida a liberdade de expressão e imprensa; Gravura de Guilherme e Maria Stuart.
● Haveria equilíbrio entre whigs e tories no Parlamento;
● A propriedade particular era protegida;
● Ficou instaurado o Ato de Tolerância religiosa, mantendo, no entanto, a proibição a católicos e calvinistas de participarem
da vida pública.

Devido à relativa tranquilidade desse episódio, sem muito derramamento de sangue, desordens sociais e, principalmente, sem a
participação popular ou as propostas democráticas, ele ficou conhecido como Revolução Gloriosa.

Já para os historiadores marxistas, essa Revolução, longe de ter sido Gloriosa, representa a morte dos ideais democráticos. Por
ser meramente um pacto entre as elites, representou um retrocesso em relação às reivindicações populares colocadas em 1640,
especialmente por “niveladores” e “cavadores”.

De fato, a Câmara dos Lordes manteve poderes superiores aos da Câmara dos Comuns, e a corrupção era mais regra que exceção
no Parlamento. O historiador E. P. Thompson conta como, para conseguir votos, os políticos distribuíam pão, queijo e barris de
cerveja para as multidões. No jogo eleitoral, eram inventadas cidades, os chamados “burgos podres”, para conferir votos aos
políticos poderosos. Os cercamentos continuaram a ser efetuados como nunca.

higext4 CPV
4 História
EXERCÍCIOS 04. (UNESP) O Ato de Navegação, de 1651, teve importância e consequências
consideráveis na história da Inglaterra porque:
01. (UMC-SP) Antes éramos governados por um rei, lordes e comuns, a) favoreceu a Holanda, que obtinha grandes lucros com o comércio
agora o somos por um general, uma corte marcial e a Câmara inglês.
dos Comuns; e peço que me digais onde está a diferença! b) considerava o trabalho como verdadeira fonte de riqueza nacional.
Panfleto Leveller c) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e tornou-se ditador.
Considerando o texto, podemos afirmar que: d) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima
a) os Levellers eram uma facção da nobreza inglesa do século inglesa no mundo.
XVII e se insurgiram contra a tentativa de Carlos I de manter
05. (UF-ES) A Declaração de Direitos resulta do concreto da Revolução
um exército permanente no país.
Inglesa, comprometia-os com cláusulas, como obrigações de cumprir leis
b) o texto demonstra que, durante a Revolução Inglesa, o
votadas pelo Parlamento, sem ter direito a veto; impedimento de lançar
Parlamento era representativo de todos os grupos sociais.
impostos sem a aprovação dos representantes populares; proibição de
c) os Levellers voltaram-se contra o Lorde Protetor, por que
manter um exército permanente, em tempo de paz, sem a anuência do
este, ao decapitar Carlos I, fortaleceu a Câmara dos Lordes,
Parlamento. Em relação à Revolução Inglesa, podemos afirmar que:
que representavam os interesses da velha aristocracia feudal.
d) o general a que se referem os Levellers, representantes de a) concretizou a preponderância católica irlandesa sobre o Protestantismo
uma das tendências mais radicais da Revolução Puritana, era britânico.
Oliver Cromwell. b) enfraqueceu o poder político do Parlamento inglês, aumentando o
do soberano Guilherme II.
02. Nenhuma mercadoria produzida ou fabricada na África, Ásia c) introduziu uma crescente influência política francesa sobre o
e América será importada na Inglaterra, Irlanda ou País de Parlamento inglês.
Gales, Ilhas Jersey e Guernesey, e cidade de Berwick sobre o d) proporcionou a ocupação dos principais cargos políticos pelos
Tweed, outros navios senão nos que pertencem a súditos ingleses, católicos.
irlandeses ou galeses e que são comandados por capitães ingleses e) representou a vitória definitiva do sistema parlamentar britânico
e tripulados por uma equipagem com três quartos de ingleses sobre o Absolutismo monárquico.
nenhuma mercadoria produzida ou fabricada no estrangeiro e 06. (UNIOESTE-PR) Um dos filmes indicados pela Academia de Artes e
que deve ser importada na Inglaterra, Irlanda, País de Gales, Ciências para receber o Oscar — A Rainha, dirigido pelo inglês Stephen
Ilhas Jersey e Guernesey deverá ser embarcada noutros portos Frears — coloca em discussão o papel da monarquia inglesa na atualidade.
que não sejam aqueles do país de origem. Referindo-se aos acontecimentos posteriores à morte da princesa Diana em
English historical documents apud Pierre Deyon, O Mercantilismo. um acidente automobilístico, o filme mostra a Família Real participando
Esses são fragmentos do Ato de Navegação, que traz como dos funerais com sua tradicional reserva, distante dos olhares públicos,
decorrência para a Inglaterra: apresentando-se como guardiã dos valores tradicionais representados
a) a perda de vastos territórios coloniais para a Holanda e Portugal, pela monarquia enquanto instituição. Em contraposição, destaca a figura
pois a marinha inglesa de guerra ficou inferiorizada. do primeiro-ministro Tony Blair, na época recém-empossado, tentando
b) o apoio, de forma decisiva, na formação dos Estados Gerais convencer a rainha a mudar de atitude e aproximar-se da população,
da República das Províncias Unidas, hoje Holanda. frente às expressões públicas de sentimentos de hostilidade para com a
c) o acirramento das rivalidades econômicas com os holandeses monarquia.
e o fortalecimento do comércio exterior inglês. A oposição ou aceitação do modelo de monarquia inglesa é assunto
d) o reforço do Absolutismo da dinastia Tudor e a eclosão da polêmico na própria Inglaterra e, em relação a esse assunto, pode-se
Revolução Puritana, liderada pelos levellers. afirmar que:
e) a garantia da presença do capital inglês na exploração do ouro a) A divisão dos poderes entre o monarca e o parlamento inglês foi
e das pedras preciosas em Minas Gerais. consequência da oposição da Inglaterra aos princípios democráticos
defendidos pela Revolução Francesa a partir de 1789, o que levou a
03. O Ato de Navegação de 1651 originou um conflito contra a monarquia inglesa a diferenciar-se posteriormente do modelo imposto
supremacia naval holandesa. A guerra entre a Commonwealth na França por Napoleão Bonaparte.
e a Holanda nasceu de um determinado número de incidentes b) O poder monárquico inglês foi severamente limitado a partir da
provocados pela rivalidade entre as duas comunidades marítimas, chamada Revolução Gloriosa, no século XVII, com a derrubada
não podendo ser atribuída a nenhuma causa isolada. de Jaime II e a aceitação pelo novo soberano, Guilherme III, da
G. M. Trevelyan, História Concisa da Inglaterra. Declaração de Direitos (Bill of Rights), a partir da qual se ampliava
O texto faz referência ao Ato de Navegação e a guerra entre o poder do parlamento.
Inglaterra e Holanda, que ocorreram: c) A Declaração de Direitos, imposta ao rei Guilherme III a partir da
Revolução Gloriosa no século XVII, instituía a liberdade religiosa e
a) sob o governo da Rainha Elisabeth I, que consolidou a
a liberdade comercial, pontos importantes para o apoio da burguesia
hegemonia naval inglesa.
ao novo soberano.
b) sob o governo de Carlos II, Rei da dinastia Stuart restaurada
d) Para a burguesia mercantil inglesa, a chamada Revolução Gloriosa
após a morte de Cromwell.
do século XVII, com o enfraquecimento do poder real, representou
c) sob o governo da monarquia parlamentarista instituída após
um aumento do intervencionismo e a garantia de monopólios que
a Revolução Gloriosa.
beneficiavam amplos setores de investidores, interessados no controle
d) sob o governo de Henrique VIII, Rei que ao vencer este
sobre o comércio exterior inglês.
conflito implantou o Absolutismo na Inglaterra.
e) A monarquia absoluta inglesa foi instituída a partir da derrubada do
e) sob o governo republicano estabelecido por Cromwell, que
rei Guilherme III e a ascenção de Jaime II, a partir da qual cessaram
a partir de 1653 tornou-se o Lorde Protetor da Inglaterra.
os conflitos entre católicos e protestantes.
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História 5

07. (UE-MT) A Declaração de Direitos, imposta a Guilherme de Orange após 11. (FUVEST-SP) No século XVII, A Inglaterra conheceu
a Revolução Gloriosa na Inglaterra, estabeleceu, entre outros pontos, que: convulsões revolucionárias que culminaram com a
a) a autoridade do monarca sobrepõe-se à do Parlamento. execução de um rei em 1649 e a deposição de outro em
b) a origem divina da Monarquia concede-lhe privilégios. 1688. Apesar das transformações significativas terem
c) o poder da lei é superior ao poder do monarca. se verificado na primeira fase, sob Oliver Cromwell, foi
d) o Parlamento legisla por delegação especial do Rei. o período final que ficou conhecido como “Revolução
e) a vontade do Rei, independentemente do Parlamento. Gloriosa”.
Isso se explica porque:
08. (UDESC-SC) A chamada Revolução Gloriosa (1688-1698) fez triunfar a) em 1688, a Inglaterra passara a controlar totalmente
na Inglaterra as ideias liberais, praticamente um século antes do que iria o comércio mundial, tornando-se a potência mais
acontecer na França e em outras partes da Europa.
rica da Europa.
Assinale a única alternativa que corresponde aos resultados obtidos por b) auxiliada pela Holanda, a Inglaterra conseguiu
esse movimento: conter em 1688 forças contra revolucionárias que, no
a) expansão marítima e início da colonização da América por ingleses. continente, ameaçavam as conquistas de Cromwell.
b) implantação do Capitalismo Industrial e criação dos primeiros bancos c) mais que violência da década de 1640, com suas
comerciais; execuções, a tradição liberal inglesa desejou celebrar
c) limitação da autoridade real e consolidação do Parlamentarismo. a nova monarquia parlamentar consolidada em 1688.
d) declaração dos direitos universais do homem e do cidadão e proibição d) as forças radicais do movimento, como Cavadores e
da escravidão; Niveladores, que assumiram o controle do governo,
e) introdução da democracia e concessão de direitos políticos para todos. foram destituídas em 1688 por Guilherme de Orange.
e) só então se estabeleceu um pacto entre a aristocracia
09. O século XVII é decisivo na história da inglaterra. Toda a Europa enfrentava e a burguesia, anulando-se as aspirações políticas da
uma crise em meados do século XVII e ela se expressava por meio de uma gentry.
série de conflitos, revoltas e guerras civis.
Christopher Hill, O Eleito de Deus. Oliver Cromwel e a Revolução Inglesa 12. (UCSal-BA) A teoria dos direitos naturais do Homem
(vida, liberdade, propriedade, direitos que o Governo
A esse respeito é correto afirmar: escolhido pelo povo tinha o dever de assegurar-lhe) foi
a) Durante o século XVII, a Inglaterra foi a única região que passou ao formulada, no século XVII, por:
largo das turbulências político-sociais que sacudiram as monarquias a) Erasmo de Rotterdan
europeia. b) Adam Smith
b) A Declaração de Direitos (Bill of Rights), elaborada em 1689, estabeleceu c) Jean Jacques Rosseau
a monarquia absolutista na Inglaterra, condição fundamental para o d) John Locke
poderio britânico que se verificaria nos séculos XVIII e XIX. e) Nicolau Maquiavel
c) A chamada Revolução Gloriosa de 1688 consolidou a emergência dos
grupos radicais, denominados niveladores e cavadores, em detrimento 13. (UF-RS) Leia o texto a seguir, extraído de uma obra de
do poder da aristocracia senhorial inglesa. autoria do humanista inglês Tomás Morus.
d) O resultado final da Revolução Inglesa foi a adoção de um pacto político e
religioso entre a burguesia e a nobreza proprietária de terras, que garantiu Vossos carneiros [...] Normalmente tão mansos, tão fáceis
o reconhecimento da supremacia papal sobre os assuntos religiosos da de alimentar com pouca coisa, ei-los transformados, dizem-
monarquia. me, em animais tão vorazes e ferozes que devoram até
e) Após a chamada Revolução Puritana, que resultou na execução do rei mesmo os homens, devastando e despovoando os campos,
Carlos I, e da Revolução Gloriosa, que levou à deposição de Jaime II, as granjas, as aldeias. Com efeito, em todas as regiões
a monarquia teve seu poder limitado, tendo que cumprir as leis votadas do reino, onde se encontra a lã mais fina e, portanto, a
pelo Parlamento. mais cara, os nobres e os ricos — sem falar de alguns
abades, santos homens, não contentes de viverem à larga e
10. (UNESP) Gerald Winstanley, líder dos escavadores da Revolução Puritana preguiçosamente das rendas anuais que a terra assegurava
na Inglaterra (1640-1660), definiu sua época como aquela em que “o velho aos seus antepassados, sem nada fazerem em favor da
mundo está rodopiando como pergaminho no fogo”. comunidade (prejudicando-a, deveríamos dizer) — não
deixam mais nenhum lugar para o cultivo, acabam com
Embora os escavadores tenham sido vencidos, a Revolução Inglesa do século
as granjas, destroem as aldeias.
XVII trouxe mudanças significativas, dentre as quais: Utopia
a) instituição do sufrágio universal e ampliação dos direitos das Assembleias Com esta passagem, o autor pretendeu denunciar:
populares.
b) separação entre o Estado e religião, e a anexação das propriedades da a) o levante dos ciompi.
Igreja Anglicana. b) as Jacqueries.
c) liberação das colônias da Inglaterra e proibição de exploração da mão c) as revoluções comunais.
de obra escrava. d) o Grande Medo.
d) abolição dos domínios feudais e a afirmação da soberania do Parlamento. e) os cercamentos.
e) ampliação das relações internacionais e a concessão de liberdade à
Irlanda.

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6 História

14. (UF-RS) Ao longo da Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, 17. (UNB-DF) A respeito das Revoluções inglesas do século XVII,
emergiu um regime republicano, que durou cerca de uma década, julgue os itens abaixo (V ou F):
sob o comando de Oliver Cromwell, o Lord Protector da Inglaterra. ( ) Durante o período revolucionário de Cromwell, os
Sobre esse período republicano, é correto afirmar que: grupos de levellers (niveladores) e diggers (cavadores)
apresentaram propostas políticas que foram consideradas
a) a Inglaterra, enfraquecida pela transição de regime, ficou à
radicais para a época.
mercê das demais potências europeias, às quais foi obrigada a
( ) a experiência revolucionária inglesa inspirou-se na teoria
conceder uma série de vantagens comerciais.
política de Francis Bacon.
b) Cromwell, no intuito de proteger a economia interna, elaborou
( ) a Revolução Gloriosa, de 1688, assinalou o fim do
diversas restrições comerciais que o colocaram em conflito
absolutismo na Inglaterra e a instauração definitiva da
direto com os holandeses.
monarquia parlamentar.
c) a morosidade com que Cromwell implantou sua política
( ) as Revoluções Inglesas ajudaram na formação do
econômica contribuiu para a curta duração de seu governo.
Capitalismo na Inglaterra
d) ele teve como particularidade o retrocesso do Puritanismo
religioso, característica marcante nos tempos do monarca
18. A Revolução Gloriosa (1688-1689) permitiu o fim do Absolutismo
Carlos I.
na Inglaterra. John Locke, ideólogo do movimento, escreveu sobre
e) ele representou uma fase de distensão entre a Inglaterra e as
o governo civil, defendendo ideias que mais tarde foram chamadas
oposições irlandesas e escocesas.
de liberalismo político.
15. (PUC) Em 1688-1689, a sociedade inglesa vivenciou o episódio A respeito dessas ideias e dessa conjuntura, é correto afirmar:
então denominado de Revolução Gloriosa. Entre suas características, 01. Foi contestado o direito divino do soberano, próprio do
destaca-se a promulgação do Bill of Rights, uma espécie de Absolutismo real.
declaração de direitos que passava a regulamentar os poderes do 02. Defendia-se que o poder monárquico seria exercido segundo
monarca e do Parlamento. um contrato de governantes e governados.
Sobre a importância e os significados do Bill of Rights, assinale a 04. Defendias-se que os homens possuíam “direitos naturais” (vida,
única afirmativa correta. liberdade, propriedade).
08. Tais ideias fizeram parte das bases do Liberalismo político.
a) Houve o fortalecimento das atribuições do Parlamento frente 16. Seus pressupostos permitiram estabelecer o Absolutismo Real
ao poder decisório do monarca, instaurando um conjunto de de Direito Divino.
leis que regulavam, inclusive, a atuação do soberano. 32. Ao término da Revolução Gloriosa, foi elaborada a Declaração
b) Houve a deposição de Guilherme III, sob a acusação de ter de Direitos (1689), pela qual o rei se subordinava ao Parlamento.
elevado impostos sem o consentimento prévio do Parlamento,
como era previsto pelo Bill of Rights. 19. Depois da Restauração (1660) os oficiais do (Exército de) Novo
c) Instituiu-se a tolerância religiosa, estabelecendo severas punições Tipo voltaram a seus ofícios. Os latoeiros que se haviam tornado
para qualquer tipo de discriminação ou perseguição, em especial pregadores retornaram às suas aldeias, ou, como Bunyan, foram
com relação aos que professassem a religião católica. para a cadeia. A propriedade triunfou. Os bispos retornaram à Igreja
d) Houve a ascensão política da burguesia comercial, destituindo estatal, às universidades e dízimos foram mantidos. As mulheres
progressivamente dos cargos ministeriais os representantes dos conheceram de novo o seu lugar. A ilha da Grã-Loucura tornou-se
“landlords” e demais grupos aristocráticos. a ilha da Grã-Bretanha, com a confusão de Deus cedendo lugar
e) Instituiu-se o direito de propriedade e, de forma complementar, à ordem do homem. A Grã-Bretanha tornou-se o maior território
promulgaram-se leis que garantiram a defesa do trabalho livre de livre-comércio em toda a Europa, porém a livre circulação de
e dos pequenos proprietários frente a ameaças tais como a ideias nela era bastante restrira. A nação de profetas, que Milton
servidão por dívidas. queria, tornou-se uma nação de comerciantes.
Christopher Hill. O Mundo de Ponta-Cabeça.
16. A história da monarquia inglesa foi marcada por transformações
decisivas nos séculos XVI e XVII. Deste texto conclui-se que:
Sobre tais mudanças é correto afirmar: a) a Restauração significou o restabelecimento da ordem mas
não conseguiu submeter os militares, as mulheres e religiosos
a) Pelo Ato de Supremacia de 1534, o monarca Henrique VIII radicais.
regularizou o divórcio na Inglaterra e dissolveu o Parlamento, b) a Restauração, ao fazer da Grã-Bretanha uma nação de
consolidando assim seu poder absoluto. comerciantes, frustrou anseios e projetos dos grupos radicais
b) Pelo Ato de Sucessão de 1543, o direito ao trono inglês que haviam aflorado com a revolução.
tornava-se restrito exclusivamente aos herdeiros masculinos. c) com a Restauração, o exército criado por Cromwell foi mantido e
c) Em 1651, foram promulgados os Atos de Navegação que aos dissidentes políticos e religiosos foi garantida toda liberdade
condenavam o tráfico de escravos e legitimavam as investidas de ação.
inglesas contra navios negreiros. d) com a Restauração, a Grã-Bretanha ficou conhecida como a
d) A monarquia inglesa foi abolida em 1649, durante a revolução Ilha da Grã-Loucura por abrigar radicais de toda a Europa.
liderada por Oliver Cromwell, e foi restaurada em 1660. e) com a Restauração, a Grã-Bretanha tornou-se ao mesmo tempo
e) A Carta de Direitos de 1689 restabelecia os privilégios um território de livre comércio e de livre circulação de ideias.
aristocráticos e o poder absolutista, abalados desde a
Revolução Puritana.

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História 7

20. A Declaração de Direitos de 1689 (Inglaterra) EXERCÍCIOS DISCURSIVOS


é o (a):
a) documento que legitima o poder absoluto 22. (Ue-rj) Assim, ninguém pode negar que a “Revolução Puritana” era uma luta tão
da Monarquia após a Revolução Gloriosa. religiosa quanto política; mas era mais que isso. Aquilo por que os homens lutavam
b) base jurídica da República Puritana do era toda a natureza e o desenvolvimento futuro da sociedade inglesa.
governo Cromwell. Christopher Hill, A Revolução Inglesa de 1640.
c) estopim do conflito que leva a Inglaterra à a) Indique um fator político que contribuiu para o desenvolvimento das Revoluções
guerra civil. Inglesas do século XVII.
d) documento que instaura a subordinação do b) Estabeleça a relação existente entre a Revolução Puritana e a colonização das
rei ao Parlamento. possessões inglesas no litoral atlântico da América do Norte.
e) documento fundador da curtíssima
experiência republicana inglesa após a 23. As ideias expressas nos excertos abaixo vieram a público na Inglaterra do século XVII,
Revolução Gloriosa. formuladas em um documento fundamental da história do direito e do pensamento
político; após lê-las e analisá-las atenciosamente, responda aos itens.
Quando um cidadão inglês é preso, deve ele, nas vinte e quatro horas seguintes,
21. A linha mais secular associa-se com os levellers receber a notificação escrita do delito que lhe é imputado. À exceção dos atos de alta
e os diggers os quais, embora seus programas traição ou de delitos excepcionalmente graves, qualquer pessoa presa pode obter
diferissem muito, ofereciam soluções políticas sua liberdade provisória, através de fiança. Todo oficial de justiça, magistrado ou
e sociais para os males terrenos. Tais grupos carcereiro, que violar de qualquer maneira o “Habeas Corpus” deverá pagar 500
surgiram dos acalorados debates, realizados libras de indenização à parte lesada.
em Putney em 1647, entre oficiais do exército “Bill do Habeas Corpus”. In G. Mosca, História das doutrinas políticas
(favoráveis aos grandes comerciantes e donos a) Quais os fatos mais marcantes da vida social e política na Inglaterra no período
das propriedades rurais) e os agitadores, que em que tal documento foi elaborado?
representavam as fileiras da tropa. b) Depois da Guerra Civil (1646-1650), em que o rei Carlos I foi executado, com
George Rude, Ideologia e protesto popular podemos caracterizar politicamente o período de governo do partido puritano de
in Adhemar Marques et alli, Oliver Cromwell e as suas relações com o Parlamento e a burguesia comercial?
História contemporânea através de textos c) Explique o que foi a chamada Revolução Gloriosa de 1689 e qual o seu significado
para o poder dos reis, para o Parlamento e para as leis — como a do “Habeas
No contexto das revoluções inglesas do século
Corpus” — que estabeleciam garantias individuais na Inglaterra.
XVII, os levellers se constituíam em um grupo:
a) moderado, ligados à pequena nobreza rural, e 24. (UF-MG) A Revolução Inglesa, no século XVII, foi longa e bastante significativa para
defensores da articulação entre os interesses a consolidação do mundo político moderno. Nesse processo revolucionário, podem ser
do rei Carlos I e do Parlamento, além de identificados dois grandes momentos: a Revolução de 1640, ou Revolução Puritana,
reivindicarem o poder religioso para os e a Revolução de 1688, ou Revolução Gloriosa.
presbiterianos. a) O adjetivo utilizado para identificar, ou nomear, cada um desses dois momentos
b) extremista, com representantes entre da Revolução Inglesa é bastante sugestivo para a caracterização deles. Explique
os camponeses sem terra, aliados aos o que, em cada uma das duas fases, levou ao uso do respectivo adjetivo para a
identificação do momento.
presbiterianos, defensores de uma sociedade
b) Analise duas implicações políticas decorrentes do processo revolucionário inglês
que abolisse a propriedade privada e o dízimo
do século XVII.
pago à Igreja Anglicana.
c) moderado, ligados a médios proprietários 25. (FUVEST-SP) Nas Revoluções Inglesas do século XVII, os puritanos tiveram
rurais, e aliados ao Novo Modelo de Exército participação decisiva na luta contra o absolutismo monárquico. Quem eram os puritanos
liderado por Oliver Cromwell, defendiam o e por que entraram em conflito com o Absolutismo inglês?
controle sobre o poder real e ampliação do
poder do Parlamento. 26. (Unicamp-SP) Em 1973, o ex-Beatle John Lennon escreveu uma canção de protesto
d) radical, pertencentes à pequena burguesia intitulada A Sorte dos Irlandeses, que se refere a um conflito que dura até hoje:
If you had the luck of the Irish,
urbana, que defendiam uma série de
You’d be sorry and wish you were dead.
transformações sociais, como a restrição
You should have the luck of the Irish
às grandes propriedades e separação entre And you’d wish you was English instead!
Igreja e Estado.
“Se você tivesse a sorte dos irlandeses,
e) conciliador, formado pela grande burguesia
Você se lamentaria e ia querer estar morto.
urbana, aliados da gentry e dos independentes, Você devia ter a sorte dos irlandeses
eram defensores da ampliação do poder do E aí você ia querer ser inglês!”
Parlamento e da liberdade econômica.
a) Identifique o conflito ao qual a canção se refere.
b) Quais suas características político-religiosas?
c) Explique por que existe uma relação entre este conflito e o líder da revolução
inglesa Oliver Cromwell.

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8 História

Primeira Revolução Industrial


A Revolução Industrial representa a consolidação do Capitalismo Industrial e da Sociedade de Classes. Com ela, surgiram as
primeiras fábricas, com sua disciplina e seu ordenamento. No processo de produção, as máquinas ganharam um papel fundamental,
de modo que a força motriz — que move a máquina — substituiu em vários aspectos a força humana. O trabalho assalariado foi
difundido em larga escala. A vida rural decaiu paulatinamente e as cidades incharam.
Enfim, surgiram duas classes sociais opostas:
● Proletário: o que não possui os meios de produção, levado a vender sua força de trabalho, e
● Burguês: detentor dos meios de produção.
A Revolução Industrial principiou-se na Inglaterra, no século XVIII,
e expandiu-se para França, Alemanha, EUA e outros países no século XIX.

FORMAS DE PRODUÇÃO QUE ANTECEDERAM A INDÚSTRIA


O artesanato é a típica forma de produção medieval, realizado de forma doméstica, a partir do trabalho familiar, em cujas mãos
estavam a oficina, as ferramentas e a matéria-prima — os meios de produção —, para que se realizassem todas as etapas do processo.
O Renascimento Comercial, a partir do século XI, proporcionou o crescimento das
cidades, da moeda e do aumento da demanda por tecidos e outros produtos, fazendo
surgir a produção a partir da manufatura, com uma divisão de trabalho pela qual cada
artesão era responsável por uma parte do processo produtivo. O trabalhador continuava
proprietário dos meios de produção, mas também possuía um pequeno contingente de mão
de obra assalariada. Havia pouca distância entre o mestre e os assalariados, de modo que a
maioria destes, após terem adquirido experiência, tornavam-se produtores. Nesse período,
as chamadas Corporações de Ofício praticavam abertamente o monopólio, restringindo a
oferta de mercadorias, impedindo as inovações técnicas, impondo preços fixos e exigências
àqueles que quisessem abrir uma manufatura, evitando a competição e a concorrência.
Cena do filme Tempos Modernos,
Pela Revolução Industrial, passou-se da produção manufatureira para a industrial, na de Charles Chaplin.
qual o trabalhador deixou de ser dono dos meios de produção. Todas as terras e o equipamento necessários para a produção
tornaram-se propriedade de um burguês. A produção deixou de ser doméstica e passou a existir em um ambiente separado, no
caso, a indústria. A divisão do trabalho tornou-se de tal forma acentuada que o trabalhador perdeu o conhecimento de todo o
processo produtivo. Houve a difusão de máquinas em larga escala.
AS RAÍZES DO PIONEIRISMO INGLÊS
Por que o Capitalismo Industrial originou-se na Inglaterra?
● Revolução Inglesa — Com a Revolução Inglesa, regulamentos e monopólios que limitavam a produção manufatureira deixaram
de vigorar, abrindo caminho para o surgimento de novos empresários e o livre-comércio. A burguesia em ascensão lutava pela
liberdade de iniciativa e pela retirada de intervenção estatal nos mercados. Com a publicação de A Riqueza das Nações (1776),
o Liberalismo passou a ser a bandeira da burguesia inglesa;
● Domínio do Comércio Internacional — A agressiva política mercantilista inglesa, os pesados investimentos em sua frota naval
e as vitórias nas guerras contra espanhóis (Invencível Armada), holandeses (Guerra Anglo-Holandesa) e franceses (Guerra dos
Sete Anos) garantiram o domínio do comércio internacional à Inglaterra. O Tratado de Methuen, que privilegiou a entrada
de tecidos ingleses em Portugal, é um exemplo desse domínio comercial inglês. Para muitos historiadores, o ouro brasileiro,
advindo do Tratado de Methuen, teria sido fundamental para a consolidação do Capitalismo na Inglaterra;
● Poder aquisitivo e alto padrão de vida — Em decorrência da alta produtividade na Inglaterra, o poder aquisitivo per capita e
o padrão de vida no país eram os mais altos do continente. Os salários relativamente altos dos ingleses possibilitavam a criação
de um mercado interno;
● Abundância de ferro e carvão — As principais matérias-primas e fontes de energia das primeiras indústrias eram abundantes
na Inglaterra;
● Acumulação Primitiva de Capital — Em O Capital, Karl Marx define Acumulação Primitiva de Capital como o processo
de separação entre trabalhador e meios de produção, ou seja, trata-se do momento em que os trabalhadores perderam a terra,
as manufaturas e todos os meios de produção, tornando-se mão de obra disponível para as primeiras fábricas. Esse processo
ocorreu, sobretudo, a partir dos cercamentos (enclosures) no campo, um processo de expulsão dos camponeses de suas
terras para a produção de lã. Por volta de 1750, Marx afirmou que a yeomanry, os pequenos proprietários camponeses, tinham
desaparecido. Privados de ocupação, moradia e subsistência, fugiram para as cidades, onde se tornaram mão de obra para as
novas fábricas. Eis os primeiros operários da história: expulsos violentamente de suas terras, não tinham outra opção senão
venderem sua força de trabalho e submeterem-se à disciplina fabril. Dizia-se que a única posse desses operários eram seus
filhos, sua prole, o que permitiu serem chamados de proletariado.

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História 9

AS TRANsFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS

A Revolução Industrial principiou-se na indústria têxtil.


A inovação de John Kay (1753) inaugura a Revolução Industrial: a lançadeira volante (fly
shuttle), que possibilitava a fabricação de tecidos de qualquer largura e com maior velocidade.
Em 1767, patenteado por Hargreaves, surgiu o filatório (jenny), que permitia a produção de
vários fios ao mesmo tempo. Em 1769, Richard Arkwright patenteou uma máquina de fiar
chamada water frame, movida por quedas-d’água. Richard construiu, em 1771, uma usina
acionada por rodas hidráulicas que empregava 300 trabalhadores, tornando-se, assim, o
primeiro industrial da história. Arkwright foi ao Parlamento e exigiu plena liberdade de
produção e comércio de algodão na Grã-Bretanha. Sua petição foi acatada e a indústria
de algodão cresceu sem impedimento. Em 1770, Samuel Crompton inventou a “mula”
(mule), nova máquina produtora de um fio muito forte e fino, que aumentou a produtividade Ilustração das primeiras
e a oferta de fio, reduzindo-lhe o valor. máquinas de Arkwright.

Até então, todas as inovações tecnológicas apenas produziam fios melhores, mas não o tecido em si, de modo que ainda era necessário
o trabalho de um tecelão, que, por isso, conseguia salários altíssimos. No entanto, essa situação mudou em 1787, quando Edmund
Cartwright patenteou um tear mecânico. Com esse aperfeiçoamento, o desemprego atingiu os tecelões, substituídos pelas máquinas:
sem dúvida, um momento crucial da história, em que o trabalho humano começa a ser substituído pela atividade maquinária.
No campo da siderurgia, até o século XVIII, a Inglaterra dependia da importação de ferro.
Nesse sentido, entre 1709 e 1713, Abraham Darby, passou a utilizar o carvão mineral
na produção de ferro, o que garantiu à sua família a posição de grandes industriais
siderúrgicos. Do mesmo modo, o ferro passou a substituir a madeira: em 1776, construiu-
se a primeira ponte de ferro e, em 1787, apareceu o primeiro barco feito inteiramente de
barras de ferro.
A inovação mais importante da Revolução Industrial foi, com certeza, a máquina a vapor, com
que se inicia a história da produção de energia artificial. James Watt patenteou seu primeiro
motor a vapor em 1769. Um dos maiores industriais da época, Matthew Boulton, patrocinou as
Ponte de Ferro em Shrpshire, Inglaterra. pesquisas de Watt e o motor ganhou eficiência e viabilidade econômica. Grandes indústrias de
mineração, os sistemas de água de toda a Europa e as indústrias têxteis e metalúrgicas adquiriram o produto, fazendo com que a energia
a vapor passasse a ser utilizada para mover todos os tipos de máquina. A invenção, enfim, liberou o homem da dependência de fontes de
energia naturais (tração animal, vento, quedas-d’água) para se locomover. Surgiram a locomotiva e o navio a vapor.
CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Assim, a economia inglesa tornou-se industrial e capitalista, apresentando superioridade competitiva perante o resto da Europa por
comercializar produtos melhores e mais baratos. Além disso, as cidades cresceram e tornaram-se sinônimos de desenvolvimento
e progresso: Londres chegou a 1 milhão de habitantes em 1800, Manchester e Liverpool ultrapassaram a marca de 300 mil
habitantes. No entanto, sem planejamento, infraestrutura ou saneamento básico, tornaram-se focos de doenças e epidemias.
Havia, de um lado, o dono da fábrica, o burguês, e, de outro, o proletário, vítima do processo de cercamentos que tinha como
única opção vender sua força de trabalho para tornar-se um assalariado e submeter-se ao cotidiano das escuras e empoeiradas
fábricas dos séculos XVIII e XIX, nas quais as condições de trabalho eram terríveis. Nas minas de carvão ou na produção de
ferro, a vida dos trabalhadores estava constantemente ameaçada. A jornada de trabalho chegava a 16 horas e não havia férias,
descanso aos sábados ou qualquer legislação que protegesse o operário contra acidentes de trabalho. Nas fábricas, criou-se uma
nova organização disciplinar de trabalho, impondo-se aos trabalhadores rígidos horários para entrada, saída e alimentação. Na
indústria de algodão, 50% dos trabalhadores eram mulheres e crianças, que recebiam um salário inferior ao dos homens.
Abaixo alguns trabalhos de Lewis Wickes Hine, um dos primeiros fotógrafos da história a utilizar a fotografia com fins sociais,
que retratou a exploração da classe operária e o trabalho infantil:

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10 História
Nasceu, então, um novo tipo social: o operário. O movimento operário teve 02. (MACK-SP) A partir da Revolução Industrial, no
sua origem, na década de 1790, com os movimentos jacobinistas ingleses, final do século XVIII, o avanço tecnológico provocou
que reivindicavam o fim da corrupção e o fim do voto censitário. Muitos foram significativas mudanças nas relações de trabalho.
presos, executados e exilados apenas por proferirem palavras em favor da Sobre essas mudanças é correto assinalar que:
liberdade. Esses movimentos foram influenciados pela Revolução Francesa a) em razão da elevada demanda por mão de obra
e pelo ideário do filósofo iluminista Thomas Paine, cujo livro Os Direitos do nas fábricas, além dos operários, foram recrutados
Homem é considerado o fundador do movimento operário. A mais famosa todos os demais membros da família, tornando
passagem do livro diz: Quando em países que se dizem civilizados, vemos a ideais as condições de vida familiares.
velhice indo para asilos e a juventude para a forca, algo deve estar errado b) o patrão, em busca de uma maior produtividade,
no sistema de governo. explorava ao máximo a capacidade de seus
operários, que trabalhavam em turnos alternados
Diante das terríveis condições nessas fábricas, muitos operários criaram um para não sobrecarregar o trabalhador.
sentimento de repulsa e ódio pelas máquinas: em 1811, eclodiu o movimento c) dentro das fábricas, surgiu a divisão de trabalho
conhecido como ludismo, liderado por Ned Lud, em que os trabalhadores nas linhas de montagem, que levou o operário
destruíam diversas máquinas. Para reprimi-los, o Parlamento aprovou, em a executar apenas uma função, tornando-se
1812, o Frame Braking Act, que estabeleceu a pena de morte para quem especializado e altamente capacitado.
destruísse máquinas. d) devido à exploração da força produtiva humana,
ocorreram confrontos entre patrões e empregados,
Na década de 1830, nasceu o movimento cartista (1837-1848). A Carta e estes passaram a destruir as máquinas, obrigando
do Povo, enviada ao Parlamento em 1838, trazia como reivindicações o os patrões a melhorarem as condições de trabalho.
sufrágio universal masculino, a votação secreta e a supressão do censo. Sua e) com o advento das linhas de montagem, o operário
estratégia girava em torno da coleta de assinaturas nas oficinas, nas fábricas perdia a noção de conjunto do processo produtivo,
e em reuniões públicas. Os cartistas conseguiram mudanças importantes, realizando seu trabalho de forma repetitiva e
como a regulamentação do trabalho feminino e infantil. alienante.

Os operários fundaram também as Trade Unions (os sindicatos), associações 03. (MACK-SP) O significado da palavra “trabalho”
que visavam defender os interesses dos trabalhadores, utilizando a greve passou por sucessivas interpretações. Segundo
como principal instrumento de luta. Com o tempo, os operários conquistaram: Hannah Arendt, a partir do século XVI, o trabalho
legislação trabalhista, salário-mínimo, férias e finais de semana remunerados ascendeu da mais humilde e desprezada posição ao
e jornada de trabalho de 8 horas. nível mais elevado e à mais valorizada das atividades
humanas, quando Locke descobriu que o trabalho
era a fonte de toda a propriedade.
EXERCÍCIOS
Assinale a alternativa que se relaciona com a noção
01. (UNIOESTE-PR) A partir de meados do século XVIII, iniciou-se na Europa e, mais de trabalho difundida após a Primeira Revolução
tarde, no mundo, um grande processo de transformações socioeconômicas que se Industrial.
convencionou chamar de Revolução Industrial. As transformações ocorridas nos
a) Apesar da introdução das máquinas no processo
sécs XVIII e XIX estão ligadas à substituição do trabalho artesanal, que utilizava
de produção, substituindo o trabalho humano,
ferramentas, pelo trabalho assalariado, baseado na utilização de máquinas.
este continuou a ser fundamental para os donos
Considerando o enunciado acima, leia com atenção as afirmações: das fábricas, que remuneravam os trabalhadores
I. A maquinaria não só revolucionou o instrumental de trabalho, mas tornou-se conforme sua produtividade.
meio de substituir trabalho e trabalhadores, aumentando a produtividade e b) A fábrica passou a ser identificada como o lugar
diminuindo o tempo de trabalho necessário para a produção de uma dada em que todas as forças produtivas da sociedade
mercadoria, constituindo-se em meio potente para o prolongamento da jornada poderiam ser liberadas e a dimensão da energia
de trabalho além dos limites estabelecidos pela natureza humana. humana, através das máquinas, foi percebida como
II. Na perspectiva marxista, a mais-valia tem sua origem na força de trabalho fonte de melhorias para os trabalhadores.
e é determinada pela proporção existente em que a jornada se reparte em
c) O trabalho passou a ser sinônimo de cansaço
trabalho necessário e trabalho excedente.
e penalização para os operários, que estavam
III. As primeiras fábricas empregavam apenas força de trabalho masculina devido
submissos ao maquinário do patrão, a exigências
às jornadas exaustivas que, por vezes, ultrapassava quinze horas diárias.
quanto à produtividade e à adaptação ao “tempo
IV. A burguesia constituiu-se em detentores do capital e o proletariado em
da fábrica”.
trabalhadores das indústrias que viviam da venda de sua força de trabalho,
emergindo enquanto classes sociais antagônicas do mundo moderno. d) A autodisciplina, o controle próprio e o abandono
V. A Segunda Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra entre meados do da ociosidade são valores pregados pelos patrões,
século XVIII e início do século XIX, teve como tecnologia característica a que reconhecem a validade desses princípios,
máquina de fiar, o tear mecânico e o descaroçador de algodão. para a melhoria das condições de vida dos
trabalhadores.
Estão corretas:
e) Mesmo sendo submetido ao “sistema das fábricas”,
a) I e V. é o trabalhador que detém o domínio das técnicas
b) II e III.. de produção e do processo de trabalho, o que lhe
c) I, II, e IV. permite certa margem para a negociação salarial
d) III e IV. com os patrões.
e) I, IV e V.

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História 11

04. (UFSCar-SP) Chegando aqui [a Bolton] após ter passado por Chowbent, 07. A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para
encontramos na estrada uma turba de várias centenas de homens. Creio designar um conjunto de transformações econômicas,
que eram bem uns quinhentos; perguntamos a um deles por que estavam sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na
reunidos em tão grande número, e ele nos disse que acabavam de destruir segunda metade do século XVIII. Em pouco tempo, essas
algumas máquinas e pretendiam fazer o mesmo em toda a região. mudanças afetariam outros países da Europa e outros
Carta a Th. Bentley, 3 de outubro de 1779. continentes, alterando definitivamente as relações entre
as sociedades humanas.
Sobre o documento é correto afirmar:
D. G. Figueira, História.
a) Refere-se ao período anterior à Revolução Francesa, de revolta dos
Sobre esse tema são feitas as seguintes afirmativas:
camponeses contra os grandes proprietários rurais.
b) Refere-se ao período da Revolução Industrial Inglesa, quando os operários I. A produção de tecidos foi um dos primeiros setores a
destruíam as máquinas porque acreditavam que elas eram as responsáveis desenvolver o processo industrializador.
pelo desemprego. II. Ao aumentar a produtividade de cada trabalhador,
c) Os homens envolvidos no episódio eram operários, artesãos, comerciantes aumentou a oferta de mercadoria e, por consequência,
e camponeses protestando contra os abusos do poder absolutista na possibilitou uma redução nos preços dos produtos.
cobrança de impostos. III. O sucesso da Revolução Industrial foi tão significativo
d) O protesto era da burguesia, contra a legislação que a obrigava a investir que originou um apoio à utilização de máquinas,
no aperfeiçoamento das máquinas empregadas na indústria. processo que ficou conhecido como ludismo.
e) Era uma manifestação de operários, lutando pelos investimentos técnicos Assinale:
nas fábricas, ou seja, pela substituição do antigo tear manual pelo tear
a vapor. a) se apenas a afirmativa I for correta.
b) se apenas a afirmativa II for correta.
05. (UF-CE) A cada 1o de maio, lembramos de Parsons, Spies e seus c) se apenas a afirmativa III for correta.
companheiros de patíbulo. Mas poucos lembram do nome de James Towle, d) se as afirmativas I e II forem corretas.
que foi, em 1816, o último “destruidor de máquinas” enforcado. Caiu pelo e) se as afirmativas II e III forem corretas.
poço da forca gritando um hino luddita [sic] até que suas cordas vocais
se fecharam num só nó. 08. (UEL-PR) Leia o texto seguinte sobre a Revolução
Christian Ferrer, Os Destruidores de Máquinas. Industrial e algumas de suas consequências:
Sobre os destruidores de máquinas, de que trata o texto acima, assinale a Essa revolução industrial, que nasceu na Inglaterra do
alternativa correta. século XVIII e se propaga, no século XIX, pelo continente,
a) Foram trabalhadores ingleses que combateram com ações diretas a na França, na Bélgica, a Oeste da Alemanha, no Norte da
mecanização dos teares durante a Revolução Industrial. Itália e em alguns pontos da península ibérica, repousa
b) Eram grupos de rebeldes irlandeses liderados pelos radicais jacobinos no uso de uma nova fonte de energia, o carvão, e nos
insatisfeitos com a restauração da monarquia dos Bourbon na França. desenvolvimentos das máquinas, depois das invenções
c) Eram integrantes das vanguardas das trade unions, os primeiros sindicatos que modificam as técnicas de fabricação. A conjunção
de trabalhadores da Inglaterra, que elaboraram a Carta do Povo. desses dois fatores, a aplicação dessa energia nova à
d) Foram trabalhadores anarquistas que morreram enforcados por terem maquinaria, constitui a origem da revolução industrial,
lutado pela jornada de oito horas durante a greve geral de Haymarket cujo símbolo é a máquina a vapor.
Riot, em Chicago. Rémond, O Século XIX: 1815-1914.
e) Eram grupos de indígenas do meio oeste dos EUA, entre eles os sioux, “Introdução à história de nosso tempo”.
que atacavam os trens (cavalos de aço) que dividiam as manadas de
Considere as afirmativas a seguir:
búfalos dentro de seus territórios.
I. Com a Revolução Industrial e o crescimento da nova
06. (UEL-PR) Sobre a Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX, é correto indústria, surgiu uma classe inteiramente nova de
afirmar. trabalhadores que são os operários assalariados.
a) Uma condição indispensável para a transição do artesanato para a II. O crescimento das unidades industriais a partir da
manufatura e desta para a indústria moderna foi a concentração da Revolução Industrial propiciou também o surgimento
propriedade dos meios de produção nas mãos do capitalista. da categoria de empresários possuidores de capitais.
b) O crescimento industrial na Inglaterra resultou em um processo III. A Revolução Industrial atingiu mais a população
conhecido como “segunda servidão”, na qual os antigos servos rurais campesina que a urbana, pois esta se constituía em
foram transferidos para as indústrias urbanas, visando ao aumento de parcela da sociedade excluída das transformações
produtividade das mesmas. empreendidas nas cidades.
c) Embora detivessem o poder político, tanto a burguesia rural como IV. A Revolução Industrial não solucionou os problemas
a aristocracia urbana não possuíam capitais que possibilitassem o dos trabalhadores. O número de empregos era menor
desenvolvimento da Revolução Industrial, sendo esta, portanto, financiada que o de mão de obra disponível e, assim, surgiu o
pelos pequenos proprietários rurais. chamado “exército de reserva de mão de obra”.
d) A industrialização na Grã-Bretanha iniciou-se com a instalação das Estão corretas:
indústrias de bens de capital (aço e maquinário) e, depois de estruturada
essa base, partiu-se para a produção de bens de consumo semiduráveis a) I e II.
e não duráveis (tecidos, alimentos, bebidas). b) II e III.
e) Por não haver complementaridade entre a atividade industrial e a pecuária c) III e IV.
(gado bovino, ovino), este foi o setor mais duramente atingido pela d) I, II e IV.
conversão da Europa rural em industrial. e) I, III e IV.

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12 História

09. (FUVEST-SP) O livre-comércio é um bem — como a virtude, 12. As mulheres são metidas num trabalho inteiramente maquinal, no
a santidade e a retidão — a ser amado, admirado, honrado e qual só se lhes pede rapidez. Quando digo maquinal, nem imagine
firmemente adotado, por si mesmo, ainda que todo o resto do mundo que seja possível sonhar com outra coisa enquanto se trabalha e
ame restrições e proibições, que, em si mesmas, são males — como muito menos refletir. Não. O trágico dessa situação é que o trabalho
o vício e o crime — a serem odiados e detestados sob quaisquer
é maquinal demais para fornecer assunto ao pensamento, e, além
circunstâncias e em todos os tempos.
The Economist, em 1848. disso, impede qualquer outro pensamento. Pensar é ir menos
depressa, ora há normas de rapidez estabelecidas por burocratas
Tendo em vista o contexto histórico da época, tal formulação
sem piedade e que é preciso cumprir, para não ser despedido.
favorecia particularmente os interesses:
Simon Weil, A condição operária e outros estudos sobre a opressão.
a) do comércio internacional, mas não do inglês.
b) da agricultura inglesa e da estrangeira. Sobre a condição dos trabalhadores no inicio da Revolução Industrial,
c) da indústria inglesa, mas não da estrangeira. é correto afirmar que:
d) da agricultura e da indústria estrangeiras. a) realizavam trabalho em condições sub-humanas, com jornadas
e) dos produtores de todos os países. de 15 ou mais horas diárias.
b) tinham conquistado direito a jornada de trabalho de 8 horas
10. (UF-PI) Leia a frase a seguir sobre a Revolução Industrial. diárias e férias remuneradas.
Suas mais sérias consequências foram sociais: a transição da nova c) gozavam de tempo para o estudo, a reflexão e o lazer.
economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes d) não sofriam acidentes de trabalho, visto a segurança e a disciplina
da revolução social. fabril.
e) gozavam de condições dignas de trabalho e de espaços salubres
Eric J. Hobsbawm. A Era das Revoluções – 1789-1848.
para exercer suas tarefas.
Assinale a alternativa correta sobre os movimentos de trabalhadores,
na Inglaterra, que manifestaram seu descontentamento com os 13. (UF-SC) O processo histórico que levou à substituição das
efeitos da revolução industrial no século XIX. ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz
a) O ludismo foi uma organização que visava reunir os trabalhadores e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a
em sociedades de socorro mútuo. Revolução Industrial.
b) O socialismo utópico propunha a destruição das máquinas e
J. J. Arruda; N. Piletti, Toda a História — História Geral e do Brasil.
fábricas e o retorno a uma economia rural.
c) Os niveladores defendiam a instalação de uma república que Sobre a Revolução Industrial, é correto afirmar que:
garantisse a existência de direitos iguais para todos. 01. teve início na Inglaterra, a “oficina do mundo”, com a indústria
d) O cartismo foi um movimento importante na década de 1830 têxtil e a energia a vapor.
e reivindicava o direito de voto para os trabalhadores.
02. iniciou de forma simultânea na França e na Alemanha por
e) O jacobinismo propunha uma aliança de classes e a colaboração
volta de 1850, utilizando-se da energia elétrica e da queima
entre o proletariado e a burguesia como forma de solução para
de derivados de petróleo.
os problemas.
04. consolidou o sistema capitalista, humanizando o trabalho nas
11. (UNESP) Este considerável aumento de produção que, devido fábricas e possibilitando a participação dos operários nos lucros,
à divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de o que aumentava a produção.
realizar, é resultante de três circunstâncias diferentes: primeiro, 08. criou uma demanda crescente por energia. Considerando que
ao aumento da destreza de cada trabalhador; segundo, à economia a maior fonte energética era o carvão, a Revolução Industrial
de tempo, que antes era perdido ao passar de uma operação para iniciou a poluição em grande escala, a qual hoje se manifesta
outra; terceiro, à invenção de um grande número de máquinas no aquecimento global.
que facilitam o trabalho e reduzem o tempo indispensável para o 16. o crescimento rápido e desordenado das cidades foi uma
realizar, permitindo a um só homem fazer o trabalho de muitos. consequência direta da Revolução Industrial, a qual gerou um
Adam Smith, Investigação sobre a Natureza grande contingente de trabalhadores miseráveis, o proletariado.
e as Causas da Riqueza das Nações.
O texto, publicado originalmente em 1776, destaca três características 14. Entre as principais consequências da Revolução Industrial, na
da organização do trabalho no contexto da Revolução Industrial: Inglaterra, não estão o:
a) a introdução de máquinas, a valorização do artesanato e o a) aumento da urbanização e o despovoamen­to dos campos.
aparecimento da figura do patrão. b) assalariamento e o aumento da produção.
b) o aumento da mercado consumidor, a liberdade no emprego c) surgimento de novas corporações de ofício e manufaturas e o
do tempo e a diminuição na exigência de mão de obra. declínio da produção.
c) a escassez de mão de obra qualificada, o esforço de importação d) uso de máquinas e a divisão técnica do trabalho.
e a disciplinarização do trabalhador. e) surgimento de novas ideologias e o assalariamento.
d) o controle rigoroso de qualidade, a introdução do relógio de
ponto e a melhoria do sistema de distribuição de mercadorias.
e) a especialização do trabalhador, o parcelamento de tarefas e a
maquinização da produção.

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História 13

15. Na verdade, não basta apenas sugerir que o “impulso 18. Sobre a sociedade industrial, na 1a metade do século XIX, afirma-se que:
inicial em direção à industrialização possa brotar tanto Apesar dos esforços sistemáticos, em larga escala, para alargar as ruas (...)
no exterior, quanto no interior de uma mesma economia”. aumentar e aperfeiçoar a drenagem e a rede de esgotos (...) nas regiões em que
Sob as condições do desenvolvimento capitalista, antes residem as classes mais ricas, nada foi feito para melhorar as condições dos
da revolução industrial, é mais provável que o impulso distritos habitados pelos pobres.
provenha do exterior. Por essa razão, está cada vez mais E. P. Thompson, A Formação da Classe Operária Inglesa.
claro que as origens da revolução industrial da Grã-
A partir do texto acima, comente as condições de vida da população pobre das
Bretanha não podem ser estudadas exclusivamente em
cidades no contexto da Revolução Industrial.
termos da história britânica.
Eric Hobsbawm. As origens da revolução industrial. 19. Tempos Difíceis é um romance do escritor inglês Charles Dickens, publicado
Apud Adhemar Marques et alli. em 1854. A história se passa na cidade de Coketown, em torno de uma fábrica
História Contemporânea através dos Textos, 2008. de tecidos de algodão:
Considerando o texto, é correto afirmar que: Umas tantas centenas de operários na fábrica, umas tantas centenas de cavalos-
a) a acumulação primitiva do capital, que permitiu o vapor de energia (...) O dia clareou e mostrou-se lá fora (...) As luzes apagaram-se
pioneirismo inglês na revolução industrial, foi gerada e o trabalho continuou. Lá fora, nos vastos pátios, os tubos de escapamento do
pela exploração do comércio colonial de algodão no vapor, os montes de barris e ferro velho, os montículos de carvão ainda acesos,
interior da África subsaariana. cinzas, por toda parte, amortalhavam o véu da chuva e do nevoeiro.
b) a revolução industrial do século XVIII só foi possível a) Qual a importância do carvão e do ferro na Primeira Revolução Industrial?
em virtude da transferência de conhecimento b) Comente as condições de trabalho nas fábricas inglesas no século XIX, a
tecnológico entre a Grã-Bretanha e as demais nações partir do texto apresentado.
europeias, em especial a França e a Espanha.
c) a exploração do nascente mercado asiático e africano 20. (UF-MG) O que significa a frase “a revolução industrial explodiu”? Significa que
de manufaturas e produtos naturais exóticos foi a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade,
consequência do frágil mercado interno inglês, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que
limitado por resquícios feudais. daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o
d) as regiões coloniais da América, exploradas por meio presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. Sob qualquer aspecto,
da escravidão, se constituíram em espaços importantes este foi provavelmente o mais importante acontecimento na história do mundo,
para acumulação de capital, o que explica o êxito da pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades. E foi iniciado pela
revolução industrial britânica. Grã-Bretanha. É evidente que isto não foi acidental.
e) a conservadora nobreza inglesa, avessa aos negócios Eric J. Hobsbawm, A Era das Revoluções: Europa 1789-1848.
com a propriedade da terra, obrigou a burguesia da a) Cite e analise dois fatores que tornaram possível o pioneirismo inglês no
Inglaterra a intensificar os laços comerciais com a processo de industrialização.
nobreza francesa. b) Explique uma das razões por que a indústria têxtil se tornou o setor de ponta
nos primórdios da industrialização.
EXERCÍCIOS DISCURSIVOS
21. (UNESP) A introdução no processo produtivo de máquinas movidas por energia
16. (FUVEST-SP) O pano ou tecido deste Reino... interessa não humana permitiu a produção em larga escala e multiplicou as mercadorias
tanto ao soberano quanto ao súdito, ao nobre e ao plebeu, em quantidade e em velocidade até então impensáveis.
até mesmo a toda profissão, condição e espécie de homem
desta nação. (Thomas Middleton, 1622.) Antes de o petróleo se tornar um dos produtos fundamentais para o mundo
industrializado, qual era a principal fonte de energia utilizada na fase da
a) Por que a produção têxtil inglesa interessava ao rei, Primeira Revolução Industrial e quais suas consequências para a organização
à nobreza e aos plebeus? do trabalho e dos meios de comunicação?
b) Qual a importância da produção têxtil para a futura
Revolução Industrial inglesa? 22. (PUC) A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida
humana já registrada em documentos. Durante um breve período ela coincidiu
17. (Unicamp-SP) Um dos mandamentos do século com a história de um único país, a Grã-Bretanha. Assim, toda uma economia
XIX, na Europa, era o evangelho do trabalho. Para os mundial foi edificada com base na Grã-Bretanha, ou antes, em torno desse país.
ideólogos da classe média, o ideal do trabalho implicava Houve um momento na história do mundo em que a Grã-Bretanha podia ser
autodisciplina e sentido atento do dever. Até mesmo os descrita como sua única oficina mecânica, seu único importador e exportador
mais devotos ousavam modificar a palavra de Deus. As em grande escala, seu único transportador, seu único país imperialista e quase
Escrituras haviam considerado o trabalho como castigo que seu único investidor estrangeiro; e, por esse motivo, sua única potência
severo imposto por Deus a Adão e Eva. Mas para os naval e o único país que possuía uma verdadeira política mundial. Grande parte
ideólogos burgueses, o trabalho era prevenção contra desse monopólio devia-se simplesmente à solidão do pioneiro, soberano de tudo
o pecado mortal da preguiça. O evangelho do trabalho quanto se ocupa por causa da ausência de outros ocupantes.
era quase exclusivamente um ideal burguês. Em geral, Eric J. Hobsbawm, Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo.
os nobres não lhe davam valor. O desprezo aristocrático
pelo trabalho era um resquício feudal. Tendo como referência o texto anterior:
Peter Gay, O Século de Schnitzler. a) Explique dois fatores que contribuíram para que a Inglaterra tenha
a) Segundo o texto, como o trabalho era visto pela Bíblia, experimentado a solidão do pioneiro no processo de Revolução Industrial.
pela burguesia e pela aristocracia? b) Identifique duas mudanças ocorridas na sociedade inglesa do século XIX que
b) Como a burguesia buscou disciplinar os trabalhadores exemplifiquem a afirmativa do autor de que a Revolução Industrial assinala
no contexto da Revolução Industrial? a mais radical transformação da vida humana já registrada em documentos.

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14 História

I luminismo
O Iluminismo ou Ilustração foi um movimento filosófico europeu do século XVIII cuja proposta
central era levar a razão, representada pela “luz” — sua filosofia —, para onde havia a ignorância,
representada pelas “trevas” — o mundo do Antigo Regime. Caracterizar como “Antigo” o mundo em
que, expressava sua vontade de destruí-lo, virar a página e criar algo novo.
São características do Antigo Regime:
● A religião, católica ou protestante, dominava a mentalidade humana, sufocando a razão e pregando
a intolerância;
● O clero e a nobreza dispunham de imensos luxos e privilégios;
● Economia mercantilista caracterizada por monopólios e pela intervenção estatal;
O sono da razão produz
● Os reis absolutistas, cujo poder legitimava-se pelo Direito Divino, eram isentos de restrições legais. monstros, de F. Goya.

Ao criticar o Antigo Regime e os privilégios da nobreza, o Iluminismo tornou-se a ideologia-guia das Revoluções
Burguesas do fim do século XVIII e do século XIX. Seus pensadores foram fundamentais para a construção do
Liberalismo e do Estado democrático-burguês. Por isso, podemos considerar o Iluminismo um pensamento burguês.

Em 1783, no texto “O que é Iluminismo?”, Kant define esse movimento como a saída do homem da menoridade. A menoridade é
a incapacidade de fazer uso de seu próprio entendimento sem a direção de outro indivíduo. Antes do Iluminismo, a humanidade,
tal como uma criança menor de idade, estava sujeita a tutores — a Igreja, o Estado Absoluto, o Exército, os professores, os
banqueiros, os legisladores etc. —, que controlavam seu pensamento, dizendo-lhe o que é certo e o que é errado e impondo-lhe
normas e punições. Com o início do Iluminismo, o homem começava a sair do estado de menoridade, passando a utilizar sua
razão, a contestar a ordem estabelecida e a definir por si só o que deve ou não ser feito.
Os centros difusores do pensamento ilustrado foram França, Inglaterra, Escócia, Itália e Alemanha. Os países periféricos da
Europa, como Rússia, Portugal, Espanha e Áustria, apropriaram-se do Iluminismo sob a forma do chamado Despotismo Esclarecido.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PENSAMENTO ILUMINISTA


● Razão — A filosofia ilustrada tinha como cerne de sua doutrina a valorização do homem e da razão humana. A razão é o poder de
descobrir, estabelecer e consolidar a verdade, destruindo crenças e “verdades pré-fabricadas” baseadas na tradição e na autoridade;
● Tolerância — Nenhuma autoridade poderia reprimir a razão humana, que deve ser exercida livremente. Por isso, a liberdade
de crença e a tolerância são características fundamentais do pensamento ilustrado;
● Progresso — Para os ilustrados, o avanço da razão deixaria para trás as guerras, a tortura, a intolerância e tantas mazelas da
existência social, melhorando a humanidade a partir das luzes do conhecimento. Nasceu, então, a ideia de progresso;
● Engajamento — Os filósofos ilustrados distinguem-se de seus antecessores pelo compromisso com sua causa. Os iluministas
pretendiam colocar em prática e propagar suas ideias, persuadindo e transformando o mundo a seu redor. Eles almejavam
posições de comando, atuando em salões, academias, jornais, teatros, cortes, lojas maçônicas e cafés;
● Deísmo — A maioria dos filósofos iluministas não professava o ateísmo, mas propunha uma nova religião: o Deísmo, a
pura, simples e intocada crença em Deus e em nada mais. Toda pessoa, qualquer que seja sua religião, é, antes de tudo,
um deísta. Deísmo é a crença em Deus, e isso é o primeiro ponto comum a todas as religiões. Se formos um passo adiante
desse ponto, mixando-o com invenções humanas, caímos num labirinto de incerteza e fábula. Os deístas, portanto, creem
em Deus, mas não creem em padres, igrejas, rituais, mistérios, orações, clérigos,
livros ou dogmas: tudo isso não passaria de uma burocracia entre o homem e
Deus. O iluminista inglês Thomas Paine, em seu livro The Age of Reason, foi
o grande defensor do Deísmo.
● Igualdade perante a lei e governo constitucional — Os iluministas pregavam a
racionalização do Estado, isto é, torná-lo mais eficiente, acabando com monopólios,
instituindo a liberdade de comércio e reformando a burocracia. Além disso,
defendiam a tolerância religiosa e a igualdade perante a lei, suprimindo privilégios
de nascimento. Um bom governo deveria ser limitado por uma Constituição.
No entanto, apesar de alguns iluministas, como Rousseau e Paine, defenderem
a democracia, a maioria era a favor do voto censitário e da manutenção de uma
estrutura elitista de poder. Como disse Voltaire, tudo para o povo, nada pelo povo. Desenho de Thomas Paine.

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História 15

ORIGENS DO PENSAMENTO ILUMINISTA: SÉCULO XVII


Muitos dos elementos centrais do pensamento iluminista têm suas origens na filosofia do século XVII, quando foram temas as
grandes questões do pensamento ilustrado, tais como natureza, razão, tolerância, felicidade, ceticismo, individualismo e liberdade.
O filósofo francês René Descartes, em seu livro O Discurso do Método, foi o responsável por inaugurar a filosofia moderna em
sua forma mais acabada, pela missão de legitimar a ciência e a filosofia. Para isso, ele buscou certezas filosóficas inquestionáveis,
utilizando a dúvida metódica: para encontrar uma verdade absoluta, seria necessário encontrar algo inquestionável. A dúvida
sistemática, procurando aceitar como correto apenas o que poderia ser comprovado sem nenhuma lacuna, é a maior contribuição
do filósofo para o pensamento ocidental, abrindo caminho para outros questionarem as tradições. Em suas reflexões, Descartes
concluiu que a única coisa inquestionável é a própria dúvida, pois duvidar do pensamento é impossível uma vez que duvidar já é
pensar. Existindo o pensamento, para Descartes, é lógico que existisse uma coisa que pensa: para
pensar, é preciso ser. Nasceu, então, o argumento do cogito: Penso, logo existo. Com isso, estaria
provada a existência humana. Descartes ergueu toda a sua filosofia a partir dessa constatação.
O filósofo John Locke, para quem o homem possui três direitos naturais — liberdade, igualdade
e propriedade privada —, em seu livro O 2o Tratado Sobre o Governo Civil, fundou o pensamento
liberal, que crê que o Estado não pode impor-se sobre os homens: a religião, as escolhas políticas e
o pensamento são escolhas individuais, de modo que governo nenhum pode determinar uma crença
ou uma opinião. Em suma, para o pensamento liberal, o indivíduo é maior que o Estado. Assim,
a preservação desses direitos naturais individuais deve ser o objetivo principal de todo governo.
O líder que não atuar nesse sentido, violando a liberdade ou os bens de seus governados, pode ser
derrubado, uma vez que o poder político só é legitimo com o consentimento dos subordinados — o
chamado direito de resistência. John Locke

PRINCIPAIS PENSADORES ILUMINISTAS


● Charles Louis de Secondat, o barão de Montesquieu (1689-1755), membro da nobreza francesa, é um dos mais notáveis
iluministas. Sua principal obra, O Espírito das Leis, exerce enorme influência sobre o mundo ocidental. Na mais famosa
passagem dessa obra, Montesquieu mostrou uma simpatia perante a monarquia constitucional e propôs a separação entre os
Três Poderes, que se deveriam autorregular, vigiar uns aos outros: Todo homem que tem o poder é tentando a abusar dele. É
preciso que, pela disposição das coisas, o poder freie o poder:
— Poder Executivo, que declara paz ou guerra, envia embaixadores e estabelece a segurança;
— Poder Legislativo, que produz, corrige e revoga leis;
— Poder Judiciário, que pune crimes e julga querelas.
● O parisiense François-Marie Arouet, conhecido como Voltaire (1694-1778), foi o grande
representante do espírito das luzes, homem de ação, grande agitador e propagandista, tendo
publicado inúmeros poemas e romances. Voltaire sempre encarou o mundo e o homem com um
humor inteligente, divertido e engajado: à época da morte de Luís XIV, já tinha a reputação de
ser a inteligência mais arguta de Paris. A defesa do livre-pensamento é sua pedra fundamental:
não concordo com uma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las.
Deísta, Voltaire atacava a superstição, a crença nos milagres e a repressão da Igreja Católica,
contra a qual muitas de suas correspondências terminavam com máximas: Esmagai a Infame!.
O filósofo admirava a Monarquia Constitucional Inglesa, defendendo que os reis deveriam
conhecer a filosofia para governar. Prisões arbitrárias, tortura, pena de morte e altos impostos
eram sempre atacados pelo parisiense, mas sua filosofia era, essencialmente, burguesa e pregava
a exclusão dos mais pobres das decisões políticas. Voltaire

● Um dos mais ousados filósofos das luzes, crítico terrível do Antigo Regime, Denis Diderot (1713-1784) dizia que o mundo só
será justo quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre. O filósofo professou seu resoluto ateísmo e seu marcante
materialismo: o homem seria não mais que uma porção de matéria construída sob as leis que regem a natureza; Deus seria uma
mera invenção do homem. Se é possível acreditar que veremos quando não tivermos mais olhos; que ouviremos quando não
tivermos mais ouvidos; que pensaremos quando não tivermos mais cabeça; que sentiremos quando não tivermos mais coração;
que existiremos quando não estivermos em parte alguma, que seremos algo sem extensão e sem lugar, então consinto.

Idealizada, organizada e publicada por Diderot e D’Alembert, a Enciclopédia foi uma vitrine das ideias iluministas, com 142
autores, dentre os quais os mais brilhantes filósofos do “século das luzes”. O objetivo do compêndio era sintetizar e divulgar
todos os conhecimentos existentes, combatendo superstições, mentiras e imposições da autoridade. Tratava-se de uma verdadeira
“cruzada filosófica” na longa batalha contra os adversários da razão. A obra — 35 volumes — foi publicada entre 1751 e 1772.

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16 História

Na década de 1770, uma nova geração de filósofos — que influenciou os momentos mais radicais da Revolução Francesa —
radicalizou o pensamento iluminista e passou a defender a República e a criticar a civilização, o progresso, a propriedade privada,
a desigualdade e a escravidão colonial, dando os primeiros passos rumo ao pensamento crítico do século XIX. São membros dessa
geração: Mably, Meslier, Raynal, Morelly, Beccaria, Thomas Paine e Rousseau, o maior de todos os seus nomes, precursor do
Romantismo que admitia a importância do sentimento e da natureza diante da frieza da razão e da civilização.

● Jean Jacques Rousseau (1712-1778) acreditava que, no hipotético Estado de Natureza, os


homens eram livres, iguais e felizes, vivendo, em comunidade, sem moral, tecnologia, dinheiro
ou propriedade, não havendo espaço para egoísmo, individualismo ou guerra. Contudo, como ele
demonstra no Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens,
em algum momento da História, certo homem passou a escravizar outros, a criar a propriedade
privada e a suprimir a liberdade natural. A desigualdade, opondo ricos e pobres, governantes
e governados, seria a fonte primeira de todos os males sociais. A partir de então, surgiram a
inveja, a cobiça, as guerras, as mortes, os horrores, a sede de poder e a vaidade, de forma que,
hoje, o homem está corrompido. O homem nasce livre e por toda parte encontra-se a ferros.
Assim, Rousseau entrava em choque com outros filósofos ilustrados, pois negava a ideia de que
a civilização e o progresso teriam sido bons para os homens. Disse Rousseau: Tudo está bem
ao sair das mãos do Autor das coisas; tudo degenera nas mãos do homem. Rousseau

Para os homens conservarem sua liberdade, deveria haver uma nova sociedade democrática na qual predominasse a vontade
da maioria, com a existência de uma espécie de acordo, o Contrato Social. As pessoas aceitariam a vontade da maioria e, em
troca, o governo deveria tutelar pela liberdade e pelo bem-estar da população, evitando atitudes autoritárias e lutando para que
não houvesse extremos de pobreza e de riqueza. A soberania, portanto, não residiria nos reis, mas nos cidadãos, que escolheriam
seu governante segundo suas próprias necessidades.

Em 1762, em sua obra Emílio, Rousseau fez uma defesa que revolucionou as concepções sobre a humanidade: a natureza
humana pode perfeitamente ser transformada pela educação, tornando os homens melhores e colocando neles as ideias de
igualdade e fraternidade. Baseado nessa ideia, na Revolução Francesa, instituiu-se o ensino público, gratuito e universal.

Do ponto de vista econômico, o Iluminismo criticou as práticas mercantilistas e fundou o chamado Liberalismo econômico,
dividido em duas escolas: Fisiocratas, na França, e Escola Clássica, na Inglaterra.

Com os fisiocratas, pela primeira vez, o ciclo da circulação de riquezas e sua expressão matemática eram objeto de análise.
Negaram o metalismo e consideraram a terra e sua exploração (pesca, mineração e agricultura) como a verdadeira fonte de riqueza
de uma sociedade. O comércio e a indústria apenas faziam circular e transformar a riqueza proveniente da natureza. Por outro
lado, para que um país prosperasse, seu Estado não deveria controlar tão rigidamente a economia. Monopólios, regulamentos e
limites devem ser abolidos, permitindo o comércio fluir livremente. A máxima fisiocrata é laissez faire, laissez passer, le monde
va lui même — “deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo”. Seus teóricos mais importantes foram: François Quesnay
(1694-1774), Robert Turgot (1727-1781) e Gournay (1712-1750).

● O pensamento fisiocrata foi muito importante para que Adam Smith (1732-1790), pai da economia clássica e autor do livro
A Riqueza das Nações, formulasse sua teoria, considerada fundadora do Liberalismo econômico, cujos princípios são:

— Trabalho como fonte de riqueza — O poder econômico de um país não reside na quantidade de metais que seu Estado
acumula, mas no trabalho, o verdadeiro produtor de riqueza;

— Livre-iniciativa e livre-concorrência — A busca individual de riquezas pelas empresas beneficia toda a sociedade, uma vez
que a livre-iniciativa e a livre-concorrência forçariam-nas a buscarem maior qualidade, melhores tecnologias e menor preço
de seus produtos. A atuação dos indivíduos em busca de riqueza, guiada pelo autointeresse, garante a estabilidade econômica.
A Lei da Oferta e da Procura funciona como uma “mão invisível” que regula o mercado e naturalmente traz felicidade a todos.
Assim, o pensamento liberal busca conciliar o ideal republicano de “bem comum” com as satisfações e interesses individuais.
Tanto para o Liberalismo econômico quanto para o Liberalismo político, o indivíduo é maior que o Estado;

— A não intervenção do Estado na economia — O Estado liberal não pode intervir ativamente na economia, impondo
monopólios ou restrições, ficando, portanto, abaixo do mercado. Sua função primordial é garantir a ordem e o respeito aos
direitos naturais do homem por meio de uma Constituição e de seus órgãos repressores.

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História 17

O DESPOTISMO ESCLARECIDO
Apesar de os centros do pensamento ilustrado terem sido França, Inglaterra, Escócia, Itália
e Alemanha, outros países, que se encontravam em uma situação de decadência político-
econômica, procuraram no Iluminismo um instrumento para reformar seu Estado. São os
casos de Espanha, Portugal, Rússia, Polônia, Áustria e Império Otomano.
Os estadistas que utilizaram o Iluminismo para modernizar seus Estados eram os déspotas
esclarecidos. Despotismo esclarecido foi um movimento no qual os governantes, impregnados
das ideias iluministas ou cercados de políticos iluministas, utilizavam elementos do pensamento
ilustrado sem abandonar sua condição de déspotas absolutistas ou melhorar substancialmente
a condição do povo. Pode-se dizer que o Iluminismo fora instrumentalizado por esses
imperadores. Frederico II
Entre as mais famosas medidas desses governantes estavam: separação entre Estado e Igreja;
tolerância religiosa; valorização dos conhecimentos científicos; ênfase no método experimental
newtoniano; liberdade de comércio e indústria; profissionalização da burocracia. As reformas
ilustradas inauguraram, na América Espanhola e Portuguesa, um período de simultâneo
crescimento econômico e maior exploração, dando início à Crise do Antigo Sistema Colonial.
● Frederico II, O Grande (1712-1786), da Prússia, a maior expressão do despotismo
esclarecido, criou uma obra teórico-filosófica importante, patrocinou vários pensadores,
foi amigo de Voltaire e Diderot, promoveu um intenso crescimento econômico em seu
país, fazendo de Berlim uma grande cidade, publicou um Ato de Tolerância Religiosa para
todas as religiões (exceto a judaica) e organizou “escolas modernas”, onde se formavam
funcionários e oficiais; José II

● José II (1741-1790), da Áustria, admirador dos parisienses, aboliu a servidão pessoal,


extinguiu as Corporações de Ofício e acabou com vários conventos, utilizando os bens
adquiridos para abrir escolas. Em 1781, por meio do “Edito de Tolerância”, estabeleceu
liberdade religiosa;
● Catarina II (1729-1796), da Rússia, correspondente de Voltaire, D’Alembert, Diderot,
von Grimm e leitora apaixonada de Montesquieu, edificou a exploração da metalurgia de
ferro e cobre nos Urais, concedendo aos nobres o direito de instalar fábricas e manufaturas.
Externamente, realizou o sonho russo de conquistar a saída para o Mar Negro. Em sua era,
a educação foi incrementada e fundaram-se academias de literatura e linguística, hospitais,
Catarina II
orfanatos e cidades. Por isso, surgiu uma camada de pessoas bem-informadas, conhecedoras
de várias línguas e do pensamento iluminista e críticas da situação deplorável da Rússia em
relação ao resto da Europa. Essa camada era chamada intelligentsia, grupo que, ao longo
do século XIX, tornou-se crítico da servidão, da autocracia e, no início do século XX,
defendeu o Socialismo. Evidenciando o caráter contraditório de suas reformas, Catarina II
compactuou com a nobreza e intensificou a exploração do campesinato;
● Carlos III (1759-1788), da Espanha, apoiava-se em seus ministros Campomanes,
Floridablanca, e Aranda, que colocaram a Igreja sob o controle do Estado, expulsaram os
jesuítas do país e de suas colônias, desenvolveram a indústria manufatureira, construíram
canais de irrigação e concederam liberdade de comércio de grãos para dinamizar a economia
espanhola; Carlos III
● José I, de Portugal, delegou poderes a seu ministro Marquês de Pombal (1699-1782), cuja
atuação política é um divisor de águas em toda história do país e de seu império. Pombal
reconstruiu e embelezou Lisboa após o terremoto de 1755, elaborando um relatório completo
dos estragos e uma planta de restauração da cidade, definiu e organizou o funcionalismo
público, operacionalizando melhor as funções do Estado e criando uma burocracia moderna,
promoveu um período de crescimento econômico, demográfico, manufatureiro e comercial
na metrópole e nas colônias (renascimento agrícola, ordenamento do distrito diamantino,
criação de novas companhias de comércio), tirou o poder da Inquisição, expulsou os jesuítas O Marquês de Pombal expulsando
do império português, acabou com o monopólio da Igreja sobre educação e, nas universidades, os jesuítas, de Louis-Michel van Loo
e Claude-Joseph Vernet, 1766.
implantou novos cursos, como física, matemática e filosofia.

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18 História

EXERCÍCIOS 04. (PUC) Analise as afirmativas abaixo referentes ao Iluminismo.


I. Muitas das ideias propostas pelos filósofos iluministas são, hoje,
01. (PUC) As ideias dos diversos filósofos do Iluminismo, elementos essenciais da identidade da sociedade ocidental.
que tanta importância exercem nos movimentos sociais II. O pensamento iluminista caracterizou-se pela ênfase conferida
dos séculos XVIII e XIX, têm como princípio comum: à razão, entendida como inerente à condição humana.
a) a república como único regime político democrático. III. Diversos pensadores iluministas conferiram uma importância
b) a razão como portadora do progresso e da felicidade. central à educação enquanto instrumento promotor da civilização.
c) as classes populares como base do poder político. IV. A filosofia iluminista proclamou a liberdade como direito
d) o Calvinismo como justificativa de riqueza material. incontestável de todo ser humano.
e) a igualdade social como alicerce do exercício da Assinale:
cidadania.
a) se apenas a afirmativa II estiver correta.
02. (UF-MG) Assinale a alternativa que apresente um princípio b) se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas.
filosófico do Século das Luzes. c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas.
a) Crença na razão como fonte pra a crítica social e política. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
b) Defesa do ideal monárquico para a garantia da unidade
política. 05. (FATEC-SP) O Iluminismo surgiu na França, no século XVIII, e
c) Ideia do Direito Divino dos reis para legitimar o caracterizava-se por procurar uma explicação racional para todas as
Absolutismo. coisas. É correto afirmar que:
d) Ideia de indivisibilidade do Estado em poderes
independentes. a) a filosofia iluminista preocupou-se com o estudo da natureza,
por isso, acreditava-se em Deus e no poder da Igreja para
03. (PUC) O nosso século é chamado o Século da Filosofia chegar a Ele.
por excelência. Se examinarmos sem prevenção o estado b) seus pensadores eram divididos em dois grupos: os filósofos
atual dos nossos conhecimentos, não se pode deixar de e os economistas, sendo estes últimos defensores de uma
convir que a filosofia registrou grandes progressos entre economia totalmente supervisionada pelo Estado.
nós. Assim, desde os princípios das ciências profundas até c) os déspotas esclarecidos, monarcas e ministros europeus
os fundamentos da Revelação, desde a metafísica até as adeptos de ideias iluministas, modernizaram seus Estados
questões de gosto, (...) desde as disputas escolásticas dos abandonando o poder absoluto.
teólogos até os objetos de comércio, (...) tudo foi discutido, d) para corrigir a desigualdade social era preciso modificar a
analisado e, no mínimo, agitado. sociedade, dando a todos liberdade de expressão e de culto,
além de proteção contra a escravidão, a injustiça, a opressão
D’Alembert apud Ernst Cassirer, A Filosofia do Iluminismo.
e as guerras.
As palavras de D’Alembert nos remetem a algumas das e) um de seus maiores pensadores foi Montesquieu, que escreveu
características das ideias e concepções do movimento o Contrato Social, no qual criticava a Igreja e defendia a
iluminista. Entre elas podemos identificar: liberdade dos homens.
I. A valorização da filosofia como campo de reflexões
estritamente direcionadas para a crítica das ciências 06. (FUVEST-SP) A autoridade do príncipe é limitada pelas leis da
da natureza. natureza e do Estado... O príncipe não pode, portanto, dispor
II. A defesa de uma concepção de história associada ao de seu poder e de seus súditos sem o consentimento da nação
ideal de progresso e contraposta aos valores da tradição. e independentemente da escolha estabelecida no contrato de
III. A secularização de todos os domínios de conhecimento, submissão...
Diderot, artigo “Autoridade política”, Enciclopédia.
incluindo-se aqueles relacionados à moral, à religião
e às relações sociais. Tendo por base esse texto da Enciclopédia, é correto afirmar que o
IV. A defesa da razão e da experiência como instrumentos autor:
centrais para a produção de todos os conhecimentos e a) pressupunha, como os demais iluministas, que os direitos de
valores pertinentes ao homem e às suas sociedades. cidadania política eram iguais para todos os grupos sociais e
Assinale: étnicos.
a) se somente as afirmativas I e II estão corretas. b) propunha o princípio político que estabelecia leis para legitimar
b) se somente as afirmativas I e IV estão corretas. o poder republicano e democrático.
c) se somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. c) apoiava uma política para o Estado, submetida aos princípios da
d) se somente a afirmativa III está correta. escolha dos dirigentes da nação, por meio do voto universal.
e) se todas as afirmativas estão corretas. d) acreditava, como os demais filósofos do Iluminismo, na revolução
armada como único meio para a deposição de monarcas
absolutistas.
e) defendia, como a maioria dos filósofos iluministas, os princípios do
liberalismo político que se contrapunham aos regimes absolutistas.

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História 19

07. (UEL-PR) Mas logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria d) Os pensadores do século XVI e XVII que defenderam
assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que a causa política da monarquia eram seguidores dos
eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade princípios políticos pragmáticos enunciados por
eu penso, logo existo era tão firme e tão certa que todas as mais Maquiavel no começo do século XVI.
extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de e) Thomas Hobbes foi um defensor do equilíbrio entre
abalar, julguei que poderia aceitá-la, sem escrúpulo, como o executivo e legislativo, pregando a necessidade de um
primeiro princípio da Filosofia que procurava. parlamento forte que moderasse a monarquia.
René Descartes, Discurso do Método.
10. (FUVEST-SP) Entre as propostas formuladas no século XVIII
De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre o tema,
por Montesquieu, em sua obra O Espírito das Leis, podemos
assinale a alternativa correta.
citar:
a) Para Descartes, não podemos conhecer nada com certeza,
a) separação de poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.
pois tudo quanto pensamos está sujeito à falsidade.
b) sufrágio universal.
b) O “eu penso, logo existo” expressa uma verdade instável e
c) parlamentarismo bicameral inteiramente de base eletiva.
incerta, o que fez Descartes ser vencido pelos céticos.
d) responsabilidade ministerial ante o parlamento.
c) A expressão “eu penso, logo existo” representa a verdade firme
e) regime presidencialista.
e certa com a qual Descartes fundamenta o conhecimento e
a ciência.
11. (Cesgranrio-RJ) Que nunca percam de vista, o Soberano e a
d) As “extravagantes suposições dos céticos” impediram
Nação, o fato de a terra ser a única fonte de riquezas e que a
Descartes de encontrar uma verdade que servisse como
agricultura as multiplica. Que a propriedade dos bens de raiz e
princípio para a filosofia.
das riquezas mobiliárias seja assegurada aos seus possuidores
e) Descartes, ao acreditar que tudo era falso, colocava em
legítimos, pois a segurança da propriedade é o fundamento
dúvida sua própria existência.
essencial da ordem econômica da Sociedade.
François Quesnay, Maximes generales du
08. O Fisiocratismo foi uma doutrina econômica da segunda metade
gouvernement economique.
do século XVIII. Entre os fisiocratas destacou-se François
Quesnay. Quesnay, médico do rei francês, lançou as bases do pensamento
liberal fisiocrata, o qual:
Aponte a alternativa que apresente uma característica do
Fisiocratismo. a) preconizava que o aumento populacional determinava a
escassez de recursos naturais e, consequentemente, crises
a) Agricultura como única atividade produtiva e fonte de
de abastecimento.
riqueza.
b) defendia as aspirações burguesas e criticava a intervenção
b) Defesa dos monopólios.
estatal na vida econômica.
c) Intervenção do Estado na economia.
c) defendia a valorização da nobreza territorial, a supremacia
d) Indústria como única atividade geradora de riqueza.
e a centralização do poder real.
e) Comércio como única atividade geradora de riqueza.
d) explicitava as aspirações das massas camponesas que
tencionavam destruir o feudalismo.
09. (UF-PR) A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça
e) relacionava a necessidade de se manter a ordem
é tirânica. A justiça sem a força será contestada, porque há
socioeconômica ao montante de investimentos industriais.
sempre maus; a força sem a justiça será acusada. É preciso
reunira a justiça e a força; e dessa forma, fazer com que o justo
12. O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros.
seja forte, e o que é forte seja justo.
O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo
Blaise Pascal, Pensamentos. do que eles. A ordem social é um direito sagrado que serve de
Essa passagem de Pascal remete à relação de equilíbrio que base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina
deve existir entre o poder político e a justiça. da natureza: funda-se, portanto, em convenções.
Rousseau, Do Contrato Social.
A respeito dessa questão central para a filosofia e a ciência
política desde o século XVII, assinale a alternativa correta. A respeito da citação de Rousseau, é correto afirmar:
a) John Locke defendia que ninguém pode isentar-se das leis a) Aproxima-se do pensamento absolutista, que atribuía aos
que regem a sociedade civil, criticando enfaticamente as reis o Direito Divino de manter a ordem social.
teorias absolutistas, que consideravam uma prerrogativa do b) Filia-se ao pensamento cristão, por atribuir a todos os homens
poder monárquico não se submeter às leis que regulavam a uma condição de submissão semelhante à escravatura.
vida dos súditos. c) Filia-se ao pensamento abolicionista, por denunciar a
b) Nos séculos XVII e XVIII, as monarquias absolutistas foram escravidão praticada na América, ao longo do XIX.
controladas pelos parlamentos em toda Europa, prevalecendo d) Aproxima-se do pensamento anarquista, que estabelece
as teorias políticas constitucionais sobre a teoria do Direito que o Estado deve ser abolido e a sociedade, governada por
Divino dos reis. autogestão.
c) Ao escrever sobre as formas de governo, Montesquieu e) Aproxima-se do pensamento iluminista, ao conceber a
aproximou-se do pensamento político de Locke, tornando-se ordem social como um direito sagrado que deve garantir a
um opositor da monarquia e defensor do regime republicano. liberdade e a autonomia dos homens.

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20 História

13. (UNESP) Os filósofos adulam os monarcas e os 16. (FUVEST-SP) Sobre o chamado despotismo esclarecido, é correto afirmar
monarcas adulam os filósofos. Assim se referia que:
o historiador Jean Touchard à forma de Estado a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias europeias, tendo por
europeu que floresceu na segunda metade do característica a utilização dos princípios do Iluminismo.
século XVIII. Os “reis filósofos”, temendo b) foram os déspotas esclarecidos os responsáveis pela sustentação e difusão
revoluções, introduziram reformas inspiradas nos das ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.
ideais iluministas. c) foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias
Essas observações aplicam-se: europeias reformarem estruturalmente seus Estados.
a) às monarquias constitucionais. d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o
b) ao despotismo esclarecido. programa de modernização proposto pelos filósofos iluministas.
c) às monarquias parlamentares. e) foi uma tentativa, mais ou menos bem-sucedida, de algumas monarquias
d) ao regime social-democrático. reformarem seus Estados, sem alteras estruturas vigentes.
e) aos principados ítalo-germânicos.
17. (UFV-MG) Durante os séculos XVII e XVIII, a Europa viveu um importante
14. (Cesgranrio-RJ) Os déspotas esclarecidos movimento de ideias que revolucionou o pensamento científico e político.
procuravam modificar os métodos e objetivos 1. John Locke
de ação do Estado. Em geral, apresentavam-se 2. Montesquieu
apenas como “os primeiros servidores do próprio 3. Descartes
Estado”. 4. Rousseau
Entre as manifestações do despotismo esclarecido, 5. Voltaire
pode-se incluir: Numere a coluna abaixo de acordo com os números acima e assinale a
a) a adoção da fraseologia dos filósofos alternativa correta.
iluministas para a modernização de seus ( ) A tendência natural do homem é abusar do poder que lhe foi confiado.
respectivos Estados. Para evitar o despotismo, a autoridade do governo deve ser desmembrada
b) seu sucesso em países onde a burguesia era em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.
muito forte e atuante. ( ) A liberdade de pensamento e religião, bem como a igualdade perante
c) a durabilidade e coerência de suas reformas a lei, é direito natural do homem.
implantadas nos países da Europa Ocidental.
( ) O governo existe pela necessidade de garantir os direitos e a segurança
d) a adaptação de princípios novos a Estados
dos homens, mas seus poderes não podem ultrapassar os limites
com condições socioeconômicos e políticas
estabelecidos por aqueles que o escolheram.
bastante avançadas.
e) a destruição da religião revelada e da ( ) A razão é a única forma de se chegar ao conhecimento verdadeiro dos
autoridade da Igreja por meio de precoces fatos.
ideias de materialismo histórico. ( ) Todo poder emana do povo e é em nome do povo que ele é exercido.
a) 4–3–2–1–5
15. (FATEC-SP) Considere o que se segue: b) 3–4–5–2–1
I. Empenho em racionalizar a administração c) 2–5–1–3–4
pública. d) 1–2–4–5–3
II. Incentivo à educação, inclusive para aprimorar e) 5–1–2–4–2
a capacidade produtiva da população.
18. I. A luz — ou, melhor ainda, as luzes, pois não se tratava de um único
III. Rejeição radical aos princípios elaborados
raio mais sim de um feixe — projetava-se sobre as grandes massas de
pelos filósofos iluministas.
negrume de que a terra estava ainda coberta (...) esta foi uma palavra
IV. Apoio ideológico ao processo de independência mágica que a época se deleitou em dizer e repetir. Como eram doces aos
de suas colônias. olhos dos sábios essas luzes (...) emanavam das augustas leis da razão;
Como forma modernizada do Absolutismo acompanhavam, seguiam a Filosofia que avançava a passos de gigante.
monárquico, o despotismo esclarecido está Iluminados, eis o que eram os filhos do século.
corretamente caracterizado apenas nos itens: II. A revelação pertence à ordem dos milagres, e a razão não admite o milagre.
a) I e II. A revelação pertence à ordem do sobrenatural, e a razão apenas admite
b) I e III. as verdades naturais. Logo que a razão examina a revelação, encontra
c) II e III. nela contradições e, consequentemente, falsidades. O que na religião é
d) I, II, e III. propriamente religioso, não passa de superstição (...). Tais as opiniões que
e) II, III, IV. foram mantidas pelo conjunto dos mestres do coro em todas as línguas.
P. Hazard, O Pensamento Europeu no Século XVIII.

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História 21

Assinale a alternativa correta. 21. (UF-RS) O Despotismo Esclarecido, na segunda metade do século
a) O segundo texto — e somente ele — refere-se ao XVIII, resultou de uma nova concepção do papel dos chefes de
movimento intelectual europeu conhecido por Iluminismo. Estado que, influenciados pelos ideais da Ilustração, procuravam
b) Os dois textos permitem concluir que os iluministas contribuir para o bem do povo; contudo:
rejeitavam o conhecimento racional e aceitavam a verdade a) evitaram entrar em contato com os filósofos enciclopedistas.
revelada. b) deixaram de reformar os processos de justiça, visando a
c) Os sábios mencionados no primeiro texto e os mestres abrandar as penalidades dos julgamentos.
do coro no segundo eram pensadores Iluministas. c) negaram aos súditos qualquer participação no governo, qualquer
d) Nenhum dos textos trata do movimento intelectual europeu liberdade política.
conhecido por Iluminismo. d) perseguiram os dissidentes em matéria religiosa, proibindo
e) O primeiro texto — e somente ele — refere-se ao totalmente a liberdade de culto.
movimento intelectual europeu conhecido por Iluminismo. e) aumentaram grandemente a autoridade dos eclesiásticos,
especialmente os ligados à Companhia de Jesus.
19. (FCC) A afirmação os homens nascem bons, mas a sociedade
os torna perversos teve ampla repercussão nos movimentos 22. Os textos abaixo referem-se a pensadores cujas obras e ideias
políticos revolucionários dos séculos XVIII, XIX e XX, exerceram forte influência em importantes eventos ocorridos
constituindo o fundamento de toda a obra de: nos séculos XVII e XVIII. Leia-os e aponte a alternativa que os
a) Vico. relacione corretamente a seus autores.
b) Rousseau. I. O filósofo desenvolveu em seus Dois Tratados Sobre Governo
c) De Maistre. a ideia de um Estado de base contratual. Esse contrato
d) Proudhon. imaginário entre o Estado e os seus cidadãos teria por objeto
e) Fichte. garantir os direitos naturais do homem, ou seja, liberdade,
felicidade e prosperidade. A maioria tem o direito de fazer
20. (UFF-RJ) Escrevendo sobre o século XVIII europeu, valer seu ponto de vista e, quando o Estado não cumpre seus
Francisco Falcon distinguiu as noções de Ilustração Política objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de
e Absolutismo Ilustrado: defender seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem
Ilustração Política é bem mais abrangente, pois inclui os pegar em armas contra seu soberano para assegurar um
contrato justo e a defesa da propriedade privada.
séculos XVII e XVIII e estende-se à Inglaterra, França e
II. O filósofo propôs um sistema equilibrado de governo em
América do Norte, ou seja, exatamente aqueles países onde não
que haveria a divisão de poderes (legislativo, executivo e
houve absolutismo ilustrado. Corresponde às manifestações do
judiciário). Em sua obra O Espírito das Leis alegava que tudo
pensamento político e social mais significativas e permanentes estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação
associadas à época do Iluminismo. Já o conceito de exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar
Absolutismo Ilustrado corresponde ao chamado “despotismo e o de julgar os crimes ou as desavenças dos particulares.
esclarecido”. Ao contrário do anterior, este conceito só se Afirmava que só se impede o abuso do poder quando pela
aplica a um breve período e a alguns Estados europeus. disposição das coisas só o poder detém o poder.
Despotismo Esclarecido a) I. John Locke; II. Voltaire.
A partir do texto dado, é correto afirmar que: b) I. John Locke; II. Montesquieu.
a) Portugal e Espanha apresentaram-se como regimes típicos c) I. Rousseau; II. John Locke.
de Despotismos Esclarecidos na segunda metade do século d) I. Rousseau; II. Diderot.
XVIII, preconizando reformas de “modernização” das e) I. Montesquieu; II. Rousseau.
Metrópoles e aperfeiçoamento do sistema colonial.
b) o apogeu da Ilustração Política na Inglaterra ocorreu no 23. Nossa época gosta de denominar-se de “época da filosofia”. De
século XVII com as ideias de Locke e com a Revolução fato, se examinarmos sem preconceito algum a situação atual
Gloriosa, que derrubou o Despotismo Esclarecido dos dos nossos conhecimentos, não poderemos negar que a filosofia
Stuarts. realizou entre nós grandes progressos. Tudo tem sido discutido,
c) na França, o Despotismo Esclarecido teve em Luís XIV, analisado, removido, desde os princípios das ciências até os
em cujo reinado emergiu a crítica ilustrada que resultaria fundamentos da religião revelada (...) Fruto desta efervescência
na Revolução Francesa, o seu mais fiel representante. geral dos espíritos uma nova luz se derrama sobre muitos objetos
d) na América do Norte, a Ilustração Política exprimiu-se e novas obscuridades os encobrem.
nas ideias de Paine e Franklin, resultando a luta contra Esse trecho foi extraído de uma importante obra da cultura
o Despotismo Esclarecido da Coroa britânica, no século ocidental. Suas ideias devem ser associadas:
XVIII. a) ao marxismo e a concepções socialistas elaboradas no século
e) no caso da Prússia, não houve Ilustração Política, nem XIX.
Absolutismo Ilustrado, já que a nação alemã não se havia b) ao Absolutismo francês do século XVII.
unificado politicamente na Época Moderna. c) à Ilustração característica do século XVIII.
d) à Contrarreforma católica dos séculos XVI e XVII.
e) ao Futurismo italiano do século XX.

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22 História

24. As ideias iluministas atingiram até mesmo alguns monarcas 28. (FUVEST-SP) Seria mais correto chamarmos o Iluminismo
absolutos, que trataram de empreender reformas inspiradas de ideologia revolucionária... Pois o Iluminismo implicava a
pelas Luzes. abolição da ordem política e social vigente na maior parte
Dentre os soberanos apontados abaixo, qual não pode ser da Europa.
considerado um déspota esclarecido? Eric J. Hobsbawm, A Era das Revoluções – 1789-1848.

a) Catarina, a Grande, da Rússia. Descreva a ordem política e social que o Iluminismo criticava
b) José II, da Áustria. e pretendia destruir.
c) Frederico II, da Prússia.
d) Gustavo Adolfo, da Suécia.
e) Carlos III, da Espanha.

25. Na segunda metade do século XVIII alguns monarcas europeus 29. (Unicamp-SP) Para os pensadores do século XVII,
adotaram princípios do Iluminismo buscando reafirmar, a partir precursores do Iluminismo, a busca do conhecimento deveria
destes, seus poderes absolutos.
ser buscada pela razão.
Considerando essa afirmação, não é correto afirmar que:
a) Aponte três características do pensamento científico do
a) entre esses déspotas esclarecidos estava Frederico II, seguidor
século XVII.
de Voltaire, que permitiu a liberdade de culto na Prússia.
b) os monarcas mais destacados desta corrente foram: Frederico b) Cite dois filósofos do século XVIII.
II (Prússia), Catarina II (Rússia) e José II (Áustria).
c) Catarina II (Rússia) não apenas manteve os direitos dos
proprietários da terra sobre os servos como permitiu aos
primeiros o direito de condenação à morte dos segundos.
d) em Portugal, o Marquês de Pombal, ministro de José I, foi o
responsável pela perseguição à nobreza e ao clero, buscando 30. (UNESP) No século XVIII, surgiram novas ideias que
fortalecer o poder real. despertaram o interesse de muitos adeptos que rejeitavam
e) José II (Áustria) foi o mais descompromissado dos monarcas as tradições e almejavam explicações racionais para
na aplicação dos princípios iluministas. compreender os fenômenos naturais e sociais.
Como ficaram conhecidos os pensadores desse período e
EXERCÍCIOS DISCURSIVOS de que modo esses pensadores influenciaram monarcas e
ministros europeus?
26. (Unicamp-SP) Em 1770, um advogado chamado Séguier
comentava, a propósito de um movimento do século XVIII:
Os filósofos se eregiram* preceptores** do gênero humano.
Liberdade de pensar, eis seu brado, e esse brado se propagou
de uma extremidade a outra do mundo. Com uma das mãos 31. (UNESP) O Iluminismo é a saída do homem de um estado de
tentaram abalar o trono; com a outra, quiseram derrubar menoridade que deve ser imputado a ele próprio. Menoridade
os altares. é a incapacidade de servir-se do próprio intelecto sem a guia
* eregir: instituir, considerar;
de outro. Imputável a si próprios é esta menoridade se a causa
** preceptor: mestre, mentor dela não depende de um defeito da inteligência, mas da falta
de decisão e da coragem de servir-se do próprio intelecto
a) Identifique o movimento a que Séguier se refere.
sem ser guiado por outro. Sapere Aude [atreva-se a saber]!
b) Que características desse movimento podem ser extraídas Tem a coragem de servires de tua própria inteligência!
do texto.
Immanuel Kant (1784)

Esse texto do filósofo Kant é considerado uma das mais


sintéticas e adequadas definições acerca do Iluminismo.
27. (FUVEST-SP) Durante o século XVIII, na Europa, Justifique essa importância comentando o significado do termo
constituíram-se dois polos dinâmicos: um de dimensão menoridade, bem como os fatores sociais que produzem essa
cultural, representado pela França, e outro de dimensão condição, no campo da religião e da política.
econômica, representado pela Inglaterra.
Descreva aspectos referentes ao:
a) primeiro polo.
b) segundo polo.

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História 23

Colonização e Independência da América Inglesa


A partir do século XVII, formaram-se as Treze Colônias inglesas, que deram origem aos Estados Unidos, cuja Independência
é, mais que uma mera ruptura, uma Revolução, pois tem um papel fundamental na Crise do Antigo Regime, inspirando outros
povos a lutarem por sua independência e criando novos modelos políticos.
OS POVOS COLONIZADORES
A presença inglesa na América do Norte iniciou-se em 1585,
quando Elizabeth I encarregou sir Walter Raleigh de colonizar a
região. Em 1587, foi criada a Virgínia, e, ao longo do século XVII,
a presença inglesa ali firmou-se. Foram fundadas Treze Colônias:
● no Norte: New Hampshire, Massachusetts, Connecticut e
Rhode Island;
● no Centro: Nova Iorque, Pensilvânia, Nova Jérsei e Delaware;
● no Sul: Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do
Sul e Geórgia.
Para a América, dirigiram-se, majoritariamente, homens pobres,
vítimas dos processos de cercamentos que vislumbravam nos Washington Crossing the Delaware, de Emanuel Gottlieb Leutze, 1851.
EUA uma válvula de escape para sua miséria. Por outro lado, as autoridades inglesas enxergavam com simpatia essa imigração
de miseráveis, pois descarregava o país de “elementos subversivos”. Muitas mulheres pobres dispunham-se a ser vendidas como
esposas na América. Vários desses imigrantes, sem dinheiro para pagar sua passagem, tornavam-se temporariamente servos
(indenturent servant) de pessoas que pagassem seus transportes.
Houve também um grupo minoritário de colonos chamados peregrinos, que
As Treze Colônias entraram, sobretudo, no Norte das 13 colônias. Eram puritanos fugidos de
perseguições religiosas e guerras civis na Inglaterra, que se viam como povos
escolhidos. Tal como os hebreus haviam fugido do Egito, atravessado o Mar
Vermelho e fundado Israel, os peregrinos, perseguidos na Inglaterra, atravessaram o
Mar Atlântico e chegaram ao Novo Mundo. O acontecimento que marca a chegada
dos protestantes nas Treze Colônias foi o desembarque do navio Mayflower, em
1620, em Massachusetts. Nessas regiões protestantes, foram fundadas várias escolas
primárias e universidades, pois havia a preocupação de que todos pudessem
ler e interpretar a Bíblia. Já no período colonial, fundaram-se Harvard, William
and Mary, Yale, Columbia, Pensilvânia, Princeton e Brown. Nestas e em outras
universidades norte-americanas, é forte a presença de um benfeitor, um milionário
que deixa como herança toda a sua enorme fortuna para a universidade, como é o
caso de Jonh Harvard. No mundo dos puritanos, eram proibidos festas, esportes,
danças e músicas, quase todos os homens portavam armas e trabalhar e rezar eram
as únicas possibilidades no cotidiano. Nesse sentido, ocorreram vários episódios
de histeria e intolerância entre os puritanos: em 1692, em Salém, um grupo de
meninas passou a acusar várias pessoas de enfeitiçá-las. 200 pessoas foram presas, 14 mulheres e 6 homens foram executados.
Houve, no entanto, formas singulares de experiência puritana nos EUA. William Penn fundou uma colônia especial para abrigar
os protestantes chamados quakers, a Pensilvânia. Sob o lema no cross, no crown (“nem cruz, nem coroa”), os quakers queriam
fundar um mundo livre e tolerante, onde as terras eram oferecidas gratuitamente aos colonos que chegavam. A capital, Filadélfia,
era uma das mais alfabetizadas cidades do mundo. Ao mesmo tempo, a chegada desses europeus marcou um progressivo genocídio
dos indígenas: cherokees, iroqueses, algonquinos, comanches e apaches, que povoavam todo o território, eram vistos como seres
inferiores, sujeitos ao domínio inglês. Essa matança ocorria por meio de guerras — uma vez que se opuseram aos invasores —,
doenças europeias — uma vez que não tinham anticorpos próprios — e escravização.
AS DIFERENÇAS ENTRE NORTE e SUL
As Colônias do Norte — chamadas de Nova Inglaterra — foram formadas
a partir dos grupos puritanos fugidos da Inglaterra. Apresentavam o clima
temperado, semelhante ao europeu, e, por isso, dificilmente poderiam oferecer
algum produto de que a Inglaterra necessitasse. Assim, formou-se ali um
mundo voltado à policultura e ao mercado interno, com produção familiar
realizada em pequenas propriedades, onde predominava o trabalho livre, o
que fez emergir um mercado interno relativamente desenvolvido e atividades
manufatureiras. No Norte, apareceu o comércio triangular, expressão da grande
liberdade de comércio existente na região: consistia na compra de cana e melado
das Antilhas para serem transformadas em rum, facilmente vendido na África,
para onde era levado por navios da Nova Inglaterra e trocado por escravos, que
eram vendidos nas fazendas das Antilhas ou nas Colônias do Sul. Tratava-se
de uma atividade altamente lucrativa, de modo que os navios sempre estavam
carregados de produtos para vender. O comércio poderia envolver também a
Comércio Triangular.
Europa, onde se vendia açúcar e compravam manufaturados.
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24 História
As Colônias do Sul apresentavam clima e solo mais propícios a uma colonização voltada para os interesses europeus. Assim,
formou-se ali um mundo voltado à monocultura e ao mercado externo, com lenta imposição do trabalho escravo africano em
grandes propriedades, no modelo de plantation. Destacou-se como principal produto o tabaco. O primeiro navio holandês com
escravos negros chegou à Virginia em 1619 e, no fim do período colonial, já havia meio milhão de escravos nas 13 colônias, em
um total de 2,5 milhões de habitantes. O escravo era visto como uma mercadoria e, ao contrário do que ocorria no Brasil, a alforria
e a miscigenação eram proibidas, o que determinou não haver, nas Treze Colônias, um grande grupo de negros e mulatos livres,
fato determinante na história norte-americana.

CRISE DAS RELAÇÕES ENTRE a INGLATERRA e AS 13 COLÔNIAS


De qualquer forma, se comparadas às colônias ibéricas, as colônias inglesas sempre gozaram de certa autonomia. A Inglaterra,
ausente e distante, raramente interferia na vida interna das colônias. A tentativa da Coroa inglesa de alterar essa relação é,
justamente, o fator que precipitou o processo de Independência das Treze Colônias.

Como a Revolução Industrial aumentou a demanda por mercados consumidores e matérias-primas, a América passou a ser vista
como fonte para alimentar o processo industrial inglês. Além disso, após a vitória da Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, a Coroa
inglesa decidiu manter um exército regular na América do Norte, financiado por impostos dos colonos. A metrópole, portanto,
buscou ampliar seu domínio político e econômico sobre as 13 colônias, sepultando a antiga autonomia e fazendo-as cumprir
a função de engrandecer a metrópole.

● A Lei do Açúcar (1764) estabeleceu impostos adicionais sobre açúcar, artigos de luxo, vinhos, café, seda e roupas brancas,
visando destruir o comércio triangular, proibindo ingleses de comprar melaço das regiões antilhanas pertencentes à França;
● A Lei da Moeda (1764) proibiu a emissão de papéis de crédito na colônia;
● A Lei da Hospedagem obrigava os colonos a abrigarem e alimentarer os soldados ingleses;
● A Lei do Selo (1765) determinou que todos os contratos, jornais, cartazes e documentos públicos fossem selados, isto é, tributados.

As leis feriram a autonomia dos colonos, que imediatamente reagiram reivindicando os princípios da Magna Carta inglesa e
do filósofo John Locke. Organizaram um grande boicote aos impostos implantados e às importações de produtos ingleses. Em
reação, o ministro Charles Townshend criou os chamados Atos Townshend (1767), uma série de impostos sobre vidros, corantes
e chá. Para favorecer a Companhia das Índias Orientais, o governo britânico concedeu-lhe o monopólio da venda do chá para
as colônias americanas, afetando a produção interna das Treze Colônias. A população reagiu na noite de 16 de dezembro de
1773, quando 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram 340 caixas de chá ao mar — a
chamada Boston Tea Party (“Festa do Chá de Boston”).

A reação do Parlamento inglês foi intensa. Decretou as chamadas Leis Intoleráveis: o porto de Boston foi interditado e o direito de
reuniões foi restringido. A intransigência e a opressão dos ingleses mostrou aos colonos que a melhor opção para livrarem-se de seus
problemas era a separação da Inglaterra. Assim, difundia-se um sentimento antibritânico, abrindo caminho para a independência.

A REVOLUÇÃO AMERICANA
Os revolucionários americanos foram influenciados pelos livre-pensadores do século XVII e pelos iluministas, com destaque
para John Locke, cujo pensamento é fundamental na Declaração de Independência. A maçonaria, instituição liberal-iluminista
era quem ajudava na difusão desses ideais. Não por acaso, cinquenta dos cinquenta e seis homens que assinaram a Declaração de
Independência dos Estados Unidos eram maçons.

Indignados com as Leis Intoleráveis, os colonos organizaram o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, lançando
um documento em que prometiam lealdade ao Rei da Inglaterra com a condição de que ele revogasse as Leis Intoleráveis e
proclamasse a igualdade entre norte-americanos e ingleses. Como o governo inglês não acatou a proposta, as tensões agravaram-
se, levando à formação, em 1775, do Segundo Congresso da Filadélfia.

Enquanto se reunia o Congresso, um dos maiores pensadores iluministas, Thomas Paine publicou, em janeiro de 1776, um clássico,
o livro Senso Comum, defendendo a Independência das 13 Colônias. Senso Comum teve um sucesso gigantesco: vendeu 150.000
exemplares em um país de 400.000 letrados. Após chegar à Europa, a obra tornou-se o livro mais lido até então: vendeu cerca de
500.000 cópias. De maneira clara e convincente, Paine propôs o nascimento de uma imensa república democrática: O que Atenas foi
em miniatura, a América será em magnitude. A primeira era a maravilha do mundo antigo, a outra está se tornando a admiração e
o modelo do presente. Além disso, propõe a luta contra a Inglaterra como solução para o conflito: Está encerrado o debate. As armas,
como os últimos recursos, decidem a contenda; o apelo foi a escolha do rei, e o continente aceitou o desafio.

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História 25

Eis a passagem mais bela de O Senso Comum, que expressa a importância da Independência dos Estados Unidos:
O sol jamais brilhou sobre causa de maior valor. Não se trata da questão de uma cidade, de um município, de uma província,
de um reino, mas da questão de um continente que constitui pelo menos a oitava parte do globo habitável. Não se trata
do interesse de um dia, de um ano, de uma época; a posteridade encontra-se virtualmente envolvida na contenda e será
mais ou menos afetada, até o fim dos tempos, pelo que ora sucede. Agora é o tempo da semeadura da união continental,
de sua fé e de sua honra. A menor fenda agora será como um nome gravado com a ponta de um prego na tenra casca
de um jovem carvalho; o ferimento crescerá com a árvore, e a posteridade o lerá em letras completamente desenvolvidas.

Diante da intransigência do governo inglês e da difusão das ideias de Paine,


no dia 4 de julho de julho de 1776, o Segundo Congresso da Filadélfia decidiu
pela separação da Inglaterra: redigiu-se a Declaração da Independência,
cujo mais importante autor é Thomas Jefferson. As colônias proclamaram-
se livres e independentes, sem qualquer ligação com a Grã-Bretanha. A parte
mais famosa da Declaração diz: Nós consideramos estas verdades como
evidentes em si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que eles
são dotados pelo criador com certos direitos inalienáveis, que entre estes
direitos estão o direito divino à vida, à liberdade e à procura da felicidade.
Após declarar a Independência, iniciou-se a luta contra a Inglaterra.
George Washington, fazendeiro da Virgínia, foi nomeado comandante A Declaração de Independência, por John Trumbul.
das forças rebeldes. O embaixador das 13 colônias, Benjamin Franklin,
conseguiu o apoio financeiro e bélico da França e da Espanha nas batalhas. Em 19 de outubro de 1781, as tropas de colonos
obtiveram a vitória decisiva em Yorktown, na Virgínia. Em 1783, firmou-se o Tratado de Paris, por meio do qual a
Inglaterra reconhecia a Independência dos Estados Unidos. Em 1787, foi aprovada a Constituição dos Estados Unidos.
Os norte-americanos aperfeiçoaram o sistema de representação e divisão de poderes proposto na Inglaterra em 1688 e,
baseados no ideário liberal-iluminista, foram o primeiro país a unir o conceito grego de Democracia e o conceito romano
de República, tornando-se a primeira República Presidencialista Democrática da História.
No entanto, não havia apenas uma colônia inglesa, mas treze. A solução sobre se se uniriam ou ficariam separadas foi uma
grande inovação no campo político: o Federalismo, segundo o qual, com a finalidade de manter a união, cada um dos estados
da Federação possuía grande autonomia para cobrar os próprios impostos, ter as próprias leis e a própria força política.
Por outro lado, as diferenças entre Norte e Sul tornaram-se ainda mais agudas e grande parte dos estados norte-americanos
permaneceu escravista. A Independência dos EUA tornou-se modelo para a América Latina, que os seguiria no século XIX.
Na França, ela influenciou imensamente o desencadeamento da Revolução Francesa.
COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO e DE POVOAMENTO?
A grande maioria dos historiadores hoje rejeita a ideia de “colônias de povoamento” e “colônias de exploração”. Veja como o
historiador Leandro Karnal, no livro História dos Estados Unidos, explica esse problema:
Por que os Estados Unidos são tão ricos e nós não? Essa pergunta já provocou muita reflexão. A explicação dos norte-americanos
foi clara: havia uma vocação dada por Deus a eles. No Brasil, criou-se uma explicação tão fantasiosa quanto aquela. A riqueza
deles e nossas mazelas decorreriam de dois modelos históricos: as colônias de povoamento e as de exploração. As colônias
de exploração seriam as ibéricas. Nesse modelo, as pessoas sairiam da Europa apenas para enriquecer e retornar ao país
de origem. O Estado ibérico só tinha o interesse na exploração do Novo Mundo e obter os maiores lucros no menor prazo
possível. A coroa ibérica seria um Estado sem cérebro, sem método, sem planejamento. O oposto das colônias de exploração
seriam as de povoamento. Para lá as pessoas iriam morar definitivamente. A atitude não era predatória, mas preocupada com
o desenvolvimento local. Isso explicaria o grande desenvolvimento dos EUA. Famílias bem constituídas, pessoas de alto nível e
sólida base religiosa: tais seriam os colonos que originaram o povo norte-americano. Pronto! A explicação é perfeita! Somos
pobres porque fomos fundados pela escória da Europa. Os Estados Unidos são ricos porque tiveram o privilégio da colonização
de alto nível. Adoramos explicações polares: Deus e o diabo, povoamento e exploração, preto e branco.
Na verdade, só podemos falar em projeto colonial nas áreas portuguesa e espanhola. No século XVII, quando a América espanhola
já apresentava universidade, bispados, produções literárias e artísticas de várias gerações, a costa inglesa da América do Norte
era um amontoado de pequenas aldeias atacados por índios e rondadas pela fome. A península ibérica enviava ao Novo Mundo
homens de toda espécie. Dentre os primeiros franciscanos que foram ao México estava Pedro de Gante, parente próximo do
Imperador da Espanha. No Brasil, a nova e entusiasmada ordem dos jesuítas veio com o primeiro governador geral. Imaginar o
Brasil povoado por ladrões e estupradores é tão falso como supor que apenas intelectuais piedosos foram para as 13 colônias.
Decorridos cem anos da colonização, a América Ibérica tornou-se muito mais urbana e possuía muito mais comércio, maior
população e produções culturais e artísticas que a América Inglesa. As 13 colônias nascem sem a tutela direta do Estado.
Justamente, por ter sido “fraca”, a colonização inglesa deu origem à primeira independência vitoriosa da América. O mundo
ibérico nos passa a ideia de permanência. Construir e reformar uma catedral como a da Cidade do México não é uma atitude
típica de quem quer apenas enriquecer e voltar para a Europa. Quando os norte-americanos encontraram, enfim ouro na
Califórnia e no Alasca, o comportamento dos puritanos não ficou muito distante do dos católicos das Minas Gerais.
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26 História

EXERCÍCIOS

01. A Constituição dos Estados Unidos da América, de 1787, é Sobre a Declaração de Independência dos Estados Unidos, é
considerada a primeira experiência significativa de Estado correto afirmar que:
federal. a) defendia o princípio da igualdade de direitos dos seres
Isso se deve: humanos, mas condenava o direito à rebelião como uma
a) ao princípio constitucional baseado na pluralidade de centros afronta à ordem social.
de poder soberanos e coordenados. b) o radicalismo de sua formulação, com respeito ao direito de
b) ao princípio constitucional caracterizado pela inexistência rebelião dos escravos, provocou forte reação dos proprietários
de leis gerais válidas para toda a nação. de escravos em toda a América.
c) ao princípio constitucional baseado na absoluta submissão c) sua formulação foi baseada no ideário liberal-iluminista
das unidades federativas ao governo central. e acabou influenciando outros movimentos políticos na
d) ao princípio constitucional de garantia dos direitos individuais América e na Europa.
do cidadão e das minorias sociais. d) influenciada pelos tratadistas espanhóis, a declaração defendia
e) ao princípio constitucional baseado no corporativismo e na a origem do poder divino e condenava a desobediência dos
negação do direito de rebelião e insubordinação política. subordinados.
e) a declaração sustentava que os governos poderiam cercear
02. A conquista colonial inglesa resultou no estabelecimento de a liberdade dos indivíduos em nome da segurança e da
três áreas com características diversas na América do Norte. felicidade coletivas.

Com relação às chamadas “colônias do sul”, é correto afirmar: 04. São verdades incontestáveis para nós: que todos os homens
a) Baseava-se, sobretudo, na economia familiar e desenvolveu nascem iguais; que lhes conferiu ao Criador certos direitos
uma ampla rede de relações comerciais com as colônias do inalienáveis, entre os quais o de “vida, o de liberdade e o de
Norte e com o Caribe. buscar a felicidade”.
b) Baseava-se em uma forma de servidão temporária que A Declaração de Independência dos Estados Unidos.
submetia os colonos pobres a um conjunto de obrigações
Acerca da Independência das Treze Colônias, é correto afirmar
em relação aos grandes proprietários de terras.
que:
c) Baseava-se em uma economia escravista voltada
principalmente para o mercado externo de produtos, como a) a ruptura com a metrópole foi efetivada pelas classes sociais
o tabaco e o algodão. dominantes coloniais, o que fez com que as demandas dos
d) Consolidou-se como o primeiro grande polo industrial da mais pobres fossem barradas e que não houvesse solução
América com a transferência de diversos produtores de imediata para a questão escravista.
tecidos vindos da região de Manchester. b) comandada pelos setores mais radicais da pequena burguesia,
e) Caracterizou-se pelo emprego de mão de obra assalariada e os colonos criaram uma república federativa, considerando,
pela presença da grande propriedade agrícola monocultora. como pilares fundamentais da nova ordem institucional, as
igualdades política e social.
03. Consideramos (...) que todos os homens são criados iguais, que c) sua efetivação só foi possível devido à fragilidade econômica
são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que e militar da Inglaterra, envolvida com a Guerra dos Sete
entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Anos com a França, além da aliança militar dos colonos
Que para garantir esses direitos são instituídos entre os homens ingleses com a forte marinha de guerra da Espanha.
governos que derivam os seus justos poderes do consentimento d) o desejo por parte dos colonos de emancipar-se da metrópole
dos governados; que toda vez que uma forma qualquer de Inglaterra nasceu em uma conjuntura de abertura da política
governo ameace destruir esses fins, cabe ao povo o direito de colonial, na qual, a partir de 1770, as Treze Colônias foram
alterá-la ou aboli-la e instituir um novo governo, assentando a autorizadas a comerciarem com as Antilhas.
sua fundação sobre tais princípios e organizando-lhe os poderes e) o processo de ruptura colonial foi facilitado em decorrência
da forma que pareça mais provável de proporcionar segurança das identidades econômicas e políticas entre as colônias do
e felicidade. norte e as do sul, praticantes de uma economia de mercado,
A Declaração de Independência dos Estados Unidos.
com o uso da mão de obra livre.

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História 27

05. Leia os trechos: 07. (UF-PB) A Independência das treze colônias inglesas, em 1776, criou os
Na Europa, as terras ou são cultivadas ou são proibidas Estados Unidos da América.
aos agricultores. A manufatura deve, então, ser procurada Sobre esse processo de independência, com fortes repercussões na Europa
por necessidade e não por escolha. Nós, porém, temos e nas Américas, é correto afirmar que:
uma imensidade de terra. Enquanto tivermos terra para a) decorreu dos ideais do Liberalismo — livre-comércio e liberdade civil
trabalhar, nunca desejemos ver nossos cidadãos ocupados —, razão pela qual a escravidão foi abolida de imediato.
numa bancada de trabalho ou girando uma roca de fiar. b) estabeleceu um modelo de sociedade democrática e igualitária em que
Para as operações gerais de manufatura, deixemos que brancos, índios e negros gozavam dos mesmos direitos e oportunidades.
as nossas oficinas continuem na Europa. É melhor enviar c) organizou uma estrutura política unitária, congregando os brancos
matérias-primas para os trabalhadores de lá do que trazê- e os índios, mas não os negros, que foram mantidos em regime de
los para cá, com seus costumes e princípios. A aglomeração escravidão.
das grandes cidades não contribui para a manutenção de d) formou o primeiro país independente das Américas, congregando
um governo legítimo. as colônias do Norte comercial com as do Sul agroexportador e
Thomas Jefferson (1784)
escravocrata.
Os regulamentos restritivos, que têm feito baixar a venda e) representou um novo modelo de descolonização, no qual Colônia
nos mercados estrangeiros do excedente cada vez maior de e Metrópole irmanavam-se em uma independência negociada
nossa produção agrícola (...) geraram forte desejo de que diplomaticamente.
se criasse, internamente, uma demanda maior para aqueles
excedentes. Convém aqui enumerar os principais fatores que 08. (PUC) O chá veio da China e atingiu a Europa no início do século XVII,
permitem concluir que os estabelecimentos manufatureiros com o primeiro carregamento chegando a Amsterdã em 1609. A partir
não apenas provocam um aumento positivo no produto do século XVIII, a Inglaterra torna-se o principal importador de chá da
e na renda da sociedade, como também contribuem, Europa. Nesse mesmo período, o chá consistiu em importante bebida da
decisivamente, para desenvolvê-la. 1. a divisão do trabalho; população dos Estados Unidos da América, ainda colônia inglesa.
2. uma ampliação no uso da maquinaria; 3. a utilização A partir desse contexto, marque a alternativa correta.
adicional de classes da comunidade; 4. a promoção da
imigração de países estrangeiros; 5. a oferta de maiores a) Esse período é marcado pela questão dos impostos, especialmente a
oportunidades à diversidade de talentos; 6. o aparecimento aprovação, em 1773, do imposto inglês sobre o chá, produto importado
de um campo mais amplo e variado para a empresa. e muito consumido pelos colonos.
Alexander Hamilton (1791) b) Em meados do século XVIII, fortaleceram-se as relações entre colonos
norte-americanos e a sua metrópole inglesa, especialmente com o apoio
Os documentos tratam dos Estados Unidos logo após a
dos colonos contra os invasores espanhóis.
independência. De acordo com os trechos, é correto afirmar
c) Além do imposto sobre o chá, o Parlamento inglês aprovou também
que Jefferson e Hamilton:
o imposto sobre o açúcar. No entanto, essa lei não foi tão grave, pois
a) divergem sobre a necessidade de instalar manufaturas esse produto não era importante para os EUA, que, nessa época, quase
nos Estados Unidos. não consumiam açúcar.
b) concordam com a adoção de princípios fisiocratas no d) A Lei do Chá está relacionada ao episódio em que colonos ingleses,
novo país. vestidos de índios, jogaram um carregamento de chá no mar, no porto
c) destacam o aumento do volume e da renda das exportações de Boston. Esse incidente radical levou a Inglaterra a reconhecer a
agrícolas americanas. independência dos Estados Unidos.
d) defendem a vinda de imigrantes europeus para os Estados e) Os conflitos entre Inglaterra e França (Guerra dos Sete Anos, 1756-1763)
Unidos. estão relacionados diretamente à Guerra de Secessão norte-americana.
e) discordam sobre a manutenção do trabalho escravo em
sua economia. 09. (PUC) As independências políticas na América assumiram diversas formas.
Sobre elas, é possível afirmar que a:
06. (UF-PI) Com relação à Independência dos Estados Unidos,
a) do Haiti, em 1804, foi a única que contou com participação escrava
em 1776, é correto afirmar que:
e levou à abolição da escravidão e à organização de um governo de
a) a primeira constituição dos Estados Unidos adotou a colaboração entre os negros haitianos e os ex-colonizadores franceses.
república federalista e presidencial como modelo de b) de Cuba, em 1898, foi a última dentre as posses coloniais da Espanha
governo. na América e levou à anexação da ilha caribenha ao território dos
b) a Declaração de Independência defendeu a implantação de Estados Unidos, com quem Cuba já comercializava desde o início de
uma monarquia constitucional para dirigir politicamente sua colonização.
a futura nação. c) dos Estados Unidos, em 1776, foi a primeira emancipação nas Américas
c) a França negou ajuda aos norte-americanos, visto que e levou à adoção de um modelo federalista que reconhecia as diferenças
pretendia manter sua parceria com a Inglaterra na políticas e econômicas entre as ex-colônias do sul e do norte do litoral
exploração comercial da América do Norte. atlântico.
d) a Espanha negou ajuda aos norte-americanos, dado d) da Argentina, em 1816, foi a responsável pela fragmentação política
que com a derrota da Holanda poderia intensificar seus do antigo Vice-Reino do Rio da Prata e levou à libertação imediata das
acordos comerciais com os colonos do sul. terras do Chile até o México e à expulsão da Espanha do continente
e) a luta dos norte-americanos divulgou a perspectiva de americano.
se construir a unidade continental americana, baseada e) do Brasil, em 1822, foi a única que contou com a aceitação imediata
no ideal iluminista de liberdade e igualdade social. do colonizador e levou à adoção de uma monarquia que unificava os
reinos de Portugal e do Brasil sob uma mesma base constitucional.

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28 História

10. O puritanismo era uma teoria política quase tanto quanto uma 14. (UEM-PR) A Lei do Selo, o Monopólio do Chá e as Leis
doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela Intoleráveis, impostos por Jorge III, estão ligados:
costa inóspita (...) o primeiro cuidado dos imigrantes [puritanos] a) à Revolução Gloriosa (1688).
foi o de se organizar em sociedade. b) à Independência dos Estados Unidos (1776).
Essa passagem de A Democracia na América, de A. de Tocqueville, c) à Revolução Francesa (1789).
diz respeito à tentativa: d) ao Bloqueio Continental (1806).
a) malograda dos puritanos franceses de fundar no Brasil uma nova e) à Independência da Argentina (1816).
sociedade, a chamada “França Antártica”.
b) malograda dos puritanos franceses de fundar uma nova sociedade 15. (FATEC-SP) A Constituição dos Estados Unidos da América,
no Canadá. promulgada em 1787, representou uma solução de compromisso
c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundar uma nova sociedade entre as duas tendências da primeira democracia moderna.
no Sul dos Estados Unidos. Essas tendências eram:
d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundar uma nova sociedade a) o parlamentarismo e o legalismo.
no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra. b) o federalismo e o presidencialismo.
e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação c) o unitarismo e o igualitarismo.
de todas as colônias inglesas na América. d) o liberalismo e o corporativismo.
e) democracia e o sindicalismo.
11. Sobre a Independência dos Estados Unidos da América, assinale a
alternativa correta. 16. (UEPG-PR) Assinale a alternativa que contenha afirmação
a) A origem do movimento da independência deve ser encontrada correta sobre a Independência dos Estados Unidos.
no desenvolvimento uniforme das Treze Colônias Inglesas. a) A luta pela independência, que resultou da discordância
b) O crescimento do comércio triangular, praticado pelas colônias entre a elite agrária colonial e o governo britânico, rompeu
de povoamento situadas no Sul, gerou atritos com a metrópole. uma tradicional aliança entre esses dois polos.
c) O Segundo Congresso Continental de Filadélfia decretou a separação b) A independência dos Estados Unidos representou um
dos Estados Unidos, através da Declaração de Independência marco no processo deformação da sociedade capitalista
redigida por Thomas Jefferson. burguesa, assentada nos princípios liberais e individualistas
d) A política de conciliação adotada pela Inglaterra retardou o processo do Iluminismo.
de independência da Treze Colônias Inglesas. c) Após a independência, os Estados Unidos enfrentaram vários
e) A França e a Espanha apoiaram a Inglaterra durante a Guerra de problemas de natureza política e, especialmente, econômica,
Independência. uma vez que a antiga colônia inglesa era economicamente
bastante frágil.
12. Quando da discussão, no Parlamento Inglês, das Leis do Açúcar e do d) A independência dos Estados Unidos ocorreu num momento
Selo (1784-1765), os colonos ingleses da América recusaram-se a em que o ideal iluminista declinava diante das propostas do
aceitar as medidas impostas, baseando-se: Ancien Régime.
a) no fato de não estarem representados na Assembleia que votou as e) O I e o II Congresso Continental, realizados na colônia às
taxas. vésperas da independência, já demonstravam claramente
b) no princípio da isenção de taxas concedido pela Coroa aos colonos. o desejo irreversível dos colonos liderados por Abraham
c) no direito inalienável dos súditos ingleses de recusar a obediência Lincoln de levar adiante a luta pela independência.
a leis injustas.
d) nos direitos naturais do cidadão à vida, à propriedade e à busca da 17. (UF-MG) Em 1776, após uma série de conflitos, parcela
felicidade. expressiva das sociedades das Treze Colônias articulou-se no
e) nos prejuízos financeiros advindos do bloqueio aos produtos das sentido de romper com o domínio inglês.
Antilhas. Considerando-se esse processo, bem como seus desdobramentos,
é correto afirmar que:
13. Leis britânicas acirravam as divergências entre colonos americanos e
a) notabilizou pela consolidação do latifúndio, o que atendia
a Coroa Inglesa, provocando a luta pela independência.
aos interesses das elites religiosas, que se apropriaram de
Entre os objetivos dessas leis, devem ser destacados as seguintes: grandes glebas de terras.
a) aumentar a receita real, impedir o contrabando e o comércio b) caracterizou, desde o início, pela intransigente defesa
intercolonial e promover a recuperação econômica da Companhia da escravidão por parte dos americanos, no que eram
das Índias Orientais. contraditados pelos interesses ingleses.
b) aumentar o consumo de chá e açúcar nas colônias, obrigar ao uso de c) configurou como uma primeira tentativa de instalação de um
selos na correspondência e aumentar as exportações das colônias. regime socialista anticolonial, o que contrariava seriamente
c) abolir a escravidão nas colônias, separar juridicamente as treze os interesses dos comerciantes.
Colônias e ajudar a Pensilvânia a anexar terras no Oeste. d) destacou pela repercussão internacional alcançada, tornando-
d) recuperar a Companhia das Índias Ocidentais, abrir o porto de se uma referência, na prática, para outras colônias americanas.
Boston às nações amigas e aumentar as importações das colônias.
e) pagar indenizações à França, devido à derrota inglesa na Guerra dos
Sete Anos, revogar os Atos Townshend e favorecer os produtores
locais de açúcar.

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História 29

18. ... estabeleceram-se ali pequenos proprietários que produziam, a EXERCÍCIOS DISCURSIVOS
princípio, para a sua subsistência e depois, pouco a pouco, para as
plantações escravistas do Sul do país e para a área das Antilhas. A 22. (UF-RJ) Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
produção não foi a típica da plantation, mas bastante diversificada A luta dos Estados Unidos contra a Inglaterra foi apenas uma
(madeiras, cereais, manufaturados) e, o que é mais importante, os “guerra de independência” ou foi uma revolução? Alguns têm
lucros tenderam a se concentrar na colônia... procurado ver, na guerra de independência americana, uma
O texto identifica a colonização: revolução, outros negam que essa guerra tenha trazido às antigas
a) holandesa, na América Latina. colônias inglesas profundas modificações econômicas e sociais. O
b) inglesa, na América do Norte. meio termo é a opinião que deve prevalecer.
c) espanhola, na América Central. Jacques Godechot, As Revoluções: 1770-1799.
d) portuguesa, na América do Sul. a) Por que a Guerra de Independência dos Estados Unidos não
e) francesa, na América Anglo-Saxônica. pode ser considerada, do ponto de vista político, simplesmente
uma guerra anticolonial?
19. As disputas entre França e Inglaterra mantiveram-se fora do
continente europeu. b) Aponte o impacto para o Estado Francês de sua participação
na Guerra de Independência.
A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) é um desses momentos, que
teve por origem a(s):
a) solução para o impasse do trono irlandês, sob tutela de Elizabeth
I desde a morte de Mary Stuart, desaprovada pelo governo
francês.
b) áreas na América do Sul – as Guianas. 23. Nas leis da nova Inglaterra encontramos o germe e o desenvolvimento
c) intolerância religiosa praticada pelos colonos ingleses. da independência local. Na América pode-se dizer que o município
d) autonomia das Treze Colônias Inglesas, não reconhecida pela foi organizado antes da comarca, a comarca antes do Estado e o
França. Estado antes da União. (Alexis de Tocquelville)
e) áreas na América do Norte, principalmente a leste do rio a) Cite duas características da colonização da Nova Inglaterra.
Mississipi.
b) Explique por que a Constituição dos Estados Unidos estabelece
20. Uma forma de arrecadação de imposto e de censura foi imposta o sistema federativo.
pela Metrópole inglesa aos colonos das Treze Colônias, em 1765,
através da(s):
a) leis denominadas, pelos colonos, intoleráveis.
b) Lei do Selo.
c) Lei Townshend. 24. O sangue dos que foram chacinados, a voz lamentosa da Natureza
d) criação de um tribunal metropolitano de averiguação de preços gritam: “é hora de separarmos!” Mesmo a distância que Deus
e documentos na Colônia. colocou entre a Inglaterra e a América é uma prova forte e natural
e) permissão de circulação exclusiva de jornais ingleses de que a autoridade de uma sobre a outra não era a vontade dos
metropolitanos. Céus (...) um Governo nosso é um direito nosso (...) Portanto, o
que queremos? Por que hesitamos? Da parte da Inglaterra não
21. Acerca dos EUA é incorreto afirmar que: esperamos nada, a não ser a ruína (...) Nada pode resolver nossa
a) obteve o reconhecimento de sua independência em 1783 e, situação tão rapidamente quanto uma declaração de independência,
ainda nesta mesma década, viu promulgada sua Constituição. aberta e feita com determinação.
b) o país foi devastado pela guerra civil (1861-1865), colocando Thomas Paine, “Bom Senso”, panfleto de 10/01/1776.
em combate duas sociedades distintas: a do Norte, baseada
O documento anterior expressa algumas das ideias que, pouco
em manufaturas e direcionando-se rapidamente para a
mais tarde, estariam contidas na Declaração de Independência
industrialização, e a do Sul, baseada na economia agrária de
das Treze Colônias da América do Norte.
exportação e procurando expandir a área destas lavouras.
c) durante o século XIX observou-se um aceleramento da ocupação a) Apresente dois fatores que tenham contribuído para a
do seu território, através de migrações internas e europeias, independência das Treze Colônias.
bem como sua expansão física, com a compra e a anexação da b) Relacione a frase Um governo nosso é um direito nosso com
Louisiana, Flórida, Nevada, Califórnia, Utah, Arizona, Novo as ideias que fundamentaram o processo de independência das
México e Oregon. Treze Colônias.
d) em 1860 o Sul detinha apenas 15% da capacidade industrial
nacional, sendo que apenas 5% dos escravos eram empregados
fora das lavouras.
e) a abolição definitiva da escravidão ocorreu apenas em 1885,
sendo um dos último países do mundo a adotar tal procedimento.

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30 História

Revolução Francesa (1789-1799)


Quando se presenteia uma criança com um daqueles brinquedos que executam movimentos, para ela inexplicáveis, a criança,
depois de ter brincado algum tempo, quebra o brinquedo para ver dentro. Assim os franceses trataram o governo. Quiseram
ver dentro: puseram descobertos os princípios políticos, abriram os olhos da multidão para objetos que ela nunca tinha
sonhado examinar, sem pensar que existem coisas que se destroem ao serem mostradas. (J. de Maistre)

A Revolução Francesa foi um acontecimento de impacto mundial, o marco do fim da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea.
A ideia de revolução aparece em seu sentido mais amplo: uma transformação social, cultural, política e econômica. A Revolução
Francesa apresentava-se como “universal”, ou seja, seus princípios seriam aplicáveis não só aos franceses, mas a todos os homens:
eram postas em prática, pela primeira vez, as ideias de Direitos Humanos. Conceitos como Terrorismo, Comunismo, Democracia,
Nacionalismo e Ditadura Revolucionária, fundamentais para a História Contemporânea, foram criados, reformulados ou adaptados pela
Revolução Francesa. A ideia de “esquerda” e “direita”, fundamentais no nosso vocabulário político, são também criações da Revolução
Francesa, que colocou fim à sociedade de estamentos do Antigo Regime e abriu caminho para a construção de uma sociedade
burguesa, dividida em classes. Por isso, a Revolução Francesa é chamada de Revolução Burguesa, não apenas pelo papel que
a burguesia teve nela (pois camponeses, pobres urbanos e até nobres lutaram pela Revolução), mas principalmente pelos efeitos
decorrentes da destruição da velha sociedade, dos quais a burguesia foi a grande beneficiária. Os ideários dos revolucionários
foram moldados pelos pensadores iluministas.

O ANTIGO REGIME NA FRANÇA


Às vésperas da Revolução, a França possuía 25 milhões de habitantes e uma
estrutura socioeconômica predominantemente agrária, com traços feudais.
Pelo menos 80% da população vivia no campo.
Na França, a sociedade do Antigo Regime era organizada em ordens (estados
ou estamentos), ou seja, grupos que definiam sua posição na sociedade a
partir de privilégios jurídicos. A Primeira Ordem era composta pelo clero.
A Segunda Ordem era composta pela nobreza. Ambas representavam 3% da
população e eram detentoras de privilégios e isentas do trabalho manual. A
Terceira Ordem, que representava 97% da população e não tinha privilégios,
era composta pelos demais grupos da sociedade. Era bastante heterogênea,
abrigando desde ricos banqueiros até pobres camponeses. Observe como se
organizava essa sociedade:
● Clero e Nobreza – 1o e 2o Estados: essas ordens possuíam como privilégios
o usufruto de direitos feudais, a isenção do trabalho manual, o não pagamento
de impostos, a disposição de leis e tribunais especiais e o monopólio das
funções políticas mais importantes. Tinham acesso à Corte e, em geral,
viviam das rendas de suas terras, cargos, casamentos, pensões e presentes. A
nobreza francesa, ao contrário da inglesa, era avessa às praticas mercantis.
No entanto, o baixo clero, de origem popular, solidarizava-se com o 3o Charge mostra o 3o Estado “carregando nas costas”
o 1o e o 2o Estados.
Estado.
● Burguesia – 3o Estado: o desenvolvimento comercial e manufatureiro da França durante a Idade Moderna deu origem a uma
numerosa burguesia, composta por comerciantes, banqueiros e profissionais autônomos. A alta burguesia era composta pelos
grandes banqueiros e comerciantes; a pequena burguesia era composta por advogados, médicos e outros profissionais liberais.
A maior parte da burguesia, sem acesso à primeira ordem, passou se alimentar do ideário liberal-iluminista e buscar poder
político. Em sua grande maioria, os líderes e políticos da Revolução Francesa eram de origem burguesa. Em alguns momentos,
a burguesia francesa podia entrar para a nobreza por meio da compra de cargos burocráticos: era a nobreza de Toga, cujo
título era vitalício e hereditário.
● Camponeses – 3o Estado: cerca de 80% da população era camponesa; pagavam uma infinidade de impostos, que consumiam
pelo menos metade de seu orçamento. Diante disso, na segunda metade do século XVII e no século XVIII, ocorreram cerca de
8.500 revoltas camponesas na França, a maior parte contra impostos estatais ou senhoriais. Revoltas como Pitauds, Croquents,
Nu-pieds, Tard-Avisés e a Fronda, anteciparam as lutas e propostas da Revolução Francesa.
● Sans-Culottes – 3o Estado: composto pelo proletariado urbano (artesãos, jornaleiros, assalariados, desempregados e marginais).
Atingidos pela carestia e fome, seus porta vozes Danton, Marat e Hébert foram os que mais lutaram pela revolução.
No campo político, erguia-se na França a mais poderosa monarquia absoluta da Europa, legitimada pela ideia de direito divino.
Luís XIV representou o máximo do poder e brilho da família Bourbon. Após a morte do Rei-Sol, no entanto, a monarquia
passou a perder sua força e legitimidade. Na época da revolução, governavam Luís XVI e Maria Antonieta. Vários panfletos e a
divulgação do pensamento iluminista desprestigiavam as figuras reais.
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História 31

O INÍCIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA (1787-1789)


A Revolução Francesa principiou como uma insubordinação da nobreza. Em 1787, o Estado francês, especialmente após os
enormes gastos com a Independência das 13 Colônias e a Guerra dos 7 Anos, conheceu uma crise financeira aguda, beirando
a falência. O rei gastava 50% do seu orçamento com o pagamento de dívidas e 25% com gastos militares. Somaram-se a eles o
inverno rigoroso e a péssima colheita de 1788-1789.
A monarquia buscou soluções para a crise por meio de reformas. Assumiram a função de recuperar as finanças importantes
pensadores: Anne Robert Jacques Turgot (1727-1781), Jacques Necker (1732-1804) e Charles Alexandre de Calonne. Eles
mostraram ao rei o peso da Corte nos gastos do Estado e admitiram que a taxação dos bens do clero e da nobreza seria uma
possível solução para os problemas franceses. A aristocracia, defendendo seus privilégios, opôs-se a essas reformas, que nunca
foram implantadas. Em fevereiro de 1787, Luís XVI convocou a Assembleia de Notáveis, composta por nobres escolhidos pelo
monarca, para discutir as reformas. A Assembleia recusou qualquer reforma que ameaçasse seus privilégios. A aliança entre o rei
e a nobreza, base da estrutura do Estado Absolutista, estava em ruínas. A nobreza exigiu que o rei convocasse os Estados Gerais.
Impotente diante da oposição aristocrática, Luis XVI convocou-os para maio de 1789.
O que eram os Estados Gerais e por que a nobreza exigiu sua convocação? Os Estados Gerais eram um órgão de origem
medieval, no qual se votavam diversas reformas, em caso de necessidades financeiras ou de política externa. Organizavam-se em
um sistema tripartido: era dividido entre Primeiro Estado (composto por representantes do clero), Segundo Estado (composto
por representantes da nobreza) e Terceiro Estado (composto por representantes do povo). Os integrantes desses Estados eram
eleitos pelos membros de cada ordem. Como cada ordem tinha um voto, a aristocracia quase sempre tinha dois votos, contra um
do terceiro estado. Portanto, ao exigir a convocação dos Estados Gerais, o objetivo da nobreza era votar um conjunto de reformas
que lhes fortaleceria e enfraqueceria o poder do rei. No entanto, nas palavras do historiador Modesto Florenzano (As Revoluções
Burguesas), esse “cálculo da aristocracia revelou-se um verdadeiro suicídio político”: as massas no campo e nas cidades viram
nos Estados Gerais uma possibilidade de mudar sua realidade de fome e de pobreza, ao passo que a burguesia, guiada pelo ideário
iluminista, via no movimento uma possibilidade de ascensão. Nesse momento, portanto, a burguesia e as camadas populares
estavam unidas sob um mesmo interesse: a derrubada do Antigo Regime.
No dia 5 de maio de 1789, celebrou-se a sessão de abertura dos Estados
Gerais, no Palácio de Versalhes. O Terceiro Estado, assim, teve espaço para
expressar sua revolta e indignação. Os representantes eleitos pelo Terceiro
Estado eram, em sua esmagadora maioria, burgueses, pois eram vistos como
pessoas de riqueza e cultura política.
No dia 6 de maio, os conflitos começaram: os membros do Terceiro
Estado, contando com 578 deputados, contra 270 da nobreza e 291 do
clero, exigiam que a votação fosse individual e não por ordem. Após cinco
semanas de negociações, os membros do Terceiro Estado exigiram que
os Estados Gerais se tornassem uma Assembleia Constituinte. Queriam a
implantação de uma Constituição que limitasse o poder do rei e da nobreza. O juramento na Sala do Jogo da Pela.
Frente a essa insubordinação do Terceiro Estado, o rei decretou autoritariamente o fim dos Estados Gerais. A aristocracia,
agora reconciliada com o rei, percebeu que o Estado Absolutista era o único capaz de salvar seus privilégios. Encontrando as
portas da Assembleia fechada, os deputados do Terceiro Estado reuniram-se em outra sala do palácio real: a sala do Jogo da
Pela, onde juraram lutar até que a França tivesse uma Constituição.
As massas parisienses, que acompanham atentamente os acontecimentos em
Versalhes, colocaram-se em movimento, iniciando as Jornadas Populares
de Julho. Paris caiu nas mãos dos manifestantes, que saqueavam depósitos e
armazéns. Grande parte do exército real, partilhando dos mesmos problemas
que o povo, aderiu ao movimento, em vez de reprimi-lo.
No dia 14 de julho, os revoltosos tomaram a Fortaleza da Bastilha, antiga
prisão de políticos, onde estavam nesse momento as armas dos exércitos reais.
A Queda da Bastilha é considerada o símbolo da derrubada do despotismo
e da vitória da liberdade. À revolta parisiense, seguiram-se as revoltas nas
cidades vizinhas, fazendo desaparecer as antigas autoridades. Revoltas vastas,
disformes e anônimas tomaram conta do campo: os campesinos saqueavam
violentamente propriedades, incendiando casas e castelos. Uma onda de grande
A Tomada da Bastilha, por Jean Pierre Louis Laurent Houel.
pânico espalhou-se pelo país: foi o Grande Medo, de fins de julho e princípio
de agosto de 1789. O campesinato levantava-se contra séculos de opressão.

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32 História

A simultaneidade de uma revolta urbana e outra camponesa foi fundamental para a revolução. Diante das pressões
populares, Luís XVI reconheceu formalmente a existência de uma Assembleia Nacional Constituinte na França. Nascia
uma Monarquia Constitucional: o rei era obrigado a respeitar a Constituição, feita por deputados representantes do povo.

1 a FASE DA REVOLUÇÃO: A MONARQUIA CONSTITUCIONAL (1789-1792)


Diante do Grande Medo no campo, na histórica sessão de 4 de agosto de 1789, a Assembleia declarou o fim do Feudalismo, ou
seja, o fim dos antigos privilégios da nobreza e do clero. Juridicamente, todos os franceses passaram a ser considerados iguais.
Tinham fim também o dízimo clerical e os tributos senhoriais; porém, os camponeses deveriam pagar uma indenização, chamada
de resgate. A sessão tinha como finalidade mostrar as intenções da nova Assembleia e acalmar o povo.
No dia 26 de agosto de 1789, após semanas de longos debates, proclamou-se a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão,
um manifesto formal da Revolução Francesa, com o objetivo de enunciar os pressupostos básicos com os quais se edificava a
nova sociedade. A declaração, o mais importante documento da História Contemporânea, sintetizava toda a trajetória filosófica
do século XVII e XVIII. Leia atentamente seus artigos:

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão


Art. 1o Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.
Art. 2o A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos
são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3o O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer
autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4o A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada
homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes
limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5o A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode
ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6o A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários,
para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus
olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra
distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7o Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por
esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer
cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente; caso contrário, torna-se culpado de resistência.
Art. 8o A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de
uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.
Art. 9o Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor
desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.
Art. 10o Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe
a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11o A livre-comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto,
falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12o A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída para fruição
por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13o Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que
deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.
Art. 14o Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública,
de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15o A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16o A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem
Constituição.
Art. 17o Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade
pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.

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História 33

A Monarquia mudou de sede: os reis saíram de Versalhes e passaram a residir em Paris, perto do povo, no Palácio das Tulherias.
Na Assembleia Constituinte, a aristocracia, esperançosa de restaurar seus poderes, ocupava a extrema-direita; a burguesia e
os profissionais liberais, maioria absoluta, ocupavam o centro, guiados por um projeto liberal conservador; a pequena burguesia
e os sans-culottes, guiados por um projeto democrático para a França, ocupavam a extrema-esquerda. Por isso, no vocabulário
político dos dias de hoje, normalmente os mais progressistas são chamados de “esquerda” e os mais conservadores, de “direita”.
A Assembleia implantou várias medidas, depois incorporadas pela Constituição. No plano político, estabeleceu a igualdade
jurídica de todos os indivíduos. No plano econômico, instalou a liberdade completa de produção e circulação. No plano religioso,
aprovou a Constituição Civil do Clero (1790): a crença religiosa passou a ser livre, os bens do clero foram confiscados pelo
Estado e os padres passaram a ter a obrigação de jurarem fidelidade à Revolução Francesa; o clero juramentado ou constitucional
é aquele que apoiou a revolução; o clero refratário é aquele que se opôs à Revolução, cerca de metade dele.
Mostrando os reais interesses daqueles que conduziam o processo revolucionário, implantou-se o voto censitário: apenas os
homens que possuíam grande fortuna ou propriedade poderiam votar. Dos 26 milhões de franceses, apenas 110 mil votaram nos
deputados. A escravidão nas colônias se manteve e foi proibido o direito de reunião, associação, greve e revolta dos trabalhadores.
As camadas populares protestavam contra o aumento dos preços dos alimentos na França, decorrente da política liberal e contra
sua exclusão do processo político. A aristocracia e o rei, por sua vez, recusavam-se a aceitar essas propostas.
Em 20 de junho de 1791, diante dessa situação, Luís XVI, num gesto desesperado, disfarçou-se de criado e realizou uma tentativa
de fuga para o exterior, onde encontraria os nobres emigrados e reuniria um exército para voltar à França e dissolver a Assembleia
Constituinte. Porém, em Varennes, o Rei foi reconhecido e obrigado a voltar. Até então aclamado pelo povo, o Rei caiu aos
olhos da nação, visto como traidor, membro do complô aristocrático. A Assembleia, porém, com medo de uma anarquia popular,
manteve a monarquia e mentiu ao povo, afirmando que o Rei havia sido sequestrado. Os republicanos recusaram-se a acreditar
nisso e exigiram o julgamento do rei.
No dia 14 de setembro 1791, a 1a Constituição da Revolução Francesa ficou pronta e a Assembleia Constituinte foi dissolvida,
dando lugar a uma Assembleia Legislativa, eleita por voto censitário.
Muitos acreditavam que a Revolução terminaria nesse momento. Entretanto, um acontecimento precipitou o recomeço da
revolução: a guerra, opondo a França e a maior parte da Europa. Os nobres refugiados e o próprio rei da França conspiravam
com potências absolutistas estrangeiras para libertá-los da revolução. As monarquias absolutistas da Europa, então, ameaçaram
a França de uma intervenção armada na Declaração de Pillnitz (1791). A Assembleia dividiu-se em dois grandes partidos,
compostos essencialmente por burgueses:
● Girondinos: federalistas, defensores do voto censitário e de um governo com pouca participação popular; defendiam a guerra
contra os países absolutistas para exportar os ideais revolucionários e canalizar para fora da França o descontentamento popular;
representavam os interesses da burguesia de negócios, comerciantes, armadores e banqueiros;
● Jacobinos: centralistas, democratas e avessos à guerra, que, segundo eles, causaria a ruína da França; representavam os
interesses da média e pequena burguesia de profissionais liberais, funcionários e lojistas.
Os girondinos, oradores brilhantes, envolveram a Assembleia em um clima de entusiasmo a favor da luta contra os países absolutistas.
No dia 20 de junho de 1792, a Assembleia Legislativa declarou guerra à Áustria. Mas seus efeitos foram opostos ao que previam
os girondinos: em pouco mais de três meses, Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra formaram a Primeira Coligação
contra a França, invadindo-a pelos quatro pontos cardeais. Secretamente, a aristocracia e o rei passavam informações a esses
países. Durante as batalhas, nasceu na França a ideia de nacionalismo. A população, unida, pegou em armas e lutou contra
os estrangeiros que queriam restaurar o Antigo Regime. Marchando para
defender Paris, um batalhão cantava o Canto de Guerra Para o Exército do
Reno, que ficou conhecido como A Marselhesa (La Marseillaise) e que se
tornou o hino nacional da França.
Finalmente, os parisienses souberam de um pedido de Maria Antonieta para o
general prussiano Brunswick executar a população francesa diante do “menor
ultraje” à família real. A população espontaneamente reagiu, comandada por
Danton, Marat e Robespierre, formando a Comuna Insurrecional de Paris,
um governo autônomo na cidade. O Rei e sua família foram presos e o povo
massacrou padres e nobres contrarrevolucionários. Foi proclamada uma
República, chamada Convenção, cujos deputados eram eleitos por sufrágio
universal masculino. Respectivamente, Danton, Marat e Robespierre.

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34 História

2 a FASE DA REVOLUÇÃO: A CONVENÇÃO NACIONAL (1792-1794)


Em setembro de 1792, a Convenção Nacional reuniu-se e, por unanimidade de votos, extinguiu a Monarquia e aprovou um
novo Calendário, cujo marco zero era o início da República. Luís XVI e sua família foram mortos na guilhotina, acusados de
traidores. Difundia-se a sensação, fascinante para alguns, mas assustadora para outros, de que um mundo novo nascia.
A França passou a ser, a partir daquele momento, uma República Democrática. A eleição dos 750 deputados da Convenção
foi feita por sufrágio universal masculino. A pequena burguesia venceu quase todos os cargos, o que mostra a continuidade da
concepção de que no governo só pode haver pessoas letradas e ilustradas.
Na Convenção, os girondinos ainda eram maioria, em oposição à
montanha (reunião dos grupos de esquerda, principalmente os jacobinos);
no centro da Convenção estava a planície ou pântano, partido que
oscilava entre a esquerda e a direita, com maioria burguesa. Por terem
maioria na Convenção, os girondinos passaram a comandar o novo
governo. Seu desempenho foi um retumbante fracasso, pois recusaram-
se a tomar as medidas radicais que a gravidade da situação exigia:
internamente, recusaram-se a realizar uma reforma agrária e a estruturar
uma economia de guerra; externamente, seu belicismo exagerado arrastou
a Inglaterra para o conflito e, a partir de então, praticamente toda a Europa
ficou em guerra contra a França (Áustria, Rússia e Prússia, Inglaterra e
Holanda invadiram a França).
As esquerdas da Convenção, lideradas por Danton, Marat e Robespierre,
opunham-se ferozmente às políticas girondinas. Diante do fracasso O Povo devorador de reis (1793) Museé Carnavalet. O poder
do governo girondino, incapaz de solucionar uma situação de guerra, popular, representado por Hércules, está de pé, carregando uma
inflação e carestia, houve um golpe de Estado: em 2 de junho de 1793, os clava para defender a liberdade contra o despotismo do Rei.
jacobinos tomaram a Convenção e aprisionaram os girondinos. A montanha (as esquerdas, lideradas pelos jacobinos) passou
a controlar a República. A Convenção declarou um governo revolucionário republicano, comandado por um Comitê de Salvação
Pública, que concentrava os poderes na defesa interior e exterior da França. Iniciava-se o momento mais radical da Revolução
Francesa. Nesse período, destacaram-se na política francesa os radicais, como Danton, Marat e Robespierre.
Marat, um dos mais radicais montanheses, era um homem pobre e deficiente, que se dizia antirrealista, antiburguês e antiescravista,
apoiando os diversos massacres promovidos pelos sans-culottes. Seu jornal diário O Amigo do Povo era lido por muitos.
Danton era um revolucionário boêmio, amante da liberdade, defensor dos sans-culottes e da criação de um exército revolucionário.
Robespierre foi o que se tornou o grande comandante da ditadura montanhesa; era um inimigo figadal do clero e da nobreza,
democrata, admirador de Rousseau. Até hoje, os historiadores nunca encontraram uma contradição em sua vida, daí seu apelido de
“incorruptível defensor do povo”. Chefe do Comitê de Salvação Pública, tornou-se o homem mais poderoso e influente no governo.
Quando os jacobinos assumiram o controle da Convenção, a situação era gravíssima: a guerra, a especulação, a inflação e a
carestia eram as heranças deixadas pelos girondinos. No entanto, após assumirem o poder, em apenas um ano, os jacobinos
fizeram o país alinhar-se com o governo e estabilizaram a economia. Ao mesmo tempo, a França derrotou Inglaterra, Espanha,
Áustria, Prússia e Holanda, iniciando uma série de conquistas externas que durariam mais de 20 anos.
Como essa surpreendente reviravolta foi possível? Com as medidas radicais adotadas pelo governo jacobino. A república
francesa inventou a guerra total: toda a nação mobilizou seus recursos para a guerra, por meio do recrutamento maciço, do
racionamento e da abolição da distinção entre soldados e civis. A economia foi rigidamente controlada, com o estabelecimento de
um preço máximo para os alimentos, a Lei do Máximo: quem violasse os preços e salários tabelados era morto. As propriedades
dos nobres fugitivos foram confiscadas e distribuídas aos camponeses pobres. A escravidão foi abolida nas colônias francesas.
O ensino primário tornou-se laico, gratuito, obrigatório e universal.
Em junho de 1793, foi instaurada a 2a Constituição da Revolução Francesa, que, pela primeira vez na história, implantava o
sufrágio universal e o direito de insurreição. Paralelamente, no entanto, foi instaurado o Terror e a Ditadura, comandados por
Robespierre: “Terror nada mais é que justiça imediata, severa e inflexível; é, portanto, uma emanação da virtude (...); a revolução é o
despotismo da liberdade contra a tirania”. Segundo Robespierre, a única forma de impor o controle dos preços, o recrutamento geral,
a unidade nacional e evitar uma reação aristocrática seria através da violência. Surgia a ideia, tão reutilizada em outros momentos,
da violência revolucionária, isto é, de que ela seria necessária para garantir as conquistas do povo.

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História 35

Entre 1793 e 1794, Robespierre matou 17 mil pessoas em nome da liberdade. A lei dos suspeitos considerava traidores os que,
mesmo não sendo opositores da revolução, nada tinham feito por ela. Nas ruas, os sans-culottes, braço armado do terror jacobino,
prendiam, julgavam e guilhotinavam aqueles que consideravam traidores. O uso da guilhotina era visto como uma morte mais
democrática: ao invés da tortura e dos suplícios, típicos do Antigo Regime, a morte deveria ser rápida e sem dor, evitando o
sofrimento inútil. Uma das mais radicais faces o período jacobino foi o movimento descristianizador. Multidões queimaram
igrejas, derretiam seus objetos de ouro e obrigavam padres a se casar. Robespierre, um deísta, preocupava-se com a difusão desse
movimento. Por isso, aprovou na Convenção o reconhecimento da imortalidade da alma e instituiu o deísmo como “religião oficial”
da França, ordenando o Culto ao Ser Supermo. Mas o prestígio da Convenção Jacobina teve fim.
Primeiro, quando os burgueses viram a revolução consolidada, a guerra vencida e as forças
aristocráticas afastadas, não se dispuseram mais a aceitar o Terror e a economia controlada.
Segundo, o Terror jacobino, mesmo trazendo estabilidade para a França, havia guilhotinado
tanto a extrema esquerda quanto a direita: a população, diante da grande quantidade de

J. L. David, o pintor da Revolução.


mortos, estava apática e exausta. A morte de Danton e Hebert, porta-vozes dos sans-culottes,
fez Robespierre perder boa parte do apoio desse grupo.
Terceiro, o congelamento dos salários, o poder altamente
centralizado e o confisco sistemático dos alimentos no
campo minaram ainda mais o apoio popular ao governo.
Robespierre estava isolado.
A 13 de julho de 1793, Charlotte Corday, uma
Em 27 de julho de 1794, o dia 9 Termidor, a Convenção, moça que se dizia simpatizante dos girondinoso,
numa rápida manobra, prendeu Robespierre e o matou. Por apunhalou o extremista Marat quando ele, que
sofria de uma doença de pele, estava imerso na
meio do chamado Golpe Termidoriano, os girondinos banheira da sua casa. Marat foi sepultado como
moderados (Pântano) voltaram a controlar a herói revolucionário, acompanhado por um
Convenção. O fim da Convenção Jacobina representou o cortejo que parou quase toda Paris.
fim do protagonismo popular na revolução. Desapareceu o ideal de uma República democrática
e igualitária. Foi extinto o Terror e a legislação jacobina foi abandonada. As conquistas do
período jacobino foram, em sua maioria, perdidas: retornaram a liberdade de comércio, a
escravidão nas colônias e o voto censitário. O culto ao Ser Supremo acabou imediatamente.
Em 1795, a Convenção Termidoriana criou a Constituição do Ano III, a terceira da
Caricatura ridicularizando os Revolução: o voto censitário foi reinstituído, o poder legislativo, meramente consultivo, foi
excessos da Revolução Francesa. divido em dois Conselhos (o Conselho dos Anciãos e o Conselho dos 500), e poder executivo
ficou nas mãos de cinco Diretores. Por isso, o novo governo foi chamado Diretório.

3 a FASE DA REVOLUÇÃO: O DIRETÓRIO (1795-1799)


Os girondinos moderados governaram com o objetivo de encerrar a Revolução, evitando novas radicalizações e acabando com
o Terror. Mas o instável diretório girondino foi incapaz de estabilizar-se no poder, resolver a crise econômica, conter as diversas
revoltas internas e manter os exércitos que estavam fora do país. Seus comandantes eram considerados medíocres e corruptos.
Sem apoio político, os girondinos ficaram pressionados entre as exigências à esquerda e à direita: ficaram espremidos entre uma
reação aristocrática de extrema direita e os sans-cullotes de Paris.
Por um lado, houve o terror branco: jovens monarquistas saíam às ruas, armados de porretes, para caçar e decapitar simpatizantes
do jacobinismo; camponeses levantaram-se a favor da Monarquia; foram duramente reprimidos por Napoleão Bonaparte.
Por outro lado, várias vezes os sans-culottes revoltaram-se contra os girondinos. Em 1796, alguns grupos jacobinos organizaram
a Conspiração dos Iguais, liderada por Graco Babeuf (1760-1797). O programa desses babeuvistas era mais radical que o
jacobinismo: representava a primeira tentativa de criação de uma sociedade comunista. O Manifesto dos Iguais previa a criação
de um partido de vanguarda, o fim do direito de herança, a partilha de bens e uma sociedade
rural comunal com a repartição igualitária de colheitas. Descobertos antes de seu início, todos os
membros da conspiração foram executados, com exceção de Buonarotti, que conseguiu escapar
e escrever a história do movimento. Ao mesmo tempo, Rússia, Império Turco, Inglaterra e
Áustria uniram-se na guerra contra a França, formando a II Coligação. Diante de uma situação
política altamente instável, os exércitos, que combatiam dentro e fora das fronteiras da França,
gozavam de crescente prestígio, representando a estabilidade, a unidade e a força. O general
Napoleão Bonaparte, protagonista das vitórias militares jacobinas, ao voltar de sua campanha
no Egito, preparou um golpe em comum acordo com alguns membros do Diretório.
No dia 9 de novembro de 1799, o 18 Brumário, Napoleão ordenou a prisão dos deputados
que se opunham a seu golpe. Para governar a França, estabeleceu-se uma comissão de três
cônsules, o chamado Consulado, composto por Napoleão Bonaparte, Sieyès e Roger Ducos.
Uma proclamação do Consulado dizia: “cidadãos, a revolução acabou”. A esquerda jacobina
foi definitivamente excluída do governo. O novo governo ascendia sob a promessa de dar
unidade e estabilidade à França, garantindo as conquistas dos últimos 10 anos, evitando novas
Graco Babeuf radicalizações e protegendo a classe burguesa. Começa, então, a Era Napoleônica.
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36 História

EXERCÍCIOS

01. (PUC) No que se refere às singularidades da sociedade 04. (MACK-SP) Desde a abertura dos Estados Gerais, em 1789,
francesa do chamado Antigo Regime, são corretas as a roupa possui um significado político. Michelet descreveu
afirmações abaixo, com exceção de: a diferença entre a sociedade dos deputados do Terceiro
Estado, à frente da procissão de abertura, como uma massa
a) Os membros da Igreja Católica, em especial o alto
de homens vestidos de negro com trajes modestos e o grupo
clero, desfrutavam de cargos e posições sociais que os
refulgente dos deputados da nobreza com seus chapéus de
aproximavam, em importância, da nobreza de Corte.
plumas, suas rendas, seus paramentos de ouro. Segundo o
b) As hierarquias sociais eram atenuadas pelas possibilidades
inglês John Moore, uma grande simplicidade, e na verdade a
de mobilidade vertical e horizontal, fundamentadas por
avareza no vestuário era considerada prova de patriotismo.
valores de exaltação do mérito pessoal e do desempenho
intelectual ou econômico. Michelle Perrot
c) O exercício da representatividade política baseava-se Dentre os motivos da convocação da Assembleia a que se
na organização estamental e viabilizava, na prática, a refere o texto, destacamos:
força decisória do Primeiro e Segundo Estados dentro
dos Estados Gerais. a) anular as medidas radicais de alcance social,
d) A condição de nascimento era um dos critérios centrais implementadas por Robespierre.
para a determinação de identidades e influências, b) o interesse do rei em abolir a desigualdade de impostos
interferindo diretamente na manutenção dos privilégios e confiscar os bens do clero.
da nobreza, bem como nas divisões internas a este grupo. c) a crise financeira e econômica que atravessava o Governo
e) Na classificação jurídico-política, os grupos burgueses, de Luís XVI.
com destaque para os comerciantes e financistas, d) estabelecer a transformação dos membros do clero em
compunham, a despeito de suas riquezas e propriedades funcionários civis do estado.
juntamente com os camponeses e sans-cullotes, o chamado e) abolir o feudalismo, estabelecendo as liberdades civis e
Terceiro Estado. o voto censitário.

02. (PUC) No Antigo Regime, a aristocracia francesa tinha como 05. (UF-MG) A Assembleia Nacional, desejando estabelecer a
privilégios, exceto: Constituição francesa sobre a base dos princípios que ela
acaba de reconhecer e declarar, abole irrevogavelmente
a) o monopólio das funções políticas mais importantes. as instituições que ferem a liberdade e a igualdade dos
b) a isenção do pagamento de taxas e impostos. direitos. Não há mais nobreza, nem pariato, nem distinções
c) o controle das atividades manufatureiras e comerciais. hereditárias, nem distinções de ordens, nem regime feudal...
d) a sujeição a leis e tribunais especiais e exclusivos. Não existe mais, para qualquer parte da Nação, nem para
e) a desobrigação frente a todo trabalho produtivo. qualquer indivíduo, privilégio algum, nem exceção ao direito
comum de todos os franceses...
03. (FUVEST-SP) Do ponto de vista social, pode-se afirmar,
sobre a Revolução Francesa, que: O texto, preâmbulo da Constituição francesa de 1791,
caracteriza com nitidez a obra da Revolução Francesa em
a) teve resultados efêmeros, pois foi iniciada, dirigida e sua primeira fase, sendo, a esse respeito, possível afirmar
apropriada por uma só classe social, a burguesia, única com exceção de:
beneficiária da nova ordem.
b) fracassou, pois, apesar do terror e da violência, não a) Nesta etapa, a Revolução Francesa caracteriza-se pela
conseguiu impedir o retorno das forças sociopolíticas abolição de todas as sobrevivências feudais.
do Antigo Regime. b) A Revolução afirma os princípios da igualdade e da
c) nela coexistiram três revoluções sociais distintas: uma liberdade de todos os cidadãos.
revolução burguesa, uma camponesa e uma popular c) A burguesia, embora abolindo as instituições feudais,
urbana, a dos chamados sans-culottes. buscou preservar tudo aquilo que se originasse do direito
d) foi um fracasso, apesar do sucesso político, pois, ao de propriedade.
garantir as pequenas propriedades aos camponeses, d) A forma política adotada em 1791 foi a da Monarquia
atrasou em mais de um século o progresso econômico Constitucional, mais ou menos inspirada no modelo
da França. inglês.
e) abortou, pois a nobreza, sendo uma classe coesa, tanto e) A fim de garantir os direitos individuais, foram mantidas
do ponto de vista da riqueza quanto do ponto de vista as corporações e guildas mercantis ou artesanais há muito
político, impediu que a burguesia a concluísse. existentes.

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História 37

06. Entre os séculos XVII e XVIII ocorreram fatos 08. (UE-RJ) A luta pela liberdade na Revolução Francesa de 1789
na França que é preciso recordar. Entre 1660- possibilitou a conquista de direitos essenciais que até hoje formam
1680, os poderes comunais são desmantelados; alguns dos pilares do mundo contemporâneo.
as prerrogativas militares, judiciais e fiscais são
Entre esses direitos assegurados na Declaração dos Direitos do
revogadas; os privilégios provinciais reduzidos.
Homem e do Cidadão de 1789, podem-se destacar:
Durante a época do Cardeal Richelieu (1585-
1642) aparece a expressão “razão de Estado”: o a) liberdade, propriedade e resistência à opressão, como direitos
Estado tem suas razões próprias, seus objetivos, naturais do homem.
seus motivos específicos. A monarquia francesa b) soberania, igualdade civil e autoridade, como direitos inerentes
é absoluta, ou pretende sê-lo. Sua autoridade aos corpos privilegiados da sociedade.
legislativa e executiva e seus poderes impositivos, c) distinção de nascimento, privilégio fiscal e hereditariedade do
quase ilimitados, de uma forma geral são aceitos poder, como direitos sagrados do cidadão.
em todo o país. No entanto... sempre há um “no d) insurreição para o povo, direito à cidadania e igualdade social,
entanto”. Na prática, a monarquia está limitada como os mais elevados direitos do homem.
pelas imunidades, então intocáveis, de que gozam
certas classes, corporações e indivíduos; e pela 09. (UNIFOR-CE) Entre as datas que marcaram a Revolução Francesa
falta de uma fiscalização central dos amplos e de 1789, uma das mais significativas é a de 26 de agosto, data
heterogêneos corpos de funcionários. da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, pois esta
Leon Pomer, O surgimento das nações
Declaração representa:

No contexto apresentado, entre as imunidades de a) a defesa do regime constitucional como forma de garantir governos
que gozam certas classes, é correto considerar: baseados no despotismo esclarecido, isto é, que defendem a liberdade
de culto, de imprensa e o sistema de representação política.
a) Os camponeses e os pequenos proprietários b) a introdução dos ideais de coletivização da propriedade e dos meios
urbanos eram isentos do pagamento de de produção no Ocidente como forma de reduzir as desigualdades
impostos em épocas de secas ou de guerras sociais.
de grande porte. c) o marco simbólico maior dos princípios da cultura sociopolítica
b) A burguesia ligada às transações financeiras moderna no Ocidente, isto é, o Direito e a Cidadania como origem
com os espaços coloniais franceses não estava e resultados da república e da democracia.
sujeita ao controle do Estado francês, pois d) o controle do Estado sobre a economia, com o objetivo de harmonizar
atuava fora da Europa. os interesses individuais e coletivos, gerando progresso social.
c) A nobreza das províncias mais distantes de Paris e) a desestruturação dos princípios oriundos das Revoluções Liberais,
estava desobrigada de defender militarmente a centrados na liberdade, fraternidade e igualdade entre os cidadãos.
França em conflitos fora do território nacional.
d) Os grandes banqueiros e comerciantes não 10. (UF-PB) A Revolução Francesa foi entrecortada por várias fases, que
precisavam pagar os impostos devido a uma serviram de cenário para conflitos, sonhos e redefinições políticas.
tradição relacionada à formação do Estado Com relação ao período da Convenção, é falso afirmar:
francês.
e) O privilégio da nobreza que não pagava tributos a) O governo decretou o aumento de impostos sobre os ricos.
ao Estado francês, condição que contribuiu para b) O rei Luís XVI foi condenado e guilhotinado por traição e desvios
o agravamento das finanças do país na segunda de verbas para a Contra-Revolução.
metade do século XVIII. c) A cidadania foi ampliada para todos os trabalhadores, inclusive
com a abolição da escravidão nas colônias francesas.
07. (PUC) Refere-se aos princípios básicos da d) O Terror teve início, atingindo os próprios membros da Convenção.
Declaração dos Direitos do Homem e o Cidadão, e) A Declaração dos Direitos do Homem foi assinada, atendendo às
proclamada na França em 1789: pressões do povo.

I. Liberdade e igualdade dos cidadãos perante a 11. Uma das fases mais dramáticas da Revolução Francesa ficou conhecida
lei. como O Terror, período em que o poder estava nas mãos dos jacobinos
II. Direito de resistência à opressão política e que dominavam a Convenção.
direito à propriedade individual.
Assinale o fato que ocorreu nesta fase.
III. Liberdade de pensamento e de opinião.
a) Convocação dos Estados Gerais, por Luís XVI.
a) Apenas o item I está correto.
b) Aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
c) Queda da Bastilha.
c) Apenas os itens I e III estão corretos.
d) Abolição dos direitos feudais sobre os camponeses.
d) Apenas os itens II e III estão corretos.
e) Os preços dos alimentos foram tabelados.
e) Todos os itens estão corretos.

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38 História
12. (UNESP) Como terror entende-se um tipo de regime 15. (UNIPAR-PR) Com relação ao processo da Revolução Francesa
particular, ou melhor, o instrumento de emergência a e os seus desdobramentos, assinale a afirmativa correta.
que um Governo recorre para manter-se no poder. a) A monarquia absoluta francesa nunca atingiu os níveis de
N. Bobbio, Dicionário de política intolerância e repressão encontrados na Inglaterra, daí o apoio
O mencionado instrumento de emergência — o terror — maciço que recebeu dos nobres e dos burgueses no início da
foi aplicado em sua forma típica, na Revolução Francesa: Revolução.
b) A decretação do fim dos privilégios feudais pelo rei Luís
a) durante a reação aristocrática de 1787-1788.
XVI foi o estopim para o início do processo revolucionário
b) por Napoleão Bonaparte, na fase do Diretório.
que uniu a nobreza e o resto da sociedade.
c) no período da ditadura do Comitê de Salvação Pública.
c) A Assembleia Constituinte revelou o caráter conservador da
d) pelos girondinos contra os bonapartistas.
Revolução, pois manteve intocados os privilégios da Igreja
e) por Luís XVI contra os camponeses da Vandeia.
Católica.
d) Robespierre foi o líder da Revolução que se destacou pelo
13. (UNESP) A Revolução Francesa é um fenômeno histórico
equilíbrio de suas ações e pelas tentativas de pacificar o país
muito complexo. Os historiadores não foram capazes
internamente, por meio de várias concessões aos nobres e
de uma apreciação serena dos bons e maus frutos dela
burgueses.
oriundos, tal a violência das paixões políticas, econômicas,
e) A reação conservadora a partir de 1795 começou a consolidar
sociais e religiosas que desencadeou na Europa do Século
o poder da grande burguesia francesa que buscou o apoio do
XIX. Ela inicia o século dos movimentos revolucionários
Exército para estabilizar o país, culminando com a ascensão
que atingem a quase totalidade dos países europeus e do
de Napoleão Bonaparte ao poder.
Novo Mundo. Estas revoluções constituem o triunfo das
democracias europeias e americanas.
16. (FUVEST-SP) Há controvérsias entre historiadores sobre o
Os significados político, social, econômico e cultural da caráter das duas grandes revoluções do mundo contemporâneo,
Revolução Francesa são marcados a seguir, exceto: a Francesa de 1789 e a Russa de 1917.
a) Foi no período denominado Diretório que foram No entanto, existe consenso sobre o fato de que ambas:
afastados do poder os remanescentes do jacobinismo.
a) fracassaram, uma vez que, depois de Napoleão, a França
b) A Revolução Francesa foi um movimento
voltou ao feudalismo, com os Bourbons, e a União Soviética
eminentemente cultural, assemelhando-se em muito
voltou ao capitalismo, depois de Gorbatchev.
ao Renascimento e ao Iluminismo.
b) geraram resultados diferentes das intenções revolucionárias,
c) O principal aspecto social foi o estabelecimento da
pois tanto a burguesia francesa quanto a russa eram contrárias
igualdade, acabando com os privilégios no plano legal.
a todo tipo de governo autoritário.
d) O ano de 1789, início da Revolução, abriu caminho
c) puseram em prática os ideais que as inspiraram, de liberdade
para o Liberalismo.
e igualdade e de abolição das classes e do Estado.
e) O período do Consulado, dominado por Napoleão,
d) efetivaram mudanças profundas que resultaram na superação
consolidou as conquistas burguesas tanto no plano
do capitalismo na França e do feudalismo na Rússia.
econômico como no político.
e) foram marcos políticos e ideológicos, inspirando, a primeira,
as revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas
14. Um dos episódios históricos de maior relevância para a
até a década de 1970.
humanidade foi a Revolução Francesa.
Sobre ela, pode-se afirmar que: 17. (UNIBH-MG) Sobre a Revolução Francesa é incorreto afirmar:
a) a denominada fase do Terror ocorreu sob a liderança a) Ela é um marco na História do Mundo Contemporâneo, e suas
de expressivos membros do Primeiro Estado, ideias não se difundiram apenas na Europa, mas vão estar
principalmente dos grupos extremistas girondinos. presentes no processo de emancipação política da América
b) Marat, Danton e Montesquieu, liderando a ala dos Espanhola, em fins do século XVIII e princípios do século
jacobinos, organizaram o golpe de Estado de Napoleão XIX.
Bonaparte. b) Ela é considerada uma revolução burguesa.
c) foi amplamente influenciada pela ideias de Rousseau, c) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada
que pressupõem que os seres humanos nascem no dia 26 de agosto de 1789, foi um documento importante no
livres e iguais, e que a comunidade pode destituir os qual os norte-americanos se basearam para fazer a Declaração
governantes que se negam a executar a vontade geral. da sua Independência e, mais tarde, a sua Constituição.
d) adotou a forma tripartite de governo, concebida como d) Muitas das conquistas sociais e políticas da Revolução
Reação Termidoriana. Francesa foram difundidas em outros países durante a
e) teve no 18 Brumário um de seus eventos mais Era Napoleônica (1799–1815), entre elas, a igualdade dos
importantes, com a queda da Bastilha e o fim da era indivíduos perante a lei e o direito de propriedade privada.
vitoriana.

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História 39

18. (UFSCar-SP) As revoluções contra o poder absolutista dos reis 21. Sobre o período do “Terror”, na Revolução Francesa,
atravessaram grande parte da história moderna da Europa. Houve, no é correto afirmar que:
entanto, diferenças entre as revoluções francesa e inglesa. Assinale a a) foi a fase inicial da Revolução, marcada pela Queda
alternativa correta. da Bastilha e pelo guilhotinamento do rei Luís XVI e
a) Na França, a oposição ao absolutismo implicou, ao contrário de Maria Antonieta. Liderado pelos girondinos, que
do que ocorreu na Inglaterra, o estabelecimento de um regime perseguiram antigos aliados, terminou com a ascensão
republicano, mesmo que passageiro. dos sans-culottes, representados pela figura de Marat.
b) A revolução inglesa, diferentemente da francesa, reivindicou b) foi um período marcado pelo recrudescimento da
os direitos do Parlamento contra o arbítrio real, expressos por contrarrevolução, que levou os revolucionários a
documentos escritos que remontavam à Idade Média. perseguirem e guilhotinarem milhares de inimigos do
c) A revolução inglesa, ao contrário da francesa, contou com o apoio regime. Terminou com o guilhotinamento de Danton
popular na luta contra os reis absolutistas, desvinculando-se de e a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder.
disputas entre facções religiosas. c) foi um período dominado pelos Jacobinos, liderados
d) A luta contra o absolutismo na França distinguiu-se do processo por Robespierre, que perseguiram e guilhotinaram seus
que se desenvolveu na Inglaterra pela violência e execução do inimigos, tentando conter a contrarrevolução. Esse
monarca absolutista. período se encerrou com o golpe do 9 de Termidor,
e) A revolução francesa removeu os obstáculos impostos à economia que culminou com o guilhotinamento de Robespierre.
pelo antigo regime, industrializando o país no século XVIII; d) é considerado a consolidação da Revolução Francesa
na Inglaterra, ao contrário, a revolução conteve o crescimento e o fim do poder dos jacobinos. O jovem general
econômico. Napoleão Bonaparte subiu ao poder com o apoio
dos girondinos através do golpe do 18 de Brumário,
19. (ESPM-SP) Para essa mentalidade revolucionária também consumado com o guilhotinamento de Robespierre.
contribuíram as grandes expectativas provocadas pela convocação dos e) representou o acirramento da Revolução Francesa, que
Estados Gerais, pois, como os pobres urbanos, também os camponeses estava ameaçada pela contrarrevolução e por inimigos
esperavam que suas queixas fossem ouvidas. Na primavera de 1789, externos. Os líderes dos sans-cullotes, Robespierre e
os camponeses atacavam comboios de alimentos e se recusavam a Danton, perseguiram e guilhotinaram os jacobinos e
pagar impostos reais, dízimos e obrigações senhoriais. Esses levantes girondinos, considerados representantes da burguesia.
revolucionários intensificaram-se em fins de julho de 1789, quando
se divulgaram rumores de que os aristocratas estavam organizando 22. Os revolucionários, especialmente na França, viram-na
bandos de bandidos para atacar os camponeses e roubar suas como a primeira república do povo, inspiração de toda
colheitas. Os camponeses entraram em pânico e deram vazão a um a revolta subsequente. Pois esta não era uma época a ser
ódio secular contra os nobres, atacando os castelos e queimando os medida pelos critérios cotidianos. Isto é verdade. Mas
registros senhoriais onde estavam inscritas as suas obrigações para para o francês da sólida classe média que estava por trás
com os senhores. do Terror, ele não era nem patológico nem apocalíptico,
Marvim Perry, Civilização Ocidental. Uma história concisa mas primeiramente e sobretudo o único método efetivo
O texto deve ser relacionado com: de preservar seu país.
a) o Período do Terror. Eric Hobsbawm, A Era das revoluções
b) o Grande Medo. Sobre a fase do Terror da Revolução Francesa, assinale
c) o Golpe do 18 Brumário. a alternativa correta.
d) a Reação Thermidoriana.
a) Após assumir o controle político da República
e) a Tomada da Bastilha.
Jacobina, Robespierre decretou o fim dos impostos
feudais e o confisco dos bens do clero.
20. A denominada Sociedade do Antigo Regime, tipo de organização
b) Em 1789, a Assembleia dos Estados Gerais rompeu
social peculiar à maior parte da Europa, na Idade Moderna, teve como
com o Antigo Regime, decretando imediatamente a
característica jurídica principal:
execução do rei Luís XVI.
a) a tributação exclusiva das camadas mais pobres, formadas por c) As principais realizações da República Jacobina foram
artesãos, servos e pequenos proprietários. a Declaração dos Direitos do Homem e a abolição dos
b) o desenvolvimento de uma cultura correspondente aos valores da privilégios feudais.
burguesia, que adaptou o poder, a arte, a ciência e a filosofia aos d) A República Jacobina foi formada por uma aliança
ideais de trabalho e geração de riquezas. entre jacobinos e sans-culottes, que aprovaram uma
c) o princípio da desigualdade, com o estabelecimento de direitos nova Constituição com sufrágio universal e aboliram
e privilégios de acordo com a posição social de seus membros, a escravidão nas colônias francesas.
definida por nascimento. e) A República Jacobina começou com a tomada da
d) a monarquia absolutista, consolidada com base no poder econômico Bastilha e terminou com o golpe de estado do “18
da alta burguesia, a adoção do parlamentarismo constitucional e Brumário”, de Napoleão Bonaparte.
a implementação dos direitos fundamentais do cidadão.
e) a tolerância religiosa e a elaboração de leis que estabeleceram
monarquias laicas que coibiram perseguições religiosas e políticas.

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40 História

23. Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem c) aos episódios que insuflaram a população de Paris a destruir
em si tudo o que é necessário para formar uma nação completa? a Bastilha, símbolo do absolutismo francês.
Ele é o homem forte e robusto que tem um dos braços ainda d) ao processo de emancipação política do Haiti, liderado por
acorrentado. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação Saint-Just e por Toussaint Louverture.
não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim, o que e) à revolta de Saint-Just contra o terror revolucionário levado
é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. à frente pelo rei Luís XVI.
Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor
sem os outros. 26. Em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado em Paris.
E. J. Sieyès, Qu’est-ce que le Triers Êtat Chegava ao fim a monarquia francesa e iniciava-se um novo
período na história da França. Em meio a um contexto de fortes
O texto do Abade Sieyès nos remete a uma leitura da/do:
turbulências, rebentaram revoltas internas e guerras externas.
a) sistema de estamentos na França pré-revolucionária,
Sobre esse contexto, pode-se afirmar que:
privilegiando o papel realizador do clero.
b) França durante o período do Terror, quando Robespierre a) em junho do mesmo ano, os jacobinos, comandados por
orienta os jacobinos à execução total do alto clero. Robespierre, assumiram o poder na França, inaugurando o
c) condição do Terceiro Estado, de não apenas desejar construir período da Convenção Jacobina, considerado o mais popular
uma nação mas, fundamentalmente, de ser efetivamente a e radical de toda a Revolução.
nação. b) foi marcado pela guerra civil, em que partidários do rei e da
d) necessidade de acordos entre os diferentes estamentos para república se enfrentaram, com a vitória dos primeiros, que
a construção de uma nação próspera e republicana. impuseram uma ditadura ao país, sob o comando de Marat
e) Terceiro Estado, composto pelo baixo clero, e representando e dos girondinos.
98% da população francesa, que buscava dar fim aos c) a morte do rei desencadeou a revolta de toda a nobreza
privilégios dos demais estamentos. europeia e da Igreja Católica, levando à formação de um
exército multinacional, a Primeira Coligação, contra a
24. Chegou a hora da igualdade passar a foice por todas as cabeças. França. Em menos de um ano, o exército francês, debilitado
Portanto, legisladores, vamos colocar o terror na ordem do dia. pelas baixas, rendeu-se e a Monarquia foi restaurada.
Discurso de Robespierre na Convenção
d) em meio aos combates externos, destacou-se a figura do
general Napoleão Bonaparte que, amparado pelos girondinos,
A fala de Robespierre ocorreu em um dos períodos mais tensos venceu os opositores externos e internos e tornou-se
da Revolução Francesa, caracterizado pela: Imperador dos franceses, em 1795, colocando um ponto
a) fundação da Monarquia Constitucional, marcada pelo final no processo revolucionário francês.
funcionamento da Assembleia Nacional. e) a guerra civil e a guerra externa geraram uma crise sem
b) organização do Diretório, marcado pela adoção do voto precedentes: lavouras arruinadas, inflação, desabastecimento.
censitário. A crise só foi superada com a Restauração da monarquia em
c) reação termidoriana, marcada pelo fortalecimento dos setores 1795 e com a subordinação definitiva da França às demais
conservadores. potências europeias.
d) convocação dos Estados Gerais, que pôs fim ao absolutismo
francês. 27. Com a convocação dos Estados Gerais, em 1788, a aristocracia
e) criação do Comitê de Salvação Pública e a radicalização da esperava completar o processo que esvaziaria a Monarquia de
revolução. seu poder absoluto. Seu cálculo, teoricamente correto, baseava-
se na certeza de que controlaria todas as decisões dos Estados
25. Compete-vos, portanto, decidir se Luís é inimigo do povo francês, Gerais. Essa instituição tinha seus representantes eleitos
se é estrangeiro (...) Luís combateu o povo: foi vencido. É um internamente a cada ordem e, quando em funcionamento, a
bárbaro, um estrangeiro prisioneiro de guerra (...) o traidor votação era em separado, correspondendo a um voto para cada
não era o rei dos franceses, era o rei de alguns conjurados. ordem. Mas, na prática, o cálculo da aristocracia revelou-se
Fazia recrutamentos secretos de tropas, tinha magistrados um verdadeiro suicídio político para ela e para o regime que
particulares; considerava os cidadãos como seus escravos. representava.
Louis Antoine Saint-Just, Discursos e relatórios Modesto Florenzano, As Revoluções Burguesas.

O discurso de Louis Antoine Saint-Just foi pronunciado em um Esse suicídio político consubstanciou-se, pois:
dos momentos mais dramáticos da História Francesa. a) a aristocracia francesa, que defendia reformas nas obrigações
Esse discurso refere-se: servis, objetivando ampliar os ganhos tributários do Estado,
foi forçada a aceitar o fim dos privilégios fiscais da nobreza
a) às revelações de que o rei havia conspirado com os Estados
togada e do baixo clero.
estrangeiros em guerra contra a França.
b) se estabeleceu um acordo tácito entre os jacobinos e os
b) às lutas entre os duques de Orléans e da Borgonha, durante
girondinos, na Convenção, a partir de 1789, e uma série
a Guerra dos Cem Anos.
de reformas estruturais, baseadas nas ideias iluministas,
determinou a gradual extinção das obrigações feudais.

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História 41

c) as reformas políticas propostas pela aristocracia geraram 29. No contexto da Revolução Francesa, Girondinos e Montanheses
maior participação das camadas sociais presentes no Terceiro representavam facções distintas, pois:
Estado, em especial a alta burguesia, que comandou o Comitê
a) tinham visões antagônicas sobre a partici­pação das massas
de Salvação Pública, em 1789.
populares no processo revolucionário.
d) a tentativa da aristocracia francesa de limitar a influência
que a alta burguesia exercia sobre o soberano Luis XVI b) a decisão sobre o guilhotinamento de Luís XVI afastou
fracassou e abriu espaço para que o rei convocasse uma Girondinos (contrários) e Mon­tanheses (favoráveis), que
Assembleia Nacional Constituinte para julho de 1789. sempre estive­ram em acordo contra a radicalização jaco­bina.
e) após um pouco mais de um mês de funcionamento, em junho c) apesar de representarem a mesma classe social — a burguesia
de 1789, o Terceiro Estado transformou os Estados Gerais industrial — diferencia­vam‑se em pontos sobre a forma
em Assembleia Nacional Constituinte, um dos momentos de gover­no: Monarquia Constitucional, os primeiros, e
iniciais da Revolução Francesa. República Federalista, os segundos.
d) os primeiros defendiam Robespierre, cla­mando pela
radicalização e extensão dos di­reitos sociais, enquanto os
28. Com relação à França pré-revolucionária: segundos bus­cavam rearticular as propriedades feudais em
I. O primeiro estado era constituído por camponeses, artesãos, desagregação.
lojistas e o restante da alta nobreza, perfazendo um total de e) apesar de representarem a mesma classe social — a burguesia
1 milhão e 200 mil membros. industrial — diferencia­vam‑se em pontos sobre a forma de
gover­no: República Federalista (Girondinos) e Monarquia
II. Em 1789, a população francesa era de aproximadamente
Constitucional (Montanheses).
25 milhões de habitantes, sendo que mais de 20 milhões
viviam na zona rural.
III. O clero (cerca de 120 mil pessoas) e a nobreza (350 mil 30. Às vésperas de passar por dupla revolução, a Revolução
membros) constituíam, respectivamente, o primeiro e o Industrial e a Revolução Francesa, a Europa Ocidental, do
segundo estados. ponto de vista social, se caracterizava como:
IV. A Assembleia Nacional monopolizava as concessões a) uma sociedade de classes, isto é, constituída por indivíduos
públicas, delegando ao rei e ao coletivo ministerial a juridicamente iguais, onde o dinheiro não contava para nada.
administração das províncias do país. b) uma sociedade de ordens (estamentos), isto é, constituída
V. O ônus dos impostos e das constribuições para o rei, para por indivíduos juridicamente desiguais, onde o sangue
o clero e para a nobreza recaía igualmente sobre os três (nascimento) não contava para nada.
estados. c) uma sociedade de castas, pois não havia nenhuma mobilidade
VI. A sociedade do Antigo Regime se caracteriza pela social entre os indivíduos que compunham os diferentes
desigualdade de direitos entre homens, de acordo com sua grupos da sociedade.
origem, dividindo-se em três ordens: os que rezam, o que d) uma sociedade ao mesmo tempo de ordens e de classes,
combatem e os que trabalham. onde tanto a burguesia quanto a nobreza viviam em perfeita
harmonia social e política.
A única alternativa que contém as asserções corretas é:
e) uma sociedade ainda constituída por ordens mas em avançado
a) I, II e III. processo de formação de classes, marcada por vários tipos
b) I, V e VI. de tensões e conflitos políticos e sociais.
c) II, IV e V.
d) II, III e VI.
e) III, IV e V.

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42 História

EXERCÍCIOS DISCURSIVOS

31. 33. (Unicamp-SP) Alguns comunistas franceses encontravam


conforto na ideia de que as atitudes de Stalin em relação aos
opositores do regime político vigente na União Soviética eram
tão justificadas pela necessidade quanto havia sido o Terror
de 1793-1794, liderado por Robespierre. Talvez em outros
países, onde a palavra Terror não sugerisse tão prontamente
episódios de glória nacional e triunfo revolucionário, essa
comparação entre Robespierre e Stalin não tenha sido feita
E. Hobsbawn,
Ecos da Marselhesa: dois séculos revêem a Revolução Francesa.

a) De acordo com o texto, o que permitiu aos comunistas a


comparação entre os regimes de Robespierre e de Stalin?
Histoire: une terre, des hommes. b) Quais os princípios políticos que definiam o regime
França: Magnard. soviético?
A caricatura acima mostra a situação das camadas sociais
34. (UNESP) Com a aliança entre jacobinos e sans-culottes, a
na sociedade francesa de antes da Revolução de 1789.
revolução dava um passo à frente, à esquerda, ganhando
uma nova forma política e um novo conteúdo social.
a) Que grupos e que relações sociais estão representados
na caricatura? Modesto Florenzano, As Revoluções Burguesas.
b) Antes do movimento revolucionário, quais eram as No contexto da Revolução Francesa, explique duas medidas
principais críticas do povo em relação às camadas que revelam o caráter inovador do governo jacobino
dominantes? (1792-1794).
c) Que classe social liderou a Revolução e que
transformações ocorreram no período mais radical do 35. (Unicamp-SP) Em sua obra Os Sans-culottes de Paris, o
processo revolucionário? historiador Albert Soboul escreveu:
Os cidadãos de aparência pobre e que em outros tempos
não se atreveriam a apresentar-se em lugares reservados a
pessoas elegantes passeavam agora nos mesmos locais que
32. (Unicamp-SP) As primeiras vítimas da Revolução Francesa
os ricos, de cabeça erguida.
foram os coelhos. Pelotões armados de paus e foices saíam
à cata de coelhos e colocavam armadilhas em desafio às leis Citado por Eric Hobsbawm. A Era das Revoluções.
de caça. Mas os ataques mais espetaculares foram contra os a) Caracterize o movimento dos sans-culottes na Revolução
pombais, castelos em miniatura; dali partiam verdadeiras Francesa.
esquadrilhas contra os grãos dos camponeses, voltando b) Compare o movimento dos sans-culottes com o
em absoluta segurança para suas fortalezas senhoriais. Os movimento dos sem-terra no Brasil.
camponeses não estavam dispostos a deixar que sua safra
se transformasse em alimento para coelhos e pombos e 36. (UFF-RJ) A Revolução Francesa de 1789 foi pródiga em
afirmavam ser a “vontade geral da nação” que a caça fosse gerar ideias e projetos de reforma social dos mais diversos
destruída. Aos olhos de 1789, matar caça era um ato não só e radicais. Um deles, por sua projeção futura, merece ser
de desespero, mas também de patriotismo, e cumpria uma destacado: a Conspiração dos Iguais, cuja crítica à propriedade
função simbólica: derrotando privilégios, celebrava-se a estava respaldada na crença de que ela era “odiosa em
liberdade. seus princípios e mortífera nos seus efeitos”. No entanto, a
Adaptado de Simon Schama,
Conspiração dos Iguais não conseguiu concretizar seu projeto
Cidadãos: uma crônica da Revolução Francesa. Cia das Letras.
de defesa da abolição da propriedade privada.
a) De acordo com o texto, por que os camponeses defendiam Com base nessa afirmativa:
a matança de animais? a) mencione o principal líder da Conspiração dos Iguais;
b) Cite dois privilégios senhoriais eliminados pela Revolução b) discuta a principal reforma napoleônica em relação à
Francesa. propriedade e suas repercussões na Europa.

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História 43

37. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e 41. (PUC) O que é o Terceiro Estado? Tudo. O que tem sido
fábricas, o explosivo econômico que rompeu com as estruturas até agora na ordem política? Nada. O que deseja? Vir a
socioeconômicas tradicionais do mundo não europeu; mas foi a ser alguma coisa. Ele é o homem forte e robusto que tem
França que fez suas revoluções e a ela deu suas ideias, a ponto um dos braços ainda acorrentado. Se suprimíssemos a
de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos e
o emblema de praticamente todas as nações emergentes, e a
sim alguma coisa mais. Assim, que é o Terceiro Estado?
política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917 foi
em grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar
ou os ainda mais incendiários de 1793. A França forneceu o sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros.
vocabulário e os temas da política liberal e radical democrática Abade Sieyès, O que é o Terceiro Estado?
para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro a) Identifique 2 grupos sociais que compunham o Terceiro
grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. Estado e explique seus descontentamentos às vésperas
A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização
da Revolução Francesa.
técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a
maioria dos países. A ideologia do mundo moderno atingiu as b) Cite, a partir dos descontentamentos do Terceiro Estado
antigas civilizações que tinham até então resistido às ideias em relação ao Antigo Regime, 2 ações empreendidas
europeias inicialmente através da influência. Essa foi a obra pelos revolucionários franceses que tenham contribuído
da Revolução Francesa. para alterar essa situação.
Eric Hobsbawm, A Era das Revoluções – 1789-1848.
42. (UNESP) Compare os dois textos seguintes e responda.
a) Na análise do autor, quais são as diferenças, em termos
de importância, entre a Revolução Industrial Inglesa e a Em todos os lugares havia calma. Nenhum movimento,
Revolução Francesa? nem temor ou aparência de movimento no Reino havia
b) Explique por que a França deu o primeiro grande exemplo, que pudessem interromper ou se opor aos meus projetos.
o conceito e o vocabulário do nacionalismo. Memórias de Luís XIV.
c) O autor afirma que a Revolução Francesa contribuiu para a
difusão da ideologia do mundo moderno e que influenciou Para nos mantermos livres, cumpre-nos ficar
antigas civilizações. Com relação à América, aponte incessantemente em guarda contra os que governam: a
dois movimentos políticos influenciados pelo Processo excessiva tranquilidade dos povos é sempre o pregoeiro
Revolucionário que culminou com a Revolução Francesa de sua servidão.
J. P. Marat, As Cadeias da Escravidão.
de 1789.
a) A que regime político predominante na Idade Moderna
38. (Unicamp-SP) Sobre a Declaração de Direitos do Homem e europeia os dois textos, de formas diferentes, se
do Cidadão, de 1789, o historiador Eric Hobsbawm escreveu: referem?
Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica b) O texto de Marat apresenta uma noção de cidadania
e os privilégios dos nobres, mas não um manifesto a favor de elaborada pela reflexão política do Século das Luzes.
uma sociedade democrática e igualitária. De que forma a Revolução Francesa do século XVIII
Explique a afirmação do autor. foi a expressão desta nova concepção política?

39. (Unicamp-SP) Em um panfleto publicado em 1789, um dos 43. (Unicamp-SP) Instalada em Nova Iorque em 1886, a
líderes da Revolução Francesa afirmava: Estátua da Liberdade foi oferecida pelos franceses como
um gesto de amizade republicana para com os Estados
Devemos formular três perguntas: O que é o Terceiro Estado? Unidos. Por toda a França, houve subscrição pública
Tudo. O que ele tem sido em nosso sistema político? Nada. O para levantar fundos, considerando-se que a ideia de
que pede ele? Ser alguma coisa. liberdade dos filósofos franceses tinha sido exportada
Explique as perguntas e respostas contidas nesse panfleto. para a América e inspirado a Guerra de Independência.
Assim, seria adequado comemorar o seu centenário com
40. (UNICAMP-SP) No dia 11 dezembro de 1792, o rei Luís uma estátua francesa. Com o tempo, associou-se à estátua
XIV respondia desse modo à acusação de haver cometido a imagem de “mãe dos exilados”.
inumeráveis crimes “contra o povo francês”: M. Warner, Monuments and maidens, the allegory of the female form.

— Não havia leis que me impedissem. a) Segundo o texto, quais significados foram associados
a) Em quais princípios da Revolução Francesa à Estátua da Liberdade?
fundamentava-se a referida acusação ao rei da França? b) Identifique três relações que podem ser estabelecidas
b) Que características do Estado absolutista explicam a entre a Guerra da Independência Americana e a
resposta do rei? Revolução Francesa.

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44 História

GABARITO 26. a) A oposição entre protestantes e católicos.


b) A luta pela autonomia política ou unificação da Irlanda ou independência
revolução inglesa (1640-1689) da Grã-Bretanha.
c) No item c da questão esperávamos que o candidato soubesse identificar
01. D 02. C 03. E 04. D 05. E 06. B 07. C Oliver Cromwell como o responsável pelo início ou agravamento do
08. C 09. E 10. D 11. C 12. D 13. E 14. B conflito. Ele autorizou a invasão da Irlanda, expropriou as terras dos
15. A 16. D 17. V, F, V, V 18. 1, 2, 4, 8, 32 19. B irlandeses católicos e as distribuiu para protestantes ingleses. Além disso,
20. D 21. C Cromwell promoveu o massacre e a diáspora da população irlandesa.
22. a) Dentre os vários fatores políticos, o mais fundamental é a política
absolutista dos reis da dinastia Stuart, desrespeitando a Magna Carta, primeira revolução industrial
impondo monopólios e impostos.
b) O aluno deveria apontar como as guerras e perseguições aos grupos 01. E 02. E 03. C 04. B 05. A 06. A 07. D
protestantes os fizeram migrar para a região do atual Estados Unidos. 08. D 09. C 10. D 11. E 13. A 13. 1 + 8 + 16 = 25
23. a) Bastava lembrar que o documento foi elaborado no fim da Revolução 14. C 15, D
Inglesa, um período no período conturbado da história inglesa. O aluno 16. a) Ao rei interessava tal produção para ter uma grande arrecadação de
deveria lembrar rapidamente a intensa transformação que a revolução impostos; a nobreza se beneficiava com a produção de lã em suas
representa no campo social (com a atuação de puritanos e a liderança da propriedades; os plebeus, após serem expulsos de suas terras, conseguiam
gentry), tal como o fim do absolutismo. trabalho nas crescentes indústrias inglesas.
b) Afastadas as ameaças absolutistas, em 1653, Cromwell dissolveu o b) A produção têxtil foi o setor em que a Revolução Industrial teve início.
Parlamento e assumiu o título de Lorde Protetor da República da Inglaterra, Graças a grande superioridade tecnológica inglesa nesse setor, a Inglaterra
Irlanda e Escócia, tornando-se ditador e impondo ao país os princípios conquistou diversos mercados mundiais.
puritanos. No campo econômico, Cromwell removeu as estruturas feudais 17. a) Essa questão requer capacidade de interpretação do texto, devendo o
ainda vigentes, acabando com monopólios e eliminando os obstáculos candidato apontar os diferentes significados do trabalho para a Bíblia, a
institucionais para o livre desenvolvimento capitalista. Era um largo passo burguesia e a aristocracia, respectivamente. Assim, na Bíblia, trabalho era
no caminho do livre comércio, que ainda estava longe de ser plenamente sinônimo de castigo e sacrifício em razão dos pecados. Para a burguesia e
conquistado. Sua vitória na guerra contra os holandeses favoreceu ainda seus ideólogos, o trabalho era uma atividade positiva, que purifcava a alma
mais o comércio. e distanciava homens e mulheres do pecado da preguiça. A aristocracia
c) Num golpe articulado entre whigs e tories, o Parlamento ofereceu a coroa da nutria profundo desprezo pelo trabalho, visto como atividade destinada
Inglaterra ao príncipe holandês Guilherme de Orange. Então, os membros exclusivamente às chamadas “ordens não privilegiadas” da sociedade
do parlamento obrigaram Guilherme III a aceitar o Bill Of Rights — ou (burgueses, camponeses, artesãos etc.).
Declaração de Direitos — por meio do qual ficaram estabelecidas as bases b) Espera-se que o candidato reconheça no trabalho fabril um dos
do que viria a ser a monarquia constitucional. De acordo com o documento, principais mecanismos de disciplinarização do trabalhador no contexto
ficava estabelecido que o Parlamento, reunindo-se regularmente, teria da Revolução Industrial. A disciplina podia ser obtida, por exemplo,
poder maior do que o rei, que não poderia tomar diversas ações sem a por meio de multas, horários fixos e a vigilância dos contramestres. O
aprovação do Parlamento. Ficaram afirmadas também: abolição da lei candidato também pode se referir à ética protestante do trabalho.
de censura, com a liberdade de expressão e imprensa, o equilíbrio entre 18. O aluno deveria discorrer sobre as péssimas condições de vida do trabalhador
whigs e tories no Parlamento e a proteção à propriedade particular. Além tal como a sua ausência de direitos trabalhistas. Entre elas era necessário
disso, com o Ato de Tolerância, ficou instaurada a tolerância religiosa, destacar, do texto, a ausência de um sistema de saneamento básico e as
mantendo, no entanto, a distinção política, de maneira que os católicos péssimas condições de moradia.
e dissidentes eram impedidos de participar da vida pública. Devido à 19. a) O aluno deveria mostrar como o ferro foi a principal matéria-prima e o
tranquilidade desse episódio, sem haver conflitos armados, derramamento carvão a principal fonte de energia utilizadas nesse período industrial,
de sangue, desordens sociais, nem revivescências democráticas, ele ficou podendo citar algumas inovações tecnológicas que as usam, e indicando
conhecido entre como Revolução Gloriosa. a importância do controle delas para Estados e para burgueses.
24. a) A Revolução Gloriosa carrega esse nome devido a ausência de conflitos, b) O aluno deveria discorrer sobre as péssimas condições de vida do trabalhador
revivescências democráticas, participação popular ou derramamento de tal como a sua ausência de direitos trabalhistas. Entre elas era necessário
sangue no processo. Já o período puritano carrega esse nome graças a destacar, do texto, a grande quantidade de trabalhadores em condições
enorme participação desses grupos protestantes no conflito, tornando- insalubres, tal como o grande tempo excessivo da jornada de trabalho.
se o braço armado do parlamento e assumindo o poder com Cromwell. 20. a) O aluno poderia citar e explicar as transformações decorrentes da Revolução
Grupos protestantes radicais, como cavadores e niveladores, tiveram Inglesa, com a abolição de regulamentos e monopólios que limitavam a
grande importância na época. produção manufatureira; o domínio do comércio internacional; o poder
b) Ficava estabelecido que o Parlamento, reunindo-se regularmente, teria aquisitivo e alto padrão de vida inglês; o mercado interno unificado da
poder maior do que o rei, que não poderia tomar diversas ações sem a Inglaterra; a abundância de ferro e carvão; acumulação primitiva de capitais
aprovação do Parlamento. O rei era proibido também de ser católico ou e a disponibilidade de mão de obra nas cidades.
se casar com uma católica. Ficaram afirmadas também: abolição da lei b) Como uma grande demanda externa, a Revolução Industrial principiou na
de censura, com a liberdade de expressão e imprensa, o equilíbrio entre manufatura têxtil (sendo favorecida pela sua superioridade tecnológica),
whigs e tories no Parlamento e a proteção à propriedade particular. Além mas não com a tradicional lã, e sim com a produção algodoeira. Nos fins do
disso, com o Ato de Tolerância, ficou instaurada a tolerância religiosa. XVI, os tecidos de algodão (cortinas, travesseiros etc.) importados da Índia
25. Os calvinistas ingleses que foram exilados na Escócia durante o reinado de tornaram-se moda na Inglaterra, ameaçando os mercadores de lã. Diante disso,
Mary, ao voltarem para a Inglaterra, no reinado de Elizabeth, assumiram o em 1721 o governo proibiu a importação de tecidos de algodão. No entanto,
título de puritanos, ou seja, voltavam para a Inglaterra no intuito de purificar a suspensão das importações ofereceu oportunidade para que se produzissem
a igreja anglicana, livrando-a dos “resquícios papistas”. No campo religioso, tecidos de algodão na própria Inglaterra. Tal como acontecia na manufatura
com os Stuart, uma reforma na Igreja Anglicana, liderada pelo Arcebispo Loud, de lã, essa produção era doméstica, com mulheres e os filhos cardando e
aproximava a Igreja Anglicana da católica. O medo de uma possível volta do fiando, os homens tecendo. Os manufatureiros da lã também tentaram barrar
catolicismo aterrorizava os pastores ingleses, ocasionando o fortalecimento essa manufatura, mas fracassaram, pois dessa vez os interesses pelo algodão
da oposição das seitas protestantes. O esplendor, a extravagância, a corrupção eram internos. Dessa forma, curiosamente, a revolução surgiu a partir de
política e a pompa da corte Stuart também causavam imenso rancor nos uma produção que era nova na Inglaterra, e, por isso, não encontrava tantos
frios e rígidos líderes puritanos: a corte era vista como depravada, tirânica, regulamentos que freavam seu desenvolvimento técnico, tornando-se um
pederasta e papista, em oposição a um país virtuoso, puritano, trabalhador, campo fértil para inovações.
defensor dos velhos hábitos. Era a oposição court X country.

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História 45

21. Na fase da Primeira Revolução Industrial, iniciada na segunda metade 31. Segundo Kant, o Iluminismo representa um processo em que o homem
do século XVIII, a principal fonte de energia era o carvão, utilizado nas sai da minoridade. Tal como uma criança está sob as ordens dos pais,
máquinas a vapor. O desenvolvimento do sistema fabril, decorrente do uso incapaz de decidir sozinha sobre os próprios atos, sem condições de julgar
sistemático das máquinas, alterou profundamente a organização do trabalho acerca do certo e do errado, a Humanidade seria controlada pelo Estado
ao concentrar um numeroso grupo de trabalhadores num mesmo espaço, Absoluto e regida por uma Igreja que lhe dita o certo e o errado. A partir do
promover a massificação do trabalho assalariado representado pela venda Iluminismo, os homens passam a contestar os dogmas da Igreja, levando-os
da força de trabalho em horas a um empresário, proprietário dos meios de diante do tribunal da razão, decidindo a partir de sua própria consciência
produção e consolidar a divisão entre o capital e o trabalho, na medida em que (e não por imposições de outrem) aquilo que é certo e errado. Do mesmo
a riqueza gerada pela produção não pertenceria ao trabalhador. A introdução modo, o pensamento Iluminista passou a conceber a política como algo
da energia a vapor nos sistemas de transportes possibilitou o desenvolvimento além dos príncipes; obras como a de Locke e Rousseau enfatizaram que
de ferrovias e de barcos a vapor, tornando mais rápida a comunicação entre os poderes decisórios de uma sociedade não está apenas nos palácios, mas,
diferentes regiões e a circulação de pessoas e mercadorias. em sua essência, no povo. Dessa forma, a partir do pensamento Iluminista,
22. a) O aluno poderia citar e explicar as transformações decorrentes da Revolução a humanidade torna-se “maior”, isto é, define seus valores éticos e não se
Inglesa, com a abolição de regulamentos e monopólios que limitavam a submete a autoridades externas e contrárias a sua razão.
produção manufatureira; o domínio do comércio internacional; o poder
aquisitivo e alto padrão de vida inglês; o mercado interno unificado da colonização e independência da américa inglesa
Inglaterra; a abundância de ferro e carvão; acumulação primitiva de capitais
01. A 02. C 03. C 04. A 05. A 06. A 07. D
e a disponibilidade de mão-de-obra nas cidades.
08. A 09. C 10. D 11. C 12. A 13. A 14. B
b) O aluno poderá identificar duas dentre as seguintes mudanças: a organização 15. B 16. B 17. D 18. B 19. E 20. B 21. E
fabril de trabalho; a afirmação da burguesia como classe dominante; a 22. a) Porque ela trouxe novos elementos para a história política: um Estado
crescente urbanização; o aumento demográfico, devido, em parte, às criado a partir dos princípios do constitucionalismo, existência das
modificações nas técnicas agrícolas; o início do movimento de resistência
declarações de direitos, ideias de liberdade e igualdade legal dos cidadãos,
dos trabalhadores, como o Ludismo e o Cartismo, em função das péssimas
divisão de poderes, federalismo.
condições de trabalho e de vida naquela época; o desenvolvimento da
b) Os franceses gastaram imensa fortuna ajudando os norte-americanos.
produção em massa e a maior divisão do trabalho; a formulação de políticas
Isso ajudou a arruinar as finanças francesas e precipitar a Revolução
econômicas liberais e industriais; o início da organização do movimento
Francesa.
operário com o surgimento das trade unions; o surgimento de novas teorias
23. a) Colonização baseada na policultura, pequena propriedade, no trabalho
sociais, como o Socialismo e o anarquismo.
livre e voltada para o mercado interno.
b) Por que as Treze Colônias portavam profundas diferenças, especialmente
iluminismo
entre o Norte e o Sul. O Federalismo foi uma forma dessas regiões se
manterem, ao mesmo tempo, unidas e diferentes.
01. B 02. A 03. C 04. E 05. D 06. E 07. C
24. a) O aluno poderia citar a influência das ideias liberais-iluministas e o maior
08. A 09. A 10. A 11. B 12. E 13. B 14. A controle político-econômico da Inglaterra sobre as colônias, rompendo
15. A 16. E 17. C 18. C 19. B 20. A 21. C com a antiga autonomia da América do Norte.
22. B 23. C 24. D 25. E b) A frase é expressão do ideário Iluminista ao conclamar a soberania
26. a) Iluminismo. popular, de Rousseau, o direito à liberdade e o direito à resistência, de
b) É possível extrair do texto as seguintes características: de “os filósofos Locke.
se eregiram preceptores do gênero humano”, extrai-se a busca dos
Iluministas de tomar a direção da humanidade, como líderes responsáveis revolução francesa (1789-1799)
por esclarecer o gênero humano; “Liberdade de pensar”; e, por fim, a
crítica à Igreja e aos reis absolutos em “com uma das mãos tentaram 01. B 02. C 03. C 04. C 05. E 06. E 07. E
abalar o trono; com a outra, quiseram derrubar os altares”. 08. A 09. C 10. E 11. E 12. C 13. B 14. C
27. O aluno deveria caracterizar a França como um polo cultural, centro irradiador 15. E 16. E 17. C 18. B 19. B 20. C 21. C
das ideias iluministas, mostrando as principais características do movimento. 22. D 23. C 24. E 25. A 26. A 27. E 28. D
Como polo econômico, deveria lembrar a Inglaterra, centro irradiador do 29. A 30. E
capitalismo industrial, mostrando as mudanças que a Revolução trouxe para 31. a) A caricatura representa a sociedade estamental francesa no contexto
a Inglaterra (como, por exemplo, a urbanização da sociedade, a produção anterior ao da Revolução de 1789. Estão retratados o Clero (1o Estado),
de novas tecnologias, a afirmação da Inglaterra como potencia, as péssimas a Nobreza (2o Estado) e os camponeses (que integram, com demais
condições de trabalho, etc). segmentos da sociedade, o 3o Estado). O 3o Estado leva em suas costas
28. Socialmente era uma sociedade de ordens, dividida entre o clero, a nobreza os representantes dos outros dois, ilustrando as relações sociais da França
e o povo, de maneira que os dois primeiros usufruíam luxo e inúmeros pré-revolucionária, na qual a carga tributária incidia apenas sobre o 3o
privilégios; politicamente, o rei legitimava-se por direito divino e era isento Estado.
de restrições legais, denominando-se absoluto. b) Antes do movimento revolucionário, as principais críticas do povo, que
29. a) Para eles, o funcionamento da natureza era autônomo, regido por leis incluía desde a alta burguesia até os sans-culottes, em relação ao Clero
matemáticas, operando, tal como as máquinas, sem as finalidades e à Nobreza diziam respeito aos seus hábitos perdulários, aos privilégios
aristotélicas. Com Newton, a análise foi vista como ferramenta fiscais de que gozaram, à impermeabilidade política do modelo absolutista
indispensável para erguer o conhecimento físico-matemático. que sustentavam e à insatisfatória condução administrativa do país, que
Esquematicamente, estes seriam princípios do novo método científico, colecionava déficits e que asfixiava a base tributária, agravando a condição
que substitui o método escolástico: observação do objeto sem pré-conceito social dos membros do Terceiro Estado.
filosófico ou religioso; formulação de hipóteses acerca do objeto estudado; c) A Revolução Francesa, a despeito da intensa participação popular,
experimento como verificador da legitimidade da hipótese; legitimando teve como liderança a burguesia. Houve momentos em que a vertente
a hipótese, acha-se uma regularidade matemática na natureza, as leis. popular, representada pela ala jacobina da Convenção, desfrutou de
b) T. Paine, Rousseau, Voltaire, Diderot, Montesquieu, Adam Smith, Turgot. maior capacidade de ação (Período do Terror 1793-1795), implantando
30. Era o Iluminismo. No despotismo esclarecido, monarcas de países como medidas de transformação profundas, como a universalização do ensino,
Portugal, Espanha, Áustria, Rússia e Prússia se apropriavam de ideias a lei do máximo, a lei dos suspeitos, entre outras. O período se exaure
iluministas para modernizar seus Estados, sem abandonar sua condição de com a Reação Termidoriana e o controle do processo retorna às mãos
déspotas. dos girondinos até o golpe de Napoleão.

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46 História

32. a) De acordo com o texto podemos afirmar que os “camponeses não estavam Na Inglaterra, desenvolveu-se um mundo urbano, industrial e capitalista.
dispostos a deixar que sua safra se transformasse em alimento para A ética burguesa, negando o ócio, valorizando o trabalho e a acumulação,
coelhos e pombos” pelo fato desses animais prejudicarem sua agricultura, passou a se tornar dominante. Na França, a Revolução representou uma
atacando seus alimentos, como os grãos e hortaliças. No período anterior mudança na consciência europeia, denunciando a repressão e retirando
à Revolução Francesa a caça de coelhos e pombos era um privilégio da dos reis e da nobreza sua auréola de eternidade e sacralidade. O rei não
nobreza. Matar esses animais era proibido aos camponeses, o que ressalta era mais “eleito de Deus na Terra”. A partir dela, desenvolveu-se o
ainda mais o caráter revolucionário de suas ações: proteger seus alimentos pensamento liberal, o qual tinha como pilar a defesa dos direitos naturais
e desafiar a ordem estabelecida. do homem (a propriedade privada, a liberdade, a igualdade jurídica),
b) Entre os privilégios senhoriais eliminados pela Revolução Francesa determinados por uma Constituição. O Estado liberal não deveria atuar
podemos citar: o fim da isenção de pagar impostos, a perda de pensões como um inimigo da sociedade, mas como aquele responsável por
pagas pelo Estado e o fim da exclusividade de caça. Além disso, a garantir os direitos naturais do homem. A partir de 1789, os franceses
revolução estabeleceu o princípio de igualdade jurídica entre todos os guilhotinaram sua aristocracia e, com a Declaração dos Direitos do
cidadãos encerrando os privilégios jurídicos que a aristocracia possuía. Homem e do Cidadão, consolidaram o ideário iluminista-liberal, pondo
33. a) Os dois líderes ascenderam em momentos revolucionários: Robespierre fim à sociedade de ordens. A partir de então, uma Constituição liberal
durante o processo da Revolução Francesa (1789-1799), pela qual a confiscava os bens do Clero, acabava com os privilégios nobiliárquicos
burguesia começa a derrubada os valores aristocráticos do “Antigo e com os poderes excessivos do rei, estabelecendo a soberania dos
Regime”, e Stálin, na Revolução Russa, que impõe um regime socialista cidadãos. A Revolução Francesa foi o modelo de todas as revoluções
àquele país após o fim do czarismo. Ambos se utilizaram a violência para do século XIX.
reprimir seus opositores, garantir seu poder e impor as transformações b) Nas palavras de Hobsbawm, em A Era das Revoluções, “conceitos
sociais que desejavam aos seus países, além disso, eles ambicionavam como Terrorismo, Comunismo, Democracia, Nacionalismo e Ditadura
por reformas que se aproximavam das reivindicações das camadas mais Revolucionária são frutos da Revolução Francesa: esses conceitos
populares, o que justificaria a comparação feita pelos comunistas franceses. expressam uma tentativa de formular uma nova relação entre política
b) O regime soviético caracterizava-se por ser um Estado Totalitário no qual e sociedade, já que a antiga relação, do governo absolutista, havia sido
ocorre uma ausência de alternância real do poder político, existência de rompida”. De fato, no contexto do Estado Absoluto não existia a ideia
um sistema de partido político único, a presença de uma ideologia política de nação: todos os habitantes de uma região não se identificavam como
que delimita e explica totalmente toda a realidade social (ou pelo menos seres ligados a interesses comuns, mas, apenas, súditos de uma mesmo
pretende delimitar e explicar na sua totalidade com base em premissas coroa. Vale lembrar, por exemplo, que os reis europeus na Idade Moderna
e argumentos supostamente científicos), forte propaganda ideológica e eram, em geral, parentes, e, muitas vezes, não falavam a língua dominante
controle dos meios de comunicação, existência de um aparelho burocrático na nação que governavam. A ideia de “nação” foi criada no contexto
altamente desenvolvido e de uma estrutura administrativa complexa a da Revolução Francesa (e depois exportada para o mundo, no século
serviço do Estado e não a serviço do indivíduo e da sociedade. Além disso, XIX), identificando-se diretamente com a Revolução: os habitantes de
por se tratar de um totalitarismo de esquerda, ou seja, aliado à ideologia um território se unem para lutar por um ideal em comum, algo inédito
socialista, promoveu a estatização e a planificação da economia. no mundo, fundamental na gestação a identidade nacional francesa. De
34. A guerra total, ou seja, toda a nação mobilizou seus recursos para a guerra, fato, lutar pela revolução era lutar pela França.
através do recrutamento maciço, do racionamento e da abolição da distinção c) No contexto da Era das Revoluções, é possível apontar a Independência de
entre soldados e civis; a economia foi rigidamente controlada, com o EUA, Haiti e de toda a América Espanhola como parte dessa conjuntura
estabelecimento de um preço máximo para os alimentos, a Lei do Máximo; revolucionária, sendo todos influenciados pelo pensamento Iluminista
as propriedades dos nobres fugitivos foram confiscadas e distribuídas aos 38. As conquistas da Declaração de Direitos não garantiam três coisas: igualdade
camponeses pobres. A escravidão foi abolida nas colônias francesas; o ensino econômica, direito de insurreição, direito de participação política a todos.
primário tornou-se laico, gratuito, obrigatório e universal; em Junho 1793, Para o autor, não existe democracia plena sem esses três elementos.
foi instaurada a 2a Constituição da Revolução Francesa, que, pela primeira 39. O aluno deveria explicar o que é o 3o Estado, composto por burgueses
vez na história, implantava o sufrágio universal e o direito de insurreição; (banqueiros, mercadores, profissionais liberais), trabalhadores urbanos,
foi instaurado o Terror e a Ditadura, comandados por Robespierre. sans-culottes e camponeses, e citar problemas como os altos impostos, no
35. a) A caracterização solicitada em a precisaria considerar que os sans-culottes, caso de alguns a pobreza, no caso da burguesia a falta de poder político.
do ponto de vista social, pertenciam ao 3o Estado, e eram trabalhadores 40. a) A ideia de soberania popular, a partir da qual todos devem estar submetidos
urbanos pobres. Nesse recorte político, valia explicar seu perfil ideológico, a uma Constituição feita por representantes do povo.
voltado para uma atuação radical, igualitária, violenta, idealista, marcada b) Principalmente, a ideia de que o rei é isento de restrições legais.
por certa orientação iluminista. 41. a) Burgueses (banqueiros, mercadores, profissionais liberais), trabalhadores
b) Em b, trabalhava-se o contraponto entre sans-culottes e os sem-terra, urbanos, sans-culottes, camponeses; problemas: altos impostos, no caso
enfocando que ambos são marginalizados excluídos da ordem social, de alguns a pobreza, no caso da burguesia a falta de poder político.
política e econômica que, em seus respectivos tempos históricos, lutam b) A defesa dos princípios de liberdade e de igualdade jurídica através da
por participação política e igualdade social. Deve-se dizer que os sans- abolição dos privilégios, da Constituição Civil do Clero, da liberdade
culottes inauguram um tipo de luta ou presença de um sujeito social de associação, do confisco dos bens eclesiásticos, da proclamação dos
que ainda vigora em nossa contemporaneidade. A experiência dos sans- Direitos do Homem e do Cidadão, de medidas adotadas para a implantação
culottes abriu as comportas para os sem-terra. Nos dois casos a luta é de governos representativos (voto censitário, sufrágio universal), da
por igualdade e direito constitucional. Os sem-terra buscam a reforma abolição da escravidão nas colônias francesas etc.
agrária, com uma forte presença no campo, enquanto os sans-culottes 42. a) Absolutismo.
marcaram presença no espaço urbano. Entre os aliados importantes dos b) Nas concepções de Locke e Rousseau, o poder emana do povo, e os
sem-terra está a Igreja, que, por sua vez, não patrocinou, antes repudiou governantes podem ser depostos se não cumprem seu papel: é a noção
muitas vezes, os sans-culottes. de soberania popular (Contrato Social). A Revolução é expressão desse
36. a) Graco Babeuf. pensamento: o rei, agindo despoticamente, rompeu seus compromissos
b) Foi a defesa da propriedade privada no Código Civil Napoleônico, com o povo, que o tiraram do poder e estabeleceram um novo contrato.
imposto para os países que ele conquistou. 43. a) Os significados da Estátua da Liberdade associam-se à Independência,
37. a) Na visão de Eric Hobsbawn, no contexto da Era das Revoluções, o mundo República, Liberdade e à boa acolhida aos imigrantes e exilados.
passava por uma “dupla revolução”. A primeira delas era política e tinha b) As influências recíprocas entre esses dois países no aspecto ideológico,
como centro a França. A segunda era econômica e tinha como centro a personagens que atuaram nos dois lados do Atlântico e a participação
Inglaterra. Ambas são fundamentais na constituição do mundo moderno militar francesa na referida guerra.
capitalista. Dessa forma, Hobsbawn destaca a importância política da
Revolução Francesa, e a importância econômica da Revolução Industrial.

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História do Brasil 47

O Período Regencial (1831-1840)


Considerações Preliminares
Com a Abdicação de D. Pedro I, não só a continuidade da
Monarquia ficou assegurada como “o processo de Independência
chegava ao termo natural de sua evolução: a consolidação do
Estado nacional” (Evolução Política do Brasil, Caio Prado Jr).
O episódio foi, conforme relatamos, hegemonizado pelos liberais
(moderados e radicais) que, em ação conjunta, rejeitaram o
destempero absolutista do Imperador, afastando de vez a ameaça
da recolonização. Mas contou, também, com apoio popular,
manifestamente expresso nas ruas do Rio de Janeiro. Postos a
reboque das elites dominantes, os setores populares entenderam
a luta pela Abdicação como a oportunidade de que dispunham
para exigir reformas de maior envergadura. Estavam iludidos.
Mais tarde, inventariando o movimento de abril de 1831, o
liberal Teófilo Otoni concluiria: “as manifestações populares
configuraram apenas uma journée des dupes” (jornada dos tolos).
O sete de abril trouxe, também, um problema técnico-jurídico:
a menoridade do príncipe herdeiro. O artigo 121 da Carta
de 1824 dispunha: “o imperador é menor até a idade de 18
anos completos”. Enquanto permanecesse esse impedimento
formal, o artigo 123 da Constituição prescrevia: “... será o
império governado por uma regência permanente nomeada
pela Assembleia Geral (Câmara e Senado) e composta por três
membros, dos quais o mais velho em idade será o presidente”.
A instalação de um governo regencial de longa duração
(Dom Pedro de Alcântara somente completaria 18 anos
em 1844), exercido diretamente pelas elites dominantes, e a
pressão popular por mudanças acentuaram divisões internas no
bloco de poder. O debate, agora, girava em torno de projetos
centralizadores ou descentralizadores para a administração
Aclamado Imperador do Brasil com pouco mais de cinco anos
política e administrativa do Estado nacional brasileiro. E de idade, D. Pedro II receberia de seus preceptores uma cuidada
trouxe à tona o tratamento a ser dado às demandas feitas educação, que o tornaria um dos mais cultos governantes de seu tempo.
pelas camadas subalternizadas da sociedade brasileira. “Pedro II aos Cinco Anos de Idade”. Museu de Arte Sacra — São Paulo.

O Quadro Político
Com a Regência, a elite política brasileira dividiu-se em duas correntes de pensamento:
● os liberais moderados (chimangos), que se organizaram na Sociedade Defensora da Liberdade, em defesa de um Executivo
forte e centralizado, mantenedor da ordem e da unidade política nacional, com expressiva presença nos meios fundiários de
Minas, Rio de Janeiro e São Paulo;
● os liberais exaltados (farroupilhas ou jurujubas), que se organizaram na Sociedade Federalista e propugnavam autonomia
relativa para as províncias e maior representatividade das camadas médias urbanas na Assembleia Geral.
Ao antigo partido português, agora representado pelos restauradores (caramurus), restava apenas a quixotesca bandeira do retorno
de Dom Pedro I.
Os segmentos populares permaneceram banidos do cenário político nacional. Faltavam-lhes organização e clareza ideológica.
No dizer de Caio Prado Jr: “[...] não atuavam sobre ela — população pobre e livre — fatores capazes de lhe darem coesão social
e possibilidades de uma eficiente atuação política” (Evolução Política do Brasil). Ainda assim, esses segmentos estiveram
presentes em quase todos os levantes que marcaram o período regencial.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. hibext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
48 História

A Regência Trina Permanente (1831-1835)


Depois de um improvisado e curto governo instalado de afogadilho logo após a Abdicação, a Assembleia Geral escolheu em
definitivo os integrantes da Regência Permanente. Eram todos moderados, pertencentes aos quadros da Sociedade Defensora
da Liberdade: Costa Carvalho, proprietário de terras nas províncias do Sul; Bráulio Muniz, membro da aristocracia nordestina, e
Francisco de Lima e Silva, homem do Exército que aderira à causa liberal às vésperas da Abdicação.

A Assembleia Geral, disposta a conter o grito das ruas, tomou o cuidado de não incluir, no novo governo, representantes da corrente
liberal exaltada. Mas editou Ato anistiando presos políticos. Readmitiu o Ministério Brasileiro — cuja exoneração mobilizara,
em abril, centenas de populares na capital — e referendou a suspensão do Poder Moderador enquanto perdurasse a menoridade
de Sua Alteza Real Dom Pedro de Alcântara.

A Regência Trina Permanente, entretanto, trazia na sua composição um fissuramento político. O mais destacado e prestigiado
dos seus membros não era nenhum dos regentes empossados e sim o ocupante da pasta da Justiça — o padre Diogo Antônio
Feijó. Do tipo conciliador, levemente suscetível às teses federalizantes, suas decisões marcariam a história regencial do Brasil.

A criação da Guarda Nacional foi uma delas. O Exército — mesmo com a presença do general Lima e Silva no governo — não se
fez, de imediato, merecedor da confiança dos governantes liberais moderados. Isto porque soldados, praças e a baixa oficialidade
invariavelmente se envolviam em agitações sociais e atos rebeldes de quebra da hierarquia militar. Além disso, nos seus quadros
não faltavam oficiais de alta patente saudosos dos tempos do Imperador Dom Pedro I. Foi necessário, portanto, criar com urgência
uma força armada fiel ao novo governo, obediente e integrada à nova ordem estabelecida. Noutros termos, uma força paramilitar
constituída por homens armados, sob comando direto dos proprietários de terras e escravos, voltados para a defesa da integridade
do Império, da Constituição em vigor, da ordem e da “tranquilidade pública”.

A elaboração do Código do Processo Criminal foi outra importante realização do ministro Diogo Feijó, ao atribuir às províncias
autonomia no âmbito legal e jurídico. Os magistrados provinciais tiveram suas funções ampliadas e deixaram de ser nomeados
pelas autoridades imperiais do Rio de Janeiro. O Código reformulou legislações, fortaleceu tribunais nas vilas e províncias e criou
a instituição do Júri. Noutras palavras, descentralizou parte do Judiciário nacional.

Ainda em 1831, respondendo às pressões britânicas, o ministro sancionou norma legal que, no Artigo 1o, determinava: todos
os escravos que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres. Mas as exceções previstas pela própria
Lei Feijó eram tantas que sua aplicabilidade era praticamente nula. Entrou, como muitas outras, para o folclórico rol das leis
“para inglês ver”.

Mas, de todos os feitos do padre Diogo Feijó, o de maior repercussão foi o Ato Adicional de 1834. Por esse instrumento, foram
criadas as Assembleias Legislativas Provinciais (descentralização do Legislativo). Extinguiu-se, também, o Conselho de Estado
— parte constitutiva do Poder Moderador.

Por considerar que a tripartite regencial provocava dissensos, o Ato instituiu a Regência Una como forma de governo. Pelas
novas regras, o regente, escolhido em pleito censitário direto, era quem nomeava, por sua livre escolha, os executivos provinciais,
isto é, os presidentes de províncias (fortalecimento do Executivo central).

Note que, com o Ato Adicional, o ministro Feijó pretendeu prover a Regência de equilíbrio político, isto é, de uma prática
conciliatória que contemplasse tanto moderados centralistas quanto exaltados federalistas. Em 1835, próprio ministro da Justiça
candidatou-se ao cargo de regente único. Derrotou com facilidade seu opositor Holanda Cavalcanti.

A Revolta dos Malês


Ainda durante a Regência Trina Permanente, meses antes da eleição regencial, Salvador foi cenário de importante rebelião
negra contra a barbárie da escravidão. Os malês — grupos étnico-religiosos provenientes da África islamizada —, na maioria
“escravos de ganho” (artesãos, carpinteiros, serviçais domésticos ou vendedores ambulantes), puseram-se em armas contra
a opressão escravista e a intolerância religiosa. A destruição da mesquita do bairro de Vitória e a perseguição aos negros
muçulmanos, incentivada pelo clero católico local, funcionaram como estopim do movimento. Liderada por Manuel Calafate
(Licutan) — escravo alfabetizado em árabe — a Revolta dos Malês tomou como propósitos a abolição da escravatura, o confisco
dos engenhos, a africanização da sociedade e a instalação de uma República Islâmica. Durante dias, Salvador assustou-se com
a agitação de cerca de 1.000 escravos armados pelas ruas da cidade baixa. A repressão não tardou. A Guarda Nacional agiu em
nome da “ordem”. O resultado foi o de sempre: prisões, açoites, degredos e execuções.

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História 49

A Regência Una de Diogo Feijó (1835-1837)

A gestão de Feijó, do ponto de vista das relações institucionais, foi tumultuada. A


proposta de combinar fortalecimento do Executivo com federalismo relativo nas
províncias — tese central do seu programa de governo — foi boicotada na Câmara,
ora por deputados exaltados, ora pelos moderados. Mais grave, porém, foram os efeitos
provocados pelas nomeações regenciais de presidentes nas províncias afastadas da
capital. Ideias federalistas radicais e aspirações separatistas republicanas passaram a
circular com desenvoltura nessas regiões, sensibilizando tanto as elites locais quanto
os segmentos sociais de extração popular. Como veremos na sequência, as frustrações
acumuladas expressaram-se em revoltas violentas.

A Cabanagem – Pará (1835-1840)


Inicialmente, façamos um balanço político-econômico retrospectivo da província
do Pará no despertar do século XIX: área distante, isolada das demais localidades,
população ribeirinha miserável, injustiças sociais profundas, economia fragilizada, Padre Diogo Antônio Feijó
elite local politicamente inexpressiva e adesão tardia à unidade política nacional brasileira — graças à intervenção das tropas
imperiais comandadas pelo mercenário inglês Grenfell. Aliás, ele próprio promotor de verdadeira chacina sobre populares cabanos
(habitantes das palafitas margeantes ao Rio Guamá), além de mandante do desumano episódio do Brigue Palhaço, em 1823.
Os governos designados pelo Rio de Janeiro à província do Pará, desde a Independência, foram rejeitados. Uns mais, outros menos,
mas todos tiveram a autoridade contestada pelos paraenses, sobretudo daqueles que seguiam a liderança do cônego Batista Campos
e da organização política por ele presidida. Denominada Sociedade Patriótica, Instrutiva e Filantrópica, essa associação tinha
por objetivo “defender as liberdades públicas, debelar o monstro do despotismo e nacionalizar o comércio varejista de Belém —
controlado pelos caramurus” (Cabanagem – Epopeia de Um Povo, Carlos Rocque). Quando, ainda durante a Regência Trina, o
liberal conservador Bernardo Lobo de Souza foi nomeado governador da Província, a reação não foi diferente. Na capital e no
interior conspirou-se um levante armado contra o governador “forasteiro”.
Na área rural, uma massa de trabalhadores famélicos e miseráveis, comandada por lideranças espontâneas, clamou por terra
e abolição da escravatura. Nos centros urbanos, populares ligados aos setores médios exigiram liberdade e confisco das lojas
comerciais pertencentes aos caramurus. As elites belenenses, por sua vez, pleitearam autonomia administrativa para a província.
Em janeiro de 1835, os revoltosos tomaram o poder em Belém e fuzilaram o governador nomeado. Instalou-se o governo rebelde
autonomista do Grão-Pará, presidido pelo fazendeiro Félix Antônio Clemente Malcher.
No poder, contudo, o governante paraense mostrou-se indeciso. Temia a repressão que certamente se desencadearia. Temia
principalmente a agitação popular por reformas de profundidade. Prometeu ao Rio de Janeiro brevidade no governo rebelde,
estabelecendo a maioridade do príncipe como limite da sua duração. E, decidido a conter “excessos radicais”, ordenou a prisão
de líderes cabanos. Foi a sua primeira e última grande decisão. Em 19 de fevereiro, populares em fúria invadiram o palácio do
Governo, depuseram Clemente Malcher e o executaram sumariamente. Com isso, a elite belenense foi expurgada do movimento.
A insurreição popularizou-se e adentrou seu mais cruel período de radicalidade.
Assumiu o comando político da província o “lavrador de Itapicuru” Francisco Pedro Vinagre. Cabano genuíno, homem do campo,
o governador Vinagre acenou com reformas, falou em nome do povo, defendeu a democratização da propriedade rural; mas, a
exemplo de Malcher, descartou o rompimento formal com governo do Rio de Janeiro. Em vez disso, censurou as ideias separatistas.
Em que pese a docilidade do novo dirigente cabano, a Regência, preocupada com a ordem social ameaçada, enviou ao Grão-Pará
um contingente militar comandado por Manuel Jorge Rodrigues. Para alívio das elites locais, Vinagre entregou sem resistência
o governo da capital. Mas por pouco tempo. Logo em seguida, a cidade caiu novamente em mãos cabanas, agora lideradas pelo
democrata radical Eduardo Nogueira Angelim. Em agosto de 1835, Angelim, jovem, idealista e violento, renovou a autonomização
da província, instalou um governo popular e impôs reformas no campo.
Em abril de 1836, porém, Belém foi sitiada por novas tropas do governo central. Desta feita, o contingente bélico deslocado era
colossal. A capital da província capitulou pela segunda vez. Com a derrota na capital, a luta dos rebeldes cabanos deslocou-se
para o interior. Mas em vão. Atacados por forças militares consideravelmente superiores e perseguidos sem quartel pelas armas
legais, foram esmagados em 1836.
Na avaliação desse episódio, há unanimidade entre os historiadores. A Cabanagem foi a única revolta do Império em que as
camadas populares conseguiram tomar o poder, mantendo-o de forma estável por algum período. Não foi apenas uma revolta
política contra os governos impostos pelo poder central, mas uma revolta social, na qual os setores de base ousaram levantar-se
pela primeira vez e coletivamente contra as classes dominantes regionais.

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50 História
A Farroupilha – R io Grande do Sul (1835-1845)

A região do extremo meridional do Brasil constitui área integrada ao


território nacional em meados do século XVIII (Tratado de Madri).
No século seguinte, foi palco dos conflitos platinos, quando da
independência do Uruguai. Por ser limítrofe e fronteiriça, nela se
acantonavam tropas do Exército e era forte a presença militar. Distante e
politicamente isolada, eram frágeis suas relações com o Rio de Janeiro e
a própria tradição militarista reforçava o mandonismo regional exercido
pela oligarquia estancieira proprietária de terras, gado e escravos.
A corrente política liberal exaltada era dominante em todo o território
e não eram incomuns aspirações separatistas do tipo republicano.
Fundado por Luis dos Reis Alpoim, o Partido Farroupilha há tempos
propagandeava o republicanismo pelas cidades e pampas gaúchos.
O quadro que explica a insatisfação com a Regência e a insurgência
revolucionária do Rio Grande do Sul combina motivos diversos. A Guerra dos Farrapos.
No plano político imediato, por exemplo, a nomeação dos executivos provinciais pelo regente era considerada pela oligarquia
estancieira gaúcha ingerência agressiva e autoritária e definida como “intervencionismo do poder central em assuntos políticos
locais e regionais”.
No plano econômico, um fator responsável pela sublevação gaúcha foi a “discriminação das rendas provinciais”. O Rio de
Janeiro, como era praxe desde 1808, determinava quanto do montante da renda arrecadada nas províncias revertia para a
Corte e quanto permanecia nas áreas produtoras. Os estancieiros gaúchos consideravam a política tributária pesada demais
e o critério de arrecadação obscuro, injusto e abusivo. Segundo diziam, “a província produzia muito, mas, das rendas, pouco
retinha” (A Revolução Farroupilha, Sandra J. Pesavento).
Mas foi na esfera comercial que o descontentamento verdadeiramente grassou. Com o intuito de baratear a alimentação dos escravos
pertencentes aos fazendeiros do Sudeste, o governo regencial, em 1834, franqueou as alfândegas meridionais do Brasil para os
produtos charqueados platinos. O impacto sobre os criatórios de gado no Sul foi logo sentido. O Rio Grande era uma das poucas
províncias brasileiras cuja produção estava prioritariamente voltada para dentro, isto é, para o mercado consumidor nacional.
Com as aduanas abertas e desprotegidas, as charqueadas gaúchas não suportaram a competitividade dos saladeiros — como eram
designados os produtores de charque no Uruguai.
Quando, em atendimento ao Ato Adicional de 1834, a Assembleia Legislativa Provincial do Rio Grande iniciou seus trabalhos,
as divergências com a Regência tornaram-se públicas, institucionalizaram-se. Liberais exaltados, agora oficial e legalmente,
pronunciaram-se de modo hostil contra o governo central e desacataram a Regência. Temeroso, o governador nomeado Fernando
Braga alertou o governo do Rio de Janeiro para um potencial levante na região. Acusou o deputado Bento Gonçalves — coronel
comandante das forças militares da fronteira e rico proprietário de terras — de promover a subversão republicana. Exigiu sua
prisão. E, ao fazê-lo, provocou a ação revolucionária de 20 de abril de 1835.
Farroupilhas e liberais exaltados uniram-se na luta contra Fernando Braga. Tropas de estancieiros, comandadas por Bento Gonçalves,
invadiram Porto Alegre. A própria Guarda Nacional — contrariando sua função oficial — aderiu ao movimento. Destituíram o
governador. Os “farrapos” (epíteto pejorativo dado pelos moderados aos rebeldes) tomaram o Executivo provincial e, em nome
das forças revolucionárias, deram posse ao combatente Marciano Ribeiro, então chefe do Partido Farroupilha.
A rebelião esparramou-se pelo interior: Passo do Lageado, Passo dos Negros,
Moscardas, Pelotas e todas as cidades do entorno caíram sob domínio rebelde. Em
11 de setembro de 1836, os farroupilhas divulgaram proclamação: “O 1o Batalhão da
Brigada do Exército Revolucionário Liberal proclama a independência desta Província
[...] com o título de República Rio-Grandense”. Fixaram a nova capital na cidade
de Piratini, a 340 km de Porto Alegre. Portanto, não estranhe caso o examinador
venha dar preferência à denominação República de Piratini.
Em 1837, com a captura de Bento Gonçalves por tropas legais, o comando rebelde
passou a ser exercido pelo general David Canabarro e pelo republicano mercenário
Depois de derrotar, a 10/setembro/1836, as italiano Giuseppe Garibaldi. Ambos estenderam a revolução até Laguna, em Santa
tropas legalistas comandadas por Silva Tavares,
Catarina. Nasceu, na região, a República Juliana, ou República Catarinense —
os revolucionários farroupilhas proclamaram a
República Rio-Grandense. Havia um ano que como também a nomeiam alguns estudiosos do tema.
Bento Gonçalves da Silva vencera pela primeira vez
A elite gaúcha triunfou. Mas a vitória separatista mostrou-se um engodo. Ficou claro
os legalistas.
que o desligamento do Rio Grande do restante do Império arrebentava os negócios.
O mercado brasileiro era imprescindível tanto para a pecuária quanto para os produtos charqueados do Rio Grande do Sul. A
partir de 1840, já no Segundo Império, iniciaram-se aproximações e diálogos entre os contentores em busca de uma solução
pacífica e negociada para a reintegração da região à unidade político-territorial do Império.

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História 51

Feijó e a Evolução do Quadro Político

O cenário nacional convulsionado por levantes provinciais e a Evolução Político-Partidário na Regência


manifesta instabilidade da Regência provocaram o realinhamento Partido
das forças políticas nacionais. A morte de Dom Pedro, em Portugal Partido
Restaurador
Português
(1836), por exemplo, levou os restauradores a diluírem-se nas Caramurus
Partido
fileiras liberais moderadas. Sem bandeiras próprias, refugiaram- Conservador
se no conservadorismo chimango. Fortalecida, a corrente liberal Saquaremas
moderada reafirmou suas convicções centralistas. Passou a atribuir Liberal
ao Ato Adicional de 1834 a responsabilidade pela “anarquia Conservador
rebelde” que varria as províncias do Norte e do Sul. Configurava Chimangos
Partido
agora a “ala regressista do pensamente liberal”, mais tarde
Brasileiro
denominada Partido Conservador. Os que persistiram na defesa Liberal
Partido
das teses descentralizadoras, identificadas com as oligarquias Exaltado
Liberal
geograficamente afastadas da capital, apresentaram-se, então, Farroupilhas
Luzias
como a “ala progressista” e fundaram o Partido Liberal. Jurujubas

A nomenclatura aqui exige um pouco de atenção: os conservadores são também chamados Saquaremas; os liberais, por
vezes, aparecem como Luzias. Esse tratamento pertence à linguagem utilizada pela imprensa da época e deriva de nomes de
municípios e localidades de maior concentração de uma ou de outra corrente partidária. Mas fique atento, porque ambas as
facções (conservadora e liberal) protagonizaram, daquele momento em diante, a vida política nacional inteiramente e por mais
de cinquenta anos. Em comum entre eles havia a origem elitista, a aversão às demandas sociais de base e o antisseparatismo.
Nas propostas de gestão administrativa, portanto, é que residiam as diferenças. Mas não por muito tempo.

Em 1837, o Regente Feijó, desgastado pelos levantes provinciais, apresentou sua renúncia à Câmara dos Deputados.
Foi substituído pelo conservador Pedro de Araújo Lima.

A Regência Una de Araújo Lima (1838-1840)

O desgaste e a renúncia do regente Feijó fortaleceram as teses centralistas do


Partido Conservador, facção então majoritária na Câmara dos Deputados e no
Senado. Foi como intérprete dessa corrente antifederalista que o oligarca Pedro
de Araújo Lima elegeu-se, em pleito direto e censitário, regente do Império, em
1838. Dois objetivos marcavam sua eleição: sufocar as revoltas sociais e reprimir
o levante separatista ainda em andamento no Sul. Ao compor o primeiro escalão
do governo, escolheu seus colaboradores entre os mais ortodoxos membros do
Partido Conservador, formando, segundo ele próprio, um corpo diretivo firme e
preparado: o Ministério das Capacidades.

O novo governo entendia que o Ato Adicional era nocivo, funcionava como
instrumento dissolvente da ordem e da união nacional e que as Assembleias
Legislativas Provinciais por ele criadas transformaram-se em perigosos núcleos
difusores de aspirações federalistas, subversões sociais e separatismos rebeldes.
Alardeando a necessidade de se “deter o carro da revolução com um imperativo
regresso conservador”, o regente Araújo Lima fez aprovar, pela Assembleia Geral,
a Lei de Interpretação do Ato Adicional. Por ela, todos os avanços liberais da Araújo Lima
gestão anterior foram suprimidos. Mas, ainda assim, não conteve as rebeliões.

A Sabinada – Bahia (1837-1839)

A Bahia do início do século XIX foi área de importantes acontecimentos. Em 1808, recebeu temporariamente a Família Real, na
ex-capital Salvador. Em 1823, aderiu à Independência pela via armada, e conheceu, quando da instalação do governo regencial,
o primeiro levante urbano de escravos de que se tem notícias na história brasileira: a Revolta dos Malês.

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52 História

Na gestão de Feijó, também as camadas médias urbanas manifestaram-se contrariamente às práticas intervencionistas do governo
central. Os impostos escorchantes e o desastroso recrutamento de tropas baianas para combater os “farrapos” gaúchos sacrificavam
esse segmento da sociedade soteropolitana. Ainda em 1836, jovens liberais recusaram-se a servir às forças militares oficiais e,
em aberta desobediência à hierarquia, propuseram solidariedade aos rebeldes do Rio Grande do Sul. Foram severamente punidos
por indisciplina.
A motivação da revolta baiana, em 1837, não foi diferente das demais revoltas regenciais então em curso. Ou seja: negação da
autoridade do Rio de Janeiro e rejeição aos governos provinciais nomeados pela Regência. A insurgência contra o governador
nomeado Francisco Paraíso, em Salvador, era perceptível a olho nu meses antes da sua eclosão. De acordo com o relato do
historiador Paulo. C. de Souza: “Os indícios do levante próximo se avolumavam. A frequência das reuniões já não tão secretas
dos clubes revolucionários (lojas maçônicas), a linguagem desassombrada do Novo Diário da Bahia, a pregação corrente
entre soldados — tudo concorria para tornar a intenção de rebelião quase que pública. Os prenúncios tornavam-se anúncios”
(A Sabinada: a Revolta Separatista da Bahia).
Em novembro de 1837, a soldadesca baiana, negando-se a “derramar o sangue de irmãos republicanos do Sul”, sublevou a guarnição
do Forte de São Pedro. Outros quartéis aderiram ao movimento. A solidariedade aos jovens militares veio em seguida e se espraiou
por Salvador, comandada pelo jornalista, médico e cirurgião Francisco Sabino Álvares da Rocha. A Câmara Municipal aprovou
em plenária o Manifesto à Nação, declarando a Bahia “desligada do governo central do Rio de Janeiro”. Definiu o território baiano
como República independente e consignou a presidência ao próprio doutor Sabino, líder civil da rebelião. Mas deixou claro: o
governo republicano era interino, temporário e estaria no aguardo da maioridade de Sua Alteza Dom Pedro de Alcântara.
Contudo, durou menos do que imaginaram os rebeldes. Desconfiadas, as elites fundiárias do Recôncavo baiano não se juntaram aos
insurretos. Os proprietários de terras temiam levantes escravos, como o de 1835. Além disso, as massas populares — experientes
por lutas anteriores — não se deixaram encantar pelo republicanismo de Sabino, que vinha com data de vencimento. A rebelião não
se irradiou como se esperava. Ao contrário, permaneceu circunscrita às camadas médias de Salvador. E caminhou para o fracasso.
A repressão, agora com a chancela do centralismo conservador de Araújo Lima, logo se fez presente. Tropas oficiais tomaram
Salvador com violência. A efêmera República Baiense acabou em poucos dias. Prisões foram efetuadas e as principais lideranças,
julgadas e condenadas à pena capital. Mas não houve execuções. Em 1840, as sentenças foram comutadas por exílios e deportações.

A Balaiada (1838-1841)
Na década de trinta do século XIX, o quadro social e econômico do Maranhão era desolador. Com uma população total estimada
em 200.000 habitantes, metade submetia-se à escravidão e mais de ¼ (negros alforriados, mulatos, índios e mestiços) sobrevivia
de expedientes sazonais na agricultura ou na pecuária extensiva, mas em condições indignas e subumanas de trabalho. Nas cidades,
as elites dominantes, divididas e rivalizadas, ignoravam a penúria popular e digladiavam-se pelo exercício do poder político local:
liberais bem-te-vis e conservadores governistas disputavam o governo provincial.
A economia maranhense passava, na época, por grandes dificuldades. As exportações
do algodão entraram em queda abismal, abaladas pela concorrência norte-americana
nos mercados internacionais. O comércio de gêneros de primeira necessidade refletiu
a crise, praticando preços escandalosos, excluindo do consumo setores de baixa renda
e empurrando grande massa de despossuídos (sertanejos, vaqueiros e trabalhadores
do campo) para a vala da miséria social. O fato é que as disparidades sociais, a
economia em crise e o descaso das elites em relação às necessidades de milhares de
trabalhadores, combinadamente reuniram as condições objetivas necessárias para
sublevações, levantes, invasões e saques por quase toda a província.
História do Brasil, Volume II, Bloch Editores

Mas não se busque nessas agitações organicidade ou propósitos políticos definidos.


Espontâneas e sem direção coesa, agiam segundo o humor de lideranças circunstanciais,
nem sempre ligadas entre si, como as do vaqueiro Raimundo Gomes, do líder
quilombola Cosme Bento (o “Preto Cosme) e do artesão Manuel dos Anjos (o
“Balaio”). O maior êxito desse movimento foi a tomada da pequena vila de Aldeias
Altas (Caxias), a 354 km de São Luís. Mas por pouquíssimo tempo. Desalojados
por tropas oficiais, os “balaios” dispersaram-se em bandos pelo interior.
Luís Alves de Lima recebeu o título de Barão de Caxias
A região somente foi “pacificada” a partir de 1840, quando o coronel Luís Alves de
por haver pacificado o Maranhão quando da Balaiada.
Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, “entrando na luta com forças consideráveis Em 1842 dominou as revoluções de Minas e de São
e habilmente aproveitando-se da desunião que reinava entre os rebeldes, impõe a Paulo, e em 1845 a Guerra dos Farrapos, sendo agraciado
eles irreversível derrota” (Evolução Política do Brasil, Caio Prado Jr). com o título de conde.

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História 53

Balanço Analítico do Período Regencial


No então vindouro setembro de 1840, o Brasil completaria 18 anos de existência como Estado nação. E, em dezembro, o
príncipe-rei Dom Pedro comemoraria 14 anos de vida. Todavia, o correr do tempo não foi suficiente para que o Estado Nacional
brasileiro se despojasse do legado desagregador do seu longo passado colonial. As províncias, sucessoras das antigas capitanias
hereditárias, permaneciam unidades territoriais dispersas, pulverizadas, avessas ao fortalecimento do poder central. No dizer do
historiador José Murilo de Carvalho, “dificultavam o estabelecimento do sistema nacional de dominação” (Teatro das Sombras).
As regências evidenciaram esse fato. Entre 1831 e 1840, os localismos e os interesses regionais rejeitaram as decisões governamentais
uniformizadoras e integracionistas de abrangência geral. Na ausência de uma identidade nacional solidificada, isto é, na ausência
de um imaginário comum de inclusão, pertencimento e compartilhamento de valores simbólicos coletivos e integrados, as províncias,
em razão dos particularismos, mostraram-se quase sempre avessas e refratárias ao primado da soberania nacional. Por isso, durante
o período regencial, a fragmentação política do território brasileiro não consistiu hipótese intangível, risco improvável ou remoto,
mas sim ameaça real, efetiva e iminente.
No plano político, a situação não era menos grave. Embora juridicamente legais porque prescritos pela própria Carta de 1824, os
governos regenciais careciam de legitimidade formal. O fato é que, na Monarquia do Brasil, o legítimo governante era o soberano,
e não seus prepostos, ainda que consignados por determinação constitucional justa e perfeita. Nas regências, a crise de autoridade
revelou-se crônica e, como relatamos, instabilizou por nove anos a vida política nacional.
As agitações sociais acrescentaram a esse quadro um componente ameaçador: a contestação da hegemonia aristocrática e escravocrata
arrebatava segmentos médios urbanos, além de parte dos setores populares. A manutenção da ordem e a preservação da unidade
nacional tornaram-se, então, obsessão política das elites proprietárias de terras e escravos. E mais: aproximaram liberais de
conservadores. O imperativo da centralização administrativa tornou-se consensual, coesionou as elites dominantes e viabilizou
ardilosa estratégia golpista com vistas à artificialização da maioridade de Dom Pedro e, consequentemente, à antecipação da
sua coroação imperial. As oligarquias tinham como certo que o menino-rei era o único ente político verdadeiramente capaz de
representar, no plano das valorações simbólicas, a integridade nacional.

O Golpe Palaciano da Maioridade (1840)

O estratagema da antecipação da maioridade do menino-rei nasceu nas fileiras


do Partido Liberal. Afastados das funções públicas desde a posse de Araújo
Lima, foram os liberais que encabeçaram o movimento pró-emancipação
legal do príncipe-herdeiro Dom Pedro de Alcântara. Da ótica dessa corrente
política, a ação teria duplo efeito: restabeleceria a plenitude do Império e
desalojaria os conservadores do Poder Executivo. Fundado às pressas em
1840, o Clube da Maioridade passou a propagandear a ideia nos meios mais
influentes da sociedade carioca. Assinaturas foram coletadas e incontáveis
petições encaminhadas à Câmara dos Deputados, todas solicitando votação
e aprovação da declaração de maioridade para o jovem príncipe brasileiro.

A engenhosidade da ação envolveu também funcionários do Paço Imperial.


Os mordomos Aureliano Coutinho e Paulo Barbosa e a governanta dona
Maria de Werna formavam uma espécie de professorado político, a quem o
jovem Dom Pedro ouvia e com o qual se aconselhava cotidianamente. Foi
esse grupo palaciano (“facção áulica”) que levou ao seu conhecimento a
campanha pró-emancipação. E, dizem alguns, foi por meio dele que o menino-
rei revelou aos arquitetos do golpe que se sentia preparado para governar
o Brasil. “Quero já” — teria dito o imperial jovem de 15 anos incompletos. Dom Pedro II

Levada à votação na Assembleia Geral, a Declaração da Maioridade foi aprovada com votos liberais e conservadores.
A 23 de julho de 1840, Dom Pedro II foi coroado imperador do Brasil. Ou seja: foi restaurado o Império sem que sequer o
Artigo 121 da Constituição tivesse sido mudado.

A avaliação do historiador Nelson Werneck Sodré sobre esse episódio é estupenda: “Assim, liberais e conservadores desaguaram
num mesmo estuário, o de um golpe parlamentar que, sem luta, sem abalo, sem controvérsia [...] garantiu seus privilégios e
trouxe a cobertura bem-aventurada da ordem, da paz e da tranquilidade”. E arremata: “Levaram ao trono o jovem herdeiro para,
à sua sombra, realizarem o regresso, isto é, o abandono total dos princípios políticos liberais” (Razões da Independência).

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54 História

exercícios

01. (FGV) A revolta dos malês: 04. (Cesgranrio-RJ) O Período Regencial brasileiro foi marcado
a) foi comandada por escravos e libertos muçulmanos que por rebeliões e insurreições de toda a espécie. Delas se pode
controlaram Salvador por alguns dias. afirmar que:
b) foi iniciada por setores da elite maranhense contra as a) guardam perfeita identidade quanto a suas características
medidas centralizadoras adotadas pelo governo sediado principais, definidas em manifestos e proclamações.
no Rio de Janeiro. b) constituem sintoma de uma insatisfação com a política
c) foi liderada por comerciantes paulistas contrários à de centralização imposta pelo Regente Feijó e seus
presença dos portugueses na região das minas. seguidores.
d) foi articulada pelo setor açucareiro da elite baiana c) significam claramente as pretensões de acesso à
descontente com a falta de investimentos do governo participação política pelas classes dominadas do meio
imperial. rural e urbano.
e) estabeleceu uma ampla rede de quilombos em Pernambuco, d) contribuem para a aglutinação de todas as forças
desafiando a dominação holandesa. conservadoras, receosas da anarquia popular.
e) propiciam, com suas vitórias, a ascensão da classe média.
02. (FUVEST-SP) A carne, o couro, o sebo, a graxa, além de
pagarem nas alfândegas do país o duplo dízimo de que se 05. (FGV) Associe os fatos político-militares do Primeiro Reinado
propuseram aliviar-nos, exigiam mais 15% em qualquer dos e da Regência brasileira abaixo com suas localizações.
portos do Império. Imprudentes legisladores nos puseram
desde este momento na linha dos povos estrangeiros, 1 – Balaiada I – Pará
desnacionalizaram a nossa Província e de fato a separaram 2 – Cabanagem II – Bahia
da comunidade brasileira. 3 – Ato Adicional III – Maranhão
O texto refere-se: 4 – Sabinada IV – Pernambuco
5 – Confederação do Equador V – Rio de Janeiro
a) ao problema dos altos impostos que recaíam sobre
produtos do Maranhão e que ocasionaram a Balaiada. Escolha a alternativa que tem a associação correta.
b) aos fatores econômicos que motivaram a Revolução
Farroupilha, iniciada durante o período regencial. a) 1-III; 2-I; 3-V; 4-II; 5-IV.
c) às dificuldades econômicas do movimento de b) 1-II; 2-V; 3-II; 4-I; 5-V.
Independência da Província Cisplatina. c) 1-III; 2-II; 3-V; 4-IV; 5-I.
d) às dificuldades econômicas do Nordeste, que justificaram d) 1-IV; 2-I; 3-V; 4-III; 5-II.
a eclosão da Confederação do Equador. e) 1-V; 2-III; 3-IV; 4-II; 5-I.
e) aos problemas econômicos do Pará, que deram origem
à Cabanagem. 06. (FGV) A respeito da Revolução Farroupilha (1835-1845), a
mais prolongada revolta brasileira no Período Monárquico,
03. (FGV) Leia as afirmações abaixo sobre a Guerra dos Farrapos é correto afirmar:
e assinale a alternativa correta.
a) Foi motivada por um amplo movimento abolicionista e
I. Foi a mais longa Guerra Civil do Brasil. pela influência das ideias republicanas e democráticas
II. Constituíram-se, em meio à luta, duas efêmeras do século XIX.
Repúblicas: a Juliana, em Santa Catarina, e a Piratini, b) A República Rio-Grandense, fundada em 1836,
no Rio Grande do Sul. estabelecia o voto censitário, preservando o controle
III. Entre os participantes desse movimento estava a “heroína social dos latifundiários e grandes comerciantes gaúchos.
de dois mundos”, a republicana revolucionária Ana Maria c) Por iniciativa de Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro,
de Jesus Ribeiro – Anita Garibaldi. líderes da esquerda gaúcha, iniciou-se o primeiro processo
IV. Trata-se de uma revolução de caráter popular em que as de Reforma Agrária em terras brasileiras.
elites foram postas à margem durante todo o processo. d) Reivindicava a antecipação da maioridade de dom Pedro
V. O desfecho da revolução foi sangrento. Não houve e a adoção de uma monarquia parlamentarista, nos moldes
concessões nem anistia aos Farrapos. Todos foram do Estado Britânico.
executados. e) Derrotados pelas forças comandadas pelo barão de Caxias,
a) Apenas I, II e III estão corretas. os líderes rebeldes foram deportados para a Itália e para
b) Apenas II, III e IV estão corretas. países da região do Prata.
c) Apenas II, IV e V estão corretas.
d) Apenas III, IV e V estão corretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.

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História 55

07. (FGV) Os cidadãos armados foram de fato convocados c) a nomeação de um regente escolhido pelo presidente do
para cumprir a “missão pacificadora” combatendo as Senado, a partir de uma lista composta dos nomes de três
insurreições, sedições, rebeliões, movimentos quilombolas deputados, sendo nomeado o ministro Diogo Antonio
e todo tipo de “desordens” promovidos pelos “inimigos Feijó.
da nação”. Os contingentes da Guarda Nacional só eram d) as regências unas provisórias, cujo regente seria escolhido
acionados, porém, se constatada a ineficácia das forças entre os deputados provinciais, que revezavam-se no
policiais. poder, sendo o primeiro, José da Costa Carvalho.
e) a eleição popular de um regente, que ocuparia o cargo
Ronaldo Vainfas (dir.), Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). até a maioridade do herdeiro do trono, sendo eleito em
primeiro lugar o senador Nicolau Vergueiro.
Essa instituição foi criada no contexto:
10. (UE-PI/2012) Entre os movimentos sociais que contestavam
a) do Grito do Ipiranga, em 1822, como resposta imediata o poder centralizado do Império brasileiro, destaca-se o
às ameaças portuguesas de mandar tropas para evitar a conflito cuja duração se estendeu da Regência ao Segundo
emancipação política do Brasil. Reinado, reconhecido como:
b) da dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, em
1823, quando as forças repressivas do Império foram a) Confederação do Equador, que, iniciando-se em
derrotadas por milícias particulares. Pernambuco, contou com a adesão de grande parte das
c) da Confederação do Equador, em 1824, por causa da demais províncias nordestinas.
enorme força militar e do prestígio político conquistados b) Revolução Praieira, que se singularizou pela luta contra
pelos pernambucanos. o poder das oligarquias locais de Pernambuco.
d) da abdicação de Dom Pedro I, em 1831, pois houve uma c) Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador (BA) e
série de agitações políticas e sociais no Rio de Janeiro, organizada por negros de religião muçulmana, sendo
inclusive rebeliões entre grupos militares. considerada a maior rebelião de escravos do Brasil.
e) do Golpe da Maioridade, em 1840, pois a maior parte das d) Guerra dos Farrapos, empreendida pelos Republicanos
províncias do norte e nordeste não aceitava a coroação gaúchos, denominados de Farroupilhas, em que lutaram
de Dom Pedro II com apenas 15 anos de idade. juntos grandes estancieiros, peões e escravos.
e) Revolta de Beckman, deflagrada no Maranhão pelos
08. (UE-PI/2012) Durante o governo Regencial, foi criada no colonos, contra o poder dos jesuítas e o monopólio
Brasil a Guarda Nacional (1831), que teve entre seus objetivos: comercial português.

a) apoiar o reinado de D. Pedro I na consolidação da 11. (UNESP/2012) A maioridade do príncipe D. Pedro foi
Independência. antecipada, em 1840, para que ele pudesse assumir o trono
b) proteger os grupos que lideravam a oposição à aristocracia brasileiro.
rural.
c) substituir as tropas das milícias do exército e reforçar o Entre os objetivos do chamado Golpe da Maioridade, podemos
poder das elites agrárias. citar o esforço de:
d) proteger as fronteiras quanto a possíveis invasões,
sobretudo as do Nordeste. a) obter o apoio das oligarquias regionais, insatisfeitas
e) conter as rebeliões e motins que pudessem perturbar a com a centralização política ocorrida durante o Período
ordem institucional militar. Regencial.
b) ampliar a autonomia das províncias e reduzir a interferência
09. (UE-PI/2012) Após a abdicação de D. Pedro I ao trono, o do poder central nas unidades administrativas.
Brasil foi governado por Regências Trinas, conforme previa c) abolir o Ato Adicional de 1834 e aumentar os efeitos
a Constituição, mas o Ato Adicional de 1834 provocou federalistas da Lei Interpretativa do Ato, editada seis
algumas mudanças, entre as quais se estabelecia: anos depois.
d) promover ampla reforma constitucional de caráter
a) a regência una, para a qual o candidato era eleito e não liberal e democrático no país, reagindo ao centralismo
mais indicado pela Assembleia Nacional, saindo vitorioso da Constituição de 1824.
no primeiro pleito o Padre Diogo Antônio Feijó. e) restabelecer a estabilidade política, comprometida
b) a eleição direta e secreta de um regente, cuja candidatura durante o Período Regencial, e conter revoltas de caráter
era efetivada por seu partido político, ganhando em regionalista.
primeiro lugar o brigadeiro Francisco de Lima e Silva.

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56 História

12. (CEFET-MG/2011) Em outubro de 1835, Bento 14. (PUC-PR/2010) O Rio Grande do Sul era um caso especial entre as
Gonçalves, líder rio-grandense dos revoltosos regiões brasileiras desde os tempos da Colônia. Por sua posição geográfica,
Farroupilhas, dirigia uma carta ao regente Feijó: formação econômica e vínculos sociais, os gaúchos tinham muitas ligações
... O Rio Grande é a sentinela do Brasil que com o mundo platino, em especial com o Uruguai. Os chefes de grupos
olha vigilante para o rio da Prata. Merece, pois, militarizados da fronteira — os caudilhos —, que eram também criadores
consideração e respeito. Não pode nem deve ser de gado, mantinham extensas relações naquele país. Aí possuíam terra e
oprimido... . Exigimos que o Governo nos dê um se ligavam, pelo casamento, a muitas famílias da elite.
presidente de nossa confiança, que olhe pelos nossos Boris Fausto. História Concisa do Brasil.
interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, Com base no exposto, é correto afirmar em relação à Revolução
ou nos separaremos do centro e, com a espada na mão, Farroupilha:
saberemos morrer com honra ou viver com liberdade.
a) Foi uma guerra civil que levou ao confronto dois grupos políticos
Sandra Jatahy Pesavento. Uma certa Revolução Farroupilha. rivais no Rio Grande do Sul: os maragatos e os farroupilhas. Estes
A partir do contexto histórico no qual esse documento últimos exigiam mudanças profundas no governo, acusando-o de não
foi produzido, é incorreto afirmar que os revoltosos: atender às necessidades da província.
a) criticavam o sistema de impostos do governo b) Os farroupilhas exigiam maior autonomia da província em relação ao
regencial e exigiam a adoção de medidas governo central, o que, no decorrer da luta, resultou na proclamação
protecionistas do charque sulino. de uma República Federal na região Sul do Brasil, que englobava
b) explicavam a rebelião como legítima defesa da também Santa Catarina e partes do Paraná.
liberdade sulista e requeriam maior autonomia c) Foi causada essencialmente pelo descontentamento dos estancieiros
provincial. gaúchos com os altos impostos que eram obrigados a pagar e com
c) denunciavam o descaso com as reivindicações os baixos preços estabelecidos pelo governo para a venda de gado,
locais e destacavam a importância fronteiriça da charque, couros e peles ao restante do país.
região. d) A Guerra dos Farrapos, que durou dez anos, iniciou-se em 1893,
d) defendiam a ampliação da cidadania política e quando os farroupilhas exigiram a destituição do novo presidente da
contestavam os privilégios dos latifundiários e província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga. Em setembro daquele
pecuaristas. ano, as tropas do chefe farroupilha Bento Gonçalves ocuparam Porto
Alegre e proclamaram a independência do Rio Grande do Sul.
13. (UNICAMP-SP-Simulado/2011) Desde 1835, e) A Guerra dos Farrapos terminou em negociações com o governo, que
cogitava-se antecipar a ascensão de D. Pedro II ao acabaram favorecendo os interesses da burguesia urbana de Porto
trono. A expectativa de um imperador capaz de Alegre, Pelotas e Rio Grande. Os estancieiros, que mais se dedicaram
garantir segurança e estabilidade ao país era muito ao processo revolucionário, pouco foram beneficiados.
grande. Na imagem do monarca, buscava-se unificar
um país muito grande e disperso. 15. (UF-RS/2011) Conheça o Brasil que o dia 20 de setembro de 1835 foi a
consequência inevitável de uma má e odiosa administração; e que não
Adaptado de Lilia Moritz Schwarcz.
As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
tivemos outro objeto, e não nos propusemos a outro fim que restaurar
o império da lei, afastando de nós um administrador inepto e faccioso,
No período regencial, a estabilidade e a unidade do sustentando o trono constitucional do nosso jovem monarca e a integridade
país estavam ameaçadas porque: do Império.
a) a ausência de um governo central forte causara uma Manifesto de 25 de setembro de 1835
in Coletânea de documentos de Bento Gonçalves da Silva.
crise econômica, devido à queda das exportações e
Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul
à alta da inflação, o que favorecia a ocorrência de
distúrbios sociais e o aumento da criminalidade. Em relação ao manifesto acima, é correto afirmar que:
b) o desenvolvimento econômico ocorrido desde a a) os farroupilhas defendiam, desde o primeiro momento, o ideário
transferência da corte portuguesa para o Rio de republicano e separatista.
Janeiro levou as elites provinciais a desejarem a b) os revoltosos desejavam antecipar a posse de Dom Pedro II, ainda
emancipação em relação à metrópole. menor de idade.
c) a ausência de um representante da legitimidade c) a revolta foi motivada pelo desejo dos farroupilhas de reintegrar a
monárquica no trono permitia questionamentos província ao Império brasileiro.
ao governo central, levando ao avanço do ideal d) os revoltosos estavam contrariados com o governo do presidente
republicano e à busca de maior autonomia por provincial.
parte das elites provinciais. e) os farroupilhas representavam os ideais conservadores, manifesto na
d) a expansão da economia cafeeira no sudeste levava defesa do “império da lei”.
as elites agrárias a desejarem maior participação
no poder político, levando à ruptura da ordem
monárquica e à instauração da república.

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História 57

16. (UFV-MG/2010) Observe a imagem a seguir: 18. (UFG-GO/2010) A ocorrência de rebeliões, tais como a
Cabanagem (1835-1840), no Pará, a Sabinada (1837-1838),
na Bahia, e a Balaiada (1838-1841), no Maranhão, determinou
a caracterização da Regência como um período conturbado.
Todavia, a ocorrência de rebeliões tão distintas apresenta como
aspecto comum a:
a) reivindicação popular pela abolição da escravatura,
tornando inviável o apoio das camadas médias urbanas
aos movimentos contra a ordem regencial.
b) influência da experiência republicana da América
Hispânica, decorrente da proximidade intelectual entre as
elites imperiais e os criollos.
c) mobilização das camadas populares pelos segmentos da elite,
objetivando o controle do poder nas referidas províncias.
d) tentativa de restabelecer o poder moderador, transferindo-o
para a Regência Una como forma de resistir às reformas
liberais.
Brito e Braga, Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840-1845).
e) rejeição ao regime monárquico, revelador da permanência
Com relação à Guarda Nacional, criada durante o Império, é do privilégio concedido ao português desde a Colônia.
correto afirmar que:
19. (CEFET-MG/2010) “Triste realidade das nossas coisas!”
a) funcionava como única força armada que podia defender O poder não se consolida, a força o abandona, e o Império
os interesses dos escravistas e coibir a fuga dos escravos. caminha a passos largos para sua dissolução, como se lhe
b) objetivava o controle da Corte e da burocracia imperial, fora peso sua grandeza, como se temesse ser forte. [...] É
alvos frequentes de manifestações populares de curioso examinar o movimento das opiniões populares; o
descontentamento. povo aplaude, contrista-se, torna-se indiferente, zomba da
c) tinha por finalidade a garantia da segurança e da ordem, capacidade, e por fim resiste.
defendendo a Constituição, a obediência às leis e a integridade
Artigo publicado pelo editor do Jornal A Phenix, 22/06/1839.
do Império.
d) atuava na defesa das fronteiras externas brasileiras, Essa passagem se relaciona:
impedindo a expansão dos países platinos em direção ao a) às disputas políticas do período regencial que provocaram
território brasileiro. revoltas de cunho separatista, como a Farroupilha.
b) à resistência popular no contexto imperial iniciada com a
Revolução Praieira, defensora da igualdade social.
17. (UNESP/2010) Entre as várias rebeliões ocorridas no período c) ao momento de indefinição política posterior à Independência
regencial, destaca-se a chamada Guerra dos Farrapos, do Brasil, quando ocorreu a Guerra Cisplatina.
iniciada em 1835. d) ao movimento abolicionista a partir da Lei Eusébio de
O conflito: Queirós, vista pelas elites como promotora da desagregação
do Império.
a) prosseguiu até a metade da década seguinte, quando o
governo do Segundo Império aumentou os impostos de
20. (UEM-PR/2012) Sobre as revoltas ocorridas no período
importação dos produtos bovinos argentinos e anistiou os
imperial da história do Brasil, assinale o que for correto.
revoltosos.
b) demonstra que as disputas comerciais entre Brasil e 01. A Cabanagem foi uma importante revolta que envolveu
Argentina se iniciaram logo depois da independência e toda a região amazônica e se estendeu aos territórios da
desde então se agravaram, até atingir a atual rivalidade Guiana Francesa.
entre os dois países. 02. A Sabinada foi uma revolta que ocorreu no Estado de
c) permitiu a adoção de um regime federalista no Brasil, Mato Grosso, entre 1850 e 1869, e se estendeu por todo o
uma vez que as negociações entre o governo imperial e os Centro-Oeste do Brasil.
rebeldes determinaram a autonomia política rio-grandense. 04. A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha se
d) revela a impossibilidade de estabelecer relações políticas originou no Rio Grande do Sul e se estendeu a territórios
e diplomáticas na América Latina após a independência que fazem parte do atual Estado de Santa Catarina.
política e durante o período de formação dos estados 08. Mesmo com o grande número de revoltas que chegaram a
nacionais. ameaçar a unidade do País, foi durante o período regencial
e) impediu a continuação do período regencial e levou que se consolidou o Estado Nacional.
à aceitação de outra exigência dos participantes da 16. A Balaiada foi uma revolta das elites maranhenses contra o
revolta: a antecipação da maioridade do futuro imperador poder imperial. Iniciou-se no Maranhão e teve adesão das
Pedro II. elites regionais dos atuais estados do Piauí e do Ceará.

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58 História
exercícios discursivos Os livros, escreveu Voltaire no panfleto satírico Sobre o
Terrível Perigo da Leitura, “dissipam a ignorância, a custódia
21. (FUVEST-SP) Em agosto de 1831, Feijó criou a Guarda Nacional. e a salvaguarda dos estados bem policiados”.
Qual o papel dessa instituição militar no Período Regencial e Alberto Manguel. Uma História da Leitura. Cia das Letras.
no Segundo Reinado? A partir do texto, julgue a afirmação a seguir.
Em Salvador, na rebelião conhecida como a Revolta dos Malês
22. Quais as mudanças introduzidas pelo Ato Adicional de 1834
(confronto sangrento entre escravos africanos seguidores do
no regime político e administrativo do Império Brasileiro?
Islamismo e tropas do governo brasileiro), destaca-se o fato de
Explique as circunstâncias históricas em que foram adotadas. muitos revoltosos estarem aptos para ler e escrever no idioma
árabe, o que contribuiu para a preparação da insurreição.
23. O processo de integração política do país no período regencial
foi marcado por uma série de rebeliões. 27. (UF-BA/2011) Hino ao “Dois de Julho”
Estabeleça a relação entre essas rebeliões e o centralismo Nasce o sol a Dois de Julho
político-administrativo da época. Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
24. (FUVEST-SP) Explique o Golpe da Maioridade de 1840. Até o sol é brasileiro!
Nunca mais o despotismo
25. (UE-RJ/2011) Em nome do povo do Rio Grande, depus o
Regerá nossas ações
governador e entreguei o governo ao seu substituto legal.
Com tiranos não combinam
E em nome do Rio Grande do Sul, digo que nesta província
Brasileiros corações!
extrema, afastada da Corte, não toleramos imposições
humilhantes. O Rio Grande é a sentinela do Brasil que olha Ladislau dos Santos Titara
vigilante o Rio da Prata. Não pode e nem deve ser oprimido Elevado recentemente à condição de Hino Oficial do Estado
pelo despotismo. Exigimos que o governo imperial nos dê um da Bahia, o Hino ao Dois de Julho, foi cantado pela primeira
governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, vez em 1846, no Teatro São João, em Salvador.
ou, com a espada na mão, saberemos morrer com honra, ou
Nos versos de sua primeira estrofe e no estribilho, estão contidas
viver com liberdade.
alusões a fatos e aspirações presentes nas classes dominantes
Carta de Bento Gonçalves, líder farroupilha, ao Regente Feijó (1835). urbanas da Bahia da época.
Rio-grandenses! Tenho o prazer de anunciar-vos que a guerra A análise desse hino, associada aos conhecimentos dos
civil que, por mais de nove anos, devastou esta bela província fatos históricos que envolveram as lutas pela independência,
está terminada. Os irmãos contra quem combatíamos estão hoje permite afirmar:
congratulados conosco e já obedecem ao legítimo governo do
01. O Dois de Julho de 1823 representa o ponto culminante e a
Império do Brasil. União e tranquilidade sejam de hoje em diante
vitória da resistência dos habitantes do Recôncavo baiano
nossa divisa. Viva a religião, viva o Imperador Constitucional
contra a pressão recolonizadora do governo português sobre
e Defensor Perpétuo do Brasil. Viva a integridade do Império.
o Brasil.
Proclamação do Barão de Caxias, no fim da Revolução Farroupilha (1845).
02. Nunca mais o despotismo (v. 5) é um verso que se identifica
A consolidação do Império do Brasil, entre as décadas de 1830 com o despotismo esclarecido europeu, que se transferiu
e 1850, significou a vitória de determinado projeto político e para o Brasil na figura da rainha D. Maria I.
também o combate de propostas, como as defendidas pelos que
04. As nossas ações (v. 6), regidas pelo despotismo, diziam
lutaram na Revolução Farroupilha.
respeito ao colonialismo e ao monopólio comercial
Aponte uma das propostas dos líderes farroupilhas e explique português, que controlara o mercado colonial em seu próprio
por que esse movimento foi considerado ameaçador pelos benefício.
dirigentes do Império do Brasil.
08. A ingerência das Cortes Portuguesas, na Regência do Príncipe
D. Pedro, expressava uma ação política de Portugal ditada
26. (UnB-DF/2011) Durante séculos, os escravos afro-americanos
pelo despotismo colonialista.
aprenderam a ler em condições extraordinariamente difíceis,
arriscando a vida. Aqueles que quisessem se alfabetizar eram 16. A expressão tiranos (v. 7), aludidos no texto, diz respeito à
forçados a encontrar métodos tortuosos de aprender. Aprender tirania da pressão das classes populares, que exigiam maior
a ler, para os escravos, não era um passaporte imediato para a participação política por meio de eleições livres.
liberdade, mas uma maneira de ter acesso a um dos instrumentos 32. A História do Brasil, apesar do desejo demonstrado pelo
poderosos de seus opressores: o livro. Os donos de escravos autor do hino, registrou momentos de despotismo e tirania,
(tal como os ditadores, tiranos, monarcas absolutos e outros em períodos posteriores, vividos na instalação de governos
detentores do poder) acreditavam firmemente no poder da ditatoriais de composição civil e de composição militar.
palavra escrita. 64. O movimento pela independência da Bahia, à semelhança
Como séculos de ditadores souberam, uma multidão analfabeta da Proclamação da República de 1889, no Rio de Janeiro,
é mais fácil de dominar; uma vez que a arte da leitura não pode caracterizou-se por se desenrolar distante do povo, sendo,
ser desaprendida, o segundo melhor recurso é limitar seu alcance. portanto, uma conspiração de elite.

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História 59

O Segundo Reinado (1840-1889)


A POLÍTICA INTERNA – Considerações Iniciais

O ideário político liberal autêntico submergiu com o advento do Segundo Império. Do ponto de vista ideológico, pouco ou nada
mais diferenciava o Partido Liberal do Partido Conservador. De tal modo se assemelhavam suas propostas que a identidade entre
ambos era indisfarçável. Não há quem tenha frequentado os bancos escolares sem nunca ter ouvido do seu professor de História a
frase cunhada por Holanda Cavalcanti: “Nada mais parecido com um saquarema (conservador) do que um luzia (liberal) no poder”.

A expressão é reveladora. Ao nivelar liberais e conservadores, à época o político pernambucano já tornava claro que o que
movia tanto uns como outros era a mera manutenção de seus privilégios e o prestígio político que o poder conferia àqueles que o
exerciam. No Segundo Reinado, essas duas frações da camada senhorial dominante passaram a disputar entre si os espaços políticos
institucionais. E, no juízo do sociólogo Raymundo Faoro, nessa contenda tudo era permitido: “O conservador sem cargos faz-se
revolucionário; o liberal no poder esquece a pólvora incendiária”. (Os Donos do Poder)

O Ministério da Maioridade

A coroação de Dom Pedro II veio acompanhada da nomeação do primeiro Ministério pós-período regencial. Por protagonizarem
o Golpe da Maioridade, os liberais ocuparam as pastas ministeriais de maior expressão. Como ética política era preceito
dispensável na época e a prática do nepotismo procedimento comum e corriqueiro, políticos aparentados (Cavalcanti, Andrada
e Coutinho) integraram o primeiro escalão do governo. A imprensa, ao se referir a essa instância de poder, denominava-a
ironicamente Ministério dos Irmãos.

Vale destacar que, entre os ministros, encontrava-se também Aureliano Coutinho, líder da “facção áulica” — grupo palaciano
cuja atuação foi imprescindível para o êxito da maioridade. Mesmo estes influentes personagens não escaparam ao deboche
da imprensa. O grupo era codinominado Clube da Joana — já que se reunia nas imediações da Boa Vista, onde corria um
riacho de nome Joana.

O novo governo considerou que a Câmara eleita durante a regência regressista de


Araújo Lima não mais expressava a correlação de forças políticas engendradas pela
restauração do Império. Coordenadas pelo Ministério em exercício, novas eleições
legislativas foram convocadas para 13 de outubro de 1840. Caberia aos liberais,
portanto, normatizar e fiscalizar com isenção o pleito eleitoral.

Entretanto, o uso da máquina do Estado foi escandaloso. Às vésperas das eleições,


substituíram presidentes provinciais saquaremas por luzias e destituíram de
suas funções juízes de paz e juízes de direito conservadores. Seus postos foram
arbitrariamente ocupados por magistrados liberais, envolvidos na campanha. No dia
do pleito, grupos de bandoleiros contratados furtaram urnas, espancaram eleitores
saquaremas e até mesmo assassinaram chefes de polícia de orientação conservadora.
O Ministério dos Irmãos, às escondidas, orientava: “para os amigos pão, aos inimigos
pau”. No centro da disputa: o poder. A imprensa relatou detalhadamente o episódio
e o denominou, com estardalhaço, de “as eleições do cacete”.

A fraude eleitoral repercutiu negativamente nos meios políticos e no próprio Paço


imperial. Os liberais preencheram a maioria das cadeiras na Câmara, mas foram
exonerados das funções ministeriais. Dom Pedro II, aconselhado pelos áulicos e D. Pedro II assumiu o governo de um império
pressionado por saquaremas, empreendeu a primeira reforma ministerial do Império. agitado por revoltas. Em 1842, teve de enfrentar
dois movimentos liberais: um em Minas e outro
Representantes do Partido Conservador foram, então, integrados ao poder Executivo.
em São Paulo. Em 1848, teve que enfrentar a
Revolução Praieira, em Pernambuco.

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60 História

O Ministério Saquarema

O gabinete conservador logo mostrou a que veio. Novas eleições parlamentares foram realizadas e o espírito centralista se fez
dominante. A ação conservadora dos novos dirigentes impulsionou a restauração da integralidade institucional do Império.
Advogando vigência plena da Carta de 1824, o Poder Moderador foi prontamente revitalizado e, com ele, as atribuições privativas
do Imperador. O Conselho de Estado (órgão de assessoria política que havia sido extinto pelo Ato Adicional de 1834) foi também
reabilitado, tornando-se o mais importante instituto político do Império, o verdadeiro núcleo o poder. O inexperiente imperador
não podia prescindir dos aconselhamentos dessa consultoria, por ele mesmo escolhida.

Em nome da centralidade político-administrativa, o Código do Processo Criminal (criado pelo ministro Feijó ainda na Regência
Trina) passou por reformas. As mudanças puseram fim à autonomia dos tribunais provinciais e municipais. Toda a autoridade
judiciária e policial fora do Rio de Janeiro retornou à hierarquia do poder central. Com isso, o Império ganhou coesão não apenas
no plano político-administrativo, mas também no plano jurídico-institucional.

Os liberais, afastados do poder, marcaram posição. Contra as medidas, agitações pontuais ocorreram em Sorocaba (SP), sob a
liderança do brigadeiro Tobias de Aguiar, e em Barbacena (MG), chefiada pelo fazendeiro Teófilo Otoni. Mas as Revoltas Liberais
de 1842 não prosperaram. Foram neutralizadas pelas tropas oficiais de Luís Alves de Lima e Silva. E pouco preocuparam o governo,
que anistiou os “rebeldes” já no ano seguinte.

O Parlamentarismo Às Avessas

O Imperador e seus conselheiros avaliaram que a escolha e composição dos Ministérios geravam sempre desconfortos políticos.
Embora entre saquaremas e luzias as convergências superassem as divergências, a seleção de ministros pelo soberano invariavelmente
melindrava os preteridos.

Em 1847, ainda que não contemplado pela Carta de 1824, foi instituído o cargo de Chefe do Conselho de Ministros, com o qual
se dava uma roupagem aparentemente parlamentarista à monarquia brasileira.

A partir dessa data, convencionou-se que o Imperador nomearia apenas o Chefe do Conselho e que este se incumbiria de escolher
o gabinete ministerial. Por observar um modus operandi muito distinto do modelo parlamentarista europeu e por inverter o critério
de escolha do “primeiro ministro”, essa experiência política brasileira ficou conhecida como Parlamentarismo às avessas.

Alguns historiadores atribuem a esse mecanismo institucional a razão da estabilidade política que se verificou entre os anos de 1850 e
1870. Noutras palavras, consideram esse parlamentarismo enviesado como o equipamento imperial promotor da conciliação política.

Mas não confunda, por desatenção, o Conselho de Estado (integrado ao Poder Moderador) com o Conselho de Ministros, formado
pelos auxiliares administrativos diretos do Imperador e presidido pelo “primeiro-ministro”. Este compunhao Poder Executivo.

Como se constatou, os acertos, ajustes e arremates formais da fase inaugural do Império formalizaram arranjos políticos “de cima
para baixo”. Ou seja: acomodaram e conciliaram as elites, mas mantiveram os demais segmentos da sociedade brasileira marginais
à cena política nacional.

A Revolução Praieira (Pernambuco – 1848)

É unânime entre os historiadores o entendimento dessa revolta (a classificação é de Caio Prado Jr) como a última manifestação
do liberalismo autêntico no período imperial. Mas não são poucos os estudiosos de movimentos sociais de época que a associam
à onda libertária que assolava a Europa entre os anos de 1830 e 1848 — a “primavera dos povos”. Esses (como Joaquim Nabuco,
por exemplo) encontram na “Revolução Praieira” indicativos da influência de pensadores franceses ligados ao socialismo utópico.
Mas nisso, é bom que fique claro, não há consenso.

Pernambuco teve na sua trajetória histórica inflexões políticas importantíssimas. Foi palco da Insurreição de 1654, da Revolução
de 1817 e da impactante Confederação do Equador em 1824, já sob o reinado de Dom Pedro I. Contudo, essas manifestações não
implicaram mudanças de peso na organização econômica ou mesmo na estrutura sociopolítica da região. As coisas permaneceram
como sempre foram: mandonismos locais, opressão política e miserabilização de despossuídos.

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História 61

A desmedida concentração da propriedade rural em mãos de algumas poucas famílias


gerou injustiças colossais no campo. Os Cavalcanti, por exemplo, haviam se apropriado
da maior parte das terras cultiváveis do interior da província. Comum a informação de
que 1/3 das áreas produtivas pernambucanas pertenciam exclusivamente a esse grupo
familiar. Compreensível, portanto, seu poderio político. Com suas vastas clientelas de
agregados e dependentes, a família controlava o cenário político provincial, comandando
tanto o Partido Conservador quanto o Partido Liberal. Os Cavalcanti eram saquaremas e
luzias: tudo ao mesmo tempo, no mesmo lugar e ao sabor das suas conveniências políticas.

A economia urbana de Recife também tinha donos. E bem poucos. Enquanto o mercado
varejista por tradição (vide Guerra dos Mascates) permanecia controlado por comerciantes
portugueses, as trocas internacionais constituíam oligopólio inglês. Empresas importadoras
e exportadoras amparadas em moeda forte (libras esterlinas) e associadas entre si dominavam
o setor: compravam, vendiam, depreciavam ou valoravam mercadorias, forçavam altas
cambiais e, claro, impunham preços no mercado atacadista local. De resto, o de sempre:
camadas médias urbanas excluídas do jogo político provincial e uma enorme população
empobrecida, mal remunerada ou sem ocupação fixa.

Foi nesse contexto que um grupo de intelectuais fundou o jornal Diário Novo, cuja função era dar voz aos desvalidos e aos segmentos
marginais ao modelo político vigente em Recife. Como a redação do jornal situava-se na Rua da Praia, seus idealizadores ganharam
a alcunha de praieiros. Dentre eles, duas lideranças se destacam: Borges da Fonseca e Pedro Ivo.

Em 1848, o Governo Imperial nomeou o ultraconservador Vicente Pires da Mota governador da província de Pernambuco.
A sedição praieira ganhou as ruas de Recife e Olinda. As páginas do Diário Novo estamparam o Manifesto ao Mundo — texto que
elencava uma avalanche de reivindicações e conclamava o povo a se mobilizar contra o arbítrio do poder central e por reformas
políticas e sociais. O documento exigia: nacionalização do comércio, democratização da propriedade rural, direito ao trabalho,
voto livre e universal, liberdade de imprensa, reforma judicial, extinção do Poder Moderador, fim da vitaliciedade no Senado e
autonomia provincial. Mas, sobre a escravidão, nenhuma palavra.

A partir de Olinda e Recife, a revolta alastrou-se pela Zona da Mata. Agitou o povo do campo. Indígenas destribalizados, mestiços,
mulatos, boiadeiros e negros quilombolas aderiram ao movimento. A guerrilha rural organizou-se sob o comando de Pedro Ivo e
Nunes Machado. E por dois meses resistiu à ofensiva das tropas oficiais.

Em 1849, contudo, Recife não resistiu e foi retomada pelas forças legais. O Governo Imperial acenou com a possibilidade de um
armistício negociado e com anistia política a todos os rebeldes. Pedro Ivo rendeu-se, disposto ao diálogo. Foi traído e condenado
à prisão perpétua. A opressão do governo central diluiu para sempre o liberalismo exaltado pernambucano.

Medidas Governamentais – efeitos econômicos internacionais

Sabemos que o modelo econômico do Brasil imperial permaneceu o mesmo do período colonial: agroexportador de base escravista.
Também é do nosso conhecimento o fato de que, durante o Primeiro Reinado, as exportações, além de diminutas, eram de baixa
rentabilidade.

Porém, nos primeiros anos do Segundo Reinado, a primazia do café na pauta de exportações alterou expressivamente a balança
comercial brasileira (estudaremos a seguir esse fenômeno). As receitas e as divisas internacionais multiplicaram-se e, junto a elas,
os ganhos imperiais. Mas não o bastante para equilibrar as finanças.

O sistema tributário vigente no Brasil era pesado, contudo ineficiente e desequilibrado. Enquanto ganhos comerciais eram tributáveis,
rendas e propriedades rurais, por exemplo, eram isentas de impostos. Com uma base tributária nacional subdimensionada, as receitas
do governo provinham principalmente das tarifas alfandegárias, ou seja, da cobrança de impostos sobre produtos importados, ainda
nas aduanas. Mas mesmo essa taxação era pequena. Os acordos comerciais firmados com a Inglaterra em 1810 e renovados em
1827 estabelecendo tarifas preferenciais reduziam ao mínimo essa arrecadação. Era preciso corrigi-los.

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62 História
Coube ao ministro Manuel Alves Branco promover essa correção. Em 1844, objetivando amenizar
os problemas orçamentários, a Fazenda decretou a majoração de tributos em todas as alfândegas
brasileiras. A medida modificava as taxas alfandegárias de quase 3.000 produtos importados,
incluindo os de procedência inglesa. As Tarifas Alves Branco, como ficaram conhecidas,
puseram fim aos privilégios britânicos. Contrariaram também os comerciantes ligados ao setor
de importação. E, claro, provocaram retaliações.
As novas restrições alfandegárias já eram esperadas. Na verdade, os acordos com a Inglaterra
venceriam em curto espaço de tempo, visto que os prazos estabelecidos em contrato estavam
praticamente esgotados. Ainda assim, a medida desagradou o Palácio de Buckingham.
E o Parlamento inglês reagiu, exigindo do governo brasileiro a mesma “pontualidade britânica”
no cumprimento dos acertos referentes à suspensão do tráfico negreiro. Manuel Alves Branco

Em 1845, a Inglaterra adotou o Bill Aberdeen. Aprovado sem restrições pelo Parlamento inglês, esse ato conferiu à Marinha
britânica poderes de polícia internacional no combate ao tráfico comercial com mão de obra escrava africana. Toda e qualquer
embarcação envolvida em “tráfico ilícito” poderia ser abordada e confiscada por navios ingleses. E mais: suas tripulações,
presas em flagrante delito, seriam julgadas e penalizadas segundo as leis anglo-saxônicas por tribunais do almirantado
britânico. A medida tinha destino certo: desabastecer de braços escravos as fronteiras agrícolas cafeeiras, em expansão pelo Vale
do Paraíba e pelo Oeste Paulista.
Apesar da ofensiva inglesa, o tráfico não refluiu. Dados da época demonstram que, mesmo clandestinamente, remessas cada
vez maiores de trabalhadores escravos continuaram entrando e suprindo as lavouras brasileiras. A Inglaterra exigiu do governo
brasileiro rigor na fiscalização, ameaçando-o com um possível bloqueio econômico.
Em 1850, a Câmara aprovou a Lei Eusébio de Queiroz e o Brasil interditou definitivamente o tráfico internacional de escravos
em toda a sua costa litorânea. Mas note bem: essa Lei proibiu o tráfico internacional, não o nacional. Internamente, o comércio
interprovincial de braços escravos permaneceu intacto e em pleno funcionamento.

Medidas Governamentais – efeitos econômicos nacionais


A interdição do tráfico internacional engendrou sobra de capitais. Recursos antes utilizados no comércio escravista foram
liberados e migraram para atividades econômicas de equivalente lucratividade. A agricultura cafeeira prosperava a olhos vistos.
E a inversão de capitais excedentes em equipamentos urbanos, indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas e infraestrutura
logística, associada à exportação de bens primários, ganhou excepcional vitalidade. A estabilidade política da conciliação e o
protecionismo econômico de Alves Branco confortavam os investidores, dirigindo-os para iniciativas particulares de baixo risco.
Um repentino surto industrial se desencadeou.
Entre 1850 e 1860, entraram em funcionamento 62 empresas industriais, 14 instituições bancárias e financeiras, 20 companhias de
navegação a vapor, 23 companhias de seguro, 8 de mineração, 3 de transporte urbano, 2 de iluminação a gás e 9 estradas de ferro.
Mas há que se tomar muito cuidado na apreciação desse súbito desenvolvimento: bolha industrialista não é o mesmo que
industrialização. A arcaica estrutura socioeconômica do Brasil, em tudo assentada na agroexportação escravista, impedia uma
mecanização da produção desenvolta, independente e definitiva, como a europeia ou a norte-americana. Capitalismo industrial
e escravismo constituíam dimensões opostas, díspares entre si e estruturalmente inconciliáveis. Portanto, modernização
industrial no Brasil só mesmo após a abolição da escravatura.
O personagem histórico que mais emblematicamente personificou esse entusiasmado momento
da economia brasileira imperial foi Irineu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá.
Considerado um empreendedor audacioso, admirador das inovações tecnológicas, esse investidor
voltou-se para as mais diversificadas áreas econômicas, abrangendo desde instituições financeiras
(Banco Mauá) até a construção de navios a vapor, passando por transportes urbanos, ferrovias de
médias distâncias (Rio-Petrópolis e Santos-Jundiaí) e, principalmente, pela fundição — “a indústria
que manipula o ferro — afirmava o empresário — é a mãe
de todas as outras” (Ferreira Lima — Mauá e Roberto
Simonsen). Não à toa essa etapa da história econômica
brasileira ficou conhecida como Era Mauá.
Em 1860, porém, o entusiasmo “desenvolvimentista” Visconde de Mauá
acabou. Pressionado pela Inglaterra, a quem não interessava crescimentos econômicos
periféricos, o governo imperial fez aprovar na Câmara as Tarifas Silva Ferraz, reduzindo
taxas de importações sobre máquinas, ferramentas e equipamentos industriais. Até as
empresas de Irineu Evangelista de Souza sentiram o impacto. E muitas faliram.

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História 63

A ECONOMIA EXPORTADORA CAFEEIRA – primeiras observações

Originário da Abssínia (Etiópia), o café (Coffea arabica) foi desde sempre cultivado por povos nativos dessa região da África
centro oriental. Por volta do século VIII, suas sementes foram levadas para além do Mar Vermelho, seu plantio esparramou-se
pelo sudoeste da Península Arábica (Iêmen) e, de lá, disseminou-se, lentamente, pelo mundo árabe-islâmico. Seu fruto chegou à
Europa apenas no final do século XVI, fornecido por comerciantes turco-otomanos.

Mas, nos séculos seguintes, a bebida logo caiu no gosto dos europeus. As coffee houses ficaram comuns no Velho Continente e
algumas tornaram-se famosas, como: a cafeteria Greco (em Roma), a Pasqua Rosée (em Londres) e a La Coupole (em Paris) —
frequentada por Robespierre e Danton e a favorita do filósofo Voltaire. Mas foi no século XIX que o consumo dessa bebida se
popularizou. O café deixou de ser produto exótico e sofisticado, virou mercadoria de uso comum e passou a circular com excepcional
facilidade no comércio internacional.

No Brasil, as primeiras mudas de café chegaram ainda no século XVIII, contrabandeadas da Guiana Francesa pelo militar brasileiro
Francisco de Melo Palheta. Seu plantio, inicialmente, era de pequena monta, cultura doméstica de fundo de quintal. Com a chegada
da Corte, em 1808, a procura interna ampliou seu cultivo para áreas do Espírito Santo, leste de Minas Gerais e no entorno da cidade
do Rio de Janeiro. Contudo, foi com a explosão do consumo desse produto na Europa e nos Estados Unidos que a cafeicultura
tornou-se, além de negócio lucrativo, atividade ajustada ao tradicional modelo agroexportador brasileiro. Seu êxito demandava o
que tínhamos em abundância: terras. Mas também o que já não tínhamos mais tão fartamente: braços para o trabalho.

A Imigração Europeia

A entrada de trabalhadores estrangeiros no Brasil data do início do


século XIX. Registros documentam a chegada de colonos suíços e
alemães durante o Período Joanino e ao longo do Primeiro Reinado.
Com o clima de instabilidade criado pelas unificações nacionais em
algumas regiões da Europa (Itália e Alemanha), a partir de 1848, e com
a extinção do tráfico negreiro, em 1850, a ideia de se fazer uso de mão
da obra livre europeia nas lavouras brasileiras ganhou adeptos entre
produtores rurais ligados à cafeicultura.

Por essa época, o senador Vergueiro, por exemplo, introduziu


trabalhadores livres em terras do Centro-Oeste Paulista, praticando
o sistema contratual de parceria em suas fazendas de café. O
funcionamento desse modelo era simples: famílias de camponeses
Imigrantes no pátio central da Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo.
eram recrutadas na Europa e tinham viagem e despesas iniciais
antecipadamente financiadas pelo produtor contratante; uma vez nas fazendas, trabalhavam nos pomares de café até que fossem
feitas as colheitas. Na partilha, os colonos contratados retinham a terça parte dos ganhos. Simples, mas de uma crueldade ímpar.
Descontadas as parcelas da dívida inicial (com juros de 6%) mais as despesas contraídas anualmente nos armazéns da própria
fazenda (tecidos, vestimentas, alimentos, ferramentas etc.), o ganho do trabalhador livre praticamente desaparecia. Com o passar
do tempo, o sistema de parceria redundava em opressiva servilização do trabalhador do campo.

As nações europeias passaram a desestimular a vinda de seus compatriotas para o Brasil. Alguns países orientavam seus trabalhadores
para que não assinassem contratos com agricultores brasileiros.

Diante desse quadro, o governo imperial interveio com a Imigração Subvencionada. Nesse modelo, o imigrante passou a contar
com algumas garantias: o translado era pago pelo governo brasileiro e os custos de manutenção do grupo familiar durante o primeiro
ano de sua estada no Brasil passou a ser de responsabilidade exclusiva do fazendeiro contratante. Novas relações de trabalho foram
instituídas: salário fixo mais abono relativo à produção e à colheita.

Essas medidas foram também acompanhadas de políticas sanitárias. O imigrante, ao chegar, submetia-se a uma quarentena médica
assistida por agentes de saúde e, posteriormente, era transferido para Hospedarias, onde era cadastrado, registrado e, aí sim,
contratado pelos cafeicultores interessados.

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64 História

O Café no Vale do Paraíba


Originário da Abissínia, hoje Etiópia, o café (em desenho
de Debret) é a baga do cafeeiro (Coffea arabica), planta da
família das rubiáceas que os arábes levaram para a Índia e os
italianos introduziram na Europa. Além do gosto peculiar, o
café logo se popularizou mundialmente por ser um poderoso
excitante. Lorde Bacon o definiu como a bebida que “dá espírito
a quem não o tem”.

Ramo de café
com grãos.

Escravos fazendo a colheita de café, pintura de Rugendas.

É na confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, na Serra da Bocaina, que nasce o rio Paraíba do Sul. Caudaloso, com
1.120 km de extensão, percorre o leste de São Paulo, o sul de Minas Gerais, o Rio de Janeiro e deságua na praia de Atafona,
em São João da Barra, no Norte Fluminense.
Foi no Vale do Paraíba que a monocultura cafeeira se instalou, avançando sobre áreas antes ocupadas por decadentes canaviais. Vindas
do Rio de Janeiro, as lavouras de café projetaram-se “serra acima”e entraram no lado paulista do vale. Embora montanhosa, com
topografia irregular, a área facilitava o cultivo da Coffea arabica: boa altitude, índices pluviométricos equilibrados e temperaturas
adequadas ao plantio de pomares perenes. Rapidamente o café espalhou-se pela região, estimulando o nascimento ou crescimento
de cidades como Areias, Bananal, Guaratinguetá, Lorena, São Luís do Paraitinga, Pindamonhangaba e Taubaté.
Mesmo o escoamento da produção não consistia problema grave. Do lado fluminense, pequenas embarcações deslizavam o rio
Paraíba do Sul e seus afluentes acessando os portos do litoral. Do lado paulista, carros de boi e tropas de muares deram novo uso
às antigas rotas do ouro e religaram economicamente o vale ao porto de Paraty.
A expansão da agricultura cafeeira exigiu braços para o trabalho no campo. Com a interdição internacional do comércio
negreiro, os fazendeiros do vale supriram essa necessidade abastecendo suas propriedades com mão de obra escrava fornecida
pelo tráfico interprovincial. Trabalhadores escravizados das lavouras exauridas do Nordeste foram transferidos para asfrentes
agrícolas em expansão no Sudeste. Isso, claro, a preços altíssimos.
Em meados do século XIX, o Vale do Paraíba já respondia por 90% da produção de café na província de São Paulo. Fazendas
dobraram de tamanho e duplicaram a produção, caminhando sem o menor escrúpulo sobre terras devolutas. A voracidade
era tamanha que, em 1850, o governo imperial fez aprovar a Lei de Terras — proibindo a grilagem de terras públicas e
regulamentando suas vendas.

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História 65

Mas cabe aqui uma observação importante: os cafeicultores do vale eram pouco afeitos à modernidade, e a nova agricultura
não alterou o tradicional perfil da região. Noutros termos, o café era visto pelos produtores como corolário natural do passado
açucareiro,ou seja, mera substituição de cultivo agrícola. A própria arquitetura cafeeira do vale revelava esse legado: majestosas
casas-grandes permaneciam avizinhadas por miseráveis senzalas. E, mesmo do ponto de vista sociopolítico, nada mudou: a visão
senhorial escravista permaneceu inalterada. A respeito da mentalidade do fazendeiro do Vale do Paraíba, a baronesa do Pati afirmou
em 1862: “As ideias do filho são as do pai, que o avô lhe inculcara”. De novo mesmo somente o nome dos agentes econômicos:
barões do café.
O provincianismo tacanho do baronato do café, a mentalidade passadista e anacrônica, o desinteresse e descaso relativos a novas
técnicas agrícolas e o próprio descuido com a terra provocaram efeitos nocivos implacáveis: exaustão do solo, erosão de encostas,
descontinuidade do cultivo e rápida queda de produtividade.

O Café no Oeste Paulista


O aumento cada vez maior da demanda internacional e a estagnação econômica do Vale do Paraíba exigiram novas áreas de
produção. Terras devolutas foram disponibilizadas e vendidas pelo governo imperial a investidores interessados em estender as
fronteiras agrícolas cafeeiras em direção ao Oeste Paulista. Duas características tornavam a região própria para a instalação de
pomares de café: um relevo totalmente plano e um solo de excepcional qualidade, oriundo da decomposição de rochas vulcânicas
(terra roxa). Estimulada, a produção irradiou-se então por extensas áreas, envolvendo núcleos urbanos como Campinas, Limeira,
Rio Claro, São Carlos e Araraquara.
Porém, algumas dificuldades punham obstáculos à dilatação dessas áreas produtoras, como a escassez de mão de obra e as distâncias
cada vez maiores entre os cafezais e as zonas de embarque. No Oeste Paulista, a utilização de mão de obra livre assalariada se
trivializou, aplacando a carência de braços escravos. Os problemas do escoamento da produção por longas distâncias encontraram
resposta na construção de linhas férreas ligando o campo às áreas portuárias marítimas. Com financiamento e aporte técnico
inglês, instalou-se gradualmente na região uma malha ferroviária extensa, acompanhando a interiorização cada vez maior dos
cafezais paulistas. A importantíssima São Paulo Railway, ligando o porto de Santos a Jundiaí, por exemplo, foi inaugurada
em 1865. E, de Campinas, uma rede de ferrovias sustentada por capitais nacionais e de complexa capilaridade expandiu-se
espetacularmente: Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Companhia Araraquarense, Estrada de Ferro Mogiana e Companhia
Sorocabana foram algumas delas.
As distâncias e a logística dos transportes implicaram maior racionalidade na produção. O processo ganhou complexidade e
modernizou toda a cadeia produtiva: plantio, colheita, lavagem dos grãos, secagem, armazenamento nas tulhas, descascamento,
ensacamento e embarque passaram a integrar as operações organizacionais cotidianas nas fazendas de café.
A própria arquitetura rural acabou modificada:a casa-grande e a senzala foram substituídas por sedes de fazenda e casas de colônia.
E ganhou maior visibilidade estética o núcleo de beneficiamento: terreiros, tulhas, casas de máquinas, viveiros de mudas, oficinas
e sacarias passaram a integrar sistemicamente a organização do seu espaço produtivo.
No Oeste Paulista, as unidades produtoras multiplicaram atividades e adquiriram, portanto, características de empresas agroindustriais
modernas. Contrariamente ao baronato do café, cuja visão de mundo era obtusa e estreita, os agentes da produção no Oeste Paulista
apresentavam perfil ideológico mais arejado, aberto e cosmopolita. Diferenciaram-se dos agricultores tradicionais e configuraram
uma burguesia agroexportadora empresarial, articulada tanto com o mercado externo quanto com as instituições financeiras
nacionais e internacionais. Suscetível a mudanças, esse segmento das elites dominantes desempenhou — como veremos —
importante papel na queda do Império e na construção do modelo republicano brasileiro.

IDENTIDADE e CULTURA
Como sabemos, o Brasil fez-se Estado antes mesmo de se configurar como Nação. Por isso mesmo, a criação de um imaginário
nacional integrado para o Brasil foi preocupação permanente durante o reinado de Dom Pedro II. Os levantes regenciais tinham
deixado marca profunda na frágil unidade político-territorial brasileira e a criação de uma política cultural voltada para a confecção
simbólica de uma “memória pretérita comum unitária e genuína” para todo o Brasil tornou-se premente e inadiável. A partir de
1840, o Império vinha desenvolvendo políticas culturais com esse objetivo: construir a identidade nacional brasileira.
Exatamente com esse fim criou-se o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) que, fundado por intelectuais associados
à elite econômica agroexportadora, logo se afirmaria como centro de estudos e pesquisas dedicado “às coisas do Brasil”. O Império
entendia que a construção historiográfica de um pretérito comum habitado por grandes personagens e heróis destemidos identificados
com a terra “traria à luz o verdadeiro caráter da Nação brasileira”. A historiografia, diziam, é fundadora da nacionalidade se
“reproduzida no ensino oficial” (Colégio de Dom Pedro II) e divulgada sem restrições ao público em geral (Revista do Instituto).
A edificação simbólica de um coletivo nacional situado para além dos agrupamentos sociais efetivos foi também objeto central
da literatura da época. A estetização da brasilidade transformou-se na missão histórico-política da literatura romântica indianista.
Narrativas descritivas e coloridas da tropicalidade, da flora, da fauna, das coisas e dos tipos humanos nacionais caracterizaram o
romance literário até os anos 70 do século XIX. E o índio, como síntese idealizada do brasileirismo, foi tema enfático de escritores
renomados, como Gonçalves Dias e José de Alencar. Mas o temário já não nos pertence. Deixemos para os especialistas da área.

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66 História

A POLÍTICA EXTERNA

Imperialismo ou Realpolitik? – uma questão de método

O assunto desse capítulo consiste na análise das relações políticas e diplomáticas entre os países que configuraram o Cone Sul da
América ainda na primeira metade do século XIX. As rivalidades, as discrepâncias, os conflitos ou as convergências de interesses
entre os Estados Nacionais recém-instalados no extremo meridional da América formam, portanto, o pano de fundo dessa narrativa.

Na leitura histórica tradicional, o relacionamento entre esses países do Prata encaixa-se na lógica de interesses do Capitalismo
internacional e está associado às pretensões econômicas inglesas na região. Essa leitura constitui, portanto, uma linha
histórico-interpretativa que enfatiza a interferência externa na vida americana e que explica seus movimentos à luz da
prática político-econômica britânica do tipo imperialista. É o modelo de inteligibilidade proposto por Leon Pomer e Júlio
J. Chiavenato e o mais aceito pela literatura histórica didática de Ensino Médio. Está também presente nas indicações
bibliográficas fornecidas pela maioria das Bancas Examinadoras das instituições universitárias.

Em anos recentes, essa visão tradicional tem sido reiteradamente atacada por acadêmicos influentes, como Leslie Bethell,
Alfredo da Mota Menezes e Francisco Doratioto. Desprezando a interferência externa britânica nas relações internacionais
sul-americanas, esses historiadores fazem dos problemas geopolíticos regionais a causa única dos conflitos intra-americanos
e veem no pragmatismo desideologizado da Realpolitik (disputa de espaços territoriais) o elemento explicativo tanto das
alianças quanto dos distanciamentos estratégicos entre os Estados Nacionais então em formação na América Meridional.
Porém, confinada à Academia, essa tese ainda não se espraiou pelas publicações de comum uso escolar. E, pelo menos por
enquanto, não ganhou a aberta adesão das Bancas Examinadoras dos grandes vestibulares.

Pelas razões que elencamos, nossa abordagem trilhará o caminho da tradição e reproduzirá a linha interpretativa dominante.
Mas, que fique registrado o alerta acima. Talvez seja útil.

A Questão Christie – um incidente desnecessário

As pressões relativas ao tráfico negreiro criaram clima diplomático pouco amistoso entre o governo de Dom Pedro II e o de Sua
Alteza Real a Rainha Vitória, da Inglaterra. O descontentamento dos setores ligados ao comércio de escravos no Rio de Janeiro
impulsionou um sentimento anti-britânico difuso, canhestramente sustentado na defesa de pretensos “interesses nacionais”.
Para esses comerciantes, a ingerência inglesa em assuntos econômicos domésticos feria o princípio da soberania nacional do
Império. E, para piorar o quadro, a inabilidade, a intolerância e a imperícia do embaixador inglês William Dougal Christie
agravou mais ainda as desavenças.

Por essa época, dois fatos absolutamente pueris abalaram as relações diplomáticas anglo-brasileiras.

O primeiro, datado de 1861, foi o naufrágio do veleiro comercial escocês Prince of Wales na costa da província do Rio Grande
do Sul. Adernada próximo ao litoral, a embarcação foi saqueada por brasileiros, que se apropriaram do carregamento de louças,
fazendas, vinho e azeite originalmente destinado ao porto de Buenos Aires. A embaixada inglesa exigiu do governo brasileiro
indenização de 3.200 libras esterlinas. Dom Pedro ignorou o pedido. Alegou ser o episódio um simples caso de polícia e não um
incidente político-diplomático.

O segundo, de 1862, foi igualmente insignificante, porém mais grave por envolver dois oficiais da Royal Navy. Presos num conflito
de rua por policiais do Rio de Janeiro, esse oficiais marinheiros acionaram o diplomata William Christie e solicitaram a pronta
intercessão do governo e da embaixada inglesa no caso. A questão tomou proporções exageradas. Christie, alegando ofensa à
marinha britânica, solicitou a prisão das autoridades policiais responsáveis pela detenção dos militares navais ingleses. Acusou-os
de crime de lesa majestade. Ameaçou interditar a baía da Guanabara com navios de guerra, caso a exigência não fosse atendida
pelo governo do Brasil. Agigantou o episódio, transformando-o em um incidente diplomático. Um árbitro foi nomeado para mediar
o conflito: o rei Leopoldo I, da Bélgica. O rei belga deu ganho de causa ao governo brasileiro. A Inglaterra devia desculpas ao
Brasil,mas não as promoveu de imediato.

Em 1863, o Estado brasileiro rompeu relações diplomáticas com a Inglaterra. Na verdade, por pouquíssimo tempo.
A reaproximação, em 1865, logo se fez necessária. O contexto da Guerra do Paraguai assim exigiu.

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História 67

Os Conflitos Platinos

Que a Bacia do Prata consistia importante área de integração dos


países do Cone Sul da América sabemos desde que estudamos
a política externa do Primeiro Reinado. Escoadouro natural
das riquezas hispano-americanas e rede hidrográfica de acesso
às regiões interioranas mais profundas do Continente, a Bacia
Platina configurava delicada zona de convergência de interesses
adversos e multilaterais. Com o término da Guerra Cisplatina, em
1828, a diplomacia brasileira buscou diálogo permanente com as
Províncias Unidas do Rio da Prata (Argentina), com a Província Soldados da Batalha do Passo do Rosário (Guerra da Cisplatina),
Oriental do Rio da Prata (Uruguai) e com a então emergente às margens do rio Santa Maria (Rio Grande do Sul, 20/02/1827).
República Guarani (Paraguai). A preocupação central do Império do Brasil era a de garantir, a qualquer custo, a livre
navegabilidade nos rios Prata, Paraná, Paraguai e Uruguai. Mas a harmonia desejada não se prolongou por muito tempo.

A Campanha Oribe-Rosas (1851/1852)

O Uruguai, desde a independência, era governado por Frutuoso Rivera, membro do Partido Colorado, representante da corrente
autonomista e defensor de um modelo republicano dissociado tanto do Brasil quanto da Argentina.

Entretanto, o pleito de 1834 levou os integracionistas (defensores da união do Uruguai com a Argentina) do Partido Blanco à
presidência da República uruguaia. Em 1839, Manuel Oribe, o novo mandatário do país, anunciou sua intenção de restaurar a
territorialidade política do antigo Vice-Reino do Prata. Choques armados entre colorados e blancos espalharam-se então pelo
país. Oribe foi deposto, refugiou-se na Argentina e aliou-se ao caudilho Juán Manuel Rosas. Militarmente fortalecido, o agora
numeroso exército blanco retornou ao Uruguai e esmagou as forças coloradas. Oribe foi reconduzido à presidência e executou
o ameaçador plano integracionista da Confederação Republicana Uruguai-Argentina.

O Brasil interveio. Rejeitando a ideia de um governo único nos dois lados do Prata, tropas brasileiras marcharam resolutas
sobre Montevidéu. Deu-se a queda definitiva de Oribe. Frutuoso Rivera retomou suas funções presidenciais no Uruguai e
a política autonomista dos colorados foi novamente acionada. Na sequência, o governo brasileiro voltou-se contra Rosas.
Apoiados pelos governadores das províncias de Entre-Rios e Corrientes, batalhões do exército do Brasil entraram na
Argentina. Em 1852, o anexionista Rosas foi também destituído do governo. De início, foi substituído pelo general Urquiza.
Logo depois, pelo simpatizante da Inglaterra, o presidente Bartolomeu Mitre.

A Campanha Aguirre (1864)

Em 1863, a ameaça integracionista estava de volta no Uruguai. Ao tornar-se presidente, Atanásio Cruz Aguirre retomou a política
pró Confederação Republicana do Partido Blanco.

Tropas brasileiras acantonadas no Rio Grande do Sul entraram em estado de alerta. O governo imperial justificou a mobilização
pretextando desrespeito às suas fronteiras nacionais. Acusou milicianos blancos de invadir e saquear fazendas do lado brasileiro
dos limites fronteiriços e exigiu gordas indenizações pelos prejuízos causados. Diplomatas foram enviados a Montevidéu. Caberia
à Missão Saraiva resolver o impasse com o governo uruguaio.

Aguirre rejeitou o ultimato brasileiro e solicitou o apoio político-diplomático da República Guarani (Paraguai), então presidida
pelo ditador nacionalista Solano Lopez.

O governo imperial vetou a intermediação paraguaia e o exército brasileiro entrou em Montevidéu. Aguirre foi substituído pelo
colorado Venâncio Flores.

O Paraguai, em resposta, rompeu relações diplomáticas com o Império do Brasil e o frágil equilíbrio platino se desfez
instantaneamente. Configurou-se na América Meridional um bloco político agressivo, impetuoso e militarizado, constituído por
governantes circunstancial e temporariamente aliados: Dom Pedro II (Brasil), Bartolomeu Mitre (Argentina) e Venâncio Flores
(Uruguai) uniram-se na defesa de interesses comuns. Na outra ponta da corda, restou isolada a República Guarani de Solano Lopez.

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68 História

A Guerra do Paraguai (1865-1870)

O Cenário Pré-Guerra Ve Tietê

Pa
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rde

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rdo
em
Paraguai
Nos tempos passados, o Paraguai integrara, ao lado da Argentina

a
território
e do Uruguai, o Vice-Reino do Prata. Consistia a região paraguaio
anexado
geográfica mais internalizada dessa unidade administrativa
Bela Vista pelo brasil
Paran
colonial hispânica da América Meridional. Desprovida de apane
Verde ma
áreas de embarque marítimas, acessava o Atlântico por via Iva
Concepción í
fluvial, conectando-se precariamente aos mercados externos
Pilc San Pedro
pelos portos de Buenos Aires e Montevidéu. A agricultura oma Piq
uir
yo paraguai i
era a atividade econômica preponderante e sua prática se fazia
nas gigantescas propriedades jesuíticas e nos latifúndios da território Assunção
paraguaio Iguaçu
aristocracia crioula local. anexado Vila Rica
pela Argentina Villeta
brasil
Em 1811, acompanhando a onda emancipacionista que inundava
a América Latina, a região se emancipou politicamente, rompeu Pilar Encarnación

seus laços com a Espanha, definiu-se como Estado nação e


Corrientes Ijuí
implantou a República como forma de governo. Extinguiu a Riachuelo

Paraná
servidão catequética no campo, aboliu a escravatura e fez de
José Gaspar Rodriguez de Francia, El Supremo, seu primeiro São Borja

tes
Itaqui

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presidente. Sua administração foi longa: Francia governou o Co
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Ibicu
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Paraguai com mãos de ferro e forte espírito nacionalista por
ug
Uruguaiana
Ur

S. Maria
vinte e nove anos (1811-1840).
Argentina Qu araí Livramento
Lagoa
dos Patos
O isolamento geográfico do Paraguai condicionou seu modelo Jagu Pelotas
Salto arão
econômico. As dificuldades de acesso ao exterior levaram à
construção de uma economia voltada prioritariamente para Negro Rio Grande
Paysandu Lagoa

Representação artística sem escala


dentro, autossustentada, fincada em bases nacionais minimamente mirim
uruguai
dependentes da exterioridade comercial e econômica que cercava
as nascentes Repúblicas latino-americanas.Tornou-se o único país
em toda a região não associado a capitais estrangeiros. Levou a Colônia Invasão
efeito reformas profundas, inovou as práticas político-econômicas montevidéu
Prat oceano paraguaia
buenos aires a atlântico
tradicionais e reconfigurou a sociedade guarani. (1864-1865)

O confisco das propriedades rurais pelo Estado, por exemplo, reorganizou as relações sociais no campo. O camponês passou a
ter acesso à terra e aos instrumentos de trabalho, tornou-se arrendatário e contava com apoio e subsídios disponibilizados pelo
governo. Muitos trabalhadores rurais foram também absorvidos pelas Haciendas del Pueblo — unidades produtoras estatais
voltadas para a policultura (algodão, milho, trigo, erva-mate, cereais etc.) e a pecuária bovina. O quadro era de pleno emprego.
Não havia desocupados nos campos guaranis.

Nas cidades, as mudanças eram visíveis. O Estado orientava investimentos em manufaturas, artesanato, ferrovias, siderurgias e
escolas públicas. Em Assuncion e outras cidades, a praga do analfabetismo foi erradicada. Roubos e mendicância deixaram de
existir, e a integração da massa humilde de trabalhadores à economia nacional arrefeceu os conflitos sociais. O modelo político
era intransigente, autoritário, centralizador. Contudo, promotor de inconteste desenvolvimento.

Os sucessores de Francia deram continuidade ao projeto nacional de crescimento. Carlos Lopez (1840-1862) e Solano Lopez
(1862-1870) persistiram no modelo econômico estatizante, avesso aos interesses do capitalismo internacional hegemonizado pelas
grandes empresas comerciais inglesas.

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História 69

Antecedentes Imediatos do Conflito

Parece evidente que a tipologia econômica experimentada pelo Paraguai não agradou aos investidores ingleses. O capitalismo
britânico entrara numa fase em que a inversão dos seus recursos excedentes em áreas periféricas e dependentes tornara-se
imprescindível à acumulação de riquezas e de capitais. Na verdade e a rigor, a incipiente industrialização do Paraguai não
assustava ninguém. Sua competitividade era nula. Contudo, a possibilidade dessa receita de desenvolvimento tornar-se
paradigma para a América Latina preocupava, e muito. Era imperativo desmanchar o modelo com urgência; era necessário
intervir, ainda que indiretamente, na vida econômica protecionista e nacional da República do Paraguai. Tarefa, veremos a
seguir, prontamente executada pelos aliados da Inglaterra na América Meridional, em 1865.

As desavenças geopolíticas locais precipitaram os acontecimentos. Solano Lopez sonhava com o Grande Paraguai — isto é, com
a ampliação dos seus domínios sobre antigos territórios jesuítico-guaranis da região. Buscava acesso ao Atlântico. Pensava em
livrar-se das abusivas tarifas sobre exportações paraguaias praticadas no porto de Buenos Aires. Com vistas à realização desse
plano, preparou-se militarmente, dotando o Paraguai de numeroso exército nacional (60.000 homens). Mas foi o entrevero no
Uruguai que desencadeou o conflito. A deposição de Aguirre, em 1864, por tropas brasileiras e a recusa do governo imperial
em aceitar o Paraguai como mediador do conflito radicalizaram os ânimos. Solano Lopez temia restrições de acesso ao porto
de Montevidéu. Rompeu relações diplomáticas e comerciais com o Brasil, confiscou o navio mercante brasileiro Marquês de
Olinda em águas do Rio Paraguai e iniciou forte ofensiva militar sobre terras do Mato Grosso.

Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai se articularam, agora militarmente, contra a República do Paraguai. A Tríplice Aliança,
financiada por capitais ingleses, mobilizou suas tropas e os conflitos se esparramaram por toda a região.

Breve Histórico-Militar

Em seguida às operações das forças paraguaias no Mato Grosso, Solano Lopez ordenou, em março de 1865, a entrada do exército
guarani em áreas do Rio Grande do Sul. As incursões militares se projetaram também sobre solo argentino, na província de Corrientes.

Combate Naval de Riachuelo, em 11 de junho de 1865, quando os paraguaios atacaram a esquadra brasileira.

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70 História

A resposta veio em seguida: a vitória do almirante Barroso na Batalha do Riachuelo marcou a retomada do Rio Grande do Sul
pelas tropas do Brasil. Os exércitos da Aliança impuseram expressivas derrotas aos paraguaios, em Passos da Pátria e Tuiuti.

Cena retratada da Batalha de Tuiuti, na Guerra do Paraguai.

Por cinco anos seguidos, o Cone Sul mergulhou em sangrentas batalhas. Comandado pelo
Duque de Caxias, o exército brasileiro colecionou vitórias sucessivas em Humaitá, Avaí,
Lomas Valentinas, Itororó e Angostura. O exército guarani recuou exaurido.

Agora sob o comando do conde D’Eu (genro de Dom Pedro II), o exército brasileiro
empreendeu a Campanha das Cordilheiras. Solano Lopez foi morto em combate, na Batalha
de Cerro Corá. Em 1870, a guerra chegou ao fim. Com ela desapareceu, também, a aventura
nacionalista no sudoeste da América Meridional.

Duque
de Caxias
Considerações finais

O resultado desse conflito foi ultrajante e dramático para a história ulterior do Paraguai. Segundo León Pomer:

“A 9 de dezembro de 1870, com os mortos ainda por enterrar, as ruínas ainda fumegantes, o pavor ainda estampado nos rostos,
o Governo Provisório do Paraguai declarava livre o comércio, franqueado o corte de madeira das florestas antes nacionalizadas e
garantida a plena navegabilidade fluvial em seu território” (Paraguai: Nossa Guerra contra esse Soldado).

O saldo socioeconômico era lastimável: a população masculina economicamente ativa foi reduzida em 80% do total; a indústria
foi completamente destruída; os grandes latifúndios foram reinstalados; a siderurgia foi desmontada; e, claro, o Paraguai foi
reconduzido à vala comum da subserviência, da exploração e da miséria social.

Mas o Brasil não escapou incólume desse episódio. A política externa do Segundo Império e a Guerra do Paraguai encetaram
mudanças tão decisivas nos planos político, econômico e social que a própria Monarquia abalou-se insustentável e irremediavelmente.
Essas transformações estudaremos a seguir.

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História 71

DECLÍNIO e COLAPSO DO IMPÉRIO BRASILEIRO

Escravismo, Império e Abolição

Costuma-se afirmar que o que distingue as épocas econômicas não é o que se produz, mas como se produz. No quinto decênio
do século XIX, era cada vez maior o entendimento de que a escravidão constituía anacrônico obstáculo ao desenvolvimento
da economia e que a exploração do homem pelo homem em regime compulsório de trabalho impedia o progresso capitalista.
A argumentação técnico-operacional pró-abolição da escravatura, originalmente desenvolvida pela Inglaterra, tinha, portanto,
convictos defensores em vários setores da sociedade imperial do Brasil.

Nos anos 60 daquele século, com os conflitos do Prata e a Guerra do Paraguai, a agenda abolicionista ampliou-se ainda mais,
incorporando motivações de natureza especificamente ética. Um sem número de escravos tinha tombado em terras estrangeiras
em defesa da pátria, que os excluía e desprezava. A opinião pública passou a condenar moralmente a escravidão. Associações
civis, clubes militares, jornais liberais, artistas e intelectuais humanistas passaram a rejeitar o escravismo — agora abertamente
apontado como repulsivo, cruel e desumano. Em São Paulo, por exemplo, estudantes de Direito atuavam no Movimento dos
Caifazes, organizando fugas coletivas de escravos rumo ao Quilombo do Jabaquara, em Santos.

Desde a Lei Feijó, de 1831, as elites agrárias impediam, com o aval do Império, mudanças no mundo do trabalho escravo.
No terceiro quartel do século XIX não foi diferente: sintonizado com os interesses do conservadorismo escravista da elite agrária
cafeeira fluminense e valeparaibana, o governo imperial postergou o máximo que pode a libertação dos escravos. Cedeu, mas
homeopaticamente, aos poucos, gota a gota.

Lei do Ventre-Livre (1871)

Em 3 de maio, na abertura do ano legislativo de 1871, o Gabinete ministerial chefiado pelo Visconde do Rio Branco enviou para
apreciação da Câmara dos Deputados um plano de reformas cujo objetivo era promover a “extinção gradual do trabalho escravo”.
No conjunto, o plano salvaguardava o princípio da inviolabilidade do domínio do senhor sobre o escravo; noutros termos, reconhecia
a intocabilidade da propriedade sobre o trabalhador cativo. Não obstante, a Lei 2040, no Artigo 1o, dispunha: Os filhos de mulher
escrava que nascerem no Império desde a data desta Lei serão considerados de condição livre e havidos por ingênuos. Dois
parágrafos a complementavam: um determinava que o ingênuo ficasse aos cuidados do senhor até os 18 anos; o outro, que, caso
o proprietário, ao final desse período, não fosse indenizado pelo Estado (600$000), este faria uso dos seus serviços até a idade de
21 anos completos. Na prática, a nova legislação simplesmente procrastinava a abolição por mais duas décadas.

Aprovada sem restrições, a Lei foi sancionada pela princesa Isabel — nesse momento o Imperador viajava pela Europa — em
27 de setembro do mesmo ano. Comentando esse episódio, o abolicionista Joaquim Nabuco fez, em publicação da época, a
seguinte consideração: “Em 1850, queria-se suprimir a escravidão, acabando com o tráfico; em 1871, libertando os filhos de
escrava ainda por nascer” (grifo nosso). E completou: “O que hoje se quer é suprimi-la, emancipando os escravos em massa
[...]. É este movimento que se chama abolicionismo, e só este resolve o verdadeiro problema dos escravos, que é a sua própria
liberdade” (O Abolicionismo).

A Lei dos Sexagenários (1885)

A Campanha Abolicionista, tendo à frente intelectuais como José do Patrocínio, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e o poeta Castro
Alves, espraiou-se pelas principais províncias brasileiras. Algumas delas, como Ceará e Amazonas, anteciparam-se ao governo
imperial e declararam extinta a escravidão ainda em 1884.

Acuado, o império encaminhou à Câmara a Lei 3270. Elaborada pelos ministros José Antonio Saraiva e João Maurício
Vanderlei, o Barão de Cotegipe, a nova legislação era quase um escárnio. No Artigo 1o, declarava: Proceder-se-á em todo
o Império nova matrícula dos escravos. E, no parágrafo 5o, alertava: Não serão dados à matrícula os escravos de 60 anos
de idade em diante. A Assembleia Geral aprovou a Lei Saraiva-Cotegipe, como ficou conhecida essa determinação legal.
Mas a julgou benevolente demais e exigiu a ampliação do limite de idade para 65 anos. A medida era tão extraordinariamente
canhestra que repercutiu na imprensa como “a gargalhada nacional”.

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72 História

A Lei Áurea (1888)


Na década de oitenta, o único país escravocrata nas Américas era o Brasil. Condição
degradante, reacionária, irracionalista, condenada não só internamente pelas forças
políticas progressistas como pela totalidade da opinião pública mundial.
Em 1888, a estratégia procrastinadora do governo imperial esgotou-se, desmoralizada.
O ministro João Alfredo promoveu, então, votação da Lei no 3353. Texto curto, sucinto
e definitivo.
Artigo 1o: É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.
Artigo 2o: Revogam-se as disposições em contrário.
E nada mais acrescentava. Sancionada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel — mais
uma vez o imperador viajava pela Europa —, a legislação era omissa em relação ao destino
dos escravos libertos. Não houve, por parte do governo imperial, nenhuma preocupação Princesa Isabel
com a integração desse contingente humano (cerca de um milhão de pessoas) ao universo do trabalho livre e à sociedade em geral.
A ausência de políticas públicas de inclusão social traria contradições severas, cujos efeitos se prolongam ainda nos dias atuais.
Do ponto de vista político, a medida impactou as bases sociais de sustentação do Império. Ao negar indenizações aos proprietários
de escravos, esvaziou o apoio das oligarquias cafeeiras fluminenses e valeparaibanas. O isolamento foi fatal. Prevendo o futuro, o
ultraconservador barão de Cotegipe alertou a princesa Isabel: “Com esse gesto, a senhora acabou de redimir uma raça e de perder o trono”.
A princesa Isabel sancionou duas Leis: a do Ventre-Livre e a Áurea. Há quem relacione esses fatos com a estratégia do Imperador
de fazê-la sucessora do trono, aplainando o caminho para um terceiro reinado. Que jamais viria.

O Encanto Republicano
Nos dias de hoje, com o desaparecimento generalizado dos governos monárquicos ou com a adoção do regime parlamentarista
pelos que deles ainda restam no mundo, a distinção entre Monarquia e República tornou-se uma classificação pouco abrangente,
menos precisa e mais fluida. Entretanto, em fins do século XIX, o padrão republicano — como forma de governo — contrapunha-se
diametral e radicalmente ao modelo monárquico. E foi assim que, no Brasil, a propaganda republicana contestou a legitimidade
do poder de uma só pessoa — o Imperador — exercido por direito hereditário que, dispensando o voto, não mais representava
a vontade nacional.
O fato é que, com a modernização da economia, as instituições imperiais tornaram-se obsoletas. No dizer de Caio Prado Jr,
“o espírito conservador-retrógrado, que representava os interesses ligados à reação antiprogressista, tinha se encastelado numa
série de instituições políticas, como o Senado vitalício e o Conselho de Estado, onde, pela natural imobilidade, freava a cada passo
a marcha e o desenvolvimento do país” (Evolução Política do Brasil). O republicanismo, calado desde os tempos regenciais,
ressurgiu agora com especial vigor. Tanto nos meios militares, quanto nos civis.

O Republicanismo das Casernas


Os conflitos no Cone-Sul e, sobretudo, a Guerra do Paraguai politizaram os quartéis. O contato com as experiências republicanas
platinas despertou no exército a percepção da sua importância e a relevância do seu papel como instrumento de defesa dos
“melhores interesses nacionais”. Nas repúblicas platinas, os exércitos eram corporações valorizadas e seus membros, personagens
influentes e prestigiados A jovem oficialidade do exército brasileiro foi prontamente arrebatada pelos princípios republicanos e
pelas possibilidades de reconhecimento de seus direitos de cidadania — negados pelo regime imperial. Ou, como diz o historiador
José Murilo de Carvalho, a ideia de “soldado-cidadão”, com prerrogativas claras e definitivas, passa a galvanizar a consciência
crítica dos jovens militares, distanciando-os das instituições imperiais (Os Bestializados).
A caixa de ressonância dessa mentalidade era a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. A filosofia política positiva
de August Comte, amplamente divulgada nos cursos ministrados pelo coronel e professor Benjamin Constant, dava suporte
teórico para as aspirações dessa ala jovem do oficialato brasileiro. Com pretensões cientificistas, o positivismo consistia método
sociológico que, inspirado nas ciências da Biologia, concebia as formações sociais humanas como sistemas orgânicos fechados e em
evolução, em que cada um dos seus segmentos constitutivos compunha um todo harmônico funcionalmente integrado. Há, segundo
esse pensamento, uma teleologia natural na evolução das sociedades: o desenvolvimento, a explicação científica de si mesmas e
o aperfeiçoamento de seus elementos permanentes. Noutros termos, o comtismo vincula a ideia dinâmica de desenvolvimento
e progresso à ideia estática de unidade funcional e ordem social — com suas instituições essenciais como propriedade, direito,
família, religião, linguagem etc.. Ordem e progresso, este era o mote do positivismo, para o encantamento da oficialidade jovem
do exército nacional.

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História 73

O Republicanismo Civil
No Brasil da época, a distância entre a sociedade política e a sociedade civil era imensa. Além da exclusão histórica dos setores
sociais de base, a legislação eleitoral impedia a expansão do eleitorado nos segmentos sociais médios urbanos. Estabelecida pela
Carta de 1824, a exigência de renda mínima definida para o exercício do voto restringia o colégio eleitoral a um número inexpressivo
de eleitores. A conquista do sufrágio universal e a ideia de uma república federalista representativa burguesa amparavam as
aspirações democratizantes das camadas médias, sobretudo nos centros urbanos de maior densidade populacional, como o Rio de
Janeiro, com cerca de 520 mil habitantes.
Este é o espírito do Manifesto Republicano, publicado em dezembro de 1870 pelo combativo jornal carioca A Repúbica. Redigido
por Quintino Bocaiuva e Rangel Pestana, o Manifesto tinha como signatários advogados, médicos, engenheiros, jornalistas e
outros profissionais liberais, todos dissidentes do Partido Liberal e críticos vorazes do regime imperial. Organizou-se na capital
do império o primeiro Partido Republicano (PR).
Mas foi com a cisão da sociedade política que o republicanismo tomou vulto. O impasse no interior das elites dominantes levou
suas camadas oposicionistas a procurarem novas opções políticas. Em 1873, na Convenção Republicana de Itu, no Oeste Paulista,
surgiu, efetivamente, aquele que se transformou na principal organização partidária republicana do Brasil e no mais destacado
articulador da proclamação de República: o Partido Republicano Paulista (PRP). A “perrepização” do cenário político nacional
era uma questão de tempo.

Panorama Político Institucional ao Fim do Império


A Questão Religiosa
O republicanismo trouxe no seu bojo a histórica questão da laicização do Estado. A Constituição de 1824, embora propugnasse
liberdade de culto religioso, definia o Catolicismo como credo oficial no Brasil. Mas não apenas isso. Pelo princípio do padroado,
a Carta facultava ao imperador a escolha dos membros da alta hierarquia eclesiástica brasileira. E mais: as leis emanadas por Roma
somente aplicar-se-iam no império se protocolarmente autorizadas pelo Imperador (beneplácito imperial). Tão promíscua era essa
relação que, embora não se confundisse com o Estado, a Igreja, no Brasil, a ele pertencia. Subsidiado com recursos da Fazenda
Real, o clero brasileiro praticamente integrava o aparelho burocrático-funcional do Estado.
Em fins do século XIX, a separação entre Igreja e Estado, isto é, o secularismo, tornou-se uma das mais inegociáveis demandas
políticas do pensamento republicano do tipo positivista. Noutras palavras, a condenação da interferência religiosa em assuntos
governamentais e a rejeição do envolvimento do governo nos assuntos religiosos constituíram mote central na luta intransigente
pela construção de um Estado laico no Brasil. O assunto tomou vulto maior com a Questão Religiosa.
O roteiro desse episódio é simples. Em 1864, ao editar a Bula Sylabus, o Papa Pio IX ordenou a defecção dos sacerdotes maçons
das fileiras da Igreja Católica. Às voltas com as lutas nacionalistas na Itália, o Sumo Pontífice católico identificava na maçonaria o
foco principal das rebeliões anticlericais. No Brasil, as relações entre as lojas maçônicas, a Igreja e o Império não eram conflituosas.
O próprio Imperador era maçon.
Em 1873, os bispos dom Vital Maria (Olinda) e dom Antônio Macedo (Belém), em obediência à determinação papal, resolveram
aplicar as medidas sugeridas por Roma nas suas respectivas dioceses. Porém, não submeteram suas decisões à prévia apreciação do
soberano e ignoraram a exigência do beneplácito imperial. A inobservância da regra constitucional teve preço alto: ambos foram
severamente punidos. Sentença expedida pelo Supremo Tribunal de Justiça os condenou a quatro anos de prisão e trabalhos forçados.
Mais do que o fato em si, é seu significado que ganha relevância. A questão religiosa repercutiu intensamente na imprensa, nos
meios sociais esclarecidos, nos partidos e na própria Igreja. A autonomia da Igreja implicava o fim do padroado e do beneplácito;
exigia mudanças na ordem constitucional de 1824 e trazia à superfície o imperativo debate sobre a laicização do Estado. Nesse
episódio, as teses republicanas saíram fortalecidas.
As Questões Militares
Que as críticas ao Império e que o republicanismo positivista grassavam nos meios militares jovens do exército nacional já
sabemos. Mas, a partir de 1883, algumas ocorrências aprofundaram ainda mais essas diferenças. A proposta da formação de um
montepio (fundo de pensão sugerido pelo governo imperial para atendimento de mutilados de guerra e viúvas de oficiais) era, por
exemplo, objeto de acalorados debates na Escola Militar da Praia Vermelha. O projeto do governo desagradou os militares, gerou
discordâncias e ganhou as páginas dos jornais em entrevistas concedidas pelo tenente-coronel Sena Madureira. Em resposta, o
imperador interditou o uso da imprensa como espaço de debates de assuntos políticos governamentais.
No ano seguinte, Sena Madureira foi punido pelo Ministério da Guerra. Desta vez, foi acusado de insubordinação por ter recebido,
com honras militares, o líder civil abolicionista cearense Francisco Nascimento na Escola de Tiro de Campo Grande. A demissão
do tenente-coronel provocou indignação nos meios militares. Alvoroçou o espírito de corpo.
Em 1885, a relação exército e império deteriorou de vez. Contrariando o interdito do imperador, o coronel Cunha Matos denunciou
pela imprensa o desvio de fardamentos e equipamentos na Companhia militar isolada do Piauí. Foi punido. Mas granjeou a
solidariedade da velha oficialidade do exército, com especial destaque ao prestigiado marechal Deodoro da Fonseca. As ideias
republicanas ganham agora um braço armado: o deodorismo.

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74 História

O Gabinete Ouro Preto e o Golpe Republicano


A insustentabilidade do Império era manifesta e visível a olho nu. Sem o apoio das oligarquias cafeeiras, sem legitimidade nos
setores médios urbanos, abandonado pelo exército e ignorado por segmentos expressivos do clero católico, o envelhecido imperador
D. Pedro II tinha agora sua imagem pública desacreditada e decadente. Na imprensa, as críticas ao imperador deixaram de ser
exceção e passaram a regra. Ilustrações e charges debochavam da figura imperial aberta e propositalmente.
No final de 1888, assume a chefia do gabinete ministerial Afonso Celso de Oliveira Figueiredo, o visconde de Ouro Preto. Tomava
por tarefa salvar a Monarquia através de reformas institucionais urgentes, adequadamente às pressões advindas das forças de
oposição. Um atabalhoado plano de reformas elencando autonomia provincial e voto universal para a escolha da câmara de
Deputados foi apresentado à Assembleia. Mas o Parlamento protelou as votações, debateu emendas, sugeriu mudanças, arrastando
os debates por delongas infindáveis e inúteis.
As tergiversações na Câmara não contiveram a conspiração republicana. Lideranças civis aproximaram-se dos militares, apelaram
ao apoio do exército e persuadiram o marechal Deodoro da Fonseca a capitanear a necessária renovação política do Estado Nacional
brasileiro. Ao anoitecer do dia 14 de novembro, unidades militares em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, levantaram-se em armas
contra a ordem imperial e marcharam em direção ao centro da cidade. No dia seguinte, na Câmara, José do Patrocínio declarou
proclamada a República no Brasil. Sem reação, o Império foi demolido. Tudo sob o olhar perplexo do povo, que nada entendeu.
Ou, como mais tarde relatou Aristide Lobo, “assistiu a tudo bestializado”.

exercícios 04. (FGV) Se tivesse ocorrido uma vitória do Parlamentarismo no


plebiscito de 1993, não seria a primeira vez que tal forma de governo
01. (FUVEST-SP) Durante o Segundo Reinado, o Governo seria implantada no Brasil. O segundo reinado pode ser caracterizado
de D. Pedro II caracterizou-se pela alternância no poder como Monarquia parlamentar.
dos partidos Liberal e Conservador; entretanto, no
Entretanto, este Parlamentarismo possuía características muito
período 1853-1867 houve uma fase política característica
especiais, pois:
denominada:
a) o imperdador se colocava como um árbitro neutro e imparcial
a) Conciliação.
para evitar os conflitos e divergências ideológicas profundas que
b) Transição.
existiam entre os partidos Liberal e Conservador.
c) Coligação.
b) cabia ao Poder Moderador garantir que os direitos dos eleitores
d) Unificação.
fossem de fato respeitados, na medida que fraudes e violência eram
e) Reação.
comuns na vida política do Império.
c) cabia ao Presidente do Conselho de Ministros convocar eleições
02. (FUVEST-SP) A afirmação de que o partido que sobe
para garantir a “sua” maioria na Câmara, ao contrário do que ocorria
entrega o programa de oposição ao partido que desce
na Europa.
e recebe deste o programa de Governo, relacionada aos
d) o Poder Executivo era exercido pelo Imperador, enquanto o Conselho
partidos políticos do Segundo Reinado, subentende que:
de Ministros era visto como continuação do Legislativo e a eles
a) os políticos do Império sempre tiveram plataformas era atribuído o Poder Moderador.
de atuação definidas. e) o Senado, por ser vitalício, era visto como árbitro entre a Câmara
b) os Conservadores conduziram a vida partidária do e o Gabinete de Ministros.
Império, mas os Liberais governavam.
c) a ameaça de radicalizações obrigava os partidos 05. (FGV) Relacione os eventos com os grupos sociais protagonistas e
políticos à coesão. assinale a série de relações corretas.
d) sendo a conciliação ideal constante na vida política
1) Revolução Praieira.
do país, os partidos pouco se diferenciavam, na prática.
2) Guerra dos Mascates.
e) as divergências entre as várias classes da sociedade
3) Guerra dos Emboabas.
brasileira estavam representadas nos programas
4) Revolução Farroupilha.
partidários.
5) Revolução Liberal de 1842.
03. (FUVEST-SP) Historicamente, o primeiro passo para o I. Bandeirantes contra mineradores baianos e portugueses.
advento do Parlamentarismo no Brasil ocorreu na época II. Senhores de engenho contra comerciantes de Recife.
do Império com: III. Povo gaúcho contra Governo Imperial.
IV. Paulistas e mineiros contra o Governo Conservador.
a) a Constituição outorgada em 1824.
V. Republicanos de Pernambuco contra oligarquia monarquista.
b) a criação da Presidência do Conselho de Ministros
por D. Pedro II. a) 1-V; 2-II; 3-I; 4-III; 5-IV.
c) a abdicação de D. Pedro I. b) 1-V; 2-III; 3-II; 4-I; 5-IV.
d) a declaração da Maioridade. c) 1-III; 2-II; 3-IV; 4-V; 5-I.
e) a dissolução da Assembleia Constituinte, em 1823. d) 1-III; 2-II; 3-IV; 4-I; 5-V.
e) 1-III; 2-II; 3-I; 4-IV; 5-V.

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06. (FGV) Havia 150 anos, estourava em Pernambuco uma das 09. (FUVEST-SP) Durante o Império, a Economia brasileira foi
mais significativas revoltas sociais do Brasil. No Manifesto marcada por sensível dependência em relação à Inglaterra e a
ao Mundo, os revoltosos apresentaram suas reivindicações. outros países europeus.

Eram elas: Essa situação foi alterada, em 1844, com:

a) imediata abolição dos escravos, o voto livre e universal e a a) a substituição do livre-cambismo por medidas protecionistas,
extinção do poder moderador. através da Tarifa Alves Branco.
b) imediata abolição dos escravos, liberdade de imprensa, b) a criação da Presidência do Conselho de Ministros, que
nacionalização do comércio varejista e federalismo. fortaleceu a aristocracia rural.
c) voto livre e universal, liberdade de imprensa e extinção do c) a aprovação da Maioridade, que intensificou as relações
poder moderador. econômicas com os Estados Unidos.
d) o direito ao trabalho, a abolição dos escravos e a extinção d) a eliminação do tráfico de escravos e a consequente liberação
do senado. de capitais para novos investimentos.
e) senado vitalício, a extinção do poder moderador, o e) o estabelecimento do Convênio de Taubaté com a intervenção
federalismo e a abolição dos escravos. do Estado na Economia.

07. (VUNESP) Com a ascensão da produção cafeeira no Oeste 10. (FGV) Na primeira metade do século XIX constituiu-se o
Paulista, na segunda metade do século XIX, acentuou-se a: protecionismo alfandegário, ou seja, as taxas alfandegárias,
no Brasil, passaram a variar entre 30 e 60%. Esta iniciativa,
a) decadência da monocultura que caracterizava a Economia somada a outras, foi responsável pelo primeiro surto industrial
brasileira desde a Colônia. brasileiro.
b) utilização do trabalho assalariado, com o crescimento da
imigração. Estamos referindo-nos à/ao:
c) luta dos cafeicultores paulistas a favor da centralização
político-administrativa. a) Tarifa Barão de Mauá.
d) acumulação interna de capitais, eliminando a dependência b) Tratado de Comércio e Navegação.
financeira externa do país. c) Tratado de Livre Comércio.
e) falta de capitais para a agricultura, devido à intensificação d) Tarifa Alves Branco.
do tráfico de escravos. e) Abertura dos Portos às Nações Amigas.

08. (FGV) O reino britânico, que em 1807 acabara com o tráfico 11. (FUVEST-SP) Entre as condições que favoreceram a incipiente
negreiro para as suas Colônias nas Antilhas, tinha proibido o atividade industrial no Segundo Reinado, podemos citar a:
trabalho es­cravo em suas possessões em 1833.
a) disponibilidade de capitais decorrente da extinção do tráfico
Francisco Alencar. História da Sociedade Brasi­leira. de escravos.
b) retomada da tradição manufatureira portuguesa.
Pelo governo brasileiro, esse impacto foi sentido de forma: c) extinção da política de proteção alfandegária.
d) concessão de incentivos diretos à exportação de produtos
a) despercebida, pois o processo de abolição no Brasil já estava industrializados.
em andamento com a promulgação das leis do Ventre-Livre e) exploração da siderurgia e das fontes de energia hidroelétrica.
e dos Sexagenários.
b) indiferente, pois não há nenhuma relação entre o domínio 12. (FGV) Itália bela, mostre-se gentil
britânico nas Antilhas e a realidade brasileira. e os filhos não a abandonarão,
c) preocupante, pois, sendo a Inglaterra a maior potência senão vamos todos para o Brasil,
industrial do período, qual­quer política por ela implementada e não se lembrarão de retornar.
tinha consequências efetivas na condução dos negócios em Aqui mesmo ter-se-ia no que trabalhar
todo o mundo. sem ser preciso para América emigrar.
d) preocupante, pois, mesmo considerando o processo de
abolição em andamento, pela lei do Ventre-Livre, o governo O século presente já nos deixa,
brasileiro sen­tiu‑se pressionado para acelerar os acordos o mil e novecentos se aproxima
de transição da forma de trabalho com os latifundiários a fome está estampada em nossa cara
cafeeiros. e para curá-la remédio não há.
e) indiferente, pois o encaminhamento dado por José Bonifácio A todo momento se ouve dizer:
à tramitação da lei do Ventre-Livre possuía, em linhas gerais, eu vou lá, onde existe colheita de café.
a essência do projeto inglês para as Antilhas.
Italia bella, mostrati gentile/1899 aprox.

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Os versos da canção italiana indicam-nos: 15. (FGV) A propaganda antiescravista no Brasil teve na
a) a América e, em particular, o Brasil como alternativas às imprensa um valioso veículo de difusão de ideias e propostas.
más condições de vida e trabalho na Itália pós-unificação. Jornais como A Redenção, O Abolicionista e O Combate
b) Brasil como alternativa para as populações urbanas dedicaram-se prioritariamente à causa abolicionista. Até
desempregadas da Itália pré-unificação. mesmo outros órgãos da imprensa, como A Gazeta de
c) desejo de partir da Itália para realizar a aventura da construção Notícias, franqueavam páginas para a propaganda contra a
da América. escravidão.
d) uma denúncia das más condições de vida e de trabalho na
Itália e também no Brasil no final do século XIX. A esse respeito é correto afirmar:
e) a repercussão positiva das condições de vida e trabalho no
Brasil dos que retornaram à Itália. a) os órgãos da imprensa abolicionista sofreram o boicote
de algumas das principais lideranças do movimento,
13. (FGV) como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Luís Gama,
receosos de que o tema escapasse ao controle das instâncias
I. O Rio de Janeiro, capital do Império, tinha em 1889 cerca parlamentares do país.
de 520 mil habitantes, sendo o maior centro urbano do país, b) a propaganda abolicionista pela imprensa retardou ainda mais
concentrando a vida política, as diversões e um grande o fim da escravidão, devido à reação contrária provocada
número de investimentos em transportes e iluminação. em setores mais conservadores da sociedade brasileira.
II. As exportações brasileiras de borracha, durante a segunda c) a propaganda abolicionista na imprensa intensificou-se
metade do século XIX, foram responsáveis por mais de durante o Período Regencial e tendeu a diminuir durante
cerca de 50% do total das receitas obtidas pelo país. o Segundo Reinado, sobretudo após a Guerra do Paraguai,
III. As indústrias brasileiras respondiam, em 1888, por mais de quando a questão tornou-se um assunto do Exército brasileiro.
75% do total do Produto Interno Bruto do país. d) a propaganda na imprensa permitiu a mobilização de grupos
IV. A cidade de São Paulo tinha, nos anos finais do Segundo contrários à ordem escravista com a publicação de denúncias
Reinado, cerca de 65 mil habitantes, sendo um polo de de violências praticadas contra os escravos, notícias sobre
atração cada vez maior de imigrantes e já experimentando revoltas de escravos e artigos contrários à escravidão.
altas taxas de crescimento populacional. e) os principais jornais abolicionistas eram dirigidos
A alternativa que reúne as duas afirmações corretas é: pelos setores mais radicais do movimento e pregavam
a) I e II a insurreição armada da população negra como a única
b) II e IV forma de extinguir a escravidão no Brasil.
c) I e III
d) I e IV 16. (FGV) Sobre o processo político que conduziu à abolição da
e) II e III escravatura no Brasil não podemos afirmar:

14. (FGV) Na segunda metade do século XIX, ocorreu uma série a) a Guerra do Paraguai foi um dos fatores importantes para
de conflitos internacionais na Região do Prata. tornar o Exército Abolicionista e Republicano, ao mesmo
tempo em que aumentava sua projeção, enquanto corporação
Entre esses conflitos, podemos identificar a: militar.
a) Guerra do Paraguai — como é conhecida entre os brasileiros b) houve duas grandes correntes no abolicionismo: a
— ou Guerra do Brasil — conforme a denominação “moderada”, que pregava o fim da escravidão através de
paraguaia, provocada pelas disputas em torno do controle “leis emancipadoras”, liderada, entre outros, por Joaquim
da Bacia Platina. Nabuco, e a “radical”, que pregava uma insurreição contra
b) Guerra dos Farrapos, que representou um movimento o sistema escravista, à qual pertenciam Luís Gama, Antônio
separatista no sul do Brasil, apoiado pelos governos Bento e Silva Jardim.
do Paraguai, Argentina e Uruguai como represália ao c) em 1870, o Brasil era o único País independente das Américas
expansionismo brasileiro. a manter legalmente a escravidão.
c) Guerra do Paraguai, provocada pelos interesses d) a Lei Rio Branco (“do Ventre-Livre”) e a Lei Saraiva-Cotegipe
expansionistas paraguaios, que provocou uma alteração (“dos Sexagenários”) foram altamente desfavoráveis aos
na política de não interferência do governo brasileiro em senhores de escravos e melhoraram de maneira radical a
assuntos estrangeiros. situação dos escravos no Brasil.
d) Revolução Farroupilha, movimento republicano inspirado e) a Lei Eusébio de Queiroz proibia a importação de escravos
no caudilhismo paraguaio de Solano López, defensor de um para o Brasil e foi adotada sob forte pressão da Inglaterra,
projeto federalista que reunisse os demais Estados do Cone expressa, entre outras coisas, pelo “Bill Aberdeen”.
Sul.
e) Guerra do Paraguai, provocada pela aliança entre Paraguai,
Chile e Argentina, contra as pretensões brasileiras e uruguaias
de controlar as atividades agropecuárias na região.

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17. (FGV) Apesar da profunda rivalidade existente entre os 19. (FGV) Sobre a proibição do tráfico negreiro para o Brasil, é correto
grupos no interior do Exército, no início da República, eles afirmar:
se aproximavam em um ponto fundamental:
a) As pressões inglesas sobre o governo brasileiro para extinguir
a) expressavam os interesses de uma classe social, o tráfico de africanos permearam as relações entre Inglaterra e
defendendo uma República liberal com o Poder Brasil no decorrer do 2o Reinado, tendo por auge o rompimento
Executivo descentralizado. das relações diplomáticas na chamada Questão Christie.
b) expressavam a opinião segundo a qual o Império deveria b) As pressões inglesas pela extinção do tráfico de escravos foram
ser preservado, devendo, entretanto, sofrer algumas apoiadas pela Igreja Católica, interessada em reduzir a influência
reformas levemente descentralizadoras. africana na religiosidade popular brasileira e estabelecer sua
c) não expressavam os interesses de todo um segmento hegemonia espiritual na América.
social, pregando o estabelecimento de uma forma c) As pressões inglesas obrigaram o governo brasileiro a negociar
de Poder Executivo descentralizado e adaptado às com a potência europeia um prazo para a extinção do tráfico.
peculiaridades regionais. Vencido este prazo, em 1831 era promulgada uma primeira lei
d) expressavam os interesses de algumas oligarquias do que proibia o tráfico de africanos para o Brasil.
Império, defensoras da autonomia das Províncias. d) As pressões inglesas pela extinção do tráfico de escravos foram
e) não expressavam os interesses de uma classe social, apoiadas pela população que, influenciada pelas ideias liberais,
posicionando-se como adversários do liberalismo e estava ansiosa para acabar com a escravidão no Brasil.
defendendo a República, dotada de um Poder Executivo e) As pressões inglesas foram prontamente aceitas pelo governo
forte. brasileiro que, para obter o reconhecimento da Independência
pela Inglaterra, proibiu o tráfico de africanos para o Brasil em
18. (FGV) Leia atentamente o texto abaixo e depois assinale 1823.
a alternativa correta.
20. (FGV) Pouco a pouco, [os cafeicultores] se afastam das tarefas
As bases de inspiração dessas novas elites eram as correntes
ligadas à gestão direta das plantações, que são confiadas a
cientificistas, o darwinismo social do inglês Spencer, o
administradores. Eles se estabelecem nas grandes cidades, sobretudo
monismo alemão e o positivismo francês de Auguste Comte.
em São Paulo. Suas atividades de comerciantes não se conciliavam
Sua principal base de apoio econômico e político procedia
com uma ausência prolongada dos centros de negócios cafeeiros.
da recente riqueza gerada pela expansão da cultura cafeeira
no Sudeste do país, em decorrência das crescentes demandas Sérgio Silva, Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil
de substâncias estimulantes por parte das sociedades que apud Rubim Santos Leão de Aquino et alii,
Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais.
experimentavam a intensificação do ritmo de vida e da
cadência do trabalho. Considerando a estrutura econômica brasileira no século XIX e os
N. Sevcenko, “Introdução”. História da vida privada no Brasil. dados presentes no texto, é correto afirmar que:

a) A difusão das teorias cientificistas e evolucionistas a) enquanto os produtores de açúcar do nordeste detinham o controle
ao longo do século XIX forneceram argumentos para sobre todas as etapas da produção — do plantio da cana até a
a crítica das práticas neocolonialistas, favorecendo o comercialização com grandes negociantes estrangeiros — os
processo de descolonização. cafeicultores especializaram-se apenas na produção, obtendo
b) A influência das teorias cientificistas no Brasil é com isso grandes lucros.
exemplificada, principalmente, pela formação de uma b) a alta produtividade — com o decorrente lucro maior do que
elite que estabeleceu uma plataforma de modernização o obtido pelo açúcar e tabaco — dos cafeicultores paulistas e
que tinha como base o desenvolvimento comercial e fluminenses foi resultado da opção de utilizar-se prioritariamente
agrícola do país. a mão de obra livre e assalariada desde 1850, quando se efetivou
c) Apesar de o consumo do café estar adequado à aceleração o fim do tráfico negreiro para o Brasil.
do ritmo social no século XIX, a industrialização c) os cafeicultores eram mais do que simples produtores de café,
brasileira processou-se independentemente do complexo pois também atuavam em outras áreas econômicas, como a que
cafeeiro. comercializava o café, o que permitia uma maior circulação
d) A incorporação do positivismo pelos militares brasileiros interna do capital e uma maior concentração dos lucros nas mãos
foi impedida pelas definições de Comte sobre o tipo desses produtores.
militar como característico do regime teológico, marcado d) a expansão cafeeira, assim como toda a estrutura econômica
pelo domínio da força, da guerra e do comando irracional, do Segundo Reinado, seguiu a lógica que estava presente na
ao contrário do tipo industrial que se manifestava na organização da economia colonial, pois essa atividade não
cooperação, na livre produção e na aceitação racional. incorporou os avanços tecnológicos oferecidos pela chamada
e) A adoção do ideário cientificista favoreceu a separação Segunda Revolução Industrial.
da Igreja e do Estado, bem como repercutiu no projeto e) a lei Eusébio de Queiroz e a lei de Terras, ambas de 1850, foram
de modernização conservadora das elites brasileiras no decisivas para o avanço da produção cafeeira no vale do Paraíba
período republicano. e no oeste paulista, pois incentivaram a entrada de imigrantes
nessas regiões e democratizaram o acesso à propriedade fundiária
de pequeno e médio porte.

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78 História
21. (FGV) Uma abordagem crítica desse conflito revela crimes 23. (FGV-ECO/Dez-2010) Entre 1779 e 1829, a população escrava
de guerra cometidos por Caxias, pelo conde d’Eu; põe a do município [de Campinas] cresceu de 156 para quase 4800. Em
nu a matança de meninos de nove a quinze anos (…) dá- 1872, já com o café como a força motriz da economia, ela atingira
nos o perfil inteiro do massacre de um povo e, mais do que 14 mil. A maior parte do aumento desde 1829 se deu antes do final
isso, mostra o Império do Brasil a serviço da Inglaterra, do tráfico africano. Entretanto, o comércio interno de escravos, já
esmagando um país livre para não desequilibrar o sistema bastante ativo nas décadas de 1850 e 1860, recrudesceu nos anos
de dominação que o imperialismo inglês mantinha na 1870, despejando vários milhares de cativos no Oeste paulista, vindos
América do Sul. sobretudo do Nordeste e do Rio Grande do Sul. Foi só a partir de
Júlio José Chiavenato, A guerra contra o Paraguai. 1881, com a alta tributação sobre o tráfico interno para o Sudeste
e a crise da escravidão, que os fazendeiros voltaram-se seriamente
Na primeira década de 1860, o governo paraguaio (…)
para trabalhadores imigrantes. Sua mudança de atitude coincidiu
buscou ter participação ativa nos acontecimentos platinos,
com uma queda nos preços agrícolas da Itália, que expeliu de lá
apoiando o governo uruguaio hostilizado pela Argentina
um grande número de trabalhadores do campo.
e pelo Império [do Brasil]. A Guerra do Paraguai foi, na
verdade, resultado do processo de construção dos Estados Robert W. Slenes. Senhores e subalternos no Oeste paulista.
In Luiz Felipe de Alencastro (org.).
nacionais no Rio da Prata e, ao mesmo tempo, marco nas
História da vida privada no Brasil.
suas consolidações.
Francisco Doratioto, Maldita Guerra. Considerando o texto, sobre a transição do trabalho escravo para o
trabalho livre na região do Oeste paulista, é possível afirmar que:
Os fragmentos permitem que se conclua que:
a) a mentalidade empresarial e arrojada dos fazendeiros paulistas
a) a Guerra do Paraguai foi um evento sobre o qual é
orientou para uma rápida e decisiva opção pela mão de obra
possível a construção de interpretações diversas, muitas
livre, em especial a partir de 1831, com a aprovação da lei que
vezes conflitantes.
extinguiu o tráfico de escravos para o Brasil.
b) os interesses britânicos foram os únicos responsáveis
b) a necessidade emergencial de abundante mão de obra para as
pela Guerra do Brasil, como esse conflito é conhecido
atividades agrícolas de São Paulo, a partir de 1850, uniu os
no Paraguai.
proprietários rurais e os burocratas do Império na organização
c) as repúblicas sulamericanas objetivavam destruir o
da entrada de imigrantes oriundos do extremo Oriente.
Império brasileiro, pela ligação deste com os interesses
c) a opção decisiva, por parte dos proprietários, pelo trabalhador
do capitalismo inglês.
imigrante relacionou-se com as dificuldades presentes para a
d) a reunificação do Prata, apoiada pelo Império brasileiro,
obtenção do trabalhador cativo e com a crise na produção agrícola
fez aguçar as tensões diplomáticas com a Argentina e
em regiões com potencial de fornecer mão de obra para o Brasil.
o Uruguai.
d) mesmo reconhecendo o papel central da produção cafeeira nas
e) a maior guerra da América do Sul teve início com
transformações econômicas e políticas na província de São Paulo,
agressão uruguaia ao Paraguai, devido aos acordos
em meados do século XIX, a mão de obra imigrante e livre foi
secretos dessa nação com a Argentina.
usada, inicialmente, na produção de algodão.
22. (FGV-ADM/Out-2010) A Lei Áurea, de 13 de maio de e) a maciça entrada de imigrantes europeus começou no início do
1888, marca o fim da escravidão no Império brasileiro. A século XIX, como uma decorrência imediata das novas condições
lei assinada pela princesa Isabel foi precedida por diversos econômicas geradas pelo início do tráfico interno, que levou a
movimentos e resistências de escravos em diversas partes uma baixa considerável no preço do cativo.
do Brasil.
24. (FGV-ECO/Dez-2010) Dia 2 de dezembro era o dia do aniversário
Com base nessa temática, considere as seguintes afirmações: do imperador. No ano de 1870, D. Pedro II recebeu um presente de
I. Líderes negros, como o advogado Luís da Gama e o grego no dia dos seus anos: um novo jornal começava a circular
jornalista José do Patrocínio, tiveram atuação destacada nesse dia na Corte. Seu título: A República. Nas páginas de seu
na defesa do fim da escravidão no Brasil. primeiro número vinha estampado o Manifesto Republicano... Não
II. Fugas em massa foram estimuladas pelos Caifazes, deve ter sido o melhor dos aniversários de Sua Alteza Imperial.
que encaminhavam ex-escravos para o quilombo do Margarida de Souza Neves e Alda Heizer.
Jabaquara, em São Paulo, e até para o Ceará, onde a A ordem é o progresso: o Brasil de 1870 a 1910, 1991.
escravidão já havia sido abolida.
O manifesto a que o texto se refere:
III. A abolição implementada pela monarquia não previa
medidas que preparassem os ex-escravos para o pleno a) denunciava o endêmico atraso brasileiro, relacionando-o
exercício da cidadania, o que só viria a ser realizado diretamente com a exploração do trabalho compulsório.
pelos governos republicanos a partir de 1889. b) defendia uma organização política federalista para o Brasil, em
contraposição ao centralismo do Império.
Está correto somente o que se afirma em:
c) creditava os males nacionais à insistência da monarquia em
a) I. manter o amplo poder das assembleias provinciais.
b) II. d) apontava para a necessidade da imediata industrialização do
c) III. Brasil, tendo como modelo a experiência francesa.
d) I e II. e) partilhava de concepções próprias dos caudilhos da América
e) I, II e III. Latina, como a defesa da reforma agrária radical.

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História 79

25. (Fuvest-SP/2012) Examine a seguinte tabela: Tomando como referência a lei inglesa do Bill Aberdeen em 1845
e a Lei Eusébio de Queirós, em 1850, as tabelas apresentadas
Número de escravos que

Da senzala à colônia. São Paulo: Unesp, 1998.


Ano sugerem que:

Dados extraídos de Emília Viotti da Costa.


entraram no Brasil
1845 19.453 a) com a lei Eusébio de Queirós, que rompeu todo tipo de
1845 50.325 tráfico de escravos no Brasil, a escravidão foi gradativamente
desaparecendo.
1847 56.172
b) grande parte dos escravos brasileiros no século XIX era
1848 60.000
de negros nascidos no Brasil, o que tornou indiferente à
A tabela apresenta dados que podem ser explicados: escravidão o fim do tráfico africano.
a) pela lei de 1831, que reduziu os impostos sobre os escravos c) as pressões inglesas e o fim do tráfico foram responsáveis
importados da África para o Brasil. pelo crescimento do comércio inter-regional que sustentou
b) pelo descontentamento dos grandes proprietários de terras a escravidão nas áreas de expansão cafeeira.
em meio ao auge da campanha abolicionista no Brasil. d) ocorreu uma redução da chegada de africanos no Brasil
c) pela renovação, em 1844, do Tratado de 1826 com a quando a Inglaterra passou a aprisionar navios negreiros,
Inglaterra, que abriu nova rota de tráfico de escravos entre tornando desnecessária a lei brasileira extinguindo o tráfico.
Brasil e Moçambique. e) para o Brasil, a intromissão inglesa significava um golpe à
d) pelo aumento da demanda por escravos no Brasil, em função sua soberania. Por isso, o governo imperial fechou os olhos
da expansão cafeeira, a despeito da promulgação da Lei ao tráfico de africanos mesmo depois da Lei Eusébio de
Aberdeen, em 1845. Queirós.
e) pela aplicação da Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a
entrada de escravos no Brasil e tributou o tráfico interno. 27. (Unesp/2012) A tabela contém dados extraídos de A Formação
do Capitalismo dependente no Brasil, 1977, de Ladislau
26. (if-ba/2012) Tabelas sobre o tráfico de escravos Dowbor, que se referem ao preço médio de um escravo (sexo
masculino) no Vale do Paraíba.
Escravos importados da África
ano número de escravos Ano Preço (mil réis)
1845 19.463 1835 375
1846 50.354 1845 384
1847 56.172 1855 1.075
Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, pág. 44.

1848 60.000 1865 972


1849 54.000 1875 1.256
S. B. de Holanda, Raízes do Brasil,

1850 23.000
1851 3.287 Indique a alternativa, que pode ser confirmada pelos dados
apresentados na tabela.
1852 700
Total 266.976 a) A comercialização interna de escravos permitiu que os preços
se mantivessem altos na primeira metade do século XIX.
Escravos de outras províncias
vendidos no Rio de Janeiro b) A Lei do Ventre Livre, de 1871, foi a principal responsável
pela diminuição no número de escravos e pela redução
ano número de escravos
dos preços.
1852 4.409
c) A grande imigração, a partir de 1870, aumentou o uso de
S. J. Stein, Grandeza e decadência do café no Vale do Paraíba.

1853 2.090 mão de obra escrava e provocou redução nos preços.


1854 4.418 d) A proibição do tráfico de escravos, em 1850, provocou
1855 3.532 sensível aumento nos preços, pois limitou drasticamente o
ingresso de africanos.
São Paulo: Brasiliense, 1961, pág. 78.

1856 5.006
e) A aplicação da tarifa Alves Branco, em 1844, aumentou os
1857 4.211
impostos de importação, dificultou o tráfico de escravos e
1858 1.993 provocou elevação nos preços.
1859 963
Total 26.622

Joelza Ester Rodrigue. História em documento: imagem e texto.


São Paulo: FTD, 2001, p. 251.

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80 História
28. (Unesp/2012) No século XIX a música brasileira teve 30. (Uff-RJ/2012) Aqui poderia eu concluir este livro, se não tivesse dado o propósito
sua maior expressão na obra de Antonio Carlos Gomes, de contribuir, na medida do possível, para aplacar a febre da imigração. (...) Eu
aclamado uma personalidade musical da corte de dom vos peço, meus amigos, peço-vos encarecidamente e para vosso bem: meditai
Pedro II. A estreia de sua ópera “O Guarani” em 1870 um momento e escutai a voz da razão, deixai que abrande a febre de partir para
nos teatros de Milão e do Rio de Janeiro trouxe-lhe mundos remotos e considerai o passo que ides dar, antes que seja tarde.
reconhecimento internacional. A ópera inspira- se no Thomas Davatz. Memórias de um colono no Brasil (1850).
romance indianista O Guarani, de José de Alencar, Tradução de Sérgio Buarque de Holanda. Martins Fontes/EDUSP, 1972.
publicado em 1857, que narra um triângulo amoroso
entre a jovem Cecília, o índio Pery e o português dom
Na passagem acima, Davatz procura alertar os seus conterrâneos suíços
Álvaro. — e, de certa forma, também as autoridades europeias — para os graves
problemas da emigração para o Brasil, a partir da experiência conhecida
Coleção Folha Grandes Óperas. Carlos Gomes, 2011. Adaptado.
como colônias de parceria.
Assinale a alternativa que se refere corretamente a
O sistema organizado pelo Senador Vergueiro, em meados do século XIX,
fatos ocorridos na história do Brasil no período que
como forma de alternativa à mão de obra escrava, resultou em um grande
se estende de 1850 a 1870.
fracasso, cujas razões podem ser encontradas:
a) A colonização do Brasil ultrapassou os limites
a) no alto custo do transporte, que deveria ser pago pelos próprios colonos
geográficos da linha de Tordesilhas, provocando
e pela coexistência do trabalho do imigrante com o braço escravo,
conflitos permanentes entre as metrópoles
interferindo diretamente nas relações com os proprietários.
portuguesa e espanhola.
b) na desqualificação do trabalhador imigrante, que era desempregado nas
b) A incorporação do território do Acre pelo Estado
cidades europeias e pouco afeito ao trabalho na agricultura, compondo
brasileiro promoveu um desenvolvimento
um grupo marginal, que causou muitos problemas.
econômico na região da bacia do rio Amazonas.
c) no desvio dos recursos destinados pelo governo imperial para cobrir
c) O fim do tráfico de escravos da África para o
os custos das viagens dos colonos, implicando a necessidade de os
Brasil aumentou o investimento de capital inglês
proprietários arcarem com todas as despesas, tomando o café produzido
que serviu para fomentar a modernização e o
muito caro.
crescimento urbano do Rio de Janeiro.
d) na pobreza das terras da fazenda Ibicaba, escolhida como laboratório
d) Com a proibição do tráfico de escravos, o governo
para a experiência, o que exigia um grande esforço dos trabalhadores
imperial adotou uma série de medidas para facilitar
e resultava em baixa produção de café, tomando muito dispendioso o
o acesso da população brasileira à propriedade da
empreendimento.
terra.
e) na pouca oferta de mão de obra imigrante, pois o crescimento da economia
e) Em São Paulo, a produção do café continuou
europeia, no período, absorvia um grande número de trabalhadores, com
restrita à faixa litorânea e ao vale do rio Paraíba,
altos salários, havendo pouco interesse dos europeus em se mudarem
regiões favorecidas pela fertilidade da terra roxa.
para a América.
29. (Ue-pi/2012) As novas exigências do Capitalismo
que atingiram o Brasil, a partir da segunda metade 31. (Unicamp-SP/2011) O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado
do século XIX, se deram em consonância com em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não se perguntava sobre a
transformações socioculturais, políticas e econômicas. cor da população. O censo de 1872, ao inserir essa informação, indica uma
Considerando-se essa afirmativa, é correto admitir mudança, orientada por um entendimento do conceito de raça que ancorava
que essas transformações corresponderam, entre a cor em um suporte pretensamente mais rígido. Com a crise da escravidão e
outras: do regime monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares da distinção
social, a cor e a raça tornavam-se necessárias.
a) à ascensão republicana ao poder político, Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, marcas e falas:
possibilitando o fortalecimento dos setores sentidos da mestiçagem no Império do Brasil. Arquivo Nacional, 2003.
militares e agrários relacionados à agroindústria
açucareira do Nordeste. A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso político na maneira
b) ao advento da República no Brasil, que trouxe um de classificar a população, já que:
período de paz social em contrapartida ao anterior, a) o conceito de raça permitia classificar a população a partir de um critério
de intensa participação popular no combate ao mais objetivo do que a cor, garantindo mais exatidão nas informações, o
monarca. que era necessário em um momento de transição para um novo regime.
c) ao aparecimento de diferentes camadas urbanas, b) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da distinção social
ao fim do escravismo, à utilização do trabalho era causado pelo fim da escravidão. Nesse contexto, ao perguntar sobre a
livre e à ascensão da burguesia agrária ligada aos raça da população, o censo permitiria a elaboração de políticas públicas
novos polos econômicos. visando à inclusão social dos ex-escravos.
d) à criação pelo Estado brasileiro das Companhias c) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a uma concepção,
de Comércio, por meio das quais o Brasil passou cada vez mais difundida após 1870, que propunha a organização e o
a ocupar um papel de relevo nas Câmaras governo da sociedade a partir de critérios objetivos e científicos, o que
Internacionais. levaria a uma maior igualdade social.
e) à associação de empresários brasileiros com d) no final do Império, a associação entre a cor da pele e o conceito de raça
investidores franceses, do que resultou a criava um novo critério de exclusão social, capaz de substituir as formas
construção das estradas de ferro ligando as cidades de distinção que eram próprias da sociedade escravista e monárquica em
interioranas do Norte. crise.

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História 81

32. (Ue-rj/2012) 34. (Unicamp-SP/2012) A política do Império do Brasil em relação ao


Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi o de obter
a livre navegação do rio Paraguai, de modo a garantir a comunicação
marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do Brasil.
O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando
as fronteiras com o país guarani. Por último, um objetivo permanente
do Império, até o seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência
argentina sobre o Paraguai, convencido de que Buenos Aires ambicionava
ser o centro de um Estado que abrangesse o antigo vice-reino do Rio da
Prata, incorporando o Paraguai.
Adaptado de Francisco Doratioto,
Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai.
Sobre esse contexto histórico, é correto afirmar que:
a) A Guerra do Paraguai foi um instrumento de consolidação de
fronteiras e uma demonstração da política externa do Império
Diversas experiências históricas da sociedade brasileira em relação aos vizinhos, embora tenha gerado desgastes para
interferiram nas variações dos fluxos imigratórios nos Pedro II.
séculos XIX e XX. Para o período situado entre 1880 b) As motivações econômicas eram suficientes para empreender
e 1899, a variação indicada no gráfico associou-se ao a guerra contra o Paraguai, que pretendia anexar territórios do
seguinte fator: Brasil, da Bolívia e do Chile, em busca de uma saída para o mar.
c) A Argentina pretendia anexar o Paraguai e o Uruguai, mas foi
a) expansão cafeeira contida pela interferência do Brasil e pela pressão dos EUA,
b) crise da monarquia parceiros estratégicos que se opunham à recriação do vice-reino
c) abolição da escravidão do Rio da Prata.
d) modernização industrial d) O mais longo conflito bélico da América do Sul matou milhares
de paraguaios e produziu uma aliança entre indígenas e negros
que atuavam contra os brancos descendentes de espanhóis e
33. (Uf-rs/2011) Considere o enunciado abaixo e as portugueses.
propostas para completá-lo.
Durante o século XIX, as relações entre Brasil e Inglaterra 35. (if-ba/2012)
foram marcadas por diversos momentos de tensão. A
denominada Questão Christie levaria ao rompimento Publicado em 1865
diplomático entre os dois países em 1863. como propaganda
da guerra do
Entre as causas que motivaram o desgaste e a ruptura
Paraguai, o cartaz
diplomática, podemos citar:
ao lado reflete a
1. a negativa de renovação dos tratados comerciais que defesa do conflito
beneficiavam a Inglaterra. por membros da
2. a manutenção das relações econômicas com os Estados elite intelectual,
Unidos. que apresentava,
entre outros, o
3. a participação brasileira na intervenção contra o
argumento de que
governo colorado no Uruguai.
o presidente do
4. o naufrágio do navio inglês Prince of Wales no litoral Paraguai, Solano
do Rio Grande do Sul. Lopes:
Quais propostas estão corretas?
a) Apenas 1.
b) Apenas 2. Quem não é pelo Brasil, é contra o Brasil.
c) Apenas 1 e 3. a) ameaçou a soberania brasileira ao tentar incorporar territórios na
d) Apenas 1 e 4. região nordeste do país.
e) Apenas 2, 3 e 4. b) criou a Confederação do Prata, aliando-se à Argentina e ao Uruguai
contra os interesses econômicos do Brasil.
c) rompeu as relações comerciais com o Brasil, prejudicando a
exportação brasileira, que dependia do mercado paraguaio.
d) invadiu e conquistou áreas territoriais brasileiras na região do
Mato Grosso, para garantir a construção do Grande Paraguai.
e) estabeleceu regras para assegurar a livre navegação na bacia do
Prata, que prejudicavam o monopólio brasileiro na região.

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82 História

36. (Unesp/2011) A Guerra do Paraguai (1864-1870) 38. (Upe-PE/2012) Analise a charge a seguir.
foi definida, por alguns historiadores, como
um momento de apogeu do Império brasileiro.
Outros preferiram considerá-la como uma
demonstração de seu declínio.
Tal discordância se justifica porque o conflito
sul-americano:
a) estabeleceu pleno domínio militar brasileiro
na região do Prata, mas provocou grave crise
financeira no Brasil.
b) abriu o mercado paraguaio para as manufaturas
brasileiras, mas não evitou a entrada no
Paraguai de mercadorias contrabandeadas.
c) freou o crescimento econômico dos países
vizinhos, mas permitiu o aumento da
influência americana na região. A charge de Bordallo Pinheiro, publicada em 1875, mostra o imperador
d) ajudou a profissionalizar e politizar o Exército D. Pedro II sendo castigado pelo Papa em clara alusão à chamada questão
brasileiro, mas contribuiu na difusão, entre religiosa. Sobre esse episódio do final do regime monárquico no Brasil, é
suas lideranças, do abolicionismo. correto afirmar que:
e) fez do imperador brasileiro um líder
a) a tensão entre Estado e Igreja não contribuiu para a crise da monarquia
continental, mas gerou a morte de milhares
no Brasil.
de soldados brasileiros.
b) a origem da questão foi a não determinação de expulsão de maçons das
irmandades religiosas por D. Pedro II, descumprindo determinação papal.
37. (Ue-pi/2012) Vez por outra, nos defrontamos com
c) apesar da opinião pública contrária, o imperador manteve na prisão,
notícias sobre a escravização de trabalhadores/
até o cumprimento total da pena, os dois bispos por não acatarem suas
as em diversas regiões do Brasil, prática coibida
determinações.
pelo Direito e pela Justiça. Mas nem sempre foi
d) na província de Pernambuco, as determinações de D. Pedro II foram postas
assim.
em prática pelo bispo de Olinda.
A escravidão como sistema de trabalho legal e) após o incidente, a Igreja passou a condenar oficialmente a prática da
no Brasil apenas extinguiu-se em 1888, pela escravidão negra no Brasil.
promulgação da Lei Áurea, embora o processo
de libertação dos escravos tenha sido também 39. (Unesp/2011) “Confeitaria do Custódio”. Muita gente certamente lhe não
pontuado por outras leis, como: conhecia a casa por outra designação. Um nome, o próprio nome do dono,
a) a Lei do Ventre Livre, de 1871, que libertava não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada
os filhos de escravos nascidos no Brasil a partir que chamasse a atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse
daquela data, e pela qual se obrigava também em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietário
o proprietário a sustentá-los até os oitos anos e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma
de idade. coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em vez de Império,
b) a Lei dos Sexagenários, que obrigava os mas as revoluções trazem sempre despesas.
proprietários a libertar, de imediato, aqueles Machado de Assis. Esaú e Jacó. Obra Completa, 1904.
escravos que tivessem sessenta ou mais O fragmento, extraído do romance Esaú e Jacó, narra a desventura de
anos de idade, recebendo, para tanto, uma Custódio, dono de uma confeitaria no Rio de Janeiro, que, às vésperas da
indenização. proclamação da República, mandou fazer uma placa com o nome “Confeitaria
c) a Lei Saraiva Cotegipe, que extinguia o tráfico do Império” e agora temia desagradar ao novo regime.
negreiro, tanto ao nível internacional como
A ironia com que as dúvidas de Custódio são narradas representa o:
entre as províncias brasileiras, favorecendo
a contratação de trabalhadores livres. a) desconsolo popular com o fim da monarquia e a queda do imperador, uma
d) a Lei de Terras, de 1850, pela qual o governo personagem política idolatrada.
imperial distribuiu entre ex-escravos lotes b) respaldo da sociedade com que a proclamação da República contou e que
de terras devolutas para o cultivo do café na a transformou numa revolução social.
região do Parnaíba do Sul. c) alheamento de parte da sociedade brasileira diante do conteúdo ideológico
e) a Lei Eusébio de Queirós, que obrigava os da mudança política.
proprietários a prover o sustento dos seus d) reconhecimento, pelos cidadãos brasileiros, da ampliação dos direitos de
ex-escravos maiores de sessenta e cinco anos. cidadania trazidos pela República.
e) impacto profundo da transformação política no cotidiano da população,
que imediatamente apoiou o novo regime.

CPV hibext4
História 83

40. (Cesgranrio-RJ/2011) Após a análise criteriosa do quadro a exercícios discursivos


seguir, relativo à balança comercial do Império brasileiro,
conclui-se que: 42. Programa da Revolução Praieira:
Balança de Comércio do Brasil (1845-1889) a) Voto livre e universal do povo brasileiro.
375 b) A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos
Milhares de contos de réis

350
325 por meio da imprensa.
300 c) O trabalho, como garantia da vida para o cidadão brasileiro.
d) O comércio a retalho só para cidadãos brasileiros.
275
250
225 e) A inteira e efetiva independência dos poderes constituídos.
200
175
f) A extinção do Poder Moderador e do direito de agraciar.
150 g) O elemento federal na nova organização.
125
100
h) Completa reforma do Poder Judicial, em ordem a segurar
75 as garantias dos direitos individuais dos cidadãos.
50
0
i) Extinção da lei do juro convencional.
1845 1850 1855 1860 1865 1870 1875 1880 1885 1890
j) Extinção do atual sistema de recrutamento.
Deficit Superavit Importação Exportação
Quais ideias contidas no programa acima aproximam a
a) a queda nas exportações no final do século XIX pode ser Revolução Praieira das revoluções ocorridas na Europa no
explicada pela recente extinção do tráfico escravo. mesmo período?
b) o crescimento das exportações de café, principal produto
da economia brasileira na época, foi o responsável pelo 43. (FUVEST-SP) A partir de 1867, a rede ferroviária paulista
constante superavit da balança comercial entre 1860 e 1880. desenvolveu-se consideravelmente. Explique:
c) o crescimento contínuo das importações pode ser explicado a) a importância da construção da São Paulo Railway
pelo decreto de 1844, que estabeleceu as Tarifas Alves (E. F. Santos-Jundiaí) nesse processo.
Branco, favorecendo a entrada de produtos estrangeiros a b) o papel desempenhado pelas ferrovias nas chamadas zonas
baixos preços. novas ou pioneiras.
d) o equilíbrio da balança comercial na primeira década deve-se
ao aumento das exportações de bens de produção. 44. (FUVEST-SP) “Então, senhor Barão, ganhei ou não ganhei a
e) os períodos em que a balança comercial apresentou deficit partida?”
correspondem a momentos de rebeliões internas, durante as
quais os investimentos na produção eram desviados para a Perguntou, no próprio 13 de maio, a Princesa Isabel ao seu
indústria bélica. ministro Cotegipe, que lhe respondeu:
“Ganhou a partida, mas perdeu o trono”.
41. (Uem-PR/2012) Sobre o movimento republicano no Brasil
Explique esse diálogo e estabeleça a relação entre os fatos nele
durante o Segundo Reinado, assinale a(s) alternativa(s)
implícitos.
correta(s).

01. Do movimento republicano participaram somente lideranças 45. (Uff-RJ/2012)


civis, como Benjamin Constant e Deodoro da Fonseca.
02. As ideias republicanas se fortaleceram a partir de 1880 com
as pressões diplomáticas da Argentina e dos Estados Unidos
a favor do regime republicano.
04. A chamada “questão militar” iniciou-se como um mero
problema disciplinar, porém mostrava o descontentamento
de setores do Exército com o governo imperial.
08. A filosofia positivista exerceu forte influência no movimento
republicano. O lema “Ordem e Progresso” inscrito na Estação central da Estrada de Ferro
bandeira brasileira expressa essa influência. Central do Brasil, Marc Ferrez, (1870).
16. O movimento republicano ganhou força na década de A inauguração da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil
1850, com a fundação de partidos republicanos em todas em 1870 simboliza uma aparente contradição: o Brasil era um
as províncias do País. país escravocrata ao mesmo tempo que buscava instalar as novas
e modernas máquinas e tecnologias oriundas da Revolução
Industrial. O trem era, assim, o símbolo da modernização.
A partir dessa afirmação, discuta a importância da estrada de
ferro na manutenção das relações escravistas na economia
brasileira do século XIX.

hibext4 CPV
84 História
46. (Uf-pr/2012) O encerramento definitivo do tráfico de escravos a) Com base na tabela, compare a forma de inserção dos
em 1850 coincidiu com a ascensão e prosperidade da economia imigrantes e dos brasileiros no mercado de trabalho paulista
cafeeira, a qual então se expandia principalmente nas províncias daquele momento.
de São Paulo e do Rio de Janeiro. b) Diferencie as políticas imigratórias adotadas pelo Segundo
Discuta a relação entre escravidão e expansão da cultura do café Império (1840-1889) para o Sul e para o Sudeste do Brasil.
nessa nova conjuntura, marcada pelo tráfico interno de cativos
e por projetos de estímulo à imigração europeia. 49. (Uf-mg/2011) A tabela apresenta dados concernentes à
imigração no Império, segundo o Censo de 1872:
47. (Unicamp-SP/2011) Em 1869, o deputado Bento de Paula População estrangeira livre:
Souza discursou na Assembleia Legislativa da Província de São número de homens em cada 100 mulheres
Paulo em defesa da imigração: “Nós queremos os americanos
Estrangeiros livres
como paulistas novos, como paulistas adotivos, homens Província
prestimosos, que escolham a província como sua nova pátria, Homens Mulheres Razão
e queremos os alemães como trabalhadores, como homens Alagoas 978 363 269,4
produtivos, que venham aqui habitar. Tanto uns como outros, Amazonas 1.760 426 413,1
os receberemos com o mesmo entusiasmo”.
Bahia 7.896 4.411 179,0
Adaptado de Célia Maria Marinho de Azevedo,
Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. Espírito Santo 1.417 512 276,8
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 145.
Maranhão 2.529 968 261,3
a) Caracterize o contexto internacional que permitia ao deputado Mato Grosso 924 254 363,8
paulista esperar uma imigração de norte-americanos.
Minas Gerais 14.518 3.997 363,2
b) Aponte duas características da imigração para o Sul do Brasil
que a diferenciem da imigração para a província de São Paulo. Pará 5.224 753 693,8
Paraíba 493 165 298,8
48. (Uf-rj/2011)
Paraná 2.080 809 257,1
População livre segundo a profissão, Pernambuco 8.022 2.314 346,7
Província de São Paulo – 1872
Rio de Janeiro 85.971 25.724 334,2
Brasileiros Estrangeiros
Rio Grande do Sul 24.980 11.478 217,6
Profissão % %
Santa Catarina 8.357 6.489 128,8
Profissionais liberais 3.331 0,5 265 1,6
São Paulo 11.831 4.736 249,8
Artistas 4.118 0,6 323 1,9
Luiz Felipe de Alencastro (Org.). História da Vida Privada no Brasil.
Capitalistas proprietários 1.898 0,3 192 1,2 São Paulo: Companhia das Letras, 1997. v.2, p. 482. (Adaptado)
Manufatureiros e fabricantes 1.334 0,2 291 1,8 Com base nessas informações e considerando outros
Comerciantes, guarda-livros 7.846 1,2 1.909 11,5 conhecimentos sobre o assunto,
e caixeiros
1. Cite e analise um fator responsável por atrair imigrantes
Profissões manufatureiras 46.611 7,0 2.653 16,0 para a:
e mecânicas
a) Região Norte
Profissões agrícolas 232.965 35,1 4.973 30,0
Fator:
Criados e jornaleiros 24.570 3,7 1.815 11,0 Análise:
Serviços domésticos 83.383 12,5 1.861 11,2 b) Região Sul
Outras profissões 1.790 0,3 101 0,6 Fator:
Sem profissão 256.329 38,6 2.184 13,2 Análise:
TOTAL 664.175 100,0 16.567 100,0 2. As características do conjunto de atividades de exploração
Adaptado do Atlas da Imigração Internacional em São Paulo (1850-1950), UNESP.
da terra que, nessa época, atraiu imigrantes para o Norte e
para o Sul do país determinaram a forma de ocupação dessas
Na virada do século XIX para o XX, o Brasil recebeu um imenso duas regiões.
contingente de populações da Europa e, em menor número, da Considerando todas as informações dadas e outros
Ásia, e boa parte deste contingente se estabeleceu na região conhecimentos sobre o assunto, caracterize o perfil do
paulista. No censo de 1872, a presença de estrangeiros já se imigrante que predominou nessas regiões, relacionando-o
manifesta, ainda que com números bem mais modestos do que às formas de ocupação e exploração da terra em cada uma
se verá posteriormente. delas.
De todo modo, nesse censo já há indicações das transformações Norte:
que se anunciam, como é o caso daquelas ocorridas no mercado
de trabalho (conforme a tabela acima). Sul:

CPV hibext4
História 85

50. (Uel-PR/2012) Observe as imagens publicadas, durante 51. (Unb-DF/2012) O ano de 1870 é um marco na história do império.
a Guerra do Paraguai, pelo jornal paraguaio El Centinela No primeiro dia de março, a morte de Solano López em batalha
e pela revista ilustrada brasileira Vida Fluminense, e satisfaz a vontade de Pedro II e encerra a sangria material, humana
leia os textos. e moral da longa guerra contra o Paraguai. Vitoriosa nos campos
de batalha, a monarquia, na Era dos impérios, está exangue.
El Centinela, 3, 09/05/1867 Doravante, defrontar-se-á com questões, tendências, forças sociais,
políticas e ideológicas que, avolumando-se, precipitarão o 15 de
novembro de 1889.
Keila Grinberg e Ricardo Salles (Orgs.). O Brasil imperial (volume III: 1870-1889).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 11.
Considerando o fragmento de texto acima como referência inicial,
indique os principais acontecimentos que levaram ao colapso final
do regime monárquico brasileiro e à implantação da República.

T- E que fazem aqui esses três? 52. (Fuvest-SP/2011) Observe os dois quadros a seguir.
C- É o Imperador do Brasil, o Visconde de Tamandaré
e o Marechal Polidoro que estão em conferência secreta
sobre a Guerra do Paraguai.
André Toral. Imagens em desordem:
a iconografia da Guerra do Paraguai (1864-1870).
São Paulo: Humanitas / FFLCH-USP, p.184. (Adaptado)

Vida Fluminense, 58, 06/02/1869


Combate naval do Riachuelo, Victor Meirelles de Lima (1882-1883).

Notícias do Sul

Tendo dado cabo de tudo quanto havia de bípedes


no Paraguai, o El Supremo, que tem muita paciência
acha ainda meio de reorganizar um novo exército de
quadrúpedes, a quem faz [...] proclamação [...] à qual
os soldados entusiasmados respondem: Au! Au! Au!
Miau! Au!
Miau!
André Toral. Imagens em desordem: A Destruição causada pela Guerra,
a iconografia da Guerra do Paraguai (1864-1870). Juan Manuel Blanes (1880).
São Paulo: Humanitas / FFLCH-USP, p.181. (Adaptado) As pinturas se referem à chamada Guerra da Tríplice Aliança (ou
Guerra do Paraguai), ocorrida na América do Sul entre 1864 e 1870.
Considerando as imagens, os textos e os conhecimentos
sobre o tema. a) Esses quadros foram pintados cerca de dez anos depois de
terminada a Guerra do Paraguai, o da esquerda, por um brasileiro,
a) Apresente uma síntese fundamentada sobre a Guerra o da direita, por um uruguaio.
do Paraguai. Analise como cada um desses quadros procura construir uma
b) Analise o papel desempenhado pela imprensa nesse determinada visão do conflito.
conflito. b) A Guerra do Paraguai foi antecedida por vários conflitos na região
do Rio da Prata, que coincidiram e se relacionaram com o processo
de construção dos Estados nacionais na região.
Indique um desses conflitos, relacionando-o com tal processo.

hibext4 CPV
86 História

exercícicios resolvidos

A. (FGV) Observe o quadro estatístico ao lado e estabeleça algumas


conclusões sobre as tendências nele representadas.

Com esses elementos e com o conhecimento histórico do Império


Brasileiro até meados do século XIX, responda as questões.

a) Em termos gerais, qual era a situação da economia brasileira


da época e como pode ser explicada a tendência predominante
até o ano de 1850, representada no quadro?
Resolução: O período tratado refere-se à expansão da cafeicultura pelo Vale do Paraíba e Oeste Paulista, época em que o Brasil conheceu
uma condição superavitária na Balança Comercial. Nesse momento, a entrada de mão de obra escrava de origem africana se intensificou
até 1850, quando o Brasil abandonou o tráfico negreiro internacional.

b) Que eventos da política externa e interna do Império Brasileiro explicam os dados referentes aos anos de 1850-1851?
Resolução: A queda vertiginosa da entrada de escravos africanos no Brasil deve-se à pressão inglesa decorrente do Bill Aberdeen (1845)
e, internamente, à adesão do Brasil às exigências britânicas, com a Lei Eusébio de Queiros (1850).

c) Em termos do principal produto da economia brasileira da época, que mudanças imediatas e de longo prazo ocorreram a
partir dos anos de 1850-1851?
Resolução: No primeiro momento, a lavoura cafeeira buscou substituir o tráfico negreiro internacional pelo tráfico interprovincial,
transferindo o trabalho compulsório das áreas econômicas em declínio para as frente agrícolas em expansão. No segundo momento,
estimulou-se a imigração europeia, com vistos à utilização do trabalho livre, principalmente no Oeste Paulista.

B. (FGV) Os gráficos a seguir apresentados servem para explicar aspectos dos problemas da mão de obra na economia brasileira
do Segundo Império e do início do período republicano. Depois de analisá-los, responda as questões.
Gráfico 1 Gráfico 2
História do Brasil, Roberson de Oliveira, página 168.

História do Brasil, Roberson de Oliveira, página 169.


Relatório da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (1901).
Relatórios da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo (1901 e 1917).

a) Que fatos fundamentais explicam o crescimento da imigração de trabalhadores europeus logo depois de 1850?
Resolução: A primeira metade do século XIX foi marcada pelos esforços britânicos pelo fim do tráfico negreiro. Em 1845, o Parlamento
inglês decretou a Bill Aberdeen; essa lei, que valeria para o espaço marítimo mundial, autorizava a prisão de tripulantes e o confisco de
navios e cargas ligadas ao tráfico. Pressionadas pelas dificuldades para a importação da mão de obra escrava, as autoridades imperiais
aprovaram a Lei Eusébio de Queiros, extinguindo o tráfico em 1850. Essa nova realidade abriu a possibilidade para o aumento do fluxo
migratório para o Brasil.

b) Explique a experiência de trabalho agrícola que foi realizada com os trabalhadores europeus que vieram para a província
de São Paulo no início da década de 1850 e analise seus resultados.
Resolução: A organização do trabalho com base na mão de obra europeia caracterizou-se pela imigração de contrato, que submetia o
trabalhador ao sistema de parceria e configurava a superexploração e o consequente ciclo de endividamento para com o proprietário de
terras. Já a chamada imigração subsidiada deu origem ao colonato que, mantendo o trabalhador excessivamente dependente do fazendeiro,
impedia a acumulação necessária para a compra de terras e a formação da pequena propriedade.

c) Por que e como a imigração foi retomada e quais os resultados dessa nova fase para a cafeicultura e para o desenvolvimento
da sociedade brasileira em geral? (ver Gráfico 2)
Resolução: O gráfico demonstra taxas elevadas de entrada de imigrantes no país, principalmente a partir de 1888, data da abolição
da escravatura no Brasil e período de considerável expansão da cafeicultura, sobretudo no Oeste Paulista. No plano externo, podemos
apontar as consequências do processo de unificação na Itália, que impulsionou a saída maciça de trabalhadores em busca de emprego e
melhores condições na América.

CPV hibext4
História 87

gabarito

O Período Regencial 27. 01. Verdadeira: proclamada a independência em São Paulo, no 7 de


setembro, houve resistência de grupos lusitanos em diversas províncias
01. A 02. B 03. A 04. B 05. A 06. B 07. D do país. Na Bahia, a expulsão definitiva dos militares portugueses ocorreu
08. C 09. A 10. D 11. E 12. D 13. C 14. C em 2 de julho de 1823.
15. D 16. C 17. A 18. C 19. A 02. Falsa: o despotismo é uma referência ao domínio português sobre o
20. 04 + 08 = 12 Brasil
A Cabanagem foi uma rebelião que ocorreu na província do Pará, entre 1835 04. Verdadeira: pode ser considerada verdadeira, porém, destaca-se a
e 1840. independência política do Brasil, sem alterações substanciais nas estruturas
A Sabinada foi um movimento baiano, ocorrido entre 1837 e 1838, que socioeconômicas.
chegou a defender um separatismo provisório. 08. Verdadeira: no período de 1821 a 1822, marcado pelo retorno de
A Guerra dos Farrapos (1835-45) teve caráter separatista e republicano e D. João VI a Portugal, as Cortes Portuguesas pretenderam recolonizar o
foi comandada pelos pecuaristas gaúchos, com a adesão de populações e Brasil
proprietários catarinenses. 16. Falsa: a expressão é uma referência aos portugueses que controlavam o
Considera-se o período regencial como de consolidação do Estado nacional Brasil
devido à abdicação de D. Pedro I e ao fim da ameaça de recolonização. 32. Verdadeira: afirmação genérica, que pode ser analisada a partir de
A Balaiada envolveu as elites, mas, principalmente, setores populares, e qualquer momento da História, como o Estado Novo e o Governo
esteve restrita ao Maranhão. Militar, períodos ditatoriais.
21. Estabeleceu a ordem da classe dominante e reprimiu as Revoltas Liberais. 64. Falsa: o movimento baiano que consolidou a Independência contou com
22. Criou a Regência Una e ampliou a autonomia provincial, como queriam os grande participação popular.
liberais.
23. O Ato Adicional era a conciliação dos interesses das facções políticas: O Segundo Reinado
estabeleceu a vitaliciedade do Senado e conservou o Poder Moderador,
satisfazendo assim os restauradores; deu maior poder aos moderados para 01. A 02. D 03. B 04. A 05. A 06. C 07. B
conter as revoltas em território nacional; acalmou exaltados que queriam a 08. C 09. A 10. D 11. A 12. A 13. D 14. A
descentralização do poder e deu às províncias o direito de ter seu próprio 15. D 16. D 17. E 18. E 19. C 20. C 21. A
legislativo — este poder das Assembleias Provinciais era aparente, pois 22. D 23. C 24. B 25. D 26. C 27. D 28. C
continuavam subordinadas aos presidentes das províncias, que eram nomeados 29. C 30. A 31. D 32. C 33. D 34. A 35. D
pelo poder central. O Ato Adicional, determinando eleições periódicas para 36. D 37. A 38. B 39. C 40. B
Regente Uno, fez com que os brasileiros vivessem, pela 1a vez, uma espécie 41. 04 + 08 = 12
de “experiência republicana”. As lideranças citadas na primeira afirmação são militares. Tanto militares
24. Foi a única saída para o caos político que havia se instalado no Período quanto civis se destacaram no movimento republicano. A “Questão Militar”
Regencial. A falta de autoridade das Regências e o temor da divisão e da representou um problema para o governou imperial, na medida em que
radicalização reuniram vários setores em torno da ideia de antecipar a posse deixou clara a oposição da maioria do exército ao governo centralizador de
de D. Pedro. D. Pedro II. Os militares foram fortemente influenciados pelo Positivismo
25. Uma das propostas: do francês Augusto Comte, com um discurso modernizador.
● defesa do federalismo; 42. A ideia de liberdade contra o Absolutismo.
● abolição da escravidão; 43. Visavam ligar as zonas produtoras de café ao porto escoador para a exportação.
● possibilidade de separatismo; Nessa empreitada foi significativa a presença do capital inglês na construção
● defesa do regime republicano; das primeiras ferrovias brasileiras.
● revisão da política tributária imperial relativa ao charque sulino. 44. Com a Abolição, o Império perdeu um dos últimos aliados escravagistas
Os farroupilhas criticavam a monarquia e principalmente sua política das regiões produtoras de café em decadência.
centralizadora e unitarista, ameaçando a integridade territorial da nação e o 45. É possível perceber a redução dos custos de transportes propiciada pela
ideal de unidade estabelecido pela Constituição de 1824. instalação dos ramais ferroviários entre as regiões produtoras de café e o
A principal ameaça da rebelião gaúcha era o separatismo, que romperia a porto, mesmo porque, grande parte dos investimentos foi realizada pelo
integridade do Império, do ponto de vista político e territorial. A Revolução Estado em associação ao capital inglês, desonerando o produtor. Ainda
Farroupilha iniciou-se no período regencial, marcado pela reorganização do deverá destacar que a ferrovia possibilitou a concentração de mão de obra
Estado brasileiro e por lutas que ameaçavam a estrutura tradicional de poder escrava diretamente na produção cafeeira, força de trabalho antes, também,
e encerrou-se durante o Segundo Reinado, após forte repressão, mas com utilizada no transporte do produto até as zonas portuárias.
a preocupação de reconciliação, como se depreende do discurso de Duque 46. Desde os primórdios da história do Brasil, o trabalho na terra foi realizado por
de Caxias. escravos, em uma estrutura que envolvia não apenas os latifundiários, mas
26. Correto. Considerando que a base da religião é o Corão e que essa obra um setor importante — parte dele português — envolvido no lucrativo tráfico
é escrita em língua árabe e não era traduzida, os convertidos de qualquer africano. As pressões inglesas contra o tráfico aumentaram numa época de
região acabavam forçados a aprender o árabe. Isso explica o fato de expansão da cafeicultura, portanto, de maior necessidade de trabalhadores.
diversos povos africanos conhecerem essa língua, pois desde o século VII Para contornar tal situação, desenvolveu-se o tráfico interno, com latifundiários
houve um processo de islamização em diferentes regiões do continente. nordestinos vendendo seus escravos para os latifundiários de São Paulo e Rio
O conflito citado foi uma das rebeliões do período regencial, ocorrida em de Janeiro. Ao mesmo tempo, o governo deu créditos e estimulou a vinda
1835 e massacrada pelo governo. de famílias de imigrantes para trabalhar na lavoura de café como colonos
livres, num primeiro momento, utilizando-se do “sistema de parceria”.

hibext4 CPV
88 História

47. a) Os Estados Unidos viviam os efeitos iniciais do pós Guerra de Secessão, 50. a) Na abordagem da Guerra do Paraguai, o candidato pode adotar as
terminada em 1865 com a derrota dos latifundiários sulistas, forçados a tradicionais linhagens interpretativas existentes na historiografia e
abolir a escravidão definitivamente. Muitos proprietários rurais faliram reproduzida nos livros didáticos: a mais conservadora, que trata do
durante ou após a guerra e os estados do sul sofreram intervenção do Paraguai como responsável pela guerra, uma vez que a provocou, contra
governo central. o governo imperial brasileiro; uma outra que vai primar pela apresentação
b) Note que o texto não faz referência à imigração para o sul do país. da guerra como decorrência das relações imperialistas, fazendo da
No mesmo contexto, áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina aliança apenas uma marionete das intenções inglesas de sufocar o
foram povoadas a partir do incentivo governamental, com o propósito desenvolvimento autônomo do Paraguai. A chave desta interpretação é a
de consolidar a ocupação daquelas regiões — antes e depois da Guerra ideia de Imperialismo Inglês, decorrente das interpretações marcadamente
do Paraguai. Tal povoamento foi realizado com a concessão de terras marxistas elaboradas nos anos 80 e 90 do século XX. Uma terceira
às famílias de imigrantes, que se tornaram pequenos proprietários, num linhagem interpretativa é mais contemporânea e procura analisar temas
processo diferente do que ocorria no restante do país, onde o imigrante caros à linhagem mais conservadora, que dizem respeito aos problemas
era praticamente proibido de se tornar proprietário. de fronteiras, às complexas relações políticas no cone sul entre os países
48. a) Identifica-se maior presença de estrangeiros nas atividades manufatureiras protagonistas da guerra e à problemática da formação nacional destes.
e industriais, portanto mais especializadas, enquanto que os brasileiros Mais do que uma verdade histórica, o que interessa é a fundamentação
predominam nas atividades agrícolas. Destaca-se ainda o fato de que e a coerência da argumentação elaborada.
entre os brasileiros prevalece uma porcentagem bem maior de indivíduos b) É importante destacar que a “liberdade de imprensa” é um elemento
sem profissão, o que não ocorre na população de estrangeiros. fundamental na caracterização dos regimes políticos. Quanto mais
b) Deve-se considerar os seguintes elementos: No sul havia a possibilidade livre é a imprensa, mais democrático é o país. Por outro lado, esta
de o imigrante adquirir parcelas de terras, o que possibilitava o liberdade não é absoluta. Se, no século XIX, a considerar-se os textos
empreendimento rural com maior autonomia; além disso, incentivava a em questão, há uma maior liberdade de imprensa, mesmo em situações
agricultura de alimentos (visando o abastecimento do mercado interno) de guerra, em países regidos por constituições liberais, como o Brasil,
e a ocupação de terras no interior. No sudeste, principalmente em São isto não é norma geral. De fato, mesmo em países mais livres no mundo
Paulo, por outro lado, os imigrantes eram dirigidos majoritariamente contemporâneo, a liberdade de imprensa é limitada quer por interesses
para as plantações agroexportadoras e na condição de colonos e de ligados ao regime, quer por necessidade de sobrevivência econômica
trabalhadores livres rurais. ou por motivações ideológicas. Esses limites se tornam mais claros e
Comentário: contundentes em situações de guerra. Nestas situações, muitas vezes, a
Ao contrário da visão tradicional, de que o imigrante chegou ao país para imprensa se torna uma arma que atua através da propaganda de guerra
trabalhar na lavoura de café, a tabela destaca número significativo em (é o caso da mídia impressa, televisiva e mesmo do cinema) de modo a
mobilizar a sociedade em torno de um esforço de guerra. O candidato
atividades urbanas, permitindo vislumbrar a formação de uma futura classe
deve exemplificar, a partir dos textos e das imagens, esta situação nos
operária, essencialmente com trabalhadores italianos. O fato de brasileiros
séculos XIX e XX.
em maior número “não ter profissão” se justifica pelo elevado número de
51. O texto permite compreender a crise do Império no Brasil a partir de um
trabalhadores braçais sem qualificação atuando no campo.
conjunto de problemas evidenciados após a Guerra do Paraguai. Três grandes
A chegada de imigrantes na região sul, em áreas do interior precedeu a São
problemas se destacam:
Paulo. Havia a preocupação do governo de D Pedro II em ocupar as terras
1) a “questão militar”, percebida pela oposição de grande parte dos militares
interioranas do sul do país, dado os conflitos latentes com os países limítrofes.
ao governo, grupo influenciado pelas ideias positivistas;
Em São Paulo, nas décadas posteriores ao censo descrito, os imigrantes que
2) a “questão religiosa” ou epíscopo-maçônica, que colocou os membros
chegaram eram destinados à lavoura cafeeira, particularmente no chamado
da Igreja Católica contra o Imperador, uma vez que este não promulgou
“Oeste paulista”.
a bula papal que determinava ações contra a maçonaria;
49. 1. a) Região Norte – Fator: A exploração dos seringais na região amazônica.
3) a “questão social”, ligada ao fim da escravidão, que não indenizou os
Análise: Na segunda metade do século XIX, a exploração do látex
proprietários de escravos, normalmente monarquistas, que se sentiram
dos seringais conheceu aumento significativo como matéria-prima
traídos pelo Império e retiraram seu apoio.
para a produção da borracha, no contexto da Segunda Revolução
52. a) O primeiro quadro, pintado por um brasileiro, retrata uma das mais
Industrial, atraindo milhares de trabalhadores, tanto do sul do país,
importantes batalhas da guerra (Batalha do Riachuelo), na qual o
como, principalmente, do nordeste; muitos desses fugindo da seca
exército brasileiro se faz vencedor. Tal obra exalta o exército como uma
ou das péssimas condições de trabalho impostas pelos coronéis.
força superior (navios brasileiros X homens inimigos), que iria acabar
b) Região Sul – Fator: a necessidade de ocupação de terras no Rio
definitivamente com o conflito e marcar a hegemonia brasileira na região.
Grande e Santa Catarina. Análise: as disputas na região platina e
Já o segundo quadro, pintado por um uruguaio, representa a situação de
as constantes ameaças de uruguaios e argentinos e, posteriormente,
destruição e miséria na qual se encontram as localidades marcadas pela
paraguaios, determinou a adoção, por parte do governo imperial, de
guerra (mais especificamente, áreas paraguaias). Vale ainda a ressalva
uma política de estímulo à imigração de europeus com o intuito de
de que esta obra retrata uma mulher solitária em meio à destruição e
povoar áreas do interior desses dois estados como forma de garantir
morte, situação que marcou o Paraguai após o fim do conflito devido ao
a soberania nacional. Dessa maneira, surgiram diversos núcleos de
alto índice de mortandade masculina.
colonização, originados, principalmente, por italianos e alemães.
b) A Guerra da Cisplatina (Brasil x Argentina), entre 1825 e 1828, que
2. Norte: ocupação a partir de migrações internas, tanto de sulistas como,
resultou na Independência do Uruguai. A região havia sido anexada por
principalmente, de nordestinos, homens livres e paupérrimos como
D. João VI e a população local, assim como os argentinos nunca aceitaram
trabalhadores assalariados.
tal situação. Apesar do desejo argentino de controlar a região, a guerra
Sul: imigrantes europeus, que se tornaram pequenos proprietários rurais e
garantia a independência e a origem de um novo Estado, o Uruguai.
desenvolveram a agricultura de subsistência. Produziam para um mercado
Podemos citar ainda a guerra contra Oribe e Aguirre, líderes blancos
restrito e interno.
uruguaios contrários à influência do Brasil na sua nação; e a guerra
contra Rosas, líder argentino que buscava anexar o Uruguai e ameaçava
o domínio brasileiro na região.

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biodiversidade e problemas ambientais


A distribuição da biodiversidade

A Biodiversidade é a variedade de micro-organismos, animais e plantas que pode ser encontrada num determinado ambiente.
Pode ser considerada em três aspectos:

● taxonômico (riqueza em famílias, gêneros e espécies),


● genético (variação hereditária) e
● ecológico (diversidade dos habitats e dos ecossistemas).

Em escala global, a biodiversidade distribui-se de maneira desigual, conforme as condições do meio ambiente físico. O clima de um
lugar é o principal fator condicionante da diversidade de espécies. Nas imediações do Equador, por exemplo, onde há abundância
de luz, alta temperatura e grande disponibilidade de água, desenvolvem-se florestas densas com extraordinária biodiversidade. Já
nas áreas continentais mais secas, como os desertos, ou com temperaturas mais baixas, como a Antártida, a diversidade biológica
é bem menor.

Especiação, barreiras geográficas, vicariância e dispersão


TIPOS DE ESPECIAÇÃO

Vicariância ou alopatria Dispersão

População ancestral População ancestral e barreira Cladistics and Vicariance. Nova Iorque, Columbia University Press.
Nelson & Platinick, Sytemátics and Biogeography:

Aparece a barreira Dispersão através da barreira

Diferenciação das Populações Diferenciação das Populações

A especiação constitui o processo de surgimento de uma nova espécie em um determinado lugar. A expansão geográfica dessa
espécie pode ser influenciada pelas barreiras geográficas, tais como cadeias montanhosas, oceanos e condições climáticas.

A especiação pode acontecer por vicariância (alopatria), quando a população de uma determinada espécie (A) é separada em dois
grupos por uma barreira geográfica, a qual acaba dificultando o intercâmbio genético entre as populações. Com o tempo, as duas
populações evoluem isoladamente, dando origem a duas espécies novas (B e C).

A especiação também pode ocorrer por dispersão, quando uma população em processo de expansão ou irradiação se movimenta
para outros territórios, transpondo barreiras geográficas. Com o tempo, pode haver diferenciação entre as populações.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. GeBext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 Geografia

Cosmopolitismo, endemismo e biogeografia de ilhas

Os seres vivos apresentam várias formas de distribuição geográfica. A família dos felídeos, por exemplo, distribui-se por todos
os continentes, com exceção da Oceania e da Antártida. Mas existem espécies que se distribuem apenas sobre áreas geográficas
específicas. A nossa Panthera onça apresenta distribuição neotropical, isto é, do México até a Argentina.

A distribuição cosmopolita ocorre quando um grupo taxonômico, família, gênero ou espécie distribui-se por grande parte da
superfície terrestre. Podemos citar como exemplos algumas plantas aquáticas e terrestres, além de alguns animais, como pardais,
mosquitos e ratos, que tiveram o auxílio humano em sua dispersão para novas áreas.

A distribuição endêmica ocorre com os seres vivos que são exclusivos de determinados lugares. Como exemplo podemos citar
a família Cactaceae, formada por várias espécies de cactus e endêmica do continente americano. Alguns seres vivos podem ser
endêmicos de territórios ainda menores, como por exemplo o topo de uma montanha, que apresenta clima mais frio em relação
à região na qual se insere. Portanto, é crucial a conservação dos ecossistemas que abriguem espécies endêmicas, pois elas não
existem em outros lugares e correm mais risco de extinção que as espécies com distribuição geográfica mais ampla.

É muito frequente o endemismo insular resultante da especiação por vicariância, visto que as ilhas tendem a ter algumas
espécies que evoluíram isoladamente em relação a seus ancestrais do continente. Um dos exemplos mais importantes é a ilha
de Madagáscar, localizada a leste da África: cerca de 80% das suas espécies de plantas e animais são endêmicas, como é o caso
dos lêmures, mamíferos primitivos; há milhões de anos, a ilha separou-se da África continental; os lêmures do continente não
conseguiram competir com os primatas mais evoluídos e foram extintos; em Madagáscar, porém, eles não tinham competidores
e disseminaram-se rapidamente.

A costa brasileira apresenta inúmeras ilhas, muitas das quais eram ligadas ao continente, numa época em que o mar estava num
nível mais baixo que o atual. Hoje, a biota insular encontra-se isolada e muitas populações já não trocam material genético com
as espécies continentais. Após certo tempo, essas ilhas passaram a apresentar fauna endêmica em relação à continental.

A teoria dos refúgios ecológicos

Fundamentada nos trabalhos do alemão Juergen Haffer (ornitólogo) e dos brasileiros Aziz Ab’Saber (geógrafo) e Paulo Vanzolini
(biólogo), a teoria dos refúgios ecológicos afirma que, entre 13 e 18 mil anos atrás, a paisagem brasileira era muito diferente.

Há cerca de 13 mil anos, o território brasileiro era mais frio (devido à glaciação) e seco, inclusive pela atuação mais rigorosa
da corrente fria das Falklands. As caatingas dominavam o Centro-Oeste, o Sudeste e o Nordeste. Ilhas de cactáceas já foram
encontradas no interior de São Paulo, constituindo relíquias de um passado mais seco. Em períodos de temperatura mais baixa,
as araucárias se distribuíam até o norte de MG.

A Amazônia era dominada por savanas e as florestas ficavam restritas às áreas mais úmidas, ao longo de rios e no sopé de
serras. Estas ilhas florestais eram os refúgios ecológicos. As savanas abrigavam animais de maior porte, como o gliptodonte, o
mastodonte (elefante de grande porte), o toxodonte e a preguiça gigante. As florestas fragmentadas pelo isolamento propiciavam
a especiação, gerando maior biodiversidade. Algo similar acontecia com a Mata Atlântica, também fragmentada em refúgios.

A partir do término da glaciação, o clima ficou mais quente e úmido (tropicalização). As florestas se expandiram, dando
origem à Floresta Amazônica e à Mata Atlântica contínua. Os cerrados ficaram restritos ao Brasil central e as caatingas, ao
Sertão Nordestino. A Mata de Araucária concentrou-se no Sul ou ficou refugiada nos topos serranos úmidos e elevados do
Sudeste, como a Serra da Mantiqueira.

A teoria dos refúgios explica, em parte, a extraordinária biodiversidade da Amazônia e da Floresta Atlântica. A determinação
das áreas dos antigos refúgios é importante para a conservação de áreas com maior biodiversidade e endemismo.

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A terminologia ecológica e fitogeográfica

A temperatura, a umidade, as precipitações, os ventos e a luminosidade interferem nas características ecológicas, fisiológicas e
fisionômicas das plantas. Na tabela a seguir, os vegetais estão classificados de acordo sua adaptação ao ambiente físico.

Classificação dos vegetais

quanto à umidade
Hidrófitos — Habitam ambientes aquáticos, podendo estar fixos ao fundo ou serem flutuantes. Exemplo: aguapé.
Higrófitos — Vivem em ambientes úmidos. Exemplo: palmiteiro.
Mesófitos — Habitam ambientes com grau de umidade intermediário.
Tropófitos — Vivem em áreas onde ocorre variação sazonal de umidade, com duas estações definidas (uma seca e outra
chuvosa). Exemplo: ipê amarelo (Bignoniaceae).
Xerófitos —
Vivem em ambientes secos (áridos e semiáridos) e apresentam mecanismos morfológicos e fisiológicos para
evitar a perda de água por transpiração, como espinhos em vez de folhas largas (cactus).
Exemplo: mandacaru (Cactaceae).
Halófitos — Adaptados a ambientes com grande salinidade, principalmente aos ecossistemas litorâneos, como os manguezais
e restingas. Exemplo: mangue vermelho (Rhizophoraceae).

quanto à temperatura
Megatérmicos — Preferem temperaturas acima de 20ºC.
Mesotérmicos — Preferem temperaturas entre 15 e 20ºC.
Microtérmicos — Preferem temperaturas inferiores a 15ºC.

quanto à luminosidade
Heliófitos — Precisam de muita luz. Exemplos: gramíneas e araucárias.
Ciófitos ou humbrófitos — Precisam de pouca luz. Exemplo: algumas samambaias.
As adaptações às condições climáticas podem ser observadas por meio da perenidade e morfologia das folhas das espécies vegetais.
A seguir, definimos uma série de termos utilizados para caracterizar esse aspecto da vegetação.

Quanto à perenidade das folhas


Perenefólias — espécies sempre verdes, que não perdem as folhas, embora estas sejam repostas constantemente.
Associadas a climas equatoriais e tropicais úmidos. Exemplo: Peroba (Apocynaceae).
Semidecíduas ou — espécies que perdem parcialmente das folhas, durante os meses mais secos do ano.
semicaducifólias Exemplo: Pau-brasil (Leguminosae).
Decíduas ou — espécies que apresentam perda total das folhas durante a estação seca ou por causa da queda rigorosa
caducifólias da temperatura durante o outono e inverno. Exemplo: imburana (Leguminosae-Papilionoideae).

Quanto à morfologia das folhas


Latifoliadas — espécies de folhas largas. Exemplo: embaúba (Cecropiaceae).
Acicolifoliadas — espécies de folhas finas, em forma de agulhas, presentes nas coníferas. Exemplo: araucária (Araucariraceae).

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Os DomínioS Morfoclimáticos e Fitogeográficos

A classificação do professor Aziz Nacib Ab’Sáber

Domínios morfoclimáticos (integração entre relevo, clima e ecossistemas)


segundo classificação do professor Aziz Nacib Ab’ Sáber.

Amazônico Relevo predominantemente baixo (planícies, depressões e baixos planaltos com serras residuais);
clima equatorial (quente e muito úmido);
presença das bacias hidrográficas Amazônica e do Tocantins;
vegetação da Floresta Latifoliada Equatorial Amazônica;
solos pobres e bastante lixiviados.

Cerrado Relevo predominantemente aplanado (depressões e baixos planaltos com a presença de várias chapadas);
clima tropical semiúmido (com verão chuvoso e inverno seco);
presença de rios das bacias do Tocantins, Paraguai e Paraná;
vegetação do cerrado (formação predominante savânica, isto é, arbustivo-herbácea, com árvores distanciadas umas das outras);
predomínio de solos pobres em nutrientes e ácidos.

Caatinga Relevo predominantemente aplanado (depressões e planaltos residuais, como serras e chapadas);
clima semiárido (estação seca prolongada e irregularidade na distribuição das chuvas);
presença de rios temporários e da bacia hidrográfica do São Francisco;
vegetação do complexo da caatinga (formação predominantemente arbustivo-herbácea, com presença de plantas xerófilas);
presença de solos mais rasos e pedregosos.

Mares Relevo diversificado (planaltos com morros em forma de “meia laranja”, vales aprofundados e serras);
de morros clima tropical úmido (mais chuvoso e menor estação seca);
presença das bacias hidrográficas secundárias atlânticas e do Paraná;
vegetação da Floresta Latifoliada Tropical Atlântica;
solos diversificados, com destaque para a Terra Roxa (oeste de SP e norte do Paraná).

Araucária Relevo de planaltos (com presença eventual de cuestas e serras);


clima subtropical (chuvas bem distribuídas durante o ano e queda mais acentuada de temperatura no outono-inverno);
presença da bacia hidrográfica do Uruguai e do Paraná;
vegetação da Floresta Subtropical, com araucária;
solos férteis.

Pradarias Relevo de planaltos baixos (relevo predominantemente colinoso denominado coxilhas);


clima subtropical;
presença das bacias hidrográficas do Uruguai e Jacuí;
vegetação de campos ou pradarias subtropicais;
solos férteis.

Faixas Áreas que podem apresentar elementos de dois ou mais domínios limítrofes ou até mesmo elementos climatobotânicos específicos
de transição Exemplos: Mata de Cocais (entre os domínios da Caatinga e Amazônico);
Pantanal (planície com flora diversificada, com elementos do Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica),
Savanas de Roraima e Agreste Nordestino.

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Grandes Paisagens Naturais do Mundo:


biomas, clima, solo e problemas ambientais
A maioria dos principais ecossistemas existentes no mundo, denominados biomas, são definidos pelas condições climáticas
predominantes em cada região do planeta. Grande parte desses biomas já foram devastados ou alterados pelo homem. Essas regiões
modificadas podem ser identificadas no mapa como “formações secundárias em áreas rurais e urbanas”.
Distribuição dos Biomas (Ecossistemas) na Atualidade

Polar Vegetação Mediterrânea Savana arbustiva e herbácea


Tundra Floresta Tropical Monçônica Savana arborizada
Taiga ou Floresta de Coníferas Deserto Floresta subtropical com secas
Floresta Temperada Caducifólia Vegetação xerófila de clima árido Florestas equatoriais e tropicais úmidas
Pradaria e Estepe Vegetação xerófila de clima semiárido Vegetação herbácea de montanha
Floresta Subtropical úmida Sertão Floresta de montanha

tundra taiga ou floresta de coníferas floresta temperada ou subtropical floresta tropical semiúmida

floresta tropical equatorial formações mediterrâneas principais recifes de coral estepe ou pradaria

savana tropical semiúmida semidesertos desertos secos ecossistemas de áreas montanhosas

manguezais formações secundárias

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Conhecendo Mais A Classificação Climática de Wilhelm Köppen


A classificação de Köppen é estático-descritiva, baseando-se na distribuição das chuvas e temperaturas. Essa classificação
utiliza-se de um código de letras que, de acordo com uma tabela pré-montada, caracteriza as variedades climáticas. A classi-
ficação de Köppen leva em conta as características de temperatura e pluviosidade, e não as alterações nas estações do ano.

Af BWh Csa Cwa Cfa Dsa Dwa Dfa ET


Am BWk Csb Cwb Cfb Dsb Dwb Dfb EF
Aw BSh Cwc Cfc Dsc Dwc Dfc
BSk Dsd Dwd Dfd

Os cinco tipos climáticos são represen- Tipos Climáticos Subtipos / Características


tados por letras maiúsculas. As carac-
terísticas de pluviosidade e temperatura A Af Clima Tropical Chuvoso de Floresta
Climas Tropicais AW Clima de Savana
são representadas da seguinte forma: Chuvosos Am Clima Tropical de Monção

Pluviosidade BSh Clima Quente de Estepe


B BSk Clima Frio de Estepe
f = úmido em todas as estações Climas Secos BWh Clima Quente de Deserto
m = uma estação seca (tipo monçônico) BWk Clima Frios de Deserto
w = chuvas de verão Cfa úmido em todas as estações, verão quente
w’ = chuvas de verão e outono Cfb úmido em todas as estações, verão moderadamente quente
s = chuvas de inverno e outono C Cfc úmido em todas as estações, verão moderadamente frio e curto
S = secas de verão (estepe) Climas Temperados Cwa chuva de verão, verão quente
Chuvosos e Quentes Cwb chuva de verão, verão moderadamente quente
W = secas de inverno (deserto) Csa chuva de inverno, verão quente
Para essas duas últimas variações, usam-se Csb chuva de inverno, verão moderadamente quente
letras maiúsculas. Dfa úmido em todas as estações, verão quente
Dfb úmido em todas as estações, verão frio
Temperatura D Dfc úmido em todas as estações, verão moderadamente frio e curto
Climas Frios Dfd úmido em todas as estações, inverno intenso
a = verão quente com Dwa chuva de verão, verão quente
b = verão moderadamente quente Neve-Floresta Dwb chuva de verão, verão moderadamente quente
Dwc chuva de verão, verão moderadamente frio
c = verão moderadamente frio Dwd chuva de verão, inverno intenso
d = muito frio
h = sempre quente E ET Tundra
Climas Polares EF Neve e Gelo Perpétuos
k = moderadamente frio

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As Regiões Polares (Ártico e Antártida)


A região do Ártico não constitui um continente em separado: é formada pelo norte da Sibéria (parte da Rússia), Alasca
(Estados Unidos), norte do Canadá, Groenlândia (Dinamarca) e parte da Noruega, perfazendo cerca de 12 milhões de km 2.
O Ártico é habitado por cerca de 5 milhões de pessoas, a maioria grupos étnicos específicos como os inuits (esquimós).
Com os períodos de degelo na região, aumenta o interesse geopolítico pelo Ártico (novas rotas de navegação e recursos
como petróleo). A Rússia reivindica territórios no Ártico em área hoje internacional, gerando tensão com o Canadá,
EUA e Noruega. Área de razoável importância estratégica para vários países, o Ártico
possui importantes recursos minerais, como o petróleo (no Alasca, EUA). Na região
existem bases militares dos Estados Unidos e da Rússia, além de depósitos de material
radioativo. Trata-se também de um espaço bastante utilizado para o transporte aéreo,
uma vez que as rotas polares são bem mais curtas.
A Antártida é um continente com cerca de 14 milhões de km2 e totalmente despovoado,
a Antártida é um continente gelado, cercado pelos oceanos Índico, Atlântico e Pacífico.
No ano de 1959, foi firmado em Washington (Estados Unidos) o Tratado da Antártida,
segundo o qual esse continente seria destinado apenas para as pesquisas científicas
com fins pacíficos. Sabe-se que a Antártida é riquíssima em recursos minerais, como:
cobre, urânio, platina, carvão e gás natural. Porém, em 1994, o Tratado de Madri
(Espanha) ratificou a proibição da exploração mineral na Antártida por 50 anos.
No mesmo ano, o continente tornou-se oficialmen­te um “San­tuário in­ternacional”.
Cerca de 26 países, inclusive o Brasil, possuem bases de pesquisa científica na Antártida,
onde é terminan­temente proibida a realização de testes militares e nucleares, e o uso
do continente como depósito de lixo radioativo. Antártida
Clima subpolar (Antártida) Antártida: Influência Política e Recursos
● Temperatura média anual: –17º C Área protegida pelo Tratado
● Amplitude térmica: 23,8º C Base científica do Brasil da Antártida (Washington, 1959)
● Pluviosidade: 198 mm (comandante FERRAZ)

Nova Suábia
Dependências da Terra da
Terra de Graham Rainha Maud
Terra de
MacRobertson

Terra de
Hearst

Terra de Polo Sul


Ellsworth Terra da
Rainha Mary
Terra de
Chile Marie Byrd
Terra de
Reino Unido Wilkes
Terra
Vitória Recursos
Argentina minerais
e marinhos
Te
rra

ferro
Noruega
Ad

Representação artística sem escala


éli

carvão
a

Austrália Dep
de R endênc petróleo
limite máximo da banqui- oss ia
França sa no inverno bacalhau
S
Nova Zelândia camarão krill

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8 Geografia

Tundra Taiga

A vegetação tundra ocorre em zonas com alta latitude e clima Nas áreas com clima temperado continental (invernos frios
subpolar (temperaturas muito baixas e pouca pluviosidade). com alta amplitude térmica anual) ocorrem as florestas de
O ecossistema da tundra é integrado por musgos e líquens. coníferas, florestas boreais ou taiga.
Esse tipo de vegetação desenvolve-se mais durante o verão. As maiores extensões de florestas de coníferas do mundo estão
no centro-norte do Canadá e no centro-norte da Rússia, Belarus,
Esta formação vegetal recobre o norte do Canadá e do Alasca Repúblicas Bálticas, além de parte dos territórios da Finlândia,
(EUA), trechos do sul da Groenlândia, Islândia, além do norte Suécia e Noruega. São áreas com baixa densidade populacional,
da Rússia, da Finlândia e da Noruega. cujas atividades principais são a exploração de madeira para
produção de celulose e papel, além da mineração.
As regiões subpolares apresentam baixa densidade demográfica, No Canadá, a fauna é marcada pelos ursos pardos, alces e caribus.
mas aumenta a exploração de minérios, petróleo e gás natural.
A taiga recobre diversos tipos de relevo, desde as cadeias
montanhosas, como as Rochosas (Canadá), até planícies, como
O solo é o permafrost, pouco desenvolvido e congelado durante
a Siberiana (Rússia).
o outono e o inverno.
O solo é o podzol, de coloração cinza, ácido e pobre em nutrientes.
Clima subpolar (Groenlândia, Dinamarca)
Clima temperado continental (Vilna, Rússia)
● Temperatura média anual: –5,7º C
● Amplitude térmica: 31,7º C ● Temperatura média anual: 6º C
● Pluviosidade: 140 mm ● Amplitude térmica: 23º C
● Pluviosidade: 683 mm

Tundra, no Alasca (EUA) Taiga, na Sibéria (Rússia)

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Florestas temperadas Pradarias e ESTEPES


caducifólias e subtropicais Pradarias ou campos ocorrem em áreas com clima temperado
Nas zonas com clima temperado oceânico (quatro estações continental (verão ameno, inverno muito frio e alta amplitude
bem definidas com pluviosidade concentrada no verão), ocorre térmica), com estação seca mais prolongada e relevo aplainado.
Predomina o estrato herbáceo composto por gramíneas e arbustos
a floresta temperada decídua ou caducifólia. A perda das
pontuais. As maiores pradarias localizam-se na porção central
folhas é uma forma de economizar água durante o inverno, muito dos EUA e do Canadá, e no Pampa (sul do Brasil, Argentina
rigoroso. As florestas ocupam planaltos e zonas montanhosas e Uruguai). O solo está entre os mais férteis do mundo, como
em que há o predomínio de argissolos com média fertilidade. o therzonion (Ucrânia). A ocupação humana foi expressiva e
As florestas caducifólias ocorrem no leste dos EUA, o desenvolvimento do agronegócio devastou a maior parte das
principalmente na Cadeia dos Apalaches, trechos da Europa pradarias (produção de
Ocidental, parte do Japão e parte da China. trigo nos EUA, Argentina
A biodiversidade é média, com a presença de angiospermas, e Ucrânia).
como o carvalho, e algumas coníferas. Estepes são menos desen-
volvidas que as pradarias
As florestas subtropicais perenefólias ocorem nas regiões de
quanto à densidade da
clima subtropical: sudeste da Austrália (coníferas e eucaliptos), vegetação e ocorrem em
sul do Chile (Bosque Patagônico), sul do Brasil (Mata de áreas com estação seca
Araucária) e sul da África do Sul. mais prolongada. Ocupam
A maior parte das florestas temperadas e subtropicais do parte da Ucrânia, Rússia,
planeta foi devastada, pois são áreas com elevada concentração Cazaquistão e Mongólia.
demográfica e muitas atividades econômicas. A fauna é caracterizada
por animais pastadores
(nos EUA, o raro bisão e
Clima temperado oceânico (Reino Unido) os veados) e roedores. Estepe (Mongólia)
● Temperatura média anual: 10,4ºC
● Amplitude térmica: 10,6º C Vegetação Mediterrânea
● Pluviosidade: 982 mm Desenvolve-se em zonas de clima mediterrâneo (verão seco
e inverno chuvoso). É caracterizada pelas plantas esclerófilas
(folhas pequenas, grossas e recobertas com cera, para diminuir
a transpiração e economizar água durante a estiagem no verão).
Algumas possuem raízes profundas para alcançar o lençol freático
subterrâneo. Localizam-se no norte da África (região do Magreb:
parte da Argélia, Tunísia e Marrocos), onde predomina o maquis
(estrato arbustivo e herbáceo com poucas árvores). No sul da Europa,
destaca-se o garrigue (arbustivo com árvores pontuais, como a
oliveira, usada na produção de azeite e azeitonas). No sudoeste
da África do Sul, destaca-se o expressivo endemismo botânico na
região do Cabo. Há também formações mediterrâneas no centro
do Chile, sudoeste da Austrália e sudoeste dos EUA (chaparral,
Califórnia). Foi muito devastada ou modificada devido à ocupação
humana, com a urbanização, o turismo e a agricultura (uva).
Clima Mediterrâneo (Itália)
● Temperatura média anual: 18,2º C
● Amplitude térmica: 13,4º C
● Pluviosidade: 654 mm

No clima temperado, as paisagens mudam muito a cada estação do ano:


primavera, verão, outono e inverno Vegetação Mediterrânea (Itália)

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10 Geografia

Savana Florestas tropicais e equatoriais


As savanas são ecossistemas em que há predominância de São florestas que se desenvolvem em áreas com clima
gramíneas, ervas e arbustos, com ocorrência de espécies tropical úmido ou equatorial (alta temperatura e elevada
arbóreas dispersas. pluviosidade) da zona intertropical. São os biomas com maior
biodiversidade do mundo e também são chamadas de florestas
São ambientes associados ao clima tropical (quente, com
pluviais (úmidas) ou ombrófilas (devido ao sombreamento
verão chuvoso e inverno seco).
sobre os vegetais do sub-bosque).
O relevo prevalecente é formado por baixos planaltos e Ocorrem na porção leste e central da África, sul do México, América
depressões. Central, costa da Colômbia, Amazônia, Mata Atlântica, além das
Os solos mais comuns são o latossólico e o argissolo. florestas do sul e sudeste asiático e de algumas ilhas da Oceania.
Os solos apresentam grande quantidade de matéria orgânica
As savanas são encontradas na África tropical, Austrália, Índia,
decomposta nos horizontes superficiais (O e A). O horizonte O
Brasil (Cerrado) e Colômbia/Venezuela (Lhamos). é espesso (serrapilheira), sendo composto de folhas e de galhos
Nos diversos continentes, o principal fator de degradação das em decomposição, com intensa atividade de microorganismos.
savanas é o avanço do agronegócio (pecuária e agricultura). Porém, os solos são muito pobres em nutrientes minerais
devido à acentuada lixiviação decorrente dos altos índices
Clima Tropical (Burkina Fasso) pluviométricos. Predominam solos hidromórficos (em planícies
sujeitas a alagamentos), latossolos e argissolos.
● Temperatura média anual: 7,8º C
● Amplitude térmica: 28,3º C Essas florestas são estratificadas, estruturadas em estratos
● Pluviosidade: 784 mm diversificados, cada qual com habitats específicos para
comunidades de plantas e animais. O estrato arbustivo e
herbáceo é pouco desenvolvido devido à pouca penetração de luz
no interior da floresta. O sub-bosque é o estrato composto por
árvores de menor porte e ciófilas (que necessitam de penumbra) no
interior da floresta. O dossel é integrado por árvores de maior porte
e cujas copas ficam emaranhadas. Algumas árvores emergentes
destacam-se em relação ao dossel por sua altura. São florestas
com espécies arbóreas, higrófilas latifoliadas e perenefólias. A
fauna é caracterizada por numerosos
microorganismos, insetos, anfíbios,
répteis, aves e mamíferos.
Os principais problemas são a
exploração de madeira nobre (de
lei), a expansão da agropecuária e a
mineração.
Clima Equatorial (Peru)
● Temperatura média anual: 25,8ºC
● Amplitude térmica: 1,7º C
● Pluviosidade: 2845 mm

Savana (Quênia) Floresta Equatorial, na Amazônia (Brasil)

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Geografia 11

Vegetação Xerófila Vegetação de Montanha (orobiomas)


A vegetação xerófila ocorre em regiões com clima árido ou Nas áreas montanhosas, a exemplo dos Andes, Alpes e Himalaia,
semiárido. O clima árido presente nos desertos está relacionado existe uma zonação altitudinal da vegetação conforme a
à alta pressão atmosférica, às correntes marinhas frias ou variação da temperatura, da umidade e da espessura dos solos.
barreiras de relevo que dificultam a penetração da umidade.
As plantas xerófilas são adaptadas à pouca disponibilidade de Considerando uma área montanhosa de elevada altitude na zona
água e a solos pouco desenvolvidos, como os existentes em intertropical, a vegetação varia, na seguinte sequência:
alguns locais, como os ergs (desertos de areia formados por - floresta equatorial, nas baixas altitudes,
dunas) e asa zonas com rochas expostas.
- floresta temperada,
Localizam-se nos desertos da Austrália, do Saara (norte da África), - coníferas,
da Namíbia e do Calaari (sudoeste da África), grande parte do - campos de altitude, até atingir
Oriente Médio, Patagônia (sul da Argentina), do oeste dos EUA,
- áreas rochosas e com geleiras, nas mais altas altitudes.
norte do México e Gobi (parte da Mongólia e da China).
Nos desertos, a biodiversidade é pequena, devido à escassez de Clima Frio de Montanha
água. Destacam-se répteis, como serpentes e lagartos, pequenos (Andes, Bariloche, Argentina)
mamíferos e camelídeos (dromedários na África e camelos na
Ásia). Em alguns desertos, como o do Saara, destacam-se os
oásis, áreas onde aflora a água subterrânea e a vegetação é mais ● Temperatura média anual: 8ºC
desenvolvida. ● Amplitude térmica: 12,2º C
● Pluviosidade: 801 mm
Na borda dos desertos, ocorre o clima semiárido, que apresenta
maior pluviosidade em relação ao deserto. Desenvolvem-se as
savanas espinhentas, formações vegetais arbustivas pontuadas
de árvores dispersas. Também podem ser encontradas as florestas
caducifólias integradas por árvores adaptadas à escassez de água,
a exemplo do baobá na África. Em decorrência da maior umidade,
a biodiversidade é um pouco maior em relação aos desertos.
Faixas semiáridas apresentam baixa densidade demográfica. O
desmatamento e o uso inadequado do solo para a agropecuária
estão provocando a desertificação
em algumas regiões, como a faixa do
sahel, ao sul do Saara, a Austrália e a
Caatinga brasileira.

Clima Árido (Argélia)


● Temperatura média anual: 21,2ºC
● Amplitude térmica: 16,3º C
● Pluviosidade: 54 mm

Vegetação xerófila, no deserto (EUA). Vegetação de altitude (paramos) nos Andes, (Colômbia)

Gebext4 CPV
12 Geografia

Os ecossistemas brasileiros
Graças à sua grande extensão territorial e aos seus vários tipos de clima, solo e relevo, o Brasil é o campeão mundial em
biodiversidade, apresentando grande variedade de ecossistemas, cuja paisagem é marcada por vários tipos de vegetação.
Conforme sua fisionomia, os ecossistemas são classificados em:
● Florestais: formações vegetais nas quais predominam as árvores.
Exemplo: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Mata de Araucária e Mata dos Cocais;
● Campos: formações herbáceas nas quais predominam gramíneas e arbustos.
Exemplo: Pradarias do Rio Grande do Sul;
● Complexos: formações com diversidade fisionômica, ou seja, aparecem florestas, savanas e campos.
Exemplo: Savanas de Roraima, Cerrado, Caatinga e Pantanal;
● Litorâneos: formações adaptadas ao contato entre os ambientes marinho e terrestre.
Exemplo: Restingas, Manguezais e Marismas.

floresta tropical Brasil: Distribuição dos Ecossistemas


úmida atlântica

Equador

floresta subtropical

cerrado

campos subtropicais
e de altitude

formações litorâneas
(restinga e manguezal)

Representação artística sem escala

caatinga
Oceano
Atlântico

complexo do pantanal
Amarildo Diniz. Trabalho de Graduação Individual. Geografia USP.

formações secundárias, áreas floresta subtropical floresta equatorial


agropecuárias e urbanas com araucária úmida amazônica

floresta tropical semiúmida


e Mata de Cocais (MA, PI e CE) campos e savanas da Amazônia campinarana

CPV Gebext4
Geografia 13

Floresta Amazônica
Trata-se da maior floresta quente e úmida da superfície terrestre, ocupando uma imensa área do território brasileiro: mais de 3,5
milhões de km2. Trata-se de uma floresta equatorial, que se distribui pela região norte do país, incluindo o norte do Mato Grosso
e oeste do Maranhão. Com certeza, é o ecossistema com maior biodiversidade de todo o planeta, concentrando mais de 16%
das espécies de plantas superiores do mundo. A floresta é perenefólia (mantém a folhagem), latifoliada (folhas grandes), com
plantas higrófilas (de ambiente úmido) e hidrófilas (vegetais aquáticos). A fauna amazônica é riquíssima. Seu estrato emergente é
caracterizado pela presença de insetos e aves de rapina. Seu dossel é dominado por macacos, aves, preguiças e pequenos carnívoros.
À altura do solo, podem ser encontrados veados, roedores, aves de chão, répteis, insetos, invertebrados e mamíferos de porte médio,
a exemplo da anta. A Amazônia é um mosaico de diferentes tipos de floresta, que variam bastante conforme a altura, densidade
e composição de espécies vegetais e animais. Na
maior parte das vezes, é uma floresta densa, embora
ocorram algumas matas mais abertas.
● Mata de Igapó — é uma variedade da Floresta
Amazônica, situada nas planícies fluviais com
inundação permanente ou periódica pelas águas
dos rios com água ácida e escura.
● Mata de Várzea — é outra variedade da Floresta
Amazônica, que ocupa as planícies fluviais
inundadas periodicamente, apenas no período
da cheia dos rios, com água alcalina e barrenta.
● Mata de Terra Firme — é o tipo de mata com
maior extensão na Amazônia, um tipo de floresta
que nunca chega a ser inundado pelas águas de
rios. Ocupa as depressões e os baixos planaltos
Mata de Igapó, a floresta inundada às margens do rio Negro, Amazonas.
e caracteriza-se por árvores frondosas e altas.
● Mata Montana — é uma floresta mais baixa, adaptada a menores temperaturas, que ocorre nas regiões de maior altitude da
Amazônia, como a Serra do Imeri.
Na Amazônia também ocorrem tipos especiais de vegetação, inclusive não florestais:
● Campinarana — formada por espécies peculiares, adaptadas a solos muito pobres em nutrientes, arenosos e muito lavados
pela água da chuva, possui fisionomia bastante variada, podendo ocorrer matas densas, matas abertas com palmeiras e até
campos com arbustos. Ocupa a porção noroeste do estado do Amazonas, na altura do alto rio Negro.
● Savanas — tipo de vegetação de clima subequatorial, encontrada em Roraima.
● Campos inundáveis — encontrados no Amapá e na Ilha de Marajó.
Cerca de 20% da Floresta Amazônica brasileira foi devastada. As principais causas da destruição da floresta são: pecuária
bovina extensiva, agricultura (soja), exploração ilegal de madeira, mineração e novas hidrelétricas. A devastação ocorre
principalmente no Pará, Mato Grosso e Rondônia na faixa conhecida como arco de desflorestamento.
D

C
1500m
planalto B
montanhoso
A E

rio
planalto

depressão
A. Mata de Igapó aluvial
B. Mata de Várzea 200m
planície solo
C. Mata de Terra Firme encharcado
(terras baixas)
D. Mata Montana e Alto Montana
E. Campinarana
Na Amazônia, o avanço da pecuária extensiva bovina é uma das principais causas da devastação da floresta.

Gebext4 CPV
14 Geografia

A Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um dos ecossistemas de maior biodiversidade do mundo. Trata-se de uma floresta adaptada ao clima tropical
(úmido e de altitude) e subtropical (trecho no sul do país). A floresta é latifoliada, perenefólia, higrófila e com a presença de plantas
epífitas, a exemplo das orquídeas e bromélias agarradas aos troncos das árvores.
A fauna é variada, destacando-se o grande número de invertebrados,
insetos, anfíbios, répteis e mamíferos, como o mico-leão-dourado.
Originalmente, distribuía-se continuamente do estado do Rio Grande do
Norte até a porção setentrional do Rio Grande do Sul, nas imediações
da faixa litorânea.
Nas regiões Sudeste e Sul do país, a Mata Atlântica ainda ocupa áreas
elevadas, como a Serra do Mar. Penetrava pelo interior adentro, atingindo
porções do interior de São Paulo e dos estados do Centro-Oeste. Desde
o período colonial, a região de ocorrência da Mata Atlântica foi a que
mais concentrou a população e as principais atividades econômicas do
país. No decorrer dos séculos, os diversos ciclos econômicos devastaram
a maior parte da floresta:

● a exploração predatória do pau-brasil;


● a cana-de-açúcar, no litoral nordestino (séculos XVI e XVII);
● o ciclo da mineração, em Minas Gerais (século XVIII);
● a expansão do café (meio do século XIX até início do século XX);
● a urbanização e industrialização (a partir de meados do século XX).

Após séculos de devastação irresponsável, cerca de 93% da floresta foi


destruída. Os 7% remanescentes estão em pequenos trechos fragmentados,
princi­palmente nas regiões serranas de difícil acesso na Serra do Mar
e da Mantiqueira, no Sudeste e Sul do país. A legislação atual proíbe o
desmatamento nessas áreas. Mas, mesmo assim a floresta continua sendo
ameaçada em várias regiões, inclusive devido à exploração predatória
da madeira e do palmito.

Calcula-se que a cada 5 minutos é devastada uma área de Mata Atlântica


Trecho de Mata Atlântica no Paraná.
correspondente a 1 campo de futebol.

A Mata dos Cocais


(Floresta Latifoliada Tropical
com Palmeiras)

A Mata de Cocais ocorre em porções do Maranhão,


Piauí e nas proximidades do litoral do Ceará. Na
verdade, trata-se de uma região de transição entre
o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial úmida.
Essas florestas são dominadas por palmeiras.
No Maranhão, predominam as matas com a
palmeira babaçu, cujo coco é bastante valorizado
comercialmente, sendo utilizado na produção de um
óleo com razoável valor comercial. No Piauí e no
Ceará, prevalece a carnaúba, palmeira cujas folhas
são muito exploradas na produção de cera utilizada
Mata de Cocais dominada pelo babaçu, no estado do Maranhão. na indústria farmacêutica e de cosméticos.

CPV Gebext4
Geografia 15

A Mata de Araucária
A Mata de Araucária distribuía-se nas porções mais elevadas
dos planaltos da região Sul do país (clima subtropical), nos
estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Ocorre também em pequenos fragmentos, refugiada nas
porções mais frias das serras da região Sudeste, a exemplo
de Campos do Jordão (SP), no topo da Serra da Mantiqueira
(clima tropical de altitude acima de 1600m).
É uma das mais belas florestas do mundo, sendo dominada
em seu estrato superior pela araucária (conífera com folhas
finas: acicolifoliada), também chamada de “pinheiro do
Paraná”.
No passado, a madeira de araucária chegou a ser bastante
explorada. Hoje a principal utilização é a exploração do
pinhão, bastante consumido no inverno, principalmente
no Sul e Sudeste do país.
No estrato inferior da floresta encontram-se árvores como
o podocarpus, o cedro, a canela e a imbuia. Mata de Araucária, no Parque Nacional dos Aparatos da Serra (RS).

Destaca-se a erva mate, de cujas folhas se produz chá e o famoso chimarrão, chá muito consumido pelos gaúchos. A fauna dessa
floresta é similar à encontrada na Mata Atlântica, sendo rica em aves, pequenos mamíferos e primatas. Os pequenos mamíferos,
como as cutias (espécie de roedor) e as pacas, costumam alimentar-se do pinhão, carregando grandes quantidades destas sementes
até suas tocas ou enterrando-as no solo. Como muitos deles esquecem sua comida nesses lugares, novas araucárias acabam brotando.
Isso prova que a fauna é muito importante na disseminação das espécies vegetais. A expansão da agropecuária e a exploração de
madeira devastaram cerca de 97% da nossa Mata de Araucária, restando apenas 3% em pequenos parques ecológicos.

O CERRADO
O Cerrado (também denominado Savana pelo IBGE) ocupa
parte da porção central do país, como os estados do Centro-
Oeste, porções do Nordeste (MA, PI e BA) e porções do
Sudeste (MG e SP).
O principal fator ecológico que explica a ocorrência dos
Cerrados é a predominância de solos pobres em nutrientes,
ácidos, alguns com a presença abundante de alumínio.
Principalmente em razão dos solos, muitas plantas do
Cerrado apresentam escleromorfismo oligotrófico (esclero
= dureza; morfo = forma; oligo = pouco; trófico = nutrição),
caracterizado por troncos grossos e folhas espessas e
coriáceas (com cera).
Essa formação vegetal está associada ao clima tropical As árvores tortuosas caracterizam a vegetação do Cerrado.
semiúmido com estação seca marcada (inverno) e verão
chuvoso. Para resistir ao período seco, algumas plantas apresentam adaptações ecológicas: umas têm raízes profundas para alcançar
o lençol de água subterrâneo; outras perdem as folhas (semidecíduas e decíduas) para economizar água.

Campo limpo Campo sujo Campo cerrado Campo senso estrito Cerradão

Formação de campo Ecótono cerrado Formação florestal

Gebext4 CPV
16 Geografia

A região do Cerrado apresenta expressiva diversidade fisionômica. Sua


marca registrada é a tortuosidade de galhos e troncos, observada em
diversas espécies. Em sua maior parte, o Cerrado assemelha-se à Savana,
ou seja, é dominado pelo estrato herbáceo e arbustivo e pontuado por
árvores espaçadas umas das outras.
Os campos limpos e sujos (gramíneos - lenhosos) são dominados por
espécies do estrato herbáceo, entre as quais citamos:
Gramineae: Axonopus spp. (grama-do-cerrado),
Andropogon sp. (capim-do-cerrado) e
Aristidia pallens (capim-barba-de-bode);
Leguminosae: Andira humilis (angelim-do-cerrado);
Cochospermaceae: Cochospermun regium (algodão-do-campo) e
Amarydaceae: Hippeastrum solanchiflorum (açucena, porte rasteiro e
flor vermelha).
O cerrado típico e o campo cerrado são formações savânicas
(arborizadas e parques) em que ocorre maior densidade de arbustos
Veredas (cerrado com palmeiras como o buriti) no Jalapão (TO).
e arbóreas esparsas.
Ocorre em solos encharcados de água (hidromórficos) com nascentes de
Os belos e decíduos ipês amarelos são frequentes, família Bignoniaceae: rios. Ao fundo, chapada e morro testemunho com rochas sedimentares.
Tabebuia ochraceae e Tabebuia caraíba; entre outras espécies,
sobressaem-se a Stryphnodendron adstringens (SP), a Malpighiaceae: Byrsonima sericea (murici), a Apocynaceae: Hanchornia
speciosa (mangaba), a Annonaceae: Annona coriaceae (araticum) e a Vochysiaceae: Qualea grandiflora (pau-terra).
No cerradão (formação florestada) destacam-se a tradicional Caryocaraceae: Caryocar brasiliensis (pequi) e a Leguminosae:
Dimorphandra mollis (faveiro).
As áreas encharcadas por causa do afloramento de água na superfície abrigam capões ocupados pela Palmae: Mauritia vinifera
(buriti). Serpenteando ao longo dos rios, ocorrem florestas tropicais de galeria (ciliares).
O Cerrado apresenta expressiva biodiversidade, com cerca de 4,4 mil espécies de plantas endêmicas, 837 espécies de
aves (29 endêmicas, 14 delas ameaçadas de extinção), além de 161 mamíferos (19 endêmicos). Sua fauna é caracterizada
pela presença de veados e aves. Sua diversidade em espécies de insetos impressiona: apenas no DF foram catalogadas
90 espécies de cupins, 1000 de borboletas e 500 de abelhas e vespas. Entre as espécies mais conhecidas da fauna,
destacam-se o tamanduá-bandeira, o lobo guará e o veado campeiro.
Na atualidade, o Cerrado está sofrendo rápida devastação, devido à expansão da agricultura (soja, algodão, cana-de-açúcar e
arroz), pecuária bovina e carvoarias no Centro-Oeste e parte das regiões Sudeste e Nordeste. Por volta de 49% do bioma foi
desmatado. Entre os parques nacionais que protegem a vegetação de Cerrado, destacam-se o das Emas (GO) e o da Chapada
dos Guimarães (MT).

A Caatinga (Savana Estépica)


A Caatinga contitui um ecossistema associado ao clima
semiárido, o mais seco do país, distribuindo-se pelo Sertão do
Nordeste e norte de Minas Gerais, no qual a maioria das plantas
são xerófilas (adaptadas à escassez de água). Muitas espécies
são caducifólias (perdem a folhagem para economizar água
no período seco).
Ocorrem diversos tipos de caatingas, com variados aspectos
e espécies. Alguns tipos são dominados por cactos como o
mandacaru e o xique-xique, ocorrendo também matas com
aspecto ressequido. A fauna é rica em répteis e aves. Cerca de
49% do ecossistema está bastante alterado, degradado.
As principais causas da devastação da caatinga são:
Desenho de Percy Lau

— expansão da pecuária extensiva bovina e caprina;


— expansão da agricultura rudimentar e irrigada;
— exploração predatória da madeira (lenha e produção de
carvão). Caatinga

CPV Gebext4
Geografia 17

Complexo do Pantanal

O ecossistema pantaneiro, que ocupa extensa


planície sedimentar situada em parte dos
territórios do Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, é o mais diversificado do país. Na
verdade, trata-se de um exuberante mosaico
que intercala matas tropicais, cerrados,
campos, capões de palmeiras e plantas
aquáticas em rios e lagoas. O Pantanal
reúne espécies endêmicas e provenientes do
Cerrado, da Caatinga, da Mata Amazônica e
da Mata Atlântica. A região apresenta fauna
riquí­ssima, principalmente em aves aquáticas,
peixes, répteis e mamíferos, como a capivara.
Entretanto, encontra-se muito ameaçada
pelo desmatamento de suas florestas e pela
caça e pesca predatórias. A devastação do
O Pantanal abriga uma profusão de espécies silvestres, mas seus ecossistemas exuberantes são frágeis,
Pantanal atinge cerca de 15% em relação a dependentes das cheias. Agressões ambientais podem transformar a maior área inundável do planeta
área original. numa região semiárida.

As Pradarias, campos ou estepes

A Campanha Gaúcha
O campo subtropical existente no país localiza-se na porção
meridional do Rio Grande do Sul, região conhecida como Pampa
ou Campanha Gaúcha, também chamado pradaria ou estepe.
É dominado por plantas de baixo porte (herbáceas ou rasteiras), a
exemplo das gramíneas e ervas, com arbustos e árvores esparsas.
Ao longo dos rios, podem ocorrer as matas ciliares, em virtude da
maior umidade.
O bioma foi devastado em 54% devido à expansão da pecuária
bovina e ovina, agricultura (soja, arroz e uva vinícola) e silvicultura
(reflorestamento comercial com eucaliptos e coníferas).
Campos Gerais

Os Campos de Altitude

Costumam ocorrer em áreas planálticas e mon­tanhosas do


Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, a exemplo das Serras da
Mantiqueira, da Canastra, do Cipó e do Maciço do Itatiaia.

Estão associados a solos mon­tanhosos menos desen­volvidos e


a tempe­raturas mais baixas, a exemplo dos campos rupestres.

Campos de altitude no Parque Nacional do Itatiaia (RJ).

Gebext4 CPV
18 Geografia

Formações Litorâneas
O manguezal é considerado um dos
ecossistemas mais importantes para o equilíbrio
ecológico do litoral, uma vez que serve como
área de reprodução, abrigo e alimentação
para espécies costeiras e mari­n has como
peixes e crustáceos. Os manguezais são
essenciais na fixação dos terrenos litorâneos,
atenuando o impacto da erosão causada pelo
mar. Entretanto, ocorrem apenas em regiões
protegidas das ondas e correntes marinhas mais
fortes, como estuários de rios e fundos de baías,
em áreas de contato entre a água doce (dos
rios) e a água salgada (do mar). Quando a maré
sobe, o mangue fica parcialmente submerso.
Por isso, suas plantas estão adaptadas a solos
lodosos e ricos em matéria orgânica. Uma das
suas plantas, a Rizophora, possui caules-escora Manguezal na Ilha de Marajó, Pará.

para a fixação no solo lodoso. Como este apresenta baixo teor de oxigênio,
algumas plantas apresentam raízes aéreas para a respiração. No Brasil, os
mangues ocorrem entre o Amapá e Santa Catarina, estando associados a climas
quentes e úmidos. Nos litorais subtropicais, em razão da temperatura ser mais
baixa, os mangues são mais raros. Em parte dos litorais de Santa Catarina e
do Rio Grande do Sul, o mangue é substituído pela marisma, um ecossistema
composto de gramíneas adaptadas ao solo salino. Devido à sua importância
ecológica, os manguezais e marismas são fundamen­tais para a sobrevivência
de diversas comu­nidades do litoral brasileiro, como os caiça­ras (pescadores
tradicionais), e os ca­tadores de caranguejo. As leis ambientais brasileiras
proíbem o desmatamento dos manguezais. Nas áreas com solos arenosos, praias
e dunas ocorre a vegetação de restinga.
Vegetação de restinga ocupando duna no litoral.

ECOSSISTEMAS INSULARES OCEÂNICOS


As ilhas brasileiras, tanto as encontradas próximas ao litoral quanto as localizadas em alto mar, apresentam extraordinária
biodiversidade. Os maiores arquipélagos brasileiros, Trindade e Martim Vaz e Fernando de Noronha, são topos de vulcões submarinos
já adormecidos, sem atividade. Os recifes de coral submersos no entorno das ilhas e atóis servem de abrigo, fonte de alimentação
e reprodução para inúmeras espécies marinhas (peixes, moluscos, crustáceos, tartarugas, mamíferos marinhos e aves aquáticas).
● Arquipélago Fernando de Noronha — é um conjunto de ilhas oceânicas brasileiras, cuja maior parte do território foi
transformada em parque nacional para a proteção da vida insular e marinha, dentre as quais se destacam as populações de golfinhos.
● Atol das Rocas — situa-se próximo a Fernando de Noronha, sendo o único em todo o Atlântico Sul que se destaca como área de
reprodução de aves marinhas e migratórias.
● Arquipélago de Abrolhos — situa-se no
litoral sul da Bahia, destacando-se pela
presença periódica das baleias jubarte.
● Arquipélago de Martim Vaz e a ilha de
Trindade — situam-se na altura do litoral
do Espírito Santo. Trindade é importante
área de reprodução de tartarugas marinhas:
todos os anos, centenas de tartarugas
botam seus ovos nas praias dessa ilha.
No Brasil, o principal programa de
pesquisa, monitoramento e conservação
de tartarugas marinhas e continentais é o
Tamar, localizado na ilha.
Comunidade de pescadores.

CPV Gebext4
Geografia 19

Brasil: Campeão em Biodiversidade


Nosso país concentra cerca de 20% de todas as espécies A devastação dos ecossistemas naturais, a poluição dos recursos
de plantas e animais do planeta. Só em plantas superiores hídricos e a caça predatória ameaçam as espécies de extinção.
(angiospermas), arbóreas e arbustivas, possui 56 mil espécies
diferentes. Há 390 espécies de palmeiras e 2.300 espécies
Com o desmatamento, muitas espécies com potencial medicinal
de orquídeas. O país é líder em peixes de água doce (3.000
espécies), é o segundo colocado em anfíbios (517 espécies) e o estão ameaçadas antes mesmo de serem estudadas com detalhes.
terceiro em aves (1677 espécies, das quais 191 são endêmicas).
Possui também 524 espécies de mamíferos, sendo 77 de primatas Conforme a UICN (União Internacional para a Conservação da
(27% dos macacos do mundo). Recentemente foram encontradas Natureza), o Brasil é o quarto país em espécies ameaçadas de
mais duas novas espécies, na região amazônica. E os números extinção (655), atrás apenas dos EUA (1000), Malásia (812)
da biodiversidade brasileiras tendem a crescer, à medida que as
e Indonésia (772). Segundo dados do IBAMA, no Brasil 220
pesquisas científicas avançam.
espécies animais estão ameaçadas de extinção, 110 delas são
A região do rio Juruá (AC) está sendo considerada a de maior
de aves.
biodiversidade da Amazônia e, talvez, do mundo inteiro. Em
uma área do tamanho da cidade de São Paulo foram encontradas
1620 espécies de borboletas, 616 de aves, 50 de répteis, 300 de
aranhas, 140 de sapos e 64 de abelhas. Biodiversidade brasileira e espécies ameaçadas de extinção
Entre os fatores que tornam o Brasil o campeão em Grupos Total estimado Espécies ameaçadas
biodiversidade, estão:
Plantas superiores 56000 108
● grande extensão territorial;
● posição geográfica predominante na zona intertropical; Mamíferos 525 67
● grande diversidade ambiental, isto é, diversos tipos de clima, Aves 1677 110
solo, relevo e ecossistemas.

IBAMA e Fundação Biodiversitas.


Répteis 468 9
Anfíbios 517 1
Mamíferos Número de espécies
Peixes de água doce 3000 1
Brasil
524
Indonésia 515 Insetos 10000000 29

México 449
República Democrática do Congo 409
China 384
Ayres Wermer & Fonseca, O país da megadiversidade.

Uma das espécies mais ameaçadas é a raríssima Ararinha-azul, ave do


ecossistema da Caatinga. Em 2002 com apenas 60 indivíduos em cativeiro. A
última vez que um indivíduo foi avistado na natureza foi em 2000. O governo
brasileiro está empenhado em colaborar com os governos da Suíça e Filipinas
para viabilizar um programa eficaz de reprodução orientada que envolva os
grandes criadores internacionais localizados nos dois países.

A onça parda (Felis concolor) habita ecossistemas


como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.

Gebext4 CPV
20 Geografia

No Brasil, algumas espécies ameaçadas estão sendo salvas por meio de bem-sucedidos
programas de conservação. O Projeto Tamar-Ibama conseguiu lançar ao mar cerca
de 4,5 milhões de filhotes de tartaruga marinha, dos quais estima-se que 4,5 mil tenham
chegado à fase adulta);
As campanhas de proteção ao mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) também
obtiveram êxito. A espécie apareceu na primeira lista sobre animais em extinção
no Brasil, em 1968. Em 1970, eram apenas 200 indivíduos distribuídos em alguns
fragmentos de Mata Atlântica do Rio de Janeiro. A partir de então, um grupo de
ambientalistas e cientistas começou a agir. O mico foi parar na lista da Cites. Em 1972,
numa Conferência realizada em Washington (EUA), foi criado o primeiro programa de
reprodução da espécie em cativeiro. Em 1974, foi criada a Reserva Biológica de Poço
das Antas, localizada no município de Silva Jardim (RJ), para a preservação desses
primatas. A conservação do habitat, em conjunto com o manejo adequado da espécie,
foi um sucesso: hoje ela conta com cerca de 1000 exemplares, distribuídos em duas
reservas biológicas e algumas RPRN. O objetivo é chegar a 2 mil exemplares no futuro.
Tartarugas marinhas
A Importância dos Corredores Ecológicos
Com o objetivo de estimular a conservação da biodiversidade em escala mais ampla, surgiu a ideia de se criarem corredores
ecológicos entre unidades de conservação, cuja viabilização é importante para permitir o intercâmbio da fauna e da flora, visando
garantir a diversidade genética das populações, visto que o intercruzamento entre populações restritas resulta em prejuízos para a
sobrevivência futura de várias espécies.
No caso de regiões com grande biodiversidade e limítrofes com outros países, a implantação de corredores é estratégica. O primeiro
deles foi criado em 2001: o Corredor Iténez-Guaporé, situado entre a Bolívia e o Brasil, abrangendo uma área de 23 milhões
de hectares que contém a maior biodiversidade em peixes do mundo, com 174 espécies, de interesse inclusive comercial. Esse
corredor protege 30 áreas no lado boliviano e 8 no lado brasileiro. Outros corredores ecológicos devem ser criados nas divisas
com o Peru, a Colômbia, a Venezuela e as Guianas.

Desenvolvimento Sustentável e Conferências Internacionais


A degradação ambiental avançou em todo o planeta, comprometendo os ecossistemas e piorando a qualidade de vida das
populações. O consumismo associado ao sistema capitalista gerou uma exploração desmedida dos recursos naturais renováveis
(como a água) e não renováveis (como o petróleo) causando sérios prejuízos ambientais. O movimento ambientalista cresceu
em todo o mundo. Atualmente existem as ONGs (Organizações Não Governamentais) — que atuam em escala internacional,
como o WWF (Fundo Mundial para a Natureza) e o Greenpeace.
Foram realizadas três conferências internacionais sobre meio ambiente e o desenvolvimento: em Estocolmo (1972), no Rio de
Janeiro (1992) e em Johanesburgo (2002). Entretanto, na última Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10,
em Johanesburgo (2002), algumas expectativas foram frustradas. A proposta brasileira de que todos os países adotassem 10% de
sua energia proveniente de fontes renováveis foi rejeitada devido à pressão dos EUA e dos países exportadores de petróleo. Na
época da conferência, o Brasil anunciou a criação do maior parque para conservação florestal com alta biodiversidade no mundo,
o Parque Nacional das Montanhas de Tumucumaque (AP), com cerca de 90% de sua área intacta, com 20.000 espécies de plantas,
35% das quais são endêmicas.
O Programa para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7), um
grande projeto custeado pelo G7, grupo dos países desenvolvidos mais ricos do
mundo, surgiu na Rio-92 e concedeu empréstimos a fundo perdido no valor de 330
milhões de dólares para projetos de ONGs e empresas, inclusive na área de manejo
florestal sustentável (Promanejo). Houve avanços no aparelhamento de unidades de
conservação, através do Subprograma de Unidades de Conservação e Manejo de
Recursos Naturais. Existem seis projetos, dois deles em implementação.
Um deles, o Projeto de Reservas Extrativistas, propõe o gerenciamento
econômico, social e ambiental por meio da cogestão entre governo e sociedade
civil nas reservas de Alto Juruá (AC), Chico Mendes (AC), Rio Preto (RO) e Rio
Cajari (AP). O projeto visa:
Logo do Programa Piloto para a Proteção das Florestas
● efetivação e regularização fundiária das quatro reservas; Tropicais do Brasil – PPG7, o qual foi criado com
● fortalecimento da capacidade produtiva e comercial das reservas; o intuito de fortalecer e maximizar os benefícios
ambientais das florestas tropicais brasileiras, de maneira
● aprimoramento da capacidade produtiva e comercial das reservas; compatível com o desenvolvimento do país.
● apoio ao gerenciamento e à administração adequada e participativa do projeto.

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Geografia 21

Biodiversidade, Biotecnologia, Geopolítica e Desmatamento


Nas últimas décadas, é preocupante a aceleração da perda de biodiversidade no planeta.
É prioritária a conservação dos hot spots, isto é, os ecossistemas que possuem grande biodiversidade e estão muito ameaçados
por atividades socioeconômicas. O Brasil apresenta dois hot spots de biodiversidade: o Cerrado e a Mata Atântica. Outros hot
spots espalhados pelo mundo são: Andes, Madagascar, Mediterrâneo, Califórnia, Ilhas do Pacífico etc..
A preservação também é fundamental nos países megadiversos como: Colômbia, México, Venezuela, Peru, Equador, Indonésia,
Malásia, Filipinas, Índia, China, República Democrática do Congo, África do Sul, Madagascar, Austrália e Estados Unidos.
A biodiversidade em plantas, animais e microorganismos é cada vez mais importante para os setores da economia que utilizam
biotecnologia (farmacêutica, cosmética, alimentos e novas fontes de energia).
Na Rio 1992, foi lançada a CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica), segundo a qual os países desenvolvidos e empresas que
utilizarem recursos biológicos deveriam fazer um ressarcimento financeiro ou social aos países detentores da matéria prima e às comunidades
locais, cujo conhecimento é explorado (indígenas, extrativistas etc). Países como os EUA são críticos em relação a esta convenção.
Em 2000, foi assinado o Protocolo de Cartagena, um acordo internacional que regula o transporte de organismos geneticamente
modificados (transgênicos), estipulando regras de segurança para evitar a contaminação de áreas naturais e de seres humanos.
Países como Brasil, China, Índia, Japão, Alemanha e África do Sul já ratificaram esse Protocolo, ao contrário dos EUA, que
ainda não o assinaram e nem ratificaram.
A biopirataria é outro problema que ocorre fazendo-se o contrabando ilegal de animais (no Brasil: serpentes, macacos, aranhas
e anfíbios) e plantas, que são levados de países com alta biodiversidade para aqueles que desenvolvem pesquisas em diversos
setores. Existem casos em que pessoas disfarçadas de religiosos e ambientalistas chegam a se infiltrar na Amazônia para coletar
informações dos povos indígenas sobre plantas com propriedades medicinais.
Em 2012, foi realizada a COP 11 (na cidade de Hyderabad, na Índia) da Convenção da Biodiversidade. Nessa Conferência,
houve avanços para se chegar a um acordo para frear a perda de biodiversidade até 2020 e recuperar 15% das áreas degradadas.
Em 2013, ocorreu a Conferência da CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora
Ameaçados de Extinção) em Bangkok, Tailândia, em que foi aprovada a proposta do Brasil e da União Europeia para a proteção
de espécies de arraias e tubarões ameaçados, contrariando os interesses de países asiáticos, como a China e o Japão. Existe grande
preocupação com a sobrepesca (pesca excessiva), que está reduzindo as populações de várias espécies.

A mudança no Código Florestal do Brasil


Uma das principais legislações ambientais brasileiras é o Código Florestal, que proíbe o desmatamento das matas ciliares ou
de galeria (as quais acompanham o curso dos rios), da vegetação localizada em nascentes e das matas em áreas montanhosas.
A conservação das matas ciliares é fundamental para a proteção da biodiversidade e dos recursos hídricos.
A alteração no Código Florestal causou polêmica entre governo, Congresso Nacional, ambientalistas e ruralistas. No final das
contas, houve uma flexibilização do Código. Agora, a recomposição das matas ciliares passa a variar conforme o tamanho das
propriedades (módulos fiscais, cuja área varia conforme a região do país), evitando prejuízos para pequenos produtores rurais:
● propriedades de área até 1 módulo fiscal deverão preservar até 5 metros de mata ciliar;
● propriedades de área maior que 10 módulos fiscais deverão preservar 100 metros de mata ciliar.
Os ambientalistas denunciam que essa mudança irá trazer como consequência mais desmatamentos no país.
A biopirataria
A biopirataria constitui o contrabando ilegal de animais e plantas dos países com grande biodiversidade para os países
desenvolvidos. Já foram registrados casos em que pessoas disfarçadas de religiosas chegam a se infiltrar na Amazônia para
coletar informações dos povos indígenas sobre plantas com propriedades medicinais.
Segundo a ONG Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) estima que sejam capturados
e vendidos de maneira irregular cerca de 38 milhões de animais da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Caatinga a cada ano,
gerando uma receita de 1 bilhão de dólares. Entre os interessados nestes recursos biológicos estão: colecionadores particulares,
zoológicos, grandes laboratórios farmacêuticos e cosméticos. Dentre as espécies animais de maior valor estão as serpentes dos
gêneros Bothrops (jararaca) e Crotalus (cascavel), cujo veneno está sendo utilizado para fabricar medicamentos para combater
a hipertensão arterial, além do desenvolvimento de um tipo de “cola” cirúrgica.
Outras espécies contrabandeadas são a coral-verdadeira, a surucucu-pico-de-jaca, a aranha-marrom, além de algumas espécies
de besouros e anfíbios do gênero Dendrobates, que estão sendo utilizados na pesquisa de remédios anestésicos. O laboratório norte-
americano Abbot já patenteou um anestésico produzido a partir de uma substância encontrada na pele do sapo Epipedobates tricolor.
São exemplos de espécies vegetais contrabandeadas: a catuaba, a casca-do-jatobá e o ipê-roxo. Outra espécie atingida é
o pau-rosa, de origem amazônica, utilizado como essência para o famoso perfume Chanel número 5.
A biopirataria é facilitada pela ausência de uma legislação brasileira que defina regras claras sobre o uso dos recursos biológicos no
país. Apesar do Brasil ter ratificado a CDB, não existe ainda regulamentação sobre as penas a serem impostas no caso de sua violação.
Um dos casos mais polêmicos aconteceu com a molécula pilocarpina, extraída do jaborandi (espécie encontrada no Maranhão
e Piauí) e usada para o tratamento do glaucoma. A molécula foi patenteada nos EUA pela indústria farmacêutica Merck.
A falta de legislação dificulta até as pesquisas brasileiras, visto que, recentemente, uma pesquisa da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo) sobre 164 espécies utilizadas como remédios pela tribo indígena Krahô foi interrompida. O motivo foi
uma indenização de 5 milhões de reais pedida pelos caciques da região.
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22 Geografia

A devastação das florestas

As florestas tropicais e equatoriais são fundamentais para o equilíbrio ecológico do planeta. Representam papel fundamental,
uma vez que captam grandes quantidades de gás carbônico da atmosfera, contribuindo para o equilíbrio térmico e amenizando o
efeito estufa. São também importantes para a regulação do ciclo hidrológico. Mesmo assim, não podem ser consideradas como os
pulmões do mundo, pois parte do oxigênio liberado durante o dia no processo de fotossíntese é consumida pela respiração à noite.
Na verdade, cerca de 90% do oxigênio liberado na atmosfera é produzido pelas algas nos oceanos.

1996 1997

floresta
amazônica

área
desmatada

Desmatamento visualizado por imagens de satélite – uma região em dois momentos.

A devastação dos ecossistemas naturais remanescentes pode produzir efeitos negativos para o planeta e para a própria humanidade.
A vegetação é elemento importantíssimo no equilíbrio do ambiente e sua retirada desencadeia efeitos em cadeia, os quais atingem os
demais componentes da paisagem, o clima, o solo, a hidrografia e a vida animal. A manutenção da vegetação natural é essencial para
o equilíbrio climático. Mudanças bruscas do clima podem trazer prejuízos às atividades humanas, principalmente na agropecuária
e recursos hídricos. Calcula-se que cerca de dois terços das florestas do planeta já foram devastadas. Mesmo os ecossistemas mais
remotos estão sendo alterados. A própria tundra, vegetação composta por musgos e líquens, característica do hemisfério norte, já
sofre com a poluição decorrente da exploração mineral.

Principais consequências dos desmatamentos e queimadas

● aumento da poluição do ar decorrente das


queimadas, contribuindo também para o
efeito estufa (aquecimento da atmosfera do
planeta);
● diminuição da biodiversidade de micro-
organismos, plantas e animais, devido à
extinção de inúmeras espécies, causando
desequilíbrio nas teias alimentares e na
ciclagem de nutrientes;
● diminuição da transpiração das plantas em
virtude do desmatamento, o que resulta
decréscimo da umidade do ar, da formação
de nuvens e das chuvas, prolongando os
períodos de seca;
● exposição, empobrecimento e erosão
acentuada dos solos, que ficam desprotegidos
em relação à ação erosiva das águas e dos
ventos;
● intensificação da lixiviação, laterização e desertificação dos solos;
● assoreamento no leito dos rios e alteração nos ecossistemas aquáticos, devido ao acúmulo de sedimentos provenientes da
intensificação da erosão dos solos nas áreas desmatadas.

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O equilíbrio e desequilíbrio ambiental na Amazônia


evapotranspiração
A nuvem B

queimada/desmatamento
poluição do ar

chuva toras de
árvores
derrubadas

cinzas

pastagens
serrapilheira / humo rio queima do humos solos pobres

Ecossistema em equilíbrio ● desmatamento e queimadas


● Floresta Amazônica (terras baixas) ● ocupação da área com pastagens improdutivas (latifúndio)
● instalações da madeireira

C D diminuição da chuva

chuva
área abandonada vegetação secundária
assoreamento árvores mortas

erosão

enchente

cinzas humo solo duro laterítico laterização – solo laterítico coberto pela savana
● erosão excessiva
● lixiviação exagerada
} perda de nutrientes do solo Ecossistema em desequilíbrio
● vegetação secundária (savana com babaçu)
— solo exaurido, laterizado e infértil
● assoreamento do rio — abandono da área
● enchentes — chuvas diminuindo
— instalação da vegetação secundária
— o gradativo empobrecimento do solo e a diminuição da
chuva caracterizam o processo de “desertificação”.

Comunidades locais, desenvolvimento sustentável e extrativismo vegetal


O extrativismo vegetal é uma das mais importantes formas de desenvolvimento sustentável
para os ecossistemas brasileiros. É crescente a utilização de espécies amazônicas para fins
comerciais, especialmente com a criação de Reservas Extrativistas (RESEX) em estados como
o Acre. Muitas delas, porém, já estão sendo cultivadas em outras regiões do país. O sul da
Bahia já lidera a produção de guaraná e cacau. O oeste de São Paulo lidera a produção de látex
(borracha natural) proveniente da seringueira. Nos últimos anos, cresceu o consumo de frutas
amazônicas, como o açaí e o cupuaçu. A exploração predatória de palmito na Mata Atlântica
tornou a espécie seriamente ameaçada em várias regiões. Há alguns anos, o governo e algumas
ONGs têm pressionado as empresas do ramo a efetivarem o reflorestamento nas áreas exploradas.
Cresceu também a exploração do palmito amazônico, do açaí e da pupunha. Nas Matas de Cocais,
explora-se o babaçu e a carnaúba.
Chico Mendes, líder dos seringueiros do Acre, foi assassinado a mando de
fazendeiros em 1989. Tornou-se símbolo da luta dos seringueiros e dos ecologistas
pelo desenvolvimento sustentável na Amazônia.

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Extrativismo vegetal no Brasil


Nome Nome Ocorrência Utilidades
popular científico

Pupunha Bactris gasipaes Floresta amazônica Extração do palmito.


(terra firme)
Cupuaçu, fruta amazônica
Palmiteiro Euterpe edulis Mata atlântica Extração do palmito. muito utilizada na produção de doces e sucos.
(Jussara)

Seringueira Hevea brasiliensis Floresta amazônica Extração de látex para produção de borracha natural.
(várzea)

Guaraná Paullinia cupana Floresta amazônica Extração de essência para produção de refrigerantes.
(igapó / várzea)

Castanheira Bertholletia excelsa Floresta amazônica Extração da castanha-do-pará.


(terra firme)

Açaí Euterpe oleraceae Floresta amazônica Extração de suco e confecção de doces, do fruto;
(igapó / várzea) Extração do palmito, do caule.

Babaçu Orbignya phalerata Mata de cocais Uso das amêndoas retiradas do coco para produção de óleo
utilizado na indústria alimentícia (fabricação de margarina),
cosméticos, produtos de limpeza (sabão) e lubrificação
de aparelhos e instrumentos.

Carnaúba Copernicia prunifera Mata de cocais Uso das folhas para a produção de cera utilizada na fabricação
de velas, vernizes, graxas e lubrificantes; na indústria
farmacêutica (pomadas e sabonetes).
Uso das folhas para fabricação de cestos, chapéus, cordas, redes,
além da cobertura de quiosques e casas (impermeável).
Uso das raízes como medicamento cicatrizante e contra o reumatismo.
Uso do tronco para construir casas e postes de iluminação.

Oiticica Coupeia grandiflora Mata de Cocais Árvore frondosa com maior ocorrência no CE, PB, RN e MG.
Cerrado Extração de óleo secante utilizado na fabricação de tintas, vernizes
e anticorrosivos.

Pinheiro-do- Araucaria angustifólia Mata de Araucária Utilização da madeira e exploração do pinhão.


Paraná

Erva-mate Ilex paraguariensis Mata de araucária Uso das folhas para produção de chá (chimarrão).

Castanha-do-Pará Pinhão Açaí

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Manejo Sustentável de Florestas


O manejo sustentável é administrar as florestas de modo que sua exploração permita extrair dela recursos com valor socioeconômico
(madeira, resina, raízes, cascas, cipós, entre outros), sem deixar de respeitar o funcionamento do ecossistema. Deve-se manter a
capacidade da floresta de fornecer recursos e ao mesmo tempo regenerar-se, conservando sua biodiversidade. O manejo adequado
minimiza impactos e mantém a composição florística da floresta, o que é possível a partir de estudos técnicos rigorosos.
Os procedimentos fundamentais são:
● Estudo do ecossistema — mapeamento da região, levantamento de sua geografia e classificações fitogeográficas utilizadas;
● Inventário florestal — estudo da estrutura, análise fitossociológica, florística e sucessional, com o objetivo de levantar dados
quantitativos;
● Análise das espécies exploradas — a partir do estudo anterior, promove-se um estudo minucioso das espécies a serem
exploradas, seu número, características de germinação, papel no estágio sucessional e tempo de crescimento, informações
essenciais que orientam sobre a quantidade de recursos disponíveis, o potencial de exploração e as medidas para garantir
a regeneração das espécies, dentre as quais está incluído o reflorestamento a partir de mudas cuidadas em viveiros,
conforme o caso.
Ocorre um crescimento da procura por
madeiras nobres em escala internacional. Mas
muitos importadores já estão exigindo que
a proveniência da madeira seja sustentável.
Com isso, aumentou o número de madeireiras
que praticam o manejo florestal sustentável,
sobretudo na Amazônia.
Um dos casos é o da Madeiras e Laminados
Juruena Ltda, localizada no norte de Mato
Grosso.
Na década de 1990, empresa implantou
técnicas de manejo sustentável que incluem
o reflorestamento com espécies nativas
exploradas pela empresa, como é o caso do
Mogno (Swietenia macrophylla), da Cerejeira
(Amburana acreana) e do Caucho (Castilla
ulei). As mudas dessas espécies foram plantadas
numa mata já explorada, em linhas de plantio
Viveiro de mudas com a finalidade de promover o reflorestamento
de cerca de 4 metros de largura, paralelamente,
em áreas exploradas em Juruena, norte de Mato Grosso.
a cada 10 ou 12 metros.
A empresa também investiu em projetos agroflorestais e reflorestamento com espécies nacionais e exóticas rentáveis como a Teca
(Tectona grandis).
Entre as técnicas de manejo, destacam-se:
● inventário da floresta e elaboração de plano de manejo plurianual;
● definição da intensidade de exploração, enfatizando a manutenção de altos estoques de espécies desejáveis (comerciais e
potenciais) de boa qualidade;
● seleção e demarcação do bloco para exploração de cada ano;
● seleção, marcação e mapeamento de matrizes porta-sementes;
● instalação e marcação de árvores para exploração;
● instalação de parcelas de 2500 m2 cada para inventário contínuo e permanente;
● abertura de estradas (de uso permanente), linhas de arraste (de uso temporário) e estaleiros;
● inventário pós-exploração nas parcelas permanentes;
● tratamento de refinamento e limpeza pós-exploração em todo o bloco explorado (liberação da regeneração dos “impedidores
de crescimento”: remoção de resíduos da exploração como copas e galhadas, excesso de cipós e palmeiras;
● controle permanente das matrizes porta-sementes e coleta de sementes;
● inventário anual das parcelas permanentes para obter dados sobre índices de incremento que servirão para definir o ciclo de
corte e a intensidade da exploração nos próximos blocos.

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26 Geografia

EXERCÍCIOS

01. (FUVEST-SP/2016) O mapa representa um dos possíveis 03. (FGV-SP) O Presidente da República Russa de Yakutia, às
trajetos da chamada Ferrovia Transoceânica, planejada para margens do oceano Ártico, na Sibéria, comprometeu-se a
atender, entre outros interesses, ao transporte de produtos proteger até o ano 2000 uma área de 70 milhões de hectares
agrícolas e de minérios, tornando as exportações possíveis de I e II , superfície equivalente a um quarto do
tanto pelo Oceano Atlântico quanto pelo Oceano Pacífico. território da república. A gigantesca área a ser protegida é rica
em vida selvagem, mas está ameaçada por poluição decorrente
de exploração mineral e pela indústria madeireira. Diversas das
espécies existentes na futura reserva são consideradas localmente
ameaçadas, entre elas o urso-pardo (Ursus arctos).
Adaptado de http://www.snagricultura.org.br/meioamb02.htm

Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do


texto.

I II
a) Savanas Estepes
b) Floresta Temperada Campos
c) Campos de Altitude Floresta Pluvial
d) Pântanos Mangues
e) Tundra Floresta Boreal

04. (UF-ES) As informações abaixo mostram a correlação existente


entre formações vegetais e suas respectivas características.
Considerando-se o trajeto indicado no mapa e levando em conta I. Ambiente em que o solo funciona como suporte para a
uma sobreposição aos principais Domínios Morfoclimáticos automanutenção da floresta, de tal maneira que, nas áreas
da América do Sul e as faixas de transição entre eles, definidos desmatadas, o trabalho dos micróbios se acelera e as chuvas
pelo geógrafo Aziz Ab’Sáber, pode-se identificar a seguinte removem os produtos finais da decomposição orgânica,
sequência de Domínios, do Brasil ao Peru: deixando um solo laterítico, que não responde bem à
a) Chapadões Florestados, Cerrados, Caatingas, Pantanal, agricultura.
Andes Equatoriais.
II. Domínio vegetacional que pode variar de gramíneas a
b) Mares de Morros, Pantanal, Chaco Central, Andes
arbustos e árvores; estende-se em ambos os lados da linha
Equatoriais.
do Equador, nos hemisférios Norte e Sul, onde o clima se
c) Chapadões Florestados, Chaco Central, Cerrados, Punas.
caracteriza por apresentar uma estação seca marcante e outra
d) Mares de Morros, Cerrados, Amazônico, Andes Equatoriais.
chuvosa.
e) Mares de Morros, Cerrados, Caatingas, Amazônico, Punas.
III. Formação vegetal caracterizada pela grande amplitude
02. (MACK-SP) térmica comum a esse ambiente, pelas chuvas que, em geral,
caem em forma de pancadas periódicas ou ocasionais e
Clima Formação Vegetal Característica pela má distribuição da precipitação tanto temporal quanto
Floresta Grande número espacial.
I Equatorial
Caducifoliada de espécies IV. Ambiente de vegetação constituída de florestas uniformes,
Espécies cujas partes aéreas se adaptam à frequente precipitação nival.
II Semiárido Estepes
xerófitas Localiza-se nas altas latitudes, na extremidade norte da zona
Ciclo vegetativo temperada, entre os trópicos e os círculos polares, ocupando
III Subpolar Tundra
curto grandes extensões territoriais, sobretudo no hemisfério Norte.
Homogeneidade Na sequência em que aparecem, os ambientes descritos são
IV Frio úmido Floresta Latifoliada
de espécies designados respectivamente como
Estão corretos: a) Floresta de Coníferas; Floresta Equatorial; Deserto; Savana.
a) todos
b) apenas I b) Floresta Equatorial; Deserto; Savana; Floresta de Coníferas.
c) apenas I e II c) Floresta Equatorial; Savana; Deserto; Floresta de Coníferas.
d) apenas II e III d) Deserto; Floresta de Coníferas; Floresta Equatorial; Savana.
e) apenas III e IV e) Savana; Floresta Equatorial; Deserto; Floresta de Coníferas.

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Geografia 27

05. (ESPM-SP/Dez-2015) 07. (PUC-SP) Associando formações vegetais e recursos hídricos


no Brasil, temos
Rússia reivindica oficialmente à
ONU mais de um milhão de km2 do Ártico 1. formação savânica, mas com ocorrência de matas,
em condição de domínio de clima seco. Suas plantas
A Rússia apresentou nesta terça-feira (4) ante as Nações desenvolvem adaptações para reter água por maior tempo,
Unidas um pedido oficial para reivindicar sua soberania evitando a transpiração.
sobre mais de um milhão de quilômetros quadrados do 2. formação florestal em área de planícies inundáveis,
Ártico. O pedido formal, apresentado ante a Comissão de percorrida por uma rica drenagem de águas perenes (rios,
Limites da Plataforma Continental da ONU, estipula que, canais, lagos e lagunas), que constituem uma imensa
segundo as pesquisas científicas realizadas, a Rússia tem bacia hidrográfica.
direito a 1,2 milhão de quilômetros quadrados adicionais
3. formação de matas abertas e savanas, que, mesmo com
da plataforma ártica.
estação seca marcada no ano, não se caracteriza por
http://noticias.uol.com.br escassez de água. As plantas adaptam-se e buscam água
O pedido russo pode ser considerado: em grandes profundidades.
a) procedente, pois as atuais leis internacionais dizem que 4. formações florestais (com distribuição azonal) de níveis
um país tem privilégios econômicos exclusivos sobre a elevados de umidade, em função das volumosas chuvas
placa situada em um raio de 200 milhas náuticas ao redor vinculadas às condições do relevo, cujas águas ela
de sua costa. consegue reter em grande quantidade.
b) improcedente, pois os limites territoriais e oceânicos já
estão determinados há muitos anos pela ONU e essas Assinale a alternativa correta.
regras são irreversíveis.
c) procedente, pois apesar de ser o maior país do mundo a a) “É uma verdadeira floresta de cabeça para baixo”.
Rússia não tem saída ao mar. Tal imagem refere-se à descrição número 1, que trata do
d) improcedente, pois nenhum país tem direito ao uso do cerrado do Brasil central.
Ártico e da Antártida. b) “Essas formações são como fábricas de água”.
e) improcedente, pois a parte reivindicada situa-se na Europa Tal imagem refere-se à descrição número 4, que
e a Rússia é um país asiático.
corresponde à floresta tropical pluvial (Mata Atlântica).
06. (MACK-SP) Os domínios morfoclimáticos brasileiros c) “Essas formações são como fábricas de água”.
(conforme Ab Sáber), identificados no mapa com A e B, Tal imagem refere-se à descrição número 2, que é a
correspondem respectivamente a: floresta tropical-úmida (Amazônia).
d) “É uma verdadeira floresta de cabeça para baixo”.
Tal imagem refere-se à descrição número 3, que é a
caatinga do semiárido nordestino.
e) “É uma verdadeira floresta de cabeça para baixo”.
Tal imagem refere-se à descrição número 2, que é a
floresta equatorial amazônica.

a) Mares de Morros e Cerrado.


b) Araucária e Pradarias.
c) Cerrado e Caatinga.
d) Araucária e Cerrado.
e) Caatinga e Pradarias.

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28 Geografia

08. (UMESP-SP) Observe atentamente a figura abaixo, que 10. (FUVEST-SP) Considerando-se as regiões assinaladas,
representa esquematicamente os degraus de vegetação da indique a alternativa que apresenta suas principais
Amazônia. características.

A Floresta Amazônica possui três degraus de vegetação,
tendo por base os níveis altimétricos representados na figura
pelos números 1, 2 e 3. Assinale a alternativa abaixo que
represente estes números, respectivamente.
Depressão Marginal
Sul-amazônica
Planalto das e Planaltos
Guianas 1 Residuais
Nível das águas Sul-amazônicos
2 altas (enchentes)
Rio
3
Amazonas

Vegetação Exploração Problema


original econômica ambiental
N S I Mata Pecuária Intensificação
Atlântica semi-intensiva dos processos
a) Mata de terra firme, mata de várzea e mata do igapó. erosivos
b) Mata da várzea, mata de terra firme e mata do igapó. II Cerrado Agroindústria Poluição hídrica
c) Mata do igapó, mata de várzea e mata de terra firme. canavieira e do solo
d) Mata de terra firme, mata do igapó e mata de várzea. III Cerrado Pecuária Chuvas ácidas
e) Mala do igapó, mata de terra firme e mata de várzea. intensiva
IV Mata Ecoturismo Perda da diversidade
09. (UFSCar-SP) Observe o mapa. atlântica biológica
DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS BRASILEIROS
A alternativa que indica as características corretas é
a) I e II. b) I e III. c) II e III.
d) II e IV. e) III e IV.

11. (MACK-SP) O mapa apresenta as áreas onde a vegetação


Aziz Ab’Sáber

original foi intensamente


alterada pela ação antrópica.
Sobre elas, considere as
OCEANO seguintes afirmações.
1 ATLÂNTICO A B
I. A área A foi devastada
2
3 em época recente,
4 como consequência da C
5 ESCALA expansão da fronteira
0 440 880 km agrícola e da exploração
6
7 1 cm - 440 km mineral.
II. A área B foi desmatada em consequência do incremento
Considere as informações seguintes. da produção industrial nos estados nordestinos, após a
I. O número 3 refere-se ao domínio dos mares de morros. década de 1970.
II. O número 7 refere-se às faixas de transição. III. Na área C a principal responsável pela devastação foi a
III. O número 1 refere-se ao domínio subtropical. descentralização industrial verificada no estado de São
IV. O número 4 refere-se ao domínio da caatinga. Paulo, a partir da década de 1950.
Estão corretas as afirmações: Assinale:
a) I e III somente. a) se todas estiverem corretas.
b) II e III, somente. b) se todas estiverem incorretas.
c) III e IV, somente. c) se apenas I estiver correta.
d) I, II e IV, somente. d) se apenas II estiver correta.
e) II, III e IV, somente. e) se apenas III estiver correta.

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Geografia 29

12. (FUVEST-SP) “Quando o nível do mar recuou e permaneceu 14. (ESPM-SP) Considere o esquema referente ao Brasil Central.
por alguns milênios a uma centena de metros mais baixo
do que atualmente, o clima regional em seu conjunto era
menos quente e muito mais seco (...). Havendo muito menos
precipitações, os rios eram bem menos volumosos (...). Pelo
oposto, durante a ascensão do nível do mar (...), processou-se
uma retropicalização generalizada da região, com aumento CERRADO
de calor e, sobretudo, dos níveis de pluviosidade e umidade
do ar. Mais chuvas e teor de umidade (...) provocaram a
reexpansão florestal.” Ab’Saber, 1996. Clima “X”
O texto descreve o processo de uma região natural brasileira. com temperaturas
Identifique-a corretamente, relacionando-a ao processo. em geral acima de 18°C
e chuvas concentradas
Região Natural Processo em parte do ano.

a) Mata Atlântica Tectonismo O clima “X” pode ser identificado como


b) Cerrado Tectonismo a) tropical semiúmido.
c) Pampa Gaúcho Variação Climática b) subtropical.
d) Mata de Araucária Tectonismo c) equatorial.
e)
d) semiárido.
Floresta Amazônica Variação Climática
e) tropical de altitude.

13. (FGV-SP) De acordo com o IBAMA, os parques nacionais 15. (ESPM-SP) Considere o texto apresentado abaixo.
são unidades de conservação destinadas à proteção integral
“Trata-se de uma formação vegetal adaptada ao clima seco
de áreas naturais com características de grande relevância do
e a solos pouco profundos. Para reter a umidade durante
ponto de vista ecológico, de beleza cênica, científico, cultural
os longos períodos de estiagem, essa vegetação arbustiva
ou educativo. A ideia é que possuam planos de manejo para
adapta-se de diferentes formas, como algumas cactáceas
preservar a diversidade biológica e os processos naturais
que transformam suas folhas em espinhos.”
peculiares a cada uma dessas unidades.
A correta localização da vegetação descrita no texto está
representada em:
a) b)

A área assinalada no mapa refere-se ao Parque Nacional:


c) d)
a) de Pacaás Novos, que preserva ecossistemas de contato
entre cerrado e Floresta Amazônica. Ali vivem tribos
indígenas como a dos Uru-Eu-Wau-Wau.
b) da Serra do Divisor, que mantém ecossistemas, como
florestas tropicais abertas e florestas de palmeiras, em
área de elevada pluviosidade.
c) da Serra da Bocaina, que abriga rica fauna e faixas de
floresta tropical pluvial atlântica em área de superfícies
e)
elevadas, formadas por rochas cristalinas.
d) de Ubajara, com vegetação de caatinga, cerrado e mata
Atlântica. Protege também grutas de rara beleza que
afloram em rochas calcárias.
e) do Jaú, maior área de preservação do país, criada para
conservar um denso maciço de vegetação de floresta
Amazônica e sua fauna riquíssima.

Gebext4 CPV
30 Geografia

16. (UF-MG) Observe o mapa. 17. (SENAC-SP) Observe a figura:

FLORESTA TROPICAL
Vegetação Natural do Estado da Bahia
m
26
24
22 m
20

4 18
16
20
18
14 16
6 15° 12 14
6 10
8
12
10
6 8

6 5
4 6

3 3 2
0
4
2
6 3 0
W 4 2
6 8 1 Situação primitiva Início de degradação
E
2 2 6
5 2 m m
7 5 20
4 18
16 16

2 3 6 45° 14
12
14
12
10 10
10° 8
6
8
6
4 4
2 2
0 0

Avanço de degradação Vegetação fortemente degradada


8
Richard B. Primack e Efraim Rodrigues In Biologia da Conservação.

40°
Considerando a poluição atmosférica como fator degenerador de
0 300 600 km
florestas é errado afirmar:
IBGE. (1993). Mapa de Vegetação do Brasil (adaptado)
a) uma das razões da perda de porte das florestas é a incidência
Legenda: de chuvas ácidas, como aconteceu na região de Cubatão em
1) Ma – Mata Atlântica São Paulo.
2) Md – Mata decídua b) embora seja grave o que as figuras mostram, as consequências
3) Msd – Mata semidecídua não são tantas para a estabilidade do solo, por causa do
4) Ca – Caatinga
5) Ce – Cerrado enraizamento das plantas.
6) T – Áreas de Transição / Tensão ecológica c) as chuvas ácidas incidem não só nas áreas de emissão dos
7) A – Campo de altitude poluentes, mas podem atingir áreas florestais mais distantes
8) P – Vegetação pioneira (litorânea)
em função dos ventos.
d) a chuva ácida degenera em primeiro lugar as árvores mais
altas, devastando suas copas, gerando o que se denomina
A análise e interpretação da seção Leste-Oeste, indicada
“floresta de paliteiros”.
no mapa, permitem concluir que todas as afirmativas
estão corretas, exceto. e) a remoção das copas das árvores modifica a incidência solar,
inviabilizando as espécies de sombra, alterando mais a
a) A seção mostra que, na Bahia, estão bem composição original da floresta.
representadas três das grandes formações vegetais
brasileiras.
b) A seção transversal reflete grande complexidade na
distribuição da vegetação e apresenta interpenetração
de diferentes formações.
c) A sequência da vegetação reflete uma aridez crescente
de leste para oeste no Estado.
d) As formações vegetais de transição ocupam áreas
significativas e aparecem várias vezes na seção.
e) Os campos de altitude cortados pela seção
localizam-se na Chapada Diamantina e constituem
um refúgio ecológico.

CPV Gebext4
Geografia 31

18. (UF-MG) A partir da análise e interpretação do mapa ao Distribuição da Panthera onça, a onça-pintada,
lado, é incorreto afirmar que: no Continente Americano

a) a espécie Panthera onça tem uma larga distribuição


geográfica, que abrange zonas climáticas diferentes.

b) a baixa probabilidade de sobrevivência da onça-pintada,


a longo prazo, está relacionada basicamente às áreas
de fronteiras agrícolas atuais.

c) o mapa contradiz uma tese popular, segundo a qual a


Panthera onça é típica de região florestal.

d) a probabilidade de sobrevivência da onça-pintada


é explicada pelos diferentes níveis de degradação

Cláudio Ângelo. Biotecnologia pode salvar onças-pintadas.


ambiental.

Folha de S. Paulo. Folha Ciência.


19. (UF-BA)

Com base nos mapas e nos conhecimentos sobre o espaço geográfico brasileiro, pode-se afirmar:
01. A influência da extensão latitudinal e as diversas unidades geomorfológicas existentes no país explicam a grande diversidade
de climas e de formações vegetais.
02. A maior ou menor interferência de fatores climáticos afeta a uniformidade e explica a diversidade climática de cada região.
04. A maior parte do território brasileiro é formada por áreas topograficamente deprimidas, submetidas às condições de
tropicalidade, típicas das latitudes médias.
08. As maiores amplitudes térmicas anuais do país são registradas nas regiões de climas equatoriais, enquanto as menores o
são nas regiões de latitudes mais elevadas.
16. O relevo brasileiro, por possuir altitudes modestas, exerce pouca influência nas condições climáticas do interior das regiões,
fato que explica a pequena variedade de paisagens existentes no país.
32. O mapa de distribuição das formações vegetais brasileiras não obedece rigidamente aos mesmos limites climáticos, em
função de influências produzidas por outros componentes ambientais, dando origem às faixas de transição.
64. A maior diversidade de paisagens naturais na Região Nordeste ocorre no eixo norte-sul, em função do clima e do relevo.

Soma correta:

Gebext4 CPV
32 Geografia

20. (PUC-SP) Considerando a crise gerada pela escassez de água 22. (Fuvest-SP/2016) O estrato entre a crosta e a atmosfera,
nos estoques do nosso sistema energético de hidroeletricidade onde ocorre vida no planeta Terra, caracteriza-se por
e levando em conta as relações mais gerais entre os recursos apresentar trocas de matéria e energia, o que influi na
hídricos com o conjunto do meio ambiente, assinale a distribuição de biomassa e biodiversidade no planeta. Os
afirmação errada. fenômenos de radiação solar (R) e de precipitação (P)
a) É um equívoco atribuir a escassez de recursos hídricos estão diretamente correlacionados com a distribuição da
nos lagos das grandes usinas hidrelétricas apenas à falta biomassa e da biodiversidade e variam, em grande medida,
de chuvas, pois outras questões relacionadas ao meio latitudinalmente. De modo geral, quanto mais quente e
ambiente também causam o problema. mais úmida for uma região, maiores serão a biomassa e a
b) A destruição das matas ciliares que protegem nascentes biodiversidade das espécies; por outro lado, quanto mais
e margens dos cursos d’água promove o assoreamento fria e mais seca for a região, menores serão tanto a biomassa
deles, comprometendo o potencial hídrico, tal como vem quanto a biodiversidade das espécies.
ocorrendo no rio S. Francisco. a) Com base nas informações fornecidas e em seus
c) A remoção das florestas compromete o ciclo da água: conhecimentos, represente no gráfico a seguir a localização
reduz a evapotranspiração; dificulta a infiltração de água do extremo com maior biomassa e biodiversidade e os
no solo; impede a retenção de água nas folhas. Isso tudo dois extremos com menor biomassa e biodiversidade.
fomenta a escassez dos recursos hídricos. Para a representação, utilize a legenda indicada.
d) A impermeabilização do solo numa bacia hidrográfica
aumenta a velocidade do escoamento das águas, diminuindo
seu armazenamento subterrâneo, o que compromete a
disponibilidade duradoura dos recursos hídricos.
e) Os grandes lagos, para a estocagem de água, garantem
o funcionamento das hidroelétricas em estações secas,
além de proteger o estoque de água do assoreamento e
da transpiração, possibilitando uma utilização quase total
dos recursos hídricos.

21. (UEL-PR) “Em 1988, o satélite Landsat, ao mesmo tempo


em que consagrava o resultado do acelerado programa de
assentamento rural nos estados de Mato Grosso e Rondônia,
b) Indique outro fator, além da radiação solar e da
registrava índices alarmantes de desmatamento na Amazônia
precipitação, que pode afetar a distribuição de
Ocidental. A imagem impulsionava a discussão sobre o biomassa e de biodiversidade no planeta.
extermínio da floresta e os graves problemas sociais...” Explique, apontando dois exemplos.
J. L. S. Ross, Geografia do Brasil. São Paulo: EDUSP
23. (PUCCamp-SP) “Ninguém sabe a cifra exata. Há quem diga
Em relação ao tema, considere as seguintes afirmativas:
que, anualmente, cerca de 40 milhões de metros cúbicos de
I. O desmatamento da Amazônia provoca a expulsão dos madeira são extraídos na Amazônia (...). A atividade rende
povos da floresta e posseiros, pois são privados de seu por ano, no mínimo, US$ 2,5 bilhões. A única certeza é que
meio de sustento e de vida. do total de madeira retirada da floresta, apenas 20% são
II. Se os solos da Amazônia sustentam a floresta é porque são autorizados pelo Ibama. O resto é extração clandestina.”
férteis; logo, a sua utilização para a agricultura compensa Gazeta Mercantil
o desmatamento. a)
b)
III. O desmatamento da Amazônia é absolutamente necessário
para garantir o desenvolvimento da região e assim permitir
que o Brasil saia de sua condição de país subdesenvolvido.
IV. O desmatamento da Amazônia é causado,
predominantemente, pela ação de grandes empresas c) d)
nacionais e estrangeiras, na busca de madeiras de lei e
de minérios ou na implantação da pecuária extensiva.
Está(ão) correta(s) apenas as afirmativas:
a) I, II, III e IV. e)
b) I e IV.
c) II e III.
d) I e II. e) I.

CPV Gebext4
Geografia 33

24. (FUVEST/2012) No mapa atual do Brasil, reproduzido 26. (FGV-SP) Responda à questão com base na tabela.
abaixo, foram indicadas as rotas percorridas por algumas
bandeiras paulistas no século XVII. Produção de borracha no Brasil

Estado Toneladas %
Acre 1.236 2,7
Amazonas 101 0,2
Bahia 10.792 24,0
Espírito Santo 293 0,6
Goiás 121 0,3
Maranhão 479 1,1
Mato Grosso 7.049 15,6
Minas Gerais 9 0,1
Pará 1.687 3,7
Pernambuco 93 0,2
Rondônia 1.864 4,1
São Paulo 21.369 47,4
Produção de seringal de cultivo 42.066 93,3
Produção de seringal nativo 3.027 6,7
Nas rotas indicadas no mapa, os bandeirantes IBAMA

a) mantinham-se, desde a partida e durante o trajeto, Quase 50% da produção de borracha, no Brasil, foi garantida pelo
em áreas não florestais. No percurso, enfrentavam estado de São Paulo. Esse fato, aparentemente estranho, pode ser
períodos de seca, alternados com outros de chuva mais bem entendido se lembrarmos que:
intensa.
b) mantinham-se, desde a partida e durante o trajeto, a) os estados da região Norte foram, tradicionalmente, os grandes
em ambientes de florestas densas. No percurso, produtores de látex do Brasil, mas São Paulo apresenta
enfrentavam chuva frequente e muito abundante o condições ecológicas idênticas às da Amazônia.
ano todo. b) a seringueira, principal produtora de látex, é nativa da Floresta
c) deixavam ambientes florestais, adentrando áreas de Amazônica, porém o progresso tecnológico desenvolveu
campos. No percurso, enfrentavam períodos muito formas para seu cultivo em todas as partes do mundo.
longos de seca, com chuvas apenas ocasionais.
c) a tecnologia de produção do látex desenvolveu-se muito, a
d) deixavam ambientes de florestas densas, adentrando
áreas de campos e matas mais esparsas. No percurso, ponto de a seringueira poder ser cultivada em quaisquer tipos
enfrentavam períodos de seca, alternados com outros de solo e clima sem grandes investimentos.
de chuva intensa. d) a proximidade dos grandes centros consumidores pode ajudar
e) deixavam áreas de matas mais esparsas, adentrando a explicar os investimentos aplicados no cultivo da seringueira
ambientes de florestas densas. No percurso, em São Paulo e seu volume de produção no país.
enfrentavam períodos muito longos de chuva, com e) todos os estados da região Norte produzem mais borracha
seca apenas ocasional. extraída dos seringais cultivados do que dos seringais nativos.

25. (FUVEST-SP) O conhecimento tradicional próprio de


comunidades locais desperta a atenção de empresas 27. (MACK-SP) A biotecnologia utilizada para estimular o aumento
transnacionais no Brasil, devido da produtividade no campo tem sido aplicada já há algum tempo e
a) ao reconhecimento do papel dessas comunidades na a avaliação de seus resultados tem sido controvertida por inúmeros
conservação de recursos naturais pelos organismos problemas surgidos, exceto:
internacionais, que pagam quantias elevadas por a) por ser uma tecnologia de baixo custo, pode ser utilizada pelos
isso. países pobres.
b) ao relacionamento dessas comunidades com grupos b) porque as novas variedades são produzidas por grandes
paramilitares de Estados vizinhos, facilitando assim corporações.
a expansão dos investimentos. c) porque a utilização das novas variedades só é possível através
c) à possibilidade de essas comunidades serem inseridas da compra de patentes e pacotes tecnológicos.
no mercado de consumo, a partir da descrição do seu d) porque ainda não estão completamente definidos os riscos à saúde
gênero de vida. provocados pelo consumo desses produtos.
d) à posição estratégica das comunidades, junto aos e) porque a homogeneidade das espécies cultivadas torna toda safra
grandes corpos d’água e ao litoral, contribuindo vulnerável a uma única praga ou doença.
para o combate ao contrabando.
e) à aceleração da pesquisa que tal conhecimento
propicia, facilitando a bioprospecção de espécies
que ocorrem em território brasileiro.

Gebext4 CPV
34 Geografia

28. (FGV-SP) Dependendo da referência utilizada, pode variar 31. (MACK-SP)


bastante a importância de cada país no mundo. No mapa acima,
não se adotou a extensão territorial dos países como critério para
delimitar a proporção dos espaços que eles ocupam no Globo.
EUA Canadá
Rússia Equador

México nte China


ne
nti eu
Co urop
E

ia Índia
mb Rep.
Gabão

América Co Dem
Central Congo do
Peru Brasil Congo a
ési
on
Ind
Austrália

O referencial utilizado foi:


a) a biodiversidade, relacionada ao número de espécies animais e
vegetais existentes.
b) a participação percentual da agricultura na economia.
c) as principais jazidas de minerais metálicos e combustíveis fósseis.
d) a população, correspondendo à quantidade de habitantes presentes
no mundo. TRÓPIC
O DE
e) as taxas de urbanização, em porcentagem da população total. CAPRIC
ÓRNIO

29. (FGV-SP) As políticas governamentais de gestão do meio ambiente OCEANO


no Brasil comportam diferenças importantes quanto aos graus de ATLÂNTICO
limitação às atividades de transformação do ambiente natural.
Nas formas de organização das unidades de conservação no Brasil, 0 350 km
as reservas extrativistas são caracterizadas como:
Demétrio Magnoli Regina Araujo, Geografia Paisagem e Território
a) áreas de grande extensão, destinadas à preservação ecológica
e proteção de espécies raras, recursos hídricos e estruturas O mapa representa:
geológicas.
b) espaços territoriais destinados à exploração autossustentável e
a) a distribuição da população brasileira, com as
à conservação de recursos naturais renováveis por populações
extrativistas. manchas mais escuras denotando a localização das
c) áreas extensas, públicas ou privadas, que têm como objetivo áreas metropolitanas do país.
disciplinar o processo de ocupação das terras e promover a b) a área original da Mata Atlântica, com as manchas
proteção dos recursos biogeofísicos. mais escuras identificando as reduzidas áreas
d) áreas de extensão variável, fechadas à visitação pública e com
severa restrição à exploração de recursos e extrativismo. preservadas.
e) áreas de porções significativas de ecossistemas naturais, com c) a expansão da área agrícola brasileira, com as manchas
pelo menos 90% do total destinados à preservação integral, mais escuras caracterizando as áreas cuja produção
reservando-se o restante à pesquisa e à educação. visa atender o mercado externo, com cana-de-açúcar,
cacau e soja.
30. (UNESP) A abordagem dos problemas ambientais em nosso planeta
não pode ignorar a questão da biodiversidade. Neste aspecto, ao d) a distribuição espacial das indústrias pelo território
Brasil, cuja natureza é rica e exuberante, é conferido um papel de brasileiro, com as manchas mais escuras identificando
destaque. Hoje, tratar da questão ambiental no âmbito mundial as áreas de onde emanam as tecnologias de ponta.
significa considerar as variadas características geográficas brasileiras.
e) a predominância do Clima Tropical Alternadamente
Ao lado do Brasil, mais quatro países do globo também possuem
uma grande biodiversidade. São eles: Seco e Úmido, com as manchas mais escuras
a) Austrália, China, Indonésia e Colômbia. identificando as áreas altamente urbanizadas,
b) Indonésia, Colômbia, Austrália e África do Sul. responsáveis pela formação dos microclimas urbanos.
c) China, México, Indonésia e Colômbia.
d) Austrália, África do Sul, Colômbia e Venezuela.
e) China, Nova Zelândia, Indonésia e Chile.
CPV Gebext4
Geografia 35

32. (FUVEST-SP) Observe o cartograma e a figura abaixo.

Maré baixa

a) Identifique e caracterize o ecossistema aqui representado, quanto aos aspectos físicos,


relacionando-os à formação vegetal e à fauna.
b) Apresente uma atividade humana que degrada este ecossistema para as regiões 1 e 2.

Floresta virgem Em 2030


Um décimo conseguiu ficar apenas
intacto: algumas como um quinto
áreas protegidas; das florestas
o restante, por ser Floresta degradada originais
inacessível ou Possivelmente um décimo deverá subsistir.
sem valor
33. (UF-MG) O diagrama mostra a proporção de sobreviverá, seja em estado
comercial. degradado ou sob
Perda irreparável
florestas tropicais já destruídas no mundo, as Quase metade das florestas administração
perdas previstas para as próximas décadas tropicais originais do mundo
comercial.

e a pequena área que poderá sobreviver. foi destruída pelas Perdas futuras
A extensão original das florestas úmidas era atividades humanas. Se não houver ações drásticas, mais de um
sexto poderá desaparecer entre 2000 e 230.
de 16 000 000 km2, da qual apenas metade
permanece até hoje.

Com base nas informações, indique as Ameaça imediata


No atual ritmo de desmatamento,
consequências da destruição das florestas mais um sexto desaparecerá
tropicais sobre o clima e a biodiversidade. até o final da década.

34. (UFSM-RS) Sobre o Tratado da Antártida, assinale V (verdadeira) ou F (falsa) em cada alternativa a seguir.

( ) liberdade de pesquisa científica, promoção da cooperação científica internacional e proibição de qualquer atividade de
natureza militar
( ) elevação do Continente Antártico à situação de patrimônio comum da humanidade, sob a égide das Nações Unidas
( ) divisão do território do Continente Antártico em setores demarcados pelos meridianos, com o fim de estabelecer a
soberania territorial absoluta dos países pesquisadores

A sequência correta é:

a) F – V – F. b) V – F – V. c) F – V – V. d) V – F – F. e) V – V – F.

Gebext4 CPV
36 Geografia

35. (UNESP) A Antártida apresenta um quadro natural com A partir da análise e interpretação desse mapa e de outros
características marcantes: o inverno é longo, com seis meses conhecimentos sobre o assunto:
sem luz solar e médias térmicas ao redor de 60ºC negativos; no
verão, o albedo é elevado, pois cerca de 95% da superfície está descreva e explique o processo representado nesse
a)
permanentemente coberta por gelo; são raras as espécies vegetais, mapa.
por causa do rigor climático. Quase desabitada, é considerada
a região mais fria do planeta e tem despertado o interesse de b) explique a importância desse processo para
muitos países. as condições atmosféricas do Hemisfério Sul
O Brasil, desde 1984, lá mantém uma base de pesquisa (particularmente para o Brasil) e as condições
oceanográficas na costa brasileira.
a) meteorológica, no intuito de estudar o buraco na camada de
ozônio, fenômeno cíclico que ocorre na estratosfera antártica, explique as relações de causa e efeito entre esse
c)
e analisar os efeitos da radiação ultravioleta sobre os seres processo e as mudanças climáticas globais.
vivos.
b) científica, cujas investigações meteorológicas e oceanográficas
objetivam compreender o papel da Antártida no globo terrestre 37. (FUVEST-SP-modificada) Observe os mapas:
e, em particular, a sua influência sobre o território brasileiro.
c) militar, na tentativa de equilibrar forças com países que lá
1950 – 1960
realizam testes e manobras, principalmente com a Argentina
e o Chile, países do Cone Sul.
d) pesqueira, para a comercialização do krill, zooplâncton
semelhante a um camarão, que serve de base alimentar às
baleias e que poderá tornar-se mais uma fonte de divisas
para o nosso país.
e) biológica, com projetos marinhos ligados ao modo de
reprodução das baleias e focas, cujos resultados poderão
favorecer o aproveitamento de novos recursos alimentícios.

36. (UF-MG-adaptada)

1980 – 2000
global climate change. Progress in Physical Geography, v. 20, n. 4.

IBGE, 2003
0 400 km
Edward Hanna. The role of Antarctic sea ice in

áreas desmatadas

a) Descreva o avanço do desmatamento no período de


1950-2000, destacando a participação do Estado e as
atividades econômicas predominantes.

b) Mencione três consequências ambientais decorrentes


Limite de camada de gelo no verão do desmatamento.
Limite de camada de gelo no inverno
Limite da deriva do gelo no inverno

CPV Gebext4
Geografia 37

38. (FGV-SP) Analise a figura que relaciona temperatura, 40. (Fuvest)


pluviosidade e vegetação.

Considerando que a vegetação está diretamente relacionada Analisando, de forma esquemática, a relação entre temperatura
às condições climáticas, sobretudo da temperatura e da e precipitação anual, em um corte do polo norte ao equador, os
pluviosidade, identifique dois tipos de vegetação na figura. domínios vegetais predominantes nas regiões 1, 2, 3 e 4 são:

a) 1 – tundra e 4 – deserto e semideserto.


1 2 3 4
b) 1 – estepe e 3 – savana.
c) 2 – tundra e 5 – savana. a) tundra floresta temperada cerrado deserto
d) 3 – taiga e 4 – estepe. b) taiga tundra savana deserto
e) 4 – savana e 5 – floresta tropical. c) tundra taiga deserto savana
d) taiga floresta temperada deserto savana
39. (Unicamp) O mapa mostra a distribuição global do fluxo e) taiga tundra savana cerrado
de carbono. As regiões indicadas pelos números I, II e III
são, respectivamente, regiões de alta, média e baixa absorção
de carbono. 41. (Fatec-SP) Analise a seguinte descrição geral de um tipo de
vegetação.

Ocorre em climas estacionais com períodos frios e quentes bem


marcados. As temperaturas de inverno podem chegar abaixo do
ponto de congelamento. As plantas são úmidas, com estrutura
e composição distintas conforme a área de ocorrência. A queda
das folhas nas estações secas equilibra as plantas para que elas,
transpirando menos, consigam atravessar os períodos de escassez
de água. As árvores têm em geral 40-50 m de altura e possuem
folhas delgadas e largas, como os plátanos. É vegetação das
mais destruídas do mundo.
Conti, J. B. e Furlan, S.A.
Geoecologia: o clima, os solos e a biota. Edusp. Adaptado.

Considerando-se as referidas regiões, pode-se afirmar que os


respectivos tipos de vegetação predominante são: Assinale o nome do tipo de vegetação correspondente à descrição.

a) I – FlorestaTropical/Equatorial; a) Floresta tropical semiúmida.


II – Savana; III – Tundra e Taiga. b) Vegetação mediterrânea.
b) I – Floresta Amazônica; c) Floresta temperada.
II – Plantações; III – Floresta Temperada. d) Savana tropical.
c) I – Floresta Tropical; e) Floresta boreal.
II – Deserto; III – Floresta Temperada.
d) I – Floresta Temperada;
II – Savana; III – Tundra e Taiga.

Gebext4 CPV
38 Geografia

42. (UFJF-MG) As grandes paisagens naturais da Terra são constituídas por diferentes biomas.

Marque a alternativa que apresenta corretamente a identificação dos biomas, a partir da interpretação da atividade biológica.
a) I: floresta boreal; II: savana; III: vegetação mediterrânea; IV: vegetação de alta montanha.
b) I: deserto frio; II: floresta de coníferas; III: pradaria e estepe; IV: floresta de folhas caducas.
c) I: floresta de coníferas; II: deserto quente; III: floresta tropical perenefolia; IV: pradaria e estepe.
d) I: vegetação de encostas; II: tundra; III: floresta tropical perenefolia; IV: vegetação mediterrânea.
e) I: tundra; II: deserto quente; III: floresta temperada decídua; IV: floresta tropical perenefolia.

43. (Unicamp) Na figura podem ser observadas médias térmicas mensais de algumas cidades indicadas no mapa-mundi. Entre as cidades
há uma significativa diferença entre temperaturas máximas e mínimas mensais. Assinale a alternativa correta.

a) Apesar de estarem em latitudes similares, Yakutsk apresenta uma amplitude térmica muito maior que Hamburgo, pois em Yakutsk
a radiação anual é significativamente maior que em Hamburgo.
b) A média de temperatura é praticamente constante em Manaus, porque, apesar das grandes variações de insolação durante inverno
e verão, a umidade e a Floresta Amazônica permitem maior conservação da energia.
c) Assuan apresenta uma amplitude térmica menor que Manaus, pois está situada no deserto do Saara (Egito), onde as temperaturas
durante o dia são muito elevadas, mas, à noite, sofrem quedas bruscas.
d) Apesar de estarem em latitudes similares, Yakutsk apresenta uma amplitude térmica muito maior que Hamburgo, pois em Yakutsk
o efeito da continentalidade é mais pronunciado que em Hamburgo, onde predomina a ação da maritimidade.

CPV Gebext4
Geografia 39

44. (Mack-SP/modificada) Considere o texto a seguir, a respeito 46. (FGV-SP) Foi organizado por órgãos supranacionais, como a
de uma das paisagens fitogeográficas do continente Europeu. ONU e o Banco Mundial, o 5o Fórum sobre as florestas do
Globo. Sobre as florestas originais encontradas, observe o mapa.
Estepe: é caracterizada pelo domínio de gramíneas e ervas
adaptadas ao clima temperado continental com estação seca
mais prolongada. Desenvolve-se em terrenos aplainados e sobre
solos muito férteis, entre os quais o tchernozion, escuro devido à
riqueza em matéria orgânica. Devido às condições pedológicas,
a região é importante produtora agrícola na Ucrânia e Rússia.

A localização correta dessa paisagem está representada em

a) b)

A tônica do Fórum foi discutir os impactos da exploração das


florestas latifoliadas como a Amazônica e as demais indicadas
c) d) no mapa pelos números:

a) 1, 3 e 4.
b) 2, 3 e 6.
c) 2, 5 e 6.
d) 3, 4 e 5.
e) e) 4, 5 e 6.

47. (Unicamp) Em zonas de altas montanhas, como no Himalaia,


a vegetação desenvolve-se em diferentes altitudes, a que se

associam variações das condições de temperatura, umidade,
exposição do sol e ventos. Após examinar a figura a seguir,
45. (Fuvest) Observe o mapa:
assinale a alternativa correta a respeito da distribuição da
vegetação em relação à altitude.

A diversidade de vegetação que acontece em cada um dos


sistemas indicados no mapa se dá principalmente em relação
às diferenças de:
Adaptado de http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/
a) continentalidade. clima/climas.htm. Acessado em 01/10/2012.

b) longitude.
a) Até 2000m, floresta temperada; de 2000 a 3000m, floresta
c) maritimidade.
tropical; de 3000 a 5000m, gramíneas; de 5000 a 6000m,
d) idade geológica. floresta de coníferas; acima de 6000m, terreno coberto
e) altitude. por gelo.

Gebext4 CPV
40 Geografia

b) Até 2000m, floresta de coníferas; de 2000 a 3000m,


floresta temperada; de 3000 a 5000m, floresta tropical;
de 5000 a 6000m, gramíneas; acima de 6000m, terreno
coberto por gelo.
c) Até 2000m, gramíneas; de 2000 a 3000m, floresta de
coníferas; de 3000 a 5000m, floresta temperada; de 5000 a
6000m, floresta tropical; acima de 6000m, terreno coberto
por gelo.
d) Até 2000m, floresta tropical; de 2000 a 3000m, floresta
temperada; de 3000 a 5000m, floresta de coníferas; de
5000 a 6000m, gramíneas; acima de 6000m, terreno
coberto por gelo.

48. (Unimontes-MG) Observe a figura: a) Os processos erosivos são comandados pela ação eólica,
pois o trabalho dos ventos se faz sentir, nos desertos, mais
intensamente do que nas regiões úmidas.
Apresente fatores que explicam essa afirmativa.
b) No mapa acima estão representadas as áreas de desertos e
semidesertos. Identifique-as com o algarismo correspondente:
Deserto do Atacama, Deserto do Calaari e Deserto de Gobi.

50. (UFBA/UFRB) A diversidade de paisagens vegetais do planeta


está diretamente relacionada com os tipos de clima, de relevo e
de solo onde elas se situam. A influência do clima é, sem dúvida,
a mais relevante, havendo uma associação entre a paisagem
vegetal e o ambiente climático característico, principalmente
no que diz respeito à temperatura e à umidade.
Utilizando seus conhecimentos e as informações da figura, Com base nessas informações e na observação das ilustrações,
assinale a alternativa correta. identifique, localize e caracterize as paisagens vegetais
representadas nas fotos a seguir.
a) A tundra constitui o bioma mais devastado do mundo, pois
seu solo fértil foi muito aproveitado para a agricultura. a)
b) As savanas localizam-se entre o bioma da floresta tropical
e a taiga, apresentando reduzida biodiversidade.
c) As florestas temperadas, nas áreas próximas ao Equador,
apresentam árvores de várias alturas e tipos.
d) As formações vegetais estão diretamente ligadas ao clima,
que varia de acordo com a altitude e latitude.

49. (UFJF-MG) Leia o texto a seguir.

Deserto indica uma região de clima árido, onde a evaporação


potencial excede a precipitação média anual, resultando em
carência de água e fraco desenvolvimento da biosfera. A 70º latitude norte: Canadá
precipitação, além de escassa, apresenta alta variabilidade
interanual, característica tanto mais acentuada quanto mais baixo b)
forem seus volumes anuais médios. Os solos caracterizam-se
por serem rasos com acentuada deficiência hídrica e tendência
à concentração de sais. A drenagem é intermitente. A cobertura
vegetal é esparsa, apresentando predominância de espécies
xerófilas e fauna adaptada às condições de escassez de água
sendo, nesse sentido, um clímax ecológico. Cerca de 1/3
das terras emersas do globo, isto é, 50 milhões de km2, ou
aproximadamente seis vezes a dimensão do Brasil, apresentam
condições de aridez e aí vivem 1 bilhão de habitantes ou 20%
da humanidade. As regiões hiperáridas, ou de aridez absoluta,
correspondem a 4% desse total. 60º latitude norte: Rússia

CPV Gebext4
Geografia 41

51. (Unesp) No mapa está destacada uma formação vegetal. 53. (Unesp) Analise o mapa, que ilustra a distribuição mundial
da diversidade de espécies de aves terrestres.

Identifique-a e mencione três características da mesma.

Assinale a alternativa que identifica, geograficamente, as áreas


numeradas com 1 e 2, a respectiva intensidade do fenômeno
e o tipo de clima que explica tal intensidade.

a) Norte da África e Oriente Médio; baixa diversidade; clima


desértico.
b) Norte da Ásia e Oriente Médio; alta diversidade; clima
úmido.
c) Norte da África e Oriente Próximo; alta diversidade; clima
desértico.
d) Norte da Europa e Oriente Médio; baixa diversidade; clima
temperado.
e) Norte da Ásia e Extremo Oriente; baixa diversidade; clima
semidesértico.

52. (FURG-RS) O diagrama representa os limites de temperatura


e precipitação das áreas de ocorrência dos biomas terrestres.

Analise o diagrama e assinale a alternativa com bioma


correspondente à área hachurada.
a) Floresta tropical úmida.
b) Tundra.
c) Deserto.
d) Floresta
temperada decídua.
e) Floresta boreal.

Gebext4 CPV
42 Geografia

Gabarito

01. D 02. D 03. E 04. C 05. A 06. B 07. B 36. a) No inverno, com a redução de temperatura, a banquisa (camada de gelo
08. A 09. D 10. d 11. c 12. e 13. c 14. a na superfície do oceano) é ampliada. No verão, a camada de gelo é
15. e 16. c 17. b 18. b reduzida, inclusive com maior desmembramento de icebergs.
19. Estão corretos os itens 1, 2 e 32 perfazendo 35 pontos. b) No inverno, o oceano mais frio contribui para intensificar a ação da massa
20. c Polar Atlântica, que atua no território brasileiro provocando frentes frias.
21. B Na costa brasileira, especialmente do sul e sudeste, acontecem mudanças
22. a) A maior biodiversidade e a maior biomassa localizam-se nas baixas na temperatura da água e no fluxo das correntes.
latitudes, próximas ao Equador 0º, pois são as que apresentam maior c) Com o efeito estufa, a tendência é de acontecer um maior degelo na
radiação solar (R) e maior precipitação (P). As áreas de menor Antártida, trazendo várias consequências: aumento no nível do mar,
biodiversidade e menor biomassa localizam-se próximas às latitudes 90º modificação nas correntes e inundações de áreas costeiras.
Norte e Sul, nas áreas das 37. a) No período considerado, aconteceu um rápido processo de devastação
elevadas latitudes polares de florestal devido ao avanço da agropecuária (pecuária bovina e soja),
baixa radiação e com menor mineração e exploração predatória da madeira. Especialmente a partir
precipitação. Outras áreas de da década de 1970, com o regime ditatorial militar, o Estado brasileiro
baixa biodiversidade incentivou a ocupação da Amazônia com incentivos fiscais e grandes
correspondem às latitudes 23º projetos, a exemplo de Carajás (PA) e da hidrelétrica de Balbina (AM).
Norte e Sul, onde ocorrem b) Consequências ambientais: perda de biodiversidade, mudanças climáticas
zonas de alta pressão locais, erosão e desertificação em algumas áreas.
atmosférica e nas quais se localizam os principais desertos quentes do
mundo; portanto, embora apresentem elevada radiação solar, possuem 38. E 39. A 40. C 41. c 42. E 43. D 44. A
baixa precipitação. 45. E 46. C 47. D 48. D
b) A baixa fertilidade do solo é outro fator que reduz a presença da
biodiversidade e a densidade de biomassa. Exemplo: áreas do sul do 49. a) A erosão eólica é prevalecente devido aos baixos índices pluviométricos.
Brasil, como a Campanha Gaúcha, onde o solo é relativamente pobre e A cobertura vegetal é escassa e xerófila. A drenagem é intermitente.
arenoso, resultante da decomposição de rochas cristalinas; sua vegetação b) Deserto do Atacama: (3); Deserto do Calaari: (5); Deserto de Gobi: (9).
é herbácea (rasteira), pouco biodiversa e com baixíssima densidade de 50. A foto A representa a Tundra, bioma localizado no extremo norte, em zona
biomassa; próximo à Campanha Gaúcha (com o mesmo clima subtropical) de clima subpolar, é formada por musgos e liquens. A foto B corresponde à
mas com solo fértil, temos a Floresta de Araucária, que apresenta maior Taiga, concentrada no hemisfério norte (porções do Canadá e Rússia), em
biodiversidade e densidade de biomassa muito maior que a da Campanha área de clima temperado continental, sendo composta por coníferas.
Gaúcha. Outra área onde isso ocorre é em algumas manchas da Floresta 51. Trata-se da vegetação mediterrânea, adaptada ao clima mediterrâneo (verão
Amazônica (que possui enorme biodiversidade e elevada densidade de seco e inverno chuvoso), com vegetação de porte arbustivo e espécies
biomassa) e que, devido a fatores naturais ou, principalmente, devido esclerófilas (adaptadas ao período seco, com espinhos, folhas grossas e
às queimadas e desmatamentos surgem áreas com vegetação rasteira, coriáceas).
similares à encontrada na Campanha Gaúcha. 52. A
23. a 53. A
24. d
25. E
26. B
27. a
28. a
29. b
30. c
31. b
32. a) O ecossistema representado é o manguezal. Trata-se de um ecossistema
muito importante, uma vez que constitui área de habitat, procriação e
alimentação para espécies marinhas e costeiras, daí a utilização frequente
do termo “berçário do mar”. O mangue ocorre em áreas de contato
entre água doce e água salgada. São regiões protegidas das ondas de
maior intensidade, a exemplo do fundo de baías e estuários e deltas
(desembocaduras de rios). Apresenta espécies vegetais adaptadas ao
solo salino (halófilas). Uma das espécies apresenta caules escora, outra
“pneumatóforos”, ou seja, raízes aéreas que apresentam a finalidade de
absorver oxigênio do ar, pois o solo é lodoso e encharcado. A fauna é
rica em moluscos, crustáceos (caranguejos), peixes e aves.
b) Entre as atividades que degradam os manguezais brasileiros (setores 1 e
2) podemos mencionar a especulação imobiliária associada ao turismo
na orla litorânea com o aterramento de mangues para a expansão de
casas de veraneio e hotéis. Outro fator de impacto é a poluição (esgotos
domésticos, resíduos industriais, lixo e derrame de petróleo).
33. Principais consequências: redução da biodiversidade em plantas, animais e
micro-organismos e mudanças climáticas (diminuição da evapotranspiração,
redução na formação de nuvens e chuvas, com secas mais prolongadas).
34. e
35. b

CPV Gebext4
Geografia 43

População
As PRINCIPAIS Teorias populacionais

● Malthusianismo — para Thomas Robert Malthus, intelectual conservador do final do século XVIII, problemas sociais
como a fome teriam como causa o desequilíbrio entre o crescimento populacional e a produção de recursos. Segundo essa teoria
(1798): a população cresceria em PG (progressão geométrica: 1, 2, 4, 8, 16 ...), enquanto a produção de alimentos cresceria
em PA (progressão aritmética: 1, 2, 3, 4, 5 ...). Malthus chegou a defender medidas como a “abstinência sexual” para evitar o
crescimento da população.

● Neomalthusianismo — as ideias de Malthus tiveram


grande influência e seus estudos foram retomados em meados do
século XX, através do neomalthusianismo, quando constatou-se um
acelerado crescimento populacional nos países subdesenvolvidos,
o que foi considerado principal causa dos problemas sociais.
A explosão demográfica (exagerado crescimento da população)
seria um entrave para o desenvolvimento social e econômico, sendo
responsável pela miséria, desemprego, fome e degradação ambiental.
O neomalthusianismo inspirou a criação de métodos radicais de
controle da natalidade nos países pobres. Muitos governos passaram
a utilizar programas de planejamento familiar, fundamentados na
distribuição ampla de anticoncepcionais e esterilização feminina
e masculina, principalmente para as camadas sociais mais pobres.
Os neomalthusianos, entretanto, estavam mais interessados em limitar
o nascimento dos pobres do que em combater os fatores que causam O combate à pobreza e os investimentos em educação e saúde
a pobreza. trazem como consequência a redução da natalidade.

● Reformista — formularam-se muitas críticas às teorias malthusianas e neomalthusianas. Sabe-se hoje que os investimentos
em saúde, alimentação e educação fazem com que os índices de crescimento da população diminuam e se estabilizem, gerando
melhora na qualidade de vida. Na verdade, as desigualdades sociais geram a pobreza e a ignorância que, por sua vez, estimulam
o acelerado crescimento demográfico.

Portanto, a principal medida não deveria


ser o controle radical da natalidade, mas
sim o combate à pobreza.

Na atualidade, as teorias malthusianas


estão superadas, uma vez que a
produção de alimentos não cresce
em PA como afirmavam: os recursos
tecnológicos garantiram uma expressiva
produtividade.

O problema já não é a quantidade de


recursos disponíveis, mas as condições
de acesso a esses recursos.

Uma criança nascida em um país rico


consome 20 vezes mais recursos do
South America

que uma criança nascida em um país


subdesenvolvido.
Aglomeração populacional em país andino.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. Gegext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
44 Geografia

O crescimento da população mundial


População é o número de indivíduos de uma determinada espécie. No caso dos seres humanos, somos 7 bilhões espalhados de
maneira desigual pela superfície terrestre. No ano 400 a.C., estimava-se que a população mundial era de apenas 250 milhões.
Portanto, de lá para cá, a população do planeta aumentou cerca de 23 vezes. A população mundial cresceu mais aceleradamente a
partir da Revolução Industrial, no século XIX. Nos países mais ricos, como a Inglaterra, a urbanização e as melhorias sanitárias e
médicas reduziram a mortalidade e contribuíram para o crescimento populacional. No século XX, tais melhorias atingiram também
os países mais pobres, os subdesenvolvidos, onde a manutenção de altas taxas de natalidade e a queda nas taxas de mortalidade
fizeram com que a população aumentasse bastante.
A população de um lugar cresce ou decresce devido a duas causas básicas: o crescimento natural e os fluxos migratórios,
isto é, entrada ou saída de população.
● Emigração é o termo usado para a saída de pessoas de um país. Previsão de Crescimento
da População Mundial
● Imigração é o termo usado para a entrada de pessoas num país.
População
● Crescimento natural ou vegetativo é a diferença entre a taxa de (bilhões de habitantes)
natalidade e a de mortalidade.
● Taxa de natalidade
(% de nascimentos em relação à população total)
● Taxa de mortalidade
(% de mortes em relação à população total)
Por exemplo, se numa população de 100 habitantes ocorrerem 5
nascimentos, a taxa de natalidade será de 5%. Se 3 pessoas morrerem,
a taxa de mortalidade será de 3%. O crescimento natural da população
será a diferença entre as duas taxas:

5% – 3% = 2% (2 pessoas)

Desse modo, a população teve um crescimento natural de 2% e passou


para 102 habitantes. Caso 1 habitante emigre para outro lugar, a
população vai diminuir para 101 habitantes.

diferentes ritmos de crescimento demográfico

países desenvolvidos
Existem diferentes ritmos de crescimento da população mundial. Nos países socialmente mais desenvolvidos, o crescimento é baixo,
em geral não ultrapassando 1% ao ano. É caso dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália, Alemanha, França, entre outros.
Esse baixo crescimento também é verificado nos países do Leste Europeu, como Polônia, Hungria e Rússia, embora não sejam
desenvolvidos. No século XX, melhorou bastante a qualidade de vida da população dos países ricos, que teve melhor acesso à
saúde e educação. Com a maior divulgação dos métodos anticoncepcionais e a integração das mulheres ao mercado de trabalho,
houve uma queda vertiginosa nas taxas de natalidade, pois os casais decidiram reduzir o número de filhos. Em alguns países, a
taxa de mortalidade já superou a de natalidade. Por exemplo, na Alemanha ocorreu um decréscimo populacional de – 0,1 %.
Os governos da Alemanha e Itália atualmente estão estimulando a natalidade.

países subdesenvolvidos
Nas nações subdesenvolvidas emergentes ou socialmente mais equilibradas, o crescimento populacional é moderado, estando em
torno de 1%. É o caso do Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Uruguai, Costa Rica, Cuba, África do Sul, Coreia do Sul, Índia,
China, entre outros.

A situação é preocupante nos países subdesenvolvidos mais pobres, onde o índice de crescimento é superior a 2%. É o caso da
maior parte dos países da África e de alguns países da Ásia e América Latina. Concluindo, a população está crescendo em ritmo
mais acelerado nos países mais pobres do mundo, o que pode piorar ainda mais as condições de vida nesses lugares. Só melhorando
as condições de nutrição, educação e saúde poderá haver redução no ritmo de crescimento da população.

CPV Gegext4
Geografia 45

Indicadores Demográficos e Sociais atualizados do Brasil


População Absoluta (Censo 2010) 190,7 milhões (país populoso)
População Absoluta (Estimativa 2016) 206 milhões
Densidade Demográfica 24 habitantes por km2 (país pouco povoado)
Mulheres 48,6%
Homens 51,4%
Crescimento Demográfico Anual entre 2000 e 2010 1,17% ao ano
Crescimento Demográfico 0,8% ao ano (tendência de declínio)
Taxa de fecundidade 1,7 filhos por mulher na idade fértil (tendência de declínio)
Jovens 31% (em declínio, devido à queda na taxa de natalidade)
56% (em elevação, levando a um bônus demográfico (aumento da PEA,
Adultos
o que pode estimular o crescimento da economia do país)
13% (em elevação, tendo como consequência o crescimento dos gastos
Terceira Idade
com previdência e saúde públicas)
População Urbana 84,8% (em crescimento)
População Rural 15,2% (em retração)
Razão de Sexo 96 homens para cada 100 mulheres
Minorias Sexuais (homossexuais, bissexuais e transgêneros) 6% a 10%
Arranjos Familiares compostos por parceiros do mesmo sexo 60 mil
Expectativa de Vida 75 anos sendo 78,8 anos mulheres e 71,9 anos homens (em elevação)
Mortalidade Infantil 15 mortes a cada mil nascidos até 1 ano de idade (em declínio)
Analfabetismo 8,5% a partir de 15 anos de idade (em queda)
Analfabetismo Funcional 20,3% a partir de 15 anos de idade (em queda)
Média de Anos de Estudo (entre 25 e 59 anos) 7,7 anos (em elevação)
Porcentual de pessoas com curso superior completo 7,9%
Porcentual de pessoas s/ instrução ou c/ fundamental incompleto 50,2%
Gastos em educação em relação ao PIB 5,7%
PIA (População em Idade Ativa) 69,88%
PEA (Participação das Mulheres) 42,5% (em crescimento)
Trabalho Infantil (10 a 17 anos) 6%
Setor Primário 16%
Setor Secundário 24%
Setor Terciário 60%
Desemprego (2016) 11% da PEA
Renda Per Capita (2013) 10.328 dólares por habitante/ano
Insuficiência Alimentar Grave 5% dos domicílios (11,5 milhões de habitantes)
8,5% da população (renda familiar per capita de até 70 reais), cerca de
Miséria (Pobreza Extrema)
16,2 milhões de habitantes
Rede de Água 84% dos domicílios
Rede de Esgoto 54% dos domicílios
Coleta de Lixo 88% dos domicílios
Censo 2010 e PNAD, IBGE

Computador 42% dos domicílios


Usuários de Internet a cada 100 45
Déficit habitacional em número de moradias 7 milhões

Gegext4 CPV
46 Geografia
O crescimento populacional do brasil

Como na maioria dos países Crescimento Natural da População Brasileira (%)


entre 1940 e 2015
subdesenvolvidos emergentes, o
crescimento da população do Brasil 2,90 2,89
foi acelerado até a década de 1970, 2,35 2,49
quando chegou a quase 3% ao ano. A
partir da década de 1980, entretanto, 1,89
ele caiu rapidamente. 1,80
1,70
Na atualidade, a população brasileira 1,64 0,8
cresce à taxa de 0,8% ao ano (baixa).
Houve queda na taxa de natalidade
e na taxa de fecundidade (1,7 filhos
por mulher na idade fértil). 1940 1950 1960 1970 1980 1991 1995 1998 2000 2015*
*previsão
As causas foram: urbanização
(85%), emancipação feminina, alto custo de criação de filhos, difusão de anticoncepcionais e cirurgias de esterilização.

a desaceleração do crescimento demográfico no brasil


A queda no ritmo de crescimento populacional no Brasil decorreu da vertiginosa queda nas taxas de natalidade, que se vincula
aos seguintes fatores:
● Urbanização — a concentração populacional nas áreas urbanas provocou mudanças de comportamento. As pessoas passaram
a estudar mais e, por consequência, passaram a se casar mais tarde. Nas áreas urbanas também tiveram maior acesso à saúde
pública. Ter menos filhos também é uma medida econômica, pois de modo geral o custo de criação dos filhos nas áreas urbanas
é maior do que nas áreas rurais.
● Métodos anticoncepcionais e esterilização — a partir dos anos 70, difundiu-se o uso de anticoncepcionais como: a pílula,
para as mulheres, e a camisinha, para os homens. O uso da camisinha intensificou-se também como forma de prevenção contra
doenças sexualmente transmissíveis (DST) como a hepatite e o HIV (vírus que pode provocar a Aids). Aumentou também o
número de cirurgias para esterilização: nas mulheres, a ligadura de trompas, e nos homens, a vasectomia.
● Abortos — a prática de abortos tornou-se bastante difundida, apesar de ser ilegal e desaconselhada, quando realizada em
condições inadequadas. O índice de abortos a cada 1000 mulheres no Brasil é de 36. Na Holanda é de 6/1000, nos Estados
Unidos, 26/1000 e na Romênia chega a 134/1000.
● O avanço das mulheres — a maior participação feminina no mercado de trabalho fez com que grande parte das mulheres
optassem por adiar a gravidez ou ter menor número filhos, a fim de valorizar suas carreiras profissionais e escolaridade.

A Distribuição da população
População absoluta
A população absoluta constitui o número total de habitantes de um lugar, que Países População Absoluta
(milhões de habitantes)
pode ser um município, uma região, um país, um continente etc. Quando um
lugar apresenta grande população absoluta, podemos qualificá-lo como populoso. 1. China 1.354*
2. Índia 1.241
O Brasil é o 5o país mais populoso do mundo, com 206 milhões de habitantes. 3. Estados Unidos 314
Na tabela ao lado, você pode observar a lista dos países mais populosos do mundo.
4. Indonésia 242

População relativa 5. Brasil 206


6. Paquistão 176
A população relativa ou densidade demográfica é a relação entre a população 7. Bangladesh 170
absoluta e o espaço territorial que ocupa. Para encontrá-la, basta dividir a
8. Nigéria 162
população absoluta pela área territorial.
9. Rússia 142
A densidade demográfica do Brasil é de apenas 24 habitantes por km2. Portanto, 10. Japão 126
embora o Brasil seja muito populoso, é pouco povoado, pois apresenta pequena * Lê-se 1 bilhão, trezentos e cinquenta e quatro milhões de habitantes
densidade demográfica.

CPV Gegext4
Geografia 47

Distribuição da população no território brasileiro


A população brasileira apresenta distribuição muito irregular. Existem algumas áreas muito povoadas e outras pouco povoadas.
Dentre as áreas muito povoadas, temos o litoral e suas imediações, que concentram cerca de 80% da população, devido a fatores
históricos, econômicos e políticos. Desde o período colonial, a faixa litorânea concentrou os principais ciclos econômicos,
propiciando a concentração populacional e o desenvolvimento de médias e grandes cidades.
As regiões brasileiras mais populosas, em ordem decrescente de número de habitantes, são: Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e
Centro-Oeste.
Distribuição da População Brasileira
O Sudeste, a região mais rica e
industrializada, concentra 42%
da população do país. São Paulo
(41,9 milhões de habitantes),
Minas Gerais (19,8 milhões
de habitantes) e Rio de Janeiro
(16,2 milhões de habitantes)
são os estados mais populosos.
O estado brasileiro mais povoado
é o Rio de Janeiro, com cerca de
365 hab/km2. O Distrito Federal
atinge 444 hab/km2. A cidade de
São Paulo é a mais populosa do
país, com densidade demográfica
de 6.195 hab/km2.
O Centro-Oeste e a Amazônia são
as regiões menos povoadas do
país, embora tenham registrado
maior crescimento populacional
nos últimos anos, em virtude
da chegada de imigrantes
provenientes do Sul e Nordeste.
Na Amazônia encontra-se o
estado menos povoado do país,
Roraima, com 2 hab/km2.

Exercícios

01. (Fuvest-SP) “O crescimento populacional contemporâneo é 03. (Fuvest-SP) Observe os mapas e comente, sucintamente:
responsável pela estagnação econômica do 3o mundo.”
“Os altos investimentos demográficos desviam os escassos
recursos de capital do investimento produtivo.”
“O planejamento familiar visa a alterar as taxas de fertilidade, 1940 1960
sem precisar modificar as estruturas fundamentais da sociedade.”
Essas afirmações integram uma doutrina demográfica:
a) terceiro-mundista. b) neomarxista.
c) neomalthusiana. d) muçulmano-xiita.
e) clerical-progressista.
1980 1990

02. (Unicamp-SP-modificada) Quais os interesses envolvidos nos


Menos de 2,00 hab./km2
programas de distribuição de anticoncepcionais e esterilização
feminina* que explicam o planejamento familiar e/ou o controle De 2,00 a 25,00 hab./km2
de natalidade das populações dos países subdesenvolvidos? Mais de 25,00 hab./km2
* Como os realizados pela Bemfam-Sociedade Brasileira de
Bem-Estar Familiar - financiada pelas Fundações Ford e a) a expansão das áreas de maior densidade da população;
Rockefeller e Banco Mundial. b) os polos demográficos que começam a se destacar, na região
Norte, como indicados nos mapas de 1980 e 1990.

Gegext4 CPV
48 Geografia

04. (MACK-SP) Altitude Distância 06. (FGV) “No início deste novo milênio, a Divisão de População
(em m) (em relação à costa, em km) da ONU havia prognosticado uma população de 9,3 bilhões
de pessoas para 2050, mas a nova revisão reduziu a cifra para
8,9 bilhões, indicando qua a população mundial será menor
que o esperado.” (O Estado de São Paulo)
Dentre os fatores que contribuíram para essa diferença, podem
se destacar:
a) na América Latina, a mudança de orientação da Igreja
Católica, com maior tolerância para com o uso de métodos
anticoncepcionais e o apoio ao planejamento familiar.
Geografia – A Natureza Humanizada. b) no continente africano, o efeito da expansão da AIDS
A respeito dos gráficos acima, considere as afirmações: sobre as populações jovens, diminuindo a expectativa
de vida e aumentando os índices de mortalidade.
I. a densidade diminui em relação à altitude, ou seja, quanto
c) o sucesso das campanhas para redução das taxas de
maior a altitude menor a densidade.
natalidade na Índia, através de leis punitivas sobre os
II. a densidade aumenta em relação à distância da costa, ou
casais que ultrapassam a média de um filho por casal.
seja, quanto mais afastado da costa maior a densidade.
III. a densidade diminui em relação à distância da costa, ou seja, d) a intensa urbanização nos países pobres, nas últimas
quanto mais próximo da costa maior a densidade. décadas, o que fez melhorar as condições de vida de suas
IV. a densidade aumenta em relação à altitude, ou seja, quanto populações, permitindo melhor planejamento familiar.
maior a altitude maior a densidade. e) a melhoria dos níveis educacionais em todos os países,
pela ação da UNESCO, o que fez maior número de jovens
Assinale apenas se estiverem corretas as alternativas:
tomar conhecimento dos métodos anticoncepcionais.
a) I e II b) I e III c) II e IV d) I e) III

05. (ENEM) De acordo com reportagem sobre resultados recentes 07. (FGV) Os países ricos, em função de sua renda mais elevada
de estudos populacionais, “... a população mundial deverá ser e consequente nível de consumo, são responsáveis por mais
de 9,3 bilhões de pessoas em 2050. Ou seja, será 50% maior de metade do aumento da utilização de recursos naturais.
que os 6,1 bilhões de meados do ano 2000.(...) Essas são as A população dos países mais pobres do mundo paga,
principais conclusões do relatório Perspectivas da População proporcionalmente, o preço mais elevado pela poluição e
Mundial – Revisão 2000, preparado pela Organização das Nações degradação das terras, das florestas, dos rios e dos oceanos,
Unidas (ONU). (...) Apenas seis países respondem por quase que constituem o seu sustento. Uma criança que nascer hoje
metade desse aumento: Índia (21%), China (12%), Paquistão em Nova Iorque, Paris ou Londres vai consumir, gastar e
(5%), Nigéria (4%), Bangladesh (4%) e Indonésia (3%). poluir mais durante a sua vida do que 50 crianças em um
Esses elevados índices de expansão contrastam com os dos país “em desenvolvimento”.
países mais desenvolvidos. (Adapt.) Relatório do Desenvolvimento Humano / PNUD, 1998.
Em 2000, por exemplo, a população da União Europeia teve um
aumento de 343 mil pessoas, enquanto a Índia alcançou esse Baseando-se nos princípios explicativos das teorias
mesmo crescimento na primeira semana de 2001. demográficas, o texto acima:
Os Estados Unidos serão uma exceção no grupo dos países a) concorda com a teoria Reformista, que atribui ao excesso
desenvolvidos. O país se tornará o único desenvolvido entre populacional a causa da miséria no mundo, constituindo
os 20 mais populosos do mundo.” uma ameaça aos recursos naturais necessários à
O Estado de S. Paulo. sobrevivência humana.
Considerando as causas determinantes de crescimento b) comprova a teoria Neomalthusiana, que defende a
populacional, pode-se afirmar que: necessidade de controlar a natalidade nos países pobres,
a) na Europa, altas taxas de crescimento vegetativo explicam para que eles possam atingir os níveis de desenvolvimento
o seu crescimento populacional em 2000. e consumo dos países ricos.
b) nos países citados, baixas taxas de mortalidade infantil e
c) nega a teoria Malthusiana, que defende a elevação do
padrão de vida e de consumo nos países pobres, entendendo
aumento da expectativa de vida são as responsáveis pela
a fecundidade como uma variável independente a ser
tendência de crescimento populacional.
controlada.
c) nos Estados Unidos, a atração migratória representa um
d) nega a teoria Neomalthusiana, que identifica uma
importante fator que poderá colocá-lo entre os países mais população numerosa como principal causa do desemprego,
populosos do mundo. pobreza e esgotamento dos recursos naturais.
d) nos países citados, altos índices de desenvolvimento humano e) comprova a teoria Malthusiana, que associa crescimento
explicam suas altas taxas de natalidade. populacional e esgotamento dos recursos naturais,
e) nos países asiáticos e africanos, as condições de vida defendendo a necessidade de reformas socioeconômicas
favorecem a reprodução humana. para preservá-los.

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Geografia 49

08. A explicação para o declínio da 11. (UE-RJ) Nos quadrinhos fica evidenciado, de forma irônica, o conflito entre duas
mortalidade no país a partir de 1940 concepções sobre a relação entre demografia e pobreza: a neomalthusiana e a dos
estava sobretudo ligada: críticos a essa teoria.
a) à melhoria das condições
de saneamento básico,
particularmente no campo O nosso
b) à melhoria do nível de renda interesse
é só te
da população brasileira e suas ajudar a
implicações planejar
filhos..
c) à diminuição das desigualdades
sociais, sobretudo nas áreas
urbanas do país
d) à melhoria da distribuição da
renda no país que, de forma direta
ou indireta, elimina o problema JÁ PENSOU? NÃO, QUIRINHA!
da subnutrição OS MENINOS FALA EM
Ah! NASCEREM COM PLANEJAR
e) ao avanço da medicina, sobretudo TUDO PLANEJADO: NO SENTIDO DE
ISTO É
da preventiva ÓTIMO, CRECHE, ESCOLA, CONTROLAR!
COISINHA. MERENDA, LIVROS,
BIBLIOTECAS...
09. O declínio da natalidade no Brasil,
nas duas últimas décadas, foi
consequência:
a) da política oficial do país de
controle da natalidade CLARO! CLARO!
NÃO! conte comigo!
b) das alterações socioeconômicas CONTROLAR tenho pavor de
CONTROLAR POR NÃO TER
O SARAMPO, ter gêmeos,
no período, provocadas sobretudo A PÓLIO,
3, 5, 8, 9 que dirá quíntiplos!
pelo processo de crescente FILHOS,
MENINGE... MAS UM
urbanização do país SÓ!
c) de campanhas contra a natalidade
desenvolvidas extraoficialmente
no país durante o período
d) da elevação da taxa de mortalidade O Globo
infantil, sobretudo no Nordeste
e) da elevação do tempo médio de Essas concepções se caracterizam, respectivamente, pela adoção dos seguintes
vida da população brasileira no fundamentos:
período a) controle da natalidade e da pobreza pelo Estado — expansão da população como
causa do superpovoamento absoluto.
10. ( F atec - S P ) C o n s i d e r e a s b) decisão sem interferência do Estado quanto ao número de filhos — diminuição
afirmações: da pobreza pela imposição do controle da natalidade.
— Uma das maiores causas da c) redução dos níveis de pobreza pelo controle da natalidade — redução espontânea
pobreza é o forte crescimento da natalidade pela melhoria das condições de vida.
populacional. d) independência entre os índices de natalidade e os baixos indicadores sociais da
— O primeiro passo para um população — superpopulação decorrente de condições socioeconômicas.
país atingir o desenvolvimento
deve ser a redução das taxas de 12. (UF-ES) É correto afirmar que transição demográfica refere-se ao período de
natalidade. a) alto crescimento natural, devido à elevação das taxas de natalidade e de mortalidade.
b) baixo crescimento natural, situado entre dois períodos de grande crescimento
Essas afirmações estão associadas à demográfico.
teoria denominada c) baixo crescimento populacional, devido às baixas taxas de natalidade e de
a) de transição demográfica. mortalidade.
b) malthusiana. d) elevado crescimento demográfico, devido à alta das taxas de natalidade
c) reformista. e de mortalidade.
d) potencialidade demográfica. e) elevado crescimento natural, situado entre dois estágios de pequeno crescimento
e) neomalthusiana. demográfico.

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50 Geografia

13. (UEL-PR/2016) O aumento populacional acentuado, após a 15. (Mack-SP)


Segunda Guerra Mundial, despertou a preocupação no mundo
científico, principalmente com a questão da alimentação dessa FECUNDIDADE CHEGA AO NÍVEL DE REPOSIÇÃO
população, o que geraria o caos em um futuro próximo. Dessa 3,5 Índice de filhos por mulher
forma, várias teorias demográficas foram formuladas, como a
malthusiana, a neomalthusiana e a reformista.
Em relação a essas teorias, atribua V (verdadeiro) ou F (falso)
às afirmativas a seguir.
( ) Na teoria malthusiana, os casamentos deveriam ser
cada vez mais tardios e condicionados à capacidade 2,6 2,6
econômica para sustentar as famílias; a relação sexual 2,5 2,5 2,5
seria praticada exclusivamente com fins de procriação. 2,4
( ) Na teoria malthusiana, há a pregação de um alerta para os 2,3 2,3 2,3
riscos ambientais decorrentes do crescimento exagerado 2,1
da população, a qual exercerá cada vez mais pressão sobre
os recursos naturais, particularmente nos ecossistemas 84 92 93 95 96 97 98 99 01 02 03
equatoriais e tropicais, colocando em prática a ideia de
desenvolvimento sustentável. Considere as afirmações abaixo, relativas ao índice de
( ) Na teoria neomalthusiana, houve defesa de programas
fecundidade em 2003 mostrado no gráfico.
rígidos e oficiais de controle de natalidade, os quais
foram chamados de planejamento familiar. Por meio I. Esse índice de fecundidade indica acelerado crescimento
de campanhas, que perduram até os dias atuais, populacional, afetando a economia do país, já que o
os governantes incentivaram o uso de métodos número de crianças será maior e, consequentemente, os
contraceptivos. gastos sociais também serão maiores.
( ) Na teoria reformista, houve a sustentação de que a II. A redução desse índice de fecundidade representa um
população cresce em progressão geométrica e a produção amadurecimento da população e, se o índice continuar
de alimentos cresce em progressão aritmética; dessa caindo, reduzirá ainda mais o crescimento vegetativo no
forma, a humanidade estaria condenada a um grande país.
ciclo de miséria devido à falta de alimentos para todos. III. Ainda não podemos afirmar, com esse índice, que a
( ) Na teoria reformista, as famílias dos países população absoluta vai diminuir, pois o Brasil tem
subdesenvolvidos iriam aderir espontaneamente ao apresentado redução da mortalidade infantil e aumento
controle de natalidade devido à elevação dos níveis
da expectativa de vida.
educacionais e da qualidade de vida decorrentes de
transformações socioeconômicas. Das afirmações acima, a respeito da fecundidade no Brasil:
Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a a) todas estão corretas.
sequência correta. b) somente I está correta.
a) V, V, F, V, F. b) V, F, V, F, V. c) V, F, F, V, V. c) somente I e III estão corretas.
d) F, V, F, F, V. e) F, F, V, V, F. d) todas estão incorretas.
e) somente II e III estão corretas.
14. (Fatec-SP/2016) No final do século XVIII, o economista
inglês Thomas Malthus escreveu um livro, no qual trabalhou a 16. (FMTM-MG) Identifique a região brasileira a partir da análise
ideia de que a fome e a miséria são decorrentes do descompasso do gráfico a seguir.
entre o crescimento populacional e a produção de alimentos.
Participação da região “X”
Segundo Malthus,
no conjunto brasileiro
a) o ritmo do crescimento populacional tende a diminuir à
medida que os investimentos em educação aumentam.
b) o crescimento demográfico acelera a retirada dos recursos P opula ç ã o Região “X”
naturais, causando danos irreversíveis ao meio ambiente.
c) o crescimento acelerado da população nos países Restante do Brasil
subdesenvolvidos é consequência e não a causa da miséria Área
e da pobreza. 0 50 100
d) o aumento da população ocorre em progressão geométrica e em n/1 IBGE
a produção de alimentos aumenta em progressão aritmética. Trata-se da região
e) o aumento da população faz com que os governos invistam
cada vez mais em saúde, deixando de lado os investimentos a) Sul. b) Sudeste. c) Norte.
produtivos. d) Nordeste. e) Centro-Oeste.

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Geografia 51

17. (ESPM-SP-modificada) Considerando os dados a seguir, 19. (UF-ES-modificada) Observando o quadro abaixo, mencione
analise as afirmativas: algumas causas da redução prevista no ritmo de crescimento
da população mundial.
Brasil – taxa de fecundidade

O Globo, 02/08/2001
Como será a evolução populacional*
1980 4,0 PREVISÃO DA POPULAÇÃO MUNDIAL NOS PRÓXIMOS CEM ANOS
8851 bilhões
7827 bilhões 8797 bilhões 8434 bilhões
1990 2,7 6055 bilhões

2000 2,35

IBGE
2000 2025 2050 2075 2100
PREVISÃO DA POPULAÇÃO EM MILHÕES
1608 1580 1522 1500
China 1408
1319
I. A queda da taxa de fecundidade associa-se diretamente 976
1422
1250
África subsaariana 841 504
à redução da expectativa de vida no país. América Latina 611 709 934
478 470 441 454
II. A taxa de fecundidade expressa o número de filhos por
Europa 515
456
314 379 422 433
América do Norte 392
mulher. 236
Rússia/parte europeia 218 187 155 141
2000 2025 2050 2075 2100

III. O declínio da taxa de fecundidade vincula-se *segundo o estado da “Nature”

à emancipação feminina, difusão dos métodos


anticoncepcionais e urbanização. 20. (UE-RJ/2016) A dinâmica demográfica brasileira
Poucos temas são tão maltratados na imprensa como os
Das afirmativas, é(são) correta(s): processos demográficos. Todos os dias, aparece alguém
falando ou escrevendo sobre assuntos como crescimento
populacional ou planejamento familiar. A maioria
a) I dessas pessoas não mostra a menor familiaridade com os
b) II dados atuais ou o mínimo respeito pelos muitos estudos
c) I e II realizados por diversos pesquisadores. Dois exemplos
d) II e III de ideias falsas são:
e) I, II e III 1) a população brasileira está passando por uma explosão
demográfica;
2) a pobreza é produto da fecundidade elevada.
18. (Unicamp-SP) A população brasileira, segundo o Censo
George Martine e José E. D. Alves. O Globo.
Demográfico 2000, atingiu um total de 169.799.170 pessoas
A reportagem menciona duas ideias falsas a respeito da
em 1o de agosto de 2000. A série histórica dos censos
demografia brasileira.
brasileiros revela o importante crescimento populacional que
Explique o erro contido em cada uma delas.
o País experimentou durante o século XX, tendo em vista
que a população foi multiplicada por quase dez vezes entre 21. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta sobre a
os censos de 1900 e 2000. Contudo, o crescimento relativo população brasileira.
vem declinando consistentemente desde a década de 1970, a) A partir da década de 1970, a taxa de fecundidade tem
tendo atingido o ritmo mais intenso de crescimento durante apresentado constante declínio, com consequentes reflexos
a década de 1950, quando a população registrou uma taxa nas taxas de natalidade e de crescimento vegetativo.
média de incremento anual de cerca de 3,0%. A taxa de b) Desde a década de 1950, a taxa de mortalidade tem
crescimento demográfico vem se desacelerando desde então, decrescido e hoje é semelhante às verificadas nos países
desenvolvidos.
em função da acentuada redução dos níveis de fecundidade
c) Com o declínio da taxa de natalidade e o aumento
e de seus reflexos sobre os índices de natalidade. da expectativa de vida, a pirâmide de idades tem-
Adaptado do IBGE, se transformado com o estreitamento da base e o
Censo Demográfico do Brasil. Rio de Janeiro. alargamento do topo.
d) Desde a década de 1950, verifica-se o aumento da
a) Por que ocorreu amplo crescimento demográfico no população urbana, com reflexos na distribuição da
Brasil, especialmente entre 1900 e 1970? população ativa que, hoje, apresenta maior concentração
no setor terciário.
b) Por que o crescimento relativo vem declinando e) A descentralização das atividades econômicas reverteu a
consistentemente desde a década de 1970? tendência de concentração da população na faixa litorânea,
atualmente distribuída de forma homogênea por todo o
território.

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52 Geografia

22. (UF-BA) 23. (FUVEST-SP)


Crescimento Demográfico nos Continentes 1. Produção Alimentar
revoluções
Continente 1970/ 1980/ 1990/ 2000/ 2010/ nomadismo sedentarismo da população agrícolas
1975 1985 1995 2005 2015
África 2,56 2,86 2,81 2,56 2,37
Ásia 2,27 1,89 1,64 1,38 1,15
nascimentos
Europa 0,80 0,38 0,15 0,00 –0,06
América 2,44 2,11 1,84 1,50 1,20 transição demográfica
Latina e explosão demográfica
óbitos
América 1,10 0,93 1,05 0,81 0,78 2. Natalidade e Mortalidade
do Norte 3. Efetivo da População
Oceania 2,09 1,50 1,54 1,31 1,18 População rural e urbana cidade

campo

Com base na tabela e nos conhecimentos sobre populações


e espaço geográfico, é correto afirmar: –10000 –5000 –1000 J.C. 1000 1500 1750 1900 2000
revolução do neolítico revolução agrícola
revolução industrial
01. A atual taxa de crescimento da população mundial é
maior nos países mais pobres do mundo subdesenvolvido, a) Relacione as figuras 1 e 2 para discutir os argumentos
concentrados na África, na América Latina e na Ásia, apresentados por Malthus e seus seguidores.
sendo que, nesse último continente, se encontra a maior b) Baseando-se nas três figuras, analise a situação da
parte da população mundial. Grã-Bretanha e da África Equatorial.
02. Os elementos fundamentais da dinâmica populacional 24. (UNICAMP-SP/2016) Considerando as atuais características
são a fecundidade e a imigração, sendo o aumento demográficas da população indígena brasileira, assinale a
acentuado do número médio de filhos, por mulher, o fator alternativa correta.
determinante do crescimento da população brasileira a a) Ainda existem etnias indígenas isoladas no interior da
partir dos anos 80 do século XX. Amazônia, vivendo em grandes aldeias, com predominância
04. A população da América do Sul, entre as décadas de 70 de idosos, e desenvolvendo roças para o autoconsumo.
e 80 do século XX, viveu pressionada pela presença de b) A atual população indígena brasileira supera, em
ditaduras militares em vários de seus países, o que levou contingente e em etnias, os habitantes nativos encontrados
ao desaparecimento de milhares de cidadãos, vítimas de no início da colonização no século XVI.
perseguição política. c) Enquanto a população indígena do centro-sul obteve
crescimento demográfico, a população habitante da
08. Na população da Oceania, verifica-se, nas duas últimas Amazônica apresentou forte redução de contingente.
décadas, o processo de inclusão social das populações d) Verifica-se a tendência de reversão da curva demográfica,
autóctones, especialmente a dos maoris da Nova Zelândia. tendo em vista o crescimento atual da população indígena
16. A população da maioria dos países desenvolvidos no país, sendo que a maior parcela desse contingente
da Europa, entre 2000 e 2005, passa a apresentar um vive em áreas rurais.
crescimento vegetativo de 0%, e, como peculiaridade,
deve ter predominância de adultos e idosos em sua 25. (UEL-PR) Assinale a alternativa que apresenta a correta
distribuição da população brasileira por regiões.
estrutura etária.
32. Os países da América Anglo-Saxônica estão com sua a)
população praticamente estável, e, graças à imigração, Norte
apresentam taxas de crescimento próximas de 1%/ano, b)
as maiores entre as nações desenvolvidas do mundo. Nordeste
c) Centro-Oeste
64. O crescimento demográfico da Europa é semelhante ao
Sudeste
da América Latina, enquanto a Oceania se aproxima do d)
crescimento populacional da África. Sul
e)
Soma correta:
0% 50% 100%

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Geografia 53

A estrutura etária da população


Estrutura etária é a distribuição da população por faixas de idades. São classificados como jovens aqueles entre 0 e 19 anos;
os adultos estão entre 20 e 59 anos e os idosos são a parcela da população acima dos 60 anos de idade.

Em países desenvolvidos, como a França, por exemplo, a taxa de natalidade é baixa e as pessoas vivem mais, isto é, a expectativa
de vida é maior. Neles, o percentual de jovens é bastante inferior ao de adultos e os idosos representam um percentual razoável de
população, estando quase na mesma proporção que os jovens. Em alguns países desenvolvidos, ocorre o problema do envelhecimento
populacional. Geralmente os gastos do governo com aposentadorias tendem a crescer e o valor das contribuições financeiras dos
adultos também.

Nos países subdesenvolvidos mais pobres, como os africanos, devido às maiores taxas de natalidade, a participação dos jovens
é maior, enquanto os idosos estão em menor proporção, devido à menor expectativa de vida.
Estrutura Etária em alguns países (%)
País Jovens Adultos Idosos
Suécia 25,0 52,0 23,0
Japão 20,2 55,5 24,3
Brasil 31,0 56,0 13,0
Afeganistão 52,3 43,2 4,5
Nigéria 54,2 41,3 4,5

A estrutura etária de um país é representada pela pirâmide de idade, na qual a população é distribuída em faixas de idades,
divididas entre os dois sexos. Compare a pirâmide de um país desenvolvido com a de um país subdesenvolvido muito pobre.

As diferentes pirâmides etárias

País desenvolvido País subdesenvolvido periférico (padrão africano)


idade idade
Elevada Baixa
85 ou mais 85 ou mais
80-84
expectativa expectativa
80-84
65-69 de vida de vida
65-69
60-64 60-64
55-59 55-59
50-54 50-54
45-49 45-49
40-44 Homens 40-44 Mulheres
35-39 35-39
30-34 30-34
Homens 25-29 Mulheres 25-29
20-24 20-24
15-19 Baixa 15-19
10-14
Alta
taxa de 10-14
5-9 taxa de
natalidade 5-9
0-4 natalidade
0-4
10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10
%
Características: Características:
● a base estreita indica menor número de jovens, devido à ● a base larga indica a predominância de jovens, devido
baixa taxa de natalidade e baixo crescimento populacional; à elevada taxa de natalidade e ao elevado crescimento
● predominância de adultos; populacional;
● grande percentual de idosos, devido à elevada expectativa ● o percentual de adultos é inferior ao de jovens;
de vida. ● o pequeno percentual de idosos indica baixa expectativa
de vida.

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54 Geografia

A nova estrutura etária do Brasil


A pirâmide etária brasileira, que até a década de 1990 tinha Evolução da Pirâmide Etária do Brasil (Censos 1991, 2000 e 2010)
seu formato semelhante ao dos países subdesenvolvidos, 80 anos ou mais
75 a 19 anos Homens Mulheres
está mudando de formato. 70 a 74 anos
65 a 69 anos
Com a queda na taxa de natalidade, a proporção de crianças 60 a 64 anos
55 a 59 anos
e adolescentes foi ultrapassada pela de adultos, que já 50 a 54 anos
representam mais de 50% dos habitantes do país. 45 a 49 anos
40 a 44 anos
35 a 39 anos

Sinopse do Censo 2010, IBGE


Os idosos brasileiros também estão vivendo mais, 30 a 34 anos
compondo cerca de 13% da população. 25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
A tendência para o século XXI é de uma redução cada vez 10 a 14 anos
maior na proporção de jovens, aumentando o percentual 5 a 9 anos
0 a 4 anos
de adultos e da terceira idade. 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0

Hoje, para cada 100 crianças com menos de 5 anos existem 1991 2000 2010
120 idosos.
As transformações trazem consequências importantes, tanto para a sociedade quanto para o governo brasileiro. Com relação ao
aumento na quantidade dos idosos, o governo deverá gastar mais com as aposentadorias e também com os hospitais, que deverão
estar melhor aparelhados para poderem oferecer os cuidados especiais de que os idosos necessitam. Com relação à estabilização do
percentual de crianças e de adolescentes, não será mais necessário ampliar tanto o número de escolas, e o governo poderá investir
na qualidade das escolas públicas, com o objetivo de melhorar os indicadores educacionais do país.

Estrutura Econômica e Mercado de Trabalho

No Brasil, a PIA (População em Idade Ativa) corresponde à população com 15 anos ou mais de idade. A PIA subdivide-se em:
● PEA (População Economicamente Ativa): formada por trabalhadores (população ocupada: formal ou informal) e desempregados.
● NPEA (População Não-Economicamente Ativa): formada por aposentados e estudantes.
Nos países desenvolvidos, grande parte da população pertence à PEA, pois há predomínio de adultos na estrutura etária.
Na maioria dos países subdesenvolvidos, grande parte da população pertence à PEI: os jovens predominam na estrutura etária.
Nos países subdesenvolvidos, entretanto, os dados podem apresentar distorções. No Brasil, por exemplo, a PEA é constituída
oficialmente por 50% da população.
No Brasil, o expressivo crescimento da população adulta na década de 2000 favoreceu o aumento da PEA. O país atravessa
uma fase de bônus ou janela demográfica, isto é, o porcentual da PEA é superior ao de dependentes (idosos e jovens), o que é
benévolo para a economia. É fundamental que o país estimule o crescimento do PIB e a geração de empregos para os adultos, o
que melhora a renda per capita e a arrecadação para a previdência social. A janela demográfica deve se fechar em 2022 devido ao
grande crescimento do porcentual na terceira idade.
Na prática, a grande quantidade de problemas que a população enfrenta faz com que pessoas que estão fora dos limites da faixa
etária da PEA sejam obrigadas a trabalhar, para garantir sua sobrevivência.

Brasil: novas gerações a partir da década de 2000, demografia e problemas

Geração Canguru: formada por pessoas (25-34 anos) que ainda moram com os pais. Cerca de 25% fazem essa o oção devido
a problemas financeiros. Outros optam pelo conforto ou prolongamento dos estudos. Uma das consequências é a queda na taxa
de natalidade.

Geração Nem Nem: formada por jovens (15-29 anos) que não estudam e não trabalham. Em parte são mulheres jovens com
filhos (gravidez precoce). Constitui um grande problema, visto que moram com familiares e terão dificuldade para encontrar
emprego devido à falta de qualificação.

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Geografia 55

Setores de atividade econômica Nos países subdesenvolvidos mais pobres do mundo, a maior
parte da população ainda trabalha no setor primário. Na Tanzânia
A PEA distribui-se pelos diferentes setores da atividade (leste da África), por exemplo, 48% da economia é dependente
econômica, sendo que a predominância de um ou outro permite da agropecuária. Na China e na Índia, os países mais populosos
caracterizar o nível de desenvolvimento do país. do mundo, parte expressiva das populações são rurais, apesar da
acelerada industrialização e urbanização verificada em ambos; a
● Primário — atividades realizadas em áreas rurais: agricultura,
maior parte da agropecuária não está modernizada e necessita de
pecuária, silvicultura (reflorestamento com finalidade
grande quantidade de trabalhadores.
comercial) e extrativismo (animal e vegetal).
Desse modo, a distribuição da PEA pelos setores da economia
varia conforme o país, dependendo de seu grau de desenvolvimento
socioeconômico. Compare os dados do Brasil com os de outros países.
Distribuição da População por setores
da economia em alguns países (%)
Primário Secundário Terciário
Estados Unidos 3 32 65
Brasil 16 24 60
Nigéria 70 13 17
Nos países da América Latina mais industrializados, como é o caso
do Brasil, o setor terciário já emprega a maioria da PEA. Entretanto,
México

nesses países o setor terciário cresceu exageradamente (hipertrofia),


Cultivo de cana-de-açúcar, no Brasil.
pois recebeu grande número de trabalhadores dispensados pela
● Secundário — atividades realizadas principalmente em áreas indústria ou que não tiveram oportunidades na agropecuária. Desse
urbanas: indústrias dos mais diversos tipos. modo, o setor terciário engloba desde as atividades mais sofisticadas
até as menos qualificadas, ligadas à economia informal.

condições de trabalho no brasil

No Brasil, predominam baixos salários, porém, em razão do maior


crescimento econômico e do aumento do salário-mínimo a partir
da década de 2000, as condições de trabalho e os rendimentos
melhoraram, havendo:
● redução do trabalho informal (a exemplo dos camelôs nos
Fábrica de automóvel, no México. centros urbanos);
● expansão do trabalho formal (com carteira de trabalho assinada);
● Terciário
Atividades tipica- ● queda da taxa de desemprego.
mente urbanas: Mas a crise econômica dos últimos anos deteriorou o mercado de
comércio, prestação trabalho e a taxa de desemprego beira os 8%.
de serviços, admi- Permanecem casos de exploração de trabalhadores, como a ocorrência
nistração pública e de trabalho degradante (longa jornada de trabalho, baixo salário
privada, atividades e condições insalubres) e escravidão por dívida (em fazendas de
sociais, transportes, pecuária e carvoarias na Amazônia e Nordeste).
comunicações, entre
As principais causas do desemprego são:
outras atividades.
— crescimento econômico insuficiente;
Nos países desen- — adoção de políticas econômicas neoliberais, como as
volvidos, a maior parte privatizações a partir da década de 1990;
da população trabalha Prestação de serviço de saúde. — mecanização agrícola;
— modernização, informatização e robotização na indústria;
no setor terciário. O percentual de trabalhadores do setor
— baixa qualificação e escolaridade dos trabalhadores.
secundário está se reduzindo, pois a tecnologia industrial está
se modernizando, com a introdução de computadores e robôs. O ● O trabalho infantil está se reduzindo, mas é preocupante, visto que
percentual de trabalhadores do setor primário geralmente é muito atinge 6% das crianças entre 10 e 17 anos. Os casos mais graves
pequeno, pois a produção está muito modernizada e mecanizada, estão na zona rural, a exemplo de carvoarias (Nordeste e Amazônia),
necessitando de pouca mão de obra. Nos Estados Unidos, por dos lixões e da cultura de sisal (Nordeste) e laranja (SE).
exemplo, apesar da participação da população na agropecuária ● O apagão de mão de obra qualificada ocorre porque faltam
ser de apenas 3%, o país é um dos maiores produtores mundiais técnicos e trabalhadores com nível superior, refletindo o
de alimentos. investimento insuficiente em educação e ensino técnico no país.

Gegext4 CPV
56 Geografia

A importância da Terceira Idade


Leitura Complementar
O Brasil teve um declínio em suas taxas de natalidade e
fecun-didade e uma elevação na expectativa de vida para O Estatuto do Idoso
73 anos, o que resultou numa redução no percentual de
jovens e num aumento da participação dos adultos e idosos A partir de 2004, passou a vigorar o Estatuto do Idoso com o
no total da população. objetivo de combater a discriminação e melhorar a qualidade de
No setor de saúde, o envelhecimento populacional faz vida da população acima de 60 anos de idade.
aumentar a incidência de doenças cardiovasculares e
crônico-degenerativas. Por isso, o atendimento médico e CONFIRA ALGUNS PONTOS DA LEI
os hospitais devem estar cada vez mais preparados para ● Medicamentos, especialmente os de
receber pacientes da terceira idade. SAÚDE uso continuado, devem ser fornecidos
gratuitamente pelo poder público.
Com relação às aposentadorias, seu baixo valor obriga ● Nos novos contratos dos planos de
grande parte da população idosa a continuar trabalhando saúde, ficam proibidos reajustes em
razão de idade a partir dos 60 anos; nos
para sobreviver. contratos antigos, vale o que tiver sido
estabelecido.
Taxa de Atividade dos Idosos Brasileiros

entre 60-64 anos 46,2% CULTURA ● Desconto de pelo menos 50% nos
E LAZER ingressos para eventos artísticos,
mais de 65 anos 25% culturais, esportivos e de lazer, bem
IBGE

como acesso preferencial aos locais de


realização desses eventos.
O percentual de idosos que trabalha é bastante desigual entre
os estados. Como se pode observar no gráfico abaixo, nos
estados mais pobres do Norte e do Nordeste é maior do que ● Em caso de admissão, é vedada a
nos estados do Sudeste. TRABALHO, discriminação e a fixação de limite
EMPREGO máximo de idade, inclusive para os
Os idosos, especialmente os pertencentes às famílias mais E RENDA concursos, a não ser nos casos em que
pobres, sofrem com o abandono em asilos, a desvalorização “a natureza do cargo exigir”.
● Em concursos, o primeiro critério
social e o descaso por parte do governo. Numa sociedade que de desempate será a idade (dá-se
costuma valorizar demais os jovens, o governo dever criar preferência ao mais velho).
oportunidades de lazer também para os idosos mais pobres, ● Aos idosos a partir de 65 anos que
não tenham meios para prover sua
principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos. subsistência é assegurado o benefício
A ampliação dos investimentos em saúde, educação e lazer mensal de um salário-mínimo.
é imprescindível para garantir o bem-estar das pessoas que
atingiram a terceira idade. Em algumas regiões do país, as JUSTIÇA
● Em questões judiciais, quem tiver
mais de 60 anos passa a ter prioridade
universidades já estão criando cursos para os idosos, com na tramitação de processos e
excelentes resultados. procedimentos.
Taxa de atividade de idosos
em alguns estados brasileiros
Maranhão 47,9%
HABITAÇÃO ● O idoso tem prioridade na aquisição
Ceará 34,2% de imóvel para moradia própria em
programas habitacionais, públicos ou
Amazonas 23,8% subsidiados com recursos públicos.
● Devem ser reservadas 3% das unidades
São Paulo 16,3% residenciais para os idosos, e os
Distr. Federal 15,3% critérios de financiamento precisam
IBGE

ser “compatíveis com os rendimentos


de aposentadoria e pensão”.

TRANSPORTE ● Transportes coletivos públicos, urbanos


e semi urbanos gratuitos ao maiores
de 65 anos, bastando apresentar
documento pessoal.
● Devem ser reservados 10% dos assentos
para os idosos, com placa identificando
a condição. Para quem tem entre 60 e
65 anos, a gratuidade fica a critério da
Folha de São Paulo

legislação local.
South America

● Nos estacionamentos, fica assegurada a


reserva, para os idosos, de 5% das vagas.

CPV Gegext4
Geografia 57

Infância e Adolescência no brasil Exercícios

A disparidade existente entre grupos de crianças e adolescentes


01. (FGV) Observe as pirâmides etárias:
é reflexo de uma situação de desigualdade social mais ampla, ou
seja, as crianças e jovens provenientes de classes sociais mais
altas têm acesso a melhores condições de saúde, educação e
oportunidades de convívio e enriquecimento cultural, enquanto
as procedentes de classes menos favorecidas encontram
inúmeras dificuldades, devido à precariedade dos sistemas
públicos de saúde, educação e assistência social para menores
carentes.
Pesquisas recentes comprovam:
● o Brasil classificou-se 109a posição quanto às condições
de vida de crianças e adolescentes, atrás de quase todos os
seus vizinhos da América do Sul, como Argentina, Chile,
Venezuela e Paraguai;
● constatou-se que o trabalho infantil e juvenil atinge 10,2%
das criancas entre 5 e 14 anos, perfazendo um total de
3,8 milhões em todo o país. Na faixa entre 14 e 17 anos,
45% dos jovens traba-
lham. Os casos mais
graves estão na zona
rural, a exemplo de
carvoarias (MS e MG),
cultura de sisal (BA) e Comparando as figuras, pode-se afirmar que, em 1970, a
laranja (SE). pirâmide etária do Brasil apresentava o formato típico de um
● observou-se que o país país I , enquanto a projeção para 2025 indica a
ostenta índices preo- II .
cupantes de morta- Assinale a alternativa mais adequada para preencher as
lidade e desnutrição lacunas I e II na sequência correta.
infantil;
● constataram-se eleva- a) I. com crescimento demográfico elevado, em razão da
dos índices de assassi- melhoria de vida decorrente do “milagre brasileiro”
natos de crianças e II. queda dos índices de mortalidade, natalidade e
adolescentes pobres,
South America

fecundidade.
tanto por grupos de
extermínio como pela b) I. subdesenvolvido, com cerca de 41% de jovens de 0
Trabalho infantil.
própria polícia. a 19 anos
II. elevação do crescimento vegetativo e da expectativa
Para a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância),
de vida.
o Brasil aparece na 102a posição, quanto à avaliação dos
riscos aos quais as crianças estão submetidas, considerando c) I. em desenvolvimento, com baixos índices de
os seguintes indicadores sociais: acesso à educação primária, mortalidade, natalidade e fecundidade
mortalidade, baixo peso em relação à idade e ocorrência de II. etapa avançada da transição demográfica, com cerca
Aids. de 13% de pessoas com mais de 60 anos.
Outro problema da maior gravidade é a violência doméstica
d) I. com crescimento demográfico elevado, em razão da
contra crianças e adolescentes. Em São Paulo, os dados são
melhoria de vida decorrente do “milagre brasileiro”
alarmantes: 75% das denúncias de atos de violência contra
II. elevação do crescimento vegetativo e da expectativa
crianças são casos em que os próprios pais e familiares são os
de vida.
agressores. Os atos violentos mais comuns são: espancamento,
envenenamento, encarceramento, queimadura e até abuso sexual e) I. subdesenvolvido, com cerca de 41% de jovens de 0
contra menores. As crianças submetidas à extrema violência a 19 anos
ficam com sequelas devidas às agressões físicas e podem também II. etapa avançada da transição demográfica, com cerca
desenvolver graves problemas psicológicos. de 13% de pessoas com mais de 60 anos.

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58 Geografia

02. Assinale a alternativa incorreta. 04. (Mack-SP) A análise das pirâmides populacionais brasileiras de
1992 e 2003 permite afirmar que
a) A maior parte da população economicamente
ativa do Brasil está agregada ao setor terciário Brasil – população segundo faixa de idade (%)
da economia 1982 2003
b) O setor que mais declina na agregação de mão
60 anos e mais 7,9 9,6
de obra em termos relativos nas últimas décadas
40 a 59 anos 16,7 20,8
no Brasil é o primário.
18 a 39 anos 35,3 36,4
c) As atividades urbanas estão centradas nos setores
10 a 17 anos 18,0 15,4
secundário e terciário.
0 a 9 anos 22,1 17,8

IBGE
d) As atividades econômicas relacionadas com o
transporte e comunicação se enquadram no setor
secundário da economia. a) o estreitamento da base da pirâmide indica que o Brasil ainda é
e) As atividades agroextrativas vegetais são típicas um país muito jovem.
do setor primário da economia. b) somente o aumento do topo indica prosperidade na economia
do país.
c) o crescimento percentual da faixa etária entre 18 e
03. (FGV) Assinale a afirmação correta sobre o trabalho 39 anos representa predomínio da população adulta.
infantil no Brasil: d) o Brasil irá apresentar maiores gastos com a população infantil
no futuro, de acordo com a evolução das pirâmides.
a) A mão de obra infantil tem sido utilizada em e) o formato da pirâmide brasileira, cada vez mais, se distancia do
todas as regiões brasileiras, em várias atividades: formato da pirâmide de um país desenvolvido.
garimpos, olarias, plantio e colheita de amendoins,
05. (Fatec-SP) Quando analisamos pirâmides etárias, a sua forma tem
cana e laranja, extrativismo vegetal, carvoarias, um significado muito importante para a representação da população
trabalho informal e até no tráfico de drogas. de um país ou região.
b) As estatísticas sobre o trabalho infantil devem
ser analisadas com cuidado porque os menores Jovens
de 14 anos que aparecem em diversos setores Adultos
da economia, na verdade não são trabalhadores Idosos
contratados e sim aprendizes, como determina o Pirâmide X Pirâmide Y
Estatuto da Criança e do Adolescente.
c) Exceto o Nordeste, nas demais regiões brasileiras Com base nas pirâmides, identifique a alternativa correta.
não se consegue apontar nenhuma mercadoria
Característica predominante da população
que, no decorrer do processo produtivo, traga a e exemplo de um país nessa situação
marca da mão de um menor de 14 anos.
d) Estudos sobre a territorialização do trabalho Pirâmide X Pirâmide Y
infantil indicam uma concentração dessa atividade População Velha População Jovem
a)
França Quênia
apenas nas áreas rurais do Centro-Oeste e
População Jovem População Velha
Nordeste. b)
Suíça Estados Unidos
e) A aplicação do programa de renda mínima em
População Velha População Jovem
todo o país contribuiu para que mais de 90% das c)
Alemanha França
crianças — de 9 a 13 anos — abandonassem as
População Velha População Jovem
atividades remuneradas e voltassem a frequentar d)
Índia África do Sul
aulas no Ensino Fundamental. População Jovem População Velha
e)
Itália China

CPV Gegext4
Geografia 59

06. (Mack-SP) 08. (Mack-SP) A mudança na estrutura etária da população


brasileira na década de 1990 obriga o poder público a rever
Maior parte da população brasileira tem de 18 a 39 anos as prioridades dos investimentos sociais no país. Analisando
População em 2003, por faixa de idade
as tendências das linhas isoladamente, pode-se afirmar que,
63.272.832 com essa mudança:

30.985.728
36.176.841 a) não haverá mais a necessidade de investimentos em creches e
26.768.334
16.732.547 escolas de educação básica, já que o percentual de população
29.770 jovem diminui gradativamente, tendendo a zero.
0a9 10 a 17 18 a 39 40 a 59 60 anos idade b) num futuro bem próximo, haverá necessidade de abrir
anos anos anos anos e mais ignorada as portas à imigração, pois a carência quantitativa de
população economicamente ativa comprometerá a
De acordo com a tabela dada, é correto afirmar que: reposição natural do trabalhador no mercado de trabalho.
a) tanto a faixa etária de 0 a 9 quanto a de 60 anos ou mais c) haverá alterações no mercado de consumo interno,
diminuem os gastos do governo, pois pertencem à população porque a população de jovens e a de idosos são os
economicamente ativa. grupos que se encontram fora do mercado de trabalho
b) a redução da população infantil (de 0 a 9 anos) pode representar e, portanto, não consomem.
que o país apresenta problemas financeiros e que a maior parte d) será necessário adotar uma política natalista, desprezando
da população ainda se encontra na zona rural. o controle de natalidade implantado no início da década
c) a estrutura etária brasileira é semelhante à dos países da de 80.
África subsaariana. e) foi necessário fazer uma reforma no sistema de pensões e
d) o predomínio da população adulta representa, ou deveria aposentadorias, para que não fosse agravada, ainda mais,
representar, que o país se encontra no auge de seu potencial a crise na Previdência Social em virtude da elevação
populacional, pois ela representa a PEA.
real da expectativa de vida da população.
e) a quantidade de crianças na população brasileira significa
que o índice de fecundidade aumentou nos últimos vinte
09. (Mack-SP)
anos.
Evolução da distribuição da PEA no Brasil (em%)
07. (Mack-modificada)
A figura, que mostra o Ano Primário Secundário Terciário
afunilamento etário: 1940 70,2 10,0 19,8
1970 44,2 17,8 38,0
1991 22,9 22,7 54,4
2000 20,9 19,2 59,9

Os dados da tabela nos permitem afirmar que:


a) a redução da população no setor primário segue uma
tendência mundial, já que a produção de alimentos
decorre exclusivamente da produção industrial.
b) a mecanização no setor primário e a automação no setor
secundário liberaram mão de obra pouco qualificada, que
tenta sobreviver prestando serviços e abrindo pequenos
comércios, mesmo que na informalidade.
c) o aumento da população no setor terciário deve-se
a) ilustra a estrutura populacional de países subdesenvolvidos, à especialização e à sofisticação do setor, que se
que gera gastos com investimentos governamentais. transformam em atrativos para os trabalhadores dos
b) mostra o descaso de governos de países pobres com as demais setores econômicos.
altas taxas de mortalidade infantil. d) diante do aumento da escolarização da população, o setor
c) representa a baixa taxa de natalidade e o envelhecimento terciário é o que mais requisita mão de obra qualificada;
populacional nos países desenvolvidos. daí o grande aumento quantitativo.
d) é uma crítica ao controle da natalidade do governo chinês, e) as exigências de qualificação profissional, tanto
que tenta frear o crescimento populacional. no setor primário quanto no setor secundário, têm
e) representa uma pirâmide populacional invertida, que levado os trabalhadores ao setor terciário, em que o
demonstra a importância da população infantil para o comércio e a prestação de serviços não requisitam tanta
desenvolvimento dos países. especialização.

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60 Geografia

10. (UF-MG) Analise estas pirâmides etárias, em que está 13. (UF-BA) As pirâmides a seguir representam a estrutura etária
representada a evolução da composição da população da população mundial e são resultantes da interação de dois
brasileira em três períodos distintos: 1980, 1991 e 2000. elementos básicos: o crescimento vegetativo e a expectativa
média de vida.
Composição da população residente,
Pirâmides etárias da população mundial
po r sexo e idade
(2000)
idades Brasil – 1980/2000
90
80 80+ I
70 70-74
60 homens mulheres 60-64
50

anos de idade
40 50-54
30 40-44
20 30-34
10 homens
% 20-24 mulheres
0
2 1,5 1 0,5 0 0,5 1 1,5 2
10-14
1980 1991 2000 0-4
6 4 2 0 2 4 6 % da população
Cite duas modificações ocorridas no processo de evolução da
população brasileira no período considerado e compare essas 80+ II
modificações às que caracterizam o processo de transição 70-74
demográfica verificado na Europa Ocidental. 60-64
anos de idade 50-54
40-44
30-34
homens
20-24 mulheres
10-14
0-4
11. (UF-CE-modificada) Disserte sobre as diferenças nas
6 4 2 0 2 4 6 % da população
pirâmides etárias de países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Identifique os tipos de países representados pelas pirâmides I
e II e indique onde há predominância de jovens ou de velhos,
apresentando, para cada tipo, duas razões que justifiquem o
aumento dos encargos sociais e econômicos.

14. (UENF-RJ) Estabeleça a associação entre o processo de


12. (UFSCar-SP-modificada) Observe a tabela para responder flexibilização das relações de trabalho na atualidade e o
à questão. crescimento da economia informal nas grandes cidades.
o que v. exa
Brasil: Distribuição da (PEA)
entende por
por setores de produção (%)
flexibilização
das relações
Ano A B C trabalhistas?
1970 44,2 17,8 38,0
2000 20,9 19,2 59,9
IBGE

a) Identifique os setores representados em A, B e C.

b) Cite e explique dois fatores responsáveis pelas mudanças


na composição da PEA.
Liberati, Jornal do Brasil

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Geografia 61

15. (MACK-SP) A, B e C são, respectiva e corretamente, substituídos por: Distribuição Setorial da PEA

a) EUA, México e Nigéria. País Primário Secundário Terciário


b) Brasil, Japão e Índia. A 2,9% 24% 73,1%
c) Reino Unido, Índia e Brasil. B 26,3% 21,5% 52,2%
d) Argentina, Brasil e México. C 63,7% 13,2% 23,1%
e) Alemanha, Itália e Brasil.

16. (UF-BA)
Pirâmide Etária – Brasil

Pirâmide Etária – França Pirâmide Etária – México


homens idade mulheres
70 ou mais
65 a 69 homens mulheres homens mulheres
60 a 64 idade idade
55 a 59 85 ou + 85 ou +
50 a 54 80 a 84 80 a 84
45 a 49 75 a 79 75 a 79
40 a 44 70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
35 a 39 60 a 64 60 a 64
30 a 34 55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54
25 a 29 45 a 49 45 a 49
20 a 24 40 a 44 40 a 44
35 a 39 35 a 39
15 a 19 30 a 34 30 a 34
10 a 14 25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24
5a9 15 a 19 15 a 19
0a4 10 a 14 10 a 14
5a9 5a9
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0a4 0a4
milhões de habitantes 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 % 10 8 6 4 2 0 0 2 4 6 8 10 %
Dados do IBGE, 1991

Com base na análise das pirâmides acima e nos conhecimentos sobre a estrutura etária, no Brasil e no mundo, é correto afirmar:
01. A pirâmide etária brasileira expressa a ocorrência de aumento da natalidade, a crescente evolução da população adulta e a
decrescente participação de idosos.
02. A população feminina do Brasil é considerada minoria no aspecto quantitativo demográfico, porém constitui maioria na
força produtiva de trabalho.
04. A pirâmide do Brasil mostra maior expectativa de vida do sexo feminino.
08. A pirâmide etária apresenta informações do quantitativo populacional por faixa etária e por sexo, fornecendo indicadores
para a análise socioeconômica do país que ela representa.
16. Os gráficos expressam a estrutura populacional de dois países da América Latina, que possuem as maiores populações
absolutas, e de um país que pertence à União Europeia.
32. A pirâmide da França revela baixas taxas de crescimento natural e alta expectativa de vida, enquanto a do México revela
altas taxas de crescimento vegetativo e um menor porcentual de idosos.
64. Os gráficos representam países que realizaram sua transformação industrial há aproximadamente três gerações e não
enfrentam problemas de assistência e amparo à velhice.
Soma correta:

17. (UNIFESP) Recente pesquisa divulgada pelo IBGE apontou um crescimento da participação de mulheres como chefes de
família no Brasil.
a) Aponte e explique uma determinação econômica deste fato.
b) Descreva e explique uma consequência para o mercado de trabalho no país.

18. (PUC-RS) A redução da taxa de natalidade verificada no Brasil nas últimas décadas deve-se:
I. à crescente participação da mulher no mercado de trabalho.
II. à grande difusão de métodos anticoncepcionais.
III. aos novos comportamentos, mais hedonistas e narcisistas, que implicam menor predisposição para constituir família.
IV. aos elevados custos referentes à criação e formação dos filhos.
As afirmativas corretas são:
a) apenas I e II. b) apenas I e III. c) apenas II e IV. d) apenas I, II e III. e) I, II, III e IV

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62 Geografia

19. (Fuvest-SP/2016) Observe o mapa a seguir. 21. (UFG-GO) Uma das discussões políticas que se destaca atualmente,
pelo seu caráter inovador e por afetar valores conservadores, diz
respeito à adoção de medidas compensatórias para grupos étnicos
discriminados historicamente na população brasileira.
Os defensores dessas políticas argumentam que elas se
justificam por:
a) incorporar ao mercado de trabalho grupos que são vítimas de
preconceito.
b) facilitar a incorporação de grupos discriminados ao mercado
consumidor.
c) reservar postos de trabalhos para grupos étnicos estigmatizados
socialmente.
d) garantir às minorias direitos que lhes são negados
constitucionalmente.
e) possibilitar, através de políticas de quotas, o acesso a profissões
que facilitem a ascensão social.

22. (UNISAL-SP/2016) Os resultados do CENSO 2010 mostram


grandes transformações na sociedade brasileira. Observe a seguir
a evolução da pirâmide etária do Brasil nas últimas décadas.

Evolução da pirâmide etária brasileira

Considere o “trabalho análogo à escravidão” no meio


rural brasileiro.
a) Indique dois elementos que caracterizam essa
condição de trabalho. Explique.
b) Identifique as três Regiões Administrativas do
país em que há maior área de concentração desse
fenômeno e indique duas atividades significativas
nas quais os trabalhadores, submetidos a essa
condição, estão inseridos.
c) Descreva uma das formas de arregimentação de
pessoas para essa condição de trabalho.

20. (UFSM-RS) “Com táticas de guerrilha e logística


sofisticada, o crime organizado mostrou toda a sua
força, traumatizou a população e deixou o Estado
refém (...)”. (Revista Isto É) A partir da análise das pirâmides e de seus conhecimentos é possível
Pode-se afirmar que o crime organizado é um fenômeno afirmar que
geográfico, pois: a) em 2000, a faixa etária de 50 a 54 anos era maior do que a
verificada em 1991 devido ao rebaixamento na expectativa de
I. forma redes de comunicação que conectam vida.
diferentes pontos do território, como ocorre nos b) em 2010, a faixa etária de 80 anos ou mais é maior do que a
presídios, através da telefonia móvel e da internet. verificada em 1991, evidenciando uma elevação na expectativa
II. sua expansão, no caso brasileiro, tem relação direta de vida.
com a urbanização acelerada do país. c) em 2000, a faixa etária de 0 a 4 anos é maior do que a verificada
III. interliga diferentes sistemas de redes, o que ocorre em 1991, fato que evidencia o aumento da taxa de natalidade.
com o tráfico de drogas, o tráfico de armas e a d) em 2010, a população de terceira idade (a partir de 60 anos)
lavagem de dinheiro, inclusive com integração ao é superior a observada em 2000, com maior destaque para a
mercado financeiro internacional. população masculina.
Está(ão) correta(s): e) em 1991, a faixa etária de 30 a 34 anos é menor do que a
a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. observada em 2010 visto que na década de 1990 a taxa de
d) apenas II e III. e) I, II e III. fecundidade era mais baixa.

CPV Gegext4
Geografia 63

Migrações
Aspectos gerais
As migrações são os deslocamentos de população de um lugar para outro. As pessoas migram por diversas razões e, nas últimas
décadas, as migrações têm se intensificado no mundo inteiro, ocorrendo entre os mais diferentes lugares. O Brasil é um dos países
com maior mobilidade populacional do mundo. Os brasileiros migram muito porque precisam lutar pela sobrevivência: deixam
suas regiões de origem à procura de trabalho, terra, melhores condições de vida e emprego. Os brasileiros migram também para o
exterior, em busca de emprego e melhores salários em outros países, como, por exemplo, os Estados Unidos. Existem deslocamentos
temporários e permanentes. Como exemplo de temporário, temos aquele deslocamento cotidiano que você realiza de sua casa até
a escola, quase que todos os dias. Como exemplo de deslocamento permanente, temos a mudança de um indivíduo de uma cidade
para outra, ou de um estado ou país para outro.

Os termos básicos

● Migrante: termo geral, que pode ser utilizado tanto para saída quanto para a entrada de pessoas em um lugar.
● Imigrante: termo utilizado apenas para quem está chegando em um lugar, de qualquer origem (cidade, estado, região ou país).
● Emigrante: termo utilizado apenas para quem está deixando um lugar, para qualquer destino (cidade, estado, região ou país).

Por exemplo, um migrante que está deixando o Rio Grande do Sul em direção ao Mato Grosso está emigrando do Rio Grande do
Sul e imigrando para o Mato Grosso.

A Imigração no Brasil
A população brasileira no período colonial, que era originalmente composta por indígenas, passou a receber os brancos de origem
portuguesa que vieram para colonizar o Brasil. Em seguida, vieram os negros, como escravos. Com o tempo, surgiram os mestiços,
originários da miscigenação dos três grupos anteriores.

Após a independência do país, em 1822, e no decorrer de todo o século XIX, o Brasil passou a receber um grande número de
imigrantes europeus, devido a vários fatores:

● a necessidade de povoar mais o país, pois a nação apresentava Principais Grupos de Imigrantes
pequena densidade populacional;
Portugueses Italianos
● a expansão do trabalho assalariado, após a Lei Euzébio de Queirós,
31,06% 29,80%
que proibia o tráfico de escravos, e a abolição da escravatura,
em 1888;
● a necessidade de mão de obra para trabalhar nas fazendas de café
de São Paulo, a partir de meados do século XIX;
● a influência de ideologias racistas, visto que o governo brasileiro
resolveu promover o branqueamento do país, pois a maioria da
população era mestiça e negra;
● as condições climáticas do Sul e do Sudeste do país, que se
assemelham ao clima da Europa, o que facilitou a adaptação dos
imigrantes europeus.

Japoneses Outros
A entrada de imigrantes de diversas origens, nos séculos XIX e XX, 17,30%
4,17% Alemães
contribuiu bastante para acelerar o desenvolvimento econômico, Espanhóis
4,87%
político e cultural do país. Após 1930, a imigração passou a declinar, 12,80% IBGE
especialmente devido às Leis de Exceção criadas pelo governo
Getúlio Vargas (1934).

Nos períodos correspondentes às Primeira e Segunda Guerras Mundiais, o fluxo de imigrantes também sofreu redução. Terminada
a Segunda Guerra (1939-1945), o fluxo foi retomado, mas em escala inferior à dos períodos anteriores.

Gegext4 CPV
64 Geografia

Portugueses
Após a independência do Brasil, os portugueses continuaram a constituir o grupo que mais entrou no país, em números absolutos.
Fixaram-se em várias regiões, sobretudo nas áreas urbanas. Dedicaram-se a atividades terciárias como o comércio; daí a associação
comum entre “portugueses e padarias”.
No sul do país, os portugueses tiveram importante papel na colonização da região da Campanha Gaúcha (Pampas), no Rio Grande
do Sul, durante o século XVIII. Deram origem ao gaúcho típico e desenvolveram as tradicionais atividades de pecuária extensiva
e agricultura. No século XIX, os portugueses de origem açoriana (arquipélago dos Açores) colonizaram os litorais catarinense e
gaúcho, fixando-se em cidades como Porto Alegre e Florianópolis.

Italianos
Os imigrantes italianos começaram a chegar ao Brasil em 1871, fugindo das dificuldades sociais e econômicas de seu país, em
grande parte decorrentes da guerra de unificação italiana.
Entre 1871 e 1888, ocuparam a região serrana ao norte do Rio Grande do Sul e ao sul de Santa Catarina. A ocupação foi efetivada
em pequenas propriedades, onde desenvolveram a policultura. Uma das atividades mais tradicionais eram o cultivo da uva e a
produção de vinho. Entre as principais cidades gaúchas fundadas por italianos, destacam-se Caxias do Sul, Garibaldi e Bento
Gonçalves. Em Santa Catarina, os italianos ocuparam o Vale do Rio Turvo e concentraram-se em cidades como Nova Trento,
Nova Veneza e Urussanga.
No final do século XIX e início do século XX, após a abolição da escravatura, uma nova leva de italianos direcionou-se para São
Paulo, para trabalhar na lavoura de café. Muitos deles concentraram-se na capital da província, a cidade de São Paulo, trabalhando
nas primeiras indústrias fundadas na cidade, em bairros típicos como Bexiga (Bela Vista), Brás, Barra Funda e Mooca.

Alemães
A partir de 1824, os maiores fluxos de alemães foram para o sul do país, instalando-se no Rio Grande do Sul, ocupando o Vale
dos Sinos e Caí, e fundando cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Entre 1850 e 1870, os alemães ocuparam o norte de Santa Catarina, o Vale do rio Itajaí, fundando as tradicionais cidades de
Blumenau, Joinville, Brusque e Itajaí. A ocupação foi caracterizada por minifúndios, policultura e trabalho familiar. Dedicaram-se
à agricultura, à pecuária e à pequena indústria, contribuindo bastante para o desenvolvimento econômico dos estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.

Japoneses
Foi no ano de 1908 que teve início a imigração japonesa, quando atracou em Santos, no litoral paulista, o navio Kazato-Maru, com
os primeiros imigrantes. Os japoneses destacaram-se inicialmente pela dedicação à atividade agrícola, fundando, posteriormente,
importantes cooperativas agrícolas.
No estado de São Paulo, a maior parte dos japoneses concentrou-se na região metropolitana, na capital, e em municípios como
Mogi das Cruzes, Suzano e Cotia. No oeste do estado, destacam-se as concentrações em Tupã e Marília.
No norte do Paraná, ocuparam, principalmente, o Vale do Ivaí, em municípios como Maringá e Londrina.
No Vale Médio do Amazonas, houve a fixação de pequenas colônias japonesas, que se dedicaram ao tradicional cultivo da juta,
planta a partir da qual se extrai uma fibra de valor comercial.
No Pará, fixaram-se na Zona Bragantina, onde se dedicaram por muito tempo ao cultivo de pimenta-do-reino, praticando atualmente
a fruticultura.

demais grupos
● libaneses e judeus, que se concentraram nos estados das regiões Sul e Sudeste, principalmente, São Paulo e Rio de Janeiro;
● eslavos de origem polonesa, russa e ucraniana, que se concentraram no Paraná, principalmente, em Curitiba, e em municípios
do interior, como Ponta Grossa e Castro;
● espanhóis, que se concentraram no Sul e Sudeste do país.
O fluxo de imigrantes para o Brasil diminuiu bastante a partir do governo de Getúlio Vargas (1934-1937), pois as autoridades
temiam a entrada de imigrantes “rebeldes”, com ideias consideradas subversivas, que pregavam a mobilização dos trabalhadores
por melhores salários, principalmente, por meio de greves. Como exemplo para justificar esse temor do governo, observe que a
primeira grande greve na cidade de São Paulo ocorreu em 1917, com forte influência de imigrantes italianos, com ideias anarquistas
e socialistas.

CPV Gegext4
Geografia 65

Os Novos Imigrantes
Nas últimas décadas, o Brasil tem recebido imigrantes de vários continentes.
● Latino-americanos, principalmente bolivianos, peruanos e paraguaios. Em sua maioria,
constituem mão de obra barata. Em São Paulo, em bairros como Brás e Bom Retiro, é
comum os bolivianos trabalharem em confecções de roupas, submetidos ao trabalho
degradante (baixos salários, longas jornadas de
trabalho, ambiente insalubre e moradias precárias).
Após o terremoto de 2010, cresceu muito o número
de imigrantes haitianos que vieram para o Brasil,
trabalhando principalmente na indústria e serviços.

● Asiáticos, principalmente coreanos e chineses,


que se concentram em atividades como a pequena
indústria e o comércio. Apresentam rápida ascensão
social devido ao valor que dão à educação.

● Africanos de diferentes nacionalidades


(nigerianos, angolanos, congoleses, senegaleses etc).
Estão associados aos serviços e comércio informal. Migrantes africanos no Brasil.

● Sírios e palestinos. O fluxo desses imigrantes cresceu devido aos conflitos no Oriente
Migrantes peruanos no Brasil. Médio. Os sírios têm vindo em decorrência da guerra civil, após a Primavera Árabe.

A s Migrações Internas
MigraçõeS INTERNAS REGIONAIs
O Brasil sempre foi caracterizado por um intenso fluxo migratório entre suas regiões. Desde o declínio do ciclo do açúcar,
o Nordeste é a região de maior repulsão Brasil – Principais Fluxos Migratórios (séc. XIX e XX)
populacional do país. A pobreza, a concentração de
terras, a insuficiência de empregos e a seca como
fator agravante no Sertão estimularam fluxos de
nordestinos para Sudeste, Centro-Oeste e Norte.
Por ser a região mais rica e industrializada, a Região 2
Sudeste foi o principal polo de atração populacional
do país. São Paulo recebeu grande número de
5
imigrantes nordestinos que, em sua maioria, foram 4 3
explorados como mão de obra barata na indústria
1
(incluindo a construção civil) e nos serviços, que
pagam baixos salários.
Mas as migrações internas no Brasil sofreram
mudanças importantes:
● Queda no número de imigrantes entre regiões: A
30,6 por mil habitantes (1995-2000) para
J. L. S. Rossi (organizador) Geografia do Brasil, São Paulo, EDUSP, 1996

26,3 por mil (2005-2010).


OCEANO
● Redução das distâncias entre deslocamentos. pacífiCO

A queda no número de imigrantes deve-se ao


maior crescimento do PIB e à geração de empregos A. Construção de Brasília B
em todas as regiões do país, isto é, um maior número B.
1.
Indústria São Paulo e Rio de Janeiro
Mineração - Século XVIII OCEANO
de brasileiros conseguiu emprego em seu próprio 2. Extração da Borracha (1870-1912) ATLÂNTICO
3. Marcha do Café - Frentes Pioneiras 7 6
município, estado ou região e deixou de emigrar. 4. Surto Algodoeiro Paulista (1935-1940)
5. Construção da Transamazônica Direções dos principais
6. Brasilguaios
fluxos migratórios.
7. Frentes Pioneiras

Gegext4 CPV
66 Geografia

Quanto ao saldo migratório, ou seja, a diferença entre imigrantes (entrada) e emigrantes (saída), o quadro é o seguinte:

● as regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul tiveram Saldos Migratórios, por Unidade da Federação (2005-2010)

saldo positivo;
RR
AP
● a região Centro-Oeste teve forte atração migratória,
em decorrência da geração de empregos no
agronegócio e setor terciário (administração pública,
AM
a exemplo de Brasília); PA
MA CE
RN
AL
● a região Norte teve importante migração agrícola, PI
PE
entre áreas rurais; AC
TO
PR
RO SE
BA
● a região Sul teve saldo positivo, que se deve apenas MT

à forte atração de imigrantes para Santa Catarina, uma


GO
vez que o Rio Grande do Sul e Paraná mantiveram saldo
negativo. MG
MS ES

Os fluxos para a região Sudeste se reduziram. O estado SP


RJ
de São Paulo apresenta saldo migratório positivo, < – 50 mil PR
principalmente em direção ao interior e à região – 50 mil 0
metropolitana de Campinas. 0 20 mil
SC

RS
20 mil 100 mil
A região metropolitana da Baixada Santista teve saldo
100 mil ou mais
positivo, porém em Santos o saldo foi negativo, inclusive

IBGE
com redução da população da cidade.

A região metropolitana de São Paulo, incluindo a capital agora tem saldo negativo.

A região Nordeste teve saldo negativo, porém houve grande diminuição no fluxo de emigrantes. O fenômeno se deve ao expressivo
crescimento econômico da região e à geração de empregos em setores como indústria, infraestrutura, agricultura irrigada e turismo.

Também se observou a intensificação da migração de retorno, isto é, aquela formada pelas pessoas que, 5 anos antes da pesquisa,
estavam em um determinado Estado e, no ano do Censo, haviam retornado ao seu Estado de origem. Entre 1995-2000, os migrantes
de retorno eram 22% do total, subindo para 24,5% entre 2005 e 2010, sendo maior a migração de retorno dos nordestinos para sua
região, atraídos pelas novas oportunidades de trabalho na região. A intensificação do fluxo do Sudeste para o Nordeste deve-se à
migração de retorno de nordestinos e a investimentos na região. A seguir, observe o novo mapa de saldos migratórios do Brasil.

Outros Tipos de Migrações

Transumância — é um movimento migratório com retorno periódico ao local de origem, provocado por mudanças
ambientais durante o ano. Por exemplo, em áreas montanhosas da Europa, os pastores migram com o gado da montanha para a
planície, durante o inverno, devido ao frio. No verão, eles retornam às montanhas, devido ao aumento da temperatura.

Nomadismo — é um movimento migratório sem retorno ao local de origem, provocado pela busca de comida e água. É
muito comum em regiões desérticas. Por exemplo, o povo tuaregue, no Deserto do Saara, conduz seus rebanhos através do deserto
em busca de comida e água, não retornando ao local de origem.

Movimento Pendular — é um movimento migratório entre cidades, municípios ou bairros muito afastados, caracterizado
pelas idas e vindas diárias do local de trabalho até o local da residência, que se transforma praticamente em cidade-dormitório.
Por exemplo, a maioria dos trabalhadores de Itaquaquecetuba desloca-se diariamente para trabalhar na cidade de São Paulo.

CPV Gegext4
Geografia 67

exercícios resolvidos

A. (FGV Direito) Observe o mapa sobre os grandes fluxos migratórios no Brasil a partir de 1950.

Boligian & Alves. Geografia. Espaço e Vivência.


Caracterize os fluxos numerados de 1 a 4, indicando:

a) as áreas envolvidas e a década de início do fluxo.

Resolução:
— O fluxo 1 indica a migração de nordestinos para o Sudeste, particularmente, para São Paulo, que teve seu apogeu nas décadas de
1950 e 1960;
— O fluxo 2 mostra a migração de nordestinos para o Norte (Amazônia), que se iniciou no fim da década de 1960;
— O fluxo 3 representa a migração de nordestinos e mineiros em direção ao Centro-Oeste, que se iniciou na década de 1970 e se
intensificou na década de 1980;
— O fluxo 4 figura o movimento migratório com origem no Sul e no interior de SP e de MG em direção a Centro-Oeste e Norte.

b) fator principal para ocorrência do fluxo migratório.

Resolução:
Os fatores responsáveis pelos fluxos migratórios representados no mapa são:
1. Oportunidade de empregos e consequente melhora nas condições sociais, pelo crescente processo de industrialização do Sudeste;
2. Programas do Governo Federal para integração e ocupação da Amazônia, por meio da construção de estradas de rodagem,
instalação de projetos de mineração e de assentamentos agrários;
3. Fluxo de nordestinos e mineiros em busca de empregos em áreas agrícolas pioneiras do Centro-Oeste;
4. Migração provocada pela expansão da fronteira agrícola brasileira, que passa a ocupar o Centro-Oeste e o Norte.

Gegext4 CPV
68 Geografia
B. (FGV Direito) As populações movimentam-se no espaço em Exercícios
decorrência de diversos fatores. Os mapas 1 e 2 representam fluxos
migratórios mundiais recentes. 01. (FUVEST-SP/2016) Observe os mapas.

Mapa 1
Sopemi/OCDE. Tendências das migrações internacionais 2000-2001. In: Almeida, Lúcia M. &
RIOGOLIN, Tércio B. Geografia: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2005. p.228.

Dentre as seguintes alternativas, a única que apresenta a


Mapa 2 principal causa para o correspondente fluxo migratório é:
Sopemi/OCDE. Tendências das migrações internacionais 2000-2001. In: Almeida, Lúcia M. &
RIOGOLIN, Tércio B. Geografia: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2005. p.228.

a) I: procura por postos de trabalho formais no setor primário.


b) II: necessidade de mão de obra rural, devido ao avanço
do cultivo do arroz.
c) III: necessidade de mão de obra no cultivo da soja no
Ceará e em Pernambuco.
d) IV: procura por postos de trabalho no setor aeroespacial.
e) V: migração de retorno.

02. (MACK-SP) Imigração para o Brasil (1808-1984)


Milhares
220
200
180
160
140
a) Os mapas 1 e 2 ilustram fluxos migratórios diferentes. Explique 120
a principal causa para a migração expressa no mapa 1 e para a 100
migração expressa no mapa 2. 80
60
b) A partir da 2a Guerra, a Europa Ocidental consolidou-se como área 40
atrativa para migrações permanentes; contudo, a origem desses 20
fluxos migratórios mudou. Aponte essas mudanças e explique, 0
em linhas gerais, as suas causas. 1 2
1808
1850

1900

1920

1980
c) A partir da comparação entre os mapas 1 e 2, explique a diferença
dos fluxos migratórios do continente africano. No gráfico da evolução da imigração brasileira, estão
Resoluções: assinalados os momentos 1 e 2, que correspondem,
a) (Mapa 1) Na África, os movimentos migratórios da globalização respectivamente, à:
são externos, principalmente em direção à Europa Ocidental.
a) Primeira e à Segunda Guerras Mundiais.
(Mapa 2) Fluxos de refugiados internos, para outros países da
África. b) crise da Bolsa de Nova Iorque e à crise da cafeicultura.
b) Após a Segunda Guerra, a Europa Ocidental tornou-se região c) expansão da cafeicultura e à Primeira Guerra Mundial.
receptora de imigrantes oriundos da África (moradores de d) abolição da escravatura e à Segunda Guerra Mundial.
ex-colônias europeias no continente) e do Oriente Médio, que e) crise da cafeicultura e à Segunda Guerra Mundial.
passaram a executar trabalhos para reconstruir o continente, num
movimento estimulado pelos países europeus. A partir dos anos 03. O Brasil recebeu, no período compreendido entre 1822
1980, a Europa Ocidental passou a receber imigrantes oriundos
e 1978, imigrantes, cujos maiores contingentes foram,
da América Latina, embora continuasse a receber o fluxo de
africanos, ávidos por melhores condições de vida, num movimento respectivamente, de:
que encontra cada vez mais restrições no continente. a) alemães, portugueses e japoneses.
c) Ao longo da segunda metade do século XX, os fluxos migratórios b) italianos, japoneses e ucranianos.
do continente africano apresentam duas vertentes: os motivados c) portugueses, italianos e espanhóis.
por fatores econômicos, que têm como grande destino a Europa
Ocidental, e os originados por guerras civis, perseguições religiosas
d) espanhóis, italianos e libaneses.
e catástrofes naturais, cujos refugiados fogem de seus países em e) portugueses, espanhóis e alemães.
direção a nações vizinhas do continente.

CPV Gegext4
Geografia 69

04. (UF-RS) Dentre os imigrantes que se dirigiram para o Brasil no 07. (FUVEST-SP) A entrada da migração estrangeira foi de
século XX, uma nacionalidade destacou-se pelo fato da maioria ter fundamental importância para a ocupação do interior
se fixado no Estado de São Paulo, embora grande parte tenha se de São Paulo.
dirigido para outros estados, como Paraná, Amazonas e Pará.
No interior paulista, dedicaram-se ao cultivo do chá no Vale do
Ribeira, do algodão e à criação do bicho-da-seda no oeste e aos 2 1
hortifrutigranjeiros nos arredores da capital.
O texto trata do imigrante:
0 142km
a) italiano. b) espanhol. c) japonês. 2
2
d) alemão. e) holandês.

05. (UF-PE) No período histórico anterior a 1930, a imigração estrangeira No período de 1920-40, os grupos predominantes nas
para o Brasil foi muito intensa, como mostra a tabela. áreas 1 e 2 foram, respectivamente:

Décadas Número de imigrantes a) japonês e italiano.


1881-1890 530.000 b) italiano e sírio-libanês.
c) italiano e japonês.
1891-1900 1.109.000
d) sírio libanês e japonês.
1901-1910 671.000 e) italiano e espanhol.
1911-1920 717.000
1921-1930 840.000
08. (UNESP-modificada) Observe os mapas 1 e 2,
apresentados a seguir.
1. Dentre os mais expressivos contingentes de estrangeiros
estavam os italianos. Mapa 1
2. A sociedade brasileira mostrou-se intolerante com imigrantes de Vale do Paraíba
várias procedências, o que gerou enclaves étnicos como o dos Tupã
Marília
alemães no Rio Grande do Sul.
3. A imigração em massa possibilitou a substituição da mão de obra SP
escrava pelos trabalhadores livres nas plantations cafeeiras de São Paulo
São Paulo. PR
4. Enquanto na região Sudeste os imigrantes foram empregados
majoritariamente nas grandes fazendas, no Sul, foi implantado Vale do Ivaí
um regime de agricultura familiar em pequenas propriedades. Vale do Ribeira
5. Nas duas últimas décadas acima consideradas, houve uma
sensível redução da entrada de imigrantes no país, em razão da
Mapa 2
Primeira Guerra Mundial.
Zona
Estão corretas apenas as afirmações: RR Bragantina
AP
a) 1, 4 e 5. PA
b) 1, 3 e 4.
c) 1 e 5. AM
Vale Médio do Tomé-Açu
d) 2 e 4.
e) 1, 2, 3, 4 e 5. Amazonas

06. (FUVEST-SP) Em relação à imigração italiana para o Brasil, em AC


sua fase mais importante, podemos afirmar que: RO
a) foi dirigida para áreas coloniais novas; organizadas em grandes
propriedades nos vales do Itajaí e Tubarão.
b) foi planejada, visando, com base em pequenas propriedades, ao
Assinale a alternativa que indica o que as áreas hachuradas
estado de São Paulo.
nos dois mapas apresentam em comum.
c) formou os importantes núcleos coloniais de Caxias do Sul e São
Leopoldo, respectivamente, em Santa Catarina e Rio Grande do
a) Colonos italianos e exploração de madeira.
Sul.
b) Plantio de soja e colonos alemães.
d) reforçou o contingente de empregados rurais, servindo à cultura
c) Cultivo de café e colonos italianos.
comercial do café no interior de São Paulo.
d) Garimpo e imigrantes nordestinos.
e) foi realizada pela Companhia Inglesa de Colonização ligada a
e) Atividade agrícola e colonos japoneses.
atividades cafeeiras.

Gegext4 CPV
70 Geografia

09. (UEL-PR) Dentre as principais migrações internas ocorridas 11. (FGV-SP) Na tabela abaixo, os algarismos I e II representam,
no território brasileiro, destacam-se os deslocamentos de respectivamente, a dinâmica da população:
nordestinos e sulistas para as regiões Centro-Oeste e Norte,
conforme a figura abaixo. Brasil
Os grandes fluxos migratórios, que antes se dirigiam para 1950 1970 1991 2000
o Sudeste, passaram a se dirigir mais intensamente para I 36% 56% 76% 82%
essas regiões durante o regime militar, transformando-as em

FIBGE
importantes polos de atração populacional. II 64% 44% 24% 18%

a) I – urbana;
II – rural.
b) I – empregada no setor secundário;
II – empregada no setor primário.
c) I – economicamente ativa;
II – desempregada.
d) I – empregada no setor terciário;
II – empregada no setor primário.
e) I – de 20 a 59 anos;
II – de 0 a 19 anos.
J. L. S. Ross. Geografia do Brasil. São Paulo. Edusp.

12. (FGV-SP) Passadas as fases de implantação dos grandes projetos


de mineração e de energia, modelo oposto à organização do
garimpo, o saldo deixado foi o de uma população considerável
de deslocados e re-assentados que contribuiu deveras para o
processo de desterritorialização camponesa. O seu destino mais
provável foi o engrossamento do fluxo rumo às cidades.

Maria Lúcia Pires Menezes.


Tendências Atuais das Migrações Internas no Brasil
in “Scripta Nova –
Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales”.
Principais direções dos fluxos migratórios
Universidad de Barcelona, no 69 (45).
década de 1990
O texto faz referência à dinâmica demográfica recente
Em relação ao tema, é correto afirmar: verificada:
a) a implantação de indústrias de bens de produção nas regiões
Norte e Centro-Oeste incentivou a migração para essas áreas. a) no oeste da Bahia e sul do Piauí, como resultado do avanço
b) a população migrante foi atraída por programas das áreas de produção irrigada de soja por grandes produtores
governamentais que levaram à abertura de novas áreas vindos da Região Sul do país.
agrícolas e de exploração mineral. b) na Amazônia, em especial nos antigos eixos de ocupação
c) a expansão do cultivo da seringueira abriu frentes de trabalho, e colonização da década de 1970, como os das rodovias
o que ocasionou o deslocamento maciço da população na Transamazônica e Cuiabá-Santarém.
década de 1980. c) no oeste do Mato Grosso do Sul, na faixa fronteiriça entre
d) houve a implantação de grandes estabelecimentos
o Brasil e Paraguai, onde os “brasiguaios” se instalaram na
agropecuários na década de 1970, resultando em oferta de
década de 1980.
empregos com salários compensadores.
e) com o fim do regime militar, o setor de atividades que d) na região do norte paranaense, que sofreu um intenso processo
subsistiu foi o mineral, que tem sido o principal polo de de recolonização na década de 1970, com a modernização
atração para essas regiões. de sua agricultura.
e) no Estado do Espírito Santo, em função do esgotamento
10. (FUVEST-SP) Quais as diferenças, do ponto de vista das do modelo exportador mineral e da expansão das áreas
relações de trabalho, entre a imigração italiana que se dirigiu destinadas ao reflorestamento.
para São Paulo e a que se dirigiu para o Rio Grande do Sul?
13. (FUVEST-SP) Relacione a predominância da população de
origem europeia na região Sul do Brasil com o processo de
povoamento do território brasileiro.

CPV Gegext4
Geografia 71

14. Compare os dois gráficos que representam as entradas de 16. (FATEC-SP) Ao entrar no Recife,
migrantes nas regiões brasileiras. não pensem que entro só.
Entra comigo a gente
Entradas de Migrantes nas Grandes Regiões que comigo abaixou
1986-1991
por essa velha estrada
Norte que vem do interior; (. . . )
Centro-Oeste
13%
21%
Nordeste e também retirantes
11% em quem só o suor não secou.
João Cabral de Melo Neto. O Rio
Sul
9%
Os versos permitem identificar um movimento migratório
Sudeste a) do Nordeste brasileiro para outras regiões do país.
46% b) de Recife para a Zona da Mata.
c) da Zona da Mata para o Sertão do Nordeste brasileiro.
Entradas de Migrantes nas Grandes Regiões d) do Sertão para a Zona da Mata do Nordeste brasileiro.
1991-1996 e) de nordestinos que retornam de outras regiões brasileiras.
Centro-Oeste Norte
19% 12% 17. (MACK-SP) Esse tipo de deslocamento populacional ainda
Nordeste
14% é muito comum no Nordeste brasileiro, principalmente entre
o Agreste e a Zona da Mata, onde o pequeno agricultor,
Sul
9%
aproveitando o período da entressafra e a estiagem no
interior, se ocupa da colheita e moagem da cana-de-açúcar no
litoral. Terminada a tarefa, retorna ao interior, aproveitando
Sudeste
46% o período das chuvas. No ano seguinte, repete-se a migração.
IBGE, Censo Demográfico de 1991 Trata-se:
a) de uma migração sazonal por razões econômicas.
O aumento registrado nas entradas de migrantes na Região b) do êxodo rural.
Nordeste tem como causa principal: c) das migrações pendulares.
d) de emigração.
a) declínio no crescimento vegetativo da população nordestina. e) de uma imigração.
b) retorno de muitos nordestinos para seus estados de origem.
c) êxodo rural intensificado pelo agravamento da seca no 18. (PUC-RJ) As migrações pendulares são movimentos
Sertão Nordestino. migratórios que se caracterizam por ser:
d) frentes de trabalho criadas pelo governo nas áreas de
a) um tipo especial de êxodo rural.
agricultura irrigada.
b) o deslocamento diário de trabalhadores entre os locais
e) programa de redistribuição de terras ao redor dos grandes
de residência e trabalho.
açudes.
c) o deslocamento sazonal de ida e retorno ao local de
origem.
15. (PUC-MG) No processo de migrações inter e intrarregionais d) uma migração entre áreas rurais.
no Brasil, podemos identificar alguns períodos de maior e) uma migração das pequenas para as grandes cidades.
relevância. Entre esses períodos, podemos destacar o que vai
de 1970 a 1990, caracterizado por: 19. (MACK-SP-modificada) As áreas assinaladas A, B e C no
mapa abaixo representam, respectivamente, as áreas com
a) início da marcha para o Centro-Oeste e ocupação do norte predominância de imigração:
A
do Paraná.
b) grande fluxo migratório para o Sudeste e particularmente a) japonesa, italiana e ucraniana. PR
para São Paulo. b) portuguesa, açoriana e espanhola.
C
c) migrações em direção à Amazônia, com projetos de c) alemã, japonesa e boliviana. SC
colonização ao longo de rodovias. d) japonesa, italiana e alemã.
RS B
d) intenso movimento migratório das periferias das áreas e) italiana, portuguesa e alemã. C
metropolitanas para o núcleo.
e) paralisação do êxodo rural em direção às cidades médias
e regiões metropolitanas.

Gegext4 CPV
72 Geografia

20. (UF-BA-modificada) A análise dos mapas e os 21. (FGV-SP) A expressão migração da fome relaciona-se
conhecimentos sobre migrações internas no Brasil com o processo de urbanização das cidades brasileiras e
contemporâneo permitem afirmar: simboliza um fluxo migratório que provoca desequilíbrios
socioeconômicos.

A A chamada migração da fome:

a) vem a ser as migrações diárias, periferia-centro-periferia.


b) vem a ser uma alusão exclusiva aos retirantes desalojados
pela força.
Anos 70 c) é a expressão que se aplica a toda e qualquer migração.
d) é o reflexo do que ocorre com o êxodo rural.
e) é a tradicional maneira de identificar o nomadismo.

22. (FGV-SP) O Sul foi uma das regiões que mais recebeu
levas de colonizadores de várias nacionalidades desde o
século XIX. No século XX completou-se o povoamento de
uma área que, em poucas décadas, de desabitada passou à
B
condição de mais próspera no seu estado, onde a ocupação
se fez espontaneamente, sem a presença de colonizador
europeu. Trata-se:

a) do vale do Tibaji, com a cidade de Londrina.


Anos 90 b) do vale do Rio dos Sinos, com São Leopoldo.
c) de Blumenau, no vale do Itajaí.
d) de Mafra e Rio Negro, no Paraná.
e) de Laguna e Tubarão, no litoral sul-catarinense.
Nepo–Unicamp

23. (Fuvest-SP) “Migração periódica dos rebanhos da planície,


os quais vão habitar durante o calor as altas montanhas, delas
descendo ao aproximar-se o inverno, ou vice-versa.”
I. A registra o movimento migratório do interior do Nordeste,
em busca do Planalto Central, por ocasião da construção
de Brasília, marco da política desenvolvimentista de 47 °N
A
Juscelino Kubitschek.
II. B mostra que as migrações do Nordeste para o Sudeste 00
10
originam-se predominantemente nas capitais e que
C B
migrantes têm retornado para suas áreas de origem. 2000
2000

III. O movimento migratório expresso em A resulta do


fenômeno das secas e da ausência de programas 0 63 km
sistemáticos para fixar os trabalhadores nas zonas rurais.
IV. O avanço do desemprego nas capitais nordestinas e a Considerando-se a representação de um país do hemisfério
desilusão dos imigrantes nos centros urbanos do Sudeste Norte e a situação descrita acima, no inverno, assinale a
são explicações fundamentais para a situação expressa alternativa correta.
em B.

Estão corretas as afirmações: Conceito Meses predominantes Deslocamentos


a) Transumância Maio a agosto C para B
a) II, III e IV. b) Aclimatação Novembro a março A para B
b) I e IV.
c) Aclimatação Novembro a março C para B
c) I e II.
d) II e IV. d) Transumância Novembro a marco B para A
e) I e III. e) Aclimatação Maio a agosto A para B

CPV Gegext4
Geografia 73

24. (FUVEST-SP) 26. (UnicAMP-SP/2010) O impacto sobre São Paulo dos migrantes
nordestinos, que chegaram à cidade no meio do século XX, foi tão
Migração interna na década
grande quanto os efeitos produzidos pelos imigrantes que vieram
de 50-60
A da Europa, do Oriente Médio e da Ásia em décadas anteriores.
Nos dois casos, os que dominavam a cidade incentivaram a vinda
desses trabalhadores e suas famílias. Entretanto, os efeitos sociais
e políticos foram sempre mais difíceis de digerir como demonstram
os casos recentes de uma prefeita da cidade e de um presidente
da República, nascidos no Nordeste, e objetos em São Paulo de
preconceitos nada sutis.
Adaptado de Paulo Fontes, Um Nordeste em São Paulo –
Migração interna na década Trabalhadores migrantes em São Miguel Paulista (1945-66).
de 60-70 a) Qual a maior cidade nordestina fora do Nordeste brasileiro?
B Por que houve o incentivo ao processo imigratório de
nordestinos para São Paulo?
b) Quais as principais determinantes sociais e econômicas do
processo migratório de nordestinos para São Paulo em meados
Migração interna do século XX?
na década de 70-80

C 27. (FATEC-SP) “Os próprios gaúchos e sulinos, pouco mais tarde,


refariam o caminho em sentido inverso, entrando pelo miolo
do País, avançando para o _(I)_ e para o _(II)_, e espalhando
progresso e riqueza até a beirada da floresta e, até mesmo, lá, do
lado de cima, nos confins de Roraima. De certo modo, pode-se
dizer que essa ida e vinda, esse continental vaivém, resume a
história do Brasil no século, a história do nosso tempo de vida”.
O Estado de S. Paulo
Indique a alternativa que preenche corretamente as lacunas no texto
e o tema analisado.
I II Tema analisado
a) sul sudeste eixos da mineração
b) sudeste noroeste avanço da urbanização
a) Analise e justifique os fluxos migratórios representados
nos mapas A, B e C. c) norte nordeste migrações internas
b) Explique a dinâmica atual dos fluxos migratórios. d) noroeste norte fronteiras agrícolas
e) nordeste leste êxodo rural
25. (Fatec-SP/2016) O Brasil vem recebendo uma quantidade
significativa de imigrantes haitianos à procura de trabalho 28. (FGV-SP) Sobre a mobilidade espacial e social no Brasil está
e de melhores condições de vida. A entrada de haitianos correta a seguinte afirmação:
cresceu bastante depois do terremoto que devastou o Haiti, a) atualmente o Estado de São Paulo já não é o principal destino
em 2010. A principal porta de entrada desses imigrantes das correntes migratórias no país, ficando atrás de estados com
no Brasil é a cidade de grande dinamismo econômico, como o Paraná e Mato Grosso.
b) a mecanização subsidiada pelo governo, para o cultivo da soja,
a) Belém, no Pará, uma vez que a maioria desses imigrantes
constitui uma importante explicação para os fluxos migratórios
faz o percurso por via marítima.
que partem do Sudeste, Centro-Oeste e Norte para a Região
b) Assis Brasil, no Acre, pois grande parte dos imigrantes
Sul, principalmente para o Estado do Paraná.
haitianos segue uma rota pelo Peru para chegar ao c) a região Sul apresenta a maior participação de migrantes de
território brasileiro. outras regiões na composição de sua população, em razão da
c) Santos, em São Paulo, em razão de ter o maior porto abertura recente de sua fronteira agrícola e da retomada dos
do mundo e apresentar facilidades para a entrada projetos governamentais de colonização.
clandestina de imigrantes. d) cresceram os movimentos migratórios intrarregionais, em
d) Natal, no Rio Grande do Norte, haja vista que, função de novos polos de atração em cidades médias do
cartograficamente, essa é a cidade brasileira mais interior do país, relacionados à desconcentração da indústria
próxima da América Central Insular. e ao crescimento do setor agropecuário.
e) Foz do Iguaçu, no Paraná, onde, em função da grande e) a corrente migratória do Nordeste para o Sudeste deixou
quantidade de turistas, os imigrantes têm maiores de ser a mais importante no fim da década de 1990, com a
facilidades de ultrapassar a fronteira. diversificação intrarregional e as migrações de retorno.

Gegext4 CPV
74 Geografia

29. (UF-RJ) De certas áreas rurais da Região Sul 32. (FUVEST-SP) Esboço do Processo de Ocupação Recente do Brasil Meridional
partem importantes fluxos emigratórios em Áreas originais de
7 São Paulo
direção às novas fronteiras agrícolas do Brasil. colonização europeia
4 2
Tanto as motivações desses emigrantes quanto Expansão em diferentes
as áreas que eles escolhem como destino são 1
6 períodos
diferentes daquelas dos emigrantes das regiões 5
Curitiba Término aproximado do
agrícolas mais pobres do país. A partir do texto: Paraguai processo de ocupação (séc. XX)
3
a) Apresente as circunstâncias que explicam a 1 Anos 10/20
Argentina

Florianópolis
emigração das áreas agrícolas da Região Sul. 1 2 Anos 30/40

Adap. Arbex Jr. e Olic, 1996


b) Que condições, encontradas nas atuais 3 Anos 40
fronteiras agrícolas brasileiras, justificam as 4 Anos 50
áreas de destino escolhidas pelos emigrantes Porto Alegre 5 Anos 60
6 Anos 70
da Região Sul?
Oceano 7 Anos 70/80
Uruguai
30. (MACK-SP) Podem-se identificar três grandes Atlântico
correntes migratórias no Brasil, nos últimos
quarenta anos: a) Com o auxílio do mapa, explique o processo de ocupação:
— das encostas e áreas planáltica ao norte de Porto Alegre (RS);
I. Nordeste para o Centro-Sul;
— da encosta sul do Planalto Catarinense (Criciúma, Urussanga, Lauro Müller)
II. do Nordeste para a Amazônia Legal;
b) Analise as transformações socioeconômicas que ocorreram nas últimas décadas
III. uma terceira, mais recente e ainda não
no Norte Paranaense.
esgotada, do Sul para o Centro-Oeste e Norte.
Oliva e Giansanti 33. (MACK-SP) Os estados da Região Norte e quase a totalidade da Região Centro-Oeste
Relacionam-se com a expansão da fronteira apresentam uma taxa de crescimento populacional superior à média nacional,
agrícola: como mostra o mapa.
a) I, II e III. O Crescimento Anual
b) apenas I e II.
c) apenas II e III.
d) apenas I.
e) apenas III.

31. (PUCCAMP-SP) A questão está relacionada aos


versos da música
Sina de Caboclo
Eu sou um pobre caboclo
ganho a vida na enxada
o que eu colho é dividido
com quem não plantô nada.
Se assim continuá
vou deixá o meu sertão Maior que 3% 1,63 %
mesmo com os olhos cheio d’água
e com dor no coração De 1,9% a 3%
vou pro Rio carregá massa De 1,5% a 1,9%
pros pedreiro em construção.
João do Vale Menor que 1,5%

A saída a que se propõe o caboclo, na música,


Desconsiderando os índices do crescimento vegetativo da população, outro fator
reflete:
que vem contribuindo para que o crescimento da população dessas regiões fique
a) o êxodo rural como alternativa de acima da média nacional é:
sobrevivência do camponês sem terra. a) a possível geração de oferta de trabalho, pois essas regiões fazem parte da última
b) a busca de qualificação profissional nas fronteira agrícola brasileira, tornando-se regiões atrativas para a população
grandes cidades, como o Rio do Janeiro. economicamente ativa, excedente das demais regiões do país.
c) a necessidade de complementação do b) a facilidade de migrações intercontinentais, já que ambas as regiões limitam-se
orçamento doméstico pelo trabalhador rural. com países sul-americanos, possuidores de graves problemas econômicos.
c) a interiorização de atividades industriais que estimulam as migrações, uma vez
d) a valorização do trabalho do migrante nas
que as tradicionais regiões industriais já se encontram saturadas.
áreas urbanas brasileiras.
d) os incentivos governamentais e a garantia de emprego, que estimulam as migrações
e) a expansão das atividades terciárias nas inter-regionais.
grandes cidades brasileiras, como o Rio de e) a saturação do mercado de trabalho para a mão de obra qualificada do sul e sudeste
Janeiro. do país, levando grandes fluxos de populações a migrarem para tais regiões.

CPV Gegext4
Geografia 75

Gabarito
População – As PRINCIPAIS Teorias populacionais População – A Estrutura Etária
01. C
02. Há interesses, sobretudo dos países mais industrializados, em frear o 01. E 02. D 03. A 04. C 05. A
crescimento da população dos países subdesenvolvidos, inclusive com o
estímulo a medidas de natureza neomalthusiana. Grupos conservadores 06. D 07. C 08. E 09. B
sentem-se ameaçados com o crescente fluxo migratório em direção aos 10. No Brasil, houve um decréscimo pronunciado da taxas de natalidade e
países ricos e com o esgotamento dos recursos naturais. Além disso, há os fecundidade, relacionado a fatores como: emancipação feminina, urbanização
interesses econômicos, subjacentes à atuação dos grandes laboratórios do e difusão dos métodos anticoncepcionais. Desse modo, o país atravessa
setor farmacêutico, que lucram com a elevação da venda de anticoncepcionais. uma redução no porcentual de jovens e aumento da participação de adultos
03. a) A partir da década de 60 do século XX, diante de políticas públicas de e idosos. Os países da Europa Ocidental já avançaram mais nesse processo
ocupação das regiões menos povoadas, ocorreu uma interiorização de de transição demográfica e hoje experimentaram um envelhecimento
parte da população brasileira, com adensamento crescente nas regiões
populacional acentuado, graças à baixíssima fecundidade e porcentual
Centro-Oeste e amazônica.
exagerado de população de terceira idade. Uma das consequências é o
b) Nas décadas posteriores, alguns polos começaram a se destacar pela
concentração demográfica, a exemplo de Rondônia, Tocantins e o médio aumento dos gastos com previdência social e saúde pública.
e alto vales do rio Amazonas. 11. A partir da análise das pirâmides etárias, constata-se uma diferenciação na
04. B 05. E 06. B e D 07. D 08. E 09. B 10. E composição da população, cujas variantes estão representadas nas suas formas.
11. C 12. C 13. B 14. D 15. E 16. C 17. D A pirâmide característica dos países desenvolvidos possui base estreita, com
18. a) O crescimento demográfico, no período que se estende entre 1900 e 1970, distribuição proporcional da população nos outros períodos de idade. A
foi motivado, sobretudo, pela manutenção de altas taxas de natalidade e pirâmide representativa dos países em vias de desenvolvimento possui base
progressiva redução das taxas de mortalidade, ocasionada pela urbanização larga, por dispor de forte participação da população jovem na composição
da sociedade brasileira com o que se garantiu melhorias médico-sanitárias e de seu contingente populacional. Em função dessa caracterização, diferentes
habitacionais. Nessa relação entre as taxas de natalidade e de mortalidade, problemas se colocam para os dois grupos de países. No caso dos países
ocorrem taxas de crescimento vegetativo cada vez maiores, devido aos desenvolvidos, impõe-se a adoção de políticas de incentivo à natalidade e de
saldos demográficos crescentes. assistência às populações idosas. Nos países em vias de desenvolvimento, a
b) O crescimento demográfico, no Brasil, após 1970, passa a declinar, em ênfase concentra-se na política de controle da natalidade, buscando aliviar
termos relativos, devido à queda da fecundidade, determinada pelas crises a pressão exercida sobre a parte da população que é a responsável pela
econômicas e pela modernização da sociedade, em que a migração do
produção de riquezas (a população economicamente ativa) e também a
campo para a cidade é uma de suas faces. Assim, a queda da fecundidade,
menos importante (em termos numéricos).
ocasionada pelo uso de métodos contraceptivos, pela inserção da mulher
no mercado de trabalho, pela mudança na concepção de família (de 12. a) Os setores representados são:
extensa para nuclear, ora com o homem como chefe, ora com a mulher), A (primário), B (secundário) e C (terciário).
pela difusão de um modo de vida urbano, produzirá a redução das taxas b) Aconteceu uma elevação no secundário (indústria) e terciário (serviços)
de crescimento vegetativo, no Brasil, desde a década de 1970. devido à industrialização e urbanização. A expansão do terciário também
19. A população mundial cresce em ritmos desiguais conforme o grau de se deve ao crescimento do trabalho informal. O primário foi reduzido
desenvolvimento social dos países. O crescimento é baixo nos países em virtude da modernização agrícola e da manutenção da concentração
desenvolvidos, moderado nos países emergentes e elevado nos países fundiária.
subdesenvolvidos mais pobres. A tendência é de queda no crescimento 13. A pirâmide I é de um país subdesenvolvido periférico, com dominância
populacional devido ao decréscimo da taxa de natalidade, inclusive nos países de jovens, justificando grandes investimentos em setores como educação
periféricos. As principais causas desse processo são a urbanização e a melhoria fundamental.
dos padrões de educação e saúde em nações como a China e a Índia. A pirâmide II é de um país desenvolvido, com expressivo porcentual de
20. Possibilidades de respostas para a ideia 1: idosos e, portanto, com gastos elevados em previdência social.
● A taxa de fecundidade atual é muito menor do que a do passado. 14. A flexibilização das relações trabalhistas a partir da década de 1990 (avanço
● O número absoluto de nascimentos é alto, mas, em termos relativos, é baixo.
da globalização e do neoliberalismo) era defendida como uma forma de
● A taxa de crescimento demográfico teve queda vertiginosa nas últimas décadas.
reduzir os encargos das empresas e propiciar o aumento nos postos de
● O número absoluto de nascimentos é alto, mas não porque as mulheres tenham
muitos filhos, e sim porque existem muitas mulheres em idade reprodutiva. trabalho. Entretanto, em países como o Brasil, o efeito foi perverso, pois
Possibilidades de respostas para a ideia 2: aconteceu uma precarização ainda maior das condições de trabalho com
● O número elevado de filhos entre as mulheres mais pobres é fruto da falta a expansão do trabalho informal e queda na renda dos trabalhadores, em
de informação. paralelo à manutenção de altas taxas de desemprego.
● As mulheres com maior nível de escolaridade, sejam pobres ou ricas, 15. A
apresentam taxas de fecundidade semelhantes. 16. Estão corretos os itens 4, 8, 16 e 32, perfazendo 60 pontos.
● O número elevado de filhos entre as mulheres mais pobres deve-se à falta 17. a) A necessidade de elevação da renda familiar e a ampliação do número de
de acesso aos métodos modernos de regulação da fecundidade. mulheres com salários superiores aos de seus companheiros são aspectos
21. E 22. Estão corretos os itens 1, 8, 16 e 32, perfazendo 57 pontos. que justificam a crescente participação da mulher como chefes de família,
23. a) No final do século XVIII, Malthus havia apregoado a tese de que a a partir de uma maior inserção feminina no mercado de trabalho.
população crescia mais aceleradamente do que a produção de recursos b) A maior participação da mulher no mercado de trabalho do Brasil
e alimentos. Mas, conforme as figuras 1 e 2 comprovam, ocorre uma provocou uma ampliação significativa de seu exército de reserva, ou
relação inversa àquela defendita pela tese malthusiana, pois a produção de seja, da massa de pessoas disponíveis para o trabalho. Esse fato acaba
alimentos teve crescimento substancial com o avanço técnico e científico.
gerando uma maior oferta de mão de obra, criando uma tendência de
Já o ritmo de crescimento populacional tende a se reduzir com a queda
redução dos salários e aumento das taxas de desemprego.
da natalitade (transição demográfica).
b) No mundo atual, as disparidades são imensas. O Reino Unido (Grã- 18. E
-Bretanha) já entrou plenamente na fase de transição demográfica com 19. a) Os trabalhadores não recebem salário, visto que estão em situação
baixo crescimento populacional, elevada urbanização, alta produtividade de escravidão por dívida. Muitos ficam com liberdade restrita,
agropecuária e recursos disponíveis para a importação de alimentos. Já na principalmente em propriedades rurais.
África Equatorial, em nações como a República Democrática do Congo, b) Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste.
o crescimento populacional se mantém elevado devido a alta natalidade e
fecundidade. Além disso, são nações com baixa produtividade agrícola, c) Trabalhadores são, em sua maioria, imigrantes. São aliciados por gatos
razoável porcentual de população vivendo no meio rural e atingidas (a serviço de fazendeiros) e levados para regiões como a Amazônia,
frequentemente com crises econômicas e conflitos armados internos. onde trabalham em atividades como carvoarias e pecuária bovina
Esse quadro está agravando a situação de subnutrição que aflige grande extensiva.
parte da população. 20. E 21. E 22. B
24. D 25. D

Gegext4 CPV
76 Geografia

Migrações

01. E 02. D 03. C 04. C 05. B 06. D 07. C 25. B


08. E 09. B 26. a) São Paulo é considerada a maior cidade nordestina fora do Nordeste.
10. A imigração italiana que se dirigiu para São Paulo dedicou-se à atividade O baixo preço da mão de obra em ciclos econômicos que demandaram
participação do processo de crescimento econômico da capital e de sua
cafeeira e contribuiu para o processo de industrialização quando se dirigiu para
Região Metropolitana foram os principais incentivos à migração nordestina.
as cidades, como São Paulo. Já no Rio Grande do Sul, o imigrante italiano
b) De um lado as más condições de vida a partir da má distribuição de terras
dirigiu-se para o campo, onde se tornou pequeno proprietário, dedicando-se
e de renda e por outro lado o crescimento econômico e a demanda por mão
a atividades como o cultivo de uva e à indústria vinícola.
de obra para atividades na indústria, construção civil e serviços podem
11. A 12. B ser considerados determinantes no processo migratório de nordestinos
13. Inicialmente, o povoamento brasileiro foi muito mais intenso no litoral, para São Paulo.
sobretudo nordestino, em função da cultura da cana-de-açúcar. Mais tarde, 27. D
principalmente após o período da mineração, a região Sudeste tornou-se uma 28. D
área povoada, enquanto que o interior do país e a região Sul continuavam 29. a) Muito mais do que o saturamento populacional do Sul, a necessidade de
menos povoados. Nesse contexto, houve um esforço do governo brasileiro — se abrir uma nova frente de ocupação territorial e de desenvolvimento
desde o período colonial — de ocupar nossa porção meridional, com o intuito agropecuário levou aos incentivos oficiais para que houvesse tais
geopolítico de assegurar o domínio sobre essa porção territorial do país; daí a deslocamentos populacionais. A concentração fundiária no Sul em
política de doação de pequenas propriedades para atrair imigrantes europeus. decorrência da modernização em algumas áreas também estimulou os
14. B 15. D 16. D 17. A 18. B fluxos migratórios.
19. D 20. A 21. D 22. A 23. D b) Como até então tratavam de vazios demográficos cujas atividades
24. a) Mapa A (década 50-60): o Nordeste é a região emigrante por excelência, econômicas estavam vinculadas às necessidades dos pequenos
cujos eixos migratórios direcionam-se para o Norte e o Centro-Oeste, contingentes locais, permaneciam à margem da realidade econômica
que constituem áreas de atração humana em função das políticas oficiais urbano-industrial conquistada pela região de maior pulsação econômica,
de integração dessas porções brasileiras pouco povoadas, além das que ainda hoje está voltada para o litoral.
próprias dinâmicas regionais, envolvendo fatores físicos (seca) e humanos 30. E
31. A
(manipulação política da seca).
32. a) Essas porções do Rio Grande do Sul e Santa Catarina caracterizam-se por
Ainda nesse sentido, a construção de Brasília foi um fator importante de
pequenas propriedades familiares policultoras com marcante presença
atração populacional. No mesmo período, observa-se um movimento tímido,
de imigrantes italianos. São exemplos as cidades de Bento Gonçalves
pois ainda em seu início, de migração de sulistas para o Centro-Oeste,
(RS) e Nova Trento (SC). Trata-se da mais importante área produtora
movimento esse que constituiu as frentes pioneiras, cuja ação se deu no de uva e vinho do país.
campo, uma vez que a pequena propriedade e a nova dinâmica agropecuária, b) No norte do Paraná, tem acontecido nas últimas décadas um processo
aliadas à indústria, expulsaram gente do Brasil meridional, que se de concentração fundiária resultante da modernização agrícola com a
estabeleceram nas áreas pouco exploradas do Centro-Oeste. No mesmo expansão de cultivos como a soja e a cana-de-açúcar. Esse processo está
período, o início de um intenso processo de urbanização e industrialização estimulando as migrações de sulistas para o Centro-Oeste e Amazônia
do Sudeste tornou-se o mais importante fator de atração da população. em decorrência da expansão da fronteira agrícola.
Mapa B (década 60-70): toda a dinâmica populacional esboçada no 33. A
primeiro mapa foi aprofundada, ampliando inclusive o leque de atuação
territorial. O Nordeste continuou emigrante e os fatores de atração
(industrialização do Sudeste, programas agropecuários oficiais no Norte
e dinamização do Centro-Oeste devido à transferência da capital, assim
como a ocupação do campo) foram intensificados. Do mesmo modo, o
processo emigratório de sulistas intensificou-se, delineando claramente
o raio de atuação das frentes pioneiras.
Mapa C (década 70-80): o fluxo das frentes pioneiras amplia sua
área de atuação, chegando também na porção mais setentrional do
Brasil. Nota-se, no caso, uma intensa atuação sobre Rondônia, estado
que recebeu grande contingente populacional graças à ação oficial do
Estado, através do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária). Por outro lado, a fluxo de nordestinos para a mesma região foi
totalmente inibido e o fluxo em direção ao Sudeste também conheceu
uma significativa inibição, devido ao encerramento do período de maior
expansão da economia regional, responsável por uma intensificação da
abertura de postos de trabalho.
b) Atualmente, em razão das mudanças econômicas nacionais, a região
Sudeste não tem mais acenado como o grande Eldorado brasileiro,
conhecendo significativa diminuição de sua importância como polo de
atração populacional. Por outro lado, muitos nordestinos, desiludidos
com a falta de possibilidades no lugar, realizam o caminho de volta,
muitas vezes fazendo escalas em outras porções brasileiras. O Sul do
Brasil continua fornecendo emigrantes para outras partes do país, dessa
vez chegando ao Nordeste ocidental. Na década de 1990, nasceram novos
polos de atração populacional, como os estados de Roraima e Tocantins.

CPV Gegext4
Redação 1

A Introdução
No texto dissertativo, a introdução é, para os alunos, a parte mais difícil de redigir. Ouvi-los dizer “não sei começar um texto” ou
“tenho todas as ideias para desenvolver o tema, mas não sei por onde começar a redigir” é frequente. Assim, é necessário rever
alguns conceitos para que as dificuldades sejam resolvidas.
Em primeiro lugar, é necessário saber sobre qual tema se vai escrever. Uma dissertação não é um texto que pode ser redigido sem
um estudo prévio. Assim, o aluno deve ler cuidadosamente o texto-proposta que se lhe apresenta, deve refletir sobre ele, deve
retirar dele o tópico-frasal para que possa, finalmente, planejar sua redação. De posse do tema, deve verificar seu posicionamento
sobre ele e, por último, imaginar — e, se possível, anotar no rascunho — uma argumentação consistente.
No entanto, a dificuldade dos alunos é ainda maior: falta-lhes uma oração inicial que possa dar início ao texto. Temendo inadequação
ou desajuste, perdem minutos preciosos em busca de uma frase de efeito que nunca vem. Pior: não é necessário que exista uma
frase inicial de efeito para que a introdução, ou mesmo o texto, sejam bons.
Suponhamos que a proposta dada seja a seguinte:
Aparentemente pode tratar-se de um caso menor. A mulher britânica quer ser fertilizada pelo sêmen do marido que morreu há
um ano. O esperma está sendo mantido artificialmente em condições de fecundidade. A entidade governamental responsável pela
fertilização artificial alega que só poderia liberar o sêmen se o marido tivesse deixado uma autorização por escrito.
Embora a atitude do governo britânico possa parecer restritiva demais — afinal eles eram casados e planejavam ter um filho —,
a questão da complementaridade entre lei e ciência é inequívoca. Os progressos científicos, sobretudo no campo da reprodução
humana, vêm trazendo a cada dia novas questões às quais a legislação não responde ou responde de maneira ambígua ou
inadequada. Talvez pelo fato de essas questões serem extremamente polêmicas.
Folha de São Paulo
Parafraseando o texto acima, é possível afirmar que:

a) No primeiro parágrafo, é exposto o caso de uma viúva que pretende ser fertilizada pelo sêmen do marido que morreu há um
ano e que encontra dificuldades para tanto pois a entidade governamental responsável pela fertilização exige uma autorização
por escrito;
b) No segundo parágrafo, constata-se, graças aos fatos relatados no primeiro, que os inúmeros progressos científicos trazem à
tona questões polêmicas que nunca foram previstas pelas leis.
É evidente que existe no primeiro parágrafo apenas um exemplo daquilo que a Banca Examinadora pretende que o candidato discuta
em sua dissertação. Não se trata de opinar quanto à fertilização da viúva inglesa, mas de investigar as relações entre a legislação
que se torna obsoleta todos os dias e os progressos científicos sobre os quais ainda não houve discussão.
Supondo que o candidato acredite que tais progressos devem ser, sempre, objeto de discussão antes de serem utilizados, seria
possível começar a dissertação com:
01. Uma alusão histórica: As inovações tecnológicas e os progressos científicos, bem como as mudanças de comportamento que
os acompanham sempre foram, ao longo da história do homem, motivo de discussão. Não poderia ser diferente no século XX,
em que os avanços surgem ainda mais rapidamente.
02. Exposição do ponto de vista oposto: É comum afirmar que os progressos científicos e seus efeitos não devem ser objeto
de discussão por ser um atraso imenso discutir ética num tempo em que as inovações e descobertas da ciência surgem
aceleradamente.
03. Alusão a um romance, conto ou filme: Em “Macunaíma”, de Mário de Andrade, o personagem que dá o título à obra, quando
observa as relações conflituosas entre as máquinas e o homem, constata que, naquela briga não há vencedor: há empate. O
Imperador do Mato Virgem já havia notado que os seres humanos poderiam tornar-se escravos de seus progressos científicos,
se não houvesse reflexão cuidadosa sobre os efeitos que eles teriam na vida de seus criadores.
04. Adjetivação: Inconsequente. Assim poderia ser definida a atitude dos que colocam as inovações tecnológicas e os progressos
científicos em primeiro lugar sem levar em conta que é preciso discutir,antes de mais nada, a ética.
Na verdade, claro está que não importa o posicionamento ideológico adotado: importa que ele seja defendido com bons argumentos,
de maneira clara, coesa, coerente e objetiva.

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. Redext4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 Redação

exercício redacional proposta 01


Todos os textos abaixo não possuem introdução. Cabe a 01. Leia o texto abaixo:
você, de acordo com o desenvolvimento e com a conclusão, Verdade Tropical
escrevê-la.
Aprendemos desde a infância que o Brasil foi descoberto pelo
16. Em que pese a boa notícia, há que se considerar que o Brasil navegador Pedro Álvares Cabral a 22 de abril de 1500. Todos
ainda está bastante longe do ideal. Segundo o consultor da os outros países da América consideram-se suficientemente
pesquisa — que ainda não está inteiramente pronta, mas descobertos em conjunto por Cristóvão Colombo em 1492.
cujos resultados já permitem conclusões —, os padrões O Brasil, no entanto, teve que ser descoberto depois,
internacionalmente aceitos de desnutrição infantil são de 2%. separadamente. Quando menino, em Santo Amaro da Purificação,
O Brasil ainda tem 5,9% de crianças desnutridas. na Bahia, eu já perguntava: “Por quê?”.
A pequena variação estatística (de 3,7% para 3,8%) verificada no Podiam dizer-nos, por exemplo, que Colombo não passou das
Centro-Sul se explica pelo fato de que, quando as taxas são mais ilhas da América Central e que o continente propriamente dito
baixas, é mais difícil reduzi-las, pois existem crianças abaixo do só veio a ser alcançado, pelos portugueses, oito anos depois;
peso normal mesmo nos países mais ricos e desenvolvidos do ou então que Cabral descobriu a existência da América do
mundo. Sul, de que os espanhóis não teriam a menor ideia; mas não:
Ainda assim, é insuportável que um país condene quase 6% de contam-nos que o Brasil apareceu como um continente ou uma
suas crianças a amargar a fome. Programas para a erradicação ilha descomunal no meio do Atlântico Sul, para surpresa dos
da desnutrição são mais do que urgentes. navegadores lusitanos que, querendo costear a África para
Tudo fica ainda mais grave quando se constata que não existe chegar às “Índias”, afastaram-se demasiadamente para oeste.
uma impossibilidade natural de o país produzir alimentos para Que esse acontecimento histórico tão mal definido seja situado
toda a sua população, mas sim uma iníqua distribuição de renda com tanta exatidão na metade do segundo milênio da nossa era
só estimula a produção de uma autoconsciência nacional a um
que limita o acesso a comida até mesmo para crianças. Não
tempo inconsistente e exagerada. Os Estados Unidos são um país
adianta, porém, nutrir ilusões. O perfil da distribuição de renda
sem nome — América é o nome do continente onde, entre outros,
não mudará da noite para o dia. Até lá, é preciso investir ainda
os estados de colonização inglesa se uniram, e a mera designação
mais nos programas que já registraram avanços na melhora da da união desses estados não constitui uma nomeação —, o Brasil
desnutrição num lapso de tempo relativamente curto. é um nome sem país. Os colonizadores ingleses deixaram a
Adaptado do editorial Crianças Famintas, Folha de São Paulo
impressão de ter roubado o nome geral do continente para o
17. É bom evitar a ingenuidade romântica quando se trata das país que fundaram. Os portugueses não parecem ter chegado a
relações entre desenvolvimento econômico e preservação do meio fundar um país propriamente, mas deram um jeito de sugerir que
ambiente. Afinal, a preservação total da natureza significaria em não aportaram a uma parte da América e sim a uma totalidade
última análise renunciar à ocupação territorial. absolutamente outra a que chamaram Brasil.
Mas, quando a extensão das queimadas chega a prejudicar a Caetano Veloso
operação de aeroportos ou provoca um aumento significativo
dos casos de distúrbios respiratórios nos hospitais de Manaus, 02. Para extrair o tema de sua redação do texto acima, responda,
parece evidente que estão ocorrendo exageros inaceitáveis. antes, as seguintes peguntas:
A lista de problemas é longa e intrincada e nelas está incluída a) De acordo com o que se afirma no primeiro parágrafo, qual é
a própria racionalidade da ocupação. De resto, por trás a diferença entre o Brasil e todos os outros países da América?
da extração ilegal de madeira em reservas indígenas ou do b) De acordo com o que se afirma no segundo parágrafo, quais
desmatamento irregular estão as ocupações de terras por são as justificativas que poderiam ser dadas sobre a diferença
grileiros ou a falta de apoio para atividades tradicionais, como entre o Brasil e todos os outros países da América?
a dos seringueiros, para ficar em alguns exemplos. c) Por que os Estados Unidos são um país sem nome?
Como se já não bastasse, as dimensões do território são d) Por que o Brasil é um nome sem país?
continentais: só o mapa do Pará engoliria 13 mapas de Portugal e) Por que, segundo o texto, o acontecimento histórico tão
ou 30 Holandas. Para fiscalizar toda essa extensão, o Ibama mal definido — o descobrimento do Brasil — , situado com
conta com minguados 64 fiscais. tanta exatidão na metade do segundo milênio da nossa era,
A gravidade é tal que o presidente da República se diz impotente. só estimula a produção de uma autoconsciência nacional a
Durante a conferência Rio+5, FHC admitiu que “nessas regiões, um tempo inconsistente e exagerada? Que motivos levam
quase não há Estado”. Os satélites mostram as queimadas e Caetano Veloso a fazer tal afirmação?
derrubadas, mas o presidente deveria assumir um compromisso 03. Retire do texto de Caetano Veloso o tema de sua redação.
mais firme com a defesa da Amazônia. 04. Escreva qual será sua ideia-núcleo e quais serão os argumentos
Entretanto, a agenda ambiental não se limita a verbas e fiscais. que você utilizará para prová-la.
Está em questão hoje a própria fusão das questões de irrigação 05. Ordene seus argumentos de maneira lógica e escreva, no rascunho,
e meio ambiente num mesmo ministério. seus tópicos frasais.
A criação de pastas no governo federal nunca foi garantia 06. Desenvolva, no rascunho, seus tópicos frasais de maneira que
de prioridade ou de visão estratégica. Mas pode-se dizer que cada desenvolvimento de um tópico frasal torne-se um parágrafo
o governo faz menos que o mínimo para evitar a queima das de sua redação.
reservas ambientais brasileiras. 07. Verifique se há coesão e coerência entre os parágrafos que você
Adaptado do editorial Amazônia em Chamas, acabou de redigir. Evite repetições de palavras.
Folha de São Paulo 08. Passe a limpo sua redação eliminando os erros gramaticais.

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Redação 3

A Argumentação
Leia o texto abaixo:

Enquadrar as Farmácias

O então ministro da Saúde, José Serra, “enquadrou” as farmácias, forçando-as a vender os medicamentos genéricos. Havia
suspeitas de que estivessem boicotando os remédios dessa classe. Verossímil. Como as lojas são remuneradas por uma porcentagem
do preço da droga, interessa-lhes vender os produtos de marca, que são mais caros.

Não resta dúvida de que as farmácias precisam ser disciplinadas, mas em um processo bem mais geral do que a venda de
cosméticos. Para começar, algumas delas não só toleram como incentivam a chamada “empurroterapia”, a prática de alguns
laboratórios de remunerar o balconista da farmácia por unidade impingida ao cliente. As repercussões desse hábito para a saúde
pública são terríveis, pois as pessoas acabam tomando as drogas erradas, que não curam a sua doença e podem agravá-la ou
até criar problemas iatrogênicos.

Outra questão é a do número exagerado de pontos de venda. Existem no Brasil cerca de 50 mil, mais ou menos um para cada
3 000 habitantes, quando o recomendado pela OMS é um para cada 10 mil. Essa situação, aliada ao excesso de drogas existentes
— 7 800, incluídas as diversas apresentações, mas bastariam mil, segundo especialistas —, colabora para tornar o brasileiro um
dos maiores consumidores de medicamentos sem indicação no mundo, com todas as consequências que isso acarreta.

É preciso, pois, submeter as farmácias a um controle mais rígido. O que está em jogo, mais do que a liberdade de comerciar, é a
saúde da população, que certamente vem antes.
Editorial da Folha de São Paulo

É notável a argumentação do autor do texto. Note o encadeamento das ideias feito por ele:

a) No primeiro parágrafo, afirma-se que a suspeita de que as farmácias estejam boicotando os remédios dessa classe é verossímil,
porque as lojas são remuneradas por uma porcentagem do preço da droga; logo, interessa-lhes vender os produtos de marca,
que são mais caros. Apresentou-se a causa da primeira afirmação;

b) No segundo parágrafo, apresentam-se explicações para a afirmação inicial. Algumas farmácias toleram e incentivam a
“empurroterapia”, prática que faz as pessoas tomarem drogas erradas e que, conseguintemente, agrava seus problemas de
saúde. Tudo isso justifica a necessidade de “enquadrar” as farmácias, conforme se afirmou no início;

c) No terceiro parágrafo, expõe-se a questão do número exagerado de pontos de venda. Prova-se a existência de tal exagero com
o número de postos de venda considerado ideal pela Organização Mundial de Saúde. Aliado ao número de drogas existentes,
confirma-se mais uma vez o atraso do Brasil e a necessidade de “enquadrar” as farmácias.

Uma observação mais cuidadosa e menos detalhada seria suficiente para afirmar que o autor do texto o construiu da seguinte maneira:
É necessário enquadrar as farmácias porque...

a) a suspeita de que elas estejam boicotando os medicamentos genéricos é verossímil, já que lhes interessa vender os
produtos de marca;

b) algumas delas não só toleram como incentivam a chamada “empurroterapia”, a prática de alguns laboratórios de
remunerar o balconista da farmácia por unidade impingida ao cliente;

c) a prática da “empurroterapia”, tolerada e incentivada por elas, tem repercussões terríveis na saúde pública;

d) existem pontos de venda e drogas em excesso no Brasil, acima dos índices recomendados pela OMS, o que leva ao
consumo desenfreado e não-orientado de remédios.

Redext4 CPV
4 Redação

Menos complexa do que parece, a argumentação tem por objetivo persuadir o leitor. Para tanto, no texto, o autor fez um levantamento
de quatro bons motivos que o convencessem de que é necessário enquadrar as farmácias. Claro está que os motivos são bons
porque o autor lançou mão de informações relevantes para convencer o leitor. Note que, no item a, prova-se que às farmácias
interessa vender produtos de marca porque eles são mais rentáveis; no item b, apresenta-se uma prática comum que é prejudicial
à saúde dos cidadãos; no item c, evidenciam-se os maus reflexos da mesma prática; no item d, os índices recomendados pela OMS
garantem a fidedignidade da argumentação.

Conclui-se dessa pequena análise que não basta apresentar, em um texto argumentativo, dados que confirmem uma afirmação.
É preciso, antes de mais nada, escolher aqueles que sejam mais convenientes para provar a afirmação inicial.

Leia o texto abaixo, sobre a prática do aborto:

Pelo direito de decidir


A maternidade voluntária é um direito fundamental de cidadania. Portanto a mulher deve ser apoiada pelo Estado quando deseja
ou não ter uma prole. A legalização do aborto não significa a compulsoriedade de abortar, apenas possibilita à mulher fazê-lo sem
apelar para a desobediência civil no exercício do direito de decidir sobre o próprio corpo, cuja dimensão bioética responde com
sinceridade à indagação do bioeticista italiano Maurizio Mori: “O direito à vida implica o uso do corpo alheio?”. O parasitismo
do embrião/feto no corpo da mulher quando ela não o deseja não é moralmente aceitável e as interdições ao aborto só jogam na
clandestinidade um problema de saúde pública.

A defesa consequente do direito ao aborto conforme a necessidade, a consciência e a opção da mulher independe do motivo pelo
qual ela precisa interromper a gravidez; se opõe ao uso do aborto para controle ou “melhoramento” populacional e abomina a
culpabilidade e a penalização de mulheres que pariram crianças tidas como “defeituosas” ou “cargas sociais”.

É incontestável o difuso desejo de humanos com pedigree: a cultura de CQT (Controle de Qualidade Total)! Há uma explícita
pressão social de caráter eugenista para que só nasçam “bebês CQT”. Constata-se o uso abusivo e injustificável de saberes e
poderes da dita medicina preditiva, sobretudo da genética. Embora em geral “defeito” seja um conceito cultural, a medicina
fetal em muitos casos pode afirmar quais embriões e fetos serão inviáveis. Logo é justo e ético que a mulher decida, caso a caso,
se quer ou não um feto inviável e se pode “desdobrar-se fibra por fibra” cuidando de crianças, até que a “morte as separe”, para
as quais o Estado e a sociedade “lavam as mãos”.

No Brasil, é conjuntural o apoio feminista às propostas de aumento de permissivos legais para o aborto na elaboração do novo
Código Penal. Não lutamos apenas pela despenalização, mas pela legalização do aborto e por sua realização pelo SUS (Sistema
Único de Saúde). Não é ético que as mulheres continuem imolando suas vidas pelo direito de decidir sobre seus corpos.
Folha de São Paulo

No primeiro parágrafo, o autor estabelece o pressuposto fundamental de seu texto: a maternidade voluntária é um direito
fundamental de cidadania. Se o leitor, porventura, não concordar com tal afirmação, jamais poderá ser persuadido: restará a
ele verificar a ordenação coerente dos parágrafos. É ainda no primeiro parágrafo que se faz uma ressalva importante para que a
argumentação seja bem compreendida e não seja objeto imediato de repulsa do leitor que não concorda com o pressuposto anterior:
a legalização do aborto não significa a compulsoriedade de abortar. Por fim, é graças à ressalva que o autor cita uma autoridade
no assunto — Maurizio Mori — e afirma que o parasitismo do embrião/feto no corpo da mulher quando ela não o deseja não é
moralmente aceitável e as interdições ao aborto só jogam na clandestinidade um problema de saúde pública.

Note que, no segundo parágrafo, o autor faz uma segunda ressalva, sobre a qual nos debruçamos mais atentamente. Trata-se de
evitar a interpretação de que a defesa ao aborto seja usá-lo para controle ou “melhoramento” populacional: o autor dedica à mesma
questão o terceiro parágrafo em que deixa evidente que sua preocupação é com o direito da mulher em decidir caso a caso se
quer ou não um feto inviável, pois não é ético que as mulheres continuem imolando suas vidas pelo direito de decidir sobre seus
corpos, conforme a conclusão do quarto parágrafo.

Por que tanta preocupação em evitar interpretações erradas quanto à argumentação? Ciente de que o aborto é um assunto polêmico,
o autor escreveu o texto deixando claro que não pretende, com a legalização dessa prática, nada que não seja a garantia do direito
das mulheres. Explorar as contra-argumentações é, portanto, um método eficiente de persuadir o leitor.

CPV Redext4
Redação 5

proposta 02 – MACKENZIE proposta 03 – MACKENZIE proposta 04 – MACKENZIE

Leia atentamente os textos abaixo e Elabore um texto em prosa, discutindo as Leia atentamente os textos abaixo,
estabeleça, a partir deles, um tema, ideias contidas no fragmento do poema relacione-os, estabeleça, a partir deles,
desenvolvendo um texto dissertativo em abaixo, de Augusto de Campos. um tema, desenvolvendo um texto
prosa, de no máximo vinte linhas, não dissertativo em prosa, de no máximo
se esquecendo, também, de dar-lhe um Novo no Velho vinte linhas, não se esquecendo, também,
título. de dar-lhe um título.
ovo
Decadência e esplendor da espécie novelo
novo no velho Ouça um bom conselho
Não sei o que terá acontecido com a o filho em folhos Eu lhe dou de graça
espécie humana. na jaula dos joelhos
Inútil dormir que a dor não passa
infante em fonte
Esta ausência de pelos... Para os outros feto feito Espere sentado ou você se cansa
mamíferos a nossa nudez pode parecer dentro do Está provado: quem espera nunca
repugnante como, para nós, a nudez dos centro alcança.
vermes.
no Chico Buarque
E, depois, a nossa verticalidade é turna noite
antinatural. Estas mãos pendendo, inúteis, em torno em treva
são ridículas como as dos cangurus turva sem contorno Inverso
sentados. morte negra no cego
sono do morcego nu Brasil,
Se fôssemos peludos e quadrúpedes, ma sombra que o pren país do futuro
ganharíamos muito em beleza e, sem a dia preta letra que
atual tendência à adiposidade, pode- me ensinaram em criança.
se torna
ríamos ser quase tão belos como cavalos. E agora eu ensino:
sol
Quem espera nunca alcança.
Felizmente, inventou-se a tempo o
vestuário, que, pela variedade e beleza Millôr Fernandes
(a par de sua utilidade em vista do fatal
Desenvolva um texto dissertativo, tendo
desabrigo em que ficamos) redime um
como referência a seguinte charge de
pouco esta degenerescência. Brasil
Quino:
condenado
E acontece que inventamos também o
à esperança.
mobiliário, os utensílios: no caso vigente,
esta cadeira em que escrevo sentado a esta
Millôr Fernandes
mesa, à luz artificial desta lâmpada.

E ainda esta de escrever, isto é, de expres-


sar-me por meio de sinais gráficos, é mais
uma prova da nossa artificialidade.

Mas quem foi que disse que eu estou


amesquinhando a espécie? Quero apenas
significar que, em face das suas miseráveis
contingências, o homem criou, além do
mundo natural, um mundo artificial, um
mundo todo seu, uma segunda natureza,
enfim.

O homem, esse mascarado...


Mário Quintana

Redext4 CPV
6 Redação

proposta 05

Mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Texto I

Níquel Nausea — Fernando Gonsales

Toma isso! Que é


Pou pou mamãe?
Paulinho!
e mais isso!
Pou pou Nada!
Achei que
Esse vídeo
você estava
game deixa
jogando
as crianÇas
vídeo game.
agressivas!

Texto II

Hagar – Dik Browne

Abaixe a Acabo de saber que


espada os dragões estão em
Hagar extinÇão

Texto III

Para “pegar o bonde” da moda, assumimos muitas vezes comportamentos estereotipados. Nesses casos, o discurso “politicamente
correto” torna-se vazio de sentido. Criticamos e avaliamos as situações somente porque, afinal, todos o fazem. A crítica, assim,
perde sua função. Condenar políticas governamentais, consumismo, ou sair em defesa da preservação do meio ambiente, dos
direitos humanos etc são, sem dúvida, atitudes “politicamente corretas”: Mas, se desvinculadas de uma prática coerente, não
passam de modismo, que impede o exercício do verdadeiro espírito crítico.

CPV Redext4
Redação 7

Proposta 06 — mackenzie
Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Texto I
A sociedade moderna cobra demais. Tem de saber informática, ter fluência em pelo menos duas línguas estrangeiras, ter mestrado,
doutorado! (Alexandrina Meleiro, psiquiatra da USP)

Texto II
O agente estressor pode estar dentro da pessoa. É o caso de quem é muito exigente consigo mesmo, que se tortura em busca da
perfeição. (Folha equilíbrio)
Texto III
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes. (Ricardo Reis)

Texto IV
GARFIELD - Jim Davis

Folha de S. Paulo
Proposta 07 — mackenzie/Dez-2002

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Texto I
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Casimiro de Abreu
Texto II
Na primeira cena do filme Cidade de Deus, uma galinha observa aflita o massacre de suas colegas, que vão sendo degoladas para
um churrasco pelos integrantes do “movimento” — leia-se tráfico. Até que a ave encontra uma chance de escapar e zás: vira a
protagonista de uma perseguição atordoante. Foge dos bandidos, dos passantes e de uma viatura policial, até ir dar nos braços de
um adolescente chamado Buscapé. Rapaz e galinha, então, se veem num impasse. De um lado, está um bando de traficantes. Do
outro, a polícia. Todos armados até os dentes. A cena é antológica, e tem uma razão de ser: como a galinha, Buscapé é a próxima
vítima de uma situação sem saída aparente. (Revista Veja)

Texto III
Dentre os artigos e discussões sobre meninos de rua, 99% referem-se ao estatuto da criança e demais remédios para cuidar deles.
Somente 1% refere-se à prevenção do problema. No Brasil, além de não se exigir responsabilidade de quem gera crianças, ainda
acredita-se que é dever do Estado criá-las. As discussões morais e discursos demagógicos são irresponsáveis e iludem grande
parte da sociedade desejosa de ajudar os meninos de rua.
Adaptado de Egon Nort — Folha de São Paulo

Redext4 CPV
8 Redação

Proposta 08 Proposta 09

mackenzie mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum
aos textos abaixo. Se necessário, utilize o verso da folha para aos textos abaixo.
concluir seu trabalho.
Te x t o I
Te x t o I
O que é moda não incomoda.
Raça é o grupo populacional que se distingue no interior
da espécie por características que variam abruptamente, Provérbio popular
sem formas intermediárias. A genética provou que a espécie
humana não se divide em raças. As “raças humanas” foram
inventadas pelo racismo “científico”, que se desenvolveu no Texto II
século XIX, oferecendo solução para o problema de justificar
a escravidão e a opressão colonial num mundo impregnado A moda é uma expressão cultural. Uma linguagem. Os tecidos,
pela noção de igualdade natural entre os seres humanos. os cortes, as cores, os adereços, os arranjos são signos que
A fraude científica do racismo permitia conciliar a ideia identificam grupos sociais, valores, modos de ser. Claro que,
de que “todos nascem livres e iguais” com a convicção da como quase tudo em nossa sociedade capitalista — música,
inferioridade intelectual de negros, ameríndios ou amarelos. teatro, cinema, exposições artísticas etc. —, a moda também
faz parte da ciranda do consumo.
Adaptado de Demétrio Magnoli Marie T. Martin

Texto II Texto III

É lógico que o sistema de cotas nas universidades, isto é, Estou, estou na moda.
a reserva de um número de vagas para negros, não é dos É doce estar na moda, ainda que a moda
melhores, mas pelo menos tirou a sociedade da letargia no seja negar minha identidade,
que tange aos problemas de educação dos negros no Brasil. trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
Adaptado de Lander Silva todos os logotipos do mercado.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Texto III minhas idiossincrasias tão pessoais?
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
Antes de tudo, o sistema de cotas deveria ser inconstitucional, de ser não eu, mas artigo industrial,
pelo fato de discriminar as pessoas pela cor. Só vem dar peço que meu nome retifiquem.
continuidade a um sistema educacional que está falido há Já não me convém o título de homem.
muito tempo. Meu nome novo é coisa.
Marysol Bertolin Damasceno Eu sou a coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade
Te x t o I V

Pela primeira vez a população branca sentiu na pele os efeitos


da discriminação racial. É certo que o sistema de cotas tem
seus erros, mas e quanto aos erros cometidos ao longo dos
500 anos de nossa história?

Luís Alberto da Conceição

CPV Redext4
Redação 9

Proposta 10 Proposta 11

mackenzie mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum
aos textos abaixo. aos textos abaixo.

Te x t o I Te x t o I

Há um grande mito, popularmente disseminado, de que os Reagan morreu como homem respeitado, possivelmente até
meios de comunicação — em especial a TV — formam a amado. Enquanto estava na Presidência, sua popularidade
opinião pública. Na verdade, porém, sua atuação não é tão sobreviveu ao caso Irã-Contras, mas a popularidade não é
decisiva. É preciso considerar a força de outros mecanismos teste confiável de grandeza. Harry Truman, hoje entre os quase
que, embora mais discretos, são muito mais poderosos que grandes ou entre os grandes, deixou o cargo com índice de
os meios de comunicação. Trata-se, segundo Dieter Prokop, aprovação de só 23%. Em última análise, não são os elogios
dos posicionamentos e opiniões profundamente arraigados dos admiradores que vão determinar a posição que um homem
que se formam naturalmente, sem a influência dos meios de vai ocupar. Só poderá fazê-lo aquilo que o historiador Arthur
comunicação, ao longo da história de cada um. É então o Schelesinger chamou de “o olhar da história”, dentro de
correspondente a essa história individual aquilo que o receptor muitos e muitos anos.
busca e espera dos meios de comunicação, não permitindo
que eles tão livremente determinem seu modo de ser. A isso Adaptado de R. W. Apple Jr.
se chama “recepção seletiva”.

Caio Marcondes Filho


Texto II

Texto II Sábio é o homem que consegue ascender da babaquice da


popularidade à sabedoria do anonimato.
Só teremos um país de verdade no dia em que gastarmos mais
com escolas do que com televisão, isto é, no dia em que Millôr Fernandes
gastarmos mais com a educação do que com a falta de
educação.
Millôr Fernandes
Texto III

Texto III Quem tem fama, quem é célebre, notável, pode também ser
famigerado, ser tristemente afamado, ser célebre por fatos e
“Uma vez liguei a TV e vi o Mário de Andrade na minha obras nada edificantes.
frente”, diz Antonio Candido. A frase do principal crítico
literário do país não foi pinçada dos fundos empoeirados Comentário a respeito de Famigerado, de Guimarães Rosa
de algum arquivo. Candido se referia, em conversa com a
Folha, à minissérie Um Só Coração. A julgar pelo depoimento
de Jorge Schwartz, um dos principais especialistas em
modernismo do país, a minissérie tem bom Ibope também Te x t o I V
na universidade. “Em 43 anos de Brasil nunca assisti a uma
telenovela. Agora estou encantado”, afirma ele. O professor Eu sou popular, me dou bem com todo mundo. Isso me faz
da USP diz que, considerando-se que a minissérie não é feita sentir amada. Quem não é assim deve ter algum problema de
“para os cem especialistas em modernismo, mas para um relacionamento.
enorme público”, tem “um sabor de época esplêndido, enorme
Depoimento de pessoa acerca de sua popularidade.
cuidado histórico”.
Folha de S. Paulo

Redext4 CPV
10 Redação

Proposta 12

mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Te x t o I
Frank & Ernest Bob Thaves

Os cientistas Estou à frente


estão prestes deles...Há
a desenvolver anos que venho
inteligência fingindo que
artificial. tenho uma!

Texto II

Estou farto de livros, filmes e pessoas desiludidas. De gente com compromisso 24 horas de ser densa e inteligente. Não me convidem
para filmes de arte com discussão depois!
Adaptado de Nizan Guanaes.

Texto III

Dizer que todos têm condições de saber tudo pega bem, é bonito e democrático. Mas é demagógico também. A verdade é esta:
sempre houve diferença entre a alta cultura e a cultura de massa, entre a produção cultural de elite e a cultura voltada para ação,
para o dia a dia, entre o saber do intelectual e o conhecimento dos homens simples.
Ann Junko Yoshida

Proposta 13

mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.

Te x t o I

Morreu de causas naturais em Londres, aos 96 anos, Joseph Rotblat, o físico britânico nascido na Polônia que ganhou o Prêmio
Nobel da Paz em 1995, por seus esforços em livrar o mundo das armas atômicas. Ele foi o único cientista a desistir do Projeto
Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945. Como Albert Einstein, ele defendia que os
pesquisadores devem ter responsabilidade social por suas criações. (Revista Veja)

Texto II

Há pessoas que acreditam que os objetivos individuais devem ser colocados em segundo plano, em benefício dos interesses
coletivos, estabelecendo uma controvérsia com os que preferem não impor limites à liberdade individual. (Revista Veja)

Texto III
Onde estaria a humanidade sem os espíritos inquietos e curiosos dos cientistas, sempre empenhados na busca de novas soluções para
antigos problemas ou exercitando sua inventividade com o objetivo de abrir perspectivas nunca antes imaginadas? Essa indagação
nos obriga a afirmar que não há nada mais justo do que reconhecer-lhes o valor e o mérito das conquistas, sem as quais os homens
permaneceriam indefinidamente num estágio que se perpetuaria em suas limitações e entraves, para sempre ignorantes do saber e
do sabor do ineditismo e do revolucionário. (Mateus de Carvalho Souza)

CPV Redext4
Redação 11

Proposta 14 Proposta 15

mackenzie mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema Redija uma dissertação, a tinta, desenvolvendo um tema
comum aos textos abaixo. comum aos textos abaixo.

Te x t o I Te x t o I

Cada vez mais os filhos prolongam sua estada na casa dos pais, A divisão de atitudes em relação à língua pode ser observada
desfrutando de carinho e apoio quase inesgotáveis, liberdade, nas discussões acerca do “politicamente correto”. Como
a comidinha predileta e outros confortos. Os pais parecem essa expressão assumiu conotações desfavoráveis, talvez seja
aceitar essa adolescência quase perpétua numa boa e, em necessária uma outra, mais neutra, como “conscientização
muitos casos, estimulam a permanência dos filhos em casa até social”, para referência à ideia de que a língua tem
como uma estratégia para enfrentar o próprio envelhecimento. implicações muito fortes. De fato, é verdade que houve, nos
EUA, um declínio na ocorrência de piadas de “sogra” e de
Liane Alves
“irlandês” nos últimos anos, mas é difícil saber se isso se
deve a uma mudança de atitude ou à existência de um controle
explícito sobre a língua e sobre a circulação das piadas.
Texto II
Adaptado de Alison Ross.
Uma pesquisa que ouviu 2.425 jovens em seis capitais e no
interior de São Paulo aponta que 82% deles têm pouca ou
nenhuma vontade de morar longe dos pais. A principal razão é Texto II
o bom relacionamento dentro de casa. Apenas 7% da garotada
se dão mal com o pai e só 3% não se dão bem com a mãe. O humor étnico pode ser usado como defesa ou uma
espécie de autopromoção por representantes do grupo-alvo.
Revista Veja
O falecido presidente Kennedy era um grande contador de
piadas de irlandês, e o ex-governador de Nova York, Cuomo,
da mesma forma, gostava de criar piadas de italianos.
Texto III O humor étnico joga com as incongruências entre as
subculturas e a cultura dominante. Ao fazer isso, esse tipo de
A adolescência vem se tornando cada vez mais longa. humor geralmente proclama e reforça esta última, servindo,
Parece que boa parte dos jovens insiste em não crescer, em assim, à sociabilidade da comunidade como um todo.
não assumir tarefas e responsabilidades que caracterizam
a idade adulta. Ao mesmo tempo, cresce a marginalização Adaptado de Charles Schutz.
de jovens das classes média e alta, o aumento do uso de
drogas, da violência e do consumismo, e o estabelecimento
da cultura do prazer e do lazer, que dispensa toda espécie de Texto III
responsabilidade.
Não é necessário nem desejável promulgar códigos e
Adaptado da Editora Record.
regulamentos que eliminem um determinado tipo de humor
porque algumas pessoas ou grupos se dizem ofendidos por
causa dele. O castigo àquele que conta uma “má” piada é que
o ouvinte simplesmente não ri nem demonstra divertimento.
Se a piada tiver efeito negativo, a sessão se interromperá
imediatamente.
Bernard Saper

Redext4 CPV
12 Redação

Proposta 16 Proposta 17

mackenzie mackenzie

Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum
aos textos abaixo. aos textos abaixo.

Te x t o I Te x t o I

Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco. Se histórias da viagem com a turma do colégio ou da faculdade
A reação de um negro de não querer conviver com um branco, ou confidências sobre a vida amorosa eram reservadas aos
ou não gostar de um branco, eu acho uma reação natural, diários escritos ou à confiança de poucos amigos, tudo isso
embora eu não esteja incitando isso. parece ter se tornado público com a proliferação de blogs e
fotologs e com o sucesso de sites de relacionamento como o
Matilde Ribeiro (Ministra da Promoção da Igualdade Racial). Orkut.
Adaptado de Alan de Faria

Texto II Te x t o II

O surgimento de uma etnia brasileira, inclusiva, que possa Pesquisa divulgada há pouco revelou que, de 30 em 30 dias, o
envolver e acolher a gente variada que aqui se juntou, passa brasileiro fica mais tempo ligado à internet. Significa também
tanto pela anulação das identificações étnicas de índios, que, a cada 30 dias, o brasileiro já está passando quase um
africanos e europeus, como pela indiferenciação entre as dia inteiro com os olhos na telinha, os dedos no mouse ou
várias formas de mestiçagem, como os mulatos (negros com no teclado, as pernas criando varizes, a coluna indo para o
brancos), caboclos (brancos com índios), ou curibocas (negros beleléu e o cérebro mais na virtual que na real. Segundo outra
com índios). pesquisa, por causa da internet o jovem brasileiro tem deixado
Darcy Ribeiro de praticar esportes, dormir, ler livros, sair com os amigos,
ir ao cinema ou ao teatro e estudar. E, com certeza, está
deixando também de praticar outros itens não contemplados
Texto III pela pesquisa, como namorar, ir à praia ou ao futebol, visitar
a avó, conversar fiado ao telefone e flanar pelas ruas chutando
Certamente é mais fácil para quem não sofre o estigma da tampinhas.
discriminação afirmar a igualdade de brancos e negros, de Ruy Castro
brancos e mulatos. Não lhe pesa fazê-lo, uma vez que, dada a
discriminação latente na sociedade, essa afirmação, partindo Te x t o III
de um branco, pode até parecer um gesto generoso — quando
é apenas uma constatação óbvia e, muita vez, a expiação de Navegar é preciso
uma culpa herdada.
Ferreira Gullar Ao aprender a compor o fundo da tela de seu computador,
Chloé Siqueira escolheu uma imagem que lhe parecia
transgressora — a famosa foto dos Beatles caminhando
pela faixa de pedestres numa rua de Liverpool. É assim que
ela própria se sente diante de um computador: aos 80 anos,
decidiu virar professora e dar aulas de internet a crianças.
“A internet é, para mim, o prazer da conexão humana”,
resume. Há cinco anos, Chloé soube por uma neta que, se
quisesse, poderia fazer um curso para aprender a navegar
na internet. “Eu tinha até medo de usar teclado.” Em pouco
tempo, ajudada por adolescentes que estudavam em escolas
públicas e privadas, ela já estaria conversando pelo Skype
e pelo Messenger com os netos e com alguns amigos que
moravam fora do Brasil.
Gilberto Dimenstein

CPV Redext4
Inglês 1

Verbs VERBO TO BE
Simple Present Tense
AUXILIARY x ORDINARY
Affirmative
Em inglês, como em qualquer outra língua, o verbo é I am (I'm) (Eu sou, estou)
uma palavra que expressa ação ou existência, e, portanto, You are (You're)
devemos considerá-lo como elemento principal numa He is (He's)
frase. Sem conhecê-lo, seria difícil a compreensão da frase. She is (She's)
Ampliando nosso campo de análise, passamos para o texto, It is (It's)
em que, mais do que nunca, o verbo assume um papel de real We are (We're)
importância. You are (You're)
They are (They're)
classificação
Example: He is a manager and works at CPV.
● Auxiliary Verbs (Verbos Auxiliares)
● Ordinary Verbs (Verbos Comuns) Negative
I am not (I'm not)
Existem, entretanto, aqueles verbos que podem pertencer a You are not (You aren't)
uma ou a outra classe, dependendo de sua função na frase. He is not (He isn't)
Podemos separá-los como segue no esquema abaixo: She is not (She isn't)
It is not (It isn't)
Auxiliary Verbs Ordinary Verbs We are not (We aren't)
(Main verbs) You are not (You aren't)
They are not (They aren't)

Will May Be To Study Example: She isn't a lovely girl but she has wonderful
Would Might Do To Walk thoughts.
Shall Used Dare To Jump Interrogative
Should Ought Have To Play Am I?
Can Must Need To Smoke Are you?
Could To Learn Is he?
Is she?
Observação: Os verbos auxiliares nunca devem vir sozinhos Is it?
numa frase: não fazem sentido sem que haja o verbo principal Are we?
(Main), que, por sua vez, pode aparecer sozinho, visto que Are you?
tem sentido próprio. Are they?
Os verbos em inglês têm três tempos principais: Example: Are we friends? Is he sick?
● Infinitivo ● Passado ● Particípio Passado.
Negative-Interrogative
Os verbos são divididos em duas categorias: Am I not? (Aren't I?*)
● Regulares ● Irregulares. Are you not? (Aren't you?)
Is he not? (Isn't he?)
Estas duas categorias são diferenciáveis no que diz Is she not? (Isn't she?)
respeito ao Passado (Past) ou ao Particípio Passado (Past Is it not? (Isn't it?)
Participle). Are we not? (Aren't we?)
Are you not? (Aren't you?)
Observação: Em inglês, embora haja verbos Regulares e Are they not? (Aren't they?)
Irregulares, não há conjugação irregular: tanto os verbos
Example: Isn't she lovely? Isn't she wonderful?
Regulares quanto os Irregulares são conjugados do
mesmo modo. * Forma usada em “Question Tag”

O professor fará, em classe, apenas os exercícios que considerar necessários e suficientes para o bom entendimento dos conceitos apresentados. IngEXT4 CPV
Todos os demais exercícios deverão ser feitos em casa pelo aluno.
2 Inglês

Simple Past Tense Be To


Affirmative I was O “be to” tem função anômala e é usado para indicar:
You were
He was ● plano / intenção
She was
It was Example
We were
You were They are to build a new plant next year.
They were (Eles planejam construir uma nova fábrica no próximo ano.)
Example: She was at home last night.

Negative I was not (I wasn't) ● ordem indireta


You were not (You weren't)
He was not (He wasn't) Example 1
She was not (She wasn't)
It was not (It wasn't) She is to study hard.
We were not (We weren't) She must study hard.
You were not (You weren't)
They were not (They weren't) Por estar o sujeito na 3a pessoa, as duas formas mostram
ordens indiretas.
Example: He wasn't a poor man.

Interrogative Was I? Example 2


Were you?
Was he? You are to study hard.
Was she? You must study hard.
Was it?
Were we?
Were you? Nesse segundo exemplo, a primeira forma mostra uma
Were they? ordem indireta, enquanto a segunda mostra uma ordem
Example: Were you home last Sunday? direta.

Negative-Interrogative Was I not? (Wasn't I?) O que nos permite concluir que, na primeira forma, temos
Were you not? (Weren't you?) a ordem de terceiros e na segunda, temos a ordem do
Was he not? (Wasn't he?) locutor.
Was she not? (Wasn't she?)
Was it not? (Wasn't it?)
Were we not? (Weren't we?) VERBO TO HAVE
Were you not? (Weren't you?)
Were they not? (Weren't they?) Simple Present Tense
Example: Wasn't he tired of walking yesterday?
Affirmative I have (I've) (Eu tenho)
Observação: You have (You've)
He has (He's)
● O verbo to be no Past Subjunctive tem a mesma forma
She has (She's)
para todas as pessoas.
It has (It's)
I I We have (We've)
— If were you would go.
he he You have (You've)
They have (They've)
I
— I wish were in London now.
she Example: He has a meeting today.

CPV IngEXT4
Inglês 3

Negative I have not (I've not / I haven't) Interrogative Had I?


You have not (You've not / You haven't) Had you?
He has not (He's not / He hasn't) Had he?
She has not (She's not / She hasn't) Had she?
It has not (It's not / It hasn't) Had it?
We have not (We've not / We haven't) Had we?
You have not (You've not / You haven't) Had you?
They have not (They've not / They haven't) Had they?
Example: Had you come when he died?
Interrogative Have I? (Eu tenho)?
Have you?
Negative-Interrogative Had I not? (Hadn't I?)
Has he?
Had you not? (Hadn't you?)
Has she?
Had he not? (Hadn't he?)
Has it?
Had she not? (Hadn't she?)
Have we?
Had it not? (Hadn't it?)
Have you?
Had we not? (Hadn't we?)
Have they?
Had you not? (Hadn't you?)
Example: Has he bought a new history book? Had they not? (Hadn't they?)
Example: Hadn't we been there before the day she came?
Negative-Interrogative
Have I not? (Eu não tenho?) (Haven't I?)
Observação: Nos exemplos anteriores, há casos em que o verbo
Have you not? (Haven't you?)
To Have funciona como auxiliar da estrutura de um Perfect
Has he not? (Hasn't he?)
Tense e há outros casos em que funciona como verbo comum.
Has she not? (Hasn't she?)
Observe-os bem.
Has it not? (Hasn't it?)
Have we not? (Haven't we?)
Have you not? (Haven't you?) Uso Causativo do To Have
Have they not? (Haven't they?)
Example: Haven't they become administrators? Observe bem os exemplos A e B e compare-os:
(A) I had my hair cut yesterday.
(B) I cut my hair yesterday.
Simple Past Tense
Chamamos a estrutura (A) de causativa, pois gera a ideia de
Affirmative I had (I'd)
que alguém fez o trabalho por você.
You had (You'd)
He had (He'd)
Isso seria o mesmo que afirmar:
She had (She'd)
It had (It'd)
I employed someone to cut my hair for me yesterday.
We had (We'd)
You had (You'd)
Caso disséssemos: "I cut my hair yesterday" (B), não iríamos
They had (They'd)
expressar a mesma ideia, pois em (B) a ideia é que o próprio
Example: He had gone to the movies. locutor cortou seu cabelo e em (A) o cabelo foi cortado por
alguém que não ele, provavelmente um barbeiro.
Negative I had not (I hadn't)
You had not (You hadn't) Observação:
He had not (He hadn't)
She had not (She hadn't) A ordem dos termos
It had not (It hadn't)
We had not (We hadn't) Have + Objeto + Particípio Passado
You had not (You hadn't)
They had not (They hadn't) deve ser rigorosamente mantida, pois caso contrário a ideia
Example: He hadn't studied hard. se perderá!

IngEXT4 CPV
4 Inglês

THERE TO BE (= HAVER / EXISTIR)

Este verbo será estudado separadamente devido às suas características particulares, abaixo discriminadas:

● só é conjugado nas 3as pessoas (singular e plural).


● é derivado do to be (para conjugar o there to be devemos lembrar a conjugação do to be).
● there é invariável, não importa o tempo em que o verbo there to be esteja sendo conjugado.
● só o to be varia.

Esquematizando o que foi visto: There → Invariável To Be → Variável



Simple Present Tense There is = Há (singular) — 3a pessoa
There are = Há (plural) — 3a pessoa
Simple Past Tense There was = havia, houve (singular)
There were = havia, houve (plural)
Simple Future Tense There will be = haverá (singular, plural)
Simple Conditional Tense There would be = haveria (singular, plural)
Present Perfect Tense There has been = havia, houve (singular)
There have been = havia, houve (plural)
Past Perfect Tense There had been = tinha havido (singular, plural)
Future Perfect Tense There will have been = Terá havido (singular, plural)

OS ANÔMALOS
Os verbos anômalos (portadores de anomalias) têm características próprias e distintas dos demais verbos, em inglês.

● Não têm infinitivo.


● Não são flexionados na 3a pessoa do singular, como os demais verbos no Presente Simples.
● São auxiliares e mantêm as características destes.
● São seguidos de verbos no infinitivo sem a partícula to.

Anômalo Uso Presente Passado / Condicional Futuro

Habilidade He can play the piano


Can Capacidade was able to He will be able to play the piano.
He pltay the piano.
Possibilidade Can I come in? could
Permissão Informal

May Permissão May I came in? Might I came in? Will I be allowed to come in?
(Might) Probabilidade She may come if it doesn´t rain. Was I allowed to come in? She may come if it doesn´t rain.
Probabilidade menor She might come if it doesn´t rain. She may have come if it hadn´t rained. She might come if it doesn´t rain.
"Votos" May God be with you. She might have come if it hadn´t rained. May God be with you.

Must Ordem You must study hard. You had to study hard. must
Conclusão It must be true. It must have been true. You study hard.
will have to
It must be true.

should should have should have


Should Conselho You study hard. You study hard. You study hard.
Ought to (lembrança de um dever) ought to ought to ought to

CPV IngEXT4
Inglês 5

Observação: 06. She's so good that there's nothing she do.


● Mustn't = proibição a) can't
● Don't b) can
have to = não necessidade c) may
Doesn't
d) has
e) isn't able
● Don't
need to = não necessidade 07. (PUC) John looks old because he has always drunk more
Doesn't
than he .
● Needn't = não necessidade
Need = necessidade a) should
b) must
c) will
EXERCÍCIOS d) did
e) can
Assinale a alternativa correta.
08. (PUC) He speak Italian when he was ten years old.
01. I wish older.
a) may
a) to be
b) might
b) I am
c) can
c) I will be
d) could
d) I were
e) should
e) I can be
09. (PUC) In his life no “ifs”.
02. He attend evening classes this
a) there are
term.
b) there is
a) can have to c) there has
b) could have d) there have
c) may have e) there be
d) could to have
e) may have to 10. (PUC) My brother had too much to drink last night, but
he not have because he often suffers
03. We aren't going to the party because Father said: from liver trouble.
You go out tonight. a) could
a) would may b) should
b) has not c) must
c) may not d) can
d) mays not e) would
e) none of the above applies.
11. The sentence “I, personally, think she's over 45” means
approximately the same as:
04. “You mustn't take that medicine” expressa:
a) She ought to be over 45.
a) ordem
b) She is 45.
b) proibição
c) She must be over 45.
c) obrigação
d) She has to be 45.
d) permissão
e) None of the above applies.
e) none of the above applies.
12. If the steamer had arrived with the mail by 10 o'clock,
05. you open that window? It's too hot here. I all my letters by this evening.
a) do a) could have answered
b) ought b) have answered
c) could c) should be answered
d) must d) must had answered
e) none of the above applies. e) none of the above applies.

IngEXT4 CPV
6 Inglês

13. Não se deve acreditar em tudo o que se ouve. 20. If you want to catch up with colleagues you
a) We ought to not believe all that we hear. study at least four hours a day.
b) They must not to believe all that they hear. a) can
c) People ought not to believe all that they hear. b) may
d) One may not believe all that one hears. c) might
e) None of the above applies. d) would
e) must
14. You to study harder if you
don't want to fail. 21. Elizabeth is able to understand her English teacher,
a) must therefore she answer his questions.
b) ought a) cannot to
c) should b) should
d) may c) could never
e) can d) must to
e) none of the above applies
15. Você pode chegar mais cedo amanhã.
a) You must to come earlier tomorrow. 22. She has never been to tell the difference between what is
b) You ought come earlier tomorrow. right and what is wrong, so she to judge anyone.
c) You will be able come earlier tomorrow. a) may not
d) You may come earlier tomorrow. b) might not
e) You can to come earlier tomorrow. c) should not
d) isn't able
16. The pilot was told that he not land e) none of the above applies
because of the fog.
a) could 23. She come in May.
b) can a) mays
c) will b) have to
d) may c) musts
e) ought d) may
e) none of the above applies
17. Jim the books with him. They are not here.
a) should take 24. Her mother be at home. I see her
b) can take car in the garage.
c) may take a) musts
d) must take b) has
e) must have taken c) must
d) needs
18. She read a great deal when she was e) none of the above applies
in hospital.
a) may 25. You to know better.
b) could a) could
c) can b) should
d) must c) ought
e) will be able d) may
e) must
19. Two parallel yellow lines in the middle of the road
mean that you not overtake. 26. They there three years ago.
a) might a) must have gone
b) may b) have gone
c) would c) must gone
d) did d) must be going
e) does e) must have going

CPV IngEXT4
Inglês 7

27. They there at this time tomorrow. 34. Mary felt very ill. She to go to bed
immediately.
a) may to be
b) may be
c) might to being a) could
d) might been b) must
e) must had to c) can
d) should
28. “Uncle Seymour looks so sleepy and tired this morning”. e) had
“He have stayed up all night”.
35. She study hard now, because she
a) must
has no chance to pass.
b) should
c) could
d) ought to a) mustn't
e) none of the above applies. b) can't
c) shouldn't
29. Tomorrow he go. d) will
e) should
a) had to
b) musts
36. Stop it, children! You write on the
c) must
wall.
d) have to
e) has
a) needn't
30. “Can you tell me the correct time”? I b) can
if I hadn't forgotten my watch. c) mustn't
d) will
a) can
e) should
b) could
c) might
37. They do this tomorrow.
d) may
e) must
a) is able to
31. I'm awfully sorry, but I had no choice. I simply b) can to
what I did. c) will be able to
d) would be able
a) ought to
e) could to
b) must do
c) have had to do
38. Since you asked me to, you go home
d) have done
now.
e) had to do

32. Replace each of the underline expressions by one of these a) may


anomalous: may, must. b) must
c) will
a) Doctors have the obligation to explain the danger of d) might
operations to their patients. e) should
b) Do I have permission to see your patient?
39. Qual destas expressões corresponde a “ele não deveria
33. If she really arrived so late, she ter feito isso”.
punished.
a) ought be a) He mustn't have made it.
b) should been b) He shouldn't have done that.
c) must have been c) He could not have made it.
d) must was d) He might not have done that.
e) none of the above alternatives applies e) He cannot have done that.

IngEXT4 CPV
8 Inglês

40. I wish I in England now. 46. (FUVEST) Reescreva colocando no passado:

a) am a) Why must you leave so early ?


b) was
c) were
d) been
b) Can't you stay longer ?
e) being

41. I'd rather stay at home, because it
rain today.
47. (FUVEST) Reescreva as frases empregando na forma do
futuro as expressões verbais em itálico.
a) needs not
b) have to a)
Must you stay there ?
c) may
d) musn't
e) must to
b) Can you do it alone ?
42. In my school many foreign students.

a) has
b) have 48. (UFV-MG) Complete the sentences below with the correct
c) there is forms os the verbs in brackets:
d) there are
e) there have a)
The University of Viçosa (be) a
seventy-year-old institution, famous for graduating
43. “Do I have to do it again?” “Yes, you .” serious and well qualified professionals who are
respected everywhere they (go).
a) did
b) As part of its academic program UFV has already
b) were
(send) several scholars and even
c) had
students to other countries.
d) must
e) would c)
A cooperation agreement (be) made last
month between UFV and a famous American institution.
44. I'm sorry the train was late and I arrive Several technicians (go) to the USA for
earlier. research next summer, and many more people of its
community (have) the same opportunity
a) mustn't in the future.
b) wouldn't
c) ought not d) The city of Viçosa (offer) many good
d) couldn't points to attract tourists and residents: a beautiful sky,
e) don't excellent topography, safeness and nice warm people.

45. If you want to go you , but only if you e) So, let's (set) our house in order.
go with a friend. At this same moment workers (make)
their best to clean our streets and make our city more
a) may welcoming. (not-do) litter!
b) must (drive) carefully.
c) could
f) There (be) many ways “to skin a cat”.
d) need
It's up to you!
e) ought

CPV IngEXT4
Inglês 9

texts
puc

O texto Violence in Schools foi retirado da Internet e adaptado para fins de vestibular. Faz parte do fórum de discussão do jornal
The New York Times cujo endereço é http://www.forums.nytimes.com

O fórum de discussão do jornal The New York Times apresenta questões baseadas em fatos que estão acontecendo na sociedade,
e as pessoas interessadas enviam suas mensagens e opiniões usando pseudônimo ou identificação da Internet, como, por exemplo,
“Tanglefoot” e “geezerbill”. Leia o texto e responda as questões identificando a alternativa correta, com base nas informações
fornecidas pelo texto.

The New York Times


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New York Times on the Web Forums

Violence in Schools

There has been yet another outbreak of violence at a school, this time in Oregon. At least one student is dead and up to
24 are wounded; it also appears that the suspect killed two other people at his home before going to the school.

Have school shootings in this country become an epidemic? What is to blame for this violence?

joreilly – 12:27 pm May 23

All of the children involved in these shootings lived in homes where there were enormous collections of guns and ammunition. All the families
expressed horror and surprise at the devastating results of actually using those guns for the purpose for which they were designed. I wonder,
whose children, whose families, did they expect would be shot ?

Tanglefoot – 07:25 am May 22

We're certainly not doing some things right. The publicity these things engender no doubt put things in the minds of some kids that they wouldn't
otherwise consider.

adirondack52b – 07:21 am May 22

Family responsibility and community spirit have been replaced with acquisition, competition, self-indulgence, and worldly success at any ice.

Purchased – 06:52 am May 22

Though it obviously isn't the only cause, let's face it, since prayer was outlawed in school and abortion became legal, we've been on the decline.
I'm not taking a higher Christian ground on this, as the reason for my saying it is simple. In computer language it's garbage in, garbage out.
With the abolition of prayer in school, we took away the sense of obligation to and having to answer to a higher authority, and having to hold
ourselves accountable for our actions.

geezerbill – 04:08 pm May 21

To name a few: an economy that deprives moms and dads of the time to learn and exercise parenting skills. Inadequate gun control laws. A
society that because of political correctness and permissiveness has left many people angry and frustrated.

IngEXT4 CPV
10 Inglês

49. O tema em discussão deve-se ao fato de que: 56. A pergunta “What is to blame for this violence?” do
a) a violência decorre de problemas na área da saúde que fórum do jornal:
podem provocar epidemias. a) foi respondida, já que todos apresentaram soluções
b) houve um tiroteio em Oregon onde 24 pessoas viáveis que poderão acabar com a tendência violenta
morreram e muitos ficaram feridos. dos jovens.
c) já aconteceram outros episódios de violência em b) não foi respondida, pois a maioria das mensagens
escolas, anteriormente. fugiu do assunto proposto e enveredou para assuntos
d) há vários suspeitos do tiroteio que estão à solta e podem periféricos.
matar pessoas que estão em casa. c) foi respondida por todos, já que cada um apresentou sua
e) a violência dos pais e dos professores provoca reações interpretação sobre a causa da violência nas escolas.
violentas nos alunos. d) foi respondida somente em uma mensagem que
apresentou três causas da violência nas escolas.
50. Segundo o texto, a pessoa suspeita do tiroteio:
e) é irrelevante, na medida em que baseia-se em um caso
a) matou os pais. isolado.
b) é do sexo masculino.
c) foi morta. 57. Este texto:
d) já estudou na escola.
a) apresenta uma proposta de causa, em forma de
e) está passando férias em Oregon.
perguntas, e de efeitos, em forma de respostas.
51. O fórum do jornal coloca em discussão os possíveis b) desenvolve-se ciclicamente, pois o tema é recorrente e os
culpados pela violência nas escolas. Das pessoas que mesmos argumentos são retomados em todas as respostas.
responderam, quem atribui a culpa à família ? c) enumera cronologicamente diversos fatos ocorridos
a) Geezerbill e Tanglefoot. que fundamentam a relevância do tema.
b) Tanglefoot. d) é desenvolvido por meio de respostas organizadas em
c) Purchased. ordem de importância de suas propostas.
d) joreilly. e) apresenta perguntas fundamentadas por fatos ocorridos
e) adirondack52b e Purchased. e respostas independentes, em ordem cronológica
decrescente.
52. Segundo a resposta de geezerbill, a culpa da violência nas
escolas é:
a) das pessoas frustradas. fatec
b) das mães e pais.
c) dos fabricantes de armas inadequadas. O texto a seguir refere-se às questões de 58 a 60.
d) dos sistemas econômico, jurídico e da sociedade.
A Dubious Surge in Job-Seekers
e) dos parentes que não cuidam das crianças.
This year's pickup may peter out
53. A ideia de que “devemos ser responsáveis pelos nossos
próprios atos” está contida na mensagem de: Something odd is afoot in U.S. labor markets, says Paul Boltz
of T. Rowe Price Associates Inc. One reason the jobless rate
a)
Purchased. b) Tanglefoot. has climbed is an unexpected sharp acceleration in labor
c)
geezerbill. d) joreilly. force growth.
e)
adirondack52b.
So far in 1995, the labor force has jumped by more than
54. Na resposta de adirondack52b, as palavras “replaced 1 million, implying an annual increase of 3 million. In
with” indicam a ideia de: the history books, notes Boltz, only one year saw labor-force
a) adição. b) exemplificação. growth hit 3 million: 1978, when maturing baby boomers were
c) consequência. d) causalidade. flooding the job market. Since demographic trends are now
e) substituição. less favorable, the recent acceleration looks odd.
55. No texto de Tanglefoot, as palavras “these things” da frase Boltz also notes that the labor force surged in a similar fashion
“the publicity these things engender no doubt put things early in 1992. To the chagrin of the Bush Administration, a
in the minds...” referem-se a: 1.63 million rise in the first half of that election year pushed up
a) atos de violência nas escolas. the unemployment rate to 7,7%. In the second half, however,
b) psicologia infantil. the labor force grew by a paltry 200,000. If the same pattern
c) leis mais rígidas. unfolds this year, the jobless rate may fall again even as the
d) falta de educação religiosa. economy slows.
Business Week
e) espírito comunitário.

CPV IngEXT4
Inglês 11

58. De acordo com o texto: 61. De acordo com o texto, assinale a alternativa correta:
a) o índice de desemprego nos EUA tem diminuído nos a) a comercialização de órgãos humanos na Índia é
últimos três anos. permitida somente aos indianos pobres.
b) uma das razões de o índice de desemprego ter b) porque o comércio de órgãos humanos é ilegal na Índia,
diminuído nos EUA é a rápida oferta de empregos os indianos pobres podem vender apenas seus rins.
por uma grande empresa. c) na Índia, é permitida somente a comercialização de
c) o índice de desemprego nos EUA tem aumentado órgãos de pessoas já mortas, através de suas respectivas
devido ao grande número de imigrantes. famílias.
d) uma das razões de o índice de desemprego ter d) apesar de o comércio de órgãos humanos ser ilegal na
aumentado nos EUA é o rápido crescimento inesperado Índia, muitos indianos vendem os rins de seus parentes
da oferta de mão de obra. mortos.
e) o mercado de trabalho tem aumentado recentemente nos e) mesmo sendo um ato ilegal na Índia, muitos indianos
EUA graças a um crescimento da indústria de 7,7% ao pobres vendem seus órgãos.
ano.
62. Segundo o texto, assinale a alternativa que descreve a
59. De acordo com Boltz:
razão da morte de Sunil Kumar:
a) a administração do governo Bush foi a responsável
a) suicidou-se por não possuir condições financeiras para
pelo alto índice de desemprego nos EUA em 1992.
se casar.
b) o problema atual do desemprego nos EUA teve sua
b) suas irmãs o mataram para poderem comercializar seus
origem no governo Bush.
órgãos e, assim, terem condições para se casar.
c) se o mesmo fato ocorrido na administração de Bush
c) suicidou-se para ajudar suas irmãs a se casarem.
acontecer este ano, o índice de desemprego poderá
d) suicidou-se porque não podia vender seus rins enquanto
diminuir.
vivo.
d) o índice de desemprego pode aumentar novamente este
e) suicidou-se por estar desempregado e não ter
ano, uma vez que a economia encontra-se lenta.
perpectivas de trabalho.
e) no início do governo Bush a oferta de mão de obra caiu
7,7%, aumentando, entretanto, consideravelmente no
63. De acordo com o texto, após a morte de Sunil:
segundo semestre.
a) seus órgãos foram vendidos, e a situação financeira de
60. No primeiro parágrafo do texto a palavra afoot sua família melhorou.
traduz-se por: b) seus órgãos não foram vendidos, porque ele se suicidou.
a) em progresso c) seus órgãos não foram vendidos, porque a
b) em retrocesso comercialização de órgãos é ilegal na Índia.
c) em experiência d) seus órgãos foram vendidos, e suas irmãs obtiveram
d) em circulação assim a ajuda de que precisavam.
e) em evidência e) seus órgãos não foram vendidos, porque não houve
compatibilidade para que fossem transplantados.
Texto para as questões 61 a 63.
Leia o texto que se segue e responda às questões de 64 a 66.
New Delhi: Dowry Death
In India unwed women are a social stigma and a financial All You Need is a Match
burden to families. But without cash or consumer goods to Police and fire officials are worried about a dangerous new
offer a groom, they have little chance of marrying. Last week trend in gang warfare: arson. Experienced investigators say
a young man took his own life in an attempt to provide dowries that gang members and drug dealers are increasingly settling
for his two unmarried sisters. Unemployed and without turf disputes by firebombing a rival's home or headquarters.
job prospects, Sunil Kumar, 19, hit upon the idea of selling In Boston, cases of arson for revenge have surpassed
his organs. Although the trade in human organs is illegal, insurance-fraud fires, making vengeance the No.1 motive
many impoverished Indians sell their kidneys. Assuming that for the crime. This relatively cheap, easy way to terrorize is
additional organs could be harvested from his body if he already a menace is New York, Chicago and Los Angeles, and
were dead, Kumar hanged himself from a ceiling fan. officials worry it is catching on in other major cities. “You
His scheme backfired. Because all suicide cases must be don't have to buy a gun,” says Tom Minnich of the U.S. Fire
autopsied, none of his organs can be transplanted. His grief- Administration. “All you need is a match.”
stricken family says that in any event, they would never have Newsweek
sold Sunil's organs. Time

IngEXT4 CPV
12 Inglês

64. De acordo com o texto: Perhaps one common trait, he says, is that cybercitizens see
a) membros de algumas gangues e alguns traficantes themselves as more intelligent and better-informed: “Smarter
de drogas estão sendo, cada vez mais, causadores de than the average bear,” Smith says.
disputas de bairros, atirando bombas e incendiando as
casas de seus inimigos. He adds they also are:
b) membros de algumas gangues e alguns traficantes de
drogas estão lutando contra o ataque de bombas nos ● More engaged by their work and by technology.
bairros. ● More energetic.
c) membros de algumas gangues e alguns traficantes ● More “driven by the need to accomplish something.”
de drogas estão bombardeando as casas de seus
concorrentes no controle das apostas de turfe. While some surveys have focused on Internet users,
d) membros de algumas gangues e alguns traficantes de Yankelovich looked at everyone who goes on-line in any way
drogas estão incentivando as apostas de turfe entre seus — “even if they just use their girlfriend's America Online
comparsas. account,” Smith says.
e) membros de algumas gangues e alguns traficantes de
drogas estão monopolizando as apostas de turfe nos Phone interviews were done in late May with 414 randomly
bairros. selected on-line users. They are representative of people 16
and over. Margin of error: plus or minus 5 percentage points.
65. No texto, a palavra arson traduz-se por: USA Today
a) sabotagem
b) incêndio culposo 67. Segundo Yankelovich, a alternativa que melhor define
c) chantagem cybercitizens é:
d) atentado a bomba
e) chacina a) indivíduos que mantêm algum tipo de comunicação
direta com outro terminal através de computadores.
66. De acordo com o texto: b) todos os indivíduos que possuem um computador.
c) todos os indivíduos que fazem uso de computadores.
a) alguns oficiais descartam a possibilidade de o arson
d) apenas os indivíduos que fazem uso da Internet.
estar-se espalhando por outras grandes cidades.
e) apenas os indivíduos que têm acesso à Internet através
b) alguns oficiais afirmam que o método terrorista arson
de seus próprios computadores.
está se tornando popular em outras cidades americanas.
c) incêndios provocados para obter cobertura de seguros
68. Segundo o texto, aponte a alternativa que melhor descreve
são os mais comuns em Boston.
o perfil de um típico cybercitizen:
d) vingança é o motivo número 1 para os crimes cometidos
em Boston.
a) homem, branco, simples, bem educado e com idade
e) em Boston, vingança é o principal motivo do ato de
superior a 25 anos.
terrorismo arson.
b) mulher, branca, simples, bem educada e com idade
superior a 25 anos.
Leia o texto que se segue e responda às questões de 67 a 69.
c) mulher, branca, solteira, bem educada e jovem.
d) homem, branco, solteiro, com melhor formação escolar
New "Cybercitizens" Dispel Geeky Image e idade superior a 16 anos.
About 14% of the USA's adults were on-line in May, more than e) homem, branco, simples, jovem e com melhor formação
twice as many as in October — growth that has changed the escolar.
profile of on-line users, says a report this week.
69. Segundo Smith, os cybercitizens:
Despite a geeky image, today's “cybercitizen” now looks
much more like the general U.S. population, says the a) consideram-se mais inteligentes e elegantes do que a
profile by Yankelovich Partners, social trend-trackers média.
for more than 25 years. b) são mais engajados politicamente no trabalho.
c) são mais motivados pela necessidade de atingir um
While the average on-line user still is likely to be male and objetivo.
white — as well as single, better educated and younger — d) são mais enérgicos no trabalho.
“there is no sort of person absent from cyberspace,” says e) necessitam sempre dirigir algo.
report author J. Walker Smith.

CPV IngEXT4
Inglês 13

unesp 70. De acordo com o texto, indique a alternativa correta.

As questões de números 70 a 74 referem-se ao texto seguinte. a) Senna tinha mais necessidade do que desejo de
compartilhar suas vitórias; por isso, para selar o seu
Why Brazil Loved Him amor pelo Brasil, exibia a bandeira brasileira na
hora da chegada.
To many Brazilians, Senna communicated a vulnerability
b) O desejo de compartilhar a glória após cada vitória,
that they appreciated all the more because they knew he had
quando Senna levantava uma bandeira do Brasil na
to set his fears aside whenever he climbed into the cockpit. hora da chegada, selou o amor do seu país para com ele.
What sealed the love affair the country had with Senna was c) Senna conquistava o amor e a admiração de seus
his willingness, or perhaps his need, to share the glory: after compatriotas pela maneira como superava o medo na
every win he would reach for a Brazilian flag and hoist it hora de entrar na cabina do carro.
high above his head for the victory lap. His popularity was d) Muitos brasileiros admiravam a coragem e a capacidade
magnified by the contrast with his country's sense of collective de Senna porque não percebiam a sua vulnerabilidade e
demise. As his career revvep up in the ‘80s, Brazil was headed achavam que ele transmitia muita esperança no futuro
the other way, descending into economic and political disarray, do país.
frustration and self-doubt. Senna, presidential adviser Augusto e) Senna sabia que o mais importante de tudo era exibir
Marzagão said last week, “was the luminous flip side of the uma bandeira brasileira na hora da chegada e da vitória,
negative state in which lay the Brazilian soul.” In short, his pois isso era tudo o que os brasileiros queriam ver.
success was seen as proof that despite a 45%-a-month inflation
rate, growing poverty and never-ending corruption scandals,
Brazil could still come out a winner. 71. De acordo com o texto, é correto afirmar:

For seven frustrating years, though, Senna's dream of a victory a) Enquanto sua carreira ascendia, o país seguia o
at home, in the Brazilian Grand Prix, eluded him. He caminho oposto. Assim, o seu sucesso era visto como
finally won the race in 1991, but only after a cliffhanger finish prova de que, apesar da inflação, da pobreza e da
and typical heroics. He was leading comfortably, with only a corrupção, o Brasil tinha como vencer.
few kilometers to go, when the gearbox of his car jammed. By b) A ascensão de Senna na carreira automobilística
the last lap only one gear was functioning, but Senna wrestled deixava muitas pessoas perplexas porque isso marcava
his McLaren-Honda to the checkered flag. So exhausted he um forte contraste com a triste realidade social e
could barely lift his arms, grimacing from the pain, he hoisted econômica que o Brasil atravessava.
the trophy and the flag. c) O sucesso de Senna na carreira automobilística
convencia muitas pessoas de que a realidade brasileira
Senna won in Brazil again in 1993 in equally dramatic fashion poderia ser mudada com pouco esforço e a vida dos
— this time against his archrival, the Frenchman Alain Prost. brasileiros haveria de melhorar.
(Over the years, Senna's flat-out duels with Prost, including d) A popularidade de Senna aumentava na medida em que
several dangerous collisions, had fostered an enmity that Prost o seu sucesso representava possibilidades de progresso
says did not ease until just before Senna's death.) Prost and para o país como um todo e a realização do sonho
his teammate Damon Hill had been much faster in practice, individual dos brasileiros.
and the fans knew that only a race-day downpour would e) O sucesso de Senna era por muitos considerado como
give Senna, the acknowledged master of wet-track driving, a um mau exemplo para o povo brasileiro, na maioria
chance. Brazil prayed for rain. The next day, with Prost in the pobre, que deixava de lado as coisas mais importantes
lead, the heavens opened. The Frenchman promptly crashed; da vida, para pensar em corrida de automóvel.
Senna catapulted into first place and stayed there. As the race
ended, the sun came out.

Time International

IngEXT4 CPV
14 Inglês

72. Conforme o texto, assinale a alternativa correta. 74. De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
a) Não fosse a fé dos brasileiros, que inspirou a vitória de
a) Senna venceu o primeiro Grande Prêmio do Brasil Senna e impressionou os estrangeiros, a corrida de 1993
em 1991 porque teve muita sorte, pois já havia poderia ter acabado em fracasso ou tragédia.
passado pela bandeira xadrez quando o câmbio de b) Os brasileiros rezaram pedindo chuva, pois sabiam que,
seu carro enguiçou, apesar do grande esforço feito em pista molhada, Senna teria mais condições de vencer
para que isso não acontecesse. Alain Prost e Damon Hill.
b) A primeira corrida que Senna venceu no Brasil c) Quanto mais chovia, mais melhorava o desempenho de
foi relativamente fácil, pois a vitória já estava Senna, o que impressionou seus rivais a tal ponto que estes
garantida, quando um pequeno contratempo abandonaram a corrida.
ocorreu, exigindo um pouco de esforço do campeão d) Os corredores estrangeiros chegaram a pensar que o
no final. horário da corrida fora marcado em função da chuva, para
c) Senna venceu o primeiro Grande Prêmio do Brasil beneficiar o nosso campeão.
em 1991 depois de muito sacrifício. Quando passou e) As orações dos brasileiros fizeram com que chovesse o
pela bandeira xadrez, estava tão exausto que mal tempo necessário para garantir a vitória de Senna em 1993,
conseguia levantar os braços para erguer o troféu pois, quando acabou a corrida, o sol voltou a brilhar.
e a bandeira.
d) Ao conquistar sua primeira vitória em autódromo Assinale a alternativa que preenche corretamente cada lacuna, das
brasileiro, Senna comemorou com tanta alegria e questões de números 75 a 81.
tanto orgulho que até se esqueceu das dores que
sentia depois do grande esforço que fez para ganhar 75. Catherine is making a dress.
a corrida.
e) A primeira vitória de Senna no Brasil serviu para a) to him b) to her c) himself
acabar com seus pesadelos e frustrações bem como d) herself e) they
para fazê-lo esquecer-se de todas as restrições feitas
pelos organizadores das corridas. 76. finds the money may keep it.
a) Who he b) Whom c) Whose
73. De acordo com o texto, indique a alternativa d) Whomever e) Whoever
correta.
77. The kids were hungry and all the pie.
a) Senna e Alain Prost fizeram as pazes pouco antes
da morte do brasileiro, para não empanar o brilho a) eats b) ate c) eating
da corrida que se realizaria em São Paulo, pois d) eaten e) not ate
já haviam esclarecido vários mal-entendidos
ocorridos anteriormente. 78. I to the radio every day, but I
b) A inimizade entre Senna e Prost fez com que o listening to it now.
corredor brasileiro se empenhasse cada vez mais a) listen; am not b) listened; had
para vencer a corrida no Brasil; um fracasso ou c) listening; was not d) was listening; not
fiasco aí poderia representar o fim da carreira do e) not listen; was
nosso campeão.
c) Todas as corridas disputadas entre Prost e Senna 79. This is the day I have ever had.
eram muito perigosas em virtude do drama criado
em torno das richas entre os dois campeões, a) worse b) bad c) worst
que nunca se preocuparam com uma possível d) less good e) very bad
reconciliação.
d) A última corrida que Senna venceu no Brasil foi a 80. The boys and girls ran the street.
mais difícil de todas porque, embora o brasileiro se a) above b) with c) at
desse bem em pista molhada, Alain Prost e Damon d) down e) back
Hill eram os mais velozes em qualquer tipo de pista.
e) Senna venceu outra vez no Brasil em condições 81. Mr. Foley was reading the newspaper,
igualmente dramáticas, num duelo com seu grande Mrs. Foley was watching television.
rival, Alain Prost, que se tornara seu inimigo por
causa de algumas colisões perigosas em corridas a) While b) As long c) In the meantime
antes disputadas. d) Because of e) How

CPV IngEXT4
Inglês 15

fuvest

Texto para responder as questões 82 a 85. Considere a imagem e o texto abaixo para responder as
questões 86 a 88.
“Miss Emlyn read us some of it. I asked Mummy to read some
more. I liked it. It has a wonderful sound. A brave new world.
There isn't anything really like that, is there?”
“You don't believe in it?”
“Do you?”
“There is always a brave new world,” said Poirot, “but only,
you know, for very special people. The lucky ones. The ones
who carry the making of that world within themselves.”

Agatha Christie, Halloween Party

82. The text above is a dialogue between: AND IF I EVER CATCH YOU
DOWNLOADING DIRTY PICTURES FROM
a) Mummy and Poirot. THE INTERNET AGAIN, YOUNG MAN,
b) a mother and her child. I'LL WASH YOUR MOUSE OUT WITH
c) Miss Emlyn and Poirot. SOAP!”
d) a child and Poirot. Newsweek

e) Poirot and his mother.


86. The boy's mother is expressing:
83. According to Poirot:
a) a promise.
a) brave new worlds exist within everyone. b) a threat.
b) lucky people can create a brave new world of their own. c) a challenge.
c) it is extremely easy to carry a world within oneself. d) an order.
d) a brave new world is a social concept. e) a request.
e) it brings luck to make and carry a world within yourself.

84. We can conclude from the text above that: 87. A mãe está aborrecida porque:

a) Poirot is talking to a person who enjoyed reading a) o menino está “viciado” em Internet.
A brave new world. b) as imagens na tela do computador estão sujas, borradas.
b) someone who absolutely disbelieves in a brave new
c) o menino está vendo figuras indecentes no computador.
world is talking to Poirot.
c) Mummy and Miss Emlyn liked A brave new world d) o menino é jovem demais para lidar com o computador.
because of its wonderful sound. e) o menino não quer desligar o computador para ir tomar
d) anyone who has read A brave new world can be banho.
considered lucky.
e) Poirot's interlocutor listened to passages from A brave
new world read by two different people. 88. Qual seria o correspondente, no passado, de “if I ever
catch ...... I'll wash .....” ?
85. Choose another way of saying “There isn't anything
really like that.” a) If I ever were to catch ..... I'll wash.
b) If ever caught ..... I'd wash.
a) There is nothing really like that.
c) If I ever would catch ..... I washed.
b) There aren't many things really like that.
c) There aren't no things really like that. d) If I ever caught ..... I'd have washed.
d) There is anything hardly really like that. e) If I had ever caught ..... I would wash.
e) There are a few things really like that.

IngEXT4 CPV
16 Inglês

Texto para responder as questões 89 a 92. Texto para responder as questões 93 a 95.

A pretty scary read, War of the Worlds by Mark Slouka (Little, Why do bees fuss about so much when they fly, instead of
Brown, £ 9,99, ISBN 0 349 10785 8) can make your hair stand forming a tidy flock like birds? Birds flying in a flock keep to
on end. It is nothing less than an alarm call that there is a a highly ordered pattern, whereas a swarm of bees is a cloud
danger of whole societies, computer-drunk, swapping living in of chaos. This difference has long puzzled scientists, but now
the uncomfortable real world for that of life in virtual reality a team of Japanese researchers has come up with a simple
or cyberspace. The latter, of course, is controllable, full of mathematical model to explain it. (The researchers) began
pleasure and free from moral constraints. Already there is a with a simple analogy. Stars in a galaxy move under the
term for those who find such an idea horrifying. It is PONA, influence of each other's gravity in a way that can be described
a Person Of No Account. The thesis is plausible. The price, by Newton's laws. Identify the influences felt by an insect or
for a slim paperback, is not. bird, the researchers reasoned, and its flying patterns should
New Scientist
be just as easy to predict.
89. Segundo o texto, War of the Worlds pode: New Scientist

a) inquietar o leitor. 93. a) ao voarem em grupo, as abelhas não se posicionam de


b) deleitar o leitor. forma ordenada.
c) intrigar o leitor. b) os cientistas acreditam que as abelhas não gostam de
d) aterrorizar o leitor. voar em grupo.
e) empolgar o leitor. c) as aves agitam-se tanto quanto as abelhas durante o
voo.
90. Em War of the Worlds, o autor: d) ao aproximar-se de um bando de aves, um enxame de
abelhas transforma-se em uma nuvem de caos.
a) alerta para o perigo de uma guerra que utilize os e) quanto maior o bando de aves, mais ordenado é seu
recursos da cibernética. voo.
b) prova que não há nada mais alarmante do que sociedade
inteiras inebriadas pela realidade virtual.
c) adverte sobre o risco de sociedades inteiras adotarem 94. a) as leis de Newton descrevem algumas influências
a realidade virtual em substituição à vida real. sentidas por um inseto ou ave durante o voo.
d) faz a apologia de uma sociedade totalmente embriagada b) é impossível prever se o voo de um grupo de insetos
pela cibernética. ou de aves será ordenado ou caótico.
e) sugere que não há nada mais desconfortável do que a c) é mais fácil prever a posição dos insetos ou aves durante
vida real. o voo do que a das estrelas em uma galáxia.
d) algumas influências sentidas por um inseto ou ave,
91. Segundo o texto, a vida na realidade virtual: durante o voo, são análogas às experimentadas pelas
estrelas em uma galáxia.
a) é ideal para as sociedades livres. e) conhecidas as influências que afetam cada ave ou inseto,
b) não está isenta de restrições de cunho moral. a organização de voo do grupo torna-se previsível.
c) é livre para qualquer prazer.
d) proporciona muitos prazeres.
e) está sujeita a alguns regulamentos. 95. A forma correta do singular de “Why do bees fuss about
so much when they fly?” é:
92. O texto afirma que o livro de Mark Slouka:
a) Why does bee fuss about so much when it fly?
a) propõe uma tese admissível, em poucas páginas. b) Why do an bee fusses about so much when it flies?
b) é bonito, mas assusta. c) Why does a bee fuss about so much when it flies?
c) é vendido em edição de capa dura. d) Why does the bee fuss about so much when it fly?
d) apresenta uma tese plausível, a um preço justo. e) Why does a bee fusses about so much when it flies?
e) agrada aos leitores em busca de ideias horripilantes.

CPV IngEXT4
Inglês 17

Responda em português as perguntas 96 a 107. 97. Considerando as razões apresentadas pelos pesquisadores,
qual é the surprising truth about women’s hearts?
96. No diálogo apresentado no quadrinho abaixo, o que a mãe
quer salientar para a criança e o que a criança entende?

I putted the plates on


the table!
You mean, I put
the plates on the 98. Por que, segundo Graham McGregor, as mulheres tendem
table. a sofrer seus primeiros ataques cardíacos em idade mais
avançada que os homens?
No, I putted
them on all by
myself!

99.

NEXT
Leia o texto abaixo e responda às questões 97 e 98.

The surprising truth about women’s hearts


While women are less likely to suffer heart attacks than men,
once a woman suffers her first attack she is 70 per cent more
likely to die from it than a man. These surprising new findings Your problem
highlight the need for medical staff to be more vigilant against is not my
problem, or
heart disease in women. if it were
Researchers at the Municipal Institute of Medical Research in
it would not
Barcelona studied 331 women and 1129 men who had suffered be yours but
their first heart attack. The researchers report in The Journal mine. You see,
of the American Medical Association (vol 280, p 1405) that of course. It’s
women were 72 per cent more likely to die within the first 28
not that I
days, and 73 per cent more likely to die within the first six don’t want to
months. “We were surprised that women were so much more help. I do,
at risk,” says Jaume Marrugat, who led the Spanish team. of course. It’s

Marrugat notes that women were less likely to get clot-busting just that I
treatment than men, and that they generally took more time want you to
have something
getting to hospital — problems that may reflect the low priority of your own.
doctors put on heart disease in women. Heart specialist
Graham McGregor of St George’s Hospital Medical School Carroll Arnett
in London also notes that women tend to be older than men
at their first heart attack because they have some hormonal
protection against heart disease until menopause. On average,
women in the Spanish study were five years older than the men.
Poema originalmente publicado em Not only that (The
“These are important factors to consider but they can’t account Elizabeth Press, 1967) e reproduzido em M.L.Greene (ed.)
for the whole difference,” says Marrugat. “Women have more Another Eye. Illinois, Scott, Foresman and Company,
1971, p. 121.
complications in the first six months and their initial heart
attacks may be more severe.” He speculates that narrower Como o poema de Carroll Arnett justifica que Your
coronary vessels in women may be a factor, Nonetheless, heart problem is not my problem?
disease remains a bigger killer of men than women.
New Scientist

IngEXT4 CPV
18 Inglês

As cartas abaixo foram escritas por leitores de um artigo publicado na revista Time. Leia-as e responda às questões 100 e 101.

After reading your article about genetically modified foods [July 31], I am sure that the public debate about this subject is too
serious to be left to organizations that rate high in theatrics but low in public education. If genetically engineered and enriched
food could help starving people around the world, it would be a pity to lose this opportunity because of some well-fed protesters
in silly costumes.
Silvina Beatriz Codina, Buenos Aires

If the third world does not curb its exploding population growth, no amount of genetically altered food will save it. Family
planning that will result in fewer children will improve the standard of living far more effectively than enriched rice.
Edward Robb, Vancouver

100. a) Considerando o teor das cartas, qual era o tema discutido no artigo em questão?

b) Com base em que hipótese Silvina Beatriz Codina constrói seu argumento?

101. As duas cartas assumem posições diferentes sobre o assunto em pauta. Qual é a posição de Edward Robb?

Texto para as questões 102 e 103.

Some Like It Hot


Why do people in Thailand prefer spicier food than people 1 Garlic 2 Onion 3 Allspice 4 Oregano
in Sweden? It’s because spices offer some protection
against the food-spoilage bacteria that thrive in hot
climates, according to two biologists at Cornell University
in Ithaca, New York.

After analyzing thousands of recipes for the traditional 5 Thyme 6 Cinnamon 7 Tarragon
meat-based dishes of 36 countries, Jennifer Billing and
Paul W. Sherman conclude that countries with hotter
climates use spices more frequently than countries with
cooler climates. And within large countries such as the
United States, the hottest regions have the hottest foods: 8 Cumin 9 Cloves
Chili is a hit in San Antonio, while chilly Boston tends 10 Lemongrass
toward clam chowder.

A taste for spices has been passed down over many


generations. In hot climates, our ancestors who enjoyed
spices with their food were apt to live longer and produce Spice World
more off-spring, says Sherman. “And they taught their Not all spices are created equal. The 10 with the greatest
offspring and others: ‘This is how to cook a mastodon.’”. effectiveness against food spollage bacteria are listed here.
Revista Popular Science

102. De acordo com o texto, por que os tailandeses gostam mais de comidas condimentadas do que os suecos?

103. Segundo Sherman, a ingestão de alimentos condimentados, em regiões de clima quente, oferecia duas vantagens aos nossos
ancestrais. Que vantagens eram essas?

CPV IngEXT4
Inglês 19

Leia, abaixo, um trecho do livro East of Eden de John Steinbeck e responda às questões 104 e 105, sobre a personagem Cathy.

Cathy’s lies were never innocent. Their purpose was to escape punishment, or work, or responsibility, and they were used for
profit. Most liars are tripped up either because they forget what they have told or because the lie is suddenly faced with an
incontrovertible truth. But Cathy did not forget her lies, and she developed the most effective method of lying. She stayed close
enough to the truth so that one could never be sure. She knew two other methods also — either to interlard her lies with truth or
to tell a truth as though it were a lie. If one is accused of a lie and it turns out to be the truth, there is a backlog that will last a
long time and protect a number of untruths.

104. A que estratégias Cathy recorria para não ser desmascarada?

105. Por que as estratégias utilizadas por Cathy eram eficientes?

Para responder às questões 106 e 107, leia o texto abaixo:

Tan tattoos

Forget about the pain of a real tattoo, says Nobuyuki Shimooka of Osaka in Japan. Why not let
the sun do the job instead (EP 962 155)? Anyone who fancies a tattoo that will soon fade dons
a special swimsuit which has small patterned windows cut out of the fabric. The sun shines
through, leaving a pattern on the skin. To prevent sunburn, the window areas can be blocked
off with fabric that could be secured using a fastening material such as Velcro.

Alternatively, the inventor suggests that sunbathers could place intricately designed
stickers on their bodies.

Peeling them off would reveal an untanned pattern.


New Scientist

106. Qual é a novidade anunciada no artigo?

107. Quais são as duas formas sugeridas para se obter a novidade em questão?

IngEXT4 CPV
20 Inglês

Texto para responder às questões 108 a 110. Texto para responder às questões 111 a 115.

It is a commonplace that springtime is for lovers. But the The words "nation" and "state" carry with them a number of
reason behind the seasonal romantic surge may be as much undefined and shifting implications which have led in the past,
scientific as emotional, according to a study by Dr. Joel and still lead, to much confusion of thought. The state, whether
Ehrenkrantz, a resident in internal medicine at New York’s we think of it as the apparatus of government or as the field
Columbia-Presbyterean Medical Center. Looking for a in which that apparatus works, is the unit of political power.
relationship between human breeding habits and the effects of The nation is a community of men; and though modern usage
seasonal light on the pituitary and pineal glands, Ehrenkrantz restricts it to communities of political character or having
spent portions of a five-year span measuring the hormone political aspirations, the nation is still a group of human
levels of Eskimos in Labrador. Birth records of two Eskimo beings, not a territory or an administrative machine. Hence
communities dating back to 1778 showed a sharp increase in the state may, in a loose way, be described as "artificial" or
births in March. This confirmed Ehrenkrantz’s observations "conventional", the nation as ‘natural’ or "organic". A state
that secretions from these glands had changed dramatically can be created, mutilated or destroyed overnight by a document
by the long days of June — exactly nine months before March. drawn up in due form prescribed by international law. A nation
grows or decays by a process which is independent of any
single conscious act of the human will. The French Revolution
108. De acordo com o texto: gave birth to the view, which in the nineteenth century came
to prevail over a large part of Western Europe, and which
a) é comum se falar de amor em algum momento de was regarded merely as another way of defining the principle
nossas vidas. of self-determination, that "states" and ‘nations’ ought to
b) há sempre um tempo para se falar de amor. coincide, that states should be constituted on a national basis,
c) é comum dizer-se que a primavera é a época dos and that nations ought to form states.
amantes.  
d) só pessoas grosseiras falam sobre amantes. 111. De acordo com o texto, os termos “nação” e “estado”:
e) amar não tem época.
a) estão sequer relacionados.
109. De acordo com o texto: b) pouco têm a ver entre si.
c) têm implicações muito importantes para o estudo
a) não há base científica para a opinião de que as de nossa situação presente.
estações influem em nosso comportamento. d) têm sido objeto de muita confusão mental.
b) existe muita emoção por trás de algumas opiniões e) designavam, antigamente, basicamente a mesma
aparentemente científicas. coisa.
c) o surgimento de emoções entra em choque com as
opiniões científicas. 112. De acordo com o texto, o estado:
d) parece haver base científica no relacionamento entre
homens e mulheres. a) é a unidade de poder político.
e) o comportamento romântico na primavera tem base b) é o centro das decisões políticas.
científica. c) é o povo organizado politicamente.
d) é a burocracia estruturada de forma eficiente.
110. De acordo com o texto: e) é a unidade que detém o monopólio da violência.

a) O Dr. Joel Ehrenkranz estudou o efeito das glândulas 113. De acordo com o texto, a nação:
pituitárias no comportamento símio.
b) O Dr. Joel Ehrenkranz estudou o efeito da luz a) é um grupo de pessoas que falam uma mesma língua
sobre as glândulas pituitárias. e tem as mesmas tradições.
c) O Dr. Joel Ehrenkranz estudou o efeito da reprodução b) é uma comunidade de homens e não um território.
dos Esquimós sobre as glândulas pituitárias. c) é uma comunidade que ocupa um espaço geográfico
d) O Dr. Joel Ehrenkranz estudou o efeito do frio ártico contínuo.
no comportamento dos Esquimós. d) é uma comunidade de homens organizada
e) O Dr. Joel Ehrenkranz esclareceu nossas dúvidas administrativamente.
sobre o comportamento dos Esquimós em 1778. e) é uma comunidade de homens organizada
politicamente.

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Inglês 21

114. De acordo com o texto: 117. De acordo com o texto:

a) o estado pode ser definido como “orgânico”. a) este seu “gás” tem um cheiro que me faz querer
b) acordos internacionais podem criar uma nação da morrer.
noite para o dia. b) o suicídio é tão complicado que o melhor mesmo é
c) não há nada de “convencional” no estado. viver.
d) a nação cresce e decai por processos independentes c) seu “gás” é mais letal que um revólver.
da vontade humana. d) a vida é bela, por que morrer?
e) não há nada de “orgânico” na nação. e) viva dentro da lei, se possível.

118. The seeming shortage of some kinds of engineers may be


115. De acordo com o texto, a Revolução Francesa deu caused by high-technology companies openly stockpiling
origem à ideia: the skilled workers so they will have them on hand when
the economy turns up.
a) da igualdade de direito de todas as nações.
b) da necessidade do equilíbrio de poder entre as nações De acordo com o texto:
europeias.
c) de que estados e nações deveriam necessariamente a) aparentemente, alguns engenheiros advogam a
coincidir. estocagem de itens de alta tecnologia.
d) de que as nações deveriam ser constituídas em bases b) algumas companhias não acreditam que a economia
territoriais. vai melhorar.
e) de que os estados europeus deveriam ser organizados c) certas companhias de alta tecnologia estocam
nos moldes do estado francês. trabalhadores braçais.
d) certas companhias de alta tecnologia estocam
engenheiros.
Texto para responder às questões 116 e 117. e) nem todas as companhias de alta tecnologia têm
condições de estocagem.
The price of not becoming proficient in the language of your
country is to be patronized, denied opportunities and perceived 119. Every time I paint a portrait, I lose a friend.
as a second class-citizen. John S. Sargent
De acordo com o texto:

116. De acordo com o texto: a) só pinto retratos de amigos.


b) gosto de pintar retratos de amigos.
a) o cidadão de segunda classe nunca é o patrão. c) sempre que pinto um retrato perco um amigo.
b) cada país tem os cidadãos que merece. d) os amigos são o retrato fiel da vida que levamos.
c) as oportunidades nunca são dadas àqueles que não e) os amigos vêm e vão, mas meus retratos ficam.
as percebem.
d) em alguns países todos são cidadãos de segunda 120. A standard joke in American boardrooms is that when
classe. Washington passed a bunch of environmental regulations,
e) não falar a língua de seu país é ser visto como cidadão Detroit's automakers hired 200 more lawyers but Japan
de segunda classe. hired 200 more engineers.

“Guns aren’t lawful De acordo com o texto:


Nooses give
Gas smells awful a) 200 engenheiros japoneses foram contratados por
You might as well live” Detroit.
b) 200 advogados foram contratados por Washington.
Dorothy Parker c) os fabricantes de Detroit enfrentam mais de 200
advogados.
Noose: n. loop of rope (with a running knot) that becomes tighter when d) os japoneses preferem contratar engenheiros.
the rope is pulled. e) os japoneses preferem contratar advogados.

IngEXT4 CPV
22 Inglês

121. Abstract art? A product of the untalented sold Texto para responder às questões 124 e 125.
by the unprincipled to the utterly bewildered.
Al Capp Computers now permit companies to maintain leaner inventories and
this more precise business management should eventually reduce costly
De acordo com o texto: overhead charges and increase profits.

a) A arte abstrata não tem princípios. 124. De acordo com o texto:


b) O talento é algo abstrato que não pode ser
definido. a) Os computadores permitem menores estoques.
c) A arte abstrata? Ninguém sabe do que trata. b) Os computadores custam mais do que valem.
d) A arte abstrata é produto da falta de talento. c) Os computadores muitas vezes confundem os administradores
d) Bons administradores usam computadores.
e) Só um pintor sem princípios pode “cometer”
e) Os computadores modernos não exigem muito conhecimento de
um quadro abstrato.
programação.

125. De acordo com o texto:


122. The auto slump has devasted the steel
industry, which relies heavily on shipments
a) A administração deve sempre rever seus gastos.
to Detroit.
b) O bom administrador é preciso em seus cálculos.
c) Haverá um crescimento dos lucros pela administração precisa.
De acordo com o texto:
d) Os bons lucros muitas vezes dispensam a boa administração.
e) Os maiores custos são os que vêm de cima.
a) A queda de vendas da indústria
automobilística foi notada por todos.
126. There is nothing more terrible than English music, except English
b) O efeito da indústria automobilística foi
painting. They have no sense of sound, or eye for colour, and I
pequeno.
sometimes wonder whether their sense of smell is not equally blunted
c) A guerra devastou a indústria do aço.
and dulled: I should not be surprised if they cannot even distinguish
d) A guerra devastou tanto a indústria do aço
between the smell of a ball of horse-dung and an orange.
como a automobilística.
e) A queda na indústria automobilística afetou Heinrich Heine
a indústria do aço.
De acordo com o texto:

a) Pior que a música inglesa, só mesmo a pintura.


123. There is no evidence that Queen Elizabeth I had
b) Os ingleses já fizeram coisas terríveis, mas nada supera o mal
much taste for painting, but she loved pictures
que fizeram às artes.
of herself.
c) O inglês é um ser infeliz: não tem bom ouvido, não percebe as
Horace Walpole
cores e, além do mais, fede que nem um cavalo.
d) É difícil dizer qual a pior: se a música, a pintura, ou a comida
De acordo com o texto, a Rainha Elizabeth I:
inglesa.
e) Os alemães é que são bons cheiradores: conseguem distinguir
a) adorava pinturas que a colocassem em
com perfeição o esterco de um cavalo do cheiro de uma laranja.
evidência.
b) adorava pintura.
127. Many executives are convinced that early-morning meetings save time
c) adorava pintores.
and money.
d) detestava seus retratos.
e) adorava seus retratos.
De acordo com o texto:

a) Muitos executivos são convencidos.


b) Muitos executivos gostam de gastar dinheiro.
c) Executivos raramente marcam reuniões muito cedo na manhã.
d) Muitos executivos estão convencidos da conveniência de encontros
matinais.
e) Tempo e dinheiro são as palavras de ordem do bom executivo.

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Inglês 23

128. Oats n.s. A grain, which in England is generally given 132. Vegetarianism is harmless enough, though it is apt to fill a man
to horses, but in Scotland supports the people. with wind and self-righteousness.
Samuel Johnson
De acordo com o texto: Sir Robert Hutchison – Ex-President of the Royal
College of Physicians
a) Os ingleses adoram os cavalos, os escoceses De acordo com o texto, o vegetarianismo:
comem-nos.
b) Os escoceses não suportam os ingleses. a) pode ter consequências sérias para a saúde de um homem.
c) A Inglaterra tem suportado os escoceses com uma b) pode levar uma pessoa à cegueira.
paciência equina. c) pode causar distúrbios intestinais e estrabismo.
d) Na Inglaterra, a aveia dá-se aos cavalos; na Escócia, d) enche a pessoa de venenos que o organismo não pode
ao povo. processar.
e) Existe um pouco de verdade na afirmação de que e) não traz maiores males do que o meteorismo e a presunção.
o inglês nada mais é do que um escocês muito
degenerado. 133. Like a consumer who uses his credit card too often, many U.S.
coorporations now find themselves over their heads in debt.
129. As the father of the atom bomb, Openheimer enjoyed a De acordo com o texto:
postwar eminence equaled perhaps by only one other a) Companhias americanas estão excessivamente endividadas.
scientist, Einstein himself. b) Ao contrário do consumidor americano, as companhias
De acordo com o texto: não estão tão endividadas.
c) Muitos consumidores se entusiasmam com o crédito fácil
a) Como bom pai, ele admirava seu filho Einstein. oferecido pelas companhias de crédito.
b) Como bom pai, Einstein admirava seu filho d) Poucas são as companhias que resistem a um oferecimento
Openheimer. de crédito fácil.
c) Openheimer era a eminência parda de Einstein. e) O cartão de crédito foi uma maneira das companhias
d) Como pai da bomba atômica, Einstein era mais aumentarem suas vendas ao consumidor americano.
admirado que Openheimer.
e) Tanto Einstein quanto Openheimer eram admirados. 134. Coffee is not as necessary to ministers of the reformed faith as
to Catholic priests. The latter are not allowed to marry, and
130. I once ate a pea. coffee is said to induce chastity.
George Brummell
Charlotte-Elisabeth, Duchesse d’Orléans
De acordo com o texto, o autor admite ter, uma vez na De acordo com o texto:
vida: a) O café é um santo remédio para qualquer crise-d'alma.
a) ingerido uma ervilha. b) Segundo os clérigos que conhecem o assunto, não é
b) comido um pacote. necessário ministrar o café muito quente ao paciente em
c) mordido uma foca. estado febril.
d) amestrado uma pulga. c) É inverídico o que andam espalhando alguns clérigos, de
e) beijado uma porca. que o café produza a esterilidade.
d) O café é mais necessário aos clérigos católicos do que aos
131. Such heavy dependence on foreign markets can be protestantes, visto induzir à castidade.
dangerous, given the protectionist mood of many e) Os clérigos, tanto católicos como protestantes, recomendam
countries. a todo jovem muito café para refrear-lhe a paixão.
De acordo com o texto:
135. Many observers believe the next big coorporate failure will be
a) Os países devem se proteger contra a concorrência a comercial airline.
externa. De acordo com o texto:
b) A dependência em mercados externos é menos
perigosa que a dependência interna. a) As linhas comerciais aéreas estão ganhando cada vez mais
c) O protecionismo é o maior perigo que correm os dinheiro.
países do terceiro mundo. b) As grandes companhias sempre usam de transporte aéreo.
d) Há um perigo na dependência de mercados externos, c) As linhas comerciais pertencem a grandes companhias.
dada a tendência protecionista de muitos países. d) Muitos observadores acham que a próxima companhia a
e) Se muitos países se tornarem protecionistas, cessará quebrar vai ser uma linha aérea.
o comércio externo. e) Poucos acreditam que uma transportadora aérea de porte
possa quebrar.

IngEXT4 CPV
24 Inglês

136. (Unicamp-SP/2011) GABARITO


01. D 02. C 03. C 04. B 05. C 06. A 07. A
I 08. D 09. A 10. B 11. C 12. A 13. D 14. A
15. D 16. A 17. E 18. B 19. B 20. E 21. C
22. D 23. D 24. C 25. C 26. A 27. B 28. A
29. C 30. B 31. E
32. a) must b) may
33. E 34. D 35. C 36. C 37. C 38. A 39. B
40. C 41. C 42. D 43. D 44. D 45. A
46. a) Why did you have to leave so early?
b) Couldn't you stay longer?
47. a) Will you have to stay there?
b) Will you be able to do it alone?
48. a) is / go b) sent c) was / will go / have
d) offers e) set / are making / Don´t / drive f) are
49. C 50. B 51. D 52. D 53. A 54. E 55. A
56. C 57. E 58. D 59. C 60. A 61. E 62. C
(http://www.allposters.com/-sp/ 63. B 64. A 65. B 66. E 67. A 68. D 69. C
Teenagers-Posters_i1657530_htm.) 70. B 71. A 72. C 73. E 74. B 75. D 76. E
77. B 78. A 79. C 80. C 81. A 82. D 83. B
84. E 85. A 86. B 87. C 88. B 89. D 90. C
II
91. D 92. A 93. A 94. E 95. C
96. A mãe quer mostrar ao filho que o verbo put foi conjugado de forma errada. A entonação usada
pela mãe no pronome I não foi clara o suficiente para que o filho percebesse que este referia-se
a ele mesmo e não a ela. Em decorrência disto, o filho tenta deixar claro que a ação foi feita por
ele, sem interferência de outra pessoa. Isto ocorre pelo uso do pronome reflexivo e intensificador
“all by myself”.
97. A surpreendente verdade a respeito dos ataques de coração sofridos por mulheres é que, embora
(http://www.allposters.com/-st/Humor- sofram um número menor de ataques, ao sofrerem um ataque elas têm 70% a mais de chance de
Tin-Signs-Posters_c57900_p7_htm morrer em relação aos homens.
98. De acordo com o especialista, as mulheres tendem a sofrer seus primeiros ataques cardíacos em
idade mais avançada que os homens, devido à proteção hormonal que elas têm até a menopausa.
a) Cite os conselhos irônicos 99. O poema justifica que se o problema fosse dele (do eu lírico), não seria do interlocutor. O que
que o primeiro pôster dá aos confirma a intenção do eu lírico explicitada no final do poema que diz que o interlocutor deve
ter algo que seja dele próprio.
adolescentes que se sentem 100. a) O tema discutido no artigo é a questão de alimentos modificados geneticamente.
incomodados pelos pais. b) A autora constrói seu argumento com base na hipótese de que os alimentos geneticamente
b) Explique as duas leituras desenvolvidos e enriquecidos podem salvar muitas pessoas que passam fome pelo mundo inteiro.
possíveis do segundo pôster. 101. Edward Robb não vê a utilização de alimentos modificados geneticamente como solução eficaz
para os problemas mundiais referentes à fome. Segundo ele, o planejamento familiar seria mais
eficiente e elevaria o padrão de vida.
102. O texto coloca que a preferência por comidas condimentadas se dá devido à proteção contra as
137. Although many people believe that bactérias que apodrecem alimentos e têm mais facilidade de prosperar em climas mais quentes.
the U.S. is fast becoming a cashless 103. Segundo Sherman, as vantagens eram as de aumentar a longevidade e a capacidade reprodutiva.
104. Cathy procurava manter suas mentiras próximas da realidade e até contava verdades como se
society, it is actually awash in a glut fossem mentiras para se proteger.
of paper money. 105. Suas estratégias eram boas devido ao fato de se preservar contando verdades como se fossem
mentiras, assim, se ela fosse questionada e a mentira fosse vista como verdade, ela teria um meio
De acordo com o texto: de assegurar algumas inverdades por um período de tempo.
106. As tatuagens feitas pela marca do bronzeamento.
107. A primeira forma sugerida é de deixar o sol passar por formas recortadas no traje de banho. A
a) Todos acreditam que não há segunda forma seria a de colocar um adesivo na pele, deixando a marca da tatuagem branca.
dinheiro nos Estados Unidos. 108. C 109. E 110. B 111. D 112. A 113. B
b) Poucos acreditam que não há 114. D 115. C 116. E 117. B 118. D 119. C
120. D 121. D 122. E 123. E 124. A 125. C
dinheiro nos Estados Unidos. 126. A 127. D 128. D 129. E 130. A 131. D
c) Existe um excesso de papel 132. E 133. A 134. D 135. D
moeda nos Estados Unidos. 136. a) O primeiro pôster aconselha que os adolescentes, que acham que sabem tudo e que se sentem
d) Existe uma falta de papel moeda atormentados por seus pais, saiam de casa, arrumem um emprego e paguem suas próprias
contas.
nos Estados Unidos. b) 1a interpretação: “Comprei uma nova prancha de surfe para minha esposa – melhor negócio
e) São, de fato, poucas as estatísticas que já fiz.” 2a interpretação: Troquei minha esposa por uma prancha de surfe nova – melhor
referente à quantidade de negócio que já fiz.”
dinheiro nos Estados Unidos. A dupla interpretação é possível devido ao fato de que o termo “trade” pode significar
“negócio” ou “troca”, e “for” pode ser traduzido como “para” ou “por”.
137. C

CPV IngEXT4

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