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MESTRADO EM ENGENHARIA

MINAS E GEOAMBIENTE

Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre


Engenharia de Minas e Geoambiente
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

AMBIENTE TÉRMICO NA ATIVIDADE


MINEIRA SUBTERRÂNEA

João Paulo Capôto Cerdeira

Orientador: Prof. João Manuel dos Santos Baptista (FEUP)


Coorientador: Prof. Joana Cristina Cardoso Guedes (FEUP)
Arguente: Prof. Mário de Almeida Rodrigues Talaia (U.Aveiro)
Presidente do Júri: Prof. José Manuel Soutelo Soeiro de Carvalho (FEUP)

2012

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto


Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

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AGRADECIMENTOS
Este espaço é dedicado àqueles que deram a sua contribuição para que esta dissertação
fosse realizada. A todos eles deixo aqui o meu agradecimento sincero.

Agradeço em primeiro lugar ao meu orientador, o Prof. João Manuel dos Santos Baptista,
pela disponibilidade e todo o apoio prestado.

Agradeço à minha co-orientadora, a Prof. Joana Cristina Cardoso Guedes, pela


disponibilidade e colaboração.

As meus pais, pelo enorme apoio prestado durante o meu percuso estudantil.

Aos restantes familiares e amigos, pela amizade e companheirismo.

iii
RESUMO
A gestão do trabalho é condicionada por diversos fatores. Dentro destes, as questões
organizacionais, as características dos indivíduos e as condições ambientais em que o
trabalho se desenvolve, em particular a temperatura e a humidade, são fundamentais para o
sucesso das tarefas a executar e para a saúde dos trabalhadores. A temperatura e a
humidade têm uma influência direta no bem-estar e saúde do trabalhador pela influência
que têm nos níveis fisiológico, metabólico e cognitivo. Ao provocarem mal-estar e mesmo
doença, a temperatura e a humidade, vão afetar todo o ciclo produtivo. A resolução do
problema só pode ocorrer se estas variáveis forem equacionadas ao nível da gestão global
dos processos produtivos. Nas atividades mineiras em explorações subterrâneas este
problema é agravado quando se avança em profundidade.
Este estudo tem como objetivo avaliar o comportamento da temperatura interna corporal
face às caraterísticas ambientais, o grau de metabolismo a que os mineiros são sujeitos na
sua atividade, e prever as taxas de sudação e tempos-limite de exposição.
Neste estudo foi analisada a variação da temperatura interna de um indivíduo durante a
execução de dois níveis de esforço (dois graus de metabolismo), quando sujeito a diversas
condições de ambiente térmico, resultantes da combinação dos parâmetros temperatura,
velocidade do ar e humidade relativa, recolhidos em condições reais numa exploração
mineira.
Em paralelo, foi efetuado um ensaio laboratorial, onde foi medida a variação da
temperatura interna de um indivíduo em diferentes tarefas (vários níveis de metabolismo)
em condições de ambiente térmico pré-definidas.
Os resultados obtidos mostram que o nível de metabolismo é um forte impulsionador do
aumento da temperatura interna corporal durante o esforço; com o aumento dos fatores
exteriores, como a temperatura e a humidade, a resposta fisiológica de um indivíduo
resulta num aumento da temperatura interna, no repouso, durante o trabalho e também
durante a recuperação. Também a frequência cardíaca, varia consoante as condições
ambientais impostas, e sofre variações mais significativas dependendo da atividade física
em exercício.
Os métodos utilizados para análise da temperatura interna, modelo matemático e resultados
experimentais, são concordantes no que diz respeito aos resultados. Em ambos se confirma
o grande interesse destes resultados para a indústria em questão, de modo poder controlar
de forma mais fiável situações que possam condicionar a segurança dos intervenientes e,
de igual modo, condicionar a normalidade das atividades produtivas.

Palavras-chave: Atividades mineiras, stresse térmico, tempo-limite de exposição,


monitorização

v
ABSTRACT
Working management is constrained by several factors. Among these, organizational
issues, individual aspects and environmental conditions in which work develops, in
particular temperature and humidity, are critical to the developing tasks success and assure
workers safety. Temperature and humidity have direct interference on welfare and
occupational health of workers for their influence on the physiological, metabolic and
cognitive levels.
As being responsible for discomfort and even diseases, temperature and humidity will
affect all the production process. This problem resolution only will occur alongside their
equationing through all the global management of the productive processes. In
underground mining activities this issue is aggravated as we go deeper and deeper.
This study aims to evaluate the response of the internal body temperature to environmental
features, the metabolic level that miners are subjected to, and predict sweat rates and time-
exposure limits.In this study were analyzed variations on the internal body temperature of a
subject during execution of two effort levels (two metabolic levels) in predefined
environmental thermal conditions, as result of combination of the parameters temperature,
air speed and relative humidity, collected from a existing mining exploration.
In addition, a lab test was made, were internal body temperature variations of a male man
on diferent tasks were measured (diferent metabolic rates) under predefined environmental
thermal conditions.
The results obtained show that metabolic rate drives strongly the internal body temperature
during efforts; with the increase of external factors, like temperature and humidity, the
physiological response of an individual results in an increase of internal temperature in
rest, at work and in the recovery. Also heart rate varies with imposed environmental
conditions, but most significant variations are related to physical activity.
The methods used for internal temperature analysis, mathematical model and laboratory
test, are in agreement in terms of results. In both of them, we confirm the major interest on
this results for this specific industrial sector, in order to control in a more reliable way,
situations that might constrain miners safety, and also the normality of productive
activities.

Keywords: mining activities, thermal stress, exposure time limits, monitoring

vii
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 ESTADO DA ARTE / REVISÃO DA LITERATURA ................................................. 3
2.1 Aspetos relativos à indústria mineira ...................................................................... 3
2.1.1 Configuração da mina ...................................................................................... 4
2.1.2 Equipamentos utilizados no complexo mineiro............................................... 5
2.1.3 Ventilação na mina .......................................................................................... 6
2.1.4 Drenagem na mina ........................................................................................... 6
2.1.5 Recursos Humanos da Empresa: ..................................................................... 6
2.2 Enquadramento Legal e Normativo Básico ............................................................ 6
2.3 Conhecimento Científico ........................................................................................ 7
2.3.1 Stresse Térmico ............................................................................................... 7
2.3.2 Fatores Ambientais .......................................................................................... 8
2.3.3 Fatores individuais ........................................................................................... 9
2.3.4 Metabolismo .................................................................................................. 10
2.3.5 O Vestuário .................................................................................................... 10
2.3.6 Doenças provocadas pelo calor na indústria mineira .................................... 11
2.3.7 Sinais e sintomas de doenças causadas pelo calor ......................................... 12
2.3.8 Prevenção contra o calor................................................................................ 13
2.3.9 Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea.................................. 15
2.4 Definições / Termos técnicos: ............................................................................... 15
2.4.1 Produção de Calor Metabólico ...................................................................... 15
2.4.2 Transferência de calor radiante: .................................................................... 16
2.4.3 Transferência de calor por convecção: .......................................................... 16
2.4.4 Carga Ambiental (R+C)................................................................................. 17
2.4.5 Trabalho externo (Wex)................................................................................. 17
2.4.6 Carga metabólica (Mnet) ............................................................................... 17
2.4.7 Arrefecimento evaporativo requerido (Ereq): ............................................... 17
2.4.8 Capacidade Evaporativa (Emax) ................................................................... 18
2.4.9 Variação da massa por sudação (Δmsw) ....................................................... 18
2.4.10 Velocidade do ar efetiva (Veff) ..................................................................... 18
2.4.11 Temperatura retal no equilíbrio ..................................................................... 19

ix
2.4.12 Temperatura retal no repouso ........................................................................ 19
2.4.13 Temperatura retal durante o trabalho ............................................................ 19
2.4.14 Temperatura retal na recuperação ................................................................. 20
2.5 Fatores condicionantes do Conforto Térmico ...................................................... 21
2.5.1 Temperatura do ar ......................................................................................... 21
2.5.2 Humidade Relativa do ar ............................................................................... 21
2.5.3 Velocidade do ar............................................................................................ 22
2.5.4 Calor Radiante ............................................................................................... 23
2.6 Índices do Stresse térmico .................................................................................... 23
2.6.1 Índices Racionais........................................................................................... 23
2.6.2 Índices Empíricos .......................................................................................... 23
2.6.3 Índices Diretos............................................................................................... 24
2.6.4 Índice Wet-Bulb Globe Temperature (WBGT) ............................................. 24
2.7 Índices de Conforto Térmico ................................................................................ 26
2.7.1 Predicted Mean Vote (PMV)......................................................................... 27
2.7.2 Predicted Percentage Dissatisfied (PPD) ..................................................... 27
3 OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................. 29
3.1 Objetivos da estudo .............................................................................................. 29
3.2 Metodologia Global de Abordagem ..................................................................... 29
3.3 Materiais e Métodos ............................................................................................. 29
3.3.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................... 29
3.3.2 Modelo de Previsão da Temperatura Interna ................................................ 30
3.3.3 Recolha de dados ........................................................................................... 39
3.3.4 Ensaio laboratorial de temp. interna, temp. da pele e freq. cardíaca ............. 40
3.3.5 Simulação do ambiente térmico e atividade .................................................. 40
3.3.6 Medição da temperatura interna .................................................................... 42
3.3.7 Medição da temperatura da pele.................................................................... 46
3.3.8 Medição da frequência cardíaca .................................................................... 49
4 DADOS E RESULTADOS .......................................................................................... 51
4.1 Resultados relativos à Área de exploração 1 ........................................................ 51
4.2 Resultados relativos à Área de exploração 2 ........................................................ 59
4.3 Resultados relativos à Área de exploração 3 ........................................................ 63

x
4.4 Resultados relativos ao ensaio laboratorial ........................................................... 66
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO ........................................................................................... 69
5.1 Estimação de temperatura interna pelo Método de Givoni e Goldman ................ 69
5.2 Estimação dos parâmetros biofísicos através do ensaio laboratorial .................... 69
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 71
7 PERSPECTIVAS FUTURAS ....................................................................................... 73
8 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 1

xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Drift & Fill ............................................................................................................ 3
Figura 2- Bench & Fill........................................................................................................... 4
Figura 3 - Mini Bench & Fill ................................................................................................. 4
Figura 4 - Pilares de Soleira .................................................................................................. 4
Figura 5 - Esquema ilustrativo da configuração da mina ...................................................... 5
Figura 6 - Sonda de temperatura natural de bolbo húmido ................................................. 25
Figura 7 - Sonda de temperatura do globo .......................................................................... 26
Figura 8 - Escala de Sensação Térmica de 7 pontos............................................................ 27
Figura 9 - PPD em função do PMV ..................................................................................... 28
Figura 10 - Câmara ambiental vista do exterior .................................................................. 41
Figura 11 - Fonte de calor/frio da câmara ambiental........................................................... 42
Figura 12 - Passadeira General Electric T2100 .................................................................. 42
Figura 13 – Cápsula ingerível Jonah ................................................................................... 43
Figura 14 - Ativador de cápsula Hidalgo, Equivital............................................................ 43
Figura 15 - EQO2 LifeMonitor, Equivital ........................................................................... 44
Figura 16 - Colete Equivital ................................................................................................ 44
Figura 17 - Interface do software eqView, da Equivital ...................................................... 45
Figura 18 - Aspeto do output dos dados constituintes do CSV, em MS Excel ................... 45
Figura 19 - Dispositivo bioPLUXresearch (com tempPlux conectados) ............................ 46
Figura 22 - Pontos de medição do método de 8 pontos ....................................................... 48
Figura 23 - ECG General Electric ....................................................................................... 49
Figura 24 - Posicionamento padrão dos elétrodos para as 12 derivações ........................... 50
Figura 25 - Legenda das curvas de Tredescanço, Trework, Trerecup ................................ 51

xiii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – a) M=360W, b) M =234W para Ta= 24,4ºC, HR= 85,4%, Var=0,4m/s .......... 52
Gráfico 2 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 23,5ºC, HR= 64,8%, Var=1,1m/s .......... 52
Gráfico 3 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 25ºC, HR= 81,8%, Var=0,5m/s ............. 52
Gráfico 4 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 22,2ºC, HR= 66,7%, Var=0,96m/s ........ 53
Gráfico 5 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 24,6ºC, HR= 70,7%, Var=0,42m/s ........ 53
Gráfico 6 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 13,6ºC, HR= 66,3%, Var=1,5m/s .......... 53
Gráfico 7 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,3ºC, HR= 71,3%, Var=0,24m/s ......... 54
Gráfico 8 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=21,2ºC, HR= 64,1%, Var=1,69m/s ......... 54
Gráfico 9 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,4ºC, HR= 86,5%, Var=0,1m/s ........... 54
Gráfico 10 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR= 86,6%, Var=0,1m/s ......... 55
Gráfico 11 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,7ºC, HR= 80,6%, Var=0,4m/s ......... 55
Gráfico 12 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,8ºC, HR= 85,9%, Var=0,6m/s ......... 55
Gráfico 13 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,1ºC, HR= 78,6%, Var=0,2m/s ......... 56
Gráfico 14 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR= 63,6%, Var=0,6m/s ......... 56
Gráfico 15 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26ºC, HR=73,4%, Var=0,1m/s ............. 56
Gráfico 16 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28ºC, HR=82,6%, Var=1,03m/s ........... 57
Gráfico 17 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=19,9ºC, HR=79,5%, Var=0,4m/s .......... 57
Gráfico 18 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,2ºC, HR=85,2%, Var=0,5m/s .......... 57
Gráfico 19 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=89%, Var=0,3m/s ............. 58
Gráfico 20 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR=69,3%, Var=1,2m/s.......... 58
Gráfico 21 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25ºC, HR=67,9%, Var=1,2m/s ............. 58
Gráfico 22 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=76,7%, Var=0,21m/s ........ 59
Gráfico 23 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,9ºC, HR=76,8%, Var=1,3m/s .......... 59
Gráfico 24 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=82,2%, Var=0,31m/s ........ 60
Gráfico 25 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,6ºC, HR=69,9%, Var=1,31m/s ........ 60
Gráfico 26 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=73,6%, Var=1,81m/s ........ 60
Gráfico 27 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=75,1%, Var=0,53m/s ........ 61
Gráfico 28 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,9ºC, HR=70,7%, Var=0,63m/s ........ 61
Gráfico 29 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,6ºC, HR=68,5%, Var=0,62m/s ........ 61
Gráfico 30 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,7ºC, HR=77,8%, Var=0,4m/s .......... 62
Gráfico 31 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR=92,3%, Var=0,01m/s ........ 62

xv
Gráfico 32 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,2ºC, HR=81,9%, Var=0,88m/s ....... 62
Gráfico 33 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,2ºC, HR=84,1%, Var=0,5m/s ......... 63
Gráfico 34 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,9ºC, HR=81%, Var=0,17m/s .......... 63
Gráfico 35 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=75,9%, Var=0,25m/s ....... 63
Gráfico 36 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=80,1%, Var=0,17m/s ....... 64
Gráfico 37 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,3ºC, HR=80,5%, Var=0,65m/s ....... 64
Gráfico 38 - Temperatura interna em função do tempo ...................................................... 67
Gráfico 39 - Variação da temperatura da pele nos respetivos pontos de captação ............. 67
Gráfico 40 - Frequência Cardíaca em função do metabolismo, velocidade e inclinação ... 68

xvi
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Eq. 1........................ 10
Eq. 2 .......................................................................................................... 16
Eq. 3 ......................................................................................................... 16

– , em W/°C Eq. 4 .......................................................... 17


Eq. 5 ................................................................................................ 17
Eq. 6 ................................................................................. 17
Eq. 7 ............................................................................................... 17

– em W/mmHg Eq. 8 ............................................... 18


, em g/hora Eq. 9 ............................................... 18
, em m/s Eq. 10 .......................................................................... 18
)
Eq.11 ............................................................................................................................................. 19
Resting Eq. 12 .................................................... 19
Working Eq. 13 .................................................. 19
Eq. 14 ............................................................................................. 20
Eq. 15 ...................................................................................................................... 20
Recuperação Eq. 16 ............................... 20
Eq. 17 .................................................................................... 21
Eq. 18 ........................................................................................ 21
Eq. 19 ................... 21
Eq. 20............................................................................................ 25
Eq. 21 ............................................................................. 25
Eq. 22 ........................................................................ 27
Eq. 23 ...................................... 28
Eq. 24 ...................................................................... 46

Cerdeira, João Paulo i


Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Propriedades dos vestuários em função das Veff ......................................................... 11
Tabela 2 - Valores máx. recomendados do índice WBGT (exposição de 8 horas) ....................... 26
Tabela 3 - Distribuição da sensação térmica individual para diferentes valores de PMV ............ 28
Tabela 4 - Diferentes parâmetros para a equação de Steinhart-Hart ............................................ 46
Tabela 5 - Métodos 8 pontos de medição de temperatura e pontos de deteção ........................... 48
Tabela 6 - Posicionamento dos elétrodos nos respetivos pontos corporais ................................... 50
Tabela 7 - Tabela de tempo de estabilização da temp. retal e taxas de sudação ........................... 64

Cerdeira, João Paulo i


Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

ÍNDICE DE SIGLAS/ABREVIATURAS

Clo – Insolação
CHSI - Cumulative Heat Strain Índex
CRM - Calor Radiante Médio
CSV - Comma Separared Values
CPeff - Poder de arrefecimento efetivo
ECG - Eletrocardiograma
Emax - Capacidade Evaporativa
EPI - Equipamentos de Proteção Individual
Ereq - Arrefecimento evaporativo requerido
ESC - Estéril
ESI - Environmental Stresse Índex
HR - Humidade Relativa
ISO - International Organization for Standardization
im - Índice de permeabilidade
LNA – Linguagem Não Acessível
MC - Minério Cu
ME – Estéril com sulfuretos
MH - Minério de Cu com penalizantes
Mnet - Carga metabólica
MRT - Media da Radiação Térmica
MZ - Minério zinquífero
OG - Protective Overgarments
OLD - Artigos Antigos
PeSI - Perceptual Strain Índex
PhSI - Physiological Strain Índex
PMV - Predicted Mean Vote
PPD - Predicted Percentage Dissatisfied
REP - Repetições
R+C - Carga Ambiental
SEM – Sensor Electronics module
SRT – Sem Relação com Tema
Cerdeira, João Paulo i
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

STA – Sem Texto Acessível


STD - Standard Fatigue Uniforms
td - Time lag
tdrec - Time lag durante a recuperação
tg - Temperatura do globo
THI - Temperature-Humidity Índex
tnw - Temperatura do bolbo húmido natural
Tr - Temperatura radiante média do ambiente.
Trer“ - Temperatura retal de descanso no equilíbrio
Tret - Temperatura retal para qualquer instante t;
Trew - Temperatura retal no inicio do decréscimo
Tre0 Temperatura retal de referência
Tsk - Temperatura média da pele
TWL - Thermal Work Limit
Veff - Velocidade do ar efetiva
VBA - Visual Basic for Aplications
WBGT - Wet Bulb Globe Temperature
Wex - Trabalho externo
α - Constante temporal de recuperação
Δmsw - Variação da massa por sudação
ΔTre - Variação de temperatura retal

ii
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

1 INTRODUÇÃO

Para a execução de qualquer tipo de trabalho, independentemente do seu grau de dificuldade,


duração e condições do mesmo, a eficiência com o mesmo é feito depende também das pessoas
que o fazem, o que se significa que deverá existir uma boa relação tarefa-trabalhador. O
trabalhador está condicionado pela sua aptidão à tarefa, por características fisiológicas e também
pelo ambiente onde está inserido, Partindo do princípio que o trabalhador é apto para a função a
desempenhar e que o trabalhador é saudável física e psicologicamente, a grande condicionante
que afeta a sua eficiência é o ambiente que o rodeia.
No caso específico em estudo, as minas subterrâneas, são locais onde a temperatura e humidade
são elevadas e, estes valores, especialmente a temperatura, aumentam à medida que aumenta a
profundidade. Apenas a temperatura externa aumenta diretamente segundo este gradiente, no
entanto, a temperatura interna dos trabalhadores, dependendo da temperatura externa e outros
fatores, tende a subir, situação que é comportável até determinado nível, mas que em todo o
caso, se traduz em desconforto e em sinal de alarme para a saúde dos trabalhadores.
A relevância deste estudo reside neste problema, que demonstra tendência a acrescer de
gravidade, onde se procuraram estabelecer limites e valores numéricos que garantam o conforto
e segurança dos trabalhadores neste tipo de ambiente, que por sua vez contribuem para melhores
índices de produtividade proporcionais ao tempo de execução das tarefas.
A atividade mineira é uma prática muito antiga, que como qualquer outra, com o decorrer do
tempo e com experiência adquirida, foi sendo melhorada progressivamente, no que diz respeito a
técnicas e tecnologia. No entanto, a segurança e saúde são uma constante preocupação pois os
mineiros continuam a possuir as mesmas características, uma vez que estes não podem ser
modificados geneticamente de modo a serem tolerantes, por exemplo, às elevadas temperaturas.
Ainda que ocorra um processo de aclimatação por parte dos indivíduos, todos eles aguentam
certas condições, até determinado período de tempo. Assim, o ambiente de trabalho é o
parâmetro de maior importância a ser ajustado de modo a que o sistema ambiente-homem-tarefa
funcione em pleno. As práticas individuais, também têm importância, uma vez que o individuo
tem de ser capaz de estabelecer os seus limites, e ajustar o seu comportamento à sua atividade.
São diversos os estudos até hoje efetuados em diferentes áreas industriais, em torno da
problemática do stresse térmico, sendo eles baseados em parâmetros fisiológicos dos
trabalhadores, onde a base do estudo reside na monitorização desses mesmos parâmetros, e nas
características do ambiente circundante, em que a base de estudo é a monitorização desse mesmo
ambiente, recorrendo a diversos índices de stresse térmico, muitos deles empíricos e adaptados
às condições e parâmetros envolvidos, como o TWL (Thermal Work Limit), o WBGT (Wet Bulb
Globe Temperature), o PMV (Predicted Mean Vote) e o PPD (Predicted Percentage
Dissatisfied) tratando-se dos mais usuais, existindo outros.
Ainda que seja feita a monitorização, quer do ambiente, quer da sensação térmica evidenciada
pelos trabalhadores, apenas esta componente não garante que se assegurem as condições
desejadas, até porque, na atividade mineira, é de extrema dificuldade se encontrar condições que
satisfaçam o conforto térmico de todos os colaboradores. Tal situação acontece, uma vez que os
trabalhadores não são todos iguais fisicamente, psicologicamente e socialmente, daí resultarem
casos pontuais, de casos de doença crónica ou até mesmo fatais, por causa do calor.
Cerdeira, João Paulo 1
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Este assunto tem uma importância muito grande, no que diz respeito às melhorias de
condições de segurança dos trabalhadores, uma vez que a tendência de expansão da industria
mineira tende a aumentar no decorrer dos próximos anos, onde novas industrias terão inicio de
atividade, e outras já existentes expandem a sua produção.
O aumento significativo da cotação de diversos metais, é um fator de enorme peso na
tomada de decisão para início de atividades exploratórias, pois garantem um retorno económico
muito alto. A par das cotações do mercado, também o desenvolvimento de economias
emergentes é um aspeto que colabora para o aumento da produção, devido à procura de matérias-
primas. Citando António Oliveira e Sousa e João Santos Baptista, segundo divulgações de
(S.A,2008), a produção mundial vem a aumentar de uma maneira progressiva, tendo-se
verificado uma subida de produção de carvão nos Estados Unidos, desde os finais dos anos 80
até 2006, que passou das 573 Milhões de toneladas para 1,100 Milhões de toneladas. No setor
Australiano, também ele uma das maiores potências da indústria mineira do mundo, senão a
maior, prevê uma taxa de crescimento da indústria na ordem dos 85%, que corresponde a criação
de inúmeros novos postos de trabalho, prevendo-se que em 2020, atinja os 215.000.
Estes exemplos mostram a tendência crescente da globalidade da indústria mineira, o que
implica, um aumento de cada vez mais pessoas a enfrentar condições ambientais adversas, e cada
vez mais adversas, situação que promove a investigação e estudos como o presente, para que a
inovação e a tecnologia permita num futuro muito próximo, garantir condições confortáveis às
pessoas envolvidas nesta indústria.
Ainda a título informativo, no que se refere a problemas de saúde gerados no trabalho,
num estudo de (Donoghue, 2004), (Wyndham, 1965) afirma que em minas subterrâneas Sul-
Africanas de Ouro, os golpes de calor sempre foram um problema sério, embora a incidência tem
vindo a diminuir recentemente. No período entre 1956 e 1961, a incidência de golpes de calor
era cerca de 0,24/1000/ano. Segundo (Kielblock and Schutte, 1993) que em 1993, a incidência
era apenas de 0,0468/1000/ano. De acordo com (Shearer, 1990) que no que concerne a exaustão
por calor, não houve ocorrências registadas nas minas Sul-Americanas, embora, em 1990, um
paper Sul-Africano reportava 23 casos de exaustão por calor e 32 casos de cãibras derivadas do
calor. De igual maneira, (Donoghue et al., 2000) afirma que na Austrália, um estudo de um ano
observou uma taxa de incidência de 43.0/106 pessoas/hora numa mina subterrânea. A incidência
em Fevereiro, (é verão no Hemisfério Sul) alcançou 147/106 pessoas/hora. No entanto, não
houve casos de golpes de calor reportados na indústria mineira Australiana (Donoghue 2004).

2 Introdução
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

2 ESTADO DA ARTE / REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Aspetos relativos à indústria mineira

O presente estudo recorreu a elementos de uma Indústria Mineira, uma das maiores minas
de Cobre em exploração na Europa da atualidade.
 Produção
A Produção atual da mina é superior a 300 mil toneladas de concentrado de cobre e cerca
de 2 mil toneladas de concentrado de estanho.
A mina opera em regime continuo, com turnos de 7,5 horas, durante 6 dias por semana;
metades das equipas trabalham 2ª e ao sábado, e equipas completas de 3ª a 6ª feira.
Na atualidade, a mina produz três tipos de minério:
 MC- minério Cu
 MH- minério de Cu com penalizantes
 MZ – minério zinquífero
A par do minério rico, a mina produz igualmente estéril, divido em dois tipos:
 ESC – estéril
 ME – estéril com sulfuretos
Em média, operam diariamente 80 desmontes e são feitos 40 disparos de drift por dia.
Os métodos de desmonte utilizados são:
 Drift & Fill: Com enchimento hidráulico (fig. 1)
 Bench & Fill: Com enchimento de pasta e tight fill com hidráulico nos últimos 2
metros (fig. 2)
 Mini Bench & Fill: Com enchimento de pasta e tight fill com hidráulico nos últimos
2 metros (fig. 3)
 Pilares de Soleira: Enchimento com gravilha, cimento e hidráulico (fig. 4)

Figura 1 - Drift & Fill


(Fonte: Catálogo de apresentação da empresa, 2012)

Cerdeira, João Paulo 3


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 2- Bench & Fill


(Fonte: Catálogo de apresentação da empresa, 2012)

Figura 3 - Mini Bench & Fill


(Fonte: Catálogo de apresentação da empresa, 2012)

Figura 4 - Pilares de Soleira


(Fonte: Catálogo de apresentação da empresa, 2012)

2.1.1 Configuração da mina

A mina, cujo esquema pode ser visto na figura abaixo (fig. 5) no que diz respeito a
aberturas, têm 160 km de galerias e 60 km de chaminés.

4 Objetivos e metodologia
O acesso aos níveis inferiores é feito através de uma entrada de rampa, 210 m acima do
nível do mar, correspondendo ao nível 1200 e vai até ao nível 550 (742m de profundidade)
Existem 2 unidades de britagem, uma ao nível 550 e outra ao nível 700, ambas com uma
capacidade de 600ton/h.

Figura 5 - Esquema ilustrativo da configuração da mina


(Fonte: Catálogo de apresentação da empresa, 2012)

2.1.2 Equipamentos utilizados no complexo mineiro

Para as diversas operações, a mina dispõe de variadas máquinas, para produção e para
transporte:
 Jumbos de Furação Drift
 Plataformas de Carregamento
 Pás Carregadoras
 Saneadores Mecânicos
 Jumbos Sustimento
 Jumbos Data Solo
 Jumbos Furação Cabos
 Unidades Sustimento
 Pás Rolagem
 Dumpers

Cerdeira, João Paulo 5


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

2.1.3 Ventilação na mina

Na configuração da mina estão distribuídas mais de 10 chaminés de entrada de ar fresco


de 8 chaminés de evacuação de ar quente (exaustão), sendo estas dotadas de ventoinhas à
superfície, de modo a forçar a saída do ar quente, assegurando um bom fluxo e renovação
do ar dentro da mina. Estas ventoinhas têm uma capacidade que supera os 1000m3/s. A
rampa principal assegura igualmente boa entrada de ar fresco desde a superfície até ao
nível 700.

2.1.4 Drenagem na mina

A mina retira uma média de 350m3/h de água de 66m3/h de lamas para a superfície. A lama
é enviada para a barragem de rejeitados, e a água após tratamento, é recirculada ou enviada
para uma ribeira existente nas proximidades do complexo mineiro.

2.1.5 Recursos Humanos da Empresa:

A empresa mineira emprega cerca de 1300 colaboradores (diretos e indiretos), sendo a sua
maioria (cerca de 90%) naturais da região circundante.

2.2 Enquadramento Legal e Normativo Básico

A legislação mineira em vigor, para a prática de atividades mineiras, do ponto de vista da


Segurança e Higiene no Trabalho tem por base:
Regulamento Geral de Segurança e Higiene no Trabalho nas Minas e Pedreiras,
consubstanciado no Decreto- Lei n.º 162/90: Aprova o Regulamento Geral de Segurança e
Higiene no Trabalho nas Minas e Pedreiras. Revoga o Decreto-Lei n.º 18/85, de 15 de
Janeiro.
Relativamente a este decreto de lei, salientam-se o Capitulo X, que se refere à ventilação
em minas subterrâneas.
Prescrições mínimas de segurança e de saúde no trabalho a aplicar nas indústrias extrativas
por perfuração a céu aberto ou subterrâneas podem ser consultadas no Decreto-Lei nº
324/95, de 29 de Novembro.
Relativamente a este decreto de lei, destacam-se, no Capitulo II, artigos 11º, 12º, 19º, 30º.
Do capítulo IV, são de destacar os artigos 34º, 38º.

International Organization for Standardization (ISO)


Para este estudo, foram utilizadas referências e também parâmetros relativos de
determinada ISO:

6 Objetivos e metodologia
 ISO 7933:2004 - Ergonomics of the Thermal Environment – Analytical
determination and interpretation of heat stress using calculation of the predicted
heat strain
 ISO 7243:1989 - Hot Environments – Estimation of the heat stress on working man,
based on the WBGT index (wet bulb globe temperature)
 ISO 7730:2005 - Ergonomics of the Thermal Environment – Analytical
determination and interpretation of thermal comfort using calculation of the PMV
and PPD indices and local thermal comfort criteria
 ISO 8996:2004 – Ergonomics of the Thermal Environment – Determination of
metabolic rate
 ISO 9886:2004 - Ergonomics — Evaluation of thermal strain by physiological
measurements.

2.3 Conhecimento Científico

2.3.1 Stresse Térmico

O estudo do Ambiente Térmico desempenha um papel importante no melhoramento das


condições de trabalho. As condições ideais de prática de uma atividade são bastante
condicionadas por este fator, para que o homem a possa exercer no mínimo de esforço e no
máximo de produtividade. Como a realidade é que, em determinadas circunstâncias, como
a do presente estudo, este equilíbrio pode não existir, têm de ser reunidas medidas e
estratégias para contrariar esta força que impede que o homem aplique esforços extra e seja
submetido a ambientes quem em ponha em causa a sua segurança física e também
psicológica.
O Conforto térmico pode ser definido como " Estado físico, no qual todo o calor gerado
pelo organismo através do metabolismo, seja trocado em igual proporção com o ambiente
ao redor, não havendo nem acúmulo de calor, nem perda excessiva do mesmo, mantendo a
temperatura corporal constante” (Roberto Lambers, 2002), estado este que é obtido quando
um indivíduo está numa condição de equilíbrio com o ambiente que o rodeia. Este
equilíbrio, depende, quer de fatores ambientais, quer de fatores individuais, podendo assim
variar em grande número de combinações, o que mostra que o stresse térmico é um estado
difícil de avaliar, uma vez que na realidade, as combinações entre os parâmetros são muito
vastas.
Estabelecer limites de trabalho em ambientes térmicos é normalmente feito de duas
maneiras: estabelecer limites aos parâmetros pessoais (vestuário, nível de esforço) e
estabelecer limites às condições ambientais (temperatura do ar, humidade, etc.) (Onder,
Sarac, & Onder, 2005). No entanto, estabelecer limites ambientais para além de ser uma
tarefa muito complicado, seria igualmente muito dispendioso.
Assim, os estudos em torno da temática desenvolvem-se no sentido de avaliar a incidência
de stresse em diferentes sectores de atividade, como o caso da indústria automóvel,

Cerdeira, João Paulo 7


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

(Ayyappan, Sankar, Rajkumar, & Balakrishnan, 2009), na construção (Bates, Miller, &
Joubert, 2010),e no setor da industria mineira (Donoghue, 2004), (Donoghue, Sinclair, &
Bates, 2000), (Kalkowsky & Kampmann, 2006), (Onder et al., 2005), desenvolver índices
adequados para determinados ambientes (Liang et al., 2011), aplicação de modelos
matemáticos e estatísticos para avaliação de stresse fisiológico (Givoni & Goldman,
1972),(Liang et al., 2011; Wang, Gao, & Cheng, 2011), (Gehring, Broede, Mehnert,
Griefahn, & Schach, 2001), estabelecer limites de metabolismo, como índice de stresse
térmico (V. S. Miller & Bates, 2007),(D. J. Brake & G. P. Bates, 2002b), avaliar
temperatura interna em ambientes térmicos (D. J. Brake & G. P. Bates, 2002a), promover
Self-Pacing, como medida de prevenção contra o stresse térmico (Miller, Bates, Schneider,
& Thomsen, 2011)

2.3.2 Fatores Ambientais

O ambiente é condicionado por diversos fatores, tais como a humidade relativa e a


temperatura ambiente. A temperatura do ambiente depende da temperatura das paredes,
neste caso, da rocha envolvente, que depende da natureza da rocha em si, a assim como da
temperatura do ar (Leduc, Thellier, Lacarrière, Monchoux, & Bonnis-Sassi, 2006) e outros
fatores que contribuem para esta (velocidade do ar e gases de combustão, por exemplo).
Para além destes fatores, a temperatura também é influenciada pela profundidade, que se
traduz pela existência de um gradiente geotérmico, que provoca um aumento de cerca de
3ºC por cada 100 metros e também pela autocompressão do ar (aumento da pressão do ar
com a profundidade)(Donoghue et al., 2000)
Em frentes de trabalho mais modernas, por exemplo, podem ser usadas máquinas com
outputs com energias entre 1000 e 2000 kWh. Assim, o calor libertado pelas mesmas é
fonte de calor extra, assim como o calor e pó libertados quando a rocha é desmontada. O
ambiente das minas é igualmente afetado pela alta humidade contida no ar, especialmente
devido à água que é utilizada para o assentamento de poeiras e também da água que
provém dos interstícios das formações rochosas (Onder et al., 2005).
Assim, a condição de conforto térmico, ainda que relativa, uma vez que não depende só de
parâmetros ambientais, deixa de existir, em termos de temperatura, quando na presença de
ambientes estacionários (habitações) acima dos 35ºC, e ambientes de trabalho acima dos
32ºC pois são considerados como ambientes de temperatura elevada. No que diz respeito a
humidade, ambientes onde a humidade relativa seja acima dos 60%, são considerados
ambientes com alta humidade (Zhao, Zhu, & Lu, 2009). Assim, podemos afirmar que estes
valores, pode dizer-se que definem um ambiente como Ambiente Térmico.
Onde a temperatura ambiente excede os 35ºC, em que se verifica uma ausência de
gradiente térmico entre a pele e o meio envolvente, significa que a única maneira de ser
reestabelecido um equilíbrio é pela libertação de calor corporal, por sudação (vapor de
água). Nestes ambientes, ou onde o calor radiante é grande, como é o caso das minas, a
tendência é de o nosso corpo absorver demasiado calor, mas isto não seria um problema
muito sério, no caso de o ambiente ser seco; o que acontece, é que nas minas, a humidade é

8 Objetivos e metodologia
alta. E nestes ambientes, a facilidade com que o nosso metabolismo produz suor é
reduzida, o que significa um acréscimo da temperatura interna, o que em situações muito
extremas, pode provocar doenças.

2.3.3 Fatores individuais

A perceção do stresse depende muito do indivíduo inserido no meio, uma vez que varia de
pessoa para pessoa, a capacidade de tolerar determinados ambientes, quer sejam eles frios
ou quentes.
No entanto, a nossa capacidade de tolerância de temperaturas mais baixas em relação a
temperaturas mais altas é bastante superior. Num artigo de (R. Brake & G. Bates, 2002)
citando Sawka et al. (1996), “os humanos são animais tropicais porque:
 Contam com termorregulação fisiológica face ao calor, e com termorregulação
comportamental face ao frio;
 A neutralidade de temperatura ambiente para um humano sem vestuário e a
temperatura para o mesmo ter um sono tranquilo são relativamente elevadas (27ºC);
 Demonstram maior aclimatação ao calor do que ao frio.”
Os humanos têm uma grande capacidade de suportar grandes variações de temperatura
ambiental, no entanto, não suportam grandes aumentos de temperatura interna, pelo que
um aumento de apenas 3ºC pode originar lesões ou em certos casos, levar à morte
(Donoghue et al., 2000).
Em condições normais de saúde e conforto, a temperatura interna do corpo humano
mantém-se aproximadamente constante próxima de 37 +/- 0,8 °C (Gamboa, 2009) graças a
um equilíbrio entre a produção interna de calor devida ao metabolismo e à perda de calor
para o meio ambiente.
Alguns fatores individuais que podem condicionar a situação de stresse térmico são:

 Idade;
 Peso;
 Índice de massa gorda;
 Sexo;
 Nível de Aclimatação;
 Historial Clinico;
 Estado geral de Saúde;
 Estilo de Vida;
 Consumo de substâncias prejudiciais à saúde.

Cerdeira, João Paulo 9


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

2.3.4 Metabolismo

A taxa de metabolismo, como uma conversão de energia química em energia mecânica e


energia térmica, mede o custo energético da carga muscular e define um índice numérico
de atividade.
A taxa de metabolismo é um parâmetro determinante do conforto ou da tensão resultante
da exposição a um ambiente térmico. Em particular, em climas quentes, os níveis altos de
produção de calor metabólico associados à atividade muscular agravam o stresse térmico,
pelo que é necessária a dissipação de grande quantidade de calor, maioritariamente por
evaporação.
As estimativas de metabolismo, de acordo com a ISO, são feitas para indivíduos com
características do denominado standard:
 Homem – 30 anos, com 70 kg e 1,75m (Área de superfície corporal = 1.8m2);
 Mulher – 30 anos, com peso 60 kg e 1,70m (Área de superfície corporal = 1.6m2).
A eficiência mecânica do trabalho muscular – designado por trabalho útil (W) – é baixo.
Na maioria dos tipos de trabalho industrial, é tão baixo que se assume que é nenhum. Isto
significa que o consumo de energia total enquanto se trabalha é igual ao calor produzido.
Para os propósitos deste standard internacional, assume-se que a taxa de metabolismo é
igual ao calor produzido, designado o metabolismo por basal, em que 1 Met = 58W.
Segundo (Givoni & Goldman, 1972), o metabolismo pode igualmente ser calculado
segundo três parâmetros, sendo eles a massa total “mt” (massa do corpo nu +
equipamentos, em kg), a velocidade da tarefa v, em m/s e a inclinação na qual é exercida a
tarefa, em %, de acordo com a equação seguinte (eq.1):

Eq. 1

No entanto, neste trabalho, a taxa de metabolismo não será calculada, sendo utilizado
valores predefinidos da mesma.

2.3.5 O Vestuário

As trocas de calor com o ambiente dependem das condições climáticas (temperatura do ar


e temperatura radiante, pressão-vapor e velocidade do ar) mas são também condicionadas
pelas propriedades termofísicas do vestuário, mais propriamente a sua insolação (clo) e a
transferência de vapor, ou índice de permeabilidade (im).
Uma vez que o trabalho executado pelo utilizador do vestuário resulta no movimento da
roupa, e portanto em movimento adicional do ar, pelo que a velocidade do ar efetiva é
maior do que a velocidade do ar ambiente, o valor real de insolação (clo) diminui e o
índice de permeabilidade (im) do vestuário aumenta (Givoni & Goldman, 1972).

10 Objetivos e metodologia
A insolação (clo) do vestuário representa uma barreira direta entre a pele e o ar, pelo que
influencia, de uma maneira inversa e linear, a trocas convectivas de calor entre a pele e o
ambiente (Goldman & Kampmann, 2007).
O índice de permeabilidade (im) reflete interferências com a permeabilidade da humidade
normal do vestuário. Assim, a transferência evaporativa através do vestuário é uma função
inversamente linear ao comprimento do percurso difusional, uma vez que a insolação é
função linear da espessura do vestuário e das camadas de ar retidas entre o corpo e o
vestuário. Portanto, pode definir-se a transferência máxima por evaporação (Emax) através
da diferença entre a pressão-vapor da pele e a pressão vapor do ar, com a razão entre a
permeabilidade à humidade intrínseca para o isolamento (im/clo) (Goldman & Kampmann,
2007). A permeabilidade do isolamento e a insolação dependem de fatores como o design,
o encaixe da roupa no corpo, o peso do material, etc (Goldman & Kampmann, 2007).
Algumas relações utilizadas de im/clo para diferentes tipos de roupa e varias velocidades
do ar foram obtidas em medições num manequim estático aquecido, no entanto, outras
relações podem ser consultadas no anexo C da ISO 7730-2005.
O tipo de vestuário usado na aplicação deste método é o designado por Standard Fatigue
Uniforms (STD), e também Protective Overgarments (OG). que são os fatos usados na
industria mineira; os STD são uniformes de calça e manga longa, muito semelhantes a
fatos de mecânico. Os OG, são usualmente designados por EPI (equipamentos de proteção
individual), como é o caso dos capacetes, por exemplo. Os índices de clo e im utilizados
neste trabalho foram obtidos a partir de correlações com a velocidade efetiva do ar (Givoni
& Goldman, 1972):
Tabela 1 - Propriedades dos vestuários em função das Veff
Clo (total) im/clo
STD Fatigues 0,99.Veff -0,25 0,75.Veff 0,25
STD + OG 1,50.Veff -0,20 0,51.Veff 0,20

Assim, os fatores de correlação para o cálculo dos índices usados foram os correspondentes
aos STD + OG, como método de aproximação de realidade por excesso, ou seja, aplicado
às condições com mais severas a nível de vestuário.

2.3.6 Doenças provocadas pelo calor na indústria mineira

Os estudos efetuados até à data apontam para uma grande suscetibilidade das pessoas em
contrair doenças devido ao calor e humidade nas atividades mineiras. O aumento das
temperaturas compromete as funções mentais e um provoca aumento da fadiga, o tem
implicações na segurança no trabalho. As doenças relacionadas com o calor variam desde
cãibras e exaustão por calor até à mais rara e normalmente fatal, o golpe de calor (V. S.
Miller & Bates, 2007).
Trabalhar sob altas temperaturas pode não só causar doenças provocadas pelo calor ou
mesmo morte, mas numa primeira fase provocar diminuição da concentração nas

Cerdeira, João Paulo 11


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

atividades, o que leva a uma diminuição de produtividade, e a erros que se podem gerar
graves acidentes. Em ambientes onde a humidade é relativamente alta, o perigo aumenta.
No que diz respeito a técnicas de avaliação de stresse térmico, à medida que as
temperaturas do bolbo húmido e do bolo seco se aproximam, mais tensão térmica é sentida
pelas pessoas. Assim, é possível verificar que mais importante do que os valores absolutos
das temperaturas é a margem existente entre ambos, visto ser a humidade relativa a grande
causa da inibição da evapotranspiração (Mitchell, 2007).

2.3.7 Sinais e sintomas de doenças causadas pelo calor

Durante o trabalho em ambientes quentes, a termorregulação do corpo humano, tenta


manter a temperatura interna a 37ºC. Quando a termorregulação não é bem-sucedida, a
temperatura interna aumenta, pelo que a possibilidade de aparecimento de sintomas de
suscetibilidade de doença.
Os sintomas iniciais podem ser:

 Perda de interesse nas tarefas;


 Dificuldade em manter-se alerta;
 A necessidade de procurar um ambiente mais confortável nas proximidades;
quando não existir tal ambiente, a pessoa padece de uma certa irritabilidade.

Estes sintomas iniciais progridem geralmente para uma perda de coordenação e destreza,
que se traduz em importantes implicações ao nível da segurança e produtividade (Mitchell,
2007).
 Irritação da pele
Também conhecida como brotoeja (erupções cutâneas), é causada por impossibilidade de
eliminar o suor durante um longo período de tempo, o que causa inflamação na pele pelo
bloqueio dos poros da pele. A pele pode ficar com umas pintinhas vermelhas que causa
irritação e por vezes dor. Em casos mais complicados, podem ocorrer infeções na pele, que
são um indicador de possível golpe de calor (Mitchell, 2007).
 Síncope por calor (desmaio)
O desmaio ocorre quando a circulação do sangue diminui, diminuindo o fluxo de sangue
ao cérebro, o que causa um perda de consciência durante determinado período de tempo
(Mitchell, 2007).
 Exaustão por calor:
A exaustão por calor resulta da impossibilidade do fluxo sanguíneo em remover calor do
organismo. A diminuição do volume sanguíneo resulta da desidratação, causada em certa
parte pela falta de consumo de líquidos hidratantes. Assim, se verificado um aumento do
stresse térmico e taxa de trabalho, que causa um aumento excessivo do ritmo cardíaco, e o
intervalo entre as contrações do músculo cardíaco pode não ser suficiente para bombear

12 Objetivos e metodologia
sangue para o mesmo, e como consequência, o fluxo de sangue diminui. Nestas condições,
a temperatura interna pode atingir os 39ºC (Mitchell, 2007).
Alguns sintomas de exaustão são:
 Cansaço, sede e tonturas;
 Dormência ou tremuras nos dedos das mãos e pés;

 Falta de ar, palpitações, baixa pressão sanguínea;

 Visão turva, dores de cabeça, náuseas e desmaio;

 Pele pegajosa que pode estar ou pálida ou vermelha.

 Golpe de Calor
Esta é a mais séria de todas as doenças relacionadas com o calor e pode ocorrer quando a
temperatura interna excede os 41ºC (em alguns casos pode atingir os 45ºC), e a
coordenação do sistema nervoso involuntário, nomeadamente a termorregulação, é afetada.
Pode causar danos irreversíveis ao nível dos rins, fígado e cérebro.
O golpe de calor expõe as pessoas a um risco muito alto de fatalidade por paragem
cardíaca e respiratória, pelo que é considerada como situação de emergência médica.
Alguns sintomas de golpe de calor podem ser semelhantes a outros problemas menos
sérios, como o caso de dores de cabeça, tonturas, náuseas, fadiga, sede, falta de ar e
palpitações, mas a doença pode ser verificada subitamente, pelo que pode não passar por
uma fase de exaustão por calor. Outros sintomas deste estado podem ser (Mitchell, 2007):
 Impossibilidade de cessar a transpiração, a pele pode apresentar-se quente mas
seca, e pode apresentar borbulhas e vermelhão, e os lábios podem adquirir um tom
azulado.

 Desorientação, que se pode tornar séria, na qual as pupilas dilatarão, o olhar torna-
se vidrado, e um comportamento agressivo;

 Tremores e outras contrações musculares involuntárias;

 Perda de consciência e convulsões.

2.3.8 Prevenção contra o calor

O corpo humano tem diversos mecanismos para libertação de calor e permanecerem


frescos. Contudo, no momento em que a temperatura ambiente excede os 35ºC, o único
mecanismo capaz é a evaporação do suor pela pele. Neste cenário, o calor gerado pela
atividade orgânica e muscular é coletado pelo sangue e bombeado para a pele, em formato
de suor. A pele por sua vez, só arrefece aquando da evaporação do suor à sua superfície.

Cerdeira, João Paulo 13


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

No entanto, a capacidade ou incapacidade do corpo em dissipar calor e a regular a sua


temperatura interna depende de alguns fatores, entre os quais (Moraru, Babut, & Babut,
2010):
 Aptidão Cardiovascular:
Um coração saudável e forte (boa capacidade de bombagem, o que mostra também ser
essencial um bom fornecimento de oxigénio aos pulmões) e uma boa circulação sanguínea
são essenciais.
 Obesidade:
É uma característica que impede a libertação de calor, uma vez que o excesso de massa
cria uma espécie de dupla camada corporal. Assim, indivíduos com excesso de peso
sentem muito mais desconforto do que indivíduos com dito peso ajustado, face a condições
térmicas (calor) mais intensas.
 Aclimatação:
É o conjunto de todas as adaptações feitas pelo corpo para se ambientar à exposição de
calor. A aclimatação resulta num acréscimo do nível de tolerância de um individuo às
condições adversas.
 Níveis de Hidratação:
O corpo necessita de permanecer bem hidratado quando exposto ao calor. Uma pequena
descida no nível de hidratação significa uma diminuição considerável nas capacidades de
resposta do organismo quando se trabalha num ambiente quente.
 Vestuário e Equipamento de Proteção Pessoal (EPI):
Quanto mais vestuário ou equipamento de proteção pessoal for usado, maior é o
isolamento do corpo ao meio, logo menor é a evaporação por falta de contacto com o ar,
logo maior é a dificuldade na tentativa de refrescar o corpo.
 Condições Ambientais:
A evaporação é afetada por diversos fatores ambientais. No entanto, os mais significativos
em minas subterrâneas são a humidade e a velocidade do ar sobre o corpo. Como é fácil
entender, num ambiente com humidade 0% é muito fácil ocorrer a evaporação do suor.
Quando o ar se encontra completamente saturado, correspondente a 100% de humidade, é
impossível ocorrer evaporação. Em pontos intermédios, é fácil verificar que a dificuldade
de evaporação aumenta com o aumento da humidade, daí os ambientes húmidos e quentes
serem mais stressantes do que ambientes secos e quentes. A circulação do ar sobre a
superfície da pele aumenta a taxa de evaporação em todas as circunstâncias, (com exceção
de ambientes 100% húmidos ou ambientes que apresentem valores de WBGT muito altos),
portanto facilita as atividades no calor. De igual importância é a quantidade de calor que
um corpo necessita de libertar, mas como é óbvio depende muito da quantidade de
atividade exercida. A eficiência máxima do corpo humano é cerca de 20% mas até é
bastante se verificar uma percentagem tão alta. Quanto mais trabalha um corpo, maior é a
taxa de produção de calor metabólico.(Moraru et al., 2010).

14 Objetivos e metodologia
2.3.9 Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

Como foi referido anteriormente, o stresse térmico aumenta com a profundidade das minas
devido ao gradiente geotérmico e à autocompressão. A ventilação na indústria mineira é
usualmente fraca, nomeadamente em zonas da mina em desenvolvimento, denominadas
frentes de desmonte. Como é sabido, a refrigeração é algo que fica extremamente cara, daí
ser normalmente insuficiente de modo a que assegure condições térmicas confortáveis. Há
inclusive determinadas minas que não dispõem de refrigeração alguma. E nestas situações,
fatores físicos como a obesidade e dificuldades respiratórias podem ser a causa para a
contração de doenças como a exaustão e golpe de calor (Donoghue & Bates, 2000).
Com o desenvolvimento da indústria mineira, a média da profundidade das minas na china
está a aumentar cerca de 10 metros por ano. Muitas da minas de carvão apenas operam em
regime subterrâneo, e as minas de carvão de 1km de profundidade são cada vez mais
vulgares. À medida que aumenta a profundidade mas minas, o calor radiante emanado
pelas rochas envolventes é cada vez maior, chegando a atingir-se temperaturas nas frentes
de desmonte de 30 a 40ºC. (Wang et al., 2011)
A par dos aumentos de profundidade de mina que equivale por si só ao aumento da
temperatura ambiente, também o recurso a máquinas contribui para uma maior degradação
da qualidade do ar. Por estas razões é de extrema importância o desenvolvimento de
tecnologias que minimizem a agressividade das condições de trabalho, pois são um grande
obstáculo à segurança e à saúde das pessoas.

2.4 Definições / Termos técnicos

A produção de calor metabólico e o ambiente térmico provoca tensões fisiológicas


independentes. O calor metabólico impulsiona a temperatura interna corporal, e o ambiente
térmico impulsiona a temperatura da pele; estes stresses combinados, impulsionam a taxa
de sudação. O controlo da temperatura interna depende em níveis de produção de suor
adequados e da capacidade do ambiente em evaporar o suor (Brotherhood, 2008).

2.4.1 Produção de Calor Metabólico

Um dos principais fatores que contribui para a produção de calor metabólico é a atividade
muscular, assim, aqueles que trabalham em ambientes mineiros têm problemas acrescidos
(V. S. Miller & Bates, 2007).
A produção de Calor, proveniente da atividade muscular é normalmente o componente
principal do stresse térmico durante o exercício; o calor é armazenado no corpo em função
da massa corporal, do calor específico dos tecidos humanos e da sua temperatura media. A
alteração aos níveis de calor do corpo resulta em alteração à temperatura corporal. Para
manter um nível de temperatura do corpo tolerável durante o exercício, a carga de calor
metabólico tem de ser balanceada, por uma transferência igual de calor do corpo para o

Cerdeira, João Paulo 15


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ambiente. A transferência de calor entre o corpo e o ambiente ocorre, for fluxo térmico, e
para níveis de temperatura e humidade mais baixos, através de três processos físicos:
Radiação, Convecção e Evaporação. Geralmente, as transferências de calor promovem as
perdas de calor pelo corpo para o ambiente, mas o calor também pode ser fornecido pelo
ambiente e ser adicionado à carga metabólica do corpo, quando as condições ambientais
não permitem a libertação de calor do corpo (Brotherhood, 2008).

2.4.2 Transferência de calor radiante:

A transferência de calor por radiação é a designação dada à transferência de calor entre


superfícies a diferentes temperaturas, para o caso em questão, entre o corpo e o ambiente.
Esta transferência, pode ser descrita pela seguinte equação (eq. 2):
Eq. 2

Onde kr é uma constante, Tsk é a temperatura média da pele e Tr é a temperatura radiante


média do ambiente. As trocas de calor por radiação podem incluir simultaneamente,
fornecimento de calor para um meio mais fresco, assim como fornecimento de ar fresco
para um meio mais quente (Brotherhood, 2008), no entanto o mais usual é a transferência
de calor para o ambiente mais fresco.

2.4.3 Transferência de calor por convecção:

A equação para a transferência de calor por convecção é a equação seguinte (eq.3):


Eq. 3

As transferências de calor convectivas são função de quatro parâmetros, como são


evidentes na equação acima (eq.3), onde kc é uma constante representativa das
propriedades térmicas do ar e do padrão do fluxo de ar pelo corpo, v é a velocidade do ar
sobre a superfície do corpo, e Tsk e Ta são, respetivamente, as temperaturas da pele e do ar.
Em situações onde a temperatura do ar é inferior a 35ºC,a temperatura da pele é superior,
por isso o calor é libertado por convecção, mas para temperaturas do ar mais elevadas do
que a temperatura da pele, o calor convectivo é adicionado à carga térmica do corpo. Mas,
com exercício vigoroso, mesmo em condições de ambiente fresco, as perdas de calor por
convecção e radiação normalmente não são suficientes para atingir o balanço térmico, e
por isso, outro mecanismo de refrigeração é necessário, a Evaporação.
A Evaporação requerida (Ereq), para manter um balanco térmico, é portanto, um
componente de stresse térmico (Brotherhood, 2008).
No entanto, os parâmetros R e C não serão calculados como acima é proposto, pelo que
será calculada uma carga ambiental, que é constituída pelas transferências de calor radiante
e convectiva, calculada através da relação com os índices im e clo, que será em seguida
descrita.

16 Objetivos e metodologia
2.4.4 Carga Ambiental (R+C)

Este parâmetro, apesar das descrições e método de cálculo de cada um deles descrito
acima, é feito de uma outra maneira, de acordo com certas condições ambientais e
individuais. A equação usada para o cálculo de (R+C), para um homem de área superficial
de 1.8m2 é a equação seguinte (eq.4):
– , em W/°C Eq. 4

Assim, assume-se que (R+C) é proporcional à diferença entre a temperatura do ar Ta (num


ambiente considerado homogéneo) e 36ºC, que é aproximadamente o ponto de cruzamento
entre a temperatura da pele e a temperatura do ar. Considerou-se ainda que (R+C) será
inversamente proporcional à resistência térmica total do sistema de vestuário usado (clo);
esta fator depende do tipo de vestuário, e é função dos movimentos do individuo e da
velocidade do ar (Givoni & Goldman, 1972).

2.4.5 Trabalho externo (Wex)

O trabalho externo é o trabalho produzido pelo corpo de um indivíduo, como por exemplo,
o levantar de pesos, que é parte de energia produzida pelo corpo mas que não é convertida
em calor, de acordo com a lei da conservação de energia; no entanto é possível converter
este trabalho externo (kg.m/min) no seu calor equivalente (W). Assim, o trabalho externo
Wex (W) executado por um indivíduo de massa mt (kg), durante uma atividade com v
(m/s) a uma inclinação G (%) é dado pela equação5
Eq. 5

2.4.6 Carga metabólica (Mnet)

A carga metabólica é dada pela diferença entre a taxa metabólica do indivíduo e a energia
convertida em trabalho externo efetuado pelo individuo de massa mt, a uma velocidade v e
inclinação G, como sugere a seguinte equação (eq.6):
Eq. 6

2.4.7 Arrefecimento evaporativo requerido (Ereq):

Para o cálculo do parâmetro Ereq é (Givoni & Goldman, 1972) utiliza-se a seguinte
equação (eq.7):
Eq. 7

O parâmetro Ereq é assim determinado através do somatório da carga metabólica (Mnet)


com a carga térmica ambiental, mais propriamente as trocas de calor por Radiação e

Cerdeira, João Paulo 17


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Convecção (R+C). Claramente, o valor Ereq dá uma estimativa da sudação necessária, mas
para que seja atingido o balanco térmico, suor suficiente tem de ser evaporado. A
evaporação adequada pode ser atingida dependendo de dois fatores: de a produção de suor
ser suficiente por parte do corpo e do ambiente permitir a evaporação suficiente de suor
corporal. (Brotherhood, 2008).

2.4.8 Capacidade Evaporativa (Emax)

Para o cálculo de Emax, a equação a usar (eq.8) é (Givoni & Goldman, 1972):
– em W/mmHg Eq. 8

tendo em conta a relação de Lewis entre os coeficientes convectivos e evaporativos


(2.2ºC/mmHg) e relacionando o im e os valores de clo para determinado vestuário, a
capacidade evaporativa para um homem médio (Área de superfície de 1.8m 2). A
capacidade evaporativa do ambiente (Emax) assumiu-se como sendo proporcional à
diferença entre a pressão-vapor do ar, e à pressão vapor da pele, que é 44 mmHg
assumindo uma temperatura de pele de 36ºC. De igual modo, assumiu-se como
proporcional ao índex de permeabilidade do vestuário (im), de que depende do tipo de
roupa e da velocidade do ar.

2.4.9 Variação da massa por sudação (Δmsw)

Para o cálculo da massa liquida perdida durante a atividade, foi desenvolvida uma equação
com base no Arrefecimento evaporativo requerido (Ereq) e capacidade evaporativa
(Pandolf, Stroschein, Drolet, Gonzalez, & Sawka, 1986) (eq.9):
, em g/hora Eq. 9

2.4.10 Velocidade do ar efetiva (Veff)

A velocidade efetiva (Givoni & Goldman, 1972) resulta do somatório da velocidade do ar


com a velocidade do ar induzida pela atividade do indivíduo; esta ultima assume-se como
proporcional ao excesso de taxa de metabolismo acima do metabolismo basal (105W).
Assim, a velocidade efetiva pode ser determinada segundo a equação seguinte (eq.10):
, em m/s Eq. 10

Assim, os efetivos valores de im e clo, são calculados através da relação com a velocidade
efetiva do ar, através das equações presentes na tabela 1 da página 28.

18 Objetivos e metodologia
2.4.11 Temperatura retal no equilíbrio

O cálculo da temperatura retal final (Givoni & Goldman, 1972), ou seja, a temperatura
retal no equilíbrio, pode ser efetuado, usando a velocidade efetiva e as propriedades
termofísicas do vestuário, ou seja, a partir das condições de exposição, de acordo com a
equação seguinte (eq.11):
)
Eq.11

2.4.12 Temperatura retal no repouso

Os padrões de tempo da temperatura retal tiveram de ser analisados para três diferentes
condições; assim, foi analisado o padrão temporal para indivíduos no descanso em
ambiente de stresse térmico, o padrão de elevação da temperatura retal durante o trabalho
nas mesmas condições, e a recuperação da temperatura retal depois do trabalho (no
descanso).
Durante o descanso, quando as condições climáticas são de stresse térmico, demora algum
tempo até que se verifiquem alterações detetáveis na temperatura retal, tempo este que
designaremos por time lag, ou atraso temporal. A taxa de subida da temperatura é lenta no
início, depois acelera e volta a abrandar até atingir a nova temperatura de equilíbrio. Este
complexo padrão temporal, pode ser descrito pela seguinte equação (Givoni & Goldman,
1972) (eq.12):
Resting Eq. 12

Onde,
Tret - é a temperatura retal para qualquer instante t;
Tre0 - é a temperatura retal de referência, que é considerada como sendo de 37ºC;
ΔTre - é a diferença entre temperatura retal no equilíbrio Tref e a temperatura interna de
referência Tre0;
t - é o tempo (em horas), com t-0,5 a promover um atraso de tempo de 30minutos (0,5
horas) até que a elevação atinja 0,1 da variação total.

2.4.13 Temperatura retal durante o trabalho

A equação para o cálculo da temperatura retal durante o trabalho é a seguinte(Givoni &


Goldman, 1972) (eq.13):
Working Eq. 13

Onde,
Tret - é a temperatura retal em qualquer instante t;

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Tre0 - é a temperatura retal de referência, considerada como sendo de 37ºC;


ΔTre - é a diferença entre temperatura retal no equilíbrio Tref e a temperatura interna de
referência Tre0;
k - é uma constante temporal (ºC/h) que pode ser calculada através da seguinte equação
(Givoni & Goldman, 1972) (eq. 14):
Eq. 14

td – é o time lag (h) aplicado ao fator temporal devido ao trabalho produzido pelo
individuo. Este time lag, ou atraso temporal, é maior ou menor, dependendo do nível de
trabalho produzido (taxa de metabolismo), diminuindo o atraso temporal em função do
crescimento da taxa de metabolismo. Segundo (Givoni & Goldman, 1972), o atraso
temporal para uma taxa metabólica de 350W é de 10 minutos, e cerca de 6 minutos para
uma taxa metabólica de 580W; assim, este atraso pode ser quantificado através da seguinte
relação matemática (eq.15):
Eq. 15

Adiante, poderá ser verificado graficamente, que a curva de temperatura retal durante o
trabalho (Tretwork) parte de valores abaixo da temperatura retal de referencia (T re0); esta
situação deriva do facto de se partir sempre de um instante t=0, e como o fator temporal em
Tret no trabalho é dado por uma exponencial (t-td), para valores de t inferiores a td, a
segunda parcela da equação ( )torna-se negativa, pelo que esse
valor é subtraido a Tre0, daí se observar o começo da curva abaixo da temperatura
prevista.

2.4.14 Temperatura retal na recuperação

A fórmula usada para o cálculo da temperatura retal (Givoni & Goldman, 1972) durante o
período de recuperação é a seguinte (eq.16):
Recuperação ( ) Eq. 16

Onde,
Tret - é a temperatura retal em qualquer instante t;
Trew – é a temperatura retal no inicio do decréscimo; o valor de temperatura retal inicial de
recuperação, depende da temperatura atingida no final do trabalho; no entanto, devido à
inércia do corpo, a temperatura retal sofrerá, nos primeiros momentos da recuperação, uma
ligeira subida de temperatura; assim, foi empiricamente considerado que a temperatura no
inicio do decréscimo é a soma da temperatura final do trabalho com metade da temperatura
retal no durante o trabalho.
Trer – é a temperatura retal de descanso no equilíbrio; note que, para o cálculo deste
parâmetro, o valor de metabolismo corresponde ao valor de taxa de metabolismo basal,

20 Objetivos e metodologia
uma vez que o trabalho exercido pelo individuo durante esta etapa é muito pouco, ou quase
nulo;
tdrec – é o time lag durante a recuperação; o time lag de recuperação (Givoni & Goldman,
1972) pode ser obtido a través da seguinte equação (eq.17):
Eq. 17

α – é a constante temporal de recuperação(Givoni & Goldman, 1972); esta constante pode


ser calculada através da seguinte equação (eq.18):
( ) Eq. 18

Onde,
CPeff – poder de arrefecimento efetivo (Givoni & Goldman, 1972), que pode ser calculado
através da equação (eq.19):
Eq. 19

2.5 Fatores condicionantes do Conforto Térmico

O conforto térmico é uma condição muito subjetiva da mente que é expressa pela
satisfação face ao ambiente térmico, como foi anteriormente dito. O ambiente térmico
incorpora as características do mesmo que afetam a perda de calor das pessoas. No que diz
respeito a sensações corporais, o ambiente térmico pode ser avaliado através de uma escala
de sensações que vão desde o “muito” frio até ao “muito quente”. Do ponto de vista
psicológico, o conforto térmico ocorre quando se dá um equilíbrio térmico entre o corpo
humano e o ambiente, que se traduz por uma ausência de transferência de calor entre os
mesmos (não ocorre transpiração). Os fatores de maior influencia no conforto térmico são
a temperatura do ar, a humidade relativa, o movimento do ar e o calor radiante (Sherif
Mohamed, 2002).

2.5.1 Temperatura do ar

A temperatura do ar é um dos mais importantes fatores na determinação do conforto


térmico. A temperatura do bolbo seco é a temperatura do ar que rodeia o trabalhador. A
resposta corporal humana depende maioritariamente desta variável, sendo ela a que se
tenta manter nas condições de conforto.

2.5.2 Humidade Relativa do ar

Quando a água é aquecida e evapora no ambiente circundante, o excesso de água no ar


resultará em humidade. A humidade relativa é a relação entre a quantidade real de vapor de
água no ar e a quantidade máxima de vapor de água que o ar consegue conter a uma dada
temperatura.

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Uma humidade relativa entre 40% e 70% não tem um grande impacto no conforto térmico.
Em determinados locais, como escritórios, é usual manter-se ambientes com humidades
entre os valores acima indicados, por causa dos dispositivos eletrónicos, como é o caso de
computadores. No entanto, em locais de trabalho que não contenham ar condicionado, ou
em que as condições climatéricas do exterior possam influenciar o ambiente térmico
interior, a humidade relativa pode ser superior a 70%, em dias mais quentes.
A humidade em ambientes fechados, pode variar muito, e pode depender dos processos em
atividade, como por exemplo em lavandarias e fabrico de papel, onde há libertação de
vapores. Ambientes com humidade muito alta contêm muito vapor no ar, o que condiciona
a evaporação do suor corporal. Em ambientes quentes, a humidade é um fator muito
importante, pois não permite a evaporação do suor corporal (humidade na ordem dos
80%). A evaporação do suor é o mais importante meio de libertar calor do corpo humano.
Quando são usados Equipamentos de proteção individual (EPI), a humidade dentro da
roupa aumenta com o aumento da transpiração, e é conservada, uma vez que o suor não
consegue evaporar, Quando um trabalhador utiliza equipamentos deste género (fatos de
amianto ou anti produtos químicos), cria-se um microclima no interior do fato, em que a
humidade pode ser muito alta.
A humidade da atmosfera tem muito pouco efeito na sensação de conforto térmico quando
as temperaturas são por si só confortáveis, a não ser que as temperaturas não o sejam (no
caso de serem altas ou baixas). Das várias medidas de humidade, o valor da humidade
relativa (HR) é a mais relevante, uma vez que determina a taxa de evaporação possível.
A humidade da pele evapora muito mais rápido num ambiente seco do que num ambiente
húmido. Ambientes quentes onde o ar se encontre saturado (humidade a 100%) não há
qualquer arrefecimento por evaporação.

2.5.3 Velocidade do ar

O movimento do ar pode produzir efeitos térmicos a diferentes temperaturas, de duas


maneiras:
 Aumenta a perda de calor por convecção, quando a temperatura do ar é inferior à
temperatura da pele. Se não for o caso, o ar pode mesmo aquecer a pele.
 Pode acelerar a evaporação, promovendo um arrefecimento fisiológico.
No entanto, efeito do ar pode ser insignificante para humidades inferiores a 30%, uma vez
que a evaporação é processada sem restrições, e para humidades superiores a 85%, uma
vez que o ar não consegue transportar o suor para um ambiente já muito saturado.
A velocidade do ar é um aspeto muito importante na sensação de conforto térmico, uma
vez que as pessoas são sensíveis a ela. Em ambientes fechados, onde o ambiente é
aquecido artificialmente e o ar não circula, faz com que as pessoas se sintam abafadas, e
pode também criar uma acumulação de odor. Existindo movimento do ar em espaços
quentes, faz com que haja perdas corporais de calor por convecção, sem que haja variação
na temperatura.

22 Objetivos e metodologia
A atividade física também é um fator que aumenta a circulação do ar, então, uma pessoa
em atividade física, nomeadamente corrida, não é tao influenciada pela velocidade do ar
como no caso de uma pessoa em repouso.

2.5.4 Calor Radiante

O calor radiante é o calor que é radiado de um corpo quente. Este calor está presente se
num determinado ambiente existirem fontes de calor. Este calor tem especial efeito na
sensação térmica. Quando o calor atinge a superfície corporal, há uma resposta sensorial
do organismo. No caso de o calor atingir outra superfície, como roupa, o calor é convertido
em radiação por ondas eletromagnéticas, causando sensação de calor por agitação
molecular, que atravessam o material até à superfície da pele.
As combinações entre Calor Radiante Médio (CRM) e Temperatura do Bolbo Seco darão
uma sensação térmica de 21,11ºC. O MRT é a Media da Radiação Térmica medida em
todos os materiais presentes no ambiente, tal como o chão, as paredes, outras pessoas, etc.
(Wang et al., 2011).
Para além dos parâmetros descritos acima, ditos ambientais, também outros podem ser
tidos em conta quanto à avaliação do conforto térmico, tratando-se estes de fatores
específicos da pessoa envolvida nesse ambiente, que são o caso da taxa de metabolismo e o
vestuário, que de certa maneira podem influenciar bastante o conforto térmico.

2.6 Índices do Stresse térmico

São diversos os índices que foram construídos para medir o grau do stresse térmico sentido
pelas pessoas. Esses mesmos índices, que têm essencialmente por base parâmetros
relativos ao ambiente, podem ser categorizados em três grupos: os índices racionais, os
índices empíricos, e os índices diretos.

2.6.1 Índices Racionais

Integram variáveis ambientais e comportamentais e são baseados em cálculos que


envolvem a equação de balanço de calor.
Alguns exemplos destes indices são: Predicted 4-hour sweat rate, Operative temperature,
Skin Wettedness, Heat Stress Index

2.6.2 Índices Empíricos

Estes índices são construídos como base nas tensões objetiva e subjetiva causadas pelo
calor, e podem também incorporar respostas fisiológicas e percetuais ao aumento do
stresse térmico.

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Alguns exemplos destes índices são: Cumulative Heat Strain Índex (CHSI), Perceptual
Strain Índex (PeSI) e Physiological Strain Índex (PhSI).

2.6.3 Índices Diretos

São construídos com base em variáveis ambientais, variáveis estas que podem ser
empíricas.
Como exemplo, alguns destes índices são: Dry-bulb Temperature, Wet-Bulb Temperature,
Temperature-Humidity Índex (THI), Effective Temperature, Oxford Índex, Wet-bulb Globe
Temperature (WBGT), e Environmental Stresse Índex (ESI).
Entre estes três grupos, os índices racionais e empíricos são considerados sofisticados, uma
vez que requerem medições contínuas ou regulares das variáveis fisiológicas. A sua
aplicação e fiabilidade nos locais de trabalho são questionáveis. Assim, um índice de
stresse térmico ideal será um que seja simples de determinar, que seja de confiança e
inequívoco na apresentação dos seus resultados, e que não necessite de conhecimento
específico para a sua interpretação. Os índices diretos apenas envolvem medidas das
variáveis ambientais básicas, daí a sua facilidade em serem usados. Assim, muitas das
normas de saúde e segurança associadas ao stresse térmico ambiental usam uma
abordagem direta. De todos os índices diretos, o WBGT é atualmente o índice mais usado
em todo o mundo. Contudo, os coeficientes inerentes ao índice foram determinados
empiricamente e não têm qualquer significado físico ou correlação com fatores fisiológicos
(Liang et al., 2011).
No seguimento deste estudo, como avaliador de stresse térmico, será utilizado índice
WBGT (ISO 7243:1989), o qual passamos a apresentar.

2.6.4 Índice Wet-Bulb Globe Temperature (WBGT)

Este padrão pode ser utilizado em ambiente industrial, para avaliar o stresse térmico ao
qual um indivíduo é sujeito num ambiente quente, com o qual se obtém um rápido
diagnóstico.
Este aplica-se à avaliação do efeito médio do calor no homem, durante um período
representativo da sua atividade, não podendo ser aplicado à avaliação do stresse térmico
sofrido pelo mesmo durante um período de tempo não representativo, nem para a avaliação
de stresses térmicos próximos das designadas zonas de conforto.

 Princípio e definição geral


O stresse térmico ao qual uma pessoa exposta a um ambiente térmico é sujeita, é
dependente da produção de calor no interior do seu organismo, como resultado da sua
atividade física e de características do ambiente, que determina as transferências de calor
entre a atmosfera e o corpo. A carga térmica interna é o resultado da energia metabólica
causada pela atividade do corpo.

24 Objetivos e metodologia
Uma análise detalhada da influência do ambiente no stresse térmico requer um
conhecimento dos seguintes quatro parâmetros básicos: temperatura do ar, temperatura
radiante média, velocidade do ar, humidade absoluta. Contudo, uma estimativa global
desta influência pode ser feita medindo parâmetros derivados destes parâmetros, os quais
são função das características físicas do ambiente usado.
O índice WBGT combina medições de dois parâmetros, a temperatura do bolbo húmido
natural (tnw) e a temperatura do globo (tg), e em algumas situações, é usada também a
medida da temperatura do ar (ta) (temperatura do bolbo seco).
As expressões seguintes são usadas para o cálculo do índice em ambientes sem exposição
solar (eq.20) e com exposição solar (eq.21), são, respetivamente:
Eq. 20

Eq. 21

No caso em questão irá ser usada a primeira expressão que se refere a ambientes sem
exposição solar.
 Cálculo das variáveis tnw e tg
As temperaturas medidas por estes dois sensores dependem da temperatura e da velocidade
do ar, da humidade relativa do meio e da temperatura das superfícies envolventes. Estas 4
variáveis ambientais são também as variáveis com influência sobre o balanço térmico do
corpo humano. Desta forma foi possível encontrar uma combinação dos valores de
temperatura medidos por estes dois sensores que traduz, de forma bastante precisa, o
comportamento térmico dos seres humanos.

 Temperatura natural do bolbo húmido


É a temperatura medida por um termómetro “normal” cuja extremidade é revestida por
algodão húmido. A evaporação da humidade do algodão arrefece o sensor pelo que a sua
temperatura é sempre inferior à do ar. Quanto maior for a diferença entre a temperatura
medida por este sensor e a temperatura do ar maior será o potencial de dissipação de calor
por evaporação (fig. 6).

Figura 6 - Sonda de temperatura natural de bolbo húmido


Fonte: (Ricardo Sá,1999)

Cerdeira, João Paulo 25


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 Temperatura do globo
Temperatura medida por um termómetro normal colocado no interior de um globo
(diâmetro = 150 mm) pintado de negro. O globo troca calor por radiação com as
superfícies envolventes e por convecção com o ar (fig.7).

Figura 7 - Sonda de temperatura do globo


Fonte:(Ricardo Sá,1999)

Uma vez conhecido o valor de WBGT é possível, mediante comparação com valores de
referência, determinar o nível de “stresse” térmico a que o trabalhador está sujeito e, caso
se justifique, limitar o seu tempo de exposição às condições térmicas que originam o
“stresse” térmico medido (Sá, 1999).

Tabela 2 - Valores máx. recomendados do índice WBGT (exposição de 8 horas)

(Sá, 1999)

Se o índice WBGT for superior aos valores indicados na tabela será necessário
implementar uma de duas soluções alternativas (partindo do princípio que nada se pode
fazer quanto à atividade do trabalhador):
 Diminuir o tempo de permanência no local de trabalho (por exemplo, criando
um esquema de turnos que permita alternância nos locais mais críticos);
 Criar condições que permitam uma redução do índice WBGT do local (Sá,
1999).

2.7 Índices de Conforto Térmico

Ao contrário dos índices de stresse térmico, que avaliam as características do ambiente em


estudo, os índices de conforto térmico avaliam a sensação térmica e grau de desconforto
demonstrado pelas pessoas inseridas em determinado ambiente. Para análise de conforto
térmico, recorreremos à norma ISO 7730:2005. Esta norma apresenta métodos de previsão
da sensação térmica e grau de desconforto (insatisfação térmica) de pessoas expostas a
ambientes térmicos moderados. A norma permite assim, a determinação analítica e
interpretação de conforto térmico usando o cálculo dos índices PMV (Predicted Mean

26 Objetivos e metodologia
Vote) e PPD (Predicted Percentage of Dissatisfied), e critérios de conforto térmico locais,
apresentando condições para que se assegure o conforto térmico nos diversos locais. A
avaliação é aplicável tanto aos homens a como mulheres saudáveis e que estejam expostos
em ambientes fechados onde o conforto térmico é desejado, e onde ocorrem variações
ligeiras ao conforto térmico, com o objetivo de redesenhar novos ambientes ou reestruturar
ambientes já existentes. Embora, seja um padrão desenvolvido especificamente para locais
de trabalho, é aplicável a outras situações.

2.7.1 Predicted Mean Vote (PMV)

Este índice quantifica o valor médio das votações efetuadas num grande grupo de pessoas
com base na escala de 7 pontos de sensação térmica, baseada no equilíbrio de calor do
corpo humano. O equilíbrio térmico é obtido quando a produção interna de calor no corpo
é igual às perdas de calor para o ambiente. Num ambiente moderado, o sistema de
termorregulação humano automaticamente reage à diferença, tentando baixar a temperatura
da pele com a libertação de suor para que se ajuste o balanço de calor.

Figura 8 - Escala de Sensação Térmica de 7 pontos


(Lamberts,2002)

Para o cálculo do PMV, utiliza-se a seguinte equação (eq.22):


Eq. 22

Onde:
 M – Taxa de metabolismo do corpo
 L – Carga Térmica do corpo, definida como a diferença entre a produção de
calor interno e a perda de calor para o ambiente real para uma pessoa
hipoteticamente mantida a valores de conforto de temperatura da pele, e perda
de calor por evaporação pela transpiração ao nível da atividade efetiva

2.7.2 Predicted Percentage Dissatisfied (PPD)

Como vimos anteriormente, o PMV prevê o valor médio de votos de sensação térmica de
um grande grupo de pessoas expostas a um mesmo ambiente. No entanto, os votos
individuais são misturados no seio deste voto médio global, não evidenciando um número

Cerdeira, João Paulo 27


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concreto de pessoas que possam sentir de maneira mais intensa o frio e o calor, às quais
podemos atribuir a designação de pessoas insatisfeitas.
Assim, recorrendo ao PPD, é possível calcular uma percentagem das pessoas insatisfeitas
termicamente, da população total da qual foi calculado o PMV,
De acordo com a tabela de 7 pontos de sensação térmica para o cálculo do PMV, são
consideradas pessoas insatisfeitas aquelas que votaram “muito quente”, “quente”, “frio” e
“muito frio”.
Matematicamente, esta percentagem é descrita da seguinte forma (eq.23):
Eq. 23

Figura 9 - PPD em função do PMV


( ISO 7730:2005)

Tabela 3 - Distribuição da sensação térmica individual para diferentes valores de PMV

(ISO 7730:2005)

28 Objetivos e metodologia
3 OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Objetivos da estudo

O objetivo fundamental dos estudos em vigor, consistem em avaliar a forma como varia a
temperatura interna de um indivíduo durante as diferentes fases da sua atividade, face às
características do meio envolvente.
Como objetivos secundários pretende-se:
 Monitorizar os parâmetros fisiológicos de um indivíduo e parâmetros relativos
ao meio ambiente no qual os mesmos estão inseridos.
 Determinar condições impróprias para o desempenho da atividade.
 Determinar tempos limite de exposição nas atividades
 Determinar fatores condicionantes para o desempenho da atividade
 Determinar as taxas de sudação dos trabalhadores.

3.2 Metodologia Global de Abordagem

Para a obtenção dos objetivos propostos à execução do trabalho, foi feita em primeiro
lugar, uma pesquisa bibliográfica, como fonte dos elementos científicos necessários à
execução do trabalho. Seguidamente, foi adotado um modelo de cálculo de previsão dos
parâmetros que se pretendia analisar. Uma vez selecionado o modelo, o mesmo foi
manipulado através de um algoritmo que facilitasse a combinação das fórmulas
constituintes desse modelo. Depois de criado o algoritmo, o mesmo foi validado, uma vez
que os resultados obtidos através do algoritmo eram coincidentes com os resultados
ilustrados no artigo.
Posto isto, foram inseridos no algoritmo, a variáveis de entrada que definem o ambiente em
que os mineiros são expostos, assim como os parâmetros relacionados com os mineiros.
Como resultados, foram obtidas diversas curvas ilustrativas do comportamento da
temperatura interna dos mineiros em função do ambiente em exposição.

3.3 Materiais e Métodos

3.3.1 Pesquisa Bibliográfica


Para a execução do presente trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica online.
A pesquisa foi efetuada através da base de dados da Universidade do Porto, acedendo ao
website de Serviços de Documentação e Informação, em http://paginas.fe.up.pt/~sdinf/.
Acedendo ao website, o trajeto seguido foi recursos de pesquisa/base de dados/pesquisa
integrada, de onde se é redirecionado para uma outra página.

Cerdeira, João Paulo 29


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Na nova página, no topo, é selecionada a opção “Meta Pesquisa” e a mesma é feita em


modo “avançada”.
A partir daqui, são definidos diversos parâmetros de pesquisa, nomeadamente o tipo de
recurso. Os tipos de recurso selecionados foram “Revistas Cientificas” e “Bases de dados”,
deixando os outros itens sem seleção.
A pesquisa, quer em Revistas Cientificas, quer em Base de Dados, foi feita de acordo com
determinadas palavras-chave, e combinações das mesmas: “heat stress”, “industry”,
“underground mining”, “productivity”, “thermal environment”, e “physiological strain”.
Na pesquisa, foi encontrado um total de 2355 artigos, dos quais:
 1390 - Não tinham relação com o tema (SRT);
 706 - Eram repetições (REP), quer de artigos relacionados ou não;
 2 - Não tinham linguagem acessivel, (LNA);
 36 - Não tinham texto acessível, (STA);
 865 - Eram artigos considerados antigos, (OLD), por serem publicações anteriores
ao ano de 2000.

Assim, apenas 52 artigos foram considerados relevantes, como resultado da pesquisa da


base de dados da Universidade do Porto.
Fruto de uma pesquisa exterior, foram recolhidos mais 43 artigos que foram considerados
de interesse para o desenvolvimento do presente estudo. Entre estes 43 artigos, alguns são
publicações anteriores a 2000, mas devido à relevância dos seus conteúdos e interesse para
o estudo em questão, foram inseridos na bibliografia usada.

3.3.2 Modelo de Previsão da Temperatura Interna

O modelo de previsão adotado, foi um modelo proposto por Givoni & Goldman, em 1972,
fruto de estudos experimentais no US Army Research Institute of Environmental Medicine.
Givoni e Goldman desenvolveram um formulário que permite a previsão da temperatura
retal do homem no decorrer de uma atividade, face ao trabalho efetuado, às condições
ambiente e às propriedades do vestuário.
Para verificar o comportamento da temperatura retal durante uma atividade, Givoni &
Goldman desenvolveram 3 fórmulas, uma para cada um dos estágios da mesma, sendo
elas, o repouso, a atividade, e a recuperação depois da atividade.
As fórmulas apresentadas no artigo foram manipuladas respeitando certas condições, tal
como parâmetros individuais e ambientais de referência, condições essas que foram
respeitadas, pelo que o seu uso foi assim viável. Desta feita, algumas das fórmulas não
foram utilizadas, pelo que foram substituídas por valores de referência.

30 Objetivos e metodologia
Para a criação das 3 fórmulas correspondentes aos 3 estágios da temperatura rectal, outras
fórmulas foram desenvolvidas para cálculo dos parâmetros intrínsecos às 3 fórmulas
primordiais.
Para manipulação das mesmas fórmulas, uma vez que tal qual elas se apresentavam no
artigo não permitiam o cálculo direto das variáveis pretendidas, foram efetuadas algumas
conversões, quer de fórmulas, quer de unidades, e que serão explicadas aquando da
apresentação das mesmas.

Criação do algoritmo para aplicação em Microsoft Excel

O cálculo dos parâmetros foi todo produzido em Microsoft Visual Basic for Aplications
(VBA), para uma manipulação mais simples dos dados posteriormente no Microsoft Excel.
Assim, o primeiro passo foi criar funções para todas as variáveis necessárias aos cálculos:

 Função para o cálculo do trabalho externo (Wex)

Onde:
mt – peso do corpo nu + vestuário e acessórios (kg);
v – velocidade do movimento (m/s);
G – inclinação (%);
Nota: Wex exprime-se em W.

Cerdeira, João Paulo 31


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

 Função para cálculo da Carga de Calor Metabólico (Mnet)

Onde:
M –Metabolismo (W);
mt – peso do corpo nu + vestuário e acessórios (kg);
v – velocidade do movimento (m/s);
G – inclinação (%);
Nota: Mnet exprime-se em W.

 Função para o cálculo de trocas de calor com o ambiente (Hrc)

Onde:
clo – insolação, ou Resistencia térmica total do vestuário;
Ta – temperatura do ar (ºC);
Nota: Hrc exprime-se em W/ºC.

32 Objetivos e metodologia
 Função para o cálculo do Arrefecimento Evaporativo Requerido (Ereq)

Onde:
Mnet – Carga de Calor Metabólico (W);
Hrc – Trocas de Calor com o Ambiente (W/ºC);
Nota: Ereq é adimensional.

 Função para o cálculo de Capacidade Evaporativa (Emax)

Onde:
imclo – razão im/clo;
PhiPa – pressão de vapor do ar (mmHg);
44 – pressão vapor da pele (mmHg), assumindo a sua temperatura como sendo
36ºC;
Nota: Emax exprime-se em W/mmHg.

 Função para cálculo do fator de correlação de clo – velocidade efetiva do ar (Veff)

Cerdeira, João Paulo 33


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Onde:
Vair – Velocidade do Ar (m/s);
M – Metabolismo (W);
Nota: Veff exprime-se em m/s.

 Função para o cálculo da temperatura retal final em equilíbrio (Tref)

Onde:
M – Metabolismo (W);
Wex – trabalho externo (W);
clo – insolação, ou resistência térmica total do vestuário;
Ta – temperatura do ar (ºC);
Ereq – Arrefecimento evaporativo requerido;
Emax – Capacidade Evaporativa (W/mmHg);
Nota: Tref exprime-se em (ºC).

 Função para o cálculo da Temperatura retal no Repouso (Tret)

Onde:
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);
t = tempo (h), com t-0,5 a permitir um lag inicial na mudança da temperatura retal
no repouso, quando a elevação atinge cerca de 0,1 da total mudança;
Nota: Tret exprime-se em (ºC).

34 Objetivos e metodologia
 Função para o cálculo da temperatura retal durante o trabalho (Tretwork)

Onde:
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);
k = Constante temporal (ºC/h);
t = tempo (h);
td = time lag (h);
Nota: Tretwork exprime-se em (ºC).

 Função para o cálculo da constante temporal (k), para valor de T(ºC)

Onde:
k = Constante temporal (ºC/h);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);

Cerdeira, João Paulo 35


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

 Função para o cálculo do time lag (td)

Onde:
M – Metabolimo (W);
Nota: td exprime-se em (h).

 Função para o cálculo do time lag do início da recuperação (tdrec)

Onde:
CPeff - Poder de arrefecimento efectivo;
imclo – relação im/clo;
PhiPa – Pressão Vapor do ar;
Ta – Temperatura do ar.

 Função para o cálculo do índice de temperatura na recuperação (RecTref)

36 Objetivos e metodologia
Onde:
Imclo - relação im/clo;
clo – índice de vestuário (insolação), calculado através da correlação de Veff com o
tipo de vestuário em uso;
Trew – Temperatura retal no início da descida da temperatura na recuperação;
Trer – Temperatura retal do descanso em equilíbrio;
alpha – constante temporal de recuperação;
tdrec – timelag na recuperação, entre o fim do trabalho e o inicio da descida da
temperatura;
CPeff – Poder de arrefecimento efectivo;
PhiPa – Pressão Vapor do ar (mmHg);
Ta – Temperatura do ar (ºC);
t – tempo (horas).

 Função para o cálculo da temperatura retal depois do trabalho (Tretrec)

Onde:
Tret – Padrão temporal das alterações na temperatura interna em resposta ao
trabalho;
Trew - Temperatura retal no início da descida da temperatura na recuperação (neste
caso particular, considera-se ser igual a tret/2);
Ta – Temperatura do ar (ºC);
HR – humidade relativa;
Imclo - relação im/clo;
alpha – constante temporal de recuperação;
Trer – Temperatura retal do descanso em equilíbrio;
tdrec – timelag na recuperação, entre o fim do trabalho e o inicio da descida da
temperatura;
CPeff – Poder de arrefecimento efectivo.

Cerdeira, João Paulo 37


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 Função para o cálculo do aumento da temperatura no repouso (RestTref)

Onde:
0,1^a = alteração relativa da temperatura no repouso;
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC).

 Função para a conversão da Humidade Relativa (%) em mmHg (Pa)

Onde:
Ta = temperatura do ar (ºC)
a, B, C = coeficientes relativos à equação de Antoine
(esta fórmula tem por base a equação de Antoine)

 Função para o cálculo da variação da taxa de sudação (msw)

Onde:
Ereq – Arrefecimento evaporativo requerido;
Emax – Capacidade Evaporativa (W/mmHg).

38 Objetivos e metodologia
3.3.3 Recolha de dados

Este trabalho foi efetuado com base em dados recolhidos num complexo mineiro em
frentes onde decorriam atividades, pelo que a avaliação dos seus parâmetros ambientais
fazem sentido serem analisados, para quantificar o impacto provocado nos mineiros
submetidos a tais condições.
Os dados a tratar são relativos a várias áreas de produção, e são referentes à temperatura do
ar, humidade relativa do ar e velocidade do ar.
Para este estudo, foram utilizados valores standard relativamente a taxas de metabolismo.
Uma vez que o estudo incidiu numa mina subterrânea, de acordo com a ISO 8996 -
Ergonomics of the thermal environment — Determination of Metabolic Rate, os dados
foram tratados segundo os seguintes parâmetros:
Metabolismo calculado tendo como referência um indivíduo com:
 30 Anos de idade,
 Peso 70 kg
 1,75m de altura
 Área de superfície corporal de 1,8m2.
O tipo de metabolismo selecionado foi feito segundo o método “1B – Classificação de
acordo com o tipo de atividade”, recorrendo à tabela “A.2 – Classificação da taxa de
metabolismo por categoria”.
O nível de metabolismo mais baixo pertence simultaneamente às classes 1 e 2,
correspondente a taxa metabólica baixa, e taxa metabólica moderada, respetivamente, uma
vez que a taxa de metabolismo selecionada para o estudo foi de 130 W/m2. O nível mais
alto de metabolismo pertence simultaneamente à classe 2 e classe 3, uma vez que é o valor
mais alto da Classe 2, correspondente ao valor mais baixo da classe 3, sendo a taxa de
valor 200 W/m2.
Multiplicando os valores da taxa de metabolismo, pela área superficial do individuo em
estudo, obtemos os Metabolismos das tarefas, em Watts:
 M = 130 * 1.8 = 234 W;
 M = 200 * 1.8 = 360 W.
Assim, como parâmetros de entrada “Standard”, e constantes (indivíduo), temos:
Peso do indivíduo = 70 kg;
Metabolismo produzido pelo indivíduo = 234 W e 360W.
Como parâmetros variáveis, temos os dados relativos ao Ambiente:
 Temperatura do Ar (ºC);
 Humidade Relativa (%);
 Velocidade do Ar (m/s).

Cerdeira, João Paulo 39


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

3.3.4 Ensaio laboratorial de temp. interna, temp. da pele e freq. cardíaca

A segunda parte deste trabalho, como complemento da primeira em que foi aplicado um
modelo teórico de cálculo da temperatura interna durante a atividade física em ambientes
térmicos, consistiu num ensaio prático através do qual se pretendia avaliar a variação da
temperatura interna de um indivíduo quando submetido a um determinado ambiente
térmico.
Na realização desta experiencia, foi utilizado um conjunto de equipamentos, de simulação
de ambiente e atividade, nomeadamente uma câmara ambiental e uma passadeira de
exercício da General Electric, modelo T2100.
Para a recolha dos biosinais foram utilizados três aparelhos, nomeadamente um medidor de
temperatura interna, as cápsulas ingeríveis Jonah, um recetor para recolha dos dados
recolhidos pela cápsula, o EQ02 Monitor, da Equivital, um conjunto de termístores
medidores de temperatura externa e respetivo recetor de sinal Monitor Plux, e por fim, um
eletrocardiograma, também da General Electric (que é ligado à passadeira), medidor da
frequência cardíaca.
O ensaio teve a duração de quase duas horas, sem intervalos nem ingestão de líquidos e foi
feito para as seguintes condições:
 Temperatura ambiente: 35ºC;
 Humidade Relativa: 80%;
 Velocidade de atividade variável (entre os 0 e os 8 m/s);
 Inclinação 1%.
No entanto, para alguns dispositivos, apenas temos dados de uma hora de ensaio,
nomeadamente a prova de esforço.
A metodologia de preparação do ensaio foi a seguinte:
 Teste individual de cada um dos equipamentos;
 Teste coletivo de todos os equipamentos;
 Criação do ambiente térmico a utilizar;
 Pesagem do corpo nu;
 Colocação dos equipamentos no corpo;
 Entrada na câmara;
 Teste (aprox.1 hora);
 Pesagem do corpo nu.

3.3.5 Simulação do ambiente térmico e atividade

Para o desenvolvimento da atividade em laboratório, foi necessário criar condições


ambiente e desenvolver uma atividade tal, que permita uma comparação com situações
semelhantes à realidade. No entanto, na realidade, as condições não são tão agressivas
como as estabelecidas no laboratório, uma vez que não há qualquer tipo de ventilação, o

40 Objetivos e metodologia
que faz com que na realidade, as temperaturas não sejam tão altas, não há um Self-Pacing
por parte do indivíduo em atividade, uma vez que, durante a prova de esforço não houve
pausas (v = 0).
Descrição da variação da velocidade no protocolo:
O ensaio teve inicio às (12:05:18) com v=0m/s; as 12:06:17 passou para 4/ms, as 12:10:17
desceu para 3,5 m/s; as 12:14:20 volta aos 4 m/s, as 12:49:47 sobe para os 6m/s; as
12:51:17 sobe para os 7m/s; as 12:29:26 atinge o maximo de 8,3m/s; aos 12:30:47 desce
para 4m/s; aos 12:41:18, por incapacidade do indivíduo de prosseguir o teste de esforço, é
desligada a passadeira (0m/s).
Durante a prova de esforço, o indivíduo ficou privado da ingestão de líquidos, o que
dificulta ainda mais a sua resistência à atividade, mas o nível de atividade impresso na
prova de esforço e as condições a que estava sujeito, foram os principais impulsionadores
da interrupção da prova, que levaram o indivíduo a parar a prova. Para a criação das
condições a estudar foi utilizada uma câmara ambiental para controlar o ambiente (fig.10 e
fig.11), e uma passadeira para exercer a atividade, de modo a quantificar a frequência
cardíaca ( fig.12):

Figura 10 - Câmara ambiental vista do exterior

Cerdeira, João Paulo 41


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 11 - Fonte de calor/frio da câmara ambiental

Figura 12 - Passadeira General Electric T2100

3.3.6 Medição da temperatura interna

Descrição dos equipamentos utilizados


As cápsulas ingeríveis Jonah (fig.13), da VitalSense, têm com única funcionalidade, a
medição da temperatura interna

42 Objetivos e metodologia
Figura 13 – Cápsula ingerível Jonah1

Características:
 A cápsula, revestida de um material plástico, é naturalmente de pequena dimensão,
de modo a ser ingerida com facilidade (8,7mm diâmetro e 2,7mm comprimento) e
tem um peso de 1,6 gramas.
 Como características técnicas, a cápsula mede temperaturas entre os 25ºC até 50ºC,
com uma margem de erro máxima de 0,25ºC, mas para casos onde a temperatura se
encontra abaixo dos 37ºC. Uma vez que a gama de temperaturas com que se opera
estará sempre acima dos 37ºC, a margem de erro máxima é de 0,1ºC, sendo típico
não ultrapassar os 0,05ºC.
 A frequência amostral da cápsula é de 15 segundos.
 O alcance máximo para transferência de dados é de 1 metro.
 O tempo de permanência no organismo varia de acordo com o individuo em estudo,
podendo apenas durar 12 horas, mas em condições ideais o tempo de permanência é
de 48 horas.
Para o funcionamento da cápsula, esta necessita de ser ativada antes de ingerida, com um
dispositivo de ativação da Equivital, o Hidalgo(fig.14):

Figura 14 - Ativador de cápsula Hidalgo, Equivital


(Fonte: Folheto Equivital)

O EQO2 LifeMonitor (fig.15) é um dispositivo dotado de armazenamento de diferentes


dados relativos aos parâmetros fisionómicos, nomeadamente Eletrocardiograma,
frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura da pele, Para alem destes
parâmetros, o dispositivo mede também a aceleração triaxial e tem sensores de posição e
de movimento corporal.

1
(Fonte: http://www.bmedical.com.au/shop/core-body-temperature-capsule-ingestable-jonah.html)

Cerdeira, João Paulo 43


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 15 - EQO2 LifeMonitor, Equivital


(Fonte: Folheto Equivital)

Na parte externa do aparelho, são visíveis sensores, que recolhem dados relativos à
saturação de oxigénio do ambiente, à resposta da pele face ao ambiente, e para o caso em
questão, recolhe dados emitidos pela cápsula de temperatura Jonah. O EQO2 é ligado a um
colete (fig.16), também da Equivital, colete este que tem de estar bem ajustado ao corpo do
monitorizado, pois os dados recolhidos pelo monitor podem sofrer erros se o colete
apresentar folga, nomeadamente a temperatura da pele e frequência cardíaca.
A análise dos dados recolhidos pelo EQO2, pode ser feita em tempo real, com recurso a
um dispositivo Bluetooth, e com software apropriado devidamente instalado,
nomeadamente o eqView, da Equivital.

Figura 16 - Colete Equivital


(Fonte: Folheto Equivital)

No eqView (fig.17), poderemos ver dados relativos a um ou mais sujeitos que estão a ser
monitorizados, e o interface mostra-nos os diferentes parâmetros em análise e os seus a
valores no instante de observação:

44 Objetivos e metodologia
Figura 17 - Interface do software eqView, da Equivital
(Fonte: eqView Software)

Os resultados apresentados de maior relevo são a frequência cardíaca, temperatura interna


e temperatura da pele e tempo.
O tratamento dos dados recolhidos é feito de um modo direto, uma vez que o EQO2
armazena os dados de forma ordenada, sendo no fim apenas necessário uma conversão de
formatos de output dos dados; esta conversão é feita através criação de um ficheiro CSV
data, a partir do SEM data file.
A necessidade desta conversão é feita uma vez que a apresentação dos dados é feita em
formato Excel.
Obtido o ficheiro CSV, os dados serão transportados para Excel (fig.18):

Figura 18 - Aspeto do output dos dados constituintes do CSV, em MS Excel


(Fonte: MS Excel)

Cerdeira, João Paulo 45


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3.3.7 Medição da temperatura da pele

O bioPLUXresearch é o dispositivo de transmissão via Bluetooth, de informação captada


pelos sensores de temperatura externa. A informação enviada via Bluetooth, vem num
formato codificado, pelo que posteriormente, recorrendo a tratamento matemático, os
valores têm de ser convertidos.

Figura 19 - Dispositivo bioPLUXresearch (com tempPlux conectados)

TempPlux Temperature Sensor – NTC thermistors são sensores que foram desenvolvidos
para aplicações biomédicas e podem ser utilizados para medições de temperatura na gama
dos 0ºC até 50ºC.
A temperatura pode ser obtida através de uma equação que relaciona a resistência dos
termístores com a temperatura.
A equação em questão é a equação de Steinhart-Hart,

Eq. 24

(Fonte: Folheto termpPLUX Temperature Sensor)

Em que a0, a1 e a2, são coeficientes que variam na equação de acordo com o tipo de
termístores utilizados no ensaio:

Tabela 4 - Diferentes parâmetros para a equação de Steinhart-Hart


RNTC@25ºC

2.252kΩ 1,46986244.10-3 2,37806986.10-4 1,05172464.10-7

10kΩ 1,12764514.10-3 2,34282709.10-4 8,77303013.10-8


(Fonte: Folheto termpPLUX Temperature Sensor)

46 Objetivos e metodologia
 Criação do algoritmo para a conversão de dados

Recorrendo a Microsoft Visual Basic for Aplications (VBA), foi criado um algoritmo para
facilitar o cálculo dos valores de temperatura.
Note que, as constantes a0, a1 e a2, correspondem aos termístores de resistência 2.252kΩ:

Para a recolha dos dados captados pelos termístores, foi usado o método de 8 pontos
(tabela 5) que consta da ISO 9886:2004 - Ergonomics - Evaluation of thermal strain by
physiological measurements:
B.2 Measurement of skin temperature

Cerdeira, João Paulo 47


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Tabela 5 - Métodos 8 pontos de medição de temperatura e pontos de deteção

8
Sitios
pontos
1 testa 0,07
2 pescoço
3 omoplata direita 0,175
4 peitoral esquerdo 0,175
5 braço direito 0,07
6 antebraço esquerdo 0,07
7 mão esquerda 0,05
8 abdómen direito
9 paravertebral esquerda
10 coxa direita frente 0,19
11 coxa esquerda frente
12 canela direita
13 gémeo esquerdo 0,2
14 peito do pé direito
(Fonte: ISO 9886:2004)

Os sensores foram assim colocados nos locais respetivos segundo o método dos oito
pontos, como evidenciado na fig.19:

Figura 20 - Pontos de medição do método de 8 pontos


(Fonte: ISO 9886:2004)

.
.

48 Objetivos e metodologia
3.3.8 Medição da frequência cardíaca

Para recolha de dados relativos de frequência cardíaca, foi usado o Treadmill T2100, da
General Electric, para definir parâmetros necessários à definição do Metabolismo,
nomeadamente a velocidade e a inclinação. O outro parâmetro, mt é constante e é relativo
ao indivíduo. Neste caso, esse parâmetro tinha de valor 81 (kg).
O outro dispositivo utilizado, é um ECG, eletrocardiograma, também da General Electric
(fig.23), que é colocado à cintura, e os 10 sensores são colocados em 10 pontos do corpo
(fig.24):

Figura 21 - ECG General Electric

Os elétrodos não podem ser colocados de modo arbitrário pelos pontos do corpo, pelo que
cada um tem a sua própria designação; os elétrodos têm as designações C1 vermelho, C2
amarelo, C3 verde, C4 marrom, C5 preto, C6 roxo, L amarelo, R vermelho, F verde e N
preto.

Cerdeira, João Paulo 49


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 22 - Posicionamento padrão dos elétrodos para as 12 derivações


(Fonte: Manual do utilizador GE Cardiosoft)

Assim, para cada elétrodo corresponderá um determinado ponto corporal, de acordo com a
tabela (tabela 6) seguinte:

Tabela 6 - Posicionamento dos elétrodos nos respetivos pontos corporais

Ponto Corporal Elétrodo Posicionamento dos elétrodos

A C1 Vermelho 4 Espaço intercostal na borda esternal direita


B C2 Amarelo 4 Espaço intercostal na borda esternal esquerda
C C3 Verde A meio caminho entre os pontos B e D
D C4 Marrom Linha clavicular média no 5 espaço intercostal
E C5 Preto Linha axilar anterior, no mesmo nível horizontal que ponto D.
F C6 Roxo Linha axilar média, no mesmo nível horizontal que ponto D
G L Amarelo Braço esquerdo (ECG em repouso)
H F Verde Pé esquerdo (ECG em repouso)
I N Pretp Pé Direito (ECG em repouso)
J R Vermelho Braço direito (ECG em repouso)
(Fonte: Manual do utilizador GE Cardiosoft)

50 Objetivos e metodologia
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

4 DADOS E RESULTADOS

A primeira apresentação de resultados refere-se à primeira componente do trabalho, onde


foi aplicado um modelo matemático para a previsão da temperatura interna. Os resultados
recolhidos foram divididos em 3 grupos, correspondentes a 3 zonas de exploração distintas,
às quais designaremos por Área de exploração 1, Área de exploração 2 e Área de
exploração3.
A segunda parte, destina-se à apresentação dos resultados da experiência laboratorial,
divididos por dispositivo de recolha e respetivos parâmetros medidos.

4.1 Resultados relativos à Área de exploração 1

Abaixo estão dispostos, em pares, 42 gráficos correspondentes a uma das 3 áreas de


exploração (jazigos) da mina, dos quais 21 (do lado esquerdo) correspondem às atividades
onde na mesma o mineiro praticava uma atividade tal, que evidenciava uma taxa
metabólica de 360W; nos 21 gráficos do lado direito, o metabolismo evidenciado pelo
mineiro é de 234W. Note que, cada par de gráficos apresenta os mesmos parâmetros
ambientais, pelo que o interesse é avaliar, em que medida, a atividade influência a variação
da temperatura interna corporal. Os gráficos, são constituídos por 3 curvas, de cores
diferentes, correspondentes a períodos distintos de um ciclo de trabalho, como se pode ver
na fig. 16; assim, a verde é descrita a variação da temperatura interna durante o descanso,
que antecede o período de trabalho; a cor vermelha, corresponde a curva de variação da
temperatura interna no decorrer do trabalho, e por fim, a azul, a curva da variação da
temperatura interna na recuperação depois do trabalho.
Nota: na área de exploração em questão, foi verificado um caso (gráfico 9) em que a
temperatura ultrapassou os 39ºC de temperatura, pelo que o gráfico foi aumentado no eixo
vertical para um máximo de 39,5ºC.

Figura 23 - Legenda das curvas de Tredescanço, Trework, Trerecup

Cerdeira, João Paulo 51


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 1 – a) M=360W, b) M =234W para Ta= 24,4ºC, HR= 85,4%, Var=0,4m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C)

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas

Gráfico 2 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 23,5ºC, HR= 64,8%, Var=1,1m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas b) Tempo - horas

Gráfico 3 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 25ºC, HR= 81,8%, Var=0,5m/s

52 Tratamento e Análise de Dados


39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5

36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 4 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 22,2ºC, HR= 66,7%, Var=0,96m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5

36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 5 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 24,6ºC, HR= 70,7%, Var=0,42m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 6 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 13,6ºC, HR= 66,3%, Var=1,5m/s

Cerdeira, João Paulo 53


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 7 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,3ºC, HR= 71,3%, Var=0,24m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 8 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=21,2ºC, HR= 64,1%, Var=1,69m/s

39,5 39,0
39,0 38,5
38,5 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

38,0
37,5
37,5
37,0
37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 9 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,4ºC, HR= 86,5%, Var=0,1m/s

54 Tratamento e Análise de Dados


39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 10 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR= 86,6%, Var=0,1m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 11 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,7ºC, HR= 80,6%, Var=0,4m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 12 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,8ºC, HR= 85,9%, Var=0,6m/s

Cerdeira, João Paulo 55


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 13 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,1ºC, HR= 78,6%, Var=0,2m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 14 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR= 63,6%, Var=0,6m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 15 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26ºC, HR=73,4%, Var=0,1m/s

56 Tratamento e Análise de Dados


39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 16 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28ºC, HR=82,6%, Var=1,03m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 17 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=19,9ºC, HR=79,5%, Var=0,4m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 18 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,2ºC, HR=85,2%, Var=0,5m/s

Cerdeira, João Paulo 57


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 19 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=89%, Var=0,3m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 20 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR=69,3%, Var=1,2m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
b)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 21 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25ºC, HR=67,9%, Var=1,2m/s

58 Tratamento e Análise de Dados


4.2 Resultados relativos à Área de exploração 2

Abaixo, estão dispostos em pares, 22 gráficos correspondentes a uma segunda área de


exploração da mina. As condições de disposição gráfica e legenda das figuras são iguais às
mencionadas em 4.1.
Nota: na área de exploração em questão, foi verificado um caso (gráfico 31) em que a
temperatura ultrapassou os 39ºC de temperatura, pelo que o gráfico foi aumentado no eixo
vertical para um máximo de 39,5ºC.

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 22 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=76,7%, Var=0,21m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 23 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,9ºC, HR=76,8%, Var=1,3m/s

Cerdeira, João Paulo 59


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 24 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=82,2%, Var=0,31m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 25 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,6ºC, HR=69,9%, Var=1,31m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 26 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=73,6%, Var=1,81m/s

60 Tratamento e Análise de Dados


39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas

Gráfico 27 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=75,1%, Var=0,53m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )

Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 28 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,9ºC, HR=70,7%, Var=0,63m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 29 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,6ºC, HR=68,5%, Var=0,62m/s

Cerdeira, João Paulo 61


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 30 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,7ºC, HR=77,8%, Var=0,4m/s

39,5 39,5
39,0 39,0
38,5 38,5
Tre ( °C )

Tre ( °C )
38,0 38,0
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 31 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR=92,3%, Var=0,01m/s

O gráfico 31 foi alongado no eixo vertical, uma vez que a temperatura ultrapassa os 39ºC,
para um metabolismo de 360W.

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 32 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,2ºC, HR=81,9%, Var=0,88m/s

62 Tratamento e Análise de Dados


4.3 Resultados relativos à Área de exploração 3

Abaixo, estão dispostos em pares, 10 gráficos correspondentes a uma segunda área de


exploração da mina. As condições de disposição gráfica e legenda das figuras são iguais às
mencionadas em 4.1.

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 33 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,2ºC, HR=84,1%, Var=0,5m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas

Gráfico 34 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,9ºC, HR=81%, Var=0,17m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas

Gráfico 35 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=75,9%, Var=0,25m/s

Cerdeira, João Paulo 63


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0

Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 36 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=80,1%, Var=0,17m/s

39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )

37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
b) 0 1 2 3 4 5
a) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas

Gráfico 37 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,3ºC, HR=80,5%, Var=0,65m/s

Abaixo, pode ser consultada uma tabela (tabela 7) com as respetivas temperturas de
estabilização da temperatura retal durante o trabalho, para os dois níveis de atividade. Em
adição, pode ser lida uma previsão quanto à massa perdida por sudação (Δmsw) durante
cada uma das atividades. A tabela está ordenada por ordem decrescente da temperatura do
ar e humidade relativa.

Tabela 7 - Tabela de tempo de estabilização da temp. retal e taxas de sudação

Ta HR Var M t(estabilização) Trework Δmsw


Gráficos
(°C) (%) (m/s) (W) (horas) (estabilizada)(°C) (g/h)
28,4 86,5 0,1 234 4,00 38,16 734,74 Gráfico 9
28,4 86,5 0,1 360 5,00 38,98 1179,27 Gráfico 9
28,3 80,5 0,65 234 4,00 37,98 633,05 Gráfico 37

64 Tratamento e Análise de Dados


Ta HR Var M t(estabilização) Trework Δmsw
Gráficos
(°C) (%) (m/s) (W) (horas) (estabilizada)(°C) (g/h)
28,3 80,5 0,65 360 6,00 38,76 1067,57 Gráfico 37
28,2 81,9 0,88 234 4,00 37,95 614,63 Gráfico 32
28,2 81,9 0,88 360 5,00 38,73 1051,60 Gráfico 32
28,1 92,3 0,01 234 4,00 38,22 766,49 Gráfico 31
28,1 92,3 0,01 360 6,00 39,07 1219,04 Gráfico 31
28,1 86,6 0,1 234 6,00 38,10 692,50 Gráfico 10
28,1 86,6 0,1 360 5,00 38,88 1124,06 Gráfico 10
28 82,6 1,03 234 5,00 37,93 596,53 Gráfico 16
28 82,6 1,03 360 5,00 38,69 1032,19 Gráfico 16
27,3 89 0,3 234 4,00 38,04 655,58 Gráfico 19
27,3 89 0,3 360 6,00 38,83 1095,04 Gráfico 19
27,3 75,1 0,53 234 4,00 37,89 580,00 Gráfico 27
27,3 75,1 0,53 360 7,00 38,61 988,73 Gráfico 27
27,2 85,2 0,5 234 4,00 37,96 611,81 Gráfico 18
27,2 85,2 0,5 360 5,00 38,72 1042,51 Gráfico 18
27,1 69,3 1,2 234 4,00 37,77 506,28 Gráfico 20
27,1 69,3 1,2 360 5,00 38,44 901,29 Gráfico 20
27,1 63,6 0,6 234 5,00 37,81 534,55 Gráfico 14
27,1 63,6 0,6 360 6,00 38,47 919,66 Gráfico 14
26,9 81 0,17 234 4,00 37,98 626,09 Gráfico 34
26,9 81 0,17 360 6,00 38,71 1036,99 Gráfico 34
26,8 85,9 0,6 234 4,00 37,92 584,95 Gráfico 12
26,8 85,9 0,6 360 5,00 38,67 1012,56 Gráfico 12
26,2 84,1 0,5 234 4,00 37,89 562,49 Gráfico 33
26,2 84,1 0,5 360 7,00 38,61 977,78 Gráfico 33
26 73,4 0,1 234 4,00 37,90 578,65 Gráfico 15
26 73,4 0,1 360 4,00 38,56 962,60 Gráfico 15
25,7 77,8 0,4 234 4,00 37,84 536,33 Gráfico 30
25,7 77,8 0,4 360 5,00 38,52 932,84 Gráfico 30
25,2 80,1 0,17 234 6,00 37,88 553,56 Gráfico 36
25,2 80,1 0,17 360 4,00 38,54 944,06 Gráfico 36
25,2 76,7 0,21 234 4,00 37,85 539,42 Gráfico 22
25,2 76,7 0,21 360 5,00 38,51 925,46 Gráfico 22
25,2 73,6 1,81 234 4,00 37,65 411,82 Gráfico 26
25,2 73,6 1,81 360 6,00 38,29 796,14 Gráfico 26
25 81,8 0,5 234 5,00 37,81 507,22 Gráfico 3
25 81,8 0,5 360 5,00 38,48 905,16 Gráfico 3
25 67,9 1,2 234 5,00 37,67 425,90 Gráfico 21
25 67,9 1,2 360 4,00 38,29 802,69 Gráfico 21
24,9 82,2 0,31 234 4,00 37,84 526,72 Gráfico 24
24,9 82,2 0,31 360 5,00 38,51 921,61 Gráfico 24
24,9 75,9 0,25 234 4,00 37,82 520,92 Gráfico 35
24,9 75,9 0,25 360 5,00 38,47 904,09 Gráfico 35

Cerdeira, João Paulo 65


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Ta HR Var M t(estabilização) Trework Δmsw


Gráficos
(°C) (%) (m/s) (W) (horas) (estabilizada)(°C) (g/h)
24,7 80,6 0,4 234 4,00 37,80 504,31 Gráfico 11
24,7 80,6 0,4 360 4,00 38,46 896,17 Gráfico 11
24,6 70,7 0,42 234 4,00 37,75 479,00 Gráfico 5
24,6 70,7 0,42 360 4,00 38,38 855,13 Gráfico 5
24,4 85,4 0,4 234 4,00 37,81 503,02 Gráfico 1
24,4 85,4 0,4 360 5,00 38,48 899,98 Gráfico 1
24,3 71,3 0,24 234 4,00 37,77 492,26 Gráfico 7
24,3 71,3 0,24 360 5,00 38,40 863,62 Gráfico 7
24,1 78,6 0,2 234 4,00 37,80 504,97 Gráfico 13
24,1 78,6 0,2 360 4,00 38,44 883,98 Gráfico 13
23,9 70,7 0,63 234 4,00 37,69 434,27 Gráfico 28
23,9 70,7 0,63 360 5,00 38,31 807,36 Gráfico 28
23,6 68,5 0,62 234 4,00 37,67 422,03 Gráfico 29
23,6 68,5 0,62 360 4,00 38,28 790,28 Gráfico 29
23,5 64,8 1,1 234 5,00 37,61 377,55 Gráfico 2
23,5 64,8 1,1 360 4,00 38,20 741,38 Gráfico 2
22,9 76,8 1,3 234 4,00 37,60 360,35 Gráfico 23
22,9 76,8 1,3 360 5,00 38,21 734,90 Gráfico 23
22,6 69,9 1,31 234 4,00 37,57 341,93 Gráfico 25
22,6 69,9 1,31 360 4,00 38,16 706,28 Gráfico 25
22,2 66,7 0,96 234 4,00 37,58 348,32 Gráfico 4
22,2 66,7 0,96 360 4,00 38,16 707,44 Gráfico 4
21,2 64,1 1,69 234 5,00 37,49 273,33 Gráfico 8
21,2 64,1 1,69 360 4,00 38,05 623,57 Gráfico 8
19,9 79,5 0,4 234 4,00 37,60 342,97 Gráfico 17
19,9 79,5 0,4 360 4,00 38,17 698,22 Gráfico 17
13,6 66,3 1,5 234 2,53 37,29 73,39 Gráfico 6
13,6 66,3 1,5 360 4,00 37,81 399,67 Gráfico 6

4.4 Resultados relativos ao ensaio laboratorial

 Temperatura Interna (Equivital)


Em seguida fez-se uma simples representação gráfica (gráf.38) da temperatura interna
em função da temperatura:

66 Tratamento e Análise de Dados


39,50

39,00

38,50
T(ºC)

Tcore
38,00

37,50

37,00
12:00:00 12:14:24 12:28:48 12:43:12 12:57:36 13:12:00 13:26:24 13:40:48 13:55:12
Tempo (hh:mm:ss)

Gráfico 38 - Temperatura interna em função do tempo

 Temperatura da pele (BioPLUX)

Os resultados obtidos relativamente à temperatura externa da pele podem ser


observados através do gráfico abaixo (gráf.39):

Gémeo
48,00 Esquerdo
46,00 Mão
esquerda
44,00 Antebraço
42,00 Esquerdo
Testa
40,00
Temperatura (ºC)

38,00 Homoplata
direita
36,00
Peito direito
34,00
Braço direito
32,00
12:02:41
12:04:21
12:06:01
12:07:41
12:09:21
12:11:01
12:12:41
12:14:21
12:16:01
12:17:41
12:19:21
12:21:01
12:22:41
12:24:21
12:26:01
12:27:41
12:29:21
12:31:01
12:32:41
12:34:21
12:36:01
12:37:41
12:39:21
12:41:01
12:42:41
12:44:21
12:46:01
12:47:41
12:49:21
12:51:01
12:52:41
12:54:21
12:56:01
12:57:41
12:59:21

Frente Coxa
direita
TmédiaPele
Tempo (hh:mm:ss)
Gráfico 39 - Variação da temperatura da pele nos respetivos pontos de captação

Cerdeira, João Paulo 67


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

 Frequência cardíaca ECG General Electric

Os dados recolhidos pelo ECG são em função dos parâmetros de metabolismo, sendo eles
velocidade da atividade e inclinação, como se pode ver no gráfico seguinte (graf.40):

10 200

8 160
V (m/s), I(%), M(met)

Freq. Card. (bt/min)


6 120
Velocidade
4 80 Inclinação
Metabolismo
2 40 Freq,Card,

0 0
12:05:18

12:15:17

12:30:17

12:46:17
12:06:23
12:09:18
12:12:18

12:18:17
12:22:17
12:26:17

12:34:17
12:38:17
12:42:17

12:49:18
12:29:18
12:33:17
12:37:17
12:41:17

Tempo (hh:mm:ss)

Gráfico 40 - Frequência Cardíaca em função do metabolismo, velocidade e inclinação

68 Tratamento e Análise de Dados


Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO

5.1 Estimação de temperatura interna pelo Método de Givoni e


Goldman

Através dos resultados obtidos pelo método de Givoni e Goldman, podemos verificar que,
e como seria de esperar, que a curva vermelha, correspondente à temperatura retal durante
o trabalho, varia essencialmente em função do grau de metabolismo; verifica-se que em
todos os casos, a curva vermelha é muito mais acentuada para M=360W, e mais branda
para M=234W. Em relação aos outros parâmetros, a sua interpretação é algo complexa,
uma vez que a diversidade de combinações Ta/RH é muito grande.
Podemos afirmar que a condição mais agressiva de atividade estudada, verificou-se na
Área de extração nº2, para as condições relativas ao gráf.31, onde a temperatura interna,
para um metabolismo de 360W, atinge quase os 39,1ºC, situação onde a velocidade do ar
era baixa (v=0,01 m/s), e a Ta e HR era bastante altas (28,1ºC e 92,3%). As condições com
melhor ambiente de trabalho verificaram-se na Área de extração nº1, para as condições
relativas ao gráf.6, numa situação que se pode designar por anormal, uma vez que a
temperatura ambiente registada era muito abaixo dos 20 graus, tendo sido registada a
temperatura de 13,6ºC, que muito provavelmente, e tendo em conta a média de valores
verificados nas áreas de extração, é um erro de registo de medição. No entanto, nesta
situação a velocidade do ar era de 1,5 m/s.

5.2 Estimação dos parâmetros biofísicos através do ensaio laboratorial

 Resultados relativos à temperatura interna (Equivital Monitor)

Os dados iniciais da cápsula Jonah representados correspondem às 12:04:05 horas.


Como se pode ver, a temperatura sobre gradualmente até um pico, altura em que se
desligou o treadmill, por fadiga do testado, às 13:08:59 horas A esta altura, a
temperatura interna era de 39,37 ºC.
Depois o indivíduo permaneceu cerca de 15 minutos em baixo regime em cima da
passadeira, até que desceu e sentou-se num banco a repousar. Após repouso, o
individuo abandonou a câmara, e nos instantes seguintes verifica-se uma pequena
subida da temperatura, devido à inércia corporal, começando depois a descer até à
estabilidade.
No entanto, o monitor foi desligado muito antes de a temperatura interna estabilizar por
completo, uma vez que no último instante de registo, às 13:42:44 horas, a temperatura
interna era ainda de 38,44ºC.

Cerdeira, João Paulo 69


Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

 Resultados relativos à temperatura da pele (Plux Monitor)


Como se pode observar, a temperatura à superfície varia dependendo do ponto onde é
medida. Podemos verificar através do gráfico que o ponto onde a temperatura externa mais
baixa é no gémeo esquerdo, derivado essencialmente a o ponto onde a velocidade do ar é
superior, uma vez que em atividade, é a zona que mais movimento sofre; os outros pontos
vão registando progressivamente temperaturas mais elevadas; a curva que apresenta um
comportamento mais anormal, é a curva correspondente ao sensor colocado na testa, e
embora se preveja que a temperatura registada na testa seja superior à registada nos outros
pontos, verifica-se uma diferença muito acentuada, relativamente aos outros pontos. Uma
vez que apenas foi feito um único ensaio laboratorial, não há dados suficientes que possam
discutir o comportamento da curva, mas uma vez que a suposta anomalia na curva tem a
duração de 20 minutos, pode eventualmente a temperatura da testa, durante a prova de
esforço atingir este tipo de valores.

 Resultados relativos à frequência cardíaca (Cardiosoft ECG)

Interpretando as curvas obtidas pelos dados recolhidos pelo ECG, podemos claramente
verificar que no decurso do ensaio, de forma independentemente da velocidade ou
inclinação, a frequência cardíaca tende a subir, maioritariamente devido à exposição calor.
Podemos verificar, e corroborar a fórmula de Mnet apresentada no modelo proposto por
Givoni e Goldman, que o Metabolismo é função da velocidade, uma vez que os outros
parâmetros, mt e G, são constantes neste caso.
É de notar também, o acentuado aumento da frequência cardíaca, ao aumentar a velocidade
da atividade, e o seu decréscimo, aquando da diminuição da velocidade da atividade.

70 Tratamento e Análise de Dados


Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

6 CONCLUSÕES

Através dos resultados obtidos resultantes, quer da aplicação do modelo, quer do ensaio
laboratorial, é possível verificar a influência que a atividade exercida pelo indivíduo tem na
variação da sua temperatura interna, temperatura externa e frequência cardíaca; quando à
atividade, se associam ambientes menos favoráveis, com valores de temperatura e
humidade mais elevados, estes parâmetros reagem negativamente, subindo ainda mais. A
ventilação, quando em quantidade suficiente em determinadas situações, pode ser o
elemento chave para viabilizar a atividade mineira num ambiente onde em condições
normais, seria muito difícil trabalhar. O recurso à tecnologia para controlo dos parâmetros
individuais, é muito útil, no que diz respeito à previsão de condições que possam por em
causa a saúde dos intervenientes. De igual maneira, a quantificação da carga aplicada a um
individuo devido à sua atividade física e ambiente onde se encontra inserido, é importante
para o estabelecimento de medidas e implementação de tecnologia que contrarie a
tendência crescente do desconforto sentido.

Cerdeira, João Paulo 71


Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea

7 PERSPECTIVAS FUTURAS

No que diz respeito ao método de validação de Givoni and Goldman para o estudo do
comportamento da temperatura interna, poderão ser feitos num futuro, medições para mais
combinações de ambientes, uma vez que os ambientes em análise variam numa gama de
valores algo próximos; de igual maneira, fazer novos testes para mais níveis de atividade
(variando a taxa de metabolismo), de maneira a observar nas novas condições de trabalho,
a resposta da temperatura interna. Para além disso, a apresentação gráfica dos resultados
pode ser melhorada, apresentando uma única curva contínua, que una de modo sequencial
os vários estágios da medição da temperatura retal, nomeadamente temperatura retal no
repouso, seguida da curva da temperatura retal durante o trabalho e por fim a curva
correspondente à fase de recuperação do trabalho.
Relativamente ao ensaio laboratorial, é de grande interesse que no futuro se efetuem mais
ensaios, para que existam dados suficientes que sejam passiveis de resultados e conclusões
com maior nível de confiança. Uma vez que apenas um ensaio foi realizado, não é possível
saber, se o mesmo foi realizado com sucesso, por não haver mais iterações do mesmo
processo; embora os resultados recolhidos pelos dispositivos aparentemente sejam
credíveis, não são suficientes para afirmar que aquele é o comportamento regular do
organismo quando sujeito às condições impostas. O motivo pelo qual foi tão limitado o
número de ensaios, foi devido a constrangimento de material, essencialmente por avaria do
Treadmill T2100, que funcionava de maneira intermitente. Outros problemas se
verificaram no que diz respeito à utilização de todos os dispositivos em simultâneo, uma
vez que durante um grande período de tempo se verificava inconsistências de sinal, por
estarem todos ligados via Bluetooth; depois de ultrapassados todos os problemas, existirão
certamente condições para serem efetuados diversos ensaios que fortaleçam o trabalho
anteriormente apresentado.

Cerdeira, João Paulo 73


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