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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROJETO DE GRADUAÇÃO

ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO


RESIDENCIAL PREDIAL.

RENATO BERTOLDI SIMÕES

VITÓRIA - ES
Agosto/2008
RENATO BERTOLDI SIMÕES
ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO
RESIDENCIAL PREDIAL.

Parte manuscrita do Projeto de


Graduação do aluno Renato Bertoldi
Simões, apresentado ao Departamento
de Engenharia Elétrica do Centro
Tecnológico da Universidade Federal do
Espírito Santo, para obtenção do grau de
Engenheiro Eletricista.

VITÓRIA – ES
Agosto/2008
RENATO BERTOLDI SIMÕES

ESTUDO SOBRE ELABORAÇÃO DE PROJETO ELÉTRICO


RESIDENCIAL PREDIAL.

COMISSÃO EXAMINADORA:

Prof. ​Wilson Correia Pinto de Aragão Filho.


​Orientador

Prof. Getúlio Vargas Loureiro


Examinador

Prof. Carlos Caiado Barbosa Zago


Examinador

Vitória - ES, Agosto de 2008.


DEDICATÓRIA
Ao meu pai, Alcemy do Bom Jesus Simões, e a
minha mãe, Anacir Maria Bertoldi Simões, que se não
fosse por eles, eu não teria conseguido terminar esse
curso de Engenharia Elétrica. Meus familiares e a todos
os meus amigos da Engenharia que dividimos as alegrias
e tristezas, em especial a Jelbener Vinícios dos Santos
Azeredo, Johnny Sperandio, Thiago Negrelli e Thiago
Zambom.

i
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me deu força para terminar esse difícil
curso.
Agradeço aos meus pais, Alcemy do Bom Jesus Simões e a Anacir Maria
Bertoldi Simões, pelo apoio e compreensão em todos esses anos de estudos.
Agradeço a Mauro Sergio Suaid Santos e Fernanda Juni Santos, pela oportunidade
de aprendizado e de crescimento na Powertech Engenharia, onde aprendi muito
sobre projeto, que me ajudou a terminar este trabalho. A Prof. Wilson Correia Pinto
de Aragão Filho, pela orientação.
A todas as pessoas que contribuíram para que esse trabalho fosse
realizado.

ii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Diagrama de Receita de Projetos ..............................................................
7 Figura 2– Lista de Circuitos dos apartamentos tipo ..................................................
13 Figura 3- Lista de Circuitos do condomínio
............................................................... 15 Figura 4 – Circuito Equivalente de uma
falta de impedância desprezível ................. 37 Figura 5 – Esquema TN-S
......................................................................................... 38 Figura 6 – Esquema
TN-C......................................................................................... 38 Figura 7– Vista
Frontal do QM 1 ............................................................................... 52 Figura 8 –
Vista Frontal do QM 2 .............................................................................. 53 Figura 9
– Lista de Material das Vistas Frontais ........................................................ 53 Figura
10 – Detalhe das Barras ................................................................................. 54
Figura 11 – Vista Interna do QM1 .............................................................................
55 Figura 12 – Vista Interna do QM2
............................................................................. 55 Figura 13 – Lista de Material das
Vistas Internas ...................................................... 56 Figura 14 – Vista Frontal do
QGBT ........................................................................... 56 Figura 15 – Vista Interna
do QGBT ........................................................................... 57 Figura 16 –
Identificação dos Materiais ..................................................................... 58 Figura 17
– Vista Frontal MS ..................................................................................... 58 Figura
18 – Exemplo de Planta Baixa de Subestação .............................................. 59
Figura 19 – Detalhes Construtivos da Janela da Subestação ...................................
60 Figura 20– Detalhe 2
................................................................................................. 60 Figura 21 –
Desenho 31 da NOR-TEC-01 ................................................................ 61 Figura 22
– Desenho 32 da NOR-TEC-01 ................................................................ 62 Figura
23 – Desenho 29 da NOR-TEC-01 ................................................................ 63
Figura 24 – Desenho 12 da NOR-TEC-01 ................................................................
66 Figura 25– Lista de Material do Desenho 12 da NOR-TEC-01
................................. 67 Figura 26 – Blocos terminais
..................................................................................... 71 Figura 27 – Exemplo de
uma Caixa de Distribuição no andar ................................... 73 Figura 28 – Poço de
Elevação .................................................................................. 75 Figura 29 –
Tubulação Convencional ........................................................................ 76 Figura 30
– Bloco terminal fixado diretamente à prancha de madeira ...................... 79 Figura
31 – Bloco terminal suportado por canaleta ................................................... 79

iii
Figura 32 – Detalhe de Bloco Terminal .....................................................................
80 Figura 33– Caixa de Distribuição
.............................................................................. 81 Figura 34 – Anéis Guia
.............................................................................................. 81 Figura 35 – Foto
Caixa de Distribuição ..................................................................... 82 Figura 36 –
Foto Bloco Terminal dentro da Caixa de Distribuição ............................ 82 Figura 37–
Exemplo de Distribuidor Geral (DG) ........................................................ 83 Figura 38
– Representação da Terminação dos cabos no caso a. ........................... 84 Figura
39 - Representação da Terminação dos cabos no caso b. ............................ 85
Figura 40 - Representação da Terminação dos cabos no caso c. ............................
85 Figura 41 – Sistema
Geral......................................................................................... 89 Figura 42 –
Exemplo de organização com o cabeamento estruturado ..................... 91 Figura 43
– Sistema de automação integrado ........................................................... 92 Figura
44 – Cabo RG-6 ............................................................................................. 93
Figura 45 – Desenho Cabo RG-6 ..............................................................................
93 Figura 46 – Cabo Par-Trançado Categoria 5
............................................................ 94 Figura 47– Esquema Demonstrativo do
Cabeamento Estruturado ........................... 94 Figura 48 – Patch Painel em um
painel de distribuição ............................................. 95 Figura 49 – Painel de
distribuição ............................................................................. 95 Figura 50 –
Ambiente com controle de luminosidade ................................................ 96 Figura 51
- Simples acionador de lâmpada ao cair do sol, com controle automático e manual
................................................................................................................... 97 Figura
52 – Esquemático de um dimer ...................................................................... 98
Figura 53 – Exemplo de Sensor de Umidade do Solo. ............................................
100 Figura 54 – Ilustração do Sensor de Umidade no terreno.
...................................... 100 Figura 55– Diagrama de Entradas e Saídas em um
Sistema Integrado ................. 102 Figura 56 – Módulo de Controle
.............................................................................. 103 Figura 57 – Diagrama da
instalação dos componentes .......................................... 104 Figura 58- Instalação
Centralizada .......................................................................... 105 Figura 59 –
Instalação Descentralizada .................................................................. 105 Figura 60
– Lista de Circuitos de um Quadro no Excel. .......................................... 108 Figura
61 - Dimensionamento de disjuntores e alimentadores pelo Excel .............. 109

iv
LISTA DE QUADROS

Quadro 1– Categorias de Fornecimento. [NOR-TEC-01] ............................................


3 Quadro 2– Restrições para as Categorias de Fornecimento
...................................... 4 Quadro 3- Receita de Projetos
.................................................................................... 6 Quadro 4- Previsão de
número de pontos e de carga para iluminação. [NBR-5410] .. 8 Quadro 5– Previsão
de número de pontos e de carga para tomadas. [NBR-5410] .... 9 Quadro 6 –
Exigências para a Divisão da Instalação [NBR-5410] ............................ 10 Quadro 7–
Quadro de cargas dos apartamentos ...................................................... 14 Quadro
8– Quadro de cargas do condomínio. .......................................................... 16
Quadro 9 – Quadro de Cargas Total da Instalação ...................................................
17 Quadro 10– Demanda Aplicada nos Quadros de Medidores
.................................... 18 Quadro 11– Demanda Aplicada no Medidor de Serviço.
.......................................... 21 Quadro 12– Categoria de Fornecimento das Unidades
Consumidoras .................... 22 Quadro 13 - Caixas para medidores e disjuntores
.................................................... 24 Quadro 14- Esquema de distribuição
........................................................................ 29 Quadro 15 – Tempos de
seccionamento máximos ................................................... 38 Quadro 16–
Temperaturas características dos condutores ....................................... 43 Quadro
17– Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação ..... 44
Quadro 18– Quadro de Carga do QM1 .....................................................................
48 Quadro 19– Dimensionamento dos apartamentos e do QM1
................................... 48 Quadro 20 - Quadro de Carga do QM2
..................................................................... 49 Quadro 21– Dimensionamento dos
apartamentos e do QM2 ................................... 49 Quadro 22 - Quadro de Carga do
Condomínio ......................................................... 50 Quadro 23– Dimensionamento
condomínio .............................................................. 50 Quadro 24– Tabela 8 da
NOR-TEC-01 (ELOS FUSÍVEIS PRIMÁRIOS) .................. 64 Quadro 25 - Tabela 9
da NOR-TEC-01 (Dimensionamento de Postes) .................... 68 Quadro 26 –
Quantificação de Pontos Telefônicos ................................................... 74 Quadro 27
– Raios mínimos de Curvatura do cabo CI .............................................. 85 Quadro
28 - Relação cabo (mm2) e corrente (A) .................................................... 108
Quadro 29 - Cálculo da parcela de demanda de um apartamento em função da área
útil. ...........................................................................................................................
112

v
Quadro 30 - Diversificação em função da quantidade de apartamentos .................
113 Quadro 31 - Determinação da potência em função da quantidade de motores
...... 114 Quadro 32 - Competência das pessoas
.................................................................. 115 Quadro 33 – Resistência Elétrica do
corpo humano ............................................... 116 Quadro 34 – Contato das pessoas
com o potencial da terra .................................. 116 Quadro 35 – Situações 1, 2 e 3
............................................................................... 117
vi
GLOSSÁRIO

CATV – Canal Aberto de TV.


CI – Cabo telefônico para instalações internas. São constituídos por condutores de
cobre estanhado, isolados em PVC. São indicados para uso interno em centrais
telefônicas e demais edificações.
CCI – Cabo telefônico para uso interno. São indicados para uso interno em centrais
telefônicas e demais edificações.
CODI - Comitê de Distribuição de Energia Elétrica.
CFTV – Canal Fechado de TV.
CT-APL – Cabo Telefônico com isolamento termoplástico sólido indicado
preferencialmente para instalações subterrâneas em dutos. Usados
preferencialmente redes telefônicas com cabo secundário e distribuição de
assinantes.
CTP-APL-G - Cabo Telefônico com isolamento termoplástico expandido usados
preferencialmente em redes telefônicas externas analógicas e/ ou digitais. DG –
Distribuidor Geral do projeto Telefônico.
DPS – Dispositivo de Proteção contra Surto.
DR – Dispositivo de proteção a corrente Diferencial-Residual.
ESCELSA – Concessionária de Energia do Espírito Santo – Espírito Santo Centrais
Elétricas S.A.
FDG – Cabos de cobre para instalações telefônicas.
QDL – Quadro de Luz.
QFLS – Quadro de força e Luz de Serviço.
QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão.
QL EMERGÊNCIA - Quadro de Luz de Emergência.
QLE – Quadro de Luz dos elevadores.
QLS – Quadro de Luz de Serviço.
QM – Quadro de Medidores.
MS – Medidor de Serviço.
NOR-TEC-01 – Norma Técnica da ESCELSA – Fornecimento de Energia Elétrica em
Tensões Secundária e Primária 15 Kv.

vii
PELV (do ingles “Protected extra-low voltage”) – Sistema de extrabaixa tensão que
não é eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente,
todos os requisitos de um SELV.
SELV ( do inglês “Separated extra-low voltage”) – Sistema de extrabaixa tensão que
é eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a
ocorrência de uma única falta não resulta em risco de choque elétrico. SPDA -
Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas.
UC – Unidade Consumidora.

viii
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ...........................................................................................................
I AGRADECIMENTOS ................................................................................................
II LISTA DE FIGURAS ................................................................................................
III LISTA DE QUADROS
.............................................................................................. V GLOSSÁRIO
.......................................................................................................... VII SUMÁRIO
................................................................................................................ IX RESUMO
.................................................................................................................... I 1.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2
1.1. Motivação ............................................................................................. 2 1.2.
Definição dos projetos .......................................................................... 2 1.3.
Definição das Unidades Consumidoras ................................................ 3
2. RECEITA DE PROJETOS ....................................................................................
5 3. SEQÜÊNCIA DE PROJETOS ..............................................................................
8 ​3.1. Engenharia Básica ................................................................................ 8 3.1.1.
Cálculo de Carga e Divisão de Circuitos nas Instalações. .................... 8 3.1.2.
Demanda da Instalação ...................................................................... 16 3.1.3.
Categoria de cada Unidade Consumidora .......................................... 22 3.1.4.
Câmara de transformação, Barramento Geral e dos medidores ........ 22 3.2. Planta
Baixa das Instalações Elétricas internas das unidades consumidoras
...................................................................................................... 26 3.2.1. Princípios
fundamentais ...................................................................... 26 3.2.2. Características
gerais ......................................................................... 29 3.2.3. Segurança da
instalação elétrica das unidades consumidoras .......... 33 3.2.4. Projeto da
instalação elétrica dos apartamentos ................................ 40 3.2.5. Projeto da
instalação elétrica do condomínio ..................................... 41 3.3. Trifilares dos
quadros de distribuição ................................................. 41 3.3.1. Proteção contra
sobrecorrentes .......................................................... 41 3.3.2. Proteção contra
sobretensões e perturbações eletromagnéticas. ...... 43 3.3.3. Proteção contra
quedas e faltas de tensão ......................................... 45 3.3.4. Proteção adicional
contra choques elétricos ....................................... 46 3.4. Quadro de Carga da
instalação .......................................................... 47

ix
3.5. Unifilar Geral da instalação ................................................................. 50 3.6.
Planta Baixa da Alimentação das Unidades Consumidoras ............... 51 3.6.1.
Planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos. .................. 51 3.6.2.
Planta de alimentadores dos quadros do condomínio e a malha de terra da
instalação............................................................................................... 51 3.7.
Esquema Vertical da instalação elétrica. ............................................ 51 3.8.
Planta de situação do edifício. ............................................................ 51 3.9.
Vista de Medidores ............................................................................. 52 3.10.
Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) e Medidor de Serviço (MS). 56 3.11.
Projeto da Subestação. ....................................................................... 59
4. O PEDIDO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA À ESCELSA .......
68 5. PROJETO TELEFÔNICO
................................................................................... 70 ​5.1. Seqüência Básica para
elaboração de projetos de redes telefônicas em edifícios
......................................................................................................... 71 5.2. Projeto
da Rede de Cabos Secundários ............................................. 73 5.3. Projeto da
Rede de Cabos Primários .................................................. 74 5.4. Cabos de Entrada
............................................................................... 78 5.5. Blocos Terminais
................................................................................ 78 5.6. Disposição dos cabos e
blocos terminais ........................................... 80 5.7. Comprimentos dos Cabos da
Rede Interna ........................................ 84 5.8. Distribuição dos cabos da rede
interna ............................................... 86 5.9. Desenho do projeto
............................................................................. 86 ​6. ESTUDO SOBRE PROJETO
DE AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL ..................... 88 ​6.1. Introdução
........................................................................................... 88 6.2. Projeto de
Cabeamento Estruturado ................................................... 90 6.3. Algumas
Aplicações ............................................................................ 96 6.4. Sistema de
Integração ...................................................................... 102 ​7. TECNOLOGIA DE
APOIO AO PROJETISTA .................................................. 106 ​7.1. Software para
desenho ..................................................................... 106 7.2. Software para
projetos ...................................................................... 107 7.3. Utilização do Excel
para a Elaboração de Cálculos .......................... 107 ​CONCLUSÕES
..................................................................................................... 110 APÊNDICE A
........................................................................................................ 112

x
APÊNDICE B ........................................................................................................ 115
APÊNDICE C ........................................................................................................ 118
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................
120
xi
RESUMO

Este trabalho visa a desenvolver um estudo sobre elaboração de um


projeto de instalações elétricas em edifícios residenciais. Este foi organizado
de maneira a seguir a ordem de execução real utilizada na Powertech
Engenharia para um projeto elétrico, procurando explicar cada uma de suas
etapas, e deixando sempre claro a importância da segurança no projeto.
Depois, foram estudados alguns critérios que devem ser observados
na elaboração de projetos de redes telefônicas em edifícios, com o objetivo de
dar ao leitor algumas noções básicas.
E por fim, foi feito um estudo sobre Automação Residencial com o
objetivo de mostrar ao leitor algumas tecnologias e a importância desse ramo
para um futuro bem próximo.
Este trabalho não visa a transformar o leitor em um projetista pronto
para trabalhar, mas ajudá-lo na sua preparação inicial.

i
2

1. INTRODUÇÃO
1.1. Motivação

Para se fazer um projeto elétrico não é suficiente ter o título de


Engenheiro Eletricista, mas sim ter experiência e confiança adquiridas com
anos de trabalho e com a supervisão de alguém mais experiente. Não basta
ter os conhecimentos técnicos adquiridos na faculdade, mas é necessário
também o conhecimento de normas regulamentadoras e ter a experiência
para encontrar sempre a melhor solução possível.
Este trabalho visa a ajudar quem está iniciando sua carreira como
Engenheiro Projetista. Ele fornecerá as informações principais que são
necessárias para se concluir um projeto elétrico residencial, e mostrará um
fluxograma com todos os passos a serem seguidos.
Este trabalho se propõe também a sugerir propostas de planilhas que
possam ser usadas durante a elaboração do projeto com intuito de facilitar os
cálculos necessários.

1.2. Definição dos projetos

Na elaboração de um projeto elétrico completo, precisa-se fornecer


informações para tudo que for relacionado à elétrica, e isso inclui além das
instalações elétricas, também o projeto telefônico, o projeto de cabeamento
estruturado, o projeto de automação e o projeto do Sistema de Proteção
contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
Os projetos em geral são feitos em folhas A1 ou A0, e entregues aos
clientes em várias folhas diferentes com as plantas de cada pavimento, os
cálculos necessários, os trifilares, o esquema vertical da construção, as vistas
dos medidores e do Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT), e quando
houver, o projeto da subestação.
3

Com tantas informações, é preciso organização e uma seqüência


padronizada de projetos. Pelo menos no início, quando se estiver fazendo os
primeiros projetos, é importante seguir fielmente a receita de projetos. Só
começar um passo, quando tiver terminado completamente o anterior. Dessa
forma o projetista não correrá o risco de ficar perdido durante a execução do
seu trabalho. Essa seqüência foi criada por pessoas com muita experiência
nessa área.

1.3. Definição das Unidades Consumidoras

Quadro 1– Categorias de Fornecimento. [NOR-TEC-01]


Categoria Carga Ligação Fornecimento a:
de
fornecimen
to

I Uma unidade consumidora com carga Monofá 2 fios


total instalada até 9.000W sica

II Uma unidade consumidora com carga bifásica 3 fios


total instalada superior a 9.000W e até
15.000W

III Uma unidade consumidora com carga trifásica 4 fios


total instalada superior a 15.000W e até
75.000W

IV Uma unidade consumidora com carga total trifásica Através de


instalada superior a 75kW e demanda Subestação Particular
máxima até 2.500kW

V Instalação com mais de uma unidade trifásica Direta da Rede de


consumidora com carga total Distribuição
instalada: Residencial: até 600 kW Secundária
Comercial: até 250 kW

VI Instalação com mais de uma unidade trifásica Através de Câmara


consumidora com carga máxima maior de transformação
que o indicado na categoria V.

VII Instalação com mais de uma unidade trifásica Através de Câmara


consumidora com carga Superior a 750 kW de transformação
Fonte: NOR-TEC-01

A Norma Técnica da ESCELSA sobre “Fornecimento de Energia


Elétrica em Tensões Secundária e Primária 15kV” (NOR-TEC-01) em seu
4

capítulo 5 classifica as instalações consumidoras em 7 categorias, que estão


mostradas no quadro 1.
Cada categoria possui algumas restrições que são mostradas no
quadro 2.
Quadro 2– Restrições para as Categorias de Fornecimento
Categoria Restrições
de
fornecime
nto

I Não conste:
a) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
b) máquina de solda a transformador de 120V, com potência superior a
2kVA; c) aparelho que necessite de duas ou três fases.

II Não conste:
a) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
b) motor monofásico, 220V, com potência superior a 3CV;
c) máquina de solda a transformador, classe de 120V, com potência superior a
2kVA ou 220V, com potência superior a 8kVA;
d) aparelho que necessite de três fases.

III Não conste:


a) motor trifásico, com potência superior a 40CV;
b) motor monofásico, 120V, com potência superior a 2CV;
c) motor monofásico, 220V, com potência superior a 4CV;
d) máquina de solda a transformador, 220V, a duas fases ou 220V, a três fases,
ligação V.v invertida, com potência superior a 15kVA;
e) máquina de solda a transformador, 220V, a três fases, com retificação em fonte
trifásica, com potência superior a 40kVA;
f) máquina de solda, grupo motor-gerador, com potência superior a 40CV.

IV Unidades Consumidoras com carga menor que 75kW, desde que possuam
qualquer dos equipamentos vetados na Categoria III.
V Área Máxima:
Residencial: 7.000m2
Comercial: 3.000m2
Em edificações residenciais e comerciais a demanda máxima calculada não deverá
ultrapassar 230 kW;
A carga total instalada em qualquer unidade consumidora não poderá ser superior a
75 kW;
Nenhuma unidade consumidora poderá conter os equipamentos vetados na
categoria III.

5
Categoria Restrições
de
fornecime
nto

VI 1) a carga total instalada em qualquer unidade consumidora não poderá ser


superior a 75 kW;
2) nenhuma unidade consumidora poderá conter os equipamentos vetados na
categoria III

VII - área bruta total construída superior a 10.000m2


- carga total instalada superior a 75kW, em qualquer unidade consumidora, ou da
qual conste qualquer dos equipamentos vetados na categoria III.
Necessita prévia consulta

Fonte: NOR-TEC-01

2. RECEITA DE PROJETOS

Na execução de um projeto predial residencial devem-se seguir alguns


passos importantes. Esses passos serão definidos em uma receita de
projetos, demonstrada no Quadro 3.
Como pode-se verificar essa receita está dividida em Fases e Etapas.
As Fases estão divididas em Cálculos Iniciais, Planta Baixa das Instalações
Internas das Unidades Consumidoras (Planta Baixa 1), Cálculos, Planta Baixa
da Alimentação das Unidades Consumidoras (Planta Baixa 2) e
Detalhamento.
Na Primeira Fase, chamada cálculos iniciais, será feita a engenharia
básica do projeto. Antes de começar realmente um projeto, é necessária uma
análise básica de engenharia onde definem-se todas as suas características.
Essa parte é muito importante para o sucesso do projeto, pois se for
descoberto um erro de cálculo numa fase mais adiante, isso poderá ocasionar
um retrabalho enorme para o projetista, que geralmente, precisará voltar ao
início do projeto para acertar tudo relacionado ao erro. Portanto, uma
engenharia básica bem feita pode prevenir vários inconvenientes no futuro.
Depois de concluída a primeira Fase, pode-se seguir para a segunda
Fase, chamada de Planta Baixa das Instalações Internas das Unidades
6

Consumidoras. Nessa Fase é projetada toda a instalação elétrica dos


apartamentos e do condomínio (e se houver, das salas, dos escritórios e das
lojas). Em cada Unidade Consumidora, será primeiro definida a posição dos
pontos de tomada, de iluminação e do quadro de distribuição. Depois
definem-se o percurso dos eletrodutos e a identificação dos condutores.
Quadro 3- Receita de Projetos
Fases Etapas

S
1 Fazer Engenharia Básica
S
O

I
U

C
C

I
Á

1
2 Fazer a instalação elétrica do pavimento-tipo dos apartamentos
A

X
3 Fazer a instalação elétrica dos pavimentos relacionados ao condomínio.
I
A

A
L

B
P

S
4 Fazer os trifilares de todos os quadros de distribuição
O

L
U 5 Fazer o quadro de carga de toda instalação, mostrando a carga instalada
C

L e o cálculo de demanda
Á

6 Fazer o unifilar geral da instalação

2
7 Fazer a planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos.
A

N
X 8 Fazer a planta de alimentadores dos quadros do condomínio.
I
A

A
L

B
P

O
9 Fazer o esquema vertical da instalação elétrica.
T

10 Fazer a vista de medidores


N

11 Fazer a vista dos Quadros Gerais de Baixa Tensão (QGBTs)


A

T
12 Fazer a planta da Subestação, suas vistas e seus detalhes.
E

Fonte: Powertech Engenharia

Na terceira Fase (Cálculos), com as informações de todas as unidades


consumidoras, pode-se dimensionar todos os quadros de distribuição. Então
7

desenham-se todos os seus trifilares, mostrando a listagem dos circuitos e


suas cargas, os disjuntores, os Disjuntores Diferencial-Residual (DRs), os
Dispositivos de Proteção contra Surto (DPSs), e todo o tipo de proteção
necessária. Depois dos trifilares, desenha-se o quadro de cargas e o unifilar
geral.
Na Fase de plantas baixas da alimentação das unidades
consumidoras, será mostrada a parte de alimentadores. Nessas plantas há
todo o percurso dos alimentadores que vêm da ESCELSA e vão a cada
Unidade Consumidora.
No Detalhamento (quinta Fase) desenham-se o esquema vertical, a
vista de medidores, a vista do QGBT e o projeto da subestação. Todas essas
Fases e suas etapas serão explicadas mais detalhadamente nos próximos
itens.

Figura 1 – Diagrama de Receita de Projetos


8

3. SEQÜÊNCIA DE PROJETOS

3.1. Engenharia Básica

Na Engenharia Básica será feita uma análise crítica do projeto arquitetônico,


começando com um estudo sobre as Unidades Consumidoras, calculando a carga
total do sistema e sua demanda.
Depois definem-se a potência do transformador a ser usado, a localização
da câmara de transformação e suas dimensões, a localização do QGBT e a dos
medidores.

3.1.1. Cálculo de Carga e Divisão de Circuitos nas Instalações.

Para calcular a carga total da instalação, necessita-se estudar cada unidade


consumidora e somar suas cargas, individualmente. Isso deverá ser baseado no
item 9.5 da ABNT NBR 5410, que contém prescrições específicas a locais utilizados
como habitação, com diretrizes para a realização da previsão de carga e a divisão
da instalação.
No geral, a demanda de carga a ser considerada para um equipamento de
utilização é a potência aparente nominal por ele absorvida (VA), dada pelo fabricante
ou calculada a partir da tensão nominal, da corrente nominal e do fator de potência.
No caso em que for dada a potência nominal fornecida pelo equipamento (potência
de saída), e não a absorvida, deve ser considerado o seu rendimento.
Quadro 4- Previsão de número de pontos e de carga para iluminação. [NBR-5410]
Área do Potência Nº de pontos
cômodo ou
dependência

Até 6m​2 carga mínima de 100VA Em cada cômodo ou dependência deve ser
previsto pelo menos um ponto de luz fixo no
Acima de 6m​2 Acrescentar 60VA para
teto, comandado por interruptor
cada aumento de 4 m​2
inteiros

Fonte: NBR-5410

• ​Previsão de número de pontos e de carga para tomadas: O número de pontos de


tomada deve ser determinado em função da destinação do local e dos
equipamentos elétricos que podem ser aí utilizados, e a potência a ser atribuída a
9

cada ponto de tomada é função dos equipamentos que ele poderá vir a
alimentar, observando-se no mínimo os critérios mostrados no quadro 5.
Quadro 5– Previsão de número de pontos e de carga para tomadas. [NBR-5410]
Local/ função Nº de Pontos Potência

Em banheiros deve ser previsto pelo no mínimo 100VA por ponto


menos um ponto de de tomada.
tomada, próximo ao
lavatório

Em cozinhas, copas, deve ser previsto no no mínimo 600VA por ponto de


copas cozinhas, áreas de mínimo um ponto de tomada, até três pontos, e
serviço, cozinha-área de tomada para cada 3,5 m, 100VA por ponto para os
serviço, ou fração, de perímetro excedentes. (**)
lavanderias e locais análogos
Em áreas de serviço, salas deve ser previsto no circuitos terminais respectivos
de manutenção e salas de mínimo um ponto de deve ser atribuída uma
equipamentos, tais como tomada de uso geral potência de, no mínimo, 1000
casas de máquinas, salas VA
de
bombas, barriletes e
locais análogos

para uso especifico Os pontos de tomada de deve ser a ele atribuída uma
uso especifico devem ser potência igual à potência
localizados no máximo a 1,5 nominal do equipamento a ser
m do ponto previsto para a alimentado ou à soma das

localização do potências

equipamento a ser nominais dos equipamentos


alimentado a serem alimentados

Em varandas deve ser previsto pelo no mínimo 100VA por ponto


menos um ponto de de tomada.
tomada

Em salas e dormitórios deve ser previsto pelo no mínimo 100VA por ponto
menos um ponto de de tomada.
tomada para cada 5 m, ou
fração de
perímetro.

demais cômodos e devem ser previstos pelo no mínimo 100VA por ponto
dependências de habitação menos um ponto de de tomada.
tomada, se a área do
cômodo ou
dependência for igual
ou inferior a 2,25 m​2

devem ser previstos pelo no mínimo 100VA por ponto


menos um ponto de de tomada.
tomada, se a área do
cômodo ou
dependência for superior a
2,25 m​2​ ​e igual ou inferior a
6

10
Local/ função Nº de Pontos Potência

m​2

Um ponto de tomada no mínimo 100VA por ponto


para cada 5 m, ou de tomada.
fração, de
perímetro, se a área do
cômodo ou dependência
for superior a 6 m​2

Fonte: NBR-5410

Para a divisão da instalação:

A instalação deve ser dividida em tantos circuitos quantos necessários, devendo


cada circuito ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de
realimentação inadvertida por meio de outro circuito. A divisão da instalação em
circuitos deve ser de modo a atender, entre outras, às exigências mostradas no
quadro 6.
Quadro 6 – Exigências para a Divisão da Instalação [NBR-5410]
Exigências Exemplo

Segurança evitando que a falha em um circuito prive de


alimentação toda uma área.

Conservação de energia possibilitando que cargas de iluminação e/ou


de climatização sejam acionadas na justa
medida das necessidades.

Funcionais viabilizando a criação de diferentes ambientes,


como os necessários em recintos de lazer, etc

Manutenção facilitando ou possibilitando ações de inspeção


e de reparo.

Fonte: NBR-5410
​Devem ser previstos circuitos distintos para partes da instalação que requeiram

controle específico, de tal forma que estes circuitos não sejam afetados pelas falhas
de outros (por exemplo, circuitos de supervisão predial). Na divisão da instalação
devem ser consideradas também as necessidades futuras. As ampliações
previsíveis devem se refletir não só na potência de alimentação, mas também na
taxa de ocupação dos condutos e dos quadros de distribuição.
11

​Os pontos de tomada de cozinha, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço,


lavanderias e locais análogos devem ser atendidos por circuitos exclusivamente
destinados à alimentação de tomadas desses locais.
Os circuitos terminais devem ser individualizados pela função dos equipamentos de
utilização que alimentam. Em particular, devem ser previstos circuitos terminais
distintos para pontos de iluminação e para pontos de tomada, admitindo exceção a
essa regra, desde que não sejam os pontos de tomada considerados no parágrafo
anterior e que as seguintes condições sejam simultaneamente atendidas:
o ​A corrente de projeto do circuito comum (iluminação mais tomadas) não
deve ser superior a 16A.
o ​Os pontos de iluminação não sejam alimentados, em sua totalidade, por
um só circuito, caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas). ​o ​Os
pontos de tomadas, não sejam alimentados, em sua totalidade, por um só circuito,
caso esse circuito seja comum (iluminação mais tomadas). As cargas devem ser
distribuídas entre as fases, de modo a obter-se o maior equilíbrio possível.
Quando a instalação comportar mais de uma alimentação (rede pública, geração
local, etc.), a distribuição associada especificamente a cada uma delas deve ser
disposta separadamente e de forma claramente diferenciada das demais. Em
particular, não se admite que componentes vinculados especificamente a uma
determinada alimentação compartilhem, com elementos de outra alimentação,
quadros de distribuição e linhas, incluindo as caixas dessas linhas, salvo as
seguintes exceções:
o ​Circuitos de sinalização e comando, no interior de quadros;
o ​Conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar o
intercâmbio das fontes de alimentação;
o ​Linhas abertas e nas quais os condutos de uma e de outra alimentação
sejam adequadamente identificados.
Todo ponto de utilização previsto para alimentar, de modo exclusivo ou virtualmente
dedicado, equipamento com corrente nominal superior a 10A deve constituir um
circuito independente. (Por exemplo: Secadora de roupa que possui carga de
2000W em um circuito monofásico, e portanto corrente de 15,75A.)
12

3.1.1.1. Carga dos Apartamentos

Será analisada cada unidade residencial da edificação, fazendo a previsão


da sua carga. Pode-se então já definir quais serão os circuitos a serem utilizados em
cada apartamento e suas respectivas cargas.
Existem algumas definições importantes a serem decididas antes de
relacionar os circuitos e suas cargas, e saber do cliente algumas características do
projeto.
No apartamento haverá:
• ​Chuveiro Elétrico?
• ​Máquina de lavar louça?
• ​Secadora de roupa?
• ​Ar condicionado SPLIT ou de janela?
As respostas a essas perguntam influenciarão significativamente na carga e
na elaboração do projeto.
Determinando os circuitos e suas respectivas cargas, obtém-se a carga total
de cada apartamento de acordo com a figura 2.
13
Figura 2– Lista de Circuitos dos apartamentos tipo

Com a separação dos circuitos e a previsão de carga feita para cada


apartamento deve-se somar a carga para saber toda a carga instalada referente aos
apartamentos.
Assim, poderá ser feito o quadro 7 (Quadro de cargas dos apartamentos).
14

Quadro 7– Quadro de cargas dos apartamentos


Portanto, nesse exemplo, o número total de apartamentos é igual a vinte,
sendo dois apartamentos por andar, num total de dez andares. Os medidores
desses apartamentos foram separados em dois grupos (Quadro de medidores 1 e o
Quadro de medidores 2). O dimensionamento dos Quadros de medidores será
melhor explicado no item 3.9 (Vista de Medidores).

3.1.1.2. Carga do Condomínio

Estudando a arquitetura do condomínio, e com as diretrizes dadas no item


3.1, pode-se estimar a carga do condomínio e fazer a sua divisão em circuitos. A
figura 3 com uma lista de circuitos e cargas serve como exemplo.
15
Figura 3- Lista de Circuitos do condomínio

Com essa listagem de circuitos, se define a carga total do condomínio, que pode ser
separada de acordo com a finalidade, como mostrado no Quadro 8. O Medidor de
serviço atenderá toda a carga referente ao condomínio, alimentando primeiramente
o QLFS (“Quadro de Luz e Força de Serviço”), onde existirá um disjuntor para cada
um dos itens especificados no Quadro de Cargas acima (Elevador 1, Elevador 2, B.
Recalque, QLS1,...). Os quadros QLS1 E QLS2 (“Quadro de Luz de Serviço 1 e 2”)
possuem os circuitos de iluminação e tomadas mostrados na Figura 3. Esses
circuitos foram divididos nesses dois quadros (QLS1 e QLS2) de forma a facilitar a
distribuição de circuitos no edifício. O QLE é o Quadro
16
de Luz dos Elevadores, e o QL Emergência é o quadro que carrega as baterias que
alimentam o circuito de iluminação de emergência do condomínio.

Quadro 8– Quadro de cargas do condomínio.

Com essa carga do condomínio junto com a carga total calculada para os
apartamentos, obtém-se a carga instalada total do prédio que será mostrada no
próximo item.

3.1.1.3. Carga Total da Instalação

O Quadro 9 mostra a carga total da instalação, somando-se a carga total dos


apartamentos e a carga do condomínio.

3.1.2. Demanda da Instalação

Apesar da carga total da instalação ter dado 766.122 W (851.246,67VA,


considerando o fator de potência de projeto igual a 0,9), não serão necessários um
ou mais transformadores para atender a essa carga. Deve-se aplicar a demanda nas
cargas dessas unidades consumidoras, para encontrar a verdadeira carga (menor
que a total da instalação) que será usada simultaneamente pelos consumidores.
Para calcular a demanda de edifícios residenciais de uso coletivo, aplica-se
um critério desenvolvido pelo CODI (Comitê de Distribuição de Energia Elétrica) na
Recomendação Técnica de Distribuição - RTD-CODI-06.01 (Ver Apêndice A). O
17

critério é baseado em dados de medições e de pesquisas realizadas em edifícios


residenciais variados, de diferentes cidades do país e é composto de duas partes
distintas: uma referente à demanda dos apartamentos e outra à demanda do
condomínio. A demanda dos apartamentos é calculada com base no total de sua
área útil, e a demanda do condomínio nas cargas efetivamente instaladas. De
acordo com estudos, a demanda total deve ficar entre 25 a 30% da carga total
instalada.
Quadro 9 – Quadro de Cargas Total da Instalação

O cálculo da demanda total do edifício constitui-se das seguintes etapas:


- Determinação da demanda dos apartamentos.
- Determinação da demanda do condomínio.
18

- Determinação da demanda total do edifício através da soma da demanda dos


apartamentos e da demanda do condomínio.
3.1.2.1. Demanda dos Apartamentos

Pelo critério do CODI, a demanda dos apartamentos deve ser determinada


em função da área útil e da quantidade de apartamentos do edifício. No método
proposto, já está considerada a instalação de cargas específicas, tais como
chuveiros elétricos, saunas, aparelhos de ar condicionado, aquecedores e outras.
O critério permite o cálculo da demanda dos apartamentos para unidades
com área útil a partir de 20 m​2​. Além disso, para apartamentos com área útil de 20 a
42 m​2​, deverá ser adotado o valor de 1,0 kVA por apartamento, conforme pode ser
observado na Quadro 27 do Apêndice A.
Para obter o Fator de multiplicação em função da quantidade de
apartamentos, deve-se usar a Quadro 28 do Apêndice A, que é aplicável a edifícios
com até 300 apartamentos.
Para calcular a demanda dos apartamentos deve-se multiplicar os dois
valores encontrados nos Quadros 27 e 28 do Apêndice A. Aplica-se a demanda
somente sobre os Quadro de Medidores (1 e 2) e não sobre o apartamento
individualmente. Obtém-se o quadro 10.
Quadro 10– Demanda Aplicada nos Quadros de Medidores

Para uma carga total instalada de 363.000 W por QM (403.333 VA, fp=0,9), o valor
da demanda de 45.790 VA calculada ficou muito pequeno (11,35%), portanto esse
valor foi multiplicado, a critério do projetista, por um fator igual a 2,48 para chegar na
demanda aplicada de 113.559,2 VA (28,15%) da carga total instalada nos
19

apartamentos. Lembrar que o ideal para edifícios residenciais é que a demanda


fique entre 25 a 30% da carga total instalada.
Para uma carga total instalada aplicada nos QMs 1 e 2 (806.666VA, fp=0,9),
o valor da demanda de 82.840 VA calculada ficou muito pequeno (10,27%), portanto
esse valor também foi multiplicado, a critério do projetista, por um fator igual a 2,45
para chegar na demanda aplicada de 202.958 VA (25,16%).

3.1.2.2. Demanda do condomínio

A demanda do condomínio deve ser determinada considerando-se,


individualmente, as seguintes cargas:
- Iluminação;
- Tomadas;
- Motores de elevadores e bombas d'água;
- Outras cargas, tais como aparelhos de ar condicionado, sauna, aquecedores e
equipamentos para piscina.

Será usado como exemplo o condomínio especificado anteriormente pelas


Figura 3 (Lista de Circuitos) e Quadro 8 (Quadro de Carga), para calcular a
demanda.

a) Cargas de iluminação.
Cálculo da parcela de demanda referente às cargas de iluminação: a - Devem
ser aplicados os seguintes percentuais à carga total instalada em kW: - 100%
para os primeiros 10 kW
- 25% para o que exceder a 10 kW
b - Ao valor encontrado em kW, deve ser aplicado o fator de potência específico
considerado no projeto.
Exemplo: Consultando a Quadro 8, observa-se que carga total de Iluminação do
condomínio é igual a 16.400 W, portanto aplica-se 100% para 10 kW e 25% para os
6,4 kW restantes (= 11.600W). Desse valor dividimos pelo fator de potência, que
nesse projeto foi considerado de 0,90 ( 11.600/0,90 = 12.888,89). Demanda da
iluminação igual a 12.888,89 VA.
20

b) Cargas de tomadas.
Cálculo da parcela de demanda referente às cargas de tomadas: a - Deve ser
aplicado o percentual de 20% à carga total instalada em kW. b - Ao valor encontrado
em kW, deve ser aplicado o fator de potência específico considerado no projeto.
Exemplo: Consultando o Quadro 8, observa-se que a carga em tomadas no
condomínio foi de igual a 19.200W, portanto a demanda é igual a 20% desse valor
dividido por 0,90 (o fator de potência considerado no projeto). Demanda igual a
4.266,67 W.

c) Elevadores e bombas d’água.


Cálculo da parcela de demanda referente a elevadores e bombas d'água: Deve ser
aplicada a Quadro 29 do Apêndice A, separadamente, para os grupos de motores
de elevadores e de bombas d'água, adotando-se o fator de diversidade 1,0 para
estes grupos.
Exemplo: De acordo com a lista de circuito do condomínio, tem-se 9.327 W de carga
de motores para elevadores e bombas d’água, sendo constituída de: - 2 Elevadores
de 5.595 W (7,5HP) – Quadro 29 – Demanda de 12.980 VA - 1 Bomba de recalque
de 3.732 W (5HP) – Quadro 29 – Demanda de 6.020 VA

Demanda de acordo com o Quadro 29: 12.980 + 6.020 + 980 = 19.980 VA

d) Outras cargas do condomínio.


Cálculo das parcelas de demanda referentes a outras cargas do condomínio:
a - Cargas motrizes
Deve ser aplicada a Quadro 29 do Apêndice A para cada tipo de carga, adotando-se
o fator de diversidade 1,0 a cada grupo destas cargas.
b - Cargas não motrizes
Estas cargas deverão ser analisadas em particular, aplicando-se às mesmas, fator
de demanda em função das suas características de utilização definidas no projeto.
Sobre a demanda calculada para estas cargas, deverá ser considerado o fator de
21

diversidade 1,0. Para estas cargas, deve ser adotado o fator de potência específico,
previsto no projeto.

Exemplo:
- Cargas motrizes - 2 motores para portões de garagem 600 W (1/3HP) – Quadro 29
– Demanda de 980 VA.
- Cargas não motrizes – Sauna elétrica com carga de 9.000 W. A essa carga será
aplicada demanda total e um fator de potência igual a um. Demanda 9.000VA.

Portanto a demanda do condomínio é de 46.136 VA (Ver Quadro 11).

Demanda total da instalação = Demanda total dos apartamentos + Demanda do


condomínio
Demanda total da instalação = 82.840 + 46.136 = 128.976 VA.
A esse valor pode-se ainda aplicar algum fator de multiplicação, a critério do
projetista.

Demanda aplicada total = 128.976 x 2,0 = 257.952 VA


Recomenda-se, para essa instalação, um transformador de 300kVA.

Quadro 11– Demanda Aplicada no Medidor de Serviço.

22

3.1.3. Categoria de cada Unidade Consumidora

Com a lista de circuitos e suas respectivas cargas de todas as unidades


consumidoras já definidas, e conseqüentemente de toda a instalação, define-se em
que categoria se encontra cada unidade consumidora desta edificação.
Consultando o item 5 da Norma da Escelsa (“NOR-TEC-01”), verifica-se que
todas as unidades consumidoras deste prédio estão na categoria III, visto que elas
possuem carga entre 15.000 e 75.000 W, e não possuem nenhuma das
características de restrição. E, consultando esse mesmo item, verifica-se que a
edificação como um todo, está na categoria VII, pois ela possui uma carga total
instalada de 766.122 W, maior que os 750kW limitantes da categoria VI.

Quadro 12– Categoria de Fornecimento das Unidades Consumidoras

Unidade Consumidora Carga Instalada (W) Categoria de Fornecimento

Apartamento Tipo1 36.300 III

Apartamento Tipo2 36.300 III

Condomínio 60.122 III

A instalação geral 766.122 VII

3.1.4. Câmara de transformação, Barramento Geral e dos medidores

Estudando o projeto arquitetônico deve ser escolhida a melhor localização


para: subestação, barramento geral e medidores. Geralmente, no projeto
arquitetônico já está definida a sua localização, porém é dever do projetista
eletricista ratificar essa localização ou sugerir modificações, caso a pré-definida pelo
arquiteto não atenda algum item das normas vigentes.

3.1.4.1. Câmara de transformação

O fornecimento de energia elétrica às instalações das Categorias VI e VII


deverá ser feito por meio de câmara de transformação ou cabina. No capítulo 10 da
Norma da ESCELSA (“NOR-TEC-01”) há as diretrizes para se projetar uma câmara
de transformação ou cabina. Nesse momento será mostrado apenas sobre a escolha
da localização e das suas dimensões:
23

a) Localização
De acordo com a NOR-TEC-01, sempre que o compartimento for parte
integrante da edificação, deverá ser construída câmara de transformação, localizada
no térreo, de preferência na parte frontal da edificação. A escolha da melhor
localização será em função das facilidades de acesso, ventilação e outros fatores de
projeto.
A ESCELSA responsabilizar-se-á pelo fornecimento do cabo classe 15kV
desde que a câmara diste até 10 metros medidos a partir da caixa de inspeção no
passeio. O trecho que exceder a 10 metros será de responsabilidade do interessado/
incorporador.
Sempre que o compartimento for isolado da edificação deverá ser construída
cabina que deverá ser localizada no recuo da edificação, no máximo a 6m da via
pública de construção normal sobre o solo, não devendo ser utilizada em locais
passíveis de inundação. Se o limite da edificação, onde está localizada a cabina,
estiver a mais de 6 metros da via pública, deverá ser construída uma caixa de
passagem, com dimensões de 80 x 80 x 100 cm, até 6m da via pública.
A câmara de transformação ou cabina deverá permitir fácil acesso a partir da
via pública, para os funcionários da ESCELSA ou pessoas autorizadas e para
circular equipamentos com dimensões mínimas de 1,20m x 1,80m x 2,00 e 2.500 Kgf
de peso, a qualquer hora do dia ou da noite, em que isto se torne necessário.
Qualquer localização diferente da prevista deverá ser motivo de prévia
consulta à ESCELSA.
b) ​Dimensões
De acordo com a NOR-TEC-01, a câmara de transformação ou cabina
deverá ser dimensionada de acordo com o(s) equipamento(s) a ser(em) instalado(s),
de modo a oferecer facilidade de operação e circulação, bem como as necessárias
condições mínimas de segurança. Deverá obedecer às seguintes dimensões
mínimas, livres de obstáculos, tais como, colunas, vigas, rebaixos, etc:
- câmara de transformação ou cabina com transformador único de até 300kVA,
dimensões mínimas: 3,00m x 3,90m x 2,80m (pé direito)
- câmara de transformação ou cabina com dois transformadores de até 300kVA,
dimensões mínimas: 6,60m x 3,90m x 2,80m (pé direito)
24

- para as edificações da categoria VII (carga instalada superior a 750kW ou área


superior a 10.000m2), as dimensões mínimas serão estabelecidas em função das
características técnicas de cada edificação, mediante prévia consulta à ESCELSA
(antes do início da construção).

3.1.4.2. Localização do Barramento Geral

O barramento geral em tensão secundária (QGBT) não deverá distar mais


de 2,5 metros, medidos a partir do perímetro da câmara de transformação. A
ESCELSA responsabilizar-se-á pelo fornecimento e instalação dos condutores em
tensão secundária. O trecho que exceder a 2,5 metros será de responsabilidade do
interessado / incorporador.

3.1.4.3. Localização dos medidores.

Nesse item será definida a localização dos Quadros de Medições (conjunto


de caixas destinadas à instalação de equipamentos de medição em condomínios
horizontal ou vertical, com barramento) e a localização do Medidor de Serviço
(Equipamento destinado a medição das cargas de uso comum da edificação e
também dos equipamentos de combate a incêndio, quando houver).
Primeiramente define-se o tamanho dos medidores e conseqüentemente o
tamanho dos quadros de medidores.
No desenho Nº1 da NOR-TEC-01, a ESCELSA define as dimensões
mínimas das caixas para medidores de kWh, kVArh, TC e disjuntores.

Quadro 13 - Caixas para medidores e disjuntores

Caixas Restrições Dimensões mínimas internas (mm)

Largura Altura Profundidade

Medidor Monofásico Até 9.000 W 270 170 140

Disjuntor Até 9.000 W 95 170 100


Monofásico

Medidor Polifásico Até 41.000 W 370 245 180

41.001 até 57.000 W 500 260 180

57.001 até 75.000 W 660 440 200


25
Disjuntor Polifásico Até 100 A 125 185 100

Maior que 100 até 200 A 670 345 200

​Fonte: NOR-TEC-01

Depois de definido o tamanho dos medidores, define-se o tamanho dos


quadros de medidores (QMs), de acordo com a arquitetura do projeto e a quantidade
de medidores de apartamentos.
De acordo com o capítulo 9 da NOR-TEC-01, a localização da medição
depende da categoria de fornecimento da instalação elétrica.
A medição deverá ser instalada na divisa da propriedade com a via pública
com a caixa do medidor voltada para a via pública, podendo ser instalada em muro,
poste ou na parede externa do prédio, nos casos das categorias serem I, II e III, ou
para o fornecimento às instalações da categoria V, nos seguintes casos:
a) Edificações verticais com carga total instalada até 75kW, em um quadro único de
medições, respeitadas as seguintes limitações: máximo de 3 pavimentos e até 6
medidores e demanda diversificada máxima de 60kW.
b) Edificações horizontais com carga instalada até 180 kW, em um quadro único de
medições, respeitadas as seguintes limitações: máximo de 16 unidades
monofásicas ou 12 polifásicas e demanda máxima diversificada igual a 118,80
kW.
Para as unidades consumidoras da categoria IV, a NOR-TEC-01 apresenta
vários padrões mostrando detalhes da medição de energia elétrica, cujos medidores,
transformadores de corrente e de potencial e seus condutores serão previstos e
instalados pela ESCELSA, por ocasião da ligação da subestação.
Nas unidades consumidoras das categorias V, VI e VII, as caixas para
instalação dos medidores deverão ser instaladas no interior da propriedade
particular, em local de fácil e permanente acesso, dotado de boa iluminação natural
ou artificial, não devendo ser instaladas em locais tais como:
• ​Escadarias e rampas;
• ​Dependências sanitárias;
• ​Proximidades de máquinas, bombas, tanques e reservatórios; ​• ​Locais sujeitos a
gases corrosivos, inundações, poeira, trepidação excessiva ou abalroamento de
veículos;
26

Em prédios de até 4 pavimentos ou sem elevador, os quadros de medições


deverão estar localizados no pavimento térreo, ou no 1º mezanino, respeitadas as
disposições do parágrafo anterior.
Em prédios com até dois quadros de medições, estes deverão situar-se junto
ao barramento geral.
Em prédios com mais de 4 pavimentos com elevador e com mais de 24
(vinte e quatro) medições, será permitida a instalação de quadros de medições,
distribuídos em diferentes pavimentos, desde que cada quadro tenha um mínimo de
06 (seis) medições.
A queda de tensão nos condutores onde circula energia não medida, a partir
do ponto de entrega de energia, calculada para uma carga igual ao limite superior da
faixa da respectiva categoria, deverá ser, no máximo, 1% ( um porcento).
Quando um quadro contiver 7 (sete) ou mais medidores, a caixa de
derivação geral deverá conter barramento.
O disjuntor deverá ser instalado em caixa específica junto à caixa do
medidor.

3.1.4.4. Localização da prumada elétrica.

Geralmente o projeto arquitetônico já define um espaço para a subida dos


cabos alimentadores dos apartamentos e de cargas dos condomínios, porém, o
projetista eletricista deverá dimensionar e definir o espaço necessário para suportar
os cabos dimensionados previamente, e caso seja necessário, solicitar uma
mudança no projeto arquitetônico.

3.2. Planta Baixa das Instalações Elétricas internas das unidades


consumidoras

3.2.1. Princípios fundamentais


Durante a elaboração de um projeto elétrico, existem alguns princípios
fundamentais que precisam ser respeitados. Esses princípios orientam os objetivos e
27

as prescrições da Norma ABNT NBR 5410, e estão relacionados nos itens 4.1.1 a
4.1.15 da Norma.
Esses princípios são:
a) As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques elétricos, seja o
risco associado a contato acidental com parte viva perigosa, seja a falhas que
possam colocar uma massa acidentalmente sob tensão.
b) A instalação elétrica deve ser concebida e construída de maneira a excluir
qualquer risco de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas
elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal, não deve haver
riscos de queimaduras para as pessoas e os animais.
c) As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos
negativos de temperaturas ou solicitações eletromecânicas excessivas
resultantes de sobrecorrentes a que os condutores vivos possam se submetidos.
d) Condutores que não os condutores vivos e outras partes destinadas a escoar
correntes de falta devem poder suportar essas correntes sem atingir
temperaturas excessivas.
e) As pessoas, os animais e os bens devem ser protegidos contra as conseqüências
prejudiciais de ocorrências que possam resultar em sobretensões, como faltas
entre partes vivas de circuitos sob diferentes tensões, fenômenos atmosféricos e
manobras.
f) Equipamentos destinados a funcionar em situações de emergência, como
incêndios, devem ter seu funcionamento assegurado a tempo e pelo tempo
julgado necessário.
g) Sempre que forem previstas situações de perigo em que se faça necessário
desernergizar um circuito, devem ser providos dispositivos de desligamento de
emergência, facilmente identificáveis e rapidamente manobráveis.
h) A alimentação da instalação elétrica, de seus circuitos e de seus equipamentos
deve poder ser seccionada para fins de manutenção, verificação, localização de
defeitos e reparos.
i) A instalação elétrica deve ser concebida e construída livre de qualquer influência
mútua prejudicial entre instalações elétricas e não elétricas.
j) Os componentes da instalação elétrica devem ser dispostos de modo a permitir
espaço suficiente tanto para a instalação inicial quanto para a substituição
28

posterior de partes, bem como acessibilidade para fins de operação, verificação,


manutenção e reparos.
k) Na seleção dos componentes, devem ser levados em consideração os efeitos
danosos ou indesejados que o componente possa apresentar, em serviço normal
(incluindo operações de manobra), sobre outros componentes ou na rede de
alimentação. Entre as características e fenômenos suscetíveis de gerar
perturbações ou comprometer o desempenho satisfatório da instalação podem
ser citados:
o ​O fator de potência;
o ​As correntes iniciais ou de energização;
o ​O desequilíbrio de fases;
o ​As harmônicas.
l) Toda instalação elétrica requer uma cuidadosa execução por pessoas
qualificadas, de forma a assegurar, entre outros objetivos, que:
o ​As características dos componentes da instalação não sejam comprometidas
durante sua montagem;
o ​Os componentes da instalação, e os condutores em particular, fiquem
adequadamente identificados;
o ​Nas conexões, o contato seja seguro e confiável;
o ​Os componentes sejam instalados preservando-se as condições de
resfriamento previstas;
o ​Os componentes da instalação suscetíveis de produzir temperaturas elevadas
ou arcos elétricos fiquem dispostos ou abrigados de modo a eliminar o risco
de ignição de materiais inflamáveis; e
o ​As partes externas de componentes sujeitas a atingir temperaturas capazes de
lesionar pessoas fiquem dispostas ou abrigadas de modo a garantir que as
pessoas não corram risco de contatos acidentais com essas partes.
m) As instalações elétricas devem ser inspecionadas e ensaiadas antes de sua
entrada em funcionamento, bem como após cada reforma, com vista a assegurar
que elas foram executadas de acordo com a NBR 5410.
n) O projeto, a execução, a verificação e a manutenção das instalações elétricas
devem ser confiados somente a pessoas qualificadas a conceber e executar os
trabalhos em conformidade com a NBR 5410.
29

3.2.2. Características gerais

De acordo com a NBR 5410, na concepção de uma instalação elétrica


devem ser determinadas as seguintes características:
a) Utilização prevista e demanda;
b) Esquema de distribuição;
c) Alimentações disponíveis;
d) Necessidade de serviços de segurança e de fontes apropriadas;
e) Exigências quanto à divisão da instalação;
f) Influências externas às quais a instalação for submetida;
g) Riscos de incompatibilidade e de interferências
h) Requisitos de manutenção.
A utilização prevista e a demanda (item a), assim como a divisão da
instalação (item e), já foram definidas no item da engenharia básica. Os requisitos de
manutenção (item h) também não serão mencionados, pois não é o propósito deste
trabalho. Agora serão definidos os itens restantes das características gerais.

3.2.2.1. Esquema de distribuição

O esquema de distribuição pode ser classificado de acordo com os critérios


do quadro 14.
Quadro 14- Esquema de distribuição
Esquema de Corrente alternada • ​Monofásico a dois condutores;
condutores vivos • ​Monofásico a três condutores;
• ​Bifásico a três condutores;
• ​Trifásico a três condutores;
• ​Trifásico a quatro condutores;

Corrente contínua • ​Dois condutores;


• ​Três condutores.
Esquema de Esquema TN • ​Esquema TN-S,
aterramento • ​Esquema TN-C-S,
• ​Esquema TN-C,

Esquema TT

Esquema IT

Fonte: NBR-5410
30

O esquema TN possui um ponto de alimentação diretamente aterrado,


sendo as massas ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. São
considerados três variante de esquema TN, de acordo com a disposição do condutor
neutro e do condutor de proteção:
• ​Esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos; ​•
Esquema TN-C-S, em parte do qual as funções de neutro e de proteção são
combinadas em um único condutor;
• ​Esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em
um único condutor, na totalidade do esquema.

O esquema TT possui um ponto da alimentação diretamente aterrado,


estando as massas da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento eletricamente
distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação.

No esquema IT todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da


alimentação é aterrado através de impedância. As massas da instalação são
aterradas, verificando-se as seguintes possibilidades:
• ​Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se existente;
e
• ​Massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s), seja porque não há
eletrodo de aterramento da alimentação, seja porque o eletrodo de aterramento
das massas é independente do eletrodo de aterramento da alimentação.

3.2.2.1.1. Esquema de distribuição nos edifícios residenciais.


O esquema de aterramento utilizado na ESCELSA é o esquema TN-C,
porém a partir do ponto de entrega, ele será convertido em um esquema TN-S,
portanto a edificação será um esquema TN-C-S.
31

3.2.2.2. Alimentações

De acordo com a NBR 5410 devem ser determinadas as seguintes


características das fontes de suprimento de energia com as quais a instalação for
provida:
a) Natureza da corrente e da freqüência;
b) Valor da tensão nominal;
c) Valor da corrente de curto-circuito presumida no ponto de suprimento; d)
Possibilidade de atendimento dos requisitos da instalação, incluindo a demanda de
potência.
Essas características devem ser obtidas junto à empresa distribuidora de
energia elétrica, no que se refere ao suprimento via rede pública de distribuição, e
devem ser determinadas, quando se tratar de fonte própria.
O fornecimento de energia elétrica às unidades consumidoras, localizadas
em municípios atendidos pela Espírito Santo Centrais Elétricas S.A – ESCELSA,
será feito em corrente alternada na freqüência de 60 hertz, em sistema com neutro
aterrado, nas seguintes tensões padronizadas:
a) Tensões secundárias
• ​220/127Volts em sistemas trifásicos, com neutro aterrado;
• ​127 Volts em sistemas monofásicos, com neutro aterrado.
Excepcionalmente nas localidades de Alegre, Rive, Guaçui e Celina, as
tensões poderão ser, além das acima citadas, 380/220 Volts, em sistemas trifásicos
e 220 Volts em sistemas monofásicos (fase-neutro), ambas com neutro aterrado.

b) Tensões primárias
As tensões de fornecimento primárias nominais (média tensão) poderão
variar entre 11.400 e 13.800 Volts entre fases.

3.2.2.3. Serviços de segurança


Quando for imposta a necessidade de serviços de segurança, as fontes de
alimentação para tais serviços devem possuir capacidade, confiabilidade e
disponibilidade adequadas ao funcionamento especificado.
32

3.2.2.4. Influências externas

Na concepção e na execução das instalações elétricas devem ser


consideradas a classificação e a codificação das influências externas estabelecidas
na NBR 5410.
Cada condição de influência externa é designada por um código que
compreende sempre um grupo de duas letras maiúsculas e um número, como
descrito a seguir:
a) A primeira letra indica a categoria geral da influência externa:
• ​A = meio ambiente;
• ​B = utilização;
• ​C = construção das edificações;
b) A segunda letra indica a natureza da influência externa;
c) O número indica a classe de cada influência externa.

Para exemplos, verificar Quadros 30, 31 e 32 no Apêndice B.

3.2.2.5. Compatibilidade

Devem ser tomadas medidas apropriadas quando quaisquer características


dos componentes da instalação forem suscetíveis de produzir efeitos prejudiciais em
outros componentes, em outros serviços ou ao bom funcionamento da fonte de
alimentação. Essas características dizem respeito, por exemplo, a:
• ​Sobretensões transitórias;
• ​Variações rápidas de potência;
• ​Correntes de partida;
• ​Correntes harmônicas;
• ​Componentes contínuas;
• ​Oscilações de alta freqüência;
• ​Correntes de fuga.
33

Todos os componentes da instalação elétrica devem atender às exigências


de compatibilidade eletromagnética e ser conforme o que as normas aplicáveis
prescrevem, neste particular. Isso não dispensa, porém, a observância de medidas a
reduzir os efeitos das sobretensões induzidas e das perturbações eletromagnéticas
em geral.

3.2.3. Segurança da instalação elétrica das unidades consumidoras

Ao se projetar a instalação elétrica interna das unidades consumidoras,


deve-se tomar medidas de proteção para garantir segurança. No capítulo 5 da NBR
5410, são descritas todas as informações necessárias para essas medidas. Essa
Norma define todos os tipos de proteção necessária e as medidas a serem tomadas.
As proteções são:
a) Proteção contra choques elétricos.
b) Proteção contra efeitos térmicos.
c) Proteção contra sobrecorrentes.
d) Proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas.
e) Proteção contra quedas e faltas de tensão.

3.2.3.1. Considerações da NBR 5410

3.2.3.1.1. Proteção contra choques elétricos

O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques


especificadas na NBR 5410 pode ser assim resumido:
• ​Partes vivas perigosas não devem ser acessíveis; e
• ​Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em
condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as tornem
acidentalmente vivas.
Deste modo, a proteção contra choques elétricos compreende, em caráter
geral, dois tipos de proteção:
34

• ​Proteção básica
• ​Proteção supletiva
Os conceitos de “proteção básica” e de “proteção supletiva” correspondem,
respectivamente, aos conceitos de “proteção contra contatos diretos” e de “proteção
contra contatos indiretos”.
A regra geral da proteção contra choques elétricos é que o principio
enunciado anteriormente seja assegurado, no mínimo, pelo provimento conjunto de
proteção básica e de proteção supletiva, mediante combinação de meios
independentes ou mediante aplicação de uma medida capaz de prover ambas as
proteções, simultaneamente.
As medidas de proteção contra choques elétricos são apresentadas a seguir:
a. Equipontencialização e seccionamento automático da alimentação; b. Isolação
dupla ou reforçada;
c. Uso de separação elétrica individual;
d. Uso de extrabaixa tensão: SELV (“​Separated extra-low voltage”) ​e PELV
(​“Protected extra-low voltage”)​.

Diferentes medidas de proteção contra choques elétricos podem ser


aplicadas e coexistir numa mesma instalação.
A medida de caráter geral a ser utilizada na proteção contra choques
elétricos é a equipotencialização e seccionamento automático da alimentação, e por
isso focaremos nosso trabalho nelas. As outras medidas de proteção contra choques
elétricos descritas na NBR 5410 são admitidas ou mesmo exigidas em situações
mais pontuais, para compensar dificuldades no provimento da medida de caráter
geral ou para compensar sua insuficiência em locais ou situações em que os riscos
de choque elétrico são maiores ou suas conseqüências mais perigosas.

a. Equipontencialização e seccionamento automático da alimentação A


equipotencialização é um procedimento que consiste na interligação de elementos
especificados, visando obter a eqüipotencialidade necessária para os fins desejados.
Por extensão, a própria rede de elementos interligados resultante.
35

Todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de


proteção, e todas aquelas situadas numa mesma edificação ou simultaneamente
acessíveis devem estar vinculadas a um mesmo eletrodo de aterramento, sem
prejuízo de eqüipotencializações adicionais que se façam necessárias, para fins de
proteção contra choques e/ou de compatibilidade eletromagnética. Massas
protegidas contra choques elétricos por um mesmo dispositivo, dentro das regras da
proteção por seccionamento automático da alimentação, devem estar vinculadas a
um mesmo eletrodo de aterramento, sem prejuízo de eqüipotencializações
adicionais que se façam necessárias, para fins de proteção contra choques e/ou de
compatibilidade eletromagnética.
Todo o circuito deve dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão,
sendo que um condutor de proteção pode ser comum a dois ou mais circuitos, desde
que esteja instalado no mesmo conduto que os respectivos condutores de fase e
sua seção seja dimensionada conforme as seguintes opções:
③ ​Calculada para a mais severa corrente de falta presumida e o mais longo tempo
de atuação do dispositivo de seccionamento automático verificados nesses
circuitos;
• ​Selecionada com base na maior seção de condutor de fase desses circuitos.

Admite-se que os seguintes elementos sejam excluídos das


equipotencializações:
• ​Suportes metálicos de isoladores de linhas aéreas fixados à edificação que
estiverem fora da zona de alcance normal;
• ​Postes de concreto armado em que a armadura não é acessível; ​• ​Massas que, por
suas reduzidas dimensões ou por sua disposição, não possam ser agarradas ou
estabelecer contato significativo com parte do corpo humano, desde que a ligação a
um condutor de proteção seja difícil ou pouco confiável.

A proteção básica nessa medida de proteção deve ser assegurada por


isolação das partes vivas e/ou pelo uso de barreiras ou invólucros. E a proteção
supletiva deve ser assegurada, conjuntamente, por equipotencialização e pelo
seccionamento automático da alimentação.
36

O princípio do seccionamento automático é que um dispositivo deve


seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento por ele
protegido sempre que uma falta (entre parte viva e massa ou entre parte viva e
condutor de proteção) no circuito ou equipamento der origem a uma tensão de
contato superior ao valor pertinente da tensão de contato limite U​L​.
No esquema TN, que é o geralmente usado, devem ser obedecidas as
prescrições descritas a seguir:
• ​A equipotencialização via condutores de proteção deve ser única e geral,
envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser interligada com o ponto
da alimentação aterrado, geralmente o neutro;
• ​Recomenda-se o aterramento dos condutores de proteção em tantos pontos
quanto possível. Em construções de porte, tais como edifícios de grande altura, a
realização de equipotencializações locais, entre condutores de proteção e
elementos condutivos da edificação, cumpre o papel de aterramento múltiplo do
condutor de proteção;
• ​As características do dispositivo de proteção e a impedância do circuito devem ser
tais que, ocorrendo em qualquer ponto uma falta de impedância desprezível
entre um condutor de fase e o condutor de proteção ou uma massa, o
seccionamento automático se efetue em um tempo no máximo igual ao
especificado na Quadro 15. Considera-se a prescrição atendida se a seguinte
condição for satisfeita:

Zs . Ia ≤ Uo

Onde :
Z​s ​é a impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta, composto da
fonte, do condutor vivo, até o ponto de ocorrência da falta, e do condutor de
proteção (do ponto de ocorrência da falta até a fonte);
I​a​ ​é a corrente, em ampères, que assegura a atuação do dispositivo de
proteção num tempo no máximo igual ao especificado na Quadro 15. U​o​ ​é a tensão
nominal, em volts, entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada.
37
Figura 4 – Circuito Equivalente de uma falta de impedância desprezível

• ​No esquema TN, no seccionamento automático visando à proteção contra choques


elétricos, podem ser usados os seguintes dispositivos de proteção: ​o
Dispositivos de proteção a sobrecorrente;
o ​Dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual (dispositivos DR),
observado o que estabelece a alínea seguinte
• ​Não se admite, na variante TN-C do esquema TN, que a função de seccionamento
automático, visando à proteção contra choques elétricos, seja atribuída aos
dispositivos DR. Isso porque, o DR funciona, verificando o soma vetorial das
correntes que passam por ele. Conforme podemos ver na figura 5, no esquema
TN-S, passa pelo DR trifásico as correntes das fases e do neutro. A corrente do
terra não passa pelo dispositivo DR. Se a soma vetorial que passa por ele for
igual a zero, não há corrente de fuga. Se ocorrer uma falta de um circuito na
massa da carga, e mesmo uma pequena corrente de fuga aparecer no condutor
Terra, essa diferença será percebida pelo dispositivo DR que irá atuar e
seccionará o circuito. Na variante TN-C, o condutor Neutro e o Terra, passariam
pelo dispositivo DR, no mesmo condutor, portanto, mesmo que ocorresse uma
falta, e aparecesse uma corrente de fuga it, o dispositivo não conseguiria
percebê-la, conforme podemos ver na figura 6.
38
Figura 5 – Esquema TN-S

Figura 6 – Esquema TN-C

Quadro 15 – Tempos de seccionamento máximos


no esquema TN.

Uo (V) Tempo de seccionamento (s)

Situação 1 Situação 2

115, 120, 127 0,8 0,35

220 0,4 0,2

254 0,4 0,2

277 0,4 0,2

400 0,2 0,05

Notas:
1 Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente
alternada 2 As situações 1 e 2 estão definidas no ​Apêndice ​B deste trabalho
Fonte: NBR-5410
39

3.2.3.1.2. Proteção contra efeitos térmicos

As pessoas, bem como os equipamentos e materiais fixos adjacentes a


componentes da instalação elétrica, devem ser protegidos contra os efeitos térmicos
prejudiciais que possam ser produzidos por esses componentes, tais como: a. Risco
de queimaduras;
b. Combustão ou degradação dos materiais;
c. Comprometimento da segurança de funcionamento dos componentes instalados.

Os componentes da instalação não devem representar perigo de incêndio


para os materiais adjacentes. Devem ser observadas, além das prescrições da NBR
5410, as respectivas instruções dos fabricantes.
Os componentes fixos cujas superfícies externas possam atingir
temperaturas suscetíveis de provocar incêndio nos materiais adjacentes devem ser:
a. Montados sobre ou envolvidos por materiais que suportem tais temperaturas e
seja de baixa condutividade térmica; ou
b. Separados dos elementos construtivos da edificação por materiais que suportem
tais temperaturas e sejam de baixa condutividade térmica; ou
c. Montados de modo a guardar afastamento suficiente de qualquer material cuja
integridade possa ser prejudicada por tais temperaturas e garantir uma segura
dissipação de calor, aliado à utilização de materiais de baixa condutividade
térmica.
Quando um componente da instalação, fixo ou estacionário, for suscetível de
produzir, em operação normal, arcos ou centelhamento, ele deve ser: a. Totalmente
envolvido por material resistente a arcos; ou
b. Separado, por materiais resistentes a arcos, de elementos construtivos da
edificação sobre os quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais; ou c.
Montado a uma distância suficiente dos elementos construtivos sobre os quais os
arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais, de modo a permitir a segura
extinção do arco.
Os materiais resistentes a arcos mencionados devem ser incombustíveis,
apresentar baixa condutividade térmica e possuir espessura capaz de assegurar
estabilidade mecânica.
40

Os componentes fixos que apresentem efeito de concentração de calor


devem estar suficientemente afastados de qualquer objeto fixo ou elemento
construtivo, de modo a não submetê-lo, em condições normais, a uma temperatura
perigosa.
Componentes da instalação que contenham líquidos inflamáveis em volume
significativo devem ser objeto de precauções para evitar que, em caso de incêndio, o
líquido inflamado, a fumaça e gases tóxicos se propaguem para outras partes da
edificação. Tais precauções podem ser, por exemplo:
a. Construção de um fosso de drenagem, para coletar vazamentos do liquido e
assegurar a extinção das chamas, em caso de incêndio;
b. Instalação dos componentes numa câmara resistente ao fogo, ventilada apenas
por atmosfera externa, e previsão de soleira, ou outros meios, para evitar que o
liquido inflamado se propague para outras partes da edificação.
Os materiais de invólucros aplicados a componentes da instalação durante a
execução da obra devem suportar a maior temperatura que o componente possa vir
a atingir. Só se admitem invólucros de material combustível se forem tomadas
medidas preventivas contra o risco de ignição, tais como revestimento com material
incombustível, ou de difícil combustão, e baixa condutividade térmica.

3.2.4. Projeto da instalação elétrica dos apartamentos

Para a elaboração do projeto elétrico dos apartamentos, pode-se seguir a


seguinte seqüência:
1. Definir posições de pontos de luz e respectivos interruptores.
2. Definir posições de tomadas de energia.
3. Definir posição do quadro do apartamento.
4. Definir comandos de iluminação dos interruptores.
5. Definir caminho dos eletrodutos e quais fios passarão em cada eletroduto.
6. Colocar Simbologia.
7. Desenhar detalhes construtivos necessários.
8. Desenhar carimbo e margens.
41

3.2.5. Projeto da instalação elétrica do condomínio

Depois que os apartamentos já estiverem todos prontos, deve-se dar início


ao projeto do condomínio. A seqüência é a mesma da feita para os apartamentos: 1.
Definir posições de pontos de luz e respectivos interruptores. 2. Definir posições de
pontos de luz de emergência.
3. Definir posições de tomadas de energia.
4. Definir posição do(s) quadro(s) do condomínio.
5. Definir comandos de iluminação dos interruptores.
6. Definir caminho dos eletrodutos e quais fios passarão em cada eletroduto.
7. Colocar Simbologia.
8. Desenhar detalhes construtivos necessários.
9. Desenhar carimbo e margens.

3.3. Trifilares dos quadros de distribuição

Depois de já ter preparado as plantas baixas, com os pontos de carga, os


eletrodutos, os circuitos definidos, os fios já passados, e todos os quadros
localizados, deve-se fazer os trifilares dos quadros.
Nos trifilares será dimensionada a proteção supletiva (contra “contatos
indiretos”), pois a proteção básica é feita por isolação das partes vivas. Por meio das
características de cada circuito, será dimensionado o dispositivo que irá fazer o
seccionamento automático da alimentação.

3.3.1. Proteção contra sobrecorrentes

Todo circuito terminal deve ser protegido contra sobrecorrentes por


dispositivo que assegura o seccionamento simultâneo de todos os condutores de
fase. Isso significa que o dispositivo de proteção deve ser multipolar, quando o
circuito for constituído de mais de uma fase. Dispositivos unipolares montados lado a
lado, apenas com suas alavancas de manobra acopladas, não são considerados
dispositivos multipolares, portanto não deverão ser usados.
42
Os condutores vivos devem se protegidos, por um ou mais dispositivos de
seccionamento automático contra sobrecargas e contra curtos-circuitos. Esses
dispositivos destinam-se a interromper sobrecorrentes antes que elas se tornem
perigosas, devido aos seus efeitos térmicos e mecânicos, ou resultem em uma
elevação de temperatura prejudicial à isolação, às conexões, às terminações e à
circunvizinhança dos condutores.
A detecção de sobrecorrentes deve ser prevista em todos os condutores de
fase e deve provocar o seccionamento do condutor em que a sobrecorrente for
detectada, não precisando, necessariamente, provocar o seccionamento dos outros
condutores vivos.
No caso de projetos prediais residenciais em que o condutor neutro será
sempre da mesma seção dos condutores de fase, não é necessário prever detecção
de sobrecorrente no condutor neutro, nem dispositivo de seccionamento nesse
condutor.
Para que a proteção dos condutores contra sobrecargas fique assegurada,
as características de atuação do dispositivo destinado a provê-la devem ser tais que:
a. I​B ≤
​ I​n ≤
​ I​Z​; e

b. I​2 ≤
​ 1,45 I​Z

Onde:
I​B​ ​é a corrente de projeto do circuito;
Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, nas condições
previstas para sua instalação;
In é a corrente nominal do dispositivo de proteção nas condições previstas para sua
instalação;
I2 é a corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente convencional
de fusão, para fusíveis, isso se for possível assumir que a temperatura limite de
sobrecarga dos condutores (ver Quadro 16) não venha a ser mantida por um tempo
superior a 100h durante 12 meses consecutivos, ou por 500h ao longo da vida útil do
condutor. Quando isso não ocorrer, a condição da alínea b) deve ser substituída por:
I​2 ≤
​ I​Z .

Esses dispositivos de proteção contra sobrecargas devem ser localizados


em todos os pontos onde uma mudança (por exemplo, de seção, de natureza, de
43
maneira de instalar ou de constituição) resulte em redução do valor da capacidade
de condução de corrente dos condutores.

Quadro 16– Temperaturas características dos condutores


Tipo de isolação Temperatura Temperatura Temperatura
máxima para limite de limite de
serviço contínuo sobrecarga curto-circuito
(condutor) (condutor) (condutor)
°C °C °C

Policloreto de vinila (PVC) até 300 mm2 70 100 160

Policloreto de vinila (PVC) maior 70 100 140


que 300 mm2

Borracha etileno-propileno (EPR) 90 130 250

Polietileno reticulado (XLPE) 90 130 250

Fonte: NBR-5410
Para se fazer a proteção contra curto-circuito, as correntes de curto-circuito
presumidas devem ser determinadas em todos os pontos da instalação julgados
necessários. Essa determinação pode ser efetuada por cálculo ou por medição.
E assim como para os dispositivos de proteção contra sobrecarga, devem
ser providos dispositivos que assegurem proteção contra curtos-circuitos em todos
os pontos onde uma mudança (por exemplo, redução de seção) resulte em alteração
do valor da capacidade de condução de corrente dos condutores, admitindo-se
exceções caso a parte da linha compreendida entre a redução de seção ou outra
mudança e a localização cogitada para o dispositivo atender a uma das duas
condições seguintes:
a. Não exceder 3 metros de comprimento, for realizada de modo a reduzir ao mínimo
o risco de um curto-circuito e não estiver situada nas proximidades de materiais
combustíveis;
b. Estiver protegida contra curtos-circuitos por um dispositivo de proteção localizado
a montante.

3.3.2. Proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas.


Os circuitos deverão ser protegidos contra sobretensões e perturbações
eletromagnéticas. Determinadas ocorrências podem fazer com que os circuitos fase-
44

neutro sejam submetidos a sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre
fases. Essas ocorrências são:
a. Perda do condutor neutro em esquemas TN e TT, em sistemas trifásicos com
neutro, bifásicos com neutro e monofásicos a três condutores;
b. Falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um esquema IT. No
caso b, os componentes da instalação elétrica devem ser selecionados de forma a
que sua tensão nominal de isolamento seja pelo menos igual ao valor da tensão
nominal entre fases da instalação. No caso a, deve-se adotar idêntica providência
quando tais sobretensões, associadas à probabilidade de ocorrência, constituírem
um risco inaceitável.
Deve ser provida proteção contra sobretensões transitórias, por meio de
Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPSs) ou por outros meios que garantam
uma atenuação das sobretensões no mínimo equivalente aos DPSs, e quando a
instalação for alimentada por linha total ou parcialmente aérea, ou incluir ela própria
linha, e se situar em região sob condições de influências externas AQ2 (mais de 25
dias de trovoadas por ano).

Quadro 17– Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação


Tensão nominal da Tensão de impulso suportável requerida (kV)
instalação (V)
Categoria de produto

Sistemas Sistemas Produto a Produto a Equipament Produtos


trifásicos monofásicos ser ser os de especialme
com neutro utilizado utilizado utilização nte
na em protegidos
entrada circuitos de
da instalação distribuiçã
oe
circuitos
terminais

Categoria de suportabilidade a impulsos

IV III II I
120/208 115-230 4 2,5 1,5 0,8
127/220 120-240
127-254

220/380, - 6 4 2,5 1,5


230/400,
277/480

400/690 - 8 6 4 2,5

Fonte: NBR-5410
45

Os componentes da instalação devem ser selecionados de modo que o valor


nominal de sua tensão de impulso suportável não seja inferior àqueles indicados no
Quadro 17.
As blindagens, armações, coberturas e capas metálicas das linhas externas,
bem como os condutos de tais linhas, quando metálicos, devem ser incluídos na
eqüipotencialização principal.
Em toda edificação alimentada por linha elétrica em esquema TN-C, o
condutor PEN deve ser separado, a partir do ponto de entrada da linha na
edificação, ou a partir do quadro de distribuição principal, em condutores distintos
para as funções de neutro e de condutor de proteção. A alimentação elétrica, até aí
TN-C, passa então a um esquema TN-S (globalmente, o esquema é TN-C-S).

3.3.3. Proteção contra quedas e faltas de tensão

Devem ser tomadas precauções para evitar que uma queda de tensão ou
uma falta total de tensão, associada ou não ao posterior restabelecimento desta
tensão, venha a causar perigo para as pessoas ou danos a uma parte da instalação,
a equipamentos de utilização ou aos bens em geral. O uso de dispositivos de
proteção contra quedas e faltas de tensão pode não ser necessário se os danos a
que a instalação e os equipamentos estão sujeitos, nesse particular, representarem
um risco aceitável e desde que não haja perigo para pessoas.
Para proteção contra quedas e faltas de tensão podem ser usados, por
exemplo:
a. Relés ou disparadores de subtensão atuando sobre contatores ou disjuntores;
b. Contatores providos de contato auxiliar de auto-alimentação
A atuação dos dispositivos de proteção contra quedas e faltas de tensão
pode ser temporizada, se o equipamento protegido puder admitir, sem
inconvenientes, uma falta ou queda de tensão de curta duração.
Se forem utilizados contatores, a temporização na abertura ou no
fechamento não deve, em nenhuma circunstância, impedir o seccionamento
instantâneo imposto pela atuação de outros dispositivos de comando e proteção.
Quando o religamento de um dispositivo de proteção for suscetível de
causar uma situação de perigo, esse religamento não deve ser automático.
46

3.3.4. Proteção adicional contra choques elétricos

O uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual com


corrente diferencial-residual nominal I​∆n ​igual ou inferior a 30 mA é reconhecido como
proteção adicional contra choques elétricos. A proteção adicional provida pelo uso
de dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade visa casos como os de falha
de outros meios de proteção e de descuido ou imprudência do usuário.
A utilização de tais dispositivos não é reconhecida como constituindo em si
uma medida de proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de uma
das medidas de proteção estabelecidas anteriormente.
Qualquer que seja o esquema de aterramento, devem ser objeto de proteção
adicional por dispositivos a corrente diferencial-residual com corrente diferencial
residual nominal I​∆n​ ​igual ou inferior a 30 mA:
a. Os circuitos que sirvam a pontos de utilização situados em locais contendo
banheira ou chuveiro;
b. Os circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à
edificação;
c. Os circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a
alimentar equipamentos no exterior;
d. Os circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos de utilização situados
em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais
dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens;
e. Os circuitos que, em edificações não residenciais, sirvam a pontos de tomada
situados em cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens
e, no geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.
No que se refere a tomadas de corrente, a exigência de proteção adicional
por DR de alta sensibilidade se aplica às tomadas com corrente nominal de até 32A.
Admite-se a exclusão, na alínea d, dos pontos que alimentem aparelhos de
iluminação posicionados a uma altura igual ou superior a 2,5m.
A proteção dos circuitos pode ser realizada individualmente, por ponto de
utilização ou por circuito ou por grupo de circuitos.
47

3.4. Quadro de Carga da instalação

No quadro de carga é onde se pode ter uma visão geral de todo o projeto.
As informações mais importantes estão nesse quadro. Aqui, deverá ser apresentada
a planilha de cargas agrupadas por circuitos alimentadores dos quadros de medição
e por circuitos alimentadores gerais, bem como suas demandas, proteções,
eletrodutos, condutores e equilíbrio de fases.
Na engenharia básica, define-se a carga de cada unidade consumidora, a
carga total e a demanda geral do sistema. Define-se também os quadros de
medidores (QMs).
Usando o exemplo utilizado na engenharia básica, tem-se o seguinte quadro
18, 20 e 22 com as cargas de todos os consumidores agrupados por QMs e pelo
Medidor de Serviço. É mostrado também nestes quadros, a demanda desses QMs e
do Medidor de Serviço. O dimensionamento dos cabos alimentadores, dos
eletrodutos e da proteção de seus circuitos é feito baseado na carga total, para os
apartamentos, e baseado na demanda calculada, para os QMs.
Com os quadros 18, 20 e 21, dimensiona-se os equipamentos, condutores,
dispositivos e materiais das instalações elétricas. Para os apartamentos, será usada
a carga instalada, e para o quadro de medidores, será usada a demanda calculada.
Portanto:
Apartamentos tipos:
Carga = 36.300 W (Trifásico)
Corrente = 95,27 A
Disjuntor = 100 A
Condutores fase e neutro – Cabos de cobre 4#35 mm​2 ​PVC 70°.
Condutores de aterramento – Cobre nu 16 mm​2​.
Eletroduto – 60 mm (2 pol)

Quadro de medidores:
Demanda: 113.559,2 VA
Corrente: 298,06 A
Disjuntor = 300 A
Condutores fase e neutro - Cabos de cobre 4#185 mm​2 ​PVC 70°.
48

Condutores de aterramento - Cobre nu 25 mm​2​.


Uma parte do percurso em Eletroduto de 110 mm (4 pol). Outra parte será em
eletrocalha 30x10cm lacrada. Para maiores detalhes ver o projeto exemplo.
Quadro 18– Quadro de Carga do QM1

Quadro 19– Dimensionamento dos apartamentos e do QM1


49

Quadro 20 - Quadro de Carga do QM2

Quadro 21– Dimensionamento dos apartamentos e do QM2


50

Quadro 22 - Quadro de Carga do Condomínio

Quadro 23​– Dimensionamento condomínio


3.5. Unifilar Geral da instalação

Depois que estiverem os trifilares e o quadro de carga do edifício prontos,


pode-se desenhar o unifilar geral. O unifilar geral mostra as informações, desde a
entrada de energia da ESCELSA, até os cabos chegando aos medidores das
unidades consumidoras e os cabos de saídas desses medidores para os quadros
nos apartamentos. No unifilar geral serão mostradas as informações dos cabos
51

durante todo o percurso descrito, mostrando os valores das proteções


dimensionadas, o transformador a ser usado. A carga das unidades consumidoras.

3.6. Planta Baixa da Alimentação das Unidades Consumidoras

3.6.1. Planta de alimentadores dos quadros dos apartamentos.

Para fazer a alimentação dos quadros dos apartamentos, desenha-se na


planta do tipo o caminho que o eletroduto com os fios irá percorrer até chegar ao
quadro.

3.6.2. Planta de alimentadores dos quadros do condomínio e a malha de


terra da instalação.

Para fazer a alimentação dos quadros dos condomínios, usa-se o quadro de


cargas para nos servir de guia. No quadro de cargas há todas as informações
necessárias para o entendimento do projeto. Quais os quadros existentes, o cabo de
alimentação desse quadro e o eletroduto que leva essa alimentação. Então,
primeiramente, devem-se localizar na planta todos os quadros e em seguida
interligar os quadros com a seqüência que melhor atende ao projeto.

3.7. Esquema Vertical da instalação elétrica.

O esquema vertical representa toda a instalação elétrica do edifício. Ela


serve para facilitar para quem for executar o projeto localizar todos os quadros dos
apartamentos e do condomínio, localizar a posição dos QMs, QGBT, subestação e
sua seqüência de ligação

3.8. Planta de situação do edifício.

A planta de situação do edifício mostra a localização deste na cidade. A sua


presença no projeto é requisitada pela ESCELSA.
52

3.9. Vista de Medidores

A vista de medidores será feita baseada na forma já pré-definida na engenharia


básica, e posta no quadro de carga.
Será feita uma vista frontal, mostrando a forma como o quadro de medidores
será instalado na parede, o seu tamanho, a posição dos medidores dos
apartamentos com a identificação de cada unidade consumidora (número do
apartamento), a identificação dos eletrodutos que saem dos medidores, o eletroduto
de alimentação de todo o barramento.
A caixa do barramento será em chapa metálica de aço galvanizado de 1,9 mm
de espessura. A sua tampa deverá ter no máximo 1,30m. Acima deste valor a caixa
deverá ter duas ou mais tampas de mesmo tamanho. Essa tampa deverá ter punhos
para facilitar a sua retirada.
Na caixa também se deve colocar dispositivos de lacre e de segurança para garantir
a inviolabilidade do barramento e para garantir a proteção à vida.
Figura 7​– Vista Frontal do QM 1
53

Figura 8 ​– Vista Frontal do QM 2


Figura 9 – Lista de Material das Vistas Frontais
54

Será mostrada também uma vista interna do barramento, detalhando a posição


das barras de cobre, a chegada do cabo alimentador nessas barras e o detalhe de
conexão desses cabos nas barras.

Figura 10 ​– Detalhe das Barras

O tamanho das barras de cobre será de acordo com o número de medidores. Os


furos de conexão dos cabos à barra de cobre deverão ter uma distância mínima de
10 cm entre si e entre os isoladores, e serão usados para cada dois medidores. Para
cabos de alimentadores até 35 mm​2 a
​ barra deverá ter furo de 1/4”. Para cabos
superiores a 35 mm​2 a
​ barra deverá ter furo de 3/8”. No exemplo usado, há um
quadro de medidores com 10 medidores, cujos cabos de alimentação são de 35
mm​2​, portanto será preciso de uma barra com 5 furos de 1/4” cada. E como tem-se
um cabo de 185 mm​2 d
​ e alimentação do QM, precisa-se de um furo de 3/8” nessa
barra para a conexão desse cabo.
A vista interna do QM irá mostrar a disposição da barra de cobre e a localização
das entradas dos cabos de alimentação.
55

Figura 11 – Vista Interna do QM1

Figura 12 – Vista Interna do QM2


56
Figura 13 – Lista de Material das Vistas Internas

3.10. Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) e Medidor de Serviço (MS).

Figura 14 – Vista Frontal do QGBT

O QGBT é a entrada principal de energia de um edifício. Ele é o primeiro quadro


depois da Subestação. A partir desse quadro que saíra todas as outras alimentações
do edifício, e seguirá para os medidores das suas Unidades consumidoras
(Apartamentos + Condomínio). Deverão ser mostrados os detalhes construtivos
57
desse quadro, por meio de vistas frontal e interna. Para o Medidor de Serviço, serão
mostrado os detalhes construtivos, usando-se a sua vista frontal.

Figura 15 – Vista Interna do QGBT


58
Figura 16 – Identificação dos Materiais

Figura 17 – Vista Frontal MS


59

A lista de material do Medidor de Serviço está especificada juntamente com a


lista do QGBT na figura 16.

3.11. Projeto da Subestação.

Na fase de Engenharia Básica foi definida a localização e o tamanho da câmara


de transformação do edifício. A NOR-TEC-01 possui desenhos que definem a
configuração interna da câmara. Para câmara onde será instalado um único
transformador de até 300 kVA pode-se usar a configuração do desenho 27 desta
Norma, que está representada na figura 18.

Figura 18 – Exemplo de Planta Baixa de Subestação

A câmara de transformação deverá ser provida de uma porta exterior, com duas
folhas abrindo para fora, com dimensões mínimas 2,00 x 0,90m por folha e possuir
dispositivo para fechamento à cadeado, devendo a chave ficar em poder da
ESCELSA, quando nela estiverem instalados equipamentos de sua propriedade.
Sua construção será de modo a resistir a fogo interno durante um mínimo de 3
horas, sendo para tal constituída de chapas duplas e alma de amianto.
60

A câmara de transformação deverá ter pelo menos duas aberturas para


claridade e circulação de ar e sua instalação deve obedecer aos critérios abaixo
indicados:
a) as aberturas para entrada e saída de ar deverão ter uma área livre de no mínimo
0,07m​2 p 3
​ or m​ d​ e volume da câmara de transformação e possuir grade de

proteção com malha mínima de 30mm e veneziana do tipo chicana, no caso das
aberturas estarem ao alcance de pessoas;

Figura 19 – Detalhes Construtivos da Janela da Subestação

Figura 20– Detalhe 2

b) as aberturas destinadas à entrada e saída de ar deverão se localizadas


preferencialmente com acesso direto para o ar livre. Quando não tiver acesso
61

direto ao ar livre torna-se necessária a instalação de dutos de ventilação de modo


a obter ventilação natural e adequada, inclusive com ventiladores comandados
por relé térmico, se necessário;
c) no caso de câmara de transformação, será permitida a abertura para o interior da
edificação desde que seja área de garagem ou outra área ampla. Neste caso, as
aberturas deverão ter abafadores com fechamento automático em caso de fogo
no seu interior.

O Piso da câmara de transformação deverá ser de concreto armado com


espessura mínima de 0,20m, de tal maneira a resistir ao peso dos equipamentos a
serem instalados. Deverá ser construído dreno para coleta de óleo do transformador
em caso de troca ou vazamento de acordo com os desenhos básicos de 31 e 32 da
NOR-TEC-01, evitando-se a sua passagem para outros recintos da edificação.

Figura 21 – Desenho 31 da NOR-TEC-01


62
Figura 22 – Desenho 32 da NOR-TEC-01

O sistema de confinamento do óleo do trafo mais comumente usado é o do


desenho 32.
Deverá ser construída, na parte inferior interna da porta, uma soleira de 102mm
de concreto, com a finalidade de não se permitir o vazamento de óleo para área
externa da câmara de transformação.
As paredes externas e o teto deverão ser construídos em concreto armado com
espessura mínima de 20cm, de forma a suportar pressões de ate 6kPA, para
qualquer potência de transformador até o limite previsto por esta Norma, permitindo
se para as paredes internas, o uso de tijolos maciços na espessura de 15cm.
A câmara de transformação não deverá ser construída junto aos pilares de
edificação. Caso isto não possa ser evitado, o mesmo deverá ser recalculado.
Deverá ser prevista iluminação artificial, a prova de explosão, alimentada com
energia medida com comando externo próximo à porta da câmara de transformação.
Os pontos de luz deverão ser colocados a uma distância mínima de 1,5m das partes
63
energizadas, preferencialmente na parede lateral, de livre acesso da câmara de
transformação ou cabina.
A instalação deverá ser dotada de uma caixa de derivação situada na calçada,
no limite de propriedade do consumidor com a via pública, que deverá ter dimensões
mínimas de 0,80m x 0,80m x 0,80m, e poderá ser construída de alvenaria com
tampa de concreto armado ou ferro antiderrapante, devendo ser apropriada para
perfeita drenagem. Essa caixa deverá ser ligada à câmara de transformação através
de dois eletrodutos de PVC rígido ou de aço galvanizado com diâmetro interno de
102mm e espessura de parede de 5mm (mínimo).

Figura 23 – Desenho 29 da NOR-TEC-01


64

Ponto de entrega: Ponto de conexão do sistema elétrico da ESCELSA com as


instalações elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se como o limite de
responsabilidade de fornecimento.
Ramal de ligação: Conjunto de condutores elétricos e acessórios instalados
entre o ponto de derivação da rede de distribuição da ESCELSA e o ponto de
entrega. Nos casos de prédios de múltiplas unidades, em que a transformação
pertença à concessionária e esteja localizada no interior do imóvel, o ponto de
entrega situar-se-á na entrada do barramento geral (QGBT).
O ramal de ligação poderá ser aéreo ou subterrâneo (no caso de câmara de
transformação). Ele precisa partir de um poste de rede de distribuição aérea da
ESCELSA, não deve cortar terreno de terceiros, entrar, preferencialmente, pela
frente principal da edificação, e respeitar as posturas municipais e demais órgãos,
especialmente quando atravessar vias públicas, ferrovias e rodovias.
Quadro 24– Tabela 8 da NOR-TEC-01 (ELOS FUSÍVEIS PRIMÁRIOS)

Fonte: NOR-TEC-01

No caso de edifícios que possuem câmara de transformação, o ramal de ligação


deverá ser subterrâneo e seguir as seguintes prescrições:
a) ser de cabo próprio para instalação subterrânea, com isolamento para 15kV; b) é
obrigatório o emprego de quatro cabos unipolares, onde um deles, será reserva;
65

c) no tubo de aço galvanizado de descida do ramal de ligação, deverá ser


identificado o nome do edifício e a numeração do mesmo com tinta esmalte
preta.
d) Ter o invólucro metálico do cabo e as muflas terminais ligadas à malha de terra;
e) Dispor de uma caixa de passagem no limite da propriedade com a via pública
e/ou em curvas acentuadas do cabo, com dimensões mínimas de 0,80 x 0,80 x
0,80m, com tampa de aço e/ou concreto armado dispensando nos casos em que o
poste de derivação da ESCELSA estiver frontal e do mesmo lado da rua em relação
à edificação, e não havendo curvas acentuadas;
f) Não fazer curvas de raio inferior a 10 vezes o diâmetro do cabo, salvo indicação
contrária do fabricante;
g) Ser instalado dentro dos dutos de aço galvanizado, de diâmetro externo mínimo
de 107mm, a uma profundidade mínima de 0,60m. A sua instalação em kanaflex
ou PVC rígido será possível desde que o mesmo seja envelopado por uma
camada de concreto de espessura mínima de 10cm, devendo ser inspecionados
pela ESCELSA antes de serem cobertos;
h) Dentro desses dutos deverá passar o condutor neutro que será de cabo de cobre
nu, seção mínima 25mm​2​;
i) Dispor de pára-raios, instalados pela ESCELSA, na estrutura de derivação de
ramal;
j) Derivar da rede através de três chaves fusíveis, de classe 15kV, sendo os elos
fusíveis dimensionados pala tabela 8 da NOR-TEC-01 (Quadro 24), ou três
chaves seccionadoras unipolares, quando não houver coordenação do fusível
com a proteção da ESCELSA;
k) Não serão permitidas emendas nos condutores do ramal subterrâneo, salvo
quando em manutenção, nos casos devidamente autorizados pela ESCELSA. A
conexão deve ser feita com luva de compressão e emenda com material
apropriado, devendo a mesma ser feita somente em caixa de passagem.
66
Figura 24 – Desenho 12 da NOR-TEC-01

Os postes para sustentação dos ramais de ligação poderão ser de aço


galvanizado, concreto ou madeira, e os pontaletes de aço galvanizado ou concreto.
Os postes ou pontaletes deverão ter alturas suficientes para permitir que o condutor
mais baixo, apresente os afastamentos mínimos em relação ao solo.

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