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Sistema tradicional político iorubá

Igor Manuel Botelho Teixeira


2º Ano
Nº229387

Docente: Prof Doutora Maria Fátima Calças Amante

Trabalho elaborado no âmbito da Unidade Curricular de Antropologia Política da


Licenciatura em Antropologia

Lisboa
2021
Introdução:
Os iorubás são dos maiores grupos étnicos africanos. Por terem diásporas pelo continente
sul americano e pelo caribe fez com que contribuísse com a diversidade cultural de muitos
desses países, um caso prático é o Candomblé no brasil. São exemplos como estes que
trazem uma multiculturalidade própria para estes países etnicamente plurais. Foi graças
ao fenómeno da diáspora forçada que devido ao processo de colonização e principalmente
pelo esclavagismo fizeram com que muito iorubás migrassem para estes polos globais.
O sistema político tradicional iorubá pode considerar-se um sistema em
desenvolvimento, não em aspetos evolutivos, mas sim por não ter uma estrutura de
governo centralizada, nem, por outra via, se pode caracterizar por terem um sistema não-
centralizado. Os iorubás como grupo étnico dividem-se em subtribos - cada uma com
estruturas políticas próprias, que partilham e formulam o seu sistema organizacional.
Peter C. Lloyd, Professor Catedrático de Antropologia Social na Universidade de
Sussex. Autor por detrás de The Traditional Political System of the Yoruba. Durante a
sua carreira fez vários projetos etnográficos sendo reconhecido pela academia sobre os
seus estudos político-sociais dos iorubá. Lloyd além dos estudos sobre o iorubá possui
experiência e currículo quando se trata de estudos sobre sistemas políticos africanos
(Encycopledia.com, 2020).

Corpo de Texto:
O livro The Traditional Political System of the Yoruba data as diversas subtribos:
os Owe, Ekiti, Ijebu e os Oyo que são constituídos por pequenas, médias e grandes
comunidades no mesmo espaço geográfico, semelhante a conceitos de cidades estado que
acabam por se alinharem na mesma identidade étnica. Os iorubás como grupo étnico,
assimilam-se na cultura, na língua e na religião, permitindo assim inter-relações
consistentes entre as subtribos, apesar de não entrarem em conflitos, o papel do governo
é posto em causa no sentido de este não existe uma autoridade unitária. O sistema político
tradicional iorubá provém de uma estrutura social de linhagens e ao mesmo tempo que
reais quando ligados ao conceito de parentesco, também são não-reais como o papel das
instituições e organizações locais - exemplo disso são os Iwafare da Ogboni (Lloyd,
1958).

Nas cidades, os iorubás respeitam além das autoridades formais, o líder temporal,
o “oba”, que conquista sua posição de várias formas, como herança, casamentos, ou sendo
pessoalmente selecionados por um Oba (rei) já no poder. Cada Oba é considerado um
descendente direto do Oba fundador de cada cidade. O Oba é geralmente auxiliado pelo
conselho de chefes – cada tribo é constituída por várias comunidades, no qual representam
um chefe como sua representatividade.

As religiosidades aplicadas à política iorubá detêm-se por eles uma sinistralidade


no poder divinatório no qual muitos admitem a cidade lendária Ilê-Ifé o berço de toda a
mitologia iorubá, no qual a presença de autoridades e de sistemas divinatórios que são do
interesse do povo tanto do seu oba, no qual os Ifá que assumem algo semelhante a um
oráculo assumem-se como porta-vozes do orixá(deus) da adivinhação Orunmilá (Ojigbo,
1973). É importante sublinhar que nenhum destes governos consistia em comités de
cabeças de linhagens, pois é constituído por homens com autoridade religiosa. Esse
governo consiste em instituições agrupadas como associações, linhagens de chefias e
monarquias (Lloyd, 1958). Cada subtribo é formada por um sistema semelhante a um
governo que fica responsável pelas relações externas da comunidade, incluindo funções
como manutenção da defesa, da lei e ordem, incluindo as questões de ordem publica e de
administração local.

Atualmente os iorubás emanciparam-se culturalmente pelo globo primeiramente


devido às ocupações do colonialismo português e holandês com o comercio do triangular
marítimo, mas principalmente britânico a que estes lentamente foram-se se assimilando
aos padrões políticos ocidentais. Ao reinado Oyo que apesar de se terem beneficiado com
o comercio marítimo, o que acabou por se tornarem o estandarte de uma cultura
esclavagista entre o seu próprio grupo étnico uma vez que foram os Oyo o primeiro
contato dos europeus nessa região (Lloyd, 1958). o que levou a uma diáspora forçada para
colónias sul americanas e caribenhas das potencias europeias (Onadeko, 2008). Podendo
por outra via, desenvolverem uma própria maneira de interpretarem o culto e os costumes
ioruba por esses polos de redes sociais e de migração forçada. O Facto disso é o
candomblé no brasil: uma vertente religiosa iorubá que predominou no país.

Conclusão:
Os iorubás não constituem um estado, reinado ou nação, uma vez que se diferem das
sociedades comuns ocidentais pela sua complexidade politico-organizacional e cultural.
Como grupo étnico homogêneo não existe uma autoridade política centralizada de todo.
Cada subtribo tem o seu próprio sistema de chefatura. Então entendemos que os Ioruba

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não são nem por outro modo um sistema totalmente descentralizado. O derivado desta
afirmação é composto por várias unidades políticas que partilham um tronco linguístico
comum, um sistema político centralizado no Oba uma identidade autoritária com caracter
divino que aperfeiçoam uma sociedade estratificada composta por Oba, Conselho de
Chefes e por fim Povo.

Bibliografia

Encycopledia.com. (2020, Março 3). Culture magazines. Retrieved from Encycopledia.com:


https://www.encyclopedia.com/arts/culture-magazines/lloyd-peter-cutt

Helms, M. W. (1998, Outubro). Access to Origins: Affines, Ancestors, and Aristocrats. 4.


University of Texas Press.

Lloyd, P. (1958). The political traditional system of the Yoruba. In R. C. Middleton, Comparative
Politcal Systems. Studies in the Politics of Pre-Industrial Societies (pp. 269-292).

Ojigbo, A. O. (1973). Conflict Resolution in the Traditional Yoruba Political System. Jstor, (pp.
275-292).

Onadeko, T. (2008). Yoruba Traditional Adjudicatory Systems. African Study Monographs, (pp.
16-19).

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