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CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT

ALLISSON BORGES DE CAMPOS

CESAR LUCAS

JOÃO CARLOS RAMOS

RAFAEL RYLKO

COMPLEXO ALCALINO DE BUSHVELD

Santos

2016
COMPLEXO ALCALINO DE BUSHVELD

Projeto Integrador V apresentado ao Centro


Universitário Monte Serrat como exigência
Interdisciplinar do curso de Geologia

Orientador: Professor Marcelo Galé

Santos
2016

Borges de Campos, Allisson; Pinto Silva, Cesar Lucas; Carlos Ramos, João;
Rylko, Rafael.

Complexo Alcalino de Bushveld, Borges de Campos, Allisson; Pinto Silva, Cesar


Lucas; Carlos Ramos, João; Rylko, Rafael.

n. de f. 30: il. Color. : 30 cm.

Orientador: Galé, Marcelo.

Projeto Integrador de conclusão de semestre (graduação) – Centro Universitário


Monte Serrat, Curso de Geologia, 2016.

1. Complexo de Bushveld. 2. Suíte Lebowa. 3.Camadas da Suíte Rustenburg.4


Grupo Rooilberg. 5.Suíte Granofíritica Rashoop. 5.Potencial Econômico.
ALLISSON BORGES DE CAMPOS

CESAR LUCAS

JOÃO CARLOS RAMOS

RAFAEL RYLKO

COMPLEXO ALCALINO DE BUSHVELD

Projeto Integrador V apresentado ao Centro


Universitário Monte Serrat como exigência
Interdisciplinar do curso de Geologia

Orientador: Professor Marcelo Galé

EXAMINADORES

Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:

Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:

Local: Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE


“A IDEIA NÃO É TANTO VER AQUILO QUE NINGUEM VIU, MAS PENSAR O
QUE NINGUEM AINDA PENSOU SOBRE AQUILO QUE TODO MUNDO VÊ

”.

(Arthur Schopenhauer)
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 11
2. OBJETIVOS 13 2.1 GERAL 13
2.2 ESPECIFICO 13

3. GEOLOGIA REGIONAL 14

3.1 CRÁTON DE KAAPVAAL...........................................................................14

4. O COMPLEXO ALCALINO DE BUSHEVELD 17


4.1 SUÍTE GRANOFIRO LEBOWA 22

4.2 CAMADAS DA SUITE RUSTENBURG.......................................................25

4.2.1 ZONA MARGINAL....................................................................................27

4.2.2 ZONA INFERIOR......................................................................................27

4.2.3 ZONA CRÍTICA.........................................................................................29

4.2.3.1 ZONA CRÍTICA INFERIOR...................................................................29

4.2.3.2 ZONA CRÍTICA SUPERIOR..................................................................30

4.2.4 ZONA PRINCIPAL....................................................................................37

4.2.5 ZONA SUPERIOR....................................................................................38

4.3 GRUPO ROOIBERG...................................................................................40

4.3.1 FORMAÇÃO DULLSTROOM...................................................................42

4.3.2 FORMAÇÃO DAMWAL............................................................................44

4.3.3 FORMAÇÃO KWAGGASNEK..................................................................44

4.4 SUÍTE GRANOFÍRICA RASHOOP.............................................................46

5.POTENCIAL ECONÔMICO 49
6.CONSIDERAÇÕES FINAIS 51
7. BIBLIOGRAFIA 53
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Mapa de localização dos domínios do cráton Kaapvaal 15


FIGURA 2: Pluma mantélica, evolução e origem dos magmas de Bushveld
18
FIGURA 3: Mapa geológico e seção transversal do complexo de Bushveld
20

FIGURA 4:. Distribuição das rochas da suíte Lebowa22

FIGURA 5: Amostra do granito Nebo 23

FIGURA 6: Típico granito cinza de granito Nebo rico em hornblenda 24

FIGURA 7: Proporções modais de minerais na RSL 26


FIGURA 8: Perfil da base até a zona crítica superior........................................28

FIGURA 9: Lâmina oriunda de rocha ultramáfica LZ.........................................28

FIGURA 10: Camadas intercaladas de Harzburgito – ortopiroxenito................29

FIGURA 11: Camada LG6 próxima a mina de Jaglust......................................30

FIGURA 12: Cromatita exposta em Jaglust.......................................................31

FIGURA 13: Sequência e contato entre LCZ e UCZ em Tweefontein...............31

FIGURA 14: Lâmina de Ortopiroxenito..............................................................32

FIGURA 15: Lâmina de Gabronorito..................................................................32

FIGURA 16: Lâmina de Anortozito abaixo do recife Merensky.........................33

FIGURA 17: Harzburgito no recife Pseudo........................................................34

FIGURA 18: Troctolito com cristais de Olivina...................................................34

FIGURA 19: Ganga que consiste em ortopiroxenito..........................................35

FIGURA 20: (A) Contato brusco entre cromatita (B) Anortozito félsico.............36

FIGURA 21: Contato entre rochas ultramáfica e félsica....................................36

FIGURA 22: Contato entre Anortozito e Piroxênito...........................................37


FIGURA 23: Camada de Magnetita em contato com Anortozito.......................39

FIGURA 24: Distribuição das rochas do grupo Rooiberg..................................41

FIGURA 25: Estratigrafia da formação Dullstroom............................................42

FIGURA 26: Coluna estratigráfica do grupo Rooiberg.......................................43

FIGURA 27: Distribuição dos Granofíricos da suíte Rashoop..........................47

FIGURA 28: Minas instaladas no Complexo de Bushveld................................49

FIGURA 29: Potencial econômico das minas da Implants S.A.........................50

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Subdivisões litoestratigráficas do Complexo de Bushveld 21

TABELA 2: Reserva e produção mundial PGE49


RESUMO
O complexo ígneo acamadado de Bushveld, formado ~2,05 G.a, é composto
por repetidas intrusões magmática que formaram rochas ultramáficas, máficas
e felsicas em resposta a colisão dos Crátons Zimbabwe e Kaapvaal, onde o
magma primitivo foi inserido entre grandes lineamentos de suturas da crosta
primitiva.

Após as inúmeras intrusões magmáticas no complexo, o ambiente tectônico


estável no Cráton do Kaapvaal permitiu a cristalização fracionada gravitacional
ou convectiva, possibilitando assim a concentração de minerais formadores de
rochas em camadas estratiformes, que foram subdivididas nas suítes ígneas de
Rashoop, Rustenburg e Lebowa. Além das três suítes, estudos recentes
mostram que o grupo granofírico de Rooiberg faz parte do início do complexo,
representando assim, o primeiro indício do que iria se tornar o maior complexo
acamadado do mundo.

Grandes depósitos de minério são encontrados nestas camadas ultramáficas e


máficas do complexo, especialmente nas suítes de Lebowa e Rustenburg,
como por exemplo: O grupo da platina (PGMs), Crómio e Vanádio. Além disto,
as camadas ácidas do grupo Rooiberg possuem a maior quantidade de granito
tipo A no mundo.

Sendo assim, o Complexo de Bushveld se torna um importante caso de estudo


de LIPs (Large Igneous Province), por se tratar da maior intrusão acamadada
conhecida atualmente, possuindo a maior reserva de cromita do mundo, entre
outros importantes minerais para a sociedade atual.

Palavras chave: Bushveld;, Cristalização fracionada; Rustenburg.


ABSTRACT

The igneous layered Bushveld complex, formed ~ 2.05 Ga, consists of repeated
magmatic intrusions that formed ultramafic rocks, mafic and felsic in response
to collision of cratons Zimbabwe and Kaapvaal where primitive magma was
inserted between major lineaments sutures the primitive crust.

After numerous magmatic intrusions in the complex, stable tectonic


environment Craton Kaapvaal allowed gravitational fractional crystallization or
convective, thus enabling the concentration of minerals forming rocks in
stratiform layers, which were divided into the igneous suites Rashoop,
Rustenburg and Lebowa. In addition to the three suites, recent studies show
that granofírico group Rooiberg is part of the beginning of the complex, thus
representing the first indication of what would become the largest layered
complex world.

Large ore deposits are found in these ultramafic and mafic layers of the
complex, especially in suites Lebowa and Rustenburg, for example: The
platinum group (PGMs), Chromium and Vanadium. Furthermore, the acidic
layers Rooiberg group have the greatest amount of granite type A in the world.

Thus, the Bushveld Complex becomes an important case study of LIP (Large
Igneous Province), because it is the largest intrusion layered known currently
has the largest chromite reserves in the world, among other minerals important
for today's society.

Keywords: Bushveld; Fractionated crystallization; Rustenburg.


1. INTRODUÇÃO
O termo "Província Ígnea Large" (LIP) foi inicialmente proposto por Coffin &
Eldholm (1994) para representar uma variedade de províncias ígneas máficas
com extensões de área> 0,1 Mkm² que representavam "a formação de crosta
maciças e predominantemente máfica (ricos em Mg e Fe) extrusiva e/ou
intrusiva, com origem por intermédio de outros processos normais de expansão
do fundo oceânico incluindo basaltos continentais, margens passivas
vulcânicas, planaltos oceânicos, cristas submarinas, grupos de montes
submarinos e basaltos de inundação da bacia do oceano'.

Devido a isso, a província magmática Bushveld é considerada um LIP bastante


incomum, pois apesar de sua idade Paleoproterozóica, ela não é deformada e
compreende partes vulcanicas volumosas que eram predominantemente
felsicas, em vez de máficas na composição. No entanto, em comum com outros
LIPs, o magmatismo ocorreu ao longo de um curto intervalo de tempo (inferior
a 10 mA) sendo porém, muito volumosas (WIT, 2004).

Localizado na África do Sul,o Complexo de Bushveld é uma grande intrusão


ígnea na porção centro norte do cráton de Kaapvaal, constituída por fases
máficas e félsicas que se cristalizaram no interior da crosta terrestre, onde
atualmente situam-se em torno de uma grande bacia geológica, denominada
de Transvaal. Com uma extensão de 66 000 km 2 por aproximadamente 9 km de
espessura, é considerada uma das maiores camadas intrusivas do mundo,
possuindo algumas das mais ricas jazidas de minério na Terra, como por
exemplo, a de cromita (Naldrett 2009).

O complexo de Bushveld teve seu íncio com impacto de plumas mantélicas em


uma região instável do manto astenosférico, provocando a fusão parcial do
manto, seguido por um grande domínio de forças convergentes com direcão
SE-NW, sobreposto pela intrusão do próprio complexo. A forma de lápólito
(taça) esta relacionada às estruturas acamadadas de Bushveld em que o
magma provido de um batolito ascende e deforma lateralmente a rocha
encaixante por menor resitência, este tipo de forma propícia a direferenciação
gravitacional do magma, onde os minerais que cristalizam primeiro tendem a se
depositar no fundo da câmara magmatica. (Wilson, Anhaeusser 1998).

As junções destes fatores de formação geologica deram ao Complexo de


Bushveld sua marcante textura acamadada, diferenciando suas camadas
básica-ultrabásicas de granitos, granofiros e felsitos que formam sequências
máficas e felsícas. (Wilson, Anhaeusser 1998).
2. OBJETIVOS

2.1. GERAL
Através de levantamentos bibliográficos e comparativos, descrever a
formação e evolução do complexo de Bushveld, bem como as composições
das rochas e minerais presentes na região.

2.2. ESPECIFICO

Apresentar a petrografia e a geoquímica do complexo Alcalino de Bushveld,


a partir dos processos geotectônicos oriundos de sua gênese.
3. GEOLOGIA REGIONAL

3.1. CRÁTON DE KAAPVAAL

O cráton de Kaapvaal é uma estrutura ígnea composta por um conjunto de


blocos da crosta terrestre que foram amalgamados por processos de acreção,
sendo que a relação geométrica entre estes blocos em profundidade é
desconhecida. O cráton teve sua formação e estabilização entre o Paleo-
Arqueano até o Neo-Arqueano (~3,6 a 2,6 bilhões de anos), tornando-se
relativamente estável desde então (WIT et al., 1992). Sua formação ainda não
foi completamente estudada, devido ao fato de o cráton ser uma das poucas
áreas do globo onde se é possível encontrar rochas preservadas do período
Arqueano.

Localizado na porção centro sul da África do Sul, no continente Africano, o


cráton de Kaapvaal é delimitado pela província metamórfica de Namaqua-
Natal. Ao Norte é delimitado pelo cráton Arqueano do Zimbabwe e pelo
Limpopo belt; a oeste, pelo Kheis belt e a leste, pelo oceano Índico, conforme
mostra a figura 1 (WIT et al., 2004)
Segundo Van Tonder et al. (2010), sua formação teve origem da sutura de
fragmentos de crostas menores em diferentes períodos, sendo o primeiro de
“blindagem” da fusão desses Protocontinentes que se estendeu de cerca de
3.6 a 3.1 Ga e um segundo período de formação, de acréscimo de fragmentos
continentais e sua relativa estabilização tectônica a cerca de 2.6 Ga.
Esses pedaços de crostas menores que foram suturados durante a formação
do cráton, o dividem em quatro domínios (fig.1), sendo que, o mais antigo (~3.6
Ga) forma o domínio Oriental; o domínio Norte possui cerca de 3.4 Ga e é onde
se encontra proporcionalmente a maior quantidade de greenstone belts; o
domínio Central, formado entre 3.2 e 3.0 bilhões de anos, que tem como
principal feição a cúpula granítica de Johanesburgo e por fim o domínio
ocidental mais novo (3.0 a 2.7 Ga).

FIG1: Mapa de localização da subdivisão dos domínios do Cráton Kaapvaal.


Fonte: Van Tonder e Mouri (2010)

Estes domínios foram assim sugeridos por Eglington et al. (2004) devido ás
diferentes idades encontradas no decorrer do desenvolvimento do Proto-Craton
que viria a se transformar no cráton de kaapvaal. Esse ainda Proto-Craton se
desenvolveu a cerca de 3.6 Ga a partir da porção que se estende desde o sul
da Suazilândia até o Norte do greenstone belt de Barbeton. Através de
vulcanismo que forma o grupo Onverwacht, que durou cerca de 200 milhões de
anos, o cráton de Kaapvaal se expandiu para sudeste, onde se encontra o
greenstone belt Nondweni nos domínios Sul e Norte do cráton, na qual formou
extensas intrusões graníticas, marcadas pelos greenstone belts de Giyani,
Murchison e Pietersburg, a cerca de 3.1Ga.
Ainda segundo Eglington et al. (2004), durante o período de cerca de 3.04 a
2,88 Ga, o terreno de Kimberley (domínio Oeste) foi incorporado ao cráton,
devido a uma justaposição dos terrenos, marcada pela anomalia magnética
Colesberg e pela atividade ígnea do greenstone belt Amalia, sendo ‘costurados’
por extensas intrusões graníticas. Durante esta fase de acreção (domínios
Oriental e Ocidental), o domínio central foi preenchido principalmente pelo
terreno de Witwatersrand, sendo estabilizado e formando extensas bacias
sedimentares no centro do cráton de Kaapvaal. A atividade ígnea da região de
Suazilândia, porém, continuou até cerca de 2,6 Ga, porem concentrada
principalmente na margem norte do cráton.
O Complexo de Bushveld, alvo da presente pesquisa, está inserido entre os
domínios norte e central do cráton de Kaapvaal.
4. O COMPLEXO ALCALINO DE BUSHVELD
O Complexo de Bushveld (BC) é uma grande intrusão em camadas, inseridas
em um cenário cratônico estável. Sua extensão total compreende uma área de
cerca de 65 000 km², e de 7-9km de espessura de rochas máficas e félsicas
em camadas onde variam dos extremos do dunito e Piroxenito para o
Anortosito e também camadas de óxidos puros (Brown 1968), com camadas
totalmente estratificadas paralelamente de milímetros a centenas de metros.
Sua idade é estimada com bases em diferentes sistemas isotópicos de cerca
de 2,06 bilhões de anos (Walraven et al., 1990), e segundo estudos recentes, a
duração da inundação basáltica de magmatismo continental pode ser da ordem
de vários milhões de anos. Reconhece-se também, que as grandes intrusões
não ocorreram em um único pulso, e sim do resultado de uma injeção magma
(CAWTHORN; WALRAVEN, 1998).

A província ígnea de Bushveld é considerado como tendo sido colocada em


uma configuração intra cratonica anorogênica. É caracterizado por possuir a
mais valiosa província mineral do mundo (Naldrett 2009), onde são
encontrados Cu, Ni, Au, Sn, fluorita, rochas ornamentais (Wilson e Anhaeusser
1998), e na borda de contato metamórfico encontramos também a maior
intrusão de andalusita do mundo. (Oosterhuis, 1998)

Segundo Winter (2010), Bushveld é o resultado de uma intrusão plana, com


formato de funil (Lapólito), com magma inicialmente gabróico. Seu topo é
composto principalmente por sedimentos e rochas vulcânicas félsicas, que
foram soerguidas, metamorfoseadas e em alguns locais parcialmente
derretidas pela intrusão principal, sendo que, algumas rochas vulcânicas do
topo do Grupo Rooiberg também são encontradas sob o plúton. A parte central
do corpo também foi penetrado pelas rochas graníticas das suítes Rashoop e
Lebowa logo após os magmas máficos. Como resultado, a Suíte Rustenburg
aflora como um anel descontínuo, com os principais membros no leste e oeste
do Complexo, sendo comprimidos para fora no norte e sul, entre os granitos e
os sedimentos mais antigos Transvaal Supergrupo abaixo.
Sendo considerado como uma LIP (Large ígneous Province) incomum em
relação a outras províncias ígneas, devido ao fato de, apesar de possuir idade
Paleo Proterozóico, não é deformado e compreende partes vulcânicas
volumosas que são predominantemente félsicas em vez de basalto em sua
composição, carecendo também de enxames de diques associados. Na
verdade, os alimentadores para a província são uma questão de debate entre
os pesquisadores da região (Kinnaird, 2005).

Para a formação do Complexo de Bushveld foram propostas três possíveis


teorias. A teoria de que os magmas de Bushveld podem ter se formado em
resposta a uma ressurgência de uma pluma mantélica (fig.2); a uma antiga
atividade derivada de um retro arco relacionado a atividade tectônica nos
cinturões orogênicos de Limpopo e Magondi, e por fim, a teoria de que os
magmas de Bushveld são o resultado de um derretimento desencadeado pelo
impacto de um meteorito (OLSSON et al., 2011), sendo que, a grande maioria
dos pesquisadores ainda acreditam na teoria de que o complexo alcalino de
Bushveld é o resultado do final de uma pluma mantélica existente sob o cráton
de kaapvaal no Proterozóico, que causou ainda, o afundamento (e
consequente formação) da Bacia sedimentar do Transvaal, cerca de 600
milhões de anos antes do magmatismo de Bushveld (OLSSON et al., 2011).

FIG2: Vistas esquemáticas mapa (acima) e secções transversais (abaixo) que ilustram a ~ 2,70 Ga o
impacto da pluma mantélica, a evolução posterior da bacia do Transvaal (TB) e a origem dos magmas
de Bushveld acionados por delaminação a 2,06 Ga.
Fonte: OLSSON et al., 2011
A figura 3 e a tabela 1 mostram respectivamente, o mapa geológico em
conjunto com a seção transversal do Complexo Bushveld e as subdivisões
litoestratigráficas de acordo com as estimas de idade, que intrudiu em uma
discordância da camada mais antiga das rochas vulcânicas do Grupo Rooiberg
e os sedimentos do supergrupo Transvaal mais abaixo (HUNT, 2005), sendo
subdividida em três suítes com base na sua litologia, a Rustenburg Layered
Suite (RLS), majoritariamente composta por rochas intrusivas
máficas/ultramáficas acamadadas, com camadas geralmente mergulhando de
10 a 15 ° na direção do centro da intrusão, a Suíte Granofírica Rashoop e a
suíte de granitos Lebowa, comprovadamente mais jovem do que o RLS, e
conhecida por ser composta basicamente de granitos avermelhados
(VANTONGEREN; MATHEZ; KELEMEN, 2010)
FIG3: Mapa geológico simplificado e seção transversal do Complexo Bushveld
Fonte: Modificado de Winter (2010)
Tabela 1: Subdivisões litoestratigráficos do Complexo Bushveld
Fonte: modificado de HUNT, 2005.
4.1. SUÍTE GRANITO LEBOWA

A Suíte Granito Lebowa (LGS) é representada por ser a fase culminante do ciclo
magmático precoce Proterozoica na área central da formação Transvalll no
cráton de Kaapvaal. Com uma extensão de cerca de 30 000 km², a LGS é
subdividida em tipos de granitos, tais como, Nebo Granito, Makhutso, Bobbejaan
Op, Lease, e o Granito Klipkloof. (Fig.4) O principal granito da Suite Granito
Lebowa é o Nebo Granito que é altamente potássico sendo caracterizado por
granitos do Tipo-A. (FAURE 2001, apud Hill et al. 1996 e SACS, 1980).

FIG4. Distribuição das rochas da Suite Lebowa (feita a partir de Crocker et al., 2001).
Fonte: Hunt 2005
O Granito Nebo é em grande parte, a variedade mais comum, ocupando a
maior parte do núcleo do Complexo de Bushveld. O zoneamento do Granito
Nebo é caracterizado verticalmente da base para o topo, apresentando granitos
mesocráticos de granulação grossa na sua base (figura 5), granitos cinzentos e
vermelhos leucocráticos progressivamente com os grãos mais finos, granitos
leucocráticos grosseiros com cristais de granulação maior que 50 mm que são
encontrados perto Verena, cerca de 90 km ENE de Pretória. (HILL et al., 1996)

Fig. 5: Amostra de Granito Nebo.


Fonte:FAURE 2001

Segundo FAURE, apud Straus 1954 (2001) o Granito Nebo apresenta diversas


variações onde ocorre uma diminuição no sentido ascendente no conteúdo de
hornblenda e também uma mudança gradual de cor de cinza na sua base para
uma cor vermelha para as partes superiores, causada pelo aprisionamento de
hematita em malhas de feldspato durante a alteração deutérica do feldspato.
A hornblenda predomina nos granitos de cor escura (figura 6), constituindo-se
de 15% de volume da rocha. A Biotita encontrada nos granitos mesocráticos é
o mineral mais máfico dos granitos de coloração clara, mas normalmente não
excede 3 a 4% em volume, tendo como principais minerais acessórios a
fluorita, apatita, titanita, epidoto, allanita, fayalita, e magnetita. (HILL et al.,
1996)

Fig. 6: Típico granito cinza de Granito Nebo rico em hornblenda.


Fonte:FAURE 2001

Em geral, os granitos que intrudiram e recobriram a suíte Rustemburg foram


resfriados no contato com a suíte granofírica Rashoop. Esse contato é marcado
por uma zona de pegmatito de quartzo associada com aplitos de diferenciação
tardia e são referidos como o granito Klipkloof. A ocorrência do granito Klipkloof
aumenta em direção ao topo, formando soleiras intrusivas, diques e veios
dentro do Granito Nebo. (HILL et al., 1996).

O Granito Bobbejaankop é considerado uma variedade hidrotermicamente


alterada distinta do Granito Klipkloof por apresentar de granulação média a
grosseira. É caracterizado principalmente por possuir ligações de cadeias e
aglomerados de quartzo, sendo geralmente confinado na parte superior da
soleira intrusiva (HILL et al., 1996).
Uma variedade do Granito Klipkloof, o Granito Lesa, foi identificado localmente
na área do Zaaiplaats e representa a intensa alteração hidrotermal em direção
a cobertura da soleira. Esta variedade de granito abriga a principal zona de
mineralização de estanho ortomagmatico da suíte Lebowa.

4.2. CAMADAS DA SUÍTE RUSTENBURG

As Camadas da Suíte Rustenburg (RSL) são a maiores e mais antigas rochas


máficas acamadadas na Terra, este magma primitivo foi intrudido com forma de
soleira na formação Transvaal, que consiste de quartzito basal, seguido por
uma sequência dolomítica, faixas de lateritas, quartzito alternando com xisto e
um basalto “superior” com fases vulcânicas ácidas de Rooiberg (Button, 1976).
Este vulcanismo citado anteriormente se situa acima da intrusão RSL junto aos
granophyres de Rashoop (Hamilton, 1977; Von Gruenewaldt et al. 1985).

A RSL foi subdivida em cinco (5) zonas: Zona Marginal, Zona Inferior (LZ),
Zona critica (CZ), Zona Principal (MZ) e Zona Superior (UZ), conforme mostra a
figura 7 (Hall,1932).
FIG7: Proporções modais de minerais na RSL. Legenda: LG (Grupo de Cromitito Menor); MG
(Grupo de Cromitito Médio); UG (Grupo de Cromitito Alto); MR(Recife Merensky); BR (Recife
Bastardo); PM (Marcador de Piroxenito), MLL (Camada Principal de Magnetita), M21 (Camada de
Magnetita 21). Abreviações para a coluna de direta indicam a primeira APARIÇÃO (+) e
DESAPARECIMENTO (-) das fases cúmulos: Pl: plagioclásio, Ol: olivina; Cr: cromita; Cpx:
clinopiroxenio; Inv Pig: pigeonite Invertido; Opx: ortopiroxenio; Mt: magnetita; Ap: apatita.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
4.2.1. ZONA MARGINAL

A Zona Marginal possui uma espessura variável de zero a centenas de metros


ao longo da base do complexo. As rochas mais comuns são Noritos com uma
variável proporção de clinopiroxenio. Quartzo, biotita e hornblenda compõem
os minerais acessórios, que refletem diferentes graus de contaminação a partir
dos sedimentos subjacentes (Eales, 1993). Xenólitos de quartzito e dolomita
confirmam esta interação (Bristow et al. 1993, p. 46).

4.2.2. ZONA INFERIOR

Na Zona Inferior (LZ), as estruturas possuem ~ 800 metros, exceto em locais


específicos da camada que podem atingir até 1.300 metros (Cawthorn et al
2002, Button 1976, Wilson e Chunnett 2010). Dados modais (Fig.7) destacam a
abundância de olivina e ortopiroxênio que se cristalizaram nesta camada
constituindo rochas com predomínio de 60% de Harzburgito/Dunito e 40% de
Piroxenito. O plagioclásio não se encontra em fase acumulada, exceto a ~
90cm de Norito em uma porção limitada da LZ (Teigler 1990a; Lee e Tredoux
1986).

Em determinados regiões do complexo, a diferença litológica pode ser


proeminentemente exposta no campo, (Fig.8) onde os ortopiroxenitos
relativamente resistentes podem formam uma “pirâmide” dentro de uma
planície de rochas ricas em olivina.
FIG 08: Perfil da base até Zona critica superior com destaque ao ortopiroxenito
resistente.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

A maior concentração modal de olivina ocorre em um intervalo de 0 a ~300m


de profundidade, cristalizando Harzburgito e Dunito. Posteriormente a
concentração de ortopiroxenio predomina até ~ 500m cristalizando Piroxenito e
por fim, acima do limite anterior, a olivina volta a ter abundância cristalizando
novamente as rochas da base da LZ (Fig.09) (Cameron 1978; Teigler 1990a;b,
Teigler Eales, 1996).

FIG 09: Lâmina oriunda de rocha ultra-máficas LZ com ~ 95% em olivina, com oicocristais de
ortopiroxenio, largura do campo 4 mm.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

Plagioclásio, clinopiroxenio e outros minerais menores compõem 10% das


rochas apresentadas anteriormente. Porem a partir dos 50m da base estes
componentes podem atingir 30% da concentração modal. Na zona inferior a
concentração de cromita apresenta teor <1% na maioria das rochas.

A compartimentalização litológica na Zona Inferior e na base da Zona Critica


Inferior são caracterizadas a partir de um magma andesito-basáltico rico em
Mg. Dois pulsos magmáticos com esta composição justificam os intervalos
distintos de rochas ricas em olivina (Godel et ai. 2011). Esta variação é também
expressa entre os membros do Complexo de Bushveld, na porção ocidental as
rochas ricas em olivinas ocorrem durante toda LZ, enquanto ao oriente esta
litologia é concentrada próximo ao topo da Zona Inferior. (Teigler 1990;
Cameron, 1978, Wilson e Chunnett 2010; Wilson 2012).

4.2.3. ZONA CRITICA

A Zona Crítica atinge uma extensão total de ~1.300m de espessura, sendo


dividida em duas subzonas:

4.2.3.1. ZONA CRÍTICA INFERIOR

A Zona Critica Inferior (CLZ) possui de 700 a 800m de espessura com


predomínio ultramáfico caracterizado por uma sucessão de Ortopiroxenitos
(89%). Rochas Harzburgiticas ocorrem em dois intervalos intercalando com
ortopiroxenito (Teigler e Eales, 1996) (Fig 10).

FIG 10: Camadas intercaladas de Harzburgito-Ortopiroxenito expostos na mina de


Winterveld, Complexo de Bushveld oriental.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
A CLZ possui nove principais camadas de cromatito que são divididos em: Nos
primeiros estão os Grupos com baixo cromatito (LG 1 – 7) e o Grupo com
médio cromatito (MG 1 – 2) das quais o Grupo com baixo cromatito (LG – 6)
hospeda a maior reserva de cromita da Terra (Fig.11) (Crowson 2001).

FIG11: Camada LG6 próxima à mina de Jaglust, Bushveld Oriental. Legenda; M: cromita disseminada; C:
cromita aglomerada.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

O topo da LCZ foi definido como o nível em que há um aumento significativo de


2 a 6% de plagioclásio intercumulus (Cameron,1978).

4.2.3.2. ZONA CRÍTICA SUPERIOR

A Zona Critica Superior (CUZ) possuí ~ 500m de espessura contendo


Ortopiroxenito (~70%, Fig.12), Noritos (~25%, Fig.15) e Anortositos (~5%,
Fig.16) como as principais litologias nesta camada (Teigler e Eales, 1996). Nos
membros ocidentais e orientais do complexo, a base da Zona Critica Superior
(UCZ) é definido pelo contato ondulante da camada de Anortosito com 1 a 3
metros (Fig.13) com Ortopiroxenito por uma longarina de cromatito de 1-2mm e
em alguns locais sobre adjacentes cúmulos de 1 – 2 cm de Anortosito (Fig.14).
FIG12: Cromatita (MG-3) exposta em Jagtlust, contendo autólitos abundantes de Piroxenito e Anortosito.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

FIG.13: Sequencia MG2-3 e o contato entre LCZ e UCZ em Tweefontein, Bushveld Oriental.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
FIG14: Lâmina de Ortopiroxenito com presença de cristais de ortopiroxenio, Cromita e Plagioclásio.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

FIG15: Lâmina de Gabronorito com presença de ortopiroxenio, clinopiroxenio e plagioclásio oriundo da UCZ.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
FIG16: Lâmina de Anortosito abaixo do Recife Merensky.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

Na porção norte do Complexo de Bushveld rochas com granulação fina (UCZ)


são recobertas por espessos Harzburgitos que se acredita ser a Zona Inferior,
ou seja, a Zona Critica Inferior poderia estar ausente (Hulbert 1983; Maier et al.
2008a). Além disto, o contato entre UCZ e LZ contem localmente grandes
xenólitos de quartzito e dolomita (Hulbert 1983; Maier et al, 2008a; Yudovskaya
et al. 2012). Estas relações de campo sugerem que ao longo do membro norte,
as Zonas Inferior e Critica Superior podem formar distintos corpos intrusivos
com forma de soleira.

Os Noritos são tipicamente mesocumulato, contendo intercúmulos de


clinopiroxenio formando grandes oicocristais de Anortositos, que ocorrem
principalmente como mesocumulato em que grandes mosqueados de
intercúmulos de orto e clinopiroxênio constituem até 20% da rocha.

Rochas compostas por olivina como Harzburgito (Fig.17) e Troctolito (Fig.18)


compõem <1% na UCZ, se concentrando somente a noroeste de Bushveld
(Viljoen et al. 1986a, b; Eales et al. 1988; Maier e Eales 1997), onde eles
formam partes dos recifes de Menensky (alto teor de ortopiroxenio) e Pseudo,
nas demais regiões do Complexo o mineral máfico é ausente.

FIG 17: Harzburgito com cristais olivina e intercúmulos de plagioclásio no Recife Pseudo.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

FIG 18: Troctolito com cristais de olivina e plagioclásio.


Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
A Cromita possui teores traços na maioria das rochas da Zona Critica Superior,
porem o mineral é concentrado localmente em determinadas estruturas do
Grupo Médio de cromatita (MG) e Grupo Alto de cromatita (UG). Além disto,
esta rocha hospedeira de Bushveld contem alto conteúdo de ganga (De Waal
1975; Maier e Barnes, 1999) e as estruturas de UG possuem um conteúdo de
até 50% de ganga (Fig.19).

FIG 19: Ganga que consiste de ortopiroxenio torna-se cerca de 50% da rocha.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

Uma característica particular da UCZ é a ocorrência de unidades magmáticas


cíclicas (Cameron 1982. Eales et al 1986, 1988, 1990). A base das unidades
consiste tipicamente em rochas ultra-máficas (Cromatita / Harzburgito /
Piroxenito) que são recobertos por rochas progressivamente mais feldspáticas
(Norito / Anortosito). Esta diferenciação de unidades cíclicas pode apresentar
de milímetros a dezenas de metros (Fig.20 e 21) (Eales et al. 1990).
FIG 20: (A) contato brusco entre Cromatita (ultra-máfica) e (B) Anortosito (félsica), demostrando a
ocorrência de unidades cíclicas em diferentes escalas.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

FIG 21: Contato entre rochas ultra-máfica e félsica, demostrando a cristalização fracionada.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
4.2.4. ZONA PRINCIPAL

A Zona Principal contém mais de 3.000m de espessura e forma quase a


metade da espessura total do RSL. Ela é composta por sucessões de
Gabronorito com Anortositos, quantidades menores de Piroxenitos e ausência
de olivina e Cromita (Molyneux, 1974; Mitchell, 1990;. Nex et al, 1998, 2002).

O limite da Zona Principal é marcado pela camada melanocrática denominada


de Piroxenito Marcador (Fig.22). Ela representa mudanças significativas na
composição contendo algumas concentrações no Grupo da platina (Maier et al
2001;. Maier e Barnes 2010).

FIG 22: Contato entre Anortosito e o Piroxenito Marcador.


Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)

A maior parte da Zona Principal consiste relativamente em Norito e Gabronorito


maciço com tipicamente 10-30% de ortopiroxenio, 10-20% de clinopiroxenio e
cerca de 50% plagioclásio (quadling e Cawthorn 1994).
4.2.5. ZONA SUPERIOR

A Zona Superior possui cerca de 1-2 km de espessura tradicionalmente


subdividida em três subzonas com base em mineralogia acumulada.

 Sub-zona A contém cúmulos de plagioclásio, piroxênio baixo-Ca e


magnetita.

 Sub-zona B, olivina torna-se uma fase adicional de cúmulos.

 Sub-zona C é definida pelo aparecimento de apatita e também é


caracterizado pela ocorrência de rochas com grandes de
xenólitos.

As subzonas A e B consistem em unidades cíclicas de magnetita (Fig.23),


Gabronorito e Anortosito, a subzona C a ilmenita está presente nas camadas
de óxido, e as unidades cíclicas consistem em camadas de óxido de Fe
recoberta por diorito rico em Fe.

O número de camadas de magnetita varia entre as localidades. No membro


norte do complexo, 16 camadas foram registradas (Barnes et al., 2004),
enquanto que até 26 camadas são conhecidas a partir dos membros oriental e
ocidental (Cawthorn e Molyneux 1986; Tegner et al. 2006). As camadas de
óxido variam de centímetros até dezenas de metros de espessura (21 camada
de magnetita) e muitas contêm abundancia de xenólitos Anortositos.
FIG 23: Camada de Magnetita em contato com Anortosito.
Fonte: (MAIER; BARNES; GROVES, 2012)
4.3. GRUPO ROOILBERG

O Grupo Rooilberg, compreende uma área preservada de mais de 50.000 km²,


com cerca de 3,5 km de espessura na região de Loskop. Porem, segundo
Schweitzer et al (1995), o grupo Rooilberg pode até ter ultrapassado 300 000
km³ de extensão, embora em muitas áreas foram sujeitas a sucessão, sendo
amplamente afinado ou removido devido a erosão (Buchanan et al, 2002).
(Fig.24).

Embora o Grupo Rooiberg esteja associado estratigraficamente ao supergrupo


Transvaal, é petrologicamente ligado com o maior evento magmático do
Complexo de Bushveld, a intrusão acamadada de Rustenburg ((BUCHANAN et
al., 2002)
FIG 24: Distribuição das rochas Grupo Rooiberg
Fonte: Crocker et al., 2001.

As rochas do grupo Rooilberg são sobrespostas ao Super Grupo Transvaal e


tambem sobre suite de Rustenburg do Complexo de Bushveld. Os fluxos de
lava do Grupo Rooiberg formam uma sucessão estratigráfica (Fig.25) de até 6
km de espessura, e foi subdividido em quatro formações em ordem crescente
FIG 25: Estratigrafia das intrusões do Complexo de Bushveld e formações adjacentes, onde é possível
ver as Formações Dullstroom, Damwal, Kwaggasnek e Schrikkloof.
Fonte: Schweitzer, 1987; Schweitzer et al., 1995.

4.3.1 FORMAÇÃO DULLSTROOM

A Formação Pré-Cambrinana Dullstroom inserido no Grupo Rooiberg é a


unidade estratigráfica mais antiga do grupo (Fig.26), sendo associada com o
episódio magmático de Bushveld onde a determinação dos processos
responsáveis pela sua formação podem fornecer informações potencialmente
importantes sobre a petrogênese de outras unidades do Complexo Alcalino de
Bushveld (BUCHANAN et al., 2002).

A Formação Dullstroom é mais completamente exposta na parte sudeste do


Complexo Alcalino de Bushveld e representa uma sequência de
aproximadamente 1 ± 2 km de espessura da lateralmente .
FIG 26: Coluna estratigrafica do Grupo Rooiberg em destaque a formação de Dullstorm.
Fonte

Segundo Buchanan et al. (2002) as rochas da Formação Dullstorm, são


caracterizadas por possuir textura vulcânicas primarias e texturas
metamórficas, com raros fenocristais alterados, porfiroblastos e amidalas
zonadas em rochas de granulação fina a muito fina.

Predominantemente composta de proporções desiguais de quartzo e feldspato


em forma de ripas, apresenta também diferentes proporções de anfibólio,
biotita e minerais opacos. Porfiroblastos de Hornblenda são encontrados em
unidades superiores da Formação Dullstroom, geralmente caracterizados por
possuir cristais anédricos a subédricos em formas de ripas. Proporções
menores de alguns minerais tais como, prehnita, pumpellyita, magnetita, clorita,
e possivelmente apatita são encontrados nesta formação, além da biotita que
pode estar presente em algumas amostras, porém, forma de inclusões
individuais (BUCHANAN et al., 2002).

4.3.2. FORMAÇÃO DAMWAL

Segundo Buchanan et al. (2002) as rochas metavulcânicas da Formação


Damwal são caracterizadas por possuir texturas vulcânicas primarias e texturas
metamórficas, e estão sobrepostas a Suite de Rustemberg (RLS). A formação
Damwall possui rochas com texturas esferulíticas e piroclásticas, incluindo
unidades que parecem ser tufos lapilíticos. Os feldspatos encontrados nas
rochas geralmente têm composições ricas de albita (Ab 72 a Ab83) com grãos
raros de K-feldspato (Or90 para Or95). É caracterizado por possuir cristais raros
subédricos e fenocristais de feldspato que são comumente alterados. Em
algumas regiões, estes fenocristais ocorrem em aglomerados de rochas com
textura glomeroporfirítica.

O metamorfismo significativo destas unidades da Formação Damwal é indicado


pelo desenvolvimento de porfiroblastos de hornblenda. Algumas dessas rochas
contêm fraturas de quartzo e outras estão em camadas com concentrações de
quartzo em zonas ondulantes, possuindo fronteiras difusas podendo refletir
texturas piroclásticas primarias (Buchanan et al. 2002).

4.3.3. FORMAÇÃO KWAGGASNEK

Segundo Buchanan et al. (2002) as rochas vulcânicas da Formação


Kwaggasnek são caracterizadas por possuir uma granulação fina a muito fina
sendo predominantemente compostas de quartzo e feldspato com diferentes
proporções de minerais opacos, que incluem ilmenita e magnetita. Estes
minerais opacos ocorrem como grãos discretos e com intercrescimentos que
podem ser o resultado de exsolução.

Em algumas regiões da formação Kwaggasnek, as concentrações de quartzo


possuem formas lineares alongadas, que também podem refletir texturas de
lavas primárias.
Geralmente os feldspatos encontrados na formação são geminados e
predominantemente compostos por albita (por exemplo, Ab 97) ou K-feldspato
(por exemplo, Or98). Em alguns casos, estes fenocristais podem ocorrer em
grãos de quartzo arredondados, mas são raros (Buchanan et al. 2002).
4.4. SUITE GRANOFÍRICA RASHOOP

A Suíte Rashoop é caracterizada por conter basicamente riolitos porfiríticos em


sua formação. Diferente das outras suítes do Complexo de Bushveld, vários
tipos de granofíros são presentes em praticamente todo o Complexo, sendo
que nenhum deles teria sido formado por diferenciação magmática direta dos
magmas máficos do Complexo.  (FAURE, 2001)

Os riolitos porfiríticos ocupam diferentes posições estratigráficas no Complexo


de Bushveld, sendo encontrados principalmente entre a zona superior das
camadas máficas, sobre a suíte Lebowa, entre o grupo Rooiberg e ao longo do
Super Grupo Transvaal, conforme a figura 27 (FAURE, 2001).

Segundo Faure (2001) a Suíte Rashoop é composta por três unidades com
base na sua variação de textura, Stavoren granofirico, Zwartbank
pseudogranofirico e Rooikop porfiríticos.
FIG.27: Distribuição do Rashoop Granophyre Suite (feita a partir de Crocker
et al., 2001).

A unidade estratigráfica granofirica Stavoren é a mais importante e abundante


dos tipos de granofírico do Complexo Bushveld, sendo constituída quase que
exclusivamente por intercrescimento de quartzo e feldspatos pertíticos
(Walraven, 1982), apresentando uma gama de cores de vermelho-tijolo.
(HUNT, 2005)

O pseudogranofirico Zwartbank distingue-se do Stavoren granofirico pela


variabilidade em proporções de quartzo e feldspato e também com base em
suas texturas. Walraven (1977) propôs que esta rocha é formada a partir de
efeitos metamórficos da intrusão do Suíte Rustenburg, agindo no topo das
rochas sedimentares do Grupo Pretória (HUNT, 2005)

O Rooikop Granito Porfíritico é encontrado em forma soleiras do Grupo


Rooiberg na Formação Loskop do Supergrupo Transvaal. É constituída por
uma matriz de grãos finos contendo fenocristais abundantes de quartzo e
feldspato geralmente com textura pertitica. (HUNT, 2005).
5. POTENCIAL ECONÔMICO

De acordo com Crowson (2000), o complexo acamadado de Bushveld


concentra 80% das reservas mundiais (tabela 2) dos Metais do Grupo Platina
(MGP), sendo formado pelos elementos platina (Pt), paládio (Pd), ródio (Rd),
rutênio (Rh), irídio (Ir) e ósmio (Os), entretanto grandes quantidades de ferro,
estanho, titánio e vanadio são encontrados, porem em uma quantia inferior
comparada ao PGE.

Tabela 2: Reserva e produção mundial PGE.


Fonte: Fonte: DNPM/DIPLAM; UGSS: Mineral Commodity Summaries 2014.

Das dez (10) principais minas em atividade no complexo de Bushveld, três


(fig.28) pretencem a Implants S.A situadas em Recife Merensky, UG2 Camada
de Cromita e Recife Plat (fig.29).

FIG 28: Minas instaladas no complexo de Bushveld, com destaque a Marula, Two Rives
e Impala.
Fonte: (CAWTHORN, 2010)
FIG 29: Potencial econômico das minas da empresa Implants S.A nos recifes Merensky e UG2
Fonte: (CAWTHORN, 2010)
Com cerca de 350 milhões onças de PGEs por km de profundidade, as
enormes reservas minerais de Bushveld fornecem uma importante fonte das
necessidades de demanda para um longo período de tempo no futuro.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de diversos dados disponíveis para a província de magmática


Bushveld, não existe um consenso de opinião sobre diversas questões
fundamentais relacionadas ao número, a natureza, o volume e a origem dos
diferentes tipos de magma.
Sendo assim, com base em informações bibliográficas revisadas sobre o
Complexo acamadado ígneo de Bushveld, concluímos que sua formação
peculiar se deve a fusão provocada por uma rápida descompressão na frente
de uma grande pluma mantélica sobre a porção central do Cratón do Kaapvaal,
pois intrusões decorrentes de plumas mantélicas dentro de qualquer Cratón é
contra intuitiva, visto que a ascensão de magma, seja ele qual for, através de
250 km de espessura é árduo mesmo com o afinamento contínuo em razão da
anomalia magmática.
Entretanto, extensos lineamentos de sutura da colisão entre os Cratóns
Kaapvaal e Zimbabwe proporcionaram com que este magma primitivo
ascendesse até intrudir entre uma discordância do Supergrupo Transvaal e o
grupo Rooiberg mais acima, que ultimamente vem sendo considerado como
um representante da fase felsica anterior (~30 milhões de anos) a intrusão do
complexo, representando assim, o provável primeiro episódio da atividade
magmática pertencente ao complexo de Bushveld.
Devido ao fato de ser a camada mais antiga do complexo, o grupo Rooiberg
apresenta extrema erosão, sendo alvo de grande divergência entre os artigos
estudados, pois as lavas formadoras do grupo possuem assinatura geoquímica
diferente da evolução magmática do vasto corpo magmático máfico que existia
sob a região.
Já a suíte de Rustenburg, a zona mais mineralizada do complexo, aparenta ser
o resultado da contaminação crustal dos diversos pulsos magmáticos que
foram injetados no interior da câmara, tendo como principal fator de processo
de formação das estruturas acamadadas, o fracionamento gravitacional.
Outra hipótese para a alta mineralização de Rustenburg pode ser uma possível
corrente convectiva no interior da câmara, o que resultaria em uma mistura das
injeções de magma novo mais quente, com o magma evoluído e fracionado na
porção superior, resultando em um acamamento das camadas devido ao
fracionamento convectivo. Porém é fato que a suíte Rustenburg é resultado
principalmente de diversos pulsos magmáticos no interior da câmara com um
resfriamento lento, fato este, que pode ser observado nas lâminas das rochas
locais.
Para a suíte granofírica de Rashoop, devido à grande similaridade
composicional com o grupo Rooiberg, é proposto que Rashoop nada mais é do
que uma possível remobilização e metamorfismo das rochas formadoras do
grupo Rooiberg devido a um fluxo magmático posterior, se desenvolvendo
principalmente entre os contatos de Rooiberg mais abaixo e Rustenburg mais
acima, porem dados sobre a suíte de Rashoop são escassos, dificultando um
aprofundamento maior a respeito dessa suíte.
Por fim a suíte Lebowa, considerada como a última fase de magmatismo no
complexo, é composta principalmente por granitos mesocráticos. A alta
concentração de hornblenda na base diminuindo gradativamente para o topo,
além do aumento de hidrotermalismo nas formações superiores mostra que
durante a fase de cristalização da suíte houve ao menos três diferentes pulsos
magmáticos.
Um primeiro pulso, com grande quantidade de minerais máficos teria usado as
“reservas” disponíveis de água na cristalização do anfibólio presente em
grande quantidade no Nebo Granito. O segundo pulso já enriquecido pela
contaminação crustal, se enriqueceu em álcalis, fazendo com que a formação
granítica Bobbejaankop seja a única zona mineralizada da suíte. E por fim a
granítica Makhutso, tarde intrusiva leucocrática não mineralizada de
composição granítica e sem a ocorrência de minerais hidratados indica que o
magma se formou a partir de um magma granítico anidro de baixa temperatura,
podendo ser resultado de fases refundidas do próprio granito recém
solidificado.

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