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RESUMO: A presente pesquisa analisa os resultados dos ensaios de caracterização física e classifica
o solo estudado, de acordo com o sistema de classificação TRB, em um solo residual de granito, da
região rural do município de Biguaçu, Santa Catarina. Os ensaios laboratoriais realizados no processo
de caracterização foram: determinação da massa específica, análise granulométrica, determinação dos
limites de liquidez e plasticidade, ensaio de compactação e determinação do teor de matéria orgânica.
Foi calculado o índice de plasticidade e índice de grupo do solo. De acordo com os resultados
encontrados, o solo se classifica como Grupo A-4 no sistema TRB. Conclui-se que o solo não se torna
eficiente para uso em camadas de pavimentação, porém, se fazem necessários outros ensaios de
resistência para melhor avaliação do comportamento do solo no uso rodoviário. Além disso, é
possível melhorar suas propriedades com o uso de estabilizações.
propriedades do solo como resistência mecânica, conhecimento que no local está sendo executada
CBR (California Bearing Ratio), expansão, a implantação de uma obra de pavimentação de
propriedades físicas, entre outros. grande porte, sendo assim, utilizando o material
As propriedades físicas são identificadas a próprio da região para compor as camadas do
partir de ensaios laboratoriais, dentre estes: pavimento. A Figura 1 mostra o talude no estado
determinação de massa específica, determinação já exposto devido as obras anteriormente
dos limites de consistência do solo, análise mencionadas, o que permitiu uma análise tátil-
granulométrica, compactação e determinação do visual prévia do material.
teor de matéria orgânica. Todos os ensaios são
preconizados e preparados de acordo com as
Normas Técnicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas.
O solo pode ser um material bastante
heterogêneo, por isso se faz necessário
classificá-lo de modo que seja possível formular
métodos de projetos de pavimentação de acordo
com algumas propriedades físicas (DNIT, 2006).
Sendo assim, o presente estudo busca avaliar as
propriedades físicas de um solo originado do
município de Biguaçu, Santa Catarina, em Figura 1. Representação fotográfica da região onde
função do material disponível em área de corte localiza-se o talude objetivo desta pesquisa, com indicação
para a construção futura de uma rodovia na do ponto da coleta da amostra, ao pé do talude de corte.
região. Além disso, visa classificar o solo de
acordo com o sistema TRB (Transportation Foram coletadas amostras de solo
Research Board), antigo HRB (Highway deformadas, ao pé do talude apresentado, sendo
Research Board), sendo um dos mais utilizados todo o material envolvido em sacos plásticos
para pavimentação. para posterior transporte ao Laboratório de
Materiais e Solos do IFSC – Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
2 MATERIAL E LOCAL DE ESTUDO Catarina, onde ocorreu o acondicionamento do
material. Para o ensaio realizado no Laboratório
A pesquisa foi realizada em solos residuais de de Engenharia Civil da UNISUL – Universidade
granito originados da região rural do município do Sul de Santa Catarina, o material fora
de Biguaçu, em Santa Catarina. As coordenadas transportado posteriormente, no momento do
geográficas do ponto de estudo são 27º 28’ ensaio.
09.89’’ S e 48º 43’ 20.58’’ S, que pode ser
expressado também por -27.4694136 e -
48.7223827. O talude objeto desta pesquisa faz 3 METODOLOGIA
parte do Complexo Canguçu, sendo massas
rochosas com formas diferenciadas, 3.1 Densidade real dos grãos
preferencialmente alongadas na direção NE-SW
ou NNE-SSW. A região de estudo se encontra O ensaio de Densidade Real dos Grãos é regido
em uma área com eminência de solo Podzólico pela norma NBR 6508/1984, que prescreve o
Vermelho-Amarelo Álico, usualmente bem método de determinação da massa específica dos
drenados, com grandes quantidades de argila de grãos de solos que passam na peneira de 4,8mm,
atividade baixa e textura variada, presença ou por meio do picnômetro. A preparação do ensaio
não de cascalhos, calhaus e matacões. foi feita com base na norma NBR 6457/2016,
O talude foi escolhido em função do com secagem do material até a umidade
higroscópica. O ensaio foi realizado no
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
sedimentação. Foi coletado material para seco em estufa e o peneiramento grosso com o
determinação da umidade higroscópica. O solo material seco em estufa retido na peneira de
destinado à sedimentação fora deixado imerso 2,0mm. Os dados obtidos do procedimento de
em defloculante por 24 horas. A Figura 3 retrata sedimentação e peneiramento são apresentados
o ensaio de sedimentação em execução. na Tabela 2 e Tabela 3, respectivamente.
Com os resultados obtidos, foram
Tabela 2. Dados obtidos com o ensaio de Sedimentação. determinados a porcentagem de material em
Tempo (s) Temperatura (ºC) D (g/cm³) suspensão na sedimentação e o diâmetro dos
45 29,9 1,0262 grãos e materiais passantes no peneiramento
60 29,9 1,0253 grosso e fino.
120 29,9 1,0241
240 29,9 1,0230 3.3 Limites de consistência
480 29,9 1,0210
960 29,8 1,0185 Os Limites de Liquidez e Plasticidade são
1800 29,8 1,0170 regidos pelas normas NBR 6459/2016 e NBR
7180/2016, respectivamente. As preparações dos
3600 29,6 1,0151
ensaios foram feitas com base na norma NBR
7200 29,4 1,0133
6457/2016, com secagem do material na estufa.
16380 30,0 1,0112 O ensaio foi realizado no Laboratório de Solos e
35100 26,5 1,0100 Materiais do IFSC.
74220 26,0 1,0096 O equipamento de Casagrande fora
84360 26,0 1,0089 previamente inspecionado e calibrado, onde
Legenda: D: Densidade. utilizou-se o cinzel de repartição para solos
argilosos. O ensaio para determinação do Limite
Tabela 3. Dados obtidos com o ensaio de Peneiramento
de Liquidez teve como amostra cerca de 200g de
Fino e Grosso.
P MR FFR FGR AR FFP FGP material, onde foi adicionado primeiramente
(mm) (g) (%) (%) (%) (%) (%) 25% de umidade, sendo esta determinada por
76,2 0,00 0,00 0,00 100,00 experiência dos autores da pesquisa. O material
50,8 0,00 0,00 0,00 100,00 foi homogeneizado por aproximadamente 15
minutos. Não sendo suficiente tal umidade para
38,1 0,00 0,00 0,00 100,00
determinar o primeiro ponto de 35 golpes, foi
25,4 0,00 0,00 0,00 100,00
descartado o resultado e adicionado mais água.
19,1 0,00 0,00 0,00 100,00
O ensaio resultou em 6 repetições (Tabela 4),
9,5 0,00 0,00 0,00 100,00 variando seus extremos entre 35 e 15 golpes. A
4,8 1,66 0,11 0,11 99,89 prévia do ensaio pode ser observada na Figura 4.
2,0 37,61 2,57 2,68 97,32 Com os dados obtidos é construído o gráfico
1,20 2,05 2,63 0,14 2,63 97,37 94,76 “Número de Golpes x Teores de Umidade”.
0,60 8,18 10,49 0,56 13,11 86,89 84,55
0,42 4,73 6,06 0,32 19,18 80,82 78,65 Tabela 4. Dados obtidos com o ensaio de Limite de
Liquidez.
0,30 5,37 6,88 0,37 26,06 73,94 71,95 Golpes PA (g) PS (g) U(%)
0,15 7,46 7,56 0,51 35,62 64,38 62,65 35 1,50 4,54 33,04
0,075 6,35 8,14 0,43 43,76 56,24 54,73 29 1,43 4,13 34,62
Legenda: P: Peneira; MR: Material Retido; FFR: Fração
Fina Retida; FGR: Fração Grossa Retida; AR: Acumulada 27 1,43 4,15 34,46
Retida; FFP: Fração Fina Passante; FGP: Fração Grossa 25 1,77 4,85 36,49
Passante. 20 1,55 3,99 38,85
15 2,78 7,12 39,04
Posteriormente foi executado o peneiramento Legenda: PA: Peso da Água; PS: Peso Solo Seco; U:
fino com o material utilizado na sedimentação Umidade.
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seguir:
90%
solo de acordo com o tamanho das partículas. A (1988) demonstra a classificação quanto à
Tabela 9 apresenta as frações distribuídas do plasticidade do solo de acordo com o IP, sendo o
solo estudado. solo estudado enquadrado como Fracamente
Nota-se uma fração predominantemente Plástico. O Índice de Grupo fora calculado de
maior de silte com frações basicamente acordo com a Equação 02, chegando-se em um
igualitárias de argila, areias fina, média e grossa, valor de IG igual a 4,00. Ambos os valores são
sendo o solo classificado como areia siltosa. utilizados para a classificação TRB.
A determinação do Limite de Liquidez foi O DNIT (2006) informa que, para materiais
feita a partir da Figura 8 que atende o número de de base de pavimentos, o Limite de Liquidez
golpes no eixo da abscissa, em escala deve ser menor que 25% e o Índice de
logarítmica, e a umidade relativa de cada Plasticidade menor que 6%.
amostra no eixo da ordenada, em escala linear. O ensaio de compactação informa a densidade
máxima do solo e a umidade correspondente.
41 Com o valor das umidades características
40 calculou-se a massa específica aparente seca
Teor de Umidade (%)
1,6
amostras não difiram em 5% o valor da média.
1,58
Foi feito a média aritmética simples dos valores
1,56
de umidade e encontrou-se um valor de 28,61%.
1,54
Logo, o valor do Limite de Plasticidade é de
1,52
28,61% pois não houveram discrepâncias em
1,5
relação aos 5% impostos por norma.
1,48
Com os valores de Limite de Liquidez e
1,46
Plasticidade encontra-se o Índice de Plasticidade
1,44
do solo, utilizando a Equação 06: 19,00% 21,00% 23,00% 25,00% 27,00%
Umidade
𝐼𝑃 = 𝐿𝐿 − 𝐿𝑃 (06) Figura 9. Curva de Compactação Final da amostra de Solo
Natural.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (2016a), NBR 6457: Amostras de solo -
Preparação para ensaios de compactação e ensaios de
caracterização, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (2016b), NBR 6459: Solo – Determinação
do limite de liquidez, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (1995), NBR 6502: Rochas e solos, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (1984), NBR 6508: Grãos de solos que
passam na peneira de 4,8mm – Determinação da massa
específica, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (2016c), NBR 7180: Solo – Determinação
do limite de plasticidade, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (2016d), NBR 7181: Solo – Análise
granulométrica, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (2016e), NBR 7182: Solo – Ensaio de
compactação, Brasil.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (1996), NBR 13600: Determinação do
teor de matéria orgânica por queima a 440ºC, Brasil.
CAPUTO, H. P. (1988), Mecânica dos solos e suas
aplicações: Fundamentos, 6. ed, Rio de Janeiro: Ltc,
Brasil.
DNIT (2006). Manual de pavimentação, Diretoria de
Planejamento e Pesquisa, Coordenação Geral de
Estudos e Pesquisa, Instituto de Pesquisas Rodoviárias,
3. ed., Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
PEREIRA, K. L. A. (2012). Estabilização de um Solo com
Cimento e Cinza de Lodo para Uso em Pavimentos,
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN, Brasil, 125 p.
SANDRONI, S.S. (1985), Sampling and Testing of
Residual Soils – A Review of International Practice,
ISSMFE, Hong Kong, China.
SENÇO, W. (1997). Manual de técnicas de pavimentação,
volume I, 1ª. Ed., Pini, São Paulo, SP, Brasil.