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MC TrabalhoE
MC TrabalhoE
Escola de Engenharia
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
Mecânica Computacional:
Transferências de Calor
Guimarães, 17/06/2020
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
Resumo
i
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
ii
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
Índice
Resumo ............................................................................................................................ i
1. Introdução ................................................................................................................ 1
2. Análise do Problema ................................................................................................. 2
3. Método dos Volumes Finitos para Transferências de Calor a 1D em Estado Transiente
4. Programação .......................................................................................................... 10
iii
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
1. Introdução
1
M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
2. Análise do Problema
𝑇!
𝑇"
Optou-se por se tomar o valor da temperatura ambiente para a temperatura inicial da base
(𝑇"!"!#!$% ), por forma a reduzir o número de variáveis. De modo a estudar o efeito dos diferentes
parâmetros da função (temperatura ambiente - 𝑇! , período - P e amplitude - A) no comportamento da
temperatura da base, foram elaborados gráficos (representados nas figuras 2 a 4), com diferentes
valores dos referidos parâmetros.
TB (ºC)
𝑇! = 20º𝐶
𝑇! = 50º𝐶
𝑇! = 80º𝐶
t (s)
Figura 2: Influência da temperatura ambiente na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para o
período e para a amplitude (60 e 100, respetivamente).
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TB (ºC)
𝐴 = 50
𝐴 = 100
t (s) 𝐴 = 150
Figura 3: Influência da amplitude na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para o período e
para a temperatura ambiente (60 e 20, respetivamente).
TB (ºC)
𝑃 = 30
t (s) 𝑃 = 60
𝑃 = 90
Figura 4: Influência do período na variação da temperatura da base da alheta, com valores fixos para a amplitude e
para a temperatura ambiente (10 e 20, respetivamente).
Uma vez avaliada a influência dos diferentes parâmetros na variação da temperatura da base,
definiu-se para a amplitude (A) um valor de 10 e, para o período (P), tomou-se o valor de 60.
Substituindo estes valores na equação (1), obtém-se a função programada para reger a temperatura da
base (equação (2)).
𝑡
𝑇" = 𝑇! + 100 ∙ sin +2𝜋 0 (2)
60
Uma vez que a temperatura ambiente é um parâmetro de entrada cujo valor pode ser alterado a
qualquer momento, este não foi definido na equação (2).
Uma vez definida a função regente da temperatura da base da alheta, elaborou-se a função que
traduz o comportamento da condutibilidade do cobre escolhido. Para tal, recorreu-se às tabelas de
transferências de calor de onde se retiraram os valores da condutibilidade do referido material para
diferentes temperaturas (tabela 1).
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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
Tabela 1: Valores da condutibilidade térmica do cobre puro para diferentes valores de temperatura.
T (K) k (W/mK)
100 482
200 413
400 393
600 379
800 366
1000 352
1200 339
Partindo da tabela 1, obteve-se a função que relaciona a condutibilidade da alheta com a sua
temperatura (figura 5).
500
400
k (W/m².K)
200
100
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura (K)
Figura 5: Gráfico da variação da condutibilidade térmica (k) do cobre puro com a temperatura (T).
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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
Onde os dois primeiros termos correspondem ao calor que entra e sai por condução,
respetivamente; 𝑄̇#, *)+ corresponde ao calor dissipado por convecção e, o termo representado do lado
direito da equação corresponde à taxa de acumulação de energia.
Para simplificar a análise, considera-se uma relação do comprimento pelo diâmetro da alheta
muito elevada, de forma a que o calor perdido por convecção na extremidade da alheta seja
desprezável.
A fórmula das taxas de transferência de calor por condução e por convecção, encontram-se
representadas nas equações (4) e (5), respetivamente.
Δ𝑇 (4)
𝑄̇#$ = 𝑘 ∙ 𝐴 ∙
Δ𝑥
(5)
𝑄̇#, = ℎ ∙ 𝐴. ∙ Δ𝑇
Sendo que para o caso em estudo, A diz respeito à área da secção transversal do volume de
controlo; AS, à sua área lateral e Δ𝑥, ao seu comprimento. Desta forma, podem reescrever-se estes
parâmetros em função das variáveis de entrada definidas no enunciado, da seguinte forma:
𝐿
Δ𝑥 = (6)
𝑛º 𝑑𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒𝑠
𝜋 /
𝐴= ∙𝑑 (7)
4
𝐴* = 𝜋 ∙ 𝑑 ∙ Δ𝑥 (8)
Figura 6: Esquematização dos cinco elementos segundo os quais foi dividida a alheta.
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Através da equação (3) é possível obter uma equação que contém todos os parâmetros de
entrada e de saída onde a sigla E representa o ponto do lado este em relação ao ponto central P, e a
sigla W que representa o ponto a oeste do ponto central. Como se observa na figura 6, é possível
discretizar as equações necessárias à resolução do problema para os diferentes nós. Note-se que, os
nós intermédios partilham a mesma equação, sendo estabelecidas outras equações para os nós nas
extremidades.
Desta forma, para o nó 1:
𝑚𝐶- 𝑘% 𝐴 2𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 1 − 𝑇0 2 T = ∙ S𝑇3 − 𝑇0 1 T − ∙ S𝑇0 1 − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (9)
𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥
Para os nós 2, 3 e 4:
𝑚𝐶- 𝑘% 𝐴 𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 + − 𝑇0 2 T = ∙ S𝑇3 − 𝑇0 + T − ∙ S𝑇0 + − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (11)
𝑑𝑡 𝑑𝑥 𝑑𝑥
6#& 8' 9 8 9
V 7'
+ 7:
W ∙ 𝑇0 2 + V 7:
(
W ∙ 𝑇0 +;1 + (ℎ𝐴. ) ∙ 𝑇! (12)
𝑇0 + = 6#& 8' 9 8( 9
7'
+ 7:
+ 7:
+ ℎ𝐴.
Por último, no nó 5, considera-se que não existe termo fonte na fronteira este, ou seja, 𝐷3 = 0:
𝑚𝐶- 𝑘4 𝐴
∙ S𝑇0 < − 𝑇0 2 T = − ∙ S𝑇0 < − 𝑇5 T − ℎ𝐴. ∙ (𝑇. − 𝑇! ) (13)
𝑑𝑡 𝑑𝑥
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6#& 8 9
V 7'
W ∙ 𝑇0 2 + V 7:
(
W ∙ 𝑇0 = + (ℎ𝐴. ) ∙ 𝑇! (14)
<
𝑇0 = 6#& 8( 9
7'
+ 7:
+ ℎ𝐴.
A discretização das equações foi realizada pelo método implícito, em que θ = 1, isto é, no
instante t a temperatura do volume de controlo muda bruscamente de T0 para T1, permanecendo até o
instante t + Δt.
Inputs
Diâmetro, d (m) 0.01
Coeficiente de transferência de calor por convecção, h [W/m².K] 20
Temperatura superficial da alheta, Ts [K] 303
Temperatura ambiente, T∞ [K] 303
Temperatura base da alheta, Tb [K] T∞ + A*sin(2πt/P)
Amplitude da função sinusoidal, A [K] 200
Condutividade térmica do material, k [W/m³.K] 2E-04T² + 0.31T + 489
Densidade do material, ρ [kg/m³] 8933
Calor específico, Cp [J/kg.K] 385
Período, P [s-1] 60
Número de pontos 5
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T = f(t)
600
400
300
200
100
0
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (s)
Tb T1 T2 T3 T4 T5
Tmédia = f(x)
322
320
318
316
Temperatura (K)
314
312
310
308
306
304
302
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Cimprimento (m)
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Tmédia = f(x)
309
308
Temperatura (K)
307
306
305
304
303
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Cimprimento (m)
T = f(x)
328
326
324 60
Temperatura (K)
322
75
320
100
318
120
316
150
314
312 200
310 300
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Comprimento (m)
Figura 10: Variação da temperatura média ao longo do comprimento da alheta em função do período
Como se pode confirmar, à medida que se aumenta o valor de P, a curva da temperatura média
tende a aumentar a inclinação, fazendo aumentar a temperatura média no nó mais afastado da base da
alheta e diminuí-la no nó mais próximo dela. A diferença entre extremos é mais acentuada.
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4. Programação
Após várias tentativas, sem sucesso, de aplicar o modelo dos volumes finitos no Matlab, o
grupo decidiu resolver o problema proposto utilizando o método das diferenças finitas.
Considerando a equação (3) apresentada na secção 3 do presente relatório, é possível escrever
a seguinte equação, onde Ti representa a temperatura no nó i:
𝑑𝑇 𝑘 𝜕 / 𝑇 ℎ ∙ 𝐴𝑠 (17)
= ∙ − ∙ (𝑇+ − 𝑇! )
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 𝜕𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝
Sendo assim, segundo a expressão (17), podem ser obtidas as expressões (18), (19) e (20), que
representam a variação da temperatura em cada intervalo de tempo para o primeiro nó, os nós interiores
e o último nó, respetivamente. De notar que TB é a temperatura na base da alheta, T2 é a temperatura
no segundo nó, T1 é a temperatura no primeiro nó, Ti+1 é a temperatura no nó seguinte e Ti-1 é a
temperatura no nó anterior.
𝑑𝑇 𝑘 𝑇/ − 𝑇1 𝑇1 − 𝑇" ℎ ∙ 𝐴𝑠 (18)
= ∙( /
− /
)− ∙ (𝑇1 − 𝑇! )
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 ∆𝑥 𝜌 ∙ 𝐶𝑝
𝑑𝑇 𝑘 𝑇+>1 − 𝑇+ 𝑇+ − 𝑇+;1 ℎ ∙ 𝐴𝑠
= ∙( − ) − ∙ (𝑇+ − 𝑇! ) (19)
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 / ∆𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝
𝑑𝑇 𝑘 𝑇+ − 𝑇+;1 ℎ ∙ 𝐴𝑠
= ∙ (− ) − ∙ (𝑇+ − 𝑇! ) (20)
𝑑𝑡 𝜌 ∙ 𝐶𝑝 ∆𝑥 / 𝜌 ∙ 𝐶𝑝
Uma vez definidas todas as equações que regem o problema de transferências de calor em
estudo, passou-se à programação em Matlab das mesmas. Na figura 11, encontra-se o fluxograma com
o funcionamento do programa elaborado.
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Com base no fluxograma da figura 11, foi elaborado o código. Começou-se por definir os inputs
e parâmetros iniciais, contidos na figura 12. De notar que a descrição das variáveis se encontra à frente
de cada variável após o “%”.
Depois, a partir desses dados de entrada, foram calculados os dados da figura 13.
Foram
Foram também definidas as constantes da função quadrática k=f(T), presentes na figura 14.
Seguiu-se a definição dos vetores das distâncias entre nós, da temperatura inicial em cada nó,
da temperatura inicial da base da alheta e do tempo de simulação. O vetor dTdt, que representa a
variação da temperatura em cada nó por intervalo de tempo também foi definido, sendo considerado
nulo no instante inicial. Estes parâmetros estão presentes na figura 15.
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Figura 15: Vetores de distâncias entre os nós (p), da temperatura inicial (T), da temperatura na base (Tb),
da variação da temperatura (dTdt), da temperatura dos nós num intervalo de tempo (Tnew) e do tempo de
simulação (t) e constantes alpha e c para o cálculo das temperaturas.
Procedeu-se depois à introdução das equações para o cálculo das temperaturas nos nós em cada
intervalo de tempo (figura 16), segundo as expressões (18), (19) e (20). Para este cálculo, considerou-
se um ciclo que se repetia a cada intervalo de tempo (dt), até ao intervalo de tempo final. Neste ciclo,
começava-se com o cálculo da temperatura na base da alheta (Tb), assim como da condutibilidade da
base (kb) e do resto da alheta (k). De seguida, inicia-se outro ciclo para o cálculo da variação da
temperatura nos nós interiores. Tem-se depois o cálculo da variação da temperatura no primeiro nó e
no último nó.
No final do ciclo, a variação da temperatura calculada é somada ao vetor T, que será a
temperatura inicial do ciclo seguinte.
Figura 16: Porção do código correspondente ao cálculo das temperaturas dos nós em cada intervalo de tempo.
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M. I. Engenharia Mecânica Mecânica Computacional
Figura 17: Gráfico obtido em Matlab para a variação da temperatura dos nós ao longo do tempo.
Figura 18: Gráfico obtido em Matlab para a variação da temperatura ao longo do comprimento da alheta.
Verifica-se que, relativamente ao estudo realizado na discretização por volumes finitos na folha Excel,
a variação da temperatura em cada nó é semelhante, no entanto, os valores médios diferem um bocado.
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Conclusões
Com a elaboração do estudo da dissipação de calor ao longo de uma alheta de secção circular
constante, no regime transiente, foi possível concluir a influência de diferentes parâmetros,
nomeadamente, o comprimento e o diâmetro da alheta, o coeficiente de convecção de calor do ar, e a
temperatura ambiente, no comportamento que esta apresenta na dissipação de calor de uma base cuja
temperatura varia sinusoidalmente. Concluiu-se ainda que, os resultados obtidos no Excel e no Matlab
para a temperatura em cada ponto da alheta, em função da temperatura da base, foram diferentes. Tal
encontra-se provavelmente associado ao facto de no Excel, se ter realizado uma discretização baseada
no método dos volumes finitos e, no Matlab, a discretização das equações se basear no método das
diferenças finitas.
Com este trabalho, o grupo conseguiu alargar as competências do estudo de transferências de
calor, tendo sido resolvido um problema de uma índole prática de elevado grau de complexidade e
com menos simplificações (como por exemplo considerar o k constante) que tornam a análise mais
próxima do processo real, enriquecendo os resultados.
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Bibliografia
[1] Teixeira, J., 2020. Mecânica Computacional. Universidade do Minho, Escola de Engenharia,
Departamento de Engenharia Mecânica.
[2] Teixeira, J. and Teixeira, S., 2003. Métodos Numéricos em Transferências de Calor.
Universidade do Minho, Escola de Engenharia, Departamento de Engenharia Mecânica.
[3] Kody Powell. (2017). Solving the Heat Diffusion Equation (1D PDE) in Matlab. [Online Video].
26 August 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=uLkuEr6M40o.
[4] The Finite Element Method using MATLAB, Young W. Kwon & Hyochoong Bang.
[5] Structural analysis with Finite Elements (2007). Hartmann F, Katz C.
[6] S.C. Chapra, Applied Numerical Methods W/MATLAB: for Engineers & Scientists (3rd
Edition), McGraw-Hill, 2012.
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