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Ensino Dinâmico: características, requisitos e objetivos.

Uma análise da obra “ Pedagogia da Autonomia”. (FREIRE, Paulo)

ALUNO: BRUNO FELIPE MONTEIRO ARRUDA

A dinâmica entre mestre e aluno é o ponto principal abordado por Paulo


Freire. Quanto mais saudável, respeitosa e mútua for a relação entre as partes
maior proveito também para ambas. “Não há docência sem a discência” intitula o
primeiro capítulo da obra; há quem possa interpretar de uma maneira mais
pragmática, apenas compreendendo que não há professor sem aluno, entretanto
Freire vai mais adiante nesta relação: não há quem possa ensinar sem ter o gosto
por aprender. Não é apenas o gosto por aprender o diferencial nesta relação, é
preciso também a sensibilidade para que se aprenda a ensinar na prática do ensino.
As reações, a dinâmica entre aluno x professor deve ser proveitosa para o aluno
que absorveu o conhecimento, e também benéfica para o professor, tendo em vista
que este enriqueceu seus métodos e práticas de ensino; suas próximas turmas
estarão gradativamente mais bem amparadas por um professor que se adapta ao
conceito de Freire “ não há docência sem a discência”.
Freire também abre um novo leque de variáveis a serem consideradas na
equação de uma educação ideal. Sob uma ótica sociológica, Freire demonstra a
importância da observação do campo social do educando; para Freire, condição e
espaço social são elementos fundamentais para uma educação mais apropriada.
Paulo Freire reconhece e abre os horizontes para novos educadores: a educação
deve refletir e explicar a vida; e para isso é preciso respeitar as referências dos
indivíduos. O “ensino dinâmico” desenvolve a curiosidade - de educador e
educando - alimenta a retroatividade entre as partes, enriquecendo a dinâmica
entre eles; são bases deste modelo de ensino valores como: respeito,
compreensão, humildade e equilíbrio de emoções.
Além das perspectivas sociológicas relacionadas ao campo da educação,
Freire também adentra no terreno da Filosofia da educação, é categórico e afirma:
“ensinar não é transferir conhecimento”. Quando se age dessa maneira ignora-se a
dinâmica entre professor e aluno, para ensinar é preciso respeitar o educando, seus
limites, emoções e vivências. Freire também atenta ao perigo da discriminação e do
preconceito, elementos estes obviamente descartados da dinâmica educacional. O
papel da educação além de incluir é também repudiar a discriminação. Freire dá
enfoque ao respeito à vivência social do educando, e que a educação deve
adequar-se a estas vivências, entretanto, essa adequação jamais deve tornar-se
discriminatória. O papel do ensino dinâmico não deve ser nunca dar uma educação
diferente por conta da origem social, mas sim, educar de forma diferente, mais
adequada para as vivências. Dessa forma, apesar de maneiras diferentes, todos
recebem e absorvem o conteúdo.
Por fim, Freire estabelece o que deve ser a autoridade para o educador e
como ela deve ser vista pelos educandos. A figura do professor ainda deve estar
ligada a autoridade dentro da sala de aula, porém, uma autoridade do
conhecimento. A autoridade do professor também deve ser vista fora das salas de
aula; a sociedade - e para isso, há de haver luta por parte dos educadores - deve
reconhecer a importância e autoridade dos professores como parte do nicho. A luta
incentivada por Paulo Freire é por mais dignidade aos alunos e também aos
professores, dessa forma mais pessoas, e consequentemente mais vivências,
estarão aptas e dispostas a tornarem-se educadores. Em uma realidade onde a
autoridade e valor do educador é reconhecida e recompensada, a busca por essa
profissão tornar-se-á gradativamente mais aguda, aumentando assim a pluralidade
de formas de ensino dinâmico.

BIBLIOGRAFIA:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa, – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura).

BOURDIEU, Pierre. O campo científico. In: Pierre Bourdieu sociologia/


organizador (da coletânea] Renato Ortiz ; (tradução de Paula Montero e Alícia
Auzmendi). - São Paulo: Ática, 1983.

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