F UNÇÕES D EFINIDAS I MPLICITAMENTE

Edson Vargas

Universidade de São Paulo

1
AULAS VIRTUAIS E OUTRAS INFORMAÇÕES

https://edisciplinas.usp.br/course/view.php?id=84246
P ROGRAMA

1 Funções do Rn no Rm , jacobiano e funções implícitas.

2 Relembrar máximos e mínimos de funções de várias variáveis.
3 Otimização com restrições e multiplicadores de Lagrange.
4 Integrais duplas e triplas e mudança de variáveis
5 Coordenadas polares, cilíndricas e esféricas.
6 Integrais de linha e superfície.
7 Teoremas de Green, Gauss e Stokes.
8 Campos gradiente, conservativo e rotacional.
9 Equações diferenciais lineares com coeficientes constantes.

2
F UNÇÕES I MPLÍCITAS DO T IPO F (x, y ) = k
F (x, y ) = k define implicitamente y = g(x) ⇐⇒ F (x, g(x)) = k
√
Exemplo: F (x, y ) = x 2 + y 2 = 1 define implicitamente y = 1 − x2
√
e y = − 1 − x 2 , onde x ∈ [−1, 1].

3
Problema:

F (x, y ) = 2x cos y − y sen x = 2π define implicitamente uma função

y = g(x) (ou x = h(y )) numa vizinhança de (π, 0)? No caso
afirmativo essa função é diferenciável e qual é a derivada g 0 (π) (ou
h 0 (0))?
T EOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA ( CASO F (x, y ) = k )
Se z = F (x, y ) é C 1 no aberto A e (x0 , y0 ) ∈ A com F (x0 , y0 ) = k .
∂F
∂y (x0 , y0 ) 6= 0 ⇒ ∃ intervalos abertos I 3 x0 e J 3 y0 tais que: para
x ∈ I existe único g(x) ∈ J com g(x0 ) = y0 e F (x, g(x)) = k .
∂F
∂x (x, y )
Ainda mais, y = g(x) é diferenciável e g 0 (x) = − ∂F ·
∂y (x, y )

∃ y = g(x) diferenciável com

g(x0 ) = y0 e F (x, g(x)) = k
∂F ∂F 0
∂x (x, g(x)) + ∂y (x, g(x)) g (x) =0

(∇F (x, g(x))) . (1, g 0 (x)) = 0

Exemplo:
√
O ponto (1/2, 3/2) satisfaz F (x, y ) = x 2 + y 2 = 1 e
∂F √ √
(1/2, 3/2) = 3 ⇒
∂y
√
para x próximo de 1/2 ⇒ ∃! y = g(x) próximo de 3/2 tal que:
√
g(1/2) = 3/2
Y
x 2 + (g(x))2 = 1 1.0

0.8
g é diferenciável
0.6

2x + 2g(x) g 0 (x) =0 0.4

2x 0.2
g 0 (x) = −
2g(x) -1.0 -0.5 0.5 1.0
X

1
g 0 (1/2) = − √
3
6
Problema:

F (x, y ) = 2x cos y − y sen x = 2π define implicitamente y = g(x)

numa vizinhança de (π, 0)? g é diferenciável e quanto vale g 0 (π)?
∂F ∂F
∂x (x, y ) = 2 cos y − y cos x ⇒ ∂x (π, 0) =2
∂F ∂F
∂y (x, y ) = −2xsen y − sen x ⇒ ∂y (π, 0) =0

∂F
∂y (π, 0) = 0 ⇒ y = g(x) pode não
existir. Se existir não é diferenciável.
∂F
∂x (π, 0) = 2 ⇒ ∃ x = h(y ) diferenciável
h(0) = π e 2h(y ) cos y − y sen h(y ) = 2π
2h(y )sen y + sen h(y )
h 0 (y ) =
2 cos y + y cos h(y )
Em particular h 0 (0) = 0
F UNÇÕES I MPLÍCITAS DO T IPO F (x, y , z) = k
F (x, y , z) = k define implicitamente z = g(x, y ) na vizinhança de
(x0 , y0 , z0 ) ⇐⇒ para (x, y ) próximo de (x0 , y0 ), tem-se que
z = g(x, y ) é o único ponto próximo de z0 com F (x, y , g(x, y )) = k .

Exemplo:
q
F (x, y , z) = x 2 + q
y 2 + z 2 = 1 define implicitamente
z= 1 − x 2 − y 2 e z = − 1 − x 2 − y 2 , numa vizinhança de
 √   √ 
1/2, 1/2, 2/2 e 1/2, 1/2, − 2/2 , respectivamente.
. Essas funções estão definidas no disco fechado x 2 + y 2 ≤ 1.
. Elas são diferenciáveis apenas no disco aberto x 2 + y 2 < 1.
Problema:

F (x, y , z) = xyz + x 3 + y 3 + z 3 = −3 define implicitamente uma

função z = g1 (x, y ) (ou x = g2 (y , z), ou y = g3 (x, z) ) numa
vizinhança de (2, 1, −2)? No caso afirmativo essa função é
∂g1 ∂g1
diferenciável e quais são as derivadas ∂x (2, 1) e ∂y (2, 1)?

9
T EOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA ( CASO F (x, y , z) = k )
Se w = F (x, y , z) é C 1 no aberto A e (x0 , y0 , z0 ) ∈ A satisfaz
∂F
F (x0 , y0 , z0 ) = k e ∂z (x0 , y0 , z0 ) 6= 0 ⇒ ∃ intervalos abertos
I 3 x0 , J 3 y0 e L 3 z0 tais que: para x ∈ I e y ∈ J existe
único g(x, y ) ∈ L com g(x0 , y0 ) = z0 ; e F (x, y , g(x, y )) = k .
Ainda mais, z = g(x, y ) é diferenciável e valem:
∂F ∂F
∂g ∂x (x, y , g(x, y )) ∂g ∂y (x, y , g(x, y ))
(x, y ) = − ∂F e (x, y ) = − ∂F
∂x ∂z (x, y , g(x, y ))
∂y ∂z (x, y , g(x, y ))

Sendo w = F (x, y , z) e z = g(x, y ) diferenciáveis, use a regra da

cadeia para derivar F (x, y , g(x, y )) = k em relação a x e y e obter:

∂g
 ∂F ∂F
∂x (x, y , g(x, y )) + ∂z (x, y , g(x, y )) ∂x (x, y ) = 0


∂F ∂F ∂g
 ∂y (x, y , g(x, y )) + ∂z (x, y , g(x, y )) ∂y (x, y ) = 0


Problema:

F (x, y , z) = xyz + x 3 + y 3 + z 3 = −3 define implicitamente z = g(x, y )

numa vizinhança de (2, 1, −2)? No caso afirmativo essa função é
∂g ∂g
diferenciável e quais são as derivadas ∂x (2, 1) e ∂y (2, 1)?

∂F ∂F
∂z (x, y , z) = xy + 3z 2 ⇒ ∂z (2, 1, −2) = 14
∂F ∂F
∂x (x, y , z) = yz + 3x 2 ⇒ ∂x (2, 1, −2) = 10
∂F ∂F
∂y (x, y , z) = xz + 3y 2 ⇒ ∂y (2, 1, −2) = −1
. Existe z = g(x, y ) diferenciável com g(2, 1) = −2
. xyg(x, y ) + x 3 + y 3 + (g(x, y ))3 = −3
∂g y g(x, y ) + 3x 2 ∂g 10
. (x, y ) = − ⇒ (2, 1) = −
∂x xy + 3 (g(x, y ))2 ∂x 14
∂g x g(x, y ) + 3y 2 ∂g 1
. (x, y ) = − ⇒ (2, 1) =
∂y xy + 3 (g(x, y ))2 ∂y 14

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F UNÇÕES I MPLÍCITAS COM 2 EQUAÇÕES E 3 VARIÁVEIS
 
F1 (x, y , z) = k1
 y = g1 (x)

F = define implicitamente
F2 (x, y , z) = k2 z = g2 (x)

 

vizinhança de (x0 , y0 , z0 ) ⇐⇒ para x próximo de x0 , tem-se

numa
y = g1 (x)

que é o único ponto próximo de (y0 , z0 ) com
z = g2 (x)

 
y0 = g1 (x0 )
 F1 (x, g1 (x), g2 (x)) = k1

e
z0 = g2 (x0 )
 F2 (x, g1 (x), g2 (x)) = k2


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F UNÇÕES I MPLÍCITAS COM 2 EQUAÇÕES E 3 VARIÁVEIS
 
F1 (x, y , z) = k1
 y = g1 (x)

Suponha que F = defina
F2 (x, y , z) = k2 z = g2 (x)

 

implicitamente numa vizinhança de (x0 , y0 , z0 ) então


F1 (x, g1 (x), g2 (x)) = k1

⇒ Se γ(x) = (x, g1 (x), g2 (x)) ⇒
F2 (x, g1 (x), g2 (x)) = k2

 
F1 (γ(x)) = k1
 ∇F1 (γ(x)).γ 0 (x) = 0

| ⇒
{z } ∇F2 (γ(x)).γ 0 (x) = 0
⇒
F2 (γ(x)) = k2
 
se são diferenciáveis


 ∂F1 + ∂F1 g 0 + ∂F1

g20 = 0
∂x ∂y 1 ∂z
 ∂F2 + ∂F2 g 0 + ∂F2

g20 = 0
∂x ∂y 1 ∂z

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F UNÇÕES I MPLÍCITAS COM 2 EQUAÇÕES E 3 VARIÁVEIS

 ∂F1 + ∂F1 g 0 + ∂F1 g 0 = 0

∂x ∂y 1 ∂z 2
⇒ (F (γ(x)) 0 = Jac(F )(γ(x)).(γ 0 (x))t =
 ∂F2 + ∂F2 g 0 + ∂F2 g 0 = 0

∂x ∂y 1 ∂z 2
 

∂F1 ∂F1 ∂F1
 1  
  0 
 
∂x ∂y ∂z
=  ∂F ∂F ∂F   g10 = ⇒

∂x
2
∂y
2
∂z
2   0
| {z } g20
Jacobiano Jac(F)
      
∂F1 ∂F1 ∂F1
∂x ∂y ∂z g10 0

∂F2
+
∂F2 ∂F2
 =  ⇒
∂x ∂y ∂z g20 0
        
∂F1 ∂F1
− ∂F 1
g10 g10 ∂F1
 ∂x = ∂y ∂z  ⇒   = −M −1  ∂x 
− ∂F
∂x
2 ∂F2
∂y
∂F2
∂z g20 g20 ∂F2
∂x
| {z }
M
Assuma que a matriz M, avaliada em (x0 , y0 , z0 ), seja invertível.
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T EOREMA DA FUNÇÃO IMPLÍCITA (2 EQUAÇÕES E 3 VARIÁVEIS )

F1 (x, y , z)

Se F = é C 1 no aberto A e (x0 , y0 , z0 ) ∈ A satisfaz
F2 (x, y , z)

 
∂F1 ∂F1
∂(F1 ,F2 ) ∂y ∂z
F (x0 , y0 , z0 ) = (k1 , k2 ) e ∂(y ,z) = det  ∂F2 ∂F2
 é não-nulo em
∂y ∂z
(x0 , y0 , z0 ) ⇒ ∃ intervalos abertos I 3 x0 , J 3 y0 e L 3 z0 tais
que: para x ∈ I existem únicos y = g1 (x) ∈ J e z = g2 (x) ∈ L

F1 (x, g1 (x), g2 (x)) = k1

com y0 = g1 (x0 ), z0 = g2 (x0 ) e
F2 (x, g1 (x), g2 (x)) = k2



Ainda mais, y = g1 (x) e z = g2 (x) são diferenciáveis e valem:

∂ (F1 , F2 ) ∂ (F1 , F2 )
(γ(x)) (γ(x))
0 ∂ (x, z) 0 ∂ (y , x)
g1 (x) = − e g2 (x) = − ,
∂ (F1 , F2 ) ∂ (F1 , F2 )
(γ(x)) (γ(x))
∂ (y , z) ∂ (y , z)
onde γ(x) = (x, g1 (x), g2 (x)).
F UNÇÕES I MPLÍCITAS 2 EQUAÇÕES E TRÊS VARIÁVEIS
 
F1 (x, y , z) = x 2 + y 2 + z 2 = 1
 y = g1 (x)

F = define
F2 (x, y , z) = (x − 1)2 + y 2 = 1

z = g2 (x)


√
implicitamente numa vizinhança de p = (1/2, − 3/2, 0)?
No caso afirmativo calcule as derivadas g10 (1/2) e g20 (1/2) ?
 
2x 2y 2z
Jac(F )(x, y , z) =  
2(x − 1) 2y 0
 √ 
1 − 3 0
Jac(F )(p) =  √ 
−1 − 3 0
∂(F1 ,F2 )
= 0 ⇒ Inconclusivo.
∂(y ,z) (p)
∂(F1 ,F2 )
√
= −2 3 ⇒ ∃ x = g1 (z) e y = g2 (z)
∂(x,y ) (p)
√
g1 (0) = 1/2, g2 (0) = 3/2, g10 (0) = 0 e
g20 (0) = 0.
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F UNÇÕES I MPLÍCITAS 2 EQUAÇÕES E TRÊS VARIÁVEIS
 
F1 (x, y , z) = 2x 2 + 3y 2 − z 2 = 25
 x = g1 (z)

F = define
F2 (x, y , z) = x 2 + y 2 − z 2 = 0
 
 y = g2 (z)
√
implicitamente numa vizinhança de p = ( 7, 3, 4)?
No caso afirmativo calcule as derivadas g10 (4) e g20 (4) ?
 
4x 6y −2z
Jac(F )(x, y , z) =  
2x 2y −2z
 √ 
4 7 18 −8
Jac(F )(p) =  √ 
2 7 6 −8
∂(F1 ,F2 )
√
∂(x,y ) (p) = −12 7⇒ ∃ x = g1 (z) e y = g2 (z)
√
g1 (4) = 7 e g2 (4) = 3.
96√ √8 e
g10 (4) = − −12 7
= 7
√
g20 (4) = − −16√7
−12 7
= − 34 .
F UNÇÕES IMPLÍCITAS

( A ) 2x cos y − y sen x = 2π ( B ) xyz + x 3 + y 3 + z 3 = −3


2x 2 + 3y 2 − z 2 = 25
(C)
x 2 + y 2 − z 2 = 0