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MINAS E GEOAMBIENTE
2012
Agradeço em primeiro lugar ao meu orientador, o Prof. João Manuel dos Santos Baptista,
pela disponibilidade e todo o apoio prestado.
As meus pais, pelo enorme apoio prestado durante o meu percuso estudantil.
iii
RESUMO
A gestão do trabalho é condicionada por diversos fatores. Dentro destes, as questões
organizacionais, as características dos indivíduos e as condições ambientais em que o
trabalho se desenvolve, em particular a temperatura e a humidade, são fundamentais para o
sucesso das tarefas a executar e para a saúde dos trabalhadores. A temperatura e a
humidade têm uma influência direta no bem-estar e saúde do trabalhador pela influência
que têm nos níveis fisiológico, metabólico e cognitivo. Ao provocarem mal-estar e mesmo
doença, a temperatura e a humidade, vão afetar todo o ciclo produtivo. A resolução do
problema só pode ocorrer se estas variáveis forem equacionadas ao nível da gestão global
dos processos produtivos. Nas atividades mineiras em explorações subterrâneas este
problema é agravado quando se avança em profundidade.
Este estudo tem como objetivo avaliar o comportamento da temperatura interna corporal
face às caraterísticas ambientais, o grau de metabolismo a que os mineiros são sujeitos na
sua atividade, e prever as taxas de sudação e tempos-limite de exposição.
Neste estudo foi analisada a variação da temperatura interna de um indivíduo durante a
execução de dois níveis de esforço (dois graus de metabolismo), quando sujeito a diversas
condições de ambiente térmico, resultantes da combinação dos parâmetros temperatura,
velocidade do ar e humidade relativa, recolhidos em condições reais numa exploração
mineira.
Em paralelo, foi efetuado um ensaio laboratorial, onde foi medida a variação da
temperatura interna de um indivíduo em diferentes tarefas (vários níveis de metabolismo)
em condições de ambiente térmico pré-definidas.
Os resultados obtidos mostram que o nível de metabolismo é um forte impulsionador do
aumento da temperatura interna corporal durante o esforço; com o aumento dos fatores
exteriores, como a temperatura e a humidade, a resposta fisiológica de um indivíduo
resulta num aumento da temperatura interna, no repouso, durante o trabalho e também
durante a recuperação. Também a frequência cardíaca, varia consoante as condições
ambientais impostas, e sofre variações mais significativas dependendo da atividade física
em exercício.
Os métodos utilizados para análise da temperatura interna, modelo matemático e resultados
experimentais, são concordantes no que diz respeito aos resultados. Em ambos se confirma
o grande interesse destes resultados para a indústria em questão, de modo poder controlar
de forma mais fiável situações que possam condicionar a segurança dos intervenientes e,
de igual modo, condicionar a normalidade das atividades produtivas.
v
ABSTRACT
Working management is constrained by several factors. Among these, organizational
issues, individual aspects and environmental conditions in which work develops, in
particular temperature and humidity, are critical to the developing tasks success and assure
workers safety. Temperature and humidity have direct interference on welfare and
occupational health of workers for their influence on the physiological, metabolic and
cognitive levels.
As being responsible for discomfort and even diseases, temperature and humidity will
affect all the production process. This problem resolution only will occur alongside their
equationing through all the global management of the productive processes. In
underground mining activities this issue is aggravated as we go deeper and deeper.
This study aims to evaluate the response of the internal body temperature to environmental
features, the metabolic level that miners are subjected to, and predict sweat rates and time-
exposure limits.In this study were analyzed variations on the internal body temperature of a
subject during execution of two effort levels (two metabolic levels) in predefined
environmental thermal conditions, as result of combination of the parameters temperature,
air speed and relative humidity, collected from a existing mining exploration.
In addition, a lab test was made, were internal body temperature variations of a male man
on diferent tasks were measured (diferent metabolic rates) under predefined environmental
thermal conditions.
The results obtained show that metabolic rate drives strongly the internal body temperature
during efforts; with the increase of external factors, like temperature and humidity, the
physiological response of an individual results in an increase of internal temperature in
rest, at work and in the recovery. Also heart rate varies with imposed environmental
conditions, but most significant variations are related to physical activity.
The methods used for internal temperature analysis, mathematical model and laboratory
test, are in agreement in terms of results. In both of them, we confirm the major interest on
this results for this specific industrial sector, in order to control in a more reliable way,
situations that might constrain miners safety, and also the normality of productive
activities.
vii
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
2 ESTADO DA ARTE / REVISÃO DA LITERATURA ................................................. 3
2.1 Aspetos relativos à indústria mineira ...................................................................... 3
2.1.1 Configuração da mina ...................................................................................... 4
2.1.2 Equipamentos utilizados no complexo mineiro............................................... 5
2.1.3 Ventilação na mina .......................................................................................... 6
2.1.4 Drenagem na mina ........................................................................................... 6
2.1.5 Recursos Humanos da Empresa: ..................................................................... 6
2.2 Enquadramento Legal e Normativo Básico ............................................................ 6
2.3 Conhecimento Científico ........................................................................................ 7
2.3.1 Stresse Térmico ............................................................................................... 7
2.3.2 Fatores Ambientais .......................................................................................... 8
2.3.3 Fatores individuais ........................................................................................... 9
2.3.4 Metabolismo .................................................................................................. 10
2.3.5 O Vestuário .................................................................................................... 10
2.3.6 Doenças provocadas pelo calor na indústria mineira .................................... 11
2.3.7 Sinais e sintomas de doenças causadas pelo calor ......................................... 12
2.3.8 Prevenção contra o calor................................................................................ 13
2.3.9 Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea.................................. 15
2.4 Definições / Termos técnicos: ............................................................................... 15
2.4.1 Produção de Calor Metabólico ...................................................................... 15
2.4.2 Transferência de calor radiante: .................................................................... 16
2.4.3 Transferência de calor por convecção: .......................................................... 16
2.4.4 Carga Ambiental (R+C)................................................................................. 17
2.4.5 Trabalho externo (Wex)................................................................................. 17
2.4.6 Carga metabólica (Mnet) ............................................................................... 17
2.4.7 Arrefecimento evaporativo requerido (Ereq): ............................................... 17
2.4.8 Capacidade Evaporativa (Emax) ................................................................... 18
2.4.9 Variação da massa por sudação (Δmsw) ....................................................... 18
2.4.10 Velocidade do ar efetiva (Veff) ..................................................................... 18
2.4.11 Temperatura retal no equilíbrio ..................................................................... 19
ix
2.4.12 Temperatura retal no repouso ........................................................................ 19
2.4.13 Temperatura retal durante o trabalho ............................................................ 19
2.4.14 Temperatura retal na recuperação ................................................................. 20
2.5 Fatores condicionantes do Conforto Térmico ...................................................... 21
2.5.1 Temperatura do ar ......................................................................................... 21
2.5.2 Humidade Relativa do ar ............................................................................... 21
2.5.3 Velocidade do ar............................................................................................ 22
2.5.4 Calor Radiante ............................................................................................... 23
2.6 Índices do Stresse térmico .................................................................................... 23
2.6.1 Índices Racionais........................................................................................... 23
2.6.2 Índices Empíricos .......................................................................................... 23
2.6.3 Índices Diretos............................................................................................... 24
2.6.4 Índice Wet-Bulb Globe Temperature (WBGT) ............................................. 24
2.7 Índices de Conforto Térmico ................................................................................ 26
2.7.1 Predicted Mean Vote (PMV)......................................................................... 27
2.7.2 Predicted Percentage Dissatisfied (PPD) ..................................................... 27
3 OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................. 29
3.1 Objetivos da estudo .............................................................................................. 29
3.2 Metodologia Global de Abordagem ..................................................................... 29
3.3 Materiais e Métodos ............................................................................................. 29
3.3.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................... 29
3.3.2 Modelo de Previsão da Temperatura Interna ................................................ 30
3.3.3 Recolha de dados ........................................................................................... 39
3.3.4 Ensaio laboratorial de temp. interna, temp. da pele e freq. cardíaca ............. 40
3.3.5 Simulação do ambiente térmico e atividade .................................................. 40
3.3.6 Medição da temperatura interna .................................................................... 42
3.3.7 Medição da temperatura da pele.................................................................... 46
3.3.8 Medição da frequência cardíaca .................................................................... 49
4 DADOS E RESULTADOS .......................................................................................... 51
4.1 Resultados relativos à Área de exploração 1 ........................................................ 51
4.2 Resultados relativos à Área de exploração 2 ........................................................ 59
4.3 Resultados relativos à Área de exploração 3 ........................................................ 63
x
4.4 Resultados relativos ao ensaio laboratorial ........................................................... 66
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO ........................................................................................... 69
5.1 Estimação de temperatura interna pelo Método de Givoni e Goldman ................ 69
5.2 Estimação dos parâmetros biofísicos através do ensaio laboratorial .................... 69
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 71
7 PERSPECTIVAS FUTURAS ....................................................................................... 73
8 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 1
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Drift & Fill ............................................................................................................ 3
Figura 2- Bench & Fill........................................................................................................... 4
Figura 3 - Mini Bench & Fill ................................................................................................. 4
Figura 4 - Pilares de Soleira .................................................................................................. 4
Figura 5 - Esquema ilustrativo da configuração da mina ...................................................... 5
Figura 6 - Sonda de temperatura natural de bolbo húmido ................................................. 25
Figura 7 - Sonda de temperatura do globo .......................................................................... 26
Figura 8 - Escala de Sensação Térmica de 7 pontos............................................................ 27
Figura 9 - PPD em função do PMV ..................................................................................... 28
Figura 10 - Câmara ambiental vista do exterior .................................................................. 41
Figura 11 - Fonte de calor/frio da câmara ambiental........................................................... 42
Figura 12 - Passadeira General Electric T2100 .................................................................. 42
Figura 13 – Cápsula ingerível Jonah ................................................................................... 43
Figura 14 - Ativador de cápsula Hidalgo, Equivital............................................................ 43
Figura 15 - EQO2 LifeMonitor, Equivital ........................................................................... 44
Figura 16 - Colete Equivital ................................................................................................ 44
Figura 17 - Interface do software eqView, da Equivital ...................................................... 45
Figura 18 - Aspeto do output dos dados constituintes do CSV, em MS Excel ................... 45
Figura 19 - Dispositivo bioPLUXresearch (com tempPlux conectados) ............................ 46
Figura 22 - Pontos de medição do método de 8 pontos ....................................................... 48
Figura 23 - ECG General Electric ....................................................................................... 49
Figura 24 - Posicionamento padrão dos elétrodos para as 12 derivações ........................... 50
Figura 25 - Legenda das curvas de Tredescanço, Trework, Trerecup ................................ 51
xiii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – a) M=360W, b) M =234W para Ta= 24,4ºC, HR= 85,4%, Var=0,4m/s .......... 52
Gráfico 2 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 23,5ºC, HR= 64,8%, Var=1,1m/s .......... 52
Gráfico 3 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 25ºC, HR= 81,8%, Var=0,5m/s ............. 52
Gráfico 4 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 22,2ºC, HR= 66,7%, Var=0,96m/s ........ 53
Gráfico 5 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 24,6ºC, HR= 70,7%, Var=0,42m/s ........ 53
Gráfico 6 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta= 13,6ºC, HR= 66,3%, Var=1,5m/s .......... 53
Gráfico 7 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,3ºC, HR= 71,3%, Var=0,24m/s ......... 54
Gráfico 8 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=21,2ºC, HR= 64,1%, Var=1,69m/s ......... 54
Gráfico 9 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,4ºC, HR= 86,5%, Var=0,1m/s ........... 54
Gráfico 10 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR= 86,6%, Var=0,1m/s ......... 55
Gráfico 11 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,7ºC, HR= 80,6%, Var=0,4m/s ......... 55
Gráfico 12 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,8ºC, HR= 85,9%, Var=0,6m/s ......... 55
Gráfico 13 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,1ºC, HR= 78,6%, Var=0,2m/s ......... 56
Gráfico 14 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR= 63,6%, Var=0,6m/s ......... 56
Gráfico 15 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26ºC, HR=73,4%, Var=0,1m/s ............. 56
Gráfico 16 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28ºC, HR=82,6%, Var=1,03m/s ........... 57
Gráfico 17 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=19,9ºC, HR=79,5%, Var=0,4m/s .......... 57
Gráfico 18 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,2ºC, HR=85,2%, Var=0,5m/s .......... 57
Gráfico 19 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=89%, Var=0,3m/s ............. 58
Gráfico 20 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,1ºC, HR=69,3%, Var=1,2m/s.......... 58
Gráfico 21 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25ºC, HR=67,9%, Var=1,2m/s ............. 58
Gráfico 22 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=76,7%, Var=0,21m/s ........ 59
Gráfico 23 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,9ºC, HR=76,8%, Var=1,3m/s .......... 59
Gráfico 24 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=82,2%, Var=0,31m/s ........ 60
Gráfico 25 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=22,6ºC, HR=69,9%, Var=1,31m/s ........ 60
Gráfico 26 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=73,6%, Var=1,81m/s ........ 60
Gráfico 27 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=27,3ºC, HR=75,1%, Var=0,53m/s ........ 61
Gráfico 28 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,9ºC, HR=70,7%, Var=0,63m/s ........ 61
Gráfico 29 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=23,6ºC, HR=68,5%, Var=0,62m/s ........ 61
Gráfico 30 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,7ºC, HR=77,8%, Var=0,4m/s .......... 62
Gráfico 31 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,1ºC, HR=92,3%, Var=0,01m/s ........ 62
xv
Gráfico 32 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,2ºC, HR=81,9%, Var=0,88m/s ....... 62
Gráfico 33 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,2ºC, HR=84,1%, Var=0,5m/s ......... 63
Gráfico 34 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=26,9ºC, HR=81%, Var=0,17m/s .......... 63
Gráfico 35 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=24,9ºC, HR=75,9%, Var=0,25m/s ....... 63
Gráfico 36 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=25,2ºC, HR=80,1%, Var=0,17m/s ....... 64
Gráfico 37 - a) M=360W, b) M = 234W para Ta=28,3ºC, HR=80,5%, Var=0,65m/s ....... 64
Gráfico 38 - Temperatura interna em função do tempo ...................................................... 67
Gráfico 39 - Variação da temperatura da pele nos respetivos pontos de captação ............. 67
Gráfico 40 - Frequência Cardíaca em função do metabolismo, velocidade e inclinação ... 68
xvi
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
Eq. 1........................ 10
Eq. 2 .......................................................................................................... 16
Eq. 3 ......................................................................................................... 16
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Propriedades dos vestuários em função das Veff ......................................................... 11
Tabela 2 - Valores máx. recomendados do índice WBGT (exposição de 8 horas) ....................... 26
Tabela 3 - Distribuição da sensação térmica individual para diferentes valores de PMV ............ 28
Tabela 4 - Diferentes parâmetros para a equação de Steinhart-Hart ............................................ 46
Tabela 5 - Métodos 8 pontos de medição de temperatura e pontos de deteção ........................... 48
Tabela 6 - Posicionamento dos elétrodos nos respetivos pontos corporais ................................... 50
Tabela 7 - Tabela de tempo de estabilização da temp. retal e taxas de sudação ........................... 64
ÍNDICE DE SIGLAS/ABREVIATURAS
Clo – Insolação
CHSI - Cumulative Heat Strain Índex
CRM - Calor Radiante Médio
CSV - Comma Separared Values
CPeff - Poder de arrefecimento efetivo
ECG - Eletrocardiograma
Emax - Capacidade Evaporativa
EPI - Equipamentos de Proteção Individual
Ereq - Arrefecimento evaporativo requerido
ESC - Estéril
ESI - Environmental Stresse Índex
HR - Humidade Relativa
ISO - International Organization for Standardization
im - Índice de permeabilidade
LNA – Linguagem Não Acessível
MC - Minério Cu
ME – Estéril com sulfuretos
MH - Minério de Cu com penalizantes
Mnet - Carga metabólica
MRT - Media da Radiação Térmica
MZ - Minério zinquífero
OG - Protective Overgarments
OLD - Artigos Antigos
PeSI - Perceptual Strain Índex
PhSI - Physiological Strain Índex
PMV - Predicted Mean Vote
PPD - Predicted Percentage Dissatisfied
REP - Repetições
R+C - Carga Ambiental
SEM – Sensor Electronics module
SRT – Sem Relação com Tema
Cerdeira, João Paulo i
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
ii
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea
1 INTRODUÇÃO
Este assunto tem uma importância muito grande, no que diz respeito às melhorias de
condições de segurança dos trabalhadores, uma vez que a tendência de expansão da industria
mineira tende a aumentar no decorrer dos próximos anos, onde novas industrias terão inicio de
atividade, e outras já existentes expandem a sua produção.
O aumento significativo da cotação de diversos metais, é um fator de enorme peso na
tomada de decisão para início de atividades exploratórias, pois garantem um retorno económico
muito alto. A par das cotações do mercado, também o desenvolvimento de economias
emergentes é um aspeto que colabora para o aumento da produção, devido à procura de matérias-
primas. Citando António Oliveira e Sousa e João Santos Baptista, segundo divulgações de
(S.A,2008), a produção mundial vem a aumentar de uma maneira progressiva, tendo-se
verificado uma subida de produção de carvão nos Estados Unidos, desde os finais dos anos 80
até 2006, que passou das 573 Milhões de toneladas para 1,100 Milhões de toneladas. No setor
Australiano, também ele uma das maiores potências da indústria mineira do mundo, senão a
maior, prevê uma taxa de crescimento da indústria na ordem dos 85%, que corresponde a criação
de inúmeros novos postos de trabalho, prevendo-se que em 2020, atinja os 215.000.
Estes exemplos mostram a tendência crescente da globalidade da indústria mineira, o que
implica, um aumento de cada vez mais pessoas a enfrentar condições ambientais adversas, e cada
vez mais adversas, situação que promove a investigação e estudos como o presente, para que a
inovação e a tecnologia permita num futuro muito próximo, garantir condições confortáveis às
pessoas envolvidas nesta indústria.
Ainda a título informativo, no que se refere a problemas de saúde gerados no trabalho,
num estudo de (Donoghue, 2004), (Wyndham, 1965) afirma que em minas subterrâneas Sul-
Africanas de Ouro, os golpes de calor sempre foram um problema sério, embora a incidência tem
vindo a diminuir recentemente. No período entre 1956 e 1961, a incidência de golpes de calor
era cerca de 0,24/1000/ano. Segundo (Kielblock and Schutte, 1993) que em 1993, a incidência
era apenas de 0,0468/1000/ano. De acordo com (Shearer, 1990) que no que concerne a exaustão
por calor, não houve ocorrências registadas nas minas Sul-Americanas, embora, em 1990, um
paper Sul-Africano reportava 23 casos de exaustão por calor e 32 casos de cãibras derivadas do
calor. De igual maneira, (Donoghue et al., 2000) afirma que na Austrália, um estudo de um ano
observou uma taxa de incidência de 43.0/106 pessoas/hora numa mina subterrânea. A incidência
em Fevereiro, (é verão no Hemisfério Sul) alcançou 147/106 pessoas/hora. No entanto, não
houve casos de golpes de calor reportados na indústria mineira Australiana (Donoghue 2004).
2 Introdução
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea
O presente estudo recorreu a elementos de uma Indústria Mineira, uma das maiores minas
de Cobre em exploração na Europa da atualidade.
Produção
A Produção atual da mina é superior a 300 mil toneladas de concentrado de cobre e cerca
de 2 mil toneladas de concentrado de estanho.
A mina opera em regime continuo, com turnos de 7,5 horas, durante 6 dias por semana;
metades das equipas trabalham 2ª e ao sábado, e equipas completas de 3ª a 6ª feira.
Na atualidade, a mina produz três tipos de minério:
MC- minério Cu
MH- minério de Cu com penalizantes
MZ – minério zinquífero
A par do minério rico, a mina produz igualmente estéril, divido em dois tipos:
ESC – estéril
ME – estéril com sulfuretos
Em média, operam diariamente 80 desmontes e são feitos 40 disparos de drift por dia.
Os métodos de desmonte utilizados são:
Drift & Fill: Com enchimento hidráulico (fig. 1)
Bench & Fill: Com enchimento de pasta e tight fill com hidráulico nos últimos 2
metros (fig. 2)
Mini Bench & Fill: Com enchimento de pasta e tight fill com hidráulico nos últimos
2 metros (fig. 3)
Pilares de Soleira: Enchimento com gravilha, cimento e hidráulico (fig. 4)
A mina, cujo esquema pode ser visto na figura abaixo (fig. 5) no que diz respeito a
aberturas, têm 160 km de galerias e 60 km de chaminés.
4 Objetivos e metodologia
O acesso aos níveis inferiores é feito através de uma entrada de rampa, 210 m acima do
nível do mar, correspondendo ao nível 1200 e vai até ao nível 550 (742m de profundidade)
Existem 2 unidades de britagem, uma ao nível 550 e outra ao nível 700, ambas com uma
capacidade de 600ton/h.
Para as diversas operações, a mina dispõe de variadas máquinas, para produção e para
transporte:
Jumbos de Furação Drift
Plataformas de Carregamento
Pás Carregadoras
Saneadores Mecânicos
Jumbos Sustimento
Jumbos Data Solo
Jumbos Furação Cabos
Unidades Sustimento
Pás Rolagem
Dumpers
A mina retira uma média de 350m3/h de água de 66m3/h de lamas para a superfície. A lama
é enviada para a barragem de rejeitados, e a água após tratamento, é recirculada ou enviada
para uma ribeira existente nas proximidades do complexo mineiro.
A empresa mineira emprega cerca de 1300 colaboradores (diretos e indiretos), sendo a sua
maioria (cerca de 90%) naturais da região circundante.
6 Objetivos e metodologia
ISO 7933:2004 - Ergonomics of the Thermal Environment – Analytical
determination and interpretation of heat stress using calculation of the predicted
heat strain
ISO 7243:1989 - Hot Environments – Estimation of the heat stress on working man,
based on the WBGT index (wet bulb globe temperature)
ISO 7730:2005 - Ergonomics of the Thermal Environment – Analytical
determination and interpretation of thermal comfort using calculation of the PMV
and PPD indices and local thermal comfort criteria
ISO 8996:2004 – Ergonomics of the Thermal Environment – Determination of
metabolic rate
ISO 9886:2004 - Ergonomics — Evaluation of thermal strain by physiological
measurements.
(Ayyappan, Sankar, Rajkumar, & Balakrishnan, 2009), na construção (Bates, Miller, &
Joubert, 2010),e no setor da industria mineira (Donoghue, 2004), (Donoghue, Sinclair, &
Bates, 2000), (Kalkowsky & Kampmann, 2006), (Onder et al., 2005), desenvolver índices
adequados para determinados ambientes (Liang et al., 2011), aplicação de modelos
matemáticos e estatísticos para avaliação de stresse fisiológico (Givoni & Goldman,
1972),(Liang et al., 2011; Wang, Gao, & Cheng, 2011), (Gehring, Broede, Mehnert,
Griefahn, & Schach, 2001), estabelecer limites de metabolismo, como índice de stresse
térmico (V. S. Miller & Bates, 2007),(D. J. Brake & G. P. Bates, 2002b), avaliar
temperatura interna em ambientes térmicos (D. J. Brake & G. P. Bates, 2002a), promover
Self-Pacing, como medida de prevenção contra o stresse térmico (Miller, Bates, Schneider,
& Thomsen, 2011)
8 Objetivos e metodologia
alta. E nestes ambientes, a facilidade com que o nosso metabolismo produz suor é
reduzida, o que significa um acréscimo da temperatura interna, o que em situações muito
extremas, pode provocar doenças.
A perceção do stresse depende muito do indivíduo inserido no meio, uma vez que varia de
pessoa para pessoa, a capacidade de tolerar determinados ambientes, quer sejam eles frios
ou quentes.
No entanto, a nossa capacidade de tolerância de temperaturas mais baixas em relação a
temperaturas mais altas é bastante superior. Num artigo de (R. Brake & G. Bates, 2002)
citando Sawka et al. (1996), “os humanos são animais tropicais porque:
Contam com termorregulação fisiológica face ao calor, e com termorregulação
comportamental face ao frio;
A neutralidade de temperatura ambiente para um humano sem vestuário e a
temperatura para o mesmo ter um sono tranquilo são relativamente elevadas (27ºC);
Demonstram maior aclimatação ao calor do que ao frio.”
Os humanos têm uma grande capacidade de suportar grandes variações de temperatura
ambiental, no entanto, não suportam grandes aumentos de temperatura interna, pelo que
um aumento de apenas 3ºC pode originar lesões ou em certos casos, levar à morte
(Donoghue et al., 2000).
Em condições normais de saúde e conforto, a temperatura interna do corpo humano
mantém-se aproximadamente constante próxima de 37 +/- 0,8 °C (Gamboa, 2009) graças a
um equilíbrio entre a produção interna de calor devida ao metabolismo e à perda de calor
para o meio ambiente.
Alguns fatores individuais que podem condicionar a situação de stresse térmico são:
Idade;
Peso;
Índice de massa gorda;
Sexo;
Nível de Aclimatação;
Historial Clinico;
Estado geral de Saúde;
Estilo de Vida;
Consumo de substâncias prejudiciais à saúde.
2.3.4 Metabolismo
Eq. 1
No entanto, neste trabalho, a taxa de metabolismo não será calculada, sendo utilizado
valores predefinidos da mesma.
2.3.5 O Vestuário
10 Objetivos e metodologia
A insolação (clo) do vestuário representa uma barreira direta entre a pele e o ar, pelo que
influencia, de uma maneira inversa e linear, a trocas convectivas de calor entre a pele e o
ambiente (Goldman & Kampmann, 2007).
O índice de permeabilidade (im) reflete interferências com a permeabilidade da humidade
normal do vestuário. Assim, a transferência evaporativa através do vestuário é uma função
inversamente linear ao comprimento do percurso difusional, uma vez que a insolação é
função linear da espessura do vestuário e das camadas de ar retidas entre o corpo e o
vestuário. Portanto, pode definir-se a transferência máxima por evaporação (Emax) através
da diferença entre a pressão-vapor da pele e a pressão vapor do ar, com a razão entre a
permeabilidade à humidade intrínseca para o isolamento (im/clo) (Goldman & Kampmann,
2007). A permeabilidade do isolamento e a insolação dependem de fatores como o design,
o encaixe da roupa no corpo, o peso do material, etc (Goldman & Kampmann, 2007).
Algumas relações utilizadas de im/clo para diferentes tipos de roupa e varias velocidades
do ar foram obtidas em medições num manequim estático aquecido, no entanto, outras
relações podem ser consultadas no anexo C da ISO 7730-2005.
O tipo de vestuário usado na aplicação deste método é o designado por Standard Fatigue
Uniforms (STD), e também Protective Overgarments (OG). que são os fatos usados na
industria mineira; os STD são uniformes de calça e manga longa, muito semelhantes a
fatos de mecânico. Os OG, são usualmente designados por EPI (equipamentos de proteção
individual), como é o caso dos capacetes, por exemplo. Os índices de clo e im utilizados
neste trabalho foram obtidos a partir de correlações com a velocidade efetiva do ar (Givoni
& Goldman, 1972):
Tabela 1 - Propriedades dos vestuários em função das Veff
Clo (total) im/clo
STD Fatigues 0,99.Veff -0,25 0,75.Veff 0,25
STD + OG 1,50.Veff -0,20 0,51.Veff 0,20
Assim, os fatores de correlação para o cálculo dos índices usados foram os correspondentes
aos STD + OG, como método de aproximação de realidade por excesso, ou seja, aplicado
às condições com mais severas a nível de vestuário.
Os estudos efetuados até à data apontam para uma grande suscetibilidade das pessoas em
contrair doenças devido ao calor e humidade nas atividades mineiras. O aumento das
temperaturas compromete as funções mentais e um provoca aumento da fadiga, o tem
implicações na segurança no trabalho. As doenças relacionadas com o calor variam desde
cãibras e exaustão por calor até à mais rara e normalmente fatal, o golpe de calor (V. S.
Miller & Bates, 2007).
Trabalhar sob altas temperaturas pode não só causar doenças provocadas pelo calor ou
mesmo morte, mas numa primeira fase provocar diminuição da concentração nas
atividades, o que leva a uma diminuição de produtividade, e a erros que se podem gerar
graves acidentes. Em ambientes onde a humidade é relativamente alta, o perigo aumenta.
No que diz respeito a técnicas de avaliação de stresse térmico, à medida que as
temperaturas do bolbo húmido e do bolo seco se aproximam, mais tensão térmica é sentida
pelas pessoas. Assim, é possível verificar que mais importante do que os valores absolutos
das temperaturas é a margem existente entre ambos, visto ser a humidade relativa a grande
causa da inibição da evapotranspiração (Mitchell, 2007).
Estes sintomas iniciais progridem geralmente para uma perda de coordenação e destreza,
que se traduz em importantes implicações ao nível da segurança e produtividade (Mitchell,
2007).
Irritação da pele
Também conhecida como brotoeja (erupções cutâneas), é causada por impossibilidade de
eliminar o suor durante um longo período de tempo, o que causa inflamação na pele pelo
bloqueio dos poros da pele. A pele pode ficar com umas pintinhas vermelhas que causa
irritação e por vezes dor. Em casos mais complicados, podem ocorrer infeções na pele, que
são um indicador de possível golpe de calor (Mitchell, 2007).
Síncope por calor (desmaio)
O desmaio ocorre quando a circulação do sangue diminui, diminuindo o fluxo de sangue
ao cérebro, o que causa um perda de consciência durante determinado período de tempo
(Mitchell, 2007).
Exaustão por calor:
A exaustão por calor resulta da impossibilidade do fluxo sanguíneo em remover calor do
organismo. A diminuição do volume sanguíneo resulta da desidratação, causada em certa
parte pela falta de consumo de líquidos hidratantes. Assim, se verificado um aumento do
stresse térmico e taxa de trabalho, que causa um aumento excessivo do ritmo cardíaco, e o
intervalo entre as contrações do músculo cardíaco pode não ser suficiente para bombear
12 Objetivos e metodologia
sangue para o mesmo, e como consequência, o fluxo de sangue diminui. Nestas condições,
a temperatura interna pode atingir os 39ºC (Mitchell, 2007).
Alguns sintomas de exaustão são:
Cansaço, sede e tonturas;
Dormência ou tremuras nos dedos das mãos e pés;
Golpe de Calor
Esta é a mais séria de todas as doenças relacionadas com o calor e pode ocorrer quando a
temperatura interna excede os 41ºC (em alguns casos pode atingir os 45ºC), e a
coordenação do sistema nervoso involuntário, nomeadamente a termorregulação, é afetada.
Pode causar danos irreversíveis ao nível dos rins, fígado e cérebro.
O golpe de calor expõe as pessoas a um risco muito alto de fatalidade por paragem
cardíaca e respiratória, pelo que é considerada como situação de emergência médica.
Alguns sintomas de golpe de calor podem ser semelhantes a outros problemas menos
sérios, como o caso de dores de cabeça, tonturas, náuseas, fadiga, sede, falta de ar e
palpitações, mas a doença pode ser verificada subitamente, pelo que pode não passar por
uma fase de exaustão por calor. Outros sintomas deste estado podem ser (Mitchell, 2007):
Impossibilidade de cessar a transpiração, a pele pode apresentar-se quente mas
seca, e pode apresentar borbulhas e vermelhão, e os lábios podem adquirir um tom
azulado.
Desorientação, que se pode tornar séria, na qual as pupilas dilatarão, o olhar torna-
se vidrado, e um comportamento agressivo;
14 Objetivos e metodologia
2.3.9 Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea
Como foi referido anteriormente, o stresse térmico aumenta com a profundidade das minas
devido ao gradiente geotérmico e à autocompressão. A ventilação na indústria mineira é
usualmente fraca, nomeadamente em zonas da mina em desenvolvimento, denominadas
frentes de desmonte. Como é sabido, a refrigeração é algo que fica extremamente cara, daí
ser normalmente insuficiente de modo a que assegure condições térmicas confortáveis. Há
inclusive determinadas minas que não dispõem de refrigeração alguma. E nestas situações,
fatores físicos como a obesidade e dificuldades respiratórias podem ser a causa para a
contração de doenças como a exaustão e golpe de calor (Donoghue & Bates, 2000).
Com o desenvolvimento da indústria mineira, a média da profundidade das minas na china
está a aumentar cerca de 10 metros por ano. Muitas da minas de carvão apenas operam em
regime subterrâneo, e as minas de carvão de 1km de profundidade são cada vez mais
vulgares. À medida que aumenta a profundidade mas minas, o calor radiante emanado
pelas rochas envolventes é cada vez maior, chegando a atingir-se temperaturas nas frentes
de desmonte de 30 a 40ºC. (Wang et al., 2011)
A par dos aumentos de profundidade de mina que equivale por si só ao aumento da
temperatura ambiente, também o recurso a máquinas contribui para uma maior degradação
da qualidade do ar. Por estas razões é de extrema importância o desenvolvimento de
tecnologias que minimizem a agressividade das condições de trabalho, pois são um grande
obstáculo à segurança e à saúde das pessoas.
Um dos principais fatores que contribui para a produção de calor metabólico é a atividade
muscular, assim, aqueles que trabalham em ambientes mineiros têm problemas acrescidos
(V. S. Miller & Bates, 2007).
A produção de Calor, proveniente da atividade muscular é normalmente o componente
principal do stresse térmico durante o exercício; o calor é armazenado no corpo em função
da massa corporal, do calor específico dos tecidos humanos e da sua temperatura media. A
alteração aos níveis de calor do corpo resulta em alteração à temperatura corporal. Para
manter um nível de temperatura do corpo tolerável durante o exercício, a carga de calor
metabólico tem de ser balanceada, por uma transferência igual de calor do corpo para o
ambiente. A transferência de calor entre o corpo e o ambiente ocorre, for fluxo térmico, e
para níveis de temperatura e humidade mais baixos, através de três processos físicos:
Radiação, Convecção e Evaporação. Geralmente, as transferências de calor promovem as
perdas de calor pelo corpo para o ambiente, mas o calor também pode ser fornecido pelo
ambiente e ser adicionado à carga metabólica do corpo, quando as condições ambientais
não permitem a libertação de calor do corpo (Brotherhood, 2008).
16 Objetivos e metodologia
2.4.4 Carga Ambiental (R+C)
Este parâmetro, apesar das descrições e método de cálculo de cada um deles descrito
acima, é feito de uma outra maneira, de acordo com certas condições ambientais e
individuais. A equação usada para o cálculo de (R+C), para um homem de área superficial
de 1.8m2 é a equação seguinte (eq.4):
– , em W/°C Eq. 4
O trabalho externo é o trabalho produzido pelo corpo de um indivíduo, como por exemplo,
o levantar de pesos, que é parte de energia produzida pelo corpo mas que não é convertida
em calor, de acordo com a lei da conservação de energia; no entanto é possível converter
este trabalho externo (kg.m/min) no seu calor equivalente (W). Assim, o trabalho externo
Wex (W) executado por um indivíduo de massa mt (kg), durante uma atividade com v
(m/s) a uma inclinação G (%) é dado pela equação5
Eq. 5
A carga metabólica é dada pela diferença entre a taxa metabólica do indivíduo e a energia
convertida em trabalho externo efetuado pelo individuo de massa mt, a uma velocidade v e
inclinação G, como sugere a seguinte equação (eq.6):
Eq. 6
Para o cálculo do parâmetro Ereq é (Givoni & Goldman, 1972) utiliza-se a seguinte
equação (eq.7):
Eq. 7
Convecção (R+C). Claramente, o valor Ereq dá uma estimativa da sudação necessária, mas
para que seja atingido o balanco térmico, suor suficiente tem de ser evaporado. A
evaporação adequada pode ser atingida dependendo de dois fatores: de a produção de suor
ser suficiente por parte do corpo e do ambiente permitir a evaporação suficiente de suor
corporal. (Brotherhood, 2008).
Para o cálculo de Emax, a equação a usar (eq.8) é (Givoni & Goldman, 1972):
– em W/mmHg Eq. 8
Para o cálculo da massa liquida perdida durante a atividade, foi desenvolvida uma equação
com base no Arrefecimento evaporativo requerido (Ereq) e capacidade evaporativa
(Pandolf, Stroschein, Drolet, Gonzalez, & Sawka, 1986) (eq.9):
, em g/hora Eq. 9
Assim, os efetivos valores de im e clo, são calculados através da relação com a velocidade
efetiva do ar, através das equações presentes na tabela 1 da página 28.
18 Objetivos e metodologia
2.4.11 Temperatura retal no equilíbrio
O cálculo da temperatura retal final (Givoni & Goldman, 1972), ou seja, a temperatura
retal no equilíbrio, pode ser efetuado, usando a velocidade efetiva e as propriedades
termofísicas do vestuário, ou seja, a partir das condições de exposição, de acordo com a
equação seguinte (eq.11):
)
Eq.11
Os padrões de tempo da temperatura retal tiveram de ser analisados para três diferentes
condições; assim, foi analisado o padrão temporal para indivíduos no descanso em
ambiente de stresse térmico, o padrão de elevação da temperatura retal durante o trabalho
nas mesmas condições, e a recuperação da temperatura retal depois do trabalho (no
descanso).
Durante o descanso, quando as condições climáticas são de stresse térmico, demora algum
tempo até que se verifiquem alterações detetáveis na temperatura retal, tempo este que
designaremos por time lag, ou atraso temporal. A taxa de subida da temperatura é lenta no
início, depois acelera e volta a abrandar até atingir a nova temperatura de equilíbrio. Este
complexo padrão temporal, pode ser descrito pela seguinte equação (Givoni & Goldman,
1972) (eq.12):
Resting Eq. 12
Onde,
Tret - é a temperatura retal para qualquer instante t;
Tre0 - é a temperatura retal de referência, que é considerada como sendo de 37ºC;
ΔTre - é a diferença entre temperatura retal no equilíbrio Tref e a temperatura interna de
referência Tre0;
t - é o tempo (em horas), com t-0,5 a promover um atraso de tempo de 30minutos (0,5
horas) até que a elevação atinja 0,1 da variação total.
Onde,
Tret - é a temperatura retal em qualquer instante t;
td – é o time lag (h) aplicado ao fator temporal devido ao trabalho produzido pelo
individuo. Este time lag, ou atraso temporal, é maior ou menor, dependendo do nível de
trabalho produzido (taxa de metabolismo), diminuindo o atraso temporal em função do
crescimento da taxa de metabolismo. Segundo (Givoni & Goldman, 1972), o atraso
temporal para uma taxa metabólica de 350W é de 10 minutos, e cerca de 6 minutos para
uma taxa metabólica de 580W; assim, este atraso pode ser quantificado através da seguinte
relação matemática (eq.15):
Eq. 15
Adiante, poderá ser verificado graficamente, que a curva de temperatura retal durante o
trabalho (Tretwork) parte de valores abaixo da temperatura retal de referencia (T re0); esta
situação deriva do facto de se partir sempre de um instante t=0, e como o fator temporal em
Tret no trabalho é dado por uma exponencial (t-td), para valores de t inferiores a td, a
segunda parcela da equação ( )torna-se negativa, pelo que esse
valor é subtraido a Tre0, daí se observar o começo da curva abaixo da temperatura
prevista.
A fórmula usada para o cálculo da temperatura retal (Givoni & Goldman, 1972) durante o
período de recuperação é a seguinte (eq.16):
Recuperação ( ) Eq. 16
Onde,
Tret - é a temperatura retal em qualquer instante t;
Trew – é a temperatura retal no inicio do decréscimo; o valor de temperatura retal inicial de
recuperação, depende da temperatura atingida no final do trabalho; no entanto, devido à
inércia do corpo, a temperatura retal sofrerá, nos primeiros momentos da recuperação, uma
ligeira subida de temperatura; assim, foi empiricamente considerado que a temperatura no
inicio do decréscimo é a soma da temperatura final do trabalho com metade da temperatura
retal no durante o trabalho.
Trer – é a temperatura retal de descanso no equilíbrio; note que, para o cálculo deste
parâmetro, o valor de metabolismo corresponde ao valor de taxa de metabolismo basal,
20 Objetivos e metodologia
uma vez que o trabalho exercido pelo individuo durante esta etapa é muito pouco, ou quase
nulo;
tdrec – é o time lag durante a recuperação; o time lag de recuperação (Givoni & Goldman,
1972) pode ser obtido a través da seguinte equação (eq.17):
Eq. 17
Onde,
CPeff – poder de arrefecimento efetivo (Givoni & Goldman, 1972), que pode ser calculado
através da equação (eq.19):
Eq. 19
O conforto térmico é uma condição muito subjetiva da mente que é expressa pela
satisfação face ao ambiente térmico, como foi anteriormente dito. O ambiente térmico
incorpora as características do mesmo que afetam a perda de calor das pessoas. No que diz
respeito a sensações corporais, o ambiente térmico pode ser avaliado através de uma escala
de sensações que vão desde o “muito” frio até ao “muito quente”. Do ponto de vista
psicológico, o conforto térmico ocorre quando se dá um equilíbrio térmico entre o corpo
humano e o ambiente, que se traduz por uma ausência de transferência de calor entre os
mesmos (não ocorre transpiração). Os fatores de maior influencia no conforto térmico são
a temperatura do ar, a humidade relativa, o movimento do ar e o calor radiante (Sherif
Mohamed, 2002).
2.5.1 Temperatura do ar
Uma humidade relativa entre 40% e 70% não tem um grande impacto no conforto térmico.
Em determinados locais, como escritórios, é usual manter-se ambientes com humidades
entre os valores acima indicados, por causa dos dispositivos eletrónicos, como é o caso de
computadores. No entanto, em locais de trabalho que não contenham ar condicionado, ou
em que as condições climatéricas do exterior possam influenciar o ambiente térmico
interior, a humidade relativa pode ser superior a 70%, em dias mais quentes.
A humidade em ambientes fechados, pode variar muito, e pode depender dos processos em
atividade, como por exemplo em lavandarias e fabrico de papel, onde há libertação de
vapores. Ambientes com humidade muito alta contêm muito vapor no ar, o que condiciona
a evaporação do suor corporal. Em ambientes quentes, a humidade é um fator muito
importante, pois não permite a evaporação do suor corporal (humidade na ordem dos
80%). A evaporação do suor é o mais importante meio de libertar calor do corpo humano.
Quando são usados Equipamentos de proteção individual (EPI), a humidade dentro da
roupa aumenta com o aumento da transpiração, e é conservada, uma vez que o suor não
consegue evaporar, Quando um trabalhador utiliza equipamentos deste género (fatos de
amianto ou anti produtos químicos), cria-se um microclima no interior do fato, em que a
humidade pode ser muito alta.
A humidade da atmosfera tem muito pouco efeito na sensação de conforto térmico quando
as temperaturas são por si só confortáveis, a não ser que as temperaturas não o sejam (no
caso de serem altas ou baixas). Das várias medidas de humidade, o valor da humidade
relativa (HR) é a mais relevante, uma vez que determina a taxa de evaporação possível.
A humidade da pele evapora muito mais rápido num ambiente seco do que num ambiente
húmido. Ambientes quentes onde o ar se encontre saturado (humidade a 100%) não há
qualquer arrefecimento por evaporação.
2.5.3 Velocidade do ar
22 Objetivos e metodologia
A atividade física também é um fator que aumenta a circulação do ar, então, uma pessoa
em atividade física, nomeadamente corrida, não é tao influenciada pela velocidade do ar
como no caso de uma pessoa em repouso.
O calor radiante é o calor que é radiado de um corpo quente. Este calor está presente se
num determinado ambiente existirem fontes de calor. Este calor tem especial efeito na
sensação térmica. Quando o calor atinge a superfície corporal, há uma resposta sensorial
do organismo. No caso de o calor atingir outra superfície, como roupa, o calor é convertido
em radiação por ondas eletromagnéticas, causando sensação de calor por agitação
molecular, que atravessam o material até à superfície da pele.
As combinações entre Calor Radiante Médio (CRM) e Temperatura do Bolbo Seco darão
uma sensação térmica de 21,11ºC. O MRT é a Media da Radiação Térmica medida em
todos os materiais presentes no ambiente, tal como o chão, as paredes, outras pessoas, etc.
(Wang et al., 2011).
Para além dos parâmetros descritos acima, ditos ambientais, também outros podem ser
tidos em conta quanto à avaliação do conforto térmico, tratando-se estes de fatores
específicos da pessoa envolvida nesse ambiente, que são o caso da taxa de metabolismo e o
vestuário, que de certa maneira podem influenciar bastante o conforto térmico.
São diversos os índices que foram construídos para medir o grau do stresse térmico sentido
pelas pessoas. Esses mesmos índices, que têm essencialmente por base parâmetros
relativos ao ambiente, podem ser categorizados em três grupos: os índices racionais, os
índices empíricos, e os índices diretos.
Estes índices são construídos como base nas tensões objetiva e subjetiva causadas pelo
calor, e podem também incorporar respostas fisiológicas e percetuais ao aumento do
stresse térmico.
Alguns exemplos destes índices são: Cumulative Heat Strain Índex (CHSI), Perceptual
Strain Índex (PeSI) e Physiological Strain Índex (PhSI).
São construídos com base em variáveis ambientais, variáveis estas que podem ser
empíricas.
Como exemplo, alguns destes índices são: Dry-bulb Temperature, Wet-Bulb Temperature,
Temperature-Humidity Índex (THI), Effective Temperature, Oxford Índex, Wet-bulb Globe
Temperature (WBGT), e Environmental Stresse Índex (ESI).
Entre estes três grupos, os índices racionais e empíricos são considerados sofisticados, uma
vez que requerem medições contínuas ou regulares das variáveis fisiológicas. A sua
aplicação e fiabilidade nos locais de trabalho são questionáveis. Assim, um índice de
stresse térmico ideal será um que seja simples de determinar, que seja de confiança e
inequívoco na apresentação dos seus resultados, e que não necessite de conhecimento
específico para a sua interpretação. Os índices diretos apenas envolvem medidas das
variáveis ambientais básicas, daí a sua facilidade em serem usados. Assim, muitas das
normas de saúde e segurança associadas ao stresse térmico ambiental usam uma
abordagem direta. De todos os índices diretos, o WBGT é atualmente o índice mais usado
em todo o mundo. Contudo, os coeficientes inerentes ao índice foram determinados
empiricamente e não têm qualquer significado físico ou correlação com fatores fisiológicos
(Liang et al., 2011).
No seguimento deste estudo, como avaliador de stresse térmico, será utilizado índice
WBGT (ISO 7243:1989), o qual passamos a apresentar.
Este padrão pode ser utilizado em ambiente industrial, para avaliar o stresse térmico ao
qual um indivíduo é sujeito num ambiente quente, com o qual se obtém um rápido
diagnóstico.
Este aplica-se à avaliação do efeito médio do calor no homem, durante um período
representativo da sua atividade, não podendo ser aplicado à avaliação do stresse térmico
sofrido pelo mesmo durante um período de tempo não representativo, nem para a avaliação
de stresses térmicos próximos das designadas zonas de conforto.
24 Objetivos e metodologia
Uma análise detalhada da influência do ambiente no stresse térmico requer um
conhecimento dos seguintes quatro parâmetros básicos: temperatura do ar, temperatura
radiante média, velocidade do ar, humidade absoluta. Contudo, uma estimativa global
desta influência pode ser feita medindo parâmetros derivados destes parâmetros, os quais
são função das características físicas do ambiente usado.
O índice WBGT combina medições de dois parâmetros, a temperatura do bolbo húmido
natural (tnw) e a temperatura do globo (tg), e em algumas situações, é usada também a
medida da temperatura do ar (ta) (temperatura do bolbo seco).
As expressões seguintes são usadas para o cálculo do índice em ambientes sem exposição
solar (eq.20) e com exposição solar (eq.21), são, respetivamente:
Eq. 20
Eq. 21
No caso em questão irá ser usada a primeira expressão que se refere a ambientes sem
exposição solar.
Cálculo das variáveis tnw e tg
As temperaturas medidas por estes dois sensores dependem da temperatura e da velocidade
do ar, da humidade relativa do meio e da temperatura das superfícies envolventes. Estas 4
variáveis ambientais são também as variáveis com influência sobre o balanço térmico do
corpo humano. Desta forma foi possível encontrar uma combinação dos valores de
temperatura medidos por estes dois sensores que traduz, de forma bastante precisa, o
comportamento térmico dos seres humanos.
Temperatura do globo
Temperatura medida por um termómetro normal colocado no interior de um globo
(diâmetro = 150 mm) pintado de negro. O globo troca calor por radiação com as
superfícies envolventes e por convecção com o ar (fig.7).
Uma vez conhecido o valor de WBGT é possível, mediante comparação com valores de
referência, determinar o nível de “stresse” térmico a que o trabalhador está sujeito e, caso
se justifique, limitar o seu tempo de exposição às condições térmicas que originam o
“stresse” térmico medido (Sá, 1999).
(Sá, 1999)
Se o índice WBGT for superior aos valores indicados na tabela será necessário
implementar uma de duas soluções alternativas (partindo do princípio que nada se pode
fazer quanto à atividade do trabalhador):
Diminuir o tempo de permanência no local de trabalho (por exemplo, criando
um esquema de turnos que permita alternância nos locais mais críticos);
Criar condições que permitam uma redução do índice WBGT do local (Sá,
1999).
26 Objetivos e metodologia
Vote) e PPD (Predicted Percentage of Dissatisfied), e critérios de conforto térmico locais,
apresentando condições para que se assegure o conforto térmico nos diversos locais. A
avaliação é aplicável tanto aos homens a como mulheres saudáveis e que estejam expostos
em ambientes fechados onde o conforto térmico é desejado, e onde ocorrem variações
ligeiras ao conforto térmico, com o objetivo de redesenhar novos ambientes ou reestruturar
ambientes já existentes. Embora, seja um padrão desenvolvido especificamente para locais
de trabalho, é aplicável a outras situações.
Este índice quantifica o valor médio das votações efetuadas num grande grupo de pessoas
com base na escala de 7 pontos de sensação térmica, baseada no equilíbrio de calor do
corpo humano. O equilíbrio térmico é obtido quando a produção interna de calor no corpo
é igual às perdas de calor para o ambiente. Num ambiente moderado, o sistema de
termorregulação humano automaticamente reage à diferença, tentando baixar a temperatura
da pele com a libertação de suor para que se ajuste o balanço de calor.
Onde:
M – Taxa de metabolismo do corpo
L – Carga Térmica do corpo, definida como a diferença entre a produção de
calor interno e a perda de calor para o ambiente real para uma pessoa
hipoteticamente mantida a valores de conforto de temperatura da pele, e perda
de calor por evaporação pela transpiração ao nível da atividade efetiva
Como vimos anteriormente, o PMV prevê o valor médio de votos de sensação térmica de
um grande grupo de pessoas expostas a um mesmo ambiente. No entanto, os votos
individuais são misturados no seio deste voto médio global, não evidenciando um número
concreto de pessoas que possam sentir de maneira mais intensa o frio e o calor, às quais
podemos atribuir a designação de pessoas insatisfeitas.
Assim, recorrendo ao PPD, é possível calcular uma percentagem das pessoas insatisfeitas
termicamente, da população total da qual foi calculado o PMV,
De acordo com a tabela de 7 pontos de sensação térmica para o cálculo do PMV, são
consideradas pessoas insatisfeitas aquelas que votaram “muito quente”, “quente”, “frio” e
“muito frio”.
Matematicamente, esta percentagem é descrita da seguinte forma (eq.23):
Eq. 23
(ISO 7730:2005)
28 Objetivos e metodologia
3 OBJETIVOS, MATERIAIS E MÉTODOS
O objetivo fundamental dos estudos em vigor, consistem em avaliar a forma como varia a
temperatura interna de um indivíduo durante as diferentes fases da sua atividade, face às
características do meio envolvente.
Como objetivos secundários pretende-se:
Monitorizar os parâmetros fisiológicos de um indivíduo e parâmetros relativos
ao meio ambiente no qual os mesmos estão inseridos.
Determinar condições impróprias para o desempenho da atividade.
Determinar tempos limite de exposição nas atividades
Determinar fatores condicionantes para o desempenho da atividade
Determinar as taxas de sudação dos trabalhadores.
Para a obtenção dos objetivos propostos à execução do trabalho, foi feita em primeiro
lugar, uma pesquisa bibliográfica, como fonte dos elementos científicos necessários à
execução do trabalho. Seguidamente, foi adotado um modelo de cálculo de previsão dos
parâmetros que se pretendia analisar. Uma vez selecionado o modelo, o mesmo foi
manipulado através de um algoritmo que facilitasse a combinação das fórmulas
constituintes desse modelo. Depois de criado o algoritmo, o mesmo foi validado, uma vez
que os resultados obtidos através do algoritmo eram coincidentes com os resultados
ilustrados no artigo.
Posto isto, foram inseridos no algoritmo, a variáveis de entrada que definem o ambiente em
que os mineiros são expostos, assim como os parâmetros relacionados com os mineiros.
Como resultados, foram obtidas diversas curvas ilustrativas do comportamento da
temperatura interna dos mineiros em função do ambiente em exposição.
O modelo de previsão adotado, foi um modelo proposto por Givoni & Goldman, em 1972,
fruto de estudos experimentais no US Army Research Institute of Environmental Medicine.
Givoni e Goldman desenvolveram um formulário que permite a previsão da temperatura
retal do homem no decorrer de uma atividade, face ao trabalho efetuado, às condições
ambiente e às propriedades do vestuário.
Para verificar o comportamento da temperatura retal durante uma atividade, Givoni &
Goldman desenvolveram 3 fórmulas, uma para cada um dos estágios da mesma, sendo
elas, o repouso, a atividade, e a recuperação depois da atividade.
As fórmulas apresentadas no artigo foram manipuladas respeitando certas condições, tal
como parâmetros individuais e ambientais de referência, condições essas que foram
respeitadas, pelo que o seu uso foi assim viável. Desta feita, algumas das fórmulas não
foram utilizadas, pelo que foram substituídas por valores de referência.
30 Objetivos e metodologia
Para a criação das 3 fórmulas correspondentes aos 3 estágios da temperatura rectal, outras
fórmulas foram desenvolvidas para cálculo dos parâmetros intrínsecos às 3 fórmulas
primordiais.
Para manipulação das mesmas fórmulas, uma vez que tal qual elas se apresentavam no
artigo não permitiam o cálculo direto das variáveis pretendidas, foram efetuadas algumas
conversões, quer de fórmulas, quer de unidades, e que serão explicadas aquando da
apresentação das mesmas.
O cálculo dos parâmetros foi todo produzido em Microsoft Visual Basic for Aplications
(VBA), para uma manipulação mais simples dos dados posteriormente no Microsoft Excel.
Assim, o primeiro passo foi criar funções para todas as variáveis necessárias aos cálculos:
Onde:
mt – peso do corpo nu + vestuário e acessórios (kg);
v – velocidade do movimento (m/s);
G – inclinação (%);
Nota: Wex exprime-se em W.
Onde:
M –Metabolismo (W);
mt – peso do corpo nu + vestuário e acessórios (kg);
v – velocidade do movimento (m/s);
G – inclinação (%);
Nota: Mnet exprime-se em W.
Onde:
clo – insolação, ou Resistencia térmica total do vestuário;
Ta – temperatura do ar (ºC);
Nota: Hrc exprime-se em W/ºC.
32 Objetivos e metodologia
Função para o cálculo do Arrefecimento Evaporativo Requerido (Ereq)
Onde:
Mnet – Carga de Calor Metabólico (W);
Hrc – Trocas de Calor com o Ambiente (W/ºC);
Nota: Ereq é adimensional.
Onde:
imclo – razão im/clo;
PhiPa – pressão de vapor do ar (mmHg);
44 – pressão vapor da pele (mmHg), assumindo a sua temperatura como sendo
36ºC;
Nota: Emax exprime-se em W/mmHg.
Onde:
Vair – Velocidade do Ar (m/s);
M – Metabolismo (W);
Nota: Veff exprime-se em m/s.
Onde:
M – Metabolismo (W);
Wex – trabalho externo (W);
clo – insolação, ou resistência térmica total do vestuário;
Ta – temperatura do ar (ºC);
Ereq – Arrefecimento evaporativo requerido;
Emax – Capacidade Evaporativa (W/mmHg);
Nota: Tref exprime-se em (ºC).
Onde:
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);
t = tempo (h), com t-0,5 a permitir um lag inicial na mudança da temperatura retal
no repouso, quando a elevação atinge cerca de 0,1 da total mudança;
Nota: Tret exprime-se em (ºC).
34 Objetivos e metodologia
Função para o cálculo da temperatura retal durante o trabalho (Tretwork)
Onde:
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);
k = Constante temporal (ºC/h);
t = tempo (h);
td = time lag (h);
Nota: Tretwork exprime-se em (ºC).
Onde:
k = Constante temporal (ºC/h);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC);
Onde:
M – Metabolimo (W);
Nota: td exprime-se em (h).
Onde:
CPeff - Poder de arrefecimento efectivo;
imclo – relação im/clo;
PhiPa – Pressão Vapor do ar;
Ta – Temperatura do ar.
36 Objetivos e metodologia
Onde:
Imclo - relação im/clo;
clo – índice de vestuário (insolação), calculado através da correlação de Veff com o
tipo de vestuário em uso;
Trew – Temperatura retal no início da descida da temperatura na recuperação;
Trer – Temperatura retal do descanso em equilíbrio;
alpha – constante temporal de recuperação;
tdrec – timelag na recuperação, entre o fim do trabalho e o inicio da descida da
temperatura;
CPeff – Poder de arrefecimento efectivo;
PhiPa – Pressão Vapor do ar (mmHg);
Ta – Temperatura do ar (ºC);
t – tempo (horas).
Onde:
Tret – Padrão temporal das alterações na temperatura interna em resposta ao
trabalho;
Trew - Temperatura retal no início da descida da temperatura na recuperação (neste
caso particular, considera-se ser igual a tret/2);
Ta – Temperatura do ar (ºC);
HR – humidade relativa;
Imclo - relação im/clo;
alpha – constante temporal de recuperação;
Trer – Temperatura retal do descanso em equilíbrio;
tdrec – timelag na recuperação, entre o fim do trabalho e o inicio da descida da
temperatura;
CPeff – Poder de arrefecimento efectivo.
Onde:
0,1^a = alteração relativa da temperatura no repouso;
Tre0 = temperatura retal inicial (ºC);
VarTre = diferença entre Tref e Tre0 (ºC).
Onde:
Ta = temperatura do ar (ºC)
a, B, C = coeficientes relativos à equação de Antoine
(esta fórmula tem por base a equação de Antoine)
Onde:
Ereq – Arrefecimento evaporativo requerido;
Emax – Capacidade Evaporativa (W/mmHg).
38 Objetivos e metodologia
3.3.3 Recolha de dados
Este trabalho foi efetuado com base em dados recolhidos num complexo mineiro em
frentes onde decorriam atividades, pelo que a avaliação dos seus parâmetros ambientais
fazem sentido serem analisados, para quantificar o impacto provocado nos mineiros
submetidos a tais condições.
Os dados a tratar são relativos a várias áreas de produção, e são referentes à temperatura do
ar, humidade relativa do ar e velocidade do ar.
Para este estudo, foram utilizados valores standard relativamente a taxas de metabolismo.
Uma vez que o estudo incidiu numa mina subterrânea, de acordo com a ISO 8996 -
Ergonomics of the thermal environment — Determination of Metabolic Rate, os dados
foram tratados segundo os seguintes parâmetros:
Metabolismo calculado tendo como referência um indivíduo com:
30 Anos de idade,
Peso 70 kg
1,75m de altura
Área de superfície corporal de 1,8m2.
O tipo de metabolismo selecionado foi feito segundo o método “1B – Classificação de
acordo com o tipo de atividade”, recorrendo à tabela “A.2 – Classificação da taxa de
metabolismo por categoria”.
O nível de metabolismo mais baixo pertence simultaneamente às classes 1 e 2,
correspondente a taxa metabólica baixa, e taxa metabólica moderada, respetivamente, uma
vez que a taxa de metabolismo selecionada para o estudo foi de 130 W/m2. O nível mais
alto de metabolismo pertence simultaneamente à classe 2 e classe 3, uma vez que é o valor
mais alto da Classe 2, correspondente ao valor mais baixo da classe 3, sendo a taxa de
valor 200 W/m2.
Multiplicando os valores da taxa de metabolismo, pela área superficial do individuo em
estudo, obtemos os Metabolismos das tarefas, em Watts:
M = 130 * 1.8 = 234 W;
M = 200 * 1.8 = 360 W.
Assim, como parâmetros de entrada “Standard”, e constantes (indivíduo), temos:
Peso do indivíduo = 70 kg;
Metabolismo produzido pelo indivíduo = 234 W e 360W.
Como parâmetros variáveis, temos os dados relativos ao Ambiente:
Temperatura do Ar (ºC);
Humidade Relativa (%);
Velocidade do Ar (m/s).
A segunda parte deste trabalho, como complemento da primeira em que foi aplicado um
modelo teórico de cálculo da temperatura interna durante a atividade física em ambientes
térmicos, consistiu num ensaio prático através do qual se pretendia avaliar a variação da
temperatura interna de um indivíduo quando submetido a um determinado ambiente
térmico.
Na realização desta experiencia, foi utilizado um conjunto de equipamentos, de simulação
de ambiente e atividade, nomeadamente uma câmara ambiental e uma passadeira de
exercício da General Electric, modelo T2100.
Para a recolha dos biosinais foram utilizados três aparelhos, nomeadamente um medidor de
temperatura interna, as cápsulas ingeríveis Jonah, um recetor para recolha dos dados
recolhidos pela cápsula, o EQ02 Monitor, da Equivital, um conjunto de termístores
medidores de temperatura externa e respetivo recetor de sinal Monitor Plux, e por fim, um
eletrocardiograma, também da General Electric (que é ligado à passadeira), medidor da
frequência cardíaca.
O ensaio teve a duração de quase duas horas, sem intervalos nem ingestão de líquidos e foi
feito para as seguintes condições:
Temperatura ambiente: 35ºC;
Humidade Relativa: 80%;
Velocidade de atividade variável (entre os 0 e os 8 m/s);
Inclinação 1%.
No entanto, para alguns dispositivos, apenas temos dados de uma hora de ensaio,
nomeadamente a prova de esforço.
A metodologia de preparação do ensaio foi a seguinte:
Teste individual de cada um dos equipamentos;
Teste coletivo de todos os equipamentos;
Criação do ambiente térmico a utilizar;
Pesagem do corpo nu;
Colocação dos equipamentos no corpo;
Entrada na câmara;
Teste (aprox.1 hora);
Pesagem do corpo nu.
40 Objetivos e metodologia
que faz com que na realidade, as temperaturas não sejam tão altas, não há um Self-Pacing
por parte do indivíduo em atividade, uma vez que, durante a prova de esforço não houve
pausas (v = 0).
Descrição da variação da velocidade no protocolo:
O ensaio teve inicio às (12:05:18) com v=0m/s; as 12:06:17 passou para 4/ms, as 12:10:17
desceu para 3,5 m/s; as 12:14:20 volta aos 4 m/s, as 12:49:47 sobe para os 6m/s; as
12:51:17 sobe para os 7m/s; as 12:29:26 atinge o maximo de 8,3m/s; aos 12:30:47 desce
para 4m/s; aos 12:41:18, por incapacidade do indivíduo de prosseguir o teste de esforço, é
desligada a passadeira (0m/s).
Durante a prova de esforço, o indivíduo ficou privado da ingestão de líquidos, o que
dificulta ainda mais a sua resistência à atividade, mas o nível de atividade impresso na
prova de esforço e as condições a que estava sujeito, foram os principais impulsionadores
da interrupção da prova, que levaram o indivíduo a parar a prova. Para a criação das
condições a estudar foi utilizada uma câmara ambiental para controlar o ambiente (fig.10 e
fig.11), e uma passadeira para exercer a atividade, de modo a quantificar a frequência
cardíaca ( fig.12):
42 Objetivos e metodologia
Figura 13 – Cápsula ingerível Jonah1
Características:
A cápsula, revestida de um material plástico, é naturalmente de pequena dimensão,
de modo a ser ingerida com facilidade (8,7mm diâmetro e 2,7mm comprimento) e
tem um peso de 1,6 gramas.
Como características técnicas, a cápsula mede temperaturas entre os 25ºC até 50ºC,
com uma margem de erro máxima de 0,25ºC, mas para casos onde a temperatura se
encontra abaixo dos 37ºC. Uma vez que a gama de temperaturas com que se opera
estará sempre acima dos 37ºC, a margem de erro máxima é de 0,1ºC, sendo típico
não ultrapassar os 0,05ºC.
A frequência amostral da cápsula é de 15 segundos.
O alcance máximo para transferência de dados é de 1 metro.
O tempo de permanência no organismo varia de acordo com o individuo em estudo,
podendo apenas durar 12 horas, mas em condições ideais o tempo de permanência é
de 48 horas.
Para o funcionamento da cápsula, esta necessita de ser ativada antes de ingerida, com um
dispositivo de ativação da Equivital, o Hidalgo(fig.14):
1
(Fonte: http://www.bmedical.com.au/shop/core-body-temperature-capsule-ingestable-jonah.html)
Na parte externa do aparelho, são visíveis sensores, que recolhem dados relativos à
saturação de oxigénio do ambiente, à resposta da pele face ao ambiente, e para o caso em
questão, recolhe dados emitidos pela cápsula de temperatura Jonah. O EQO2 é ligado a um
colete (fig.16), também da Equivital, colete este que tem de estar bem ajustado ao corpo do
monitorizado, pois os dados recolhidos pelo monitor podem sofrer erros se o colete
apresentar folga, nomeadamente a temperatura da pele e frequência cardíaca.
A análise dos dados recolhidos pelo EQO2, pode ser feita em tempo real, com recurso a
um dispositivo Bluetooth, e com software apropriado devidamente instalado,
nomeadamente o eqView, da Equivital.
No eqView (fig.17), poderemos ver dados relativos a um ou mais sujeitos que estão a ser
monitorizados, e o interface mostra-nos os diferentes parâmetros em análise e os seus a
valores no instante de observação:
44 Objetivos e metodologia
Figura 17 - Interface do software eqView, da Equivital
(Fonte: eqView Software)
TempPlux Temperature Sensor – NTC thermistors são sensores que foram desenvolvidos
para aplicações biomédicas e podem ser utilizados para medições de temperatura na gama
dos 0ºC até 50ºC.
A temperatura pode ser obtida através de uma equação que relaciona a resistência dos
termístores com a temperatura.
A equação em questão é a equação de Steinhart-Hart,
Eq. 24
Em que a0, a1 e a2, são coeficientes que variam na equação de acordo com o tipo de
termístores utilizados no ensaio:
46 Objetivos e metodologia
Criação do algoritmo para a conversão de dados
Recorrendo a Microsoft Visual Basic for Aplications (VBA), foi criado um algoritmo para
facilitar o cálculo dos valores de temperatura.
Note que, as constantes a0, a1 e a2, correspondem aos termístores de resistência 2.252kΩ:
Para a recolha dos dados captados pelos termístores, foi usado o método de 8 pontos
(tabela 5) que consta da ISO 9886:2004 - Ergonomics - Evaluation of thermal strain by
physiological measurements:
B.2 Measurement of skin temperature
8
Sitios
pontos
1 testa 0,07
2 pescoço
3 omoplata direita 0,175
4 peitoral esquerdo 0,175
5 braço direito 0,07
6 antebraço esquerdo 0,07
7 mão esquerda 0,05
8 abdómen direito
9 paravertebral esquerda
10 coxa direita frente 0,19
11 coxa esquerda frente
12 canela direita
13 gémeo esquerdo 0,2
14 peito do pé direito
(Fonte: ISO 9886:2004)
Os sensores foram assim colocados nos locais respetivos segundo o método dos oito
pontos, como evidenciado na fig.19:
.
.
48 Objetivos e metodologia
3.3.8 Medição da frequência cardíaca
Para recolha de dados relativos de frequência cardíaca, foi usado o Treadmill T2100, da
General Electric, para definir parâmetros necessários à definição do Metabolismo,
nomeadamente a velocidade e a inclinação. O outro parâmetro, mt é constante e é relativo
ao indivíduo. Neste caso, esse parâmetro tinha de valor 81 (kg).
O outro dispositivo utilizado, é um ECG, eletrocardiograma, também da General Electric
(fig.23), que é colocado à cintura, e os 10 sensores são colocados em 10 pontos do corpo
(fig.24):
Os elétrodos não podem ser colocados de modo arbitrário pelos pontos do corpo, pelo que
cada um tem a sua própria designação; os elétrodos têm as designações C1 vermelho, C2
amarelo, C3 verde, C4 marrom, C5 preto, C6 roxo, L amarelo, R vermelho, F verde e N
preto.
Assim, para cada elétrodo corresponderá um determinado ponto corporal, de acordo com a
tabela (tabela 6) seguinte:
50 Objetivos e metodologia
Ambiente Térmico na Atividade Mineira Subterrânea
4 DADOS E RESULTADOS
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C)
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas b) Tempo - horas
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,5 39,0
39,0 38,5
38,5 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
38,0
37,5
37,5
37,0
37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
b)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas
b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,5 39,5
39,0 39,0
38,5 38,5
Tre ( °C )
Tre ( °C )
38,0 38,0
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas Tempo - horas
O gráfico 31 foi alongado no eixo vertical, uma vez que a temperatura ultrapassa os 39ºC,
para um metabolismo de 360W.
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
a)
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
a) Tempo - horas b) Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
a) 0 1 2 3 4 5 b) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas
39,0 39,0
38,5 38,5
38,0 38,0
Tre ( °C )
Tre ( °C )
37,5 37,5
37,0 37,0
36,5 36,5
36,0 36,0
b) 0 1 2 3 4 5
a) 0 1 2 3 4 5
Tempo - horas Tempo - horas
Abaixo, pode ser consultada uma tabela (tabela 7) com as respetivas temperturas de
estabilização da temperatura retal durante o trabalho, para os dois níveis de atividade. Em
adição, pode ser lida uma previsão quanto à massa perdida por sudação (Δmsw) durante
cada uma das atividades. A tabela está ordenada por ordem decrescente da temperatura do
ar e humidade relativa.
39,00
38,50
T(ºC)
Tcore
38,00
37,50
37,00
12:00:00 12:14:24 12:28:48 12:43:12 12:57:36 13:12:00 13:26:24 13:40:48 13:55:12
Tempo (hh:mm:ss)
Gémeo
48,00 Esquerdo
46,00 Mão
esquerda
44,00 Antebraço
42,00 Esquerdo
Testa
40,00
Temperatura (ºC)
38,00 Homoplata
direita
36,00
Peito direito
34,00
Braço direito
32,00
12:02:41
12:04:21
12:06:01
12:07:41
12:09:21
12:11:01
12:12:41
12:14:21
12:16:01
12:17:41
12:19:21
12:21:01
12:22:41
12:24:21
12:26:01
12:27:41
12:29:21
12:31:01
12:32:41
12:34:21
12:36:01
12:37:41
12:39:21
12:41:01
12:42:41
12:44:21
12:46:01
12:47:41
12:49:21
12:51:01
12:52:41
12:54:21
12:56:01
12:57:41
12:59:21
Frente Coxa
direita
TmédiaPele
Tempo (hh:mm:ss)
Gráfico 39 - Variação da temperatura da pele nos respetivos pontos de captação
Os dados recolhidos pelo ECG são em função dos parâmetros de metabolismo, sendo eles
velocidade da atividade e inclinação, como se pode ver no gráfico seguinte (graf.40):
10 200
8 160
V (m/s), I(%), M(met)
0 0
12:05:18
12:15:17
12:30:17
12:46:17
12:06:23
12:09:18
12:12:18
12:18:17
12:22:17
12:26:17
12:34:17
12:38:17
12:42:17
12:49:18
12:29:18
12:33:17
12:37:17
12:41:17
Tempo (hh:mm:ss)
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO
Através dos resultados obtidos pelo método de Givoni e Goldman, podemos verificar que,
e como seria de esperar, que a curva vermelha, correspondente à temperatura retal durante
o trabalho, varia essencialmente em função do grau de metabolismo; verifica-se que em
todos os casos, a curva vermelha é muito mais acentuada para M=360W, e mais branda
para M=234W. Em relação aos outros parâmetros, a sua interpretação é algo complexa,
uma vez que a diversidade de combinações Ta/RH é muito grande.
Podemos afirmar que a condição mais agressiva de atividade estudada, verificou-se na
Área de extração nº2, para as condições relativas ao gráf.31, onde a temperatura interna,
para um metabolismo de 360W, atinge quase os 39,1ºC, situação onde a velocidade do ar
era baixa (v=0,01 m/s), e a Ta e HR era bastante altas (28,1ºC e 92,3%). As condições com
melhor ambiente de trabalho verificaram-se na Área de extração nº1, para as condições
relativas ao gráf.6, numa situação que se pode designar por anormal, uma vez que a
temperatura ambiente registada era muito abaixo dos 20 graus, tendo sido registada a
temperatura de 13,6ºC, que muito provavelmente, e tendo em conta a média de valores
verificados nas áreas de extração, é um erro de registo de medição. No entanto, nesta
situação a velocidade do ar era de 1,5 m/s.
Interpretando as curvas obtidas pelos dados recolhidos pelo ECG, podemos claramente
verificar que no decurso do ensaio, de forma independentemente da velocidade ou
inclinação, a frequência cardíaca tende a subir, maioritariamente devido à exposição calor.
Podemos verificar, e corroborar a fórmula de Mnet apresentada no modelo proposto por
Givoni e Goldman, que o Metabolismo é função da velocidade, uma vez que os outros
parâmetros, mt e G, são constantes neste caso.
É de notar também, o acentuado aumento da frequência cardíaca, ao aumentar a velocidade
da atividade, e o seu decréscimo, aquando da diminuição da velocidade da atividade.
6 CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos resultantes, quer da aplicação do modelo, quer do ensaio
laboratorial, é possível verificar a influência que a atividade exercida pelo indivíduo tem na
variação da sua temperatura interna, temperatura externa e frequência cardíaca; quando à
atividade, se associam ambientes menos favoráveis, com valores de temperatura e
humidade mais elevados, estes parâmetros reagem negativamente, subindo ainda mais. A
ventilação, quando em quantidade suficiente em determinadas situações, pode ser o
elemento chave para viabilizar a atividade mineira num ambiente onde em condições
normais, seria muito difícil trabalhar. O recurso à tecnologia para controlo dos parâmetros
individuais, é muito útil, no que diz respeito à previsão de condições que possam por em
causa a saúde dos intervenientes. De igual maneira, a quantificação da carga aplicada a um
individuo devido à sua atividade física e ambiente onde se encontra inserido, é importante
para o estabelecimento de medidas e implementação de tecnologia que contrarie a
tendência crescente do desconforto sentido.
7 PERSPECTIVAS FUTURAS
No que diz respeito ao método de validação de Givoni and Goldman para o estudo do
comportamento da temperatura interna, poderão ser feitos num futuro, medições para mais
combinações de ambientes, uma vez que os ambientes em análise variam numa gama de
valores algo próximos; de igual maneira, fazer novos testes para mais níveis de atividade
(variando a taxa de metabolismo), de maneira a observar nas novas condições de trabalho,
a resposta da temperatura interna. Para além disso, a apresentação gráfica dos resultados
pode ser melhorada, apresentando uma única curva contínua, que una de modo sequencial
os vários estágios da medição da temperatura retal, nomeadamente temperatura retal no
repouso, seguida da curva da temperatura retal durante o trabalho e por fim a curva
correspondente à fase de recuperação do trabalho.
Relativamente ao ensaio laboratorial, é de grande interesse que no futuro se efetuem mais
ensaios, para que existam dados suficientes que sejam passiveis de resultados e conclusões
com maior nível de confiança. Uma vez que apenas um ensaio foi realizado, não é possível
saber, se o mesmo foi realizado com sucesso, por não haver mais iterações do mesmo
processo; embora os resultados recolhidos pelos dispositivos aparentemente sejam
credíveis, não são suficientes para afirmar que aquele é o comportamento regular do
organismo quando sujeito às condições impostas. O motivo pelo qual foi tão limitado o
número de ensaios, foi devido a constrangimento de material, essencialmente por avaria do
Treadmill T2100, que funcionava de maneira intermitente. Outros problemas se
verificaram no que diz respeito à utilização de todos os dispositivos em simultâneo, uma
vez que durante um grande período de tempo se verificava inconsistências de sinal, por
estarem todos ligados via Bluetooth; depois de ultrapassados todos os problemas, existirão
certamente condições para serem efetuados diversos ensaios que fortaleçam o trabalho
anteriormente apresentado.