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Universidade do Minho

Escola de Engenharia
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

Mecânica Computacional:
Transferências de Calor

Trabalho Prático Final

Alexandre Gonçalves, 86103


Ana Carolina Costa, 54897
Ana Carolina Pereira, 84267
Marco Magalhães, 52142
Mariana Souto, 83293
Marisa Silva, 80431

Guimarães, 17/06/2020
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Resumo

O presente relatório, desenvolvido no âmbito da Unidade Curricular de Mecânica


Computacional, apresenta o estudo da dissipação de calor ao longo de uma alheta de secção
circular constante usando a técnica dos volumes finitos, no regime transiente, encontrando-se
dividido em quatro capítulos.
No primeiro capítulo é feita uma introdução ao trabalho realizado, onde são abordados os
princípios físicos das equações matemáticas fundamentais e os passos a seguir na resolução das
equações diferenciais segundo o método dos volumes finitos.
No segundo capítulo, é analisado o problema em questão, que consiste numa alheta de
secção circular constante (com diâmetro d), cuja condutibilidade térmica (k) varia com a
temperatura segundo uma função quadrática, e que perde calor por convecção (com um
coeficiente de transferência de calor por convecção de h) ao longo do seu comprimento (L). A
alheta encontra-se, no instante inicial, à temperatura ambiente (𝑇! ), sofrendo variações de
temperatura com a variação da temperatura na base (TB). A temperatura na base varia
sinusoidalmente com o tempo, tendo o seu valor inicial sido definido como igual à temperatura
ambiente. Para começar a analisar o problema, definiu-se o material da alheta como cobre puro
e foi construída a função k=f(T) com base nos valores de condutibilidade do cobre puro para
diferentes temperaturas. Construiu-se também a função TB =f(t), arbitrando valores para a
amplitude da função sinusoidal e o seu período e estudando a sua influência no comportamento
da temperatura da base.
No capítulo seguinte são deduzidas as expressões que serão usadas para calcular as
temperaturas ao longo da alheta. Divide-se a alheta em 5 elementos e, usando o método dos
volumes finitos, são obtidas as expressões que permitem calcular a temperatura em cada nó. A
discretização das equações foi realizada pelo método implícito, em que θ = 1. Conhecidas as
equações, passou-se para a análise do problema numa folha Excel, onde se estabeleceram os
inputs e se calculou, a partir destes, a temperatura em cada nó ao longo de 600s. Verificou-se que
a temperatura em cada nó evoluía sinusoidalmente, acompanhando a variação sinusoidal da
temperatura na base, sendo que a amplitude da variação diminui ao longo do comprimento da
alheta.
No último capítulo trata-se a elaboração do código em Matlab que permite calcular as
temperaturas dos nós ao longo do tempo. Como o grupo sentiu dificuldade na aplicação do
método dos volumes finitos no Matlab, decidiu-se utilizar o método das diferenças finitas. Assim,
foram deduzidas as expressões a usar no código e elaborou-se um fluxograma que descreve o
funcionamento do programa. Com base nesse fluxograma, o grupo elaborou o código, definindo
os inputs e todas as variáveis relevantes para o cálculo das temperaturas nos nós ao longo do
tempo.
Com a elaboração deste trabalho, foi possível consolidar os conhecimentos adquiridos
não só na unidade curricular de Mecânica Computacional, mas também nas unidades de
Transferências de Calor e Métodos Numéricos. O grupo enfrentou algumas dificuldades na
interpretação de alguns aspetos do enunciado e na elaboração do código no Matlab, mas estas
acabaram por ser ultrapassadas.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Índice

Resumo ............................................................................................................................ i
1. Introdução ................................................................................................................ 1
2. Análise do Problema ................................................................................................. 2
3. Método dos Volumes Finitos para Transferências de Calor a 1D em Estado Transiente
4. Programação .......................................................................................................... 10

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1. Introdução

O presente relatório, desenvolvido no âmbito do módulo de Transferências de Calor da Unidade


Curricular de Mecânica Computacional, visa aplicar o método dos volumes finitos ao estudo da
dissipação de calor ao longo de uma alheta de secção circular, no regime transiente, uma vez que, pelo
menos uma variável do processo encontra-se em mudança, não tendo o sistema atingido o estado
estacionário.
Este módulo, constitui uma abordagem no desenvolvimento da dinâmica de fluidos na medida
em que relaciona a parte completamente teórica com a parte completamente prática, ajudando a
interpretar e perceber os dados obtidos.
Os métodos de dinâmica de fluidos são baseados em fundamentos que governam a dinâmica
dos mesmos, sendo estas as equações de continuidade, momento e energia. As equações matemáticas
fundamentais partem de três princípios físicos:
• A massa é conservada;
• Segunda lei de Newton (a força resultante é igual ao produto da massa do corpo com a sua
aceleração);
• A energia é conservada.
Soluções analíticas das equações de Navier-Stokes (equações diferenciais que descrevem o
escoamento de fluidos) têm sido desenvolvidas apenas para geometrias simples e fluxos em condições
ideais. Por esta razão, o uso de métodos numéricos, como o método dos volumes finitos, para resolução
de fluxos reais em geometrias complexas tornou-se essencial.
Neste trabalho, foi utilizado o método dos volumes finitos para solucionar o exercício proposto.
O ponto de partida do método referido é, como o nome indica, a decomposição do domínio em
pequenos volumes de controlo, onde se colocam os nós, sendo que nestes são guardadas as variáveis
a serem resolvidas. Nesta técnica de resolução das equações diferenciais, faz-se a integração destas no
volume “finito” de controlo, seguindo os seguintes passos:
1. Decompor o domínio num número arbitrário de volumes de controlo;
2. Formular as equações integrais de conservação para cada volume de controlo;
3. Aproximar numericamente os integrais;
4. Aproximar os valores das variáveis nas faces e as derivadas com a informação das variáveis
nodais;
5. Montar e resolver o sistema algébrico obtido.

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2. Análise do Problema

Na figura 1, apresenta-se uma esquematização da alheta que se pretende estudar. Trata-se de


uma alheta de secção circular (com diâmetro d), cuja condutibilidade térmica (k) varia com a
temperatura, e que perde calor por convecção (com um coeficiente de convecção h) ao longo do seu
comprimento (L). Para o material da alheta, selecionou-se o cobre puro.

𝑇!

𝑇"

Figura 1: Esquematização da alheta em estudo.

Importa ressalvar que os valores de L, d, 𝑇! e h serão, variáveis de entrada no programa, sendo


que poderão ser alterados consoante o pretendido.
Inicialmente, a alheta encontra-se à temperatura ambiente (𝑇! ) sendo que, sofrerá alterações
com a variação da temperatura da base (𝑇" ). Por sua vez, a temperatura da base, é dada pela função
apresentada na equação (1).
𝑡
𝑇" = 𝑇"!"!#!$% + 𝐴 ∙ sin +2𝜋 0 (1)
𝑃

Optou-se por se tomar o valor da temperatura ambiente para a temperatura inicial da base
(𝑇"!"!#!$% ), por forma a reduzir o número de variáveis. De modo a estudar o efeito dos diferentes
parâmetros da função (temperatura ambiente - 𝑇! , período - P e amplitude - A) no comportamento da
temperatura da base, foram elaborados gráficos (representados nas figuras 2 a 4), com diferentes
valores dos referidos parâmetros.

TB (ºC)
𝑇! = 20º𝐶
𝑇! = 50º𝐶
𝑇! = 80º𝐶

t (s)

Figura 2: Influência da temperatura ambiente na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para o
período e para a amplitude (60 e 100, respetivamente).

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TB (ºC)

𝐴 = 50
𝐴 = 100
t (s) 𝐴 = 150

Figura 3: Influência da amplitude na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para o período e
para a temperatura ambiente (60 e 20, respetivamente).

TB (ºC)

𝑃 = 30

t (s) 𝑃 = 60
𝑃 = 90

Figura 4: Influência do período na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para a amplitude e
para a temperatura ambiente (10 e 20, respetivamente).

Uma vez avaliada a influência dos diferentes parâmetros na variação da temperatura da base,
definiu-se para a amplitude (A) um valor de 10 e, para o período (P), tomou-se o valor de 60.
Substituindo estes valores na equação (1), obtém-se a função programada para reger a temperatura da
base (equação (2)).
𝑡
𝑇" = 𝑇! + 100 ∙ sin +2𝜋 0 (2)
60

Uma vez que a temperatura ambiente é um parâmetro de entrada cujo valor pode ser alterado a
qualquer momento, este não foi definido na equação (2).

Uma vez definida a função regente da temperatura da base da alheta, elaborou-se a função que
traduz o comportamento da condutibilidade do cobre escolhido. Para tal, recorreu-se às tabelas de
transferências de calor de onde se retiraram os valores da condutibilidade do referido material para
diferentes temperaturas (tabela 1).

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Tabela 1: Valores da condutibilidade térmica do cobre puro para diferentes valores de temperatura.

T (K) k (W/mK)
100 482
200 413
400 393
600 379
800 366
1000 352
1200 339

Partindo da tabela 1, obteve-se a função que relaciona a condutibilidade da alheta com a sua
temperatura (figura 5).

Variação da condutividade térmica do cobre puro


600

500

400
k (W/m².K)

300 k = 0.0002T2 - 0.3125T + 489.71

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (K)

Figura 5: Gráfico da variação da condutibilidade térmica (k) do cobre puro com a temperatura (T).

3. Método dos Volumes Finitos para Transferências de Calor a 1D em


Estado Transiente

O problema em estudo é, como referido anteriormente, um problema que decorre no regime


transiente. Este regime é caraterizado pela variação da temperatura do corpo ao longo do tempo. Desta
forma, e considerando-se a transferência de calor unidirecional (ao longo do comprimento da alheta),
a temperatura em cada ponto da alheta será uma função de duas variáveis: T=f (x,t).
O método dos volumes finitos é um método que permite a discretização das equações de
balanço de massa e energia que regem um processo físico (neste caso, de transferência de calor),
partindo da divisão do corpo em estudo num número finito de volumes de controlo. De uma forma
geral as equações de balanço de massa e energia podem ser escritas da seguinte forma:

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑎çã𝑜


4 @−4 @=4 @
𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎/ 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎/ 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎/ 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎

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Os mecanismos de transferências de calor envolvidos na alheta em estudo são: condução ao


longo do seu comprimento (transferência unidirecional) e convecção ao longo do seu diâmetro. Posto
isto, para cada volume de controlo pode escrever-se a equação de balanço de energia consoante se
apresenta da equação (3).
𝑑𝑇 (3)
𝑄̇#$ %&'() − 𝑄̇#$ *)+ − 𝑄̇#, *)+ = 𝑚 ∙ 𝑐- ∙
𝑑𝑡

Onde os dois primeiros termos correspondem ao calor que entra e sai por condução,
respetivamente; 𝑄̇#, *)+ corresponde ao calor dissipado por convecção e, o termo representado do lado
direito da equação corresponde à taxa de acumulação de energia.
Para simplificar a análise, considera-se uma relação do comprimento pelo diâmetro da alheta
muito elevada, de forma a que o calor perdido por convecção na extremidade da alheta seja
desprezável.
A fórmula das taxas de transferência de calor por condução e por convecção, encontram-se
representadas nas equações (4) e (5), respetivamente.
Δ𝑇 (4)
𝑄̇#$ = 𝑘 ∙ 𝐴 ∙
Δ𝑥

(5)
𝑄̇#, = ℎ ∙ 𝐴. ∙ Δ𝑇

Sendo que para o caso em estudo, A diz respeito à área da secção transversal do volume de
controlo; AS, à sua área lateral e Δ𝑥, ao seu comprimento. Desta forma, podem reescrever-se estes
parâmetros em função das variáveis de entrada definidas no enunciado, da seguinte forma:
𝐿
Δ𝑥 = (6)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠

𝜋 /
𝐴= ∙𝑑 (7)
4

𝐴* = 𝜋 ∙ 𝑑 ∙ Δ𝑥 (8)

h é o coeficiente de transferência de calor por convecção, e k é a condutividade térmica do


material.
Para o cálculo através do método dos volumes finitos, a alheta foi dividida em 5 elementos
igualmente espaçados ao longo do eixo x, como se pode verificar na figura 6.

Figura 6: Esquematização dos cinco elementos segundo os quais foi dividida a alheta.

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Através da equação (3) é possível obter uma equação que contém todos os parâmetros de
entrada e de saída onde a sigla E representa o ponto do lado este em relação ao ponto central P, e a
sigla W que representa o ponto a oeste do ponto central. Como se observa na figura 6, é possível
discretizar as equações necessárias à resolução do problema para os diferentes nós. Note-se que, os
nós intermédios partilham a mesma equação, sendo estabelecidas outras equações para os nós nas
extremidades.
Desta forma, para o nó 1:

𝑚𝐶- 𝑘% 𝐴 2𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 1 − 𝑇0 2 T = ∙ S𝑇3 − 𝑇0 1 T − ∙ S𝑇0 1 − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (9)
𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Considerando o primeiro nó onde, Ts = 𝑇0 1 , 𝑇5 = 𝑇" , 𝑇3 = 𝑇0 2 , obtém-se a equação (10)


que determina a temperatura no primeiro nó.

6#& 8' 9 /8( 9


V + W ∙ 𝑇0 2 + V W ∙ 𝑇" + (ℎ𝐴. ) ∙ 𝑇!
1
𝑇0 = 7' 7: 7: (10)
6#& 8' 9 /8( 9
7'
+ 7:
+ 7:
+ ℎ𝐴.

Para os nós 2, 3 e 4:

𝑚𝐶- 𝑘% 𝐴 𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 + − 𝑇0 2 T = ∙ S𝑇3 − 𝑇0 + T − ∙ S𝑇0 + − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (11)
𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Considera-se Ts = 𝑇0 + , 𝑇3 = 𝑇0 2 , 𝑇5 = 𝑇0 +;1 , e desta forma obtém a equação discretizada


(12) para os pontos interiores.

6#& 8' 9 8 9
V 7'
+ 7:
W ∙ 𝑇0 2 + V 7:
(
W ∙ 𝑇0 +;1 + (ℎ𝐴. ) ∙ 𝑇! (12)
𝑇0 + = 6#& 8' 9 8( 9
7'
+ 7:
+ 7:
+ ℎ𝐴.

Por último, no nó 5, considera-se que não existe termo fonte na fronteira este, ou seja, 𝐷3 = 0:

𝑚𝐶- 𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 < − 𝑇0 2 T = − ∙ S𝑇0 < − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (13)
𝑑𝑡 𝑑𝑥

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Considere-se 𝑇. = 𝑇0 < , 𝑇5 = 𝑇0 = , e obtém-se a equação discretizada (14) para o último nó.


6#& 8 9
V 7'
W ∙ 𝑇0 2 + V 7:
(
W ∙ 𝑇0 = + (ℎ𝐴. ) ∙ 𝑇! (14)
<
𝑇0 = 6#& 8( 9
7'
+ 7:
+ ℎ𝐴.

De salientar que os valores de kw e ke vão variar ao longo do tempo e da posição na alheta.


Apesar de se tratar de uma função pouco forte da temperatura, foi aplicada a função quadrática obtida
no gráfico da figura 5 de modo a cumprir com a especificação do enunciado do trabalho. Desta forma,
em cada nó, calculou-se o valor de ke (15) em função da temperatura do nó da fronteira este no instante
anterior, e calculou-se kw (16) em função da temperatura do nó da fronteira oeste no mesmo instante.
/
𝑘% = 2 ∙ 10;= 𝑇%2 + 0.312𝑇%2 + 489 (15)

𝑘4 = 2 ∙ 10;= 𝑇4 / + 0.312𝑇4 + 489 (16)

A discretização das equações foi realizada pelo método implícito, em que θ = 1, isto é, no
instante t a temperatura do volume de controlo muda bruscamente de T0 para T1, permanecendo até o
instante t + Δt.

Conhecidas as equações, é possível realizar a análise do problema em estudo através de uma


folha Excel, onde a partir de determinados valores de entrada (Tabela 2), se calcularam as temperaturas
em cada nó ao longo de 600 s (10 min).
Tabela 2: Parâmetros de entrada para o cálculo das temperaturas.

Inputs
Diâmetro, d (m) 0.01
Coeficiente de transferência de calor por convecção, h [W/m².K] 20
Temperatura superficial da alheta, Ts [K] 303
Temperatura ambiente, T∞ [K] 303
Temperatura base da alheta, Tb [K] T∞ + A*sin(2πt/P)
Amplitude da função sinusoidal, A [K] 200
Condutividade térmica do material, k [W/m³.K] 2E-04T² + 0.31T + 489
Densidade do material, ρ [kg/m³] 8933
Calor específico, Cp [J/kg.K] 385
Período, P [s-1] 60
Número de pontos 5

Parâmetros obtidos em função dos Inputs


Comprimento, L [m] = 15d 0.15
Área da secção transversal, A [m²] 7.85398E-05
Área de superfície, As [m²] 0.003141593
Volume, V [m³] 7.85398E-06
Massa, m [kg] 0.070159618
Intervalo de tempo, Δt [s] 1
Espaçamento entre pontos, Δx [m] 0.02

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Na figura 7 está representada a variação da temperatura em cada nó ao longo do tempo.

T = f(t)
600

Temperatura (K) 500

400

300

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (s)

Tb T1 T2 T3 T4 T5

Figura 7: Variação da temperatura em cada nó ao longo do tempo

Evidentemente, verifica-se o acompanhamento da variação sinusoidal da base da alheta, por


parte da temperatura em cada nó da alheta. Contudo, a amplitude dessa variação diminui com o
aumento da distância à base da alheta.
Devido à temperatura ao longo da alheta variar entre determinados intervalos, determinou-se o
valor da temperatura média em cada nó, de modo a poder compreender melhor a influência do
comportamento da temperatura da base. Na figura 8 está representado o gráfico dessa variação.

Tmédia = f(x)
322
320
318
316
Temperatura (K)

314
312
310
308
306
304
302
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Cimprimento (m)

Figura 8: Variação da temperatura média ao longo do comprimento da alheta

Verifica-se que a temperatura em cada nó aumenta, em média, entre 10 e 15 K relativamente à


temperatura inicial. De referir que a temperatura média é proporcional à amplitude da função
sinusoidal da temperatura de base, a constante A da equação (2), como se verifica na figura 9.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Tmédia = f(x)
309

308
Temperatura (K)
307

306

305

304

303
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Cimprimento (m)

Figura 9: Variação da temperatura média ao longo do comprimento da alheta para A = 100

Para um valor igual a 100 da constante A, a temperatura média em cada nó aumentou, em


média, entre 4 a 5 K, o que significa que diminui em relação à análise com uma amplitude igual a
200.
Realizou-se outra análise relativa à influência do parâmetro P (período) da equação (2) na
variação da temperatura média ao longo da alheta. Os valores de P estudados são divisores inteiros do
tempo total da análise, 600 segundos, de forma a obter ciclos completos da variação da temperatura da
base. O resultado da análise está ilustrado no gráfico da figura 10.

T = f(x)
328
326
324 60
Temperatura (K)

322
75
320
100
318
120
316
150
314
312 200

310 300
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Comprimento (m)

Figura 10: Variação da temperatura média ao longo do comprimento da alheta em função do período

Como se pode confirmar, à medida que se aumenta o valor de P, a curva da temperatura média
tende a aumentar a inclinação, fazendo aumentar a temperatura média no nó mais afastado da base da
alheta e diminuí-la no nó mais próximo dela. A diferença entre extremos é mais acentuada.

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4. Programação

Após várias tentativas, sem sucesso, de aplicar o modelo dos volumes finitos no Matlab, o
grupo decidiu resolver o problema proposto utilizando o método das diferenças finitas.
Considerando a equação (3) apresentada na secção 3 do presente relatório, é possível escrever
a seguinte equação, onde Ti representa a temperatura no nó i:

𝑑𝑇 𝑘 𝜕 / 𝑇 ℎ ∙ 𝐴𝑠 (17)
= ∙ − ∙ (𝑇+ − 𝑇! )
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 𝜕𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝

Sendo assim, segundo a expressão (17), podem ser obtidas as expressões (18), (19) e (20), que
representam a variação da temperatura em cada intervalo de tempo para o primeiro nó, os nós interiores
e o último nó, respetivamente. De notar que TB é a temperatura na base da alheta, T2 é a temperatura
no segundo nó, T1 é a temperatura no primeiro nó, Ti+1 é a temperatura no nó seguinte e Ti-1 é a
temperatura no nó anterior.
𝑑𝑇 𝑘 𝑇/ − 𝑇1 𝑇1 − 𝑇" ℎ ∙ 𝐴𝑠 (18)
= ∙( /
− /
)− ∙ (𝑇1 − 𝑇! )
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 ∆𝑥 𝜌 ∙ 𝐶𝑝

𝑑𝑇 𝑘 𝑇+>1 − 𝑇+ 𝑇+ − 𝑇+;1 ℎ ∙ 𝐴𝑠
= ∙( − ) − ∙ (𝑇+ − 𝑇! ) (19)
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 / ∆𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝

𝑑𝑇 𝑘 𝑇+ − 𝑇+;1 ℎ ∙ 𝐴𝑠
= ∙ (− ) − ∙ (𝑇+ − 𝑇! ) (20)
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝

Uma vez definidas todas as equações que regem o problema de transferências de calor em
estudo, passou-se à programação em Matlab das mesmas. Na figura 11, encontra-se o fluxograma com
o funcionamento do programa elaborado.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Figura 11: Fluxograma com o funcionamento do programa elaborado.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Com base no fluxograma da figura 11, foi elaborado o código. Começou-se por definir os inputs
e parâmetros iniciais, contidos na figura 12. De notar que a descrição das variáveis se encontra à frente
de cada variável após o “%”.

Figura x – Inputs e dados de Figura


entrada12:do
Inputs e dados
código de entrada do código Matlab.
Matlab.

Depois, a partir desses dados de entrada, foram calculados os dados da figura 13.

Figura 13: Parâmetros calculados em função dos dados de entrada.

Foram
Foram também definidas as constantes da função quadrática k=f(T), presentes na figura 14.

Figura 14: Constantes a,b e c para definição da função quadrática k=f(T).

Seguiu-se a definição dos vetores das distâncias entre nós, da temperatura inicial em cada nó,
da temperatura inicial da base da alheta e do tempo de simulação. O vetor dTdt, que representa a
variação da temperatura em cada nó por intervalo de tempo também foi definido, sendo considerado
nulo no instante inicial. Estes parâmetros estão presentes na figura 15.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Figura 15: Vetores de distâncias entre os nós (p), da temperatura inicial (T), da temperatura na base (Tb),
da variação da temperatura (dTdt), da temperatura dos nós num intervalo de tempo (Tnew) e do tempo de
simulação (t) e constantes alpha e c para o cálculo das temperaturas.

Procedeu-se depois à introdução das equações para o cálculo das temperaturas nos nós em cada
intervalo de tempo (figura 16), segundo as expressões (18), (19) e (20). Para este cálculo, considerou-
se um ciclo que se repetia a cada intervalo de tempo (dt), até ao intervalo de tempo final. Neste ciclo,
começava-se com o cálculo da temperatura na base da alheta (Tb), assim como da condutibilidade da
base (kb) e do resto da alheta (k). De seguida, inicia-se outro ciclo para o cálculo da variação da
temperatura nos nós interiores. Tem-se depois o cálculo da variação da temperatura no primeiro nó e
no último nó.
No final do ciclo, a variação da temperatura calculada é somada ao vetor T, que será a
temperatura inicial do ciclo seguinte.

Figura 16: Porção do código correspondente ao cálculo das temperaturas dos nós em cada intervalo de tempo.

Nas figuras 17 e 18 apresentam-se os gráficos com os resultados obtidos no programa


elaborado em Matlab, utilizando os mesmos valores de entrada que se utilizaram na resolução em
Excel (ver tabela 2), com a exceção da amplitude da função da temperatura da base que, para este caso,
foi considerado um valor de 100.

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Figura 17: Gráfico obtido em Matlab para a variação da temperatura dos nós ao longo do tempo.

Figura 18: Gráfico obtido em Matlab para a variação da temperatura ao longo do comprimento da alheta.

Verifica-se que, relativamente ao estudo realizado na discretização por volumes finitos na folha Excel,
a variação da temperatura em cada nó é semelhante, no entanto, os valores médios diferem um bocado.

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Conclusões

Com a elaboração do estudo da dissipação de calor ao longo de uma alheta de secção circular
constante, no regime transiente, foi possível concluir a influência de diferentes parâmetros,
nomeadamente, o comprimento e o diâmetro da alheta, o coeficiente de convecção de calor do ar, e a
temperatura ambiente, no comportamento que esta apresenta na dissipação de calor de uma base cuja
temperatura varia sinusoidalmente. Concluiu-se ainda que, os resultados obtidos no Excel e no Matlab
para a temperatura em cada ponto da alheta, em função da temperatura da base, foram diferentes. Tal
encontra-se provavelmente associado ao facto de no Excel, se ter realizado uma discretização baseada
no método dos volumes finitos e, no Matlab, a discretização das equações se basear no método das
diferenças finitas.
Com este trabalho, o grupo conseguiu alargar as competências do estudo de transferências de
calor, tendo sido resolvido um problema de uma índole prática de elevado grau de complexidade e
com menos simplificações (como por exemplo considerar o k constante) que tornam a análise mais
próxima do processo real, enriquecendo os resultados.

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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional

Bibliografia

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Universidade do Minho, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Mecânica.
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